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abcdefghijklmnopqrstuvwxyyz Distribuição Gratuita PROIBIDA A VENDA Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 10 - nº 89 - Março/2009 Nesta edição: Livros: Fulgor no Entardecer; Inesquecível Chico Bem-Aventurados os Pobres de Espírito Namoro e Divórcio: O Que Mudou? Xenoglossia Camilo Castelo Branco Segunda e última parte Segunda e última parte

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Page 1: Camilo Castelo Branco - espiritismoeluz.org.br · Será que já entendemos nossa responsabilidade perante o Mestre — por tudo o ... O Ministro da Revelação - Pág. 18 Março

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Distribuição Gratuita

PROIBIDA A VENDA

Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 10 - nº 89 - Março/2009

Nesta edição:Livros: Fulgor no Entardecer; Inesquecível Chico

Bem-Aventurados os Pobres de Espírito

Namoro e Divórcio: O Que Mudou?

Xenoglossia

Camilo

Castelo

BrancoSegunda e última parteSegunda e última parte

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EditorialSeareiroeditorial

Jesus vem à Terra, a pedido do Pai Celestial, e nos traz a doutrina cristã,exemplificando para que nos amemos uns aos outros, como Ele sempre nos amou eama.

Quantos outros mensageiros do Cristo são remetidos, desde então, ao PlanoFísico, com a missão de fazer com que não nos esquecêssemos das palavras doMestre e de seus ensinamentos: Francisco de Assis, Antonio de Pádua, Manoel daNóbrega, José de Anchieta, Ignácio de Antioquia, Joana D´Arc, Allan Kardec,Francisco Cândido Xavier, entre tantos outros!

Num momento como este, após o retorno à Pátria Espiritual de nosso Chico Xavier,há seis anos, vemos o meio espírita, muitas vezes, buscando saliências individuais ecoletivas, extremamente perigosas para a divulgação séria do verdadeiro Espiritismo.Espiritismo esse, codificado por ninguém menos queAllan Kardec, o enviado de Jesuspara trazer a Sua doutrina na essência, ou seja, rediviva. E apesar de seu cabedalespiritual, não o vemos em nenhum momento buscar tal saliência diante da grandiosaobra que lhe foi confiada.

Retorna à Terra, cumprindo a sua promessa de continuidade, na cidade de PedroLeopoldo, e nos traz novamente um verdadeiro exemplo de vida de quem entendeuplenamente os ensinamentos de Jesus, mantendo-se firme em seus ideais detrabalho e de exemplificação, sem se deixar envaidecer pela magnitude dos reflexosem todo o mundo, que sua missão ocasionou no cumprimento de seus deveres paracom o Cristo.

Companheiros de doutrina!Será que já entendemos nossa responsabilidade perante o Mestre — por tudo o

que está sendo ofertado a cada um que adentrou em um grupo espírita e lápermaneceu — em termos de compromissos assumidos?

Será que não temos extrapolado em nosso campo de atuação, muitas vezesapoiando desvios doutrinários e, até mesmo, auxiliando a desviar a muitos, pela nossanão-fidelidade ao Cristo?

Acreditamos que ser fiel a Jesus é tão-somente ler o Seu Evangelho e trabalharnum centro espírita!

Quanta ilusão! “A quem muito foi dado, muito será pedido”, nos diz o Evangelho.Temos muito recebido do MaisAlto. E o que executamos até agora em nome de Jesus,sem termos de aparecer para nos envaidecer?

Nós espíritas, equivocados, até levamos às telas de cinema a vida decompanheiros de doutrina, ainda encarnados, esquecendo-nos de que podemos serresponsáveis por quedas maiores dessas criaturas, na verdade atendendo, com isso,ao nosso próprio impulso de orgulho e vaidade. O Chico permitiria que se fizesse umfilme sobre a sua vida, quando ainda encarnado, mostrando o seu trabalho e a suaobra?

Reflitamos!Ó Chico, quanta saudade de sua pureza doutrinária! Quanta saudade por não

podermos estar juntos daquele em quem poderíamos buscar o real entendimento doconhecimento espírita-cristão! Quanta saudade dessa fonte doutrinária pura ecristalina! Quanta saudade desse verdadeiro emissário de Jesus, que boa parte domeio espírita não valorizou e não valoriza até hoje a importância de sua estada entrenós e de seu legado!

Confiemos em Jesus, que acompanha a nossa caminhada, e busquemos refletirsobre o que temos feito desta Doutrina, que nos consola e nos esclarece, e qual anossa responsabilidade diante do que o Cristo quer que façamos, para trabalharmospela cristianização de toda a Terra.

Equipe Seareiro

SeareiroSeareiro2

Publicação MensalDoutrinária-espírita

Direção e Redação

Endereço para correspondência

Conselho Editorial

Revisão

Jornalista Responsável

Diagramação e Arte

Imagem da Capa

Impressão

Tiragem

Ano 10 - nº 89 - Março/2009Órgão divulgador do Núcleo de

Estudos Espíritas Amor e EsperançaCNPJ: 03.880.975/0001-40

CCM: 39.737

Seareiro é uma publicação mensal,destinada a expandir a divulgação daDoutrina Espírita e manter o intercâmbioentre os interessados em âmbitomundial. Ninguém está autorizado aarrecadar materiais em nosso nome, aqualquer título. Conceitos emitidos nosartigos assinados refletem a opinião deseu respectivo autor. Todas as matériaspodem ser reproduzidas, desde quecitada a fonte.

