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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PEDRO OSVALDO BELOTI GOMES CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO DE EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA INCUBADAS DA GRANDE VITÓRIA - ES VITÓRIA 2015

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Page 1: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO TECNOLÓGICO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

PEDRO OSVALDO BELOTI GOMES

CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO DE EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA INCUBADAS DA

GRANDE VITÓRIA - ES

VITÓRIA 2015

Page 2: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

PEDRO OSVALDO BELOTI GOMES

CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO DE EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA INCUBADAS DA

GRANDE VITÓRIA - ES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro de Produção. Orientadora: Profª Mirela Guedes Bosi

VITÓRIA 2015

Page 3: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter iluminado meus caminhos.

Agradeço minha mãe e minha avó, Heliana e Leni, que de forma especial me apoiaram

nos momentos de dificuldades, me dando apoio e incentivo para que pudesse buscar

mais conhecimentos.

Agradeço a todos meus amigos que estiveram comigo nos bons e maus momentos

durante esses anos de desafios, em especial aos amigos que tive a oportunidade de

fazer durante meus intercâmbios na França e na Coréia do Sul, que compartilharam os

momentos mais enriquecedores da minha vida pessoal e profissional.

Agradeço aos professores que tive ao longo do curso que foram essenciais para minha

formação e em especial minha orientadora Mirela Guedes Bosi.

Page 4: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

RESUMO

As micro e pequenas empresas são empreendimentos de grande importância para o

desenvolvimento econômico e social do Brasil, pois além de corresponderem a 99 %

dos estabelecimentos formais do país, e gerarem mais da metade dos empregos

formais, elas permitem que os ativos financeiros sejam distribuídos de maneira

homogênea ao invés de se concentrarem em poucas grandes empresas. No entanto, a

taxa de mortalidade desse tipo de empresa, sobretudo de base tecnológica, é alta

devido à falta de conhecimento gerencial que permitiria a sua manutenção no mercado

e devido à resistência à alta concorrência. O processo de desenvolvimento de produtos

(PDP) tem importância para as empresas se manterem competitivas no mercado, já que

o sucesso das empresas está relacionado ao desempenho dos produtos lançados. Esta

pesquisa teve como objetivo caracterizar as empresas incubadas das duas incubadoras

de base tecnológica da Grande Vitória, com base nos níveis de maturidade no PDP

proposto por ROZENFELD et al. (2006), através da aplicação de questionário in loco.

Os resultados mostraram que as empresas incubadas de base tecnológica da grande

Vitória enquadram-se em um nível básico do PDP. As empresas pesquisadas realizam

algumas etapas do processo de maneira informal, e utilizam principalmente ferramentas

e técnicas para elaboração e testes de protótipos, além de indicadores de controle de

financeiro durante a realização dos projetos.

PALAVRAS-CHAVE: Gestão do PDP, Níveis de maturidade do PDP, Micro e pequenas

empresas, Empresas de base tecnológica, Incubadora de empresas.

Page 5: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Diagrama dos tipos de projeto .....................................................................6

FIGURA 2 - Funil de Inovação de CLARK e WHEELWRIGHT (1993) ...........................11

FIGURA 3 - Modelo de referência de ROZENFELD et al. (2006) .................................12

FIGURA 4 - Participação relativa das MPEs no total de estabelecimentos, empregos

e massa de remuneração ...............................................................................................19

FIGURA 5 - Tempo de fundação das empresas ............................................................29

FIGURA 6 - Número de colaboradores nas empresas........................................................ 29

FIGURA 7 - Faturamento anual médio das empresas ...................................................30

FIGURA 8 - Setores do mercado em que as empresas atuam ......................................31

FIGURA 9 - Atividades desempenhadas pelas empresas ............................................31

FIGURA 10 - Certificação de qualidade nas empresas .................................................32

FIGURA 11 - Tipos de projeto de produto desenvolvidos nas empresas ......................33

FIGURA 12 - Tipos de projeto de produto desenvolvidos em cada empresa ................34

FIGURA 13 - Fontes de novas ideias para o PDP .........................................................34

FIGURA 14 - Percepção sobre o PDP das empresas ...................................................35

FIGURA 15 - Indicadores do PDP utilizados nas empresas .........................................36

FIGURA 16 - Parcerias para o desenvolvimento de produto .........................................37

FIGURA 17 - Setores internos que participam do PDP .................................................38

FIGURA 18 - Grau de formação dos colaboradores das empresas ..............................39

FIGURA 19 - Área de formação dos colaboradores das empresas ..............................39

FIGURA 20 - Participação da gerência no PDP ............................................................40

FIGURA 21 - Grau de formalidade das atividades de cada macrofase do PDP

FIGURA 22 - Grau de formalidade na macrofase Pré - Desenvolvimento.....................42

FIGURA 23 - Grau de formalidade na macrofase Desenvolvimento.............................43

FIGURA 24 - Grau de formalidade na macrofase Pós - Desenvolvimento....................45

FIGURA 25 - Ferramentas e nétodos de suporte ao PDP ............................................46

FIGURA 26 - Mudanças no PDP nos últimos anos .......................................................48

Page 6: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Modelo de Níveis de Maturidade de ROZENFELD et al. (2006)...............17

QUADRO 2 - Caracterização do porte de estabelecimentos do SEBRAE .....................18

QUADRO 2 - Caracterização do porte de estabelecimentos do BNDES........................19

Page 7: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

PDP - Processo de Desenvolvimento de Produto

IFES - Instituto Federal do Espírito Santo

PDMA - Product Development Management Association

SSCs - Sistemas, Subsistemas e Componentes

QFD - Quality Function Deployment

AV/EV - Análise e Engenharia de Valor

FMEA - Failure Mode and Effect Analysis

CAD - Computer Aided Design

CAM - Computer Aided Manufacture

DFMA - Design for Manufacture and Assembly

EDM - Electronic Document Management

PDM - Product Data Management)

PMMM - Project Management Maturity Model

OPM3 - Organizational Project Management Maturity Model

CMMI - Capacity Maturity Model Integrated

GED - Gerenciamento Eletrônico dos Dados

MPEs - Micro e Pequenas Empresas

MGEs - Médias e Grandes empresas

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

OTA - Office of Technology Assesment

EBTs - Empresas de Base Tecnológica

NTBF - New Technology-Based Firm

ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos

Inovadores

MCT - Ministério de Ciência e Tecnologia

NINTEC - Núcleo de Inovação Tecnológica

PRP - Pró-Reitoria de Pesquisa

UFLA - Universidade Federal de Lavras

Page 8: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

IEL - Instituto Euvaldo Lodi

PMV - Prefeitura Municipal de Vitória

UFES - Universidade Federal do Espírito Santo

FAPES - Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia do Espírito Santo,

NIS - Núcleo Incubador Serra

RECIN - Rede Capixaba de Incubadoras

SOFTEX - Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro

Page 9: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................1

1.1 Contextualização da Pesquisa ................................................................................1

1.2 Justificativa ..............................................................................................................2

1.3 Objetivos ...................................................................................................................3

1.3.1 Objetivo Geral ........................................................................................................3

1.3.2 Objetivos Específicos...........................................................................................3

2 REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................................4

2.1 Gestão do processo de desenvolvimento de produto..........................................4

2.2 Tipos de projeto de desenvolvimento de produto................................................6

2.3 Dimensões do PDP...................................................................................................7

2.3.1 Dimensão Estratégica............................................................................................8

2.3.2 Dimensão Organização........................................................................................9

2.3.3 Dimensão Atividades e Informações..................................................................10

2.3.3.1 Modelo Unificado de Referência......................................................................11

2.3.4 Dimensão Recursos ............................................................................................14

2.4 Níveis de maturidade do PDP................................................................................15

2.5 Empresas incubadas de base tecnológica ..........................................................18

2.5.1 Micro e Pequenas empresas...............................................................................18

2.5.2 Empresas de base tecnólogica...........................................................................20

2.5.3 Incubadoras de empresas. .................................................................................22

2.5.4 Incubadoras de empresas no Espírito Santo....................................................24

4 MATERIAIS E METÓDOS...........................................................................................26

4.1 Abordagem ............................................................................................................26

4.2 Elaboração do questionário...................................................................................27

4.3 Definição da amostra para realização da pesquisa.............................................27

4.4 Tabulação e análise dos dados.............................................................................27

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................28

5.1 Caracterização das empresas................................................................................28

5.2 Tipos de projetos.....................................................................................................32

Page 10: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

5.3 Dimensão Estratégica.............................................................................................35

5.4 Dimensão Organizacional.......................................................................................38

5.5 Dimensão Atividades e Informações....................................................................40

5.6 Dimensão R ecursos...............................................................................................45

5.7 Mudanças ocorridas no PDP.................................................................................47

5.8 Análise do nível de maturidade.............................................................................48

6 CONCLUSÕES............................................................................................................49

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................51

ANEXO A........................................................................................................................57

ANEXO B. ......................................................................................................................58

Page 11: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização da Pesquisa

O cenário econômico mundial tem passado por mudanças em relação à

estrutura do meio empresarial. O mercado, ao invés de ser formado por poucas

grandes empresas como acontecia há poucas décadas, está se segmentando em

partes formadas por pequenas empresas que operam atividades cada vez mais

específicas.(FREITAS, 2010).

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE), em 2012, as micro e pequenas empresas foram responsáveis por 99 % dos

estabelecimentos formais existentes no Brasil, pela geração de 51,7 % dos empregos

formais no país e pelo fornecimento de quase 40 % da massa de salários. Entre 2002 e

2012, a cada R$ 100 pagos aos trabalhadores no setor privado, cerca de R$ 40, em

média, foram pagos por micro e pequenas empresas.

Todavia, esses empreendimentos ainda apresentam uma taxa de mortalidade

de 64 % depois de seis anos de iniciarem suas atividades, taxa considerada bastante

alta se comparada às de empresas de grande porte. Um dos principais motivos para o

encerramento das atividadades nas micro e pequenas empresas é a falta de

conhecimento gerencial, que permitiria a sua manutenção no mercado, e a resistência à

alta concorrência (SEBRAE, 2008).

Entre as estratégias para a criação e manutenção de micro e pequenas

empresas, destaca-se o processo de incubação de empresas que tem função de apoiar

a transformação de empresas potenciais em empresas crescentes e lucrativas, através

da disponibilização de condições efetivas para o crescimento, como serviços de apoio

financeiro, marketing e gerencial, e também de espaços apropriados que abrigarem os

negócios nascentes com grande potencial de inovação (ANPROTEC, 2005) .

As micro e pequenas empresas de base tecnológicas são definidas por

MACHADO et al. (2001) como empreendimentos com um pequeno número de

colaboradores que estão comprometidas com o projeto, desenvolvimento e produção

de novos produtos ou processos, caracterizando-se, ainda, pela aplicação sistemática

Page 12: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

2

de conhecimento técnico científico. O autor acrescenta que nesse tipo de empresas,

existe uma alta proporção de gastos com pesquisa e desenvolvimento, bem como uma

alta proporção de pessoal técnico científico e de engenharia.

Sabe-se que o Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP) é um processo

de negócios que possui grande influência na competitividade das organizações, pois

situa-se na interface entre a empresa e o mercado, identificando as reais e futuras

necessidades do mercado e procurando atendê-las por meio dos produtos e serviços

oferecidos (ROZENFELD et al. ,2006). No entanto, existe uma diversa quantidade de

métodos de desenvolvimento de produto na literatura que pode ser adotado pelas

organizações (BAXTER,2000; COOPER,1993; ROZENFELD et al., 2006), que por sua

vez, buscam adaptá-los ao seu nível de maturidade tendo um impacto direto no modo

como seus produtos são desenvolvidos.

O modelo de maturidade para a gestão do PDP tem ganhado destaque, pois

com o uso desse método, torna-se possível diagnosticar o atual desempenho de uma

determinada empresa no seu PDP, e o que deve ser feito em termos de gestão para a

melhoria desse processo (FRASER et al., 2002; KAHN et al., 2006).

Nesse contexto, foi usado nesta pesquisa o modelo de referência de níveis de

maturidade desenvolvido por ROZENFELD et al. (2006), para identificar o nível de

maturidade de desenvolvimento de produto das empresas incubadas das duas

incubadoras de base tecnológica da Grande Vitória, ES.

1.2 Justificativa

As micro e pequenas empresas representam 99 % do total de

empreendimentos do Brasil e são responsáveis pela geração de mais da metade do

total de empregos formais no país. Esse contexto econômico possibilita uma nova

construção da estrutura do mercado, com distribuição homogênea dos ativos

financeiros, e contribui para o desenvolvimento econômico e também social do país.

A criação e manuntencão de micro e pequenas empresas de base tecnológica

contribuem especificamente para o desenvolvimento do país. O intenso conteúdo

tecnológico e a alta capacitação envolvida no contexto destas empresas são

Page 13: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

3

determinantes para o aumento do valor agregado no desenvolvimento tecnológico de

um país emergente como o Brasil (FREITAS, 2010).

O processo de desenvolvimento de produtos tem importância para as

empresas se manterem competitivas no mercado, já que o sucesso das empresas está

relacionado ao desempenho dos produtos lançados (ROZENFELD et. al, 2006).

No caso de empresas incubadas de base tecnológica, essa condicionante é

ainda mais relevante pois é o grau inovativo de seus produtos atrelado à maneira como

estes são planejados, e a estratégia de mercado usada, que determinam a

sobrevivência do empreendimento.

