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Parte I UM OLHAR POSITIVO SOBRE A PSICOLOGIA

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  • Parte IUM OLHAR POSITIVO SOBRE A PSICOLOGIA

  • 1Bem-vindo

    psicologia positivaO produto nacional bruto no possibilita que nossas crianas tenham

    sade,... educao ou a alegria de brincar. Ele no inclui a beleza de nos-sa poesia ou a fora de nossos casamentos, a inteligncia de nosso debatepblico ou a integridade de nossas autoridades. Ele no mede a nossainteligncia nem a nossa coragem, nem a nossa sabedoria, nem os nossosensinamentos, nem a nossa compaixo, nem nossa devoo a nosso pas.Ele mede tudo, resumindo, com exceo daquilo que faz que a vida valhaa pena.

    Robert F. Kennedy, 1968

    nas, no qual o pioneiro da psicologia posi-tiva, Martin E. P. Seligman, apresenta suasvises sobre a necessidade desse campo.)

    Embora outras subreas da psicolo-gia no tenham se concentrado nos defei-tos das pessoas, a psicologia e a psiquia-tria aplicadas do sculo XX geralmente ofizeram. Por exemplo, consideremos a de-clarao atribuda a Sigmund Freud deque o objetivo da psicologia deveria sersubstituir o sofrimento neurtico por feli-cidade comum (citado em Simonton eBaumeister, 2005, p. 99). Dessa forma, apsicologia aplicada do passado estava maisrelacionada doena mental, e com-preenso e ao auxlio das pessoas que es-tavam vivenciando tais tragdias. A psico-logia positiva, por sua vez, oferece um equi-lbrio em relao a essa abordagem ante-rior, sugerindo que tambm devemos ex-plorar as qualidades das pessoas, junto comseus defeitos. Ao defender esse foco nasqualidades, contudo, de forma nenhumapretendemos diminuir a importncia e ador associadas ao sofrimento humano.

    As ltimas linhas desse discurso feito porRobert F. Kennedy na Universidade doKansas apontam para o contedo deste li-vro: as coisas que fazem com que a vida va-lha a pena. Entretanto, imagine que algumse oferea para ajudar a entender os sereshumanos, mas, ao faz-lo, ensine apenasacerca de seus defeitos e patologias. Aindaque parea um exagero, um questionamentodo tipo O que h de errado com as pes-soas? orientou o trabalho da maioria dospraticantes da psicologia aplicada (clnicos,escolares, etc.) no sculo XX. Em virtudedas muitas formas de falibilidade humana,essa pergunta gerou uma avalanche deideias sobre o lado obscuro do ser huma-no. Contudo, medida que o sculo XXIavana, comeamos a nos fazer outra per-gunta: O que h de certo com as pessoas?.Essa interrogao est no centro da iniciati-va emergente da psicologia positiva, que o enfoque cientfico e aplicado da desco-berta das qualidades das pessoas e da pro-moo de seu funcionamento positivo. (Video artigo Construindo as qualidades huma-

  • 18 C.R. Snyder & Shane J. Lopez

    (continua)

    Potencializar as qualidades humanas:a misso esquecida da psicologia

    Martin E. P. SeligmanPresidente da American Psychological Association

    Antes da Segunda Guerra Mundial, a psicologia tinha trs misses: curar as doenasmentais, tornar a vida das pessoas mais satisfatria e identificar e cultivar talentos superio-res. Depois da Guerra, dois eventos mudaram a cara da psicologia. Em 1946, foi criada aAdministrao para os Veteranos de Guerra (Veterans Administration) nos Estados Unidos,e os profissionais da psicologia descobriram que poderiam ganhar a vida tratando de doen-as mentais. Em 1947, instituiu-se o Instituto Nacional de Sade Mental (National Instituteof Mental Health), e os psiclogos acadmicos descobriram que poderiam obter financia-mentos para a pesquisa sobre doenas mentais.

    Como resultado disso, demos passos enormes rumo compreenso e ao tratamento dadoena mental. Pelo menos dez transtornos que anteriormente no eram tratveis abriramseus segredos e agora podem ser curados ou aliviados consideravelmente. Melhor do queisso: milhes de pessoas tiveram seus problemas aliviados pelos psiclogos.

    Nossas misses negligenciadas

    Entretanto, o lado negativo foi que as duas outras misses fundamentais melhorar avida das pessoas e estimular os superdotados foram totalmente esquecidas.

    Viramos uma vitimologia. Os seres humanos passaram a ser vistos como focos passivos:os estmulos chegavam e geravam respostas, ou reforamentos externos enfraqueciamou fortaleciam respostas, ou conflitos da infncia comandavam o ser humano. Conside-rando o ser humano como essencialmente passivo, os psiclogos tratavam a doena mentaldentro de um quadro terico voltado a consertar hbitos problemticos, infncias proble-mticas e crebros problemticos.

    Cinquenta anos depois, quero lembrar nossa rea de que ela se desviou. A psicologiano apenas o estudo da fraqueza e do dano, mas tambm o estudo da qualidade e davirtude. Tratar no significa apenas consertar o que est com defeito, mas tambm cultivaro que temos de melhor.

    Trazer esse aspecto para o primeiro plano o trabalho da Fora-tarefa Presidencialsobre Preveno (Presidential Task Force on Prevention), coordenada por Suzanne BennettJohnson e Roger Weissberg. Essa fora-tarefa assume uma srie de incumbncias: tentaridentificar as melhores prticas na preveno, sob a direo de Karol Kumpfer, LizettePeterson e Peter Muehrer; explorar a criao de uma nova profisso: formao em pre-veno e promoo de sade, promovendo conferncias sobre a formao da nova geraode psiclogos da preveno, sob a coordenao de Irwin Sandler, Shana Millstein, MarkGreenberg e Norman Anderson; funcionar com Henry Tomes, do Public Interest Directorate,da APA, na campanha de propaganda para prevenir a violncia nas crianas; patrocinaruma edio especial da revista American Psychologist sobre preveno, organizada por MihalyCsikszentmihalyi, e, liderada por Camilla Benbow, questionar o que a psicologia podefazer para estimular crianas com talentos extremamente elevados.

  • Psicologia positiva 19

    A cincia e a prtica da psicologia po-sitiva esto direcionadas para a identifica-o e a compreenso das qualidades e vir-tudes humanas, bem como para o auxliono sentido de que as pessoas tenham vidasmais felizes e mais produtivas. Ao entramosno sculo XXI, estamos em condies de es-tudar toda a dimenso humana explorando

    recursos e desvantagens psicolgicas. Apre-sentamos este livro como um guia para essajornada e para dar as boas-vindas quelesde vocs que so novos nessa abordagem.

    Neste captulo, comeamos orientan-do o leitor em relao aos benefcios po-tenciais de se concentrar no positivo, sejadurante a vida cotidiana seja na pesquisa

    (continuao)

    Potencializando as qualidades, a resilincia e a sade nos jovens

    Contudo, resta uma questo por trs disso: como podemos prevenir problemas comodepresso, abuso de drogas e lcool, esquizofrenia, AIDS ou danos em jovens e crianas quesejam geneticamente vulnerveis ou que vivam em mundos que estimulam esses proble-mas? O que aprendemos que patologizar no nos aproxima da preveno de transtornosgraves. Os grandes avanos na preveno vieram principalmente da construo de umacincia voltada promoo sistemtica da competncia dos indivduos.

