centro regional de alcoologia do norte · introdução 4 seguiu-se uma formação teórico-prática...
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Índice 1
CENTRO REGIONAL DE ALCOOLOGIA DO NORTE Ministério da Saúde
Índice 2
Introdução 3
1 Enquadramento Organizacional do Centro Regional Alcoologia do Norte 5
1.1 Tipo de Instituição 5
2 Enquadramento dos Problemas Ligados ao Álcool 7
2.1 Epidemiologia dos Problemas Ligados ao Álcool 7
2.2 Padrões de Consumo na Região de Trás-os-Montes 10
2.3 Álcool e Condução 11
3 Dados Sócio-Demográficos da Região Norte 12
3.1 Alguns Indicadores da Região Norte 12
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 15
4.1 Serviços de Intervenção Terapêutica 15
4.2 Unidade de Prevenção e Educação para a Saúde 25
4.3 Unidade de Investigação e Ensino 36
4.4 Gabinete do Utente 40
5 Gestão 41
5.1 Recursos Financeiros 41
5.2 Despesas 41
5.3 Indicadores Financeiros 43
5.4 Recursos Humanos 44
6 Conclusões 46
Introdução 3
Introdução
Este Relatório de Actividades constitui-se como o espelho do labor efectuado
ao longo do ano de 2006, reflectindo o empenho e a dedicação da equipa. À
frieza dos números indicadores da produtividade do Centro Regional de
Alcoologia do Norte deverá sempre juntar-se uma boa dose de afecto e de
esforço. As dificuldades orçamentais e financeiras, sempre referidas, foram
como sempre razões para fazer mais com os mesmos recursos. A produtividade
consubstancia a afirmação enunciada.
A centralidade no cidadão foi sempre divisa deste serviço de saúde,
oferecendo um conjunto de oportunidades e modalidades de tratamento para
o sindroma de abuso e da dependência de álcool, respeitando – e mesmo
incentivando – a autonomia do doente. As famílias, com particular ênfase nas
mulheres e nos mais jovens, foram alvo de intervenções no âmbito de terapias
sistémicas, de prevenção de recaída do paciente designado e de prevenção em
geral dos problemas ligados ao álcool.
Continua premente um trabalho de prevenção a montante, pois assiste-se a um
cada vez maior número de doentes com patologias psiquiátricas e orgânicas,
cada vez mais complexas, o que torna também moroso o trabalho clínico de
compensação. Este fenómeno poderia e deveria ser estancado com diagnóstico
e intervenções precoces ao nível das Unidades de Saúde Familiares, Centros de
Saúde e também nos hospitais gerais.
Com os recursos disponíveis as equipas da Unidade de Prevenção e Educação
para a Saúde (UPES) e da Unidade de Investigação e Ensino (UIE) conforme se
verifica pela sua produtividade, não se pouparam a esforços para o
desenvolvimento de acções de formação para técnicos de saúde, com a
finalidade de fornecer ferramentas que permitissem o despiste e tratamento
precoce dos problemas ligados ao álcool. As Intervenções Breves, preconizadas
pela Organização Mundial de Saúde, constituíram-se como instrumentos
credíveis para a centralidade deste tipo de intervenções. À formação teórica
Introdução 4
seguiu-se uma formação teórico-prática (observação de casos através de
espelho unidireccional) e prática com observação em regime de estágio no
Centro Regional de Alcoologia em Consulta de Triagem com Supervisão Médica,
Consulta Clínica de Seguimento, Consulta de Grupo, Hospital de Dia,
Internamento, Consulta de Nutrição, Psicologia, Serviço Social e Enfermagem.
Os objectivos traçados para o ano de 2006 em Carta de Missão – Redução dos
reinternamentos; Aumento das acções de formação em Alcoologia; Aumento
das formações frequentadas pelos funcionários da instituição; - foram
largamente ultrapassados.
São apresentados alguns indicadores gerais e específicos que suportam, de
algum modo, a dimensão dos problemas ligados ao álcool na região Norte e as
suas consequências, com a intenção de realçar a magnitude que os consumos
abusivos e inoportunos de álcool atingem em todo o país e, em particular, no
Norte. O Centro Regional de Alcoologia do Norte representa uma resposta de
0,1% face ao número de alcoólicos a tratar a norte do rio Douro. A outra
tipologia de respostas estão actualmente muito confinadas a alguns nichos nos
centros de saúde, onde alguns médicos de Medicina Familiar, fazem o
diagnóstico, iniciam tratamentos, fazem por vezes grupos de alcoólicos
tratados e algumas embrionárias unidades de alcoologia. Os Hospitais Gerais,
os Departamentos de Saúde Mental e os Hospitais psiquiátricos respondem às
solicitações locais, quase sempre de um modo pouco consistente e continuado.
A Rede Alcoológica Nacional, em fase de conclusão, parecia ser um
instrumento claro que permitia a intervenção por níveis progressivamente mais
diferenciados (Centro de Saúde; Hospital Geral; Departamento de Psiquiatria;
Hospital Psiquiátrico; Centro Regional de Alcoologia) em que o doente
dependente de álcool tinha uma resposta adequada a cada situação clínica.
A extinção dos Centros de Alcoologia e sua integração no Instituto de Drogas e
Toxicodependência, suspende o desenvolvimento da Rede, bem assim como o
Plano Alcoológico Nacional.
1 Enquadramento Organizacional do Centro Regional de Alcoologia do Norte 5
1.1 Tipo de Instituição
O Centro de Alcoologia toma forma jurídica através do Decreto Regulamentar
n.º 41/88 de 21 de Novembro, modificado em 1995 pelo Decreto-Lei n.º 269/95
de 19 de Outubro, que lhe veio a conferir a designação de Centro Regional de
Alcoologia do Porto (C.R.A.P.) e que persistiu até finais de 2000, quando
adoptou a actual denominação de Centro Regional de Alcoologia do Norte
(C.R.A.N.) por força da publicação da sua nova Lei Orgânica, o Decreto-Lei n.º
318/2000 de 14 de Dezembro.
Tal como o preconizado pelos n.º 1 e 2 do Artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 35/99 de
5 de Fevereiro o Centro Regional de Alcoologia do Norte (CRAN) inscreve-se na
estrutura do Serviço Nacional de Saúde ao nível dos serviços regionais de saúde
mental e, no estrito cumprimento do que lhe está acometido legalmente,
exerce a sua actividade nos cinco distritos da Região de Saúde do Norte – Braga,
Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real. Tem como principal missão
desenvolver metodologias de abordagem à prevenção, tratamento e
reabilitação, em particular na vertente da dependência e da compulsão ao
consumo de bebidas com teor alcoólico e apoiar a actividade de unidades de
intervenção alcoológica dos serviços locais de saúde mental.
1 Enquadramento Organizacional do Centro Regional de Alcoologia do Norte
1 Enquadramento Organizacional do Centro Regional de Alcoologia do Norte 6
O Centro Regional de Alcoologia do Norte estrutura-se da forma vertida no
organigrama da Imagem 1, no estrito respeito pelo respectivo regulamento
interno, publicado no Diário da República, com a Portaria 1112/2003 de 22 de
Agosto (II Série).
IMAGEM 1 Organigrama do Centro Regional de Alcoologia do Norte
O Decreto-Lei nº 212/2006 de 27 de Outubro no seu artigo 26º, nº2 alínea e)
extingue os Centros Regionais de Alcoologia, sendo as suas atribuições
integradas no Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P.
2 Enquadramento dos Problemas Ligados ao Álcool 7
2.1 Epidemiologia dos Problemas Ligados ao Álcool O álcool é a droga mais consumida no mundo. Cerca de 50% das pessoas com 15 ou mais anos consumiram álcool no ano anterior. A proporção de jovens que consomem bebidas alcoólicas ultrapassa os 60% e entre 10% e 30% fazem-no num registo de binge drinking.
(World Development Report 2007: Development and the Next Generation)
O álcool é um dos principais factores de risco de mortalidade. Na Europa entre 40% e 60% de todas as mortes são atribuíveis ao álcool. É também o 3º factor de risco, a seguir ao tabaco e à pressão arterial, em termos de DALY’s. GRÁFICO 1 Proporção do total de DALYs causados pelo álcool na Europa
DALYs61 milhões
Álcool7,4%
Fonte: Health, social and economic impact of alcohol, 2005.
Em 2002, no relatório de saúde mundial, estimou-se que 4% do peso global da doença é atribuído ao álcool. No global, pensa-se existir uma associação entre o consumo de álcool e mais de 60 tipos de doenças/danos. Na Região europeia da OMS a população adulta bebe em média 12,1L de álcool puro, per capita, por ano, sendo duas vezes mais elevado que a média mundo. As mulheres contribuem com 20 a 30% do consumo total.
