capÍtulo iv fenÔmeno lÍngÜÍstico da intensificaÇÃo · substantivados que são verdadeiros...
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CAPÍTULO IV
FENÔMENO LÍNGÜÍSTICO DA INTENSIFICAÇÃO
Neste capítulo temos como objetivo apresentar e discutir os recursos
lingüísticos de intensificação encontrados nos diálogos didáticos de inglês, como
também descrever os resultado da produção dos atos de fala dos professores feito
através do teste de complementação discursiva referente a cada recurso. Na
seqüência, classificamos os advérbios de intensidade de acordo com Bäcklund
(1973) e Quirk et al. (1985), e finalmente, analisamos a comparação da produção
de atos de fala dos professores (TCD) versus produção em livros didáticos.
4.1. Recursos lingüísticos de intensificação
Os usuários da linguagem falada inovam e as suas inovações penetram na
língua escrita em geral. A linguagem evolui, faz um esforço constante de maior
expressividade, impulsionada efetivamente, procurando impressionar com mais
eficiência com o auxilio da intensificação.
A intensificação é um fato da língua que se pode apreender em vários
níveis ou funções discursivas, que serão determinadas pelo contexto
predominando os elementos afetivos e opcionais do falante (Labov, 1984).
Seguindo a mesma posição, Poulet (1965?) afirma que as expressões de
intensidade são subjetivas na medida em que o emissor toma posição
explicitamente ao intensificar uma apreciação ou um julgamento de valor.
A mesma lingüista afirma que quase todos os recursos intensificadores (o
reforço exclamativo, reforço nominal (repetição, numerais intensivos e
adjetivos intensivos), reforço de negação, reforço comparativo e reforço
adverbial) manifestam o caráter ambíguo da intensidade que podem trata-se de
uma ordem, de um pedido, de um conselho ou até de uma súplica. Somente a
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entoação, os gestos, as expressões fisionômicas e as condições gerais em que o
enunciado é produzido permitirão detectar a verdadeira força do ato produzido.
Exemplificamos através de fragmentos dos diálogos didáticos cada um
destes recursos e paralelamente apresentamos o resultado da análise da
produção dos atos de fala feita através do TCD.
A. Reforço exclamativo
A exclamação, ao lado das outras formas elocucionais, é
predominantemente afetiva e pode, por si só, servir à intensificação de uma
palavra. É também capaz de comunicar os mais diferentes estados emocionais,
fazendo uso de frases exclamativas que diferem das frases assertivas por sua
entoação, tornando-se independente das características variáveis da emoção que
exprime (Cruzeiro, 1973).
Porém, através de nossos estudos, podemos afirmar que nem sempre a
frase exclamativa se distingue da frase assertiva apenas pela entoação. A maior
parte das vezes a superlativação é transmitida não só por aquilo a que Matoso
Câmara Jr. (1972) chama “os traços elocucionais” (a entoação, a altura da voz, a
mímica, etc.), mas também pelos traços locucionais (a ordem vocabular e certas
partículas, como “what” (que), “how” (como) e “that” (esse, aquele).
As partículas “what”, “how” e “that” são introdutórias da oração exclamativa,
qual iniciaremos nossa análise com exemplos retirados de nosso corpus e
verificando cada um:
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“What” é, neste caso, um adjetivo exclamativo, qualificativo do substantivo
que lhe segue e, superlativante, ao mesmo tempo, da qualidade que substitui.
Nocionalmente, o caracterizador é indicado pelo contexto; funcionalmente, o seu
papel é desempenhado por “what”, exigindo junto de si a palavra a qualificar e
intensificar que modifica o esquema da frase assertiva: Na amostra 34, na
exclamação: what a mess! É um espanto do locutor ao ver os tênis em desordem
no quarto.
Nestes exemplos acima “what” é então apenas advérbio exclamativo e
intensivo pois superlativa a qualidade expressa, equivalente funcional de “really
ou very” ( muito) , sendo de uso mais freqüente e mais geral.
