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CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR - LAUREATE
INTERNATIONAL UNIVERSITIES
CURSO DE NUTRIÇÃO
VITAMINAS ANTIOXIDANTES NA PREVENÇÃO DO ENVELHECIMENTO
CUTÂNEO
JOANNA SILVEIRA DE MORAES
RIO DE JANEIRO
2017
CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR - LAUREATE
INTERNATIONAL UNIVERSITIES
CURSO DE NUTRIÇÃO
VITAMINAS ANTIOXIDANTES NA PREVENÇÃO DO ENVELHECIMENTO
CUTÂNEO
JOANNA SILVEIRA DE MORAES
Trabalho de conclusão de curso
apresentado ao Curso de Nutrição do
Centro Universitário IBMR/Laureate
Internacional Universities, como parte
dos requisitos para obtenção do
Título de Bacharel em Nutrição.
Orientadora: Profa. Patrícia Souza
dos Santos
RIO DE JANEIRO
2017
JOANNA MORAES
VITAMINAS ANTIOXIDANTES NA PREVENÇÃO DO ENVELHECIMENTO
CUTÂNEO
Banca examinadora composta para defesa de Trabalho de
Conclusão de Curso para obtenção do grau de Bacharel em
Nutrição
Aprovada em: ______ de _____________________ de _______
Presidente e Orientador: ______________________________________________
Membro Avaliador: __________________________________________________
RIO DE JANEIRO
2017
AGRADECIMENTOS
Concluída mais uma etapa da minha vida, não foi fácil chegar até aqui, passei por
outros cursos, onde não me via realizada, não me via feliz, não era o que realmente
queria como minha futura profissão, mas não desisti, então, até me encontrar passei
por duas graduações que não foram concluídas, e não me arrependo, não vejo como
tempo perdido, mas sim como um tempo ganho, onde ganhei mais maturidade para
fazer minhas escolhas, ganhei mais experiência, ganhei bastante conhecimento e hoje
com muita alegria concluo minha graduação tendo a certeza de que fiz a escolha certa,
agradeço aos meus pais, a minha família, ao meu namorado e amigos que não
desistiram de mim, me deram força e acreditaram que a minha hora chegaria, a hora
que o cara lá de cima acharia melhor para mim, e ela chegou.
Agradeço a Universidade pelo acolhimento, pelo seu corpo docente comprometido a
nos passar seus ensinamentos, e sempre dispostos a nos ajudar. Ao pessoal da
limpeza, da biblioteca, da administração, da coordenação e da direção que de alguma
forma, direta ou indiretamente fizeram parte desse momento tão importante da minha
vida.
A uma professora em especial Fernanda Neves Pinto, que sem dúvida nenhuma
marcou a minha vida acadêmica, onde com todo amor, dedicação e paciência nos
passou seus ensinamentos e dividiu suas experiências, me dando mais segurança
para seguir em frente.
A minha orientadora Patrícia Souza dos Santos, que tirou um tempinho dos seus dias
com a maior boa vontade para me ajudar a concluir esse trabalho.
“Todos vivemos dias difíceis,
mas nada disso é em vão.”
(Charlie Brown Jr.)
MORAES, Joanna. Vitaminas antioxidantes na prevenção do envelhecimento
cutâneo. Rio de Janeiro, 2017, nº de páginas. Trabalho de Conclusão de Curso de
Graduação em Nutrição, Centro Universitário IBMR/Laureate International
Universities.
RESUMO
A pele é uma barreira de proteção contra o meio externo e exerce diversas
funções fisiológicas importantes. O envelhecimento da pele se dá por dois processos
diferentes, um chamado envelhecimento intrínseco e o outro chamado
envelhecimento extrínseco. Esse trabalho tem como objetivo verificar a ação das
vitaminas antioxidantes e sua influência no envelhecimento cutâneo. A pesquisa é um
estudo de revisão bibliográfica, realizada com base em livros, artigos e revistas, a
respeito do envelhecimento e de como as vitaminas antioxidantes atuam de forma a
preveni-lo. O excesso de radicais livres é um fator positivo ao envelhecimento, sendo
produzidos continuamente no nosso organismo e neutralizados pelos antioxidantes.
As vitaminas mais citadas na literatura, por possuírem ação antioxidante são as
vitaminas A, C e E, elas combatem o excesso de radicais livres e auxiliam na
manutenção da integridade das células, auxiliando na prevenção do envelhecimento
cutâneo.
Palavras Chaves: Nutrição, envelhecimento, vitaminas antioxidantes.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Pirâmide etária da população, por sexo América Latina, Caribe e Brasil –
1950-2050...................................................................................................................5
Figura 2. Pirâmide etária brasileira, 2000 – 2040.......................................................6
Figura 3. Estrutura da pele..........................................................................................8
Figura 4. Alterações cutâneas provocadas por envelhecimento intrínseco e
extrínseco...................................................................................................................10
Figura 5. Radiação UV absorvida pelo ozônio...........................................................12
Figura 6. Imagem ilustrativa sobre a formação dos radicais livres e a tentativa de
equilíbrio dos antioxidantes.......................................................................................14
Figura 7. Algumas doenças relacionadas com a geração de radicais livres.............15
Figura 8. Ingestão dietética recomendada.................................................................20
Figura 9. Vitaminas antioxidantes e suas principais fontes alimentares....................21
Figura 10. Nutricosméticos, nutracêuticos e cosmecêuticos resultantes da
convergência interindustrial........................................................................................23
Figura 11. Principais diferenças entre nutricosméticos, nutracêuticos e
cosmecêuticos............................................................................................................25
LlSTA DE SIGLAS
DNA - Ácido desoxirribonucleico
EROs - Espécies reativas de oxigênio
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
RL- Radial livre
UV – Ultravioleta
UVA - radiação de comprimento de onda longo
UVB – radiação de comprimento de onda médio
UVC - radiação de comprimento de onda curto
SUMÁRIO
1. Introdução.......................................................................................................1
2. Objetivo...........................................................................................................3
2.1 Objetivo Geral............................................................................................3
2.2 Objetivo Específico....................................................................................3
3. Material e Métodos........................................................................................;.4
4. Revisão de Literatura.......................................................................................5
4.1 Envelhecimento Populacional ....................................................................5
4.2 Pele.............................................................................................................7
4.2.1Influência da radiação ultravioleta no envelhecimento cutâneo........10
4.3 Radicais Livres e sua conexão com o envelhecimento.............................12
4.4 Estresse Oxidativo.....................................................................................14
4.5 Antioxidantes.............................................................................................15
4.6 Vitaminas Antioxidantes............................................................................16
4.7 Nutricosméticos.........................................................................................20
4.8 Cosmecêuticos..........................................................................................22
4.9 Nutracêuticos.............................................................................................23
5. Considerações Finais......................................................................................25
6. Referências Bibliográficas...............................................................................26
1
1. INTRODUÇÃO
O desejo de prolongar a vida faz parte da natureza humana, mas para que
possa considerar de fato uma conquista é preciso que agregue qualidade aos anos
de vida adicionais (VERAS, 2008).
