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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS INSTITUTO DE CIÊNCIA DA NATUREZA GEOGRAFIA - BACHARELADO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Caracterização dos Depósitos Tecnogênicos: Município de Poços de Caldas MG Estagiário: Luis Gustavo B. M. de Oliveira Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Luiz Mincato ALFENAS, 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

INSTITUTO DE CIÊNCIA DA NATUREZA

GEOGRAFIA - BACHARELADO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Caracterização dos Depósitos Tecnogênicos:

Município de Poços de Caldas – MG

Estagiário: Luis Gustavo B. M. de Oliveira

Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Luiz Mincato

ALFENAS,

2011

Page 2: Caracterização dos Depósitos Tecnogênicos: Município de Poços … · 2012-10-24 · granulação fina e rochas do grupo das nefelina-sienitos leucocráticas subvulcânicas (tinguaíto),

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

INSTITUTO DE CIÊNCIA DA NATUREZA

GEOGRAFIA - BACHARELADO

LUIS GUSTAVO B. M. DE OLIVEIRA

Caracterização dos Depósitos Tecnogênicos:

Município de Alfenas – MG

Trabalho apresentado como parte

dos requisitos para aprovação da

disciplina de Trabalho de

Conclusão de Curso, referente ao

curso de Geografia- Bacharelado

da Universidade Federal de

Alfenas- MG. Orientador: Prof. Dr.

Ronaldo Luiz Mincato.

ALFENAS,

2011

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2. JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 3

3. OBJETIVO ............................................................................................................... 3

4. ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................. 4

4.1. GEOLOGIA ....................................................................................................... 5

4.2. GEOMORFOLOGIA .......................................................................................... 7

4.3. PEDOLOGIA ..................................................................................................... 8

4.4. CLIMA ............................................................................................................... 9

4.5. VEGETAÇÃO .................................................................................................. 10

4.6. HIDROGRAFIA ............................................................................................... 10

5. MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................... 11

6. RESULTADOS ...................................................................................................... 12

7. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 22

8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 24

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1. INTRODUÇÃO

A partir do início da década de 60, o Brasil enfrentou um acelerado processo de

urbanização, que promoveu a criação de um novo padrão sócio-espacial nas áreas

urbanas. Nos anos 80, começaram a se intensificar as migrações, que agravaram os

problemas advindos das desigualdades sociais e da pobreza. Assim, as cidades

passaram a representar, por um lado, um espaço privilegiado de oportunidades: da

inovação, de trabalho, de cultura, de política e de riqueza, em contrapartida, também

o espaço de carência e de desigualdade na efetivação do direito ao trabalho, à

cultura e à participação política (MOURA, 2004).

O resultado desde acelerado processo de urbanização, atrelado aos

processos migratórios, foi um crescimento populacional urbano desordenado,

trazendo malefícios para as pessoas e para o meio ambiente. Com este processo

desordenado, o homem passa a ser um modelador da natureza.

Para Peloggia (1998), atividade humana passa a ser qualitativamente

diferenciada da atividade biológica na modelagem da Biosfera, desencadeando

processos (tecnogênicos) cujas intensidades superam em muito os processos

naturais. Dessa maneira, a atividade humana sobre a natureza tem conseqüências

em três níveis: na modificação do relevo, na alteração da dinâmica geomorfológica e

na criação de depósitos correlativos comparáveis aos quaternários (depósitos

tecnogênicos) devido a um conjunto de ações denominadas tecnogênese.

Como o uso e ocupação do solo e os seus impactos no meio físico são de

intensa transformação do meio, alguns autores propõem que o Holoceno, período

em que vivemos, seja considerado como Quinário ou Tecnogênico, estes sendo

como um período em que a atividade humana passa a ser distinta da atividade

biológica quanto à modelagem da paisagem. Como as ações antrópicas são de

profundas alterações, o homem vem sendo o mais recente e poderoso agente

geológico do Planeta.

Sendo assim, para Hooke (1994, 2000), o homem é um agente geomórfico

comparável ou de maior intensidade que qualquer outro e desde o Paleolítico vem,

progressivamente, se tornando o principal elemento de esculturação da paisagem.