De grande concorrência com “what” entra a partícula “How”, apesar das
diferenças existentes entre uma e outra. “How” intensifica adjetivos, advérbios e
verbos, função que “what” não cobre e voluí na frase exclamativa em uma função
intensiva, tornando-se o valor nocional nulo. Vejamos exemplos:
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“How” introduzindo a frase exclamativa, dá a toda ela um movimento
afetivo, mas superlativa, em especial, o seu verbo (que é quase sempre o verbo
ser), o adjetivo ou advérbio, como também “That”. Sublinhados pela entoação,
perdem o seu valor nocional de demonstrativo e incluem afetivamente em si
caracterizador e elemento superlativante. Abaixo temos alguns exemplos:
Segundo Cruzeiro (1973), “that” exprime uma visão afetiva-admirativa que
se tem do objeto ou da pessoa, indicando que ele possui em alto grau qualquer
qualidade susceptível de provocar essa admiração. A mesma lingüista afirma que
não se pode superlativar diretamente um adjetivo. Usa-se “That” junto de adjetivos
substantivados que são verdadeiros qualificativos. O demonstrativo é um
intensificador expressivo. Usa-se junto de abstrato ou concreto e substitui o
caracterizador, cujo valor nocional se subtende.
Ao longo desta seção, verificamos exemplos de interjeições que são
palavras que servem apenas para expressar emoções segundo Leech et al.
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(1995). Em nosso corpus encontramos explicação de algumas interjeições como
reforço de uma exclamação, conforme ilustramos a seguir:
O seguinte demonstrativo de interjeições quase sempre segue uma frase
que expressa um grau de intensificação. Abaixo temos alguns exemplos mais
usados em nossa pesquisa:
Oh! surpresa; Ah! satisfação ou reconhecimento; Aha! exultante,
satisfação ou reconhecimento; Wow! uma grande surpresa; Yippee! entusiasmo,
prazer; Ouch! e Ow! dor, sofrimento; Ugh! e Yuk! nojo, repugnância; Yummy!
bom paladar; Yohoo! Prazer, alegria; Gosh! falta de entendimento; Whew! alívio.
Resultado da análise do TCD
Dentre as 203 ocorrências de produção de atos de fala, pudemos verificar
que 11 delas (5%) são de reforços exclamativos e foram encontrados na situação
71 (11 ocorrências). Tendo em vista cada situação há 29 ocorrências. O gráfico 7
procura ilustrar os resultados ora apresentados.
0%
0%
0%
0%
0%
0%
38%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
Situação 1
Situação 2
Situação 3
Situação 4
Situação 5
Situação 6
Situação 7
Gráfico 7 - Reforço Exclamativo / Fonte: TCD
1 Veja as situações contextuais do Teste de Complementação Discursiva ( anexo 2).
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B. Reforço nominal
b.1.Repetição
A repetição é um processo espontâneo de intensificação e por isso muito
corrente. É usada, sobretudo pela linguagem falada; contudo a língua literária
utiliza-a também, pois tem um forte poder expressivo.
Vejamos alguns esquemas de repetição encontrados em nosso corpus:
Observamos que essas repetições dos advérbios e adjetivos, nas amostras
41 e 42, expressam uma intensificação de alto grau. A repetição através de
adjetivos e advérbios, nestes exemplos, recebe uma acentuação emotiva, exprime
um estado de alma com uma grande afetividade. Segundo Cruzeiro (1973),
adjetivo e advérbio intensivos são, pois, aqueles que são qualificativos e
quantificadores. Simultaneamente tais características podem ser observadas nas
amostras acima.
