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CARLOS ANTNIO BELARMINO ALVES
EDUCAO AMBIENTAL E FORMAO DE UMA MENTALIDADE ECOLGICA: um estudo sobre a eficcia das aes desenvolvidas no
Ensino Fundamental
Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias
Departamento de Cincias Sociais e Humanas
rea de Cincias da Educao
LISBOA 2007
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CARLOS ANTNIO BELARMINO ALVES
EDUCAO AMBIENTAL E FORMAO DE UMA MENTALIDADE ECOLGICA: um estudo sobre a eficcia das aes desenvolvidas no
Ensino Fundamental
Dissertao apresentada na Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias para obteno do grau de Mestre em Cincias da Educao. ORIENTADOR CIENTFICO: PROFESSORA DOUTORA MARISETE FERNANDES DE LIMA UFPB JOO PESSOA PARABA BRASIL CO-ORIENTADOR CIENTFICO: Professor Doutor Antnio Teodoro ULHT - Lisboa - Portugal Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias
Departamento de Cincias Sociais e Humanas
rea de Cincias da Educao
LISBOA 2007
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A Educao Ambiental, como perspectiva
educativa, pode estar presente em todas as
disciplinas. Sem impor limites para seus
estudantes, tem carter de educao permanente.
Ela, por si s, no resolver os complexos
problemas ambientais planetrios, mas pode influir
decididamente para isso, ao formar cidados
conscientes de seus direitos e deveres
Reigota (2001, p. 62)
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DEDICATRIA
A Deus que proporcionou foras para prosseguir com pacincia e perseverana.
Ao Divino Esprito Santo, que em todo momento me iluminou e me guiou pelos
caminhos da sabedoria.
A todos que contriburam para efetivao deste trabalho.
A Belina e Francisco Belarmino Alves, meus avs paternos.
A Julia e Manoel Francisco Elesbo, meus avs maternos.
Severina, Regina, Manoel, Marina, Antonio, Joo, Santina (in memorium) Maria,
Daura, e Severino, meus tios.
A Nathalia, Karla, Karollyne e Maria Eduarda, pela compreenso das minhas
ausncias, e pelos carinhos na minha presena.
A Luiz Tolentino (in memorium) e Raimunda, meus sogros.
A Jos Belarmino (in memorium) eterno Primo.
A Paulo, Rogrio e Ricardo, meus queridos irmos.
A Mirian (in memorium), Elenice e Rosangela, minhas cunhadas.
A Antonio, Valdemir e Jos, meus cunhados.
A Diego, Rosana, Paulo, Alex, Ricardo, Igo, Jeffeson e Jonatas, meus sobrinhos.
A Patrcia e Inaldo, que com pacincia realizaram a digitao dos primeiros textos
e pesquisa de campo.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter estado comigo em todos os momentos de minha vida.
A todos os colegas de mestrado que persistiram e com garra conseguiram a
concluso de seus trabalhos.
A meu Pai, Jos Belarmino, amigo, irmo camarada que sempre me incentivou
em meus estudos e me ensinou a percorrer os caminhos do bem.
A minha Me, Creuza pela positividade de sua energia e compreenso nas
minhas ausncias.
A minha esposa Auricelia, razo da nossa vida, pelo carinho, compreenso e
tolerncia no ato de estudar.
As minhas filhas Nathalia, Karla, Karollyne e Maria Eduarda, que me
proporcionaram foras e energia nas horas mais difceis desta caminhada de
pesquisa, estudos e reflexes.
A querida irm e amiga Professora Ms. Luciene Arruda, pela solidariedade com
qual compartilhou das dvidas e descobertas desse momento criativo.
A minha eterna orientadora Professora Doutora Marisete Fernandes de Lima, que
com sua determinao, pacincia, dedicao e sabedoria me conduziu a
concluso desse to esperado ttulo de mestre, o qual o dedico de todo o
corao, gratido e apreo.
Ao Professor Doutor Otvio Machado L. Mendona, que contribuiu inicialmente
com este trabalho.
A Professora Carmen Moreira, que fraternalmente compartilhou da caminhada,
contribuindo, incentivando e criticando, quando necessrio e abrindo portas
atravs de seus conhecimentos.
Ao meu co-orientador Professor Doutor Antonio Teodoro, que realizou os ajustes
crticos, despertando-me o desejo de investigao e continuidade da Dissertao.
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A Universidade Estadual da Paraba (UEPB), por possibilitar a realizao deste
trabalho, atravs da magnfica Reitora Marlene Alves, companheiros Ebenezer
Pernambucano, e Ana Glria Marinho e todos que compe o departamento de
Geo-Histria do Campus III, Guarabira (PB).
A Prefeita Maria de Ftima de Aquino Paulino, de nossa cidade de Guarabira -
Paraba, pelas suas colaboraes e incentivos.
A Equipe Pedaggica do Centro Educacional Osmar de Aquino, na pessoa de
seus Diretores e Coordenadores, Professores Gerson Batista de Moraes, Edvam
de Oliveira e Jobert Aguilhardo da Costa, pela ateno e eficincia nas
disponibilizaes dos dados para efetivao dessa pesquisa.
A todos os tericos da Educao Ambiental que me deram suporte para
compreenso da sensibilizao, conscientizao e adoo, almejando a
preservao do nosso planeta.
A todos os alunos, sujeitos na pesquisa, que no futuro interferiro, de acordo com
sua conscincia, conhecimentos, atitudes, habilidade usando como instrumentos
aes oriundas da Educao Ambiental.
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RESUMO
No mundo atual cresce cada vez mais a preocupao de ambientalistas, ONG's, estudiosos, eclogos e da sociedade em geral com a degradao ambiental. O estilo moderno de vida, baseado no consumo desenfreado e inconseqente, estimulado pelo sistema capitalista tem promovido, paulatinamente, o esgotamento dos recursos naturais. O adensamento populacional, o excesso de demanda e a evoluo tecnolgica tm levado as aglomeraes humanas a no refletirem sobre as questes ambientais, e usarem esse bem de consumo como inesgotveis, disponveis e ilimitados, que vem se acumulando como fator de agresso ao meio ambiente ao longo dos anos. de suma importncia e necessria a adoo de uma reeducao ambiental a um novo modo de agir mais eficaz com relao a uma preservao ambiental consciente. Nesse sentido a educao ambiental identificada como um instrumento capaz de contribuir para a construo de novos padres de comportamento e atitudes a partir da escola, gerando mudanas e proporcionando melhor qualidade de vida nas futuras geraes. Este trabalho de pesquisa apresenta como tema a sensibilizao, conscientizao e adoo em educao ambiental no ensino fundamental e, tem por objetivo identificar e mensurar o grau de sensibilizao ambiental dos alunos do ensino fundamental, a partir da investigao em uma escola pblica do municpio de Guarabira, no Estado da Paraba, tendo como premissa bsica que adoo, sensibilizao e conscientizao so ferramentas fundamentais para promover com sucesso a educao ambiental. Esta pesquisa, de carter quanti-qualitativa, foi realizada entre janeiro e dezembro de 2006. O universo da pesquisa contou com 252 alunos das 8s sries do Ensino Fundamental e a amostra de 106 alunos desse universo, representando 42,6%. Os dados foram coletados atravs de questionrios, nos turnos diurno e noturno. Como resultado da anlise dos resultados, detectou-se que o modelo adotado na escola no contempla, aos educandos, um grau eficaz de adoo, sensibilizao e adoo quanto a educao ambiental, ferramenta fundamental desse processo educativo. Conclui-se que a EA no repassada, pela escola, priorizando a sensibilizao, a conscientizao de maneira contnua e permanente, objetivando mudana de atitudes e comportamento nas atividades vividas pelos educandos, dentro e fora da escola, transformando-os em atores de um processo, onde os hbitos, valores e atitudes sejam balizados por uma nova postura tica e concreta (adoo) com relao ao meio ambiente. Palavras-chave: Educao ambiental. Meio ambiente. Sensibilizao. Conscientizao. Adoo.
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ABSTRACT
In the present world, the preoccupation of environmentalists, NGOs, studious, ecologists and society in general with the degradation of the environment has been growing more and more. The modern lifestyle based on unruled an inconsequent consume, stimulated by the capitalism system, has slowly promoted the wasting of natural resources. Increasing of population, excess of demand and technological evolution have been leading human crowds not to think on environmental issues and to use environment as infinite, available and unlimited, which has been happening as a factor of aggression over nature through out the years. It is necessary and of great importance the adoption of an environmental reeducation, a new way of acting, more efficient, when it comes to a conscious preservation of the environment. In this sense, environmental education is identified as an instrument that might contribute to the construction of new patterns of behavior and attitude at school, creating changes and providing better quality of life for the future generations. This research shows as theme sensitizing, consciousness and adoption in environmental education in fundamental education and has the objective of identifying and measuring the level of environmental sensitiveness of students of fundamental education, by an investigation in a public school in Guarabira town, Paraba state, based on the basic premise that adoption, sensitizing and consciousness are fundamental tools to promote environmental education successfully. This research of quantitative and qualitative character was made from January to December of 2006. The universe of the research was of 252 students of the 8th grades of the fundamental education and the sample was of 106 students of this universe, what represents 42,6%. Data was collected through questionnaires, in the day and night shifts. The analysis of the results showed that the model adopted at school does not contemplate students with an efficient level of adoption, sensitizing and adoption due to an environmental education, fundamental tool of this educational process. We conclude that EE is not transmitted at school, prioritizing sensitizing, consciousness in a continuous and permanent way and aiming the changing of attitudes an behavior in the activities carried out by students, inside and outside school, making them actors of a process in which habits, values and attitudes are based on a new ethical and concrete (adoption) posture in relation to environment.
Key-words: Environmental Education. Environment. Sensitizing. Consciousness. Adoption.