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Os tecnógenos podem ser considerados como depósitos altamente

influenciados pelo homem e, acordo com FANNING e FANNING (1989) apud

PELOGGIA (1997), são classificados nas seguintes categorias: 1-) Materiais

“úrbicos” (do inglês urbic) relativos a detritos urbanos, materiais terrosos que contém

artefatos manufaturados pelo homem moderno, freqüentemente em fragmentos,

como tijolo, vidro, concreto, asfalto, pregos, plásticos, metais diversos, dentre outros;

2-) Materiais “gárbicos” (do inglês garbage) que são materiais detríticos como lixo

orgânico, de origem humana, e que, apesar de conterem artefatos em quantidades

muito menores que a dos materiais úrbicos, são ricos em matéria orgânica para

gerar metano em condições anaeróbias; 3-) Materiais “espólicos” (do inglês spoil),

que corresponde a materiais terrosos escavados e depositados novamente por

operações de terraplenagem em minas a céu aberto, rodovias ou outras obras civis.

Incluem-se os depósitos de assoreamento causados por erosão acelerada; 4-

)Materiais “dragados”, oriundos de dragagem de cursos d’água e, em geral,

depositados em diques, topograficamente alçados em relação à planície aluvial.

Em geral, os depósitos tecnogênicos são categorizados nos tipos construídos

e tipos induzidos: construídos, diretos ou imediatos, são aqueles que resultam

diretamente da ação antrópica, ou seja, representam os “bota fora”, as barragens

diversas, os cortes e aterros, depósito de resíduos sólidos, dentre outros; os

induzidos, indiretos ou mediatos, somente são atribuídos à efetuação humana,

resultando de atividades ligadas ao uso do solo, atividades agrossilvopastoris,

atividades industriais, com alteração na cobertura vegetal, estimulando os processos

erosivos, cujo resultado final é a produção de sedimentos. (Casseti, 2005).

Portanto, no que diz respeito à classificação (ordenação e hierarquização dos

tipos de depósitos), é ponto fundamental ter-se claro, na caracterização de um

depósito tecnogênico, enquanto registro geológico gerado pela atividade humana, o

conceito de depósito correlativo, ou seja, que corresponde a determinada ação

específica. Isto é, o depósito não existiria, ao menos naquela forma e expressão,

sem uma ação que pode ser, assim, determinada e especificada e, uma vez isto

feito, a caracterização do depósito decorre dela, mesmo que faltem atributos

litológicos diferenciadores.

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Sendo assim, é neste contexto de rápidas alterações ambientais,

principalmente as provocadas pela atividade de mineração, que se identifica a

modificação da geomorfologia do Município de Poços de Caldas. Estas modificações

são caracterizadas de Depósitos Tecnogênicos e trazem nova configuração à

paisagem local, marcada por aterros e cavas gigantescas, construídos em nome do

progresso.

2. JUSTIFICATIVA

Com a industrialização da cidade na década de 1970, a mesma começou a

sofrer uma forte urbanização, este vindo a tornar-se após alguns anos, um pólo

regional. Como consequência desde crescimento as ações antrópicas começaram a

ganhar mais destaque quanto à formação de novas modelagens da paisagem.

O município de Poços de Caldas é um pólo turístico e também importante

produtor de café, batata, bauxita, ferro e fosfato. Estas práticas de atividade

econômica são de grande impacto ambiental, sendo grandes responsáveis por

processos tecnógenos. A importância da elaboração deste estudo para o

planejamento do município é contribuir com critérios técnicos para a escolha de

áreas para instalação de aterros sanitários e de rejeitos de mineração (bota- fora),

pois exigem uma caracterização ambiental da área em que tais aspectos são de

grande importância.

Outro fato é que o trabalho a ser realizado ajuda no planejamento urbano

municipal, à medida que os efeitos diretos e indiretos destes processos

tecnogênicos são solucionados pelo poder próprio público.

3. OBJETIVO

O objetivo principal do trabalho é analisar a formação e a construção de

depósitos tecnogênicos presentes no município de Poços de Caldas, pois

representam testemunhos da ação humana nos ambientes natural, físico e biológico.

E analisar o crescimento destes depósitos tecnogênicos com o desenvolvimento

urbano e industrial do município.

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4. ÁREA DE ESTUDO

O município de Poços de Caldas está localizado ao Sudeste do estado de Minas

Gerais, na divisa com o estado de São Paulo. A cidade se situa sobre um Planalto

elíptico com uma altitude média de 1.300m, com uma cota mínima de 1.200m e

máxima de 1.700m.