Em nossa análise a repetição ocorre em outros diálogos, em outras
situações sem valor implícito de intensidade para expressar reações variadas, que
é um fenômeno já observado por estudiosos, dentre eles Freeman (1980:135)
que, citado em Chiaretti (1993), faz referências às repetições para denotar
surpresa, descrença, confirmação, apreciação ou contentamento, conforme
ilustramos a seguir:
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Observamos também no extrato abaixo, amostra 47, exemplos de
repetições sem valor intensificativo e com valor cursivo, indicando a continuidade
da ação. Cruzeiro (1973) afirma que sem sempre é fácil de ver até que ponto, na
intenção do que fala ou do que escreve, ou naquilo que se recebe o que lê ou
ouve, está uma noção de intensidade ou de continuidade da ação. Vejamos:
Como observamos neste exemplo, as repetições (No Joking. No Joking -
Go on. Go on) não trazem em si a idéia de gradação; a insistência não traz em si
nenhuma intensidade. O verbo ‘go’ desperta em nós uma imagem visual de andar,
e tem, sobretudo um valor cursivo. Secundariamente vem a noção de intensidade.
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Resultado da análise do TCD
Entre os 203 atos de fala produzido por nossos 29 informantes,
constatamos que 3% dele são de repetição, correspondentes a 7 ocorrências,
sendo distribuídas entre as situações, na seguinte forma: situação1 ( 3
ocorrências); situações 3 e 5 ( 1 ocorrência respectivamente) e situação 6 ( 2
ocorrências) conforme apresentamos no gráfico abaixo.
10%0%
3%
0%
3%
7%
0%
0% 2% 4% 6% 8% 10%
Situação 1
Situação 2
Situação 3
Situação 4
Situação 5
Situação 6
Situação 7
Gráfico 8 – Repetição / Fonte: TCD
b.2. Numerais intensivos
Os números cem (hundred) e mil ( thousand) são expressões efetivas de
uma grande quantidade. Ligados diretamente a um substantivo, é a quantidade
numérica que é focada. “Mil dias” equivalerá a muitos dias. Em nosso exemplo
abaixo a expressão “centenas de jacarés” equivale a muitos jacarés. Vejamos:
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Este processo de intensificação é normalmente peculiar da fala. Por outro
lado, como “exagero” que é, facilmente se ligará à expressão de sentimentos ou
ações que se pretendem referir.
Resultado da análise do TCD
Constatamos, através da análise manual do TCD, a ausência de ocorrência
de numerais intensivos. Exceptuando-se o exemplo da amostra 48, acima,
podemos concluir que o emprego deste tipo de intensificação é muito restrito na
literatura inglesa em nosso corpus de análise.
b.3. Adjetivos intensivos
A intensidade é um fato da língua que se pode apreender em vários níveis.
Há adjetivos que são intrinsecamente expressões de intensidade, porque em
relação aos seus vizinhos semânticos representam a noção comum, como se a
ela já se tivesse juntado um quantificador. Adjetivos como: perfeito (perfect),
maravilhoso (wonderful), fantástico (fantastic) e bom (good) são exemplos
bastante esclarecedores. Vejamos:
Perfeito (acabado) e fantástico, atribuídos a um nome fora do seu
significado objetivo, equivalem a muito bom, muito grande, dada à idéia que lhes é
básica, integral realização do modelo ideal de um ser, sentimento e ação. O seu
sentido inicial preciso apaga-se, dando lugar fundamentalmente à expressão da
intensidade. Por esta razão, esses adjetivos têm aplicações bastante livres.
Extratos retirados de nosso corpus:
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Segundo Cruzeiro (1973), o adjetivo “maravilhoso” (wonderful) tem grande
liberdade de aplicação, verificando-se aliás que esta liberdade existe geralmente
na razão direta do nível atingindo pelo adjetivo como índice autônomo de
intensidade. Maravilhoso é qualquer coisa que causa espanto, admiração, pela
particular relevância com que se apresentam as características de um objeto, de
um ser ou de uma ação. O adjetivo maravilhoso usa-se como intensivo
correspondendo a um genérico “muito bom”. No corpus desta pesquisa
encontramos os seguintes exemplos:
O adjetivo bom (good), na amostra 53, é um caso especial, entre os
adjetivos que podem ser intensivos, quanto à neutralização do seu sentido básico.