A taxa de mortalidade de micro e pequenas empresas é bastante alta devido ao

não uso de ferramentas gerenciais que ajudem na manuntenção em um mercado de

grande concorrência, especialmente nas empresas de base tecnológica, onde existe

uma especificação muito técnica (SEBRAE, 2008).

Por fim, existem poucos estudos relacionados à análise do desenvolvimento de

produtos em empresas incubadas de base tecnológicas, principalmente no estado do

Espírito Santo, podendo esta pesquisa servir como base para futuras pesquisas na área,

bem como auxiliar as empresas no estado no seu processo de desenvolvimento de

novos produtos.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Caracterizar o processo de desenvolvimento de produto das empresas

incubadas das duas incubadoras de base tecnológica da Grande Vitória, a

TECVITÓRIA, e a incubadora do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), com base

nos níveis de maturidade proposto por ROZENFELD et al. (2006).

1.3.2 Objetivos Específicos

Levantar as principais características de micro e pequenas empresas de base

tecnonógica e incubadoras de empresas.

Page 14: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

4

Estabelecer as características e a importância do Processo de Desenvolvimento

de Produtos e sua aplicação em micro e pequenas de base tecnológica incubadas.

Analisar como o processo de desenvolvimento de produtos ocorre em micro e

pequanas empresas de base tecnológica em comparação ao modelo de referência

unificado de ROZENFELD et at (2006).

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Gestão do processo de desenvolvimento de produto

De acordo com a Product Development Management Association (PDMA),

produto é um conjunto de atributos (características, funções, benefícios e usos) que

podem ser tanto tangíveis, como no caso de bens físicos, ou intangíveis, como no caso

daqueles associados com benefícios de serviços, ou mesmo uma combinação dos dois

(PDMA, 2009).

TOLEDO et al. (2006) definem que o processo de desenvolvimento de produto

(PDP) é um conjunto de atividades que envolve todo o ciclo de vida do produto, se

iniciando com a análise das necessidades do mercado, das possibilidades e restrições

tecnológicas alinhadas ao planejamento estratégico da empresa. Também envolve as

atividades de elaboração das especificações de projeto do produto e de seu processo

de produção, finaliza com o acompanhamento do produto e suas atividades de

descontinuidade no mercado.

O PDP é considerado um processo de negócios que possui grande influência

na competitividade das organizações, pois situa-se na interface entre a empresa e o

mercado, identificando as reais e futuras necessidades deste e procurando atendê-las

por meio dos produtos e serviços oferecidos (ROZENFELD et al. ,2006).

Estudos demonstram que muitas empresas ainda possuem dificuldade na

gestão do PDP, pois este possui algumas peculiaridades que o torna um processo

bastante complexo se comparado a outros processos gerenciados nas empresas.

ROZENFELD et al. (2006) afirmam que o PDP possui um grau de incertezas bastante

alto e muitos riscos nos resultados, principalmente no início do processo quando são

tomadas decisões importantes e difíceis de serem modificadas.

Page 15: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

5

Além disso, durante o PDP, existe um alto volume de informações que provêm

de diversas fontes e áreas da empresa e da cadeia de suprimentos, sendo assim

importante a eficácia na gestão desse processo. A grande variedade de requisitos a

serem atendidos durante todo o ciclo de vida do produto também pode dificultar a

eficácia do processo em muitas empresas (ROZENFELD et al., 2006).

O PDP bem estruturado resulta em produtos que podem ser produzidos e

vendidos de forma lucrativa, sendo muito importante para o custo total de uma empresa.

ROZENFELD et al. (2006) afirmam que 85 % do custo do produto final é derivado das

escolhas das alternativas no início do ciclo do desenvolvimento do produto.

Desde sua proposição, a gestão do PDP evoluiu de acordo com as mudanças

nos modelos de gestão adotados por cada tipo de empresa, assim, muitas abordagens

surgiram ao longo dos anos buscando sanar dificuldades enfrentadas pelas empresas.

As principais dentre elas são: Abordagem Sequencial; Metodologias de Projeto;

Engenharia Simultânea; Funil de Desenvolvimento; Stage-Gates; Desenvolvimento

Integrado do Produto; Desenvolvimento Lean; Design for Six Sigma; Modelos de

Maturidade; Gerenciamento do Ciclo de Vida de Produtos (ROZENFELD et al., 2006).

A principal contribuição de cada abordagem para a gestão do PDP foi a geração

das consideradas boas práticas na gestão do PDP, garantindo uma gestão eficiente e

eficaz deste processo, são elas: visão do desenvolvimento de produto como um

processo de negócio; alinhamento entre as atividades de desenvolvimento de produto e

o Planejamento Estratégico da empresa; gerenciamento do ciclo de vida de produtos; a

adoção de um modelo que define, de maneira geral, em manuais ou procedimentos

padrões, as atividades que devem ser realizadas ao longo do PDP na empresa; o

envolvimento dos funcionários das diversas áreas funcionais no PDP (times

multifuncionais de projeto); o envolvimento de parceiros (fornecedores, clientes,

universidades, etc) durante o PDP; a utilização de ferramentas e métodos de suporte ao

PDP; a realização de reuniões de avaliação das atividades ao longo do PDP; a

utilização de indicadores para avaliar o desenvolvimento dos projetos e do PDP no todo;

a utilização de mecanismos formais para registrar lições aprendidas nos projetos

realizados e do PDP como um todo; a abordagem do PDP por níveis de maturidade

(ROZENFELD et al., 2006).

Page 16: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

6

2.2 Tipos de projeto de desenvolvimento de produtos

Segundo ROZENFELD et al. (2006), a importância de se classificar os projetos

de desenvolvimento de produtos de uma empresa está no fato de que a classificação

facilita o planejamento, a alocação e administração dos recursos necessários para a

coordenação e realização destes. Com isso, assegura-se que se tenha a quantidade

adequada de recursos para coordenar e executar os vários projetos, conseguir

eficiência e eficácia nas atividades realizadas e obter um padrão adequado de inovação

dos produtos da empresa.

CLARK e WHEELWRIGHT(1993) defendem a existência de cinco tipos de

projeto de desenvolvimento de produto baseados no grau de mudanças que o projeto

apresenta em relação a projetos anteriores, conforme a Figura 1: Projetos Incrementais

e Derivados, Projetos Plataformas ou Próxima Geração, Projetos Radicais, Pesquisa e

Desenvolvimento Avançado e Alianças ou Projetos de Parceria.

Figura 1 Diagrama dos tipos de projeto

Fonte: CLARK e WHEELWRIGHT(1993)

Os Projetos Incrementais e Derivados envolvem projetos que criam produtos

e/ou processos que são derivados, híbridos ou com pequenas modificações em relação

aos projetos já existentes, no intuito de diminuir seu custo e melhorar seu desempenho.

Page 17: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

7

Os Projetos Plataformas ou Próxima Geração envolvem projetos com

alterações significativas no projeto do produto ou do processo, sem a introdução de

novas tecnologias ou materiais, mas representando novas soluções para o cliente. Esse

novo sistema de soluções pode representar uma próxima geração de um produto ou de

uma família de produtos já existentes.

Projetos Radicais são projetos que englobam mudanças significativas no

projeto do produto, envolvendo novas tecnologias e materiais.

Pesquisa e Desenvolvimento Avançado são projetos que buscam criar novos

conhecimentos para aplicação a longo prazo.

Alianças ou Projetos de Parceria são projetos de desenvolvimento do produto

ou processo que são realizados em parceria com outra organização: fornecedores,

clientes, universidades, institutos de pesquisa.

Além desses tipos de projetos, em países como o Brasil têm-se os chamados

projetos follow-source que segundo TOLEDO et al. (2002), são projetos desenvolvidos,

no caso de multinacionais, na empresa matriz ou em outra unidade do grupo e são

enviados às unidades locais que possuem como função adaptá-los à realidade local e

produzi-los. Nessas unidades, geralmente, são realizadas atividades de

desenvolvimento como adaptações à realidade local, validação do processo e de

equipamentos e ferramentas, a produção do lote piloto e o início da produção.

2.3 Dimensões do PDP

Muitos autores sintetizaram em seus trabalhos as dimensões do escopo do

projeto de desenvolvimento de novos produtos, porém nessa pesquisa foram adotadas

as quatro dimensões propostas por ROZENFELD et al. (2006), por se considerar que

essas são adequadas para analisar o PDP nas empresas incubadas de base

tecnólogica : i) Dimensão Estrátegica; ii) Dimensão Organização; iii) Dimensão

Atividades e Informação; iv) Dimensão Recursos.

As dimensões propostas por ROZENFELD et al. (2006) permitem avaliar a

gestão do PDP de uma maneira mais objetiva e concisa, facilitando a alocação das

características do PDP das empresas em questão, já que estas apresentam estruturas

Page 18: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

8

e processos simples. Cada uma das dimensões incluem as consideradas boas práticas

do PDP, garantindo a gestão eficaz e eficiente deste processo de negócio.

2.3.1 Dimensão Estratégica

Segundo CHENG (2000), o estudo do PDP em nível estratégico tem como

objetivo alinhar as necessidades do mercado, as possibilidades tecnológicas e as

características da empresa para atingir um relevante nível de competitividade. Esta

dimensão aborda quatro perspectivas, ligadas às decisões estratégicas e/ou de

planejamento do processo.

A primeira perspectiva é a chamada gestão do portfólio de produtos que pode

ser definida como coordenação estratégica dos projetos em andamento ou em

planejamento (incorporando novos ou redirecionando os já existentes) (SILVA,

ROZENFELD, 2007). Esta perspectiva envolve a coordenação das relações

interprojetos e a administração do mix de produtos ou das modificações nos produtos e

processos, utilizando-se de conceitos de plataforma/derivados e arquitetura/módulos do

produto (CLARK; HENDERSON, 1990).

A segunda perspectiva é a avaliação do desempenho, que pode ser

considerada um trabalho de avaliação de um projeto de desenvolvimento de produto

através de indicadores. Segundo ROZENFELD et al. (2006), os indicadores podem ser

classificados em dois grupos: os relacionados ao portfólio de produtos da empresa e os

relacionados aos projetos individuais.

Os indicadores relacionados ao portfólio de produtos da empresa são

estabelecidos durante o planejamento estratégico da empresa e são atualizados

anualmente. Os mais indicados são: porcentagem dos gastos em desenvolvimentos

sobre as vendas, total de patentes registradas, quantidade de produtos lançados no

ano, vendas no primeiro ano resultantes de novos produtos, porcentagem de produtos

aceitos e rejeitados, entre outros (SIMÕES, 2007).

Os indicadores relacionados aos projetos individuais estão relacionados com

quatro dimensões de avaliações: sucesso financeiro (lucros, crescimentos de vendas,

participação de mercado, retorno de investimentos), sucesso operacional (custos de

desenvolvimento, velocidade de desenvolvimento, produtividade do desenvolvimento),

Page 19: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

9

sucesso em qualidade (grau de aceitação pelo consumidor, satisfação do cliente, tempo

de permanência no mercado) e sucesso perceptivo (avaliações realizadas pela equipe

e pelo gerenciamento, aprendizagem para futuros projeto) (SIMÕES, 2007).

A terceira perspectiva é a condução das alianças e parcerias para o

desenvolvimento de produto que está relacionada com a negociação da participação de

seus fornecedores e clientes, e a negociação de outras alianças e parcerias menos

comuns, com outras empresas e órgãos governamentais (SILVA; ROZENFELD, 2007).

Por fim, a quarta perspectiva é a condução das relações interfuncionais que

envolve a integração, em nível estratégico, de marketing, engenharia e manufatura,

podendo ocorrer em apenas uma unidade ou nas várias unidades de uma mesma

empresa (CHENG, 2000).

2.3.2 Dimensão Organização

A dimensão organização aborda os arranjos organizacionais e comportamentais

durante a execução do projeto de desenvolvimento de produto (SILVA; ROZENFELD,

2007).

Segundo CLARK e FUJIMOTO (1991), as estruturas organizacionais para o

projeto de desenvolvimento são dividas em: i) Estrutura Funcional, em que cada área

de conhecimento é agrupada em um departamento; ii) Estrutura por Projeto, em que os

funcionários se dedicam exclusivamente a um projeto; iii) Estrutura Matricial, que se

divide em: estrutura de projeto peso pesado, em que os funcionários realizam tanto

suas atividades funcionais quanto as do projeto, predominando a ligação com os

funcionários que participam de um mesmo projeto; e em estrutura de projeto peso leve

em que predomina a ligação com os funcionários que realizam funções similares .

ROZENFELD et al. (2006) consideram que as empresas, ao procurarem adotar

algum dos tipos de arranjos organizacionais apresentados, devem analisar aquele que

mais se enquadra em sua realidade, considerando a análise de diversos fatores, tais

como o porte da empresa, a intensidade de inovação tecnológica no setor em que atua,

entre outros.

Os autores também afirmam que as principais tendências na organização do

PDP estão relacionadas à adoção de estruturas matriciais, que permitem um constante

Page 20: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

10

aprendizado dos funcionários envolvidos nas equipes de trabalho, pois adquirem novas

experiências cada vez que atuam nos projetos e em suas áreas funcionais.

2.3.3 Dimensão Atividades e Informações

Esta dimensão está relacionada às atividades realizadas ao longo do processo

de desenvolvimento de produto, conforme as especificidades do PDP de cada tipo de

empresa, e as informações manuseadas na execução destas atividades (SILVA;

ROZENFELD, 2007).