O município possui uma área total de 547km², é composto por um único distrito,

e tem como limites nove municípios: ao Norte, Palmeiral, Botelhos e Bandeira do

Sul; a Leste, o Município de Caldas; ao Sul Andradas; e a Oeste os Municípios de

Águas da Prata, São Sebastião da Grama, Caconde e Divinolândia, todos estes do

estado de São Paulo (Figura 1).

Figura 1: Fisiografia da região do planalto de Poços de Caldas, MG/SP. (MORAES & JIMÉNEZ-

RUEDA, 2008).

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4.1. GEOLOGIA

O Planalto de Poços de Caldas situa-se no limite nordeste da Bacia

Sedimentar do Paraná com os terrenos pré-cambrianos do Complexo Cristalino

Brasileiro, na borda ocidental da Mantiqueira.

Segundo CHRISTOFOLETTI (1973), o maciço é formado por um complexo de

rochas magmáticas de uma chaminé alcalina do Cretáceo Superior, e forma um

conjunto morfoestrutural que se destaca na paisagem da divisa entre os territórios

mineiro e paulista.

Na região ocorre o predomínio de rochas de natureza alcalina,

compreendendo rochas plutônicas, hipoabissais e efusivas complexas, porém com

composições mineralógicas não muito diferentes (Figura 2). Além delas, ocorrem

nas bordas do planalto alguns afloramentos de arenitos da Formação Aquidauana,

de idade permiana (LANDIM et al., 1980), que foram soerguidos e retrabalhados

quando da intrusão do magma alcalino. Na parte central da estrutura ocorrem rochas

alteradas pela atividade hidrotermal, a que se associam depósitos radioativos.

Figura 2: Mapa Geológico do sul de Minas, modificado de COMIG, 2003, localizando Poços de caldas

em um complexo plutônico alcalino.

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O maciço de Poços de Caldas caracteriza-se pela presença de uma caldeira

vulcânica principal, quase completa, resultante da intrusão de rochas alcalinas

durante o Cretáceo Superior (ELLERT, 1959).

Segundo (VALETON et al,1997) predominam as rochas plutônicas de

granulação fina e rochas do grupo das nefelina-sienitos leucocráticas subvulcânicas

(tinguaíto), incluindo rochas enriquecidas por potássio, que cobrem 78% da

superfície da área anelar. Sienitos de granulação média ocupam 13,5%, fonolitos 5%

e rochas piroclásticas 3%. Outros tipos de nefelina sienitos perfazem 0,5%, sendo o

lujaurito e chibinito (Figura 3).

A evolução da paisagem do planalto deve-se em grande parte a

atividades ocorridas após a atividade magmática que ocasionou a formação da

caldeira alcalina, incluindo atividades tectônicas recentes (SCHORSCHER & SHEA,

1991).

Figura 3: Representação esquemática da localização dos tipos litológicos no maciço alcalino de

Poços de Caldas. O entorno é composto por rochas do embasamento cristalino. (ELLERT, 1959

modificado por MORAES & JIMÉNEZ-RUEDA, 2008)

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4.2. GEOMORFOLOGIA

O maciço alcalino está inserido nos domínios do Planalto Atlântico,

apresentando forma ligeiramente elíptica com eixo maior de 35 quilômetros no

sentido NE-SW e o menor de 30 quilômetros no sentido NW-SE.

A análise do mapa morfoestrutural e dos principais lineamentos, que mostram

a ocorrência de trends de fraturas, demonstra que a área foi intensamente afetada

por eventos tectônicos. As direções predominantes dos lineamentos estão entre

NW-SE e NE-SW. A ocorrência de direções próximas a N30E e N30W é coincidente

com a orientação de duas das inúmeras intrusões alcalinas que cortaram o sul do

Brasil (ELLERT, 1959).

De acordo com o Plano Diretor (2006), as feições apresentadas no município

são:

1. Cristas e Escarpas - Apresentam declives superiores a 40%, onde

ocorrem afloramentos de rochas associados à litossolos e cambissolos,

são unidades para a agropecuária devido ao relevo acidentado e solos

rasos;

2. Colinas de Topo Aplainado - Apresentam declives inferiores a 10%,

sendo os topos de morro importantes áreas de recarga de aquíferos

freáticos e consideradas áreas de preservação permanente. No

Município são utilizadas na cafeicultura, silvicultura, fruticultura,

pastagens e extração de bauxita. Apresentam como principal problema

a compactação do solo devido ao pisoteio de animais e desmatamento;

