canto coral e fundamentos de regencia ii

Upload: joao-roberto-pereira

Post on 03-Apr-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    1/74

    1

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    2/74

    2

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    3/74

    3

    Reitor

    Prof. Ms. Stefano Barra Gazzola

    Gesto da Educao a Distncia

    Prof. Ms. Wanderson Gomes de Souza

    Design Instrucional e Diagramao

    Digenes Caxin

    Victor Rocha

    Reviso ortogrfica / gramatical

    Erika de Paula Sousa

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    4/74

    4

    Autor

    LLIANOLIVEIRASALESDESOUZA

    Ps-graduanda em Docncia do Ensino Superior pelo Centro

    UniversitriodoSuldeMinas/UNIS-MG.

    graduadaemMsica(LicenciaturaPlena)comhabilitaoem

    CantoPopularpelaUniversidadeFederaldeSoJooDelRei

    (2010), atuando principalmente nos seguintes temas: Cano

    Popular Brasileira, Canto Popular, Clube da Esquina e seus

    recursosinterpretativosaplicadosvozeEducaoMusical,no

    quesereferemusicalizaoinfantilecantocoral.

    Atualmente, docente nos cursos de Canto Popular e Canto

    CoralnoConservatrioEstadualdeMsicaMaestroMarciliano

    BragadeVarginha/MG.

    Atua como tutora virtual no curso de Educao Musical da

    UFSCar,sobaorientaodaprofessoraThaisdosGuimares,e

    nogrupoUNIS-MGcomotutoradasdisciplinasdeCantoCorale

    FundamentosdaRegnciaeEstruturaoePercepoMusical.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    5/74

    5

    Atuou como bolsista no projeto de extenso universitria

    desenvolvidopelaUFSJ(2008)eorientadopelaprofessoraThais

    dosGuimares,abordandoo seguinte tema: Ocantopopular

    no ensino mdio: uma abordagem do dilogo que a cano

    popularestabelececomahistriadoBrasilnosc.XX,apartir

    da vivncia e experimentao do repertrio composto no

    perodo do estado novo e na ditadura militar de 60, que foi

    apresentadonoVIICongressodeProduoCientficadaUFSJ

    nomesmoano.

    Atua como intrprete de canes do repertrio da Msica

    PopularBrasileira,eparticipoudealgunseventossignificativos,

    dentreelesoVIIColquioAnterodeQuentaldoDepartamento

    de Filosofia da Universidade Federal de So Joo Del Rei, no

    ano de 2009, no qual realizou o show Os sonhos no

    envelheceminterpretandocanesdoClubedaEsquina.

    Paramaisinformaesacesseocurrculolattes:

    http://lattes.cnpq.br/4815628685748660.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    6/74

    6

    SOUZA, Llian Oliveira Sales de.

    Guia de Estudo

    Canto Coral e

    Fundamentos da Regncia II Llian

    Oliveira Sales de Souza. Varginha:

    2012.

    1. Educao. 2. Msica. 3. Canto

    Coral e Regncia.

    I. Ttulo

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    7/74

    7

    SUMRIO

    1.1OSPRIMRDIOSDAMSICAVOCALESUATRAJETRIADESDEAPR-

    HISTRIAATAIDADEANTIGA...............................................................................................20

    1.1.1SUMRIOS................................................................................................................................27

    1.1.2ASSRIOS....................................................................................................................................28

    1.3:HEBREUS......................................................................................................................................31

    1.1.4:EGPCIOS..................................................................................................................................34

    1.1.5:CHINESES................................................................................................................................39

    1.1.6:GREGOS.....................................................................................................................................43

    1.1.7.ROMANOS................................................................................................................................48

    1.1.8.INDIANOS................................................................................................................................51

    1.1.9AFRICANOS..............................................................................................................................54

    BibliografiaBsica............................................................................................................................59

    BibliografiaComplementar.........................................................................................................60

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    8/74

    1

    EMENTA

    Prticadeleituraatravsdocantocoral,aaplicaodavozem

    conjuntoeaprticadocantocoral.Aprimoramentodaprtica

    vocalatravsdarealizaodeobrasqueutilizamdiversostipos

    de agrupamentos musicais. Ampliao do repertrio musical

    paravozesapartirdaaudioerealizaodeobrasmusicais

    dediferentespartesdomundo,diferentes perodos, estilose

    autores.Prticadepeassignificativasdorepertriobrasileiro

    e peas didticas para aplicao em sala de aula. Prtica de

    regnciaesuaaplicaonaprticadorepertriocoral.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    9/74

    2

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    10/74

    3

    Caro(a)aluno(a),

    Sejamuitobem-vindoaoestudodadisciplinaCantoCoral

    eFundamentosdaRegnciaII.

    Dandocontinuidadeaosnossosestudos,lanoaquium

    pequenoquestionamentoqueacreditopodernosdarumnorte

    eumsentidoaonossoofciodeEducadoresMusicais.Espero

    que ao final deste guia de estudos, os contedos aprendidos

    aquipossamlheajudarapensarmaisprofundamentesobreo

    que esta questo significa e, quem sabe, lhe apontar por

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    11/74

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    12/74

    5

    Aperspectivadedescriomusicalcomoumcicloqueseinicia

    no conhecimento experiencial procede como conhecimento

    sobremsicaeretornaaoprimeiroestgio,orientando-o.Esta

    abordagemencontraapoionafenomenologiadeMerleau-Ponty

    por retomar a prpria experincia como objeto central de seu

    prprioestudoecoloc-lacomofundamentoontolgicodetoda

    equalquerdescriosobreela.Merleau-Pontyafirmaquetodo

    ouniversodacinciaconstrudosobreomundovividoe,se

    queremos pensar a prpria cincia com rigor, necessrio

    primeiramentedespertaressaexperinciadomundodaqualela

    aexpressosegunda.(1996,p3).

    Rubem Alves, sobre a necessidade de se considerar a

    experincia no processo de ensino aprendizagem, aponta o

    seguinte:

    Aprende-se o prazer da msica da mesma forma como a criana

    aprende o prazer de falar! Como que se aprende a falar? No sei. O

    fato que quem ensina a falar no sabe que est ensinando e quem

    aprende no sabe que est aprendendo. H coisas que s se aprende se

    no se sabe que est aprendendo e que s se ensina quando no se

    percebe que est ensinando. A lngua se aprende da mesma forma

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    13/74

    6

    como se respira. parte da vida. Imaginem agora que houvesse um

    ensino cientfico da lngua... Nunca aprenderamos a falar! O mesmo

    vale para a msica. H de se aprender a msica da mesma forma como

    se respira, da mesma forma como se aprende a falar, sem lugar certo,

    sem hora certa. No h hora certa para se ouvir o sopro dos ventos, o

    canto dos pssaros, o farfalhar das folhas nas rvores, o murmurar dos

    regatos, o barulho da chuva. A msica um conjunto de objetos

    sonoros que criamos como companheiros da msica da natureza, para

    acrescentar-lhes uma beleza diferente, sada de dentro de ns.

    preciso viver no meio dela como vivemos no meio dos ventos, dos

    pssaros, das rvores, dos regatos, da chuva...

    Estemesmoautorfazumapequenaanalogiadamsicacomo

    um pssaro em voo e, segundo ele, no possvel prend-la

    para aprend-la. Ao contar uma experincia de apreciao

    musicalquefaziacomseuprpriofilhodesdeainfncia,Rubem

    Alvesafirmaquemsicaengaiolada,emsaladeaula,comhora

    marcada,coisafeia,atmesmoseforaPequenaSerenatade

    Mozart.

    Vasculhandoospensamentos,vocjsequestionouemalgum

    momentosobrecomosurgiuseudesejoporaprendermsica

    ou por tocar um instrumento? Podemos afirmar, com toda

    certeza,queogostarcomeapeloouvir.necessrioouvirum

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    14/74

    7

    instrumentobemtocadoqueencanteseusouvidos.Masno

    qualquer ouvir. um ouvir especial. Este ouvir vai alm da

    observao de simples notas tocadas numa sequncia

    predeterminada pelo compositor, com dedilhado, fraseado,

    afinao e articulaes corretas colocadas de forma vertical

    dentro de uma harmonia estabelecida por um tratado. Todos

    estescomponentesso importantespara faz-lomusical,mas

    noobastante.