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12.000 exemplaresDistribuição Gratuita

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ÍND

ICE Grandes Pioneiros:

Cantinho do Verso e Prosa:Clube do Livro:Pegadas de Chico Xavier:Saudade:Livro em Foco:Kardec em Estudo:Família:Contos:Calendário:

Camilo Castelo Branco - Segunda e última parte - Pág. 3Notas de Amigos - Pág. 13

Inesquecível Chico - Pág. 13Xenoglossia - Pág. 14

Roque Jacintho - Pág. 15Fulgor no Entardecer - Pág. 15

Bem-Aventurados os Pobres de Espírito - Pág. 16Namoro e Divórcio: O Que Mudou? - Pág. 17O Ministro da Revelação - Pág. 18

Março - Pág. 19

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 3

Grandes Pioneirosgrandes pioneiros

Adentrando a câmara fluídica, encontra Camilo semi-desperto. Os médicos estavam avaliando o seu estado geral.Eusébio, aproximando-se e olhando para os técnicos emfluidos que acompanhavam o processo emocional deCamilo, percebe que ele reagia bem. Com um sinal decabeça de um dos médicos, o instrutor dirigiu-se ao doente efalou sereno:

— Como é, Camilo, você consegue ver-me?Sem os aparelhos e já mais atento ao local, Camilo tenta

abrir mais os olhos e, com vagar, balbucia:— Vejo... vejo... vultos brancos... Quem são... esses

fantasmas?... Será... será que nunca... nunca deixarão... deme perseguir?

Eusébio, colocando a mão sobre a cabeça de Camilo,responde:

— Não são fantasmas... são médicos que cuidam de suasaúde, que está um tanto abalada ultimamente. Será quevocê terá forças para conversarmos, por algum tempo?

Camilo, mais seguro, responde demonstrando estarconsciente:

— Então eu estou vivo, não há fantasmas e nem eu sou umdeles... Ainda bem... Vejo que você é tão real... Não são osespectros que sempre me perseguiam... Você também não éa figura sinistra que queria devorar-me as entranhas...

Eusébio o interrompe, temendo nova crise de consciênciaculpada:

— Não, Camilo, não há espectro e você está num hospital,como você já percebeu. O que você sentia erapor seu estado febril. Como vê, estamosconversando; eu me chamo Eusébio e queroajudá-lo.

Diga-me, Camilo. Quem você gostaria queviesse visitá-lo? Já lhe disse que todosqueremos participar do seu bem-estar.Sabemos que você é um grande escritor, umpoeta... Naturalmente, possui família, portantorepito... Há alguém que você queira ver?

Camilo, abrindo desmesuradamente osolhos, agitado, respondeu:

— Família... Não... Todos me rejeitaram...Sou só... Sozinho...

Camilo cai em profunda dor interior.Eusébio viu o perigo iminente em que forçasocultas tentavam dominá-lo, apesar de todo isolamentofluídico. Imediatamente, a equipe socorrista entra em ação eCamilo volta à sonoterapia. Eusébio aguarda o espírito deCamilo normalizar-se, para voltar à terapia intensiva pelahipnose. Novamente, os aparelhos e sensores fluídicosforam ligados. Os sensores demonstravam a aproximaçãofluídica, contrária à restauração das forças revitalizantes emCamilo.

Aguardando o sinal positivo dos médicos espirituais paraque voltassem a trazer Camilo livre da ação dos obsessores,Eusébio orava ardentemente, buscando o auxílio doAlto.

Decorrido longo período, perceberam pelos sensores que

o perigo passara. Com sinal afirmativo, Eusébio volta achamar Camilo:

— Então, meu filho, você está me ouvindo? Tentarei trazervocê à sua atual realidade... Se a sua reação for serena,nossa conversa será normal, senão tentaremos outrosmeios. O que não podemos permitir é que você perca essesmomentos, tão preciosos, refugiando-se em amarguras.Queremos que você entenda que Deus o está auxiliando, asmágoas e dissabores já estão no passado. É isso que vocêprecisa sintonizar, o momento é agora para a sua libertação...Por isso, responda-me... Você vai colaborar?

Camilo, lentamente, abre os olhos e, com leve sinal com asmãos, dirigindo-se aos socorristas que ali estavam, pedepara tirarem os aparelhos que o impediam de falar. Ossocorristas o atendem e, liberto dos aparelhos, mais serenoresponde a Eusébio:

— Estou pronto para ouvi-lo.— Muito bem, meu filho. Para que você consiga a paz tão

desejada, é preciso que algumas recordações de sua vidasejam narradas por você mesmo. Sendo assimperguntamos:

— O que representou em sua vida a jovem JoaquinaPereira?

Camilo mais confiante responde:— Lembro-me que, apesar de estar morando com minha

irmã, Carolina Rita, e de ter reiniciado os estudos, sentiaprofunda revolta em meu interior.Achava-me inútil e um peso

nas costas de minha irmã. Comecei a pensarseriamente em encontrar alguém, para formarum lar. E foi assim que encontrei Joaquina.