Diversos autores descrevem as atividades dessa dimensão a fim de

sistematizar as melhores práticas do desenvolvimento de produtos e facilitar o controle

de seus projetos, criando os chamados modelos de referência. O primeiro deles, criado

por CLARK e WHEELWRIGHT (1993), apresenta a ideia do processo de

desenvolvimento de novos produtos como um funil tendo as incertezas do projeto

reduzidas por meio das fases de avaliação. Outro exemplo, é o modelo criado por

ROZENFELD et al. (2006), em que o PDP é divido em três grandes fases ou macro

fases: pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós desenvolvimento.

O funil de inovação de CLARK e WHEELWRIGHT (1993) possui três etapas

para gestão do ciclo de vida das inovações que incluem filtros para priorização das

mais relevantes, conforme a Figura 2.

Na primeira etapa, as ideias surgem e, se forem aprovadas pelo primeiro filtro,

evoluem para um estudo de viabilidade e são submetidas ao segundo filtro de

aprovação. Se aprovadas, seguem para as etapas de planejamento, execução e

entrega do projeto para que se tornem um novo produto ou serviço.

Page 21: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

11

Figura 2 Funil de inovação de CLARK e WHEELWRIGHT(1993).

Fonte: CLARK e WHEELWRIGHT(1993)

O modelo desenvolvido por ROZENFELD et al. (2006) foi baseado no funil de

CLARK e WHEELWRIGHT (1993) na tentativa de reunir as perspectivas de estudos

anteriores em um modelo chamado Modelo Unificado de Referência .

O Modelo Unificado de Referência de ROZENFELD et al. (2006) foi adotado

como principal referência para esta pesquisa apesar de ser direcionado para o PDP de

bens de consumo duráveis, o que, em uma primeira análise, indicaria que este não é o

modelo mais adequado para as empresas pesquisadas. No entanto, o modelo reúne as

melhores práticas da gestão do PDP que se aplicam a qualquer tipo de organização,

como por exemplo, as empresas de base tecnológica que desenvolvem produtos com

alta tecnologia. Além disso esse é o modelo mais aplicado na literatura, o que confere

maior credibilidade na sua aplicação em relação a outros modelos desenvolvidos por

outros autores.

2.3.3.1 Modelo Unificado de Referência

O Modelo Unificado de Referência é divido em 3 macrofases: Pré-

Desenvolvimento, Desenvolvimento e Pós-Desenvolvimento, sendo que cada uma

delas é dividida respectivamente em fases, atividades e tarefas que juntas traduzem as

melhores práticas na área, como é mostrado na Figura 3. Vale ressaltar que esse é um

modelo teórico e que nem todas as organizações seguem as Fases de maneira linear

Page 22: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

12

como é indicado no modelo, sobretudo no contexto de micro e pequenas empresas de

base tecnólogica, em que existem diversas mudanças ao longo do PDP.

Figura 3 Modelo de referência de ROZENFELD et al. (2006)

Fonte: ROZENFELD et al. (2006)

Em todas as fases do desenvolvimento existem atividades recorrentes, como a

avaliação de cada fase (gates), monitoramento da viabilidade econômico financeira e

também documentação das decisões tomadas e lições aprendidas, gerando uma base

de dados para o desenvolvimento de futuros projetos.

A macrofase de pré-desenvolvimento é divida em duas fases: a fase de

planejamento estratégico dos produtos, e a fase do planejamento do projeto.

Na fase de planejamento estratégico dos produtos é feita a tradução do

portfolio de produtos da empresa e o seu alinhamento com a estratégia da organização,

com base em análises preliminares de tecnologia e mercado. Segundo os autores, o

principal objetivo desta fase é ligar os objetivos da empresa e os projetos de

desenvolvimento.

Na fase de Planejamento do Projeto é elaborado o plano de cada projeto

individual. Esta fase também envolve o planejamento de cada projeto de produto

individual, que contém informações importantes para a execução do projeto, como,

declaração do escopo do projeto e do produto, atividades e sua duração, prazos,

orçamentos, pessoal responsável, recursos necessários, análise de riscos e indicadores

de desempenho

Page 23: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

13

A macrofase de desenvolvimento inclui as fases de Projeto Informacional ,

Projeto Conceitual , Projeto Detalhado, Preparação da Produção e Lançamento do

Produto .

Na fase de Projeto Informacional são estabelecidas as especificações-meta do

produto, que são as características técnicas do produto tanto de maneira quantitativa

através dos requisitos com valores-meta quanto de maneira qualitativa através do

atendimento de forma ideal às necessidades dos clientes.

Na fase de Projeto Conceitual as especificações-meta são transformadas na

concepção do produto, traduzindo de forma mais concreta as funcionalidades e

características do produto. A fase envolve a modelagem funcional do produto, seus

princípios de funcionamento, a arquitetura, o layout, o estilo, o macroprocesso de

fabricação e montagem e a lista inicial dos sistemas, subsistemas e componentes

(SSCs) principais do produto.

Na fase de Projeto Detalhado existe a concretização final do produto com o

detalhamento dos SSCs dos produtos definidos durante o Projeto Conceitual. Os

resultados desta fase são: especificações finais dos SSCs do produto, desenhos finais

com tolerâncias, planos de processo, projeto de embalagem e material de suporte do

produto, e um protótipo funcional.

Na Preparação da Produção, são concretizados os recursos de produção

previstos nas fases anteriores, envolvendo o refinamento do processo, a obtenção dos

recursos e infraestrutura produtivos necessários, planejamento e produção de um

primeiro lote e homologação do processo. O principal resultado desta fase é um lote

piloto do produto, que deve atender às especificações técnicas detalhadas na fase

anterior.

Por fim, no Lançamento do Produto, o produto é de fato inserido no mercado

de maneira que este é aceito pelos seus clientes potenciais. Durante essa fase são

elaborados o documento de lançamento, e as especificações dos processos de vendas,

de distribuição, de assistência técnica e de atendimento ao cliente.

A macrofase de pós-desenvolvimento inclui as fases de Acompanhamento do

Produto e Processo e Descontinuação do Produto no Mercado.

Na fase de Acompanhamento do Produto e Processo ocorre a monitoração do

desempenho do produto desenvolvido, resultando em relatórios que possuem o objetivo

Page 24: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

14

de melhorar continuamente a qualidade com que os clientes da empresa estão sendo

atendidos. Exemplos desses relatórios é a avaliação da satisfação do cliente, propostas

de necessidade de modificações no produto, ou propostas de oportunidades de

melhoria, necessidades de mudança para adequação ambiental, relatório do

desempenho geral do produto, síntese das lições aprendidas e solicitações de

descontinuidade do produto (SIMÕES, 2007).

Na fase de Descontinuação do Produto no Mercado, ocorre o recebimento do

produto de volta através do estabelecimento do processo de logística reversa, a

descontinuação da produção e a finalização do suporte ao produto, o fechamento

formal do projeto e elaboração do relatório de retirada do produto.

2.3.4 Dimensão Recursos

Os recursos são formados pelos métodos, técnicas, ferramentas e sistemas

que podem ser aplicados como apoio às dimensões anteriores durante o PDP (SILVA;

ROZENFELD, 2007).

TOLEDO et al. (2002) classificam as ferramentas e métodos de suporte ao PDP

em dois grupos: os métodos organizacionais e os métodos estatísticos. Os métodos

organizacionais têm como função auxiliar o gerenciamento e integração das

informações e atividades relacionadas ao PDP. Os principais métodos organizacionais

são: QFD (Quality Function Deployment), Benchmarking e Análise e Engenharia de

Valor.

O QFD é uma ferramenta usada para o levantamento das necessidades e

desejos do cliente, e sua tradução para as características técnicas de engenharia

(SILVA; ROZENFELD, 2007). Por meio de um conjunto de matrizes, parte-se dos

requisitos expostos pelos clientes e realiza-se um processo de desdobramento desses

requisitos, transformando-os em especificações técnicas do produto. Estas matrizes

servem de apoio para o grupo, orientando o trabalho, registrando as discussões,

permitindo a avaliação e priorização de requisitos e características e, ao final, será uma

importante fonte de informações para a execução de todo o projeto (TOLEDO, 1993).

O Benchmarking é definido por CAMP (1993) como uma ferramenta para a

busca pelas melhores práticas nas indústrias que levarão ao desempenho superior. Seu

Page 25: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

15

funcionamento acontece na identificação dos padrões mais altos de excelência para

produtos, serviços ou processos, e a partir daí, proposição de melhorias para atingir tais

padrões.

A Análise e Engenharia de Valor (AV/EV) é definida como um conjunto de

ações para alcançar o valor ótimo de um produto, sistema ou serviço, promovendo as

funções necessárias ao menor custo.

Os métodos estatísticos têm como base dados numéricos que auxiliam no

controle da qualidade do projeto e do produto. Um dos principais métodos estatísticos é

o FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) que se baseia na prevenção de falhas no

projeto do produto ou do processo, por meio da análise das falhas potenciais e

propostas de ações de melhoria (AMARAL et al., 1999).

Além desses dois tipos de métodos, o PDP pode ser auxiliado através de

ferramentas baseadas em tecnologias de informação, como, CAD (Computer Aided

Design), CAM (Computer Aided Manufacture), Design for Manufacture and Assembly

(DFMA), Electronic Document Management (EDM) e Prototipagem rápida.

As técnicas de DFMA (Design for Manufacturing and Assembly) consiste numa

filosofia que utiliza diversos conceitos, técnicas, ferramentas e métodos para

aperfeiçoar a fabricação de componentes ou simplificar a montagem de produtos,

utilizando-se desde a análise de valores de tolerâncias, a complexidade do produto,

número mínimo de componentes necessários, layout do produto dentre outros

(FORCELLINI, 2003).

As ferramentas e sistemas CAD-CAE-CAM ( Computer Aided Design –

Engineering – Manufacturing) preferivelmente integrados e com base de dados

unificada para a representação do projeto do produto em desenhos, os cálculos e

simulações de engenharia, a manufatura virtual e as instruções de fabricação,

respectivamente (SILVA; ROZENFELD, 2007).

Os sistemas PDM / EDM (product /engineering data management) são usados

no gerenciamento e controle das informações representadas por documentos, planilhas,

desenhos e normas .

Page 26: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

16

2.4 Níveis de maturidade do PDP

O nível de maturidade pode ser definido como um indicativo da sofisticação, da

estabilidade e frequência com que práticas, técnicas e procedimentos padrão

relacionados a uma área específica são adotados (JUCÁ JUNIOR.; AMARAL, 2005).

O Modelo Unificado de Referência de ROZENFELD et al. (2006) conceitua a

maturidade do PDP de uma empresa como um indicador de quanto ela aplica as

melhores práticas de desenvolvimento de produtos, resultando em um melhor

desempenho do processo e do produto. Mostra também as competências necessárias

para que as organizações agreguem essas práticas aos projetos de desenvolvimento

de produtos.

A primeira proposição de conceito de níveis de maturidade foi feita por

CROSBY (1979) no chamado “Aferidor de Maturidade da Gerência de Qualidade”, que

estabelecia cinco estágios de maturidade de uma organização: Incerteza, Despertar,

Esclarecimento, Sabedoria e Certeza.

Outros modelos surgiram ao longo do tempo, como o mesmo intuito de avaliar

o nível de maturidade do PDP. São eles: PMMM - Project Management Maturity Model;

OPM3 - Organizational Project Management Maturity Model; CMMI - Capacity Maturity

Model Integrated e o Modelo de Maturidade para PDP que traz um guia referencial e

melhores práticas para a elevação do nível de maturidade de cada empresa

(ROZENFELD et al., 2006).

Conforme ROZENFELD et al. (2006), para a avaliação do nível de maturidade

de uma empresa devem ser observados três aspectos: i) quais atividades propostas no

modelo de referência ela aplica; ii) como são realizadas essas atividades, seus métodos

e ferramentas; iii) em que etapa do ciclo incremental de evolução a empresa se

encontra.

O Modelo de Maturidade para o PDP envolve três níveis de maturidade: Nível

Básico, Nível Intermerdiário e Nível Avançado, sendo que cada um dos níveis é

subdividido em subníves que apresentam características especificas como é mostrado

no Quadro 1.

Page 27: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

17

Quadro 1 : Modelo de Níveis de Maturidade de ROZENFELD et al. (2006)

Nível Subnível Características

sic

o

1.1

Os requisitos do cliente são definidos de forma não sistemática, sendo a empresa que define as características do produtos sem haver uma pesquisa de mercado. Existe um nível básico da concepção do produto, e são definidos a estrutura de produto e alguns desenhos para sua constituição, sendo alguns subsistemas dimensionados. Além disso, atividades básicas de planejamento podem ser realizadas, como a definição do escopo do projeto, atividades macro, e prazos para execução das tarefas. Nesse nível não existe um controle mais amplo do projeto, e a fase de preparação da produção compreende apenas a aquisição dos recursos necessários para fabrição do produto.

1.2

Neste subnível existe uma integração informal do PDP com o planejamento estratégico da empresa. Durante a fase de Projeto informacional, os requisitos do cliente já são considerados na definição dos requisitos do produto, mesmo que de maneira não sistemática, com uso de ferramentas formais para isso, como QFD, por exemplo. Além disso, algumas atividades de lançamento do produto começam a ser realizadas; algumas iniciativas de se melhorar o PDP também começam a ocorrer.

1.3 A empresa realiza o planejamento de processo de maneira formal, a relação com os fornecedores também acontece de maneira formal. A liberação da produção é autorizada mediante produção de lote piloto e homologação do processo.