2 Enquadramento dos Problemas Ligados ao Álcool
2 Enquadramento dos Problemas Ligados ao Álcool 8
12,611,4 11 10,8
10,2 10,29,6 9,6
0
2
4
6
8
10
12
14
Lux Hungria R.Checa R.Irlanda Alemanha Espanha R.Unido Portugal
GRÁFICO 2 Consumo de Álcool no Mundo – 2003 (Litros de Álcool Puro)
Fonte: World Drink Trends 2005
Em 2003, cada português, consumia em média, por ano, 42 litros de vinho,
58,7 litros de cerveja e 1,4 litros de bebidas espirituosas.
GRÁFICO 3 Consumo de bebidas alcoólicas per capita em 2003
Fonte: World Drink Trends 2005
A Organização Mundial de Saúde estimou, em 2003, um consumo de 9,38 litros
de álcool puro per capita tendo em consideração toda a população portuguesa
e de 11,1 litros na população com idade superior a 15 anos.
1,4
42
58,7
Destiladas Vinho Cerveja
2 Enquadramento dos Problemas Ligados ao Álcool 9
Os dados do Inquérito Nacional de Saúde 98/99 apontam, na região Norte, para
uma prevalência de consumidores na população com idade superior a 15 anos
de 43,2%, dos quais 75,2% são homens e 24,8% são mulheres. É a região com a
prevalência mais elevada de consumidores em ambos os sexos. A bebida
preferencial é o vinho, mas no grupo etário dos 15 aos 24 anos a prevalência
de consumidores de cerveja é mais elevada.
Padrões de Consumo nos Jovens
Sabendo que os jovens estão expostos a uma série de consequências negativas
relacionadas com o consumo de álcool, é importante estudar esta relação para
que se possam desenvolver programas de prevenção que lhes permitam evitar
os comportamentos de risco.
Num estudo realizado pela Faculdade de Motricidade Humana encontraram-se
associações positivas estatisticamente significativas entre os padrões de
consumo de bebidas alcoólicas e alguns determinantes comportamentais.
Os adolescentes que consomem bebidas alcoólicas são aqueles que mais
reportam consumo de tabaco, consumo de doces e refrigerantes, embriaguês,
droga, não gostar da escola, percepção de saúde má, tristeza, menos
felicidade, relações sexuais sob o efeito de álcool e outras drogas, menor
percepção de risco de HIV.
Fonte: Consumo de substâncias nos adolescentes. Aventura Social & Saúde. Relatório Preliminar.
2 Enquadramento dos Problemas Ligados ao Álcool 10
2.1 Padrões de consumo na região de Trás-os-Montes
De um estudo realizado em 2005 sobre os padrões de consumo de bebidas
alcoólicas nos distritos de Bragança e de Vila Real sobressaem as seguintes
conclusões:
A prevalência de indivíduos que já experimentaram as bebidas alcoólicas, em
todas as idades, excede os 90% em ambos os distritos, enquanto que a
prevalência de consumidores actuais se situa nos 60%.
TABELA 1 Consumidores diários, por grupo etário, bebida e distrito Vila Real Bragança
Grupos etários Grupos etários 15-20 21-40 >41 15-20 21-40 >41
Cerveja 6,5 19,6 25,3 6,7 39,9 39,4 Destiladas 0,6 5,1 13,6 5,2 24,1 49,2
Vinho 12,7 48,5 74,8 22,8 49,6 64,7
À excepção do consumo de vinho em idades superiores aos 41 anos, no distrito
de Bragança, encontramos uma prevalência superior de consumidores diários
de bebidas alcoólicas, relativamente, ao distrito de Vila Real.
Nos dois distritos, 43% dos jovens consomem entre uma e duas bebidas por
ocasião de consumo, ou seja, de acordo com as definições de unidade padrão
da O.M.S., entre 13 gramas e 26 gramas de álcool puro por ocasião.
Nos dois distritos, a prevalência superior situa-se no padrão de consumo entre
uma e duas bebidas por ocasião de consumo, salientando-se a prevalência de
11% dos consumidores brigantinos que consomem mais de 10 bebidas por
ocasião de consumo.
Também em idades superiores aos 41 anos é o padrão de ingestão entre uma e
duas bebidas por semana em qualquer tipo de bebida, o padrão preferencial.
2 Enquadramento dos Problemas Ligados ao Álcool 11
2.3 Álcool e Condução TABELA 2 Fiscalização da condução sob influência do álcool por distrito (2005) 0.50 a 0.79g/l 0.80 a 1.19g/l ≥ 1.20g/l % Inf./Test. Braga 33.4 25.3 41.2 6,9 Bragança 28.0 33.0 39.0 5,4 Porto 26.1 23.4 50.5 4,0 V. Castelo 37.8 25.5 36.7 8,3 V. Real 28.4 25.2 46.4 11,8 6,4 Fonte: DGV 2007
As operações de fiscalização da condução sob a influência do álcool revelaram que o distrito com a prevalência mais elevada de infractores (11,8%) é o distrito de Vila Real. O distrito do Porto apresenta a prevalência mais elevada de condutores (50.5%) com taxa de alcoolemia no sangue igual ou superior a 1,2 g/l. TABELA 3 Fiscalização da condução sob a influência do álcool segundo o motivo de fiscalização (%), em 2005
Acidentes Manobras perigosas Aleatórias TAS > = 0,50 g/l 3,5 5,6 8,8 TAS > = 1,20 g/l 2,2 2,3 3,7 Dos condutores intervenientes em acidentes, 3,5% apresentavam uma taxa de alcoolemia superior a 0,5 g/l e 2,2% uma taxa superior a 1,2 g/l. TABELA 4 Fiscalização da condução sob a influência do álcool segundo o grupo etário (%), em 2005
Infractores 0,50-0,79g/l 0,80-1,19g/l >=1,20g/l Inf/Testes % 15-29 anos 28.6 30.7 40.6 6.4 30-49 anos 22.8 26.4 50.7 7.2 >= 50 anos 23.7 30.7 45.6 4.8
Fonte: DGV 2007
Foi entre os condutores com idades entre os 30 e os 49 anos que se verificou o maior número de taxas de alcoolemia iguais ou superiores a 1,2g/l (50,7%). No que diz respeito à fiscalização da condução sob influência do álcool, na região Norte, o distrito do Porto apresenta a percentagem mais elevada de infractores. Fonte: D.G.V., Relatório Anual, 2006
3 Dados Sócio-Demográficos da Região Norte 12
3.1 Alguns Indicadores da Região Norte
Indicadores Demográficos
A Região Norte abarcava, em 2005, 35% da população portuguesa, detendo a
maior proporção da população residente. Nos cinco distritos que correspondem
à área de influência do CRAN temos um total de 3.737.791 habitantes.
TABELA 5 População Residente em 2005 Pop. residente (indivíduos) 2005 Portugal 10 569 592 Norte 3 737 791
Fonte: INE; Indicadores Estatísticos Gerais, 2005
Gráfico 4 Distribuição da população residente (2004)
PortoBraga
V.CasteloV.Real Bragança
3 Dados Sócio-Demográficos da Região Norte
3 Dados Sócio-Demográficos da Região Norte 13
O distrito do Porto é o mais populoso (55,0%) seguido do de Braga com 26,0%.
Viana do Castelo detém 8,0% da população nortenha, Vila Real 6,8% e o distrito
de Bragança conta com 4,5%.
O acentuar do envelhecimento da população tem sido particularmente
significativo no Norte, no entanto, em 2002, ainda apresentava uma proporção
de população jovem superior à idosa.
Tabela 6 Taxa de anos potenciais de vida perdidos devido a Doença Crónica
do Fígado e Cirrose – 2004
Taxa HM (‰)
Portugal 197,0
Norte 220,9
Braga 192,6
Bragança 266,6
Porto 200,0
Viana do Castelo 348,6
Vila Real 344,4
A taxa de anos potenciais de vida perdidos por doença crónica do fígado e
cirrose situou-se em 2004 em 197,0 (/100000 hab.). O distrito de Viana do
Castelo, no seio da Região Norte, é o distrito com a taxa mais elevada com
348,6(/100000 hab.).
Em 2004 a taxa de mortalidade padronizada por distrito era a seguinte:
3 Dados Sócio-Demográficos da Região Norte 14
Tabela 7 Taxa de mortalidade padronizada devido a Doença Crónica do
Fígado e Cirrose – 2004
Taxa HM (‰)
Portugal 13,4
Norte 14,7
Braga 13,2
Bragança 16,4
Porto 12,7
Viana do Castelo 22,7
Vila Real 24,3
A taxa de mortalidade padronizada por cirrose era em 2004 de 13,4 por 100
mil habitantes, destacando-se o distrito de Vila Real, na Região Norte com a
taxa mais elevada (24,3/100000 hab.)