Eusébio o interrompe e o ajuda nasrecordações:

— Camilo, aqui onde você se encontra emtratamento, ao preencher a ficha, no seuhistórico, há o nome de Maria do Adro. Pareceque foi ela que o trouxe para cá. Você aconheceu antes da jovem Joaquina?

— Ah! Maria do Adro... Doce rapariga... Sim,ela foi o meu primeiro amor...

Acada recordação, um soluço profundo sai doíntimo de Camilo, que continua...

— A saúde de Maria do Adro era frágildemais... Um dia, ela partiu...

Chorando profundamente, Camilo desabafa...— Ela morreu e eu quis morrer com ela e ingeri muitos...

muitos comprimidos, mas encontraram-me a tempo e metrouxeram de volta à minha infeliz vida.

Eusébio o acalma:— Deus o ajudou para que não sofresse por esse ato tão

grave. Mas, continue, Camilo... Foi por esse tempo que vocêencontrou Joaquina?

— Sim... Já estava mais conformado e achei que meucasamento com Joaquina Pereira França, uma jovem bemcolocada na vida, viesse completar o afeto que me foraroubado. Porém, eu com apenas dezesseis anos, uma

Camilo Castelo BrancoCamilo Castelo BrancoSegunda e última parte

Carolina Rita

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criança revoltada, o quepoderia resultar? Esseenlace precipitado foi umdesastre e a separaçãoaconteceu, deixando apobre Joaquina arrasada.

Depois, transformei aminha vida num verdadeiroinferno. Passei a frequentarl u p a n a r e s , c a b a r é s ,bebidas, enfim tive todos osdesvios possíveis.

Em meio a tudo isso,tentei entrar na Faculdadede Medicina, da cidade doPorto, aconselhado pelopadre Manuel da Lixa, quedizia-me poder, através daMedicina cuidar das doresdos semelhantes e, assim,prover melhor meu futuro.Mas, tudo em vão, minha ansiedade e inconstância a tudoque fizeram-me fez-me deixar a faculdade. Novamente, aideia de ter alguém ao meu lado, levou-me a conhecerPatrícia Emilia. Ela seduziu-me com sua beleza esensualidade. Tornamo-nos amantes e fugimos para o Portoporque, após ter deixado a faculdade, estava a viver emGranja Velha. Como ainda estava casado com Joaquina enão havíamos nos separados judicialmente, poderia serpreso por bigamia, o que veio a acontecer, pouco tempodepois. Sobrevivíamos dos artigos e publicações que euescrevia. Como a minha tendência em escrever para osjornais locais era sobre política, resolvi fazer críticas aogoverno civil de José Cabral Teixeira de Moraes. Isso gerougrande confusão e manifestações, com divisões no meiopolítico. O governo, indignado, deu ordem aos seuscapangas que, chamados na época de “Olho de Boi”,espancaram-me, até que eu fiquei jogado no chão, sem queviessem me defender. Fui perseguido por um bom tempo.Com toda essa desavença, minha união com Patrícia Emilia,que já não andava bem, acabou por desfazer-se.

Fugi para a casa de minha irmã, que estava residindo emCovas do Ouro. Voltei a escrever intensamente vários livrosque foram publicados com pseudônimos, dos quais muitasvezes não guardava em minha memória os nomesarrumados, porque em várias ocasiões estava bêbado e,como sempre, metido em arruaças, sendo preso novamente.

Após livrar-me da cadeia, resolvi falar com os párocos quesempre me aconselhavam. Graças a isso, fui admitido noseminário, auxiliando os seminaristas com aulas de reforços.

Nesse ínterim, conheci uma freira, chamada IsabelCândida, com quem mantive breve romance, pois oscomentários a esse respeito tomaram vulto e tive que meafastar do seminário. Profundamente desiludido com tudo,tentei novamente o suicídio. E, mais uma vez, não consegui.Sempre alguém aparecia para frustrar a minha morte.

Eusébio, aproveitando a emoção de Camilo e tentandoharmonizar seus pensamentos, procura esclarecê-lo:

— Meu filho, veja como Deus estava enviando reforços,através de pessoas, para que você não cometesse esse atoimpensado. Por mais de uma vez, Ele quis que vocêprestasse atenção de que a vida é uma somatória de séculosem que vivemos repetindo erros.

Você se trancou em seu ar de vítima e no egoísmo. Seu paiteve que partir, atendendo ao chamado de Deus. Se sua

mãezinha teve que deixá-loainda quando você era umbebê, também foi pordeterminações que nãopodemos julgar.

C a m i l o o u v i uatentamente as palavras deEusébio e, pensativo,exclama:

— D e v o , e n t ã o ,considerar que todos osa c o n t e c i m e n t o sdesagradáveis pelos quaispassei em minha vida,foram criados por mim?

— Já dissemos meufilho, não condenamosninguém, mas muitos dosdesvios que sofremos,foram as más escolhas quefizemos. E, dando pequena

pausa, Eusébio indaga:— EAna Plácido? Guarda você alguma recordação dela?Os olhos de Camilo brilham intensamente...—Ana Plácido... meu único amor, embora quando menino,

também amei loucamente Maria do Adro... Ela foi um anjoque morreu ainda muito criança... Mas Ana Plácido apareceuem minha madureza, quando minha vida já estava delineadacomo escritor.

Ana Plácido era uma bela mulher... Ela compreendia avolúpia dos meus sentimentos... Mas espere... Como osenhor sabe sobre o que Ana representou em minha vida? Osenhor a conheceu? Onde está ela?... Por favor... Por favor...