Na população brasileira a proporção de pessoas de 60 anos ou mais de idade
em 2015, foi de 11,7% e este indicador dobraria, para 23,5%, em 24,3 anos, ou seja,
próximo ao ano de 2039 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, 2016).
Ao avançar da idade é natural o processo de envelhecimento, como
consequência, a diversas alterações na pele as quais podem ser perceptíveis ou não
(SANTOS et al, 2013). Por conta disso constantemente vê-se indivíduos em busca de
meios que contribuam para o rejuvenescimento, proporcionando a eles, bem-estar e
uma melhor qualidade de vida (ROCHA et al., 2016).
Na pele, o envelhecimento se dá pelo acúmulo de danos moleculares nas
células epiteliais, ocasionado por dois processos: envelhecimento intrínseco
considerado de natureza genética, como por exemplo, a menopausa associada a
mudanças hormonais. O extrínseco ocorre pelo acúmulo de danos ao DNA, devido à
uma excessiva exposição solar, e fatores de natureza ambiental como fumo, poluição,
estresse e consumo excessivo de álcool (VIEIRA et al., 2011).
Teorias foram propostas para o entendimento do envelhecimento cutâneo,
sendo a formação dos radicais livres a mais conhecida. Trata-se de moléculas
instáveis, que perdem elétrons quando interagem com outras moléculas que estão ao
seu redor. Oxidações químicas e enzimáticas que envolvem a formação de radicais
livres intensificam esse fenômeno de envelhecimento (HIRATA et al., 2004).
As lesões causadas pelos radicais livres são inibidas por agentes antioxidantes
nas células, dentre eles podemos citar vitaminas como, o retinol, o ácido ascórbico e
o tocoferol, conhecidas pela nomenclatura, respectivamente, como vitamina A,
vitamina C e vitamina E (SANTOS et al., 2014).
O trabalho tem como objetivo estudar o papel das vitaminas antioxidantes e
sua interferência no envelhecimento cutâneo, com intuito de alertar os danos
decorrentes pelos maus hábitos alimentares, contribuindo para prevenção e saúde da
pele.
2
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Compreender os principais fatores que causam o envelhecimento cutâneo e a
relação entre consumo de vitaminas antioxidantes e sua prevenção.
2.2 Objetivos Específicos
- Mostrar o efeito das vitaminas antioxidantes na prevenção do envelhecimento
das células cutâneas.
- Compreender as alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento.
- Entender o efeito dos radicais livres com o envelhecimento cutâneo.
- Elucidar a utilização das vitaminas antioxidantes como nutracêuticos.
3
3. MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado por meio de um levantamento bibliográfico
sobre a ação de vitaminas antioxidantes na prevenção do envelhecimento cutâneo,
mediante a busca de artigos realizada nas bases de dados online Scielo (Scientific
Electronic Library Online), Pubmed, Google acadêmico, o período do levantamento de
busca foi de (1917-2016). Para realização da busca nas bases de dados foram
utilizados os seguintes descritores em português e em Inglês: envelhecimento cutâneo
(Skin aging), vitaminas (Vitamins), nutrição (Nutrition) e antioxidante (Antioxidant).
4
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1 Envelhecimento populacional
Em processo de transição demográfica, a população é caracterizada pela
redução das taxas de fecundidade, diminuição da mortalidade e com isso um aumento
da expectativa de vida, decorrente das melhorias nas condições sociais e de
saneamento, com a adoção do uso de antibióticos e vacinas. Mesmo nos países mais
pobres chegar à velhice é uma realidade para todos (CLOSS et al., 2012).
Segundo Wong, et al (2006), a população da América Latina experimentou
entre os anos 40 e 60 um declínio significativo na mortalidade, com fecundidade
relativamente constante. Na segunda metade da década de 60 à diante uma série de
mudanças profundas na distribuição etária foi desencadeada, pela rápida e
sustentável redução da fecundidade, tal como a maioria dos países do Terceiro Mundo
e no Brasil (Figura 1).
Figura 1. Pirâmide etária da população, por sexo América Latina, Caribe e
Brasil – 1950-2050.
Fonte: WONG, CARVALHO, 2006.
5
A partir do ano 2000, o formato piramidal começou a desvanecer tendendo a
uma forma retangular sendo mais um indício do processo de envelhecimento (Figura
1) (WONG et al., 2006).
O Brasil, de acordo com as projeções, em 2020, será o sexto país do mundo
em número de idosos com um contingente superior a 30 milhões de pessoas (VERAS
2009). Segundo o IBGE observamos um estreitamento da base da pirâmide e o
alargamento do topo, no período de 2000 a 2040 (Figura 2) apontando para a redução
da população jovem e o aumento da população idosa, caracterizando o
envelhecimento populacional (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, 2016).
Figura 2: Pirâmide etária brasileira, 2000 – 2040.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2016.