    Um instrumentista que carrega seu instrumento e a msica

    dentro de seu corpo, que compreende e realmente sente a

    msica, quando toca, no pensa em notas. A partitura j est

    dentro dele. Rubem Alves remonta este momento como um

    estado de possesso, no qual no necessrio pensar na

    tcnica. Esta ficou para trs, um problema resolvido. Foi

    estudada,emuitobemestudada,parafornecerferramentasde

    execuo,masfoiaprendidaparaseresquecidanomomento

    da performance. O msico neste estgio simplesmente faz

    msica.Somentedestaformasequeatingeomaisaltonvel

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    15/74

    8

    de expressividade. E precisamente assim que se aprende o

    gostopelamsica:ouvindo-seoartista.

    A educao da sensibilidade musical ocupa nosso principal

    focodentrodosobjetivosdaeducao.Osconhecimentosda

    cincia so importantes e nos do poder. Contudo, conforme

    menciona Rubem Alves, eles no mudam o jeito de ser das

    pessoas.Amsica,aocontrrio,nodpoderalgum;masela

    capazdepenetrar na alma ede comoveromundo interior da

    sensibilidadeondemoraabondade.

    Como escreveu Cummings, agora os ouvidos dos meus

    ouvidos acordaram. Devemos acordar os ouvidos de nossos

    alunos, e quando isso acontecer, quem sabe, nossos futuros

    educadores musicais aprendero a identificar o canto de um

    pssaroeficarosubitamentealegres,simplesmenteporisso.E

    melhor,poderopassaradiantetalprtica.

    Podemos aprender muitoe repensarnossaprtica a partir da

    pedagogia de Adlia Prado expressa nestas palavras: No

    querofacanemqueijo;querofome.RubemAlvessobree sta

    pedagogiamencionaqueocomernocomeacomoqueijo.O

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    16/74

    9

    comercomeanogostarenafomedecomerqueijo.Seno

    tenhofome,intilterqueijo.Massetenhofomedequeijoe

    notenhoqueijo,eudouumjeitodearranjarumqueijo,no

    mesmo? Semfomeocorposerecusaacomer.Forado,ele

    vomita.

    Estaspalavrassomuitovaliosasparanossaprticaenquanto

    educadoresmusicais.RubemAlves,emseutextoReceitapara

    comerqueijo,afirmaquetodaexperinciadeaprendizagemse

    inicia com umaexperincia afetiva. Ele menciona que a fome

    pe em funcionamento o aparelho pensador. Assim, fome

    afeto. O pensamento nasce do afeto, nasce da fome.

    importantelembrarqueapalavraafeto,aquiempregada,vem

    dolatimaffetare,quesignificairatrs.Destaforma,oafetose

    refereaomovimentodaalmanabuscadoobjetodesuafome.

    Afinal, a cabea no pensa aquilo que o corao no pede.

    SegundoRubemAlves,

    Conhecimentos no nascidos do desejo so como uma

    maravilhosa cozinha na casa de um homem que sofre de

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    17/74

    10

    anorexia. Homem sem fome: o fogo nunca ser aceso; o

    banquete nunca ser servido.

    Nesta situao, devemos nos atentar para no fornecer aos

    alunosatalhosquerealizemseudesejosemqueamquinade

    pensar funcione. Realizando o desejo desta forma, o

    pensamentonoacontece.Eesta,segundoRubemAlves,a

    maneira mais fcil de abordar um pensamento e,

    consequentemente,aconstruodoconhecimento.Trata-sede

    um pecado cometido por muitos pais e professores que

    ensinam as respostas antes que tivesse havido perguntas. O

    filsofo Ludwig Wittgenstein afirma que os limites da minha

    linguagem denotam os limites do meumundo. Rubem Alves

    parafraseandoestacitaoparaumaversopopularmenciona:

    asperguntasque fazemosrevelamoribeiroondequeremos

    beber....

    Transpondoparaonossocontextodocantocoral,Ulrich(2009)

    mencionaqueseoregentesimplesmentetreinaseuscantores

    com o objetivo de executar determinado repertrio e fornece

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    18/74

    11

    somente aquelas informaes que ele julga necessrias para

    tal,estresolvendoumasituaoprovisria.Aoinvsdisso, se

    ele ensina seus cantores a pensar musicalmente e a se

    apropriardosconhecimentosmusicaisaoexecutardeterminado

    repertrio,elespoderoutiliz-losparaqualqueroutrasituao

    musicalesaberoocaminhoaseguirquandoprecisaremtrilh-

    lonovamente.

    Ridendodicereseverum: rindo,dizercoisassrias,deacordo

    comRichardBach(1974):

    O mundo como porque ns queremos que ele seja assim. Squando a nossa vontade muda, que o mundo muda. Seja o

    que for que pedirmos, ns conseguimos. s olhar em volta.

    Eis a, um excelente momento para pensar e repensar

    criticamente sobre o questionamento lanado no incio deste

    texto.Atarefadoprofessormencionadanestaspoucaslinhase

    completamente embasada nas ideias e concepes do

    educadorRubemAlves,amesmadacozinheira:antesdedar

    faca e queijo ao aluno, provocar a fome... se ele tiver fome,

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    19/74

    12

    mesmo que no haja queijo ele acabar por fazer uma

    maquinetaderoubarqueijos.

    Afinal, se amamos nosso ofcio e o fazemos com o devido

    respeito, com certeza seremos capazes de oferecer uma

    maravilhosamesacheiadepratosapetitososparaalunosnos

    quaisdespertaremosafomepeloqueoferecemos.

    Finalizando, todos os temas aqui trabalhados remontam a

    trajetriadamsicavocaledaregncianahistriadamsica,

    almdeatuais,objetosdemuitoestudo,pesquisaediscusso

    nomeioacadmicoeforadele.

    Convidamos voc a rever, ampliar e aprofundar seus

    conhecimentos.Paratanto,fomosbuscarconceitos,reflexese

    exemplos prticos nos autores cuja concepo se relaciona

    comarealidadedenossaprtica.

    O Guia apresenta a disciplina de forma simples, sem

    deixar de aprofundar quando necessrio, para que possamos

    nos aproximar o mximo possvel da realidade de nossos

    alunos.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    20/74

    13

    Teremos oportunidade de conversar mais sobre o tema, tirar

    dvidas,almdediscutirpontossobreaimportnciadenosso

    papel enquanto educadores musicais frente ao ensino da

    msica.

    Espero que todos tenham um excelente curso e encontrem

    neste material um prato apetitoso e agradvel ao desejo de

    construirnovosconhecimentos.

    Boaleituraetimasreflexes.

    Contemsempreconosco,emuitosucesso!

    Abraos,

    LlianSaleseequipeGEaD.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    21/74

    14

    OBJETIVOS GERAIS

    Identificar,discutireaplicarasferramentasnecessrias

    direo/regncia de grupos corais, de maneira a assegurar a

    preparao vocal e a conduo das atividades musicais

    coletivasdogrupo;

    Conhecer e experimentar obras musicais de variadas

    culturas domundo, bem como identificaros contextos sociais

    nosquaiscadamsicaseinsere;

    AnalisaredistinguiraimportnciadopapeldoEducador

    Musicalcomoagentemodificadordasociedade.

    OBJETIVOS ESPECFICOS

    Aplicar conhecimentos tcnicos de regncia, tcnica vocal,

    solfejo,estudodepartiturasedajunodogesto,expressandootexto

    musical em toda sua abrangncia, para desenvolver atividades de

    cantocoralemnvelelementar;

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    22/74

    15

    Desenvolveraspectosreferentesregnciacoralquevoalm

    datcnica,aproximandoafiguradoregentedoEducadorMusical;

    Compreender a percepo do papel do regente enquanto

    intrpretedaobra;

    Conjugar, a partir da prtica da regncia, a capacidade de

    anlise, crtica, preparao de repertrio e direo de grupos

    musicais;

    Planejaredesenvolveratividadesdeensino,almdeorientaro

    desenvolvimentodamusicalidadenaprticadocantocoral;

    Avaliar tcnicas para a escolha de repertrio que melhor se

    adequescaractersticasdeseugrupo;

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    23/74

    16

    Compreenderovissocialdotrabalhodoregentenaformao

    de grupos vocais para promoo da cidadania e transformao

    social;

    Conheceroprocessodeelaboraodeprojetosparaproduo

    edireodeapresentaesmusicaisparaconjuntosvocais.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    24/74

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    25/74

    18

    1.O que foi feito preciso conhecer paramelhor prosseguir 1

    1O que foi feito Devera. Milton Nascimento e Fernando Brant. LP Clube da Esquina2.

