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C.D.U: 311.213.6
A IMPLANTAÇAo DA MONOGRAFIA NA UFMA E SUA INSERÇAO NO CURSO DE GEO·
GRAFIA
Antonio Cordeiro Feitosa*
RESUMO
Este trabalho focaliza os problemas relacionados com a implantação daMonografia de Conclusão dos curSOb de graduação da Universidade Federal do Mar~nhão e sua concepção entre os alunos de Geografia. Est baseado numa visão do pr~blema nas universidades oficiais que mantêm cursos de graduação em Geografia e,na análise de informações fornecidas por alunos e graduados, compreendendo aspe~tos estruturais, operacionalização e sugestões relevantes.
1 - INTRODUçAo
Reflexões sobre a elaboraçao da monografia, enquanto instrumento capaz de subsidiar a fo!.maçao de profissionais habilitados a pesquisa científica, remo~tam a época da estruturação doscursos superiores nos diferentesramos do conhecimento. Sua Lmp l.an
tação, no entanto, tem sido op~racionalizada em diferentes momentos, em função do nível de maturação científica, do arcabouçoteórico e das disponibilidades fi:.nanceiras e técnicas das comunidades envolvidas.
As primeiras monografias
conhecidas constituem verdadeirostratados acerca dos fenõmenos investigados. Foram iniciadas nasciências médicas, desde Hipócr~tes, e compreendiam a abordagemcompleta de um problema. Desseperíodo são notáveis as monogr~fias sobre anatomia, epidemiol~gia, fisiologia e patologia.
No âmb í, to das ciências naturais, importantes trabalhos monográficos vêm sendo produzidosdesde a Antiguidade, sendo relevantes as obras deixadas pelos naturalistas a partir de meados doséculo XIX. Inspirados nessa pr~
* Professor Auxiliar de Geografia do Departamento de História e Geociências daUFMA.
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tica, foram produzidas e pub Lj,cadas diversas monografias naárea da ciência geográfica, destacando-se as da série "Monogr~fias Regionais", publicadas naFrança sob a orientação do geQgrafo Paul Vidal de La Blache.
No campo das ciências sociais, a produção de monografiasfoi iniciada seguindo orientaçãodiversa. Consistiam, geralmente,o principal produto da realizaçãode enquetes, através das quais seobtinham os dados necessários aformulação de teorias e leis.
Modernamente, apesar da co~cepção do vocábulo "monografia"conservar a mesma fidelidade aosignificado etimológico - estudoque se propõe a esgotar um determinado ternarelativamente restrito - sua contextualização e op~racionalização, em qualquer ramoda ciência, já não esgotam a complexidade dos fenômenos. "As monografias têm sido eleitas cornoforma de exposição de feitos outrabalhos novos I citando-se geral:.mente a bibliografia e a históriado terna"1.
Partindo de experiênciasacadêmicas, são mui tos os exemplosde fundações e institutos de pe~quisas com intensa produção cien
tífica de caráter monográfico.Nessas empresas,identifica-se umcompromisso maior com a investi'gação de problemas reais,releva~tes para sociedade, e cuja soluçao é urgentemente reclamada. SUEgem, em conseqüência, trabalhosorientados para o conhecimento deproblemas sócio-econômicos, em diferentes escalas, objetivando umequacionamento imediato, ou visando subsidiar atividades de pl~nejamento regional e de serviços.
Problemas relacionados coma implantação da monografia, comoelemento conclusivo da formaçãoacadêmica nos cursos de graduaçãoda Universidade Federal do Maranhão - UFMA, vêm sendo apresent~dos por representantes dos se~mentos discente e docente da comunidade acadêmica nas diferentesáreas de conhecimento. Neste contexto, pretende-se elaborar o peEfil dos estudantes do Curso deGeografia, a fim de que se possaidentificar tais problemas e encaminhar soluções compatíveis coma exigência da monografia.
