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I
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NUCLEAR - CDTN
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais
“ESTUDO DO FRACIONAMENTO DE TERRAS RARAS A PARTIR DA
MONAZITA: SEPARAÇÃO DO CÉRIO POR OXIDAÇÃO E PRECIPITAÇÃO E DO
TÉRBIO POR EXTRAÇÃO POR SOLVENTES”
Renata Dias Abreu
Comissão Nacional de Energia Nuclear, Belo Horizonte, Brasil
Belo Horizonte
2011
II
“ESTUDO DO FRACIONAMENTO DE TERRAS RARAS A PARTIR DA
MONAZITA: SEPARAÇÃO DO CÉRIO POR OXIDAÇÃO E PRECIPITAÇÃO E DO
TÉRBIO POR EXTRAÇÃO POR SOLVENTES”
Renata Dias Abreu
Dissertação apresentada como parte dos requisitos
para obtenção do grau de mestre em Ciência e
Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais
2011
III
Comissão Nacional de Energia Nuclear
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NUCLEAR
Renata Dias Abreu
“ESTUDO DO FRACIONAMENTO DE TERRAS RARAS A PARTIR DA
MONAZITA: SEPARAÇÃO DO CÉRIO POR OXIDAÇÃO E PRECIPITAÇÃO E DO
TÉRBIO POR EXTRAÇÃO POR SOLVENTES”
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em
Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais,
como requisito parcial à obtenção do Grau de Mestre.
Área de concentração: Ciência e Tecnologia dos Minerais
Orientador: Dr. Carlos Antônio de Morais
Belo Horizonte
2011
IV
“À Deus, aos meus grandes
amores: Ana Clara e Rafael
e à minha querida mãe.”
V
AGRADECIMENTOS
À Deus
Sempre presente e motivador da minha vida.
Ao meu orientador
Prof. Dr. Carlos Antônio de Morais
Pela dedicação, amizade, apoio e experiência transmitida durante toda a jornada.
Ao CNPQ
Pela concessão da bolsa de pesquisa.
À CNEN e ao CDTN
Por permitir a utilização de suas instalações e fornecer toda a infra-estrutura para a
realização deste trabalho.
À INB – Indústrias Nucleares do Brasil S/A
Pelo fornecimento das amostras utilizadas no presente trabalho.
Aos Funcionários do CDTN
Pelo apoio técnico e colaboração no desenvolvimento de todas as etapas deste estudo e pela
convivência amiga. Em especial: José dos Santos Jorge Pereira, Eugênio Miranda, Marcos
Antônio, Ester Figueiredo, Luis Carlos e Liliane Pacheco Tavares.
À minha família e amigos
Pelo carinho, paciência, compreensão e incentivo.
VI
VII
ESTUDO DO FRACIONAMENTO DE TERRAS RARAS A PARTIR DA MONAZITA:
SEPARAÇÃO DO CÉRIO POR OXIDAÇÃO E PRECIPITAÇÃO E DO TÉRBIO POR
EXTRAÇÃO POR SOLVENTES.
Renata Dias Abreu
RESUMO
Este trabalho apresenta um estudo da separação dos elementos terras raras (ETR) cério (Ce) e
térbio (Tb) através de técnicas hidrometalúrgicas. Para a realização do estudo, a INB –
Indústrias Nucleares do Brasil S.A., forneceu duas amostras; um licor sulfúrico proveniente
do processamento da monazita contendo principalmente os ETR leves (La, Ce, Pr e Nd) e um
carbonato dos ETR pesados contendo Tb, Dy, Ho, Er e Y também originado do
processamento do licor da monazita.
O estudo de separação do cério foi realizado em meio clorídrico. Para a preparação do licor
clorídrico os ETR presentes no licor sulfúrico foram precipitados na forma de sulfato duplo de
terras raras e sódio que foi convertido em hidróxido terras raras e então dissolvido em HCl. O
estudo de obtenção do Ce de elevada pureza foi dividido em duas etapas: precipitação seletiva
do cério e purificação do precipitado obtido. A separação do cério pela técnica investigada
compreende dois fenômenos: a oxidação do Ce (III) a Ce (IV) e a precipitação Ce (IV) como
hidróxido. Os oxidantes investigados foram: H2SO5, H2O2 e KMnO4. Devido ao fato do
KMnO4 ser mais estável em meio básico, este foi utilizado em solução contendo Na2CO3
evitando assim sua degradação e auxiliando no controle do pH de precipitação do Ce(OH)4.
Entre estes oxidantes, o KMnO4 se mostrou mais eficiente na oxidação do Ce. Após a escolha
do agente oxidante, investigou-se as seguintes variáveis de processo: pH final, excesso de
KMnO4, tempo de reação e razão molar KMnO4/Na2CO3. Os resultados indicaram a
necessidade de um excesso de 30 % de KMnO4 para se ter a completa oxidação do Ce (III) a
Ce (IV). Neste caso o Ce(OH)4 precipita juntamente com o MnO2. A purificação do cério foi
realizada pela dissolução da mistura de dióxido de manganês e hidróxido de cério com
solução de HCl e precipitação seletiva do cério mediante adição de solução de ácido oxálico
ou de hidróxido de amônia. Ambos, ácido oxálico e hidróxido de amônia, mostraram-se
eficientes na purificação do cério a partir da mistura de Ce/Mn. Após a purificação, os
VIII
produtos obtidos apresentaram uma pureza entre 99 e 99,5 % de CeO2 com uma recuperação
de cério superior a 98 %.
A separação do térbio dos outros ETR pesados foi realizada usando a técnica de extração por
solventes. Foram realizados experimentos descontínuos e contínuos. Nos experimentos
descontínuos, investigou-se as seguintes variáveis de processo: tipo e concentração do agente
extratante, acidez da fase aquosa, relação volumétrica entre as fases, tempo de contato e
concentração do agente reextratante (solução de ácido clorídrico). Dez extratantes foram
investigados: três ácidos organofosforados (DEHPA, IONQUEST®801 e CYANEX®272);
uma mistura de DEHPA / TOPO (ester neutro), três extratantes quelantes (LIX®63,
LIX®984N e LIX®612N) e três extratantes básicos - aminas (ALAMINE®336,
ALIQUAT®336 e PRIMENE®JMT). Os extratantes organofosforados e extratantes quelantes
foram investigados em meio clorídrico e sulfúrico, o desempenho das aminas foi avaliado em
meio sulfúrico e a mistura de DEHPA / TOPO em meio clorídrico. Os melhores fatores de
separação para os elementos adjacentes foram obtidos com DEHPA e IONQUEST®801. Para
DEHPA 1,0 mol L-1 em acidez inicial de 0,3 mol L-1 os fatores de separação foram: 2,5
Tb/Dy, 2,1 Dy/Ho, 1,9 Ho/Er, 2,0 Ho/Y e 1,1 Y/Er; para IONQUEST®801 1,0 mol L-1 em 0,3
mol L-1 de H+ obteve-se 2,7 Tb/Dy, 2,4 Dy/Ho, 2,1 Ho/Er, 2,1 Ho/Y e 1,5 Y/Er.
Os experimentos contínuos foram realizados em um circuito de misturadores – decantadores
composto das etapas de extração, lavagem, reextração e regeneração do solvente em sistema
contracorrente utilizando IONQUEST®801 como extratante. Dez experimentos contínuos
foram conduzidos em 370 horas de operação, onde os ajustes pertinentes foram sendo
realizados, até que a pureza e o rendimento desejados fossem alcançados. Após otimização
das condições de processo, o circuito de extração por solventes foi constituído de 10 estágios
na etapa de extração, 15 estágios na etapa de lavagem, 10 estágios na etapa de reextração e 2
estágios de regeneração do orgânico. No processo de separação do Tb apresentado, tanto o
rendimento de separação como a pureza do produto obtido foram de aproximadamente 90 %.
IX
STUDY OF THE RARE EARTHS FRACTIONATING FROM MONAZITE: SEPARATION
OF CERIUM BY OXIDATION AND PRECIPITATION AND TERBIUM BY SOLVENT
EXTRACTION
Renata Dias Abreu
ABSTRACT
This work presents a study of the separation of rare earth elements (REE) cerium (Ce) and
terbium (Tb) through hydrometallurgic techniques. For the accomplishment of the study, the
INB – Indústrias Nucleares do Brasil S.A., supplied two samples: a sulphuric liquor from the
monazite processing containing mainly the light REE (La, Ce, Pr and Nd) and a heavy REE
carbonate containing Tb, Dy, Ho, Er and Y also obtained from the processing of the monazite
liquor.
The study of the separation of Ce was carried out in a hydrochloric medium. In order to
prepare the hydrochloric liquor, the REE present in the sulfuric liquor were precipitated as
sodium and RE double sulphate which was converted into RE hydroxide which was then
dissolved in HCl. The study of the accomplishment of high purity cerium was divided into
two steps: selective precipitation of cerium and the purification of the precipitated obtained.
The separation of Ce through the technique investigated comprises two phenomena: oxidation
of the Ce (III) into Ce (IV) and the precipitation of the Ce (IV) as hydroxide. The oxidant
agents investigated were: H2SO5, H2O2 and KMnO4. Amongst these oxidants, KMnO4
presented the best results. After choosing the oxidant agent, the following process variables
were investigated: final pH, KMnO4 excess, reaction time and the molar ratios of KMnO4 /
Na2CO3. KMnO4 was used in a mixture with Na2CO3 in order to keep the stability of the
solution. The results indicated that 30 % of KMnO4 excess was necessary to full oxidation of
Ce (III) into Ce (IV). In such case Ce(OH)4 was precipitated together with MnO2. The cerium
purification was carried out by dissolution of mixture of ceric hydroxide and manganese
dioxide with HCl and it was then selectively precipitated through the addition of oxalic acid
or an ammonium hydroxide solution. Both oxalic acid and ammonium hydroxide proved
efficient in the precipitation of the cerium present in the mixture of Ce/Mn. After purification
X
the final products assayed between 99 and 99.5 % of CeO2. The cerium recovery yield was
greater than 98 %.
The separation of terbium from other heavy REE was carried out through the solvent
extraction technique. Non-continuous and continuous experiments were done. In the non-
continuous experiment, the following process variables were investigated: type and
concentration of the extractants, acidity of the aqueous phase, aqueous / organic volumetric
ratio, contact time and the stripping agent concentration (chloridric acid solution). Ten
extractants were investigated: three organophosphorus acids (DEHPA, IONQUEST®801 and
CYANEX®272), a mixture of DEHPA/TOPO (neutral ester), three chelating extractants
(LIX®63, LIX®984N and LIX®612N) and three basic extractants - amines (ALAMINE®336,
ALIQUAT®336 and PRIMENE®JM-T). The organophosphorus extractants and chelating
extractants were investigated in hydrochloric and sulphuric media, the performance of the
amines was assessed in a sulphuric medium and the mixture of DEHPA/TOPO in
hydrochloric medium. The best separation factors for the adjacent elements were obtained
with DEHPA and IONQUEST®801. For 1 mol L-1 DEHPA in an initial acidity of 0.3 mol L-1,
the separation factor was 2.5 Tb/Dy, 2.1 Dy/Ho, 1.9 Ho/Er, 2.0 Ho/Y and 1.1 Y/Er; for 1 mol
L-1 IONQUEST®801 in 0.3 mol L-1 of H+ it was 2.7 Tb/Dy, 2.4 Dy/Ho, 2.1 Ho/Er, 2.1 Ho/Y e
1.5 Y/Er.
The continuous experiment was carried out in a mixer-settler circuit comprising extraction,
scrubbing, stripping and solvent regeneration steps in a counter-current system using
IONQUEST®801 as extractant. Ten continuous experiments were conducted in 370 hours of
operation having their variables continuously adjusted in consecutive runs until the desired
yields and grades were achieved. The optimum operational circuit was composed of 10 stages
in the extraction step, 15 stages in the scrubbing step, 10 stages in the striping step and 2
organic regeneration stages. A terbium product attaining 90 % purity with a yield of 90 % was
obtained.
XI
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 3.1: Diagrama da Unidade de Beneficiamento Secundário de concentração das
areias monazíticas na INB em Buena (RJ) ............................................................................... 13
FIGURA 3.2: Métodos de Lixiviação para areia monazítica .................................................. 14
FIGURA 3.3: Circuito básico contínuo de extração por solventes em contracorrente ........... 21
FIGURA 3.4: Diagrama de McCabe-Thiele para a etapa de extração .................................... 23
FIGURA 4.1: Esquema utilizado em laboratório para processo descontínuo ......................... 39
FIGURA 4.2: Bateria de células misturador/decantador usadas em testes contínuos ............. 40
FIGURA 5.1: Influência do pH final na recuperação do cério e sua pureza ........................... 48
FIGURA 5.2: Influência do excesso de MnO4- sobre a recuperação e pureza do produto de
cério obtido ............................................................................................................................... 48
FIGURA 6.1: Influência da acidez da fase aquosa na extração de ETR pesados com DEHPA .
........................................................................................................................................... 56
FIGURA 6.2: Influência da acidez da fase aquosa na extração de ETR pesados com
IONQUEST .............................................................................................................................. 57
FIGURA 6.3a: Influência da concentração de DEHPA em acidez inicial de 0,3 mol L-1 ...... 58
FIGURA 6.3b: Influência da concentração de DEHPA em acidez inicial de 1,0 mol L-1 ...... 58
FIGURA 6.3c: Influência da concentração de DEHPA em acidez inicial de 4,0 mol L-1 ...... 59
FIGURA 6.3d: Influência da concentração de IONQUEST em acidez inicial de 0,3 molL-1 ....
........................................................................................................................................... 59
FIGURA 6.3e: Influência da concentração de IONQUEST em acidez inicial de 1,0 mol L-1 ....
........................................................................................................................................... 59
FIGURA 6.4a: Influência da relação de fases A/O em acidez inicial de 0,3 mol L-1 para o
DEHPA ..................................................................................................................................... 60
XII
FIGURA 6.4b: Influência da relação de fases A/O em acidez inicial de 1,0 mol L-1 para o
DEHPA ..................................................................................................................................... 60
FIGURA 6.4c: Influência da relação fases A/O em acidez inicial de 0,3 mol L-1 para o
IONQUEST .............................................................................................................................. 60
FIGURA 6.4d: Influência da relação de fases A/O em acidez inicial de 1,0 mol L-1 para o
IONQUEST .............................................................................................................................. 60
FIGURA 6.5a: Influência da concentração de TR em acidez inicial de 0,3 mol L-1 com
DEHPA ..................................................................................................................................... 61
FIGURA 6.5b: Influência da concentração de TR em acidez inicial de 1,0 mol L-1 com
DEHPA ..................................................................................................................................... 61
FIGURA 6.5c: Influência da concentração de TR em acidez inicial de 0,3 mol L-1 com
IONQUEST .............................................................................................................................. 61
FIGURA 6.5d: Influência da concentração de TR em acidez inicial de 1,0 mol L-1 com
IONQUEST .............................................................................................................................. 61
FIGURA 6.6a:Isoterma de extração para DEHPA em acidez inicial 1,0 mol L-1 ................... 63
FIGURA 6.6b: Isoterma de extração para IONQUEST em acidez inicial 0,3 mol L-1 ........... 63
FIGURA 6.7a: Influência da concentração de HCl na reextração de TR a partir do DEHPA ...
........................................................................................................................................... 64
FIGURA 6.7b: Influência da concentração de HCl na reextração de TR a partir do
IONQUEST .............................................................................................................................. 65
FIGURA 6.8a: Isoterma de reextração para DEHPA com HCl 5,0 mol L-1 ........................... 66
FIGURA 6.8b: Isoterma de reextração para IONQUEST com HCl 3,0 mol L-1 .................... 66
FIGURA 7.1: Fluxograma esquemático do circuito de extração por solventes utilizado nos
experimentos contínuos. ........................................................................................................... 69
FIGURA 7.2: Instalação micro piloto para a realização dos experimentos contínuos. ........... 70
XIII
FIGURA 7.3: Perfil analítico dos ETR na fase aquosa nas etapas de extração, lavagem e
reextração do experimento contínuo 10.................................................................................... 75
FIGURA 7.4: Perfil analítico dos ETR na fase orgânica nas etapas de extração, lavagem e
reextração do experimento contínuo 10.................................................................................... 75
XIV
LISTA DE TABELAS
TABELA 3.1: Elementos Terras Raras ..................................................................................... 7
TABELA 3.2: Composições em % p/p de Óxido de TR em alguns minerais ........................... 8
TABELA 3.3: Reservas mundiais de minérios TR ................................................................... 9
TABELA 3.4: Alguns extratantes utilizados na extração por solventes ................................. 28
TABELA 4.1: Principais espécies presentes nas amostras utilizadas neste estudo ................. 35
TABELA 4.2: Condições experimentais dos testes realizados para a separação do cério ...... 37
TABELA 5.1: Concentração dos ETR individuais no licor sulfúrico ..................................... 43
TABELA 5.2: Principais espécies presentes no licor sulfúrico e na solução de cloreto de TR ..
........................................................................................................................................... 43
TABELA 5.3: Resultados experimentais dos testes de oxidação do cério e teor de cério,
outros ETR, sulfato, fosfato e manganês no precipitado para os diferentes tipos de reagentes ...
........................................................................................................................................... 45
TABELA 6.1: Caracterização dos ETR presentes nas amostras utilizadas ............................. 51
TABELA 6.2: Porcentagem de Extração de ETR para diferentes tipos de agentes extratantes ..
........................................................................................................................................... 53
TABELA 6.3: Fator de Separação para diferentes extratantes em meio sulfúrico e clorídrico ..
........................................................................................................................................... 54
TABELA 6.4: Porcentagem de extração para DEHPA e IONQUEST em diferentes
concentrações de HCl ............................................................................................................... 57
TABELA 6.5: Fator de Separação para DEHPA e IONQUEST na acidez 0,3 e 1,0 mol L-1 ......
........................................................................................................................................... 58
TABELA 6.6: Teor de TR nos solventes carregados .............................................................. 64
TABELA 6.7: Porcentagem (%) de extração dos ETR na solução de lavagem ...................... 67
TABELA 6.8: Porcentagem (%) de extração dos ETR na solução de lavagem – contatos
sucessivos ................................................................................................................................. 68
XV
TABELA 7.1: Concentração de elementos terras raras na solução alimentação .................... 71
TABELA 7.2: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 1 .......................... 71
TABELA 7.3: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 2 .......................... 71
TABELA 7.4: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 3 .......................... 71
TABELA 7.5: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 4 .......................... 71
TABELA 7.6: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 5 .......................... 72
TABELA 7.7: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 6 .......................... 72
TABELA 7.8: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 7 .......................... 72
TABELA 7.9: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 8 .......................... 72
TABELA 7.10: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 9 ........................ 72
TABELA 7.11: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 10 ...................... 72
TABELA 7.12: Teor de ETR nas fases aquosa e orgânica das etapas de extração (EX), lavagem
(LAV) e reextração (REX) no final do experimento contínuo 10 ............................................ 74
TABELA A.1: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante experimento contínuo 1 .. 87
TABELA A.2: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante experimento contínuo 2 .. 88
TABELA A.3: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante experimento contínuo 3 .. 89
TABELA A.4: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante experimento contínuo 4 .. 90
TABELA A.5: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante experimento contínuo 5 .. 91
TABELA A.6: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante experimento contínuo 6 .. 92
TABELA A.7: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante experimento contínuo 7 .. 93
TABELA A.8: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante experimento contínuo 8 .. 94
TABELA A.9: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante experimento contínuo 9 .. 95
TABELA A.10: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante experimento contínuo 10 ..
........................................................................................................................................... 96
XVI
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
% Ext Porcentagem de Extração
β Fator de Separação
Eº Diferença de Potencial Eletroquímico
D Coeficiente de Distribuição
ETR Elementos Terras Raras
INB Indústrias Nucleares do Brasil
Kps Produto de Solubilidade
TR Terras Raras
Z Número Atômico
XVII
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ..................................................................................................................... IV
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ V
RESUMO ............................................................................................................................... VII
ABSTRACT ............................................................................................................................ IX
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. XI
LISTA DE TABELAS ......................................................................................................... XIV
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................ XVI
SUMÁRIO .......................................................................................................................... XVII
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
2. OBJETIVO E RELEVÂNCIA ............................................................................................ 3
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 5
3.1. Os Elementos Terras Raras ....................................................................................... 5
3.2. Descoberta e Ocorrência das TR ............................................................................... 7
3.3. Recursos e Produção Mundial de TR ....................................................................... 8
3.4. Aplicações dos ETR .................................................................................................. 10
3.5. Métodos de Determinação de TR ............................................................................ 12
3.6. Exploração e Processamento da Monazita ............................................................. 12
3.7. Processos de Separação dos ETR ............................................................................ 15
3.7.1. Oxidação Seletiva .............................................................................................. 16
3.7.2. Precipitação Química........................................................................................ 18
XVIII
3.7.3. Extração por Solventes ..................................................................................... 19
3.7.3.1. Extratantes ................................................................................................ 24
3.7.3.2. Diluentes .................................................................................................... 29
3.7.3.3. Modificadores ............................................................................................ 29
3.7.3.4. Processo de extração por solventes aplicado às TR – Estado da Arte . 29
4. TRABALHO EXPERIMENTAL ...................................................................................... 34
4.1. Reagentes e Soluções ................................................................................................. 34
4.1.1. Obtenção do óxido cérico de elevada pureza .................................................. 34
4.1.2. Estudo do fracionamento dos ETR pesados por extração por solventes ..... 35
4.2. Caracterização das amostras e acompanhamento analítico ................................. 36
4.3. Metodologia ............................................................................................................... 37
4.3.1. Obtenção do óxido cérico de elevada pureza .................................................. 37
4.3.1.1. Separação do cério .................................................................................... 37
4.3.1.2. Purificação do precipitado de Ce/Mn ..................................................... 38
4.3.2. Estudo do fracionamento dos ETR pesados por extração por solventes ..... 38
4.4. Materiais e Equipamentos ........................................................................................ 41
4.4.1. Obtenção do óxido cérico de elevada pureza .................................................. 41
4.4.2. Estudo do fracionamento dos ETR pesados por extração por solventes ..... 42
5. OBTENÇÃO DO ÓXIDO CÉRICO DE ELEVADA PUREZA .................................... 43
5.1. Separação do Cério ................................................................................................... 43
5.1.1. Efeito da razão molar KMnO4/Na2CO3 .......................................................... 46
5.1.2. Efeito do pH ....................................................................................................... 47
5.1.3. Efeito do excesso de permanganato ................................................................. 48
XIX
5.1.4. Efeito do tempo de reação sobre a oxidação e precipitação do cério ........... 49
5.2. Purificação do precipitado de Ce/Mn ..................................................................... 49
6. ESTUDO DO FRACIONAMENTO DOS ETR PESADOS POR EXTRAÇÃO POR
SOLVENTES - EXPERIMENTOS DESCONTÍNUOS ..................................................... 51
6.1. Ensaios de Extração .................................................................................................. 52
6.1.1. Definição do agente extratante ........................................................................ 52
6.1.2.Variação da acidez da fase aquosa ................................................................... 55
6.1.3.Variação da concentração do extratante ......................................................... 58
6.1.4. Variação da relação volumétrica entre as fases (A/O) .................................. 60
6.1.5. Variação da concentração de TR na fase aquosa ........................................... 61
6.1.6. Variação do tempo de contato ......................................................................... 62
6.1.7. Isoterma de Extração – Diagrama de McCabe - Thiele ............................... 62
6.2. Ensaios de Reextração .............................................................................................. 64
6.2.1. Influência da concentração do agente reexratante (HCl) ............................. 64
6.2.2. Isoterma de reextração – Diagrama de McCbe Thiele .................................. 65
6.3. Ensaios de Lavagem .................................................................................................. 66
7. SEPARAÇÃO DO TÉRBIO POR EXTRAÇÃO POR SOLVENTES -
EXPERIMENTOS CONTÍNUOS ........................................................................................ 69
8. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 78
9. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................................ 79
10. PUBLICAÇÕES RELACIONADAS AO PRESENTE TRABALHO ......................... 80
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 81
ANEXO A ................................................................................................................................ 87
1
Capítulo 1
1. Introdução
As terras raras (TR) ocorrem em mais de 160 minerais; dentre eles, a monazita é um dos mais
importantes, sendo constituída de fosfato de TR, principalmente elementos do grupo do cério,
com significante presença de tório (0,1 – 30 %) e quantidades menores de urânio (até 1,5 %)
(GUPTA & KRISHNAMURTHY, 2005; ABRÃO, 1994).
A primeira etapa do beneficiamento de areias monazíticas compreende a lavra e os demais
beneficiamentos físicos, tais como: secagem, separação gravítica, separação eletrostática e
separação magnética, uma vez que as areias monazíticas apresentam, além da monazita, os
minerais: ilmenita, rutilo e zirconita. Para recuperação dos elementos terras raras (ETR) a
partir da monazita é necessário realizar a sua abertura química, que pode ser feita através de
duas rotas: (i) rota alcalina, onde o tório e o urânio são separados como hidróxidos; e, (ii) rota
sulfúrica, onde é gerado um licor contendo os ETR, Th e U (HABASHI, 1999).
A primeira etapa para obtenção dos ETR individuais é a separação destes em grupos, obtendo-
se os concentrados de TR leves, TR médias e TR pesadas. Geralmente, esta separação é
realizada pela técnica de extração por solventes, utilizando o extratante DEHPA, para depois
proceder com a separação dos elementos individuais através de técnicas hidrometalúrgicas
como troca iônica, extração por solventes, entre outras.
No Brasil, a produção do concentrado de monazita atualmente é de responsabilidade da INB –
Indústrias Nucleares do Brasil S/A. Tendo em vista a situação global do mercado de TR e a
deficiência de domínio tecnológico na separação industrial destes elementos individuais,
optou-se no presente estudo em desenvolver processos para separação dos elementos cério e
térbio visando à aplicação industrial. Para isso, a INB forneceu duas amostras de TR
provenientes do processamento da monazita: um licor sulfúrico contendo a fração leve e um
carbonato contendo a fração pesada, sendo que este último encontra-se estocado para futura
definição de processos de separação de seus constituintes.
A separação do cério pode ser realizada baseada no fato de que este elemento pode existir em
solução aquosa como Ce4+ apresentando comportamento químico bem distinto dos outros
lantanídeos trivalentes. Neste trabalho realizou-se a oxidação do cério (Ce (III) a Ce (IV)) e
sua precipitação seletiva a partir de uma solução clorídrica obtida do concentrado de TR
leves.