    Rio de Janeiro: EMI, 1978.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    26/74

    19

    UNIDADE 1: O que foi feito preciso

    conhecer para melhor prosseguir2

    META DESTA UNIDADE

    Iniciarareflexo,deformacontextualizada,sobreosurgimento

    das manifestaes musicais na vida do homem desde a

    antiguidade.

    OBJETIVOS DESTA UNIDADE

    Esperamos que, aps o estudo do contedo desta unidade,

    vocsejacapazde:

    1. Com criticidade, analisar as origens da msica na

    antiguidade;

    2. Compreender a importncia e as contribuies destas

    manifestaesparanossaproduomusical;

    2O que foi feito Devera. Milton Nascimento e Fernando Brant. LP Clube da Esquina2.

    Rio de Janeiro: EMI, 1978.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    27/74

    20

    3. Identificaremquecontextoseestilosmusicaisseinserem

    cada uma das contribuies deixadas pelos povos da

    antiguidade;

    4. Contextualizar as premissas histricas com as prticas

    musicaiscontemporneas;

    5. Embasar suas reflexes e suas argumentaes sobre a

    importnciada msica enquanto agente modificadorda

    sociedade.

    1.1 OS PRIMRDIOS DA MSICA VOCAL E SUATRAJETRIA DESDE A PR-HISTRIA AT A

    IDADE ANTIGA

    Convido voc a fazer comigo uma viagem no tempo.

    Vamosvoltaraosprimrdiosdenossacivilizaoparadescobrir

    apartirdequandoedequemaneiraamsicapassouafazer

    partedavidadohomem?

    Ento,vamosl...Tenhaumaexcelenteviagemrumoao

    passadoembuscadenovosconhecimentos!

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    28/74

    21

    SegundoGalway(1982),amsicaconsideradaamais

    antigaeamaisprimitivadasartesemseuspropsitos.Apartir

    desta afirmao, surgem alguns questionamentos sobre sua

    origem, tais como, ser que na Pr-Histria os primitivos j

    tinhamalgumcontatocomamsica?Comoseriaeparaque

    serviaessamsica?Possuaminstrumentosmusicais?

    Certamente,noexistemindciosexatossobrequandoa

    msicapassouafazerpartedavidadohomem,mashipteses

    nossolanadas,atravsderegistrosrupestres,dequemesmo

    antes dos homens primitivos terem contato com a msica

    propriamente dita, eles costumavam danar em frente s

    pinturasquefaziamnasparedesdesuascavernas,paraterem

    sortenacaadadodia.Eoqueadana,senoasucessoe

    acoordenaodepassosritmados,nomesmo?

    APr-Histriafoiumperododegrandestransformaes,

    tantonombitogeogrfico,quantonoqueserefereevoluo

    do homem. Decorrente dessas rpidas transformaes, e

    considerando que o homem primitivo ainda no dominava a

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    29/74

    22

    fala,emuitomenosaescrita,nenhumainformaocomprovada

    sobreamsicadesseperodochegouatnossosdias.

    Contudo, no podemos nos

    esquecerdequeohomemprimitivo

    sentia a necessidade de se

    expressar, de se comunicar, e j

    que ele ainda no possua

    linguagem falada nem escrita, a

    artesurgiuparasupriressanecessidade.

    Assim sendo, os homens primitivos pintavam, esculpiam,

    danavamesim,faziammsica!

    Estudos de arte rupestre feitos em stios arqueolgicos,

    nosfornecemdadossobreodesenvolvimentomusicalnapr-

    histria. Em vrias destas pinturas existem figuras de homens

    queparecemtocarinstrumentos,cantaredanar.

    Um dos registros rupestres mais antigos que trata desta

    temtica encontra-se na Caverna de Cogul, na Espanha, que

    datadoperodoNeoltico,tambmconhecidocomoPerododa

    Pedra Polida (10.000 a.C.). Tal imagem denota a existncia de

    Figura 1: Dana de Cogul. Imagem encontrada

    em Cogul, Espanha. Mostra a dana das

    mulheres em torno de um homem nu.

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cogu

    l_HBreuil.jpg

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    30/74

    23

    canto e dana coletivos desde a Pr-Histria, e ainda que de

    maneirarudimentar,podemossuporapresenadoCantoCoral.

    SegundoCand(2001),amsicasurgiupelaobservao

    feita a partir dos sons da natureza. Os homens pr-histricos

    ouviam e observavam os sons, a partir da aprenderam a

    diferenci-los e mais tarde passaram a imit-los atravs de

    movimentos corporais e pela prpria voz. Logo depois,

    descobriram que se modificassem a abertura da boca,

    produziam sons diferentes, comeando assima ter um rude

    contatocomocanto.E, finalmente,perceberamquesoprando

    ossos furados ou batendo palmas, ou ainda em peles de

    animais curtidas e esticadas, eles podiam produzir sons

    diferentes,tentando,assim,imitarosrudosdanaturezaqueos

    circundavameossonsqueelesprpriosemitiam.

    H relatos de que os primeiros instrumentos musicais

    foram criados pela necessidade de estabelecer comunicao

    entre tribos durante a caa e a guerra e para avisar sobre

    perigoseminentesaosquaisatriboestavaexposta.Atravsde

    pesquisasarqueolgicasrealizadasnosuldaFrana,descobriu-

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    31/74

    24

    se uma suposta flauta feita de osso, j com quatro orifcios,

    usada pelo Homem de Neanderthal (datada do perodo

    PaleolticoMdio,hcercade160.000anos).Evidentemente,o

    Homem de Neanderthal j possua algum contato com a

    msica, utilizando esse tipo de flauta para reproduzir sons, ou

    atmesmoparaproduziramsicadealgumritualoudana.Foi

    tambm encontrado, na Frana, um assobio de apenas um

    orifcio, feito com ossos de patas de renas, datado de 40.000

    anos (incio do Paleoltico Superior). Esse instrumento,

    provavelmente, era usado durante as caadas para imitar os

    sonsoucantosdealgunsanimaisepssaros,oumesmopara

    queoshomenssecomunicassementresi.

    Ainda com relao ao Homem de Neanderthal, h

    indciosdequeelechoravapelosseusmortos,numaespciede

    cantofnebre,comgemidosegrunhidosritmados.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    32/74

    25

    Comopodemosnotar,asinformaesquenoschegaram

    sobreamsicadospovosprimitivossobemrestritas,oquej

    noacontececomapinturaeesculturadessemesmoperodo,

    das quais se tem muitas informaes, exemplos e estudos a

    respeito, nos proporcionando assim, o entendimento de seu

    significado e como eram realizadas essas artes. Segundo

    Galway,amsicanocomoapoesiaouapintura.Viveum

    momento e desaparece. E uma vez desaparecida, ningum

    maispodeconcretiz-la.

    A histria da msica dos povos primitivos, baseada

    principalmente em hipteses, se resume na pura imitao de

    sonserudosdanatureza,bemcomonaimitaodossonsque

    Todos esses fatos nos parecem muito convincentes no

    que diz respeito msica dos homens primitivos, mas outra

    pergunta ainda se faz necessria: seriam esses instrumentos

    usados pelos primitivos como instrumentos musicais ou a eles

    eram atribudas outras serventias?

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    33/74

    26

    elesprpriosemitiamtaiscomo,gemidos,grunhidos,palmase

    opulsardocorao.Porm,podemosafirmarcertamenteque,

    medida que o homem evolua, sua msica e sua arte se

    tornavamtambmmaiselaboradas.