    Descobrimos que h um conjunto de qualidades humanas que so os mais provveisparachoques contra a doena mental: coragem, otimismo, habilidade interpessoal, tica notrabalho, esperana, honestidade e perseverana. Grande parte da tarefa da preveno sercriar uma cincia das qualidades humanas, cuja misso seja estimular essas virtudes nosjovens.

    Cinquenta anos de trabalho dentro de um modelo mdico baseado no defeito pessoale no crebro problemtico deixaram as profisses da sade mental mal-equipadas pararealizar a preveno eficaz. Precisamos de pesquisas de grande porte sobre qualidades evirtudes humanas. Precisamos de profissionais que reconheam que grande parte do melhortrabalho que realizam amplificar essas qualidades, em lugar de consertar os defeitos deseus pacientes. Precisamos de psiclogos que trabalhem com famlias, escolas, comunida-des religiosas e empresas para enfatizar seu papel fundamental de potencializar as quali-dades.

    As principais teorias psicolgicas mudaram para ser o alicerce de uma nova cincia dasqualidades e da resilincia. As pessoas, at mesmo as crianas, so consideradas atualmen-te como tomadoras de decises, com opes, preferncias e a possibilidade de se tornarhabilidosas, eficazes ou, em circunstncias negativas, desamparadas e desesperanosas.Essa cincia e essa prtica previniro muitos dos principais transtornos emocionais. Elastambm tero efeitos colaterais. Tudo o que estamos aprendendo sobre os efeitos do com-portamento e do bem-estar mental sobre o corpo tornar nossos clientes mais saudveisfisicamente. Tambm vai reorientar a psicologia para suas duas misses negligenciadas,fortalecendo as pessoas normais e tornando-as mais produtivas, bem como realizando opotencial superior dos seres humanos.

    Fonte: De Seligman, M., Building human strength: Psychologys forgotten mission, in APA Monitor,janeiro 1998, p. 2. Direitos autorais 1998, de American Psychological Association. Reimpresso compermisso.

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    em psicologia. Nesta primeira parte, mos-tramos como uma reportagem de jornalpositiva pode iluminar o que est certo nomundo e como contar esse tipo de histriapode gerar reaes muito favorveis entreos leitores. Na segunda parte, discutimosa importncia de uma perspectiva equili-brada envolvendo as qualidades e os de-feitos das pessoas. Estimulamos os leitoresa no se enredarem no debate entre os cam-pos das qualidades e dos defeitos, sobrequal deles reflete melhor a verdade. Emterceiro, exploramos a ateno que a psi-cologia atual tem dado s qualidades hu-manas. Na quarta seo, levamos o leitor aperceber suas reaes emocionais tpicas ediscutimos como isso pode condicionar suaforma de ver o mundo. Alm disso, com-partilhamos um de nossos sbados comoexemplo tpico dos pensamentos e senti-mentos que caracterizam a psicologia po-sitiva. Na quinta seo, que segue, guia-mos o leitor pelas oito principais partes dolivro e lhe apresentamos panoramas bre-ves dos contedos de cada captulo. Porfim, sugerimos que a psicologia positivarepresenta uma potencial era de ouro nosEstados Unidos do sculo XXI.

    Gostaramos de destacar dois aspec-tos sobre a postura que assumimos ao es-crever este volume. Em primeiro lugar,acreditamos que os maiores benefcios po-dem advir de uma psicologia positiva ba-seada nos mais recentes e mais rigorososmtodos experimentais. Resumindo: umapsicologia positiva duradoura pode serconstruda a partir de princpios cientfi-cos. Sendo assim, em cada captulo apre-sentamos o que consideramos as melhoresbases de pesquisa disponveis para os v-rios tpicos que exploramos. Ao utilizaressa abordagem, contudo, descrevemos ateoria e as concluses de vrios pesquisa-dores, em lugar de aprofundar ou detalharseus mtodos. Nossa fundamentao paraadotar essa postura que opta pela super-

    fcie em detrimento da profundidade vemdo fato de que este um livro de nvelintrodutrio, mas os mtodos usados paradeduzir as vrias concluses da psicologiapositiva representam os melhores e maissofisticados projetos de pesquisa e estats-ticas no campo da psicologia.

    Em segundo, embora no tratemosem um captulo separado dos fundamen-tos da fisiologia e da neurobiologia (e,ocasionalmente, os evolutivos) da psicolo-gia positiva, consideramos essas perspecti-vas muito importantes. Portanto, nossaabordagem discute os fatores fisiolgicos,neurobiolgicos e evolutivos no contextodos tpicos especficos tratados em cadacaptulo. Por exemplo, no captulo sobreautoeficcia, otimismo e esperana, discu-timos as foras neurobiolgicas subja-centes. Da mesma forma, no captulo so-bre gratido, exploramos os padres deondas cardacas e cerebrais que esto portrs delas. Alm disso, ao discutir o per-do, mencionamos as vantagens evolutivasdessa resposta.

    PASSANDO DO NEGATIVOAO POSITIVO

    Suponha que voc seja um reprterde jornal com a tarefa de descrever os pen-samentos e aes das pessoas que esto pre-sas em um aeroporto, em uma sexta-feira noite, em funo do mau tempo. O con-tedo da reportagem sobre esse tipo de si-tuao provavelmente seria negativo echeio de aes que retratam as pessoas deum ponto de vista muito desconfortvel.Essas histrias so do mesmo gnero queas nfases apresentadas pelos psiclogosdo sculo XX em relao aos seres hu-manos, mas, como veremos, nem todas ashistrias so negativas em relao spessoas.

  • Psicologia positiva 21

    Uma reportagem positiva

    Compare as reportagens negativas seguinte histria contada por um autorconsagrado em um jornal local (Snyder,2004d, p. D4). A cena se passa no Aero-porto Internacional de Filadlfia, sexta-fei-ra noite, no momento em que os vooschegam com atraso ou so cancelados.

    ... pessoas que esto tentando fazer omelhor possvel a partir de situaes dif-ceis. Por exemplo, quando um soldado doExrcito, recm-chegado do Iraque, deu-se conta de que havia perdido a alianade sua namorada, os funcionrios do ae-roporto e todos ns que estvamos nosaguo de espera imediatamente come-amos a procurar. Em pouco tempo, o anelfoi encontrado, e se ouviu um grito dealegria da multido.

    Por volta de 19h40, o alto-falante nosdisse que haveria atrasos ainda mais lon-gos em vrios voos. Para minha surpresae prazer, descobri que meus companhei-ros viajantes (e eu) simplesmente demosconta da situao. Alguns tiraram coisasde comer que haviam guardado nas bol-sas e ofereceram esses tesouros aos ou-tros. Apareceram baralhos, e vrios jogostiveram incio. As companhias areas dis-triburam lanches. Havia exploses de gar-galhadas.