O exemplo revela a capacidade de intensivos que bom possui, sendo ele
equivalente ao genérico grande (big). Bom (good) deixa, pois, de servir de
antônimo de mau (bad). Este fato pode, em parte, servir de critério para uma
verificação do seu valor intensivo.
Resultado da análise do TCD
Pudemos assim constatar, em nossa análise, 60 ocorrências de adjetivos
intensivos (30% - 203 de oco.), tornando-se o segundo maior de uso deste teste,
assim distribuído: situação 1 ( 6 ocorrências); situação 2 ( 21 ocorrências );
situação 3 (3 ocorrências); situação 5 ( 21 ocorrências); situação 6 ( 2 ocorrências)
e situação 7 ( 7 ocorrências). O gráfico a seguir ilustra as informações acima.
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Gráfico 9 – Adjetivos Intensivos / Fonte: TCD
C. Reforço de negação
O uso da negação é uma das manifestações da necessidade que tem o ser
humano de exagerar. Como a negação é de emprego muito freqüente, o resultado
inevitável é que vocábulos e expressões negativas se gastam, perdem o seu justo
valor e novos reforços surgem numa renovação incessante. Vejamos:
Nos fragmentos acima, observamos a negativa de base nominal que,
segundo Givón (1993), parece ser mais enfática, na medida em que ataca o
fundamento proposicional da crença contrária do ouvinte, centralizando mais
especificamente o objeto da negação.
21%
72%
10%
0%
72%
7%
24%
0% 20% 40% 60% 80%
Situação 1
Situação 2
Situação 3
Situação 4
Situação 5
Situação 6
Situação 7
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Resultado da análise do TCD
No conjunto geral na produção de atos de fala, verificamos que 8
ocorrências ( 4% das 203) são de reforços de negação, exibindo na situação 1 ( 2
ocorrências); na situação 3 ( 5 ocorrências) e na situação 4 ( 1 ocorrência). Eis
os resultados obtidos:
7%
0%
17%
3%
0%
0%
0%
0% 5% 10% 15% 20%
Situação 1
Situação 2
Situação 3
Situação 4
Situação 5
Situação 6
Situação 7
Gráfico 10 – Reforço de Negação / Fonte: TCD
D. Reforço comparativo
A comparação é, portanto, um processo de mostrar e pôr em destaque que
há, em dois seres ou objetos, qualidades comuns. Para que a comparação se
torne intensiva é necessário que o segundo objeto ou ser seja considerado
possuidor da qualidade em alto grau.
Mattoso Câmara Jr., no seu Dicionário de Lingüística e Gramática (1977),
distingue entre comparação assimilativa: “a luz do sol brilha como o ouro na
folhagem” e comparação intensiva: “a luz do sol brilha como o ouro”. No primeiro
caso, reconhece-se que qualidades existentes num ser existem igualmente num
outro ser. No segundo, o termo de comparação é considerado como possuidor da
qualidade comparada em alto grau e, por isso, é instrumento de intensificação
dessa mesma qualidade. Vejamos amostras onde essa característica aparece:
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A comparação exige da parte de quem a emprega, um esforço mental. É
verdade, por vezes, que ela vem espontaneamente, intuitivamente. Liga-se, então,
no espírito, a uma qualidade, a imagem de um objeto que a possui em alto grau.
Na amostra 69, quando se diz: “Estou semelhante a um elefante” nos mostra que
a visão das formas quase esféricas de um elefante se associou no espírito de
alguém a imagem de uma pessoa muito gorda. Segundo as designações de
Mattoso Câmara Jr. (1977), os exemplos acima são comparações intensivas com
valores nocionais nulos.
