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LOGÍSTICA REVERSA: UMA ALTERNATIVA PARA REDUZIR CUSTO REVERSE LOGISTICS: AN ALTERNATIVE TO REDUCE COST Bruna Catallão – [email protected] Mirian Heloisa Fogolin – [email protected] Pedro Luiz Fogolin Filho – [email protected] Graduandos do UNISALESIANO Profª Ma. Máris de Cássia Ribeiro Vendrame - UNISALESIANO [email protected] Profª Ma. Heloisa Helena Rovery da Silva - UNISALESIANO [email protected] RESUMO Nos últimos anos a logística reversa adquiriu maior importância, devido às mudanças ambientais e o reconhecimento dos consumidores. A iniciativa relacionada à logística reversa tem trazido consideráveis retornos para as empresas, economia com a utilização de embalagens retornáveis ou com reaproveitamento de matérias para produção tem trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas. Além disto, os esforços em desenvolvimento e melhorias nos processos de logística reversa podem produzir também retornos consideráveis, que justificam os investimentos realizados. Este trabalho vem explicitar a importância da logística reversa no setor produtivo da empresa Promilat/SP, como uma oportunidade de adicionar valor a imagem da empresa junto à sociedade com relação aos aspectos ambientais e a sua responsabilidade social, criando diferenciais competitivos e gerando gestão integrada do ciclo do produto e dos custos envolvidos ao longo da vida do produto, possibilitando desta forma a redução de custos e gerando vantagem frente aos seus concorrentes. Palavras-chave: Logística Reversa. Redução de custos. ABSTRACT Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012

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LOGÍSTICA REVERSA: UMA ALTERNATIVA PARA REDUZIR CUSTOREVERSE LOGISTICS: AN ALTERNATIVE TO REDUCE COST

Bruna Catallão – [email protected] Heloisa Fogolin – [email protected]

Pedro Luiz Fogolin Filho – [email protected] do UNISALESIANO

Profª Ma. Máris de Cássia Ribeiro Vendrame - UNISALESIANO [email protected] Profª Ma. Heloisa Helena Rovery da Silva - UNISALESIANO [email protected]

RESUMO

Nos últimos anos a logística reversa adquiriu maior importância, devido às mudanças ambientais e o reconhecimento dos consumidores. A iniciativa relacionada à logística reversa tem trazido consideráveis retornos para as empresas, economia com a utilização de embalagens retornáveis ou com reaproveitamento de matérias para produção tem trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas. Além disto, os esforços em desenvolvimento e melhorias nos processos de logística reversa podem produzir também retornos consideráveis, que justificam os investimentos realizados. Este trabalho vem explicitar a importância da logística reversa no setor produtivo da empresa Promilat/SP, como uma oportunidade de adicionar valor a imagem da empresa junto à sociedade com relação aos aspectos ambientais e a sua responsabilidade social, criando diferenciais competitivos e gerando gestão integrada do ciclo do produto e dos custos envolvidos ao longo da vida do produto, possibilitando desta forma a redução de custos e gerando vantagem frente aos seus concorrentes.

Palavras-chave: Logística Reversa. Redução de custos.

ABSTRACT

In recent years, reverse logistics has become more important due to environmental changes and consumer recognition. The initiative related to reverse logistics has brought considerable returns for businesses, saving with the use of returnable containers or reuse of materials to production gains that have brought increasingly stimulate new initiatives. Moreover, efforts towards development and improvements in reverse logistics processes can also produce considerable returns that justify the investment. This work comes explain the importance of reverse logistics in the productive sector of the company Promilat / SP, as an opportunity to add value to the company's image in the society with respect to environmental and social responsibility, creating competitive advantages and generating integrated management cycle the product and the costs involved lifetime of the product, thus enabling cost reduction and generating advantage over their competitors.

Keywords: Reverse Logistics. Cost reduction.

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 3., n.7, jul/dez de 2012

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INTRODUÇÃO

. A logística reversa vem sendo reconhecida como a área da logística

empresarial que planeja, opera e controla fluxo e as informações logísticas

correspondentes ao retorno de bens ao seu ciclo produtivo de origem ou a sua

destinação como matéria prima, a outro ciclo produtivo. A logística reversa se insere

em um processo de revisão conceitual da manufatura, na medida em que esta

passou a discutir os impactos econômicos e ambientais da produção mais limpa em

suas estratégias de negócios (ADLMAIER; SELLITTO, 2007).