2
Para a obtenção de um ETR a partir do carbonato de TR pesadas constituído principalmente
de Tb, Dy, Ho, Er e Y é necessário efetuar um corte entre dois elementos adjacentes no início
ou no fim da série lantanídica. Na presente investigação optou-se pela separação do térbio
através da técnica de extração por solventes em circuito contínuo em contracorrente utilizando
IONQUEST 801 como extratante. O principal problema encontrado no processo foi o baixo
valor do fator de separação entre os elementos adjacentes, no caso, Tb/Dy, exigindo um maior
número de estágios e dificultando a obtenção de um produto de elevada pureza e com alto
rendimento de processo.
3
Capítulo 2
2. Objetivo e Relevância
A obtenção dos ETR individuais é praticada por alguns países, mas esta tecnologia não se
encontra disponível. No Brasil, o processo de separação e purificação dos ETR ainda não é
praticado industrialmente e, embora vários estudos tenham sido realizados, existem poucas
publicações referentes a estas pesquisas. Além disso, estas informações ficam limitadas aos
próprios setores de pesquisa ou aos pesquisadores e não evidenciam as condições de
separação, ou seja, para o domínio dessa tecnologia, torna-se necessário uma pesquisa
bastante ampla dos parâmetros de processo.
No passado, a extinta Nuclemon chegou a comercializar as TR na forma de cloreto de TR
mistas. Com a criação da INB - Indústrias Nucleares do Brasil, esta passou a separar os
elementos em grupos e a estocar as frações na forma de carbonato, visando o fracionamento
dos elementos individuais, até a interrupção das atividades em 1992. Em 2004, a INB
retomou o processamento da monazita, utilizando a abertura sulfúrica. No final de 2005, a
INB interrompeu novamente suas atividades relacionadas à produção do concentrado de TR
por motivos políticos. Em 2009, de acordo com a Portaria Nº 61 (DIÁRIO OFICIAL,
17/08/2009), a INB recebeu autorização para exportar até 20 mil toneladas de monazita,
contendo tório e urânio associados.
As aplicações dos ETR de alta tecnologia têm crescido dramaticamente em diversidade e
importância nas últimas quatro décadas. Como essas diversas aplicações são altamente
específicas, onde substitutos das TR são inferiores ou desconhecidos, os ETR têm adquirido
um elevado nível de significância tecnológica.
Atualmente, o mercado mundial de terras raras é dominado pela China, que recentemente
limitou a exportação dos compostos de TR provocando uma corrida pelos estoques e reservas
desses elementos no Brasil e no mundo.
Como a maior parte do suprimento mundial é proveniente de poucas fontes, o Brasil e o
mundo permanecem dependentes das importações chinesas (HAXEL et al., 2002).
Outro fator importante é o valor de mercado destes elementos. Alguns óxidos dos ETR
apresentam elevado valor de mercado, como por exemplo: cério (99,99 % de pureza) ~ US$
124 / Kg; térbio (99,99 % de pureza) ~ US$ 684 / Kg; disprósio (99,9 % de pureza) ~ US$
216 / Kg; érbio (99,9 % de pureza) ~US$ 117 / Kg; etc. Esses valores variam de acordo com a
4
pureza do composto; o valor do óxido de disprósio de pureza 99,999%, por exemplo, é US$
198,00 para cada 100 g do produto (STANFORD MATERIALS CORPORATION, 2009).
Isto evidencia a necessidade do desenvolvimento de processos de obtenção dos óxidos de TR
individuais para a aplicação em escala industrial.
O objetivo geral deste trabalho é o desenvolvimento de uma metodologia para purificação /
concentração de amostras contendo os ETR para a obtenção de óxidos de elevada pureza.
Além disso, as variáveis hidrometalúrgicas envolvidas nas técnicas estudadas foram
investigadas visando à otimização do processo de modo a ser possível sua aplicação em escala
industrial. Para tal, como objetivos específicos incluem-se:
Obtenção do óxido de cério (CeO2) de elevada pureza (superior a 99 % p/p) através
das técnicas de oxidação seletiva e precipitação química, com definição das condições
ótimas de operação;
Separação do térbio a partir de outros ETR pesados pela técnica de extração por
solventes em circuito contínuo. Ressalta-se que o processo desenvolvido para a
separação do térbio pode ser estendido à separação de outros elementos, mediante
ajustes no circuito utilizado para o térbio.
5
Capítulo 3
3. Revisão Bibliográfica
3.1. Os Elementos Terras Raras
O termo “terras raras” denota um grupo de 17 elementos metálicos, que inclui os lantanídeos,
o ítrio (Y, Z = 39) e o escândio (Sc, Z = 21). De acordo com a IUPAC (LEIGH, 1990), o
termo lantanídeos é utilizado para indicar a série de elementos do lantânio (La - Z = 57) ao
lutécio (Lu - Z = 71), todos de ocorrência natural, com exceção do promécio (Pm – Z = 61) e;
“terras raras” quando são incluídos o Y e o Sc. Este grupo de elementos, sendo quimicamente
semelhantes, ocorre sempre junto nos minerais, comportando-se como uma única entidade
química (GUPTA & KRISHNAMURTHY, 2005).
A expressão “terras raras” não é uma designação muito feliz, a primeira palavra foi utilizada
porque seus óxidos tinham aspecto terroso; a segunda, porque foram erroneamente
consideradas raras na natureza pelos químicos que iniciaram seu estudo no final do século
XVIII. Na crosta terrestre, as TR em conjunto são mais abundantes (128 ppm) que vários
elementos comuns, como o Cu (70 ppm), Sn (40 ppm), Co (23 ppm), Pb (16 ppm) e Mo (9
ppm) (LOUREIRO, 1994).
Os elementos terras raras (ETR) apresentam propriedades físicas e químicas muito
semelhantes como resultado da natureza da sua configuração eletrônica. A série dos
lantanídeos é caracterizada por um preenchimento gradual do sub-nível 4f, sendo que todos os
lantanídeos apresentam a configuração eletrônica 4fn-15d16s2 ou 4fn6s2 (HUHEEY, 1978;
MARTINS & ISOLANI, 2005). Os elementos escândio, ítrio e lantânio encontram-se nos três
períodos sucessivos do Grupo III B da Tabela Periódica. Suas configurações eletrônicas de
valência são (n-1)d1 ns2 com n = 4,5 e 6, respectivamente. Logo, eles não apresentam nenhum
elétron no orbital f.
A química dos ETR é determinada primordialmente pelo tamanho do íon TR3+. O estado de
oxidação trivalente é característico para todas as terras raras, sendo ainda o mais estável
termodinamicamente. Os íons bivalentes e tetravalentes são formados pelos elementos que
podem alcançar uma configuração eletrônica mais estável em relação à inicial, onde se tem os
orbitais 4f vazios (4f 0), semi preenchidos (4f 7) ou completamente preenchidos (4f 14). O
estado divalente, mesmo presente para todos os elementos em haletos binários, é menos
6
comum em solução e em complexos, já que a oxidação ao estado trivalente é facilmente
alcançada. O cério (Ce) é o único lantanídeo que no estado de oxidação tetravalente é
suficientemente estável em solução aquosa (HUHEEY, 1978; MARTINS & ISOLANI, 2005).
Os lantanídeos apresentam o fenômeno da “contração lantanídica”, o qual consiste em uma
diminuição uniforme no tamanho do raio iônico e atômico à medida que se aumenta o número
atômico na série. Como conseqüência dessa contração, a basicidade dos ETR decresce ao
longo da série: La3+ > Ce3+ > Pr3+ > Nd3+ > Sm3+ > Eu3+ > Gd3+ > Tb3+ > Dy3+ > Ho3+ > Y3+ >
Er3+ > Tm3+ > Yb3+ > Lu3+ > Sc3+. Essa diferença de basicidade é usada como fundamento para
separação dos ETR por métodos de fracionamento (ABRÃO, 1994; MORAIS &
CIMINELLI, 2004). A basicidade é responsável pela extensão de hidrólise dos cátions em
solução aquosa, solubilidade relativa de sais de diversos tipos, facilidade com que sais
contendo oxiânions decompõem quando aquecidos e estabilidade de íons complexos (GUPTA
& KRISHNAMURTHY, 2005). A base tende a perder ânion ou elétron. Então cátions que
atraem menos o ânion ou o elétron são mais básicos e os que atraem mais fortemente são
menos básicos. O cério (IV) é menos básico que qualquer espécie tripositiva e, todas as
espécies dipositivas são mais básicas que as espécies tripositivas (GUPTA &
KRISHNAMURTHY, 2005).
Os elementos TR podem ser divididos em três grupos: o primeiro, denominado TR leves ou
grupo do cério, o segundo, TR médias e o terceiro, TR pesadas ou grupo do ítrio. O ítrio é
considerado constituinte do grupo das TR pesadas, por possuir comportamento químico
semelhante ao dos outros elementos do grupo. O escândio possui raio atômico e iônico
trivalente muito pequeno, logo poderia ser tratado como um elemento à parte ao grupo dos TR
devido à sua química significativamente diferente dos outros TR e a não ocorrer nos minerais
de TR (GUPTA & KRISHNAMURTHY, 2005). Na TAB. 3.1 são apresentados os 17
elementos que compõem os grupos das TR leves, médias e pesadas, sua simbologia e seu
número atômico.
7
TABELA 3.1: Elementos Terras Raras
Grupo ETR Símbolo Número Atômico (Z) Configuração Eletrônica
LEVES
Lantânio La 57 [Xe] 5d16s2
Cério Ce 58 [Xe] 4f15d16s2
Praseodímio Pr 59 [Xe] 4f36s2
Neodímio Nd 60 [Xe] 4f46s2
MÉDIAS
Samário Sm 62 [Xe] 4f66s2
Európio Eu 63 [Xe] 4f76s2
Gadolínio Gd 64 [Xe] 4f75d16s2
PESADAS
Térbio Tr 65 [Xe] 4f96s2
Disprósio Dy 66 [Xe] 4f106s2
Hólmio Ho 67 [Xe] 4f116s2
Érbio Er 68 [Xe] 4f126s2
Túlio Tm 69 [Xe] 4f136s2
Itérbio Yb 70 [Xe] 4f146s2
Lutécio Lu 71 [Xe] 4f145d16s2
Ítrio Y 39 [Kr] 4d15s2
Escândio Sc 21 [Ar] 3d14s2
3.2. Descoberta e Ocorrência das TR
Na literatura há controvérsias sobre a descoberta do primeiro elemento TR. Existem dados de
que o primeiro metal terra rara descoberto foi o cério, em 1751, pelo mineralogista suíço A. F.
Cronstedt, quando obteve a cerita, um mineral pesado (MARTINS & ISOLANI, 2005). A
descoberta do primeiro elemento TR também é atribuída a um tenente do exército sueco, Carl
Axel Arrhenius, com grande interesse pela química e mineralogia. Ele descobriu um mineral
escuro, a iterbita, em uma vila próxima a Estolcomo em 1787 (KOLTHOFF & ELVING,
1959). Devido à similaridade química entre os elementos TR, a separação destes em
elementos individuais é muito complexa e difícil de ser alcançada. Foram gastos cerca de 160
anos de grandes nomes da ciência para isolar e identificar todos os metais TR (GUPTA &
KRISHNAMURTHY, 2005). Somente em 1907 é que todas as TR naturais tornaram-se
conhecidas.
As TR, como um único grupo, constituem 0,008 % da crosta terrestre. Embora ocorra juntos
na natureza, a abundância individual dos metais TR na crosta terrestre é diferenciada. Nos
8
depósitos minerais de TR, a variação da concentração dos elementos TR típicos entre o mais e
o menos abundante difere de duas a cinco ordens de grandeza (HAXEL et al., 2002).
As TR ocorrem em uma variedade de minerais, entre os quais os que apresentam algum
interesse econômico são: monazita, xenotima, gadolinita, alanita, euxenita, bastnaesita e
apatita. Na TAB. 3.2 são apresentadas as composições típicas destes elementos em alguns
minerais principais:
TABELA 3.2: Composições em % p/p dos óxidos de TR em alguns minerais
Óxidos de TR Monazita Bastnaesita Xenotima Gadolinita
La2O3 22 25,7 3,2 1
CeO2 44 49,8 4,4 2
Pr6O11 5 4,8 0,8 2
Nd2O3 15 15,6 2,8 5
Sm2O3 2 1,8 1,2 5
Eu2O3 0,05 Traços 0,1 Traços
Gd2O3 1,0 0,9 2,8 5
Tb4O7 0,002 - 0,9 0,5
Dy2O3 1,0 - 7,6 6
Ho2O3 0,03 - 1,8 1
Er2O3 0,05 - 5,9 4
Tm2O3 0,005 - 0,8 0,6
Yb2O3 0,01 - 5,0 4
Lu2O3 0,001 - 0,3 0,6
Y2O3 2 0,2 61,5 60 (Adaptada de KOLTHOFF & ELVING, p. 7, 1959)
3.3. Recursos e Produção Mundial de TR
As concentrações mináveis de TR descobertas são menos comuns que para muitos outros
elementos. Os recursos mundiais estão concentrados na monazita e bastnaesita. Os depósitos
de bastnaesita na China e EUA constituem a maior fração dos recursos econômicos de TR,
enquanto os depósitos de monazita na Austrália, Brasil, China, Índia, Malásia, África do Sul,
Sri Lanka, Tailândia e EUA constituem um segundo grande segmento (HEDRICK, 2009).
Estima-se que as reservas totais de minérios de TR (medidas e indicadas) sejam de
aproximadamente 150 milhões de toneladas. Desse total, a China possui mais de 57 %, sendo
9
que a maior parte encontra-se no depósito de Baiyun Ebo (bastnaesita). A TAB. 3.3 apresenta
as reservas mundiais expressas em toneladas e sua distribuição percentual.
TABELA 3.3: Reservas mundiais de minérios TR
Países Reserva (103) - t %
Austrália 5.800 3,8
Brasil 84 0,06
China 89.000 57,7
Comunidade de Estados Independentes 21.000 13,6
Estados Unidos 14.000 9,1
Índia 1.300 0,8
Malásia 35 0,023
Outros países 23.000 14,9
TOTAL 154.219 100 (Adaptada de HEDRICK, p. 131, 2009)
A produção mineral mundial de TR, aproximadamente 124 mil toneladas em 2009
(HEDRICK, 2009), é liderada pela China, com 97 %, seguida pela Índia com 2 %. Desde os
anos 80 a China se tornou o maior produtor mundial de TR e hoje domina o mercado, o que
gera uma instabilidade no setor. A grande produção permite à China manter preços baixos
para os ETR e seus produtos, ao mesmo tempo em que desestimula a produção de TR e a
pesquisa na área pelos demais países (<http://www.dnpm.gov.br/mostra_arquivo.asp?IDBanc
oArquivoArquivo=5492> 24 de Julho de 2011).
Em 2003, os EUA suspenderam a produção de concentrados de bastnaesita na usina de
Mountain Pass, na Califórnia, entretanto, foram processados em 2008 concentrados
previamente produzidos para a obtenção de concentrado de lantânio e didímio (75 % de
neodímio e 25 % de praseodímio). Mas os EUA continuam como importante exportador,
importador e consumidor, com um consumo interno de TR refinadas estimado em US$ 1
bilhão (ROSENTAL, 2008).
De acordo com página eletrônica do Departamento Nacional de Produção Mineral
(<http://www.dnpm.gov.br/mostra_arquivo.asp?IDBancoArquivoArquivo=5492> 24 de Julho
de 2011), em 2009, o Brasil produziu 303 t de monazita, efetuada pela INB e incorporada ao
estoque de 15 mil toneladas de monazita da empresa; exportou 342 t e importou 1633 t em
compostos químicos e produtos manufaturados. No passado, o Brasil já foi o maior produtor
mundial de TR, possuindo abundantes depósitos na região do estado do Espírito Santo. Toda a
10
produção brasileira é proveniente da monazita industrializada na INB, sendo a produção
restrita à separação das TR totais na forma de cloretos mistos. Em 2009, o governo autorizou
a exportação de até 20 mil toneladas de monazita pela INB (DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO,
14/08/2009). De acordo com a empresa, atualmente, sua produção de monazita está
paralisada, mas existe grande quantidade de monazita estocada na empresa, que pode ser
exportada, no entanto, há dificuldades de transporte devido ao produto ser considerado
material radioativo.
3.4. Aplicações dos ETR
As TR têm diversas aplicações industriais e em várias áreas, como: engenharia química,
metalúrgica e de materiais, na área nuclear, aeronáutica, eletrônica, entre outras. E as
aplicações tecnológicas das TR têm multiplicado nas últimas décadas, mas suas aplicações
mais nobres estão ligadas à pureza dos respectivos óxidos individuais (MAESTRO &
HUGUENIN, 1995).
Um dos maiores problemas enfrentados pela indústria é o elevado custo relacionado com o
grau de pureza necessário para a elaboração do produto final. A indústria diferencia três graus
de pureza para TR: mistura com composição que normalmente se verifica nos minérios;
concentrados com cerca de 60 a 90 % do elemento de interesse; e óxidos de TR puros
contendo entre 98 e 99.999 % (QUEIROZ et al., 2001).
De acordo com Maestro e Huguenin (1995), Haxel (2002) e, Martins e Isolani (2005), o
universo de aplicações das TR é muito abrangente, podendo citar as seguintes aplicações:
Energia Nuclear: os vários elementos TR (Sm, Gd, Eu, Dy e Er) são de interesse no
desenvolvimento da energia nuclear como materiais de controle e “shutdown” devido
às suas características para absorção de neutrons;
“Mishmetal” – mistura de elementos TR composta principalmente de Ce, La, Nd e Pr:
metalurgia, baterias recarregáveis do tipo níquel-hidreto metálico e síntese orgânica;
Catalisadores: tratamento de emissões automotivas e no craqueamento do petróleo;
Vidros: vidros fotosensíveis e resistentes à radiação, revestimentos ópticos, vidros
coloridos, lentes de câmeras e instrumentos, polimento, descoloração, etc;
Eletrônicos: capacitores cerâmicos, componentes magnéticos de circuitos de
microondas, fibras óticas, geração de energia termoelétrica, entre outras;
11
Ímãs permanentes: utilizados em motores, relógios, tubos de microondas, transporte e
memória de computadores, sensores, geradores, microfones, raios X, imagem de
ressonância magnética (IRM), separação magnética, etc.
Materiais Luminescentes (“Fósforos”): monitores de microcomputadores e televisores,
fibras óticas, lâmpadas fluorescentes, LEDs, marcadores ópticos flourescentes,
detecção de radiação (raios e elétrons), esmaltes, entre outras;
Tecnologia de refrigeração magnética: empregada em refrigeradores, freezers, ar-
condicionados residenciais, comerciais e automotivos;
Metalurgia: aços e ligas metálicas especiais e produtos pirofóricos;
Laseres: utilizados em espectroscopia (fonte de luz), corte de semicondutores, micro-
soldas, perfuração de áreas diminutas para passagem de fios finíssimos, odontologia e
medicina;
Biológicas: aplicações em imunologia (fluoroimunoensaios) e como agentes de
contraste para diagnóstico não invasivo em medicina;
Futuríticas: supercondutividade em temperatura elevada, transporte e armazenamento
seguro de hidrogênio.
Na indústria do aço, em catalisadores de craqueamento, em baterias NiMH (GUPTA &
KRISHNAMURTHY, 2005) e em polimento de vidros, aplicações de larga escala, são
utilizados misturas ou concentrados de TR (QUEIROZ et al., 2001).
O cério, especificamente, possui numerosas aplicações comerciais incluindo em vidros e
polimento de vidros, como fósforos, cerâmicas, em catálise e na metalurgia. O térbio é
utilizado em fósforos, particularmente, em lâmpadas fluorescentes e como emissor verde de
alta intensidade, como fósforo de raios-X e em filmes de gravação optica-magnética (GUPTA
& KRISHNAMURTHY, 2005).
Estas inúmeras aplicações são devidas às propriedades ímpares dos elementos TR,
principalmente espectroscópicas e magnéticas, além das mecânicas e térmicas (KOLTHOFF
& ELVING, 1959). Além de que substitutos para os elementos TR geralmente são menos
efetivos ou desconhecidos. A dificuldade de obtenção destes metais em elevada pureza
tornou-se uma barreira para seu uso, especialmente no campo da alta tecnologia. Como a
presença de traços de impurezas afeta as propriedades dos materiais, a pureza elevada é uma
exigência para compreensão das propriedades intrínsecas e para descoberta de novos materiais
funcionais (ISSHIKI, 1996).
12
3.5. Métodos de Determinação de TR
Os métodos para a determinação dos ETR podem ser divididos em métodos clássicos e
métodos espectrométricos. São considerados métodos clássicos os métodos gravimétricos,
volumétricos e espectrofotométricos, sendo os gravimétricos e volumétricos mais empregados
para determinação de TR totais (ABRÃO, 1994; TOPP, 1965). Dentre os métodos
espectrométricos estão incluídos a espectrometria de absorção atômica, espectrometria de
emissão atômica em plasma e fluorescência de raios-X; através destes métodos é possível
determinar os ETR individualmente (ABRÃO, 1994).
A determinação de TR totais neste trabalho foi realizada através do método gravimétrico: os
ETR foram precipitados na forma de oxalato, via adição de solução de ácido oxálico e
posterior calcinação a 900ºC por 1 hora.
Os teores dos ETR individuais foram determinados por espectrometria de energia de raios-X
(sistema Kevex). O sitema Kevex tem uma fonte radioativa de amerício (Am-241) com uma
atividade de 100 mCi para a geração de raios-X. Nesta técnica, uma fonte de raios é
utilizada para induzir a fluorescência de raios-X; o material irradiado emite raios-X
característicos, que são identificados pela sua energia produzindo um espectro de energia. Os
picos do espectro estão localizados nas energias correspondentes aos elementos presentes na
amostra (SILVA, 1994).
Especificamente para os ETR, o Am-241 é um radioisótopo indicado como fonte para
produzir fluorescência. O espectro de raios-X formado é devido à excitação da camada K, que
produz um espectro simples quando comparado àquele obtido pela camada L. Outra vantagem
do sistema KEVEX é o fato das análises serem conduzidas em amostras sólidas ou líquidas e
com baixos limites de detecção, que depende do tempo de contagem e do número atômico do
ETR. Para os TR o limite de detecção pode chegar a poucos microgramas por grama
(MORAIS & CIMINELLI, 2004).
3.6. Exploração e Processamento da Monazita
A monazita é uma das fontes minerais mais abundantes de terras raras (GSCHNEIDNER,
1980). Trata-se de um fosfato de TR, onde predominam as TR leves, que contém tório e
urânio associados. O mineral é monoclínico, tem massa específica de 5,0 g cm-3, densidade
aparente de 3,0 g cm-3, dureza entre 5,0 e 5,5 graus Mohs e a cor é marrom, variando de
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amarela a avermelhada, mas podendo ser ocasionalmente esverdeada. Este mineral é
geralmente encontrado em placers marinhos, como areias de praias, paleopraia e deltas de rio.
Juntamente com a monazita estão associados outros minerais pesados, sendo aqueles com
valor comercial a ilmenita, a zirconita e o rutilo (ROSENTAL, 2008).
A melhor forma de utilização da monazita é pela sua abertura química e obtenção dos
diversos compostos dos elementos que a compõem. A primeira etapa do processamento do
minério compreende a lavra e demais beneficiamentos físicos. Devido às características do
minério, a etapa de lavra é realizada sem ocorrência de impacto ambiental (ROSENTAL,
2008).
A monazita pode ser facilmente concentrada por métodos físicos, como secagem, separação
eletrostática, separação magnética e separação gravítica (HABASHI, 1999).
A concentração da monazita pela INB, a qual forneceu as amostras para o presente estudo, é
realizada na usina central de beneficiamento, localizada em Buena, município de São João da
Barra - RJ. Nessa usina são obtidos os concentrados de zircão, rutilo, monazita e ilmenita. Os
concentrados de rutilo, zircão e ilmenita são comercializados, enquanto o concentrado de
monazita é estocado para tratamento químico futuro (VIEIRA & LINS, 1997). As principais
etapas de concentração da usina de São João da Barra, mostradas na FIG. abaixo.
FIGURA 3.1: Diagrama da Unidade de Beneficiamento Secundário de concentração das areias
monazíticas na INB em Buena (RJ) (Fonte: ROSENTAL, p. 823, 2008).
14
Após a obtenção do concentrado de monazita, este passa por um processo de abertura
química, que pode ser realizado através de digestão alcalina com hidróxido de sódio ou
digestão ácida com ácido sulfúrico. A escolha entre as duas rotas é de ordem econômica e
ambiental, visto que na abertura alcalina é gerado um resíduo contendo tório e urânio,
denominada torta 2. A abertura ácida gera um licor sulfúrico contendo além dos ETR outros
elementos, como urânio, tório e ferro. A FIG. 3.2 apresenta um esquema dos métodos de
lixiviação da monazita via rota ácida e básica.
FIGURA 3.2: Métodos de Lixiviação para areia monazítica (Adaptado de HABASHI, p.354, 1999).
A purificação dos elementos TR constitui a primeira etapa do processo de obtenção dos
elementos individuais de elevada pureza. Uma das formas, e a mais econômica de se purificar
os elementos terras raras é a precipitação destes na forma de sulfato duplo de terras raras e
sódio (GUPTA & KRISHNAMURTHY, 1992).
A precipitação das TR na forma de sulfatos duplos pode ser aplicada para a separação dos
elementos em grupos, porém sem muita seletividade (ABRÃO, 1994).
A separação dos ETR individuais envolve inicialmente a separação em grupos. Nesta etapa,
obtém-se os concentrados de TR leves (La, Ce, Pr, Nd), TR médias (Sm, Eu, Gd) e TR
Concentrado de Monazita
Concentrado de Monazita
Digestão
Dissolução
Filtração
Solução
Lixiviação
Filtração
Cristalização
H2SO4
H2O
Sub-produtos:
SiO2, TiO2,
ZrSiO4
NaOH
Sub-produtos: Hidróxidos de
U, Th, TR.
Na3PO4 . 10 H2O.