2 - METODOLOGIA
Dentre os questionamentosrelacionados com a obrigatoried~de da monografia, nos cursos de
1 Enciclopédia Universal Ilustrada Europeu-Americana. r'ladrid, Espasa-Colpe Ed., 1968.
66 Cad. Pesq. são Luis, 4 (2): 65 - 75, julL/dez. 1988
"
graduação da UFMA, destacam-se:orientação responsável, disponibilidade de acervo bibliográficoe carência de recursos financeiros e técnicos. Perpassam, tarnbém, cornoproblemas internos decada curso, a falta de compromi~so com a orientação e a pouca disponibilidade de professores. Alguns críticos discutem, ainda, avalidade da monografia enquantoinstrumento capaz de proporcionarmelhor formação profissional, al~gando que esta exigência é exclusiva da UFMA.
Com o propósi to de oferecersubsidios ao conhecimento destesproblemas, pretende-se delineara percepção do segmento discentedo Curso de Geografia, registrara impressão dos recém-graduadoscom apresentação e defesa da Monografia de Conclusão de Curso -MCC, e consultar as universidadesfederais e estaduais mais repr~sentativas no contexto do €nsinode Geografia entre as universidades brasileiras.
Para a coleta de dados ju~to aos alunos e graduados, elaborou-se um questionário orientado para a importância da monogr~fia, o período para a apreserrt.ação do projeto, orientação preliminar e vantagens e desvantagensda monografia. Às universidadessolicitou-se o preenchimento de
um questionário contendo informações sobre a habilitação dos cursos mantidos e o tipo de trabalhoexigido para a conclusão do curso.
o questionário foi aplicadoa 51,6% dos alunos regularmentematriculados no primeiro semestreletivo de 1988, e a 81,8% dos gr~duados com defesa de monografia.Para a consulta às universidadesforam seLe. ionadas 27 federais,incluindo-se autarquias e fundaçoes, e 07 estaduais. Não foramconsultadas as universidades paEticulares, pelo fato de as instituições oficiais constituíremamostra suficiente. Das 34 consultas, apenas 23 foram respondidas,sendo 19 federais e 04 estaduais.O cõmputo dos dados,com a adiçãoda UFMA, estendeu-se a um universo de 35 e a urna amostra de 24universidades, representando65,7% do total.
3 - A IMPLANTACAo DA MONOGRAFIANA UFMA
A execução de trabalhos científicos de natureza monográfica, ainda que sem tal rótulo, vemsendo fato comum entre os formandos do Curso de Serviço Socialdesta universidade desde meadosda década de cinqllenta, quandopor disciplina de lei federal, seinstituiu a obrigatoriedade deste
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procedimento aos formandos de totos os cursos de Serviço Social.Excluídos dessa legislação, osdemais cursos continuaram com aexigência apenas de estágio supe~visionado em instituição diretamente vinculada ao campo de trabalho de cada profissão. Ao finaldo estágio, o aluno apresentavaum relatório descrevendo as atividades executadas.
No âmbito dos cursos de pós-graduação mantidos pela UFMA, aapresentação da monografia constacomo exigência também disciplin~da, a nível federal, para os cursos de especialização.
Procedimentos visando a extensão da exigência de elaboraçãoe apresentação da monografia atodos os cursos de graduação daUFMA, foram demonstrados e assumidos efetivamente pela administração superior. Partiu-se paraa elaboração de um anteprojetode resolução que foi submetido àapreciação dos segmentos acadêmicos em diferentes níveis, cornoconselhos de centros,assembléiasdepartamentais e colegiados doscursos.
Durante a fase de apreciaçãodo anteprojeto, os professores erepresentantes discentes, prese~tes às reuniões, tiveram opor t.u
nidade de discutir e votar a prQ
68
posta. Urnaparcela dos membrosdos órgãos colegiados manifestoudescrédi to quanto à efetivação daexigência, embora tenha reconhecido seus méritos.
o anteprojeto deu origem aResolução nº 47/82, aprovada peloConselho de Ensino Pesquisa e Extensão, em 1982, fundamentada na"necessidade de assegurar a coerência e articulação do contéudoensinado nos cursos de graduação" ,na "utilização de urnametodologiainterdisciplinar" que revelasse aintegração do processo ensino-aprendizagem voltado para a soluçâo de problemas reais e na "melhoria do sistema de avaliaçãodos cursos de graduação". A resQlução instituiu a obrigatoriedadeda elaboração e apresentação damonografia para os estudantes admitidos a partir de 1983.Dispôs-se, assim, de um período de qu~tro anos de carência, ao longodos quais deveriam ser aprovadasnormas complementares disciplinando a operacionalização.