Tabela 8 Razão padronizada de mortalidade devido a Doença Crónica do
Fígado e Cirrose – 2004
HM H M
Braga 0,982 0,805 1,517
Bragança 1,222 1,500 0,429
Porto 0,957 0,899 1,134
Viana do Castelo 1,643 1,448 2,455
Vila Real 1,730 1,630 2,000
O distrito de Viana do Castelo é o que apresenta a razão padronizada mais
elevada para o sexo feminino, isto é, as mulheres morrem por esta causa, 2
vezes e meia mais do que era esperado. Nos homens é o distrito de Vila Real
que apresenta o valor mais elevado.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 15
As actividades desenvolvidas pelas diversas unidades de intervenção,
apresentam-se com diferentes ritmos, mostrando as diversas facetas que os
problemas ligados ao álcool apresentam, conforme as suas diferentes
abordagens. A multidisciplinaridade emerge destas áreas, bem assim como o
empenhamento de vários sectores profissionais. Desenvolveram-se programas
de intervenção em continuidade e com as capacidades do Centro Regional de
Alcoologia do Norte, com o objectivo de diminuir as consequências do consumo
abusivo de álcool na região norte do país. Foi levado à prática o plano de
actividades para o ano de 2006, sendo em diversos itens largamente
ultrapassadas as metas a que nos propusemos como, de resto, já foi referido
na Introdução deste documento.
Foi dado particular ênfase à promoção e apoio à investigação, bem assim como
ao desenvolvimento de metodologias de intervenção comunitária, dentro dos
parcos recursos disponíveis.
4.1 Serviços de Intervenção Terapêutica
Os serviços de Intervenção Terapêutica constituem-se como o ponto de
encontro mais visível dos problemas ligados ao álcool e dos doentes e suas
famílias. Têm um pendor essencialmente médico, mas o funcionamento em
equipa com outros técnicos de saúde, enfermeiros, assistentes sociais,
psicólogos e nutricionista, constituem-se ora como respostas específicas, ora
como respostas multidisciplinares.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 16
TABELA 9 Evolução do Movimento Assistencial Anos Consulta Externa Internamento Completo Internamento Parcial 2006 17143 363 117 2005 15372 404 103 2004 14231 375 95 2003 13841 434 107 2002 12187 407 142 2001 10139 432 136 2000 10439 448 138 1999 10757 477 149
Como se vê no quadro, o movimento assistencial privilegia as intervenções em
regime de ambulatório respeitando, tanto quanto possível, a autonomia do
doente. Verifica-se uma ligeira diminuição nos dois tipos de internamento –
Completo e Parcial – o que sublinha que, maioritariamente, os doentes têm
actividade profissional, o que subentende uma menor interferência na vida
laboral, familiar e social.
De referir que a capacidade de resposta, em termos de doentes e famílias com
problemas ligados ao álcool, ultrapassa os limites de capacidade de resposta
do Centro Regional de Alcoologia do Norte, sendo mesmo previsível, para o ano
2007, uma diminuição do número de consultas, devido à diminuição do número
de médicos, bem assim como ao envelhecimento do corpo clínico, cuja média
de idade se situa actualmente nos 51,5 anos.
4.1.1 Consulta Externa
Esta área terapêutica constitui-se como o primeiro ponto de encontro entre
doentes e famílias e o Centro Regional de Alcoologia. O doente, mais
habitualmente enviado pelo médico de família, é portador de Credencial e
protocolo de exames complementares de diagnóstico, é avaliado em Consulta
de Triagem com Supervisão Médica. Este momento de avaliação é definidor de
um primeiro desenho de programa terapêutico, dinâmico, porque poderá ser
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 17
alterado noutros momentos considerando a as características do doente e
família e os objectivos terapêuticos. Este primeiro programa de tratamento
pode passar por uma curta desintoxicação, que pode ocorrer em regime
Ambulatorial monitorizado, ou em regime de Internamento Parcial ou
Completo. Terminada a desintoxicação, o programa de desabituação alcoólica
ocorre em regime ambulatorial, assumindo-se consoante os casos, em
acompanhamento médico ou não médico, e em consultas individuais ou de
grupo.
TABELA 10 Consulta Externa Ano Número de Consultas Demora Média (dias) 2006 17143 31 2005 15372 13 2004 14230 61 2003 13841 22 2002 12187 66
Sendo certo que os doentes se caracterizam por uma prevalência elevada de
patologias orgânicas e psiquiátricas, as nossas intervenções terapêuticas, como
se verifica, privilegiam a modalidade Consulta Externa, acentuando as
capacidades autonómicas dos doentes.
Apesar das dificuldades que se prendem com o menor número de técnicos, foi
possível no ano de 2006, apresentarmos uma demora média de pouco mais de
um mês, entre o primeiro contacto do doente e a resposta do Centro Regional.
Este parâmetro, que actualmente parece aceitável, tem tendência para
aumentar o que, para as características psicológicas dos dependentes de
álcool, poderá vir a constitui-se um factor desmobilizador para o tratamento
de uma patologia que tem habitualmente uma evolução de mais de 20 anos.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 18
TABELA 11 A Consultas Anos Total Consultas N.º Doentes Activos N.º Médio de Consultas por Doente/Ano 2006 17143 2562 6,69 2005 15372 2285 6,73 2004 14230 1579 9,01 2003 13841 1531 9,04 2002 12187 1160 10,51
Como pode verificar-se houve uma duplicação do número de doentes activos
em apenas quatro anos, entre 2002 e 2006 e mantendo-se o número de
técnicos do Centro Regional, claramente a média de consultas por doente e
por ano vem diminuindo, assumindo este valor uma preocupação clínica
crescente, na medida em que o número de recaídas tem vindo
assustadoramente a subir.
Estes dados são suficientemente complexos para questionar o tipo
acompanhamento e a qualidade do mesmo, remetendo para um número de
técnicos insuficiente para dar resposta às solicitações.
TABELA 12 Consultas
Anos Triagem 1.ªs Consultas 2.ªs Consultas Consulta Grupo Total 2006 543 1240 13935 1435 17143 2005 314 1458 12284 1316 15372 2004 485 1738 10807 1200 14230 2003 443 1427 10649 1322 13841 2002 727 745 9097 1618 12187 2001 162 645 7727 1606 10140
Apesar de se verificar um aumento do número de Consultas de Triagem
verifica-se, em relação ao ano anterior, um menor número de primeiras
consultas, o que significa que muitos doentes não continuaram tratamento,
provavelmente, devido ao aumento da demora média das primeiras consultas.
Esta realidade é mais premente na área médica, a que não será alheio a perda
de duas psiquiatras. Verifica-se um aumento do número de segundas consultas,
consultas de grupo e consultas no seu total, muito à custa da intervenção de
técnicos não médicos, o que denota um esforço de toda a equipa na resposta
às solicitações de doentes e famílias.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 19
TABELA 13 Consultas por Género Feminino Masculino
Ano N % N % Total
2006 4683 27,32 12460 72,68 17143 2005 4130 26,87 11242 73,13 15372 2004 3927 27,60 10304 72,40 14231 2003 4156 30,03 9685 69,97 13841 2002 3887 31,89 8300 68,11 12.187 2001 3222 31,78 6918 68,22 10.140 2000 3567 34,17 6872 65,83 10.439 1999 3547 32,97 7210 67,03 10.757 1998 2815 31,02 6260 68,98 9.075 1997 2706 30,24 6242 69,76 8.948 A relação encontrada nas consultas por género, apesar de ligeiras oscilações ao longo dos anos, mantém-se a repartição homens – mulheres de três para um. TABELA 14 Proveniência de Doentes (concelho e distrito)
Concelhos do Distrito do Porto Outros Distritos da Região Norte 2005 2006 2005 2006 Proveniência N % N % Proveniência N % N %
Amarante 12 0,53 18 0,70 Braga 57 2,49 60 2,34 Baião 8 0,35 12 0,47 Bragança 34 1,49 33 1,29 Felgueiras 11 0,48 13 0,51 Viana Castelo 14 0,61 11 0,43 Gondomar 222 9,72 256 9,99 Vila Real 22 0,96 40 1,56 Lousada 19 0,83 21 0,82 Maia 175 7,66 181 7,06 Outros 62 2,71 73 2,85 M. Canavezes 24 1,05 38 1,48 Matosinhos 384 16,80 406 15,45 Fora Portugal 12 0,53 14 0,55 Paços Ferreira 12 0,53 21 0,82 Paredes 51 2,23 45 1,76 Penafiel 42 1,84 47 1,83 Porto 561 24,55 593 23,15 Póvoa Varzim 90 3,94 125 4,88 Santo Tirso 66 2,89 88 3,43 Valongo 98 4,29 107 4,18 Vila do Conde 139 6,08 150 5,85 Vila Nova Gaia 170 7,44 210 8,20 TOTAL 2084 91,20 2331 90,98 TOTAL 201 8,80 231 9,02 Verifica-se um aumento do número de doentes activos, aumento esse que não é correspondente ao número de triagens efectuadas, o que significa que alguns doentes que iniciaram tratamento acabaram por abandona-lo.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 20
Verifica-se também que o número médio de consultas por doente/ano tem
tendência para diminuir, uma vez que número de técnicos diminuiu e o
número de doentes aumentou. Esta relação, que no ano 2006 se situa nas
cerca de sete consultas por doente/ano, o que representou uma diminuição
relativamente aos valores de 2005
No ano de 2006 verificou-se um maior afluxo de doentes do concelho de Vila
Nova de Gaia e da Póvoa de Varzim, seguidos pelos concelhos do Porto,
Gondomar e Matosinhos. Estes aumentos devem-se essencialmente ao trabalho
de intervenção da Unidade de Prevenção e Educação para a Saúde deste
Centro Regional.