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SUMRIO
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUO 16
CAPTULO I EDUCAO AMBIENTAL NO CONTEXTO DA EDUCAO BRASILEIRA 21
1 EDUCAO AMBIENTAL NO BRASIL: percurso histrico ......................... 22
1.1 Educao Ambiental na legislao brasileira ............................................. 29
1.2 Educao Ambiental nos Parmetros Curriculares ................................... 34
CAPTULO II METODOLOGIA NO TRABALHO EM EDUCAO AMBIENTAL 38
1 SENSIBILIZAO, CONSCIENTIZAO E ADOO EM EDUCAO AMBIENTAL 42
1.1 Definindo Sensibilizao, Conscientizao e Adoo ............................... 44
2 SENSIBILIZAO COMO PROCESSO CONTNUO .................................. 66
2.1 A sensibilidade na poltica da Educao Ambiental .................................. 71
2.2 Metodologia em sensibilizao para a Educao Ambiental .................... 72
CAPTULO III PRODUO CIENTFICA EM EDUCAO AMBIENTAL NOBRASIL 84
CAPTULO IV - METODOLOGIA 96
1.1 Caracterizao da pesquisa ........................................................................ 97
1.2 Caracterizao do campo da pesquisa ...................................................... 98
1.3 Universo, amostra e sujeitos da pesquisa ................................................. 100
10
1.4 Tcnica e instrumento de coleta de dados ................................................. 100
1.5 Procedimentos de coleta e anlise de dados ............................................. 101
CAPTULO V APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS 102
CONSIDERAES FINAIS 163
FONTES E REFERNCIAS 168
APNDICES 187
Apndice A - Termo de Consentimento ........................................................... 188
Apndice B - Pesquisa na escola ..................................................................... 189
ANEXOS 198
Anexo A - Desenvolvimento histrico da Educao Ambiental 1962/1999 ...... 199
Anexo B - Lei 739/2007 .................................................................................... 203
Anexo C - Programa de Educao / Conscientizao Ambiental .................... 211
Anexo D - Itens de Capacitao ....................................................................... 237
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LISTA DE SIGLAS ANFOPE Associao Nacional de Formao Profissional da Educao ANPED Associao Nacional de Ps Graduao em Educao CEOA Centro Educacional Osmar de Aquino CEMIG Companhia Energtica de Minas Gerais CIDES Comisso Interministerial para o Desenvolvimento Sustentvel CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente DCNEF Diretrizes Curriculares Nacionais para Ensino Fundamental DCNEM Diretrizes Curriculares Nacionais para Ensino Mdio EA Educao Ambiental EF Ensino Fundamental FNMA Fundo Nacional de Meio Ambiente FUNDEF Fundo de Manuteno e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e
de Valorizao do Magistrio IUCN Unio Internacional de Conservao da Natureza e Recursos
Naturais IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renovveis INEP Instituto Nacional de Estudos Pesquisas Educacionais LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional MA Meio Ambiente MEC Ministrio da Educao NECEA Ncleo de Estudos em Cincias e Educao Ambiental ONGs Organizaes no Governamentais ONU Organizao das Naes Unidas ORPAL Organizao Regional para a Amrica Latina e Caribe PCN Parmetros Curriculares Nacionais PEEA Programa Estadual de Educao Ambiental PIEA Programa Internacional de Educao Ambiental PNE Plano Nacional de Educao PNUMA Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente PNMA Programa Nacional de Meio Ambiente PPP Projeto Poltico-Pedaggico
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PRODER Programa de Emprego e Renda ProNEA Programa Nacional de Educao Ambiental PUC Pontifcia Universidade Catlica SEBRAE Servio Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa SENAC Servio Nacional de Aprendizagem Comercial UNCED Conferncia das Naes Unidas para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento UEPB Universidade Estadual da Paraba UNEP United Nations Environment Program UNESCO Organizao para a Educao, Cincia e Cultura
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterizao dos sujeitos da pesquisa .................................. 103
Tabela 2 Distribuio da F e % dos ambientes da escola onde existem lixeiras ....................................................................................... 105
Tabela 3 Distribuio da F e % da opinio dos sujeitos quanto s atitudes para minimizar o lixo no cho da escola ...................... 106
Tabela 4 Distribuio da F e % do conhecimento de uma rea de preservao ambiental .............................................................. 107
Tabela 5 Distribuio da F e % da opinio sobre os contedos de meio ambiente ensinados pela escola ............................................... 109
Tabela 6 Distribuio da F e % do conhecimento de um zoolgico pelos sujeitos ...................................................................................... 110
Tabela 7 Distribuio da F e % dos sujeitos que ouviram falar da ECO-92 ............................................................................................... 111
Tabela 8 Distribuio da F e % sobre informao da Agenda 21 ............ 113
Tabela 9 Distribuio da F e % do conhecimento de documento sobre meio ambiente pelos sujeitos ................................................... 114
Tabela 10 Distribuio da F e % de EA na escola ..................................... 116
Tabela 11 Distribuio da F e % dos contedos da EA trabalhados na escola ........................................................................................ 117
Tabela 12 Distribuio da F e % do trabalho da EA em sala de aula ........ 118
Tabela 13 Distribuio da F e % de sugestes dos sujeitos para organizar o meio ambiente na escola ........................................ 120
Tabela 14 Distribuio da F e % da opinio dos sujeitos sobre coleta seletiva ...................................................................................... 121
Tabela 15 Distribuio da F e % sobre o conhecimento do lixo ............... 124
Tabela 16 Distribuio da F e % da opinio dos sujeitos sobre a arborizao da escola ............................................................... 126
Tabela 17 Distribuio da F e % sobre o conceito de arborizao ............ 127
Tabela 18 Distribuio da F e % das sugestes para melhorar as reas verdes no entorno da escola ..................................................... 129
14
Tabela 19 Distribuio da F e % sobre o conhecimento, pelos sujeitos, da arborizao da cidade e do Projeto do Rio Guarabira ......... 130
Tabela 20 Distribuio da F e % sobre o conceito de queimadas ............. 131
Tabela 21 Distribuio da F e % sobre o conceito de meio ambiente ....... 133
Tabela 22 Distribuio da F e % sobre o conceito de ecologia .................. 135
Tabela 23 Distribuio da F e % das degradaes do meio ambiente (Escola, Bairro e Cidade) apontadas pelos sujeitos .................. 137
Tabela 24 Distribuio da F e % da opinio sobre crise no planeta .......... 139
Tabela 25 Distribuio da F e % de problemas do municpio apontados como relevantes ........................................................................ 140
Tabela 26 Distribuio da F e % da preocupao de problemas ambientais do Brasil .................................................................. 141
Tabela 27 Distribuio da F e % de problemas ambientais na Escola, na Rua e no Bairro ......................................................................... 143
Tabela 28 Distribuio da F e % do conceito de EA .................................. 146
Tabela 29 Distribuio da F e % da EA no cotidiano da escola.................. 148
Tabela 30 Distribuio da F e % sobre a importncia da EA para os sujeitos da pesquisa ................................................................. 149
Tabela 31 Distribuio da F e % sobre o tratamento e o destino do Lixo na Escola ................................................................................... 150
Tabela 32 Distribuio da F e % do espao utilizado para colocar lixo ..... 151
Tabela 33 Distribuio da F e % das informaes sobre os servios de gua e esgoto existentes na escola .......................................... 153
Tabela 34 Distribuio da F e % sobre a existncia de lixeira em sala de aula da escola ........................................................................... 155
Tabela 35 Distribuio da F e % sobre o destino do lixo na zona rural ..... 157
Tabela 36 Distribuio da F e % da opinio dos sujeitos quanto o plantio de rvores .................................................................................. 158
Tabela 37 Distribuio da F e % sobre informaes da existncia de horta ou jardim em sua casa ..................................................... 159
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LISTA DE FIGURAS E QUADROS
Quadro I.1 Sntese da Legislao Brasileira Decretos e Resolues 32 Quadro IV.1 Distribuio dos resultados das pesquisas sobre os fatores
degradantes no Brasil e no mundo 142
Figura 1 Caracterizao estilizada do Municpio de Guarabira-PB 16
Figura 2 Caracterizao de aes em Educao Ambiental 21
Figura 3 Medidas de Sensibilizao 38
Figura 4 Enfoque de Educao Ambiental 44
Figura 5 Processo de Sensibilizao e Conscientizao em Educao Ambiental 55
Figura 6 Projeto de Educao Ambiental Parque Cinturo Verde Cianorte 71
Figura 7 Atividades interdisciplinares com temas geradores 75
Figura 8 Medidas de Conscientizao 84
Figura 9 Fotos de atividades de Sensibilizao 96
Figura 10 Fotos de caracterizao do Centro Educacional Osmar de Aquino - Guarabira-PB 102
Figura 11 Primeiros passos da Adoo 163
16
17
Com a crise ambiental evidenciada na dcada de 60, muito se tem
falado e escrito sobre meio-ambiente e, de interdisciplinaridade como forma de
privilegiar a educao ambiental em espao geral da educao, e em
conseqncia a preservao do meio ambiente por meio de sensibilizao,
conscientizao e adoo. Neste contexto, no podemos deixar de afirmar que o
esforo para desenvolver a conscincia ambiental surgiu nos anos 60 com
estmulos e reflexes espelhadas na obra Primavera Silenciosa (1960) da
jornalista Raquel Carson. Expandiu nos anos 70 este esforo, complementando-
se aps a conferncia das Naes Unidas sobre Meio-Ambiente Humano,
realizada em Estocolmo, em 1972. Naquele momento foram assinalados os
limites de racionalidade econmica e os desafios para minimizar a degradao
ambiental ao projeto civilizatrio de modernidade.
No Brasil, quando se realizou a pesquisa nacional sobre a opinio das
pessoas em relao a Educao Ambiental no currculo escolar, recomendada
pelo MEC (1998), constatou-se que para 95% dos brasileiros, a Educao
Ambiental (EA) deve ser obrigatria nas escolas. A maioria absoluta entende que
esta a grande chave para mudana das pessoas em relao a preservao do
ambiente onde vivem.
A preocupao com a preservao e educao ambiental, presentes
em nossa Constituio Federal de 1988 nos respalda em seu cap. VI, o qual
contempla no art 225 - inciso VI, a promoo da educao ambiental em todos
os nveis de ensino e a conscientizao pblica para preservao do meio
ambiente, questo ratificada pela Lei de Diretrizes e Base da Educao (LDB)
que define em sua seo VII do ensino fundamental, art. 32 que A compreenso
do ambiente material e social no sistema poltico da tecnologia, das artes, dos
valores em que se fundamenta a sociedade.
No Brasil pelo menos um milho de pessoas assistiu primeira
Teleconferncia Nacional de Educao Ambiental promovido pelo Ministrio de
Educao (MEC) e transmitida simultaneamente nos 62 postos da Embratel, nos
mais de mil e quinhentos telepostos brasileiros de educao distncia, nas 50
mil escolas ligadas a TV Escola e ainda para milhares de casas de todo o pas
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que acessam a TV Executiva do MEC pela antena parablica ou pela TV a cabo.