As propostas para a explí.cjtação de situações não disariminadas na résolução, motivaram nQvo anteprojeto atendendo a suge~tões com vistas a operaciona1izara determinação contida na Reso1ução nº 47/82. Este anteprojetoresul tou na aprovação da Resolução nº 22/86, CONSEPE, revogando
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a primeira. É importante observar
que a última resolução começou a
viger anteriormente ao início do
período de apresentação das pr.:!:
meiras monografias.
A par das pr í meLr a s refor
mulações, percebe-se que as di~
posições constantes na segunda r~
solução nao responderam a todos
os questionamentos, o que tem sus
c í, tado novas propostas de refor
mulação.
4 - A EXIGENCIADE MONOGRAFIANASUNIVERSIDADESOFICIAIS
Das 24 universidades arro
ladas na pesquisa, todas mantêm
curso de graduação em Geografia,
com habilitação em Licenciatura
Plena,sendo que 16 mantêrn,também
a habilitação em Bacharelado.
Com referência ao tipo de
trabalho exigido para a obtenção
do grau acadêmico, além dos cr.§.
ditos teóricos e práticos, as in
formações obtidas indicam o pr~
domínio do Estágio Supervisionado.
para Licenciatura. e monografia
par a o Bachare lado. Há uni vers i
dades que exigem os dois tipos de
trabalho para cada habilitação
como e o caso da UFMA. A melhor
interpretação da situação focali
zada pode ser obtida pela obser
vaçao do Quadro 1.
No panorama demonstrado p~
10 qri~dro \ referência, destaca-
se a co.r rc spondânc í.a aproximada
entre os percentuais relativos ao
Estágio Supervisionado para a Li
cenciatura e a monografia para o
Bacharelado. Somente duas univer
sidades que mantêm a habilitação
de bacharel não exigem a monogr~
fia: numa exige-se apenas o e~
tágio supervisionado e noutra uma
carga horária adicional equ LvaLen
te a dois créditos. As exigências
de estágio e monografia tanto p~
ra Licenciatura como para Bach~
relado ocupam posição de destaque
nas duas habilitações.
QUADRO1: Habilitações a Trabalhos exigidos para a Conclusão de Cursonas universidades consultadas
HABILITAÇOES TRABALHO EXIGIDO PARA A CONéLUSÃO DO CURSOTipo Total Tipo ! Total 70 ~g~ãI o
Estágio supervisionado 14 58,3Licenciatura 24 Estágio a monografia 10 41,7
Somente monografia O OOutra - O O
IEst~g~o orientado 01 6,3Bacharelado 16 ,Estaglo e monografia 05 31,3.
I jSomente monografia 09 56,1i Outra 01 6,3
Fonte. Dados da pesqulsa
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5 - A CONCEPçAo NO CURSO DE GEOGRAFIA DA UFMA
Os dados obtidos através
dos questionários respondidos p~
los alunos e graduados, relativ~
mente à implantação da monografia
como exigência à obtenção do grau
acadêmico demonstram a plena aprQ
vaçao da medida.
Com referência à Lmpor t âpcia enquanto instrumento capaz de
subsidiar uma formação que melhor
habili te profissionais de nível
universitário à investigação, cQ
nhecimento e contribuição ao equ~
c i.onamerrt,o de problemas reais, os
alunos consultados atribuíram os
seguintes conceitos: excelente,
28; muito bom, 33; bom, 31 e re
guIar, 6. Em termos percentuais,
estes valores correspondem respe~
tivamente a 28.6, 33.7, 31.6 e
6.2%. Considerando que os três
primeiros conceitos somam 93,9%
das consultas efetuadas, demons
tra-se a aceitação maciça da mo
nografia.