    Concluindo,deacordocomGalway,notamosquedesde

    a sua origem, a msica , portanto, uma linguagem superior;

    no a linguagem da razo e da vida cotidiana, mas a das

    grandesforasmisteriosasqueanimamohomem.Nopor

    menos que vrias civilizaes antigas explicam a origem da

    msicacomoalgodivino,dadoaoshomensatravsdocosmos

    oudosastros,comoveremosmaisadianteemumestudoum

    poucomaisdetalhadosobreasprticasmusicaisemalgumas

    denossasantigascivilizaes.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    34/74

    27

    1.1.1 SUMRIOS

    Segundo Montanari (1992), os Sumrios3 eram bastante

    adiantados em relao s artes, e j cultivavam a msica na

    antiguidade.

    Os sumrios desenvolveram a escrita cuneiforme por

    volta de 4000 a.C, o que possibilitou nosso acesso s

    informaes sobre a sociedade daquela poca. Segundo

    Montanari (1992),noh indciosda existnciadeumaescrita

    sumria estritamente dirigida msica, mas documentos

    cuneiformesdatadosdosculoXIIIa.C.aoXVa.C.nosremetem

    a um mtodo de leitura baseado em letras e a existncia de

    umaelaboradateoriamusical.

    SegundoPorter(apudMontanari),oscostumesmusicais

    dos sumrios foram herdados dos caldeus e dos assrios. H

    registrosdequeelesutilizavaminstrumentosparaacompanhar

    vocaisemoitavasedequeamsicavocalparaeleseramais

    importantedoque a instrumental,porque estaltima somente

    3 Civilizao que habitou a regio Sul da Mesopotmia entre os rios Eufrates e Tigre entreos anos 4000 e 1950 a.C. O povo Sumrio foi a civilizao que mais se desenvolveu

    culturalmente dentre os povos que habitavam a Mesopotmia.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    35/74

    28

    era praticada em raras ocasies para complementar outras

    funesritualsticas.

    Montanari (1992)afirma queaprincipal caractersticada

    msicadospovosqueviveramnaMesopotmia,eemparticular

    osassrios,eraoempregodaescalapentatnica4.

    Acesseoslinksparaouvirexemplosdemsicada

    Mesopotmia e para conhecer um pouco maissobreahistriadestascivilizaesantigas.

    http://www.youtube.com/watch?v=6L9QTWnfYws&f

    eature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=0KKS8GigZ0Q

    1.1.2 ASSRIOS

    OsAssrios5encaravamaguerracomoumadasprincipais

    formas de desenvolver a sociedade e conquistar territrio e

    4 Escala formada por cinco notas ou tons. Pode ser maior ou menor. Segundo Bohumil Med(1996, p.226), a escala pentatnica uma escala maior incompleta, na qual faltam os grausIV e VII (exatamente os graus que formam o trtono diatnico). Esta escala uma das maisantigas de que se tem notcia e pode ser encontrada facilmente em msicas chinesas,

    japonesas, escocesas, irlandesas, celtas, finlandesas e incas.

    http://www.youtube.com/watch?v=6L9QTWnfYws&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=6L9QTWnfYws&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=0KKS8GigZ0Qhttp://www.youtube.com/watch?v=0KKS8GigZ0Qhttp://www.youtube.com/watch?v=6L9QTWnfYws&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=6L9QTWnfYws&feature=related
  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    36/74

    29

    poder.Eraumpovoextremamentecruelqueimpunhatorturas

    aos povos conquistados para impor o devido respeito e

    espalharterrorporondepassavam.

    Paraeles,amsicatinhaimportantepapelnasociedade

    e os msicos eram, inclusive, mais

    reverenciadosqueossbiosda

    poca. Segundo Montanari

    (1992), este povo deixou uma

    vasta documentao sobre sua

    cultura musical representada

    nasmaisdiversasformasdearte

    tais como pinturas, esculturas e

    textosliterrios.

    Opovoassrioassociavaamsicaaopoder.

    5Os assrios viveram na regio Mesopotmica e constituem uma das vrias civilizaes queaparecem entre os rios Tigre e Eufrates. A formao desse imprio aconteceu graas ao

    amplo desenvolvimento de uma cultura visivelmente voltada para a guerra.

    Figura 2: Arpa Assria (462 507 pixels, 55

    KB, MIME type: image/jpeg)

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    37/74

    30

    Assim,osmsicoscapturadosduranteaguerrasempreeram

    poupadoselevadosatascidadesassriasparaquesuaarte

    pudesse ser absorvida e passada adiante. As primeiras

    formaes de orquestras das quais se tem notcia na

    humanidade,soderesponsabilidadedopovoassrio.

    Para expandir um pouco mais seus conhecimentos

    sobre o povo assrio e sobre sua msica, acesse os

    seguintes links:

    http://povosdaantiguidade.blogspot.com.br/2008

    /07/civilizao-assria-antigo-ashur- ou-assur.html

    http://www.youtube.com/watch?v=

    qihBXLmJDVY&feature=related

    http://povosdaantiguidade.blogspot.com.br/2008/07/civilizao-assria-antigo-ashur-%20%20%20ou-assur.htmlhttp://povosdaantiguidade.blogspot.com.br/2008/07/civilizao-assria-antigo-ashur-%20%20%20ou-assur.htmlhttp://www.youtube.com/watch?v=qihBXLmJDVY&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=qihBXLmJDVY&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=qihBXLmJDVY&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=qihBXLmJDVY&feature=relatedhttp://povosdaantiguidade.blogspot.com.br/2008/07/civilizao-assria-antigo-ashur-%20%20%20ou-assur.htmlhttp://povosdaantiguidade.blogspot.com.br/2008/07/civilizao-assria-antigo-ashur-%20%20%20ou-assur.html
  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    38/74

    31

    1.3: HEBREUS

    OsHebreus6,conformeregistroshistricos,eramumpovo

    nmade e mudaram-se inmeras vezes de suas terras, por

    motivos de perseguies, guerras e outros fatores. Assim,

    praticamente,estepovonodeixouregistrosenemobjetosque

    documentassemexatamenteseupassadomusical.

    Embora tenhamos muitas

    menes s manifestaes

    musicais entre os

    descendentes de Ado,

    possvelqueamsicahebraica

    somente tenha se

    desenvolvido plenamente aps

    oreinadodeDavi(1000a.C.a962

    a.C).Registrossobreopapelsocial

    da msica, e sobre a utilizao de instrumentos no meio

    religioso ou em festas, podem ser encontrados na Bblia em6Os Hebreus so um povo com origem semita que se diversificou de outros povoscontemporneos a eles por meio de uma crena religiosa monotesta e por possurem umlder religioso, Moiss. A palavra hebreu significa, de maneira literal: povo do outro

    lado do rio.

    Figura 3 (245 185 pixels, file size: 20

    KB, MIME type: image/jpeg)

    http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commo

    ns/1/1e/AaronRod.jpg

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    39/74

    32

    textos do Velho Testamento. Nesta fonte, evidencia-se que a

    msica e a dana faziam parte das cerimnias religiosas. Os

    salmos atribudos a Davi eram os principais cantos sacros

    utilizadosemcerimniasreligiosas,possivelmenteentoadosem

    unssono, como a maioria dos povos da antiguidade. Um

    exemploqueressaltaapresenaeaimportnciadamsicana

    vidadoshebreusoepisdioqueretrataocruzamentodoMar

    Vermelho,quandooshebreusfugiamdaperseguioegpcia;e,

    aoobteremxito,entoamumcnticodeagradecimentoaDeus.

    DeacordocomasEscriturasSagradas:

    Miri, a profetisa, a irm de Aro, tomou o tamboril na sua

    mo, e todas as mulheres saram atrs dela com tamboris e com

    danas. E Miri lhes respondia: Cantai ao SENHOR, porque

    gloriosamente triunfou; e lanou no mar o cavalo com seu

    cavaleiro. (xodo 15:20-21)

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    40/74

    33

    Quanto utilizao de instrumentos, h indcios de que

    possuam instrumentos de origem egpcia e rabe, e de que

    foramosisraelitasosprimeirosafabricarinstrumentosdesopro

    commetais.OShofareraoinstrumentomaisutilizadopelopovohebreu,tantoemcerimniasreligiosasquantonaguerra.Eleera

    feitocomchifresdeanimaisemformatodeespiral.