    Como se fssemos soldados esperan-do nas trincheiras durante um momentode calma entre batalhas, algum ao lon-ge comeou a tocar uma gaita. Meninosfizeram uma quadra de beisebol e, me-dida que seu jogo avanava, ningum pa-recia se importar com o quanto uma desuas bolas passaria perto. Embora nohouvesse lugares para todos se sentarem,as pessoas usaram a criatividade para fa-zer cadeiras e sofs com suas bagagens.As pessoas que tinham computadores ospegaram e jogaram videogames umas comas outras. Um cara at transformou a telado seu em um dispositivo semelhante aum drive-in, no qual vrias pessoas assis-

    tiram ao filme Matrix. Eu usei o meunotebook para escrever esta coluna.

    Uma vez, ouvi dizer que a virtude estem fazer coisas simples quando todo mun-do est enlouquecendo. Quando bradar,gritar, ficar com raiva, incomodar-se e ge-ralmente perder a cabea parecem estarprximos, maravilhoso, em lugar disso,ver a beleza aconchegante das pessoas,como raios de sol em um dia frio.

    Reaes a essa reportagem positiva

    Depois que essa reportagem positivaapareceu, eu (C.R. Snyder) no estava pre-parado para as reaes dos leitores. Nuncahavia escrito qualquer coisa que gerassetantos elogios sinceros e tanta gratido. Jna primeira semana depois da publicao,fui inundado com e-mails elogiosos. Algunsfalavam de como a reportagem os fez lem-brar momentos em que testemunharam aspessoas se comportando da melhor manei-ra possvel. Outros escreviam sobre comoesse texto jornalstico os fez se sentiremmelhor pelo resto do dia e at mesmo porvrios dias depois disso. Vrias pessoas dis-seram que gostariam que houvesse maismatrias dessas no jornal. Nem uma nicapessoa, entre as respostas que recebi, ti-nha qualquer coisa negativa para dizer so-bre a coluna.

    Por que as pessoas reagiriam de for-ma to igualmente receptiva a essa brevehistria sobre uma sexta-feira noite noaeroporto de Filadlfia? Em parte, elas pro-vavelmente querem ver e ouvir mais sobrea bondade nos outros. Seja por meio dereportagens como essa, seja por meio dosestudos cientficos e aplicaes que apre-sentamos neste livro, h uma sede de sa-ber mais sobre o que h de bom nas pesso-as. como se o sentimento coletivo fosse:Basta de toda essa negatividade em rela-o s pessoas!.

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    Ao escrever este livro sobre psicolo-gia positiva, experimentei os efeitos edifi-cantes de revisar as muitas aplicaes empesquisa e clnica que esto surgindo so-bre o estudo das qualidades humanas e dasemoes positivas. Ao ler sobre as quali-dades de seu semelhante e sobre os mui-tos recursos que promovem o melhor naspessoas, verifique se voc tambm se sen-te bem. H muitas coisas pelas quais pos-svel elogiar as pessoas, e daremos muitosexemplos disso.

    A PSICOLOGIA POSITIVABUSCA UMA VISO EQUILIBRADAE MAIS COMPLETA DOFUNCIONAMENTO HUMANO

    Ver apenas o que h de bom nas pr-prias reaes e o que h de ruim nas dosoutros um defeito humano comum. Vali-dar somente os lados positivos ou negati-vos da experincia humana no uma ati-tude produtiva. muito tentador concen-trar-se apenas no bom (ou no mau) domundo, mas isso no boa cincia, e nopodemos cometer esse erro ao promover apsicologia positiva. Embora no concorde-mos com os preceitos dos modelos ante-riores baseados nas patologias, seria erra-do descrever seus defensores como mausestudiosos, maus cientistas, maus profis-sionais ou ms pessoas. Em lugar disso, esseparadigma anterior foi promovido por pes-soas bem-intencionadas e inteligentes, queestavam respondendo a determinadas cir-cunstncias de sua poca.

    Da mesma forma, essas pessoas noestavam equivocadas com relao des-crio do ser humano. Elas desenvolveramdiagnsticos e abordagens para esquizo-frenia, depresso e alcoolismo e validarammuitos tratamentos eficazes para proble-mas especficos, como transtorno de pni-co e fobias em relao a sangue ou a semachucar (vide Seligman, What you canchange and what you cant, 1994).

    Assim, os que operaram dentro domodelo das patologias estavam bastantecorretos em suas descries de algumaspessoas em determinadas pocas de suasvidas. Eles tambm conseguiram ajudarcertas pessoas com problemas especficos.No obstante, os defensores da abordagemdas patologias descreveram a humanidadede forma incompleta. No resta dvida deque o negativo parte da humanidade, masapenas uma parte. A psicologia positivaoferece um olhar sobre o outro lado, ouseja, o que bom e forte na humanidade eem nossos ambientes, junto com formas decultivar e sustentar essas qualidades e re-cursos.

    Embora exploremos o positivo, enfati-zamos que essa metade no representa atotalidade da histria, mais do que o ladonegativo. Futuros psiclogos devem desen-volver uma abordagem includente que exa-mine os defeitos e as qualidades das pes-soas, bem como os fatores de estresse e osrecursos que esto presentes no ambiente.Essa abordagem seria a mais abrangente evlida. Entretanto, ainda no chegamos aesse ponto, porque faltam desenvolver eexplorar completamente a cincia e a pr-tica da psicologia positiva. Somente quan-do tivermos realizado esse trabalho de de-tetive sobre as qualidades das pessoas e osmuitos recursos dos ambientes positivos que seremos verdadeiramente capazes deentender os seres humanos de forma equi-librada. Nossa tarefa nestas pginas com-partilhar com voc o que sabemos sobrepsicologia positiva nesse momento relati-vamente inicial de seu desenvolvimento.

    Vislumbramos o momento futuro, nocampo da psicologia, em que o positivo tertantas probabilidades quanto o negativo deser usado para avaliar as pessoas e as aju-dar a ter existncias mais satisfatrias. Essetempo provavelmente chegar durante avida dos leitores deste livro. Alguns devocs podem ir em busca de carreiras empsicologia nas quais iro levar em conside-rao as qualidades das pessoas, junto comseus defeitos. Na verdade, acreditamos

  • Psicologia positiva 23

    muito que nossa gerao ser a queimplementar uma psicologia que equili-bre verdadeiramente os preceitos de umaabordagem positiva com os da orientaoanterior, voltada s patologias. Tambmesperamos que os pais de hoje em dia usemtcnicas de psicologia positiva para servirde alicerce s suas famlias e trazer tonao melhor em seus filhos. Da mesma forma,vislumbramos um tempo em que crianasem idade escolar e jovens sejam valoriza-dos tanto por suas qualidades principaisquanto por suas notas em proves ou ves-tibulares.

    Dedicamos este livro a vocs. Comovocs podem ser os condutores da psicolo-gia com um equilbrio entre positivo e ne-gativo que acabar por nascer, alertamospara o debate que j est em andamentosobre a superioridade de uma abordagemem relao outra. Na prxima seo, ten-tamos inocul-los contra o pensamento dotipo ns contra eles.