15
pesadas (Tb, Dy, Ho, Er, Tm, Lu, Y, Sc). Esta separação, geralmente realizada utilizando a
técnica de extração por solventes com DEHPA como extratante, é favorecida pelos maiores
fatores de separação entre os pares Nd/Sm e Gd/Tb, comparados aos fatores de separação dos
demais ETR adjacentes (GSCHNEIDNER, 1980). Posteriormente, os ETR individuais são
separados e purificados por troca iônica ou novamente por extração por solventes (ABRÃO,
1994).
3.7. Processos de Separação dos ETR
A separação de espécies químicas, em geral, e dos elementos TR, em particular, tem recebido
desde a antiguidade uma grande atenção por parte dos pesquisadores. Isso se deve à crescente
necessidade de aumentar a pureza dos produtos obtidos.
Como mencionado anteriormente, as TR ocorrem juntas nas fontes naturais e o alto valor de
mercado destes depende da sua efetiva separação em elementos individuais. A separação das
misturas naturais de TR é difícil de ser alcançada, devido ao comportamento químico
semelhante apresentado pelos seus íons trivalentes.
Os diversos métodos de separação individual dos elementos TR utilizam essencialmente a
pequena diferença de basicidade resultante da diminuição do raio iônico destes elementos ao
longo da série. E estas propriedades são base para as técnicas de separação por cristalização /
precipitação fracionada, troca iônica e extração por solventes. Além disso, Ce, Pr e Tb podem
ocorrer no estado tetravalente, assim como Sm, Eu e Yb, no estado divalente. A oxidação ou
redução seletiva destes elementos também pode ser usada para sua separação dos outros TR
trivalentes, já que nestes estados de oxidação (+IV / +II) apresentam comportamento químico
bem diferenciado do estado trivalente (MORAIS & CIMINELLI, 2004; GUPTA &
KRISHNAMURTH, 2005).
No caso do tratamento do licor proveniente da monazita, a separação dos ETR em grupos é
realizada após a remoção do cério, isto devido à elevada abundância deste no licor.
Estudos de extração por solventes dos elementos terras raras individuais têm sido
extensivamente realizados em diferentes meios e com diversos extratantes, como os derivados
dos ácidos fosfatados (ácido fosfórico, fosfônico e fosfínico), com destaque para o ácido di-2-
etilhexilfosfórico (DEHPA) e o ácido 2-etilhexilfosfônico mono-2-etilhexil éster
(IONQUEST 801 ou PC-88A), os fosfatos neutros como o tri-n-butilfosfato (TBP) e o tri-n-
octilfosfato (TOPO), os derivados do ácido carboxílico, as aminas, além das cetonas, oximas e
16
outros. O objetivo principal destes estudos é verificar os mecanismos e a cinética de extração,
o coeficiente de distribuição e fator de separação, entre outros. A obtenção dos elementos TR
com elevado grau de pureza geralmente exige um grande número de estágios de separação.
Por isso, o interesse no desenvolvimento de métodos de separação de elementos TR como um
grupo ou individualmente tem crescido nos últimos anos (JIA et al., 2004).
Os processos industriais existentes são geralmente realizados em meio clorídrico utilizando
extratantes organofosforados (MORAIS, 2002; AMARAL, 2006). A preferência de utilização
de meio clorídrico se deve à solubilidade dos elementos TR no mesmo já que a etapa final do
processo de extração por solventes objetiva o carregamento de uma fase aquosa com o metal
de interesse.
As técnicas de separação a serem utilizadas neste trabalho são as de oxidação seletiva,
precipitação fracionada e extração por solventes.
3.7.1. Oxidação Seletiva
Como já foi mencionado anteriormente, o cério é o único elemento lantanídeo estável em
solução aquosa na forma de íon tetrapositivo. Inclusive a forma estável do óxido deste
elemento apresenta esta carga. Em solução, os sais de Ln3+ são resistentes à hidrólise
enquanto o íon Ce (IV) é facilmente hidrolisado. O produto de solubilidade dos hidróxidos de
lantanídeos (Ln(OH)3) variam do lantânio (log Kps = -19.0) ao lutécio (log Kps = -23.7),
diferindo bastante do hidróxido cérico (Ce(OH)4 – log Kps = -51) (TOPP, 1965).
A técnica de oxidação pode ser aplicada na separação do cério dos demais ETR em uma
seqüência simples e rápida de procedimentos. A oxidação do Ce (III) a Ce (IV) em meio
alcalino ocorre até mesmo na presença de ar durante a secagem do hidróxido de terras raras
(CALLOW, 1967; GUPTA & KRISHNAMURTHY, 2005). Em soluções ácidas, esta
oxidação é mais difícil, exigindo a adição de oxidantes fortes como persulfato, permanganato,
bismuto, dióxido de chumbo e óxido de prata (II) (TOPP, 1965; FRITZ et al., 1963) ou
mediante as técnicas de oxidação eletroquímica (TOPP, 1965; KEDARI et al., 1999;
JELINEK et al., 2006) ou oxidação fotoquímica (DONOHUE, 1979; HIRAI &
KOMASAWA, 1996). Desta forma, a separação do Ce (IV) dos elementos TR associados
pode ser realizada por dissolução seletiva dos outros elementos a partir do hidróxido de TR,
mantendo o cério insolúvel ou através da sua precipitação seletiva a partir de solução ácida.
17
Em ambos os casos, a separação do cério é baseada na diferença de solubilidade entre o
hidróxido de cério (IV) e os outros hidróxidos de TR (III).
Em meio clorídrico há o inconveniente de o íon cloreto reduzir o Ce (IV), mesmo assim, o
hidróxido cérico é precipitado a partir de solução clorídrica de Ce (III) pela adição de um
oxidante forte juntamente com uma base para manter o pH da solução em torno de 3,5. O
processo utilizando permanganato de potássio é muito eficiente para produção de cério de
pureza elevada. A pureza alcançada depende da extensão da remoção do cério da solução
(CALLOW, 1967; ABREU & MORAIS, 2010).
Um método simples para a remoção do cério a partir de uma solução de complexos de
lantanídeos foi sugerido através da oxidação – precipitação usando ozônio como agente
oxidante. Outro procedimento considerado particularmente efetivo para recuperação do cério
de qualquer solução ácida lixiviada contendo TR usa a oxidação pelo ar e extração por
solventes (GUPTA & KRISHNAMURTHY, 2005). Jelinek et al. estudaram a eletro oxidação
do Ce em meio nítrico com anodo de feltro de carbono e posteriormente, investigaram a
separação do complexo de nitrato de cério (IV) obtido neste estudo de outros elementos TR
(principalmente La e Y) através da técnica de troca iônica com resina aniônica à base de
piridina (2006). Matherswaran e outros (2007) investigaram a oxidação do Ce (III) por ozônio
em meio nítrico para aplicação em sistemas de ozonização catalisada por íon metálico.
Queiroz et al. (2001) utilizaram as técnicas de precipitação fracionada e troca iônica para
obtenção de óxido ou nitrato de cério de pureza superior a 99 %. Inicialmente, o Ce (III) foi
oxidado a Ce (IV) pela adição de peróxido de hidrogênio à solução de cloreto de TR e
precipitado pela neutralização da acidez através de fluxo de amônia; o concentrado obtido foi
purificado por troca iônica com resina catiônica.
Morais et al. (2003) estudaram a separação do cério de outros ETR pela oxidação e
precipitação pela adição de mistura de solução KMnO4 / Na2CO3. Nestas condições, o cério é
precipitado juntamente com o manganês. O produto de cério e manganês obtido foi purificado
pela dissolução do hidróxido de cério com solução clorídrica e posterior precipitação como
carbonato. Os autores conseguiram obter um produto final com pureza e recuperação
próximas a 100 %.
A exploração da mudança de carga do cério com suas características químicas diferenciadas é
valiosa, já que o cério é o principal constituinte da monazita, mineral em que se concentram
as reservas brasileiras de TR e devido à sua remoção enriquecer a fração remanescente,
facilitando tratamentos posteriores.
18
3.7.2. Precipitação Química
A técnica de precipitação é largamente utilizada nos processos hidrometalúrgicos, podendo
ser aplicada como forma de purificação para separação de impurezas ou para separação do
metal de valor pela sua precipitação seletiva. Este método pode ser conduzido por princípios
físicos ou químicos. Na precipitação física não se adiciona nenhum reagente, a concentração
ou temperatura são ajustadas de modo que a cristalização ocorra. No método químico,
reagentes são adicionados para precipitar compostos específicos. O método químico pode ser
dividido pelo tipo de reação química que ocorre: hidrólise, iônica, redução ou substituição
(HABASHI, 1999).
A precipitação fracionada se refere à remoção de parte ou de um elemento a partir de uma
solução pela adição de reagente químico para formação de um composto novo e menos
solúvel. Os elementos remanescentes na solução podem ser recuperados ou por uma
precipitação adicional do mesmo composto ou por completa precipitação como oxalato ou
outro composto. Para a maior parte dos elementos TR, as técnicas de precipitação fracionada
são relativamente ineficientes e laboriosas. A pureza do produto final obtido também não é
comparável à alcançada através de métodos como troca iônica ou extração por solventes, que
têm dominado as separações comerciais de TR desde 1950 (GUPTA & KRISHNAMURTHY,
2005).
A precipitação pela modificação do pH da solução é um procedimento amplamente utilizado
em metalurgia extrativa. É importante ressaltar a ampla faixa de pH na qual os metais se
precipitam como hidróxidos, em conseqüência, torna-se possível a separação de diferentes
cátions em solução pelo controle adequado do valor do pH.
Os sulfatos duplos de TR e Na (TR2(SO4)3 . Na2SO4 . nH2O) são usualmente precipitados
pela adição de sulfato de sódio à solução de TR. Os elementos La, Ce, Pr e Nd formam
sulfatos duplos moderadamente solúveis, os de Ho, Er, Tm, Yb, Lu e Y são solúveis e Eu, Gd
e Dy formam sulfatos duplos de solubilidade intermediária. Em geral, o uso deste método
está confinado à separação da mistura de ETR em três grupos (GUPTA &
KRISHNAMURTHY, 2005). Esse processo pode ser utilizado para fracionamento preliminar
de misturas de lantanídeos em fração leve e pesada. Neste estudo, optou-se pela precipitação
como sulfato duplo dos TR totais do licor sulfúrico constituído principalmente pelos TR leves
com intuito de purificar a solução, para posterior separação de um dos ETR individualmente.
19
Como o sulfato duplo de terras raras e sódio não possui solubilidade elevada em ácidos, este
geralmente é convertido a hidróxido de terras raras, que é mais facilmente solubilizado em
solução ácida diluída, para então se proceder aos processos de obtenção dos elementos
individuais (ABRÃO, 1994). Essa conversão pode ser realizada por reação metatética, que é
uma reação de dupla troca, onde se adiciona a solução do reagente diretamente a um
composto sólido. Estes processos de precipitação do sulfato duplo e posterior conversão em
hidróxido de TR têm sido adotados pela INB após a obtenção do concentrado de monazita,
mas as condições ótimas de operação não estão bem estabelecidas, o que foi objeto de estudo
anterior (ABREU et al., 2007).
Umeda (1976) explorou a facilidade com que a uréia sofre hidrólise e a facilidade com que o
cério é oxidado a Ce (IV) para a precipitação das TR a partir de seus cloretos. O autor obteve
êxito em todas as etapas do seu estudo: precipitação seletiva do cério por hidrólise da uréia na
presença de peróxido de hidrogênio, concentração das TR (Nd, Pr, Sm, La) por hidrólise
controlada da uréia e separação dos elementos individuais por cromatografia de troca iônica.
Kul et al. (2008) investigaram a precipitação do sulfato duplo de TR e sódio a partir de licor
sulfúrico obtido do processamento da bastnasita.
A obtenção de vários lantanídeos a partir de uma solução pode ser realizada pela precipitação
fracionada via adição de hidróxido de amônio ou com um fluxo de gás amônia. À medida que
prossegue a neutralização de uma solução originalmente ácida são obtidos produtos mais
ricos em cada lantanídeo avançando do lutécio ao lantânio. Precipitações fracionadas também
são possíveis para o grupo do cério como oxalatos e para o do ítrio como ferrocianetos com
resultados aceitáveis (SOARES, 1994).
As referências encontradas na literatura que tratam deste tópico são em sua maioria da década
de 60, o que é justificado pela ascensão das técnicas de extração por solventes e troca iônica,
e que atualmente dominam os estudos de fracionamento dos elementos TR.
3.7.3. Extração por Solventes
Na hidrometalurgia utiliza-se uma série de processos unitários interligados para a recuperação
ou purificação de elementos a partir de soluções aquosas. Uma etapa que está sempre incluída
neste fluxograma é a purificação ou concentração do metal desejado antes de sua recuperação.
20
Essa purificação ou concentração pode ser realizada por métodos como adsorção em carvão
ativado, troca iônica ou extração por solventes (HABASHI, 1999; THORTON, 1992)
Dentre as técnicas disponíveis, a técnica de extração por solventes apresenta uma grande
versatilidade para a separação de elementos e também uma grande escala de concentrações de
soluções que podem ser tratadas. Logo, este processo tem sido visto como a técnica preferida
para tratamento de licores lixiviados, exceto aqueles mais diluídos (THORTON, 1992).
O processo de extração por solventes foi utilizado pela primeira vez na hidrometalurgia em
conexão com o Projeto Manhattan para a produção da bomba atômica. Uma planta foi
construída nos EUA para preparação de nitrato de uranila de alta pureza. Em um segundo
momento, a extração por solventes foi utilizada na extração de um metal relativamente barato,
o cobre (HABASHI, 1999). No presente, a tecnologia da extração por solventes é amplamente
conhecida, bem aceita e considerada altamente eficiente.
A técnica envolve a distribuição de um soluto entre fases líquidas imiscíveis em contato uma
com a outra (RYDBERG et al., 1992). O soluto que se apresenta inicialmente distribuído em
apenas uma fase, após o contato, distribui-se entre as duas fases (aquosa e orgânica). O
estágio final do processo é o equilíbrio, denominado partição ou distribuição, representada
pela equação (1).
M + E ME (Eq. 3.1)
Onde:
M = Soluto;
E = Extratante.
Na etapa inicial do processo, conhecido como extração, a espécie de interesse é transferida da
fase aquosa para a orgânica. Na reextração, a espécie de interesse, purificada e concentrada
presente na fase orgânica é recuperada para uma segunda fase aquosa, o reextrato (AMARAL,
2006). A etapa de lavagem é introduzida após a etapa de extração com a finalidade de
remover impurezas co-extraídas juntamente com a espécie de interesse (THORTON, 1992). A
FIG. 3.3 apresenta um esquema simplificado de um circuito contínuo de extração por
solventes em contracorrente.
Re-extração
Extração
21
FIGURA 3.3: Circuito básico contínuo de extração por solventes em contracorrente.
A alimentação é a solução aquosa que contém o íon metálico de interesse. O rafinado é a
solução aquosa efluente da etapa de extração, da qual a espécie a se recuperar foi removida. E
o reextrato é a fase aquosa com o íon metálico concentrado e livre de impurezas. O circuito de
extração por solventes é constituído basicamente das etapas de extração, lavagem, reextração
e regeneração do solvente.
A extração completa de um soluto em um único estágio só é possível utilizando-se um
volume infinitamente grande de solvente. Logo, múltiplos estágios de extração são
empregados para o esgotamento da solução aquosa com o metal de interesse usando um
volume limitado de solvente. Isso também é válido para as etapas de lavagem e reextração.
No processo em contracorrente, o fluxo das fases aquosa e orgânica ocorre em direções
opostas (HABASHI, 1999).
Em um processo de extração por solventes, alguns parâmetros fundamentais são utilizados
para analisar as características do sistema. Entre os mais importantes estão: o coeficiente de
distribuição ou extração, porcentagem de extração e fator de separação (TREYBAL, 1981).
Coeficiente de Distribuição
A transferência do íon metálico da fase aquosa para uma fase orgânica é medida pelo
Coeficiente de Distribuição, D, que é definido como a concentração analítica total da
substância na fase orgânica pela sua concentração analítica total na fase aquosa, usualmente,
medida no equilíbrio:
22
[ ][ ]MaMoD = (Eq. 3.2)
Onde:
[ ]Mo = Concentração do metal na fase orgânica
[ ]Ma = Concentração do metal na fase aquosa
Se há outro soluto B presente na solução com coeficiente de distribuição, DB distinto, A e B
podem ser separados por extração por solventes, em estágio único ou em vários estágios.
Porcentagem de Extração
A porcentagem de extração é a medida relativa da transferência da espécie da fase orgânica
para a aquosa. Esse parâmetro pode ser calculado utilizando-se o coeficiente de extração (D) e
a relação volumétrica entre as fases aquosa e orgânica, como representado abaixo:
)(
100.%
VoVaD
DExt
+
⋅= (Eq. 3.3)
Onde:
Va = volume da fase aquosa;
Vo = volume da fase orgânica.
Fator de Separação
O fator de separação (β) mede o grau de separação de sistemas imiscíveis, de acordo com a
relação a seguir:
B
A
DD
=β (Eq. 3.4)
Onde:
β = fator de separação;
DA = coeficiente de extração da espécie (soluto) A;
DB= coeficiente de extração da espécie (soluto) B.
23
Representação gráfica e isotermas de extração
Os dados experimentais de extração podem ser representados de duas maneiras: plotando-se
os valores de porcentagem de extração em função de uma variável qualquer investigada como
pH, concentração do extratante, etc. ou através da isoterma de extração ou curva de equilíbrio.
As isotermas de extração são obtidas a partir da concentração do soluto na fase aquosa em
função da concentração do mesmo soluto na fase orgânica com ambas as fases em equilíbrio.
Uma forma de construir a curva de equilíbrio é através do carregamento do orgânico até a sua
saturação, ou seja, contactar sucessivamente o orgânico com a fase aquosa até a máxima
extração do metal de interesse (esgotamento do aquoso). Pode-se também construir uma
isoterma de reextração, para isso, é necessário carregar o aquoso (saturar o aquoso) e esgotar
o orgânico.
Diagrama de McCabe-Thiele
O diagrama de McCabe-Thiele é a representação gráfica das concentrações de equilíbrio de
um soluto nas fases aquosa e orgânica sob determinadas condições de extração ou reextração.
É construído a partir da curva de equilíbrio e fornece a capacidade de saturação do solvente na
extração e do reextrato na reextração. Este diagrama é útil para estimar o número de estágios
teóricos e a relação volumétrica entre as fases aquosa e orgânica nos experimentos contínuos
em células de misturador-decantador de um sistema em contracorrente (HABASHI, 1999).
FIGURA 3.4: Diagrama de McCabe-Thiele para a etapa de extração (Fonte: HABASHI, p. 423,
1999).
24
3.7.3.1. Extratantes
Os metais podem existir em soluções aquosas em formas variadas como, por exemplo, cátions
solvatados ou cloroânions; ou na forma de complexos hidratados. Estas espécies têm pouca ou
nenhuma tendência a serem transferidas para uma fase orgânica não-polar. Logo, essas
espécies precisam ser modificadas de alguma forma para se tornarem compatíveis com a fase
orgânica. Essa modificação pode ser realizada através da neutralização da carga do íon ou por
substituição da água de hidratação (THORTON, 1992). A seguir são listados os pré-requisitos
necessários a um agente extratante (HABASHI, 1999):
- Ser seletivo para as espécies de interesse a serem extraídas;
- Apresentar alta capacidade de extração;
- Apresentar boa reversibilidade, ou seja, permitir a reextração das espécies extraídas;
- Ser insolúvel em água (alto peso molecular, cadeia longa);
- Possuir baixa viscosidade e alta tensão superficial;
- Ser solúvel em solventes orgânicos;
- Ser não tóxico ou cancerígeno, não inflamável e não volátil;
- Ser quimicamente estável nas condições do processo;
- Possuir baixo custo e estar disponível no mercado.
No entanto, na prática, não é possível encontrar um extratante que tenha todas essas
características. Raramente, um extratante é utilizado na sua forma pura, então, é usualmente
diluído com um composto orgânico barato (por exemplo: querosene comercial, etc.) com
intuito de melhorar suas propriedades físicas, como viscosidade, densidade, etc (HABASHI,
1999).
Os extratantes utilizados no processo de extração por solventes são divididos em três classes,
baseando-se na química de suas reações: extratantes ácidos, trocadores aniônicos ou básicos e
extratantes neutros ou de solvatação.
Extratantes Ácidos
Estes extratantes reagem com o cátion metálico para formação de complexos neutros que são
dissolvidos preferencialmente na fase orgânica. A extensão da extração depende da acidez da
fase aquosa, da natureza do metal, do pKa e da concentração do extratante, da interação entre
o íon metálico e o extratante (THORTON, 1992).
25
Mn+(aq) + nRH(org) MRn(org) + nH+ (Eq. 3.5)
Mn+(aq) + n(RH)2(org) M(R – HR)n(org) + nH+ (Eq. 3.6)
Onde:
Mn+ = íon metálico;
R = radical orgânico;
RH = ácido orgânico.
A equação 3.6 apresenta o extratante na sua forma dimérica, encontrada em soluções mais
concentradas. Pode-se observar pelas equações que a extensão da extração depende
diretamente do pH de equilíbrio da fase aquosa, ou seja, quanto maior o pH, o equilíbrio
desloca-se para a direita, no sentido da extração; e, quanto menor o pH, o equilíbrio desloca-
se para a esquerda, no sentido da reextração (AMARAL, 2006).
Os extratantes ácidos podem ser subdivididos em quelantes e não-quelantes. Os extratantes
ácidos não – quelantes extraem metais através da formação de complexos via substituição de
prótons de sua molécula por íons metálicos presentes no meio aquoso (THORTON, 1992). Os
extratantes ácidos quelantes extraem metais formando complexos multidentados com os íons
metálicos em solução, sendo geralmente substituídos de oximas, quinolinas e dicetonas
(AMARAL, 2006).
Extratantes Aniônicos (Básicos)
Os extratantes aniônicos correspondem às alquilaminas e sais quaternários de amônio. A
extração depende da capacidade do íon metálico de formar espécies aniônicas em fase aquosa
que são então extraídas como pares de íons pelos sais de amina em um processo de troca
iônica, de acordo com a equação (THORTON, 1992):
(p-n)(AminaH+)nXn-(org) + nMYp-
(aq) n(AminaH+)pMYp-(org) + pXn-
(aq) (Eq. 3.7)
Onde:
n = carga do ânion X
26
M = íon metálico
MY = complexo contendo o metal
p = carga do complexo aniônico MY
A formação do complexo metálico se dá pela substituição do ânion formado no sal da amina
pelo ânion contendo o metal presente na fase aquosa. Alguns fatores podem influenciar este
sistema, como: tipo de diluente, natureza do ânion, concentração das espécies envolvidas, etc.
Na extração com aminas primárias, secundárias ou terciárias é necessário a protonação destas
antes de serem usadas como extratantes. A protonação de aminas acontece quando estas são
contatadas com ácidos inorgânicos, como, por exemplo, os ácidos sulfúrico, clorídrico ou
nítrico (RITCEY & ASHBROOK, 1984).
Em geral, a tendência a extrair nitratos e halocomplexos (ou sais) segue a seguinte ordem: sais
quaternários > aminas terciárias > aminas secundárias > aminas primárias, no entanto, os
compostos quaternários são raramente utilizados comercialmente por motivos econômicos
(THORTON, 1992). A natureza do grupo alquila é muito importante para a extração: as
aminas alifáticas são geralmente extratantes melhores, e as aromáticas, principalmente quando
o anel encontra-se ligado diretamente ao nitrogênio, são extratantes menos eficientes
(THORTON, 1992).
Extratantes de Solvatação
A extração do íon metálico por extratantes de solvatação é baseada na substituição da água de
solvatação que envolve a espécie metálica na fase aquosa por moléculas de solvente, como
representado na equação:
MXp(H2O) (aq) + qS MXpSq (org) + q H2O (Eq. 3.8)
Onde:
M = íon metálico
X = ânion
MXp(H2O) = sal hidratado
S = extratante de solvatação
27
Em geral, os extratantes de solvatação são menos seletivos, extraindo um amplo número de
complexos neutros e ácidos livres. Assim como os extratantes aniônicos, a extração do metal
depende da extensão da formação do complexo aniônico na fase aquosa (THORTON, 1992).
Mistura de Extratantes
A extração sinergística é um importante método para aumentar a eficiência de extração e
melhorar a seletividade em alguns casos (TONG et al., 2009). De acordo com Habashi
(1999), a força de extração de uma mistura de solventes excede a soma das forças de extração
dos componentes. Este fenômeno é denominado sinergismo e é observado para uma ampla
variedade de mistura de extratantes. Por exemplo:
- Ácidos alquil-fosfóricos com alquil-aminas;
- Misturas de éteres;
- Misturas de cetonas;
- Adição de extratantes neutros a extratantes quelantes (NISHIHAMA et al., 2001). Em tais
sistemas, as moléculas de água solvatadas pelas espécies extraídas são substituídas pelo
extratante neutro, tornando as espécies mais hidrofóbicas, provocando um aumento na razão
de distribuição; etc.
Há um número muito grande de extratantes disponíveis no mercado. A opção pelo extratante
deve considerar os requisitos citados anteriormente e a eficiência de extração e reextração da
espécie a ser removida. Na TAB. 3.4 são apresentados alguns extratantes e sua aplicação
comercial.
28
TABELA 3.4: Alguns extratantes utilizados na extração por solventes
Classes de Extratantes Tipo Estrutura Exemplos Uso Comercial
Extratantes Ácidos (não quelantes)
Ácidos Carboxílicos
Ácido Versático Separação de Cu/Ni, extração de Ni, recuperação de Y.
Ácidos Fosfóricos
DEHPA Extração de urânio, extração de terras raras, separação de Cu/Ni, extração de Zn, etc.
Ácidos Fosfínicos
Cyanex 272 Separação de Co/Ni, extração
de Fe e Zn, separação de terras raras.
Ácidos Fosfônicos EHEHPA
(IONQUEST 801 ou PC 88A)
Separação de Cu/Ni, separação de terras raras.
Extratantes Ácidos
(quelantes)
Hidroxioximas
LIX 63 Extração de Cu, extração de Ni.
2-hidroxibenzofenona
oximas
LIX64 Extração de Cu, extração de Ni
Extratantes Básicos
Aminas Primárias
Primene JMT Nenhum uso comercial conhecido.
Aminas Terciárias
Alamina 336
Extração de urânio, extração de cobalto a partir de meio
clorídrico, extração de tungstênio, extração de
vanádio, etc.