    A msica hebraica, segundo Montanari (1992), teve seu

    auge durante o reinado dos reis Davi e Salomo. Os salmos,

    principais cnticos sacros da poca, foram atribudos a Davi,

    enquanto Salomo deixou escrito o Cntico dos cnticos.

    Pode-seafirmarque,apartirdisto,amsicacristfoifortemente

    influenciadapelamsicahebraica.

    Segundo Montanari (1992), neste mesmo episdio ficou

    conhecidoumtipodecorochamadonomeiomusicaldecanto

    antifnico1.Maistarde,oscristosadotaramestamesmaprtica

    emsuascerimniasreligiosas.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    41/74

    34

    Para ouvir excelentes exemplos de msica

    hebraica,acesseoslinksabaixo.Noprimeirovdeo,

    executada uma cano hebraica tradicional

    intituladaZorgMaran,compostaemhomenagem

    aosjudeusqueforammortosduranteoperododa

    inquisio. No segundo vdeo, encontramos a

    cano Oseh Shalom Bimromav, uma orao

    judaicatradicionalpelapazmundial.

    http://www.youtube.com/watch?v=7FYRley60XQ

    http://www.youtube.com/watch?v=qVM6x4BechI

    1.1.4: EGPCIOS

    Na civilizao egpcia, desde as primeiras dinastias, a

    msicafoicultivadacomoelementoobrigatrioemcerimnias

    religiosas, festas e comemoraes nacionais. De acordo com

    http://www.youtube.com/watch?v=7FYRley60XQhttp://www.youtube.com/watch?v=qVM6x4BechIhttp://www.youtube.com/watch?v=qVM6x4BechIhttp://www.youtube.com/watch?v=7FYRley60XQ
  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    42/74

    35

    afrescos de templos e figuras representadas em tmulos,

    podemos notar grande desenvolvimento na criao de

    instrumentos

    musicais

    alcanado

    pelos egpcios.

    Deacordocom

    Cande(2001),a

    msica egpcia

    teveseuaugee

    maior perodo

    de florescimento

    na poca do

    ImprioAntigo,entreaIIIeaXdinastias,datandobasicamente

    de 2635 a.C. a 2060 a.C. Temos vrias representaes

    mostrando pequenos grupos musicais e representaes

    coreogrficasdescrevendodanasrealizadasparaoFara.

    Figura 4 Mulheres danando e tocando flauta -http://commons.wikimedia.org/wiki/File:%C3%84gyptischer_Maler_um_140

    0_v._Chr._001.jpg

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    43/74

    36

    Todavia, no h registros de

    documentos escritos que pudessem

    evidenciar o desenvolvimento de um

    sistema de escrita musical e nem

    escritos sobre teoria. Cande (2001)

    afirmaqueisto,aparentemente,deve-

    se ao fato de que msicos egpcios

    no gozavam do mesmo prestgio social

    que os msicos sumrios. Podemos

    confirmar este relato atravs da observao dos afrescos que

    mostram os msicos ajoelhados e com vestimentas de

    escravos. Tal posio de submisso e subordinao no

    permitia a transmisso desta arte, praticada por escravos e

    poucovalorizada,pormeiodaescrita.

    De acordo com Montanari (1992), os egpcios

    desenvolveram instrumentos, tais como harpas, liras e

    instrumentos de sopro. As liras egpcias tinham, geralmente,

    cinco cordas, o que nos faz pensar que a msica deles era

    desenvolvidaemalgumtipodeescalapentatnica.

    Mulheres tocando flauta, alade e

    harpa. Afresco encontrado em Tebas,

    Egito, c.1422 a 1441 a.C. Figura5.

    http://upload.wikimedia.org/wikipedia

    /commons/f/f1/Maler_der_Grabkam

    mer_des_Nacht_004.jpg

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    44/74

    37

    Contudo, h autores que defendam que,em ocasiode

    escavaes feitas nas pirmides, foram encontrados alguns

    destes instrumentos. Infelizmente, todos sem afinao fixa,

    impossibilitandooreconhecimentodotipodeescalautilizada.

    DeacordocomMontanari:

    LuizElmerich(apudMontanari)afirmaqueforamos

    egpcios os primeiros a conhecer o rgo hidrulico, em

    Alexandria,doissculosantesdeCristo.Hrelatosdeque

    seuinventortenhasidoCtesbio,queprojetouumjogode

    tubos, comandado por alavancas ou teclas, destinadas a

    abrir e fechar as passagens de ar. A partir disto, fcil

    perceber que resultou da evoluo de instrumentos de

    sopro.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    45/74

    38

    Como os egpcios tinham uma cultura muito avanada, eracomum receberem estudantes provenientes de outros povos. Osgregos, por exemplo, costumavam passar um tempo com eles,

    para estgios de aperfeioamento intelectual. Um clebre gregoa estudar no Egito foi o filsofo Plato. Ele passou treze anosvivendo entre os egpcios, e chegou a mencionar em seusescritos que a educao musical da juventude era altamenterecomendada pelos governantes. (p. 13, 1992)

    Valemencionaraquiqueosegpciospraticavamocanto,

    principalmente,parafinsreligiosos.Montanari(1992)menciona

    aexistnciadeumlivrodecnticosdelouvoraosdeuses,eem

    particular a Osris, considerado por eles como o deus dos

    deuses.

    Paraouvirumexemplodemsicaegpcia,acesseo

    link:

    http://www.youtube.com/watch?v=pvCMHYScTsY&

    feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=pvCMHYScTsY&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=pvCMHYScTsY&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=pvCMHYScTsY&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=pvCMHYScTsY&feature=related
  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    46/74

    39

    1.1.5: CHINESES

    Atradiodamsicaclssicachinesabastanteantigae

    est completamente atrelada filosofia e ao misticismo

    particular de seu

    povo. Todo o

    sistema musical

    chins tem

    referncia s

    manifestaes

    celestiais, natureza

    eaozodaco.

    Osistemamusical

    chins era baseado na

    escalapentatnica,quedeacordocomLeoni(apudMontanari),

    erainspiradanoscincoelementosqueelesacreditavamseros

    formadores bsicos da natureza (terra, metal, madeira, fogo e

    gua).Cadaumdosdozetonsdaescala,utilizadaatualmente

    noocidente,eraassociadoaumadasdozeregiesdozodaco

    nocu.

    Figura 6 Chineses com suas harpas -

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ancientchi

    neseinstrumentalists.jpg

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    47/74

    40

    Paraoschineses,amsicatinhaemseustonselementos

    de ordem celestial que detinham o poder de governar o

    universo inteiro. Para este povo, a msica tem grande poder

    sobre a moral do ser humano. Vrios manuscritos chineses

    chegados aos nossos tempos deixam clara a capacidade da

    msicaemdirigireinfluenciaranaturezaemocionaldohomem.

    Acreditavam os chineses que o objetivo da msica nuncadeveria ser o mero entretenimento, visto que o lado escuro danatureza do homem poderia, afinal de contas, ser toprontamente entretido pelo lado mau e imoral da msicaquanto pela msica correta. (Ikeda, 2010).

    De acordo com Ikeda (2010), a toda msica caberia

    transmitir verdades eternas e influir no carter do homem

    visando a torn-lo melhor. Considerando a existncia deste

    poderparaobemouparaomal,inerentesartesmusicais,o

    efeitomoraldamsicaeradesumaimportnciaparaopovo

    chins. Tanto, que este constitua em um dos testes mais

    importantesdeseuvalor.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    48/74

    41

    1. VocconcordacomafaladeConfcio?

    Vamosvoltarnossosolhos,pensamentoseouvidos

    paraarealidademusicaldenossopas.Observeas

    msicasquenossapopulaoouveatualmente.

    2. Voc acha que elas representam o que

    acontecesocial,polticaehistoricamenteemnosso

    pas?

    3. Ser que elas denotam os valores e as

    concepes dos quais a sociedade est

    impregnadaatualmente?

    Eis ento um excelente exerccio de reflexo para ns

    msicos, e principalmente, educadores musicais.