3. Vertentes Ravinadas- O solo é cambissolo, possuindo leito rochoso.

São áreas de surgência do aqüífero freático. Estas áreas devem ser

preservadas como regiões de nascentes de primeira ordem, tendo uso

atual ligado à preservação da vegetação nativa e silvicultura. Estas

áreas apresentam problemas de queimadas e erosões em sulcos;

4. Rampas de Colúvio - Estes são os ecossistemas que predominam no

município de Poços de Caldas, apresentando aclives inferiores a 20%,

formados por colúvios. Suas potencialidades viabilizam o uso do solo

para culturas anuais, bianuais e permanentes. Têm relevo ondulado e

propensão à erosão laminar e em sulco. Seu uso atual esta ligado a

pastagens, culturas perenes e temporárias;

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5. Terraços e Planícies Fluviais - São as várzeas dos cursos d’água e tem

declividade inferior a 3%, sendo constituídas por aluvião. Estas áreas

estão sujeitas a inundações, portanto aptas a culturas de entressafra

devido ao encharcamento do solo. São desaconselháveis para

assentamentos urbanos. Apresentam problemas referentes à extração

de argila, supressão da mata ciliar e como conseqüência o

solapamento de margens. Seu uso atual esta ligado às culturas anuais,

capineiras e pastagens;

6. Domos- É resultante de arqueamento de extratos sedimentares e

recoberto por neossolos e cambissolos, tendo média fertilidade, são

solos rasos e em relevo ondulado apresentam aptidão para pastagens

natural e formada. Seu uso atual está ligado à vegetação natural e

atividade antrópica, como os loteamentos. Os principais problemas

apresentados por estas áreas são a erosão laminar e compactação.

4.3. PEDOLOGIA

Foram identificados alguns materiais de cobertura no município como o solo

residual, resultante da alteração das rochas “in-situ”: O solo/rocha, um material

composto de solo e blocos de rocha em proporções variadas; rochas com graus de

fraturamento variados; aluvião; solos moles onde são depositados materiais

orgânicos, argilosos; tálus, um material constituído de solo transportado, e

fragmentos de rocha de diversos tamanhos.

As rochas ígneas que constituem o maciço de Poços de Caldas são densas,

compactas, não porosas e pouco permeáveis (PLANO DIRETOR, 2006).

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Figura 4: Maciço alcalino de Poços de Caldas (ELLERT, 1959)

4.4. CLIMA

Segundo a classificação de KÖEPPEN ( 1948), o clima de Poços de Caldas é

do tipo Cwb – macrotérmico com amplas variações de temperatura (entre 18 e -3°C,

podendo ultrapassar os 22°C). É caracterizado pelo clima temperado úmido, com

inverno seco de abril a setembro com temperaturas baixas (média de 18°C) e

menores índices pluviométricos (total de 282 mm de chuvas) e verão brando, de

outubro a março com temperaturas mais elevadas e maiores precipitações

(temperatura media de 21°C e total de 1.200 mm de chuvas).

Vale lembrar que de forma geral o regime de chuvas vem mudando com a

elevação das temperaturas do planeta. Registros mais recentes demonstram que as

precipitações tem aumentado em volume e ocorrido de forma mais concentrada,

sendo comum a ocorrência de grandes chuvas.

Tais efeitos tem reflexos direto sobre os sistemas de drenagem, sejam estes

calhas naturais ou equipamentos construídos pelo homem, e devem ser observados,

pois suas consequências são bastante preocupantes, em especial na área urbana.

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4.5. VEGETAÇÃO

Segundo RIZZINI (1979) a vegetação florestal predominante na área pode ser

classificada como floresta pluvial de altitude, podendo ser denominada de Floresta

Atlântica (presença de pinheiros como a Araucária angustifólia). No interior do

maciço alcalino predominam os campos nativos.

No município observa-se a presença de áreas reflorestadas onde foram

exploradas por atividades mineradoras de bauxita. Estes reflorestamentos possuem

o predomínio de Eucaliptos e Pinus.

Figura 5: Área minerada com reflorestamento de eucalipto. Fonte: Plano Diretor, 2006

4.6. HIDROGRAFIA

O planalto de Poços de Caldas está situado geograficamente entre os

contrafortes da Serra da Mantiqueira e a bacia sedimentar do Paraná. É uma área

de rochas vulcânicas intensamente fraturadas que controlam o sistema hídrico. Esse

sistema é recarregado principalmente pela água de chuvas que caem sobre o

planalto (PLANO DIRETOR, 2006).