6
Esta alteração do perfil populacional está associada ao aumento da incidência
de doenças associadas a idades mais avançadas, como algumas doenças
neurodegenerativas (Alzheimer, Parkinson, etc) e a estratégia para que o
envelhecimento aconteça associado à qualidade de vida e neste sentido são
implementados programas que propiciem o bem-estar dos idosos, promovendo a
socialização, pratica de exercícios físicos e a alimentação saudável (ROCHA et al.,
2016).
Alguns fatores estão associados a problemas nutricionais, como os fisiológicos,
socioeconômicos, e doenças, problemas na dentição, redução da percepção sensorial
(gosto, cheiro, audição, visão e tato), depressão, além de outras doenças que possam
diminuir o apetite, reduzir a absorção e a utilização dos nutrientes, o idoso fica
suscetível a modificações do seu equilíbrio nutricional. Refere-se a carências de
vitaminas e minerais de deficiências energéticas ou proteicas. Por isso, é pertinente
que sua alimentação seja rica e variada, tanto pelo lado energético como da
composição dos alimentos (ARANHA et al., 2000).
O idoso tem variações na constituição tecidual corpórea, havendo uma redução
da massa magra, que tem uma atividade metabólica maior concomitantemente ao
aumento da quantidade de tecido adiposo, que é menos ativo metabolicamente
(ARANHA et al., 2000).
Por conta da maior expectativa de vida, medidas preventivas foram
desenvolvidas contra os sinais do envelhecimento com intuito de proporcionar melhor
qualidade de vida. Esses cuidados também refletem na pele, evidenciando o papel da
boa aparência física na saúde global. O envelhecimento cutâneo se dá por um
processo biológico complexo contínuo, caracterizado por alterações moleculares e
celulares, com progressiva diminuição da capacidade de homeostase do organismo,
pelo processo natural de envelhecimento e/ou morte celular (VIEIRA et al., 2011).
Os tecidos humanos sofrem alterações bioquímicas, fisiológicas e morfológicas
ao logo dos anos, as quais fazem com que inúmeros órgãos percam suas funções
gradualmente. O tecido cutâneo é o principal órgão atingido, torna-se mais suscetível
ao meio ambiente (NAVARRO et al., 2016).
Segundo Silva et al. (2016), o organismo tem um tempo de vida, onde há
alterações e mudanças fisiológicas, assim, pode-se classificar o período de vida de
um organismo da seguinte forma:
• Fase de crescimento- onde a capacidade funcional é aumentada.
7
• Fase reprodutiva - o indivíduo preserva a sobrevivência e a evolução da
sua espécie com a reprodução.
• Senescência - mais conhecida como envelhecimento, onde à uma
diminuição da capacidade funcional do indivíduo.
4.2 Envelhecimento cutâneo
A pele é o órgão que envolve a superfície externa do corpo humano, deste
modo, é o que vai mostrar com mais nitidez os sinais do processo de envelhecimento.
Compõem 16% do peso corporal, exercendo diversas funções, tais como: síntese de
vitamina D, absorção e eliminação de substâncias químicas, controle da temperatura,
absorção de radiação ultravioleta e estética, além do aspecto sensorial. (ROCHA et
al., 2016) A pele é dividida em três camadas: epiderme, derme e hipoderme, como
demonstrado na Figura 3.
Figura 3. Estrutura da pele
Fonte: http://embuscadajuventude.blogspot.com.br/2015_04_01_archive.html
8
Ao longo do processo de envelhecimento ocorrem modificações nas camadas
cutâneas, epiderme, derme e na hipoderme. Na epiderme ocorre redução do número
de queratinócitos, afinamento e diminuição da taxa de proliferação das células desta
camada, algumas células principais são integradas a ela e podem ser classificadas
como: Ceratinócitos que leva esse nome por conta da ceratina, que é uma proteína
fibrosa dura que protege a pele do calor, de substâncias químicas e de micro-
organismo. Melanócitos tem células com ramificações que se encontram no estado
basal da epiderme e são originários de melanoblastos. Células de Langerhans são
oriundas da medula óssea, existente na epiderme e incluído na resposta imunológica
(SILVA et al., 2016).
A derme é constituída por tecido conjuntivo, nervos e vasos, é resistente e
elástica, tem como função, manter a hidratação da pele. Nela é possível identificar
uma significativa diminuição da espessura e da vascularização, e uma redução do
número e da capacidade de biossíntese e fibroblastos, em consequência a diminuição
do nível de colágeno. Hipoderme, a última camada (ou tecido adiposo), tem como
função armazenar energia, produzindo e liberando substâncias nomeadas adipocinas
(ROCHA et al., 2016).
Na pele, ao longo do tempo e com a diminuição da capacidade do organismo
se restabelecer da ação dos radicais livres, os queratinócitos epidérmicos perdem
propriedades adesivas, acarretando o afinamento epidérmico e ressecamento. Os
fibroblastos da derme (colágeno e elastina) são agredidos do mesmo modo. Com isso
ocorre uma reação global que abrange desde o desenvolvimento de rugas, perda da
luminosidade, manchas, perda da elasticidade e da firmeza cutânea com isso, a
flacidez, ressecamento da pele e perda do viço e, desenvolvimento de câncer nos
casos mais sérios (FRIES et al., 2010).
Há dois tipos de envelhecimento, o intrínseco e o extrínseco. O intrínseco é um
processo degenerativo, geneticamente controlado e caracterizado pelo decréscimo da
capacidade funcional, diminuição da renovação celular, comprometimento do fluxo
sanguíneo e redução das respostas imunológicas, deixando o organismo mais
suscetível a doenças e morte celular. É responsável também pela redução de elastina
levando à atrofia, ao ressecamento e à formação de rugas. Com o avançar da idade
a proliferação das células fica reduzida, consequentemente, a função dos fibroblastos
é diminuída comprometendo a síntese e atividades de proteínas como o colágeno e a
9
elastina, que conferem elasticidade e resistência à pele (VIEIRA, 2007; SCOTTI;
VELASCO, 2003).
