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INICAMP
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE GEOCIENCIAS
P6S-GRADUA<;AO EM GEOCIENCIAS- AREA DE
GEOENGENHARIA DE RESERVAT6RIOS
Alexandre Campane Vidal
CARACfERIZAc;A.o mDROGEOQuiMICA DOS
CO:MPARTIMENTOS ESTRUTURAIS DA BAOA DE TAUBATE
Disserta~o de Mestrado
Disserta¢o apresentada ao Instituto de Geociencias, como requisito parcial para obten¢o do titulo de Mestre em Geociencias -Area Geoengenharia de Reservat6rios.
Orientador: Dr. Chang Hung Kiang- UNESP
V667c
CAMPINAS- SAO PAULO
Agosto - 1997
e c, em
JNICAMP
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE GEOCIENCIAS
P6S-GRADUAy\O EM GEOCIENCIAS- AREA DE
GEOENGENHARIA DE RESERVAT6RIOS
Alexandre Campane Vidal
CARACTERIZACAO HIDROEOQU(MICA DOS COMPARTIMENTOS ESTRUTURAIS DA BACIA DE
TAU BATE
Disserta¢o apresentada ao Instituto de Geociencias co1
requisito parcial para obten¢o do titulo de Mestre ' ' Geociencias- Area de Geoengenharia de Reservat6rios.
CAMPINAS- SAO PAULO
AGOSTO - 1997
I ''"'""'" I i '~l'"" v,; •:t;:A ftf;l'f'M#OJ.,
HCHACATALOGRAACAELABORADAPELA BIBLIOTECA r.G. - UNICAMP
Vida4 Alexandre Campane V667c Caracteriza~o hidrogeoquirnica dos compartimentos
estruturais da Bacia de Taubate I Alexandre Campane Vidal.- Campinas, SP.: [s.n.J, 1997.
Orientador: Chang Hung Kiang Dissertayiio (mestrado) Universidade Estadual de
Campinas, Instituto de Geociencias .
1. *Hidr~eoquimica'- Bada!.faubate. 2. Geoestatistica~;' 3. Analise Multivariada . .l( I. Kiang, Chang Hung. II. Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociencias. III. Titulo.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE GEOCIENCIAS
UNICAMP POS-GRADUAc;Ao EM GEOCffiNCIAS - AREA DE
GEOENGENHARIA DE RESERVATORIOS
AUTOR: Alexandre Campane Vidal
TiTuLo DA DISSERTACAO: CARACTERIZACAO HIDROGEOQu:fMICA DOS
COMPARTIMENTOS ESTRufuRAIS DA BACIA DE TAUBATE
ORIENTADOR: Chang Hung Kiang
Aprovada em: V 5t 09t fJ "f
PRESIDENTE: Prof. Dr. Chang Hung Kiang
EXAMINADORES:
Prof. Dr. Prof. Dr. Chang Hung Kiang (Orientador)
Prof. Dr. Armando Zaupa Remacre I~~ Prof. Dr. Osmar Sinelli ·
Campinas, de de
.INICAMP
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE GEOCIENCIAS
P6S-GRADUAy\O EM GEOOENCIAS- AREA DE
GEOENGENHARIA DE RESERVAT6RIOS
DEDICAT6RIA
Dedico este trabalho aos meus pais, Sebastiao e
Laura, e a minha companheira Ana Cristina.
JNICAMP
UN1VERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE GEOCI£NCIAS
P6S-GRADUAy\O EM GEOCI£NCIAS- AREA DE
GEOENGENHARIA DE RESERVAT6RIOS
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Htmg Kiang Chang, pelo incentivo e disponibilidade dmante todo o
trabalho.
Ao professor, Annando Zaupa Remacre, pelas sugest5es tecnicas e abertura para
discussiies dos problemas apresentados dmante a tese.
Ao Moacir Cometti pelo auxilio na confec~ de programas para a interpret~iio dos
dados.
Urn agradecimento especial ao geologo Joiio Simanke Souza e ao engenheiro Roberto
Messias de Moraes, ambos da SABESP, pelo apoio ao trabalho, aos gerentes de cada cidade
da Bacia de Taubate onde a SABESP esta presentee aos funcion:irios que auxiliaram na etapa
de coleta de amostras.
Ao SAEEG de Jacarei e Guaratingueta e seus funcion:irios, pelo aUXI1io na etapa de
coleta de dados.
A quimica Mirtis Malgutti (IG-UNESP) pela an:ilise dos cations e ao tecnico Jose
Aparecido (SABESP) pela execu~iio e cooper~iio durante as an:ilises quimicas dos anions.
Aos cotegas de classe pelo cooperativismo e solidariedade.
II
.IN I CAMP
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE GEOOENCIAS
P6S-GRADUAy\O EM GEOOENCIAS- AREA DE
GEOENGENHARIA DE RESERVAT6RIOS
CARACTERIZA<;AO IDDROGEOQuiMICA DOS
COMP ARTIMENTOS ESTRUTURAIS DA BACIA DE TAUBATE
Resumo
DISSERTACAO DE MESTRADO
Alexandre Cam pane Vidal
0 sistema aqiiifero Taubate corresponde a uma das principais fontes de explorafi!aO de
agua do Estado de Sao Paulo. E representado por sedimentos terciarios da Bacia de Taubate,
de origem lacustre e fluvial.
Este trabalho contou com a revisao dos dados disponiveis na bibliografia enos orgaos
destinados ao abastecimento publico. Urn banco de dados atual foi realizado atraves da coleta
e analise fisico-quimica das aguas de pOfi!OS.
Para a determinafi!ao e caracterizafi!ao dos tipos hidroquimicos foi utilizada a estatistica
convencional e multivariada de analise de agrupamento. A configurafi!ao da distribuit;ao dos
tipos foi realizado atraves de metodos geoestatisticos.
Ao todo foram definidos quatro tipos hidroquimicos que possuem uma rel~o direta
com a litologia da bacia. As amostras do tipo I foram retiradas dos arenitos dos sedimentos
fluviais; as amostras do tipo II, inseridas nos sedimentos fluviais, mas com marcada influencia
de minerais carboruiticos; as do tipo III, com influencia direta de sedimentos lacustres e, por
fun , as do tipo IV, presentes exclusivamente nos sedimentos lacustres.
Os diferentes pacotes litologicos originaram aguas distintas. As aguas correspondentes
a sedimenta<;iio fluvial, de baixa salinidade e pH, apresentam suas composic;oes quimicas
Ill
controladas principalmente pelas reayoes.. de substitui¢o e dissoluyao de silicatos. As !iguas
referentes aos sedimentos lacustres, earacterizadas pela alta salinidade e concentray1io dos ions
s6dio e bicarbonato, sao controladas pelas reayees de dissoluyiio de carbonatos e de troca
ionica das argilas.
JNICAMP
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE GEOOENCIAS
P6S-GRADUA<;AO EM GEOOENCIAS- AREA DE
GEOENGENHARIA DE RESERVAT6RIOS
Hydrochemical characterization of aquifers os comparbnents
of Taubate Basin
Abstract
MASTER DISSERTATION
Alexandre Cam pane Vidal
The aquifer system of Taubate stands for one of the main supplies of groundwater in
Siio Paulo State. It is represented by terciary sediments of Taubate Bassin, of lacustrine and
fluvial origin.
This work had a initial stage of collecting data disposable in the bibliography and in the
department destined to the public supply.
To determine and to characterize the hydrochemical types was utilized the conventional
and multivariate statistical. The configuration of distribution of types was done through
geoestatistical method.
Altogether were defined four hydrochemical types, which have a direct relation with the
litology of bassin. The samples of type I are inserted in sandstones of fluvial sediments; the
samples of type IL inserted in the fluvial sediments too, but with important influeru:e of
carbonates minerals; the water of type III has a direct influence oflacustrine sediments; and, at
last, the type IV are inserted only in lacustrine sediments.
The different Iito!Ogic groups originate distint water, the water corresponds the fluvial
sediments, low salinity and pH, show its chemical composition controlled mainly by
substitutions and dissolution reactions of silicates. As the water corresponds at the lacustrine
v
sediments, was characterized by high salinity and concentration of sodium and bicarbonate
ions, it was controlled by reactions of dissolution of carbonate and ion exchange of clays.
SUMARIO
1. INTROD~AO 1
1.1. Objetivos 3
1.2. Estrutura da disserta\!i'io 3
2. BACIA DE TAUBATE 5
2.1. Aspectos Fisiogr.Hicos 5 2.1.1. Clima 5 2.1.2. Geomorfologia 6
2.2. GEOLOGIA 8 2.2. I. Embasamento Pre-Cambriano 8 2.2.2. Intrus5es Jurassico-Cretacicas 8 2.2.3. Sedimentos Tercilirios- Bacia de Taubate 8
2.2.3.1. Litologia e Estratigrafia 8 2.2.3.2. Compartimentac;:ao Estrutural 12
2.3. Hidrogeologia e Hidrogeoquimica 15 2.3 .I. Hidrogeo1ogia 15 2.3.2. Hidrogeoquimica 19
3. METODOLOGIA 23
3.1. Coleta de dados iniciais 23
3.2. Etapa de campo e laboratorio 23
3.3. Analises de Laboratorio 25
3.4. Processamento dos dados 25
3.5. Sele\!iio dos Dados 29
4. HIDROGEOQUiMICA DA BACIA DE TAUBATE 31
4.1. Determina~ao dos tipos hidroquimicos 31
4.2. Distribui\!i'io dos tipos hidroquimicos 39 4.2.1. Caracterizas;ao hidroquimica do Compartirnento Jacarei-Sao Jose dos Campos 42
4.2.1.1. Distribuir;ao dos ions 43 4.2.1.2. Analise Geoestatistica do STD 46
vii
4.2.2. Caracteriza~tiio hidroquimica do Compartimento Quiririm-Taubate e dos Altos Cal(apava e Pindamonhangaba 52
4.2.2.1. Distribuiviio dos ions 54 4.2.2.2. Aruilise Geoestatistica 54
4.2.3. Compartimento Aparecida-Lorena e Alto de Pindamonhangaba. 59 4.2.3.1. Distribuiviio dos ions 61 4.2.3.2. Aruilise Geoestatistica 61
4.3. Mapa de salinidade 66
5. INTERACAO ROCHA - FLUIDO 71
5.1. Descriviio litologica 71 5.1.1. Descriviio dos arenitos em super:ficie 71 5.1.2. Descrivao dos arenitos em subsuperficie 73 5.1.3. Descriviio dos sedimentos laeustres 74 5.1.4. Processos Diageneticos 75
5.2. Comportamento dos ions maiores 75
5.3. Parimetros termodinamicos 81 5.3. I. Diagramas de atividade 81 5.3.2. indice de Saturaviio 81
5.4. Evoluvao Hidroquimica das aguas 86 5.4.1. Sao Jose dos Campos 87 5.4.2. Taubate 90 5.4.3. Lorena 91
6. CONCLUSOES 93
7. BIBLIOGRAFIA 96
viii
LIST A DE FIGURAS
Figura 1-1 Mapa de localizayao da area em estudo, com as principais cidade& e vias de acesso (Fernandes, 1993). 2
Figura 2-1 Distnbuiyiio da precipitayao pluviometrica durante mn ano na Bacia de Taubate (Moreira-Nodennann e Rebou.,:as, 1986) 5
Figura 2-2 Mapa geomorfurl6gico da Bacia de Taubate (lPT, 1981) 7 Figura 2-3 Mapa geologico da Bacia de Taubate (segundo IPT, 1981). 7 Figura 2-4 Coluna estatignillca da Bacia de Taubate, segundo alguns autores. 7 Figura 2-5 Compartimenta<;ao estrutural da Bacia de Taubate, segundo DAEE (1977).
Na figura estao representadas as sub-bacias pelos nfuneros: 1-Paratei, 2-Jacarei, 3-Eugenio de Melo, 4-Trernembe, 5-Lorena, 6-Cruzeiro. As letras representam os seguintes altos estruturais: A-Rio Putins, B-Ca.,:apava, C-Aparecida, D-Cachoeira Paulista. 12
Figura 2-6 Compartimentayao do embasamento da Bacia de Taubate, seguno Hasui e Po.,:ano (1978). 13
Figura 2-7 Compartimenta.,:ao estrutural da bacia de Taubate (segundo Fernandes, 1993) 14
Figura 2-8 Mapa de nfvel estatico dos sedimentos terciarios da Bacia de Taubate ( DAEE, 1977) 18
Figura 2-9 Mapa de residuo seco da Bacia de Taubate (DAEE, 1977) 20 Figura 4-1 Dendograma referente as aguas da Bacia de Taubate. 33 Figura 4-2 Histograrnas de salinidades referentes aos quatros tipos hidroquimicos 34 Figura 4-3 Diagrarnas de Piper correspondentes a cada tipo hidroquimico 36 Figura 4-4 Diagrama de Piper ilustrando os campos de cada tipo hidroquimico 37 Figura 4-5 Distribui.,:ao dos tipos hidroquimicos na Bacia de Taubate 41 Figura 4-6 Mapa com todos os po.,:os catalogados no Compartimento S. J. dos
Campos. 42 Figura 4-7 Distribuiyao dos tipos hidroquimicos no Compartimento Jacarei-Sao Jose dos
Campos 44 Figura 4-8 Mapa de distribui.,:ao de alguns ions selecionados no Compartimento
Jacarei-Sao Jose dos Campos. 46 Figura 4-9 Variograma da variavel STD no Compartimento Jacarei-Sao Jose dos
Campos 47 Figura 4-10 Mapa krigado da variavel STD para o Compartimento Sao Jose dos
Campos. 49 Figura 4-11 V ariograma modelado omnidirecional do Comaprtimento Jacarei-Sao Jose
dos Campos. (a) STD; (b) condutividade e (c) variograma cruzado de STD e condutividade 50
Figura 4-12 Mapa de STD cokrigado como auxilio da variavel secundaria condutividade, no Comp. Sao Jose dos Campos. 51
Figura 4-13 Mapa com a localiza<;ao dos po<;os do compartimento Quiririm-Taubate e altos de Cayapava e.PindamonbangahlL 52
Figura 4-14 Distribui<;ao dos po<;os coletados com os tipos hidroquimicos no compartimento Quiririm-Taubate. 53
Figura 4- I 5 Distribuiyao de alguns ions selecionados no Compartimento Quiririm-Taubate 55
IX
Figura 4-16 V ariograma experimental de STD no Compompartimento Quiririm-Taubate e Altos de Cayapava e Pindarnonhangaba. 56
Figura 4-17 Diagrama de STD vs. X'. 57 Figura 4-18 Mapa krigado da distribui~iio de STD para o compartimento Taubate 58 Figura 4-19 Mapa com a distribuiyao dos po~os catalogados, no Compartimento
Aparecida-Lorena. Os po<;os referentes ao DAEE foram utilizados somente na aruilise geoestatistica. 59
Figura 4-20 Distnbui<;ao dos po<;os coletados representados pelos tipos hidroqufmicos, no Compartimento Aparecida-Lorena. 60
Figura4-21 Distrib~ao de alguns ions selecionados no compartimento Lorena. 62 Figura 4-22 Variograma experimental para o Compartimento Lorena. 63 Figura 4-23 Validayiio crnzada para os dados do Compartimento Lorena. Os pontos em
circulo representam os po<;os que estao com grande diferenya entre o valor estimado eo real. 63
Figura 4-24 Localiza<;ao dos po<;os que apresentaram valores dispares (d50 e d9). Os dois po<;os estao proximos e separados pela Falha Rib. da Serra. 64
Figura 4-25 Mapa krigado de STD para o compartimento Lorena 65 Figura 4-26 Variograrnas experimentais referentes a cada compartimento. 67 Figura 4-27 Mapa com os tres compartimentos sem a jun<;ao 68 Figura 4-28 Mapa de STD calculdado com a unilio dos tres compartimentos. 69 Figura 4-29 Distribui~ao dos tipos hidroquimicos na Bacia de Taubate. 70 Figura 5-1 Diagrarnas triangulares com a composi<;ao das amostras referentesas
Fonna<;oes Resende e Tremembe (Goenopawiro 1997) 72 Figura 5-2 Microfotografia de urn arenito de superficie referente a Form. Resende. 73 Figura 5-3 Diagrarnas de frequencia acumulada para os ions maiores 77 Figura 5-4 Re~iio entre. STD e sodio conforrne os compartimentos. 79 Figura 5-5 Diagrama mostrando a concentra<;ao de calcio em re!a<;ao a pH e STD, para
todas as amostras da Bacia de Taubate. 80 Figura 5-6 Relayao entre calcio e STD para os compartimentos da bacia 80 Figura 5-7 Rela<;ao entre potassio e STD confonne os tres compartimentos 81 Figura 5-8 Diagrarnas de estabilidade em rela<;ao a sodio e ciilcio 83 Figura 5-9 ISat do quartzo nos tres compartimentos com rela<;ao a for<;a ionica. 85 Figura 5-l 0 Correla<;ao entre o indice de satura<;ao da calcita e do lomita com a for<;a
ionica. 85 Figura 5-11 Indice de satura91io da calcita em rela<;ao a fon;a ionica das amostras nos
tres compartimentos. 85 Figura 5-12 Areas da Bacia de Taubate com evolu96es hidroqufmicas distintas. 1 Sao
Jose dos Campos; 2 Taubate; 3 Lorena. 87 Figura 5-13 Perfis esquemiiticos de tres dire<;oes distintas de evoluyao hidroqufmica.. 88
X
LIST A DE TABELAS
Tabela 2-1 Teores medios obtidos anualmente nas aguas de chuva de Sao Jose dos Campos, duranteo periodo de 1981-1986 (Moreira-Nodermann e Rebouyas, 1986). 21
Tabe1a 4-1 Aruilises fisico-qufrnicas selecionadas para a determinayao dos tipos hidroqufrnicos 32
Tabela 4-2 Tabela com os dados estatfsticos e os valores do 1 o e 3° quartil de cada tipo hidroquimico, valores de STD em rng/1. 35
Tabela4-3 Valores medios dos ions, STD, pH e temperatura, para cada tipo hidroquimico. * as concentra96es de sulfuto e fluoreto foram detectadas em alguns poyos e suas medias referem-se aos valores acima do limte de detecyiio. 38
Tabela 4-4 Concentrayao dos elementos tra9o por tipo hidroquimico em mg/1, os valores referem-se as medias dos valores acima do limite de detecyao. Entre parenteses estao o niimero de amostras detectadas. 39
Tabela 5-1 Teores medios de quartzo e feldspato nas Formayoes Resende e Tremembe ( Geonopawiro, 1997) 71
Tabela 5-2 Tabela de coeficientes de correlayao entre os principais ions. 0 valor superior de cada celula corresponde ao Compartimento Jacarei-Sao Jose dos Campos. 0 valor central corresponde ao Compartimento Quiririm-Taubate e o valor inferior ao Compartimento Aparecida-Lorena. 76
xi
1. lntroduc;ao
0 estudo hidrogeoquimico vern sendo freqiientemente utilizado nos trabalhos
hidrogeologicos. Alem de auxiliar na caracterizac,:ao do aqiiifero, tais estudos tern como
objetivo de estabelecer uma previsao da qualidade da agua esperada e identificar as causas para
as diferenciac,:oes hidroquimicas.
A Bacia de Taubate foi escolhida por ser esta uma bacia que apresenta uma grande
variac,:ao na composic,:ao quimica das aguas dos poc,:os, cujas variac,:oes niio foram ainda
estudadas em maior detalhe. Outros aspectos sao a pequena dimensiio e o formato de calha do
arcabom;o da bacia, limitada pelo embasamento cristalino, permitindo melhor definir a evoluc,:ao
hidroquimica das aguas subterriineas nos sedimentos terciarios da Bacia de Taubate.
A Bacia de Tau bate esta localizada a sudeste do estado de Sao Paulo (Figura 1-1 ), entre
os paralelos 22°30' e 23°30' de latitude sui e os meridianos 45°00' e 46°00' de longitude oeste.