    Vises da realidade queincluem o positivo e o negativo

    A realidade reside nas percepes daspessoas sobre os eventos e os acontecimen-tos no mundo (Gergen, 1985), e as pers-pectivas cientficas, portanto, dependem dequem as defina. Nessa linha, os camposda psicologia positiva e da patologia po-dem entrar em choque sobre como cons-truir sistemas significativos para entendernosso mundo. Sobre esse processo de ne-gociao da realidade (isto , o avanoem direo a vises de mundo sobre asquais haja acordo), Maddux, Snyder eLopez (2004, p. 326) escreveram o quesegue:

    Os significados desses e de outros concei-tos no so revelados pelos mtodos dacincia, e sim negociados entre as pessoase instituies da sociedade que tm inte-resse em suas definies. Aquilo que aspessoas chamam de fatos no so ver-

    dades, e sim reflexos de negociaes darealidade por parte dessas pessoas quetm interesse em usar os fatos.

    Sendo assim, quer se acredite na pers-pectiva da psicologia positiva quer na dapatologia, deve-se ter claro que esse deba-te envolve construes sociais sobre es-ses fatos. Em ltima anlise, as vises pre-dominantes esto vinculadas a valores so-ciais dos indivduos, grupos e instituiesmais poderosos da sociedade (Becker,1963). Igualmente, como as vises predo-minantes so construes sociais que con-tribuem para os objetivos e valores socio-culturais vigentes, tanto a perspectiva daspatologias quanto a psicologia positiva ofe-recem diretrizes sobre como as pessoasdeveriam viver suas vidas e o que faz comque valha a pena viv-las. Acreditamos quetanto a viso da psicologia positiva quantoa viso mais tradicional baseada nas pato-logias so teis, de forma que seria um erroenorme continuar o debate ns contraeles entre esses dois grupos. Os profissio-nais dos dois campos querem entender eajudar as pessoas. Para chegar a esses ob-jetivos, a melhor soluo cientfica e prti-ca adotar ambas as perspectivas. Dessaforma, embora introduzamos os preceitos,a pesquisa e as aplicaes da psicologiapositiva neste livro-texto, fazemos issocomo forma de acrescentar a abordagembaseada nas qualidades como complemen-to a ideias que foram deduzidas a partirdo modelo anterior, baseado nos defeitos.Estimulamos os leitores deste livro queacabaro por se tornar os lderes no cam-po a evitar ser arrastados para o debateque visa provar o modelo da psicologiapositiva ou o das patologias.

    ONDE NOS ENCONTRAMOS E QUAISSERO AS NOSSAS INTERROGAES

    A psicologia positiva encontra-se atual-mente em um perodo de expanso, nem

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    tanto em termos de porcentagem relativano campo todo que ela representa, mas emtermos da influncia dessa ideias para cha-mar a ateno da comunidade da psicolo-gia em particular e da sociedade em geral.Uma conquista notvel do movimento dapsicologia positiva nesta primeira dcadafoi o sucesso no aumento da ateno dadaa suas teorias e concluses de pesquisa.

    O psiclogo da Universidade da Pen-silvnia, Martin Seligman, deve ser desta-cado por ter dado incio recente explo-

    so de interesse napsicologia positiva,bem como por terlhe dado o nome depsicologia positiva.(Abraham Maslowfoi quem realmentecunhou a expressopsicologia positivaquando a usou co-mo ttulo de um ca-ptulo em seu livrode 1954, Motivao

    e personalidade.) Cansado do fato de que apsicologia no estava rendendo suficienteconhecimento do que faz com que a vidavalha a pena (Seligman e Csikszen-tmihalyi, 2000, p. 5; observe a semelhan-a de sentimento em relao ao lamentode Robert Kennedy sobre o produto inter-no bruto, na citao de abertura deste ca-ptulo), Seligman buscou um tema provo-cativo quando se tornou presidente da As-sociao Norte-Americana de Psicologia em1998. Foi durante sua gesto que ele usousua posio privilegiada para chamar aten-o ao tpico da psicologia positiva. Desdeaquela poca, Seligman trabalhou de for-ma incansvel para dar incio a confern-cias e programas de financiamento parapesquisa e s aplicaes dessas psicolo-gia positiva. Durante todo o tempo em queesteve frente do crescente movimento dapsicologia positiva, Seligman lembrou aospsiclogos que a espinha dorsal da inicia-tiva deveria ser a boa cincia. Sem dvida,portanto, temos uma dvida de gratido

    para com os esforos continuados deMartin Seligman para garantir que a psi-cologia positiva prospere.

    s vezes, cometeremos erros em nos-sa busca pelas qualidades humanas. Con-tudo, fazendo um balano, acreditamos fir-memente que essa busca resultar em al-gumas ideias maravilhosas sobre a huma-nidade. Ao avaliar o sucesso da psicologiapositiva, sustentamos que ela deve ser sub-metida aos mais elevados padres da lgi-ca da cincia. Da mesma forma, a psicolo-gia positiva deve passar pelas anlises dementes cticas, mas abertas. Deixamos essafuno importante para vocs.

    QUAL A SUA CARA? UMA FOTODA PSICOLOGIA POSITIVA EMTAMANHO PASSAPORTE

    Ao comearmos essa jornada na psi-cologia positiva, pedimos-lhe que peguesua foto de passaporte. Ela servir comosua identificao para passar pelos vriosterritrios da psicologia positiva. Feche osolhos e relaxe por alguns segundos. Em se-guida, pense sobre o rosto que a maioriadas pessoas v quando voc faz suas ativi-dades cotidianas. Quando tiver um rostoem mente, abra os olhos e veja a fila derostos simples na Figura 1.1. Faa um crcu-lo ao redor do que melhor se parece comvoc, entre essas possibilidades. Lembre-se, esse no o rosto que voc quer que osoutros vejam, mas o que eles realmente veem.

    Em vrios momentos deste livro, fa-lamos sobre como as pessoas reagem soutras. O rosto humano a cara muitasvezes o que os outros olham quando for-mam uma impresso.

    Na verdade, o rosto est relacionadoao termo bsico para o subcampo da psi-cologia chamado de personalidade. Nasantigas tragdias e comdias, os atores (to-dos homens) seguravam mscaras que re-presentavam os papis que estavam desem-penhando. A palavra para essa mscara era

    Martin SeligmanFonte: Cortesia deMartin Seligman.

  • Psicologia positiva 25

    persona. Assim, nossas mscaras so o queos outros veem. O ator Jack Nicholson conhecido por seu sorriso, que sua formapermanente de demonstrar sua postura des-preocupada e divertida em relao vida.

    Depois de decidir que rosto melhorse ajusta a voc, acrescentaramos imedia-tamente que a forma como voc est sesentindo ser influenciada pelas coisas quelhe aconteceram este ms, esta semana,hoje ou, talvez, h apenas cinco minutos.Portanto, geralmente sorrimos quando tive-mos xito na busca de um objetivo impor-tante. Examinemos aqui a experincia detotal satisfao do ciclista Lance Armstrongquando se deu conta de que iria vencer pelasexta vez seguida a Volta da Frana na pro-va de 2004. ( claro, um ano mais tarde,em sua ltima corrida antes de se aposen-tar do ciclismo, Armstrong venceu sua s-tima Volta da Frana).