Mais agressivo e danoso o envelhecimento extrínseco também conhecido
como foto envelhecimento, está relacionado a fatores ambientais como poluição,
tabagismo, alcoolismo e pela indução dos raios UV por excessiva exposição solar, a
pele se apresenta seca, espessa, amarelada, adelgada, flácida e com rugas profundas
(SILVA et al., 2016). Nesses dois processos ocorrem alterações no tecido cutâneo,
como pode ser visto na Figura 4.
Figura 4. Alterações cutâneas provocadas por envelhecimento intrínseco e extrínseco. Fonte: http://bioenvelhecimento.blogspot.com.br/2014/06/fotoenvelhecimento.html
10
Conjuntos de fatores são responsáveis pelo envelhecimento extrínseco, mas o
seu grande responsável é o fotoenvelhecimento um efeito crônico, resultante da
exposição à radiação ultravioleta, adquirido pela intervenção da radiação UVA, que
na pele penetra mais profundamente. Com o comprimento de onda mais longa a
radiação UVA atinge a derme e provoca desordem e destruição das fibras de
colágeno, perda de elasticidade e liberação de radicais livres, acarretando, assim,
danos ao DNA. Dando a pele um aspecto enrugado, com a pigmentação irregular,
flácida e escura (ROCHA et al., 2016).
4.2.1 Influência da radiação ultravioleta no envelhecimento cutâneo
Segundo Balogh et al. (2011), a radiação UV é dividida em três segmentos,
baseado nos diferentes comprimentos de onda, radiação de comprimento de onda
logo (UVA: 315-400 nm), radiação de comprimento de onda médio (UVB: 280-315
nm), e radiação de comprimento de onda curto (UVC: 200-280 nm). Cada radiação
penetra a pele conforme o seu comprimento de onda, havendo interação com
diferentes células localizadas nas diferentes camadas (Figura 5.).
• Radiação UVC (200-280 nm): tem energia e uma capacidade
mutagênica imensa, onde pode penetrar profundamente na pele, sendo capaz de
danificar moléculas de DNA. Felizmente não atinge a superfície da terra, pois a maioria
é absorvida pela camada de ozônio.
• Radiação UVB (280-315 nm): compõe aproximadamente 5% da
radiação UV. Mesmo sendo capaz de atingir a derme, ainda assim é mais absorvida
na epiderme, onde os queratinócitos são predominantemente afetados. A principal
ação da radiação UVB é a indução direta de mutações no DNA, além disso, a UVB
também gera espécies reativas de oxigênio (EROS). O DNA é um dos cromóforos da
radiação UVB, absorvendo-o, o que gera fotoprodutos como dímeros de primidina,
que podem estar relacionados com lesões cutâneas pré-malignas. É responsável
também pelo envelhecimento prematuro da pele, pela indução do estresse oxidativos
e por inúmeros efeitos no sistema imunitário.
• Radiação UVA (315-400 nm): da radiação que estamos expostos 95% é
a UVA. Consegue penetrar mais profundamente na pele por ter um maior
comprimento de onda, atingindo tanto os queratinócitos da epiderme quanto os
fibroblastos da derme. A radiação UVA é a grande fonte de estresse oxidativo além
11
de estar associada à mutagênese e a carcinogênese, onde a torna grande
responsável pelo fotoenvelhecimento, sendo este fato visível principalmente na
flacidez cutânea, e também na pele com aspecto rugoso, rugas finas, manchas
hiperpigmentação e vasodilatação. Apesar do DNA absorvê-la fracamente, reage com
outros cromóforos que leva a formação de ROS que por sua vez danificam o DNA,
proteínas e lipídeos da pele.
UVC
Praticamente todo absorvido pelo
ozônio. Pouquíssimo ou nada
chegam à biosfera.
UVB
Boa parte é absorvida pelo ozônio. A
parte dos maiores comprimentos é
espalhada e atenuada, mas mesmo
assim chega à biosfera.
UVA
Não é absorvida pelo ozônio. É a
parte UV que mais atinge a biosfera.
Figura 5. Radiação UV absorvida pelo ozônio.
Fonte: BALOGH, et al., 2011.
A luz UV pode então provocar danos no DNA diretamente, bem como induzir
stress oxidativo, levando a mutações e danos celulares irreparáveis. Por esta razão,
é importante adotar medidas que combatam e sobretudo previnam estes processos
(BALOGH et al., 2011).
Com o tempo, a pele apresenta leve desgaste natural, onde é afetada pela
exposição à radiação ultravioleta. Sendo assim, devem ser adotadas estratégias para
evitar o envelhecimento cutâneo causado pela exposição aos raios solares. Pode-se
citar dentre elas os filtros solares, que atuam tanto como barreira física como química,
e as vitaminas antioxidantes podem prevenir o envelhecimento por proteger as
biomoléculas do efeito dos radicais (SANTOS et al., 2014).
12
4.3 Radicais livres e sua conexão com o envelhecimento
Inúmeras teorias tentam explicar o processo de envelhecimento, porém,
cientificamente a mais aceita é a do envelhecimento causado pelos radicais livres. Por
volta de 1924 surgiram os primeiros estudos sobre eles, mas trabalhos passaram a
relatar a importância dos radicais livres para os seres humanos só a partir dos anos
70 (NAVARRO et al., 2016).
O termo radical livre usa-se para caracterizar qualquer átomo ou molécula que
contém um ou mais elétrons não pareados em sua última camada eletrônica, com
isso, faz-se dos radicais livres moléculas instáveis, com grande capacidade reativa.
Eles podem ser gerados no citoplasma, nas mitocôndrias ou na membrana. Seu alvo
são as células da parte superficial da epiderme degradando os fibroblastos da derme
e com isso, podendo lesar a cadeia de DNA, proteínas, lipídeos, carboidratos e as
membranas celulares mais profundas da epiderme, acelerando o envelhecimento, até
mesmo, causar câncer nos casos mais graves. A sua produção é um processo
contínuo e fisiológico, cumprindo funções biologicamente relevantes (CHORILLI et al.,
2014).