Esta teleconferncia apresentou, em primeira mo, alguns resultados
surpreendentes da pesquisa nacional, no relatrio intitulado: O que o brasileiro
pensa sobre o Meio Ambiente, desenvolvimento e sustentabilidade? No seria
difcil prever que quase metade dos entrevistados concordou com a idia de que o
meio ambiente deve ter prioridade sobre o crescimento econmico.
Aps estas colocaes, procura-se entender como a EA contribuir
para o desenvolvimento da formao de uma mentalidade ecolgica. Por isso
que, fundamentando-se nestes referenciais tericos, o presente trabalho de
pesquisa visa identificar o grau de sensibilizao, conscientizao e adoo
ambiental do ensino fundamental, a partir da investigao em escola.
O objetivo nesta direo , a partir da premissa bsica sensibilizao
como ferramenta fundamental para educao ambiental, entender o processo de
adoo e conscientizao na elaborao da metodologia de educao para o
ensino fundamental.
Face ao exposto, o resultado desse trabalho poder contribuir para o
desenvolvimento de um plano de EA municipal com o desenvolvimento de aes
da educao popular com base no mtodo Paulo Freire.
Enquanto professor, sinto no haver, a nvel de escola, um trabalho
efetivo voltado para a educao ambiental, de modo a desmistificar vises
deturpadas sobre ecologia, meio ambiente e sanitarismo, bem como ser capaz de
motivar o indivduo-cidado (criana ou adulto) a agir como parte de uma cadeia,
em que todos devem participar em defesa da preservao da fauna e da flora e
da manuteno do equilbrio ecolgico, conseqentemente, ter o direito a uma
sociedade auto-sustentvel e um meio ambiente saudvel. Entendemos ser a
educao ambiental e parte da educao popular capaz de oferecer ao cidado a
viso bsica, e ao mesmo tempo global, democrtica e politizada, dos seus
direitos e deveres dentre os quais esto o de viver em ambiente saudvel e de
preserv-lo para as geraes futuras.
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Assim, entendemos que as atividades de sensibilizao so um
caminho para tornar as pessoas conscientes de quo importantes so as suas
atitudes e de como, elas refletem o que se atrai e se cria no dia-a-dia de suas
vidas. Se cada indivduo estiver conscientizado sobre qual atitude tomar diante de
certas situaes, estar usando plenamente o seu potencial criativo e
respondendo com inteligncia e amor aos desafios e propostas que se
apresentem. Esse processo educacional se prope a ser um elo de unio
consciente entre o ser humano e o ambiente onde vive, seja ele composto de
elementos naturais ou de objetos criados pelo homem com a ajuda da natureza e
seus construtores, e de todas as pessoas e seres que compartilham de um
mesmo planeta-casa. a que percebemos que o ser humano no aprende
somente pela razo (fatores externos), ele aprende junto, atravs da emoo, da
participao, entendendo o mundo ao seu redor, as questes concretas que eles
enfrentam, ou seja, um modo de conhecimento onde sua prtica torna-se
conhecimento para superar as dificuldades e a viver melhor em seu meio.
A escolha do tema e definio das questes a serem investigadas se
deu pela relao com a educao ambiental enquanto professor que acompanha
o problema da degradao do meio ambiente e por sentir que deve ser priorizado
um mtodo de ensino que promova resultados com aes concretas em relao a
preservao do meio ambiente.
Desenvolver o tema contemplando estudos e pesquisas de modo a ter
fundamentos para debater os resultados nos fez estruturar o trabalho em quatro
captulos. O Captulo I aborda a Educao Ambiental no Brasil, a legislao
pertinente ao tema e a sua aplicabilidade nos Parmetros Curriculares Nacionais.
O Captulo II trata da metodologia no trabalho em Educao Ambiental,
suas representaes conceituais a cerca do que so a sensibilizao, a
conscientizao e a adoo na EA.
O Captulo III nos remete a uma panormica de toda produo
cientfica de EA no Brasil.
20
O Captulo IV, o cerne da nossa pesquisa, apresenta e discute os
resultados da pesquisa de campo.
21
22
1 EDUCAO AMBIENTAL NO BRASIL: percurso histrico
No Brasil, a Educao Ambiental recente na prtica escolar, embora
estivesse determinada em 1948 pelo Decreto Legislativo Federal n 3, de 13 de
fevereiro, que menciona a presena da Educao Ambiental no currculo, com
objetivo de educar o pblico para a preservao ambiental, numa abordagem
naturalista.
Com o desenvolvimento e o crescimento das atividades industriais dos
pases ricos, a partir dos anos 60, a poluio intensificou-se e comeou a causar a
destruio dos rios, comprometimento das matas nas grandes Megalpoles, o ar
comeou a ficar bastante pesado, alm do imenso volume de poeira txica, sem
contar com o uso abusivo e incorreto de fertilizantes e venenos (inseticidas,
fungicidas, pesticidas, herbicidas etc.), provocando envenenamento da gua, dos
solos e a degradao da fauna e da flora, o que resultaria, em pouco espao de
tempo, na extino de vrias espcies. Assim surgiu o movimento universal para
preservao do Meio Ambiente (MA), ao que salienta educao ambiental.
No h quem consiga olhar, de um modo geral, para qualquer tipo de
problema, sem que fique com o desejo de denunciar, mas, para que o fato torne-
se pblico, e se tome providncias, necessrio envolver os meios de
comunicao. Com a questo ambiental no foi diferente. Em 1962, a jornalista
Rachel Carson publicou em seu livro Primavera Silenciosa, denncias contra a
ao destruidora do homem em todo mundo, degradando o ambiente, o que
provocou uma discusso Internacional, com efeito, atravs da Organizao das
Naes Unidas (ONU).
Em 1970, com a construo das rodovias de Integrao Nacional a
TRANSAMAZNICA foi criada, pelo Ministrio dos Transportes, a Secretaria
Especial de Meio Ambiente (SEMA) que desenvolveu projetos de Educao
Ambiental, de carter conservador, cujo maior alvo era a preservao da
Amaznia.
23
Em 1972 realizada, em Estocolmo, na Sucia, a Conferncia sobre o
Ambiente Humano, com recomendaes aos 113 pases participantes, inclusive o
Brasil, ocasionando a criao do Programa Internacional de Educao Ambiental
(PIEA), reconhecendo-se que, atravs do mesmo, se tenha uma soluo para o
combate a crise ambiental mundial. Em 1975, foram formulados os princpios e
orientaes que permeavam o PIEA por pesquisadores e especialistas de
diversos pases em Belgrado, Iugoslvia.
A Organizao das Naes Unidas para Educao, Cincia e Cultura
(UNESCO), juntamente com Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), realizaram na cidade de Tblisi (Gergia), na ex-Unio Sovitica, em
1977, a primeira Conferncia Intergovernamental sobre Educao Ambiental. Este
foi o encontro mais importante e decisivo para o rumo da Educao Ambiental no
Mundo. A partir desta data a questo do meio ambiente passou a caminhar sobre
o prisma holstico (este visto como um todo), principalmente quando se trata da
interdiciplinaridade. Aps 10 anos da Conferncia de Tblisi, foi promovido atravs
da UNESCO e PNUMA o Congresso Internacional sobre Educao e Formao
Ambiental na Rssia (1987).
No Brasil, muitas vezes a Educao Ambiental foi confundida com
Ecologia e outras cincias, iniciando-se, porm de forma incorreta. Produziam-se
trabalhos e livros com temas e conceitos a partir de uma viso unilateral ou da
Ecologia, que definia a Educao Ambiental como sendo apenas a preservao
da Fauna e da Flora, colocando o homem e a sua condio de vida fora dessa
problemtica, como tambm, eram escassos Cursos, Simpsios e Treinamentos
sobre a Educao Ambiental.
No ano de 1981, a Educao Ambiental foi instituda no Brasil de
maneira formal pela Lei 6.938, sendo necessria a criao de uma Poltica
Nacional de Meio Ambiente (PNMA), voltada para oferecer a Educao Ambiental
nas escolas de todo estado brasileiro em todos os nveis de ensino. Nesta poca
as organizaes governamentais e no governamentais promoveram, a nvel
nacional, eventos para debater a Educao Ambiental. Um dos eventos
importantes foi o I Encontro Nacional de Educao Ambiental para o Meio
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Ambiente em setembro de 1988, com a parceria de vrios patrocinadores
(BNDES, CNPq, FBCN, PETROBRS, entre outros).
As relaes entre educao, escola e meio ambiente tm se repetido
historicamente e repercutido na sociedade, cincia e no ambiente global. At
algumas dcadas atrs, o ensino de cincias era predominantemente
fundamentado pela tica antropocntrica, utilizando e conceituando o ambiente
unicamente como fonte de recursos naturais disponveis para o homem. Vm da
expresses tais como "animais nocivos", "plantas teis", "guas necessrias
populao", "importncia do solo para o homem" e outros antropocentrismos
(WORTMANN et al., 1987).
Esse vis evita a observao e anlise dos fatores de transformao
ou de degradao, geradas pelo progresso. As visitas escolares so direcionadas
a ambientes como florestas, matas, costes rochosos, enquanto que os
ambientes em transformao, muito mais prximos da realidade do aluno so
flagrantemente ignorados. Ao trabalhar com a Geografia fsica, por exemplo, o
professor abordaria o relevo, o clima, a vegetao e a hidrografia como partes do
mundo natural, chegando at a identificar ecossistemas ou biomas, desde que
totalmente desvinculados das relaes sociais. O relevo transformado pelo
homem, os canais urbanos, os parques e reas verdes da cidade, os lenis
freticos contaminados, os esgotos a cu aberto das favelas, o prprio processo
de especulao imobiliria, a favelizao, nem de longe seriam abordados
(SANSOLO & MAZOCHI, 1995).