As principais drenagens observadas no Planalto de Poços de Caldas tem um

padrão do tipo ramificado de escoamento lento. Este fato associa-se à manutenção

de leitos meandrantes na grande maioria dos cursos. As áreas com cursos

naturalmente retos encontram-se associadas a falhas geológicas. Tais

características são observadas na parte central do referido Planalto de Poços de

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Caldas, todavia as bordas mostram rupturas abruptas permitindo a ocorrência de

saltos, cachoeiras, notáveis oxigenadores das águas.

O grande dreno do Planalto é o ribeirão das Antas, que adentra o município

de Poços de Caldas nos limites com o município de Andradas. Entre os principais

rios da região destacam–se o Rio Pardo, tendo como afluentes o Ribeirão das

Antas, o Rio Verde e o Rio Taquari (IGAM - Instituto Mineiro de Gestão das águas).

A Figura 6 apresenta a localização do município de Poços de Caldas na Bacia

hidrográfica do rio Grande, e em destaque à sub-bacia do rio Pardo. Os dois

principais exemplares hídricos do município são: Rio Pardo e Ribeirão das Antas.

Figura 6: Bacia hidrográfica do Rio Grande, e sub-bacia do Rio Pardo. Em destaque o município de Poços de Caldas- MG. Modificado de IGAM - Instituto Mineiro de Gestão das Águas.

5. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização deste trabalho, foi feito um estudo acerca da literatura ao

tema central da pesquisa, além de recuperar a maior quantidade de dados dos

acervos públicos do município, sendo eles, mapas geológicos, mapas hidrográficos,

mapas de uso e ocupação do solo; dados da economia do município, dados sociais,

entre outros. Através do levantamento foi possível analisar as relações antrópicas e

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seus efeitos no meio ambiente. Foram realizados trabalhos de campo para melhor

compreensão e caracterização dos depósitos existentes.

Outro meio de análise espacial do município, foi a utilização de técnicas para

fotointerpretação e de dados cartográficos. Após estes levantamentos, as principais

áreas de depósitos tecnogênicos foram espacializados e classificados. Para a

produção do mapa de localização dos pontos, usou-se o software ILWIS, um

programa de confecção de mapas georeferenciados. A base cartográfica para a

produção do mapa em questão foi adquirida através do site do IBGE.

6. RESULTADOS

Na medida em que a interferência antrópica sobre a superfície terrestre é

reconhecida e que admite-se a ação do homem na produção e intensificação de

processos naturais, coloca-se em questão a aceleração do tempo geomorfológico.

Isto destaca a importância antropogênica na construção da paisagem, e a

aceleração de processos que “naturalmente” levariam milhões de anos para

consolidarem-se.

Com os estudos das transformações e intensificações das alterações

antrópicas do município, devido ao seu desenvolvimento econômico com o decorrer

do tempo, este trabalho procurou diagnosticar os níveis de degradação ambiental,

caracterizando os depósitos quanto aos seus tipos e fatores de ocorrência.

O municípoio de Poços de Caldas sofreu uma grave crise financeira na

década de 1940 devido a proibição dos cassinos no Brasil. A cidade possuía um

turismo muito forte devido ao glamour dos cassinos. Outras atividades também

estavam presentes, como a extração de minérios. Porém, não sendo o suficiente

para o crescimento da cidade, já que esta se baseava no turismo. A partir da década

de 1960, o Brasil sofre um forte surto de urbanização devido ao alto indice de

industrialização ocorrida e, esse processo não foi diferente em Poços de Caldas,

que sofre uma forte industrialização, tendo como ponto forte a extração de bauxita.

Este elevado crescimento urbano traz consequencias para o meio físico, já

que esta ocupação do território se dá muitas vezes sem planejamento. No Gráfico 1,

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observa-se o crescimento populacional do município entre as décadas de 1960-

2010. Nota-se que o crescimento é muito elevado num intervalo de 50 anos. A

população cresce mais de três vezes em relação a população existente em 1960,

possuindo um acrescimo de 113.592 habitantes em 50 anos. Esse crescimento gera

danos ao meio ambiente, com consequente aumento das alterações e contruções de

novas paisagens no município.

Gráfico 1 – Crescimento Populacional de Poços de Caldas- MG. Fonte: IBGE, 2010

Todas as particularidades geológicas da sua formação transformaram o

planalto em uma província mineral muito rica, provocando o aparecimento da

atividade mineradora muito intensa, iniciada com as atividades hidrominerais e o

garimpo de ouro, o qual motivou o surgimento do município.