Um termo de superlativo encontrado em nosso corpus é quando falamos “in
the world” (do mundo) e “on the earth (da terra). Em muitas frases este superlativo
está objetivamente certo, tem rigor científico: “O Everest é o monte mais alto do
mundo (ou da terra); O Nilo é o rio mais extenso do mundo (ou da terra) “. Noutros
casos, porém, na maioria, aquilo que se afirma não é verificável, perdendo o valor
comparativo e só evocando em nós o sentido de alto grau”.
As expressões “do mundo” ou “da terra” encerram em si uma infinita
quantidade de termos de comparação e por isso traz consigo uma idéia de
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grandeza, de superioridade absoluta. Segundo Cruzeiro (1973), “do mundo” ou
“da terra” evocam pois, em nós, um ou vários elementos conhecidos, com os quais
comparamos um momento, e logo pomos em superioridade absoluta, o ser ou
objeto cuja qualidade é intensificada.
Resultado da análise do TCD
Cinco entre as duzentos e três ocorrências de atos de fala, ou seja, 2%
delas são de reforço de comparação, um número bastante pequeno em relação ao
número total. Nas situações 2 e 3 há 1 ocorrência e, na situação 6, 3
ocorrências. Vejamos o gráfico, para uma melhor análise.
0%
3%
3%
0%
0%
10%0%
0% 2% 4% 6% 8% 10%
Situação 1
Situação 2
Situação 3
Situação 4
Situação 5
Situação 6
Situação 7
Gráfico 11– Reforço de Comparação / Fonte: TCD
E. Reforço adverbial
Advérbio, elemento modificador de um nome ou de um verbo, é
fundamental para preencher a função de intensificador junto de adjetivos,
advérbios ou verbos, exprimindo o alto grau de uma qualidade, ou a larga
dimensão de uma ação.
O advérbio “very” (muito) é o advérbio intensificador por excelência,
referindo-se nocionalmente a uma grande quantidade, mas uma quantidade não
determinada. A sua aplicação, especialmente junto de uma qualidade, constitui a
expressão típica da intensidade: quantificação imprecisa do que não é
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mensurável, na perspectiva de um grau elevado, de uma larga dimensão.
Conforme ilustramos a seguir:
Segundo o Longman Dictionary (2000), não podemos usar “very” ou outro
advérbio de intensificação com adjetivos que possuem fortes significados, como é
o caso de “starving” (faminto), “huge” (monstruoso, imenso), “terrible” (terrível) e
“wonderful” (maravilhoso). Considerando o resultado do TCD, podemos observar
que em 4% (9 das 203 ocorrências) houve esse tipo de exagero. Listamos os
resultados obtidos a seguir:
Situação Escolha Nº deOcorrência
Situação 1 I’m so starving 2I’m really starving 1
Situação 2 Oh! It was really wonderful 2Situação 5 Oh! It was really wonderful 2Situação 6 Oh! Gosh! She is so wonderful 1
She’s really gorgeous 1Total 9
Tabela 1 – intensificação exagerada / Fonte: TCD
Dentre os estudos que abrangem a intensificação, encontram-se as
pesquisas de Labov (1984), as quais esclarecem que o advérbio “very” (muito),
tem o mesmo significado do advérbio “really”, um dos marcadores de intensividade
mais comuns na comunicação do dia-a-dia da língua inglesa. Neste mesmo
estudo, Labov afirma que o advérbio “so” (muito) é de uso limitado para a
modificação do adjetivo e é também um marcador que serve de alternância para o
uso do “really”, enfatizando uma qualidade particular de uma pessoa ou de um
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objeto. O referido lingüista afirma que os advérbios “just” e “pretty” têm os mesmos
privilégios de ocorrência que “really”, mas tem um menor valor de abrangência
semântica intensificadora. Eis alguns exemplos:
Nas amostras 62, 63 e 65, “really”, “so” e “pretty” intensificam um
substantivo abstrato ou uma ação abstrata, dando-as um entendimento da
intensificação pela afirmação da ação. Já na amostra 64, “just” está sendo um
intensificador limitado. O falante está focalizando uma certa limitação em seu
relacionamento interpessoal.