— Acalme-se, Camilo... Já dissemos que você está numhospital... Portanto, sua ficha foi preenchida por alguém queo conhece. E com os dados fornecidos, principalmente seuestado civil, consta o nome de sua esposa e outros relatosimportantes para o seu tratamento. Mas, diga-me, o queaconteceu comAna? Vocês também se separaram?

— Não... Isto é... aconteceram fatos lamentáveis, diziaCamilo...

Estávamos em pleno relacionamento amoroso... QuandoAna, sem motivo algum, desaparece. Tentei procurá-la, masnão sabia nada, nunca havia lhe perguntado onde morava,quem eram seus pais... Ana, desde o princípio, foraindependente... Ela era de grande personalidade e, semostrava até rigorosa comigo, chamando-me àsresponsabilidades dos meus afazeres... E, de repente, osdias passaram e ela sumiu... Averiguei hospitais e os lugaresque costumávamos frequentar, quando, um dia, estando nabiblioteca pública lendo o jornal, li a notícia:

Nada mais pude ler... Uma angústia fechou minhagarganta. Jogando o jornal, corri para rua... Em meu coraçãosó havia um único sentimento: o ódio e, no meu cérebro, amorte.

Camilo se contorcia. Eusébio, temendo algum processoobsessivo que pudesse alcançá-lo, nota que os socorristasenvolvem o paciente com fluidos calmantes. Eusébio,atendendo os médicos, deixa o local para retornar quando oefeito magnético tivesse sanado o mal produzido pela voltaao passado.

Após várias tarefas que requisitavam a sua colaboração,

“Numa feliz união, casa-se hoje o senhor Manuel PinheiroAlves, comerciante em nossa cidade, com a digníssimasenhoraAna Plácido.”

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Igreja Matriz do Divino Salvador, em Ribeira de Pena. Foi nesta igrejaque Camilo se casou com Joaquina, em 1841. Esta mesma igreja é

referida em algumas passagens de seus livros.

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Eusébio foi ao encontro de Ana Plácido. Soubera, pelaenfermeira Rosália, que Ana estava na Sala deRecuperação, assistida pelo instrutor Ambrósio. Eusébiorejubilou-se: o instrutor Ambrósio era excelente nos fluidosmagnéticos. Viera da Terra com um currículo maravilhosoonde, através da Psiquiatria, aperfeiçoara-se com os estudosda Doutrina Espírita.

Sua valiosa cooperação na Colônia de AtendimentoFraterno era de suma importância. Ninguém mais do queAmbrósio poderia auxiliá-lo no encontro de Camilo eAna.

Silenciosamente, adentrou a sala levemente iluminada emtom azulado, numa atmosfera refrescante e serena.

Ana estava recostada sobre um divã, mantendo os olhossemiabertos. Sua expressão demonstrava suave belezainterior, sem as alterações dos edemas de quando foraretirada do vale dos suicidas. Ambrósio convidou Eusébiopara participar do tratamento de recuperação de Ana,informando-lhe que ela estava consciente e preparada paraajudar Camilo, no que fosse possível.

Ambrósio, fixando firmementeos olhos de Ana, conduziu-a av o l t a r - s e p a r a e l e . A n aobedecendo à ordem dada, seabre em sorrisos ao se depararcom o instrutor Eusébio. Este,tomando-lhe as mãos, a abençoa.Ambrósio, alegre, dirigindo-se aambos exclama:

— Creio que, diante damisericórdia de Deus e contandocom a assistência de Jesus,poderemos ir ao encontro deCamilo, procurando dar-lhecoragem para sair de seu estadoespiritual tão precário, não é?

Ana, profundamente recolhida,responde emocionada:

— É o que eu mais quero. Seique com os senhores instrutores,que se dedicam tanto, para orestabelecimento dos espíritosdoentes como os nossos,alcançaremos a paz para o meuquerido Camilo. Já estou prontapara continuar envolvendo-o comtodo carinho.

Eusébio conta a eles até ondepôde fazê-lo rever o passado emeditar sobre os acontecimentos.

Mas, após ouvir a reação de Camilo ao lembrar-se de seucasamento, Ana assustou-se: e se ele se prendesse a essefato e, por ódio, não quisesse vê-la?

Os instrutores acalmando-a, disseram:— Primeiramente, dizia Eusébio, você ficará incógnita e,

com vagar, continuou Ambrósio, ele ira se recompor pelosbenefícios dos fluidos magnetizadores.

Refeita, Ana e os instrutores voltaram para a Sala deReflexão, onde estava Camilo.

Camilo já estava contido. Eusébio falou rapidamente comos técnicos e estes aprovaram a continuação daretrospecção terapêutica, sem necessidade da hipnose. Anaficou afastada, numa posição que Camilo não pudesse vê-la.À aproximação de Eusébio, Camilo falou brandamente:

— Já conheço seus passos doutor, não preciso nem ouvirsua voz. O senhor sabe que os cegos enxergam mais com

alma, não é?— Ora, ora... Que bom vê-lo forte e, para começar, não sou

médico, sou apenas um amigo e até certo ponto, umenfermeiro que ajuda aos médicos deste hospital. Eu nãosabia que você não enxerga! — Como? Repete Camilo...Então o senhor não percebeu que sou cego?