Vale salientar que os depósitos tecnogênicos referentes à mineração já vêm

se formando desde a década de 1919, pois com a eclosão da primeira grande

guerra, a extração de caldasito para a produção de zircônio foi o primeiro mineral a

ser lavrado no município. Em 1934 entram em processo de lavra as bauxitas, com

sua intensificação a partir de 1960. Isso nos leva a observar que a atividade

mineradora esteve presente no Município desde o início do século, o que implica em

impactos sobre os aqüíferos e sobre o relevo.

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Como um dos resultados, confeccionou-se um mapa com a localização

georreferenciada dos pontos onde se observou a ocorrência dos depósitos

tecnogênicos no município, estes foram observados durante trabalhos de campo

pelo município. Como exemplificado na Figura 7, os pontos foram representados em

cores vermelhas. A linha verde demonstra o perímetro urbano da cidade. Alguns dos

depósitos se encontram fora dos limites urbanos da cidade, demonstrando que a

ocorrência destes depósitos não se restringem apenas ao perímetro urbano .

Figura 7: Mapa de localização dos pontos dos depósitos tecnogênicos.

Ao analisarmos a localização dos depósitos em comparação ao mapa de

macrozoneamento do município de Poços de Caldas, observa-se que muitos pontos

estão localizados em áreas de proteção, preservação e áreas que são de

adensamento restrito (figura 8). Esta última sendo área com restrição ao

adensamento, caracterizadas como áreas de recarga de aqüíferos e termais ou com

necessidade de manutenção e/ou diminuição de volumes de escoamento superficial,

nas quais a ocupação e a expansão urbana deverão ser desestimuladas. E o que se

observa na realidade é que estas áreas são de grande expansão urbana, onde

muitas vezes sem o planejamento adequado para implementação de obras.

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Figura 8- Localização dos pontos de coleta em relação ao mapa de macrozoneamento. Modificado de

Plano Diretor, 2006.

O estudo no município mostrou uma forte impermeabilização do solo em seu

perímetro urbano, apresentando poucos remanescentes de vegetação nativa. Como

remanescentes de áreas verdes encontramos apenas em praças da cidade na serra

de São Domingos, esta sendo uma área de preservação permanente. Como as

áreas centrais da cidade já foram totalmente alteradas quanto à remoção de

vegetação, alteração do solo, atualmente as áreas de maior ocorrência de depósitos

tecnogênicos se encontram em áreas periféricas da cidade, sendo sua área de

expansão.

A geração do lixo nos centros urbanos é um dos principais reflexos do

crescimento populacional associado às mudanças dos hábitos de consumo da

população, sendo o seu principal destino a sua disposição em lixões, aterros

controlados e aterros sanitários. No caso, o município de Poços de Caldas possui

um aterro controlado. O local pode ser considerado um depósito tecnogênico de

material gárbico, sofrendo alta alteração do substrato rochoso pela intensa

deposição de lixo (Figura 9). Outro aspecto a ser considerado, é a presença de

chorume presente no local, devido a falta de medidas para contenção deste líquido,

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este é observado em vários pontos do local, percolando no solo e contaminando

recursos hídricos (Figura 10).

O último relatório disponibilizado pela FEAM, o qual corresponde a uma

inspeção datada de 8 de abril de 2008, indica que foram instaladas uma cerca e uma

placa de identificação e advertência no local, contudo, não existe sistema de

drenagem pluvial e ainda há risco do lixo atingir a área de preservação permanente

e o curso d’água no entorno (FEAM, 2009).

Figura 9: Aterro controlado do município de Poços de Caldas. Foto de autoria própria em 26/08/2011. Coordenadas: S- 21° 53’ 16,8” | W- 46° 34’ 05”

Figura 10: Presença de chorume no aterro controlado do município de Poços de Caldas. Foto de autoria própria em 26/08/2011. Coordenadas: S- 21° 53’ 04” | W- 46° 34’ 13,2”

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Como a região central do município já se encontra altamente ocupada e

transformada, as áreas periféricas estão sofrendo alterações para serem ocupadas.