Com uma area aproximada de 2400 km2, apresenta uma forma estreita e alongada, estendendo
se, ao Iongo do vale do Rio Paraiba, desde Jacarei ate a cidade de Cruzeiro. A bacia e
delimitada a noroeste pela Serra da Mantiqueira e a sudeste pelas serras Quebra Cangalha e
Bocaina.
A bacia esta inserida em uma importante regiiio socio-econ6mica do estado de Sao
Paulo, no principal eixo de ligac,:ao entre os grandes centros urbanos de Sao Paulo e Rio de
Janeiro. Cidades de grande porte estao presentes em toda sua extensao, onde uma boa parcela
destas utiliza aguas subterriineas para 0 abastecimento publico. Alem disso, inUmeras industrias
do Vale do Paraiba tern instalados poc,:os para consumo proprio.
Nas decadas de 80 e inicio de 90, varios trabalhos foram publicados sobre a Bacia de
Taubate. Dentre eles, destacam-se os trabalhos de Riccomini (1989), Marques (1990),
Fernandes (1993) e Campanba (1994). Com esses trabalhos, uma nova configurac,:ao geologica,
compartimentac,:ao estrutural e estratigrafia da bacia foram delineadas, possibilitando, desse
modo, urn born arcabouc,:o para estudos hidrogeoquimicos.
1
0 10 20 30 40 50km
Figura l- l Mapa de localiza<;ao do area em estudo, com as principais cidades e vias de acesso. No mapa MC-Moji das Cruzes, JA - JacareL SJ-Sao Jose dos Campos, CP-Ca<;apava, TR-Trememoo, PI-Pindamonhangaba, CJ-Campos do Jordao, RO-Roseira, AP-Aparecida do Norte, Gu-Guaratingueta, LO-Lorena, CZ-Cruzeiro, PQ-Piquete .
2
Com rela<;iio ao conhecimento hidrogeol6gico, a Bacia de Taubate tambem e bern
conhecida devido aos trabalhos do Departamento de Aguas e Energia Eletrica -DAEE-(1977),
Teissedre e Mariano (1978), Szikszay (1980) e Moreira-Noderman e Rebou<;as (1986). Tais
trabalhos permitiram a elabora<;iio de urn estudo mais detalhado do ponto de vista
hidrogeoquimico na bacia.
1. 1. Objetivos
0 presente trabalho tern por objetivos:
a) Determinar os tipos hidroquimicos encontrados e estudar sua distribui<;iio espacial.
b) Verificar a rela<;iio existente entre os tipos hidroquimicos, a geologia e a
compartimenta<;iio estrutural.
c) Estudar a rela<;iio rocha-agua, do ponto de vista hidrogeoquimico e termodiniimico, e
determinar, quando possivel, os processos diageneticos que causaram a distin<;iio entre os tipos
hidroquimicos.
1.2. Estrutura da disserta~ao
0 capitulo 2 apresenta urna revisiio bibliognifica sobre os fatores que influenciam na
constitui<;iio hidroquimica das aguas, como o clima, a geomorfologia, a geologia da bacia e a
compartimenta<;iio estrutural. Tambem e apresentado, neste capitulo, urna revisiio dos trabalhos
de hidrogeologia e hidrogeoquimica referentes a bacia.
As descri<;iies da campanha de campo, os metodos de amostragem e as tecnicas
utilizadas nas analises quimicas estiio no capitulo 3. Neste mesmo capitulo sao apresentados os
parfunetros calculados, no processamento dos dados, necessaries as interpreta<;iies
hidrogeoquimicas.
3
No capitulo 4 sao determinados os tipos hidroquimicos e investigada a distribuiyao
destes tipos em toda a bacia. Para urn estudo detalhado, a bacia foi subdividida de acordo com
os compartimentos regionais (baseado em Fernandes, 1993).
0 capitulo 5 se refere ao estudo da relayao rocha-fluido na bacia. Para isso, e realizada
uma descriyao composicional das diversas litologias encontradas e os principais processos
diageneticos observados. 0 comportamento dos ions maiores e dos pariimetros termodinfu:nicos
de equilibrio mineral sao apresentados e e trayada, em cada compartimento, a provavel
evoluyaO hidroquimica das aguas .
Finalmente, no capitulo 6, sao apresentadas as principais conclusoes.
4
2. Bacia de Taubate
2.1. Aspectos Fisiograficos
2.1.1. Clima
Com base nos dados do Departamento de Meteorologia do INPE, apresentados
no trabalbo de Moreira-Nodermann e Rebouyas (1986), a Bacia de Taubate possui uma
precipitayao media de 1243 rnrnlano (dados coletados em urn periodo de 20 anos, em
Sao Jose dos Campos). As estayoes de invemo e verao silo bern marcadas, com urn
invemo seco e frio e urn verao quente e funido (figura 2-1 ).
200
E' 15o
~ 100
50
Pluviometria -- 1961-70
1974-85
J F M A M J J A S 0 N D
MES
Figura 2-1 Distribui~o da precipita9iio pluviometrica durante urn ano na Bacia de Tau bate (MoreiraNodermann e Rebou~s. 1986)
A temperatura media anual do ar e de 21,3°C, com uma temperatura minima
media de 17,7°C (minima no mes de julho) e uma temperatura media maxima de 23,9°C
(maxima no mes de fevereiro ).
A umidade relativa media do ar e de 76 ±10% e a pressao atmosferica apresenta
urn valor medio de 941 ,3±2 mbar .
Segundo a classificayao de Koppen, o clirna pode ser considerado do tipo A W
(tropical funido ).
5
2.1.2. Geomorfologia
Conforme o mapa geomorfol6gico do Estado de Sao Paulo executado pelo
Instituto de Pesquisas Tecnol6gicas -IPT- (1981), a Bacia de Taubate esta inserida no
planalto Atlfultico, mais precisamente no Medio Vale do Parwba, constituido pelas
subzonas de Morros Cristalinos e Colinas Sedimentares.
Os Morros Cristalinos localizam-se ao redor e nos extremos da Bacia de Taubate,
principalmente nas regioes de Jacarei e Cachoeira Paulista-Cruzeiro, onde a espessura
dos sedimentos e pequena .
As Colinas Sedimentares estao presentes nos pacotes mws espessos dos
sedimentos terciarios. Estas colinas sao arnplas, com encostas de pouca inclina9ao e com
topos chatos. Elevwn-se a 600-650 m. de altitude. As partes mais baixas estao a 560-
600m, em vales abertos. Os principais relevos reconhecidos vao de forrnas
extremwnentes regulares e suavizadas, como os Tabuleiros e as Colinas Amplas, ate as
Colinas Pequenas com Espigoes Locais . Extensas Planicies Aluviais sao identificadas ao
Iongo do rio Parwba do Sui e a sua largura varia de 2,5 a 4 km (figura 2-2).
6
7
7
7 I I._ v I I
Planicie Aluvial -...) I H
Tabuleiros
7440~ Colinas Amplas
Colinas Pequenas com Espig6es Locais
7420l r Mar de Morros
Morrotes Alongados e Paralelos ------,-
380 400 420 440 460 480 500
Figura 2-2 Mapa geomorfol6gico da Bacia de Taubate (IPT, 1981)
2.2. GEOLOGIA
2.2.1. Embasamento Pre-Cambriano
A bacia de Taubate encontra-se encaixada no Cinturao de Dobramentos Ribeira
(Hasui et a!., 1975), particularmente nas rocbas correspondentes ao Grupo A9ungui.
Este grupo e subdividido em Complexo EmbU, referente aos migrnatitos e gnaisses, e
Complexo Pilar, representado por metassedimentos. 0 complexo Pilar e predominante
no substrato da bacia, constituido principalmente por migrnatitos homogeneos,
oftalmicos, neoliticos e facoidais. Ocorrem ainda corpos metabasicos e rocbas
granit6ides (Santoro et a!, 1991 ).
2.2.2. Intrusoes Jurissico-Cretiicicas
Durante o Jurassico e Cretiiceo, o Cinturao de Dobramentos Ribeira foi afetado
por processos magmaticos, relacionados a Reativa<;ao Waldeniana, que implicou na
ruptura do continente Gondwaruco. A primeira fuse da Reativa9ao Waldeniana e
marcada por intrusoes de diabasio, sob a forma de diques e soleiras, datadas entre o
Jurassico Superior e o Cretiiceo Inferior (Amaral et. a!., 1967). Posteriormente,
ocorreram intrusoes de rocbas alcalinas, representadas pelos maci<;os de Itatiaia, Passa
Quatro e Morro Redondo, datadas entre o final do Cretiiceo e inicio do Terciario.
2.2.3. Sedimentos Terciiirios- Bacia de Tau bate
2.2.3.J.Litologia e Estratigrafla
Almeida (1958) nomeou os folhelhos da regiao de Taubate-Tremembe como
Forrna9ao Tremembe. Esta seria recoberta pelos arenitos da Forrna9ao Sao Paulo
(Moraes Rego, 1933).
Suguio (1969), estudando a sedimentologia da bacia, caracterizou a Forrna<;ao
Tremembe como apresentando urna textura mais fina, litossomas mais persistentes,
fossilifera e folhelhos pirobeturninosos. Jii a Forrna9ao Sao Paulo apresenta urna textura
mais grosseira, litossomas mais lenticulares e afossilifera.
A maior parte dos arenitos e composta por arc6sios e arenitos feldspiiticos. Os
minerais secundiirios mais comuns sao zircao, biotita, turmalina, epidoto e monazita. As
argilas sao divididas basicamente entre caulinita e montmorilonita.
8
Suguio (1969) observa que as montmorilonitas nao estao restritas a Forma"ao
Tremembe, ocorrendo tambem na Fo~ao Sao Paulo.
Segundo o Departamento de Aguas e Energia Eletrica -DAEE- (1977) e
Teissedre e Mariano (1978), o Grupo Taubate seria subdividido nas facies marginal,
fluvial e lacustre. A facies marginal, composta por brecbas e conglomerados, esta
presente nas bordas da bacia. A facies fluvial, presente na rnaior parte da bacia, e
representada por lentes de arenito e argilito interdigitada. A facies lacustre e formada por
folhelhos e argilitos presentes nos pacotes basais da bacia e, na sub-bacia Tremembe tais
sedimentos sao predominantes, ocorrendo em grandes espessuras e aflorando em
superficie.
Hasui e Po"ano (1978) adotaram a interpret~ao proposta por Almeida (1958).
Agruparam no Grupo Taubate, ·a Forma"ao Tremembe, para os pacotes basais formados
pelos sedimentos lacustres, e a Forma"ao Ca"apava (Carneiro et al, 1976), para os
sedimentos fluviais. 0 mapa geologico, realizado pelo IPT (1981b), esta representado na
figura 2-3.
Estudando as bacias Terciiirias dos estados de Sao Paulo e Rio de Janeiro,
Riccomini (1989) definiu o "Rifl Continental do Sudeste do Brasil". 0 autor, num estudo
detalhado das bacias, identificou 20 facies que foram agrupadas nos sistemas
deposicionais correspondentes.
Riccomini (1989) designou a Fo~iio Resende aos depositos de leques aluviais,
associados ao sistema lacustre, para o qual foi mantida a designa"ao de Forma"iio
Tremembe. 0 Grupo Taubate e composto, alem das duas forma"oes citadas acima, pela
Forma"ao Sao Paulo, caracterizada por depositos de sistema fluvial meandrante.
Riccomini (1989) ainda caracteriza outros dois sistemas deposicionais que ganbam status
de Forma"ao. A Forma"ao Itaquaquecetuba, representada pelos depositos referentes ao
sistema fluvial entrel~ado, e a Forma"ao Pindamonhangaba, correspondente ao sistema
fluvial meandrante.
Campanha (1993), atraves da estratigrafia de eventos, propos urna nova coluna
estratigrafica. A autora dividiu a coluna sedimentar da bacia em quatro seqiiencias
deposicionais. As duas seqiiencias inferiores, denominadas Tremembe e Taubate, silo
9
....... 0
748
746
7
742
380
Quaternario
Form. Cayapava
Form. Tremembe
0.0 7.0 14.0 21.0 28.0<m Rio Paraiba
400 420 440 460 480 500
Figura 2-3 Mapa geologico da Bacia de Taubate (segundo IPT, 1981)
constituidas pelos seguintes tratos de sistemas: leques aluviais, fluvial entrela9ado, fluvial
meandrante e lacustre. As seqiiencias superiores, Pindamonhangaba e Vale do Parruba,
exibem tratos de sistemas deposicionais compostos por leques aluviais, fluvial
entrela9ado e fluvial meandrante (figura 2-4).
RONO- HASUI & RICCOMINI CAMPANHA
PO<;ANO STRATIGRAF (1989)
ET.AL. [1978} (1991)
QUATERNARIO DepOsitos CoiUvio-aluviais Sequencla Vale do Paraiba
Forrna<;ao 0 §2 Pindamo- Sequencia c 8. nhan Q) Pindamo-0> 0
0 '0 0 nhangaba Q) ()
z 0 •O 0
'()) 0 - ~ a 0
..0 LL
::J -- Sequencia 0 ~ '()) c - Taubate 0 ~ a Q) ..0 Q) ::J E ::J
'0 ~ Q)
~ <.!) E Q) Q) 0 t= 0.. -----0 0 ::J 0.. •0 ....
0 <.!) Sequencia 0
E ..... Tremembe 0 u..
Figura 2-4 Cotuna estatignifica da Bacia de Taubate, segundo alguns autores.
Os Ultimos trabalhos realizados na bacia atingiram urn grande detalhamento
faciol6gico, mas grande parte deste detalhamento foi baseado na aruilise de a:tloramentos
e descri9ao em superficie. Ate o momento, poucos trabalhos analisaram a
representatividade destas facies em profundidade. Do ponto de vista geoquimico,
basicamente dois pacotes distintos sao claramente diferenciados, representados por
diferentes ambientes deposicionais. Neste trabalho utilizou-se, de forma ostensiva, a
designa9ao "sedimentos fluviais" e "sedimentos lacustres". A primeira corresponde aos
arenitos das Forma96es Resende, Sao Paulo, Itaquaquecetuba e Pindamonhangaba de
Riccomini (1989) e Forma9ao Ca~apava de Hasui e Po9ano (1978). A segunda refere-se
aos folhelhos e argilitos da Forma9ao Tremembe, de mesma designa9ao para os dois
auto res.
II
2. 2. 3. 2. Compartimentar;iio Estrutural
Carneiro et al (1976) estuda a regiao de Sao Jose dos Campos e identifica o
Compartimento Paratei, a sul, separado do Compartimento Jacarei pela falha de Sao
Jose.
DAEE (1977) define a bacia como sendo compartimentada em seis sub-bacias:
Paratei, Jacarei, Eugenio de Melo, Tremembe, Lorena e Cruzeiro, e dividida pela falha
de Sao Jose e pelos altos estruturais do embasamento. Os altos estruturais sao
denominados Alto do Rio Putins, Alto de Cayapava, Alto de Aparecida e Alto de
Cachoeira Paulista (figura 2-5).
23S + A
45W
0
45ow
I
+ 23S
46W
50km ~------~----~
Figura 2-5 Compartimenta~ao estrutural da Bacia de Taubate, segundo DAEE (1977). Na figura estao representadas as sub-bacias pelos numeros: 1-Paratei, 2-Jacarei, 3-Eugenio de Melo, 4-Tremembe. 5-Lorena, 6-Cruzeiro. As letras representam os seguintes altos estruturais: A-Rio Putins, B-Ca~apava. C-Aparecida, D-Cachoeira Paulista.
Teissedre e Mariano (1978) adotam para a bacia 3 altos estruturais, Rio Putins,
Cayapava e Guaratingueta, definindo 4 sub-bacias: Jacarei, Eugenio de Melo,
Tremembe e Lorena.
Hasui e Poyano (1978) identificam 3 altos intemos: Alto Rio Putins, Cayapava
e Aparecida. Juntamente com a falha de Sao Jose, a bacia se apresentaria dividida em
cinco sub-bacias, chamadas de Paratei, Jacarei, Eugenio de Melo, Tremembe e Lorena
(figura 2-6).
12
C) BACIA DE TAUBATE' @ EMBASAMENTO c:::::. ;::::t
•
F'ALHAS £ ZONAS DE CISALHAMENTO COTA DO £MBASAMENTO CIDADES
Figura 2-6 Compartimenta~o do embasamento da Bacia de Taubate, seguno Hasui e P~ano (1978).
Marques (1990), com base em se~oes sismicas, define 4 depocentros que
correspondem as sub-bacias de Eugenio de Melo, de Quiririm, de Roseira e de Lorena.
Estes compartimentos sao separados pelos Altos de Ca~apava, da Capela deN. S. do
Socorro e da Capela de Santa Luzia.
Fernandes (1993), atraves de dados gravimetricos e sismicos, identifica 4 sub
bacias, separadas por 3 altos estruturais, de:finidos como "zonas de transferencia". As
sub-bacias sao nomeadas como Paratei, Jacarei-Sao Jose dos Campos, Quiririm-Taubate
e Aparecida-Lorena. As zonas de transferencia foram nomeadas como Falha de Sao Jose,
Alto de Ca~apava e Alto de Pindamonhangaba (figura 2-7).
0 compartimento Paratei, localizado na por~ao sudoeste da bacia, possui uma
forma alongada na dire~ao NNE e apresenta pequena espessura sedimentar. 0 limite com
o compartimento Jacarei-Sao Jose dos Campos e dado pela Falha de Sao Jose.
0 compartimento Jacarei-Sao Jose dos Campos limita-se como Compartimento
Taubate pelo alto de Ca~apava. Segundo Fernandes (1993), este compartimento
representa urn graben assimetrico, alongado segundo NE, com uma espessura rruixima
de sedimentos estimada em 300m .
0 compartimento Quiririm-Taubate consiste em urn meio-graben, limitado a
oeste pelo alto de Ca~apava e a leste pelo alto de Pindamonhangaba. Seu depocentro
localiza-se a sudeste, com uma profundidade rruixima em tomo de 600 m.
0 compartimento Aparecida-Lorena corresponde a toda regiao situada a nordeste
do Alto de Pindamonhangaba. Estima-se que a espessura truixima seja de
aproximadamente 800m .
13
PRINCIPAlS FEJCOES DO EMBASAMENTO
DA BACIA DE ' TAU BATE
(COM NOMES DOS · )
COMPARTIMENTOS
r. 1111. a& SERRA
ALTD DE CJD.IIAVA
r. SAO JOSE
r. PARATE7
F'. QUIRIRIU ALTOS "'/-- ESTRUTURAIS
'· DO BOU RmRO ~ ISOUNHAS DE
I PROFUNOJOAOE
N / F'ALHAS
4 if ao;:A OA
Figura 2-7Comp:u:timenrov:io estrur.ural. da bacia de Tau.bat.c (segundo femandcs..l993)
14
2.3. Hidrogeologia e Hidrogeoquimica
Os trabalhos de hidrogeologia realizados destacam claramente o aspecto
heterogeneo da bacia, a qual apresenta uma grande ~iio das caracteristicas
hidraulicas dos po<;os. Alguns destes trabalhos sugerem uma aruilise subdividida em
diferentes areas, conforme a litologia predominante, para se obter, de forma apurada, os
parfu:netros hidrologicos.
Por sua vez, do ponto de vista hidrogeoquimico, os trabalhos regionais
consubstanciam estas diferen<;as, mas apesar de verificada a heterogeneidade com
rela<;iio a quimica das aguas, estes trabalhos niio adotaram uma aruilise compartimentada,
e a caracteriza<;iio foi efetuada atraves de dados estatisticos coletados ao Iongo de toda a
bacia.