Atrelada aos recentes eventos mundiais sobre ecologia, ocorridos a
partir da dcada de 70, veio a reestruturao do conceito de ambiente,
evidenciando as relaes recprocas entre natureza e sociedade, enfatizando a
dupla integrao do homem com a natureza e a sociedade, mostrando como
influenciamos e somos influenciados pelo ambiente. Tais avanos, em conjunto
com a popularizao dos temas ecolgicos, tm gerado presso sobre os autores
de livros didticos de modo que palavras como "ecologia" e "meio ambiente"
comearam a aparecer com mais freqncia nos livros-textos, embora
freqentemente associadas explcita ou implicitamente aos padres culturais
25
reforadores da tica antropocntrica (BOWERS & FLINDERS, 1996). A prpria
fragmentao do ensino universitrio de cincias tornou muito difcil a
transposio dos conceitos de reciprocidade homem-natureza aos livros didticos
e s atividades propostas como sendo de Educao Ambiental, termo que passou
a ser freqente no ambiente escolar.
O Ministrio de Educao e Cultura (MEC) em 1990, pressionado e
usando o termo da moda Educao Ambiental, meio ambiente, abaixo a
degradao, preservao da Fauna e Flora, Eroso, iniciou um trabalho a nvel
nacional, promovendo Encontros Nacionais e Regionais, atravs do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e aos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA) e
rgos Estatais especficos, estabelecendo, enfim, uma Poltica Nacional de
Educao Ambiental, integrando Procuradorias, Curadorias de Meio Ambiente,
Estados, Municpios, ONG's etc., coisas que, at ento, eram realizadas por
rgos Estaduais de Meio Ambiente. No governo Collor houve uma preocupao
com as reas de fronteiras (Suriname, Colmbia, Bolvia etc.), principalmente
indgenas, onde havia grandes nichos ecolgicos e riquezas extrativistas, tais
como, ouro, diamantes, madeira, o que provocava com a explorao destruies
e desequilbrios, bem como, questes de ordens polticas-internacionais.
O estabelecimento de que cabe ao Poder Pblico promover a Educao
Ambiental em todos os nveis de ensino e, a conscientizao pblica para a
preservao do meio ambiente consta em nossa Constituio de 1988, mas
faltaram polticas ao longo dos anos, em fazer valer o que foi discutido por polticos,
estudiosos e sociedade em geral.
Em 1991, a portaria n 678 recomenda a presena da Educao
Ambiental como contedo disciplinar obrigatrio em todos os nveis de ensino, o
que tambm conta na Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB) - Lei
9.694/96 - no inciso I, do art. 36, no qual est previsto que deve estar presente
nos currculos e trabalhada de forma multidisciplinar. Em 1994, foi determinado
pelo Ministro do Meio Ambiente que o IBAMA elaborasse o primeiro Programa
Nacional de Educao Ambiental (PRONEA), tendo como objetivo capacitar o
sistema de educao formal e no formal, em seus diferentes nveis e
26
modalidades, comprometido com a formao da conscincia e difuso do
conhecimento prtico e terico voltado para preservao do meio ambiente e
conservao dos recursos naturais.
Em 1992, o Brasil passa a ser estrela de maior brilho no que tange
questo, pois foi a sede da ECO-92, no Rio de Janeiro, com o nome de Conferncia
da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), na qual muitos temas
abordados foram retomados e medidas tomadas, bem como reforadas as
recomendaes de Tbilisi (Conferncia de Tbilisi, na Gergia em 1977, quando se
estabeleceram os princpios orientadores da EA e remarca seu carter
interdisciplinar, crtico, tico e transformador) e como novidade os temas
Desenvolvimento Sustentvel e o Analfabetismo Ambiental. A ECO-92 estimulou a
criao de rgos de Educao Ambiental no Brasil inteiro atravs do IBAMA. Em
julho de 1993, as instituies governamentais brasileiras intencionaram adotar como
prioridade o investimento em treinamentos e formao de professores na rea de
educao ambiental. Houve algumas mudanas, sendo formado um quadro de
pessoal e criado o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) e o Programa
Nacional do Meio Ambiente (PNMA).
O FNMA tem o objetivo de captar recursos para investir e financiar
projetos na rea de Meio Ambiente, e o Programa Nacional de Meio Ambiente
cuida da capacitao de pessoal para esses novos rgos. Em formao
ambiental, a sociedade na atualidade possui um quadro de tcnicos de alto nvel.
Lei ns temos, recursos ns temos, especialistas ns temos, porm, o que ainda
falta para um efetivo e eficaz Programa de Educao Ambiental?
O Ministrio responsvel por essa poltica, que tinha a denominao de
Ministrio do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis, passa no ano
de 1996, aps vrios ajustes e inovaes, a Ministrio do Meio Ambiente da
Amaznia Legal e Recursos Renovveis, com a incluso da regio crtica da
Amaznia legal, composta de vrios Estados, inclusive parte do Maranho, Par,
Amap, Rondnia, Roraima etc. A fundamentao maior dessa tomada de
deciso governamental foi a Conservao destas reas, por serem fronteiras e,
devido grande densidade da ao humana (Antropismo), como o garimpo,
27
extrativismo, como tambm o controle das reas dentro de uma poltica de
Segurana Nacional.
Em junho de 1997, aconteceu outro evento sobre o Meio Ambiente, o RIO
MAIS ( + ), com o objetivo de avaliar a Agenda 21, visto que os acordos sobre a
Emisso de Gases na camada de oznio no tinham sido combinado, alm do que
vrios pases, dentre eles os prprios Estados Unidos, participante e incentivador de
vrios movimentos sobre o Meio Ambiente, se comportam como um dos maiores
poluidores.
Novamente no Brasil, acontece mais um evento, neste momento de
carter nacional, que foi a I Conferncia Nacional de Educao Ambiental, em
novembro de 1997, com o propsito de reafirmar a pauta das recomendaes de
Tbilisi, como tambm as questes locais e regionais, alm da elaborao de um
documento junto aos Municpios, Estados, pesquisadores e estudiosos, para ser
apresentado na Conferncia Internacional de Tessalonik, na Grcia.
A partir do ano de 1998, o IBAMA, que o rgo representativo do
Ministrio do Meio Ambiente, sofre vrias transformaes, que perduram at o
ano de 1999, quando o Ministro Jos Sarney Filho extingue as Superintendncias
em cada estado, passando para eles a responsabilidade local pela problemtica
Educao Ambiental. A poltica ambiental, neste momento, passa a ser exercida,
deixando um pouco de lado o componente poltico, pois diversos espaos foram
ocupados por agentes polticos despreparados, sem a mnima viso tcnica sobre
Meio Ambiente e sem o compromisso de desenvolver uma poltica ambiental
verdadeira para o nosso pas.
O Ministrio do Meio Ambiente tem uma nova dimenso em suas
Diretrizes, desta vez voltadas para as unidades de conservao, questo da
participao da sociedade, descentralizao via Estados e Prefeituras, ficando na
comunidade as taxas e impostos cobrados do lixo, extrativismo mineral e vegetal
etc., para o desenvolvimento local. Prosseguindo na histria da evoluo na
Poltica Ambiental do Brasil, em setembro de 1999, o Governo regulamenta a Lei
de Crimes Ambientais (Lei n 9.605 e Decreto 3.179), que permite a aplicao de
multas pesadas, de at 50 milhes de reais, contra quem praticar algum ato
28
danoso ao meio ambiente. Mesmo com a tomada dessas decises, por exemplo,
do total aproximado das 100 mil toneladas de lixo produzidas diariamente no pas,
40% no so recolhidos, de acordo com o Relatrio do Banco Mundial (BIRD)
sobre os Problemas Ambientais Urbanos Brasileiros. O lixo orgnico despejado
sem tratamento em rios e crregos, contaminando mananciais que abastecem a
populao de gua e pondo em risco a integridade dos lenis freticos. A
deposio de 76% do lixo coletado, em depsitos e lixes a cu aberto, expe os
habitantes de bairros prximos a epidemias e diversas doenas.
O contexto histrico da Educao Ambiental apresentado e discutido
em ticas diferenciadas e de vrias maneiras por outros estudiosos, educadores e
cientistas que se dedicaram a registrar no tempo e espao a trajetria da
Educao Ambiental a nvel internacional e nacional. O MEC (2001), na proposta
em textos elaborados para uma srie de programas sobre educao ambiental,
veiculada pela TV Escola no Salto para o Futuro, resumiu os antecedentes
histricos da Educao Ambiental, demonstrados no Anexo A, elaborado por
Oliva (1999).
Nos anos 2000 tivemos acontecimentos importantes na EA. Foi
assinado, em 2001, por todos os pases, com exceo dos EUA, o Protocolo de
Kyoto. Representantes de diversos pases afirmaram: " melhor um acordo
imperfeito, mas vivo, que um perfeito que no existe" (TAVARES e MORAIS,
2006). Em 2004 e 2005 houve o II e III Congresso Mundial de EA realizados no
Rio de Janeiro (2004) e em Turim (2005) (idem).
Historicamente, v-se que o processo de adoo, assimilao e
conscientizao para Educao Ambiental lento, mesmo reconhecendo os
esforos das autoridades, e entendendo que elas devem se empenhar ainda
mais, como tambm todos ns, a partir da nossa prpria casa, passando pela
escola e pela sociedade, para que a vontade poltica desperte nossos
representantes para a realizao de um Plano de Educao Ambiental, a fim de
proporcionar condies e qualidade de vida no nosso Planeta Terra.
29
1.1 Educao Ambiental na legislao brasileira
A legislao sobre a Educao Ambiental assinala que ela um
componente essencial e permanente da educao nacional, devendo estar
presente de forma articulada em todos os nveis e modalidades do processo
educativo, em carter formal e no formal. A presena no ensino formal da
Educao Ambiental dever abranger os currculos das instituies de ensino
pblico e privado, englobando educao infantil, ensino fundamental, ensino
mdio, educao superior, educao profissional, educao especial de jovens e
adultos. Porm a Educao Ambiental merece uma ressalva ao ser implantada,
pois, esta no dever ser uma disciplina especfica no currculo de ensino e sim,
adotada como inter, multi e transdisciplinar como prope os PCN, que trabalha o
tema do meio ambiente transversalmente.
A histria mostra que a ao do homem sobre o meio ambiente tem
promovido, no decorrer de seu processo evolutivo e de dominao sobre a terra,
uma crescente e intensa transformao do meio natural, ocasionando a
destruio de vrias espcies da fauna e da flora, ou melhor, de vrios
ecossistemas naturais.
diante dessas preocupaes que a sociedade civil tem se mobilizado,
visando a garantia de um ambiente sadio equilibrado de usufruto das pessoas e
futuras geraes.