Segundo Ballou (1993), ela estuda a melhor forma de se atingir um melhor

nível de rentabilidade na distribuição de produtos até o consumidor, planejando,

organizando e controlando o movimento e estocagem, de forma a proporcionar

facilidade no fluxo de mercadorias.

A logística reversa é a área responsável por um fluxo reverso de produtos,

seja qual for o motivo: reciclagem reusa recall, devoluções entre outras a

importância deste processo reside em dois extremos: em um, as regulamentações,

que exigem o tratamento de alguns produtos após seu uso, o segundo é a

possibilidade de agregar valor ao que seria lixo.

Segundo LACERDA (2002), a utilização de embalagens retornáveis ou o

reaproveitamento de materiais em processos produtivos tem proporcionado

economia para as empresas que utilizam estas práticas, o que vem cada vez mais

despertando interesse em adotá-las. A logística reversa pode trazer ganhos diretos

às empresas por meio da recuperação de produtos e redução de custos com o

descarte adequado de materiais usados. Como exemplo: os equipamentos

eletrônicos, que, normalmente, têm vida útil bastante curta, devido ao acelerado

avanço tecnológico. Seus componentes, no entanto, podem ser reutilizados.

O objetivo da pesquisa foi caracterizar a logística reversa e mostrar as

oportunidades de redução de custos e a crescente sensibilidade ecológica

relacionada ao meio ambiente.

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1 LOGÍSTICA REVERSA

Lacerda (2002), define que logística reversa pode ser entendida como sendo

o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo de matérias-primas,

estoque em processo e produtos acabados (e seu fluxo de informação) do ponto de

consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recapturar valor ou realizar um

descarte adequado.

A logística reversa trata dos aspectos de retornos de produtos, embalagens ou

materiais ao seu centro produtivo. Esse processo já ocorre há alguns anos nas

indústrias de bebidas (retorno de vasilhames de vidro) e distribuição de gás de

cozinha com a reutilização de seus vasilhames, isto é, o produto chega ao

consumidor e a embalagem retorna ao seu centro produtivo para que seja reutilizada

e volte ao consumidor final em um ciclo contínuo. (DONATO, 2008).

Segundo Barbieri e Dias (2002), a logística reversa deve ser concebida como

um dos instrumentos de uma proposta de produção e consumo sustentável, por

exemplo, se o setor responsável desenvolver critérios de avaliação ficará mais fácil

recuperar peças, componentes e embalagens reutilizáveis e reciclá-los.

A importância da logística reversa está relacionada, além da contribuição para

a preservação do meio ambiente, também como a redução de custos e matérias na

produção, acionando assim, a satisfação do seu consumidor a preços competitivos e

respeitando as legislações ambientais cada vez mais rígidas. (SINNECKER, 2007).

O estudo da logística reversa tornou-se relevante em função do crescimento

da frequência das operações reversas nos últimos tempos, as empresas e a

sociedade passaram a dar atenção especial para este tema, tendo em vista a

vantagem competitiva. Conforme levantamentos efetuados é possível concluir os

seguintes fatos de acordo com Leite (2000):

a) a devolução de mercadorias tem se tornado uma prática comum dos

clientes de varejo, visto seu alto nível de exigência;

b) os produtos tornam-se obsoletos cada vez mais rápido devido ao avanço

tecnológico, o que obriga as empresas a eliminarem tais produtos da forma

mais econômica possível;

1.1 O âmbito econômico e social da logística reversa

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A importância da logística reversa pode ser vista em dois grandes âmbitos: o

econômico e o social. O econômico refere-se aos ganhos financeiros obtidos a partir

de práticas que envolvem a logística reversa. Por exemplo, uma empresa pode

reduzir seus custos reutilizando materiais que seriam descartados pelos clientes

finais, como retorno de revistas que não foram vendidas. Após a triagem, voltam às

bancas como promoções.

O âmbito social diz respeito aos ganhos recebidos pela sociedade. Por

exemplo, ao se depositar menos lixo em aterros sanitários, adotando-se a

reciclagem, reduz-se a chance de contaminação de lençóis freáticos e elimina a

possibilidade de corte de árvores.

1.2 Logística reversa: sinônimo de ciclo de vida

Por traz do conceito de logística reversa está um conceito mais amplo que é o

do ciclo de vida. A vida de um produto, do ponto de vista logístico, não termina com

sua entrega ao cliente. Produtos se tornam obsoletos, danificados, ou não

funcionam e deve retornar ao seu ponto de origem para serem adequadamente

descartados, reparados ou reaproveitados, danificados ou absoletos dos pontos de

consumo até os locais de reprocessamento, revenda ou de descarte.