Aminas Quaternárias
Aliquat 336 Extração de vanádio, outros usos possíveis para cromo,
tungstênio, urânio, etc.
Extratantes de Solvatação Éster Fosfórico.
TOPO
Refinamento de U3O8, reprocessamento de
combustível nuclear, extração de Fe, separação de Zr / Hf,
separação de Nb / Ta, separação de TR, extração de
ouro.
(Fonte: Adaptada de RITCEY e ASHBROOK, 1984 e de FLETT, 2005).
29
3.7.3.2. Diluentes
O diluente é necessário para reduzir a viscosidade do extratante, fornecer uma concentração
adequada de extratante para a extração do metal da fase aquosa e para reduzir a tendência do
extratante de formar emulsões, melhorando a dispersão e a coalescência (THORTON, 1992).
Os principais pré-requisitos necessários para um líquido ser usado como diluente são:
- Ser capaz de solubilizar o extratante e o modificador (ampla escala);
- Ser capaz de solubilizar o complexo metálico a ser extraído;
- Apresentar baixíssima solubilidade em água;
- Apresentar baixa viscosidade;
- Possuir alto ponto de fulgor, baixas volatilidade e tensão superficial;
- Ter baixo custo e disponibilidade no mercado.
Os principais diluentes utilizados em hidrometalurgia são frações cruas do petróleo que
variam em proporções de compostos alifáticos, aromáticos e naftênicos (THORTON, 1992).
3.7.3.3. Modificadores
A principal função de um modificador no processo de extração por solventes é evitar a
formação de uma terceira fase durante o processo; e também, evitar a formação de emulsão. A
formação de terceira fase ocorre quando o complexo metal – extratante formado tem
solubilidade limitada no solvente utilizado. Então, este complexo tende a separar-se em uma
terceira fase de densidade intermediária à do solvente e à da fase aquosa.
A presença de uma terceira fase dificulta muito o processo de extração por solventes, por isso,
são adicionados os modificadores ao solvente. Um modificador também precisa ser solúvel na
fase orgânica, insolúvel na fase aquosa, possuir baixo custo e estar disponível no mercado.
Estes compostos orgânicos, em geral, são moléculas que contenham oxigênio, como alcoóis,
fenóis e éteres de cadeia longa (THORTON, 1992).
3.7.3.4. Processo de extração por solventes de TR – Estado da Arte
A separação comercial dos ETR está baseada principalmente no uso de quatro reagentes que
representam três classes de extratantes: tri-n-butilfosfato (TBP), aminas quaternárias, ácido
versático e ácido di-2-etilhexilfosfórico (DEPHA). O principal problema encontrado no
30
processo é que os fatores de separação de pares de ETR adjacentes estão na escala de 1,5 –
2,5, exigindo um grande número de estágios para a obtenção de produtos de elevada pureza
ou para separação de espécies adjacentes. Então, vários fluxogramas de extração são
realizados dentro de um alto grau de reciclo, para tornar possível a obtenção de dois ou três
produtos na mesma planta.
O extratante EHEHPA (ácido di-2-etilhexilfosfônico, mono-2-etilhexilester), também
conhecido com PC 88A e IONQUEST 801 (nomes comerciais), tem sido extensivamente
usado para extração de TR devido à sua habilidade de não extrair o cálcio e necessitar de
baixa concentração de ácido na extração e reextração (SINGH et al., 2008).
Mishra et al. (2000) investigaram a purificação simultânea de Dy e Tb em um circuito
complexo em contracorrente de extração por solventes utilizando PC 88A parcialmente
saponificado como extratante a partir de um concentrado com 50% de Dy2O3, 14% de Tb4O7,
10% de Gd2O3, 2.4% de Ho2O3 e 21% de Y2O3 proveniente de etapas de purificação
posteriores ao processamento da monazita. Os autores utilizaram modelos matemáticos
empíricos para predizer a concentração do íon metálico nas fases aquosa e orgânica e a partir
destes modelos um programa computacional foi desenvolvido para otimizar as condições em
um circuito em cascata de extração por solventes em contracorrente. O fluxograma proposto
consiste de 54 estágios, objetivando a purificação do Dy e obtenção de um concentrado de Tb
através do fracionamento do concentrado alimentado em quatro componentes: Gd e outros TR
leves ficam no rafinado na etapa de extração; Tb, que é menos extraído que o Dy sai na
primeira etapa de lavagem; o Dy que é menos extraído que o Y sai numa outra etapa de
lavagem e; o Y e outros ETR pesados são reextraídos completamente obtendo um
concentrado de Y na etapa de reextração. Os autores obtiveram um Dy com pureza e
recuperação de 97 % e 93 %, respectivamente.
Disprósio de grau nuclear foi obtido por Singh et al. (2008) a partir de um concentrado de TR
pesadas (67% de Y2O3, 22% de Dy2O3, etc.) através de um circuito duplo de extração por
solventes com EHEHPA. Neste circuito, Y e outros ETR pesados são separados na fase
orgânica no primeiro ciclo composto de 12 estágios de extração, 10 de lavagem com solução
de HCl 1,5 mol L-1 e 4 de reextração com solução de HCl 3,5 mol L-1, saindo Dy, Gd, Tb, Sm,
etc. no rafinado, que é utilizado como alimentação no segundo ciclo. No segundo ciclo
composto de 8 estágios de extração, 16 de lavagem com solução de HCl 1,5 mol L-1 e
reextração com solução de HCl 3,5 mol L-1 em bancada, o Dy é separado na fase orgânica,
saindo Tb e Gd no rafinado. Neste estudo, quilogramas de Dy2O3 com pureza superior a 98 %
31
foram produzidos e foi obtido como subproduto um concentrado de Tb com 54 % de pureza e
outro de Y com 93 %.
Anitha e outros (2009) também estudaram a obtenção de disprósio de grau nuclear a partir de
um concentrado de Y (> 60 %) obtido do processamento da monazita através de um processo
de extração por solventes em contracorrente operando em dois ciclos com 54 estágios
utilizando EHEHPA como extratante. No primeiro ciclo, Y, Ho e Er são separados do Dy e
dos outros ETR leves; e, no segundo ciclo, Gd e Tb são separados do Dy. O Dy e outros ETR
leves saem no rafinado do primeiro ciclo que é a alimentação do segundo ciclo. Além disso,
entre os dois ciclos, operações de precipitação na forma de oxalato, calcinação e redissolução
foram incorporadas para controle da acidez da solução alimentação. Os autores obtiveram
Dy2O3 com 97 % de pureza e 99 % de recuperação.
Li (2000) apresenta uma revisão sobre alguns sistemas de extração para separação de TR:
Cyanex 272 e Cyanex 302. Para ambos o autor apresenta o efeito do pH de equilíbrio e os
fatores de separação para os sistemas TR3+ - Cyanex 272 - HCl e TR3+ - Cyanex 302 - HNO3.
Masson e Cunha (2002) estudaram a extração individual dos elementos TR (do térbio ao
itérbio) e do ítrio em meio clorídrico utilizando IONQUEST 801 diluído em parafina como
extratante, o objetivo do trabalho foi identificar as condições adequadas ao fracionamento de
licores com composição química similar aos obtidos durante o processamento de
concentrados de xenotima brasileira em nível de acidez inferior aos usualmente praticados.
Em acidez de 0,8 mol L-1, os autores obtiveram uma eficiência de extração de Yb e Tm
superior a 95 % enquanto a do Tb permaneceu em 30 % indicando a possibilidade de
separação deste elemento; além disso, em acidez de 0,7 mol L-1, os resultados evidenciaram a
possibilidade de se efetuar o fracionamento Y/Yb e consequente recuperação de 68 % do
itérbio no extrato e de 72 % do ítrio no rafinado.
Uma instalação de extração por solventes é bastante simples em relação à tecnologia dos
equipamentos e sistemas associados, mas a química e a dinâmica do processo são
extremamente complexas, muitas vezes, envolvendo dezenas de variáveis interligadas, que
precisam ser otimizadas para alcançar os resultados esperados. Modelos computacionais, em
particular, modelos baseados em “artificial neutral network” (ANN) têm sido testados para
predizer a razão de distribuição de equilíbrio em função da composição da fase aquosa para as
TR. O modelo ANN combinado a modelos de balanço de massa foram utilizados na separação
de Nd/Pr em escala industrial (ANITHA & SINGH, 2008).
32
Thakur (2000) estudou a separação de Dy e Y utilizando os extratantes DEHPA e PC 88A. A
partir de dados experimentais obtidos para o Gd, dados para os outros ETR foram derivados,
modelos matemáticos representando o comportamento de extração dos ETR foram também
derivados e incorporados a um programa computacional para estimar o teor dos ETR nas
fases orgânica e aquosa visando um circuito de extração por solventes em cascata. Após
otimização dos parâmetros fundamentais, quantidades substanciais de Dy com pureza e
recuperação de 97 % e 93 %, respectivamente e Y com pureza e recuperação de 93 % e 95 %,
respectivamente, foram produzidos.
Nakamura et al. (2007) investigaram a separação e recuperação de ETR a partir de resíduos
de material fluorescente através da técnica de extração por solventes usando IONQUEST 801
como extratante. As expressões de equilíbrio de extração foram estabelecidas para os ETR.
De acordo com os autores, usando o processo de simulação, a separação e recuperação de Eu,
Tb e Y pode ser alcançada em duas etapas através de cascatas de misturadores – decantadores
em contracorrente juntamente com precipitação com ácido oxálico, seguida por processos de
lavagem e extração em batelada.
As informações disponíveis na literatura fornecem um guia para solucionar problemas,
entretanto, a separação e purificação dos ETR por trocadores catiônicos, como DEHPA e
EHEHPA, dependem de vários fatores como acidez da alimentação, razão de fases, teor do
metal na solução aquosa, etc; e as condições otimizadas relativas a estes parâmetros são
definidas para cada aplicação única (SINGH et al., 2008).
Nas últimas décadas, a extração sinergística tem atraído à atenção de muitos pesquisadores
(TONG et al., 2009). Várias combinações de reagentes têm sido propostas para
enriquecimento da transferência de massa e da cinética; alguns sistemas sinergísticos
aplicados às TR são, por exemplo, mistura de EHEHPA e hidroxiquinolinas, extratantes
organofosforados com dois grupos funcionais para melhorar o fator de separação, etc
(RITCEY, 2006). Recentemente, a extração de ETR com ácido sec-octilfenóxi acético (CA
12), um ácido carboxílico desenvolvido na China e suas misturas com extratantes ácidos
organofosforados tem sido investigada (TONG et al., 2009).
A extração sinergística de TR com mistura de 1-fenil-3-metil-4-benzoil-5-pirazolona
(HPMBP), um agente quelante, com CA 12 em meio clorídrico foi investigada por Tong et al.
(2009). Os fatores de separação para todos os ETR foram determinados para HPMBP sozinho
e para a mistura de extratantes investigada. O fator de separação para o par Lu/Yb com a
33
mistura (HPMPB + CA 12) foi muito superior ao encontrado com o HPMPB, indicando
aplicação prática na separação destes elementos.
Tong et al. (2009) estudaram a extração de TR em meio clorídrico utilizando uma mistura de
ácido sec-nonilfenóxi acético (CA 100) com ácido bis (2,4,4-trimetilpentil) ditiofosfínico
(Cyanex 301) ou ácido bis(2,4,4-trimetilpentil) monotiofosfínico (Cyanex 302) diluídas em n-
heptano; neste trabalho o coeficiente sinergístico, o mecanismo de extração e as funções
termodinâmicas foram determinadas para o La3+.
Sun et al. (2005) investigaram a extração sinergística de Y a partir de outros ETR pesados em
meio clorídrico utilizando mistura de ácido CA 12 e Cyanex 272 em n-heptano. Os fatores de
separação para o Y e os outros ETR foram determinados e o mecanismo de extração para
Er3+.
34
Capítulo 4
4. Trabalho Experimental
A obtenção do óxido cérico de elevada pureza a partir do licor sulfúrico contendo
principalmente os ETR leves foi realizada pela técnica de oxidação seletiva / precipitação
química e o estudo de separação do térbio a partir da amostra de carbonato de ETR pesados
foi investigado pela técnica de extração por solventes.
4.1. Reagentes e Soluções
Neste item são apresentados os reagentes e as soluções utilizadas nesse trabalho, conforme os
tópicos: obtenção do óxido cérico de elevada pureza e estudo do fracionamento dos ETR
pesados por extração por solventes.
4.1.1 Obtenção do óxido cérico de elevada pureza
A amostra de ETR estudada nesta etapa foi fornecida pelas Indústrias Nucleares do Brasil
S.A. – INB. Trata-se de um licor sulfúrico de TR com grande concentração dos ETR leves
(La, Ce, Pr, Nd) obtido da abertura da monazita com ácido sulfúrico após a remoção de tório e
urânio (AMARAL, 2006).
O licor sulfúrico utilizado nesta etapa foi inicialmente purificado através da precipitação do
sulfato duplo de TR e Na pela adição de sulfato de sódio. O sólido obtido foi convertido a
hidróxido de TR mediante reação metatética com NaOH e solubilizado com HCl diluído para
continuação da separação do cério dos outros ETR pela técnica de precipitação química e
posterior purificação do produto de cério obtido (ABREU et al., 2007). A caracterização
química dos principais constituintes presentes no licor sulfúrico, no sulfato duplo, no
hidróxido de TR e no licor clorídrico está apresentada na TAB. 4.1.
35
TABELA 4.1: Principais espécies presentes nas amostras utilizadas neste estudo
Amostra TR2O3a Ce+3 Fe+3 PO4
-3 SO4-2 Na+ Cl-
Licor sulfúrico (g L-1)b 37,8 14,8 0,38 20,2 94,0 - -
Sulfato Duplo (% p/p) 43,6 17,5 < 0,001 0,95 50,6 8,0 -
Hidróxido de TR (% p/p) 80,2 31,7 < 0,001 0,08 0,80 0,15 -
Solução clorídrica (g L-1) 40,6 16,0 < 0,001 0,04 0,40 0,08 26,2a TR2O3 = óxido de TR totais b Densidade = 1,122 g mL-1
A mistura de KMnO4 e Na2CO3 (ambos 0,2 mol L-1) foi preparada pela dissolução dos dois
sais em água destilada. O ácido de caro (H2SO5 – 26 % p/p) usado como agente oxidante foi
preparado pela reação de ácido sulfúrico concentrado e peróxido de hidrogênio (50%) na
relação de 3:1, em banho de resfriamento e agitação vigorosa. A solução clorídrica contendo a
mistura de Ce e Mn utilizada na etapa de purificação foi preparada pela solubilização do
sólido em solução de HCl (3,0 mol L-1).
4.1.2. Estudo do fracionamento dos ETR pesados por extração por solventes
A amostra de ETR estudada nesta etapa também foi fornecida pelas Indústrias Nucleares do
Brasil S.A. – INB. Trata-se de um carbonato de Terras Raras (TR), que contém os ETR
pesados, principalmente Tb, Dy, Ho, Er e Y, obtido a partir do fracionamento dos ETR em
grupos e estocado para desenvolvimento de processo de obtenção dos ETR individuais.
A solução clorídrica utilizada nos ensaios de extração foi preparada pela dissolução do
carbonato de TR pesadas em ácido clorídrico diluído (4,0 mol L-1). A solução obtida com teor
de aproximadamente 150 g L-1 de TR totais e pH 4,5 foi diluída para realização dos
experimentos de extração para um teor de aproximadamente 30 g L-1 e pH alterado de acordo
com cada teste. A solução sulfúrica utilizada nos testes de extração foi preparada pela
dissolução do carbonato de TR pesadas em ácido sulfúrico diluído (1,5 mol L-1), obtendo-se
uma solução com teor aproximado de TR totais de 63 g L-1 e pH 4,8. Esta também foi diluída
para teor aproximado de TR totais de 30 g L-1 e acidificada para pH 1,0. Os extratantes
utilizados foram preparados em concentração de 1,0 mol L-1 a partir do extratante comercial
concentrado, com Exxsol D100 (querosene comercial) como diluente, sendo que o TOPO foi
preparado em concentração 0,25 mol L-1. No preparo das aminas (ALIQUAT, ALAMINE 336
36
e PRIMENE JMT) foram acrescentados 5 % de tridecanol, utilizado como modificador, às
soluções.
Os extratantes comerciais utilizados neste estudo foram:
- DEHPA (ácido di-2-etil-hexil fosfórico), 97 % p/p;
- CYANEX 272 (ácido bis-2,4,4-trimetilpentil-fosfínico), 99 % p/p;
- IONQUEST 801 (ácido 2-etilhexilfosfônico mono-2-etilhexil ester), 97 % p/p;
- LIX 63 (5,8-dietil-7-hidroxidodecano-6-oxima), 2,27 mol L-1;
- LIX 984 N (composto de uma mistura de oximas: 5-nonalsalicilaldoxima e 2-hidroxi-5-
nonalacetofenona oxima), 1,66 mol L-1 oxima;
- LIX 612 N-LV (mistura de 5-nonalsalicilaldoxima e um modificador de baixa viscosidade),
1,79 mol L-1 oxima;
- ALIQUAT (sal de amônia quaternária), 88,2 – 90,6 % sal quaternário;
- ALAMINE 336 (tri-octil/decil amina), 95 – 100 % amina terciária;
- PRIMENE JMT (amina primária alifática), 98 % p/p;
- TOPO (tri-n-octilfosfato).
O DEHPA, IONQUEST 801 e TOPO, marca Albright & Wilson – Americas, foram
fornecidos pela Pecos Brasil Ltda. O CYANEX 272, marca Cytec Canada Ing., foi fornecido
pela Cytec do Brasil Ltda. Os extratantes da série LIX e as aminas foram fornecidos pela
Cognis do Brasil Ltda. O Exxsol D-100 (querosene purificado) foi fornecido pela Exxson
Química.
Os estudos de lavagem / reextração foram realizados com soluções de ácido clorídrico em
diferentes concentrações preparadas com água destilada.
4.2. Caracterização das amostras e acompanhamento analítico
A caracterização das amostras e o controle analítico de todas as etapas do estudo foram
realizados da seguinte forma: os teores de Fe e Na foram determinados por absorção atômica,
o teor de TR totais por gravimetria, o teor de PO43- por espectrometria de absorção molecular,
o teor de ETR individuais por espectrometria de energia de raios-X (sistema Kevex)
(MORAIS & CIMINELLI, 2001; 2004) e o teor de SO42- por turbidimetria ou gravimetria,
dependendo da amostra. Os produtos sólidos foram caracterizados por difração de raios-X.
37
4.3. Metodologia
A metodologia experimental adotada para a realização deste trabalho apresenta-se dividida em
duas partes: obtenção do óxido cérico de elevada pureza e estudo do fracionamento dos ETR
pesados, com o objetivo de se obter o térbio de elevada pureza.
4.3.1. Obtenção do óxido cérico de elevada pureza
Este subitem encontra-se dividido conforme as duas etapas do estudo de separação /
purificação do cério: recuperação do cério e purificação do produto de cério obtido.
4.3.1.1. Separação do cério
A separação do cério foi realizada através da técnica de oxidação seletiva / precipitação
química. Os experimentos foram realizados em béquer de 250 mL em temperatura ambiente
(25 ± 1 ºC), com agitação magnética e, monitoramento do pH e do potencial eletroquímico.
Para a oxidação do cério foram testados os seguintes agentes oxidantes: H2SO5 (26 % p/p),
KMnO4 (0,2 mol L-1), H2O2 (50%). A TAB. 4.2 apresenta as condições experimentais dos
testes realizados:
TABELA 4.2: Condições Experimentais dos testes realizados para a separação do cério
Ensaio Reagente Excesso de reagente Temperatura
1 H2SO5/CO32- 50 % Ambiente
2 H2O2/CO32- 50 % Ambiente
3 KMnO4/CO32- 50 % Ambiente
4 H2O2/uréia 10 vezes o estequiométrico / 2 g / g de Ce 90 ºC
Nestes experimentos foram utilizados 60 mL de solução clorídrica de TR obtida a partir da
solubilização do hidróxido de TR com solução de HCl e o pH final foi mantido em 3,0. O
controle do pH durante os experimentos foi realizado através da adição manual de solução de
Na2CO3 0,25 mol L-1. Na oxidação/hidrólise com peróxido de hidrogênio e uréia, adicionou-
se, primeiramente, a uréia sólida, aqueceu-se a solução até 70 ± 1 ºC e em seguida, adicionou-
se o peróxido de hidrogênio 50 %, a uma vazão constante e aquecimento até 90 ± 1 ºC. Como
os melhores resultados foram obtidos através da mistura KMnO4 e Na2CO3, os experimentos
38
subsequentes foram realizados com esta mistura. Nestes experimentos utilizou-se 100 mL de
solução clorídrica de TR. Investigou-se a influência das variáveis: pH inicial e final, excesso
de KMnO4, razão molar KMnO4/Na2CO3 e tempo de reação.
Após a precipitação, a solução com o precipitado obtido foi filtrada em funil de Buchner com
adaptador de vácuo, o sólido lavado com água destilada e seco a 100 ± 1 ºC.
4.3.1.2. Purificação do precipitado de Ce/Mn
O produto composto de hidróxido de cério e dióxido de manganês obtido pela oxidação do
cério com KMnO4/Na2CO3 foi solubilizado com solução de HCl 3,0 mol L-1 a 70 ± 1 º C, sob
agitação mecânica por 1 hora. O cério foi precipitado seletivamente como oxalato através da
adição de solução de ácido oxálico (10 % p/p) e como hidróxido através da adição de solução
de hidróxido de amônio (3,0 mol L-1) em pH controlado. Os experimentos de precipitação
foram realizados em béquer de 250 mL em temperatura ambiente utilizando 100 mL de
solução clorídrica, com agitação mecânica e monitoramento do pH. Finalmente, o produto foi
calcinado em cadinho de porcelana por 1 hora a 900 ± 1 ºC para obtenção do CeO2.
4.3.2. Estudo do fracionamento dos ETR pesados por extração por solventes
O estudo com a amostra de carbonato de TR pesadas foi dividido em duas etapas: testes
descontínuos e testes contínuos. Para os experimentos em meio clorídrico, inicialmente, a
amostra foi solubilizada com solução de HCl (4 mol L-1) utilizando 27 % de sólidos em
temperatura ambiente, sob agitação mecânica por 1 hora. Para os experimentos em meio
sulfúrico, 70 g da amostra foram solubilizados com H2SO4 (1,5 mol L-1) até volume final de
500 mL em temperatura ambiente, sob agitação mecânica por 1 hora.
Primeiramente, os testes descontínuos visaram à definição do extratante mais adequado para a
separação dos ETR pesados. Foram testados os extratantes organofosforados: DEHPA,
IONQUEST 801 e CYANEX 272; os extratantes quelantes: LIX 612N, LIX 984N e LIX 63;
os extratantes aniônicos: ALAMINE 336, ALIQUAT 336 e PRIMENE JMT; e uma mistura
de DEHPA e TOPO. Os extratantes organofosforados e quelantes foram utilizados para testes
em meio clorídrico e sulfúrico, as aminas em meio sulfúrico e a mistura de DEHPA e TOPO
em meio clorídrico.
39
Os ensaios descontínuos de extração foram realizados em béquer de 150 mL, utilizando 20
mL da fase aquosa e 20 mL da fase orgânica, em temperatura ambiente (25 ± 1 °C), com
agitação mecânica constante. A separação das fases foi realizada em funil de separação de 60
mL, com tempo de separação cronometrado. Após separação, as fases aquosas e orgânicas
foram encaminhadas para análise dos ETR individuais.
FIGURA 4.1: Esquema utilizado em laboratório para processo descontínuo.
Nesta etapa investigou-se a influência das principais variáveis envolvidas no processo: tipo e
concentração do extratante, acidez e concentração de TR na solução alimentação, tempo de
contato e relação volumétrica entre as fases.
Após a definição das condições ótimas de extração, foram realizados testes de lavagem e
reextração utilizando solução de HCl. Para os experimentos de lavagem / reextração, foram
preparadas duas soluções orgânicas, uma de DEHPA e outra de IONQUEST 801. A solução
de DEHPA-TR foi preparada mediante contado do DEHPA (1 mol L-1) com a solução
clorídrica contendo 30 g L-1 TR totais e 0,3 mol L-1 H+, na relação de fases (O/A) = 1,5. A
solução de IONQUEST 801-TR foi preparada de forma similar, utilizando IONQUEST 801
(1 mol L-1), relação de fases (O/A) = 1, solução clorídrica contendo 30 g L-1 TR totais e 0,3
mol L-1 H+.
Na etapa de reextração, a influência da concentração do ácido foi investigada no intervalo de
0,5 a 5,0 mol L-1. O tempo de contato foi de 10 minutos e a relação volumétrica entre a fase
orgânica e aquosa foi de 1.
40
Na etapa de lavagem, investigou-se o comportamento do sistema DEHPA-TR e IONQUEST-
TR em diferentes concentrações de HCl e relações de fases. Para o IONQUEST, as condições
investigadas foram: HCl 0,5 molL-1 e 1,0 molL-1; e O/A de 4/1 e 6/1. Para o DEHPA utilizou-
se HCl 1,5 molL-1 e 2,0 molL-1 nas relações O/A também de 4/1 e 6/1.
Os ensaios descontínuos de lavagem / reextração foram realizados em béquer de 150 mL,
utilizando 20 mL da fase aquosa (solução de HCl) e 20 mL da fase orgânica, em temperatura
ambiente (25 ± 1 °C), com agitação mecânica constante (500 RPM). As fases aquosas e
orgânicas foram separadas em funil de separação de 60 mL, com tempo cronometrado.
Posteriormente, foram construídas as curvas de equilíbrio e Diagrama McCabe-Thiele de
extração e reextração a fim de determinar o número de estágios teóricos necessários para a
realização dos ensaios contínuos. As isotermas foram construídas mediante experimentos
sucessivos de esgotamento da fase orgânica e carregamento da fase aquosa.
Os ensaios contínuos de extração por solventes foram realizados para confirmação e
otimização dos parâmetros estudados e definidos em bancada. Foram 370 horas de operação.
O circuito para os testes contínuos foi montado com baterias de células misturador-
decantador, construídas em acrílico, com capacidade de 70 mL no misturador e 250 mL no
decantador. Cada estágio do circuito é constituído de um misturador e um decantador. A
agitação no misturador é realizada por meio de hélices acionadas por um motor elétrico de
velocidade controlada. A separação de fases no decantador ocorre por gravidade, devido à
diferença de densidade das fases aquosa e orgânica.