2.3.1. Hidrogeologia
Frangipani e Panuti ( 1965) estudaram a regiiio inserida entre as cidades de Jacarei
e Quiririm. Subdividiram a area em tres regioes distintas: a zona do cristalino com
condi<;oes de aqiiifero apenas nas zonas com falhas ou fraturas; a zona de sedimentos
quaterruirios; e a zona de sedimentos tercifuios, caracterizada pela alternancia de
camadas argilosas e arenosas, contendo urn aqilifero de boas caracteristicas, com vaz5es
de 5 a 120 m3/h. Em dire<;iio a Quiririm, observaram que M uma predominiincia de
camadas impermeaveis, onde o aqiiifero passa a ter baixa qualidade.
Frangipani e Panuti (1965), atraves de testes de bombeamento, constataram, em
alguns po<;os do terciario, a contribui<;iio de aqiliferos do tipo artesiano.
0 relatorio do DAEE (1977) constitui urn irnportante trabalho sobre a
hidrogeologia da Bacia de Taubate. Foram nele catalogados 392 po<;os, incluindo os
sedimentos Terciarios, o embasamento e os po<yos perfurados nos depositos
quaterruirios.
Segundo o DAEE (1977), a bacia apresenta duas areas principais onde a
explora.,:iio de agua subterrilnea se encontra bern desenvolvida. A primeira refere-se ao
sudoeste da bacia, entre as cidades de Jacarei e Ca<;apava, e a segunda abrange a regiiio
de Guaretingueta e Lorena ate a cidade de Cruzeiro. A vaziio media dos po.,:os nestas
15
duas areas e de 30 m3 /h e variam de 10 a 200 m3 /h. A profundidade media dos poyOS
esta no intervalo de 100 a 200 m.
Entre as duas areas e identificada uma zona, compreendendo as cidades de
Taubate a Pindamonhangaba, na qual o subsolo e preenchido por sedimentos finos,
argilitos e folhelhos, com poucas camadas arenosas, correspondendo a facies lacustre. Os
poyos desta regiiio sao mais profundos, mas devido a baixa qualidade do aqiiifero
apresentam vaziies de 20 a 30 m3 /h.
A principal caracteristica do aqiiifero sedimentar e a interdigitayao entre as
camadas aqiiiferas e confinantes e a forma lenticular das camadas aqiiiferas. Localmente,
pode-se adotar o aqiiifero dividido em varios sub-aqiiiferos, segundo o nfunero de
carnadas aqiiiferas no perfil. Devido a forma lenticular das camadas, niio se pode
diferenciar os sub-aqiliferos erri termos regionais e pode-se assumir que os diferentes
sub-aquiferos estejam interligados hidrologicamente.
0 fluxo de agua subterrilnea, de forma gera~ e em direyao aos rios da regiiio,
acompanhando as cotas topograficas, como se pode observar no mapa dos niveis
estaticos (figura 2-8). A maior parte da regiao esta sob condiyoes freaticas ou pouco
confinadas, enquanto que areas limitadas ficam sob pressiio. 0 rio Parruba, localizado nas
cotas rnais baixas, serve de dreno principal para o aqilifero. Apenas entre as cidades de
Jacarei a Sao Jose dos Campos, o fluxo e do rio para o aqilifero devido a topografia que
controla este fenomeno.
Teissedre e Mariano ( 1978) pesquisaram as possibilidades hidrol6gicas da bacia
de Taubate e relacionaram a diferenciayao litol6gica com as caracteristicas dos aqiliferos.
A diferenciayao litol6gica entre as sub-bacias tern como conseqilencia aqiliferos com
caracteristicas diferentes. A facies lacustre possui aqiliferos de rna qualidade, enquanto,
no restante da bacia, as facies marginal e fluvial proporcionam bons aqiliferos. A zona de
melhor permeabilidade limita-se a parte superior do pacote sedimentar. Segundo esses
autores, a intercalayao de camadas irnpermeaveis com lentes de areia interligadas fuz
com que o aqiiifero seja classificado como aqiiifero heterogeneo, multicamada, com
condiyoes de pressiio e artesianismo. Os aqiliferos terciarios teriarn urn comportamento
livre a semiconfinado, niio existindo barreiras impermeaveis que perrnitissem diferencia-
16
los hidrologicamente. Condio;oes de artesianismo foram observados em alguns pontos
nas margens da sub-bacia Tremembe.
Os autores dividem a bacia em tres regioes, divisao semelhante a adotada pelo
DAEE (1977). A primeira constituida pelas sub-bacias, Jacarei e Eugenio Melo,
considerada promissora do ponto de vista hidro16gico. A segunda regiao promissora
corresponde a sub-bacia de Lorena. Por fim, a regiao intermediaria correspondente a sub-bacia de Tremembe, apresentando aqiiiferos de baixa produtividade.
Campos (1993) salienta que o aproveitamento desordenado do aqiiifero ja
produziu abatimento do nivel d'agua. Urn exemplo sao os poo;os de Getillio Vargas que,
nas decadas de 60 e 70, tinham o nivel estatico d'agua situado entre 10 e 20 m da
superficie; no comeo;o da decada de 90 o nivel estava proximo dos 40 m.
Franco Fi1ho e Souza (1994) estudaram o efeito, ao Iongo do tempo, da
explotao;ao da agua subterriinea em Sao Jose dos Campos. Os autores constataram urn
declinio natural do nivel estatico e queda nas vazoes especificas com a explotao;ao
intensiva e permanente do aqiiifero. A vazao nos poo;os varia de 5,90 m3 /h a 190,1 m3/h,
com a vazao media situando em torno de 41,52 m3/h.
Campos ( 1994) desenvolveu urn estudo sobre anomalias hidrogeoquimicas na
Bacia de Taubate. Cita tambem que a super-explotao;ao comeo;a a apresentar abatimento
em trechos de alta densidade de poo;os, alem do aumento da concentrao;ao de poluentes
devido a evoluo;ao s6cio-econ6mica da regiao. Estima que o aqiiifero seja explotado por
mais de 1000 poo;os tubulares, que apresentam vazoes que variam de 30 a 250m3/h.
Estudos geotermicos (Frangipani e Hanza, 1987), bern como fen6menos de
hidrotermalismo (Riccomini, 1989) indicam zonas pontuais de aguas an6malas. Estes
pontos coincidem grosso modo com a facies lacustre.
17
7500.00
7480.00
7460.00
-00
7440.00-
7420.00
380.00 400.00
Curva de lsopieses
~
Rio Paraiba 0.0 7.0 14.0 21.0 28.0km
420.00 440.00 460.00 480.00 500.00
Figura 2-8 Mapa de nfvel estatico do sistema aqfiffero Taubate (segundo DAEE, 1977).
2.3.2. Hidrogeoquimica
0 trabalho do DAEE (1977) verifica semelhan<;as entre as aguas situadas nos
sedimentos fluviais da Bacia de Taubate. Aguas que apresentam baixa concentra<;ao de
sais dissolvidos, alto teor em silica, predominio de ca!cio e s6dio entre os cations e de
bicarbonatos entre os iinions. Estas areas correspondem a Forrnayao Cayapava e o
Quaternario do Rio Parmba do Sui e constituem-se nos principais aqiiiferos desta bacia.
Enquanto que as aguas referentes a Forrna<;iio Tremembe apresentam alto pH, salinidade
e elevada temperatura.
0 pH obtido variou de 4,5 a 8,5. 0 residuo seco variou de 20 a 683 mg/1, com
media de 120 mg/1, geralmente niio ultrapassando 300 mg!l de teor salino. 0 mapa de
residuo seco para toda a bacia esta representado na figura 2-9.
Teissedre e Mariano (1978) analisaram 100 amostras, e os resultados das
interpreta<;oes das ana!ises fisico-quimicas apresentaram as seguintes caracteristicas:
-baixo conteudo de sais disso lvidos;
-alto teor de silica;
-alto teor de ca!cio e s6dio em rela<;iio ao magnesio;
-bicarbonato predominante entre os anions; baixas concentra<;oes de cloretos e sulfatos;
- residuo seco variando de 20 e 683mg/l, com media de 120mg/l excetuando a regiao de Tremembe, com 300 mg/1;
- silica com teores de 4 a 75mgll apresentando altos valores nas bordas e proximo de afloramentos cristalinos;
- calcio, de 0 a 58 mg/1;
- magnesio, de 0 a 31 mg/1;
- raziio Mg/Ca, sempre inferior a 0,6;
- s6dio, de 0 a 280 mgll com altos valores em po<;os profundos, no centro da bacia ou nos artesianos;
- alcalinidade, de 1 a 782mg/l de CaC03;
- dureza, de 0 a 273mg/l,
19
N 0
7500.
7480.
7460.
7440.
7420.
380.00 400.00
.-~~J..=~·~:==-~ 0.0 7.0 14.0 21.0 28.0km
420.00 440.00 460.00 480.00 500.00
Figura 2-9 Mapa de residue seco da Bacia de Tau bate (DAEE, 1977).
- pH, na maior parte acido, inferior a 6,5. Na sub-bacia Tremembe, costuma ser
neutro a basi co;
- temperaturas de 22 a 24°C. Urn po9o de 500m na sub-bacia de Tremembe (na cidade de Taubate) apresentou 49°C.
As aguas foram classificadas como bicarbonatadas s6dicas, e crucicas em alguns
pontos. A maioria das aguas foram consideradas potaveis, com nitrato e fluor sempre
inferior ao limite permitido. Apenas o ferro apresentou concentra9oes entre 0,01 a
4,8mg/l, com media de 0,44mg/l. Os teores acima de 0,3mg/1 foram encontrados em
algumas areas restritas.
Szikszay (1980) utilizou urn banco de dados com 107 ana!ises de aguas de po9os,
com profundidades variando de 100 a 175m, e 12 amostras coletadas de piezometros. A
grande maioria das aguas apresimtaram-se isentas de polui9iio, sendo classificadas como
bicarbonatadas s6dicas e/ou crucicas e, secundariamente, cloro-sulfatadas s6dio-calcicas.
Os piezometros instalados em areas potencialmente poluidoras detectaram indicios de
polui9iio com relayao ao Fe, Mn, fenol e detergente. Estas areas estavam localizadas
junto ils zonas industriais, de cultivo e em aterros sanitarios.
Moreira-Noderrnam e Rebou9as (1986) estudaram o comportamento geoquimico
das aguas pluviais e subtemmeas, efetuando amostragem sistematica em urn po9o
localizado no vale do Rio dos Putins, paralelamente com ana!ises de aguas de chuva e de
solo.
Nas aguas pluviais, destaca-se o elevado NIL e a relativa acidez (tabela 2-1 ). 0
magnesio e o constituinte de mais baixa concentra9iio entre os cations.
pH Na Ca K Mg Cl NH, Cl!Na KINa
media 4,4 0,08 0,23 0,10 0,04 0,26 0,42 3,3 1,3
minimo 3,5 <0,001 0,01 0,004 <0,001 <0,01 0,08 1,5 0,1
m:iximo 5,4 1,43 3,58 3,21 0,73 6,4 3,3 8,9 3,1
Tabela 2-1 Teores medios obtidos anualmente nas aguas de chuva de Sao Jose dos Campos, durante o periodo de 1981-1986 (Moreira-Nodermann e Rebow;as, 1986).
21
Na aruilise de solo, os ions mais solubilizados sao o Ca, K e Cl, apresentando
maiores concentrayoes em relayao as !iguas subtemineas.
Sao listadas abaixo as rela<;oes ionicas entre os elementos, determinados pelos
auto res.
Chuva: Cl>Ca> K>Na> Mg
Sedimento : Ca :::-_ Cl :::-_ K> Na > Mg
Aguas Subterrilneas : K > Cl = Na > Ca> Mg
As aguas subterrilneas apresentam uma maior concentrayiio de Na e K, o Ca
possui uma menor participa<;ao e o Mg continua a ser o menos abundante. 0 pH e mais
elevado em rela<;ao as aguas de chuva. 0 NIL apresenta concentra<;oes muito baixas e o
Cl deixa de ser o principal ilnion.
A raziio Cl/Na mediae igual a 1, mas os valores apresentam uma significativa
varia<;iio nos periodos de chuva e seca. Segundo os autores, esta raziio e indicadora da
recarga do aqilifuro.
A raziio KINa e mais regular com rela<;iio aos periodos de chuva, podendo ser urn
provavel indicador de continuidade na liberayiio desses elementos, refletindo a influencia
da litologia na agua subterrilnea.
Campos (1993) efetuou uma caracteriza<;iio e mapeamento das provincias
hidrogeoquimicas do Estado de Sao Paulo. Este estudo mostrou indicios de anomalias
hidrogeoquimicas na Bacia de Taubate, identificadas pelos valores excessivos, em alguns
pontos, de fluoreto, de sulfuto, de cloreto e de teor salino. Predominam aguas
bicarbonatadas s6dicas (42%), seguidas das bicarbonatadas calcicas (20%). Atraves da
distribui<;iio do teor salino e das raz5es Cl/HC03 e Na/Ca, e sugestiva uma evolu<;iio
salina das bordas para o centro.
Campos (1994) mostrou que, em duas areas da bacia (nordeste e sudeste), as
anomalias estao distribuidas pontualmente. A hipotese mais provavel para este fenomeno
e a associayao as proximidades de zonas sismogenicas, de anomalias geotermais e
tendencias estruturais regionais.
22
3. Metodologia
3. 1. Coleta de dados iniciais
A primeira parte do presente trabalho foi destinada a pesquisa bibliogriifica,
conhecimento da geologia da bacia, coleta de dados biisicos sobre as caracteristicas
hidriiulicas e hidroquirnicas dos po9os. As aniilises fisico-quirnicas, presentes nos
trabalhos anteriores, principalmente no trabalho do DAEE (1977), foram compiladas e
agrupadas em uma planilha de dados. Este arquivo e formado por aniilises datadas da
decada de 70. Dados mais recentes foram coletados dos arquivos da SABESP, orgao
responsiivel pelo abastecirnento da maio ria das cidades do Vale do Parruba. Os arquivos,
com os dados do DAEE e da SABESP, encontram-se no anexo 1.
3.2. Etapa de campo e /aborat6rio
Nesta etapa, foram realizadas, no periodo de abril a agosto de 1996, campanhas
de campo para a coleta de iiguas, visando a obtem;:ao de dados mais recentes.
Priorizaram-se as iireas pouco amostradas nos trabalhos anteriores e aquelas contendo
po9os irnportantes, da bibliografia, que apresentavam erros significativos na analise.
Foram coletadas ao todo 72 amostras, sendo 1 amostra de iigua do rio, 4 de
cisternas e 6 7 de po9os.
As iiguas foram coletadas diretamente da boca do p090, ap6s urn periodo de
bombeamento. Todos os frascos, antes da coleta, foram lavados com a iigua do proprio
p090. Foram coletados 2 litros de iigua a cada ponto. As amostras foram colhidas em
vasilhames de polietileno de 500 rnl, que foram preenchidos totalmente de modo a evitar
o contato com o ar. 0 pH de campo e a temperatura foram medidas na hora da coleta,
sendo os frascos fechados e conservados gelados ate serem descarregados no
laborat6rio.
23
No mesmo dia da coleta, realizou-se a aruilise de alcalinidade. 0 aparellio
utilizado foi o Orion 960 (Autochemistry System), como eletrodo de pH. A alcalinidade
foi medida, utilizando o metodo de Barnes (1964). Este metodo consiste na
determina<;iio da alcalinidade total da amostra, que inclui as concentra<;oes de
carbonates, bicarbonates, ilnions de acidos orgilnicos, boratos, hidr6xidos de amonia,
silicates e outras especies.
0 metodo consiste na titula<;iio de uma amostra de agua. 0 titulante (no caso HCl
com concentra<;iio de 0,01N) e adicionado ate atingir o ponto de equivalencia,
determinado pela inflexiio da curva de titula<;iio. A curva de titula<;iio e feita com o
volume do titulante adicionado e a medida de pH em cada etapa. 0 ponto de
equivalencia representa o ponto em que nfuneros iguais de equivalentes do acido e da
base foram misturados (Russel, 1982).
0 valor de alcalinidade referente a concentra<;iio de bicarbonatos em mg/1 e dado
pela formula :
N, X v, C = X 61 X 1000
Hco:; V '
onde:
C Hco· = Alcalinidade total (mg/1). '
N, = Normalidade do titulante.
V, =Volume do titulante, adicionado ate o ponto de equivalencia (ml).
V, =Volume da amostra (ml).
0 valores 1000 e 61 representam a conversiio em mililitros para litros e o peso
molecular do bicarbonate, respectivamente.
A tecnica de primeira derivada, utilizada na titula<;iio pelo aparellio, assume que a
taxa de varia<;ao de potencial com o volume do titulante adicionado sera maximo no
ponto de inflexiio.
0 anexo 2 apresenta o resultado de uma analise registrada pelo aparellio.
24
3.3. Analises de Laboratorio
Para a analise de cations, as amostras foram filtradas em urn conjunto filtrante
milipore, utilizando filtros de 0,45J.Lm e, logo em seguida, acidificadas com acido nitrico
concentrado, com 2 ou 3 gotas para 100 ml de amostra.
As analises de cations foram realizadas no laborat6rio do IGCE/UNESP e
determinados os seguintes ions: Al, Ba, Ca, Cd, Cr,otab Cu, Fe.otab Mg, Mn, P, Pb, Sr, Zn
e Si. Para esta det~iio, foi utilizada a tecnica de espectrometria de emissao atornica
por plasma de acoplamento indutivo (ICP-AES), utilizando-se o espectometro ARL
3410+ICP.
0 Na e K foram deterrninados utilizando o espectrometro de Absor~iio Atornica
(AA).
Para os anions, foram deterrninados o S04 , C1 e F. 0 fluoreto eo sulfato foram
deterrninados atraves de eletrodos ion-especificos, enquanto que o cloreto, por titula~iio
com nitrato de prata. Estas aruilises foram efetuadas no laborat6rio da SABESP em Sao
Jose dos Campos.
Os resultados das aruilises fisico-quirnicas das aguas coletadas neste trabalho
estiio presentes no anexo 3.
3.4. Processamento dos dados
Primeiramente, com os dados provenientes de trabalhos anteriores, foram
corrigidas as concentra96es de Ca, Mg e HC03, apresentadas inicialmente na forma de
CaC03.
As concentra<(oes, em meq/1, foram calculadas para todos os ions. 0 nfunero de
equivalentes perrnite urna compara~ao direta entre os ions (Custodio e Llamas, 1976).
A medida de s61idos totais dissolvidos (STD) resulta da sornat6ria de todos os
ions deterrninados analiticamente. A for9a ionica, utilizada na deterrnina9iio do
coeficiente de atividade, foi calculada neste trabalho segundo a equayiio abaixo:
25
1 2 1=-'Em.z, 2 ''
onde Z; e a valencia do ion i e Ill; e a molalidade do ion i.
Os calculos dos erros pniticos e te6ricos foram deterrninados pe1o metodo de
Logan (1965). 0 erro maximo permitido foi de 10%.
Pelo metodo de Logan (1965), o erro pnitico (Ep) e deterrninado pela formula
abaixo:
Ep= Sc-Sa x100, Sc+Sa
onde Sc e a soma dos cations e Sa e a soma dos anions em meq/1.
0 erro te6rico e o percentua1 maximo de erro pnitico permitido, levando-se em
considera'<ao a soma dos anions ou cations (tabela 3-1 ):
~ anions ou ~ cations <1 1 2 6 10 30 >30
Erro permitido (%) 15 10 6 4 3 2 1
Tabela 3-1 Erro permitido em rela1'3o a soma de cations e anions, segundo Logan (1965).
Devido ao gnmde volume de dados , optou-se em utilizar somente as analises que
estao abaixo do erro permitido de 10%.
Os diagramas de bidroquimicos, STIFF, PIPER e SCHOELLER, foram
construidos atraves do programa GWW - Groundwater Software for Windows
(UNESCO, 1994).