Do ponto de vista financeiro, fica evidente que além dos custos de compra de

matéria-prima, de produção, de armazenagem e estocagem, o ciclo de vida de um

produto inclui também outros custos que estão relacionados a todo o gerenciamento

do seu fluxo reverso. Do ponto de vista ambiental, esta é uma forma de avaliar qual

o impacto que um produto sobre o meio ambiente durante toda a sua vida. Esta

abordagem sistêmica é fundamental para planejar a utilização dos recursos

logísticos de forma a contemplar todas as etapas do ciclo de vida dos produtos.

Neste contexto, pode-se então definir logística reversa como sendo o

processo de planejamento, implementação e controle do fluxo de matérias-primas,

estoque em processo e produtos acabados (e seu fluxo de informação) do ponto de

consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recapturar valor ou realizar um

descarte adequado. (LACERDA, 2002).

Figura 1: Processo logístico direto e reverso

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Fonte: Adaptado de Lacerda (2002).

O processo de logística reversa gera materiais reaproveitados que retornam

ao processo tradicional de suprimento, produção e distribuição, conforme indicado

na figura 1.

Este processo é geralmente composto por um conjunto de atividades que

uma empresa realiza para coletar, separar, embalar e expedir itens usados,

medicamentos, dar destinação final e adequada aos produtos que estiverem sendo

comercializados na rede de farmácia no Estado do Paraná, que estejam com seus

prazos de validade vencidos ou fora de condições de uso.

1.3 A logística reversa como forma de diferencial competitivo.

A utilização da logística reversa como forma de diferencial é importante para a

empresa. A obtenção de vantagem competitiva é um dos principais fatores que

levam as organizações a implementarem o processo reverso de distribuição.

Mudanças no comportamento de consumo das pessoas também têm

contribuído para a incorporação da logística reversa por parte da empresa. Além

deste aumento da eficiência e da competitividade das empresas, a mudança na

cultura de consumo por parte dos clientes também tem incentivado a logística

reversa. Os consumidores estão exigindo um nível de serviço mais elevado das

empresas e estas, como forma de diferenciação e fidelização dos clientes, estão

investindo em logística reversa. (CHAVES; MARTINS, 2005).

1.5 Gestão de custos

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Materiais novos

novis

Materiais reaproveitado

s

novis

Processo Logístico Direto

Suprimento Produção Distribuição

Processo Logístico Reverso

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De acordo com Dutra (2003), custos é a parcela do gasto que é aplicada na

produção ou em qualquer outra função de custo, gasto esse desembolsado ou não.

Custo é o valor aceito pelo comprador por adquirir um bem ou é a soma de todos os

valores agregados ao bem desde sua aquisição, até que atinja o estágio de

comercialização.

De acordo com Crepaldi (2004), qualquer que seja o sistema, necessita da

distinção entre custos e despesas. Teoricamente, a distinção é fácil: custos são

gastos (ou sacrifícios econômicos) relacionados com a transformação de ativos

(exemplo: consumo de matéria prima ou pagamento de salários), despesas são

gastos que provocam redução do patrimônio (exemplo: impostos, comissões de

vendas etc.). E gastos é o termo genérico que pode representar tanto um custo

como uma despesa, é o compromisso financeiro assumido por uma empresa na

aquisição de bens e serviços.

1.6 Etapas da reciclagem

Segundo Batista e Pagliuso (2006), a caracterização das etapas do processo de

reciclagem, considerando as atividades que cada uma delas compreende, pode ser

descrita da seguinte maneira:

a) coleta: é a atividade de recolhimento dos materiais, nos locais onde são

depositados ou descartados pelos consumidores ou usuários;

b) separação: atividade de triagem dos materiais por seus tipos (plástico, vidro,

metal, madeira, papel etc.);

c) revalorização: etapa intermediária em que os materiais separados são

preparados para serem transformados em novos produtos;

d) transformação: é o processamento dos materiais revalorizados para a

geração de novos produtos/insumos destinados a novos ciclos produtivos.

Para compreender a reciclagem, é importante alterar o conceito que se tem

de lixo, de algo sujo e inútil em sua totalidade. O primeiro passo é perceber que o

lixo, quando encaminhado ao processo de tratamento correto, é fonte de riqueza.