— Meu filho, preste atenção... Você não está cego...Agoraa sua condição é outra... Você lembra que já conversamossobre a sua recuperação? Firme seu pensamento em Deus ereaja a esse pensamento de cegueira... Olhe ao seu redor ediga-me o que vê.

Camilo assusta-se... E, numa alegria incontida, fala:— Sim... Claro que vejo... E ouço... Meu Deus, eu estou

vivo... Vivo... Lembram-me que já conversamos muito...— Então, Camilo, Deus renova-nos os sentimentos e,

acima de tudo, meu filho, a morte não existe... Que bom quevocê começou a rever que seu espírito é eterno.

Camilo estendeu as mãos para Eusébio e, olhandofixamente paraAmbrósio, pergunta:

— Creio que esse seu amigotambém veio ajudar-me a sair doestado crítico em que meencontro?

— Estou feliz por visitá-lo e nãoestou vendo nenhum estadocrítico. Estamos aqui para darcontinuidade ao seu tratamento.Queremos vê-lo fora desse leitoe m b r e v e . P a r a i s s o ,necessitamos que você colaboreconosco.

R a p i d a m e n t e , C a m i l oresponde:

— É o que mais quero. Precisoe n t e n d e r t o d o s o sa c o n t e c i m e n t o s t r á g i c o socasionados, não por esse Deusa que vocês se referem ou porm i n h a s p r e t e n s õ e sequivocadas...

Ambrós io , aca tando ospensamentos de Eusébio,continuou...

— Por que Camilo você fala“esse Deus”? Você não acreditaque somos filhos do Criador?Você acaba de ter a maior provada existência de Deus, ao

constatar que a vida continua.Quanto às tragédias de sua vida, não são as escolhas que

fazemos, de acordo com os nossos gostos? Somos livres,Camilo, Deus nos dá acesso ao que quisermos fazer, porémteremos que arcar com as consequências das plantaçõesque fizermos. Portanto se houve tragédias ao longo de suaestada na Terra, elas foram buscadas por você. Mas para quevocê possa entender melhor, sigamos as instruções deEusébio, que continuará a ajudá-lo nas preciosas reflexões,nas quais, diga-se de passagem, você está indo muito bem,pois já entendeu que a morte não existe.

Eusébio nota que os médicos espirituais, após secertificarem da boa comunicação de Camilo sem apresentaralterações, liberam-no dos aparelhos, onde cada um tinhafunção diferente, agindo nas zonas perispirituais.

O instrutor, como sempre sereno, continua o tratamentodo refazimento espiritual de Camilo. Aproximando-se do

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 5

Ana Plácido, Camilo e um dos filhos do casal

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leito, pede a ele que tente sentar-se, amparado pelosenfermeiros que ali se encontram. A expressão de Camilo éde alegria e, sorrindo, exclama:

— Quanto tempo estou nesse leito e agora posso sentar-me!... Não precisam se preocupar, estou bem... E o senhortem razão, eu posso enxergar, posso sentar e até andar...

Mas ele, sentindo leve atordoamento, ouviu Eusébiodizendo:

— Calma... Tudo a seu tempo.Os enfermeiros recostaram o paciente entre alguns

almofadões. Logo após, Eusébio o convida ao retorno dasrecordações. Fez um leve resumo e pergunta-lhe:

— Você consegue lembrar-se dos acontecimentos depoisqueAna Plácido desapareceu? Você soube o que houve comela?

— Sim, responde Camilo tranquilo... Ana havia-secasado... Claro que isso me abalou profundamente. ProcureiDeus... Ele me parecia a única esperança... Se dei aossenhores a impressão de desacreditar de Sua existência,talvez fosse pelo meu próprio afastamento de uma féreligiosa. Meu pai criou-me praticamente sozinho. Quandopassei a morar com minha irmã, embora criança ainda, tinhaminhas próprias ideias. Meu ideal era escrever e extravasarmeus sentimentos em poesias e crônicas. Mas a revolta foiuma constante em minha vida, tanto que ao invés de mevoltar a Deus, eu preferia o suicídio. E, mesmo após terreencontrado Ana, trazendo-me de retorno a alegria donosso amor. Ana foi apontada como adúltera. Resolvemosfugir. Mas não ficamos livres das perseguições de todos oslados, pelo povo, em nome da moral, e pela polícia, acionadapelo senhor Manuel Pinheiro Alves, pelo ato de adultério.Ambrósio procurava dar ânimo aAna que, num canto da sala,se preparava para reencontrar seu grande amor. Mas erapreciso esperar o momento certo. Eusébio é que daria o sinalde que hora ela deveria se fazer presente, para os braços deCamilo. Eusébio não perdia a oportunidade de examinar asatitudes de Camilo. Sentia-se feliz. Para ele as reflexões doescritor, que agora eram só descritas sem a ajuda do projetormagnético, eram o ponto-chave de que seu estado espiritualestava próximo do reequilíbrio, portanto sem o perigo dosataques das sombras.

O instrutor Eusébio após a breve pausa onde os técnicos eenfermeiros verificaram a boa condição do paciente, fez o

retorno da conversação:— Então você e Ana foram

capturados?

Não... Ana ficou recolhida em casa de um amigo. Ela estavagrávida e havia o perigo de aborto pelas atribulaçõesemocionais.