FIGURA 4.2: Bateria de células misturador/decantador usadas em testes contínuos.
41
A alimentação nos diversos pontos do circuito é realizada por bombas peristálticas acopladas
em controladores de vazão que fornecem vazões constantes. A fase orgânica flui do
misturador, pela parte superior, para um pequeno compartimento com abertura inferior, que
alimenta o decantador. Neste compartimento, o orgânico é succionado para o estágio seguinte.
A fase aquosa flui por uma abertura na parte inferior do decantador para o misturador
seguinte, em contracorrente com a fase orgânica. Após a etapa de reextração, o orgânico
regenerado é recirculado.
As vazões dos fluxos de alimentação foram medidas a cada hora de operação e foram
coletadas amostras do rafinado e reextrato a cada duas horas para análise. Ao final de cada dia
de operação, o sistema era desligado e no dia seguinte reiniciava-se a operação; e, ao final de
cada experimento, desligava-se o circuito e coletava-se amostras das fases orgânica e aquosa
no decantador de cada célula para análise e construção do perfil do teor dos ETR nas
diferentes etapas do processo.
4.4. Materiais e Equipamentos
Neste item é apresentada uma listagem dos equipamentos e materiais utilizados neste
trabalho.
4.4.1. Obtenção do óxido cérico de elevada pureza
Medidor de pH e de potencial eletroquímico – DIGIMED DM22;
Balança semi-analítica marca Marte, modelo AS5500;
Agitadores mecânicos – IKA LABORTECHNIK RW 20.N;
Cronômetro – CONOBIO SW 2018;
Banho maria;
Hélices de vidro;
Eletrodo de hidrogênio;
Eletrodo de Ag/AgCl;
Balões volumétricos, provetas, pipetas, béqueres e demais vidrarias comuns de
laboratório químico.
42
4.4.2. Estudo do fracionamento dos ETR pesados por extração por solventes
Ensaios descontínuos:
Medidor de pH – DIGIMED DM22;
Eletrodo de hidrogênio;
Agitadores mecânicos – IKA LABORTECHNIK RW 20.N;
Cronômetro – CONOBIO SW 2018;
Hélices de vidro;
Balões volumétricos, provetas, pipetas, béqueres, funis de separação e demais
vidrarias comuns de laboratório químico.
Ensaios contínuos:
Células misturador / decantador, construídas em acrílico;
Bombas peristálticas – Master Flex modelo digital e analógico;
Controladores de velocidade;
Medidor de pH – DIGIMED DM22;
Eletrodo de hidrogênio.
43
Capítulo 5
5. Obtenção do óxido cérico de elevada pureza
A separação do cério foi realizada mediante precipitação utilizando a técnica de
oxidação/hidrólise do metal. O estudo de obtenção do cério de elevada pureza foi divido em
duas etapas: (i) separação do cério dos demais ETR; (ii) purificação do precipitado de Ce/Mn.
Antecedeu-se aos estudos a preparação da solução de cloreto de terras raras, conforme
exposto no capítulo quatro. As concentrações dos ETR presentes no licor sulfúrico fornecido
pela INB estão apresentadas na TAB. 5.1 enquanto a caracterização química dos principais
constituintes deste licor e da solução de cloreto de terras raras utilizada para a separação do
cério dos demais ETR está apresentada na TAB. 5.2.
TABELA 5.1: Concentração dos ETR individuais no licor sulfúrico
ETR individuais La Ce Pr Nd Sm Gd Tb Dy Y
Teor (g L-1) 6,76 14,8 1,71 6,08 0,87 0,56 0,03 0,13 0,57
TABELA 5.2: Principais espécies presentes no licor sulfúrico e na solução de cloreto de TR
Amostra TR2O3a Ce+3 Fe+3 PO4
-3 SO4-2 Na+ Cl-
Licor sulfúrico (g L-1) 37,8 14,8 0,38 20,2 94,0 - -
Solução clorídrica (g L-1) 40,6 16,0 < 0,001 0,04 0,40 0,08 26,2a TR2O3 = óxido de TR totais
5.1. Separação do cério
Em meio ácido a oxidação do Ce (III) a Ce (IV) só é possível através da adição de oxidantes
fortes. Neste trabalho investigou-se a eficiência dos seguintes agentes oxidantes: ácido de caro
(H2SO5), peróxido de hidrogênio (H2O2) e permanganato de potássio (KMnO4). As equações
químicas referentes a cada oxidante estão apresentadas a seguir.
H2SO5
H2SO5 + 2H+ + 2Ce3+ 2Ce4+ + H2O + H2SO4 Eo298K = 0,37V (Eq. 5.1)
44
H2O2
H2O2 + 2H+ + 2Ce3+ 2Ce4+ + 2H2O Eo298K = 0,34V (Eq. 5.2)
KMnO4
3Ce3+ + MnO4- + 4H+ 3Ce4+ + MnO2 (s) + 2H2O Eo
298K = 0,24V (Eq. 5.3)
De acordo com as reações acima, a oxidação do Ce3+ a Ce4+ é espontânea para todos os
oxidantes investigados.
Como o hidróxido de Ce (IV) (Ce(OH)4) é menos solúvel que os hidróxidos dos demais TR
trivalentes (TR(OH)3) - (Kps ~10-54 e Kps ~10-22, respectivamente), é possível separar o Ce
(IV) dos TR trivalentes mediante precipitação seletiva. Isto pode ser realizado mediante a
adição de uma base fraca juntamente com o agente oxidante. Neste trabalho, investigou-se a
adição do carbonato sódio (Na2CO3) juntamente com os oxidantes investigados e a hidrólise
da uréia na presença de peróxido de hidrogênio.
A hidrólise da uréia inicia-se em temperatura próxima de 90ºC, de acordo com a reação:
(NH2)2CO + H2O 2NH3 + CO2 (Eq. 5.4)
Durante a hidrólise ocorre a liberação de moléculas de amônia contribuindo para um aumento
gradativo do pH e, em conseqüência, ocorre a precipitação do hidróxido de cério (IV), antes,
da precipitação dos hidróxidos dos outros ETR.
4NH3 + 4H2O + Ce4+ Ce(OH)4 + 4NH4+ (Eq. 5.5)
A oxidação via adição de solução de permanganato associada ao ajuste do pH com solução de
Na2CO3 conduz a uma precipitação do Ce junto com Mn. Após a precipitação, o sólido obtido
necessita ser purificado para a obtenção do CeO2 de elevada pureza (MORAIS et al., 2003;
ABREU & MORAIS, 2010).
Os resultados dos experimentos para cada oxidante estão apresentados na TAB. 5.3. Nos
experimentos de 1 a 3 foi utilizado 50 % de excesso do agente oxidante e o pH foi ajustado
para 3,0 com solução de Na2CO3 0,25 mol.L-1. O experimento 4 foi realizado nas condições
otimizadas por UMEDA (1976), ou seja, 10 vezes a relação estequiométrica do oxidante
(H2O2) e 2,0 g de uréia por grama de cério contido na amostra. A solução de cloreto de terras
45
raras apresentou potencial inicial de 500 mV (potencial medido com eletrodo de referência
Ag/AgCl). O potencial final de cada solução após a adição do oxidante, a recuperação de
cério e os teores dos principais constituintes de cada precipitado estão apresentados na TAB.
5.3.
TABELA 5.3: Resultados experimentais dos testes de oxidação do cério e teor de cério, outros ETR,
sulfato, fosfato e manganês no precipitado para os diferentes tipos de reagentes
Experimento Reagente Potencial máximo (mV)
pH final
Ce (%)
Outros TR (%)
SO42-
(%) PO4
3- (%)
Mn (%)
Recuperação de Ce (%)
1 H2SO5/CO32- 890 2,90 26,5 22,1 12,1 13,4 - 17,5
2 H2O2/CO32- 600 2,94 25,0 20,0 14,9 15,3 - 17,0
3 KMnO4/CO32- 1080 3,05 57,5 < 0,02 0,41 2,5 13,9 99,9
4 H2O2/uréia 610 5,50 33,8 27,7 7,74 0,33 - 8,3
Conforme apresentado na TAB. 5.3, os maiores resultados de potencial foram obtidos para o
H2SO5 e o KMnO4. Pode-se observar que a recuperação de Ce obtida com os oxidantes H2SO5
e H2O2 (Experimentos 1, 2 e 4) não foi satisfatória. Nestes experimentos ocorreu co-
precipitação de outros elementos terras raras. Durante todos os testes de
oxidação/precipitação, foi observada a formação de bolhas e odor de Cl2 (g), indicando a
ocorrência da reação competitiva de oxidação do Cl- a Cl elementar, uma vez que as reações
foram realizadas em meio clorídrico.
Experimentos realizados com uma solução clorídrica com o mesmo teor de Cl- da solução de
TR apresentaram potenciais máximos semelhantes aos apresentados na TAB. 5.3 para todos
os oxidantes usados, confirmando assim a oxidação do Cl-.
Este resultado está coerente com as reações de oxi-redução dos oxidantes utilizados com o íon
cloreto apresentadas abaixo. Como pode ser observado pela diferença de potencial das
reações, o Cl- é mais facilmente oxidado a Cl elementar que o Ce3+ a Ce4+.
H2SO5 + 2H+ + 2Cl- 2Cl2 + H2O + H2SO4 Eo298K = 0,45V (Eq. 5.6)
H2O2 + 2H+ + 2Cl- 2 Cl2 + 2H2O Eo
298K = 0,42V (Eq. 5.7)
2MnO4- + 8H+ + 3Cl- 3 Cl2 + 2MnO2 (s) + 4H2O Eo
298K = 0,32V (Eq. 5.8)
46
Para evitar a competição entre a oxidação do cério e do cloreto, torna-se necessário o controle
da concentração de cloreto na solução clorídrica obtida a partir da dissolução do hidróxido de
cério. Observou-se experimentalmente que a cinética de oxidação do Cl- a Cl é favorecida
pelo aumento da acidez da solução. Desta forma, o controle do pH também é importante
durante o preparo da solução.
Durante a realização dos experimentos 1 e 2 observou-se a turvação da solução já em pH
próximo de 1,2. Tendo em vista o teor de ETR totais na solução de cloreto de TR, não é
previsto a precipitação do hidróxido de TR neste pH. Isto pode ser explicado pela precipitação
dos ETR na forma de sulfato e fosfato. Não foi possível fazer a identificação das fases
cristalinas dos sólidos obtidos por difração de raios X, devido à presença apenas de sólidos
amorfos. Porém, a precipitação destes compostos pode ser confirmada pela analise química
dos precipitados, onde se observou uma elevada concentração de sulfato e fosfato nos
precipitados dos experimentos 1 e 2 e de sulfato no experimento 4 (TAB. 5.3). Isto indica que
a presença dos ânions SO42- e PO4
3- são interferentes importantes, mesmo em concentração
baixa, como a apresentada na solução de cloreto de TR. Isso ocorre devido à formação de sais
insolúveis dos ETR com estes íons em pH abaixo do pH de formação do hidróxido de
Ce (IV).
Entre os oxidantes testados apenas o permanganato foi efetivo na oxidação do Ce3+ a Ce4+,
visto que para este experimento, a concentração de outros ETR no precipitado foi de apenas
0,024 %, enquanto nos experimentos com os outros oxidantes, a concentração de TR2O3 ficou
entre 22 – 28 % (TAB. 5.3). A elevada concentração dos demais ETR no precipitado obtido
com a mistura H2O2/uréia (experimento 4) pode ser devido ao valor do pH final (5,5), que já
favorece a precipitação do hidróxido dos ETR trivalentes.
Como os melhores resultados foram obtidos através da mistura KMnO4 e Na2CO3, os
experimentos subsequentes foram realizados com esta mistura. Nos experimentos
subsequentes, investigou-se a influência do pH inicial e final, do excesso de KMnO4, da razão
KMnO4/Na2CO3 e do tempo de reação.
5.1.1. Efeito da razão molar KMnO4/Na2CO3
Durante a adição do KMnO4 observa-se que embora o potencial da solução aumente
bruscamente passando de 500 mV para 1000 mV e que ocorra um ligeiro aumento do pH da
solução (passando de pH próximo de 0,8 para pH próximo de 1,4), não há formação de
47
precipitado. O aumento do pH mediante a adição de KMnO4 é previsto na Eq. 5.3. De acordo
com a literatura a precipitação do Ce(OH)4 se dá em pH acima de 2,0 (ABRÃO, 1994). Logo,
torna-se necessário elevar o pH da solução para a ocorrência da precipitação do cério. O
ajuste do pH foi realizado mediante adição de solução de Na2CO3 em paralelo à adição da
mistura contento o oxidante. A utilização da mistura de KMnO4 / Na2CO3 é justificada pelo
aumento da estabilidade da solução de permanganato na presença de um composto de caráter
básico quando comparada a sua estabilidade em meio ácido ou neutro.
O efeito da razão molar KMnO4/Na2CO3 foi investigado no intervalo de 0,2/0 a 0,2/0,4. Neste
intervalo não foi observado nenhum efeito tanto na recuperação como na pureza do
precipitado de cério obtido. Desta forma, optou-se por trabalhar com a solução
KMnO4/NaCO3 na relação molar 0,2/0,2 mol L-1 e em paralelo adicionar uma solução de
Na2CO3 pura para manter o pH nos níveis desejados.
5.1.2. Efeito do pH
A separação do cério dos demais ETR por esta técnica exige um controle rigoroso do pH. Para
soluções muito ácidas (pH inicial ~ 0), a reação de oxidação do Cl- a Cl2 (Eq. 5.8) é
favorecida, aumentando o consumo de KMnO4. Isto exige cuidados no preparo da solução de
cloreto de terras raras a partir do hidróxido de TR. O pH inicial da solução de TRCl3 ideal
identificado é próximo de 1.
O pH final foi investigado no intervalo de 2,5 a 3,4. No controle do pH final, verificou-se que
quando o pH aumenta de 2,5 para 3,4, ocorre um aumento na recuperação de cério, no
entanto, observa-se uma diminuição na pureza. O pH final de precipitação superior a 3
favorece a precipitação de outros elementos terras raras, contaminando o precipitado. A
influência do pH final na recuperação e pureza de cério é apresentada na FIG. 5.1.
Considerando a recuperação e pureza do cério, o pH final ideal para a precipitação é 3,0.
48
2,4 2,6 2,8 3 3,2 3,4
pH Final
90
92
94
96
98
100
Rec
uper
ação
(%)
90
92
94
96
98
100
Pur
eza
(%)
RecuperaçãoPureza
FIGURA 5.1: Influência do pH final na recuperação do cério e sua pureza.
5.1.3. Efeito do excesso de permanganato
No presente estudo, o excesso de MnO4- foi investigado no intervalo de 10 a 50 %. A FIG. 5.3
apresenta a influência do excesso de permanganato em função da recuperação e pureza de
cério.
10 20 30 40 50
Excesso de KMnO4 (%)
40
50
60
70
80
90
100
Rec
uper
ação
(%)
40
50
60
70
80
90
100P
urez
a (%
)
RecuperaçãoPureza
FIGURA 5.2: Influência do excesso de MnO4
- sobre a recuperação e pureza do produto de cério
obtido.
De acordo com FIG. 5.2, a recuperação do cério variou de 40 a 99,9 %, quando o excesso de
permanganato aumentou no intervalo estudado. Acima de 30 % de excesso, foi observado um
aumento pouco significativo na recuperação do cério. Pode se observar também que o excesso
49
de oxidante não afeta a pureza do precipitado de cério. Os experimentos subsequentes foram
realizados com 40% de excesso de KMnO4.
5.1.4. Efeito do tempo de reação sobre a oxidação e precipitação do cério
O efeito do tempo foi investigado no intervalo de 15 a 150 minutos. O tempo de reação
começou a ser cronometrado após término da adição do oxidante e após o pH final se
apresentar no nível desejado (pH próximo de 3,0). Observou-se que o tempo de 15 minutos
foi suficiente para a precipitação completa do cério. A análise dos precipitados por difração de
raios-X, indicou a presença de sólidos amorfos independente do tempo de reação. Para a
geração do sólido usado nos experimentos de purificação do Ce, o tempo adotado foi de 30
minutos.
O sólido obtido foi analisado por XPS para identificação da presença de Mn (IV). As medidas
de Mn 2p em XPS permitiram a determinação de MnO2 no precipitado. Depois de seco a 100
± 1 ºC, a composição química do precipitado foi determinada como: 69,2 % de CeO2, 14,5 %
de MnO2, 0,05 % de Pr6O11, 0,06 % de Nd2O3 e 16,0 % de H2O. O teor de cério na solução foi
de 0,008 g L-1, indicando um rendimento superior a 99 % na precipitação do cério.
5.2. Purificação do precipitado de Ce/Mn
Para o estudo de purificação do cério foi utilizado um precipitado de Ce/Mn obtido nas
condições: excesso de 40% de oxidante, pH final de 3,0, tempo de reação de 30 minutos e
temperatura ambiente. O estudo visou à eliminação do Mn do precipitado. O precipitado
obtido mediante oxidação do Ce com KMnO4 apresentou um teor de 69,2 % de CeO2 e 14,5
% de MnO2. A purificação do cério foi realizada através da dissolução completa do
precipitado, utilizando HCl 3,0 mol L-1, com posterior precipitação seletiva do cério.
Os reagentes usados nos ensaios de purificação do precipitado de cério contaminado com
manganês foram: ácido oxálico (H2C2O4) e hidróxido de amônio (NH4OH). No caso do
reagente NH4OH foram realizados testes em diferentes pHs: 5,0, 7,0 e 8,0. No caso da
precipitação do cério como oxalato, utilizou-se 10 % de excesso de ácido oxálico. O
rendimento da reação foi de 98,1 %, e o teor de Mn no sólido foi de 0,07 %. Nos
experimentos de precipitação do cério como hidróxido mediante adição de solução de NH4OH
em pH 5,0 e 7,0, a recuperação do cério foi insignificante. No experimento com NH4OH em
50
pH 8,0, obteve-se um rendimento superior a 99,8 %. Neste caso o teor de Mn no precipitado
foi de 0,42 %. O teor de SO42- foi de 0,5% no precipitado obtido com H2C2O4 e de 2,6 % no
precipitado com NH4OH. Não foi observada a presença de PO43- em nenhum destes sólidos.
Finalmente, os produtos obtidos foram calcinados em cadinho de porcelana por 1 hora a
900ºC. As composições obtidas foram: 99 % de CeO2, 0,81 % de MnO2, 0,1 % de Pr6O11,
0,1% Nd2O3 - hidróxido de cério; 99,5 % de CeO2, 0,11 % de MnO2, 0,1 % de Pr6O11, 0,1 %
Nd2O3 – oxalato de cério. O rendimento global da recuperação do cério foi superior a 98 %.
51
Capítulo 6
6. Estudo do fracionamento dos ETR pesados por extração por solventes -
Experimentos descontínuos
Os experimentos descontínuos visaram à definição das melhores condições de separação dos
ETR pesados. Nesta etapa foram investigadas as seguintes variáveis de processo: tipo e
concentração do agente extratante, concentração de TR e acidez na fase aquosa, relação
volumétrica entre as fases aquosa e orgânica, tempo de contato e concentração do agente
reextratante.
Para a realização dos experimentos de extração por solventes foi utilizada a amostra de
carbonato de TR fornecida pela INB que foi solubilizada através da adição de solução de
ácido clorídrico ou sulfúrico. A TAB. 6.1 apresenta o teor de ETR individuais na amostra de
carbonato de terras raras pesadas e nos licores clorídrico e sulfúrico, obtidos a partir do
carbonato.
TABELA 6.1: Caracterização dos ETR presentes nas amostras utilizadas
Teor Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Y Fe
Carbonato de TR (% em óxidos) 0,01 < 0,004 0,05 2,30 8,71 1,05 1,84 31,02 0,08
Licor clorídrico (g L-1) < 0,004 < 0,004 0,24 8,5 31,3 4,1 6,3 108,5 -
Licor sulfúrico diluído (g L-1) < 0,004 < 0,004 0,044 1,3 4,8 0,58 1,0 24,8 -
Para obtenção de um determinado elemento na forma individual em elevada pureza a partir
desta amostra, é necessário efetuar um corte entre dois elementos adjacentes no início ou no
fim da série lantanídica, considerando esta a partir do elemento Tb, já que os principais
constituintes da amostra são os ETR pesados. Segundo Peppard (1958, 1961), o elemento Y
apresenta comportamento de extração situado entre os elementos Ho (Z = 67) e Er (Z = 68) na
série lantanídica quando DEHPA é usado como extratante.
52
6.1. Ensaios de extração por solventes
6.1.1. Definição do agente extratante
A separação dos ETR trivalentes é baseada na pequena diferença de basicidade ao longo da
série lantanídica. Os extratantes neutros agem por mecanismo de solvatação, enquanto os
ácidos e básicos por troca iônica. No caso dos extratantes ácidos, que extraem através de sua
base conjugada, a extração aumenta à medida que aumenta o número atômico na série
lantanídica, já que as espécies apresentam maior caráter ácido (MORAIS & CIMINELLI,
2007). De acordo com Sato (1989), a eficiência de extração dos ETR com DEHPA e
IONQUEST segue a seguinte ordem: La < Ce < Pr < Nd < Sm < Eu < Gd < Tb < Dy < Ho <
Er < Tm < Yb < Lu. No caso de extratantes básicos, a seqüência de extração irá depender do
sistema em estudo. Em meio nítrico ou sulfúrico, o comportamento é inverso ao observado
para extratantes ácidos. A extração aumenta à medida que decresce o número atômico
(MORAIS & CIMINELLI, 2007).
Sabe-se que os extratantes organofosforados extraem espécies catiônicas, enquanto as aminas
extraem espécies aniônicas ou neutras (MORAIS & CIMINELLI, 2007). Em meio clorídrico,
os ETR encontram-se em forma catiônica, todavia, em meio sulfúrico eles podem formar
espécies aniônicas.
A primeira etapa do estudo visou a definição do extratante mais adequado para a separação de
um dos ETR pesados presente no licor. Foram testados extratantes ácidos em meio clorídrico
e sulfúrico e extratantes básicos em meio sulfúrico. Dentre os extratantes ácidos, foram
investigados extratantes quelantes e não quelantes, a saber: DEHPA, IONQUEST 801 e
CYANEX 272 (não quelantes); LIX 612N, LIX 984N e LIX 63 (quelantes). Os extratantes
básicos investigados foram: ALAMINE 336, ALIQUAT 336 e PRIMENE JMT. Realizou-se
também um experimento em meio clorídrico com uma mistura de DEHPA com um extratante
de solvatação (TOPO), com objetivo de avaliar possível efeito sinergístico da mistura. Todos
os extratantes foram preparados em concentração de 1,0 mol L-1, com exceção do TOPO na
mistura, cuja concentração foi de 0,25 mol L-1. A escolha dos extratantes foi realizada em
função da sua disponibilidade. As condições experimentais dos ensaios foram: relação
volumétrica entre as fases igual a 1 (20 mL de fase aquosa e 20 mL de fase orgânica), tempo
de contato de 10 min, teor de 30 g L-1 de TR totais na solução alimentação e pH inicial igual a
1,0. A TAB. 6.2 apresenta a porcentagem de extração de ETR para cada extratante testado.
53
TABELA 6.2: Porcentagem de Extração de ETR para diferentes tipos de agentes extratantes
Extratante
Porcentagem de extração (% - em óxidos)
Meio clorídrico Meio sulfúrico
Tb Dy Ho Y Er Tb Dy Ho Y Er
DEHPA 41,43 61,11 73,13 81,32 84,17 55,4 72,9 89,1 90,7 90,1
CIANEX 272 0,00 7,41 8,96 10,26 19,17 7,7 4,2 5,2 11,7 6,0
IONQUEST 14,29 29,63 46,27 58,61 70,83 15,4 27,1 50,0 62,5 67,0
LIX 612N <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 8,33 7,7 2,1 <0,01 2,4 <0,01
LIX 984N <0,01 3,7 1,49 1,83 8,33 7,7 2,1 1,7 6,0 1,0
LIX 63 7,14 <0,01 28,36 <0,01 8,33 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 1,2
ALAMINE 336 - - - - - <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
ALIQUAT - - - - - <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
PRIMENE - - - - - 77,7 75,0 72,4 64,1 67,0
DEHPA + TOPO 7,69 23,08 34,85 42,0 45,2 - - - - -
Nas condições experimentais investigadas, tanto em meio clorídrico como em meio sulfúrico,
os extratantes do tipo LIX, ALAMINE e ALIQUAT não se mostraram eficientes, e o
CYANEX mostrou-se menos eficiente que os demais. Quando se utilizou DEHPA ou
IONQUEST como extratante, houve maior porcentagem de extração dos ETR mais pesados.
Além disso, pode-se observar um aumento na extração ao longo da série à medida que
aumenta o número atômico. Com o extratante PRIMENE houve uma inversão do
comportamento observado para os extratantes organofosforados, ocorrendo uma maior
porcentagem de extração dos ETR mais leves. A mistura de DEHPA / TOPO comportou-se
como os extratantes organofosforados, no entanto, a porcentagem de extração foi inferior.
Com os extratantes organofosforados, o comportamento do Y se apresentou situado entre os
elementos Ho e Er, conforme observado por Peppard (1958, 1961).
A separação de duas espécies só é possível se os coeficientes de distribuição destas espécies
forem distintos. Como o fator de separação entre duas espécies relaciona os respectivos
coeficientes, quanto mais próximo da unidade mais árdua a separação. A TAB. 6.3 apresenta
o fator de separação para os pares de ETR adjacentes com os extratantes DEHPA,
IONQUEST e PRIMENE nos meios clorídrico e sulfúrico.
54
TABELA 6.3: Fator de separação para diferentes extratantes em meio sulfúrico e clorídrico
Sistema / Fator de separação Tb/Dy Dy/Ho Ho/Er Ho/Y Y/Er
DEHPA - HCl 2,2 1,7 2,0 1,6 1,2
DEHPA – H2SO4 2,2 2.0 1.5 1,2 1,1
IONQUEST - HCl 2,5 2.2 2.3 1,7 1,2
IONQUEST– H2SO4 2,1 2.1 2.0 1,7 1,2
DEHPA/TOPO - HCl 2,0 1,7 1,6 1,7 1,0
PRIMENE – H2SO4 1,2 1,1 1,3 1,5 1,1
Conforme observado, o fator de separação entre os elementos adjacentes é muito baixo,
indicando o grau de dificuldade da separação dos elementos adjacentes. Os fatores de
separação obtidos para o IONQUEST foram ligeiramente superiores aos obtidos para o
DEHPA. Em meio sulfúrico, os fatores de separação para os ETR adjacentes foram
ligeiramente inferiores aos observados para o meio clorídrico (TAB. 6.3).