Na tentativa de obter estabilidade (Figura 6), quando não encontram nenhum
outro RL para se ligar, eles captam elétrons de outras moléculas saudáveis. A
molécula que perdeu os elétrons se transforma em outro radical livre, com isso, se
inicia uma reação em cadeia que irá danificar muitas células. Caso não haja a
intervenção dos antioxidantes, tal reação poderá ter caráter ilimitado. Este processo
chamado oxidação, provoca morte celular (SANTOS et al., 2014).
A síntese de radicais livres é estimulada por fontes endógenas e exógenas, o
mecanismo endógeno ocorre por reações metabólicas, como na reação de oxigênio
pela mitocôndria, por reações oxidativas de enzimas, por processos inflamatórios,
onde células fagocíticas produzem peróxido de hidrogênio, entre outras. A exógena
ocorre por fatores ambientais, como fumo, ozônio, poluição, pesticidas, certos
medicamentos antitumorais e a exposição excessiva a radiação ultravioleta, em
especial o UVA (VALENTE, 2014).
Podemos, também nos referir a estas moléculas como “espécies reativas de
oxigênio” (EROs), sendo em sua maioria, derivados do metabolismo do oxigênio. As
EROs são geradas regularmente em pequenas quantidades enquanto se dá o
processo do metabolismo celular, assim como na geração de energia, equilíbrio do
13
crescimento celular, fagocitose e síntese de compostos biológicos importantes
(HIRATA et al., 2004).
Estas EROs originárias do metabolismo celular, não são danosas a saúde. No
entanto, outras, oriundas do meio ambiente, medicamentos e outras drogas e dos
alimentos, são ingeridos pelo corpo em forma de substâncias químicas tóxicas,
causando mutações provocando a degeneração dos tecidos e do corpo (HIRATA et
al., 2004).
Durante os processos metabólicos, a produção contínua de RL fez com que o
organismo desenvolvesse mecanismos de defesa para limitar os níveis intracelulares
e com isso impedir a indução de danos, podendo ser inibidas pela atividade dos
antioxidantes, que agem cessando a ação dos radicais livres e podem ser encontrados
em vários alimentos (NAVARRO, 2016; SILVA, 2016).
A idade das células tem sua velocidade influenciada pelos alimentos, se estes
forem ricos em antioxidantes, irão retardar o efeito dos radicais livres, no entanto, se
tiverem radicais livres em excesso, irão provocar o estresse oxidativo (ROCHA et al.,
2016).
Figura 6. Formação dos radicais livres e a tentativa de equilíbrio dos
antioxidantes.
Fonte: VASCONCELOS, et al, 2014.
14
Os danos oxidativos induzidos nas células e tecidos têm sido relacionados com
a etiologia de várias doenças, incluindo doenças degenerativas tais como as
cardiopatias, aterosclerose e problemas pulmonares (Figura 7.). Os danos no DNA
causados pelos radicais livres também desempenham um papel importante nos
processos de mutagênese e carcinogênese (BIANCHE et al., 1999).
Artrite Disfunção cerebral
Aterosclerose Cardiopatias
Diabetes Enfisema
Catarata Envelhecimento
Esclerose múltipla Câncer
Inflamações crônicas Doenças do sistema imune
Figura 7. Algumas doenças relacionadas com a geração de radicais livres.
Fonte: BIANCHE, ANTUNES, 1999.
4.4 Estresse oxidativo
Em geral, o dano acarretado pelos radicais livres aponta uma reação química
conhecida como oxidação, e os ataques dos radicais livres sobre o tecido são
conhecidos como estresse oxidativo (CHORILLI et al., 2007).
O estresse oxidativo é um fator negativo, um desequilíbrio no organismo entre
a capacidade de ação dos antioxidantes e as EROs, que quando liberadas em
excesso e/ou deficiência do sistema protetor em remover essas espécies reativas,
fazem parte do mecanismo intermediário da maioria das doenças crônicas, por meio
da destruição de várias biomoléculas, os antioxidantes dietéticos são considerados
como agentes eficazes na prevenção e no combate a essas patologias
(ZIMMERMANN et al., 2008).
O estresse oxidativo provoca uma alteração dos lipídeos conhecida como
peroxidação lipídica, além de danos oxidativos no DNA e proteínas (grupos carbonilas
e sulfidrilas). A peroxidação lipídica altera a fluidez das membranas, provocando
menor seletividade no transporte iônico e na sinalização transmembrana, o que
15
prejudica o transporte celular. Os danos ao DNA incluem a formação de adutos ou
ligações cruzadas de DNA e suas proteínas, bem como modificações das bases
nitrogenadas que provocam alterações nas hélices de DNA, o que pode mudar a
expressão gênica e levar a patogenia de doenças crônicas (SILVA et al., 2011).
É de extrema importância, para impossibilitar que ocorra o estresse oxidativo,
que haja um equilíbrio entre radicais livres e antioxidantes no nosso organismo. Por
isso é imprescindível o consumo de alimentos antioxidantes na nossa alimentação.
Por meio deles evitamos que ocorram os danos provocados pelo desequilíbrio entre
esses dois sistemas de modo a desacelerar o processo de envelhecimento cutâneo
(SANTOS et al., 2014).
4.5 Antioxidantes
Como cofatores de reações enzimáticas, as vitaminas são substâncias
orgânicas essenciais para a conservação das funções metabólicas dos seres vivos.
Os antioxidantes provenientes da dieta são indispensáveis para defesa adequada
contra oxidação, logo, tem importante papel na preservação da saúde. Crer-se que
parte do efeito benéfico de uma dieta rica em frutas e vegetais se dá à variedade de
antioxidantes vegetais, que podem atuar como suplementos benéficos para o ser
humano. Eles previnem os danos provocados pelos radicais livres, disponibilizando o
elétron ausente em suas moléculas. Desse modo, o radical livre consolida-se, não
rompendo os elétrons de outras células (SANTOS et al., 2014).