TABELA 15 Consultas por freguesias do concelho do Porto
Freguesias 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Aldoar 314 327 278 191 234 325 Bonfim 227 329 328 327 395 461 Campanhã 321 537 583 587 556 613 Cedofeita 376 415 460 337 306 409 Foz 102 107 101 90 107 150 Lordelo do Ouro 229 309 339 279 301 274 Massarelos 73 72 83 144 146 112 Miragaia 45 98 75 60 65 56 Nevogilde 23 23 39 41 37 28 Paranhos 341 385 490 601 577 570 Ramalde 359 429 542 451 492 576 Santo Ildefonso 137 196 175 208 161 178 S. Nicolau 59 36 60 75 27 29 Sé 58 66 89 136 159 164 Vitória 51 76 90 114 99 58 TOTAL 2715 3405 3732 3641 3662 4003
A distribuição da actividade médica por freguesia do concelho do Porto, é o
reflexo da proveniência dos doentes, mas também da incidência dos problemas
ligados ao álcool nestas localidades. As freguesias de Campanhã e Ramalde,
compostas por zonas problemáticas do ponto de vista sócio-económico, com um
maior número de bairros sociais, onde o alcoolismo se assume como uma
patologia social dominante são, por consequência, responsáveis por um elevado
número de doentes, necessitando de um maior movimento assistencial.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 21
TABELA 16 Acompanhamento Específico dos Doentes Ano 2003 2004 2005 2006
Triagem 443 485 314 533 Consulta Psiquiatria 4604 5444 5831 6606 Psiquiatria Grupo 1085 1075 983 923 Consulta Clínica Geral 3235 1495 3000 2961 Clínica Geral Grupo 114 16 130 177 Consulta Psicologia 1647 2025 2393 2853 Psicologia Grupo 123 106 203 335 Avaliação Psicológica 696 782 460 430 Psicoterapias Individuais 227 85 45 2 Terapias Familiares 169 149 8 5 Consulta de Nutrição 458 372 471 532 Consulta de Serviço Social 675 686 876 1015 Consulta de Enfermagem 365 1510 658 771
TOTAL 13841 14230 15372 17143
Este quadro reflecte a actividade assistencial do Centro Regional, onde se
pode ver um significativo aumento das consultas de psiquiatria e também de
psicologia e serviço social. A população que acorre ao Centro é de classe social
desfavorecida, necessitando assim de intervenções no âmbito das
especialidades citadas.
4.1.2 Internamento Completo
A vocação do Serviço de Internamento está direccionada para programas de
desintoxicação intensivo para doentes que se apresentam com diagnósticos
clínicos – psiquiátricos ou orgânicos – e sem rede de apoio sócio-familiar. O
programa de desintoxicação não se restringe ao cuidado médico, mas
compreende um conjunto de actividades concertadas com o programa seguinte
de desabituação alcoólica no regime ambulatorial.
A retirada do ambiente familiar, sendo muitas vezes vivida como uma ruptura
no quadro relacional, é objecto de análise de trabalho psicoterapêutico com as
respectivas famílias no sentido de re-arranjos comportamentais.
Este tipo tratamento dirige-se essencialmente a doentes com Síndrome de
Dependência Alcoólica e tem como base:
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 22
■ Programa de desintoxicação alcoólica;
■ Desenvolvimento de um programa psicoterapêutico que conduza à
compreensão por parte do doente da natureza da sua doença, de modo a
que aceite como fundamental a necessidade de uma abstinência total e a
mudança de estilos de vida
Os objectivos do tratamento visam assim:
■ A desintoxicação alcoólica;
■ Despiste das complicações orgânicas e psiquiátricas associadas;
■ Avaliação das consequências dos consumos (orgânicos, psíquicos,
emocionais, familiares laborais e sociais);
■ Implicação do doente e da sua família no processo terapêutico;
■ Criar condições para incentivar o desejo de mudança (estratégias e
iniciativas de inserção social e laboral);
■ Estabelecer um projecto terapêutico a longo prazo cujo objectivo é obter
uma melhor qualidade de vida baseada na abstinência alcoólica.
São privilegiadas a autonomia e a capacidade de decisão e escolhas do doente,
sendo-lhe dadas as ferramentas para que possa livremente escolher a
continuidade de tratamento de desabituação ou de poder fazer outras opções.
No decurso do programa os doentes e famílias são chamadas a participar
activamente no processo de recuperação, de que são os principais
beneficiários, sendo enfatizados de formas pedagógica a importância da
abstinência como forma de restabelecimento de padrões e estilos de vida
saudáveis. A família e a comunidade em geral sentirão as repercussões de tais
mudanças de padrão comportamental face às bebidas alcoólicas.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 23
O internamento é assim encarado como uma etapa no processo terapêutico, desintoxicante e reflexiva, com elevados custos e do qual se tem a expectativa legítima de mudanças nos estilos de vida mais saudáveis. É através da Consulta de Triagem em que o paciente é portador de protocolo clínico e o doente ficará a ser seguido por um médico do CRAN, que planeará com a equipa multidisciplinar, o programa terapêutico, que poderá passar por uma fase inicial de internamento para desintoxicação alcoólica. O internamento no Centro Regional de Alcoologia do Norte desenvolve-se em média, durante duas semanas. O programa de desintoxicação terapêutico tem diversas vertentes: farmacológico, psicológico, nutricional, pedagógico, ocupacional e social. TABELA 17 Internamentos no Centro Regional de Alcoologia do Norte
2002 2003 2004 2005 2006 Lotação Praticada 20 20 20 20 20 Número de doentes tratados 400 434 375 404 363 N.º de dias de internamento 6064 5891 5593 5590 5693 Demora Média 14,85 14,20 15,02 13,84 15,56 Taxa de Ocupação 83,07 80,70 76,41 76,58 77,99 Doente tratado/cama 20 21,70 18,75 20,20 18,15 Mantendo-se a lotação de 20 camas, foram efectuados 363 internamentos e a demora média ultrapassou ligeiramente os 15 dias. TABELA 18 Distribuição por sexo dos utentes do Internamento Completo
Anos Feminino Masculino 2006 83 280 2005 99 305 2004 97 278 2003 114 320 2002 107 293 2001 106 326 2000 113 335
A relação entre géneros nos programas de desintoxicação, em regime de Internamento Completo, mantém-se em três homens par uma mulher.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 24
4.1.3 Hospital de Dia
Esta modalidade de programa de desintoxicação está vocacionado para
pacientes em que não é previsível um síndrome de abstinência complicado e as
famílias podem ainda conter no seu seio as disrupções próprias deste tipo de
problemática. Tem flexibilidade bastante para que o tratamento seja
efectivado ao longo do dia ou mesmo fora do horário laboral, o que algumas
vezes permite mesmo que o doente se mantenha a trabalhar. Esta modalidade
de tratamento implica uma participação intensa com a família em todo o
processo terapêutico, que pode passar mesmo por abordagens sistémicas.
TABELA 19 Internamentos de Hospital de Dia
2001 2002 2003 2004 2005 2006 Lotação Praticada 6 6 6 6 6 6 N.º doentes tratados 127 140 107 95 103 117 Sessões 1406 1487 1246 995 1217 1393
Os programas de tratamento que incluem a intervenção na modalidade de
Hospital de Dia têm vindo a aumentar a procura, o que significará a manutenção
do doente na sua família e também muitas vezes da actividade laboral.