1.4 A empresa já pensa em portfólio de produtos e analisa cada projeto a partir dos demais. O planejamento do projeto inclui viabilidade econômica e uso de sistemas de gerenciamento de projetos e conceitos de aprovação de fases (Gates).

Inte

rme

diá

rio

2.1

A empresa possui um planejamento do projeto mais sofisticado pois realiza-se a análise de riscos e procedimentos de qualidade. Além disso, é realizada a modelagem funcional do produto com uso de ferramentas específicas como o QFD, no intuito de desdobrar os requisitos do cliente em requisitos do produto de maneira formal. Na fase de projeto detalhado são aplicadas ferramentas de análise de risco como o FMEA e existe o uso do Gerenciamento Eletrônico dos Dados (GED). A fase de acompanhamento do produto e processo no pós-desenvolvimento é formalmente realizada e é designado um time de acompanhamento do produto.

2.2

A gestão de portfólio é realizada de maneira formal integrada ao planejamento estratégico da empresa. Os processos de negócios relacionados ao produto nas fases de preparação da produção e lançamento do produto são elaborados de maneira formal, com criação de processos de manutenção, distribuição e assistência técnica e atendimento ao cliente.

2.3 Existe uma maior integração com os parceiros da cadeia de suprimentos, desde as primeiras fases do desenvolvimento. Sistemas que proporcionam a reutilização de itens e o contato com fornecedores via internet são também utilizados.

2.4 Todas as atividades de gestão de projetos são realizadas na fase de planejamento do projeto, e existe um monitoramento contínuo dos custos, riscos de projeto, volumes e preços previstos. Cria-se também uma definição do plano de fim de vida do projeto.

Ava

nçad

o

3 – Mensurável

A empresa utiliza indicadores de desempenho para medir o desempenho de todas as atividades. No entanto, as ações de correção ocorrem de maneira informal.

4 – Controlável

As ações de correção passam a ocorrer de maneira formal e integrada aos processos de apoio de gerenciamento de mudanças e melhoria incremental.

5 – Melhoria Continúa

A empresa alcança o mais elevado nível de maturidade. Todas as atividades dos níveis anteriores são executadas. Ocorre a integração, com o próprio PDP, dos seguintes processos: gerenciamento das mudanças de engenharia, melhoria incremental do PDP e processo de transformação do PDP.

Fonte : ROZENFELD et al. (2006)

Page 28: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

18

Segundo ROZENFELD et al. (2006), de acordo com a realidade da empresa no

momento, esta pode empregar práticas que pertencem a diferentes níveis ao mesmo

tempo. Além disso, a adoção ou não de uma determinada atividade do Modelo

Unificado depende da sua adequação à realidade da empresa bem como do fato dela

estar preparada para executá-la no PDP da empresa. O Anexo A resume todos os

níveis e subníveis do Modelo de Níveis de Maturidade de ROZENFELD et al. (2006).

2.5 Empresas incubadas de base tecnológica

2.5.1 Micro e Pequenas empresas

O critério do SEBRAE utilizado para caracterização do porte dos

estabelecimentos em micro e pequenas empresas (MPEs) ou médias e grandes

empresas (MGEs) se dá pelo total de pessoas que ocupam a organização, dependendo

do setor da atividade econômica investigado, como visto no Quadro 2.

Quadro 2 Caracterização do porte de estabelecimentos do SEBRAE

Porte Indústria Comércio e Serviços

Microempresa Até 19 pessoas Até 9 pessoas

Pequena empresa de 20 a 99 pessoas de 10 a 49 pessoas

Média empresa de 100 a 499 pessoas de 50 a 99 pessoas

Grande empresa Acima de 500 pessoas Acima de 100 pessoas

Fonte : SEBRAE (2013)

Já o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),

classifica o porte dos estabelecimentos, seja indústria, comércio ou serviços, de acordo

com o faturamento anual da empresa ou do grupo econômico ao qual esta pertence,

conforme resumido no Quadro 3.

Page 29: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

19

Quadro 3 Caracterização do porte de estabelecimentos do BNDES

Porte Faturamento Anual Médio

Microempresa Até R$ 2,4 milhões

Pequena empresa Acima de R$ 2,4 milhões até R$ 16 milhões

Média empresa Acima de R$ 16 milhões até R$ 90 milhões

Grande-Média empresa Acima de R$ 90 milhões até R$ 300 milhões

Grande empresa Acima de R$ 300 milhões

Fonte: BNDES ( 2015)

Segundo o Sebrae, no ano de 2012 as MPEs foram responsáveis por 99 % dos

estabelecimentos formais existentes, pela geração de 51,7 % dos empregos formais no

país e pelo fornecimento de quase 40 % da massa de salários. Entre 2002 e 2012, a

cada R$ 100 pagos aos trabalhadores no setor privado, cerca de R$ 40, em média,

foram pagos por micro e pequenas empresas como mostra a Figura 4 (SEBRAE, 2013).

Figura 4 Participação relativa das MPEs no total de estabelecimentos,

empregos e massa de remuneração

Fonte: SEBRAE (2013)

Entre 2002 e 2012, as MPEs criaram 6,6 milhões de novos empregos, elevando

o total de 9,5 milhões de postos de trabalho em 2002 para 16,2 milhões em 2012. Em

todo o período, o crescimento médio do número de empregados nas MPEs foi de 5,4 %

a.a. (SEBRAE, 2013).

Page 30: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

20

As MPEs são empreendimentos essenciais para o desenvolvimento econômico

e social do país, pois com a maior participação destas na economia, a divisão dos

ativos financeiros ocorre de maneira mais homogênea entres os empreendimentos de

pequeno porte ao invés de ficarem sob propriedade de poucas grandes empresas

(FREITAS, 2010).

No entanto, as MPEs ainda enfrentam grandes dificuldades que resultam em

uma alta taxa de mortalidade se comparadas a empresas de médio e grande porte. Um

estudo realizado pelo SEBRAE em 2008 nas MPEs do estado de São Paulo revela que

27 % das empresas fecham no primeiro ano, 38 % encerram suas atividades até o

segundo ano, 46 % fecham antes do terceiro ano, 50 % não concluem o quarto ano, 62 %

fecham até o quinto ano e 64 % encerram suas atividades antes de completar seis anos

de atividade.

Dentre as principais razões para o encerramento das atividades e a alta taxa de

mortalidade estão a falta de clientes (23 %) , a falta de capital (20 %), e a falta de

planejamento e administração (15 %), de acordo com a auto avaliação dos proprietários

que enceraram as atividades (SEBRAE, 2008). Desta maneira, observa-se que uma

das linhas de ação prioritárias para o suporte das empresas de pequeno porte é a

inserção de conhecimentos e ferramentas gerenciais adequados que auxiliem nestas

dificuldades de gestão do negócio das organizações

2.5.2 Empresas de base tecnólogica

Não existe uma definição única para micro e pequenas empresas de base

tecnológica (EBTs) na literatura brasileira e internacional.

O termo inglês New Technology-Based Firm (NTBF) foi utilizado em 1977 na

Europa, para definir empresas cuja propriedade é independente, criadas há no máximo

25 anos e baseadas na exploração de uma invenção ou inovação tecnológica que

implique substanciais riscos tecnológicos (SILVA, 2005). Porém esta definição

apresenta restrições quando utilizadas no contexto atual da pesquisa.

Outra abordagem para definição de EBTs foi considerada por STEFANUTO

(1993) , que utiliza o termo base tecnológica para se referir ao conhecimento

tecnológico dominado pelo país, através da ação das empresas nacionais, centros de

Page 31: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

21

pesquisa e universidades, passível não apenas de ser utilizado na produção de bens e

serviços, mas de aumentar a capacidade de inovação, permitindo a expansão da base

tecnológica do país.

Os trabalhos de FERNANDES et al. (2004) e PINHO (2006) são os que mais

avançaram em direção à definição e caracterização de EBTs, pois além de fazer

menção a abordagens anteriores e utilizar abordagens internacionais, os autores se

basearam em pesquisas empíricas para elaboração de um novo conceito e novos

critérios de classificação de EBTs.

FERNANDES et al.(2004) e PINHO (2006) diferenciam EBTs de empresas que

exercem atividades de adaptação ou inovações incrementais, sendo portanto, inovação

diferente de modernização. Empresas modernizadas são aquelas que introduzem

novas tecnologias em seu processo de produção, o que não reflete a capacidade ou

esforço tecnológico da empresa.

FERNANDES et al.(2004) e PINHO (2006) consideram que a principal

referência de inovação da empresa é dada pelo seu produto: produtos novos refletem

novas tecnologias desenvolvidas dentro da empresa, não importando se em conexão

ou não com outras empresas ou centros de pesquisa.

Em relação as Micro e Pequenas empresas de base tecnológica, MACHADO et

al. (2001) definem esses empreendimentos combinando considerações do SEBRAE

para classificação de micro e pequenas empresas e a definição proposta pelo Office of

Technology Assesment (OTA) para empresas de alta tecnologia, como:

Micro e pequenas empresas de base tecnológica são empresas industriais com

menos de 100 empregados, ou empresas de serviço com menos de 50 empregados, que

estão comprometidas com o projeto, desenvolvimento e produção de novos produtos

e/ou processos, caracterizando-se, ainda, pela aplicação sistemática de conhecimento

técnico científico. Estas empresas usam tecnologias inovadoras, têm uma alta proporção

de gastos com P&D, empregam uma alta proporção de pessoal técnico científico e de

engenharia e servem a mercados pequenos e específicos.

Dessa forma, além de citar as definições gerais sobre EBTs, o autor afirma que

todas estas são de pequeno porte, fato que também é confirmado por SILVA, A. M.

Page 32: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

22

(2005) através de dados estatísticos que revelam que em 2001 aproximadamente 75 %

das EBTs possuíam menos de cinco funcionários.

Dentre as dificuldades enfrentadas pelas EBTs para se manter no mercado,

SANTOS (1987) afirma que a falta de conhecimento é uma das mais críticas. Estes

empreendimentos possuem uma excelente formação técnica porém ainda existem

deficiências em capacitação gerencial que são de suma importância para sobrevivência

das empresas no mercado .

2.6 Incubadoras de empresas

Entre as estratégias para a criação e manutenção de micro e pequenas

empresas, especialmente as de base tecnológica, destacam-se as incubadoras de

empresas, que segundo a Associação Nacional de Entidades Promotoras de

Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC, 2005) têm função de apoiar a

transformação de empresas potenciais em empresas crescentes e lucrativas, através

da disponibilização de condições efetivas para o crescimento como serviços de apoio

financeiro, marketing e administrativo, e também de espaços apropriados que abrigam

os negócios nascentes com grande potencial de inovação.

Segundo o Ministério de Ciência e Tecnologia – MCT (2000) os principais

objetivos das incubadoras são: Capacitar empresários e empreendedores; Estimular a

associação entre pesquisadores e empresários; Estabelecer uma cultura

empreendedora; Gerar empregos; Apoiar a introdução de novos produtos, processos e

serviços no mercado; Promover a agregação de conhecimento e a incorporação de

tecnologias nas micro e pequenas empresas; Reduzir a taxa de mortalidade de novas

micro e pequenas empresas; Consolidar micro e pequenas empresas que apresentem

potencial de crescimento; Promover a interação entre micro e pequenas empresas e

instituições que desenvolvam atividades tecnológicas.

Como premissa para atingir esses objetivos, o MCT (2000) considera que uma

incubadora deve dispor de uma série de serviços e facilidades, como: i) Espaço físico

individualizado, para a instalação de escritórios e laboratórios de cada empresa

admitida; ii) Espaço físico para uso compartilhado, como sala de reunião, auditórios,

secretaria, serviços administrativos e instalações laboratoriais; iii) Recursos humanos e

Page 33: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

23

serviços especializados para auxiliar na gestão empresarial, gestão da inovação

tecnológica, comercialização de produtos e serviços, contabilidade, marketing,

assistência jurídica, captação de recursos, contratos com financiadores, Propriedade

Intelectual, entre outros; iv) Capacitação, formação e treinamento de empresários

empreendedores; v) Acesso a laboratórios e bibliotecas de universidades, centros de

pesquisa, e instituições que desenvolvam atividades tecnológicas.

O movimento de incubadoras de empresas começou no Vale do Silício, na

Califórnia, na década de 50 e atualmente estima-se ainda que existam, mundialmente,

mais de 7.000 incubadoras de empresas espalhadas por diversos países (FREITAS,

2010).

No Brasil, o movimento teve o seu início em 1985 com a fundação de duas

incubadoras: em São Paulo, e em Santa Catarina. Dados atuais ainda mostram que em

2011 existiam 384 incubadoras, com um total de 2640 empresas incubadas e um

faturamento anual de R$ 532.981.680,00 (ANPROTEC, 2011).

A ANPROTEC (2005) classifica as incubadoras em sete tipos distintos: i) base

tecnológica: em que os produtos, serviços e processos possuem alto valor agregado; ii)

setor tradicional: que agrega valor aos produtos e serviços por ela oferecidos,

incrementando seu potencial tecnológico; iii) mista: que engloba características da

incubadora de base tecnológica e tradicional; iv) cultural: que atua no setor cultural; v)

social: que está envolvida na criação de empregos, renda e melhoria das condições de

vida das pessoas, atuando em seu lado social; vi) agroindustrial: que engloba

empreendimentos do setor agropecuário; vii) serviços: com atuação na área de serviços.