    De acordo com Confcio1: Se quereis saber se um povo bem

    governado ou se nele reinam bons costumes, ouvi sua msica.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    49/74

    42

    4. Agora, pense sobre seu papel de Educador

    Musical enquanto regente de um coro.

    Considerando a realidade de nossas escolas

    regulares, o que possvel fazer para influenciar

    seus alunos de forma positiva atravs da msica,

    resgatandovaloresticos,regrasdemoral,respeito

    eeducao?

    Para ampliar seus conhecimentos sobre msica tradicional

    chinesaacesseoslinksabaixo.Oprimeirovdeoumexcelente

    exemplo da aplicao da tcnica de respirao contnua ou

    circular1, enquanto o segundo mostra um alto nvel de

    musicalidade e explorao do gesto musical e da

    expressividade:

    http://www.youtube.com/watch?v=U59dkWVUM8w&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=9M4gca_uLB4&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=U59dkWVUM8w&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=U59dkWVUM8w&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=U59dkWVUM8w&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=9M4gca_uLB4&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=9M4gca_uLB4&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=U59dkWVUM8w&feature=related
  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    50/74

    43

    1.1.6: GREGOS

    Aculturagregacontribuiumuitoparaodesenvolvimento

    das civilizaes ocidentais. Ao contrrio da escultura e da

    arquitetura,amsicanosobreviveuatnossosdias.Contudo,

    no deixou de exercer uma grande influncia sobre a msica

    romana subsequente, contribuindo atravs de sua teoria,

    escalas,modoseharmonia.

    Caractersticas tcnicas e artsticas da msica grega tm um

    valor no apenas por seu significado peculiar, mas para o

    estudo dos primrdios da msica crist, para o

    desenvolvimento das teorias e da prtica medieval e at mesmopara o prprio conceito de esttica da msica atravs dos

    tempos. A notvel abundncia de testemunhos histricos e de

    tratados tericos permite-nos reconstruir com bastante

    aproximao o papel que a msica teve na vida dos gregos.

    Segundo Montanari (1992), as primeiras menes msica

    grega se encontram no Perodo Homrico, quando j existia

    uma cultura musical em pleno desenvolvimento, que se

    baseavaemrcitadepoesiasacompanhadaporinstrumentos.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    51/74

    44

    A msica entre os gregos era um fenmeno de origem

    divina ligada mitologia. Todos os relatos sobre a origem da

    msica, suas competncias e papis dentro da sociedade e

    origemdosinstrumentosmusicaistmcunhomitolgico.

    Analisando pelo lado mstico,

    segundoMontanari (1992):osgregos

    acreditavam na existncia de deuses

    dotadosdequalidadeshumanas,que

    habitavam o monte mais importante

    daGrcia,oOlimpo.Almdosdeuses,

    havia tambm as musas,

    consideradas divindades celestiais,

    queinspiravamasarteseascincias

    (p.15). Dentre estes, o deus Apolo e a

    musa Euterpe eram os responsveis

    pelaMsica,eTerpscore,amusaresponsvelpeloCantoCoral.

    De acordo com Montanari (1992), a msica na Grcia

    estavapresenteemtodasasmanifestaesdopovotaiscomo

    Figura 7: Mulher grega segurando

    uma harpa. Aplia pelike vermelho-

    igurado, ca. 320-310 a.C. De Anzi.

    http://commons.wikimedia.org/wik

    i/File:Psalterion_001.jpg

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    52/74

    45

    festas,jogos,cerimnias,funeraisecombates.Eraconsiderada

    fundamentalnaeducaodosjovens.

    No que se refere ao canto, h indcios de que era

    mondico7. No se tem indcios de que tenham realizado

    contracantos e segundas ou terceiras vozes. De acordo com

    MriodeAndradeemseulivroPequenaHistriadaMsica,foi

    na Grcia que surgiram os primeiros rapsodos8, com seus

    cantosque louvavamamemriadosdeuses,dosherisedos

    feitoshistricos.

    Outroelementofundamentalnamsicagregaeraoritmo,

    que de acordo com Mrio de Andrade, tinha funo

    socializadora. Como a msica nunca acontecia isoladamente,

    estava sempre vinculada poesia e dana, sendo que o

    elementodeligaoeraoritmo.

    Quantoaolegadotericodeixadopelosgregos,temoso

    primeirosistemadeescala:otetracorde 9,inspiradonaliragrega

    tradicional que possua quatro cordas, alm das inmeras

    7 o canto a uma s voz, sem acompanhamento. A partir do sculo XVI, o canto a umas voz, com acompanhamento de alade ou de baixo contnuo.8 Cantores ambulantes da Grcia antiga que se acompanhavam na lira de quatro cordas.9

    Srie de quatro tons que preenche o intervalo de quarta justa

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    53/74

    46

    contribuiesdePitgoras,comoarelaomatemticaentreos

    harmnicosesuascombinaes.

    DeacordocomPitgoras:

    Utilizando a msica, possvel ensinar origens e fenmenos domundo, do cosmos e inserir na sociedade, ao mesmo tempo,princpios morais, pois a msica purifica as faculdades

    psquicas, atuando como freio das paixes humanas, como

    violncia, preguia, angstia Todas as coisas, percebidas ouno, podem ser relacionadas de algum modo, e a msica o elode ligao entre elas.

    ConformemencionadoporNasser(1997),amsicapara

    os gregos era touniversal e importante como o idioma. Eles

    acreditavam que a msica tinha o poder de influenciar e

    modificar a natureza moral do homem e do estado. Tal fato

    podeserconfirmadopelaseguintecitaodeDamon:Nose

    podealterarosmodosmusicaissemalteraraomesmotempo

    asleisfundamentaisdoEstado.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    54/74

    47

    Contudo, segundo Montanari (1992), a msica grega

    entrou em decadncia quando atingiu as tragdias10, ainda na

    eracrist.Istoocorreudevidoaoabandonodosideaisreligiosos

    que sempre a regeram, em detrimento da polarizao para o

    virtuosismoeoindividualismoocasionandoumfinalinfelizpara

    asgrandesobrasgregas.

    10 um tipo de drama onde um heri trgico luta contra um fator transcendental que controla o fluxodos acontecimentos. Tamanha a fora desse fator, que sempre chegamos a um final trgico, onde o

    heri sofre todas as consequncias por tentar controlar o poderoso destino.

    Para saber mais sobre os tratados de Pitgoras, to

    importantes para nossa cultura musical e sobre o papel da

    msicanasociedadegrega,acesseosseguinteslinks:

    http://www.youtube.com/watch?v=7S3iW_sbqsA

    http://venus.ifch.unicamp.br/cpa/boletim/boletim04/22nasser.

    pdf

    http://www.youtube.com/watch?v=7S3iW_sbqsAhttp://venus.ifch.unicamp.br/cpa/boletim/boletim04/22nasser.pdfhttp://venus.ifch.unicamp.br/cpa/boletim/boletim04/22nasser.pdfhttp://venus.ifch.unicamp.br/cpa/boletim/boletim04/22nasser.pdfhttp://venus.ifch.unicamp.br/cpa/boletim/boletim04/22nasser.pdfhttp://www.youtube.com/watch?v=7S3iW_sbqsA
  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    55/74

    48

    1.1.7. ROMANOS

    Sabe-se que os romanos se dedicaram, sobretudo,

    guerraeconquistadeterritrios.Somenteapartirde146a.C.

    foique iniciaramseucrescimentomusical,quando tomarama

    Grcia e todas as manifestaes artsticas l existentes.

    Segundo Montanari (1992), assim como na arquitetura e na

    pintura,praticamentetodaaculturamusicalromanaantigaveio

    daGrcia,atmesmoosinstrumentos.Entretanto,aocontrrio

    do que acontecia na Grcia, para os romanos no havia

    associao entre msica e tica. A msica era difundida em

    todas as ocasies da vida romana e a educao musical era

    vistacomosinaldedistinosocial.