    No artigo, You smile, I smile (Vocsorri, eu sorrio, 2002), Roger Martin contaum incidente pessoal no qual ele foi pro-fundamente influenciado pelo sorriso deuma pessoa que encontrou. Voc algumavez j se deparou com uma pessoa que sor-riu para voc, e voc respondeu com umsorriso igualmente grande? Somos criatu-ras sociais e, como exploramos no Captu-lo 7, nossas emoes so parte de nossafelicidade e nossa satisfao na vida. NosMiniexperimentos pessoais (p. 201), apre-sentamos diferentes atividades para vocexperimentar com vistas a melhorar seuestado emocional.

    UM SBADORECENTE: UMEXEMPLO DEPSICOLOGIAPOSITIVA

    Permitam-me(C.R.S.) usar hojeum exemplo de ondeencontrar psicologiapositiva, bem comode onde no a en-contrar. Sendo sba-do, ligo o rdio. Mi-nhas prefernciaspara rdio mudaramnos ltimos tempos.Eu costumava escu-tar msica country,na qual ouvia hist-rias de como algum perdeu a namorada,o emprego, o cachorro ou a caminhonete.As melodias eram muito parecidas, assimcomo o eram as letras cheias de angstia.Pode ser o caso de que essas letras repeti-damente negativas tenham-me levado auma estao de rdio que toca os clssi-cos, no os clssicos do rock-and-roll dosanos de 1960 e 1970, mas obras de Beetho-ven, Handel, Chopin e outros. Suas melo-dias parecem fortes e enriquecedoras.

    Na hora do almoo, esbanjo e vou Baskin-Robbins para um sorvete de choco-late com amndoas, com mais uma bola

    Figura 1.1Escolhendo seu rosto.

    Escolha o rosto que melhor se ajusta a voc, na maior parte do tempo.

    Jack NicholsonFonte: Corbis.

    Lance ArmstrongFonte: Corbis.

  • 26 C.R. Snyder & Shane J. Lopez

    de flocos em cima. Depois, corto a gramado jardim e, em um momento de altrusmo,decido tambm cortar a da minha vizinha.Na metade do servio, ela sai e me diz:No necessrio fazer isso!. Eu sei, claro,e provavelmente seja por isso que to gra-tificante. Considero ajudar os outros como,talvez, a atividade mais prazerosa na vida.(Voltaremos a esse tema mais tarde.)

    A essas alturas, j so 3h da tarde eestou de volta em casa, trabalhando nestecaptulo. Ouo a campainha. Abro a porta,e l est meu neto de nove meses, Trenton.Seu pai me pergunta se posso cuidar dele oresto do dia (incluindo passar a noite), edigo que sim, imediatamente. Eu no cos-tumava ser to entusiasmado em relao aficar com crianas, mas mudei muito depoisdos cinquenta. Estou fascinado com bebse crianas pequenas, e gosto de brincar comeles, observ-los, dar-lhes de comer e assimpor diante. Durante grande parte da tarde,Trenton e eu ficamos sentados no gramado

    do jardim, olhando passarinhos, esquilos,coelhos e qualquer coisa que se mexesse,especialmente as pessoas que sorriem quan-do passam, parece que com pressa, na cal-ada da frente. Fico pensando para onde que elas vo com tanta pressa.

    Para mim, um grande prazer vermeu neto enxergar essas coisas pela pri-meira vez tudo parece to novo para ele,e isso respinga em mim. Dou-lhe de comere no me incomodo com o fato de que elepe mais em mim e ao redor dele do quena boca. Coloco-o no andador, e caminha-mos bastante. Ele adora estar na rua, e euadoro estar com ele.

    Quando voltamos, minha mulher jchegou do trabalho, e me decepciono porela querer ficar com o beb. Ento, montoum velho balano que ganhamos, com mi-nha mulher furiosa porque no uso esca-da, e sim subo em uma precria mesinhade madeira. O balano j est penduradoem um galho de rvore. Depois do jantar,

    Voc sorri, eu sorrio

    Roger Martin

    Passo por uma estranha na escadaria da biblioteca. Seu sorriso luminoso, seu cumpri-mento, afetuoso. Ela me olha firme nos olhos, e seu esplendor irresistvel. Involunta-riamente, tambm sorrio e digo ol.

    Viro o rosto para v-la se ir. O que aconteceu? Penso.Trs dias depois, acontece uma coisa. Tive uma fantasia com pessoas sentadas em uma

    sala-de-estar, e uma delas diz: Esta semana, vamos sorrir para estranhos e ver o que acon-tece. Mostremos a eles que o amor no questo de receber, e sim de dar. Depois nosreuniremos e falaremos sobre o que aconteceu.

    Como voc, em todo o lugar que eu vou, vejo os olhos opacos e os rostos detrs debarricadas. Na verdade, o meu costuma ser um deles. Quando olho ao redor, sinto a ira e atristeza, e a perda de sentido e a preocupao que penetraram to fundo em nossos ossosque mal sabemos que esto ali.

    Mas os dois estranhos me tornaram ousado, de forma que passei a ter momentos compessoas que no conheo. Comecei a fazer observaes, do nada, na fila da mercearia, paraa pessoa prxima a mim, esperando que as palavras que eu joguei fossem respondidas.Reescrevi as falas do roteiro rpido que geralmente se aplica a compras: Cliente distrado seencontra com caixa entediado ... Os estranhos tinham dado algo sem esperar retribuio, e,naquele momento, no parecia mais estranho.

    Fonte: Lawrence Journal-World, Maio 19, 2002, p. D3. Reimpresso com permisso do autor.

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    decidimos colocar Trenton na cadeirinhade crianas, e ele vai direto para o cho,pois muito pesado. Rebecca e eu rimosde meu planejamento no muito perfeito.

    Quando se v, j hora do ritual de irpara a cama e, para qualquer leitor quetenha (ou tenha tido) filhos, esse processo

    provavelmente muito conhecido e envol-ve uma luta de vontades em que, neste ca-so, os avs e o neto, cansados e exaustos,acabam desabando de sono. (Quando pe-gamos no sono, minha mulher e eu parece-mos a anttese das imagens nos catlogosromnticos e sensuais de lojas de lingerie

    Miniexperimentos pessoais

    O que voc quer vivenciar

    Neste captulo, oferecemos diversos exemplos de como um foco no positivo pode trazermais pessoas e sentimentos bons para dentro de sua vida cotidiana. Reorientar o foco denosso pensamento pode ajudar a determinar se passamos nossos dias em busca de experin-cias significativas ou permanecemos com medo do que pode acontecer de ruim. Com muitafrequncia, as pessoas agem como se seus pensamentos estivessem fora de seu controlequando, na verdade, somos autores de roteiros cotidianos que determinam em muito nos-sas aes dirias. Com o objetivo de concentrar nossos pensamentos no positivo, por favorpercorra cada um desses passos e siga as instrues. importante que voc use o tempo quefor necessrio.