Sobre o período em que d~
vem ser iniciadas as atividades
de elaboração da monografia, in
cluindo o projeto, 38 alunos as
sinalaram o quinto período; 34, o
quarto; 16, o sexto; 05,0 sétimo
e 05, o terceiro. Combase nestes
dados, pode-se delimitar o prazo
para apresentação do projeto de
70
monografia entre o quarto e o
quinto períodos, já que a difere~
ça entre ambos é de apenas 4.1%,
e os dois somam 73.5% do total.
Oterceiro tópico, obj eto da
consulta aos alunos, aborda a
perspectiva de uma orientação pr~
liminar, de caráter formal, com o
objetivo de assessorá-los na de
finição do ramo de conhecimento e
na seleção do problema a investi
gar. Foram apresentadas quatro
opções focalizando a gestão do D~
partamento no sentido de destacar
professores para esta orientação,
atribuindo ao aluno a iniciativa
de buscar orientação, sugerindo
à Coordenadoria a realização de,
pelo menos, um seminário por se
mestre, focalizando esta proble
mática e relacionando a definição
do problema da pesquisa ao amadu
recimento do aluno.
Nos questionários respondi
dos pelos alunos,24.5% priorizam
a gestão do Departamento; 18.4%,
a iniciativa dos alunos;39.8%, a
ação da Coordenadoria e 17.3% o
amadurecimento do aluno. Este re
lativo equilíbrio entre as po.!:
centagens denuncia certa indefi
nição da parte dos alunos, o que
reflete relativa falta de orien
tação pertinente, através da Coor
denação de curso.
Em decorrência do caráter
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subjetivo dos dois últimos itens
da consulta, surgiram as mais va
riadas respostas tanto para as
vantagens como para as desvanta
gens. Considerando a necessidade
da compatibilização das informa
çôe s com a estrutura do trabalho,
as informações foram grupadas em
três títulos.
Como vantagens, os itens
mais expressivos relacionam-se à
aquisição de conhecimento téc
nico-científico, com 78 referên
cias; aplicação do conhecimento
geográfico ao estudo de um pr~
blema real, 62 citações, e prep~
ração do aluno para o exercício
profissional de geógrafo, 58 cita
çoes.
Dentre as desvantagens apr~
sentadas com maior evidênci~ de~
tacam-se: a falta de apoio fina~
ceiro e orientação preliminar
através da realização de seminá
rios e debates, com 29 citações;
a deficiência do acervo biblio
gráfico e da estrutura de apoio
à pesquisa, 26 ci tações e a falta
de tempo e interesse de orienta
dores e orientandos com 23 cita
çoes.
são relevantes as informa
cõe s que atestam a inexistência
de desvantagens na elaboração da
monografia, desde que a Univers!
dade satisfaça as condições mí
nimas necessárias para a execuçao
das atividades de pesquisa.
Para os graduados com apr~
sentação de monografia, a impo,E
tância da realização da monogr~
fia obteve conceito "excelente"
de 66.7%, "muito bom" de 22.2% e
"bom" de 11.1%. Não houve a atri
buição do conceito "regular". Com
referência ao início dos trabalhos,
44.4% defenderam o quinto perí~
do; 33. 3%, o quarto e 22. 2%, o se
timo. O sexto período não foi as
sinalado. Relativamente à orienta
ção preliminar, 55.6% defenderam
a gestão da Coordenadoria; 22.2%,
a do Departamento e 11.1% atri
buiram-na, respectivamente, à in!
ciativa e amadurecimento do aluno.
Noque concerne às vantagens
e desvantagens da monografia, os
graduados apontaram aspectos co~
vergentes com os relacionados p~
los alunos. Como vantagens fig~
raram a aplicação de conhecimento
teórico em pesquisa de campo, e
uma melhor capaci taçâo profi~
sional para ·a pesquisa. Como des
vantagem, além das já apontadas
pelos alunos, salientaram-se a
omissão e o despreparo de alguns
professores.
6 - DISCUSSÂO
Muitos problemas levantados
nas discussões relativas à Lmp Lan
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tação da monografia nos cursos degraduação da UFMA,são de caráteressencialmente operacional.Outros,no entanto, refletem um posiciQnamento político de seus defensores. Esses problemas envolvemdiretamente a Universidade, e~quanto instituição, e os segmentosdiscente e docente da comunidadeacadêmica.