Conforme apresentado na TAB. 6.3, extratante PRIMENE se mostrou menos eficiente que os
extratantes organosfosforados, já que os fatores de separação para esse extratante foram ainda
menores que aqueles obtidos com DEHPA e IONQUEST. Além disso, nos experimentos com
esse extratante ocorreu precipitação dos ETR, devido à elevação do pH. Logo, outros
procedimentos foram adotados para estes ensaios. Primeiramente, tentou-se a protonação do
extratante através do contato com o H2SO4 anteriormente ao contato com a fase aquosa. No
entanto, os resultados não foram satisfatórios. E então, tentou-se a diminuição do pH da fase
aquosa de 1,0 para 0,3, para a realização do ensaio de extração com PRIMENE. Os resultados
deste último experimento foram os apresentados nas TAB. 6.2 e 6.3.
Michelsen e Smutz (1970) estudaram a separação de Y, Ho e Er em meio clorídrico através da
técnica de extração por solventes utilizando o DEHPA para uma acidez final de 1,0 mol L-1,
os fatores de separação para os pares Er/Y, Y/Ho e Er/Ho obtidos foram 1,39, 2,02 e 2,81,
respectivamente. Sato (1989) obteve para o sistema TR3+ - HCl - DEHPA os fatores: 1,42 para
Tb/Dy, 1,76 para Tb/Ho, 2,98 para Tb/Er, 1,24 para Dy/Ho, 2,10 para Dy/Er e 1,70 para
Ho/Er. Gshneider (1980) obteve os seguintes fatores de separação para o sistema clorídrico de
ETR trivalentes com IONQUEST 801: 2,0 para Tb/Dy, 2,1 para Dy/Ho e 2,1 para Ho/Er.
Thakur (2000) cita os seguintes fatores de separação para os sistemas DEHPA e IONQUEST
em meio clorídrico: 2,11 Tb/Dy, 1,94 Dy/Ho, 1,91 Y/Ho e 1,18 Er/Y para DEHPA; e, 2,71
Tb/Dy, 1,80 Dy/Ho, 1,78 Y/Ho e 1,30 Er/Y para IONQUEST. Os fatores de separação para os
ETR adjacentes para os sistemas TR3+ - HCl – DEHPA e TR3+ - HCl - IONQUEST são
55
inferiores aos encontrados por Michelsen e Smutz (1970), maiores que os encontrados por
Sato (1989) e Gshneider (1980) e estão bem próximos dos citados por Thakur (2000) (TAB.
6.3).
A partir destes resultados (TAB. 6.2 e 6.3), optou-se pela continuidade do estudo apenas em
meio clorídrico, uma vez que a solubilidade dos ETR trivalentes neste meio é bem maior que
em meio sulfúrico (ABRÃO, 1994) e devido à maior parte dos trabalhos da literatura usar o
meio clorídrico (RITCEY, 2006). Na etapa de reextração, um licor aquoso deve ser carregado
com o ETR de interesse, logo devido à maior solubilidade dos ETR em meio clorídrico, este é
o mais indicado. Além disso, durante os experimentos, observou-se que para os extratantes
DEHPA e IONQUEST, os sistemas constituídos de meio clorídrico apresentaram
comportamento mais favorável (melhor coalescência entre as fases) que os apresentados em
meio sulfúrico. Portanto, a investigação das outras variáveis envolvidas na etapa de extração
foi conduzida em meio clorídrico utilizando os extratantes DEHPA e IONQUEST.
6.1.2. Variação da acidez da fase aquosa
Após a definição dos extratantes, foram realizados experimentos para determinar o pH ótimo
da fase aquosa.
De acordo com Ritcey e Ashbrook (1984), todo extratante ácido usado no processo de
extração libera um íon hidrogênio para a extração do íon metálico; quanto mais metal é
extraído mais íon hidrogênio é liberado, o que resulta em um decréscimo no pH do sistema e,
conseqüentemente, um decréscimo na quantidade de metal extraído. Tanto DEHPA como
IONQUEST liberam um íon hidrogênio para cada molécula que combina com o metal; o
número de moléculas de extratantes envolvidas na formação da espécie extraída depende do
estado de oxidação ou número de coordenação do íon metálico e do número de sítios em que a
ligação pode ocorrer com o extratante. Os ETR se apresentam em solução aquosa como íons
trivalentes, no entanto, apresentam comportamento bastante diferente dos outros íons
metálicos trivalentes. Como os íons Ln3+ são maiores, há um aumento do número de
coordenação, que pode variar de 6 a 12 tanto no estado sólido quanto em solução, sendo os
números de coordenação 8 e 9 os mais comuns (MARTINS & ISOLANI, 2005).
Um aumento no pH do sistema pode acarretar na hidrólise do íon metálico, impedindo sua
extração. A diminuição do pH pode resultar na protonação do extratante. Se o extratante não é
capaz de ionizar devido à concentração de H+ no meio, também não será capaz de complexar
56
o íon metálico, não ocorrendo a extração. Logo, em baixos valores de pH, a extração diminui
devido à protonação do extratante, e em altos valores de pH, a extração diminui devido à
hidrólise da espécie metálica (RITCEY & ASHBROOK, 1984).
A acidez da fase aquosa foi investigada no intervalo de 0,3 a 4,0 mol L-1 com DEHPA e no
intervalo de 0,3 a 3,0 mol L-1 com IONQUEST, ambos em meio clorídrico. As condições
experimentais dos ensaios foram: teor de TR totais de aproximadamente 30 g L-1, relação
volumétrica entre as fases igual a 1,0, tempo de contato de 10 minutos e concentração do
extratante de 1,0 mol L-1. Os resultados obtidos para o DEHPA e para o IONQUEST estão
apresentados nas FIG. 6.1 e 6.2, respectivamente.
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
Concentração de HCl (mol/L)
0102030405060708090
100
Ext
raçã
o (%
)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
FIGURA 6.1: Influência da acidez da fase aquosa na extração de ETR pesados com DEHPA.
57
FIGURA 6.2: Influência da acidez da fase aquosa na extração de ETR pesados com IONQUEST.
De acordo com as FIG. 6.1 e 6.2, à medida que aumenta a concentração de HCl, ocorre um
decréscimo na porcentagem de extração de ETR e os ETR são extraídos em proporções cada
vez mais próximas, sem seletividade alguma, o que não é interessante para o presente
trabalho. A TAB. 6.4 apresenta a porcentagem de extração dos ETR em diferentes
concentrações de HCl para os extratantes utilizados e a TAB. 6.5 os fatores de separação
obtidos.
TABELA 6.4: Porcentagem de extração para DEHPA e IONQUEST em diferentes concentrações de
HCl
Extratante [HCl]
(mol L-1)Porcentagem de Extração (%)
Tb Dy Ho Y Er
DEHPA 0,3 33,8 56,0 72,1 83,9 83,0
4,0 7,1 18,9 25,0 35,8 28,1
IONQUEST 0,3 7,7 22,0 32,8 51,1 51,0
3,0 7,1 7,6 12,5 14,7 9,1
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Concentração de HCl (mol/L)
0
10
20
30
40
50
60
Ext
raçã
o (%
)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
58
TABELA 6.5: Fator de separação para DEHPA e IONQUEST na acidez 0,3 e 1,0 mol L-1
Sistema / Fator de Separação Acidez (mol L-1)
Tb/Dy Dy/Ho Ho/Er Ho/Y Y/Er
DEHPA - HCl 0,3 2,5 2,0 1,9 2,0 1,1
DEHPA - HCl 1,0 2,3 1,6 1,9 2,1 1,1
IONQUEST - HCl 0,3 2,7 1,4 3,1 2,1 1,5
IONQUEST - HCl 1,0 2,5 1,5 2,6 1,9 1,4
De acordo com as TAB. 6.4 e 6.5, a porcentagem de extração com DEHPA é superior à obtida
com IONQUEST, porém os fatores de separação foram ligeiramente inferiores (FIG. 6.1 e
6.2). Os melhores fatores de separação para ambos os extratantes foram obtidos em acidez de
0,3 e 1,0 mol L-1 para o DEHPA e o IONQUEST.
A investigação das outras variáveis envolvidas na etapa de extração se estendeu em meio
clorídrico, com o extratante DEHPA em acidez inicial da fase aquosa de 0,3, 1,0 e 4,0 mol L-1
e com IONQUEST em acidez inicial da fase aquosa de 0,3 e 1,0 mol L-1.
6.1.3. Variação da concentração do extratante
Para determinar a concentração ideal de DEHPA e IONQUEST, foram realizados ensaios
com 0,5, 1,0, 1,5 e 2,0 mol L-1, teor aproximado de TR totais de 30 g L-1, relação de fases A/O
= 1 e tempo de contato de 10 minutos. Os resultados estão apresentados na FIG. 6.3.
0 0,5 1 1,5 2 2,5
DEHPA (mol/L)
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Poc
enta
gem
de
Ext
raçã
o (%
)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
0 0,5 1 1,5 2 2,5
DEHPA (mol/L)
0102030405060708090
100
Poc
enta
gem
de
Ext
raçã
o (%
)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
FIGURA 6.3a: Influência da concentração de DEHPA em acidez inicial de 0,3 mol L-1.
FIGURA 6.3b: Influência da concentração de DEHPA em acidez inicial de 1,0 mol L-1.
59
0 0,5 1 1,5 2 2,5
DEHPA (mol/L)
0102030405060708090
100
Poc
enta
gem
de
Ext
raçã
o (%
)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
FIGURA 6.3c: Influência da concentração de DEHPA em acidez inicial de 4,0 mol L-1.
0 0,5 1 1,5 2 2,5
IONQUEST (mol/L)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Poc
enta
gem
de
Ext
raçã
o (%
)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
0 0,5 1 1,5 2 2,5
IONQUEST (mol/L)
0102030405060708090
100
Poc
enta
gem
de
Ext
raçã
o (%
)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
FIGURA 6.3d: Influência da concentração de IONQUEST em acidez inicial de 0,3 mol L-1.
FIGURA 6.3e: Influência da concentração de IONQUEST em acidez inicial de 1,0 mol L-1.
De acordo com as FIG. 6.3, observa-se um aumento da extração dos ETR com o aumento da
concentração do extratante. Tal fato pode ser explicado pelo aumento dos sítios disponíveis
do extratante para a extração da espécie metálica. No entanto, para o DEHPA 2,0 mol L-1 e
acidez inicial de 0,3 mol L-1, a extração de todos os ETR presentes no licor é superior a 90 %,
o que não é interessante, pois dificulta a separação de um elemento individual. Para o DEHPA
em acidez inicial de 0,3 ou 1,0 mol L-1, a concentração ideal de DEHPA é 1,0 mol L-1, pois é
a condição em que o Tb é pouco extraído e os outros ETR presentes são extraídos em
porcentagem superior a 40 %, possibilitando a separação; o fator de separação foi de 2,3. Para
a acidez inicial de 4,0 mol L -1, com DEHPA como extratante, os fatores de separação obtidos
foram inferiores àqueles obtidos com o mesmo extratante em acidez inicial inferior. Isso pode
ser justificado pelo fato de que uma maior concentração de H+ no meio deslocar o equilíbrio
da reação de extração para o sentido contrário ao desejado.
Para o IONQUEST, sua concentração ideal é de 1,0 mol L-1 em acidez inicial 0,3 mol L-1,
neste caso, o fator de separação foi de 2,7. Na acidez de 1,0 mol L-1 observa-se que a
60
porcentagem de extração dos elementos Tb e Dy estão mais próximas e os fatores de
separação foram inferiores àqueles obtidos em menor acidez, dificultando a separação.
6.1.4. Variação da relação volumétrica entre as fases (A/O)
Os ensaios para investigação da relação de fases foram realizados com DEHPA e com
IONQUEST (ambos 1,0 mol L-1), em acidez da fase aquosa em 0,3 e 1,0 mol L-1, teor
aproximado de TR totais de 30,0 g L-1, relação volumétrica entre a fase igual a 1,0 e tempo de
contato de 10 minutos. Variou-se a relação A/O de 1/3 a 3/1. Os resultados obtidos estão
apresentados na FIG. 6.4.
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
A/O
0102030405060708090
100
Poc
enta
gem
de
Ext
raçã
o (%
)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
A/O
0102030405060708090
100P
ocen
tage
m d
e E
xtra
ção
(%)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
FIGURA 6.4a: Influência da relação de fases A/O em acidez inicial de 0,3 mol L-1 para o DEHPA.
FIGURA 6.4b: Influência da relação de fases A/O em acidez inicial de 1,0 mol L-1 para o DEHPA.
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
A/O
0
20
40
60
80
100
Poc
enta
gem
de
Ext
raçã
o (%
)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
A/O
0102030405060708090
100
Poc
enta
gem
de
Ext
raçã
o (%
)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
FIGURA 6.4c: Influência da relação fases A/O em acidez inicial de 0,3 mol L-1 para o IONQUEST.
FIGURA 6.4d: Influência da relação de fases A/O em acidez inicial de 1,0 mol L-1 para o IONQUEST.
De acordo com a FIG. 6.4, há uma queda na extração com o aumento da relação de fases
(A/O). O IONQUEST se mostrou mais seletivo que o DEHPA. De acordo com Morais e
Ciminelli (2003) e considerando a teoria ácido / base duro e mole, a simetria dos quatro
61
átomos de oxigênio ao redor do átomo de fósforo no DEHPA é responsável pelo maior caráter
de base dura para a base conjugada deste extratante em relação à base conjugada do
IONQUEST. Como os íons lantanídeos preferem se ligar a bases duras, o DEHPA extrai mais
que o IONQUEST, o que também pode explicar o falta de seletividade observada para este
extratante. Para o DEHPA, os fatores de separação para o par Tb/Dy foram ligeiramente
superiores: 2,7 para o IONQUEST e 2,3 para o DEHPA nas condições A/O = 1 e acidez
inicial 0,3 mol L-1.
6.1.5. Variação da concentração de TR na fase aquosa
Para determinar a concentração ideal de TR na fase aquosa, variou-se o teor de TR totais na
fase aquosa no intervalo de 15 a 50 g L-1, com DEHPA e IONQUEST (ambos 1,0 mol L-1).
Mantiveram-se fixas as demais condições experimentais: acidez inicial da fase aquosa em 0,3
e 1,0 mol L-1, relação de fases A/O = 1 e tempo de contato de 10 minutos.
10 20 30 40 50 60
TR (mol/L)
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Poc
enta
gem
de
Ext
raçã
o (%
)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
10 20 30 40 50 60
TR (mol/L)
0102030405060708090
100
Poc
enta
gem
de
Ext
raçã
o (%
)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
FIGURA 6.5a: Influência da concentração de TR em acidez inicial de 0,3 mol L-1 com DEHPA.
FIGURA 6.5b: Influência da concentração de TR em acidez inicial de 1,0 mol L-1 com DEHPA.
10 20 30 40 50 60
TR (mol/L)
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Poc
enta
gem
de
Ext
raçã
o (%
)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
10 20 30 40 50 60
TR (mol/L)
0102030405060708090
100
Poc
enta
gem
de
Ext
raçã
o (%
)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
FIGURA 6.5c: Influência da concentração de TR em acidez inicial de 0,3 mol L-1 com IONQUEST.
FIGURA 6.5d: Influência da concentração de TR em acidez inicial de 1,0 mol L-1 com IONQUEST.
62
De acordo com a FIG. 6.5a, com DEHPA em acidez inicial de 0,3 mol L-1, não há nenhuma
seletividade para o teor de TR de 15 g L-1, todos os ETR são extraídos acima de 85 %. Neste
caso, a melhor condição é obtida para a concentração de TR de 30 g L-1, em que o Tb é pouco
extraído (~25 %). Para a acidez inicial de 1,0 mol L-1 com DEHPA (FIG. 6.5b), o maior valor
de fator de separação obtido para o par Tb/Dy foi na menor concentração de TR (15 g L-1), no
entanto, nessa condição, 48 % do Tb é extraído, o que não é interessante. Para a concentração
de TR de 30 g L-1, a extração de Tb é de 23 % e a extração de Dy é de 41 %. Nos teores de
TR de 40 e 50 g L-1, a eficiência de extração do Dy é muito baixa e a viscosidade do solventes
é muito elevada, indicando a super saturação do mesmo.
No caso do IONQUEST, em acidez inicial de 0,3 mol L-1, em baixo teor de TR ocorre
diminuição da seletividade. Em teor de TR de 30 g L-1 foi obtido o maior valor de fator de
separação (FS = 2,7) para o par Tb/Dy; nessa condição, a extração de Tb foi de 12,5 % e 27,5
% de Dy. Na acidez de 1,0 mol L-1, os melhores resultados também foram obtidos para o teor
de 30 g L-1 de TR. Além disso, foi observado que nessa acidez a influência da concentração
de TR na alimentação não é muito significativa (FIG. 6.5d).
6.1.6. Variação do tempo de contato
Os ensaios para investigação do tempo de contato entre as fases foram realizados com
DEHPA e com IONQUEST (ambos 1,0 mol L-1), em acidez da fase aquosa em 0,3 e 1,0 mol
L-1, teor aproximado de TR totais de 30 g L-1 e relação volumétrica entre a fase igual a 1.
Variou-se o tempo de contato de 5 a 15 minutos. Dentro do intervalo investigado, não foi
observado nenhuma influência significativa do tempo na extração dos ETR e no fator de
separação entre as espécies. Para a acidez inicial de 0,3 mol L-1, com DEHPA, 25,0 % do Tb
foi extraído e 46,8 % do Dy em 5 minutos de reação, e com 15 minutos, 31,2 % de Tb e
51,6% de Dy. Para o IONQUEST, em acidez inicial 0,3 mol L-1, 12,5 % do Tb foi extraído e
27,4 % do Dy em 5 minutos de reação, e com 15 minutos, 12,5 % de Tb e 24,2% de Dy.
6.1.7. Isoterma de extração – Diagrama de McCabe - Thiele
Após a definição das melhores condições de extração, a saber: concentração de extratante
(DEHPA ou IONQUEST) 1,0 mol L-1, acidez da alimentação entre 0,3 e 1,0 mol L-1 e 5
63
minutos de contato entre as fases; construiu-se a isoterma de extração em termos de ETR
totais extraídos e traçou-se o diagrama de McCabe-Thiele para se ter uma noção do número
de estágios teóricos e relação volumétrica entre as fases para os experimentos contínuos,
tendo em vista que nos experimentos é necessário considerar também as alterações devido à
etapa de lavagem. Para a construção da curva realizou-se o contato entre volumes distintos de
fases orgânica e aquosa, as relações volumétricas entre as fases (A/O) foram: (i) DEHPA: 1/7,
1/5, 1/3, 1/1, 1,2/1, 1,4/1, 1,5/1, 1,6/1, 1,8/1 e 2/1; (ii) IONQIEST: 1/7, 1/5, 1/3, 1/1, 2/1, 3/1,
3,5/1 e 4/1. As isotermas de extração / Diagrama de McCabe-Thiele para os dois extratantes
estão apresentadas na FIG. 6.6.
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Aquoso (g/L)
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Org
ânic
o (g
/L)
4 6 8 10 12 14 16 18 20
Aquoso (g/L)
0
5
10
15
20
25
Org
ânic
o (g
/L)
FIGURA 6.6a: Isoterma de extração para
DEHPA em acidez inicial 1,0 mol L-1.
FIGURA 6.6b: Isoterma de extração para
IONQUEST em acidez inicial 0,3 mol L-1.
A FIG. 6.6a indica a necessidade de 3 estágios de extração e uma relação volumétrica entre as
fases em torno de 0,7 para o DEHPA. A FIG. 6.6b indica a necessidade de 7 estágios de
extração e uma relação volumétrica entre as fases de 1,2 para o IONQUEST. Nestas
condições, obtém-se um carregamento da fase orgânica de 22,5 g L-1 de óxidos de TR totais.
Considerando um circuito contínuo em que a fase aquosa da lavagem se junta à fase aquosa
da extração, na programação dos experimentos contínuos deve-se considerar também a etapa
de lavagem, onde parte dos ETR extraídos são parcialmente reextraídos e novamente
extraídos na etapa de extração. Este fato pode acarretar em uma supersaturação do orgânico,
levando a formação de grude nas etapas de lavagem e extração. Isto pode ser resolvido
aumentando a relação volumétrica entre as fases ou reduzindo o teor de TR na fase aquosa.
Ao fazer estas alterações, o número teórico de estágios também já não será o obtido
experimentalmente ao se traçar o Diagrama de McCabe – Thiele; ou seja, o diagrama neste
caso serve para nos orientar no planejamento dos experimentos contínuos quanto ao
comportamento dos ETR.
64
6.2.Ensaios de Reextração
6.2.1. Influência da concentração do agente reexratante (HCl)
Os experimentos de reextração foram realizados com ácido clorídrico sendo sua concentração
investigada no intervalo entre 0,5 e 5,0 mol L-1, na relação volumétrica (O/A) igual a 1,0 com
os extratantes DEHPA e IONQUEST®801 carregados. O tempo de contato foi de 10 minutos
e o tempo de separação inferior a 1 minuto. O carregamento dos solventes foi obtido através
de um único contato descontínuo da fase orgânica com a fase aquosa durante 10 min. Para o
DEHPA, a razão volumétrica (A/O) foi 2/3 e para o IONQUEST foi 1/1. O teor de TR nos
solventes carregados está apresentado na TAB. 6.6.
TABELA 6.6: Teor de TR nos solventes carregados
Solvente / Teor (g L-1) Gd Tb Dy Ho Er Y TR Totais
DEHPA carregado <0,05 0,46 2,53 0,35 0,70 10,5 14,5
IONQUEST 801 carregado
<0,05 0,11 1,05 0,22 0,66 9,05 11,1
Os experimentos realizados em baixa concentração de HCl visaram a remoção do Tb extraído,
considerando a etapa de lavagem do circuito contínuo. Os resultados obtidos estão
apresentados nas FIG. 6.7.
0 1 2 3 4 5 6Concentração de HCl (mol/L)
0102030405060708090
100
Ree
xtra
ção
(%)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
FIGURA 6.7a: Influência da concentração de HCl na reextração de TR a partir do DEHPA..
65
0 1 2 3 4 5 6Concentração de HCl (mol/L)
0102030405060708090
100
Ree
xtra
ção
(%)
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Y2O3Er2O3
FIGURA 6.7b: Influência da concentração de HCl na reextração de TR a partir do IONQUEST.
De acordo com as FIG. 6.7a e 6.7b, a reextração dos ETR a partir do IONQUEST®801
carregado é mais eficiente quando comparada ao DEHPA. Quando 0,5 mol L-1 de HCl foi
utilizado com IONQUEST®801, 65% do Tb foi reextraído, enquanto no caso do DEPHA,
apenas 10% do Tb foi removido da fase orgânica. Isto significa que a etapa de lavagem,
objetivando a remoção do Tb co-extraído a partir do IONQUEST pode ser realizada em baixa
concentração de HCl e a reextração dos outros ETR pode ser realizado com HCl variando
entre 2,0 e 3,0 mol L-1. No entanto para o DEHPA, uma acidez de 5,0 mol L-1 de HCl, pode
ser necessária. A reextração com HCl 2,0 mol L-1 a partir do IONQUEST®801 é mais
eficiente que a reextração a partir do DEPHA com 5,0 mol L-1 de HCl (FIG. 6.7). Isto
significa que a separação do Tb a partir dos outros ETR pesados pode ser alcançada com
IONQUEST®801 utilizando menor acidez e um menor número de estágios na etapa de
reextração, quando comparada ao DEHPA.
6.2.2. Isoterma de reextração – Diagrama de McCbe Thiele
Na seqüência dos estudos, construiu-se a isoterma de reextração (curva de equilíbrio) e
traçou-se o diagrama de McCabe – Thiele, para a determinação do número teórico de estágios
e da relação volumétrica entre o orgânico alimentado e o reextratante (HCl), necessários para
o esgotamento do orgânico nos ensaios contínuos. Para a construção da curva de equilíbrio
foram realizados contatos sucessivos entre as fases aquosa e orgânica até atingir o
esgotamento do orgânico e o carregamento do aquoso: realizou-se 16 contatos para o
carregamento do aquoso e 4 contatos para esgotamento do orgânico. Para o sistema TR -
DEHPA, utilizou-se HCl 5,0 mol L-1 e 3,0 mol L-1 para TR - IONQUEST. As isotermas de
reextração obtidas para os dois extratantes com os respectivos diagramas de McCabe-Thiele
estão apresentadas na FIG. 6.8.
66
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Orgânico (g/L)
01020304050607080
90100
Aqu
oso
(g/L
)
0 2 4 6 8 10 12
Orgânico (g/L)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Aqu
oso
(g/L
)
FIGURA 6.8a: Isoterma de reextração para
DEHPA com HCl 5,0 mol L-1.
FIGURA 6.8b: Isoterma de reextração /
Diagrama de McCabe Thile para IONQUEST
com HCl 3,0 mol L-1.
Para o DEHPA, não foi possível desenhar o diagrama McCabe Thiele devido o formato em
“S” da isoterma de extração; este formato de isoterma está sempre associado à dificuldade de
reextração da espécie metálica de interesse (neste caso Dy, Ho, Er e Y) e indica a necessidade
de um elevado número de estágios de reextração. Para o IONQUEST, pode-se inferir a partir
do diagrama a necessidade de 5 estágios para a reextração dos ETR (Dy, Ho, Er e Y) com
HCl 3,0 mol L-1 em uma relação volumétrica entre as fases (A/O) de 6,3, quando se obtém um
reextrato com 70 g L-1 de TR totais.
6.3. Ensaios de lavagem
Os extratantes organofosforados extraem os ETR de maior número atômico preferencialmente
aos mais leves, no entanto, todos os metais em solução são extraídos embora em diferentes
proporções. No caso deste estudo, o interesse é que os elementos Dy, Ho, Y e Er sejam
extraídos pelo solvente, mantendo o Tb na fase aquosa (rafinado). A etapa de lavagem é
fundamental para retornar o Tb extraído para a fase aquosa. Utilizando uma solução de
lavagem (solução de ácido clorídrico) menos ácida pode-se reextrair preferencialmente o Tb
da fase orgânica.