Muitos depósitos com material úrbico, que são relativos a detritos urbanos, como

tijolos, vidro, concreto, asfalto, foram encontrados pela cidade. Encontraram-se

estes materiais em terraplanagens, para implantações de futuras obras. Na Figura

11, observaremos um aterro com materiais úrbicos. Já na Figura 12, observaremos

uma empresa privada, onde vê-se seu pátio de deposição de entulhos. Esta

deposição de materiais altera a estrutura dos solos.

Figura 11: Aterro com material úrbico. Foto de autoria própria em 26/08/2011. Coordenadas: S- 21° 50’ 40,5” | W- 46° 33’ 44,8”

Figura 12: Pátio de despejo de materiais úrbicos. Foto de autoria própria em 26/08/2011. Coordenadas: S- 21° 50’ 16” | W- 46° 31’ 04”

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A indústria extrativa confere ao relevo alterações resultantes da exploração de

pedreiras, minérios e retirada de areia, buscando suprir a demanda de minerais e

rochas industriais em virtude do desenvolvimento industrial, à infra-estrutura social

(saneamento básico, habitação, transporte), e ao aumento da produtividade agrícola.

(SANTOS & CÂMARA, 2002).

O município de Poços de Caldas abriga empresas de mineração de grande,

médio e pequeno porte. Os materiais mais extraídos são a bauxita, areia e argila. A

atividade mineradora é uma das atividades que mais interferem no meio físico,

alterando-o, pois retira a vegetação e extrai o substrato rochoso, gerando um grande

dano ambiental. Em uma propriedade particular, próxima as Rodovias Geraldo

Martins Costa, encontram-se atividades mineradoras ligadas à bauxita e a extração

de argila, a Figura 13 e 14 apresentam cavas de extração de argila. A área está bem

degradada com a presença de várias cavas. Na área não se observam mais os

aspectos naturais . Caracterizou-se como depósito tecnogênico construído, com a

presença de material espólico.

Figura 13: Área de extração de argila em propriedade particular. Foto de autoria própria em 26/08/2011. Coordenadas: S- 21° 49’ 37” | W- 46° 31’ 20”

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Figura 14: Área de extração de argila em propriedade particular. Foto de autoria própria em 26/08/2011. Coordenadas: S- 21° 50’ 16” | W- 46° 31’ 04”

Com os rejeitos oriundos da atividade mineradora, nesta mesma propriedade,

observou-se um processo de terraplanagem com este rejeito. Com esta prática, o

solo é significativamente modificado, criando um novo solo. (Figura 15)

Figura 15: Processo de terraplanagem com rejeitos de mineração. Foto de autoria própria em 26/08/2011. Coordenadas: S- 21° 50’ 14” | W- 46° 31’ 19”

Como a cidade continua se expandindo em áreas periféricas , a construção

de novos lotes se apresenta intensa. Estas construções retiram a vegetação nativa

da área onde de implantará a obra e age significativamente no relevo, recortando-o

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e terraplanando-o. A Figura 16 representa o início da construção de novos lotes em

um bairro mais periférico da cidade. Esta obra gera um depósito tecnogênico do tipo

construído direto, onde se recorta o relevo.

Figura 16: Inicio das construções de um novo lote habitacional no município de Poços de Caldas. Foto de autoria própria em 26/08/2011. Coordenadas: S- 21° 49’ 53” | W- 46° 34’ 23”

A exploração mineral em técnicas adequadas é fator desencadeador de

intensos fenômenos erosivos. Isto porque, após a retirada de grandes quantidades

de material, ocorre desmoronamento de massas. A execução da mineração a céu

aberto acarreta o desenvolvimento dos processos de desmatamento da superfície

de grandes dimensões, muitas vezes em área de relevo muito acidentado desmonte

de encostas por jateamento hidráulico por escavadeiras ou concentração de

material. Em consequência disso tem-se o aumento do potencial erosivo da área em

virtude do desmatamento e dos cortes e desmontes executados, bem como,

observa-se a criação de novos pontos altamente susceptíveis a erosão violenta. Em

uma área particular, notou-se a atividade econômica de extração de areia para

construção civil. A área encontra-se bem degradada onde o corte no relevo é bem

elevado (Figura 17). Nota-se que a vegetação foi retirada, isto aumenta ainda mais

os processos erosivos na área. Observou-se, como é de costume em atividades

mineradoras, uma cortina de eucaliptos, diminuindo a visualização da área

degradada.