TABELA 20 Hospital de Dia Género
Anos Feminino Masculino 2006 32 85 2005 31 72 2004 26 69 2003 45 62 2002 57 83 2001 31 96 2000 44 91
Em relação ao género, esta modalidade de tratamento é preferida pelo género
feminino, quando comparada com o internamento completo, facto que poderá
dever-se às responsabilidades inerentes à tradicional definição de papéis.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 25
4.2 Unidade de Prevenção e Educação para a Saúde
A Unidade de Prevenção e Educação para a Saúde (UPES) tem como objectivo a
coordenação das acções de prevenção dos Problemas Ligados ao Álcool (PLA)
nos cinco distritos da região norte do País que constituem a área de
intervenção do Centro Regional de Alcoologia do Norte (CRAN).
Estas acções de prevenção desencadeadas nos cinco distritos são coordenadas
por técnicos superiores do CRAN. A UPES tem ainda a área de Prevenção em
Meio Laboral.
Os técnicos pertencentes a esta unidade reuniram mensalmente, na primeira
quarta-feira, com o objectivo de fazer o ponto de situação das acções
desencadeadas e programar as acções a desenvolver.
As actividades realizadas pretenderam dar sequência às acções desencadeadas
pelo CRAN no âmbito da intervenção comunitária e foram pensadas no
contexto do Plano Alcoológico Nacional e demais instrumentos governamentais
para os Problemas Ligados ao Álcool.
Assim, estabeleceu-se como objectivo, desenvolver metodologia para a criação
da Rede Alcoológica, nos cinco distritos do Norte, estabelecida entre o CRAN,
com o papel de coordenador, os serviços locais de saúde mental, as unidades
de cuidados de saúde primários e os hospitais, conforme previsto no Plano
Alcoológico Nacional.
Como tema central para o desenvolvimento de acções preventivas, foram
projectados programas em meio laboral, nomeadamente na área das empresas
transportadoras.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 26
A prioridade de acção preventiva teve especial enfoque no distrito do Porto.
Nos restantes distritos as diversas acções foram concertadas não obstante as
diferenças entre eles.
As estratégias de prevenção incidiram junto de grupos profissionais de
empresas, tendo sido reforçadas as estratégias preventivas junto das
autarquias.
Estabeleceu-se ainda como parceiro privilegiado de intervenção nas acções
preventivas dos PLA as estruturas do Sistema Nacional de Saúde, não deixando
o meio escolar, a acção social, entre outros, fora desta problemática.
O CRAN realizou um encontro científico de discussão de temas pertinentes e
actuais na área dos PLA, encetado em 2005, tendo tido lugar nos dias 30 e 31
de Outubro e recebido o nome de II Encontro Internacional de Alcoologia.
O II Encontro Internacional de Alcoologia foi organizado pelo CRAN em parceria
com a Câmara Municipal do Porto, tendo decorrido na biblioteca Almeida
Garrett, no Porto, ao qual assistiram 282 congressistas.
O II Encontro Internacional de Alcoologia, representou um ponto alto da
actividade do CRAN, tendo feito com que os técnicos que se dedicam à
intervenção comunitária canalizassem grande parte das suas actividades para
este projecto.
Seguidamente, são apresentadas as actividades de prevenção desenvolvidas,
pela Unidade de Prevenção e Educação para a Saúde, desenvolvidas no ano de
2006.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 27
4.2.1 Braga
4.2.1.1 Sistema Nacional de Saúde
Continuação das actividades desenvolvidas, no âmbito da prevenção dos PLA,
com a Sub-região de Saúde de Braga (SRSB).
■ Sub-Região de Saúde de Braga – Realização do Curso de Alcoologia para
Profissionais de Saúde da Sub-região que decorreu em Braga, no dia 28,
Setembro, num total de 6 horas de formação, integrado no Plano de
Formação da Sub-Região – foram formados 12 profissionais de saúde (6
Médicos, 5 Enfermeiro e 1 Psicólogo). Esta formação destinou-se a
profissionais já com formação em Alcoologia, tendo como objectivo a
avaliação do trabalho desenvolvido na área da Alcoologia.
Realização do Curso de Alcoologia para Profissionais de Saúde da Sub-
região que decorreu em Braga, nos dias 22, 23 e 24 de Novembro, num
total de 21 horas de formação, integrado no Plano de Formação da Sub-
Região – foram formados 121 profissionais de saúde (3 Médicos, 8
Enfermeiro, 1 Psicólogo e 1 Técnico Superior de Serviço Social).
■ Unidade de Alcoologia do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do
Hospital de São Marcos – Continuação da colaboração com a Unidade de
Alcoologia do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Hospital de
São Marcos.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 28
4.2.1.2 Autarquias / Rede Social
■ Câmara Municipal de Barcelos e Rede Social – Continuação do apoio ao
Programa da Rede Social de Barcelos no âmbito da Prevenção dos PLA,
estando confirmada a participação do CRAN nas 1.as Jornadas de
Educação Para a Saúde, em Barcelos nos dias 23 e 24 de Março 2007,
organizadas pela Câmara Municipal de Barcelos e Centro de Saúde de
Barcelos/Barcelinhos
Continuação da monitorização do Programa de Prevenção dos PLA em
Meio escolar (Ano Lectivo 2005/06), promovido pelo Centro de Saúde de
Barcelos
■ Câmara Municipal de Vieira do Minho – Apoio bibliográfico e assessoria
técnica ao “Projectos de Vida”, cuja entidade promotora é a Câmara
Municipal de Vieira do Minho, com reuniões no CRAN.
■ Associação Diálogo, Associação para o Desenvolvimento Social de Póvoa
de Lanhoso – No dia 7 de Julho de 2006 realizou-se no CRAN uma reunião
de trabalho solicitada pela Dr.ª Cristina Lopes (Psicóloga da Associação
Diálogo) com o objectivo de dar a conhecer a Associação Diálogo que visa
a criação de uma Consulta de Acompanhamento Personalizado a
Dependentes de Álcool, acção desenvolvida pelo Projecto Prisma
(Entidade Gestora - “Em diálogo) em parceria com o Centro de Saúde de
Póvoa de Lanhoso.
Foi-nos solicitada a organização de um Curso de Formação em Alcoologia
para técnicos envolvidos no Projecto, em 2007.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 29
4.2.2 Bragança
4.2.2.1 Sistema Nacional de Saúde
Continuação das actividades desenvolvidas, no âmbito da prevenção dos PLA,
com a Sub-região de Saúde de Bragança.
■ Sub-Região de Saúde de Bragança – Dando continuidade ao programa de
Prevenção Primária do CRAN, realizou-se no dia 25 de Maio de 2006 uma
reunião de trabalho com a presença da Sr.ª Coordenadora da Sub-Região
e sua equipa, bem como com o Sr. Director do CRAN e a Coordenadora da
Prevenção Primária do CRAN para o distrito de Bragança.
Na sequência desta reunião foi decidido fazer:
● Levantamento das necessidades de formação dos profissionais do
Serviço Nacional de Saúde:
● Constituição de grupos de trabalho na área da Alcoologia nos 12
Centros de Saúde;
● Aplicação do AUDIT nos Centros de Saúde;
● Articulação dos Centros de Saúde com o CRAN através da
Telemedicina.
4.2.3 Porto
4.2.3.1 Sistema Nacional de Saúde
Continuação das actividades desenvolvidas, no âmbito da prevenção dos PLA,
com a Sub-região de Saúde do Porto.
■ Sub-Região de Saúde do Porto – Realização do Curso de Alcoologia para
Profissionais de Saúde do Centro de Saúde de Lousada, nos dias 26 de
Setembro e 4 de Outubro, num total de 6 horas de formação cada acção,
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 30
tendo como objectivo a avaliação do trabalho desenvolvido na área da
Alcoologia.
Realização de Acção de Sensibilização para Agentes Comunitários do
Centro de Saúde de Amarante, no dia 22 de Setembro.
● Formação pós-graduada no âmbito do SNS - No âmbito da formação
pós-graduada em Alcoologia para médicos, realizou-se uma acção
de formação no Hospital Magalhães Lemos, no dia 22 de Maio.
■ Instituto da Droga e da Toxicodependência – Realização de acção de
formação sobre ”Álcool: padrões de consumo, principais efeitos e riscos
associados” para profissionais de saúde, incluída no curso de formação de
Mediadores Sociais para Intervenção em Contextos de Animação Nocturna
no âmbito da Prevenção Primária das Toxicodependências nos dias 8 de
Março e 10 de Novembro, no IDT Unidade de Prevenção do Porto Norte.