Observamos, também, que alguns advérbios em “-ly” intensificam adjetivos,
advérbios e verbos. Este advérbio na função de intensificante deixa de valer pelo
seu sentido primário, para ser apenas um índice de intensidade. Aproximam-se,
sem esforço de muito e assim podem exprimir o alto grau de uma qualidade ou a
intensidade particular de uma ação. A amostra seguinte ilustra o ponto enfatizado
acima:
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Para Oliveira (1962), o advérbio na sua função de reforçativo guarda essa
tonalidade intensa, mas perde o valor inicial preciso, e mesmo sem consciência de
um esquema de conseqüência, que parece ser o suporte psicológico da passagem
do valor qualitativo a quantitativo, torna-se um índice direto de intensidade.
Resultado da análise do TCD
Em relação ao reforço adverbial, pudemos constatar 80 ocorrências (39% -
203), tornando esse reforço de maior índice de escolha por nossos informantes,
distribuído na seguinte forma: situação 1 (18 ocorrências); situação 2 (7
ocorrências); situação 3 (15 ocorrências); situação 4 ( 8 ocorrências); situação 5 (
6 ocorrências); situação 6 ( 20 ocorrências ) e finalmente situação 7 ( 6
ocorrências). O gráfico a seguir ilustra as informações acima:
62%
24%
52%
28%
21%
69%
21%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Situação 1
Situação 2
Situação 3
Situação 4
Situação 5
Situação 6
Situação 7
Gráfico 12 – Reforço Adverbial / Fonte: TCD
4.1. Análise dos advérbios de intensificação
Faz-se oportuno recuperar os quadros 1 e 2 desta dissertação, onde
apresentamos as classificações dos advérbios de intensificação de Bäcklund
(1973) e Quirk et al. (1985).
Apesar da variedade de advérbios de intensificação encontrados nesses
estudos, o resultado desta análise constata que nossos informantes fazem usos
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de 11 tipos de advérbios que são proferidos para a realização de atos de fala de
intensificação: very, really, pretty, much, so, too, just, quiet, all, a lot e a
exclamação com how. Um número muito significativo, observando o nível de
graduação dos professores pesquisados (cf. Capitulo II).
Para visualizar mais facilmente os resultados, apresentamos a tabela 2
segundo os estudos de Bäcklund (1973) e, em seguida, mostramos a tabela 3,
com base em Quirk et al. (1985).
Classificação Advérbios Nº de ocorrência
Maior grau de intensificação really 13all 1
Alta intensificação very 42a lot 3
Intensificação moderada pretty 11quite 1
Presença mínima deintensificação
just 1
Total 72
Tabela 2 – Advérbios de intensificação / Fonte: Bäcklund (1973)
Em relação a essa classificação, podemos constatar, portanto, que nossos
informantes usaram “really” (18%), um advérbio de maior grau de intensificação e,
na mesma classificação, observamos “all” (1%) advérbio que, segundo os estudos
de Cruzeiro (1973), tem um valor de expressão de totalidade e aparece exercendo
a função reforçativa podendo substituir “very”. Pudemos, assim, notar que o “very”
é o maior índice opcional por nossos informantes (58%), sendo classificado em
alta intensificação. Para uma análise mais precisa vejamos o gráfico.
18%
1%
58%
4%
15%
1%
1%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Really
all
Very
A lot
pretty
quite
just
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Gráfico 13 –Advérbio de intensidade /Fonte: Bäcklund (1973)
Esclarecemos, em relação a esse assunto, que referido lingüista não inclui
os seguintes advérbios em suas classificações: “much”, “so”, “too” e exclamação
com “how”.