As analises estatisticas e multivariadas foram realizadas atraves do programa
Statisticafor Windows 4.3 (StatSoft, 1993).
0 tratamento geoestatistico, compreendendo a variografia e estimativa da
variavel STD, foi realizado com o auxilio do programa ISATIS 2.0 (Fontainebleau,
1994). Os mapas foram confeccionados pelo programa SURFER 5.01 (Golden Software,
1994).
26
Os clilculos de especiat;ao das fases aquosas e o estado de satura9ao das fuses
minerais foram realizadas pelo programa Solmineq88 pclshell versiio 0.85 (Perkins et a!,
1988). Este programa contem urn algoritmo que calcula o equihbrio e a distribui9ao de
mais de 340 especies aquosas, orgfuricas e inorgfuricas, presentes em aguas naturais. Ele
consiste na resolu9ao de urn sistema de equa9iies que envolvem a lei de ayao de massas,
oxi-redu9ao e balan9o de massas, segundo o modelo de associalj)ao ionica da fase aquosa
(Kharaka et a!. , 1988).
As anlilises quimicas foram inseridas como dados de entrada no programa, em
condi9oes de pressiio de 1 bare a temperatura medida no campo.
Neste estudo, o Solmineq88 foi utilizado para:
a) clilculo das concentralj)iies de todas as especies aquosas em solu~j:ao, a partir
das concentralj)oes dos elementos maiores e tra9os, obtidas das anlilises quimicas. Para
calcular a distribui9ao das especies aquosas de urna dada amostra de agua, a temperatura
e pH especificos, sao utilizadas as equalj)iies de ayao de massas e balanlj)o de massas. Por
exemplo, para a dissocialj)ao do carbonate de calcio, a respectiva equalj)ao de ayao de
massas e:
Na equa9ao acima, o m, e y; sao respectivamente a molalidade e o coeficiente de
atividade da especie subscrita, e f'0 e a constante de dissocia9ao da especie subscrita.A
equa9ao de balan<;:o de massa leva a forma:
Na formula acima, o m,,,, n,J e m1 sao, respectivamente, molalidade (analitica ou
total) do componente i, o coeficiente estequiometrico do componente i na especie j e a
mo lalidade calculada da especie j.
b) clilculo de atividade das especies dissolvidas.A atividade de cada elemento (a;)
e determinada pelo calculo da equayaO.
27
Na equa9ao acima m, e y, sao, respectivamente, molalidade e coeficiente de
atividade da especie i.
Os coeficientes de atividade para os cations e anions sao calculados atraves da
equa9ao de Debye-Hiickel (Garrels e Christ, 1965), sendo apropriada para baixas
salinidades encontradas na bacia. Para as especies aquosas neutras, sao utilizadas
equa9oes especificas para cada especie.
c) calculo do indice de satura9ao. 0 indice de satura'(ao (I Sat) e calculado atraves
do logaritmo da razilo entre o lAP (ion activity product) e o K,;p (produto de
solubilidade ).
lAP !Sat=log-
K,P
Quando a razilo acima for menor do que zero, a amostra e sub-saturada na fase
mineral escolliida. Se a razilo for igual a zero, a amostra estara em equihbrio, e se for
maior do que zero, a amostra estara supersaturada na fase mineral escolliida (Nordstrom,
1985).
Para a confec'(ao de diagramas de atividades, foi utilizado o prograrna PTA
System (Pressao - Temperatura - Atividade ), versao 1.0 (Brown et al., 1987). Este
prograrna e de grande utilidade para a constru91io de diagramas atividade x atividade,
temperatura x atividade e pressiio x atividade, alem disso, contem urn banco de dados
termodinfunicos para minerais, especies aquosas e gasosas (Abercombrie, 1988).
Para as illitas e esmectitas, foram utilizados os dados termodinfunicos estimados
por Abercombrie (1988). As esmectitas foram representadas por suas componentes
termodinfunicas (beidellitas), prefixadas por seus cations intercambiaveis (Na\ K+, Ca2+ e
Mg2+).
28
3.5. Sele~iio dos Dados
Ao final da etapa de coleta e processamento dos dados atuais, como tambem da
bibliografia, apresentam-se entao 3 arquivos de dados disponiveis: os dados atuais
coletados, os arquivos do DAEE e da SABESP.
Para se conseguir urn maior ntimero de informayoes, foram feitas comparayoes
do arquivo atual com os da SABESP e DAEE. As diferem;as puderam ser mellior
evidenciadas nos pofi:os reamostrados nas tres campanhas, como tambem atraves dos
valores medios de areas restritas.
Apesar da diferenya de aproximadamente 20 anos entre algumas aruilises, a maior
parte dos elementos mostra poucas diferenfi:as e, provavelmente, estas devem-se aos
diferentes metodos analiticos utilizados. Praticamente a rela9ao entre os po9os
continuaram as mesmas.
A compara9ao entre os dados atuais e as analises do DAEE constatou as maiores
diferenyas nas concentrac;oes de cloretos e sulfatos. A discrepilncia nos resultados de
sulfato se deve provavelmente a resoluc;iio na determinac;iio de valores abaixo de 2mg/l.
Com rela9iio aos dados da SABESP, a diferen9a principal em rela9iio aos dados
atuais esta na concentrac;iio de bicarbonato. Esta diferen9a em relac;iio ao bicarbonato e
de grande importilncia, pois este elemento e o principal ilnion nas aguas da Bacia de
Taubate.
0 tratamento hidroqulmico foi efetuado utilizando-se somente o arquivo gerado
da coleta atual de dados. A uniiio dos dados antigos e novos foi utilizada apenas na
analise geoestatistica e confecs;iio dos mapas da variavel STD. Esta variavel apresentou
poucas diferenc;as, quando comparada como arquivo do DAEE e, por isso, este arquivo
foi incorporado aos dados atuais no estudo da variavel STD.
A pequena diferenc;a dos dados coletados, em relac;iio aos dados do DAEE, e
consequencia da baixa in:fluencia da concentra9iio de cloretos e sulfatos na salinidade
total da agua. Ja o arquivo da SABESP apresentou grandes diferen9as nos valores de
STD, provavelmente ocasionado pelas aruilises de bicarbonato. Desta forma o STD do
29
arquivo da SABESP foi recalculado atraves do metodo da cokrigagem (vide capitulo 4),
utilizando-se as medidas de condutividade.
A variavel STD (s6lidos totais dissolvidos) foi utilizada na avalia9ao do grau de
salinidade das aguas, calculado pelo prograrna Solmin88 (Perkins et al., 1988). Para
testar a representatividade desta variiivel, foi calculado o STD para os dados do arquivo
do DAEE e efetuadas aniilises de correla9oes com a condutividade eletrica e com o
residuo seco ( concentra9ao de STD determinada em laborat6rio) destas aguas, obtendo
se correla9oes de r = 0,99 e r = 0,98, respectivamente. As correla9oes entre o STD
calculado para os dados atuais e a medida de condutividade foi de r = 0,88.
30
4. Hidrogeoquimica da Bacia de Taubate
4. 1. Determina~iio dos tipos hidroquimicos
A determinaviio dos tipos hidroqufmicos foi baseada na concentraviio dos
elementos maiores presentes nas <iguas. Estas concentravoes sao representadas em
diagramas hidroqufmicos, agrupando-se as amostras com as mesmas caracteristicas. As
amllises fisico-qufmicas selecionadas para classificar as aguas quanto ao tipo
hidroqufmico estao listadas na tabela 4-1.
A determinaviio dos tipos hidroqufmicos atraves dos diagramas hidroqufmicos
tradicionais mostrou urn alto grau de incerteza para estas aguas, sem uma clara definivilo
dos limites dos diferentes tipos presentes.
Devido ao grande nlli:nero de variaveis envolvidas e a grande disparidade entre as
analises, optou-se entao pela utilizavilo da analise de agrupamento, uma tecnica
estatistica multivariada que utiliza a similaridade entre os individuos para classificar as
aguas hierarquicamente em grupos, considerando todas as variaveis determinadas para
cada individuo (Moura, 1985; Davis, 1986).
As variaveis utilizadas para a analise de agrupamento foram as que apresentaram
as maiores concentravoes: s6dio, potassio, ca1cio, magnesio, bicarbonato, cloreto e silica.
A medida do grau de similaridade foi determinada pelo coeficiente de distilncia
euclidiana, usualmente utilizado quando se deseja estabelecer o grau de semelhanva entre
objetos (Moura, 1985). 0 agrupamento hierarquico esta representado no dendograrna da
figura 4-1.
Atraves do dendograrna, foi possivel identificar quatro agrupamentos que foram
identificados e descritos como os tipos hidroqufmicos I, II, III e IV (figura 4-1). Os tipos
I e II agrupam a maioria dos dados, enquanto o tipo IV apresenta-se mais diferenciado
devido ao alto coeficiente de distancia, em relavilo as demais aguas da bacia.
31
looco oH Lab Na ICa iM HCO; I ceve '.82 .70 I 0.22 24 I cn24 31,00 :,oo ,00 ;,92 I cpl3 ,58 26 00 20 ,00 45. len ! I ,50 .0
>20 208 08
'I 6,98 1: 17 70 4, 51 '40 3. 15
si36 sj35 12 17, sil20 .o.oo ,60 83 51 sil03 1,36 16
149 51 18 !6 6~ 13 '112 77 10.: 'i7 ,21 1 o,39 14,.10 ;so
sin '114 I 6,68 13,94 ,63 12 10,70
157, 19 198,9 !8 }6 95 138,94
i49 .53 ,46 2, 74 .17 74
14,85 74 39,58 17 >,52 13: 19
105 105,35 ,70 0 300,00 :,6~
104 lexplo 88 216 15 107 3> .64 17 19 46 125,80 •,1:
'9 ,_ 106 cp23 40 17 23 60 cp22 1: ,62 ,61 3 !5 24 123,50 61 co2la >,90 coOl ,40 19 cpl8 ,50 >,29 284 59 cpl9 ,41 16,02 ,60 . 2' ,90 76 !8 coOl
• cn02v 'cp21 JO >5 : ch02 18,30 155,80 77 10 13
,15 492 50 i chlat >5 •50
:hfumas ,20 i chinpe 5,88 ',88 18 71 93
17.00 i 14,85 10.83 17520 7, 04 134,01 05 29,69 1'04 10 !,68 1,43 T05 15> ,40 64 ,77 >,65 569 40 8,02 T06 TO?
i Pil1 10 1,05 i Pil4 18,34 163,10 i 6 54 : li .57
,36 .,0>
1,45 76 !6 >0 ,61 ,19 i 0,63 16,:
i G04TC i 6,57 I 6,85 2,99 ,78 43,03 3,54 70,49 135,86
Tabela 4-1 Amilises fisico-quimicas selecionadas para a determina9ilo dos tipos hidroquimicos
32
~ en CD ..... - 1\) ~ 0 Q 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0
P14 Pl11 T05
T4 T07 R02 T"JPOm
CH02 LOS LOS
CHL.AT CHCAN
J100 CP21A T"1p0 II
LEXPLO R04
CP02 R05
CP22 CP19
CP3 TOS ~ L07 .., G04 CD
CP21 m CD L10 C1 CP20 c:
CP18 Q.. -· Q)
CP23 c: cc CP13 CD
.., GOB Q)
Q)
CP24 ::l 3 J07 0. -G04TC 0 L04 (j'j" ..,
SJ44 - (J) Q) SJ120 ::l ~
J13 (") (") G05 CD CHF en Q)
SJ139 en SJ103 CD
SJ40 en
J15 SJ114 SJ149
L11 SJ128 SJ71 T"apv I SJ9
J200 SJ49 SJ33 CHIN SJ57 SJ51
SJ112 CP01 sJn EUC SJ50 SJ35
CP02V SJ3&
CEPE Q ..... I'\) (A) ~ U1 en .....
0 0 0 Q 0 Q 0
0 0 0 0 0 0 0
Figura 4-1 Dendograma referente as aguas da Bacia de Taubate.
33
0 0 c ()) ::l
~ u..
0 T5 c ()) ::l
~ u..
0 ·u c ()) ::l
~ u..
Tipol
Tipoll
Tipo Ill
0 90 1
50,00
Tipo IV
0 90 1
STD (mg/1)
Figura 4-2 Histogramas de SID referentes aos quatro tipos hidroquimicos.
34
Para verificar uma provavelliga9ao entre os tipos hidroquimicos e as salinidades
das aguas, foram construidos histograrnas de STD para cada tipo (figura 4-2). Atraves
destes histograrnas, pode-se observar a estreita rela9ao entre os tipos hidroquimicos e a
salinidade. 0 aumento da concentr~ao ocorre a partir das aguas do tipo I ao tipo IV,
este U1tirno tipo apresentando-se bern distinto em reffi9ao aos demais. Os valores dos
quartis de cada histograrna mostra claramente as diferen9as (tabela 4-2).
Tipol Tipoii Tipolii TipoiV
amostras 33 21 5 4
Q2s-Q75 48-139 210-243 275-390 712-790
media 101,8 233,3 340,1 777,2
desv. padr. 42,95 35,95 73,50 53,30
Tabela 4-2 Tabela com os dados estatisticos e os val ores do I 0 e 3° quartil de cada tipo hidroquimico, valores de STD em mg/1.
A analise da contribui9ao dos ions maiores no processo de sele9ao, deterrninada
pela analise de agrupamento, pode ser visualizada nos diagrarnas hidroquimicos de
classifica9ao de aguas. Os tipos hidroquimicos plotados no diagrarna de Piper estao
ilustrados nas figuras 4-3 e 4-4.
Desta forma, com base nos histograrnas de salinidade (STD) e nos diagrarnas de
Piper, os tipos hidroquimicos podem ser descritos:
Tipo I - Apresenta salinidade variando entre 28 e 207 mg/1. A maior parte das
aguas sao classificadas como bicarbonatadas s6dicas, algumas apresentam composi9oes
de bicarbonatadas calcicas e cloro-sulfatadas sodicas. E observado urn enriquecirnento da
salinidade em dire9aO as aguas bicarbonatadas. As aguas mais salinas contem de 80% a
90% de teor de bicarbonato nos anions. 0 cloreto e o segundo anion em irnportancia
para estas aguas, com participa9oes mais significativas para as aguas de baixa salinidade.
0 sulfato e o que apresenta as menores porcentagens. Entre os cations, destacam-se as
baixas propor9oes de magnesio, que nao ultrapassa a 20% do total dos cations. 0 s6dio
e 0 calcio sao OS cations predominantes.
35
lOll 100
80 80 80. 80
60 60 Co+Mg 60 60
Co+Mg S04+a 504+C~
40 4Q- 40 40
Na+K 20 20 C03+HC03 20 20- CO>+HCO> Na+K
~0 * * 100 100
80 80
60 60 504 60 504 Mg 40 40 40
20
* 20
0 0 0 lOO 80 60- 40 20 0 0 2Q. 40 60 80 100 80 60 40 20 20 40 60 80 100
Co Cl ca. a
canons OfliOI1S cations anions
Tipol Tipoll
100 100
80 80 80 80
60 60 Co+Mg 60 60 504+CI
S04+CI Co+Mg 40 40
40 40
Na+K 20 20 CO,+HC03 20 20 Na+K COo+HCQ,
100 100
80 80 80 eo
60 60 504 60 60 Mg S04 40 40 Mg
40 40
20 20 20 20
0 0 0 0 100 80 60 40 20 20 40 60 80 TOO
60 40 20 0.0 20 40 60 80 100 100 80 ca. Cl Co a
catians ~ canons anions
TipoiH Tipo IV
Rguro 4-3 Dfagromos de Piper correspondenfes a coda flpo hidroqufmico.
36
100
80 80
60 60
S04+Ct 40
Ca+Mg 40
20 20 Na+K C03+HC03
\o ~~-, 0 -.,,-'. •'·
100 100
20 80 80
40 60 60 S04
Mg 60 40 40
20 20
0 0
100 80 60 40 20 0 0 20 40 60 80 100
Co Cl
cations anions
Figura 4-4 Dragrama de Piper nustrando os campos de coda tipo hidroquimico.
37
Tipo II - As aguas deste tipo estao representadas pelas aguas bicarbonatadas
calcicas e sodicas. As salinidades variam de 165 a 350rngll. 0 bicarbonato predornina
entre os iinions, corn urna porcentagern acirna de 80% para a rnaioria das aguas. Ern
rela<;ao aos cations, novarnente o rnagnesio apresenta os rnenores valores, apenas 3
po<;os apresentarn urn teor urn pouco rnais elevado deste elernento. 0 calcio e o sodio
dividern a predorninfulcia cationica nas aguas desse tipo.
Tipo III - Este tipo corresponde as :iguas bicarbonatadas sodicas. Os teores de
rnagnesio e calcio silo baixos e o s6dio e o cation predorninante. Os carbonatos e
bicarbonatos perfazern rnais de 90% entre os iinions. As salinidades estao entre 275 e
438rng/l.
Tipo IV - As :iguas deste tipo, como nas aguas do tipo III, sao classificadas,
exclusivarnente, como bicarboriatadas s6dicas. No campo sao facilrnente identificadas
pela elevada temperatura ( aproxirnadarnente 40°C). As cornposi<;oes quirnicas sao
rnarcadas clararnente pelo predorninio de s6dio (corn urna porcentagern acirna de 90%)
entre os cations, o rnesrno acontecendo corn bicarbonato entre os iinions. As salinidades
dessas aguas sao as rna is altas da bacia, varian do entre 712 a 84 2 rng/1 .
A cornposi<;ao media para cada tipo hidroquirnico esta surnarizada na tabela 4-3.
Pode-se observar que, alern do STD, o s6dio e o bicarbonato apresentarn urna tendencia
de crescirnento da concentra<;ao destes ions ern dire<;ao ao tipo IV. Outros elementos
que rnostrararn-se indicativos desta tendencia sao o fluoreto e, de rnaneira rnenos
pronunciada, o pH e a temperatura.
Temp pH Na K Ca Mg HCO, so.• C1 F* SiO, STD
Tipol 22,8 6,24 6,57 3,56 4,45 0,66 31, I 0,7 6,21 0,01 48,5 101,8
Tipoll 24,7 7,57 23,7 3,28 19,5 1,79 129,1 3,92 7,19 0,21 44,5 233,3
Tipolll 25,3 8,21 70,5 1,36 6,78 0,61 230,7 ------ 7,51 0,98 21,4 340,1
TipoiV 40,7 8,26 173,7 3,19 2,62 0,61 570,9 ---- 6,81 2,37 16,9 777,2
Tabela 4-3 Valores medios dos ions, STD, pH e temperatura, para cada tipo hidroquimico. * as concentra9oes de sulfato e fluoreto foram detectadas em alguns PQ90S e suas medias
referem-se aos valores acima do limte de detec9"!o.
38
As iiguas do tipo II sao destacadas das demais pelas concentrayoes mais elevada
de ciilcio, magnesio e sulfato. Jii as iiguas do tipo I silo identificadas pelos baixos valores
da maioria dos elementos e pelos altos valores de potiissio e silica
Os elementos trayo apresentam-se subdivididos entre os tipos hidroquimicos na
tabela 4-4.
Os elementos trayo apresentam alguns ions com urn grande nfunero de amostras
abaixo do limite de detecyao, dentre estes o ciidmio, chumbo e cromo, em todas as
iiguas, estao abaixo do limite. 0 aluminio e cobre foram detectados em poucas amostras,
sempre relacionadas ao tipo I. 0 zinco e o fosfato apresentam as maiores concentray5es
tambem relacionadas a este tipo.
Os elementos biirio, manganes e estroncio foram determinados na maioria das
amostras e, neste caso, o biirio e estroncio estao claramente vinculados iis iiguas do tipo
II.