Destarte, surge o Direito Ambiental, com o objetivo de regular a
interveno do homem no meio natural, preservando-o contra prticas lesivas e
impactantes que causem a destruio ou degradao de seus elementos e
normatizando o seu uso, de forma a assegurar a sobrevivncia das geraes
futuras em condies satisfatrias de alimentao, sade e bem-estar.
Foi com o advento da Lei 6.938 de 31 de outubro de 1981 Lei de
Poltica Nacional do Meio Ambiente, no seu art. 3, I, que Meio Ambiente definido
como o conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica,
qumica e biolgica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
30
Afirmam Leite & Medina (2001, p. 71-73) que a Constituio Federal de
1988 significou um avano no estabelecimento de limites aos modelos de
desenvolvimento que atuam desregradamente no meio ambiente. Antes de tudo,
foi um marco, pois definiu o meio ambiente como um bem comum de toda a
populao e atribuiu ao Estado e sociedade novas responsabilidades, no
sentido de proteger os ambientes de usos inaceitveis.
A preocupao com a preservao do MA presente no art. 225, inciso
VI da Constituio Federal, que dispe sobre o meio ambiente como direito:
Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes (1988).
Em sete incisos do pargrafo 1, o texto diz como se pode assegurar a
efetividade desse direito. Neles, h meno necessidade de preservar a
diversidade do patrimnio gentico nacional, de definir os espaos territoriais a
serem protegidos, de elaborar estudos de impacto ambiental para a instalao
de certas atividades, assim como a pontos que regem o transporte e
comercializao de substncias perigosas, educao ambiental e animais
ameaados de extino.
Inicialmente, pode-se afirmar que o Brasil possui leis ambientais
(Quadro I.1). Mas a questo das relaes entre uma legislao e seus efeitos
reais inevitavelmente muito complexa, pois a efetividade das leis sempre
muito relativa. E, no caso da legislao ambiental, isso no diferente da regra
geral e, talvez possua alguns agravantes. So eles:
A maioria da legislao sobre o meio ambiente recente, logo, pouco
conhecida, principalmente pelo cidado comum, o que dificulta a cobrana
da sociedade.
31
Nada precisa de mais detalhes, em relao a cada lugar geogrfico, do
que uma legislao ambiental, isso porque algumas decises de carter
genrico de proteo ambiental podem ser absolutamente incuas em
certos lugares.
Em funo disso, alm do necessrio exame crtico da qualidade dessa
legislao, podemos afirmar que a sua maior parte no cumprida de
maneira adequada. Conhecer e saber avaliar essa legislao, tendo em
conta a situao real de cada recorte do meio ambiente, nos parece,
portanto, uma condio necessria para a cidadania.
A Legislao Ambiental Brasileira bastante ampla e contempla vrias
especificidades que acaba servindo de base produo de legislaes
regionais e particularizantes, sendo que um dos exemplos que podemos
citar a sua insero em leis orgnicas, leis estaduais, programas de
governo, Agenda 21, leis locais. Estas so elaboradas pela sociedade
em municpios com objetivo de preservar o meio ambiente de maneira
sustentvel.
O nmero de leis existentes (Quadro I.1) mostra o interesse dos
poderes pblicos em conseqncia de presses internas e externas
32
QUADRO I.1: Sntese da Legislao Brasileira Decretos e Resolues
LEI N DATA DISPE
6.938 31/01/1981 Dispe sobre a Poltica Nacional do Meio Ambiente
4.771 15/09/1965 Cdigo Florestal
6.766 19/12/1979 Parcelamento do solo urbano
7.661 16/05/1988 Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro
9.605 12/02/1988 Crimes ambientais
7.347 24/07/1985 Ao Civil Pblica
8.171 17/01/1991 Poltica Agrcola
9.433 08/11/1997 Institui a Poltica Nacional de Recursos Hdricos
6.902 27/04/1981 rea de Proteo Ambiental
5.197 03/01/1967 Fauna silvestre
7.735 22/02/1989 IBAMA
7.805 18/07/1989 Explorao mineral
7.802 11/07/1989 Agrotxicos
6.453 17/10/1977 Atividades nucleares
8.974 05/01/1995 Engenharia Gentica
9.795 27/04/1999 Poltica Nacional de Educao Ambiental
6.803 02/07/1980 Zoneamento industrial nas reas crticas de poluio
FONTE: Leite & Medina (2001, p. 290-297)
A Lei 6.938 de 17/01/81, que dispe sobre a Poltica Nacional de Meio
Ambiente a mais importante Lei Ambiental. Ao seu abrigo, atravs do Ministrio
Pblico, podem-se propor aes de responsabilidade civil em defesa do meio
ambiente e punir. Tal legislao tambm responsvel pelos Estudos de Impactos
Ambientais e Relatrios de Impactos Ambientais - EIA / RIMA - que foi regularizado
em 1986, pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) atravs da
resoluo 001/86.
O Brasil auto-suficiente em legislao, enquanto pases do mundo
inteiro tm em suas constituies leis bastante restritas. O Congresso Nacional e
os juristas criam, quando necessrio aos seus interesses, leis, mesmos que
algumas sejam usadas de maneira inadequada. A lei 9.795, de 27/04/1999, da
Poltica Nacional de Educao Ambiental, est fora deste contexto, visto que sua
aplicabilidade vem despertando e criando uma conscincia crtica como processo
33
educativo nos cidados e colocada a partir da escola em todos os seus nveis
de ensino.
salutar que todos os Estados Brasileiros adotem a Poltica Nacional
de Educao Ambiental (PRONEA) primando pela transversalidade. Autoridades,
governantes e polticos em geral devem, junto sociedade, enviar projetos e votar
a partir das cmaras municipais e assemblias, com intuito de inserir a Educao
Ambiental nas escolas. A insero dever ser realizada numa perspectiva
transdisciplinar e no como disciplina especfica.
A Poltica Nacional de Educao Ambiental (PRONEA), para consolidar
a sua aplicabilidade como legislao, est fundamentada nos seguintes princpios
bsicos a serem assimilados.
1) O Poder Pblico (Unio, Estados e Municpios) tem o dever
constitucional de promover a Educao Ambiental em todos os nveis
de ensino.
2) A responsabilidade do Poder Pblico no exclui a participao das
comunidades, que devem ser transformadas em parceiras do Poder
Pblico na promoo da ao educativa e na formao da conscincia
da sociedade no setor ambiental.
3) A Educao Ambiental deve objetivar o desenvolvimento da
compreenso do meio ambiente em suas mltiplas e complexas
relaes, envolvendo aspectos fsicos, biolgicos, sociais, polticos,
econmicos, culturais, cientficos e ticos.
4) Um objetivo da Educao Ambiental a compreenso de que a
conservao ambiental contempla tambm o uso dos recursos naturais
com sustentabilidade, de modo que tanto as geraes atuais possam
usufruir deles quanto as futuras.
5) O PRONEA deve estimular a solidariedade entre as regies do pas,
e do pas com a comunidade internacional, visando construo de
uma sociedade ambientalmente equilibrada e socialmente justa.
34
Alm destes princpios, o PRONEA segue com sete linhas de ao
como diretrizes que so: a educao ambiental atravs do ensino formal; a
educao no processo de gesto ambiental; realizao de campanhas especficas
de Educao Ambiental para usurio de recursos naturais; cooperao com os
que atuam nos meios de comunicao e com os comunicadores sociais;
articulao e integrao das comunidades em favor da Educao Ambiental;
articulao intra e interinstitucional e a criao de uma rede de centros
especializados em Educao Ambiental, integrando universidades, escolas,
profissionais e centros de documentao em todos os estados.
O nosso pas muito bem formalizado quanto questo da legalidade.
Temos ainda a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) que trata do ambiente natural em
sua seo III do ensino fundamental, art. 32, realando como prxis que o nosso
ambiente dever ser conscientemente preservado.
Souza (2002, p. 78) afirma que,
Os instrumentos judiciais abordados podem ser eficazes, culminado na melhoria e restaurao dos bens e interesses defendidos, evitando novas aes danosas e punindo os responsveis pelo infringimento s leis de proteo ambiental, principalmente em questes relacionadas com a adoo da Educao Ambiental, no processo educacional em todos os seus nveis.
1.2 Educao Ambiental nos Parmetros Curriculares
Os Parmetros Curriculares Nacionais (PCN) foram elaborados a partir
do pressuposto de que a escola um local de formao e informao. Dentro
dessa concepo, a aprendizagem de contedos tem finalidade de contribuir para
a insero do aluno no cotidiano das questes sociais e encontra na escola uma
formao voltada para o desenvolvimento de capacidades. Assim sendo, o
produto do processo ensino-aprendizagem, conforme o estabelecido nos PCN,
ser assegurar ao indivduo a compreenso das questes sociais, capacit-lo
para interferir nos fenmenos scio-culturais, no mbito local e global.
35
Os PCN constituem um referencial de qualidade para o Ensino
Fundamental e Mdio no nosso pas e so apresentados no como currculo,
porm como subsdios para apoiar projetos da escola na elaborao de Programa
Curricular. As suas grandes inovaes so os temas transversais para o Ensino
Fundamental, que inclui o meio ambiente.
O processo de elaborao desse documento deu-se no incio de 1995
e, no fim desse ano, j havia a verso preliminar, que foi submetida a
considerao de diferentes instituies e especialistas. O MEC recebeu cerca de
700 pareceres que foram catalogados por reas temticas que embasaram a
reviso dos textos. Para completar, delegacias do MEC promoveram reunies
com suas equipes tcnicas; o Conselho Nacional de Educao organizou debates
regionais e algumas universidades se mobilizaram. Tudo isso subsidiou a
produo da verso final dos PCN para as quatro primeiras sries do Ensino
Fundamental, que foi aprovada pelo Conselho Nacional de Educao em 1997.
Os PCN foram transformados num conjunto de 10 livros para o 1 e 2 ciclos,
referentes s quatro primeiras sries do Ensino Fundamental (1 4 srie), foram
lanados no dia 15 de outubro em Braslia e enviados a professores de todo o
pas. Em 1997, o MEC iniciou a elaborao do referido documento para o 3 e 4
ciclos (da 5 8 srie do Ensino Fundamental), sendo concludos no final de
1998, e em 1999 os Parmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio
(PCNEM).