4.2.3.2 Autarquias
■ Câmara Municipal do Porto – Foi assinado protocolo de colaboração com a
Câmara Municipal do Porto, no ano de 2005, com o objectivo de delinear
a colaboração entre as partes no sentido de ser implementado um
programa de prevenção dos problemas ligados ao consumo de bebidas
alcoólicas por parte dos funcionários da Câmara Municipal do Porto. Este
programa foi encetado no ano a que se reposta o presente relatório,
tendo para efeito sido realizadas 6 acções de formação destinados a
funcionários desta instituição, que tiveram lugar nos dias 24 de
Fevereiro, 9, 17, 21, 22 e 23 de Março.
■ Câmara Municipal de Matosinhos – No âmbito do protocolo de colaboração
com a Câmara Municipal de Matosinhos, que apontam prioritariamente
para a formação no contexto da alcoologia e para a intervenção
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 31
comunitária no domínio dos PLA, realizaram-se 8 acções de formações
que tiveram lugar nos dias 22 de Fevereiro, 22 de Março, 26 de Abril, 17
e 24 de Maio, 19 e 24 de Julho e 27 de Setembro.
Ainda no âmbito do protocolo com esta autarquia ressalta a iniciativa
“Curte a vida sem álcool” que se revelou uma intervenção
particularmente apelativa para a comunidade.
■ Câmara Municipal de Santo Tirso – No âmbito do protocolo de
colaboração com a Câmara Municipal de Santo Tirso realizou-se uma
acção de formação no dia 25 de Setembro.
4.2.3.3 Instituições de Índole Social
■ Fundação Joaquim Oliveira Lopes – Realização do Curso de Alcoologia
para Agentes Comunitários que decorreu nos dias 9 e 10 de Maio, num
total de 14 horas de formação. Ainda no âmbito da colaboração com esta
instituição realizou-se uma acção de sensibilização no dia 17 de
Novembro
■ Casa Abrigo Recomeçar – No âmbito da colaboração com esta instituição
realizou-se uma acção de sensibilização no dia 3 de Novembro.
4.2.4 Viana do Castelo
4.2.4.1 Sistema Nacional de Saúde
Continuação das actividades desenvolvidas, no âmbito da prevenção dos PLA,
com a Sub-região de Saúde de Viana do Castelo.
■ Sub-Região de Saúde de Viana do Castelo – Realização de Curso de
Alcoologia para Profissionais de Saúde que decorreu no CRAN, nos dias
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 32
16, 17 e 18 de Maio, num total de 21 horas de formação. Foram formados
20 técnicos de Saúde (11 Médicos e 9 Enfermeiro), integrada no plano
anual de formação da Sub-região.
4.2.5 Vila Real
4.2.5.1 Sistema Nacional de Saúde
A actuação do Centro Regional de Alcoologia do Norte (CRAN) no distrito de
Vila Real, no primeiro semestre de 2006, foi ainda significativamente
influenciada pelo término do projecto INTERREG III A – ALCOHOLISMO,
verificado em 31 de Dezembro de 2005 e pelas indispensáveis actividades
subsequentes.
Para além de todas as avaliações, encerramento de contas e relatórios finais
exigidos, o CRAN promoveu ou associou-se a uma série de iniciativas, de entre
as quais destacamos:
■ Finalização do processamento estatístico da informação recolhida junto
dos Cuidados Primários de Saúde com o intuito de caracterizar os
alcoólicos e bebedores excessivos que acorrem àquelas unidade de
saúde;
■ Avaliação, parecer e acompanhamento do encerramento do processo e
redacção do relatório final do Estudo sobre os Hábitos de Consumo e
Prevalência de Problemas Ligados ao Álcool nos Distritos de Vila Real e
Bragança, realizado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
(UTAD);
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 33
■ No dia 26 de Setembro de 2006 foi promovida pelo CRAN, pela UTAD,
pela Sub-Região de Saúde de Vila Real (SRSVR) e pela Administração
Regional de Saúde do Norte (ARSN) uma Sessão Pública na Aula Magna
daquela universidade, que contou com a presença do Magnífico Reitor, do
autor do estudo e respectiva equipa, com os altos dirigentes das
instituições envolvidas, com representantes de todos os centros de
saúde, das forças policiais, do poder autárquico, entre outros, servindo
também este espaço, para além do objectivo já enunciado, para
caracterizar a evolução e a actual realidade alcoológica do concelho e as
políticas – locais, nacionais – que deverão ser definidas para melhor com
ela interagir.
■ Outro processo a aconselhar o envolvimento e acompanhamento do CRAN
tem que ver com a substituição do Interlocutor Privilegiado para a
Alcoologia da Sub-Região de Saúde de Vila Real, cargo que nos últimos 12
anos foi desempenhado pelo Dr. Lamas de Oliveira, que se reformou no
ano 2006, passando essa missão a ser desempenhada pela Dr.ª Maria José
Lacerda.
4.2.5.2 Autarquias
■ Uma iniciativa que se revestiu de enorme importância e que poderá –
num futuro muito próximo – vir a revelar-se como uma profícua e
estratégica parceria no distrito foi a reunião entre o Director, o
Administrador e o Responsável pela Prevenção Primária no Distrito de
Vila Real do CRAN e o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Vila Real,
Prof. Doutor Nazaré Pereira, onde foram discutidas modalidades de
cooperação entre as instituições que possibilitem a implementação de
iniciativas no seio da própria autarquia e para a população do concelho.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 34
■ Pela sua envergadura, registamos o anúncio e o lançamento de um
ambicioso projecto-piloto para o concelho do Peso da Régua, para o qual
foi solicitada a cooperação do CRAN, estando a liderança assegurada pela
Sub-Região de Saúde de Vila Real, que envolverá várias instituições e
sectores, desde a própria Saúde, a Segurança Social ou as Autarquias,
propondo-se intervir ao nível concelhio na problemática dos problemas
ligados ao álcool.
4.2.6 Prevenção em Meio Laboral
As principais iniciativas desenvolvidas pela Unidade de Prevenção em Meio
Laboral enquadram-se em linhas de actuação que visam minimizar os riscos de
ocorrência de problemas relacionados com o álcool entre os trabalhadores e
promover um ambiente de trabalho mais seguro.
Vários estudos têm demonstrado uma relação estreita entre ambiente de
trabalho e padrões de consumo de bebidas alcoólicas. Numa perspectiva de
saúde pública, evitar que os problemas ocorram, ou reduzir o seu risco, é uma
estratégia muito mais eficaz do que somente defender os trabalhadores dos
acidentes de trabalho.
A estratégia de intervenção da Unidade de prevenção dos problemas ligados ao
álcool em meio laboral contempla as seguintes etapas tendentes a modificar e
a melhorar a formação e a qualidade de vida dos indivíduos:
■ Sensibilização das entidades patronais para o desafio da criação de um
ambiente de trabalho seguro.
■ Recolha e análise dos dados relativos a acidentes de trabalho e outros
problemas relacionados com o consumo de bebidas alcoólicas, no sentido
de fazer um diagnóstico da situação e avaliar as necessidades.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 35
■ Antecipação e prevenção dos riscos associados ao consumo de bebidas
alcoólicas.
■ Educação e formação (sensibilização e informação ministrada de uma
forma continuada).
■ Redução do consumo de álcool em contexto de trabalho e redução
contínua dos acidentes de trabalho.
■ Avaliação do programa
Acções desenvolvidas:
■ No âmbito da parceria entre o Centro Regional de Alcoologia do Norte e a
Câmara Municipal do Porto encetou-se um Programa de Prevenção dos
problemas ligados ao álcool em contexto laborar que contemplou a
realização de um estudo caracterizador da problemática do consumo de
álcool nesta autarquia, foram ainda realizadas acções de formação a
chefias num total de 6 acções, que tiveram lugar nos dias 24 de
Fevereiro, 9, 17, 21, 22 e 23 de Março.