Para tanto, necessita que se faça uma separação de materiais, (BATISTA;

PAGLIUSO, 2006).

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1.7 Tipos de reciclagem

Segundo a empresa COMPAM (2009), os principais tipos de reciclagem são:

a) metal: são muito utilizados em equipamentos, estruturas e embalagens

devido sua elevada durabilidade, resistência e facilidade de conformação,

separam-se as sucatas em ferrosos e não ferrosos;

b) papel: a reciclagem de papel é utilizada na transformação de novas folhas

de papel comercialmente vendidas e são cortadas em tamanhos pré-

definidos. Os mais comuns são carta e A4, usados em escritórios e

tarefas escolares. As gráficas também usam papel em tamanho A3,

principalmente para confecção de cartazes;

c) plástico: vem das resinas derivadas do petróleo e pertence ao grupo dos

polímeros (moléculas muito grandes, com características especiais e

variadas). A palavra plástica tem origem grega e significa aquilo que pode

ser moldado. Além disso, uma importante característica do plástico é

manter a sua forma após a moldagem;

d) vidro: o caco funciona como matéria prima já balanceada, podendo

substituir o feldspato que tem função fundente, pois o caco precisa de

menos temperatura para fundir. Os cacos devem ser separados por cor

(transparente, marrom e verde). (COMPAM, 2009).

1.8 A importância da logística reversa para redução de custos no processo

produtivo.

Com a logística reversa, as empresas criam uma imagem diferenciada, com

novas oportunidades de lucros através da introdução das preocupações ambientais

em sua estratégia corporativa e buscam constantemente por produtos e processos

de menor impacto ambiental e de acordo com o desenvolvimento sustentável

(LEITE, 2002).

De acordo com Lacerda (2000), as iniciativas relacionadas a logistica reversa

tem trazido consideráveis retornos para as empresas, como economia com a

utilização de embalagens retornáveis ou reaproveitamento de materiais.

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Esta atitude no processo de produção tem trazido ganhos que estimulam

cada vez mais novas iniciativas, pois os esforços para o desenvolvimento e melhoria

nos processos de logística reversa, além de proporcionar a redução dos custos,

podem produzir, também, retornos consideráveis, que justificam os investimentos

realizados.

A logística reversa tornou-se um assunto prioritário nos negócios da empresa,

devido ao seu potencial de incremento simultâneo entre a satisfação do cliente e a

rentabilidade da empresa. (MINAHAN, 1998).

Um programa bem estruturado de logística reversa pode proporcionar a

geração de informações valiosas, como exemplo: a identificação de padrões de

defeitos ou áreas problemáticas da empresa, que podem estar resultando numa

diminuição dos volumes de lucros, além de informações sobre o comportamento do

consumidor e atendimento das suas expectativas ou até mesmo, se é o momento de

retirar um produto de linha, devido a insatisfação por parte dos clientes.

(DAUGHERTY et al., 2002).

De acordo com Kim (2001), a gestão de retorno de produtos é mais do que

decidir o que fazer com ele, envolve a captura de informações que permitam

entender os motivos do seu retorno e com isto atuar sobre as causas da insatisfação

dos clientes contribuindo para reduzir os retornos futuros, além de que um processo

rápido e eficiente para os clientes aumenta a credibilidade.

Estas informações podem ajudar tanto na fabricação, na embalagem e nas

ações de marketing (promoções com produtos de retorno em determinados

mercados e melhoria do produto/serviço).

De acordo com Costa e Valle (2006), as atividades da logística reversa obtém

o melhor reaproveitamento de produtos usados por meio da utilização do fluxo

reverso podem agregar valor ao produto no mercado, pela imagem corporativa

associada ao respeito ao meio ambiente, além de captar oportunidades econômicas

para o processo produtivo, como a redução de compra de matéria prima virgem.

Outros pontos a serem lembrados e que podem impulsionar a aplicação da logística

reversa são:

a) considerações econômicas e ambientais estão forçando as empresas a

utilizarem embalagens retornáveis;

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b) a maior consciência das empresas com relação a todo o ciclo de vida de

seus produtos, ou seja, ser legalmente responsável pelo seu destino após

a entrega dos produtos ao cliente, evita a geração de impacto negativo ao

meio ambiente;

c) a matéria-prima nova está se tornando menos abundante, e

consequentemente, mais cara;

d) as economias geradas para ás empresas devido ao reaproveitamento de

materiais e componentes secundários, além de apresentar diferenciação

em serviço ao cliente à medida que o fabricante tem políticas mais liberais

de retorno de produtos, apresenta uma vantagem em relação à

concorrência;

e) há eliminação de produtos que se tornam obsoletos devido ao alto grau

de desenvolvimento tecnológico;

f) face às regulamentações, muitas empresas são obrigadas a recolherem

seus produtos quando os mesmos atingem o final da vida útil;

g) as empresas devem desenvolver produtos amigáveis ao meio ambiente,

h) técnicas para recuperação de produtos e gerenciamento do desperdício

devem ser desenvolvidas.