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Figura 17: Ocorrência de atividade de extração de areia em propriedade particular. Foto de autoria própria em 26/08/2011. Coordenadas: S- 21° 46’ 15” | W- 46° 35’ 46”

Outro fator de alteração do solo são as queimadas. É uma técnica

ainda muito utilizada em nosso meio, com o intuito de limpar áreas para a

agricultura, tornando o solo estéril, pobre e, por conseguinte, desertificado.

Em alguns países da Europa, América do Norte e Ásia, em locais mais

evoluídos, quase que não praticam as queimadas, sendo que em algumas

localidades é até mesmo proibida. Já no Brasil, devido à ganância, em ganhar muito

em curto prazo, gastando pouco, as queimadas são expressivas. (FAGERIA &

KLUTHCOUSKI, 1980).

Segundo os autores acima, a queima elimina a matéria orgânica do solo com

a morte dos microorganismos (minhocas, roedores, insetos, fungos, bactérias,

actinomicetos, e outros) e perda da maioria dos produtos solúveis. Outro fator é que

com a morte da flora e da fauna ocorrerá o desequilíbrio das espécies, pois sem

polinizadores (insetos e outros) é impossível a manutenção dos vegetais. A morte de

animais também afeta a cadeia alimentar. Os autores afirmam que a matéria

orgânica exerce dentre outras, as seguintes funções no solo: melhorar a textura da

camada arável; torna solta a camada superficial compactada permitindo melhor

desenvolvimento das raízes das plantas; aumenta a capacidade de retenção de

água e nutrientes do solo, diminuindo as perdas por lixiviação; reduz a erosão do

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solo; aumenta a disponibilidade de nutrientes de forma balanceada; melhora o

ambiente para os organismos, dando vida ao solo.

Em época de estiagem, a vegetação acaba por ficar seca, facilitando a

ocorrência e alastramento dos focos de incêndio na cidade. Um dos fatores é a

deposição de lixo na beira das estradas. A cidade de Poços de Caldas apresenta

vários focos de incêndio em épocas de seca. A Figura 18 mostra uma área uma área

incendiada á beira da Rodovia Geraldo Martins Costa.

Figura 18: Área incendiada á beira da Rod. Geraldo Martins Costa. Foto de autoria própria em 26/08/2011. Coordenadas: S- 21° 48’ 45” | W- 46° 28’ 54”

7. CONCLUSÃO

As mudanças temporais e espaciais relacionadas às atividades antrópicas

são frequentes. As alterações provocadas pela implantação das atividades

agrícolas, pastoris, urbanização, industrialização e mineração, que se inserem

transformando radicalmente a estrutura do ecossistema, são comuns nas

sociedades.

Os depósitos Holocênicos, na área estudada, praticamente não são mais

atuantes e ocorrem como relíquias na paisagem, ou seja, o homem tem alterado

todo relevo do período Quartenário e, por esse motivo, geógrafos e geólogos

defendem a criação de um novo período, o qual seria o período Quinário ou

Tecnogênico.

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Poços de Caldas, por ser uma cidade turística, sendo um dos pólos regionais

do sul de Minas, permanece em plena expansão populacional, isto leva a um

aumento no número de lotes criados na cidade, sendo um grande alterador da

paisagem. Tanto no que se refere a atividade de terraplanagem quanto ao recorte

dos relevos.

Como em muitas outras cidades, Poços de Caldas, possui dificuldades para

eliminar seu lixo. Estes depósitos irregulares ajudam no processo de modificação do

relevo do município e também na contaminação do solo, principalmente se o

material for o gárbico, pois essa composição prejudica o solo local. Estudo realizado

no aterro controlado do município alarmou para a presença excessiva de manganês

no solo.

Outro fator de plena transformação da paisagem, que acabam por gerar

depósitos tecnogênicos, é a atividade mineradora no município, que é muito intensa.

Empresas de grande porte acabam por colocar em prática medidas mitigadoras,

devido à fiscalização. Porém, em empresas de pequeno porte, essas medidas não

são tomadas, causando impactos ao meio ambiente sem saná-los, deixando cavas

expostas a céu aberto, acelerando o processo de erosão ao seu redor.

A tendência desta problemática ambiental é proporcional a conscientização

da comunidade e das autoridades do município. Os estudos geológicos e ambientais

podem diminuir o aspecto negativo e contribuir, no futuro, com medidas mitigadoras

às questões ambientais.

Portanto, os depósitos são um reflexo tanto de ações que se realizam no

presente como também daquelas que se realizaram no passado e que deixaram

suas marcas impressas nas formas espaciais do presente.

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