Recebi ordem de prisão e fui levado a julgamento pelotribunal do júri. Como Ana estava sob condenação, masdevido à gravidez, o senhor Manuel Pinheiro Alves, o ex-marido, acreditando ser seu o filho que Ana esperava,conseguiu que ela ficasse em casa de amigos sob vigilânciapolicial.

Eusébio interpelou rapidamente:— O filho era realmente do senhor Manuel, ou você

concordou, pela situação se tornar conveniente para ambos?Isto é, para você eAna...

— Até hoje, não sei... Ana apresentou sinais da gravidez,logo após nos unirmos... Mas eu nunca me importei com essefato.

Eu também já tinha dois filhos, frutos das minhas relaçõesamorosas.Ana os aceitou e o filho deAna, para o meu estadotão complicado, seria talvez um laço do nosso amor, não meimportaria de onde ele se originava.

Eusébio e Ambrósio cruzaram seus olhares e Anamantinha-se quieta, sabia que não deveria falar. Mas seuspensamentos confirmaram a paternidade a seu maridoManuel. Quando ela resolvera fugir com Camilo, oreencarnante já tinha vida em suas entranhas.

Se Manuel soubesse da vinda desse filho, talvez ele não apoupasse como o fez. A dúvida permaneceu até aqueleinstante.

Ambrósio e Eusébio captaram os pensamentos de Ana,apenas cuidaram para que Camilo de nada percebesse.Envolveram Ana com carinho. De imediato, Eusébio retornaa Camilo indagando:

— Tendo dois filhos, você nunca os mencionou em suaslembranças... Por que só agora? Onde esses filhos foramcriados, você sabe do paradeiro deles?

— Nunca os mencionei pelas minhas irresponsabilidades.Quando apareceram em minha vida, arrumei-lhes umapreceptora. Dei a ela, uma senhora portuguesa de bonsprincípios, todos os poderes de uma boa mãe. Eu pouco osvia. Meus compromissos e a vida de boemia não mepermitiram ser pai. Unindo-me a Ana, tornou-se-lhes averdadeira amiga e mãe dedicada.

— Voltemos primeiramente à sua prisão. Depois,voltaremos aos filhos, disse Eusébio e continuou:

— Como você sentiu-se preso e com tantos problemas emsua mente?

— Foi terrível, contava Camilo com muita tristeza... Oescândalo abalou a cidade do Porto. Todos os periódicos,quase todos os dias, estavam em frente da “Cadeia de

Relação do Porto”, onde eu estava detido. O delegado,como era de saber, para ver seu nome nas

manchetes, fazia questão de se deixar fotografarcomo herói e defensor da moral e dos bons

costumes. Por minha vez, aproveitava parafazer propaganda do livro que passara aescrever na prisão, “Memórias doCárcere”. Local onde cheguei a conhecer eviver, na mesma cela, com o mais famosocriminoso português, alcunhado de “Zé doTelhado”.

Ao término desse relato, Camilo,olhando fixamente para os dois instrutores,adita:

— Embora todo o tempo que eu julgueiterem sido os piores de minha existência,

Centro Português de Fotografia, antiga Cadeia da Relação do Porto

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Amor de PerdiçãoEditora FTD

Mémórias do CárcereEd. Associados

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 7

nunca poderia imaginar que, devido à loucurade ter-me suicidado com um tiro na cabeça,me fosse dado o mais terrível pesadelo quevivi, entre demônios mais criminosos que oZé do Telhado.

Ambrósio, que até aquele momento nãointerferira nas narrações, mesmo porque asorientações cabiam a Eusébio, recebendodele o consentimento, fala amorosamente aCamilo:

— Escutando seus relatos, meu filho, eugostaria de escrever um ponto em sua vida,no qual você nunca imaginou existir, talvezpor falta de orientação de seus aguçadosconhecimentos, por pessoas que lhedissessem sobre os talentos que você trouxeem seu espírito. Você, além da suainteligência, é ou foi um médium empotencial.

A facilidade em receber sua poesias, seuslivros e crônicas foi produzida por irmãos nossos que seencontram na Espiritualidade, ajudados por você. Trouxeramsuas ideias à luz, assim como as mães trazem os filhos à vidafísica. Creio que, ao escrever na prisão “Memórias doCárcere”, através da sofrida experiência por que passou,outros que ali estiveram o ajudaram nacomposição escrita.

Camilo ouvia atento... Num dado momento,ele se pronunciou.

— Com essa sua explicação, chego aentender agora o que se passou comigo,quando, lá na prisão, ao ter escrito “Memóriado Cárcere”, me veio uma vontade imensa deescrever um romance sobre a vida sofrida, demeu tio, SimãoAntonio Botelho, irmão de meupai. Parecia-me ser empurrado a procurarlápis e papel, no qual, sem que eupercebesse, via as palavras serem colocadassem que eu fizesse o menor esforço. Sentiaminha mão ser conduzida, correr o lápis sobreo papel. Quando fui prestar atenção noconteúdo, o livro estava pronto e alguém dizia,falta apenas o titulo. E, relendo as páginas,que tenho a certeza, agora, de terem sidoescritas pelo meu tio Simão Antonio Botelho,dei-lhe o titulo de “Amor de Perdição”.