Alimentos com propriedades nutricionais benéficas para o corpo humano são
ditos alimentos funcionais, que auxiliam na manutenção da saúde, reduzindo o
número de diversas doenças. Compostos por combinações químicas complexas, tais
alimentos, ao entrarem na célula pelo processo de nutrição, ditam sua atividade
alterando sua composição. Estudos mostram atividades antioxidantes em frutas,
verduras, grãos, óleos e legumes, tornando-os grandes aliados do retardamento do
envelhecimento cutâneo, entretanto, é preciso observar o preparo correto do alimento
e sua quantidade para que o efeito antioxidante seja adquirido na dose certa, para
evitar reações adversas (ROCHA et al., 2016).
A concentração de radicais livres, ao longo dos anos, aumenta, e nossas
defesas naturais antioxidantes falham, devido a isso, o consumo de compostos
antioxidantes encontrados na dieta, é um mecanismo de defesa importante contra os
16
radicais livres. Sabe-se que existe uma relação entre o aumento de radicais livres e
envelhecimento, portanto, carências de vitaminas A, E e C podem apressar o
processo fisiológico do envelhecimento, principalmente o cutâneo (SANTOS et al.,
2013).
Segundo Carper (1997, p. 25) "o que você dá as suas células pode transformá-
las em fortalezas repletas de exércitos de antioxidantes que resistem aos ataques do
tempo e das doenças relacionadas à idade”.
4.6 Vitaminas antioxidantes
Considerados antioxidantes de grande capacidade redutora, as vitaminas A, C
e E são capazes de sequestrar os radicais livres com grande eficácia (FRIES et al.,
2010).
A vitamina A tem um fator importante no crescimento a na diferenciação celular,
além disso, tem ação preventiva no desenvolvimento de tumores na pele, mama,
bexiga e estômago, de acordo com testes sucedidos em animais. Estudos
epidemiológicos também detectaram que o consumo regular de alimentos ricos em
vitaminas A e C podem reduzir a ocorrência de câncer retal e de cólon. Mais
importante precursor da vitamina A, o beta-caroteno, está distribuído amplamente nos
alimentos e possui ação antioxidante (BIANCHI et al., 1999).
Conhecida também como retinol, a vitamina A foi a primeira a ser reconhecida
e faz parte das vitaminas lipossolúveis. Tem grande importância para o ser humano e
na natureza encontra-se apenas em alimentos de origem animal, nos alimentos
vegetais são encontrados os beta-carotenos, que são as pró-vitaminas A ou
carotenoides. Tem várias finalidades no corpo, importantes para visão, para a
manutenção e desenvolvimento de tecidos epiteliais, para a diferenciação tissular,
para a reprodução. Se tratando dos carotenoides apontamos a função de atividade
pró-vitamina A, a fotoproteção, a ligação com os radicais livres e a modulação
imunológica (AMBROSIO et al., 2006).
A atividade antioxidante principal dos carotenoides se dá pela capacidade de
desativar o oxigênio singleto e neutralizar radicais peroxil, diminuindo a oxidação no
DNA e lipídeos, de maneira que está ligada a doenças degenerativas, como câncer e
doenças cardíacas. O betacaroteno opera sobre as células imunocompetentes,
17
aumentando os linfócitos T e as células natural killers. De ante a essas propriedades,
é possível que o beta-caroteno tenha uma atividade antienvelhecimento (SCOTTI;
VELASCO, 2003).
A vitamina A, além das propriedades antioxidantes, participa do processo de
formação da pele, unhas e cabelo, também atua na queratinização e estimula a
microcirculação cutânea (SANTOS et al., 2013).
Conhecida como ácido ascórbico, a vitamina C é uma vitamina hidrossolúvel
essencial à saúde do ser humano, mas que não é sintetizada pelo organismo, por
isso, deve-se adquiri-la através da dieta. A ingestão deficiente dessa vitamina é
conhecida como escorbuto e normalmente é o resultado da falta de ingestão de frutas
e vegetais fontes da vitamina. Apesar disso, mesmo espécies incapacitadas de
sintetizar a vitamina C, conseguem adquirir a quantidade suficiente por meio de uma
dieta rica em verduras e legumes (SILVA et al., 2016).
Estudada constantemente pelo seu grande potencial antioxidante, que atua
principalmente no retardamento do envelhecimento extrínseco. Tem característica de
combater os radicais livres encontrados em meio aquoso e auxiliar na proteção dos
antioxidantes, por ser composta por um material branco, cristalino estável na forma
seca e solúvel em água. O ácido ascórbico doa dois elétrons, que o torna oxidado,
enquanto a outra substância fica reduzida ao receber os elétrons, impedindo sua
oxidação, que diminui o processo de peroxidação lipídica. É essencial para a formação
das fibras colágenas existentes em praticamente todos os tecidos do corpo humano
(derme, cartilagem e ossos) (ROCHA et al., 2016).
No tecido conjuntivo, o papel da vitamina C é reconhecido há bastante tempo,
mas só a partir do século XVI essa evidência ganhou destaque, com o consumo de
frutas cítricas para a prevenção do escorbuto. Vitamina essencial para o
funcionamento das células, além de seu aproveitamento pelo tecido conjuntivo e
durante a formação do colágeno, por ser um cofator indispensável na hidroxilação da
prolina e lisina, aminoácidos essenciais para estrutura, manutenção e função do
colágeno (SANTOS et al., 2013).
Foram realizados estudos em camundongos que demonstraram o uso de
vitamina C, além de potencializar e amplificar os antioxidantes fornecidos pela
vitamina E, auxilia nos efeitos ocasionados na pele por radiação ultravioleta, reduzindo
o eritema e possível formação de tumores (AZULAI et al., 2003).