As discussões mantidas pelosegmento discente atestam deficiências estruturais da Universid~de e dificuldades operacionais e~perimentadas pelos alunos. sãoatribuídas a instituição a faltade equipamentos, laboratõrio, a.poio financeiro para custeio damonografia, professores para aorientação,deficiência do acervobibliográfico e dificuldade deacesso às informações. Atribuem-se aos estudantes apenas a faltade interesse e disponibilidade detempo. Dos professores cobram-semelhor qualificação e maior responsabilidade e interesse naorientação.
Também entre os professoresexpõem-se as deficiências est.ruturais da Universidade. Reclama-se da falta de equipamento e Iaboratõrio, da excessiva carga horária em sala de aula, da faltade treinamento para as atividadesde orientação e de apoio financeiro para a execução de traba
72
lhos de campo.Reconhecendo a responsab í Lj
dade quanto ao atendimento às r~clamações apresentadas, a Unive~sidade tem demonstrado interessee enviado esforços no sentido desolucionar os problemas. Algunslaboratõrios foram instalados eoutros estão com projeto de instalação inseridos no programaMEC-BID. A contratação de profe~sores tem sido uma reivindicaçãopermanente dos departamentos, nQ
tadamente daqueles sobrecarreg~dos pela implantação de novos cursos.
As ponderações relativas àdeficiência do acervo bibliogr~fico são procedentes e podem seratendidas, ainda que parcialmente,na medida em que os professoresassumam gestões efetivas junto àdireção da Biblioteca Central,no sentido de que sejam adquiridos os livros necessários.
Quanto ao acesso às inform~ções,diz respeito exclusivamenteà impossibilidade de obtenção depe.rí.ôd í cos , por empréstimo, nasbibliotecas da UFMA,e de qualquerpublicação de outras bibliotecas.Acredita-se na solução deste prQblema seguindo o exemplo de outras bibliotecas universitáriasque adotam o sistema de empre~timo entre bibliotecas. O empré~timo de periõdicos implica em mais
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trabalho, mas em melhor serviço a
comunidade acadêmica.
A postura de muitos prcfe~
sores ante as atividades de ori
entação de monografia pode ser
abordada a partir dos argumentos
apresentados. f: notável o empenho
de muitos no sentido de superar
as dificuldades I e isto tem resul
tado na produção de monografias
de muito bom nível. Paralelamen
te, verifica-se a falta de com
promisso de outros que: sequer I
aceitam orientandos.
Os argumentos contra a ex
cessiva carga horária em sala de
aula são válidos, considerando-se
que, em muitas universidades fe
derais e estaduais a carga horária
docente, mesmo nos contratos em
regime de dedicação exclusiva,
raramente excede às 08 horas-aula
semanais. Os defensores desse ex
pedi ente esquecem que os docentes
daquelas insti t.ui.çôe s desenvolvem
projetos de pesquisa e outras ati
vidades que completam, produtiv~
mente, a sua carga horária, oque
não pode ser confrontado com a
falta de interesse de muitos dc Le s
com os objetivos da UFMA.
Concernente às dificuldades
comque se defrontam na orientação
de monografia,aqueles professores
cujo. nível de ti tulação é a gr~
duação e não possuem experiência
em trabalhos de pesquisa, os ar
gumentos nos parecem .írnprocedeg
tes. A UFMAnão tem exigido a pr2
dução de monografia de altíssimo
nível técnico-científico e, por
outro lado, tem procurado suprir
parte dessas deficiências prom2
vendo palestras e seminários sobre
a orientação de trabalhos cientí
ficas. Esses eventos não têm sido
devidamente prestigiados pelos
professon
Outros argumentos acusando
a falta de apoio financeiro, defi.
ciência do acervo bibliográfico e
laboratório, configuram-se mais
como demonstrativo da omissão de
nunciada pelos alunos. Exceto nos
trabalhos emque a experimentação
é imprescindível, essas deficiên
cias são contornadas com um pouco
de criatividade. Quanto ao custeio
dos trabalhos, existe a oportuni.
dade de financiamento, desde que
se atenda aos procedimentos exi
gidos pelos órgãos de financiamen
to à pesquisa.