0 boro tambem foi detectado na maioria da amostras, as iiguas em que este
elemento niio foi detectado sao referentes as iiguas do tipo I. A tendencia de crescimento
das concentray5es deste ion e semelhante as descritas para STD, s6dio e bicarbonato.
amostras Fe AI Ba PO, Cu Mn Sr Zn
Tipol 33 0,03(11) 0,07(1) 0,05(33) 0,76(11) 0,03(5) 0,04(9) 0,06(29) 0,09(18)
Tipoll 21 0,07(7) -~----- 0,13(21) 0,35(3) -------- 0,04(19) 0,27(21) 0,04(10)
Tipoiii 5 0,04(3) ------- 0,06(5) 0,32(1) -------- 0,02(2) 0,11(5) 0,02(1)
TipoiV 4 0,04(4) ------- 0,05(4) -------- -------- --------- 0,06(4) ---------
Tabela 4-4 Concentra,ao dos elementos trai'O por tipo hidroquimico em mg/1, os valores referem-se as medias dos valores acima do limite de detec,ao. Entre parenteses estao o nfunero de amostras detectadas.
4.2. Distribuit;ao dos tipos hidroquimicos
Com a identificayao dos tipos hidroquimicos dentre as aniilises selecionadas, a
etapa seguinte foi analisar a relayao espacial dos tipos hidroquimicos com relayao iis
39
B
0,36(20)
0,47(21)
0,96(4)
2,76(4)
compartimenta9oes estrutural e geologica, para com ISso delimitar os zoneamentos
hidroquimicos regionais.
A distnbui9ao dos po9os com os tipos hidroquimicos selecionados esta presente
na figura 4-5. A disposi9ao dos tipos sugere urna zonalidade na por9ao sudoeste e
central do mapa. Atraves dos mapas geologico e estrutural e das descri9oes litologicas
dos po9os, e verificado o marcante papel da litologia como diferenciador dos tipos
hidroquimicos.
Os sedimentos fluviais na regiiio de Sao Jose dos Campos (Compartimento
Jacarei-Sao Jose dos Campos) apresentam o predominio das aguas do tipo I, claramente
separada pelo alto de Ca9apava. Em dire9ao ao centro da bacia encontram-se as aguas
do tipo II bern caracterizadas na regiao do Alto de C~apava. Embora fa9am parte dos
sedimentos lacustres da Forinru;ao Tremembe, provavelrnente estes sedimentos
correspondem a urna zona de trariSi9ao entre os sedimentos fluviais e lacustres, esta
caracterfstica de trariSi9ao esta relacionada ao grande nfunero de niveis arenosos
existentes nas descri9oes litologicas dos po9os.
Os po<;os realrnente inseridos na Fonna<;ao Tremembe, dentro do Compartimento
Quiririm-Taubate, sao os que apresentam aguas do tipo IV, localizados na regiao central
da bacia. Algur!S po<;os deste tipo chegam a atingir profundidades em torno de 500m. e,
atraves das descri<;oes litologicas destes po<;os, mostram o predominio de folhelhos e
argilitos ate a base.
Apos o alto de Pindamonhangaba, no Compartimento Aparecida-Lorena, os
po<;os voltam a se concentrar no extremo nordeste do mapa, onde a sedimenta<;ao fluvial
volta a ser predominante.
Apesar dos trabalhos hidrogeologicos apontarem os dois extremos da bacia,
relacionados aos sedimentos fluviais, com caracteristicas hidrogeologicas semelhantes
(DAEE, 1977; Teissedre e Mariano, 1978), a constitui<;ao hidroquimica das aguas
mostra substancial diferen<;a entre as duas areas.
Para auxiliar no entedimento da evolu<;ao hidroquimica das aguas em cada setor
da bacia, a Bacia de Taubate foi dividida conforme os grandes compartimentos regionais
definidos por Fernandes (1993), ilustrados na figura 2-7.
40
7500.00
7480.00
7460.00
~
7440.00
I
7420.00
I
380.00
.....
400.00 420.00 440.00
+ +
460.00
Tipo I
Tipo II
Tipo Ill
+Tipo IV
480.00
Figura 4-5 Distribuic;So dos po<;os com os tipos hidroquimicos correspondentes.
500.00
4.2.1. Caracteriza~ao hidroquimica do Compartimento Jacarei-Sao Jose dos Campos
Para este compartimento foram selecionados 73 po~os (figura 4-6). Destes, 47
foram obtidos dos arquivos do DAEE e SABESP. Os 26 po~os coletados no presente
estudo estao sob ajuridis~ao da SABESP de Sao Jose dos Campos (21) e do SAEE (5)
de Jacarei.
Do ponto de vista litol6gico, este compartimento eo mais homogeneo da bacia,
constituido principalmente pela sedimenta~ao fluvial no topo e com predominfulcia de
sedimentos lacustres a profundidades superiores a 200m
7455.00
7450.00
7445.00
7440.00
7435.00
7430.00
7425.00
7420.00
7415.00
7410.00
Compartimento S. J. dos Campos Localiza<.(ao dos po<.fos
+ prn;os coletados
• prn;os da bibliografia
7405.00 L"'-..L----,-------,------.,-------,-------,-----380.00 390.00 400.00 410.00 420.00
Figura 4-6 Mapa com todos os p~os catalogados no Compartimento Jacarei-S. J. dos Campos.
42
Esta homogeneidade geologica e refletida na predominiincia das aguas do tipo
hidroquimico I para todo o compartimento. De todos os poyos, apenas urn (JlOO),
localizado em Jacarei, e classificado como do tipo II (figura 4-7).
4.2.J.J.Distribuif0o dos ions
Uma primeira analise sobre a disposiyaO dos principais elementos foi efetuada
atraves de varios mapas, elaborados com a utiliza9ao da tecnica do inverso do quadrado
da distilncia (IQD).
De maneira geral, os ions maiores apresentam distribui9oes semelhantes entre si.
Refletem, em grande parte, as caracteristicas de aqiliferos livres, com as menores
concentrayoes dos ions localizados nas cotas mais elevadas, e as maiores concentrayoes
localizadas nas cotas mais baixas, junto ao Rio Parruba e seus afluentes, como o Rio
Putins.
Devido a semelhanya entre os mapas dos diversos ions, e verificado que o
aumento da salinidade e provocado pelo aumento da concentrayao de todos os ions.
Uma area anomala contendo concentrayoes distintas de sulfato, em re!ayao a
maioria dos poyos, esta presente na figura 4-8. 0 mapa de sulfato apresenta os poyos em
que foram detectados este elemento, caracterizando urna area anomala em Jacarei. Esta
area anomala tambem foi identificada nos outros bancos de dados, do DAEE e SABESP,
em diferentes poyos da mesma regiao. Alem de estar presente nas cotas baixas, junto ao
Rio Paraiba, a area esta situada proxima a borda e inserida na principal zona de
falhamentos do compartirnento, relacionada a falha de Sao Jose.
Com re!ayao aos elementos trayos, os ions bario e estroncio apresentam maiores
concentrayoes nos poyos localizados nas bordas do compartimento. 0 boro apresenta-se
mais concentrado nos poyos da borda do compartimento e, principalmente, na regiao
anomala.
0 mapa da razao ionica N a/Cl, indicativa das areas de recarga (Moreira
Nodermann e Rebou<;:as, 1986), confirma, em fun9ao das baixas razoes, a area de recarga
localizada a sui de Sao Jose dos Campos. A razao Ca/Na apresenta os maiores valores a leste de Sao Jose dos Campos sugerindo urna provavel delimitayiio, no alto do Rio
Putins, de distintas evo!uyoes hidrogeoquimicas entre as duas areas (figura 4-8).
43
7455.00
7450.00
7445.00
7440.00
7435.00 I
I
7430.00
.... .... 7425.001
7420.00
7415.00
7410.00
• •
•
I • • • •
__) •• •
Tipo I
Tipo II
375.oo ~-3acroo~ ~-38-5~ao--390~oo~~~--395.oo-~4oo:oo · 4os:oo ·~41.o.oo 41s.oo 42o.oo 425.oo
Figura 4-7 Distribuiyao dos pc>\:OS com o tipo hidroqufmico correspondente no Compartimento Jacarei-Sao Jose dos Campos
~ VI
7435.00
7425.001
S04
(! ... //~-
38Mo300:00---:4Q0:00410.00-~o:oo--
rNa/rCa
·-·~
10.0
8.0
6.0
4.0
2.0
0.0
375.oo·---~s:oo---395.00--~405.00-- 415.0o ___ 425.00_
7455.00
HCO 7445.00
7435.00
7425.00
7415.00
74o5.oo "-----Oo -- -385.0o-375.
7455.0
7445.00 rNa/rCI
·--·--
7415.00
7405.0
395.00 -·4o5.00--~:~-~425.00-
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
-m.oo---385.00 ___ 395:~405.00 ___ 415.00 ___ 425.00-
Figura 4-8 Distribuic.;:ao de alguns Ions selecionados no compartimento Sao Jose dos Campos
4.2.1.2.Andlise Geoestatistica do STD
Urn tratamento geoestatistico foi realizado para a variavel STD, variavel que
apresenta boa correla<;:iio, neste compartimento, com os ions maiores, alem de
representar a salinidade da agua. Nesta aruilise furam incorporados os dados do DAEE
aos poyos atuais coletados.
A continuidade espacial desta variavel pode ser observada atraves do variograrna
experimental omnidirecional (figura 4-9). 0 variograrna apresenta urn baixo valor do
alcance, que niio ultrapassa 500 m, e urn componente pepitico na origem, indicando a
baixa continuidade espacial. Outra caracterlstica e a ciclicidade no comportamento de
STD, observado no variograrna atraves do efeito buraco.
Tanto a baixa continuidade, como o componente pepitico na origem, refletem o
carater aleat6rio desta variavel neste compartimento. A homogeneidade litol6gica faz
com que a salinidade das aguas niio apresente dire<;:oes preferenciais de aurnento da
concentra<;:iio salina, sendo a varia<;:iio na salinidade das aguas provocadas por outros
fatores, como topografia, profundidade dos po<;:os, o nfunero e localiza<;:oes dos
intervalos de filtros e as anomalias pontuais distribuidas nas bordas do compartimento.
0 efeito buraco reflete o comportamento ciclico da variavel (Isaaks and
Srivastava, 1989). Esta ciclicidade provavelmente e devido a influencia da topografia na
distribui<;:iio da salinidade do aqiiifero, o que foi comprovado atraves dos mapas
individuais dos ions (figura 4-8). A niio estacionaridade do variograrna tambem indica
urn comportamento de deriva ocasionado pela tendencia regional de aurnento de
salinidade em dire<;:iio a regiiio de Ca'(apava e Taubate.
Estabelecido o modelo variografico, foi gerado o mapa krigado da variavel STD
(figura 4-1 0). A distribui<;:iio e semelhante em rela<;:iio aos principais ions maio res. Nesse
mapa, observam-se que as areas com as maiores concentra<;:oes estiio situadas na regiiio
que apresenta as cotas mais baixas, com salinidades acima de 200 mg/1, referentes as
areas do Rio Paraiba e seus afluentes. Baixas salinidades estiio presentes a sui de Sao
Jose dos Campos, com aguas contendo concentra<;:oes entre 25 a 50 mg/1. Essa area e
semelhante a regiiio de Tabuleiros, deterrninada no mapa geomorfol6gico (figura 2-2).
Certamente esta e a principal area, junto com as bordas da bacia, de recarga do
compartimento.
46
O. tDDD. 2DDD. !DDD. CDDD. !DDD. CDDD.
3DDD. 3DDD·
2DDD. 2DDD.
lDDD. lDDD.
Figura 4-9 Variograma da varhivel STD no compartimento Jacarei-Sao Jose dos Campos
Devido ao grande volume de dados obtidos dos arquivos da SABESP para esta
regiiio, mas que apresentaram problemas nas aruilises (se9ao 3.5), foi adotado neste
compartimento o metodo de cokrigagem. Trata-se de uma tecnica de grande utilidade
quando se tern uma variavel primaria (no caso STD) sub-amostrada e uma variavel
secundaria (no caso, a condutividade) hem amostrada (Journel e Huijbregts, 1978). No
presente estudo, a variavel secundaria possui uma boa correla9ao com a variavel primaria
(r = 0,80).
0 variograma cruzado das variaveis STD e condutividade esta presente na figura
4-11. Nesta figura pode-se constatar o baixo alcance, entre 200 e 500m., hem definido
nos dois variogramas .
0 mapa de STD cokrigado esta ilustrado na figura 4-12. A principal diferen9a
deste mapa esta na maior area representada em rela9ao ao mapa k.rigado. Confirmam-se
novamente as regioes de altas e baixas concentra9oes.
Entretanto, pode-se observar bern definida a rela9ao existente entre a disposi9iio
das concentrac;oes e a estruturac;iio do compartimento. Claramente a falha de Sao Jose
47
(identificada pe1o DAEE, 1977; Teissedre e Mariano, 1978; Hasui e Po<;:ano, 1978;
Fernandes, 1993) pode ser delineada pe1as altas concentra<;:oes a oeste do
compartimento, no percurso tra<;:ado pe1o rio Parruba e que separa aguas subterrilneas de
diferentes constitui<;:oes qufmicas.
0 Alto do Rio Putins (identificado pe1o DAEE, 1977; Teissedre e Mariano, 1978;
Hasui e Po<;:ano, 1978) pode ser inferido tomando como base a curva de 75 mg/1. Na
regiao a 1este, esta curva tern urn tra<;:ado norte-su~ separando a oeste aguas menos
salinas (25-75 mg/1) e, a 1este, de maneira ger~ aguas com concentra<;:ao entre 75 e 125
mg/1, correspondendo ao vale do rio Putins, esta estrutura ja nao e clarrunente
identificada no mapa de sa!inidade.
48
7455.
7445.
250
""" "' -~--- --- 225
200
175
150
125
7415.00i / / I 100
75
50
25
375.00 385.00 395.00 405.00 41 425.00
Figura 4-10 Mapa de STD no compartimento Jacarei-Sao Jose dos Campos
JCCC. J------------------ISDCC.
0~~-----~~--~~--~~~--~o. .. ~ac. .1.0aa. uoc. m.
0. 1C0.2C0.3CO.COO.~CC.600.700.SDO.
coco.
3000. 3COD.
2000. 2COO.
lOCO. 1000.
0 "o. 100 • .;co • .Joo. •oo. ~oo. c.oo. ;oo. sao. o. m.
2000.
1000.
-1000.
-zcoo.
0. 100. %00. 300. COD. ~DO. 500. 1110. liDO.
' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ', ',,
----------------------
2000.
1000.
-•coo.
-zooo.
o. U:lD • .occ. Joe. •oo. !leo. 600. 1oc. sec. m.
(a)
(b)
(c)
Figura 4-11 Variograma modelado omnidirecional do Compartimento Jacarei-S. J. dos Campos. (a) STD; (b) condutividade e (c)variograma cruzado de STD e condutividade.
50
VI ......
7455.0
7445. Alto do Rio Putins
7435.0 Falha de Sao Jose 250
225
200
7 ... L;:J.UU 175
150
125
100
50
- ::::J 0.02.04.06.08.0 km 25
7 "1'Vi.J.VV I:::::,L_ --------,-------------- -----,----------------.-------J 375.00 385.00 395.00 405.00 415.00 425.00
Figura 4-12 Mapa de STD cokrigado como auxilio da variavel secundaria condutividade, no comp. S. J. dos Campos.
4.2.2. Caracteriza~ao hidroquimica do Compartimento QuiririmTaubate e dos Altos Ca~apava e Pindamonhangaba
Neste setor a Bacia de Taubate foram utilizados 28 po~os, 9 sao referentes aos
dados do DAEE e SABESP e 19 sao po~os coletados para o trabalho (Figura 4-13).
Esta regiao apresenta dois pacotes litol6gicos bern discriminados: sedimentos
fluviais presentes na borda oeste e sul e sedimentos lacustres presentes no centro e na
borda leste.
A maior concentra~ao de po~os esta localizada na regiao do Alto de C~apava,
contrastando com a menor distnbui~ao no Compartimento Quiririm-Taubate e no Alto
de Pindamonhangaba.
7465.00 Compartimento Tau Localiza~o dos p OS •
7460.00 poyos cole Clos + e pocos a bibliografia
7455.00 + • ~+ +
7450.00
• 7445.00 v N
~· /1 7440.00
I I
7435.00 L__l 2.5km
425.00 430.00 435.00 440.00 445.00 450.00 455.00
Figura 4-13 Mapa com a localizayao dos poyos do compartimento Quiririm-Taubate e altos de Cayapava e Pindamonhangaba.
52
Vl \,;.)
7465.00
7460.00
7455.00
7450.00
7445.001
7440.001
+
• +
+
I • A. AA / eTipo I
1 ... / • Tipo II A
I IIITipo Ill
+Tipo IV
--~-----~-r-··-·--··----~~-r---------~-·--t-··---·-··-·-r·-~-~---~-~--- ~.,-~--~
425.00 430.00 435.00 440.00 445.00
Figura 4-14 Distribui~iio dos po9os coletados com os tipos hidroqulmicos, no cotnpartirnento Quiririm-Taubate.
Os tipos I e II situam-se nos limites deste setor da bacia, localizado-se na zona de
transiyao entre os sedimentos fluviais e lacustres, enquanto que os tipos ill e IV estao
localizados mais ao centro, inseridos nos sedimentos lacustres da Forrnayao Tremembe
(Compartimento Quiririm-Taubate), claramente definidos pela descriyao geologica dos
poyos atraves do predominio de argilitos e folhelhos (figura 4-14).
4.2.2.1.Distribuifiio dos ions
A heterogeneidade deste compartimento, gerada pelas distintas litologias, e
observada pelas diferenyas ionicas entre as aguas do tipo II e IV. 0 s6dio, bicarbonato e
SID apresentam as maiores concentra9oes localizados nos po9os relacionados aos
sedimentos lacustres, enquanto que as concentra9oes de ca!cio e silica possuem as
maiores concentrayoes nos po9os do tipo II.
Altos valores de s6dio coincidem com os po9os do tipo IV. Ja as altas
concentra9oes de ca!cio refletem os po9os do tipo II. 0 mapa de silica (figura 4-15)
tambem contrasta as areas sob influencia dos reservat6rios fluviais (altos valores) com os
lacustres (baixos valores ).
Com base na baixa razao Na/CJ, a regiiio em contato com o embasamento
cristalino (figura 4-15) destaca-se como a principal area de recarga. Ja a razao Na!Ca,
nos po9os de aguas quentes, atinge a razao de 60, contrastando com o Alto de Ca9apava
que apresenta menores valores, entre 0,28 e I .
4.2.2.2.Amilise Geoestatistica
0 variograrna experimental da variavel SID mostrou urna forte deriva linear
(figura 4-16). Ate o passo (lag) de 3000m as rela9oes entre os pares de pontos
correspondem aos po9os do mesmo tipo hidroquimico, a partir deste comprimento
come9a a haver a intera9ao entre os po9os dos dois grupos, que apresentam salinidades
bern diferentes, com isso a variancia passa a ser maior.
0 diagrarna da figura 4-17 aponta as diferen9as de salinidades presente na regiiio
de Ca9apava em rela9ao a Taubate.
54
7465.
Na 7460.
7455.
,_ro
140
7445.~ 1211120
100 I
7440.00j so f
li 7435.00j Blflr
430.00 435.00 440.00 445.00 450.00 455.00 425.00 430.00 44~445.00 45iioo 45S.OO 435.00
Vl 7465. Vl
7465.0
rNa/rCI I
7460. 7460.00
7455.0,
7450. 7450.00
7445. 7445.0,
15 7440.00
10
7435. 7435.0,
425.00 430.00 435.00 440.00 445.00 450.00 455.00 425.00 430.00 43S.OO 440.00 445.00 450.00 455.00
Figura 4-15 Distribuic;ao de alguns ions selecionados no Compartimento Quiririm-Taubate
O. taaa.=aaa.lDDD.4DDD.!DDD.!DDD.1DDD.JDDD.!DOD. • •
1aaaaa.
'saaa.