    Identifique trs coisas boas que gostaria que acontecessem amanh. Pense em uma coisa que no quer que acontea nos prximos dias. Imagine aquilo que voc no quer que acontea como um crculo, que fica cada vez

    menor. Das trs coisas boas que voc quer que aconteam amanh, imagine a menos impor-

    tante delas ficando cada vez menor. Imagine o pequeno crculo daquilo que voc no quer que acontea ficando to

    pequeno que mal se possa ver. Abandone aquilo que voc no quer que acontea. D adeus. Das duas coisas boas que quer que aconteam amanh, imagine a menos importante

    ficando cada vez menor. Concentre sua mente na nica coisa que permanece como a mais importante para

    amanh. Visualize essa coisa boa acontecendo em sua mente. Pratique em sua mente a ideia de que essa coisa boa vai acontecer. Quando acordar amanh, concentre-se na coisa boa acontecendo. Repita para si mesmo durante o dia: Eu fao com que esse positivo seja possvel. Repita a frase: Eu escolho como concentrar meus pensamentos.

    A razo desse exerccio ensinar s pessoas que elas tm mais controle de suas agendasmentais do que geralmente se do conta. Mais do que isso, prestando ateno ao que que-rem que acontea, as pessoas tm mais probabilidade de se apropriar de suas atividadescotidianas, em lugar de ser reativas. Ao fazer esse exerccio, fique vontade para improvi-sar com as palavras exatas que voc pode dizer a si mesmo, mas tente manter a mensagemfortalecedora nas palavras que escolher. Em nossas experincias de trabalho com as pessoas,gastar energias mentais para evitar certos resultados indesejados tende a tornar as pessoasreativas a outras pessoas e a eventos. Pensar no que queremos que acontea, por sua vez,ajuda a manter afastado o negativo.

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    que mostram estrelas de Hollywood. Em lu-gar delas, nossa roupa de dormir geralmen-te composta de calas de moletom muitoantigas, manchas do jantar ou de coisas quefomos consertar em casa, baba de crianaseca ou coisa pior... Nossos pijamas poderiamser chamados de Estrelas do Kansas.)

    Essa breve crnica de sbado ilustravrias coisas acerca de psicologia positiva.De longe, o aspecto mais positivo de meudia est relacionado a fazer coisas comoutras pessoas. Cortar a grama da vizinhae cuidar de meu neto so muito gratifican-tes. Essas atividades lhe do uma ideia decomo e onde a psicologia positiva funcio-na para mim. Muito do prazer que fluiudesse sbado de vero veio de minha ca-pacidade de manter o foco de minhas ati-vidades nas coisas que me do prazer. Naverdade, o positivo est ao redor da maio-ria de ns. Observe, tambm, que nem to-das essas atividades resultam de aeshedonistas positivas; em lugar disso, asatividades que so, de longe, as mais gra-tificantes esto vinculadas a ajudar os ou-tros. Dar receber. Esse apenas um dosparadoxos surpreendentes sobre a psico-logia positiva que iremos deslindar paravoc neste livro.

    UM GUIA PARA ESTE LIVRO

    Este livro foi escrito tendo os leitoresem mente. Por meio de nosso trabalho con-junto, perguntamos um ao outro: Este ca-ptulo trar a psicologia positiva para a vidados alunos?. Essas discusses nos ajuda-ram a entender que o livro precisava serum excelente resumo da cincia e da pr-tica da psicologia positiva e que teria queconquist-los para aplicar seus princpiosem seu dia-a-dia. Com esse objetivo emmente, tentamos destilar os mais rigoro-sos estudos da psicologia positiva e as es-tratgias de prtica mais eficazes, e cons-trumos dzias de miniexperimentos e es-tratgias pessoais que promovem seu en-

    volvimento com os aspectos positivos naspessoas e no mundo. Ao terminar de lereste livro, vocs estaro mais informadossobre psicologia e tero se tornado maishbeis para capitalizar suas caractersticashumanas fortes e gerar emoes positivas,o que configura nosso objetivo.

    Dividimos este livro em oito partes.Na Parte I, Um olhar positivo sobre a psi-cologia, h quatro captulos. O Captulo1, que voc est quase terminando de ler, introdutrio. Nosso propsito foi lhe daruma ideia do entusiasmo que sentimos emrelao psicologia positiva e comparti-lhar algumas das questes fundamentaisque movem o desenvolvimento desse novocampo. Os Captulos 2 e 3 se chamam Pers-pectivas ocidentais sobre a psicologia po-sitiva e Perspectivas orientais sobre a psi-cologia positiva, respectivamente. Neles,voc ver que, embora haja vnculos bviosda psicologia positiva com as culturas oci-dentais, tambm h temas importantespara as culturas orientais. O Captulo 4,Classificaes e medidas das qualidades eresultados positivos do ser humano, daruma ideia de como os psiclogos classifi-cam os vrios tipos de qualidades huma-nas. Para leitores familiarizados com omodelo de psicologia mais tradicional, ba-seado em patologias, essa seo ir ofere-cer uma classificao que serve de contra-ponto, construda a partir das qualidadeshumanas.

    Na Parte II, Psicologia positiva emcontexto, dedicamos dois captulos aos fa-tores associados ao bem-viver. No Captulo5, Desenvolvendo as qualidades humanase vivendo bem em um contexto cultural,examinamos como as foras da sociedade edo ambiente ao nosso redor podem contri-buir para uma sensao de bem-estar. Maisalm, no Captulo 6, Vivendo bem em to-das as etapas da vida, mostramos como asatividades de infncia podem ajudar umapessoa a se tornar adaptativa mais tarde.

    A Parte III, Estados e processos emo-cionais positivos, consiste em dois captu-los sobre tpicos que dizem respeito a pro-

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    cessos relacionados s emoes. No Captu-lo 7, Os princpios do prazer: entendendoa afetividade positiva, as emoes positivas,a felicidade e o bem-estar, tratamos da per-gunta frequente: O que torna uma pessoafeliz?. No Captulo 8, Fazendo o melhorde nossas experincias emocionais: enfren-tamento voltado s emoes, intelignciaemocional, seletividade socioemocional e narrao emocional de histrias, apre-sentamos novas descobertas com relao semoes como recursos extremamente im-portantes para atingir nossos objetivos.

    Na Parte IV, Estados e processoscognitivos positivos, inclumos trs cap-tulos. O Captulo 9, Observando nossosfuturos por meio da autoeficcia, do oti-mismo e da esperana, trata das trs mo-tivaes mais pesquisadas para enfrentaro futuro: autoeficcia, otimismo e esperan-a. No Captulo 10, Sabedoria e coragem:duas virtudes universais, examinamos ostpicos de psicologia positiva, envolvendoos recursos que as pessoas trazem para cir-cunstncias que ampliam suas habilidadese sua capacidade. Da mesma forma, noCaptulo 11, Mindfulness, flow e espiritua-lidade: em busca das melhores experin-cias, discutimos como as pessoas seconscientizam do processo permanente depensar e sentir, junto com a necessidadehumana de acreditar em foras maiores emais poderosas do que elas prprias.

    Na Parte V, Comportamento pr-so-cial, descrevemos as ligaes positivasgerais que os seres humanos tm com ou-tras pessoas. No Captulo 12, Empatia eegotismo: portais para o altrusmo, a gra-tido e o perdo, mostramos como osprocessos relacionados bondade operamem benefcio das pessoas. E, no Captulo13, Vnculo, amor e relacionamentos queprosperam, analisamos a importncia dosvnculos humanos ntimos para uma sriede resultados positivos.