— Então você entendeu, que Deus deu a você aoportunidade de ser útil na reencarnação, trazendo lições devida daquelas que, como todos nós, vivenciamos para errar eacertar, até que tenhamos vencido os vícios que retardamnosso progresso espiritual?

Eusébio esperava ansioso a resposta de Camilo, que nãose fez esperar...

— Creio que entendi... Porém a culpa me parece maispesada. E agora, além dos prejuízos causados a outros,minha consciência é mais severa: ela me acusa de criminosoante a minha ingratidão para com Deus.

— O importante, meu filho, prosseguia Ambrósio, é vocêter reconhecido os erros cometidos. Nosso Mestre dizia atodos que o procuravam para serem sanados dos seusmales: “Vá e não peques mais...” Nessa frase Jesus nosensina o perdão para nossa própria moral fracassada. Àmedida que se reconhece os erros cometidos, o avanço navida espiritual vai nos esclarecendo e, pouco a pouco, vamossubstituindo as imperfeições, através da reencarnação, essa

escola bendita, na qual o uso do bem ou do malserá sempre pela livre escolha.

Ambrósio e Eusébio colhiam a satisfação porsentir Camilo absorver as palavras de incentivopara a sua redenção. Compreendendo que omomento era satisfatório, o instrutor Eusébio,adiantando-se, falou sereno:

— Camilo, após você ter até aproveitado a suaprisão para dar ênfase à sua crescentemediunidade, diga-me: você ficou muito tempoencarcerado? E seu romance comAna?

— Creio que me sinto encarcerado até agora.Entendendo o mal praticado a mim mesmo, nãome sinto liberto, porém estou aprendendo o quenunca procurei de fato aprender: o caminho dapaz, o caminho da luz. A luz que ilumina, mesmosem enxergar.

Quando saí da prisão, Ana já estava com obebê em seus braços. De imediato, unidosnovamente e livres, fomos morar em São Miguel

de Seide, onde nos foi cedida uma propriedade, quepertencia por herança a Ana, juntamente com seu ex-companheiro o senhor Manuel Pinheiro Alves, que haviafalecido.

Antes que Eusébio interferisse nos relatos, Camilo seadiantou:

— Deixe-me voltar um pouco, antes demencionar a morte de Manuel. Como já contei, aoficarmos livres, eu e Ana nos mudamos para SãoMiguel de Seide, com toda a família.Ana, desde oinício do nosso relacionamento, quis meus filhosao seu lado sem nunca questionar “quem eramas mães”. Por isso, nunca me passou a ideia detambém exigir a paternidade do caçula.Estávamos felizes. Tempos difíceis, obrigadopelas circunstâncias a escrever muito, paramanter a família, tendo meu nome ressaltadopelos romances, novelas, crônicas, que caíramno gosto do povo lusitano e havendo produzidomais de duzentas obras, foi-me concedido o títulode Visconde de Correia Botelho. Como a mortede Manuel Pinheiro Alves fora confirmada, acheipor bem unir-me aAna.

Casamo-nos no dia 9 de março de 1888.Oficialmente casado, as editoras passaram a me

fazer propostas, e a situação financeira melhoravagradativamente. Lembro-me de que Amor de Perdição foibem aceito, e aí os romances se seguiram como: Amor deSalvação; Coração, Cabeça e Estômago;AQueda dumAnjo,enfim, foram muitos e bem sucedidos. As poesias tambémeram requisitadas, mas a minha tendência na literaturapendia para o realismo. Havia algo em meu interior que exigianos meus textos o raciocínio para desmembrar as tragédias.Aliás, como sempre, sentia minha vida. Só agora é quecomeço a entender o que é a realidade, mas essa, a de cadaum vivenciá-la espiritualmente.

Eusébio sentia-se cada vez mais feliz com as descobertasfeitas por Camilo, numa sensação tão natural, que eraevidente para todos, que ali se encontravam, o despertarespiritual desse ser que, por várias reencarnações, custou acompreender as oportunidades enviadas por Deus, pelostalentos que ele teria que fazer aparecer, para o seucrescimento espiritual.

O instrutor Ambrósio, que a tudo acompanhavaatentamente, pede a Eusébio uma interferência na narrativa

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d e C a m i l o , p a r a u macontecimento que ele julgavaimportante saber. Diante daaceitação de Eusébio, Ambrósioindaga:

— C a m i l o , v o c ê f a l o urapidamente do desencarne domarido deAna, o que possibilitou aunião legal de vocês. Mas, paravocê, houve algum processo deculpa ou algo parecido? Cremosque, neste relato, a avaliação deseu estado espiritual nos dará oesclarecimento de muitos fatosocorridos em sua vida física.

Eusébio achou oportuna essapergunta e incentiva o escritor adar maiores detalhes, nesseparticular.