!DODD.
1SDDD.
Figura 4-16 Variograma experimental de STD no Compartimento Quiririm-Taubate e Altos de
Ca~pava e Pindamonhangaba.
0 reconhecimento da estrutura de deriva foi realizado utilizando-se o programa
ISATIS. 0 mapa krigado com deriva esta ilustrado na figura 4-18 e apresenta uma
regiao de elevada salinidade, como era esperado, representada pelas aguas dos tipos III e
IV. As aguas da regiao de Ca~apava apresentam salinidades entre 200 e 300 mg/1, e na
borda sui, em contato com o cristalino, apresentam baixas concentra~oes.
Destaca-se no mapa a transi~ao abrupta entre as aguas pouco salinas da borda
para as aguas mais salinas do interior do compartimento. Esta transi~ao tambem ocorre
quando se analisa o mapa estrutural da bacia (figura 2-5), com drastico aumento da
pro:fundidade em dire~ao ao interior do compartimento. Outra compara~ao e com o
56
mapa geologico, nas bordas com predominio de sedimentos :fluviais e no centro com
sedimentos lacustres. As descri~es geol6gicas dos po~os mostram uma abrupta
transi~ao litol6gica em dire~ao ao centro do compartimento.
A figura 4-17 apresenta urn diagrama de STD em rela~ao ao eixo x rotacionado
do mapa. Os valores de salinidade abaixo de 400mg/l referem-se aos po~os situados
pr6ximos a borda e na regiao de Ca~apava. Atraves desta figura pode-se observar a
transi~ao abrupta em dire~ao aos po~os de maior salinidade, sem a presen~a de po~os
com salinidade entre 400 e 600mg/1.
900 7<165
• • • 600 7455
Q 1-(/)
• • 300 ._.. 7445
• 0 • 7435
0 5 10 15 20 km .... oo .... 00
x·
Figura 4-17 Diagrama de STD vs. X'.
57
Vl 00
7400.UUi
7460
7455
7450
7445
7440
7435 0.00 5.00 10.00 15.00 20.00 km
440.00 445.00
Figura 4-18 Mapa de STD krigado no Compartimento Quiririm-Taubate.
4.2.3. Compartimento Aparecida-Lorena e Alto de Pindamonhangaba.
0 mapa do compartimento, com a distribuiyao dos po.-;os, encontra-se na figura
4- I 9. Para a confec~iio do mapa, 23 amostras foram coletadas neste traba1ho e 17 foram
selecionados dos arquivos da SABESP e DAEE.
Novamente os dois grupos litolOgicos estao presentes, os sedimentos lacustres
ocupando predominantemente o Alto de Pindamonhangaba e os sedimentos fluviais
dispostos nas bordas e a nordeste, no Compartimento Aparecida-Lorena.
Do ponto de vista hidroqufmico, este setor da bacia e o mais heterogeneo, com a
presen~a dos quatro tipos hidroquimicos. Apenas o po~o situado a oeste do setor, Alto
de Pindamonhangaba, caracterizado como do tipo IV, esta inserido nos sedimentos
lacustres. 0 restante dos dados correspondem ao dominio dos sedimentos fluviais,
presentes nas bordas e a nordeste do compartimento (figura 4-20).
F'agura 4-19 Mapa com a distribui¢o dos poyos catalogados, no Compartimento Aparecida-Lorena. Os poyos referentes ao DAEE foram utilizados somente na amilise geoestatistica.
59
7500.0
7490.0
0\ 7480.00l 0
I 7460.00
I
~
+ /
~ /
--- ~
•
....
A • A •
/--~ e Tipo I
A Tipo II
Tipo Ill
+ tipo IV
~-~~~~-
AA
•
445.00 455.00 465.00 475.00 485.00 495.00
Figura 4-20 Distribui~o dos poc.;:os coletados representados pelos tipos hidroquimicos, no Compartimento Aparecida-Lorena
~~-~-
505.00
Diferentemente do Compartimento Jacarei-Sao Jose dos Campos, os poyos
localizados neste compartimento, no dominio dos sedimentos fluviais, sao mais
heterogeneos. Os perfis litol6gicos destes poyos apresentam uma maior porcentagem de
niveis argilosos, principalmente na base do poyos localizados no centro do
compartimento, sugerindo que os sedimentos lacustres, situados estatigraficamente na
poryiio basal da bacia, estiio a profundidades mais rasas.
4.2.3.J.Distribuiriio dos ions
As maiores salinidades estiio presentes na regiiio do Alto de Pindamonhangaba e,
gradativamente, diminuem em direyiio nordeste. 0 mapa de bicarbonato destaca as areas
que apresentam as maiores salinidades, correspondentes aos poyos do tipo III e IV
(figura 4-21). 0 mapa de silica destaca tambem as areas relacionadas aos dois ambientes
sedimentares, os baixos valores referem-se aos reservat6rios lacustres e os altos valores
aos reservat6rios fluviais, situados principalmente nas bordas do compartimento .
As areas de recarga aparecem nas bordas do compartimento, e sao destacadas
pelos baixos valores da raziio Na!Cl. A borda norte do compartimento deve constituir
uma outra area de recarga, mas por insuficiencia de dados, esta area niio estao ilustrada
no mapa.
0 mapa de ca!cio identifica uma regiiio anomala, de alta concentrayiio deste
elemento, relacionada aos poyos da cidade de Roseira. Esta area e tambem identificada
pelo alto teor de alcalinos terrosos, caracteristicos dos poyos do tipo II. A descriyiio
litol6gica destes poyos difere dos demais sedimentos fluviais, pelo maior nUn1ero de
interca!ayoes argilosas.
4.2.3.2.Amilise Geoestatistica
No variograrna experimental da variavel STD foi observado uma IDlllor
continuidade, se comparado com o Compartimento Jacarei-Sao Jose dos Campos. Esta
continuidade e marcada pelo crescente aumento de STD em direyiio aos poyos do tipo
III, estes poyos apresentam influencia dos sedimentos lacustres em seu perfil. 0 efeito
61
0\ tv
7490.
7480.
7470.
7480.
7500.
7460.
460.00
rNa/rCI
450.00 460.00 470.00 480.00
490.00
490.00 500.00
" 40
"
" 24
20
" 12
7500.00 HC03
7490.0
7470.0
7460.00
450.00 470.00 480.00
7500.00
Si02
7490.00
7480.00
7470.00
7460.00
450.00 460.00 470.00 480.00
Figura 4-21 Distribui<;So de alguns ions selecionados no compartimento Lorena
400.00 500.00
250
200
150
100
50
490.00 500.00
55
50
45
40
35
30
25
20
15
buraco ta.mbem e identificado neste- variogra.ma, a ocorrencia deste efeito se deve,
provavelmente, a influencia da topogra:fia nos- aqiiiferos livres. Neste compartimento 0
efeito da topografia e mais- destacado pela coincidencia das porgoes menos profundas
dos sedimentos lacustres estarem situadas nas cotas mais baixas (figura 4-22).
I IDOl.
Figura 4-22 Variograma experimental para o Compartimento Aparecida-Lorena.
Durante a variografia, a intera~ao entre urn par de pontos mostrou uma alta
variancia, distinta de todos OS outros pares. Este par anomalo foi descartado na
confec~ao do variograma experimental. A valida~ao cruzada tambem identificou
problemas na estimativa destes dois po~os (figura 4-23).
Analisando o mapa estrutural, observa-se que estes dois po~os estao localizados
pr6ximos a borda, e separados pela Falha Rib. da Serra (figura 4-24). 0 po~o, situado
junto a borda da bacia (d50) apresenta baixa salinidade, enquanto 0 po~o mais distal (d9)
apresenta uma maior salinidade, compativel com a encontrada nos po~os do tipo IV.
0 mapa krigado de STD mostra claramente a alta salinidade na regiao sudoeste
do compartimento (figura 4-25). A partir de Aparecida, as salinidades variam entre 100 e
250mg/l. Nesta regiao, apenas na cidade de Lorena, localizam-se dois po~os (LOS e
L06), do tipo III, com altas salinidades.
63
+ / - + - 7500
... ++ +
++ 7490 +
+++ t
1- + +++ -+ 7480 + + ++
+ +
- • • 7470 + ++
+ I I f I ' I
450 460 470 480 490 500 km
Figura 4-23 Valida9ao cruzada para o~ dados do Compartimento Lorena. Os pontos em circulo representam os JXJ90S que estao com grande diferen~ entre o valor estimado e o real.
F. Rib. do Serra
F: Rib. dos Buenos
Alto de Pindamonhangaba
Figura 4-24 Localiza~o dos p~s que apresentaram valores dispares (d50 e d9). Os dois p~os estao proximos e separados pela Falha Rib. da Serra
0\ Vl
7500.
7490.
445.00
0.0 5.0 10.0 15.0 20.0km
475.00 505.00
Figura 4-25 Mapa de STD no Compartimento Aparecida-Lorena .
4.3. Mapa de sa/in/dade
Urn mapa de salinidade, representativo para toda a bacia, foi efetuado ap6s ter
sido efetuado a avalia9iio da distribui9iio dos principais elementos nos compartimentos
estruturais, cujas diferen9as podem ser melhor observadas na compara9iio dos
variograrnas experimentais de cada compartimento (figura 4-26).
A distribui9iio das salinidades nos compartimentos, sem a jun9iio, esta ilustrada
na figura 4-27. Para a confec9iio de urn mapa geral iinico de STD, preservando o modelo
variografico de cada compartimento, foi estabelecida urna malha Unica cobrindo toda a
bacia, sendo os valores recalculados nesta nova malha para os tres compartimentos.
0 mapa final resultante da uniiio dos tres compartimentos esta ilustrado na figura
4-28. Como observado nas descri9iies anteriores dos compartimentos, nota-se, no mapa
geral, a estreita liga9iio entre a salinidade das aguas com a litologia da bacia, claramente
observada no mapa da figura 2-3. A area central, caracterizado por aguas de alta
salinidade, corresponde aos areas afloramentos dos sedimentos lacustres da Forrna.yiio
Tremembe.
De forma geral, as grandes estruturas mapeadas correspondem as identificadas
pelo mapa de resfduo seco do DAEE (1977) (figura 2-9). No mapa do DAEE os valores
de alta e baixa concentra.yiio correspondem ao encontrado neste trabalho, a principal
diferen.ya esta no tra.yado das curvas do mapa feito pelo DAEE, que apresentam urn
contomo exagerado das linbas acompanhando a topogralia, ressaltando a influencia do
comportamento livre do aqiiifero na distribui9iio hidroquimica das aguas.
Devida a alta correla.yiio da salinidade com os tipos hidroquimicos (figura 4-2),
foi possfvel estabelecer a distribui.yiio dos tipos hidroquimicos utilizando-se as salinidades
estimadas (figura 4-29).
Esta opera.yiio produziu urn mapa de distribui.yiio dos tipos hidroquimicos que
introduziu urna regiiio ocupada por aguas do tipo IV, no compartimento Lorena. Aguas
do tipo IV nao foram detectados na amostragem de campo realizado no presente
trabalho.
66
lDDO.
•-o.
o.
1DDIIIID.
'73111111.
soaoa.
Z:IIDD.
•• ...... ......
&DDD.
• 4.
UIIIO. :.1111111. .lliiiO. 68110. ~0110• 68110. m..
f I f I
1111111110.
7:111111.
aaaa11.
1:11011.
. .... , .... , ......... , ......... .,.. ....... '~··, ... . • •••••
~------------------------------------.... ---j······ ••••••
...... ...... •••••• .. .... , ..... ......
(a)
(b)
(c)
Figura 4-26 Variogramas experimentais referentes a cada ccmpartimento, (a) S.J.C.; (b) Taubate: (c) l.aena.
67
7"TvV.VV
7470.001 n1200
1100
1000
900
~ 7450.0~ ~ 800
700
600
500
7430.0~ /~ 400
300
200
.. =:J -100
7410.0~-0.00 10.00 20.00 30.00 40.00
-·----· -----------y-------·· .. ----·------.----···-·.,.......--
380.00 400.00 420.00 440.00 460.00 480.00 500.00
Figura 4-28 Mapa de STD com a uniao dos tres compartimentos.
-..1 0
7"1-~U.UU
7470.00
7450.00
7430.00
7410.
t~~~------- , .. ---··--
380.00
1200~1 • TipoiV
1551~1 Tipo Ill
259~1
Tipo II
175~1
Tipol -Omg/1 0.00 --· :=:::=::J
10.00 20.00 30.00 40.00
-····-·-r· --· ---~~------······-··- -- ---.-~----·-··-·
420.00 440.00 -·-~~~~-~ ··~--~---~··---~~-~
460.00 480.00 ~- _, __ ·-r-·--- ---·-···
400.00 ------,-- --
500.00
Figura 4-29 Distribui~o dos tipos hidroquimicos na bacia de Taubate
5. lntera~ao rocha - fluido
Como descrito no capitulo anterior, a Bacia de Taubate apresenta uma
heterogeneidade hidroquimica controlada principalmente pela diferencia~iio litol6gica
existente. Os ions maiores apresentam uma re~iio diferenciada entre os
compartimentos. Este capitulo tern como objetivo tecer algumas considera~oes sobre a
inter~o rocha-fluido nos compartimentos e discutir a evol~iio hidroquimica para a
bacia.
5.1. Descrit;iio litol6gica
5.1.1. Descri~iio dos arenitos em superficie
Urn estudo detalhado sobre a diagenese superficial dos arenites da bacia de
Taubate foi realizado por Goenopawiro (1997), que enfatizou o carater mon6tono da
mineralogia dos arenites em toda a bacia. Em suas descri~oes, os principais constituintes
detriticos do arcabou~o dos arenites siio quartzo e feldspatos, enquanto que os
fragmentos liticos, muscovita, biotita e minerais opacos ocorrem subordinadamente. A
figura 5-1 ilustra a composi~o dos arenites nas Fonna~oes Resende e Tremembe.
As porcentagens dos minerais, quartzo e feldspatos, para as fonna~oes Resende e
Tremembe, estao reportadas na tabela 5-1 .
Quartzo Feldspatos
Form. Resende media 57% (38-76%) media 68% (54-83%)
Form. Tremembe media 41% (22-60%) media 30% (15-44%)
Tabela 5-l Teores medios de quartzo e feldspato nas Forma~ Resende e Tremembe (Geonopawiro, 1997)
Em todas as Fo~oes observadas, o feldspato alcalino e predominante (80%),
sendo o ortoclasio o mineral mais abundante. 0 plagioclasio chega apresentar uma
porcentagem de 10% nos arenites de granula~iio media-grossa. Os fragmentos liticos siio
raros, perfuzendo em media I% da rocha.
71
Q+S
FL
Q+S
F FL Figura 5: f- Diagrama triangular de acordo com a classlfica~ao de McBnae (1963) mostrando a c/asslfica~ao dos arenito da Bacia de Taubate. a = Formac;ao Resende e b = Formac;ao Tremembe. (Segundo Goenopawiro, 1997) . . Q+S = Quartzo+Silex, F = Feldspato, FL = Fragmento Lltico.
72
A matriz corresponde a 20% da rocha na maioria dos arenitos. Desta, I 0% sao
referentes as argilas de infiltrayao mecamca A constituiyaO mineral6gica da matriz e
formada predominantemente por caolinita e secundariamente por esmectitas e ilitas.
Goenopawiro (1997) observa que nas frayoes mais finas dos arenitos, onde o
fluxo ja nao e tao intenso e as aguas ja se apresentam menos diluidas, a esmectita
predomina como o principal argilo mineral. Este equihbrio com as esmectitas pode ser
reportado para os horizontes arenosos mais profundos, onde foram identi:ficadas argilas
do grupo das esmectitas (Riccomini, 1989; Suguio,. 1969)
A figura 5-2 mostra uma lamina delgada de um arenito da Formayao Resende,
com a maioria do graos detriticos formados por quartzo e feldspato alcalino. 0
arcabouyo e aberto, com a presenya de argila infiltrada rodeando os graos.
Figura 5-2 Microfotografia de urn arenito de superficie referente a Forma~o Resende.
5.1.2. Descri~ao dos arenitos em subsuperficie
Em subsuperficie, o conhecimento sobre a litologia e muito escasso. Este estudo
baseou-se principalmente nas descriyoes geol6gicas dos poyos e em algumas descriyoes
de testemunhos, localizados no compartimento Quiririm-Taubate.
As descriyoes de afloramentos dos sedimentos fluviais correspondem, em grande
parte, as heterogeneidades encontradas nas descriyoes dos poyOS. A principal diferenya
73
com relayiio aos pacotes arenosos, descritos em superficie, e a presenya, na maioria dos
poyos, de cimentayiio carbonatica. Goenopawiro (1997) infere, atraves das amostras em
superficie, que os sedimentos desprovidos de argilas furam, em parte, cimentados por
calcita, que e sugerido pelo arcabou9o frouxo e pela ausencia de sobrecrescimentos de
quartzo e feldspato.
5.1.3. Descri9iio dos sedimentos lacnstres
Em relas:ao as areas com predominfulcia de sedimentos Iacustres, as descris:oes
geol6gicas dos pos:os sao poucas e pouco detalhadas. Autores, como Suguio (1969) e
Riccomini (1989), descrevem, de forma mais apurada, as vlirias fuciologias encontradas
na Formayiio Tremembe.
Suguio (1969) realizou dois perfis de correlayiio estratigrirlica ao sui de
Tremembe. Os pos:os, com profundidades aproximadas de apenas 60m, mostram a
pequena espessura, de escala metrica, das carnadas arenosas, posteriormente mapeadas
por Riccomini (1989) como Formayao Pindamonhangaba. Outro destaque e o grande
nfunero de intercalayoes dos folhelhos pirobeturninosos proximo a superficie, nesta
regiao.
Os do is auto res acirna citados descreveram a sondagem n°42 do CNP, localizado
entre Taubate e Pindamonhangaba, com 200m de testemunho que atravessou a
Forrnayao Tremembe. As duas descris:oes mostram o predominio dos folhelhos e de
espessos pacotes de Iamitos, com niveis de argilitos e siltitos e a presen9a de alguns
niveis de areia grossa. Alem disso, observam-se niveis dolomiticos e de calcretes
calciticos (caliche) .
As argilas destes sedimentos diferem das argilas das forrnayoes fluviais pela
predominfulcia do grupo das esmectitas, com cloritas e illitas associados (Riccomini,
1989).
Infelizmente, ha urna carencia de dados sobre a composis:ao lito 16gica em
profundidade, para que se possa detalhar melhor a evoluyiio das aguas em subsuperficie.
74
5.1.4. Processos Diageneticos
Segundo Goenopawiro (1997), os processos diageneticos encontrados nos
arenitos em superficie correspondem aquelas encontradas nas fases de eodiagenese e de
mesodiagenese.
A eodiagenese e referente aos processos de introduyao de argilas detriticas nos
espa9os intersticiais, por infiltr~ao mecanica, e disso1U'<ao da cimentayao carbonatica.
A mesodiagenese materializa-se atraves da dissoluyao ou da substituiyao parcial
ou total dos graos do arcabouyo. Tanto as substituiyoes quanto as dissoluyoes envolvem
5.2. Comportamento dos ions maiores
A rel~ao entre os ions maiores apresenta diferenyas entre os compartimentos.
Estas difere~as sao indicativas de diferentes processos diageneticos atuantes na
inter~ao rocha-fluido.
Como observado no capitulo anterior, estes compartimentos possuem
caracteristicas hidroquimicas distintas e a analise comparativa entre os ions maiores nos
cornpartimentos cornprova estas diferenyas, auxiliando na identificayao dos principais
processos diageneticos envolvidos.
0 prirneiro passo para a analise da relayao entre os ions maiores foi a confecyao
de curvas de frequencia acumulada, as quais sao uteis na investigayao das aguas em
diferentes aquiferos (Seather et. al., 1995). Estas curvas perrnitem cornparar a
composiyao quimica entre os compartimentos. A freqiiencia acumulada indica quantos
elementos, ou a porcentagem deles, estao abaixo de urn certo valor.