18
A vitamina E, denominada alfa-tocoferol, é o elemento principal de combate ao
envelhecimento cutâneo. Uma vitamina não muito resistente ao calor e a ácidos. É
instável a presença de álcalis, luz ultravioleta e oxigênio e é destruída com a presença
de gorduras rançosas, chumbo e ferro. É um excelente antioxidante lipossolúvel que
age nas camadas mais adiposas do tecido. Desse modo ela é capaz de atuar na
gordura do cérebro e do sangue, inibindo os radicais livres que aceleram o processo
de envelhecimento dos tecidos. Com inúmeras propriedades, a que se destaca é o
rejuvenescimento da imunidade, retardamento do geral do cérebro e do sangue,
proteção da membrana de futura peroxidação lipídica e proteção de doenças crônicas
como, câncer, doenças cardiovasculares e doenças degenerativas como Alzheimer e
Parkinson (BIANCHI et al.,1999; SANTOS et al., 2013).
Segundo Penteado (2003), estudos a respeito da ação antioxidante da vitamina
E no organismo mostram o seu favorecimento no retardo do envelhecimento precoce
e a proteção contra danos ao DNA. No entanto, a atividade da vitamina E necessita
de uma rede antioxidante envolvendo uma ampla variedade de antioxidantes e
enzimas antioxidantes, que conserva o alfa tocoferol em seu estado não oxidado.
Estado esse onde se encontra pronto para interceptar e sequestrar radicais. A
vitamina E, por ser lipossolúvel, é transportada por lipoproteínas plasmáticas. Ela
sofre participação para o interior das membranas e locais de armazenamento de
gorduras, em que apresenta um único papel de proteger os ácidos graxos poli-
insaturados da oxidação.
A vitamina C é capaz de reduzir a vitamina E oxidada deixando-a novamente
com ação antioxidante. No mesmo período, o tocoferol protege a membrana celular.
O tocoferol é regenerado pelo ubiquinol ou ácido ascórbico e o ascorbil é restaurado
pela glutationa reduzida, que é regenerada por grupamentos tióis (SANTOS et al.,
2013).
Para todas as vitaminas, as recomendações são estabelecidas para suprir as
demandas de 97 a 98% de indivíduos de um grupo. Na Figura 8. podemos observar a
recomendação da ingestão dietética de cada vitamina. Não há dados na literatura que
apresentem a quantidade adequada para a prevenção do envelhecimento da pele
(SANTOS et al., 2013).
19
Vitaminas Homens Mulheres
A 900mg/dia 700mg/dia
C 90mg/dia 75mg/dia
E 15mg/dia 15mg/dia
Figura 8. Ingestão dietética recomendada
Fonte: ROCHA, et al., 2016.
Uma alimentação balanceada é indispensável para prevenção do
envelhecimento cutâneo. É notório que a alimentação, quando constituída por
excesso de gorduras saturadas, como frituras, embutidos, carnes gordas e outros,
contribuem para o aumento dos radicais livres. Desse modo, há destruição das células
saudáveis, podendo alterar a aparência da pele. Alimentos que englobem vitaminas e
outras substâncias antioxidantes podem prevenir a ação destes radicais livres. Frutas,
hortaliças, legumes e cereais integrais atuam, deste modo, impossibilitando que esses
radicais destruam células saudáveis e acelerem o envelhecimento. Na Figura 9.
mostramos alguns alimentos fontes de vitaminas antioxidantes (SANTOS et al., 2013).
VITAMINA
FONTE
A
Óleo de fígado de bacalhau, fígado de
frango, fígado de vaca, fígado de vitela,
vegetais de folhas amarelas e verdes,
frutas amarelas e vermelhas, cenoura,
ovos e produtos de leite integral.
C
Frutas cítricas, acerola, laranja, caju,
goiaba, kiwi, limão, morango, brócolis,
couve-flor, repolho.
E
Óleos vegetais, óleo de gérmen de
trigo, ovos, leite, fígado.
Figura 9. Vitaminas antioxidantes e suas principais fontes alimentares.
Fonte: SANTOS, et al., 2013.
20
A sociedade atual tem como característica uma vida agitada, onde induz aos
indivíduos a terem uma alimentação desequilibrada, não consumindo nutrientes
essenciais. A falta de suporte de nutrientes e principalmente de antioxidantes, acarreta
uma série de consequências à saúde, contribuindo assim, para o processo de
envelhecimento. Nessa perspectiva, surge à necessidade de suplementação
alimentar. Atualmente, no mercado observa-se o surgimento de uma classe de
produtos, chamados de nutricosméticos, conhecidos como as “capsulas da beleza”
(BRANDÃO, 2010).
4.7 Nutricosméticos
No mercado mundial de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, o Brasil é o
primeiro mercado em perfumaria e desodorantes; segundo mercado para produtos de
cabelo, produtos de higiene oral, masculinos infantil, proteção solar; e em produtos
cosméticos é o terceiro; quarto em depilatórios; quinto em pele. Também surgem
novos produtos, no mercado de cosméticos, assim como novos conceitos, elaborando
novos nichos e segmentos. Apareceram nesta última década cosméticos com
conceitos de sustentabilidade, de saudáveis como orgânicos e também os
nutricosméticos (MORIMOTO et al., 2013).
O conceito de nutrir a pele por via oral, ou seja, de dentro para fora, nasceu da
suposição de que esta não pode ser nutrida externamente com cremes hidratantes e
soluções tópicas. A partir disto, cientistas da indústria cosmética junto com a indústria
alimentícia, verificam diversas combinações de aditivos capazes de combater os
radicais livres, sendo eles os responsáveis por acelerar o processo de envelhecimento
cutâneo (NEVES, 2009).
Partindo deste princípio, entra no mercado um novo segmento de produtos para
ingestão por via oral, pílulas chamadas nutricosméticos que asseguram melhorar a
pele de dentro para fora, visando prevenir o envelhecimento, a queda capilar, o
fortalecimento das unhas e a melhora das celulites. É uma nova classe de produtos
da categoria saúde e beleza onde compreende ingredientes por via oral, na forma de
suplementos nutricionais, através de capsulas, flaconetes, comprimidos ou saches.