De acordo com o Núcleo de Inovação Tecnológica (NINTEC, 2010), vinculado à

Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP) da Universidade Federal de Lavras (UFLA), existem

três fases para o processo de incubação de empresas: Pré-incubação, Incubação e

Graduação.

Durante a fase de Pré-Incubação, a incubadora atua em termos de orientação

aos pesquisadores e a empreendedores, visando dar vazão às ideias empreendedoras

que surgem entre estudantes, professores e pesquisadores. É na pré-incubação que

são preparados os planos de negócios, para que haja o ingresso na Incubadora.

Já no período de Incubação, alguns serviços são ofertados à empresa

incubada, como suporte operacional, suporte estratégico e gerencial e tecnológico. O

Page 34: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

24

tempo de incubação é de três anos, em média, variando de acordo com as

características do empreendimento.

Por fim, na fase de graduação, a empresa se gradua após ser fortalecida por

determinado período na incubadora, se inserindo no mercado e mantendo, ou não,

vínculo com a incubadora.

Estatísticas de incubadoras americanas e europeias indicam que a taxa de

mortalidade entre empresas que passam pelo processo de incubação é reduzida a

20 %, contra 70 % detectado entre empresas nascidas fora do ambiente. (MCT, 2000).

CASTRO (2006), por sua vez, indica que um estudo efetuado pelo MCT em

parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), demonstrou que das 256 empresas

graduadas de incubadoras brasileiras que participaram da pesquisa, somente 39

tiveram suas atividades encerradas, ou seja, uma taxa de 15 % de mortalidade contra

85 % de sucesso, demonstrando que as incubadoras brasileiras estão no mesmo

patamar que as incubadoras internacionais em termos de taxa de mortalidade.

2.5.3 Incubadoras de empresas no Espírito Santo

O estado do Espírito Santo conta com duas principais incubadoras: a

Incubadora de Empresas de Base Tecnológica TECVITÓRIA, e a Incubadora do

Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) nos municípios de Serra e Colatina.

A TECVITÓRIA é uma ONG, entidade privada sem fins lucrativos que possui

um conselho de representação formado por representantes do governo, da iniciativa

privada e de academias. O presidente do conselho e o superintendente são os

responsáveis legais. A incubadora se financia basicamente por projetos, sendo os

maiores financiadores o SEBRAE, FINEP, FAPES.

Em 1995 a TECVITÓRIA iniciou suas atividades como incubadora de empresas

de base tecnológica sendo sócios e fundadores a Universidade Federal do Espírito

Santo (UFES), o Governo do Espírito Santo, a FINDES, o SEBRAE-ES, o BANDES, a

Prefeitura Municipal de Vitória - PMV, o IEL/ES.

Em 2000, o conselho de administração da incubadora decidiu focar a entidade

ao setor de TI, trazendo resultados relevantes como a graduação de sua primeira

empresa em 2001, com a participação de grandes empresas no estado como Arcelor

Page 35: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

25

Mittal Tubarão, Vale, Fibria e EDP, e o credenciamento na Associação para Promoção

da Excelência do Software Brasileiro (Softex) ( CHEQUER, 2009).

Em 2005 o Conselho de Administração retornou à atuação multissetorial em

base tecnológica. Também foi criada a Rede Capixaba de Incubadoras (RECIN), com o

objetivo de ampliar a sinergia entre as incubadoras do estado.

Atualmente, a TECVITÓRIA possui um total de 14 empresas incubadas, sendo

que até 2011 graduou um total de nove empresas. O tempo teórico de incubação é de 3

anos, pois cada tipo de empresa tem um tempo para amadurecer no seu processo de

incubação (CHEQUER, 2009).

Além da TECVITÓRIA, o estado do Espírito Santo conta com a Incubadora de

Empreendimentos de Base Tecnológica do IFES, que foi criada em fevereiro de 2008

com apoio da FAPES - Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia do Espírito Santo,

sendo implantada primeiramente no campus de Serra. O projeto foi, então, aprimorado

e ampliado em 2010 com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação,

sendo estendida para os campi de Colatina e Cachoeiro (CHEQUER, 2009).

O Núcleo Incubador Serra (NIS) do IFES, através de editais públicos, abre

oportunidades para que pessoas físicas ou jurídicas possam participar dos programas

de pré-incubação e incubação. Para se tornar incubados, os empreendimentos

precisam ser baseados em inovação e tecnologia com aderência a uma ou mais áreas

de atuação do IFES: Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC); Informática;

Automação; Tecnologia Assistiva; Tecnologias Educacionais; Gestão da Inovação;

Eletroeletrônica; Metalmecânica; Energia; Tecnologia para sustentabilidade e

preservação do meio ambiente.

Atualmente a incubadora conta com 3 empresas incubadas, sendo duas delas

localizadas no IFES da Serra e escritórios externos, e a outra localizada no município

de Colatina.

Page 36: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

26

4 MATERIAIS E METÓDOS

4. 1 Abordagem

A presente pesquisa pode ser classificada como quantitativa, que segundo

DIEHL(2004) pode ser definida pela uso da quantificação, tanto na coleta quanto no

tratamento das informações, utilizando-se técnicas estatísticas, objetivando resultados

que evitem possíveis distorções de análise e interpretação, para obter uma maior

margem de segurança.

O método de procedimento de pesquisa adotado é a pesquisa de levantamento

(survey) que é caracterizada pela obtenção de dados ou informações sobre

características, ações ou opiniões de um determinado grupo, indicado como

representante de uma população alvo, por meio de instrumentos de pesquisa

predefinido (PINSONNEAULT; KRAEMER, 1993).

Nesta pesquisa o instrumento utilizado foi um questionário estruturado aplicado

in loco. Segundo RIGSBY (1987), a coleta dos dados para este tipo de pesquisa, deve

ser realizado através de uma amostra retirada de determinada população, sendo que

esta deve ser representativa em relação à população-alvo. Deve-se atentar para o fato

de que nenhuma amostra é perfeita, podendo variar o grau de erro ou viés.

4.2 Definição da amostra para realização da pesquisa

A lista das empresas incubadas nas duas incubadoras de base tecnológica da

Grande Vitória foi feita a partir do acesso a página web das incubadoras e de

telefonemas.

De um total de 16 empresas incubadas na Grande Vitória, a amostra foi de 7

empresas correspondendo a 44 % do total da população-alvo, número considerável

para efetivação da pesquisa. O número de empresas pesquisadas se baseou na

disponibilidade para responderem o questionário in loco, assim a amostragem não é

probabilística uma vez que as empresas foram escolhidas por conveniência.

A aplicação do questionário se deu com entrevistas durante visitas nas empresas,

que eram agendandas por telefonema ou via email, durante o mês de maio de 2015. As

Page 37: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

27

entrevistas duraram cerca de 40 minutos cada, e eram realizadas com pelo menos um

representante da empresa.

4.3 Elaboração do questionário

Foi elaborado o questionário para coleta dos dados, baseado na pesquisa sobre

PDP e sobre as empresas incubadas da Grande Vitória. O questionário foi dividido em

quatro grandes partes: Caracterização da empresa, Estrutura do PDP, Gestão do PDP,

e Resultados do PDP.

Na caracterização da empresa, foram elaboradas questões relacionadas à

empresa entrevistada e suas características individuais para entender o contexto em

que o PDP é executado. Na estrutura do PDP foram elaboradas questões sobre como o

PDP é executado nas empresas. Na gestão do PDP as questões se relacionam a como

a empresa gerencia o PDP ao longo de todo o ciclo de vida do produto. Finalmente, nos

Resultados do PDP, as questões estão relacionadas ao controle dos dados gerados

durante o PDP e seu encerramento, bem como mudanças ocorridas e dificuldades

encontradas.

4.4 Tabulação e análise dos dados

A tabulação dos dados foi feita em uma planilha de excel em que todas as

informações geradas nas entrevistas foram armazenadas e tratadas em forma de

tabelas e gráficos.

Após a inserção no banco de dados dos resultados dos questionários aplicados,

iniciou-se a análise descritiva dos dados considerando três aspectos: as dimensões do

PDP propospotas por ROZENFELD et al. (2006), o Modelo de Maturidade proposto

pelos mesmos autores e fatos observados durante a condução da entrevista.

Em relação às dimensões do PDP, a análise foi realizada considerando as

questões que abrangiam cada dimensão abordada pelos autores que incluem as

melhores práticas de PDP: Dimensão Estrátegica, Dimensão Organização, Dimensão

Atividades e Dimensão Recursos, incluindo a caracterização da empresa e os tipos de

Page 38: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

28

projeto que estas desenvolvem. Vale ressaltar que o questionário não foi conduzido

nessa ordem no intuito de agilizar a condução da entrevista.

Para a avaliação do nível de maturidade, conforme ROZENFELD et al. (2006),

foram observados três aspectos: i) quais atividades propostas no modelo de referência

ela aplica; ii) como são realizadas essas atividades, seus métodos e ferramentas; iii)

em que etapa do ciclo incremental de evolução a empresa se encontra. Essa etapa se

resume à questão 2.6 do questionário (ANEXO B) que verifica as atividades do Modelo

de Referência executadas, e seu nível de formalidade.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Caracterização das empresas

As 7 empresas analisadas estão localizadas nos municípios de Serra e Vitória

(Grande Vitória), sendo 5 empresas incubadas na TECVITÓRIA e 2 empresas

incubadas na Incubadora de Base Tecnólogica do IFES do campus Serra. Vale

ressaltar que uma das empresas incubadas da TECVITÓRIA não se localiza

fisicamente na incubadora, mas recebe todo o apoio da incubadora. O mesmo acontece

na incubadora do IFES, as duas empresas possuem um setor de pesquisa na

incubadora, mas possuem uma sede localizada fora da incubadora do campus.

Em relação ao tempo de fundação das empresas, a maioria delas (61 %) são

ainda jovens com menos de 5 anos de duração, conforme a Figura 5. No entanto, duas

empresas (28 %) já funcionavam antes de entrarem no processo de incubação.

O período de incubação para estas empresas não é exatamente da empresa

como um todo, mas sim de projetos específicos que estas querem desenvolver, bem

como o recebimento do apoio que as incubadoras dão no desenvolvimento das

empresas e projetos nascentes.

Page 39: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

29

Figura 5 Tempo de fundação das empresas

Fonte : Dados da Pesquisa

Na Figura 6 é apresentado o número de colaboradores de cada empresa.

Observa-se que apenas 1 das empresas possui mais de 50 funcionários, sendo esta a

empresa localizada no exterior da incubadora. Esses dados demonstram que a maioria

dos empreendimentos analisados se classificam como micro empresas, conforme a

classificação do SEBRAE (2013).

O faturamento médio anual das empresas é apresentado na Figura 7, que

mostra que 66 % das empresas possui um faturamento médio entre R$ 60 mil e R$ 3,6

milhões, e 24 % possuem um faturamento abaixo de R$ 60mil ou acima de R$ 3,6

milhões. Pode-se então confirmar que segundo a classifição do BNDES, a maior parte

dos empreendimentos analisados também é classificada como micro empresa.

Figura 6 Número de colaboradores nas empresas

Fonte : Dados da Pesquisa

28%

43%

29%

Tempo de Fundação das Empresas

Menos de 1 ano

1 a 5 anos

Mais de 5 anos

50%

33%

17%

Número de Colaboradores

0 a 9

10 a 49

50 a 99

Page 40: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

30

Figura 7 Faturamento anual médio das empresas

Fonte : Dados da Pesquisa

Em relação à atuação das empresas, os setores do mercado em que atuam são

apresentados na Figura 8.

Vale ressaltar que algumas empresas atuam em mais de um ramo, portanto a

porcentagem não corresponde a apenas uma empresa. Esses dados demonstram

também que as empresas incubadas apresentam uma considerável variedade de

atuações, definindo uma amostragem bastante heterogênea.

As empresas também podem ser classificadas, segundo MACHADO et al.

(2001), como micro empresas de base tecnológica, pois são empresas com menos de

50 empregados, que estão comprometidas com o projeto, desenvolvimento e produção

de novos produtos e processos, caracterizando-se, ainda, pela aplicação sistemática de

conhecimento técnico científico.

As atividades desempenhadas pelas empresas podem ser classificas em três

grandes grupos: Desenvolvimento e Comercialização de Softwares, Desenvolvimento e

Comercialização de Hardware, Prestação de Serviços e outros, que incluem a

construção de dispositivos e máquinas industriais para utilização didática em

organizações educacionais (Figura 9). Os dados confirmam a caracterização dos

empreendimentos como empresas de base tecnológica devido à aplicação de alta

tecnologia de seus produtos e serviços.

17%

33%33%

17%

Faturamento Anual Médio

F ≤ R$ 60mil

R$ 60mil < F ≤ R$ 360 mil

R$ 360 mil < F ≤ R$ 3,6 mi

F> R$ 3,6 mi

Page 41: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

31

Figura 8 Setores do mercado em que as empresas pesquisadas atuam

Fonte : Dados da Pesquisa

Figura 9 Atividades desempenhadas pelas empresas

Fonte : Dados da Pesquisa

Na Figura 10, é demonstrado que apenas 25 % das empresas possuem

algum tipo de certificação de qualidade (como a ISO9001). Os 75 % restantes

das empresas estão em processo de certificação (38 %) ou estão com planos de

certificar a empresa (37 %).