    A Parte VI, Compreendendo e mu-dando o comportamento humano, descre-ve como prevenir que aconteam coisas ne-gativas, bem como fazer que coisas positi-

    vas aconteam. O Captulo 14, Conceitua-es equilibradas de sade mental e com-portamento, e o Captulo 15, Interceden-do para prevenir o que ruim e potencia-lizar o que bom, ajudar voc a ver comoas pessoas podem melhorar suas circuns-tncias de vida.

    A Parte VII, Ambientes positivos, ob-serva ambientes especficos. No Captulo16, Escolarizao positiva, descrevemosdescobertas recentes relacionadas a resul-tados positivos na aprendizagem para es-tudantes. No Captulo 17, Bom trabalho:a psicologia do emprego gratificante, dis-cutimos os componentes de empregos queso produtivos e satisfatrios. E, no Cap-tulo 18, O equilbrio eu/ns: construindocomunidades melhores, sugerimos que osambientes mais produtivos e satisfatriosso aqueles em que os habitantes possammanifestar algum sentido de que so es-peciais e algum sentido de semelhana comrelao a outras pessoas.

    O livro se encerra com a Parte VIII,Um olhar positivo sobre o futuro da psico-logia. Essa seo traz o Captulo 19, Tor-nando-se positivo, no qual especulamossobre os avanos no campo da psicologiapositiva na prxima dcada. Alm disso,convidamos especialistas da rea para darsuas impresses sobre as questes funda-mentais para o campo da psicologia positi-va no sculo XXI.

    Miniexperimentos pessoais

    Na maioria dos captulos (incluindoeste), estimulamos que voc teste as ideiasde importantes psiclogos positivos. EmMiniexperimentos pessoais, pedimos queleve a psicologia positiva para dentro desua vida, realizando o tipo de experimen-to que os pesquisadores da psicologia po-sitiva podem dar a seus clientes como tra-balho de casa. Alguns desses experimen-tos levam menos de meia hora para serrealizados, ao passo que outros levam maisde uma semana.

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    Estratgias para melhorar a vida

    Encontrar o positivo na vida cotidia-na no requer, necessariamente, um expe-rimento total. Na verdade, acreditamos queuma abordagem cuidadosa vida do dia-a-dia revela o poder das emoes positivase das qualidades humanas. Sendo assim,para os captulos que tratam especificamen-te das emoes positivas, qualidades e pro-cesso saudveis, elaboramos estratgias pa-ra melhorar a vida, que podem ser im-plementadas em uma questo de minutos.Decidimos desenvolver essas estratgiaspara ajud-lo a atingir os trs mais impor-tantes resultados na vida: conexo comoutras pessoas, busca de sentido e a vi-vncia de algum grau de prazer ou satisfa-o. Especificamente, o amor, o trabalho eo lazer tm sido citados como os trs gran-des domnios da vida (Seligman, 1998e).Freud definiu a normalidade como a capa-cidade de amar, trabalhar e se divertir, e ospesquisadores da psicologia se referiram aessa capacidade como sade mental(Cederblad, Dahlin, Hagnell e Hansson,1995). Os pesquisadores do desenvolvi-mento descreveram o amor, o trabalho e olazer como tarefas normais associadas aocrescimento humano (Icard, 1996) e comochaves para um envelhecimento saudvel(Vaillant, 1994). Os profissionais interes-sados em psicoterapia consideram a capa-cidade de amar, trabalhar e se divertir comoum aspecto do processo de mudana(Prigatano, 1992), ao passo que outros aveem como um dos principais objetivos daterapia (Christensen e Rosenberg, 1991).Embora um envolvimento integral na bus-ca do amor, do trabalho e do lazer no ga-ranta uma vida boa, acreditamos que ele necessrio para viver bem. Com essa ideiaem mente, estimulamos voc a participardas diversas estratgias para melhorar avida que iro aprimorar sua capacidade deamar, trabalhar e se divertir.

    Isso conclui nosso breve resumo depor onde planejamos ir nos captulos queseguem e de nossas muitas esperanas em

    relao a voc. Se voc se envolver total-mente com o material e com os exercciosdeste livro, obter conhecimentos e habili-dades que podem lhe ajudar a levar umavida melhor.

    Raramente, um estudante tem a opor-tunidade de testemunhar a construo deum novo campo desde o princpio. Se nos-so trabalho foi feito como deveria ser, vocir sentir a emoo que vem de ter estadopresente no incio.

    O PANORAMA GERAL

    Apesar do horror e da incerteza doterrorismo e dos desastres naturais, os Es-tados Unidos do sculo XXI so prsperos,estveis e esto em condies de atingir apaz. Em um momento to positivo para suaevoluo, uma cultura pode se concentrarem questes como virtudes, criatividade eesperana. Trs culturas anteriores se de-pararam com eras positivas semelhantes.No sculo V a.C., Atenas usava seus recur-sos para explorar as virtudes humanas bom carter e boas aes. A democracia seformou durante esse perodo. Na Florenado sculo XV, riquezas e talentos eramempregados para promover a beleza. E aInglaterra vitoriana usava seus recursospara uma busca das virtudes humanas dedever, honra e disciplina. Como as ddivasque emanam dessas pocas anteriores, tal-vez a contribuio dos Estados Unidos dosculo XXI resida na adoo e na explo-rao dos preceitos da psicologia positiva,isto , do estudo e da aplicao do que bom nas pessoas (Seligman e Csikszen-tmihalyi, 2000). Certamente, nunca emnossas carreiras testemunhamos um novodesenvolvimento no campo da psicologiaque fosse potencialmente to importante.Mas estamos nos adiantando, porque o ver-dadeiro teste vir quando novos estudan-tes forem atrados para essa rea. Por ho-ra, damos as boas-vindas psicologia po-sitiva.

  • Psicologia positiva 31

    ANEXO

    1. Sabedoria e conhecimento Caracte-rsticas cognitivas fortes que possibili-tam a aquisio e o uso de novos co-nhecimentos.Criatividade: Pensar em formas novas e

    produtivas de fazer as coisasAmadeus (1984, Estados Unidos)Shine (1996, Estados Unidos)

    Curiosidade: Desenvolver interesse emtudo o que aconteceO cu de outubro (1999, Estados Uni-dos)O fabuloso destino de Amlie Poulain(2001, Frana)

    Postura aberta: Refletir sobre as coisase examin-las de todos os pontos devistaTerra de ningum (2001, Bsnia)

    Amor por aprender: Dominar novas ha-bilidades, tpicos e corpos de conhe-cimentoBilly Elliott (2000, Estados Unidos)Uma mente brilhante (2001, EstadosUnidos)

    Perspectiva (sabedoria): Ser capaz deoferecer orientao sbia aos outrosO advogado do diabo (1997, EstadosUnidos)Beleza americana (1999, EstadosUnidos)

    2. Coragem Qualidades emocionais queenvolvem o exerccio da vontade paraatingir objetivos em face da oposio,externa ou interna.Bravura: No recuar diante da ameaa,

    do desafio, da dificuldade ou da dorA lista de Schindler (1993, EstadosUnidos)

    Tempo de recomear (2001, EstadosUnidos)