Aps a sua contextualizao e oficializao, foram elencadas cinco
temticas, que tm como objetivo complementar os contedos propostos pelas
disciplinas tradicionais. Estes temas esto diretamente relacionados ao exerccio
da cidadania (BRASIL, MEC, 1997, v. 8. p. 25) devendo ter peso similar aos
contedos daquelas disciplinas. Ao conjunto destas temticas denominam-se
Temas Transversais, compostos da tica, Sade, Meio Ambiente, Orientao
Sexual e Pluralidade Cultural (BRASIL, MEC. op. cit. p. 29).
A educao para cidadania requer que questes sociais sejam
apresentadas para o processo do ensino-aprendizagem e a reflexo dos alunos.
Buscar a contextualidade das realidades locais, regionais, nacionais e globais,
36
para serem includas no currculo escolar, temas de importncia fundamental que
contemplem uma aprendizagem dinmica.
Os PCN propem um conjunto de temas para serem includos no
currculo escolar: tica, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Sade, Orientao
Sexual e Trabalho de Consumo. Estes temas requerem uma reflexo que envolve
posicionamentos e concepes a respeito de suas causas e efeitos, de sua
dimenso histrica e poltica.
Foram adotados os seguintes critrios para a definio e escolha dos
Temas Transversais, dentro do processo de construo da cidadania e da
democracia, envolvendo mltiplos aspectos e diferentes dimenses da vida social:
Urgncia Social, Abrangncia Nacional, Possibilidade de Ensino e Aprendizagem
no Ensino Fundamental e Mdio, Favorecer a Compreenso da Realidade e a
Participao Social.
Segundo Souza (2002), a transversalidade diz respeito possibilidade
de se estabelecer na prtica educativa uma relao entre aprender
conhecimentos teoricamente sistematizados. Os temas transversais permeiam
todas as sries para ajudar a escola a cumprir seu papel maior de educar os
alunos para a cidadania.
A Interdisciplinaridade refere-se a uma relao entre as disciplinas,
integrando as diferentes disciplinas atravs da abordagem de temas comuns em
todas elas, classificados de Temas Transversais.
Os temas transversais so de abrangncia nacional, podem ser
compreendidos por crianas nas faixas etrias propostas; permitem que os alunos
desenvolvam a capacidade de se posicionarem perante questes que interferem
na vida coletiva; e podem ser adaptados s realidades das regies. Os mesmos
do sentidos sociais aprendizagem e conceitos prprios das reas
convencionais, separando assim o aprender da necessidade de passar de ano.
Assim, Educao Ambiental, dentro do que prescreve os PCN, tem a
sua principal funo de contribuir para a formao de cidados conscientes, aptos
para decidirem e atuarem na realidade scio-ambiental, comprometidos com a
37
vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade local e global. Para que isso
acontea, a escola deve elaborar propostas de trabalho com atitudes de formao
de valores, com o ensino de aprendizagem de habilidade e procedimentos, que
sero transmitidos aos alunos de acordo como eles vivem o seu dia-a-dia no seu
meio social, para que possam manifestar os seus valores culturais e artsticos.
Portanto, a Educao Ambiental deve ser trabalhada com o objetivo de
desenvolver nos alunos uma postura crtica diante da realidade, de informaes e
valores veiculados pela mdia.
Noes Bsicas para a Questo Ambiental s na ltima dcada do
sculo XX aparece como tema transversal nos Parmetros Curriculares Nacionais
para ser implementado pelos professores nas escolas do Ensino Fundamental e
Mdio, os quais devem trabalhar os contedos do meio ambiente de forma
integrada ao currculo atravs da transversalidade, isto , em diversas reas de
conhecimento, empregando a prtica educativa, e ao mesmo tempo criando uma
viso global da problemtica ambiental, usando os PCN como instrumento para
consolidao desse processo.
38
39
Grun (1996) sugere que uma compreenso histrica pode melhorar o
entendimento do inter-relacionamento entre prticas culturais e ambientais. O
estudo de diferentes aspectos do desenvolvimento cultural como arte, poltica,
religio, tecnologia e prticas econmicas, influenciadas que foram pelas
caractersticas dos ecossistemas locais aos quais estavam vinculadas, poderiam
produzir narrativas biorregionais, nas quais, o presente, incluindo a atual crise
ecolgica, poderia ser reconhecido como um produto histrico-cultural.
Segundo o mesmo autor, a desistoricizao das relaes entre
natureza e sociedade seria fruto da influncia cartesiana-newtoniana sobre o
currculo educacional, de modo que, mesmo no ensino de histria, o ambiente e
suas relaes com a sociedade so completamente esquecidos.
Pdua (1988) comenta que a Histria do Brasil, com os seus grandes
ciclos - cana-de-acar, ouro e diamantes, caf - oferece oportunidades
incomensurveis de explorar as relaes entre natureza e sociedade. Entretanto,
esta uma metodologia quase sempre desconhecida, no s pelos professores
de Histria, mas pelos profissionais da educao, a includos coordenadores
pedaggicos e autores de livros didticos.
Talvez tenha chegado o momento, at por excluso de outras formas,
de construir um olhar do homem sobre o ambiente, como fruto de um processo
histrico, na tentativa de que se possa edificar uma verdadeira conscincia
ecolgica. Talvez seja necessrio ter o ensino de Histria, como fornecedor de
uma linha temporal progressista, onde o passado sempre uma etapa vencida na
caminhada do conhecimento cientfico-tecnolgico (GRUN, 1996). Sem propor
uma volta ao passado, talvez esteja no estudo deste passado a chave para
possibilitar a discusso sobre os valores que nos trouxeram at ao presente,
abrindo espao para a discusso de novas escolhas to necessrias.
Para os cidados conscientes, tratar de meio ambiente torna-se uma
tarefa inerente ao seu cotidiano, visto que um tema universal e que dele
depende a vida no planeta. A Educao Ambiental hoje essencial para a
formao dos indivduos, para a qualidade de vida e para a construo da
40
cidadania, como podemos tomar, por exemplo, a natureza, a solidariedade, a
tica, a diversidade cultural etc.
A EA no universo do ensino formal tem o potencial de ganhar maior
espao para contribuir na formao e construo de idias e em conseqncia de
possibilitar prticas comprometidas com o cuidar do Meio Ambiente. A escola
deve adotar por algo assim, criando condies para que a sua comunidade se
insira numa outra em mais elevado patamar de aproximao da realidade cria-
se um campo de discusses e confrontao de valores, o que, segundo o texto do
PCN sobre temas transversais, deve ser encarado como o momento crucial de
formao de autonomia do aluno, ingrediente obviamente imprescindvel na
formao do cidado.
Tais dificuldades, presentes em todos os nveis de educao, tm
interferido na qualidade dos programas e atividades de Educao Ambiental
realizados pelas escolas, assim como na efetividade dos resultados obtidos.
Portanto, embora seja fato que as demandas e aes de Educao Ambiental
venham aumentando nas escolas, tambm real a necessidade de revisarmos os
nossos valores, conceitos e estratgias no planejamento de atividades nessa
rea, de modo que os resultados obtidos possam ser medidos em termos de
mudanas de atitudes e comportamentos.
As preocupaes da sociedade civil tm sido traduzidas em um forte
consenso de que alguma coisa precisa ser urgentemente feita para interferir nos
processos de degradao ambiental. A EA deveria, ento, responder a esse
quadro de perplexidade, educando os cidados para valorizar a integridade
ambiental. Mas parece que no isso o que est acontecendo, ou pelo menos,
no acontece na velocidade necessria para que outras catstrofes sejam
evitadas.
A formao do professor a condio essencial para que as questes
prticas da educao ambiental sejam inseridas no ensino formal. Deve-se
trabalhar o corpo docente com a organizao de cursos interdisciplinares de
Educao Ambiental. Capacitao e reciclagem so a mola mestra para o incio
da implantao de um projeto de EA articulado com a escola. A objetividade
41
desses cursos para professores do ensino infantil, mdio e fundamental implicar
na formao de valores ticos - ambientais para o exerccio da cidadania. A
formalizao deve ser uma preocupao dos secretrios de Educao e do meio
ambiente de cada municpio, com o aval do Estado.
Nesta fase preliminar, a organizao de encontros, pequenos cursos
em mdulo, simpsios e frum com inspetores, coordenadores pedaggicos,
professores, secretrios e prefeitos serviro como base para se expor o Projeto
da EA, e motiv-los no processo de participao integral. Numa segunda etapa, a
preparao da equipe de professores especializados e o material didtico que
ser utilizado e distribudo nas respectivas escolas devero contemplar, de
maneira particular, a realidade local.
Um mtodo bastante eficaz a execuo desses cursos em cada
escola, em datas preestabelecidas; contando, sempre, com a mobilizao dos
professores por parte da Secretaria de Educao. Neste contexto tarefa da
equipe de capacitao avaliar permanentemente os professores aps cada
mdulo do curso. A avaliao final realizada em forma de uma amostra /
exposio onde cada escola participante expe os trabalhos desenvolvidos entre
professores e alunos. Ao longo desses trabalhos realizados quase que
embrionariamente em nosso pas e nos diversos Estados verificou-se que os
professores depois de capacitados so verdadeiros agentes multiplicadores da
Educao Ambiental, tanto em escolas municipais como nas estaduais,
demonstrando, cada vez mais, novos interesses pela vertente tica do meio
ambiente.
Para Feitosa (1996), podemos tambm explorar os termos
relacionados questo ambiental, atravs das aulas tericas prticas e visitas
aos ecossistemas da regio j apresentadas em seminrios / exposies, para se
elaborar o plano de atividade, envolvendo a Educao Ambiental em todas as
escolas contempladas, pela tica da interdisciplinaridade. Outra questo, segundo
Penteado (1994) como fazer isso no dia-a-dia da sala de aula, com crianas e
adolescentes? Os prprios professores que enveredam por este caminho
lentamente criaro muitas respostas. Neste momento, o primeiro passo a
42
convico desta necessidade de mudana qualitativa da situao que preserva o
trabalho de informao. Uma outra providncia consiste em mudar o modo de
trabalhar com as informaes.
As informaes acumuladas culturalmente (contidas nos livros e
computadores) passaram a ser objeto de trabalho dos alunos que, orientados pelo
professor, as analisam e discutem, tendo em vista apossarem-se delas de tal
maneira que possam ser utilizadas como recursos ou instrumentos de
compreenso da realidade e de resoluo de seus problemas. O trabalho escolar
com a informao nesta dimenso, portanto, ultrapassa a menor acumulao de
informaes por parte do aluno, tendo por meta principal fazer da informao um
instrumento de conhecimento do aluno uma ferramenta para compreenso e o
desenvolvimento do mundo que o cerca, para alm das aparncias imediatas.