    De acordo com Montanari (1992), se os romanos

    tomaram emprestado todo o sistema musical elaborado na

    Grcia, supe-se que tenham empregado em sua msica o

    sistema modal grego. A msica vocal, praticada

    monodicamente, tambm foi herdada. Porm, com algumas

    adaptaesaoritmopeculiardaprosdialatina.Hindciosde

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    56/74

    49

    que a msica romana era, sobretudo, rtmica, e que eles

    desenvolveram grande

    variedade de instrumentos

    percussivos. Contudo, vale

    lembrar que possuam outros

    instrumentos meldicos, tais

    como harpa, cornos e flautas.

    prprio mencionar que todas as

    manifestaesartsticasromanas

    tenham sofrido influncias de

    todosospovosquecomotempo

    foram anexados ao territrio do

    ImprioRomano.

    Montanari(1992)mencionaqueaartedoperododeixou

    diversas representaes de msicos, mas nenhum deles l

    qualquer tipo de partitura e s foi descoberto at agora

    reduzidssimo nmero de fragmentos musicais escritos. Tais

    fragmentos, em sua maioria, so procedentes do Egito

    Figura 8 - Estatua de la diosa Roma, restauradacomo Apolo Citaredo.

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Apolo

    _citaredo,_Museo_Archeologico_Nazionale_di_

    Napoli.JPG

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    57/74

    50

    Helenstico e constam de uma variante da notao grega

    tradicional.

    Todavia, existem numerosos textos que documentam a

    popularidade de msicos virtuosos, a existncia de coros e

    orquestras,bemcomograndesfestivaisdemsica.Oimpulso

    para estes acontecimentos, segundo Montanari, ocorreu

    medianteainterfernciadosimperadores,principalmenteNero,

    que era compositor, tocava lira e aspirava alcanar fama

    pessoalcomomsico.

    Dadoshistricosapontamque,comodeclnioeconmicodoImprioRomanoentreossculosIIIeIV,aproduomusical

    coletiva desenvolvida em grande escala e naturalmente muito

    dispendiosa,acaboupordesaparecer.

    Paraouvirexemplosdemsicatradicionalromanae

    ampliar seus conhecimentos sobre esta cultura

    musical,acesse:

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    58/74

    51

    http://www.youtube.com/watch?v=Np5v6n3lxmI&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=g9VBzjDw1Is&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=_MaMFo7K3Fc&feature=related

    1.1.8. INDIANOS

    Amsicaindianaoriginou-sedamisturadeelementosde

    vrias culturas e civilizaes ancestrais. O povo indiano

    acreditava que a msica estava diretamente ligada aos

    processos fundamentais da vida humana, a saber, a religio.

    Assim, a msica religiosa esteve presente nesta civilizao

    desde a antiguidade, remontando ao sculo XIII a.C.,

    consolidandomaisdeseismilanosdehistria.

    O budismo foi um dos grandes responsveis pela

    disseminaodaproduomusicalindiananoperodocristo,

    levando em sua bagagem conhecimentos e ritos que,

    http://www.youtube.com/watch?v=Np5v6n3lxmI&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=Np5v6n3lxmI&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=g9VBzjDw1Is&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=_MaMFo7K3Fc&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=_MaMFo7K3Fc&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=g9VBzjDw1Is&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=Np5v6n3lxmI&feature=related
  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    59/74

    52

    posteriormente, foram transcritos para compor as escrituras

    sagradas do hindusmo, contendo cada um deles seu prprio

    esquemadeclamatrio.

    Caminhando um pouco mais na

    histria, com o fim do domnio budista,

    houve um renascimento da

    musicalidade hindu, no que se refere

    sua natureza sagrada. Surgiram novos

    recursos instrumentais, alm de

    trabalhos mais tericos, marcandoesta

    renovaomusical.

    Segundo Montanari (1992), h

    registros de que por volta do sculo IV a.C. os indianos

    elaboraram documentos que estabeleciam regras de teoria

    musical. Utilizavam-se instrumentos de sopro, cordas e

    percusso. A estrutura musical indiana era baseada num

    sistemade tons esemitons eno lugardasnotasmusicais, de

    acordo com Montanari, os compositores seguiam uma

    Figura 9 - Raja Ravi Varma,

    Ambikahttp://commons.wikimedia.org

    /wiki/File:Raja_Ravi_Varma,_Ambika_(

    Oleographic_print).jpg

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    60/74

    53

    complicadasriedefrmulaschamadasragas.Estesistemade

    escrita musical permitia aos msicos a escolha entre certas

    notas a serem tocadas, mas exigiam a omisso de outras.

    Estudiososmencionamque o sistemade ragas composto

    por 5, 6 ou 7 notas ligadas s estaes sazonais11, s horas

    diriaseatodososelementosdaculturaindiana.

    Aproduomusicaldandiacaracteriza-sepelaunioda

    msica verbal, da parte instrumental e da coreografia

    interpretativa.Aconcepotemporalqueosindianostmsobre

    avidarefletediretamentenaformacomoelescompreendeme

    fazem msica. Isto pode ser percebido atravs das escalas

    musicaisutilizadas,nadivisodasoitavas,nacomposiodos

    intervalos e das melodias. Montanari afirma que a msica

    indiana no segue a convencional percepo ocidental, de

    comeo e fim. Ao contrrio, ela flui como se nascesse

    repentinamenteeseesvassedamesmaforma.

    11 Evento que ocorre com certa frequncia, em determinada poca do ano e nunca de forma

    contnua.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    61/74

    54

    1.1.9 AFRICANOS

    Considerando o continente africano como um enorme

    berodediversidadetnica,culturalelingustica,oquedizerda

    msicaafricana?

    Segundo o etnomusiclogo Alan P. Merrian, no seria

    possvel uma descrio geral da produo musical da frica

    considerando a quantidade e variedade de expresses de

    culturastodistintaseancestrais.Otermomsicaafricana foi

    aqui cunhado apenas com o intuito funcional de facilitar a

    abordagem do contedo e proporcionar uma leitura rpida

    sobreoassunto.

    Paraconhecerumpoucomaissobreaculturamusical

    indiana,acesseolink:

    http://www.youtube.com/watch?v=DXibqupia4E&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=DXibqupia4E&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=DXibqupia4E&feature=related
  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    62/74

    55

    Num contexto bastante

    amplo, a msica sempre fez

    parte da vida diria dos

    africanos. utilizada durante o

    trabalho, em rituais de cura,

    para transmitir notcias e

    histrias, para ensinar e,

    principalmente, para fins

    religiosos.Noporacasoquea

    maiorpartedahistriadestepovo

    foitransmitidadegeraoemgeraoatravsdamsica.

    Pesquisas remontam a existncia de uma grande

    variedade de instrumentos musicais construdos a partir de

    qualquer material que pudesse produzir som. Um elemento

    bastantemarcantenamsicaafricanaoritmoeapresenade

    instrumentosdepercusso.

    Figura 10:

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Un

    joueur de nyatiti dans le Nyanza (Kenya), en

    1936

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    63/74

    56

    A msica africana influenciou muito a produo

    musical ocidental, inclusive a nossa msica

    brasileira. Vale mencionar que, gneros musicais

    comooblues,ojazz,osamba,asalsa,arumba,o

    reggaeevriosoutrosritmosnoexistiriamseno

    houvesse a influncia da msica africana,

    ocasionada pelo triste episdio em nossa histria

    dotrficodeescravos.

    Comoamsicaerapraticadacoletivamente,osafricanos

    desenvolveramuma forma de cantodenominada chamadae

    resposta.Estetipodecantoassemelha-seaocantoantifnico,

    no qual o cantor solista canta uma frase e, em seguida,

    respondidopelorestantedogrupo.

    Parasabermaissobreovastouniversodamsicaafricana,acesseoslinksabaixo:

    http://www.youtube.com/watch?v=jSuKiCngGNo&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=iDi-XOXbIn8

    http://www.youtube.com/watch?v=kZVlbrPaccY&feature=relmfu

    http://www.youtube.com/watch?v=kZVlbrPaccY&feature=relmfuhttp://www.youtube.com/watch?v=kZVlbrPaccY&feature=relmfuhttp://www.youtube.com/watch?v=jSuKiCngGNo&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=iDi-XOXbIn8http://www.youtube.com/watch?v=kZVlbrPaccY&feature=relmfuhttp://www.youtube.com/watch?v=kZVlbrPaccY&feature=relmfuhttp://www.youtube.com/watch?v=kZVlbrPaccY&feature=relmfuhttp://www.youtube.com/watch?v=iDi-XOXbIn8http://www.youtube.com/watch?v=jSuKiCngGNo&feature=related
  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    64/74

    57

    Nesteltimolink,acantoraLucianaSouzacantaoSoneto

    49 de Pablo Neruda, acompanhada por uma Kalimba,

    instrumento percussivo de altura definida, de origem africana.