Estes produtos combatem os radicais livres e é recomendado o uso diariamente. Para
alcançar os resultados pretendidos em suas formulações apresentam ativos de origem
21
vegetal, sais minerais, aminoácidos e vitaminas que atuam isoladamente ou em
sinergia. Devem conter uma combinação de ingredientes ativos como; vitamina A, C
e E, minerais, flavonoides, aminoácidos, óleos essenciais, proteínas e outras
substâncias antioxidantes além de fornecer nutrientes ao organismo (NEVES, 2009).
Os nutricosméticos não tem objetivo de substituir os produtos cosméticos, mas
agrega-los, fortalecendo os resultados para o tratamento da pele. Os atuais protocolos
para a prevenção do envelhecimento cutâneo fazem uma abordagem múltipla de
protetor solar, creme antirrugas e nutricosméticos (STEINER, 2011).
É importante frisar que os nutricosméticos devem ser utilizados com
ponderação, e não substituem uma alimentação saudável. Seu tratamento leva de um
a três meses para surtir efeito, sendo ingerido diariamente. Os nutraceuticos ajudam
o organismo a funcionar melhor, por repor vitaminas e nutrientes em carência na
alimentação diária (BRANDÃO, 2010).
Este novo segmento do mercado ainda é alvo de muita polêmica, referente à
indefinição do conceito, isto se dá porque o nutricosmético não é um produto
cosmético e nem um alimento. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) enquadra os produtos nutricosméticos na categoria de alimentos funcionais,
por produzirem efeitos metabólicos ou fisiológicos mediante a atuação de um nutriente
na manutenção do organismo. Na legislação sanitária vigente, o cosmético age
topicamente, logo, só é aprovado para o uso externo (NEVES, 2009).
Os nutricosméticos estão localizados na intersecção das indústrias de
cosméticos e de alimentos (Figura 10). São apresentadas outras áreas de intersecção,
como os cosmecêuticos, que são formados pelas indústrias de cosméticos e
medicamentos, e os nutracêuticos, resultado da união das indústrias de
medicamentos e alimentos (MORIMOTO et al., 2013).
22
Figura 10. Nutricosméticos, nutracêuticos e cosmecêuticos resultantes da
convergência interindustrial.
Fonte: MORIMOTO, et al., 2013.
4.8 Cosmecêuticos
Os cosmecêuticos se enquadram na interseção das indústrias cosméticas e
farmacêuticas. O termo cosmecêutico refere-se a produtos topicamente que não são
exclusivamente cosméticos (que enfeitam ou camuflam a pele), pois são capazes de
alterar o estado da pele, não sendo, porém, considerados medicamentos. Os
cosmecêuticos se dividem em sete categorias principais de produtos: fotoprotetores
solares, antioxidantes, anti-inflamatórios, clareadores, reparadores de colágeno,
esfoliantes e reparadores da barreira/hidratante. Indivíduos nascidos entre 1946 e
1964, caracterizados pelo desejo na redução de sinais do envelhecimento e no alívio
de outras imperfeições cutâneas, são os maiores influenciadores para o crescimento
dos cosmecêuticos (MORIMOTO et al., 2013).
Podem proteger a pele contra o fotodano e, em alguns casos, restaurá-la por
meio de estímulo de produção de colágeno novo. Além disso, associado à prescrição
de retinóides e fotoprotetores, podem ser usados para auxiliar no processo de
23
rejuvenescimento cutâneo, não cabe ao profissional de nutrição a prescrição desse
produto, por ser de ação tópica (ANUNCIATO, 2011).
4.9 Nutracêuticos
O termo nutracêutico foi definido como “um alimento ou parte de alimento que
proporciona benefícios médicos para saúde incluindo a prevenção e/ou tratamento de
doenças. Tais produtos podem variar desde nutrientes isolados, suplementos
dietéticos e dietas, a alimentos geneticamente modificados, alimentos funcionais,
produtos herbais e alimentos processados, tais como cereais, sopas e bebidas”
(ANUNCIATO, 2011).
Podem ser classificados como fibras dietéticas, ácidos graxos, poliinsaturados,
proteínas, peptídeos, aminoácidos ou cetoácidos, minerais, vitaminas antioxidantes e
outros antioxidantes (glutationa e selênio). O alvo dos nutracêuticos é
consideravelmente diferente dos alimentos funcionais, por diversas razões, à medida
que a prevenção e o tratamento de doenças (apelo médico) são primordiais aos
nutracêuticos, apenas a diminuição do risco da doença está envolvida com os
alimentos funcionais. Aos nutracêuticos compreendem suplementos dietéticos e
outros tipos de alimentos, os alimentos funcionais devem ser encontrados na forma
de um alimento comum (MORIMOTO et al., 2013).
Com base nas informações acima, a Figura 11. apresenta uma visão geral das
principais diferenças entre os produtos comercializados com os conceitos de
nutricosméticos, nutracêuticos e cosmecêutico (ANUNCIATO, 2011).
24
Figura 11. Principais diferenças entre nutricosméticos, nutracêuticos e
cosmecêuticos.
Fonte: ANUNCIATO, 2011.
25
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O envelhecimento cutâneo é um processo inevitável, e a sociedade busca
constantemente uma prática que minimize ou retarde esse envelhecimento. Os
antioxidantes têm sido extensivamente utilizados tanto no tratamento de patologias,
como na prevenção do envelhecimento cutâneo. A utilização de substâncias
cosméticas aliada a uma nutrição adequada pode reverter ou atenuar este processo,
melhorando principalmente o aspecto. Por isso, uma alimentação rica em
antioxidantes como as vitaminas A, C e E, é a melhor forma de prevenção aos efeitos
nocivos dos radicais livres em excesso, pois as vitaminas atuam inibindo a ação
destes radicais. Evitar exposições excessivas ao sol também faz parte da prevenção
do envelhecimento cutâneo e formação de radicais livres, mas apenas a reposição
das vitaminas não terá o efeito desejado se não forem associadas a uma alimentação
balanceada, horas adequada de sono e exercícios físicos moderados. Pelo contrário,
alguns antioxidantes em excesso podem inclusive produzir mais radicais livres.
26
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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