20% 20%

10% 10% 10% 10% 10% 10%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

Setor do Mercado

33%

33%

17%

17%

Atividades Desempenhadas

Desenvolvimento eComercialização desoftware:

Desenvolvimento eComercialização dehardware:

Prestação deserviços:

Page 42: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

32

Figura 10 Certificação de qualidade nas empresas

Fonte : Dados da Pesquisa

É importante ressaltar que nenhuma empresa tem planos para instalar uma

certificação de qualidade e que a maioria das certificações são relacionadas com

desenvolvimento de software e hardware, como por exemplo o SGQtech, apoiados pela

própria incubadora para certificação. Vale também ressaltar que algumas empresas

estão inclusas em mais de uma categoria, ou seja, algumas empresas já possuem um

tipo de certificação e estão em processo de certificação de outros tipos de certificação,

o que dilui as porcentagens em relação ao número das empresas em cada categoria.

5.2 Tipos de projetos

Em relação aos tipos de projetos executados pelas empresas, 46 % do total são

projetos inovadores para o mercado, que são denominados projetos radicais segundo

a classificação de CLARK e WHEELWRIGHT (1993), pois englobam mudanças

significativas no projeto do produto, envolvendo desenvolvimento e uso de novas

tecnologias e materiais (Figura 11). Este resultado da pesquisa é compatível com o

conceito de incubadoras de base tecnológica que são caracterizadas por produtos,

serviços e processos com alto valor agregado, além do incentivo à pesquisa de novos

produtos e tecnologias.

0%

37%

38%

25%

Certificação de Qualidade

Não está nosplanos da empresa

Está nos planos daempresa

Em processo decertificação

Possui

Page 43: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

33

Figura 11 Tipos de projeto de produto desenvolvidos nas empresas

Fonte : Dados da Pesquisa

Na Figura 11, porém, também verifica-se que 39 % dos produtos desenvolvidos

são produtos derivados de um produto já existente nas empresas. Segundo a

classificação de CLARK e WHEELWRIGHT (1993), são considerados projetos

Incrementais e Derivados nos quais são desenvolvidos produtos com pequenas

modificações em relação aos já existentes, no intuito de diminuir seu custo e melhorar

seu desempenho.

Os outros 16 % representam produtos que a empresa nunca desenvolveu e

produziu (10 %) e adaptações do produto atual para atendimento a objetivos

específicos, por exemplo adaptações para customização às necessidades dos clientes

(6 %).

Essa variedade quanto aos tipos de projeto é um reflexo da heterogeneidade das

empresas e os setores em que atuam. O mercado em que atuam algumas empresas

ainda é bastante aberto a inovações e desenvolvovimento de novas tecnologias, porém,

em outros casos, o mercado está bastante saturado, sendo o desenvolvimento de

tecnologias totalmente novas uma tarefa mais complicada no contexto de micro

empresas. Essa heterogeneidade pode ser melhor visualizada quando as respostas

desta questão são separadas por empresa, como apresentado na Figura 12.

46%

10%

39%

6%0%

10%

20%

30%

40%

50%

Produtosinovadores para o

mercado

Produtostotalmente novos

para a empresa

Produtosderivados de um

produto daempresa

Adaptações doproduto atual

Tipos de Projeto de Produto

Page 44: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

34

Figura 12 Tipos de projeto de produto desenvolvidos em cada empresa

Fonte : Dados da Pesquisa

Figura 13 Fontes de novas ideias para o PDP

Fonte : Dados da Pesquisa

É possível verificar que na empresa D, 100 % dos projetos são inovadores para o

mercado, enquanto na empresa F, 100 % dos projetos são de produtos derivados, o

que confirma a heterogeneidade dos dados em relação aos tipos de projeto executados.

Quanto à fonte de novas ideias para os projetos, as empresas recorrem

principalmente aos clientes, funcionários das empresas e a produtos concorrentes,

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Tipos de Projeto de Produto em cada Empresa

Adaptações do produtoatual

Produtos derivados deum produto da empresa

Produtos totalmentenovos para a empresa

Produtos inovadores parao mercado

17%

13% 13%

17% 17%

10%

13%

0%2%4%6%8%

10%12%14%16%18%

Fontes de Novas Ideias

Page 45: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

35

conforme a Figura 13. De acordo com os resultados, há uma diversidade nas fontes de

ideias, característica de empresas de base tecnológica que procuram desenvolver

produtos inovadores que atendam as necessidades do mercado.

5. 3 Dimensão Estratégica

Primeiramente foi perguntado aos entrevistados se nas empresas são

executadas atividades relacionadas ao desenvolvimento de produtos ou serviços. Em

100 % das empresas, é executada esse tipo de atividade, o que já era esperado, pois

tratam-se de empresas incubadas que têm como objetivo o desenvolvimento de novos

produtos e serviços.

Foi questionado aos entrevistados como veem o processo de desenvolvimento

de produto em relação à sua formalidade. Esse questionamento inicial é importante

para comparação entre a percepção do entrevistado e a realidade do processo de

desenvolvimento de produto na empresa. Observa-se que, de acordo com as respostas,

em nenhuma empresa são utilizados indicadores em todas as etapadas do PDP (Figura

14). Além disso, em nenhuma empresa o PDP é considerado totalmente informal, o que

sinaliza a preocupação das empresas em formalizar o PDP em pelo menos algumas

etapadas do processo.

Figura 14 Percepção sobre o PDP das empresas

Fonte : Dados da Pesquisa

0%

67%

33%

0%

Perpeção sobre o Processo de Desenvolvimento de Produtos

Não existe um processoformal

Processo parcialmenteformal

Processo formal, comindicadores em algumasetapasProcesso formal, comindicadores em todas asetapas

Page 46: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

36

Na dimensão estratégica, o objetivo é o alinhamento das necessidades do

mercado e possibilidades tecnológicas com o nível estratégico do PDP, sendo a

primeira perspectiva utilizada para esse alinhamento a gestão de portfólio. Foi

verificado que a gestão do portfólio durante o PDP é realizada de maneira informal em

apenas 50 % das empresas e não é executada nos outros 50 % das empresas ( Figura

24) . Dessa maneira, em 50 % não existe uma coordenação estratégica formalizada dos

projetos em andamento ou em planejamento, tampouco uma coordenação formalizada

do mix de produtos e projetos desenvolvidos nas empresas.

A segunda perspectiva aborda a utilização de indicadores para avaliação do PDP,

tanto os relacionados ao portfólio de produtos da empresa, quanto os relacionados aos

projetos individuais.

Foi verificado que em 67 % das empresas utilizam-se indicadores de controle no

PDP. Em apenas 33 % não se utilizam os indicadores, o que é compatível com a

política das incubadoras no controle das empresas incubadas.

Na Figura 15, são especificados os indicadores utilizados nas empresas

pesquisadas. Não são utilizados pelas empresas indicadores de qualidade do PDP,por

exemplo, porcentagem de produtos lançados dentro do tempo planejado, taxa de

reclamação dos clientes quanto aos novos produto, taxa de reparos em novos produtos,

taxa de devolução de novos produtos, e quantidade de projetos interrompidos, o que

demonstra que o controle do PDP não é realizado em todos os seus âmbitos, como

sucesso operacional, sucesso em qualidade e sucesso perceptivo.

Figura 15 Indicadores do PDP utilizados nas empresas pesquisadas

Fonte : Dados da Pesquisa

34%

33%

33%

Indicadores do Processo de Desenvolvimento de Produtos

Quantidade de novosprodutos lançados no ano

Porcentagem dofaturamento advinda denovos produtosCusto dodesenvolvimento porproduto/projeto

Page 47: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

37

A terceira perspectiva é relacionada com a condução das parcerias para o

desenvolvimento de produto através da participação de fornecedores e clientes, além

de outras empresas e órgãos governamentais, como é mostrado na Figura 16.

Figura 16 Parcerias para o desenvolvimento de produto

Fonte : Dados da Pesquisa

Em mais de 60 % dos projetos realizados nas empresas, a interação com os

clientes acontece sempre, o que demonstra proximidade das empresas com seus

clientes, característica de micro e pequenas empresas de base tecnológica que muitas

vezes possuem um mercado bastante específico e precisam desta proximidade para

desenvolvimento de seus projetos.

Na Figura 16 também verifica-se que existe uma alta interação com

Universidades, centros de pesquisa e com empresas parceiras, o que é compatível com

a política de incubação de empresas de base tecnológica de aproximar as

Universidades e centros de pesquisa às empresas para desenvolvimento de novas

tecnologias e produtos. Além disso, ao longo das entrevistas, observou-se que muitos

dos empreendedores são recém formados pelas Universidades e ainda possuem um

estreito laço para desenvolvimento de seus produtos e realização de pesquisas.

Por fim, a quarta perspectiva é a condução das relações interfuncionais que

envolve a integração, em nível estratégico, de marketing, engenharia e manufatura

durante o PDP. Na Figura 17, observa-se que existe envolvimento de outros setores

das empresas durante o PDP, sendo a principal a área comercial, seguida da área

financeira e de marketing e engenharia. Observa-se também que apenas 6 % dos

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Parcerias para o Desenvolvimento de Produto

Nunca

Raramente

Sempre

Page 48: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

38

projetos são conduzidos isoladamente, o que demostra um bom envolvimento

interdisciplinar nos projetos.

Figura 17 Setores internos que participam do PDP

Fonte : Dados da Pesquisa

5.4 Dimensão Organizacional

Essa dimensão aborda os arranjos organizacionais e comportamentais durante a

execução do projeto de desenvolvimento de produto (SILVA, ROZENFELD, 2007).

Das empresas analisadas, 83 % possuem um setor específico para

desenvolvimento de produtos, e nos 17 % restantes, o PDP é vinculado à gerência. Isso

demonstra que existe uma especificação das empresas para desenvolver novos

produtos.

Em média existem um total de 3 funcionários responsáveis pelo PDP, o que

corresponde a 33 % dos funcionários para uma empresa com 9 colaboradores. Esse

resultado representa um considerável índice e também é compatível com o contexto de

empresas incubadas de base tecnológica.

Foi constatado um alto nível de formação dos colaboradores nas empresas

(Figura 18).

6%

17% 17%

11%

22%

28%

0%

10%

20%

30%

Isoladamente Engenharia Marketing Produção Finanças Comercial

Setores que Participam do Processo de Desenvolvimento de Protudos

Page 49: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

39

Figura 18 Grau de formação dos colaboradores das empresas

Fonte : Dados da Pesquisa

Na Figura 19, são apresentadas as áreas de formação dos colaboradores das

empresas.

Figura 19 Área de formação dos colaboradores das empresas

Fonte : Dados da Pesquisa

Quanto ao tipo de estrutura organizacional para o PDP de acordo com a

classificação de CLARK e FUJIMOTO (1991), as empresas se encaixam em uma

0% 5%

20%15%

5%

30 %

20%

5%0%5%

10%15%20%25%30%35%

Grau de Formação dos Colaboradores

12% 12%6%

12%

18%

24%

6%12%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

Área de Formação dos Colaboradres

Page 50: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

40

estrutura matricial em que os funcionários realizam tanto suas de atividades funcionais

quanto as do projeto, predominando a ligação com os funcionários que participam de

um mesmo projeto. Isso acontece devido ao pequeno número de colaboradores que se

dedicam ao desenvolvimento de produtos fazendo com que estes se dediquem a

diferentes projetos simultaneamente, além de restrições orçamentárias que impedem

dedicação exclusiva a cada projeto, e a necessidade de executar os projetos em um

prazo curto.

Em relação às parcerias durante o PDP, os clientes participam em algumas

etapas do desenvolvimento de 80 % dos projetos das empresas, e em 20 % dos

projetos, os clientes não participam do PDP, mas seu comportamento é previsto no

intuito de compreender suas necessidades (Figura 21).

Por outro lado, a participação da gerência no PDP é maior, conforme a Figura 20.

Isso ocorre devido ao fato de haver poucos funcionários das empresas, o que possibilita

a gerência manter uma proximidade com todas as atividades da empresa. Além disso,

muitas vezes a gerência também faz parte da porcentagem de funcionários que

participam do PDP, estando, assim, totalmente inclusa no processo.

Figura 20 Participação da Gerência no PDP

Fonte : Dados da Pesquisa

5.5 Dimensão Atividades e Informações

Na Figura 21 é apresentado o grau de formalidade com que as atividades do

PDP são realizadas em cada macrofase do processo.

67%

33%

Participação da Gerência no Processo de Desenvolvimento de Produtos

Na maioria dasetapas dedesenvolvimento

Em algumas asetapas dedesenvolvimento

Page 51: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

41

Vale ressaltar que uma atividade é considerada formal quando a empresa a

executa regularmente no dia-a-dia e possui registros da realização desta atividade.

Figura 21 Grau de formalidade das atividades de cada macrofase do PDP

Fonte : Dados da Pesquisa

A macrofase de pré-desenvolvimento é divida em duas fases: a fase de

planejamento estratégico dos produtos, e a fase do planejamento do projeto. A primeira

fase é realizada predominantemente de modo informal, como é mostrado na Figura 22.

Portanto, o levantamento de dados sobre o mercado, bem como a tradução do portfólio

de produtos com a estratégia da empresa é feita de maneira não muito precisa e formal.

Isso acontece pois a maioria dos clientes dessas empresas são bastante específicos e

a produção acontece pela demanda direta dos clientes, o que a longo prazo pode ser

prejudicial para uma ampliação do mercado, já que não possuem um conhecimento

estruturado sobre do mercado em que atuam.