    Persistncia (perseverana): Finalizar oque se comeou, persistir no rumoindependentemente dos obstculosO piano (1993, Estados Unidos)Lendas da vida (2000, Estados Unidos)

    Integridade (autenticidade, honestida-de): Falar a verdade e se apresentarde forma verdadeiraQuesto de honra (1992, EstadosUnidos)Erin Brockovich uma mulher de ta-lento (2000, Estados Unidos)

    3. Humanidade Qualidades interpes-soais que envolvem tomar conta e fa-zer amizades com outras pessoas.

    Amor: Valorizar relacionamentos nti-mos com outros, especialmenteaqueles nos quais h solidariedadee cuidado mtuos; ser prximo daspessoasMinha bela dama (1964, EstadosUnidos)Doutor Jivago (1965, Estados Uni-dos)O paciente ingls (1996, EstadosUnidos)A escolha de Sofia (1982, EstadosUnidos)As pontes de Madison (1995, Esta-dos Unidos)ris (2001, Estados Unidos)

    Gentileza (generosidade, carinho, cuida-do, compaixo, amor altrusta): Fa-zer favores e boas aes para os ou-tros; ajud-losMelhor impossvel (1997, EstadosUnidos)Regras da Vida (1999, Estados Uni-dos)Promise (1986, Estados Unidos)

    Inteligncia social (inteligncia emocio-nal, inteligncia pessoal): Estar cien-te dos prprios sentimentos e moti-vaes, bem como das dos outros;saber o que fazer para se adaptar a

    Observao do anexo: Esses filmes e a classifica-o foram reproduzidos de Rashid (2006), comuma alterao: Vitalidade foi transferida paraa categoria Transcendncia. Reimpresso compermisso de Tayyab Rashid.

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    diferentes situaes sociais; fazer oque motiva as pessoasConduzindo Miss Daisy (1989, Esta-dos Unidos)Filhos do silncio (1986, EstadosUnidos)K-Pax o caminho da luz (2001, Es-tados Unidos)Os cinco sentidos (2001, Canad)

    4. Justia Qualidades cvicas que estopor trs de uma vida saudvel em co-munidade.Cidadania (responsabilidade social, le-

    aldade, trabalho em equipe): Traba-lhar bem como membro de um gru-po ou equipe; ser leal ao grupo; fa-zer a sua parteTempo de despertar (1990, EstadosUnidos)Los Angeles Cidade Proibida (1997,Estados Unidos)Encontrando Forrester (2001, Esta-dos Unidos)

    Imparcialidade: Tratar todas as pessoassegundo as mesmas noes de im-parcialidade e justia; no deixarque os sentimentos pessoais distor-am as decises com relao a ou-tros; dar a todo mundo uma chanceigualFiladlfia (1993, Estados Unidos)O clube do imperador (2002, Esta-dos Unidos)

    Liderana: Estimular um grupo do qualse membro para fazer as coisas e,ao mesmo tempo, manter boas rela-es dentro do grupo; organizar ati-vidades coletivas e garantir que elasaconteamLawrence da rabia (1962, EstadosUnidos)Dana com lobos (1990, EstadosUnidos)

    5. Temperana Qualidades que prote-gem contra excessos.Perdo e compaixo: Perdoar os que er-

    raram; aceitar as falhas dos outros;

    dar uma segunda chance s pessoas;no ser vingativoGente como a gente (1980, EstadosUnidos)Laos de ternura (1983, EstadosUnidos)Os ltimos passos de um homem(1995, Estados Unidos)A corrente do bem (2000, EstadosUnidos)

    Humildade/modstia: Deixar que as suasrealizaes falem por si; no buscarser o centro; no se considerar maisespecial do que se Gandhi (1982, Estados Unidos)O pequeno Buda (1994, EstadosUnidos)

    Prudncia: Ser cuidadoso em relao sprprias escolhas; no correr riscosindevidos; no dizer nem fazer coi-sas de que possa se arrepender de-poisRazo e sensibilidade (1995, EstadosUnidos)

    Autorregulao (autocontrole): Regularo que se faz e se sente; ser discipli-nado; controlar os prprios apetitese emoesForrest Gump o contador de hist-rias (1994, Estados Unidos)

    6. Transcendncia Qualidades que for-jam conexes com o universo mais am-plo e proporcionam sentido.

    Apreciao da beleza e excelncia (admi-rao, deleite, elevao): Observar eapreciar a beleza, a excelncia e odesempenho habilidoso em todos osdomnios da vida, desde a natureza,as artes, a matemtica e a cinciaat a experincia cotidianaEntre dois amores (1985, EstadosUnidos)As cores do paraso (2000, Ir)

    Gratido: Estar ciente e agradecido pe-las coisas boas que acontecem; ti-rar tempo para expressar agradeci-mentos

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    Tomates verdes fritos (1991, EstadosUnidos)Sunshine, o despertar de um sculo(2000, Estados Unidos)

    Esperana (otimismo, mente voltada aofuturo, orientao para o futuro): Es-perar o melhor no futuro e trabalharpara atingi-lo; acreditar que um bomfuturo algo que pode ser geradoE o vento levou (1939, EstadosUnidos)Gnio indomvel (1997, EstadosUnidos)A vida bela (1998, Itlia)

    Humor (atitude ldica): Gostar de rir efazer brincadeiras; levar sorrisos soutras pessoas, ver o lado leve; fa-zer piadas (no necessariamentecont-las)Patch Adams o amor indomvel(1999, Estados Unidos)

    Espiritualidade (religiosidade, f, prop-sito): Saber qual o seu lugar no es-quema mais amplo; ter crenas coe-rentes com relao ao propsito e aosentido maiores da vida, que determi-nam a conduta e oferecem confortoO padre (1994, Reino Unido)Contato (1997, Estados Unidos)O apstolo (1997, Estados Unidos)

    Vitalidade (prazer, entusiasmo, energia):Ver a vida com entusiasmo e ener-gia; no fazer as coisas pela metadeou sem entusiasmo, viver a vidacomo uma aventura, sentir-se vivoe ativado

    Um estranho no ninho (1975, Esta-dos Unidos)Cinema Paradiso (1988, Itlia)Meu p esquerdo (1993, EstadosUnidos)

    TERMOS FUNDAMENTAIS

    Cara: Em seu sentido mais concreto, as fei-es humanas da parte da frente da cabe-a. Em termos mais gerais, e tomando em-prestado do socilogo Irving Goffman, aimpresso que se d ao aparecer em p-blico.Construo social: A perspectiva ou defi-nio que objeto de acordo por parte demuitas pessoas como sendo constituinte darealidade (em lugar de alguma verdadedefinida objetivamente que reside nos ob-jetos, situaes e pessoas).Doena mental: Dentro da abordagem psi-colgica baseada nas patologias, refere-sea uma srie de problemas que as pessoaspodem ter. Um termo abrangente para al-gum que tenha problemas psicolgicosgraves, como ele sofre de uma doenamental.Negociao da realidade: Os processospermanentes por meio dos quais as pessoaschegam a vises de mundo ou a definiessobre as quais h acordo.Psicologia positiva: A cincia e as aplica-es relacionadas ao estudo das qualida-des psicolgicas e das emoes positivas.