■ No âmbito da parceria entre o Centro Regional de Alcoologia do Norte e a
Associação Empresarial Portuguesa encetou-se um Programa de
Prevenção dos problemas ligados ao álcool em contexto laborar que
contemplou a realização acções de sensibilização a todos os funcionários
desta instituição num total de 3 sessões que decorreram nos dias 26 e 27
de Setembro e no dia 4 de Outubro. Realizou-se ainda formação a chefias
num total de 2 acções, que tiveram lugar nos dias 28 de Novembro e 5 de
Dezembro.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 36
4.3 Unidade de Investigação e Ensino O relatório de actividades da Unidade de Investigação e Ensino encontra-se subdividido de acordo com as três principais áreas em que se tem organizado as suas realizações, e que passamos a relembrar: Formação interna, Formação Externa, e Investigação
4.3.1 Formação Interna No que respeita à formação interna manteve-se a preocupação de divulgação e de sensibilização para diversos eventos formativos junto da generalidade dos funcionários do CRAN. Apesar das contingências financeiras que continuam a limitar as possibilidades neste âmbito, estão enumeradas no quadro seguinte as acções assistidas durante o ano de 2006. TABELA 21 Formação frequentadas por funcionários do CRAN no exterior
Nome da Acção Horas/Dias Entidade Serviços Administrativos Contrato Individual de Trabalho (2 elementos) 30 h. INA Contabilidade Pública (2 elementos) 30 h. IPFEL Organização do Trabalho e Gestão do tempo 21 h. IPFEL Técnicas de Comunicação em público 30 h. IPFEL RHV –SAG (3 elementos) 21 h. IGIF Gestão e Controlo Orçamental 18 h. IGAP Exchange 2003 (2 elementos) 30 h. MICROSOFT Introdução ao Macro Média Flax 30 h. IPFEL Técnicos Formação pedagógica de Formadores 105 h. IPFEL Direcção e Liderança 21 h. IPFEL Aconselhamento no VIH/SIDA 18 h. D.G.S Padrões Qualidade cuidados enfermagem e sistemas de informação 32 h. Ordem Enfermeiros
4.3.2 Formação externa A Formação externa de âmbito comunitário e predominantemente apostando numa perspectiva de formação específica de agentes locais no domínio da Alcoologia resultou num total de 34 acções neste âmbito, contra 28 do ano de 2005, que passamos a descriminar por distrito na tabela que se segue:
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 37
TABELA 22 Acções de 1 e 3 dias Distrito Nº de Acções
Porto 29 Braga 3 Viana 2 Total: 34 (324 horas)
Para além das acções de formação destinadas a grupos alvo com funções de colocar em prática os conteúdos da formação global em Alcoologia, que se repercutirá desejavelmente na sua atitude profissional, também se realizaram diversas acções de sensibilização, que não tendo o aspecto formal e a duração de acções de formação típicas, não deixam de ser momentos de troca de conhecimento relevantes. TABELA 23 Acções de Sensibilização no distrito do Porto
Tipo de sensibilização N.º População alvo Duração
Sensibilização, contexto visita estudo. 5 Alunos Licenciatura Enfermagem (82 elem.) 3 h.
Seminário em contexto universitário 2 Alunos Licenciatura Enfermagem (130) 4 h.
Riscos da Ingestão de álcool em jovens – Esc. Sec. Carolina Micahellis 1 Alunos Secundário (100 alunos) 3 h.
Conferência Esc. EB 2/3 A Ribeirinha 1 Pais, Professores e Auxiliares (70) 3 h.
ConferênciaEsc. EB 2/3 A Ribeirinha 1 Alunos 9ºano (120 3 h.
Acção de Sensibilização – Fundação Filos 1 População em geral (80) 4 h.
Acção de sensibilização “Curte a Vida sem álcool” – CMM Matosinhos 1 População geral 8 h.
Sensibilização de pré-graduados 5 Alunos Licenciatura de Psicologia (102) 4 h.
Sensibilização de pré-graduados 2 Alunos Lic. Acons. Psicossocial 40) 4 h.
Totais: + de 724 83 h.
É de ressaltar que a maior parte da formação realizada em 2006 foi desenvolvida e implementada de forma concertada com a Unidade de Prevenção e Educação para a Saúde, num resultado final que ultrapassa o número de acções realizadas em 2005.
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 38
No que respeita à organização de módulos suplementares de formação, a UIE
desenvolveu todo um programa de intervenção em grupo para filhos de pais
alcoólicos que foi já alvo de formação externa junto de profissionais da rede
social do concelho de Matosinhos.
4.3.2.1 Supervisão e orientação de estágios
Na tradição que o CRAN vem desenvolvendo há mais de 10 anos, 2006 foi um
ano de acolhimento de um número relevante de elementos que, vindos do
exterior (instituições de saúde ou de ensino superior), encontram no Centro
um espaço de prática, aprendizagem e de formação profissional.
Os quadros que seguem reflectem este movimento, que faz do CRAN uma
entidade reconhecida e almejada na formação pré e pós-graduada.
TABELA 24 Estágios pré-graduados Orientadores N.º de estagiários
Áreas em geral
3 (Psicologia) 1 (Aconselhamento Psicossocial) 2 (Sociologia) 1 (Serviço Social) 1 (Nutrição)
Enfermagem CRAN 16 (Alunos Esc. Imaculada Conceição) 12 (Alunos da Univ. Fernado Pessoa)
Total: 36 alunos
TABELA 25 Estágios pós-graduados Orientador Nº de estagiários
Áreas em Geral
2 (Psicologia) 1 (Aconselhamento Psicossocial) 1 (Serviço Social) 1 (Medicina familiar) 2 (Psiquiatria)
Total: 7 alunos pós-graduados
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 39
TABELA 26 Artigos Publicados Técnico Nº de Artigos
4 Técnicos do CRAN 7
4.3.2.3 Projectos de Investigação
■ Álcool e conjugalidade;
■ Álcool e estilos de vinculação adulta;
■ Álcool e estilos parentais (avaliados nos doentes em relação aos
progenitores);
■ Álcool e HIV Sida;
■ Álcool e crenças associadas à sexualidade masculina e feminina;
■ Alcoolismo e Sida: representações sociais numa abordagem qualitativa
■ Álcool e violência
■ Estudo dos sócio-demográfico e clínico dos utentes do primeiro semestre
de 2006 numa perspectiva longitudinal de 6 meses.
Já no que respeita à área da psiquiatria mantém-se a aposta no tema da
comorbilidade do álcool com outras psicopatologias.
4.3.2.4 Edição do Boletim do CRAN
No final de 2006, e baseados nos trabalhos de investigação realizados foi
possível editar o terceiro número do Boletim do CRAN, mais uma vez num
formato de compilação de artigos científicos
4 Relatório de Actividades das Várias Unidades 40
Do acima referido pensamos não haver dúvidas quanto aos resultados do
trabalho realizado por esta Unidade, em especial articulação com a UPES.
4.3 Gabinete do Utente
O Gabinete do Utente prosseguiu a sua missão de contribuir para a maior
humanização dos cuidados de saúde prestados no Centro Regional de
Alcoologia do Norte, funcionando como mediador entre os utentes – com os
seus inalienáveis direitos e deveres – e o órgão de gestão, recolhendo e
pronunciando-se sobre sugestões/reclamações apresentadas pelos doentes, o
que por vezes implica longos e difíceis períodos de negociação.
Durante o ano em causa, procurou continuar a cooperar na melhoria das
condições de contacto e permanência dos utentes na instituição, aprimorando
e actualizando a sinalética do CRAN, facilitando desta forma a circulação e
encaminhamento interno dos doentes.
Por razões óbvias, o Gabinete do Utente acompanhou – e continua a
acompanhar – de forma pró-activa o processo das novas instalações do CRAN,
preocupando-se com a garantia das melhores condições possíveis para os
indivíduos acompanhados pelos diferentes serviços da Instituição, o que por
vezes não implica um maior investimento, apenas uma maneira – um pouco –
diferente de ver e de fazer as coisas.
5 Gestão 41
5.1 Recursos Financeiros Ao Centro Regional de Alcoologia do Norte, foi atribuída, pelo orçamento do SNS, e para o ano de 2006, a verba de 1.242.910,88€, representando o valor do financiamento ligeiramente superior ao do ano anterior. Relativamente à execução das novas instalações do CRAN, com financiamento pelo programa operacional saúde, Saúde XXI, foi realizada em 2006 parte da obra no valor de 103.8982,43€, com comparticipação já recebida no valor de 89.460,31€ de financiamento FEDER e 99.256,00€ de PIDDAC. Houve a necessidade de devolver ao programa Saúde XXI, o valor de 702.108,96€ recebidos indevidamente, por conta das empreitadas por série de preços adjudicadas á firma SOCOTIR, LDA. Tal devolução resultou no facto de o Gestor do Programa SAUDE XXI, considerar tais empreitadas, como fraccionamento de despesa. O total das receitas disponíveis para despesas correntes 1.380.406,05€, inferior ao do ano 2005. TABELA 27 Evolução do Orçamento de Receitas
RUBRICAS 2002 2003 2004 2005 2006 Subsidio do SNS 1.117.357,00 1.164.992,66 1.162.056,00 1.162.051,00 1.242.910,88Reforço Subsidio 62.313,00 349.920,00 Receitas Próprias 61.031,00 80.284,03 70.429,33 93.289,85 105.300,52Outros Proveitos 38.136,00 5.351,72 16.508,49 27.099,64 32.194,65
TOTAIS 1.278.837,00 1.250.628,41 1.248.993,82 1.632.360,49 1.380.406,05
5.2 Despesa
Na rubrica Compras verificou-se uma redução de 3,17% no montante
despendido no exercício de 2006 relativamente as compras de 2005.