Na fase de Planejamento do Projeto Individual, as atividades são realizadas

predominantemente de maneira formal (Figura 22). Assim, atividades relacionadas à

sequência de atividades do projeto, cronograma e orçamento são executadas e

documentas. Esse fato ocorre devido a exigências das incubadoras em relação aos

projetos das empresas incubadas, seus orçamentos e cronogramas, como forma de

controle.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Pré-Desenvolvimento Desenvolvimento Pós-Desenvolvimento

Grau de Formalidade das Macrofases do PDP

Formal

Informal

Não há

Page 52: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

42

Figura 22 Grau de formalidade da macrofase Pré - Desenvolvimento

Fase planejamento estratégico dos produtos (A - Planejamento do desenvolvimento de produtos

de acordo com a estratégia da empresa e ambiente competitivo; B - Levantamento de dados

sobre o mercado; C -Pesquisa sobre avanços tecnológicos; D - Análise do portfólio de produtos

da empresa.)

Fase Planejamento do Projeto (E - Definição da sequência de atividades do projeto; F - Criação

de cronograma do projeto; G - Análise de viabilidade técnica e econômica do novo produto; H -

Elaboração de orçamento do projeto)

Fonte : Dados da Pesquisa

A macrofase de desenvolvimento inclui as fases de Projeto Informacional,

Projeto Conceitual, Projeto Detalhado, Preparação da Produção e Lançamento do

Produto, e o grau de formalidade de cada uma das fases é detalhado na Figura 23.

Na fase de Projeto Informacional, as atividades são executadas

predominantemente de maneira informal, assim as especificações de clientes e a

tradução de suas necessidades para requisitos técnicos e dos produtos são realizadas

de maneira informal, sem utilização de nenhuma ferramenta específica como o QFD ou

FMEA, e baseadas no conhecimento das empresas em relação ao mercado em que

atuam.

Esse fator reflete também na maneira informal de executar as especifcações do

próprio produto, seus princípios de funcionamento, o layout, macroprocesso de

fabricação, sistemas e subsistemas.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

A B C D E F G H

Grau de Formalidade da MacrofasePré - Desenvolvimento

Não há

Informal

Formal

Page 53: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

43

Figura 23 Grau de formalidade da macrofase Desenvolvimento

Fase Projeto Informacional (A - Identificação dos requisitos dos clientes; B - Definição dos

requisitos do produto)

Fase Projeto Conceitual (C - Definição dos compononentes do produto; D - Definição do design

do produto)

Fase Projeto Detalhado (E - Seleção de fornecedores; F - Detalhamento dos componentes do

produto; G - Elaboração e construção de protótipos; H - Realização de testes)

Fase Preparação da Produção (I - Desenvolvimento do processo de fabricação; J- Produção de

lote piloto)

Fase Lançamento do Produto (K - Desenvolvimento de processo de assistência técnica; L-

Lançamento do produto no mercado

Fonte : Dados da Pesquisa

Na fase de Projeto Conceitual, as atividades são executadas, em sua maioria de

maneira informal. Assim, a modelagem funcional do produto, seus princípios de

funcionamento, a arquitetura, o layout, o estilo, o macroprocesso de fabricação e

montagem, e a lista inicial dos sistemas, subsistemas e componentes (SSCs) principais

do produto não são planejados de maneira precisa

Na fase de Projeto Detalhado, as empresas realizam suas atividades de maneira

formal predominantemente. Portanto, mesmo que a definação dos SSCs dos produtos

seja feita de forma informal, existe a elaboração e teste de protótipos de maneira formal.

Na fase de preparação da produção, as atividades são realizadas também de

maneira informal, sendo o refinamento do processo, a obtenção dos recursos e

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

A B C D E F G H I J K L

Grau de Formalidade da MacrofaseDesenvolvimento

Não há

Informal

Formal

Page 54: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

44

infraestrutura produtivos necessários, e o planejamento e produção de um primeiro lote

do produto executados, em grande parte, de maneira informal.

Na fase de Lançamento do Produto, as atividades são executadas de forma

informal ou são inexistentes. Dessa forma, depois de testados, os protótipos dos

produtos são lançados no mercado sem elaboração de especificações sobre os

processos, vendas e distribuição sem assistência técnica ao cliente formalizada, e com

avaliação informal da satisfação dos clientes sobre os produtos lançados. Isso acontece

devido ao fato do mercado dessas empresas ser bastante específico e os produtos

serem resultado de uma demanda dos próprios clientes. Dessa forma, a maneira de

avaliação da satisfação em relação aos produtos torna-se uma atividade informal entre

cliente e empresa.

A macrofase de pós-desenvolvimento inclui as fases de Acompanhamento do

Produto e Processo e Descontinuação do Produto no Mercado e o grau de formalidade

de cada uma das fases é detalhado na Figura 24.

Na fase de Acompanhamento do Produto e Processo, o monitoramento do

desempenho do produto desenvolvido ocorre, em grande parte, de maneira informal.

Portanto, na maioria das empresas, não são gerados relatórios que possuem o objetivo

de melhorar continuamente a qualidade com que os clientes estão sendo atendidos.

Também a avaliação da satisfação do cliente ocorre de maneira informal, não existindo

um modelo estruturado para avaliação dos produtos e serviços.

Na fase de Descontinuação do Produto no Mercado, as atividades relacionadas

ao planejamento de futuros produtos são realizadas informalmente, o que é compatível

com o fato das empresas serem nascentes e focarem em seus atuais produtos. O

planejamento da retirada do produto no mercado também não é realizado.

Page 55: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

45

Figura 24 Grau de formalidade da macrofase Pós - Desenvolvimento

Fase Acompanhamento do Produto e processo (A - Estudo do desempenho do produto; B-

Avaliação de satisfação do cliente)

Fase Descontinuação do Produto no mercado (C - Previsão e planejamento do futuro do produto;

D- Retirada do produto no mercado )

Fonte : Dados da Pesquisa

Em relação à realização de gates, a avaliação das atividades de cada fase do

PDP é realizada predominantemente através de reuniões informais, em que se

discutem os prazos do projeto, as viabilidades técnicas do produto, e a parte

orçamentária do projeto. Além disso, mais de 70 % das empresas não possuem um

método para registro de lições aprendidas durante o PDP, utilizando como fonte de

conhecimentos essencialmente a experiência prática de seus próprios funcionários.

5.6 Dimensão recursos

Na Figura 25, são apresentados o grau de conhecimento e utilização dos

métodos e ferramentas de suporte ao PDP nas empresas. Observa-se que os métodos

e ferramentas de suporte ao PDP já instalados nestas empresas são o CAD, técnicas

de simulação e Brainstorming, que em sua maioria são métodos voltados para parte

técnica e de geração de ideias para elaboração e execução do projeto. Já os métodos e

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

A B C D

Grau de Formalidade da MacrofasePós - Desenvolvimento

Não há

Informal

Formal

Page 56: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

46

ferramentas voltados para aspectos gerenciais não são conhecidos ou são usados

informalmente, como o QFD, PDM, TRIZ, PMbok, AV/EV.

Figura 25 Ferramentas e Métodos de Suporte ao PDP

Não conhece: a empresa não possui a ferramenta

Não tem intenção de instalar: a empresa conhece o método mas não tem interesse em utilizá-lo

Em processo de Instalação: a empresa utiliza de maneira informal ou ocasionalmente, mas

pretende utilizá-lo de maneira formal e em todos os projetos

Já Instalado: a empresa já utiliza o método de maneira constante em seus projetos

Fonte : Dados da Pesquisa

É importante ressaltar que algumas ferramentas são subsituídas por outras que

se adequam melhor à realidade das empresas, e que possuem a mesma função. Um

exemplo é o uso de ferramentas online de armazentamento e troca de dados como

google drive e dropbox no gerenciamento eletrônico dos dados. Outro exemplo é a

utilização de ferramentas próprias para gerenciamento de projetos em substituição ao

MSproject.

Verifica-se que existe uma preocupação em utilizar ferramentas de prototipagem,

mesmo que os SSCs não sejam definidos de maneira muito específica, fato compatível

com a natureza dos empreendimentos de base tecnológica que precisam realizar testes

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Ferramentas Utilizadas nas Empresas

Não conhece Não tem Intençao de Instalar Em processo de Instalação Já Instalado

Page 57: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

47

em seus produtos antes do lançamento no mercado, sobretudo se os produtos forem

baseados em novas tecnologias que não são bem dominadas pelas empresas.

Essas características podem ser explicadas pelo fato das empresas incubadas

serem, em sua maioria, empresas jovens que estão focadas em desempenhos

financeiros e técnicos dos seus produtos, para se firmarem no mercado, deixando em

segundo plano, aspectos gerenciais e estratégicos do seu PDP.

5.7 Mudanças ocorridas no PDP

A parte do questionário tem a função de verificar se houve melhorias no PDP

desde o início do funcionamento das empresas , além de identificar quais são, na

opinião dos entrevistados, as principais dificuldades enfrentendas na execução de suas

atividades de desenvolvimento.

Em todas as empresas houve mudanças no PDP. A maior parte das mudanças

estão relacionadas com a forma de organizar o pessoal durante os projetos, seguido de

melhoria na informatização e realização de novas parcerias (Figura 26).

Perguntados sobre as maiores dificuldades enfrentadas durante o PDP, os

entrevistados relataram que a maior parte está relacionada com: dificuldades

financeiras para realização de maior investimento em pessoal e tecnologia; carência de

fornecedores adequados que supram todas as suas necessidades na realização dos

projetos; carência de mão-de-obra capaz de realizar as atividades de desenvolvimento

de produto que exigem uma alta formação técnica; falta de amadurecimento em relação

ao funcionamento das empresas, técnicas gerenciais a serem utilizadas e a maneira de

integrar a empresa de modo a contribuir para o desenvolvimento de produtos de forma

mais eficiente.

Page 58: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

48

Figura 26 Mudanças no PDP desde o Início das Empresas

Fonte : Dados da Pesquisa

5.8 Análise do nível de maturidade

Considerando o modelo para avaliação do nível de maturidade do PDP proposto

por ROZENFELD et al. (2006), observa-se que de modo geral as empresas se

encontram no Nível 1 (Básico) de maturidade, o que indica que apenas algumas

atividades relacionadas à gestão do desenvolvimento de produtos contidas na literatura

sobre PDP são realizadas.

Pode-se dizer que as empresas possuem características do subnível 1.1, a

concepção básica do produto, seus sistemas e subsistemas, utilização de ferramentas

de apoio ao PDP para elaboração e teste dos protótipos, bem como a realização de

atividades básicas de planejamento, como a definição do escopo do projeto, atividades

macro, e prazos para execução das tarefas, além da preparação da produção, o que

compreende apenas a aquisição dos recursos necessários para fabricação do produto.

Observa-se também que as empresas possuem algumas características do

subnível 1.2, como a identificação de requisitos do cliente e sua tradução em requisitos

do produto, mesmo que de maneira não sistemática; integração informal do PDP com o

planejamento estratégico da empresa, com a utilização de alguns indicadores de

controle do PDP.

No entanto, não se pode incluir as atividades da macrofase de pós-

desenvolvimento do PDP, pois, praticamente não são realizadas nas empresas, o que

26%21%

11% 11%

32%

0%5%

10%15%20%25%30%35%

Informatização Novas parcerias Ampliação deparcerias jáexistentes

Manual doDesenvolvimento

de Produto

Forma de organizaras pessoas durante

os projetos

Mudanças no Processo de Desenvolvimento de Produtos

Page 59: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

49

demonstra que de acordo com o modelo de maturidade, as empresas se enquandram

no subnível 1.2

6 CONCLUSÕES

O PDP das empresas pesquisadas pode ser dividido em: pesquisa de mercado

informal, conversão dos requisitos dos clientes para requisitos técnicos e dos produtos

também informal, elaboração de protótipos e execução de testes, lançamento dos

produtos no mercado focando apenas os clientes já existentes, e avaliação informal da

satisfação dos clientes sobre os produtos lançados.

Conclui-se que em relação ao modelo de maturidade as empresas se enquadram

no nível 1 (básico) e no subnível 1.2. Para as empresas aumentarem seu nível do

modelo de maturidade, e melhorarem a gestão do PDP, sugere-se: i) criação de

indicadores que vão além da avaliação do sucesso financeiro, mas também indicadores

de qualidade para controle tanto da gestão do PDP quanto dos produtos em si, além,

da utilização efetiva desses indicadores como instrumentos de melhoria para as

empresas e não apenas de cumprimento de regras junto às incubadoras; ii) utilização

de ferramentas que traduzam formalmente os requisitos dos clientes em requisitos dos

produtos, para que a elaboração dos protótipos seja mais eficiente e o produto atenda

de maneira mais ampla as necessisades dos clientes, promovendo também uma maior

aproximação dos clientes nos processos do PDP; iii) criação de um modelo formal para

análise de viabilidade técnica e econômica dos projetos a serem desenvolvidos, com

critérios específicos que sejam de acordo com a estratégia da empresa; iv) utilização de

conceitos de aprovação de fases (Gates) durante as reuniões que são executas nos

projetos, para que haja uma garantia da qualidade de cada etapa do projeto; v) criação

de um modelo formal de análise de desempenho do produto e de avaliação dos clientes

para promoção de melhorias nos futuros projetos a serem lançados; vi) utilização de

ferramentas e métodos gerenciais que auxiliam na gestão do PDP.

Vale ressaltar que o Modelo Unificado de Referência de ROZENFELD et al.