Nesta etapa, investigou-se o comportamento do sistema DEHPA-TR e IONQUEST-TR em
diferentes relações de fase e concentração de HCl. Com base nos dados de reextração
apresentados nas FIG. 6.7a e 6.7b, as concentrações de HCl escolhidas foram de 1,5 e 2,0 mol
L-1 para o sistema DEHPA-TR e de 0,5 e 1,0 mol L-1 de HCl para o sistema IONQUEST-TR.
67
As relações de fases utilizadas foram O/A = 4 e O/A = 6. Os resultados destes experimentos
estão apresentados na TAB. 6.7.
TABELA 6.7: Porcentagem (%) de extração dos ETR na solução de lavagem
Sistema [HCl] (mol L-1)
O/A Tb Dy Ho Er Y FS (Tb/Dy)
DEHPA-TR 1,5 4 41,51 22,81 12,69 5,91 5,52 2,4
DEHPA-TR 1,5 6 37,74 23,39 11,44 4,42 4,60 2,0
DEHPA-TR 2,0 4 51,89 30,70 20,90 8,60 9,66 2,4
DEHPA-TR 2,0 6 47,17 27,49 16,42 7,53 6,44 2,4
IONQUEST - TR 0,5 4 38,33 17,14 5,00 5,23 5,00 3,0
IONQUEST - TR 0,5 6 25,56 11,43 3,26 3,33 3,33 2,7
IONQUEST - TR 1,0 4 55,00 33,93 25,00 12,95 11,07 2,4
IONQUEST - TR 1,0 6 54,44 30,95 23,48 12,58 11,19 2,7
Observa-se que em maior acidez, os ETR (Dy, Ho, Er e Y) são extraídos em maior proporção,
mesmo quando se utilizou uma menor relação de fases. Para o sistema DEHPA-TR em
concentração de HCl 1,5 molL-1, os fatores de separação obtidos para o par Tb/Dy foram 2,4 e
2,0 quando a relação de fases (O/A) passou de 4 para 6, enquanto para HCl 2,0 mol L-1, o FS
se manteve em 2,4. Para o IONQUEST, os fatores de separação obtidos foram superiores aos
obtidos utilizando DEHPA. O melhor fator de separação obtido nas condições investigadas
para o par Tb / Dy foi de 3,0.
Também foram realizados experimentos de remoção completa do Tb do orgânico carregado.
Para isso, foi realizado contato do mesmo orgânico carregado utilizado na etapa de reextração
com solução de HCl 0,5 e 1,5 mol L-1 para IONQUEST e DEHPA, respectivamente, na
relação volumétrica O/A = 5. Foram realizados 7 contatos sucessivos com cada extratante
carregado mantendo a mesma fase orgânica e adicionando solução de HCl nova a cada
contato. Os resultados estão apresentados na TAB. 6.8.
68
TABELA 6.8: Porcentagem (%) de extração dos ETR na solução de lavagem
Sistema Contato Teor de TR na fase orgânica (g L-1)
Fase orgânica inicial Fase orgânica final
Tb Dy Ho Y Er Tb Dy Ho Y Er
DEHPA-TR 1 0,53 2,60 0,40 13,20 0,71 0,31 1,98 0,34 12,22 0,66
DEHPA-TR 2 0,31 1,98 0,34 12,22 0,66 0,19 1,68 0,32 11,64 0,62
DEHPA-TR 3 0,19 1,68 0,32 11,64 0,62 0,12 1,44 0,31 11,18 0,59
DEHPA-TR 4 0,12 1,44 0,31 11,18 0,59 0,08 1,24 0,31 10,82 0,57
DEHPA-TR 5 0,08 1,24 0,31 10,82 0,57 0,05 1,08 0,31 10,52 0,55
DEHPA-TR 6 0,05 1,08 0,31 10,52 0,55 0,03 0,94 0,31 10,22 0,52
DEHPA-TR 7 0,03 0,94 0,31 10,22 0,52 0,02 0,84 0,31 9,94 0,49
IONQUEST-TR 1 0,16 1,20 0,25 10,60 0,72 0,12 1,05 0,23 10,20 0,70
IONQUEST-TR 2 0,12 1,05 0,23 10,20 0,70 0,10 0,93 0,23 9,84 0,68
IONQUEST-TR 3 0,10 0,93 0,23 9,84 0,68 0,08 0,84 0,23 9,54 0,67
IONQUEST-TR 4 0,08 0,84 0,23 9,54 0,67 0,07 0,76 0,23 9,24 0,66
IONQUEST-TR 5 0,07 0,76 0,23 9,24 0,66 0,06 0,72 0,23 8,98 0,64
IONQUEST-TR 6 0,06 0,72 0,23 8,98 0,64 0,06 0,63 0,23 8,72 0,63
IONQUEST-TR 7 0,06 0,63 0,23 8,72 0,63 0,05 0,54 0,23 8,50 0,62
Conforme observado, no caso do DEHPA, após os 7 contatos o teor de Tb na fase orgânica
que inicialmente era 0,53 gL-1 baixou para 0,02, enquanto o Dy reduziu de 2,6 para 0,84, o Ho
de 0,4 para 0,31, o Y de 13,2 para 9,94 e o Er de 0,71 para 0,49. Para o IONQUEST, o teor de
Tb no orgânico passou de 0,16 para 0,05 gL-1, enquanto o Dy reduziu de 1,2 para 0,54, o Ho
de 0,25 para 0,23, o Y de 10,6 para 8,5 e o Er de 0,72 para 0,62.
Considerando os experimentos contínuos e fazendo-se uma associação entre as etapas de
extração e de lavagem para o sistema TR - HCl - IONQUEST, na etapa de extração em acidez
inicial da alimentação de 0,3 mol L-1 foi obtido um FS de 2,7 (TAB. 6.5) e na etapa de
lavagem do orgânico carregado com HCl 0,5 mol L-1, um FS de 3,0, tem-se uma associação
dos fatores de separação destas etapas, sendo considerado 5,7 para o conjunto.
69
Capítulo 7
7. Separação do térbio por extração por solventes - Experimentos contínuos
Os experimentos contínuos foram realizados em células misturador / decantador com
capacidade de 70 mL no misturador e 250 mL no decantador durante 9 horas diárias, exceto
nos finais de semana. Até se obter uma boa separação do térbio foram totalizadas 370 horas
de operação em um período de 4 meses de duração e processados 103 litros de licor. O
circuito programado foi composto das etapas de extração, lavagem, reextração e regeneração
do solvente. Como agente extratante, usou-se o IONQUEST 801 na concentração de 1,0 mol
L-1. Durante a realização dos experimentos variou-se o número de estágios das etapas de
extração e lavagem e a concentração da solução de lavagem, no intervalo de 0,5 mol L-1 a
0,75 mol L-1. A etapa de reextração foi composta de 10 estágios e realizada com ácido
clorídrico 3,0 mol L-1. A etapa de regeneração do solvente teve como objetivo remover a
acidez livre do solvente e foi composta de 2 estágios e realizada com água destilada. O
fluxograma esquemático do sistema de extração utilizado está apresentado na FIG. 7.1 e a
FIG. 7.2 apresenta uma foto do circuito em operação.
Rafinado
Licor Clorídricode Terras raras
Solução deLavagem (HCl)
SoluçãoReextratante
(HCl)
Água
ÁguaÁcida
Reextrato
Solvente Orgânico (IONQUEST 801)
EXTRAÇÃO LAVAGEM REEXTRAÇÃO REGENERAÇÃO
E1, E2, E3, . . . En
FIGURA 7.1. Fluxograma esquemático do circuito de extração por solventes utilizado nos
experimentos contínuos; E = estágio.
70
FIGURA 7.2. Instalação micro piloto para a realização dos experimentos contínuos.
A cada alteração realizada no circuito, o código do experimento foi alterado. Desta forma, as
370 horas de operação geraram 10 experimentos, que foram codificados como Tb C1, Tb C2,
Tb C3, ..., Tb C10. A cada 2 horas de operação foram retiradas amostras dos fluxos de saída
(rafinado e reextrato) para controle do processo. Após verificada a estabilização do sistema,
ou seja, quando os teores dos ETR nos fluxos de saída (rafinado e reextrato) permaneciam
inalterados por um período de 4 a 6 horas, o experimento era interrompido para se fazer as
alterações pertinentes. Os resultados obtidos em cada experimento estão apresentados no
Anexo A.
O circuito inicial foi composto de 28 estágios: 6 estágios de extração, 10 estágios de lavagem,
10 estágios de reextração e dois estágios de lavagem do solvente. Foram realizados 2
experimentos com este circuito (Tb C1 e Tb C2). A diferença entre eles foi a concentração da
solução de lavagem, que foi alterada de 0,5 mol L-1 (Tb C1) para 0,75 mol L-1 (Tb C2). Após
uma sequência de alterações no número de estágios de extração e de lavagem e na
concentração da acidez da solução de lavagem, o circuito final ficou definido com 10 estágios
de extração, 15 estágios de lavagem, 10 estágios de reextração e 2 estágios de regeneração
(lavagem) do solvente. A concentração escolhida para a remoção do térbio da fase orgânica
foi de 0,5 mol L-1 de HCl.
71
Todas as alterações foram realizadas com o intuito de obter um rafinado contento somente o
térbio e um reextrato com o menor teor de térbio possível, buscando uma maximização do
rendimento do processo.
A concentração dos ETR na solução alimentação aquosa utilizada nos experimentos contínuos
está apresentada na TAB. 7.1.
TABELA 7.1: Concentração de elementos terras raras na solução alimentação
Espécie Gd2O3 Tb2O3 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Teor (g L-1) < 0,005 1,3 4,7 0,45 0,85 17,4
Os teores de elementos terras raras no rafinado e no reextrato obtidos após cada alteração
realizada no circuito contínuo estão apresentados nas TAB. 7.2 a 7.11.
TABELA 7.2: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento contínuo 1
Amostra Tb2O3 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Rafinado (g L-1) 0,48 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Reextrato (g L-1) 1,5 11,7 1,5 2,4 46,3
TABELA 7.3: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento contínuo 2
Amostra Tb2O3 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Rafinado (g L-1) 1,3 0,88 < 0,01 < 0,01 0,03
Reextrato (g L-1) 0,11 7,0 1,3 2,3 38,2
TABELA 7.4: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 3
Amostra Tb2O3 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Rafinado (g L-1) 1,2 1,4 < 0,01 < 0,01 0,033
Reextrato (g L-1) < 0,01 4,3 1,2 2,5 42,5
TABELA 7.5: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 4
Amostra Tb2O3 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Rafinado (g L-1) 0,68 0,32 < 0,01 < 0,01 0,02
Reextrato (g L-1) < 0,01 12,1 1,8 2,6 53,3
72
TABELA 7.6: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 5
Amostra Tb2O3 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Rafinado (g L-1) 0,97 0,22 < 0,01 < 0,01 0,04
Reextrato (g L-1) 0,83 9,4 1,2 2,1 38,5
TABELA 7.7: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 6
Amostra Tb2O3 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Rafinado (g L-1) 0,32 0,04 < 0,01 < 0,01 0,04
Reextrato (g L-1) 1,10 10,6 1,2 1,9 37,5
TABELA 7.8: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 7
Amostra Tb2O3 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Rafinado (g L-1) 0,65 0,24 < 0,01 < 0,01 0,02
Reextrato (g L-1) 0,94 9,2 1,2 2,2 40,9
TABELA 7.9: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento 8
Amostra Tb2O3 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Rafinado (g L-1) 0,65 0,41 < 0,01 < 0,01 0,03
Reextrato (g L-1) 1,0 9,0 1,1 1,9 36,6
TABELA 7.10: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento contínuo 9
Amostra Tb2O3 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Rafinado (g L-1) 0,44 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,32
Reextrato (g L-1) 0,97 8,8 1,1 1,9 36,7
TABELA 7.11: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos do experimento contínuo 10.
Amostra Tb2O3 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Rafinado (g L-1) 0,60 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Reextrato (g L-1) 0,52 9,5 0,92 1,7 38,3
Dentre os resultados apresentados nas TAB. 7.2 a 7.11, os que apresentam o melhor
rendimento de recuperação de térbio, com melhor pureza são os apresentados na TAB. 7.11;
baixo teor de Tb no reextrato e baixo teor dos demais ETR no rafinado. Os resultados do
experimento contínuo 1, apresentados na TAB. 7.2, indicam um produto com pureza
semelhante ao obtido no experimento 10, porém com baixo rendimento, ou seja, um rafinado
com baixos teores de Dy, Ho, Er e Y (< 0,01 g L-1), porém um reextrato com elevado teor de
73
térbio (< 1,5 g L-1). Os resultados obtidos no experimento contínuo 4, apresentam um
reextrato isento de térbio (< 0,01 g L-1), indicando um alto rendimento de separação do
elemento, porém, o rafinado apresenta contaminado com disprósio (0,32 g L-1) e ítrio (0,02 g
L-1), logo, um produto de térbio de baixa pureza. No experimento 10, tanto o rendimento de
separação como a pureza do produto obtido foi de aproximadamente 90 %.
Após concluído o experimento contínuo 10, foram retiradas amostras das fases aquosa e
orgânica de cada estágio do circuito, para a construção do perfil da concentração dos ETR em
cada estágio do circuito, nas respectivas fases. Os resultados obtidos estão apresentados na
TAB. 7.12 e representados graficamente nas FIG. 7.3 e 7.4. A concentração dos ETR na fase
aquosa da etapa de reextração não está apresentada na FIG. 7.3, devido ao elevado teor do Y
nesta etapa o que provocaria uma alteração na escala do gráfico e dificultaria a visualização
dos outros elementos ao longo do gráfico. Os estágios em cada etapa do circuito (extração,
lavagem, reextração e regeneração do solvente) foram numerados de acordo com a entrada do
fluxo aquoso. Para a representação gráfica, os estágios do circuito foram numerados
sequencialmente de 1 a 35.
74
TABELA 7.12: Teor de ETR na fase aquosa das etapas de extração (EX), lavagem (LV) e reextração
(REX) no final do experimento contínuo 10
Amostra/ Espécie
AQUOSO ORGÂNICO Tb4O7 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3 Tb4O7 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
EX-1 1,5 3,7 0,22 0,33 7,0 0,58 2,7 0,30 0,46 9,0 EX-2 1,6 2,8 0,13 0,11 2,5 0,64 2,3 0,20 0,20 4,6 EX-3 1,6 1,9 0,026 < 0,01 0,98 0,80 1,7 0,10 0,052 1,6 EX-4 1,5 1,1 < 0,01 < 0,01 0,26 0,76 1,2 0,05 0,01 0,63 EX-5 1,4 0,69 < 0,01 < 0,01 0,07 0,81 0,80 0,02 < 0,01 0,17 EX-6 1,2 0,34 < 0,01 < 0,01 0,02 0,68 0,48 0,01 < 0,01 0,06 EX-7 1,1 0,22 < 0,01 < 0,01 0,01 0,52 0,24 <0,01 < 0,01 0,02 EX-8 0,92 0,11 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,44 0,15 < 0,01 < 0,01 0,01 EX-9 0,72 0,04 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,25 0,06 < 0,01 < 0,01 < 0,01
EX-10 0,46 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,14 0,03 < 0,01 < 0,01 < 0,01LAV-1 0,30 1,1 < 0,01 < 0,01 1,3 0,31 2,5 0,31 0,48 9,3 LAV-2 0,50 1,6 < 0,01 < 0,01 1,7 0,36 2,6 0,31 0,53 9,5 LAV-3 0,65 1,9 < 0,01 < 0,01 1,8 0,41 2,7 0,30 0,48 9,2 LAV-4 0,75 2,0 < 0,01 < 0,01 1,8 0,45 2,7 0,31 0,48 9,4 LAV-5 0,86 2,0 < 0,01 < 0,01 1,9 0,46 2,6 0,30 0,47 6,4 LAV-6 0,94 2,1 < 0,01 < 0,01 1,8 0,48 2,7 0,32 0,50 9,7 LAV-7 0,96 2,0 < 0,01 < 0,01 1,9 0,50 2,7 0,31 0,50 9,4 LAV-8 0,96 2,0 < 0,01 < 0,01 1,8 0,49 2,6 0,30 0,48 9,3 LAV-9 1,0 2,1 < 0,01 < 0,01 1,9 0,52 2,7 0,32 0,50 9,7
LAV-10 1,0 2,1 < 0,01 < 0,01 1,9 0,50 2,6 0,30 0,47 9,2 LAV-11 1,1 2,1 < 0,01 < 0,01 1,8 0,54 2,8 0,32 0,50 9,7 LAV-12 1,1 2,1 < 0,01 < 0,01 2,0 0,38 2,7 0,22 0,34 9,5 LAV-13 1,1 2,1 < 0,01 < 0,01 2,0 0,54 2,7 0,31 0,49 9,5 LAV-14 1,1 2,2 < 0,01 < 0,01 2,0 0,55 2,8 0,32 0,50 9,6 LAV-15 1,1 2,1 < 0,01 < 0,01 1,9 0,53 2,8 0,32 0,49 9,4 REX-1 <0,01 <0,01 < 0,01 < 0,01 0,03 <0,01 <0,01 < 0,01 < 0,01 0,01 REX-2 <0,01 <0,01 < 0,01 < 0,01 0,10 <0,01 <0,01 < 0,01 < 0,01 0,01 REX-3 <0,01 <0,01 < 0,01 < 0,01 0,29 <0,01 <0,01 < 0,01 < 0,01 0,02 REX-4 <0,01 <0,01 < 0,01 < 0,01 0,62 <0,01 <0,01 < 0,01 < 0,01 0,04 REX-5 <0,01 <0,01 < 0,01 < 0,01 1,2 <0,01 <0,01 < 0,01 < 0,04 0,06 REX-6 <0,01 <0,01 < 0,01 < 0,01 3,1 <0,01 0,03 < 0,01 0,03 0,33 REX-7 < 0,01 0,28 0,04 0,46 6,0 <0,01 0,02 < 0,01 0,06 0,62 REX-8 0,03 1,0 0,20 0,79 11,6 <0,01 0,03 0,01 0,07 0,76 REX-9 0,14 2,5 0,38 1,1 18,6 <0,01 0,04 0,01 0,09 0,98
REX-10 0,47 4,8 0,56 1,0 38,3 0,01 0,17 0,05 0,18 2,3
75
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26
Estágio
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tb4O7Dy2O3Ho2O3Er2O3Y2O3
ETR
na
fase
aqu
osa
(g/L
)
EXTRAÇÃO LAVAGEM
FIGURA 7.3: Perfil analítico dos ETR na fase aquosa nas etapas de extração e de lavagem do
experimento contínuo 10.
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
Estágio
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11Tb4O7Dy2O3Ho2O3Er2O3Y2O3
ETR
na
fase
org
ânic
a (g
/L)
EXTRAÇÃO LAVAGEM REEXTRAÇÃO
FIGURA 7.4: Perfil analítico dos ETR na fase orgânica nas etapas de extração, lavagem e reextração
do experimento contínuo 10.
Conforme mostrado nas FIG. 7.3 e 7.4, a etapa de extração compreende os estágios de 1 a 10.
Nesta etapa, o licor clorídrico de terras raras é alimentado no estagio 10 (primeiro estágio de
extração - EX 1) enquanto o solvente orgânico é alimentado no estágio 1 (último estágio de
extração – Ex 10). A solução de lavagem (HCl 0,5 mol L-1) é alimentada no estágio 25
(primeiro estágio de lavagem – LAV 1). No estágio 10, a solução de lavagem se junta com a
76
solução de alimentação (licor de TR) formando o rafinado, que sai no estágio 1, conforme
FIG. 7.1. O solvente carregado após a etapa de lavagem alimenta a etapa de reextração –
estágios 26-35. A solução reextratante (HCl 3.0 mol L-1) é alimentada no estágio 35 (primeiro
estágio de reextração – REX 1) enquanto reextrato carregado em ETR sai no estágio 26
(último estágio de reextração – REX 10), conforme mostrado a Fig. 7.1.
Como pode se observar na TAB. 7.12 e na FIG 7.3, na etapa de extração, a exceção do Tb e
do Dy, os demais ETR de maior número atômico, (Ho, Er e o Y que tem comportamento
semelhante ao Er) decresce rapidamente na fase aquosa a partir do ponto em que esta foi
alimentada. A partir do sétimo estágio de extração (EX 7 ou estágio 4 da FIG. 7.3),
praticamente só se observa a presença dos elementos Tb e Dy. Observa-se também pela TAB.
7.12 que o teor de Tb na etapa de extração é maior que o teor da alimentação; isto se deve ao
fato da solução de lavagem, que quando se junta com a solução de alimentação apresentar um
teor de Tb próximo ao teor da solução de alimentação (1,1 gL-1 e 1,3 gL-1 respectivamente) e
também a baixa afinidade do solvente com o Tb nas condições experimentais. Com relação a
etapa de lavagem, o teor de Tb aumenta de 0,3 gL-1 até 1,1 gL-1, estabilizando neste patamar a
partir do 10º estágio de lavagem. Com relação ao Dy e Y pode se observar uma estabilização
praticamente a partir do 4º estágio de lavagem (LAV 4 – TAB. 7.12). O Ho e o Er não são
reextraidos com a solução de lavagem, permanecendo assim na fase orgânica nesta etapa do
processo. Os resultados obtidos para a fase aquosa na etapa de reextração mostram que a
exceção do Y, os demais elementos são rapidamente reextraidos, ou seja, só começam a
aparecer na fase aquosa a partir do sexto estágio de reextração (REX 6 – TAB. 7.12).
Com relação aos resultados obtidos na fase orgânica (TAB. 7.12 e FIG. 7.4), na etapa de
extração é observado um decréscimo rápido no teor dos ETR, a menos o teor de térbio que
sofre uma ligeira elevação para depois se reduzir. Isto se deve ao fato do Tb que retorna para a
fase aquosa na etapa de lavagem ser mais dificilmente extraído pela fase orgânica. Na etapa
de lavagem, a exceção do Tb, os demais ETR praticamente se mantém constantes e próximos
do teor do primeiro estágio de extração; o teor de Y se mantém praticamente no patamar
próximo de 9,5 g L-1, sendo que no 1º estágio de extração aparece com 9,0 gL-1; o Dy
próximo de 2,7 g L-1 (1º estagio de extração 2,7 gL-1); O Ho se mantém próximo de 0,3 gL-1 e
o Er próximo de 0,5 gL-1. Somente o Tb sofre uma variação de teor ao logo dos estágios de
lavagem, podendo se observar um pequeno gradiente de aumento no seu teor, passando de
0,31 gL-1 no 1º estágio de lavagem para 0,53 gL-1 no 15º estágio de lavagem. Na etapa de
reextração, pode se observar que a exceção do Y, os ETR são reextraídos em 5 estágios.
77
Observa-se também que no primeiro contato do orgânico carregado com o reextratante, o teor
de Y na fase orgânica já cai de 9,4 gL-1 (teor do ultimo estágio de lavagem) para 2,3 gL-1, com
o teor reduzindo gradativamente ao longo dos estágios de reextração, chegando a 0,1 gL-1 no
1º estagio. De acordo com a TAB. 7.12, 93 % do Y é reextraido em 5 estágios de reextração,
ficando mais 5 estágios para a remoção do Y remanescente da faze orgânica a partir do 5º
estágio, o que indica a elevada afinidade deste elemento com o extratante.
78
Capítulo 8
8. Conclusões
Com base neste trabalho, as conclusões obtidas para o estudo da obtenção do óxido de cério
de elevada pureza, pelas técnicas de oxidação e precipitação, a partir do licor sulfúrico de TR
leves proveniente do processamento da monazita, são apresentadas a seguir:
A mistura de KMnO4/Na2CO3 se mostrou eficiente na separação do cério dos outros
ETR leves presentes na amostra, sendo que as variáveis, pH final e excesso de KMnO4
apresentaram maior efeito nos níveis estudados;
As condições definidas para a recuperação do cério com solução de KMnO4/Na2CO3
através das técnicas estudadas foram: pH final igual a 3,0 e 30 % de excesso de
KMnO4;
Na purificação do cério ambos, ácido oxálico e hidróxido de amônio, mostraram-se
eficientes, com obtenção do óxido de cério com pureza superior a 99 % e recuperação
de 98 %.
A partir do estudo de separação do térbio, obtido pela solubilização em meio clorídrico do
carbonato de TR pesadas proveniente do processamento do licor da monazita, pela técnica de
extração por solventes, pode se concluir:
Dentre os extratantes investigados, o DEHPA e o IONQUEST 801 apresentaram
melhor desempenho para a extração dos ETR pesados, sendo que o meio clorídrico se
mostrou mais adequado em relação ao sulfúrico e, para ambos extratantes, os melhores
resultados foram observados em acidez inicial da fase aquosa de 0,3 e 1,0 mol L-1;
O IONQUEST 801 apresentou melhor desempenho em relação ao DEHPA devido aos
fatores: (i) melhores fatores de separação para os ETR adjacentes; (ii) menor interação
TR / IONQUEST, favorecendo a reextração; (iii) reextração pode ser realizada em
menor acidez e, (iv) menor número de estágios requeridos na etapa de reextração;
Nos ensaios contínuos foi obtido um produto de térbio com pureza e recuperação
superiores a 90 %.
A etapa de lavagem é fundamental para o experimento contínuo, uma vez que ela tem
a função de reextrair o Tb co - extraído na etapa de extração.
79
Capítulo 9
9. Sugestões para trabalhos futuros
Amostra de TR leves:
Estudar a separação do Ce utilizando a técnica de extração por solventes e comparar a
eficiência da técnica com a de oxidação e precipitação utilizada neste trabalho,
considerar também os fatores econômicos das duas técnicas.
Amostra de TR pesadas:
Precipitar o Tb a partir do rafinado e fazer uma caracterização detalhada do produto;
Realizar a separação de outros ETR pesados utilizando o circuito e o sistema estudado;
Realizar pequenos ajustes no processo de separação do Tb objetivando resultados
superiores, tais como: concentração e fluxo da solução de ácido clorídrico utilizada na
etapa de lavagem, número de estágios de extração e lavagem.
80
Capítulo 10
10. Publicações relacionadas ao presente trabalho
ABREU, R.D.; OLIVEIRA, E.F.; BRITO, W.; MORAIS, C.A. Precipitação do sulfato duplo
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destes como sulfato duplo e separação do cério. In: Anais do XXIII Encontro Nacional de
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XXIII Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa - XXIII
ENTMME. Gramado/RS: Editora, 2009, v. 1, p. 657-664.