A configurayao da curva, em cada compartimento, e reflexo do tipo hidroquimico
predominante (figura 5-3). No Compartimento Sao Jose dos Campos, as aguas
apresentam curvas de s6dio, bicarbonato, SID e pH bern distintas das demais, mostran-
75
100
10
50 100
K CL
100 100
10
10 20
pH
tOO 100
A 10 10
' A
• lilA+
lilA+ A • •
Figura 5-3 Curva de frequencia acumulada dos ions maiores para os tres compartimentos. Os pontos em azul correspondem ao compartimento S.J.C., o compartimento Taubate esta representado pelos quadrados em vermelho e os triangulos amarelos representam o compartimento Lorena
76
A Ill
150 200
30 40
do baixas concentra<;:iies destes elementos. Alem de destacarem os baixos valores em Sao
Jose dos Campos, as curvas de s6dio, bicarbonato e STD diferem grandemente das
aguas do tipo IV, indicadas pelas maiores concentra<;:iies destes elementos. Estas mesmas
curvas mostram grande semelban<;:a entre aquelas dos Compartimentos Quiririm-Taubate
e Aparecida-Lorena, principalmente para os dados acima de 10% das curvas.
As curvas representadas pelos ions silica, potassio e cloreto, sao semelbantes
entre os compartimentos. 0 Compartimento Jacaref-Siio Jose dos Campos apresenta,
para potassio e silica, uma maior concentra<;:iio em compara<;:iio com outros
compartimentos.
As curvas tra<;:adas para o ion calcio destacam as aguas do Compartimento
Quiririm-Taubate, que inclui o .Alto de Ca<;:apava, refletindo o predominio das aguas do
tipo II. As curvas de rnagnesio mostram-se semelbantes entre os compartimentos,
destacando tres pO((OS do Compartimento Aparecida-Lorena localizados na area anomala
de Roseira.
0 comportamento das aguas foi tambem investigado utilizando-se uma rnatriz de
correla<;:iio \mica (tabela 5-2), perrnitindo desta forma comparar os indices de correla<;:iio
entre as variaveis de cada compartimento.
IPH Na' K' Ca ..... Mg- HC03- cr Si02 STD IPH 1.00 Na 0,75 1,00
0,57 0,79
K' 0,54 0,69 I,OO -0,44 -0,04 -0,56 -0 77
c.- 0,62 0,79 0,78 1,00 0,01 -0,46 0,40 0,18 -0,27 -0,47
Mg- 0,41 0,82 0,72 0,80 1,00 -0,03 -0,31 0,42 0,72 0,00 -0 41 0,65 0,92
HCO;- 0,88 0,91 0,71 0,78 0,66 1,00 0,62 0,99 0,02 -0,33 -0,20 0,90 0,89 -0,56 0,18 O,Q2
cr 0,14 0,53 0,43 0,73 0,76 0,29 1,00 -0,08 -O,ll 0,58 0,70 0,65 -0,02 -0,63 -060 -0,43 0,01 0,00 0,60
Si02 0,67 0,73 0,50 0,45 0,57 0,70 0,24 1,00 -0,09 -0,56 0,30 0,85 0,43 -0,46 0,45 -0,78 -0,63 0,43 -0,12 -0,06 -0 74 -0,60
STD 0,81 0,96 0,76 0,87 0,81 0,96 0,52 0.77 1,00 0,64 0,97 O,Q7 -0,23 -0,14 0,99 O,Q7 -0,37 0,90 0,90 -0,56 0,17 0,01 1,00 0,62 -0,72
Tabela 5-2 Tabela de coeficientes de correlayao entre os principais ions. 0 valor superior de cada celula corresponde ao Compartimento Jacarei-Sao Jose dos Campos. 0 valor central corresponde ao Compartimento Quiririm-Taubate eo valor inferior ao Cornpartimento Aparecida-Lorena.
77
As correlay5es, referentes ao cornpartimento Jacarei-Sao Jose dos Campos,
mostram boas relay5es de dependencia de STD com a maioria dos ions maiores, s6dio,
calcio, potassio, magnesio, silica e bicarbonato, com indices de correlayao acima de 0,7.
Os ions s6dio, c:ilcio e bicarbonato apresentam boas correlay5es entre si. Entre todos os
ions sao observadas correla9oes positivas.
No compartimento Quiririm-Taubate, apenas o s6dio e bicarbonato apresentam
boas correlay5es com STD (coeficientes de correlayao de 0,97 e 0,99 respectivamente).
0 restante dos ions mostram baixas correlay5es com STD. 0 calcio, neste
compartimento, passa a ter urn coeficiente de correlayao de -0,23 com STD.
Os resultados do Compartimento Aparecida-Lorena, com as altas correlay5es de
salinidade somente para os ions s6dio e bicarbonato e correla96es baixas ou negativas
para os ions restantes, sao semelhantes ao encontrado no Compartimento Quiririm
Taubate. Os ions potassio e silica apresentam pronunciadas correlay5es negativas com
STD. Os ions c:ilcio e magnesio indicam urn comportamento independente da salinidade
e entre esses dois cations a correlayao e de r = 0,92. A correla9ao entre calcio e s6dio e
negativa.
De maneira geral pode-se generalizar o comportamento de alguns ions que, de
certa forma, apresentaram as mesmas relay5es entre os compartimentos.
- Na, HC03 e STD
Conforrne observado em todos os compartimentos, as correlay5es entre s6dio,
bicarbonato e STD sao extremamente altas entre si, sendo o s6dio e bicarbonato os
principals ions responsaveis pela salinidade das aguas. Para exemplificar pode-se
observar a alta correlayao de s6dio com STD (figura 5-4).
78
1000
100 • :::: SJC C)
gTaubate E 10 cu &Lorena ;z
1 • 0,1
10 100 1000
STD mg/1
Figura 5-4 Relayao entre STD e s6dio conforme os compartimentos.
- Ca e Mg
0 calcio e magnesio apresentam urn comportamento semelhante entre os
compartimentos. 0 calcio, segundo cation em importancia para as aguas da bacia,
apresenta urn comportamento diferenciado em compara9ao ao s6dio e bicarbonato, a
semelhan9a entre estes ions s6 esta presente para as aguas com baixas concentra9oes,
com o aurnento da salinidade as concentra9oes passam a decrescer em rela9ao ao s6dio e
bicarbonato. Este comportamento ocorre com rela9ao a todos os alcalinos terrosos,
magnesio, bario e estroncio.
0 comportamento do calcio assemelha-se ao dos po9os do aquifero Botucatu,
descritos por Silva (1983), que relaciona a concentra9ao de calcio com a salinidade, pH e
temperatura. A figura 5-5 mostra a rela9ao de calcio com STD e pH na Bacia de
Taubate. A quebra no crescimento da concentra9ao de Ca com pH e STD e semelhante a encontrada por Silva (1983). Para urna concentrayao acima de 200 mg/1 e pH acima de 8,
o Ca passa a decrescer. 0 comportamento com a temperatura e similar .
79
1000 ' 9
#& • • • 8,5
Ill •• Ill ill
I ., I
Ill i 7,5
~· ,
c 100 '-Ill ~~~iMP II> 7 f ,_ .. "' lie) 0 • ..J 5.5
II
II f>ll>
5.5
10 0.1 10 100
LQ9Ca{mg/l)
Figura 5-5 Diagrama mostrando a concentras;ao de calcio em relas;ao a pH e STD, para todas as amostras da Bacia de Taubate.
Analisando o calcio pelos compartimentos regionais (figura 5-6), observa-se a
rela9ao linear no Compartimento Jacarei-Sao Jose dos Campos. Por outro lado, o
Compartimento Quiririm-Taubate, com exce9ao dos do is po9os de baixa salinidade (tipo
I), apresenta uma correla9ao negativa, o mesmo acontecendo para o compartimento
Lorena, indicando com isso a reten9ao destes elementos como aumento da salinidade.
"' 0
100
10
0,1 10,00 100,00
STOmgll
1000,00
!.sJc ·1 I• T aubate
\.t. Lorena I
Figura 5-6 Relas;ao entre calcio e STD para os compartimentos da bacia
- K e Si02
Os ions potassio e silica apresentam uma rela9ao distinta destacada
principalmente no compartimento Lorena pelas correla9oes negativas com STD. A figura
5-7 apresenta a rela9ao entre potassic e STD.
80
7
• 6
IIIII '!. SJC I
11111 Taubate
I lorena
::. IIIII IIIII
IIIII
2 •
t
• 0~---+----~---+----~-----+---+-----+--~--~
0,00 100,00 200,00 300,00 400,00 500,00 600,00 700,00 800.00 900,00
STDmg/1
Figura S;. 7 Relaryao entre potassio e STD conforme os tres compartimentos
As aguas do Compartimento Jacarei-Sao Jose dos Campos, de maneira geral,
apresentam urn crescimento do potassio e silica como aumento da salinidade (STD), e
contem os maiores indices de satura~ao destes ions na bacia. Apesar deste acnSscimo
com rela~ao a salinidade, estes ions apresentam urna menor taxa de crescimento em
rela~ao ao s6dio, indicado pela razao i6nica de KINa, Si02/Na.
5.3. Parametros termodinamicos
Para auxiliar no conhecimento do comportamento quimico destas aguas, foram
utilizados criterios de equilibrio termodinfunico, como diagramas de atividades e indices
de satura~ao.
5-.3.1. Diagramas de atividade
Para investigar a fase mineralogica em equihbrio com as aguas produzidas nos
po~os amostrados, foram construidos diagramas de atividade. Estes foram construidos a
partir das rea~oes possiveis que envolvern as fases minerais presentes nos sedimentos. A
base de dados termodinfunicos, usado na constru~ao dos diagramas, foi retirada do
prograrna PTA (calculados a 1 atm e 25°C).
81
0 sistema Na20- Ah03 - Si02 - H20 (figura 5-8) mostra que as fases estaveis,
em equihbrio termodiruimico com os sedimentos da bacia, sao a caolinita e a Na
esmectita. A diferenc;:a com relac;:ao aos argilo minerais descritos em superficie, esta no
predominio das esmectitas. Apenas as amostras de baixa salinidade, geralmente
relacionadas ao Compartimento Jacarei-Sao Jose dos Campos estao em equihbrio com a
caolinita.
0 sistema Ca02 - AhOJ - Si02 - H20 mostra o predominio de Ca-esmectita para
a maioria das aguas. Apenas algumas amostras estao no campo das caolinitas (figura 5-
8).
A cimentac;:ao cao linitica reflete, em grande parte, a baixa concentrac;:ao salina das
aguas coletadas (Tardy, 1971; Dutta, 1993), que e produto da elevada taxa
pluviometrica da regiao e liiiili elevada capacidade de fluxo dessas areias. Estas aguas
diluidas estao relacionadas com as aguas de recarga do compartimento Sao Jose dos
Campos, que apresentam as menores salinidades de toda a bacia.
A titulo de comparat;:iio, o aqiiifero Botucatu apresenta a composit;:iio ionica em
equihbrio com a caolinita em sua port;:iio livre e, em direc;:ao as regioes confinadas, as
aguas encontram-se em equihbrio com as argilas esmectitas (Sineli, 1979; Silva, 1983).
A composit;:iio quimica das aguas da bacia de Taubate apresenta-se, em sua
maioria, em equillbrio com as argilas esmectfticas, provavelmente rno tanto relacionadas
ao confinamento de suas aguas, mas a maior participat;:ao das argilas nestes sedimentos,
que gradam para os sedimentos lacustres, onde predominam esmectitas.
Convem salientar que as estimativas realizadas estao superestimando as
atividades do calcio e do s6dio, uma vez que nos dois diagrarnas apresentados niio ha urn
fracionamento dos cations equivalente a participac;:ao de cada urn na constituic;:ao das
argilas em profundidade.
82
20
Ca-Montmorilonita
15 + I --.. + (a) + 10 Caolinita
() '--'
0 5 _g 0
-6 -5 -4 -3 -2
Log a(SI02)
15
13
11 Alb ita
+ 9 I - 7 + <(
{b) z 5 ........., 0 Gibsita 0) 3 0
.....! 1
-t Caolinita -3
-5 -6 -5 -4 -3 -2
Log a(SI02)
• - Lorena; • - s. J. dos Campos; • - Taubate
Figura 5-8 Diagrama de estabilidade- Sistema CaO.Al20J.SiOz.H20 (a) e Sistema NazO. Al203.Si02.Hz0 (b), a 25C elatm.
83
5.3.2. Indice de Satura~ao
0 indice de saturac;ao (ISat) e outro parametro termodinfunico que calcula a
condic;ao de equilibria da agua para a fase mineral escolhida. Este parametro foi
determinado pelo programa Solmin88 para todas as fases minerais disponiveis em seu
banco de dados.
Os indices calculados indicam condic;oes de supersaturac;ao em relac;ao ao grupo
da silica, na forma de quartzo e silica amorfa (calcedonia), e ao grupo dos carbonatos,
com relac;ao a calcita e a do lomita.
Os argilominerais apresentaram baixos indices de saturac;ao devido a nao
detecc;ao do aluminio nas analises. Simulando a adic;ao de concentrac;oes minimas de
aluminio no programa, as aguas se tornam supersaturadas nas fases minerais da caolinita
e esmectita. Isto indica que as condic;oes sao ideais para a presenc;a destas fases.
A apatita ocorre supersaturada nas amostras em que foi detectado o f6sforo, o
que nao significa que cineticamente esta fase seja favorecida.
0 comportamento do indice de saturac;ao do quartzo, por compartimento, em
relac;ao a forc;a ionica, pode ser visualizado na figura 5-9.
0 compartimento Sao Jose dos Campos apresenta urn aumento do indice de
saturac;ao em relac;ao a salinidade. Ja as aguas do compartimento Taubate, e
principalmente do compartimento Lorena, apresentam a diminuic;ao do indice em relac;ao
ao aumento da salinidade.
1,2 T
I ,:.$ • 1 l 4 4 ••
I 4l!t * * ! ,.. •• i.. 4111 o.a T • 4111 • •
CJ ~·· 1114 4 4 1$ 4.A 44 i o.s r • ..
IIIII
1111
04 i• , I 1111 1111
Ill
0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01
l(moi/L)
Figura 5-9 ISat do quartzo nos tres compartimentos com relac,:ao a forc,:a ionica.
84
0 comportamento do indice de saturac;ao de calcita e dolomita, em relac;ao a Forc;a Ionica (figura 5-10), indica que a calcita, na maior parte das amostras, e mais
saturada em relac;ao a dolomita. 0 inverso s6 acontece para as aguas do tipo III e IV, a
maior satura9ao com relac;ao a dolomita se deve a maior concentrac;ao de Mg nas aguas
quentes. De maneira geral, observa-se que as aguas apresentam urn aumento logaritimo
no indice de saturac;ao dos dois minerais com o aumento da salinidade ou for9a ionica.
2
••••
I
0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01
l(mol/1)
Figura 5-10 Correla~Yao entre o indice de satura¥ao da calcita e dolomita com a for<;a i6nica.
0 indice de satura9ao da calcita em rela<;ao a forc;a ionica, para os
compartimentos, esta presente na figura 5-11.
A A A 0 .~Ill* A Ill 111 Ill
Ill <ill
-1 .... Ill .A • -2 ••
IIIA<f
-3 ·~A ~
-7 ~· ~------;-~--~ 0 0,002 0,004 O,OC6 0,008 0,01
l{moiiL)
Figura 5-11 fndice de saturac;:ao da calcita em relayao a for9a ionica das amostras nos tres compartimentos.
85
Com rela~tao aos po~tos instalados nos arenitos do Compartimento Sao Jose dos
Campos, nota-se que todas as amostras apresentam-se subsaturadas.
No Compartimento Taubate, com exce~tao das aguas do tipo I, a maiona
apresenta valores acima de -1, isto e, proximo a satura91io em rela~tao a calcita. 0 mesmo
acontece com o Compartimento Lorena, que apresenta os po9os do tipo I subsaturados,
sendo os outros tipos saturados.
Embora o iruiice de saturayao seja indicativo da presenr;a da fuse mineral
escolhida, este indice pode ser influenciado por outros fatores como velocidade de fluxo,
mistura de :iguas com diferentes caracteristicas e o aumento na concentrayao destes
elementos devido a outras reayoes quimicas que n1io estejam necessariamente
relacionadas a interar;ao com rochas carbonaticas (Freeze e Cherry, 1979).
5.4. Evolu~iio Hidroquimica das aguas
A evolur;ao hidroquimica das aguas subtemmeas e influenciada diretamente pela
litologia da rocha. Segundo Freeze e Cherry (1979), ao analisar a evolur;ao hidroquimica
das aguas em urn reservat6rio que apresente urna marcada heterogeneidade litol6gica,
deve-se primeiramente determinar a seqUencia litol6gica seguida pela agua em seu
trajeto, order of encounter. A diferenciar;ao litol6gica determinara diferentes
constituir;oes hidroquimicas da agua em seu percurso.
De acordo com os mapas de salinidade e da raziio Na/Cl, as direr;oes
preferenciais de fluxo direcionam-se das bordas em direr;ao ao centro da bacia, com as
areas de descarga localizadas nas cotas mais baixas junto ao Rio Paraiba. Esta
interpretayao e confirmada pelo mapa de nivel est:itico da figura 2-8.
Devido a direr;ao de fluxo ocorrer das bordas para o centro da bacia e a
existencia das heterogeneidades litol6gicas, constatadas no capitulo anterior, a evolur;ao
hidroquimica sera discutida para as tres regiOes delimitadas da figura 5-12.
86
Alto de Pindamonhangaba
Mode Ca<;apava
Sedimentos ffuviais
• Sedimentos lacustres
Figura 5-12 Areas da Bacia de Taubate com evolu~5es hidroquimicas distintas. 1 Sao Jose dos Campos; 2 Taubate; 3 Lorena.
0 processo de evolu~ao das aguas subterraneas come~a com o contato das aguas
da chuva no solo. A agua da chuva, apresentando um predominio de CI entre os anions e
Ca entre os cations (Moreira-Nodermam e Rebouc;as, 1986), ao entrar em contato com o
solo e atravessar a zona nao saturada, interage com o COz presente, muito mais
concentrado no solo, devido a atividade biogeruca, formando o acido carbOnico. Esse
processo dara a acidez encontrada nas aguas de recarga, conforme as equa~oes abaixo.
0 processo de evapotranspira~ao tambem in:fluencia no aumento da concentrac;ao
das aguas, durante o trajeto ate a zona saturada.
5.4.L Sao Jose dos Campos
Na area referente ao Compartimento Jacarei-Sao Jose dos Campos, a
compos~ao quimica das aguas e diretamente in:fluenciada pelas aguas de recarga,
caracterizadas por aguas do tipo I, baixo pH e salinidade.
87
S. J. dos Campos
D Tau bate
Lorena
Profundidade media dos po<;os
Sedimentos fluvio-aluviais
Sedimentos lacustres
Figura 5-13 Perffs esquem6ticos de tres dire<;6es distintas de evolu<;ao hidroqufmica.
88
No caso dos arenitos da regi1io de Sao Jose dos Campos, as intercalayoes de
argilas sao rnenos pronunciadas. Estas argilas, por nao terem continuidade, nao servem
como barreiras significativas para a separayiio de carnadas isoladas (Franco Filho e
Souza, 1994). Pode-se considerar que estas aguas, ate uma profundidade media de
200m, estao instaladas em urn pacote sedimentar homogeneo formado exclusivarnente
por sedimentos fluviais (figura 5-13). Isto pode ser comprovado pelo baixo pH,
normalmente proximo a 7, e pela baixa concentrayao salina. 0 aumento constante de
todos os ions maiores indica o baixo tempo de residencia dessas aguas e mostra o alto
grau de lixiviayao.