A competição de mercado tem levado as empresas a desenvolverem o

processo de recuperação de produtos objetivando evitar que terceiros tomem ciência

sobre sua tecnologia de produção ou, até mesmo, para afastar a possibilidade de

surgimento de novos competidores no mercado, situação que pode levar à redução

do faturamento. Um exemplo são as empresas de telefonia móvel situadas no Brasil,

que por meio de suas revendas, oferecem a troca do aparelho telefônico usado por

um novo, pagando ao cliente somente a diferença de preço entre os aparelhos.

Segundo o Conselho de Gestão da Logística (1993), a estruturação de um

canal de distribuição reverso para o reaproveitamento de metais ferrosos e não

ferrosos, papéis e gorduras de restaurantes foi realizada devido aos ganhos

apresentados aos agentes envolvidos.

Conforme menciona Stock (1998), toda empresa, independentemente do

ramo, tamanho, tipos de produtos ou localização geográfica, pode beneficiar-se do

planejamento, implementação e controle de atividades da logística reversa, mesmo

que não haja imposição governamental.

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Como podem ser observados, os fatores econômicos apresentam-se por meio

de ganhos diretos e indiretos, os quais segundo Stock (1998), são:

a) ganhos diretos: reaproveitamento de materiais, redução de custos, adição

de valor na recuperação;

b) ganhos indiretos: antecipação à imposições legislativas, proteção contra a

competição de mercado, imagem corporativa associada à proteção

ambiental, melhoria de relacionamento fornecedor/cliente.

A logística torna-se, neste momento, uma ferramenta importante na busca

desta vantagem competitiva, contribuindo para minimizar os custos operacionais,

controlando a produção, auxiliando nas tomadas de decisões e fazendo com que as

organizações busquem conhecimento no processo de informação, contribuindo

assim para a eficiência na cadeia de suprimentos, maximizando o lucro e fidelizando

clientes (KOTLER; KELLER, 2006).

Ganhos financeiros e logísticos são apenas um dos benefícios que a logística

reversa é capaz de proporcionar. Somem-se também os ganhos à imagem

institucional da companhia por adotar uma postura ecologicamente correta, atraindo

a atenção e preferência não só dos clientes, mas dos consumidores finais. (MIGUEL

NETTO, 2004).

De acordo com Lacerda (2002), economias com a utilização de embalagens

retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais para produção têm trazido

ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas. O reaproveitamento de

materiais é um dos processos que fazem parte da dinâmica da logística reversa, e é

um dos aspectos que mais possibilidades possuem para se agregar valor aos

materiais retornáveis no processo inverso.

A cada dia que passa a logística reversa, ganha força e espaço no mercado,

seja pelo importante apelo ambiental ou pela redução potencial de custos.

(CARDOSO, 2006, apud RAZZOLINI E BERTÉ, 2009, p. 57).

Bowersox; CLOSS (2001), afirma que “a logística reversa se aplicada tanto

como um fator de redução de custos na cadeia produtiva como um meio de

preservação ambiental.” Com a otimização no uso dos produtos e matérias-primas, e

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a reutilização, proporcionam melhores resultados econômicos para as organizações

e causam menos impactos ao meio ambiente.

1.9 Estudo de caso na empresa Promilat

Foi realizada, uma pesquisa de campo na empresa Promilat localizada na

cidade de Promissão SP, onde atua no setor de indústria e comercio de produto

lácteos, com o intuito de conhecer melhor os sistemas e processos de produção da

empresa, se a mesma utiliza ou não a logística reversa no meio produtivo, com esta

ideia em mente foi escolhido o setor de produção de requeijão para o estudo de

caso. Neste setor é produzido o requeijão tipo cremely que é embalado em dois

tipos diferentes de embalagens, uma é o balde de 3,600kg e a outra é conhecida

como bag que comporta 5 kg do produto, a tabela a seguir demonstra os principais

custos envolvidos no processo de produção.