Entre os alunos, a falta de
interesse converge com a de muitos
professores. O descaso de muitos
estudantes em" a atividades esco
lares F durante a fase de compLe
mentação dos crédi tos, se manifes
ta - e se reflete de forma mais
acentuada - na fase de elaboração
da monografia, chegando-se ao
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ponto de concluírem o curso através
de mandado judicial. A muitos
alunos tem sido conferido o grau
de bacharelou licenciado por de
terminação judicial.
QUADRO 2 - Número de colações de grau sem apresentação de monografia
Ano 1 9 8 7 1 9 8 8 TotalCurso 12 Semestre 22 Semestre 12 SemestreCiências Contábeis - 16 04 20Ciências Econômicas - 23 09 32Comunicação Social e Jornalismo - 08 - 08Direito 01 25 08 34Enfermagem - 10 05 15Filosofia - 06 03 09História - 03 - 03Letras - - 02 02Pedagogia - - 02 02TOTAL 01 91 33 125Fonte: Divisão de Registro e Controle Acadêmico - PROC.
Os títulos obtidos sem o
cumprimento da exigência da monQ
grafia podem resultar em sérios
problemas aos seus detentores. Es
quecem estes, ou desconhecem de
todo as conseqllências de sua
omissão, que a obtenção do grau
acadêmico "sub-júdice" pode lhes
custar a discriminação no seio da
comunidade de profissionais a que
aspiram e a conseqllente rejeição
na pretensão de empregos.
7 - CONCLUSAO
Os problemas decorrentes
da implantação da monografia nos
cursos de graduação da UFi'liA,apesar
da extensão atribuída por alguns
professores e alunos, sao contor
náveis como exercício responsável
da orientação e criatividade. Es
pera-se que a instituição cumpra
74
efetivamente a sua função pa t rpcinando o atendimento progressivo
das reivindicações apresentadas,
mas a solução dos problemas de
pesquisa é da competência dos pe~
quisadores. De nada valerá todo
o apoio, se a maior parte dos prQ
fessores continuarem alegando fal
ta de tempo e experiência.
Uma análise mais detalhada
do comportamento de alguns profe~
sores remete à problemática da
fal ta de qua l-í f í.ca câo para as ati
vidades de pesquisa e, portanto,
de orientação, cuja resolução fOE
mal perpassa pela realização de
cursos de pós-graduação emuni veE
sidades com maior tradição em pe~
quisa. Para dar suporte a essa
iniciativa, o MECe o CNPq mantém
programas de fomento à formação
de recursos humanos, dotando as
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universidades com bolsas de estudo operacionalization and relevante pesquisa para seus quadros do suggestions.centes e para recém-graduados.Esses programas, no entanto, não /têm recebido a procura esperada.
De outra forma, também nãose pode esperar um comportamentouniforme de todos os professorese alunos quanto às atividades depesquisa. A solução dos problemasfocalizados nao pode ser alcançada senão pela maturação dos recursos humanos envolvidos. Deve-se, sim, criar condições necess~rias ao desenvolvimento de atividades de pesquisa e torná-Iasacessíveis a todos os interessados. Desse modo, se chegará aelaboração de excelentes monogr~fias.
SUMMARY
This paper focuses therelated problems with theimplantation of the Monographyof Conclusion of the graduationcourses at the Federal Universi tyof Maranhão and its conceptionamong the students of Geography.It's based on a vision of theproblem the officialat:
universiti's which maintaingraduation cour ses in Geographyand the analysis of Lnf orma-t i.on
provided by the graduated andstudentsunder-graduated
comprising structural aspects,
ENDEREÇO DO AUTORANTCNIO CORDEIRO FE:r:ra;.A.
DepartamentodeHistóriae GeociênciasCentrodeEstudosBásicos!UFMACampusUniversitáriodo Ba.cangaTel.: (098)221-543365.000 sfu) W1S-MA.,
Cad. Pesq ..são Luis, 4 (2): 65 - 75, jul./dez.,1988 75