5 Gestão
5 Gestão 42
Os produtos farmacêuticos continuam a representar a maior fatia de compras de 57,54% do total. Na restante despesa – classe 6 – pode-se verificar que no ano de 2006 sofreu uma diminuição de 1,3%, o montante despendido no conjunto das rubricas, relativamente ao ano anterior. A principal despesa desta classe é a de custos com pessoal, que sofreu uma ligeira diminuição (1.275,78€), resultante fundamentalmente de alguma mobilidade. Na conta 622 a despesa aumentou em 14,87%, resultante fundamentalmente da despesa de alimentação, despesas administrativas e despesas de combustíveis, que foi necessário pagar ao HML. TABELA 28 Evolução da Classe 31 Compras
RUBRICAS 2002 2003 2004 2005 2006
Produtos Farmaceuticos 20.412,55 19.844,40 20.953,48 22.940,72 21.478,12
Consumo Clinico 3.184,03 3.387,42 2.033,37 2.558,99 2.786,06
Produtos Alimentares 449,29 357,35 463,04 808,35 773,25
Consumo Hoteleiro 6.703,36 6.731,46 3.654,03 6.043,38 4.779,87
Consumo Administrativo 6.287,37 8.972,37 5.848,77 6.171,48 7.308,51
Mat. Manut. Conserv. 66,08 120,60 103,29 25,40 200.60
Outro material 0,00
TOTAIS 37.102,68 39.413,60 33.055,98 38.548,32 37.326,49
TABELA 29 Evolução do Orçamento de Despesas
RUBRICAS 2002 2003 2004 2005 2006 621 13.965,75 18.584,17 14.201,94 39.907,18 2.513,76622 123.521,46 147.288,30 136.864,56 164.818,64 189.342,7564 1.040.184,44 1.050.020,26 1.073.763,73 1.136.418,43 1.135.142,6568 1.954,46 594,13 42,54 611,80 69 442,82 5.396,11 2.411,93 2.824,00 157,77
TOTAIS 1.180.068,93 1.227.284,70 1.221.882,97 1.344.580,05 1.327.156,93
5 Gestão 43
TABELA 30 Desdobramento 621
RUBRICAS 2002 2003 2004 2005 2006 Prod. Vend. Farmacias 5.946,13 7.115,03 13.295,83 32.856,80 Meios Comp. Diagnostico 7.239,32 6.574,27 4.545,40 6.417,10 2.022,54Transporte doentes 745,20 492,64 742,94 633,28 369,92Outros 35,10 20,00 0,00 0,00 121,30TOTAIS 13.965,75 14.201,94 18.584,17 39.907,18 2.513,76
Por despacho do Sr. Secretário de Estado da Saúde, foi anulada a divida de
53.619,58€, na rubrica produtos vendidos por farmácias.
TABELA 31 Desdobramento 622
RUBRICAS 2002 2003 2004 2005 2006 Electricidade 5.184,54 5.129,39 3.493,80 4.599,46 Combustíveis 9.545,64 9.238,08 7.724,69 10.668,65 Livros e Documentação Técnica 3.104,75 5.807,19 670,90 737,23 Comunicação 12.828,29 10.221,83 7.716,86 9.935,34 10.004,50 Honorários 17.803,20 13.449,60 6.820,40 4.609,64 Conservação e Reparação 9.260,49 3.920,98 7.275,49 9.280,95 8.419,44 Limpeza, Higiene e Conforto 22.347,80 21.349,77 23.445,90 Vigilância / Segurança 7.464,86 10.946,91 11.187,96 9.486,17 12.598,09 Serviços Alimentação 37.523,44 49.415,55 45.587,96 53.651,96 62.134,44 Serviços Lavandaria 12.495,43 10.388,09 4.628,39 4.186,42 4.825,80 Serviços I / restantes 12.806,16 2.845,16 3.511,46 3.888,44 5.747,33 Serviços II / restantes 7.043,83 4.343,57 1.216,22 5.751,11 6.612,06 Serviços III / restantes 24.098,96 4.570,55 7972,17 17.335,36 26.720,03 Outros Fornecimentos e Serviços 4.573,79 2.219,73 11.243,33 8.220,18
TOTAIS 123.521,46 136.864,56 147.288,30 164.818,64 189.342,75
5.3 Indicadores financeiros
A nível de indicadores financeiros associados à produtividade dos vários
centros de custos, os resultados do ano 2006, são os que a seguir se traduzem:
5 Gestão 44
TABELA 32 Indicadores Financeiros
CENTRO DE CUSTOS CUSTO TOTAL
(Dir.+Ind.) DADOS ESTATÍSTICOS CUSTOS UNITÁRIOS
Doente Tratado (DT)
Dias Internam. (DIA) € / D.T. € / DIA 111113 Internamento
Alcoologia 827.033,55€ 363 5693 2.278,33€ 145,27€
Doente Tratado (DT) Sessões € / D.T. € / Sessão 12104 Hospital de Dia
Alcoologia 110.233,17€ 117 1393 942,16€ 79,13€
Num. Consultas € / Consulta 123362 Consulta Externa Alcoolismo 504.472,59€ 11136 45,30€
Num. Consultas € / Consulta 123363 Consulta Externa Nutrição 15.437,72€ 536 28,80€
Num. Consultas € / Consulta 12341 Consulta Externa Psicologia 96.245,27€ 3685 26,12€
Num. Consultas € / Consulta 123 Consulta Externa (Geral) 616.155,58€ 15357 40,12€
Num. Acções Formação (A.F.)
Num. Horas Formação (H.F.) € / A.F. € / H.F. 123365 Serviço
Prevenção Primária 107.632,79€ 34 271 3.165,67€ 397,17€
Em relação ao serviço de prevenção primária, foram realizadas 271 sessões,
correspondendo a 407 horas de formação.
Analisando o custo unitário pelo número de sessões, obtém-se um valor de
397,18€.
Analisando o custo unitário pelo número de horas de formação, obtém-se um
valor de 264,45€.
5.4 Recursos humanos
O actual quadro do CRAN, foi aprovado pela portaria nº 474/99 de 29/6 e
contempla um total de 81 efectivos estando preenchidos apenas 47 lugares que
representa 58,02%.
5 Gestão 45
São constrangimentos para o recrutamento que se deseja, quer as dificuldades
financeiras quer as orientações superiores no tocante à admissão de novos
funcionários.
TABELA 33
Pessoal Lugares de Quadro Lugares Preenchidos
Pessoal Dirigente 2 2
Carreira Médica Hospitalar de Psiquiatria 8 6 (a)
Carreira Médica Hospitalar de Clínica Geral 3 2
Carreira Médica Hospitalar de Saúde Pública 2 0
Técnico Superior de Nutrição 2 1
Técnico Superior de Psicologia Clínica 5 3
Técnico Superior de Sociologia 1 1
Técnico Superior de Serviço Social 4 2
Pessoal de Enfermagem 17 9
Terapeuta Ocupacional 2 1
Técnico Profissional Biblioteca Documentação 1 0
Técnico de Fotografia, Cinema e Som 1 0
Administrativos 15 10
Encarregado de Sector 1 1
Telefonista 1 1
Motorista de Ligeiros 1 0
Auxiliar de Acção Médica 10 8
Auxiliar de Apoio e Vigilância 4 1
Jardineiro 1 0
Total 81 47
(a) 1 Lugar ocupado pelo Director
6 Conclusões 46
Este Relatório de Actividades constitui-se como um dos últimos documentos
produzidos enquanto Centro Regional de Alcoologia pois a sua extinção e fusão
com o Instituto da Droga e Toxicodependência I.P. conforme articulado legal
está prestes a concretizar-se.
As actividades vertidas neste relatório, ultrapassam as planeadas para 2006.
Saliente-se o espírito de equipa e o empenhamento de todos os funcionários
que levaram por diante as tarefas acometidas a este Centro Regional.
As actividades deste Centro estiveram centradas no cidadão sendo
desenvolvidas nesse sentido estratégias de prevenção, particularmente nas
áreas da saúde que visaram a detecção, intervenções breves, diagnóstico
precoce de situações de abuso e de dependência. Aos doentes e famílias e no
estrito respeito da autonomia, foram na medida do possível, dadas
oportunidades de tratamento e acompanhamento segundo as capacidades de
resposta desta Unidade de Saúde.
Foi possível ainda em colaboração com entidades públicas e privadas desenvolver
projectos de combate aos problemas ligados ao álcool tendo-se efectivado um
conjunto de protocolos especialmente com autarquias e empresas.
Porto, 26 de Março de 2007
Eng.º Jorge Faustino Dr. Rui A. Moreira
____________________________ ____________________________ (Administrador do CRAN) (Director do CRAN)
6 Conclusões