1 SENSIBILIZAO, CONSCIENTIZAO E ADOO EM EDUCAO AMBIENTAL
Embora a educao seja uma necessidade e direito de todo ser humano, infelizmente seu acesso ainda no universal, principalmente quando
se vive sob um modelo de desenvolvimento caracterizado por excessiva
desigualdade social e apropriao desfreada dos recursos naturais, fiscais e
financeiros. Esse o caso do Brasil, particularmente do Estado da Paraba, onde
os processos de degradao do meio ambiente atingem grande parte da
populao que vive abaixo da linha de pobreza. O Estado apresenta renda per
capita das mais baixas do Brasil, onde os habitantes recebem apenas R$ 3,87
conforme dados do IBGE (IN ALMANAQUE BRASIL, 2006, p. 280) tendo ainda o
quarto menor ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) do pas com 0,661 e o
terceiro maior ndice de analfabetismo. As condies de vida so subumanas e
sem efetivas aes de saneamento, habitao, higiene e sade etc., promovendo
o processo de degradao do meio ambiente e ampliando conseqentemente os
bolses de pobreza em efeito cclico.
43
dentro de um contexto de valorizao da vida na terra que
educadores, pesquisadores, estudiosos e rgos governamentais e no
governamentais mostram-se preocupados com a forma de educao que a
sociedade vem recebendo ao longo do tempo, principalmente no que diz respeito
valorizao do ambiente.
Estudiosos, entre os quais os autores Rosa (2001), Madruga & Da
Silveira (2005), Sato (2004), Dias (2000) etc., partem do princpio de que reeducar
as pessoas de fundamental importncia para a preservao do meio ambiente,
e a melhor maneira de faz-lo atravs da prtica de educao ambiental, a
partir de um processo permanente de sensibilizao e conscientizao uma
prtica entendida e defendida como o meio mais eficaz na adoo e
disseminao de valores e comportamentos que sejam compatveis com a
manuteno sustentvel do meio ambiente.
A educao ambiental busca, de acordo com as aes propostas pelos
programas ambientais oficiais, o convvio saudvel e ecologicamente correto com
a biodiversidade e com o ambiente urbano para manter o equilbrio dos
ecossistemas componentes e conseqentemente melhorar a qualidade de vida
das comunidades.
Esse captulo, inserido na nova viso de natureza, pretende mostrar
que a implantao da educao ambiental indispensvel no ensino
fundamental, pois implica na sensibilizao, conscientizao e adoo dessa
prtica em busca de uma melhor qualidade de vida.
De acordo com a Figura 1, demonstra-se de maneira resumida o ciclo
da sensibilizao como processo envolvendo a adoo e conscientizao.
medida que ocorre a sensibilizao, h uma busca maior por conhecimentos que
aumentam a compreenso do meio ambiente e, conseqentemente, h um
envolvimento maior que vai implicar na tomada de responsabilidade e posterior
tomada de atitude com relao resoluo ou minimizao dos problemas
ambientais.
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Figura 4: Enfoque de Educao Ambiental
Fonte: Sato (1997, p. 85)
1.1 Definindo Sensibilizao, Conscientizao e Adoo
1.1.1 Sensibilizao
O termo sensibilizao se origina de sensibilidade que vem do latim
"sensibilitos, para Bueno (1984, p. 1042) significa o ato ou efeito de sensibilizar,
de tornar sensvel ou suscetvel e o sensibilizador significa tornar sensvel, que
comove e ou / comovedor.
O dicionrio Poliglota (1987, p. 666) define o termo sensibilidade: em
ingls (sensibility); Espanhol (sensibilidad); Francs (sensibilite); Alemo
(enpfindlichkent); Italiano (sensibita). Em latim o termo usado em frases como:
sensus, dolares, habet, que significa (discurso que comove), sensibus aucis
(dotado do sentido que tem sensibilidade, sensus in homine + tardier) (que produz
sensibilidade no homem e etc) (ONICHERAT & SARAIVA, 1936, p. 1086).
Avila (1972, p. 600), conceitua sensibilizao ou sensibilidade como
instrumento de medir, para indicar o grau de preciso, a sensibilizao permite ao
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indivduo sentir o mundo ao redor de si e participar de mundo real a afetivao
nos problemas da humanidade interior.
Correa e Ferrari (1980, p. 140), explicitam ser a sensibilizao
sinnimo de elevao da sensibilidade ou da capacidade de captar uma ao
produzida. Assim, entendemos que a sensibilizao pode ser produzida, e um
fator importante para promover a sensibilizao ser utilizar atividades para
inspirar atitudes conscientes e sintonizar pessoas que trabalham em grupo, que
possuem experincia e pontos de vista que compartilham de um mesmo propsito
e processo de desenvolvimento.
A sensibilizao o primeiro princpio bsico geral da EA (SMITH,
1995), o processo de alerta, primeiro passo para alcanar o pensamento
sistmico sobre a dimenso ambiental e educativa (SANTOS IN MEC, 2001, p.
34). tambm o ato de se fazer sensvel, mover, impressionar e de atingir algo
atravs desta ao.
Londoo (1999, p. 18) menciona que:
[...] a sensibilizao tem um significado epistemolgico, ou seja, estuda o grau de certeza do conhecimento cientifico em suas diversas formas. E a primeira ao do conhecimento humana: aproximar-se do objeto partindo do conhecimento e ao que se deve ter da realidade. aproximar-se da natureza, senti-la, viv-la, estud-la.
Como prticas de sensibilizao, vrias universidades brasileiras esto
se dispondo a trabalhar este instrumento da EA, principalmente a Pontifcia
Universidade Catlica do Rio de Janeiro - PUC1. Tais projetos visam a formao
de valores scio-ambientais para o exerccio da cidadania como visam, tambm,
atender os atuais apelos recentes da Lei Federal da Educao Ambiental de n
9.795, a qual vem servindo de modelo para as demais.
1Disponvel:Acesso: 02/09/2005
http://www.puc/sobrepuc/desto/nima/proj1.htp.projetodeeduca%C3%A7%C3%A3oambientalcomcrian%C3%A7asdeescolaspublicas.com.brhttp://www.puc/sobrepuc/desto/nima/proj1.htp.projetodeeduca%C3%A7%C3%A3oambientalcomcrian%C3%A7asdeescolaspublicas.com.br
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As aes e prticas educativas voltadas sensibilizao da
coletividade sobre as questes ambientais, com a participao e parceria das
escolas, universidades, empresas e outras instituies, esto tendo uma grande
dimenso no Brasil. um forte instrumento de mudana no comportamento dos
indivduos que, aps sensibilizados, so integrados s suas comunidades,
escolas e at no ambiente de trabalho, em defesa de suas causas
antidegradacionais.
Os projetos oriundos da prtica da sensibilizao seguem geralmente a
meta de formao de valores tico-ambientais para o exerccio de cidadania
contempornea e das futuras geraes. Inmeros projetos esto sendo
trabalhados no sentindo de alcanar reas de atuao onde so implementados.
De acordo com Souza e Siqueira (2005, p. 2),
A prtica da sensibilizao, conscientizao (assimilao) necessria adoo e praticidade da EA, seguem alguns objetivos bsicos;
a) organizar aulas programadas de educao ambiental direcionada a rea e local a ser trabalhado;
b) proporcionar contedos educativos compatveis com a educao ambiental holstica, integrando as diversas discusses que interagem na rea que seja, na escola, na empresa, indstria e etc;
c) despertar nas crianas, na comunidade, e nos cidados valores ticos importantes na formao de cidadania, como a sensibilizao e amor pela natureza, conservao do patrimnio biolgico, cultural, histrico etc., senso de responsabilidade na preservao do meio ambiente e solidariedade com todos as manifestaes da vida que integram o espao ambiental;
d) criar nas cidades a conscincia do uso sustentvel de recursos da natureza;
e) Oferece, atravs da sensibilizao, mais integrada para as cidades, articulando as dimenses, sociais, ecolgicas e culturais;
f) fornecer ao cidado critrios e parmetros ticos que contribuem para conscincia ecolgica mais integrada e condizente com a situao social em que viveu;
g) ampliar o nvel do conhecimento das crianas, sobre os grandes problemas ambientais nacionais e regionais apresentando alternativa e solues.
47
A sensibilizao, como um dos componentes da EA, vem
contemplando nos ltimos anos uma nova prtica educativa integradora,
abrangente e democrtica, considerando no s a sistemtica escolar, mas numa
dimenso maior, em que abrange tambm o cotidiano dos educandos e/ou
cidados.
Confirmando esta perspectiva, Anjos (2003, p. 1) salienta que:
[...] atravs da educao e do conhecimento que acarretam responsabilidade e mudanas, os indivduos podero adquirir condies de participarem da sociedade de modo consciente, refletivo e transformador, e ver o ambiente de forma totalmente integrado sua vida.
A prtica da sensibilizao um dos caminhos para se realizar
adequao cuidadosa dos conhecimentos amplos e contextualizados a serem
repassados, pois de acordo com esta perspectiva, indicam Folena e Anjos (2005)
que:
No podemos fazer das atividades de educao ambiental, uma prtica meramente informativa que envolva contedos dissociados de um contexto. Significativo. Tal prtica no consistiria numa aprendizagem e sim no desenvolvimento de uma expectativa negativa e descompromissada em relao ao ambiente.
Toda forma de aprendizagem deve incluir manipulao de objeto
instigante e motivador para os educadores a partir do contedo.
importante verificar os programas, contedo e atividades, que
possibilitem de imediato o enfoque ambiental. A possibilidade de introduzir as
atividades inovadas relacionadas com a soluo de problemas concretos da
comunidade ajuda na aprendizagem daqueles que esto sendo sensibilizados.
Segundo Peres e Mendona (1991, p. 16), Introduzir atividades e
experincias para a preservao [...] e novas formas de comunicao e maneira
de ver e interpretar o mundo utilizando-se inclusive, a expresso artstica
importante.
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Os elementos, a que atribui o autor, devem ser colocados em enfoque
de problemas ambientais como recursos naturais, sade, agrupamentos humanos
e urbanos, catstrofes naturais etc.