(2006) é aplicável para todos os tipos de mercado, no entanto, seu foco é para

empresas de bens duráveis e de grande porte. Portanto, como sugestão de pesquisas

futuras para validar o método utilizado, é importante elaborar um modelo de gestão de

Page 60: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

50

PDP aplicado ao contexto de micro e pequenas empresas que possuem características

distintas de empresas de grande porte.

Também é de grande importância a utilização de outros métodos de diagnóstico

do grau de maturidade do PDP em comparação ao proposto por ROZENFELD et al.

(2006), já que cada modelo possui difentes enfoques que podem enriquecer a

caracterização do PDP das empresas. Além disso, é importante estender a

caracterização do PDP de outros setores industriais que carecem de análises mais

profundas de seu sistema produtivo para realização de melhorias tecnológicas.

Page 61: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

51

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Page 67: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

57

ANEXO A – Modelo de Maturidade de ROZENFELD et al. (2006)

Page 68: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

58

ANEXO B – Questionário para coleta dos dados

Data da entrevista ___________________________ Nome do Entrevistado ________________________ Cargo do Entrevistado _______________________

1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

1.1 Nome da empresa: 1.2 Datas importantes na história da empresa: A) Data de fundação: B) Data do lançamento do primeiro produto (caso a empresa tenha lançado algum produto):

1.3 Número de Colaboradores A) ( ) Até 9 colaboradores B) ( ) De 10 a 49 colaboradores C) ( ) De 50 a 99 colaboradores D) ( ) Acima de 100 colaboradores

1.4 Qual o faturamento bruto médio anual da empresa no ultimo ano.

A) ( ) F ≤ R$ 60mil B) ( ) R$ 60mil < F ≤ R$ 360 mil C) ( ) R$ 360 mil < F ≤ R$ 3,6 milhões D) ( ) F> R$ 3,6 milhões 1.5 Em quais setores de mercado a empresa atua? A) ( )Tecnologia da Informação: B) ( )Automação industrial: C) ( )Metrologia: D) ( )Controle e instrumentação: E) ( )Eletrônica: F) ( )Prototipação G) ( )Comunicação e telecomunicações: H) ( )Jogos eletrônicos

Page 69: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

59

I) ( )Aplicativos J) ( )Internet: L) ( )Novos materiais M) ( )Petróleo e Gás N) ( )Outra (favor especificar): _____________________________________________ 1.6 Quais das atividades abaixo são desempenhadas pela empresa? A) ( ) Comercialização de software: B) ( ) Comercialização de hardware: C) ( )Prestação de serviços: D) ( )Outros (Favor,Especificar): ____________________________________________

1.7 Quais são as três principais linhas de produtos da empresa? Produto 1: _____________________________________________________________ Produto 2: _____________________________________________________________ Produto 3: _____________________________________________________________

1.8 Atualmente a empresa possui algum tipo de certificação? Ex: ISO 9001, ISO 14001, dentre outros. A) ( ) Não possui e não está nos planos da empresa. B) ( ) Não possui, mas está nos planos da empresa. Qual (is): ______________________ C) ( ) A empresa está em processo de certificação. Qual (is): _______________________ D) ( ) Sim, a empresa possui a(s) seguinte(s) certificação(ões): ______________________

Page 70: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

60

2. ESTRUTURA DO PDP

2.1 A empresa executa atividades internas de desenvolvimento de produtos? Sim ( ) Não ( )

Se sim, em sua opinião, qual é a melhor maneira de definir como o Desenvolvimento de Produtos é executado dentro da empresa?

( ) Não existe um processo formal. Nós executamos as atividades que são essenciais para que o produto seja criado e esteja disponível para produção e comercialização. ( ) Nós temos um processo parcialmente formal, mas não utilizamos indicadores para medir o desempenho das atividades e a qualidade dos resultados. ( ) Nós temos um processo totalmente formal, mas não utilizamos indicadores para medir o desempenho das atividades e a qualidade dos resultados. ( ) Nós temos um processo totalmente formal, utilizamos indicadores para medir o desempenho das atividades e a qualidade dos resultados, mas não agimos de forma sistemática para corrigir os desvios observados. ( ) Nós temos um processo totalmente formal, utilizamos indicadores para medir o desempenho das atividades e a qualidade dos resultados e agimos de forma sistemática para corrigir os desvios observados.

2.2 Quantos colaboradores diretos desempenham atividades de Desenvolvimento de Produtos na empresa? Por favor informe a quantidade em cada uma das opções abaixo: -Exclusivos para atividades de Desenvolvimento de Produtos: _______ -Compartilhados com outros tipos de atividades: _______

2.3 Existe algum setor específico dentro da empresa com a função de desenvolver novos produtos? ( ) Sim ( ) Não Caso a empresa não possua um departamento específico, qual é setor que mais se envolve ou que é responsável pelas atividades de Desenvolvimento de Produtos? A) ( ) Engenharia B) ( ) Produção C) ( ) Comercial D) ( ) Finanças E) ( ) Marketing F) ( ) Outro __________

Page 71: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

61

2.4 Quais são os graus de formação dos colaboradores na empresa? Por favor, indique a quantidade em cada uma das opções abaixo: -Pós-doutorado: ______ -Doutorado: ______ -Mestrado: ______ -Pós-graduação: ______ -MBA: _____ -Graduação: ______ -Ensino médio técnico: _____ -Ensino médio científico: ______

2.5 Quais são as áreas de formação dos colaboradores diretos da empresa? Por favor, indique a quantidade em cada uma das opções abaixo: -Engenharia Elétrica/Eletrônica: ______ -Engenharia Mecânica: ______ -Engenharia Civil: ______ -Engenharia de Produção: ______ -Ciência da Computação: ______ -Sistemas de Informação: ______ -Administração: ______ - Design Industrial: _____ -Outra : _____ 2.6 Marque “X” nas colunas “F”, “I” ou “N” para as atividades realizadas durante o Processo de Desenvolvimento de Produtos listadas abaixo. F = se a empresa realiza a atividade formalmente; I = se a empresa realiza a atividade informalmente; N = se a empresa não realiza a atividade

Page 72: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

62

Macrofases Etapas Atividades do PDP

Marque X

F I N

Pré - Desenvolvimento

A

Planejamento do desenvolvimento de produtos de acordo com a estratégia da empresa e ambiente competitivo

Levantamento de dados sobre o mercado

Pesquisa sobre avanços tecnológicos

Análise do portfolio de produtos da empresa

B

Definição da sequência de atividades do Projeto

Criação de cronograma do Projeto

Análise de viabilidade técnica e econômica do novo Produto

Elaboração de Orçamento do Projeto

Outras

Desenvolvimento

C Identificação dos Requisitos dos Clientes

Definição dos Requisitos do Produto

D Definição dos componentes do Produto

Definição do Design do Produto

E

Seleção de fornecedores

Detalhamento dos componentes do Produto

Elaboração e construção de protótipos

Realização de testes com protótipos

F

Desenvolvimento do processo de fabricação

Produção de lote piloto

G

Desenvolvimento de processo de assistência técnica

Lançamento do Produto no Mercado

Outras

Pós- Desenvolvimento

H Estudo do desempenho do produto

Avaliação de Satisfação do Cliente

Previsão e planejamento do futuro do produto

I Retirada do produto no mercado

Outras

Page 73: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

63

2.7 Abaixo estão listadas algumas fontes de novas ideias para o Desenvolvimento dos Produtos. Assinale as 5 opções que a empresa mais utiliza. A) ( ) Clientes B) ( ) Universidades e institutos de pesquisa C) ( ) Empresas de consultoria D) ( ) Centros de capacitação e assistência técnica E) ( ) Redes de informações (ex: internet, fóruns) F) ( ) Funcionários da empresa G) ( ) Produtos concorrentes já existentes no mercado H) ( ) Alta administração da empresa I) ( ) Feiras e exposições e conferências J) ( ) Outra: _____________________________ 2.8 A empresa estabelece interação com outras instituições durante as atividades de desenvolvimento de produtos? (Nunca/ Raramente/Sempre)

Instituição Grau de Interação

Universidade

Centros de Pesquisa

Empresas Parceiras

Fornecedores

Clientes

2.9 Quais os tipos de projetos que a empresa realiza? Qual a porcentagem de cada tipo de projeto em relação a todos os projetos da empresa?

Tipos de Projeto %

Realizada

A) Projetos de produtos inovadores para o mercado (produtos originais, novas tecnologias)

B) Projetos de produtos totalmente novos para a empresa (produtos que a empresa nunca desenvolveu e produziu)

C) Projetos de novos produtos derivados de um produto da empresa (melhorias, modificações substanciais)

D)

Projetos que envolvem o desenvolvimento de adaptações do produto atual para atendimento a objetivos específicos (adaptações para customização às necessidades dos clientes)

Page 74: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

64

2.10 A empresa investe recursos próprios para o Desenvolvimento de Produtos e/ou Pesquisa & Desenvolvimento? Em caso positivo, qual aproximadamente a porcentagem da receita investida:

3 GESTÃO DO PDP 3.1 Quais das áreas abaixo executam atividades durante o Desenvolvimento de Produtos? As áreas que executam o fazem de forma isolada ou em conjunto com as demais áreas (uma ou mais)? (não executa/executa de forma isolada/executa em conjunto com outra(s) área(s)) Isoladamente P & D Engenharia Marketing Produção Finanças Comercial

P & D

Engenharia

Marketing

Produção

Finanças

Comercial

3.2 Qual é o grau de participação dos clientes no processo de desenvolvimento? ( ) Os clientes participaram da maioria das etapas de desenvolvimento e as suas necessidades foram formalmente traduzidas para a concepção do produto. ( ) Os clientes participaram de algumas das etapas de desenvolvimento e as suas necessidades foram traduzidas informalmente para a concepção do produto. ( )Os clientes não participaram de nenhuma etapa, mas foram ouvidos antes do início do projeto. ( ) Os clientes não participaram de nenhuma etapa, mas o seu comportamento foi previsto com base em informações indiretas (ex: empresa coloca-se no lugar do cliente e deduz as suas necessidades). 3.3 Qual é o grau de participação da alta gerência (sócios/diretores) no desenvolvimento de produtos? ( ) Participam na maioria das atividades ( ) Participam em algumas das atividades ( ) Não participam diretamente, mas avaliam os resultados técnicos e de negócio ( )Não participam diretamente, mas avaliam os resultados de negócio 3.4 Existem reuniões de avaliação das atividades realizadas durante o PDP? ( ) Sim e são realizadas formalmente durante a execução dos projetos. ( ) Sim, mas são realizadas informalmente. ( ) Não existem.

Page 75: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

65

3.5 Abaixo estão listadas algumas ferramentas/métodos de suporte ao Processo de Desenvolvimento de Produtos. Indique o nível de conhecimento que a empresa possui e, posteriormente, indique o nível de utilização na empresa. Nível de Conhecimento 1 – Conhece 2 – Não conhece Nível de Utilização 1 – A empresa não possui planos para instalação 2 – A empresa possui planos para instalação 3 – A empresa está em processo de instalação 4 – A empresa já instalou

Ferramenta/Método

Nível de Conhecimento

Nível de Utilização

1 2 1 2 3 4

Brainstorming

Benchmarking de produto

Engenharia simultânea

Gestão de portfólio de projetos/produtos

QFD (Desdobramento da Função Qualidade)

FMEA (Análise do Efeito e Modo de Falha)

DFMA (Projeto para Manufatura e Montagem)

CAD (Projeto Auxiliado por Computador)

CAM (Manufatura Auxiliada por Computador)

Solidworks

Análise/Engenharia do Valor

PDM (Sist. de Gerenc. de Dados do Produto)

TRIZ (Teoria da Solução de Problemas Inventivos)

GED (Gerenciamento Eletrônico de Documentos)

PMBOK (melhores práticas de gestão de projetos)

ACV (Análise do Ciclo de Vida)

Técnicas de Simulação

MS-Project

Outros:

Page 76: CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE …

66

4 RESULTADOS DO PDP 4.1 A empresa possui indicadores para avaliar o desempenho do Processo de Desenvolvimento de Produto como um todo? Se sim, quais? ( ) Quantidade de novos produtos lançados no ano ( ) Porcentagem de produtos lançados dentro do tempo planejado ( ) Taxa de reclamação dos clientes quanto aos novos produtos ( ) Taxa de reparos em novos produtos (ex: recall) ( ) Taxa de devolução de novos produtos ( ) Porcentagem do faturamento advinda de novos produtos ( ) Custo do desenvolvimento por produto/projeto ( ) Quantidade de novas ideias geradas ( ) Quantidade de projetos de desenvolvimento ativos (em andamento) ( ) Quantidade de projetos interrompidos ( ) Outros: ________________________ 4.2 A empresa possui alguma maneira para registrar experiências passadas/lições aprendidas dos projetos de DP realizados? A) ( ) Sim Qual? ______________________ B) ( ) Não 4.3 A empresa já lançou algum novo produto que o mercado não absorveu conforme o esperado? A) ( ) Não. B) ( ) Sim, apenas uma vez nos últimos anos. C) ( ) Sim, isso ocorreu mais de uma vez nos últimos anos. 4.4 Houve alguma mudança significativa no Processo de Desenvolvimento de Produtos da empresa nos últimos anos? ( ) Não ( ) Sim Quais? ( ) Informatização ( ) Estabelecimento de novas parcerias ( ) Ampliação de parcerias já existentes ( ) Desenvolvimento de um manual de desenvolvimento de produto ( ) Alteração na forma de organizar as pessoas durante a execução dos projetos ( ) Outra: ____________________________________