Quadro 1: Custos de produção do requeijão com embalagem de 3,600kg.

Componentes Custo unitário Quantidade Custo total Porcentagem

Amido modificado R$ 2,20 kg 2,500 kg R$ 5,50 0,80%

Aroma R$ 9,22 kg 0,250 kg R$ 2,31 0,34%

Sal fundente R$ 2,20 kg 0,300 kg R$ 0,66 0,10%

Sal redutor R$ 6,00 kg 0,350 kg R$ 0,90 0,13%

Sal comum R$ 7,50 kg 2,300 kg R$ 17,25 2,52%

Sorbato de potássio R$ 14,00 kg 0,100 kg R$ 1,40 0,20%

Creme de leite R$ 3,50 lt. 25 litros R$ 87,50 12,79%

Massa R$ 10,87 kg 45 quilos R$ 489,29 71,54%

Funcionário R$ 4,95 p/ha 30 min R$ 2,47 0,36%

Energia elétrica R$ 3,75 p/ha 30 min R$ 1,88 0,27%

Balde 3,6kg R$ 2,20 unid. 32 unid. R$ 74,80 10,94%

custo total do produto     R$ 683,96 R$ 683,96 Fonte: Elaborado pelos alunos, 2012.

Quadro 2: Custos de produção do requeijão com embalagem de 3,600kg.

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Componentes Custo unitário Quantidade Custo total Porcentagem

Amido modificado R$ 2,20 kg 2,500 kg R$ 5,50 0,80%Aroma R$ 9,22 kg 0,250 kg R$ 2,31 0,34%Sal fundente R$ 2,20 kg 0,300 kg R$ 0,66 0,10%Sal redutor R$ 6,00 kg 0,350 kg R$ 0,90 0,13%Sal comum R$ 7,50 kg 2,300 kg R$ 17,25 2,52%Sorbato de potássio R$ 14,00 kg 0,100 kg R$ 1,40 0,20%Creme de leite R$ 3,50 lt. 25 litros R$ 87,50 12,79%Massa R$ 10,87 kg 45 quilos R$ 489,29 71,54%Funcionário R$ 4,95 p/ha 30 min R$ 2,47 0,36%Energia elétrica R$ 3,75 p/ha 30 min R$ 1,88 0,27%Bag 5kg R$ 0,47 unid. 23 unid. R$ 11,28 1,65%custo total do produto     R$ 620,44 R$ 683,96 Fonte: Elaborado pelos alunos, 2012.

O quadro 1 representa os custos de produção de requeijão, embalado com

baldes 3,600kg e o quadro 2 representa os mesmos custos, somente alterado o tipo

de embalagem conhecida como bag que comporta 5 kg de requeijão. Se mantidos

os custos de todos os produtos exceto os das embalagens, nota-se que a

embalagem do tipo bag representa 84,92% a menos de custo em relação com a

embalagem dos baldes de 3,600kg, e na composição final do custo do produto esta

troca representa um total de 9,28% de redução de custos por lote de 115kg de

requeijão produzidos. No tocante valor esta porcentagem representa R$ 63,52

produção.

Com esta análise, caso a empresa opte por esta opção, além de obter

vantagem competitiva frente a seus concorrentes, melhora sua imagem no tocante

meio ambiente, pela troca por uma embalagem menos agressiva ao meio ambiente.

CONCLUSÃO

A logística reversa é ainda, de maneira geral, uma área com baixa prioridade.

Isto se reflete no pequeno número de empresas que tem gerências dedicadas ao

assunto. Pode-se dizer que se está em um estado inicial no que diz respeito ao

desenvolvimento das práticas de logística reversa.

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Esta realidade, como vista, está mudando em resposta a pressões externas

como um maior rigor da legislação ambiental, a necessidade de reduzir custos e a

necessidade de oferecer mais serviço através de políticas de devolução mais

liberais, a logística reversa deve ser usada não só para ganhar novos mercados

como para se manter nele.

Os esforços em desenvolvimento e melhorias nos processos de logística

reversa podem produzir também retornos financeiros, de imagem corporativa e de

nível de serviço consideráveis que justificam os investimentos realizados. A

implantação da logística reversa é de suma importância para a gestão empresarial

como um diferencial de mercado trazendo benefícios à empresa.

REFERÊNCIAS

ADLMAIER D. SELLITTO M. A. Logística Reversa. 2007. Disponível em www.logisticareversa.net.br. Acesso em: 24/05/2011.

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