Outras aes educativas inerentes EA, como sugesto de
sensibilizao, podem ser introduzidas a partir de datas comemorativas: meio
ambiente, dia do ndio, da terra, Pau Brasil, folclore incio, de primavera, dia da
rvore, incio de vero, alm de atividades cooperativas, exposies, palestras
(enfocando a problemtica do lixo, recursos renovveis, poluio, animais em
extino no Brasil e no mundo, cidado e meio ambiente etc), visitas dirigidas ao
manguezal, projetos ambientais, lixo, aterro sanitrio, usina de compostagem
etc., uso de mapa com contedos geogrficos (ligados a Amaznia, lagos, regies
pantaneiras, reas de Mata Atlntica etc), murais (assuntos ligados ao meio
ambiente), pensamentos, provrbios, poesias, teatros de mamulengos, fantoches,
temas com pesquisas ambientais e outros.
So inmeras as atividades que podero ser implementadas num
processo contnuo para fortalecer a prtica da sensibilizao, que devero ser
realizadas atravs da capacitao nas escolas ou em qualquer rea que
necessite dessa sensibilizao.
Aes e prticas educativas desta natureza tm apresentado
resultados satisfatrios na mudana de comportamento dos indivduos, que ao
serem sensibilizados, refletem em prtica do exerccio de sua cidadania na
comunidade.
A sensibilizao como um dos componentes da EA, deve ter
continuidade em todos os aspectos da vida do cidado, como um sujeito em
construo, que envolve as questes do seu tempo, buscando a transformao.
Afirmam Folena e Anjos (2005, p. 9) que:
s instituies de ensino cabem, a organizao curricular, poltico-pedaggico de forma a oferecer, cada vez mais desafios consecuo de uma aprendizagem de alto nvel, ao proporcionar, programadamente, o acesso a mltiplas vias de comunicao e
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informao que permitam aos educando estabelecer um confronto com a realidade.
De acordo com Tristo (2002, p. 174), Os professores como
mediadores reelaboram, ressignificam as informaes dirias que recebem. Neste
sentido, no suficiente que o aluno tenha todas as informaes, mas que
aprenda o significado dessas informaes.
Em relao interao do educando com o meio e como forma de
encaminhar um processo educativo (sensibilizao), nos aliceramos no pensar
de Tiriba (2004, p. 4) quando afirma que ningum ser capaz de amar e preservar
aquilo que no conhece, uma natureza com a qual no convive interativamente.
Para tanto preciso proporcionar uma aproximao real atravs das relaes
cotidianas dos educandos com a gua, o lixo, a degradao etc., tornando os
elementos presentes nos cenrios das atividades do ensino que esto sendo
proporcionadas.
As atividades de Educao Ambiental, como instrumentos a serem
utilizados para a concretizao dos objetivos, devem possibilitar aos participantes
oportunidades para desenvolver uma sensibilizao no tocante aos seus
problemas ambientais, alm de propiciar uma reflexo quanto s solues.
Tais atividades de sensibilizao so um caminho para tornar as
pessoas conscientes de quo importantes so as suas aes e de como elas
refletem o que se atrai e se cria no dia-a-dia de suas vidas. Se cada indivduo
estiver conscientizado sobre qual atitude tomar diante de certas situaes, estar
usando plenamente o seu potencial criativo e respondendo com inteligncia e
amor aos desafios e propostas que se apresentam. As atividades aqui
comentadas se propem a ser elo de unio consciente entre o ser o humano e o
ambiente onde vive seja ele composto de elementos naturais, de objetos criados
pelo homem com ajuda da natureza e seus construtores, e de todas as pessoas e
seres que compartilham de um mesmo planeta-casa.
O papel de uma atividade de sensibilizao despertar a emoo para
um melhor aproveitamento da informao que est sendo transmitida e poder
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ser trabalhada em qualquer rea e nos mais diferentes nveis, sendo um processo
no teraputico e sim educativo.
Para Cunha & Oliveira (2001, p. 2-12), em seu trabalho sobre
atividades de sensibilizao em Educao, estas devem seguir:
a) a fundamentao terica onde caracteriza-se dentro desta viso a metodologia inerente aos processos pedaggicos para abordagem da EA, baseada principalmente na participao;
b) a metodologia para que essa atividade e mtodo seja aplicada da melhor maneira possvel, de forma a atingir plenamente os objetivos a que se prope;
c) o diagnstico considerando-se um indivduo sensibilizado para tanto importante ressaltar que sensibilizar cativar os participantes para que suas mentes se tornem receptivas s informaes a serem transmitidas posteriormente, sendo esta a primeira etapa a ser diagnosticada em um processo de sensibilizao. Os elementos a serem usados para este processo so: afinidades de interesses, organizao, objetivos, tipo e tamanho do grupo, espao e tempo disponveis, momento, recursos etc.. Devero tambm ser diagnosticados os fatores psicossociais, etnias culturais, histrias e polticas do grupo com o qual est trabalhando;
d) seleo das atividades de sensibilizao devero ser selecionadas tcnicas e mtodos adequados para o desenvolvimento junto aos participantes;
e) operacionalizao das atividades aplicao dos mtodos e tcnicas selecionadas com finalidade de sensibilizar os participantes promovendo sua integrao e reflexo sobre o tema proposto;
f) A reflexo as atividades vividas na sensibilizao possibilitam a reflexo sobre os temas e fatores abordados, onde aps esta ao, ser melhor compreendida.
g) Avaliao a partir da reflexo, o orientador observar se os relatos dos participantes esto de acordo com os objetivos propostos pela atividade de sensibilizao.
Geralmente quando se visa a sensibilizao usam-se algumas
dinmicas realizada pelo grupo de EA, cuja metodologia das reunies inclui a
aplicao destas atividades de sensibilizao no incio de cada encontro.
51
Segundo um trabalho organizado pelo Ambiente Brasil2 (2005, p. 3),
em parceria com outras instituies tem-se implementado aes educativas onde:
clara a necessidade de se mudar o comportamento do homem em relao natureza, no sentido de promover sob um modelo de desenvolvimento sustentvel (processo que assegura uma gesto responsvel dos recursos do planeta de forma a preservar os interesses das geraes futuras e, ao mesmo tempo atender as necessidades das geraes atuais) a compatibilizao de prticas econmicas e conservacionistas, com reflexos positivos evidenciam junto a qualidade de vida.
Para tal, salutar o uso de algumas ferramentas como aes
estratgicas de ensino na prtica da educao ambiental a partir da
sensibilizao. De acordo com Berger (2003, p. 7), podemos indicar:
1. visitas a Museus, criadouro cientfico de animais silvestres e
passeios em trilhas ecolgicas, onde, normalmente as trilhas so
interpretativas; apresentam percursos nos quais existem pontos
determinados para interpretao com auxlio de placas, setas e
outros indicadores, ou ento pode-se utilizar a interpretao
espontnea, na qual monitores estimulam as crianas curiosidade,
a medida que eventos, locais e fatos se sucedem, feitos atravs da
observao direta em relao ao ambiente, e os desenhos que se
tornam instrumentos eficazes para indicar os temas que mais
estimulam a percepo ambiental do observador;
2. parcerias com Secretarias de Educao de Municpios: formando
Clubes de Cincias do Ambiente, com o objetivo de executar
projetos interdisciplinares que visem solucionar problemas
ambientais locais (agir localmente, pensar globalmente). Os temas
2 Disponvel: .Acesso: 01/04/2005.
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3base=./educacao/ind
52
mais trabalhados so reciclagem do lixo, agricultura orgnica,
arborizao urbana e preservao do ambiente;
3. ecoturismo: quando da existncia de parques ecolgicos ou mesmo
nos locais onde esto localizadas as trilhas, h a extenso para a
comunidade em geral. Os visitantes so orientados na chegada por
um funcionrio e a visitao livre, com acesso ao Museu, ao
Criadouro de Animais e s trilhas;
4. publicaes peridicas: abordagem de assuntos relativos aos
recursos naturais da regio e s atividades da rea de ambincia da
empresa;
5. educao ambiental para funcionrios: treinamento aplicado aos
funcionrios da empresa em diversas reas, orientando-os quanto
aos procedimentos, ambientalmente corretos, no exerccio de suas
funes, fazendo com que eles se tornem responsveis pelas
prticas conservacionistas em seu ambiente de trabalho, chegando
ao seu lar e sua famlia;
6. atividades com a comunidade e campanhas de conscientizao
ambiental: com o intuito de incrementar a participao da
comunidade nos aspectos relativos ao conhecimento e melhoria de
seu prprio ambiente, so organizadas e incentivadas diversas
atividades que envolvem a comunidade da regio, como
caminhadas rsticas pela regio;
7. programas de orientao ambiental: a empresa desenvolve ainda
outros programas para orientao ambiental como, por exemplo,
fichas de visualizao dos animais silvestres, orientao
comunidade para atendimento aos aspectos legais de caa e pesca,
produo e distribuio de cadernos, calendrios e cartes com
motivos ambientalistas.
53
1.1.2 Conscientizao
Diversos autores fazem uso do vocbulo conscientizao em seus
trabalhos, mas segundo o Dicionrio Prtico de Lngua Portuguesa (1997, p. 177),
o termo em anlise significa dar e tornar consciente ou o ato ou efeito de
conscientizar.
Para Barreiro,
[...] a conscientizao comea pela descoberta do significado e dos valores que envolvem a idia da pessoa humana, importante, para comear a compreend-la, saber interpretar essa pessoa, ou seja como o homem e como est no seu mundo (1980, p. 51).
A questo da conscientizao envolve a relao do ser com o seu
destino, abrangendo a "[...} sobrevivncia dos processos vitais desde o singular
corpo planeta (LAGO, 1991, p. 13).
No entanto, Fiori (1997, p. 5) define: que a conscientizao no
apenas conhecimento ou reconhecimento, mas opo, deciso compromisso.
Ento ato que ultrapassa a sensibilizao e exige reflexo.
A palavra conscientizao, entre 1970 e 1980, deixa uma lacuna a ser
preenchida para os anos 90, sendo substituda por sensibilizao. Sabemos que,
na prtica, existe uma diferenciao entre a sensibilizao e conscientizao.
A sensibilizao um processo de construo trabalhado por etapas,
em longo prazo. Tomando-se como base uma unidade escolar, no nosso caso o
Centro Educacional Osmar de Aquino (CEOA). Terminado o trabalho de
sensibilizao