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ABREU, R. D.; MORAIS, C. A. Estudo fracionamento de elementos terras raras pesados por
extração por solventes com ênfase na separação de térbio. In: Anais do XXIV Encontro
Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa - XXIV ENTMME, 2011,
Salvador/BA. XXIV Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa -
XXIII ENTMME. Salvador/BA: Editora, 2011, CD-ROM, p. 1097-1104.
ABREU, R. D.; MORAIS, C. A. Study of separation of terbium from other heavy rare earth
elements by solvent extraction. In: Proceedings of the 19º International Solvent Extraction
Conference – ISEC 2011, 2011, Santiago/Chile, CD-ROM.
ABREU, R. D.; MORAIS, C. A. Study of the fractioning of heavy rare earth elements by
solvent extraction addressing the separation of terbium and dysprosium. In: Proceedings of
the 2011 International Nuclear Atlantic Conference – INAC 2011, 2011, Belo
Horizonte/MG, CD-ROM.
81
Capítulo 11
11. Referências Bibliográficas
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87
ANEXO A
Este anexo apresenta as tabelas com o teor de ETR nos fluxos de saída de cada experimento contínuo
realizado.
TABELA A.1: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante o experimento contínuo 1
Amostra Tb4O7 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Tb-C1-RAF-8h 0,17 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C1-RAF-10h 0,18 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C1-RAF-12h 0,28 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C1-RAF-14h 0,27 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C1-RAF-16h 0,29 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C1-RAF-18h 0,33 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C1-RAF-20h 0,24 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C1-RAF-22h 0,28 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C1-RAF-24h 0,35 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C1-RAF-25h 0,32 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C1-RAF-27h 0,42 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C1-RAF-29h 0,49 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C1-RAF-31h 0,42 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C1-RAF-33h 0,48 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C1-REX-8h 0,19 2,9 0,6 1,2 19,4
Tb-C1-REX-10h 0,36 6,3 1 1,7 36,5
Tb-C1-REX-12h 0,43 7,6 1,2 2,1 39,8
Tb-C1-REX-14h 0,45 7,4 1,1 2,1 37,7
Tb-C1-REX-16h 1,1 14,1 1,9 3,3 41,7
Tb-C1-REX-18h 0,72 9,2 1,2 2 37,2
Tb-C1-REX-20h 0,99 9,4 1,2 2,0 37,4
Tb-C1-REX-22h 1,3 12,4 1,4 2,2 43,7
Tb-C1-REX-24h 1,2 10,8 1,3 2,1 58,3
Tb-C1-REX-25h 1,3 11,1 1,3 2,1 41,7
Tb-C1-REX-27h 1,6 11,9 1,4 2,2 43,8
Tb-C1-REX-29h 1,6 12,7 1,5 2,4 47,9
Tb-C1-REX-31h 1,2 10,0 1,3 2,3 42,8
Tb-C1-REX-33h 1,5 11,7 1,5 2,4 46,3
88
TABELA A.2: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante o experimento contínuo 2
Amostra Tb4O7 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3 Tb-C2-RAF-2h 0,40 0,05 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C2-RAF-4h 0,47 0,05 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C2-RAF-6h 0,40 0,03 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C2-RAF-8h 0,45 0,03 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C2-RAF-10h 0,39 0,03 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C2-RAF-12h 0,45 0,03 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C2-RAF-14h 0,62 0,06 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C2-RAF-16h 0,98 0,14 < 0,01 < 0,01 0,018 Tb-C2-RAF-18h 0,82 0,11 < 0,01 < 0,01 0,013 Tb-C2-RAF-20h 0,98 0,16 < 0,01 < 0,01 0,010 Tb-C2-RAF-22h 1,2 0,23 < 0,01 < 0,01 0,020 Tb-C2-RAF-26h 1,6 0,53 < 0,01 < 0,01 0,026 Tb-C2-RAF-28h 1,4 0,53 < 0,01 < 0,01 0,048 Tb-C2-RAF-30h 1,5 0,60 < 0,01 < 0,01 0,025 Tb-C2-RAF-32h 1,4 0,61 < 0,01 < 0,01 0,029 Tb-C2-RAF-34h 1,4 0,60 < 0,01 < 0,01 0,026 Tb-C2-RAF-36h 1,6 0,80 < 0,01 < 0,01 0,033 Tb-C2-RAF-38h 1,3 0,61 < 0,01 < 0,01 0,026 Tb-C2-RAF-40h 1,4 0,61 < 0,01 < 0,01 0,027 Tb-C2-RAF-42h 1,4 0,93 < 0,01 < 0,01 0,030 Tb-C2-RAF-44h 1,3 0,88 < 0,01 < 0,01 0,031 Tb-C2-REX-2h 1,3 10,5 1,3 2,2 44,3 Tb-C2-REX-4h 1,4 11,5 1,4 2,2 43,4 Tb-C2-REX-6h 1,4 12,8 1,6 2,4 49,6 Tb-C2-REX-8h 1,1 11,6 1,6 2,6 51,1
Tb-C2-REX-10h 1,1 12,1 1,6 2,7 55,8 Tb-C2-REX-12h 0,76 9,5 1,4 2,8 50,1 Tb-C2-REX-14h 0,57 7,9 1,2 2,6 45,0 Tb-C2-REX-16h 0,54 7,9 1,2 2,5 43,0 Tb-C2-REX-18h 0,52 7,9 1,2 2,3 40,4 Tb-C2-REX-20h 0,44 7,4 1,1 2,1 38,5 Tb-C2-REX-22h 0,40 7,8 1,2 2,1 40,0 Tb-C2-REX-24h 0,34 7,1 1,1 2,1 38,2 Tb-C2-REX-26h 0,32 7,2 1,1 2,2 39,5 Tb-C2-REX-28h 0,29 7,3 1,2 2,3 45,5 Tb-C2-REX-30h 0,21 6,4 1,1 2,2 38,8 Tb-C2-REX-32h 0,18 6,2 1,1 2,1 37,9 Tb-C2-REX-34h 0,18 7,0 1,2 2,1 39,3 Tb-C2-REX-36h 0,19 7,6 1,3 2,2 41,2 Tb-C2-REX-38h 0,13 7,7 1,3 2,3 41,9 Tb-C2-REX-40h 0,095 7,1 1,3 2,3 43,5 Tb-C2-REX-42h 0,11 7,0 1,3 2,4 38,2
89
TABELA A.3: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante o experimento contínuo 3
Amostra Tb4O7 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Tb-C3-RAF-2h 1,2 0,74 < 0,01 < 0,01 0,06
Tb-C3-RAF-8h 0,87 0,39 < 0,01 < 0,01 0,03
Tb-C3-RAF-10h 1,1 0,48 < 0,01 < 0,01 0,02
Tb-C3-RAF-12h 1,5 1,0 < 0,01 < 0,01 0,03
Tb-C3-RAF-14h 1,2 1,3 < 0,01 < 0,01 0,06
Tb-C3-RAF-19h 1,1 1,1 < 0,01 < 0,01 0,07
Tb-C3-RAF-21h 1,2 1,6 < 0,01 < 0,01 0,08
Tb-C3-RAF-23h 0,73 0,72 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C3-RAF-25h 0,87 0,70 < 0,01 < 0,01 0,05
Tb-C3-RAF-27h 0,95 0,76 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C3-RAF-29h 1,0 0,79 < 0,01 < 0,01 0,03
Tb-C3-RAF-31h 1,3 1,3 < 0,01 < 0,01 0,05
Tb-C3-RAF-33h 1,2 1,4 < 0,01 < 0,01 0,03
Tb-C3-REX-8h 0,032 4,6 0,80 1,1 23,0
Tb-C3-REX-10h 0,043 5,4 0,92 1,2 26,4
Tb-C3-REX-12h 0,018 4,8 0,97 1,5 31,0
Tb-C3-REX-14h 0,020 5,1 1,1 1,7 34,3
Tb-C3-REX-16h 0,018 4,6 1,1 2,0 35,1
Tb-C3-REX-19h 0,019 4,8 1,2 2,4 43,1
Tb-C3-REX-21h 0,011 5,1 1,3 2,7 48,5
Tb-C3-REX-23h < 0,01 4,4 1,3 3,0 49,2
Tb-C3-REX-25h < 0,01 3,8 1,1 3,0 49,5
Tb-C3-REX-27h < 0,01 4,0 1,2 3,1 50,9
Tb-C3-REX-29h < 0,01 4,1 1,2 2,8 46,7
Tb-C3-REX-31h < 0,01 4,2 1,2 2,7 45,0
Tb-C3-REX-33h < 0,01 4,3 1,2 2,5 42,5
90
TABELA A.4: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante o experimento contínuo 4
Amostra Tb4O7 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Tb-C4-RAF-6h 1,1 0,84 < 0,01 < 0,01 0,03
Tb-C4-RAF-8h 1,3 1,3 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C4-RAF-10h 1,4 2,0 < 0,01 < 0,01 0,05
Tb-C4-RAF-12h 1,3 2,1 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C4-RAF-14h 1,1 1,8 < 0,01 < 0,01 0,02
Tb-C4-RAF-16h 0,71 0,83 < 0,01 < 0,01 0,02
Tb-C4-RAF-18h 0,59 0,44 < 0,01 < 0,01 0,05
Tb-C4-RAF-20h 0,68 0,32 < 0,01 < 0,01 0,02
Tb-C4-REX-6h < 0,01 9,2 1,8 2,7 52,0
Tb-C4-REX-8h < 0,01 9,2 1,8 2,8 53,2
Tb-C4-REX-10h < 0,01 7,7 1,5 2,5 46,8
Tb-C4-REX-12h < 0,01 10,3 1,7 2,6 48,5
Tb-C4-REX-14h < 0,01 10,4 1,7 2,6 49,9
Tb-C4-REX-16h < 0,01 11,1 1,7 2,6 54,0
Tb-C4-REX-18h < 0,01 11,4 1,8 2,5 51,8
Tb-C4-REX-20h < 0,01 12,1 1,8 2,6 53,3
91
TABELA A.5: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante o experimento contínuo 5
Amostra Tb4O7 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3 Tb-C5-RAF-3h 0,41 0,13 < 0,01 < 0,01 0,12 Tb-C5-RAF-5h 0,56 0,12 < 0,01 < 0,01 0,02 Tb-C5-RAF-7h 0,57 0,12 < 0,01 < 0,01 0,03 Tb-C5-RAF-9h 0,64 0,14 < 0,01 < 0,01 0,03
Tb-C5-RAF-11h 0,68 0,17 < 0,01 < 0,01 0,03 Tb-C5-RAF-13h 0,58 0,13 < 0,01 < 0,01 0,03 Tb-C5-RAF-15h 0,57 0,12 < 0,01 < 0,01 0,09 Tb-C5-RAF-17h 0,56 0,11 < 0,01 < 0,01 0,04 Tb-C5-RAF-19h 0,43 0,06 < 0,01 < 0,01 0,02 Tb-C5-RAF-21h 0,41 0,05 < 0,01 < 0,01 0,02 Tb-C5-RAF-25h 0,31 0,03 < 0,01 < 0,01 0,02 Tb-C5-RAF-27h 0,40 0,06 < 0,01 < 0,01 0,02 Tb-C5-RAF-29h 0,47 0,07 < 0,01 < 0,01 0,02 Tb-C5-RAF-31h 0,56 0,09 < 0,01 < 0,01 0,03 Tb-C5-RAF-33h 0,64 0,11 < 0,01 < 0,01 0,02 Tb-C5-RAF-335h 0,72 0,15 < 0,01 < 0,01 0,02 Tb-C5-RAF-37h 0,63 0,11 < 0,01 < 0,01 0,02 Tb-C5-RAF-39h 0,97 0,22 < 0,01 < 0,01 0,04 Tb-C5-REX-3h 0,10 15,0 1,7 2,4 47,7 Tb-C5-REX-5h 0,24 19,3 1,9 2,4 49,0 Tb-C5-REX-7h 0,31 20,8 2,0 2,5 51,4 Tb-C5-REX-9h 0,39 19,7 1,8 2,6 51,5
Tb-C5-REX-11h 0,36 19,1 1,8 2,5 50,5 Tb-C5-REX-13h 0,60 17,9 1,6 2,4 47,1 Tb-C5-REX-15h 0,57 14,5 1,4 2,3 42,2 Tb-C5-REX-17h 0,70 14,6 1,4 2,2 41,9 Tb-C5-REX-19h 0,77 13,8 1,3 2,2 40,9 Tb-C5-REX-21h 0,91 13,6 1,4 2,2 41,3 Tb-C5-REX-25h 1,3 14,4 1,4 2,4 44,0 Tb-C5-REX-27h 1,1 11,7 1,3 2,1 40,8 Tb-C5-REX-29h 1,0 10,7 1,2 2,2 40,4 Tb-C5-REX-31h 0,92 9,7 1,1 2,1 38,3 Tb-C5-REX-33h 0,94 10,1 1,2 2,1 38,5 Tb-C5-REX-35h 1,1 10,8 1,3 2,1 39,9 Tb-C5-REX-37h 0,90 9,6 1,2 2,1 38,8 Tb-C5-REX-39h 0,83 9,4 1,2 2,1 38,5
92
TABELA A.6: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante o experimento contínuo 6
Amostra Tb4O7 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Tb-C6-RAF-8h 0,66 0,13 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C6-RAF-10h 0,81 0,19 < 0,01 < 0,01 0,06
Tb-C6-RAF-12h 0,73 0,15 < 0,01 < 0,01 0,03
Tb-C6-RAF-14h 0,71 0,14 < 0,01 < 0,01 0,02
Tb-C6-RAF-16h 0,71 0,12 < 0,01 < 0,01 0,02
Tb-C6-RAF-18h 0,78 0,16 < 0,01 < 0,01 0,02
Tb-C6-RAF-20h 0,67 0,13 < 0,01 < 0,01 0,02
Tb-C6-RAF-22h 0,51 0,10 < 0,01 < 0,01 0,07
Tb-C6-RAF-24h 0,53 0,09 < 0,01 < 0,01 0,06
Tb-C6-RAF-26h 0,57 0,10 < 0,01 < 0,01 0,06
Tb-C6-RAF-28h 0,30 0,04 < 0,01 < 0,01 0,06
Tb-C6-RAF-30h 0,26 0,02 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C6-RAF-32h 0,35 0,04 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C6-REX-8h 1,0 11,2 1,3 2,1 40,9
Tb-C6-REX-10h 1,1 7,9 1,0 2,0 35,0
Tb-C6-REX-12h 0,81 7,8 0,92 1,7 31,7
Tb-C6-REX-14h 1,0 9,3 1,1 1,8 33,4
Tb-C6-REX-16h 0,013 9,6 1,1 1,8 35,2
Tb-C6-REX-18h 1,0 10,2 1,2 1,9 37,5
Tb-C6-REX-20h 1,1 10,6 1,2 1,9 37,2
Tb-C6-REX-22h 1,2 10,5 1,2 1,8 34,3
Tb-C6-REX-24h 1,3 10,1 1,2 1,9 34,9
Tb-C6-REX-26h 1,3 10,7 1,2 1,8 35,0
Tb-C6-REX-28h 1,5 11,1 1,2 2,0 37,3
Tb-C6-REX-30h 1,2 11,7 1,3 2,2 40,8
Tb-C6-REX-32h 1,2 10,9 1,3 2,1 38,8
93
TABELA A.7: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante o experimento contínuo 7
Amostra Tb4O7 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Tb-C7-RAF-2h 0,61 0,11 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C7-RAF-4h 0,65 0,15 < 0,01 < 0,01 0,05
Tb-C7-RAF-6h 0,86 0,24 < 0,01 < 0,01 0,05
Tb-C7-RAF-8h 0,83 0,28 < 0,01 < 0,01 0,05
Tb-C7-RAF-10h 0,51 0,14 < 0,01 < 0,01 0,40
Tb-C7-RAF-12h 0,71 0,23 < 0,01 < 0,01 0,06
Tb-C7-RAF-14h 0,64 0,21 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C7-RAF-16h 0,73 0,26 < 0,01 < 0,01 0,02
Tb-C7-RAF-18h 0,73 0,26 < 0,01 < 0,01 0,02
Tb-C7-RAF-20h 0,73 0,25 < 0,01 < 0,01 0,03
Tb-C7-RAF-22h 0,59 0,20 < 0,01 < 0,01 0,02
Tb-C7-RAF-28h 0,68 0,21 < 0,01 < 0,01 0,01
Tb-C7-RAF-30h 0,77 0,30 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C7-RAF-32h 0,79 0,32 < 0,01 < 0,01 0,03
Tb-C7-RAF-34h 0,64 0,23 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C7-RAF-36h 0,65 0,24 < 0,01 < 0,01 0,02
Tb-C7-REX-2h 2,4 11,9 1,2 1,9 38,0
Tb-C7-REX-4h 1,9 10,3 1,1 1,7 36,6
Tb-C7-REX-6h 2,1 11,3 1,3 2,1 40,8
Tb-C7-REX-8h 1,8 9,9 1,2 2,2 40,3
Tb-C7-REX-10h 1,7 9,1 1,1 2,1 37,9
Tb-C7-REX-12h 1,8 9,8 1,2 2,2 40,2
Tb-C7-REX-14h 1,7 10,3 1,3 2,2 42,2
Tb-C7-REX-16h 1,6 11,2 1,4 2,4 46,2
Tb-C7-REX-18h 1,6 11,3 1,4 2,5 43,1
Tb-C7-REX-20h 1,6 11,4 1,4 1,6 46,8
Tb-C7-REX-22h 1,2 9,7 1,3 2,4 43,0
Tb-C7-REX-28h 1,3 10,2 1,2 2,1 39,6
Tb-C7-REX-30h 1,2 9,3 1,1 1,9 36,8
Tb-C7-REX-32h 1,2 10,5 1,2 2,0 38,9
Tb-C7-REX-34h 1,2 10,9 1,4 2,2 42,9
Tb-C7-REX-36h 0,94 9,2 1,2 2,2 40,9
94
TABELA A.8: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante o experimento contínuo 8
Amostra Tb4O7 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Tb-C8-RAF-2h 0,88 0,35 < 0,01 < 0,01 0,03
Tb-C8-RAF-4h 1,0 0,53 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C8-RAF-6h 0,89 0,48 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C8-RAF-8h 0,83 0,50 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C8-RAF-10h 0,83 0,50 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C8-RAF-12h 0,82 0,51 < 0,01 < 0,01 0,05
Tb-C8-RAF-14h 0,68 0,41 < 0,01 < 0,01 0,06
Tb-C8-RAF-16h 0,79 0,51 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C8-RAF-18h 0,63 0,36 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C8-RAF-20h 0,73 0,47 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C8-RAF-22h 0,78 0,53 < 0,01 < 0,01 0,05
Tb-C8-RAF-24h 0,67 0,41 < 0,01 < 0,01 0,03
Tb-C8-RAF-26h 1,1 1,2 < 0,01 < 0,01 0,02
Tb-C8-RAF-28h 0,71 0,45 < 0,01 < 0,01 0,04
Tb-C8-RAF-30h 0,77 0,53 < 0,01 < 0,01 0,05
Tb-C8-RAF-32h 0,72 0,47 < 0,01 < 0,01 0,03
Tb-C8-RAF-34h 0,65 0,41 < 0,01 < 0,01 0,03
Tb-C8-REX-2h 1,1 10,1 1,2 2,1 41,2
Tb-C8-REX-4h 1,0 10,1 1,3 2,1 42,0
Tb-C8-REX-6h 1,0 10,9 1,3 2,1 45,9
Tb-C8-REX-8h 0,96 9,9 1,2 2,2 42,1
Tb-C8-REX-10h 1,1 10,0 1,2 2,1 40,4
Tb-C8-REX-12h 1,0 9,8 1,2 2,1 39,6
Tb-C8-REX-14h 1,0 9,7 1,2 2,1 39,2
Tb-C8-REX-16h 1,0 9,6 1,2 2,0 37,7
Tb-C8-REX-18h 1,0 9,4 1,1 1,9 37.4
Tb-C8-REX-20h 1,0 9,0 1,1 1,9 36,6
Tb-C8-REX-22h 1,0 9,4 1,1 1,9 36,7
Tb-C8-REX-24h 0,89 8,5 1,0 1,8 34,3
Tb-C8-REX-26h 1,0 9,0 1,1 2,0 36,5
Tb-C8-REX-28h 1,2 10,1 1,2 1,9 37,2
Tb-C8-REX-30h 1,1 9,9 1,2 2,1 39,3
Tb-C8-REX-32h 1,1 9,7 1,2 2,0 37,5
Tb-C8-REX-34h 1,0 9,0 1,1 1,9 36,6
95
TABELA A.9: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante o experimento contínuo 9
Amostra Tb4O7 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3 Tb-C9-RAF-3h 0,87 0,44 < 0,01 < 0,01 0,07 Tb-C9-RAF-5h 0,63 0,27 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C9-RAF-7h 0,91 0,41 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C9-RAF-9h 0,54 0,17 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C9-RAF-11h 0,65 0,21 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C9-RAF-13h 0,56 0,16 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C9-RAF-15h 0,46 0,08 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C9-RAF-17h 0,49 0,07 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C9-RAF-19h 0,35 0,06 < 0,01 < 0,01 0,03 Tb-C9-RAF-21h 0,38 0,03 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C9-RAF-23h 0,56 0,07 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C9-RAF-25h 0,42 0,05 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C9-RAF-27h 0,43 0,05 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C9-RAF-29h 0,50 0,08 < 0,01 < 0,01 0,03 Tb-C9-RAF-31h 0,09 0,05 < 0,01 < 0,01 0,03 Tb-C9-RAF-33h 0,08 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,01 Tb-C9-RAF-35h 0,09 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C9-RAF-37h 0,06 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,01 Tb-C9-RAF-39h 0,07 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,01 Tb-C9-RAF-41h 0,09 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,00 Tb-C9-RAF-43h 0,18 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C9-RAF-45h 0,17 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C9-RAF-47h 0,22 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 Tb-C9-RAF-49h 0,22 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,02 Tb-C9-RAF-51h 0,29 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,02 Tb-C9-RAF-53h 0,44 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,32 Tb-C9-REX-3h 1,1 9,5 1,2 2,0 30,3 Tb-C9-REX-5h 0,96 8,8 1,1 2,0 36,9 Tb-C9-REX-7h 1,0 9,2 1,1 2,0 38,4 Tb-C9-REX-9h 0,86 8,5 1,1 2,0 38,3
Tb-C9-REX-11h 0,83 8,2 1,1 1,9 36,7 Tb-C9-REX-13h 0,67 8,3 1,2 2,1 39,8 Tb-C9-REX-15h 0,69 8,6 1,1 1,9 36,9 Tb-C9-REX-17h 0,72 8,8 1,0 1,8 34,0 Tb-C9-REX-19h 1,0 11,4 1,2 1,8 36,2 Tb-C9-REX-21h 1,3 12,9 1,3 1,9 39,3 Tb-C9-REX-23h 1,3 11,9 1,3 2,0 39,0 Tb-C9-REX-25h 1,1 10,1 1,1 1,9 36,2 Tb-C9-REX-27h 0,89 7,4 0,86 1,7 30,6 Tb-C9-REX-29h 0,96 8,1 0,95 1,7 32,7 Tb-C9-REX-31h 1,2 9,8 1,2 1,9 37,7 Tb-C9-REX-33h 1,0 8,7 1,1 1,9 35,8 Tb-C9-REX-35h 1,0 8,9 1,0 1,8 34,7 Tb-C9-REX-37h 0,93 8,3 0,98 1,8 32,5 Tb-C9-REX-39h 1,0 8,6 0,99 1,7 31,8 Tb-C9-REX-41h 1,1 9,3 1,0 1,7 33,5 Tb-C9-REX-43h 1,0 8,7 1,0 1,8 33,0 Tb-C9-REX-45h 1,0 8,6 1,0 1,8 30,0 Tb-C9-REX-47h 0,94 8,0 0,94 1,8 32,5 Tb-C9-REX-49h 1,1 8,8 1,1 1,8 34,7 Tb-C9-REX-51h 1,1 8,9 1,1 1,8 36,5 Tb-C9-REX-53h 0,97 8,8 1,1 1,9 36,7
96
TABELA A.10: Teor de ETR nos fluxos de saída aquosos durante o experimento contínuo 10
Amostra Tb4O7 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Y2O3
Tb-C10-RAF-2h 0,59 0,17 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C10-RAF-4h 0,42 0,064 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C10-RAF-6h 0,48 0,075 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C10-RAF-8h 0,54 0,080 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C10-RAF-10h 0,43 0,036 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C10-RAF-12h 0,53 0,039 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C10-RAF-14h 0,50 0,031 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C10-RAF-16h 0,62 0,072 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C10-RAF-19h 0,46 0,032 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C10-RAF-21h 0,53 0,037 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C10-RAF-23h 0,50 0,036 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C10-RAF-25h 0,59 0,044 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C10-RAF-27h 0,46 0,020 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C10-RAF-29h 0,48 0,026 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C10-RAF-31h 0,60 0,060 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Tb-C10-REX-2h 0,75 7,9 1,0 1,9 36,1
Tb-C10-REX-4h 0,74 8,1 1,0 1,8 35,8
Tb-C10-REX-6h 0,63 8,0 1,0 1,8 35,2
Tb-C10-REX-8h 0,63 7,8 1,0 1,9 35,0
Tb-C10-REX-10h 0,75 9,5 1,2 2,0 37,6
Tb-C10-REX-12h 0,69 9,1 1,1 1,8 35,8
Tb-C10-REX-14h 0,74 9,6 1,1 1,8 34,3
Tb-C10-REX-16h 0,76 9,4 1,1 1,8 34,1
Tb-C10-REX-19h 1,0 10,7 1,2 1,9 35,5
Tb-C10-REX-21h 0,96 10,8 1,2 1,9 37,9
Tb-C10-REX-23h 0,93 9,9 1,1 1,9 36,1
Tb-C10-REX-25h 0,92 9,8 1,1 1,9 35,6
Tb-C10-REX-27h 1,2 10,8 1,2 1,9 36,7
Tb-C10-REX-29h 1,1 9,9 1,1 1,8 35,9
Tb-C10-REX-31h 1,1 11,0 1,3 2,1 39,9
Tb-C10-REX-33h 0,89 9,2 1,1 1,8 36,6