    Trata-se de um excelente exemplo de influncia, absoro e

    aplicaodeelementosdaculturaafricanaemnossamsica.

    As atividades musicais historicamente vmacompanhando a humanidade nas mais diversas

    situaes e com as mais variadas finalidades:

    xtase, rituais, religiosas, estticas, sociais,

    educacionais,dentreoutras.

    Emboranoexistaacertezasobredetalhesminuciososacerca

    daorigemeaplicaodamsica,sabe-sequeomundoantigo

    legou, Idade Mdia, inmeras contribuies no domnio do

    campo musical. Uma destas importantes contribuies foi a

    http://www.youtube.com/watch?v=X4THL1sFioE

    http://www.youtube.com/watch?v=X4THL1sFioEhttp://www.youtube.com/watch?v=X4THL1sFioE
  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    65/74

    58

    formafilosficadeconceberaarte.Montanari(1992)afirmaque

    ospovosantigos:

    no concebiam a msica como uma combinao de belos sons

    no vcuo espiritual e social da arte pela arte, mas antes como

    um sistema bem ordenado, indissocivel do sistema da

    Natureza e como uma fora capaz de afetar o pensamento e a

    conduta do homem.

    O que sabemos certamente, que a msica, desde o

    princpio,acompanhouaevoluodoserhumanoedesdeque

    foi descoberta ou inventada e utilizada pela primeira vez,

    comomanifestaodesentimentos,nuncamaisdeixoudeser

    partedavidadohomem.Amsicaeocantorefletemavidados

    homens em sua poca. Consequentemente, a msica

    testemunha da maneira de pensar, de sentir e de viver do

    homem, como ser histrico, atingido pela civilizao da qual

    participa,reagindopsicolgicaeartisticamenteemfunodela.

    Dentro desta perspectiva, constatamos que o

    pensamento das diversas pocas histricas, a sensibilidade

    coletiva,aestruturasocial,oselementostnicoseasreligies,

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    66/74

    59

    se cristalizaram na arte como um todo condicionando as

    caractersticasdosestilosdepoca.

    Ento, a partir destas consideraes e aps termos

    viajado um pouco pela antiguidade e conhecermos suas

    grandes influnciasparaaproduomusicalposterior,que tal

    agorairumpoucofrenteparaoperodoMedieval?Vamosl!

    Bibliografia Bsica

    MILLER, Richard. The Structure of singing: System and art in

    Vocaltechnique.Belmont,USA.WadsworthGroup,1996.

    BAPTISTA, Raphael. Tratado de regnciaaplicada orquestra,

    bandademsicaecoro.SoPaulo:IrmosVitale,2000.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    67/74

    60

    SESC So Paulo. Canto, cano, cantoria: como montar um

    coralinfantil.SoPaulo:SESC,1997.

    COELHO, Helena de Souza Nunes Whl. Tcnica vocal para

    coros.SoLeopoldo,RS:Sinodal,1994.

    FERNADES, Angelo Jos. O regente e a construo da

    sonoridade coral: uma metodologia de preparao vocal para

    coros. Dissertao apresentada para a obteno do ttulo de

    DoutoremMsicadoInstitutodeArtesdaUNICAMP.Campinas,

    SP.2009.

    Bibliografia Complementar

    GOULART, Diana; COOPER, Malu. Por todo canto: mtodo de

    tcnicavocal:msicapopular.Vols.1e2.SoPaulo:G4,2002.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    68/74

    61

    MATHIAS, Nelson. Coral, um canto apaixonante. Braslia,

    Musimed,1986.

    ROBINSON, Russel; ALTHOUSE, Jay. The Complete Choral

    Warm-UpBook.USA,AlfredPublishingCo.Inc.1995.

    BA, Tutti; MARSOLA, Mnica. Canto, uma expresso:

    princpiosbsicosdetcnicavocal.SoPaulo:IrmosVitale,

    2001.

    KERR, Samuel.Carta Coral. InEnsaios:olharessobreamsica

    coralbrasileira.RiodeJaneiro:OficinaCoral,2006.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    69/74

    62

    ASSEF,Mrio(Org.).Desenredos:Umatrajetriadamsicacoral

    brasileira.RiodeJaneiro:UERJ,2002.

    GREEN, Elizabeth. The modern conductor. 4a. ed. Englewood

    Cliffs:Prentice-Hall,1987.

    STOTTER, Douglas. Methods and materials for conducting.

    Chicago,USA.GiaPublications,2006.

    EKMAN, Paul & FRIESE, Wallace. The repertoire of non-verbal

    behavior: categories, origins, usage, and coding. Semiotica,

    Berlim,n.1,p.49-98,1969.

    NAKRA, Teresa Marrin. Inside the conductors jacket: analysis,

    interpretation and musical synthesis of expressive gesture.

    Dissertao apresentada para a obteno do ttulo de Doutor

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    70/74

    63

    em cincias da comunicao Escola de arquitetura e

    planejamento,MassachusettsInstituteofTechnology,2000.

    GARRETSON,RobertL.ConductingChoralMusic.USA,Prentice

    Hall,Inc.,1998.

    LAGO JR., Sylvio. A arte da Regncia: histria, tcnica e

    maestros.RiodeJaneiro:LacerdaEditores,2002.

    MARTINEZ, Emanuel. Regncia coral: princpios bsicos.

    Curitiba:ColgioDomBosco,2000.

    ROCHA,Ricardo.Regncia:umaartecomplexa.RiodeJaneiro:

    IbisLibris,2004.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    71/74

    64

    RUDOLF, Max. The grammar of conducting: a comprehensive

    guide to baton technique and interpretation. New York, NY.

    SchirmerBooks,1993.

    ZANDER,Oscar.RegnciaCoral.PortoAlegre:Movimento,1979.

    REZENDE, Conceio. Aspectos da msica ocidental. Belo

    Horizonte: ImprensadaUniversidade Federal deMinasGerais,

    1971.

    GROUT, Donald J; PALISCA, Claude V. Histria da msica

    ocidental.Lisboa:W.W.NortonCompanyINC,1988.

    MONTANARI, Valdir. Histria da Msica: da Idade da Pedra

    IdadedoRock.SoPaulo:tica,1992.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    72/74

    65

    ALVES, Rubem. Educaodos sentidos e mais.Campinas, SP:

    VersusEditora,2005.

    GREEN, Barry & GALLWEY, Timothy.The inner-gameof music.

    NovaYork:Doubleday,1986.

    JORDAN, James. Evoking sound. Chicago: GIA Publications,

    1996.

    MASI, Domenico de. O cio criativo. 6a. ed. Rio de Janeiro:

    Sextante,2000.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    73/74

    66

    BOONSHAFT, Peter Loel. Teaching music with passion:

    conducting, rehearsing and inspiring. Galesville, MD, USA.

    MeredithMusicPublications,2002.

    RAESLER, Kenneth. Aspiring to Excel: leadership initiatives for

    musiceducators.Chicago,USA.GiaPublications,Inc.2001.

    ALLENS,Jeffrey.Secretsofsinging.WarnerBrossPublications,

    1994.

    CHENG, Stephen Chung-Tao. O Tao da voz: uma abordagem

    das tcnicasdocantoedavozfaladacombinadostradies

    orientaleocidental.RiodeJaneiro:Rocco,1999.

    GELB,Michael.Oaprendizadodocorpo:introduotcnicade

    Alexander.SoPaulo:MartinsFontes,1987.

  • 7/28/2019 Canto Coral e Fundamentos de Regencia II

    74/74

    BACKER,Sarah.AtcnicadeAlexander:aprendendoausarseu

    corpoparaobteraenergiatotal.SoPaulo:Summus,1991.

    SABBAG, Paulo Yazigi. Gerenciamento de Projetos e

    Empreendedorismo.SoPaulo.Editora:Saraiva,2009.