0 carater acido das aguas de recarga aumenta o processo de disso!uyao dos
silicatos. Concornitante com a dissoluyao de graos de feldspatos e micas e com a
alterayao das esmectitas, ocorre tambem a neoforrnayao destes minerais por caolinita nas
zonas de recarga, sendo a esmectita estavel nas aguas mais salinas (figura 5-8). Tais
processos liberam para o meio aquoso os principais ions rnaiores, os quais deterrninam a
qualidade quirnica das aguas, conforrne exemplificado nas equayoes abaixo.
Na-montmorillonita + 113W + 23/6H20 = Caolinita + l/3Na + 4/3Si(OH).
A cornposiyao quirnica das aguas confirrna a hip6tese deste aqiiifero estar
relacionado a reservat6rio forrnado por arenitos. Sua composiyao hidroquirnica e semelhante as constituiyoes hidroquirnicas dos arenitos "silicosos" (grao suportados sem
a presenya de cirnentayao carbonatica) descritos por Szikszay (1983) e tambem para os
descritos por Freeze and Cherry (1979).
As aguas do tipo I apresentam tambem elementos como Cu, Zn, Al e PO.,
relacionadas aos baixos valores de pH (Fenzl, 1986).
89
5.4.2. Taubate
A evo lu.yiio hidroquirnica da regiiio central da bacia, rererern-se as aguas descritas
no cornpartimento Quiririm-Taubate enos altos de Ca.yapava e Pindarnonhangaba, areas
que estiio relacionadas a Forrnayiio Trernernbe aflorante.
As aguas de recarga sao constituidas pelos tipos I e II, possuern urn
cornportarnento sernelbante ao descrito para as areas de recarga do Cornpartimento
Jacarei-Siio Jose dos Campos. As aguas do tipo II apresentarn-se rnais salinas ern rela<yiio
ao tipo I corn urna provavel interayiio corn rninerais carbonliticos, que contribuern para
urn aurnento nos teores de bicarbonato, ca!cio e pH, conforrne as equa.yoes a seguir.
CaC03 + H2C03 = Ca2+ + 2HCo3·
HC03- =I(+ CO{
Outra evidencia da presen<ya de niveis carbonliticos e constatado pelas rnaiores
concentra<yoes de estroncio e bario, constituintes do gmpo dos alcalinos terrosos, corn
propriedades sernelbantes, bern como o modo de ocorrencia na natureza, na forma de
carbonatos ern rochas sedimentares (Rankarna e Saharna, 1968).
Estas aguas, ao se dirigirern para o centro da bacia, passarn para o dorninio dos
sedimentos lacustres, o aqiiffero torna-se serniconfinado, corn o aurnento da temperatura
(figura 5-13).
Durante este trajeto as liguas passarn a pertencer aos tipos III e IV. Ha urn
continuo aurnento dos teores de s6dio e bicarbonato, e consequenternente da salinidade.
Notadarnente, conforrne a figura 4-30, os teores de ca!cio, rnagnesio, estroncio e blirio
sofrern decrescimos ern suas concentra<yoes. Este cornportarnento antagonico entre o
s6dio e calcio, ern terrenos forrnados por sedimenta<yiio argilosa e clararnente descrita na
literatura como o produto do processo de troca ionica (Freeze and Cherry, 1979;
Wallick, 1981), conforrne a equa<yao abaixo
2Na(ad) + Ca2+ = 2Na+ + Ca(ad)
onde, para cada mol de Ca adsorvido e liberado 2 mol deNa.
90
Segundo Sturn (1995), de acordo com a estrutura das argilas a capacidade de
troca ionica e maior para os ions bivalentes do que para os monovalentes e esta
seletividade dos ions de rnaior valencia decrescem com o aurnento da for<;:a ionica em
solu<;:ao (salinidade ). Segundo o autor o processo inverso de troca s6 ocorreni para as
aguas salobras e salinas, o que nao acontece com as liguas da bacia. Este processo e
acentuado quando as argilas forrnadoras da rocba sao compostas por esmectitas, mineral
que apresenta uma elevada capacidade de troca ionica (Drever, 1982). Isto explica a
diminui<;:ao dos alcalinos terrosos e o aurnento do s6dio e potassio para as aguas do tipo
IV.
Freeze e Cherry ( 1979) simulam o fluxo partindo de arenitos em dire<;:iio a
sedimentos lacustres, nesta evolu<;:ao e verificado que na passagem de aguas pe1os
sedimentos lacustres ha uma rnaior porcentagem de Na em rela<;:ao ao Ca, o qual sofreu
urn decrescimo em suas concentra<;:oes resultado do processo de troca ionica. Neste
processo estas aguas apresentam concentra<;:oes de bicarbonato e pH estacionlirias.
Diferentemente, nos sedimentos lacustres da bacia de Taubate, alem da troca ionica entre
cations, ocorre tambem urn constante aurnento da alcalinidade, sugerindo que a facies
carbonatica persiste ate o interior do compartimento.
Wallick (1981) estudou uma bacia de sedimenta<;:iio glacial e muito heterogenea
do ponto de vista litol6gico, com a coexistencia de carbonatos e argilitos. Neste
trabalho, as analise quimicas sao muito semelhantes aquelas encontradas no
compartimento Taubate, confirrnando para a nossa bacia uma participa<;:ao de sedimentos
carbonaticos.
Outros elementos que apresentam concentra<;:oes significativas nestas aguas sao o
fluor e 0 boro, que possuem urn aurnento gradacional em dire<;:ao as aguas de maior
salinidade.
5.4.3. Lorena
A evolw;ao hidroquimica do compartimento Aparecida-Lorena e marcada pela
presen<;:a de sedimentos fluviais com rnaiores intercala<;:oes de argilitos, (figura 5-13).
As area de recarga localizam-se nas bordas do compartimento, indicadas pelas
aguas de baixa salinidade e pH. Suas aguas mostram as mesmas caracteristicas do
91
Compartimento de Sao Jose dos Campos nas areas de recarga. No entanto, diferenciam
se, pela sua evoluyao em direyiio as areas de descarga.
Como apresentado na rnatriz de correlayiio (tabela 5-2), esta area apresenta urn
comportamento dos ions maiores semelliantes ao encontrado no cornpartimento Taubate.
Novamente 0 s6dio e bicarbonato siio OS responsiveis pela salinidade das aguas. 0
restante dos ions apresentam correlac;oes negativas com STD.
Nota-se, nesse caso, o decrescimo de potassio, rnagnesio e silica com a
salinidade, indicando urna provavel absorc;iio destes ions na fortna<,:iio das argilas,
conforme a equac;iio abaixo (Dutta, 1983 in Dutta, 1993).
Caolinita + SiOz + K + Mg = Illita + AI
Esses processos certamente ocorrem nos arenitos de outros compartimentos
conforme constatados pelas razoes ionicas (Moreira-Noderman e Rebouyas, 1986).
Entretanto, nesse compartimento, a interac;iio e melhor identificada. Provavelmente as
barreiras de fluxo, provocadas pelo maior nlimero de intercalac;oes argilosas, contribuem
para urna rnaior interayiio com a rocha.
Pode-se inferir que as aguas do tipo III representam urna transic;iio para as do
tipo IV, verdadeiramente inseridos nos sedimentos lacustres. Com isso, as areias do
Cornpartimento Lorena chegam a evoluir ate o estagio de troca ionica entre Na e Ca.
Isso provavelmente se deve ao aumento da ocorrencia de argilas em profundidade e em
direc;iio ao interior da bacia. Ocorre tambem o aumento das concentrac;oes de fluor e
boro.
92
6. Conclusoes
0 sistema aqiiifero Taubate, que apresenta intensa explora~ao dos seus recursos
hidricos, e caracterizado pela marcante heterogeneidade quirnica de suas aguas
subterrilneas, reflexo da varia~ao litol6gica e da compartimenta~ao estrutural da bacia.
Atraves da analise de dados coletados no presente trabalho e dados da literatura,
foi constatada a constilncia quirnica dos aqiliferos em rela~ao a rnaioria dos ions rnaiores,
durante as ultimas decadas. Este fato possibilitou a utiliza~ao conjunta de alguns ions de
diferentes arquivos, principalmente entre os dados atuais eo arquivo do DAEE (1977).
Este trabalho utilizou a analise multivariada de agrupamento para a deterrnina<;:ao
dos tipos hidroquimicos. Esta analise foi motivada pela incerteza inerente dos diagramas
hidroquimicos, uma vez que estes diagrarnas fornecem somente a raziio entre os ions. No
caso dos aqiliferos da Bacia de Taubate, muitas amostras apresentaram rela<;:oes ionicas
semelhantes, mas com diferentes concentra<;:oes. Atraves desta tecnica multivariada,
quatro tipos hidroquimicos foram identificados.
0 tipo I refere-se as aguas inseridas nos sedimentos fluviais, predominantes nas
bordas da bacia e na regiiio de Sao Jose dos Campos. As aguas sao classificadas como
bicarbonatadas s6dicas e ca!cicas, com baixa concentra<;:ao salina e baixo pH.
0 tipo II esta presente nos sedimentos fluviais pr6ximos a zona de transi<;:ao com
os sedimentos Jacustres. As aguas apresentam-se mais salinas em rela<;:ao ao tipo I e
exibem maiores teores de ca!cio, magnesio, sulfato, bicarbonato e pH alcalino.
Correspondem a aguas bicarbonatadas ca!cicas e s6dicas.
0 tipo III ocorrem em po~os que atravessam unidades com predominilncia de
sedimentos lacustres, apresentando niveis de folhelhos e argilitos na base dos po<;:os. As
aguas sao classificadas como bicarbonatadas s6dicas.
0 tipo IV ocorre em po<;:os exclusivamente instalados em sedimentos lacustres,
caracterizados por possuirem alta temperatura e salinidade. Suas aguas sao classificadas
como bicarbonatadas s6dicas e apresentam baixas concentra<;:oes de crucio.
93
A alta corre~iio existente entre os tipos hidroquimicos e a salinidade das aguas
perrnitiu que fosse realizado urn estudo mais apurado, atraves da geoestatistica, da
variiivel so lidos totais dissolvidos (STD). Este estudo propiciou urn rnaior entendimento
da distribui~tiio espacial desta variiivel e a confirmayiio das heterogeineidades entre os
compartimentos. Na aruilise geoestatistica foram gerados mapa de STD na bacia, onde
buscou-se preservar as caracteristicas de cada cornpartimento. Devido a boa corre~iio,
foi possivel deterrninar, de forma indireta, a distribui-riio dos tipos hidroquimicos na
bacia.
A importiincia da rnaior precisiio dos rnapas krigados esta na de!irnita-rao mais
precisa dos lirnites ern que os tipos hidroquimicos siio encontrados. Tal delirnita-riio e de
grande releviincia para a explora-riio do aqiiifero.
No estudo da distribui-rao dos elementos nos compartimentos, foi possivel
deterrninar a litologia como o principal fator atuante na diferencia-riio dos tipos
hidroquirnicos. Secundariarnente, a topografia exerce grande influencia, isto ern fun-rao
do comportarnento livre do aqiiifero na rnaior parte da bacia. As altas salinidades estiio
localizadas nas cotas mais baixas, acompanhando a hidrografia do rio Parruba.
A influencia da litologia foi investigada e, de forma geral, constatou-se que as
agnas do tipo I siio rnarcadas pelas rea-roes de dissolu-riio e substitui-riio de silicates, corn
suas aguas apresentando alta capacidade de lixivia-riio. As aguas do tipo II retratarn as
principais rea-roes envolvendo rninerais carbonaticos e silicates, corn os po-ros
localizados na transi-rao entre os sedimentos fluviais e lacustres . Por firn, para os tipos
III e IV as rea-roes envolvern os rninerais carbonaticos e a troca ionica nos argilites da
Forrnal(iio Trernernbe. As aguas destes dois Ultimos tipos apresentarn rnaior grau de
confinarnento.
Atraves do estudo hidroquimico foi possivel identificar aqiiiferos distintos na
bacia. Corn base na distribui~tiio da salinidade, na raziio de Na!Cl e no ion bicarbonate,
pode-se inferir a dire-rao de fluxo das bordas para o centro da bacia, ern dire-riio ao Vale
do Rio Parruba. 0 aqiiifero apresenta urn cornportarnento livre nas areas de predorninio
dos sedimentos fluviais. A aruilise influencia da profundidade dos aqiiiferos na
distribui~tiio da salinidade da bacia foi prejudicada, pois tern caracteristica de
rnulticarnada, corn vanos sub-aqiiiferos interligados espacialrnente.
94
Pelo limitado numero de inforrna;;:oes de subsuperficie existentes na bacia, o
estudo hidrogeoquimico constitui uma importante ferramenta auxiliar na compreensiio
dos processos diageneticos atuantes na rocha.
Com isso, este trabalho permitiu cartografar a distribuio;:iio dos tipos
hidroquimicos. A divisiio e a configurao;:iio no mapa destes tipos hidroquimicos estiio
baseados apenas nos dados coletados, estas defini;;:oes podem sofrer mudan;;:as com a
incorporao;:iio de novas analises fisico-quimicas da bacia, resultando em maior
detalhamento de suas distribui;;:oes.
Os mapas foram confeccionados em duas dimensoes, com os dados dos po;;:os
plotados em superficie, sem a incorporao;:iio da profundidade. Os pontos utilizados
referem-se a uma composio;:iio quimica media das aguas de todo 0 po;;:o.
A distribuio;:iio dos tipos hidroquimicos reflete grosso modo a interao;:iio rocha
fluido, cuja a composio;:iio do fluido e compativel com a composio;:iio mineral6gica das
rochas associadas.
95
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0 V• 0.000 mL E• -88.1 mv 20 sec -7.0 mV/min drift •I- 0.9 mV noise
pH= 8.03 V• 0.348 mL E• -67.0 mV 33 sec -8.0 mV/mln drift •I- 0. 7 mv noise
pH"' 7.67 2 V> 0.596 mL E• -56.6 mv 56 sec
9.5 mV/min drift •I- 0.5 mV noise pH"' 7.49
V> 1.093 mL E• -43.3 mV 17 sec 2.9 mV/mLn drift ;J- 1.0 mv noise
pH"' 7.27 4 V> 1.987 mL E• -26.6 mV 18 sec
8.6 mV/min drift •I- 0.9 mv noise pH"' 6.98
5 v• 3.130 mL E• -11.1 mV 19 sec 0.0 mV/min drift .,_
0.3 mv noise pH= 6.72
6 V> 4.670 mL E• 4.2 mV 20 sec -2.3 mV/min drift •I- 0.3 mv noise
pH= 6.46 v• 6, 757 mL E• 21.5 mV 22 sec -6.6 mV/min drift >I- 0.5 mv noise
pH"' 6.16 8 V> 8.893 mL E• 41.6 mv 22 sec
-0.1 mV/min drift >I- 0.2 mv noise pH"' 5. 82
9 v= 10.284 mL E• 59.9 mV 20 sec -1.0 mV/min drift •I- 0.2 mv noise
pH"' 5.51 10 v= 11.079 mL E• 77 .7 mv 1B sec
3. 5 mV/min drift .,_ 0.3 mv noise
PH"' 5.20 11 V"' 11.476 rnL E• 92.6 mV 17 sec
-0,3 mV/min drift •I- 0.2 mV noise PH"' 4.95
12 V"' 11.125 mL E• 106.8 mV 16 sec 0.3 mV/min drift •I- 0.0 mV noise
pH,. 4. 71 13 v"" 11.874 mi. E• 117.2 mv 16 sec
5.2 mV/min dnft •I- 0.2 mV noise
SAMPLE ID NOMBEP.: 3
TEST: ·~:!~~~~~~~=;;::: SITE: cacaFava~ p20 l\NAL'tST: 00:06 0~8-96- ELECTROVE: l:f-H HELP IN EffECT SAMPLE VOLUMr ~0.000 mL TITRANT .010'10 M of HCl MAX TITRANT VOL 25.000 mL STABILITY CRITERION 10.0 mV/mln PRESTlR 10.0 sec CONTINUOUS STIRRING REACTION RATIO 1.0000 MOLECOLAR WEIGHT 61.00 NO. Of ENDPOINTS 1 CAL CONSTANT 0, 99363 ~~~=~~~~~=~==================~=~~~~==="'
HELP ANALYSIS (No. " ==========~====~~==================~=== 0 dE/dv"' 60.1 d2E/dv2"' -22. 5 1 dE/dV"' 52' 9 d2E/dV2"' -48.5 2 dE/dv= 31. B d2E/dV2"" -42-1 3 dE/dv"' 21.5 d2E/dV2"' -11.5 4 dE/dV"' 15.8 d2E/dv2"' -4.9 5 dE/dv"' 11.5 d2E/dv2~ -2.5 6 dE/dv"' 9.0 d2E/dv2"' ~0.1 7 dE/dv"' 8.9 d2E/dV2"' 0.' B dE/dv"' 10.9 d2E/dv2= 2.2 9 dE/dV"" 16.5 d2E/dV2"' 1.6
10 dE/dv"' 27.5 d2E/dv2"' . 2 3. 9 11 dE/dv"' 45.0 d2E/dv2"' 53. 1 12 dE/dv"' 61 .a d2E/dV2"' 66. 7 13 dE/dV"" 71 . 5 d2E/dV2= 8.' 14 d£/dv= 64.8 d2E/dV2"' -60.3 15 dE/dv"' 47.5 d2E/dv2"' -55.3 16 dE/dv"' 40 .1 d2E/dv2" -29.9
SAMPLE= 151.2 mg/L END POINT VOL"' 11.914 mL (120.3 mV)
(pH 4 .'18} FIRST DERIVATIVE 1nvoked
14 V"' 12.073 mL pH"' 4.53 E• 131.6 mV 16 sec
Signal/No1se"" 14
3.1 mV/min drift ; I- 0.2 mv noise pH"' 4.28
15 V"' 12.271 mL E• 142.9 mv 16 sec -1.7 mV/min drift 1·/- 0.2 mV noise
pH"' 4.09 16 V"' 12,520 mL E• 152.9 mV 16 sec
0.0 mV/min drift •I- 0.3 mV noise pH"' 3.92
Relat1ve Scale vol "'"'"'"'"'""""'"'"'"'"'"'"'""'~~~~~=~~~~====~=
0.000! • + l 0 .404 I • I 0. BOB l I l .2121 +" I 1. 6151 + • l
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10.0971 + • I 10.5001 + • 1 10.9041 t " I ll.30BI + * ! 11.1121 *+I 12.1161 ... • 1 12.5201 t •t
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Amostras analisadas neste trabalho
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Amo5tras anali5adas nefite trabalho
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Glossario de alguns termos especificos
• efeito buraco (hole effect) - este efeito ocorre quando urn fenomeno apresenta urna ciclicidade natural ou concentrayoes discretas de altos valores intercalados com baixos valores.
• efeito pepita (nugget effect) e urna variavel que apresenta uma tangente vertical na origem. Esta descontinuidade recebe este nome, pelo fato de ser o caso que apresentam os minerais de distribui9ao geralmente erratica. Este efeito representa as varia96es locais ou a pequena escala, como erros de analise, amostragem, etc.
• derivas (tendencia) sao constatadas quando as figuras apresentam urn comportamento sempre crescente, ao se comparar valores cada vez mais distantes as discrepiincias entre os mesmos cada vez seriam maiores. Isto corresponde a presenya de tendencias (fenomeno nao estacionario).
• variograma experimental ( variograma observado) e o variograma obtido a partir do conjunto de amostras derivadas da amostragem realizada, portanto o unico conhecido.
• variograma onmidirecional e o variograma confeccionado sem urn limite angular, "classe de iingulo", com isso todos os pares de pontos sao selecionados independente do angulo.
• validayao cruzada e urn metodo utilizado para a comparayao entre os valores reais e estimados. Esta e uma importante ferramenta para se comparar os varios metodos de estimativa.