Procedemos, a seguir, a análise segundo os estudos de Quirk et al. (1985).
Classificação advérbio Nº de ocorrência
Enfatizadores really 13Amplificadores - maximizadores so 10
quiet 1- incentivadores exclamatory
how3
a lot 3much 4
Atenuadores - conciliadores quiet 1Focalizador – aditivos too 3
Total 37
Tabela 3. Advérbios de intensificação / Fonte: Quirk et al. ( 1985)
Constatamos nessa análise, a ausência do advérbio “very”. Os estudos de
Quirk et al. (1995) não classificaram “very” em nenhuma de suas tipologias e
observamos também o confuso emprego do advérbio “quiet” que está
subclassificado tanto nos maximizadores quanto nos atenuadores. Notamos,
também, o advérbio “really” (35%) das opções, seguido-se “so” (27%) de escolhas
de atos com intensificação. Já o advérbio “too” é classificado como um focalizador
adicional de uma ênfase, tornando-se quase nulo seu valor de intensificação.
Para uma análise mais precisa dos resultados desses dados, vejamos o gráfico:
35%27%
8%
8%
11%
3%
8%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
really
so
Exclamatory how
A lot
much
quiet
too
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Gráfico 14 –Advérbio de intensidade/ Fonte: Quirk et al. ( 1985)
Os resultados ora apresentados da produção dos atos de fala (TCD), nos
levam a constatar que em 17% (32 – 203 ocorrências) não encontramos recursos
intensificadores abordados nesta pesquisa. Não podemos esquecer que captar
reações e descrever seus valores lingüísticos não é trabalho simples, exige muita
precisão, ainda que se corra o risco de ser interpretada como uma operação
comprometida com a subjetividade.
4.2. Produção de atos de fala TCD versus livros didáticos
Nessa parte comparamos a produção de atos de fala dos professores feito
através do (TCD), versus a produção dos diálogos didáticos (Anexos 2, 3, 4)
tendo como objetivo verificar a variação dos atos de fala em um mesmo
contexto. Assim, ao analisamos, pudemos constatar 29 ocorrências de atos de fala
semelhantes à produção encontradas no corpus pesquisado (14% das 203 ocor),
distribuídas da seguinte forma: situação 1 (1 ocorrência); situações 2, 3 ,4 e 6 ( 4
ocorrências respectivamente); situação 5 (5 ocorrências) e situação 7 (7
ocorrência ). Os dados podem ser ilustrados graficamente da seguinte maneira:
3%
14%
14%
14%
17%
14%
24%
0% 5% 10% 15% 20% 25%
Situação 1
Situação 2
Situação 3
Situação 4
Situação 5
Situação 6
Situação 7
Gráfico 15 – produção lingüística /Fonte: professores versus livros didáticos
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Observamos através destes dados que os professores da pesquisa utilizou-
se de 174 (86% das 203) diversificações de formas de falar. E como base nesses
dados, afirmamos que todas essas variedades se operam em função do contexto
onde os estilos adotados estão intimamente em consonância com os pressupostos
culturais e com a experiência pessoal dos participantes; eles têm um sentido
social que é transmitido aos ouvintes, os quais, por sua vez, vão operar escolhas
em seu inventário lingüístico na dependência, dentre outras coisas, de suas
relações interpessoais.
Portanto, uma análise como essa exige muita precisão e não se pode
esquecer, entretanto, que o nosso tema envolve a subjetividade de quem optou
pelo uso do intensificador. E aqui cabem as palavras de Poulet (1965?) quando
afirma que a utilização do intensivo, sendo um elemento subjetivo do pensamento
do emissor, representa um obstáculo a ser ultrapassado pelo receptor, no
processo de interpretação.
Encerramos aqui nossa discussão dos resultados da análise. A seguir
apresentamos as considerações finais.
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