— Eu havia dito, a princípio, queretornaria a esse episódio que,m e n c i o n a d o p e l o s e n h o rAmbrósio, me faz recordarestranhos pensamentos que sepassavam em minha mente. Apósa morte de Manuel, que me forarevelada no decorrer de diast e r r í v e i s , c o m m o m e n t o sangustiosos para mim, porquen o s s o s f i l h o s e s t a v a mapresentando quadros diferentesre lac ionados à saúde, eutrabalhava praticamente dia enoite para dar o melhor à minhafamília. Mas o filhinho de Anaa p r e s e n t o u u m p r o c e s s oinfeccioso, que estava difícil paraos médicos diagnosticarem. Eledefinhava, dia a dia. Os gastoscom remédios e internações eramenormes. Meu segundo filho,Jorge, começou a apresentar umcomportamento estranho, comfatos de agressões repentinas aeuforias sem limites. Precisou depsiquiatras, que diziam ser umquadro de esquizofrenia crônica.E o meu primogênito, Nuno, ques e m p r e s e m o s t r a v airresponsável, não querendoestudar e profundamente boêmio,era trazido muitas vezes paracasa, com policiais que oprendiam por brigas com outros bêbados.

Numa noite, enquanto Ana procurava acalmar opequenino que chorava muito, eu me recolhi ao escritóriopara conseguir produzir alguma obra que desse bonsresultados financeiros, porque as dívidas aumentavam dia adia. Recostei-me numa poltrona e deixei meus pensamentosextravasarem-se em revoltas. Tentei pensar em Deus, masos pesadelos retornavam. Repentinamente, ouvi um barulho,como se alguém abrisse a porta e entrasse. Virei-me,pensando ser Ana, mas vi apenas um vulto; algo esquisitotocou-me, não conseguia definir, apenas tive terrívelsensação. Minha garganta estava me asfixiando, alguém

queria me estrangular. Não conseguia emitir um gemido,minha cabeça parecia doer como se tivesse levado umapancada, meu coração dava sinais de querer parar suasbatidas. Tinha a impressão de que mãos brutais,desencarnadas, queriam minha morte. Debatia-me muitonuma luta que parecia não ter fim, até que consegui libertar-me daquela coisa apavorante, disforme que, ao soltar-medeu um grito horrível, que foi sumindo, perdendo-se noesforço como um gemido. Passados alguns instantes,levantei-me e pude sentir-me livre daquele pesadelointerminável.

Nada disso contei a Ana. Ela já estava muito abatida com

A Quinta de São Miguel de Seide, também chamada a Casa de Camilo, foi construída porManuel PinheiroAlves, em 1830, quando regressou do Brasil, na posse de grande fortuna.

No Porto, onde mantinha os seus negócios, casou, em 1850, com Ana Plácido. Ao fim de oitoanos de vida conjugal, nasceu Manuel Plácido.

Manuel Pinheiro Alves desencadeou um processo judicial, por crime de adultério, contraCamilo eAna, que foram julgados e absolvidos.

Em junho de 1863, Manuel Pinheiro Alves morreu e, no inverno desse ano, Camilo se instaloucom a família na Quinta de São Miguel de Seide, propriedade que coube, por herança, a ManuelPlácido.

Neste local Camilo viveu, escreveu grande parte das suas obras e se suicidou em 1º de junhode 1890.

Em 1915, um violento incêndio devastou a moradia.Dois anos depois, formou-se uma Comissão de Homenagem ao Escritor, com objetivo de

reconstruir a propriedade. Na reconstrução, certas características estruturais foram alteradaspara atender a duas instituições ali fundadas: a Escola Primária e o Museu Camiliano.

No final da década de 40, durante obras de manutenção, parte da casa ruiu. O acidente permitiuque se retirasse a escola do edifício para a moradia ser reconstituída com as mesmascaracterísticas da que fora habitada por Camilo e sua família, recriando ainda, com grandefidelidade, o ambiente do século XIX.

Em 1958, a Casa-Museu de Camilo foi inaugurada.Vinte anos depois, o museu recebeu novos melhoramentos, instalou-se a luz elétrica e foi

criada uma sala de exposições de variados objetos ligados a Camilo.Em 1995 e 2005, a casa sofreu inúmeras intervenções, tanto na conservação do edifício e do

acervo exposto, mas também com o propósito de proporcionar ao público uma visita maisexpositiva e coerente com os objetivos do museu.

Considerada a maior memória viva de Camilo, a Casa de Camilo ganhou um significadohistórico de fundamental importância para o conhecimento profundo da vida e da obra doescritor, constituindo, em cada visita, um convite à leitura das obras de Camilo e uma aposta deesperança na perenidade da cultura e da língua portuguesa.

Fonte: http://camilocastelobranco.org

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os resultadosdos examesdo pequenino.

Passadosalguns diasdesse terrívelp e s a d e l o ,estava eu afolhear o jornal“Braz Tisana”,d o P o r t o ,q u a n d odepare i -mecom a seguintenotícia:

Eusébio e Ambrósio imediatamente entenderam o quehavia acontecido, mas esperavam pela reação de Camilo, eisso não se fez esperar. Após alguns segundos, Camiloprosseguiu:

— Hoje, depois desta minha recuperação aqui, sabedor deque a vida prossegue no Além, compreendo a atitudetresloucada de Manuel. A figura estranha era ele que tentavamatar-me. O ciúme e o ódio misturados encontraram guaridaem meu íntimo. Ficamos unidos pelo mesmo instinto do mal.Se na época Manuel quis enlouquecer-me, ele conseguiu.Os momentos terríveis vieram justamente após a morte dele,quando eu eAna achávamos que podíamos ter paz e sermosfelizes. Mas a minha saúde também começara a ser afetada,quase não conseguia escrever porque a minha visão, a cadadia, enfraquecia, meu estado geral era péssimo. Nossosfilhos em piores condições e Ana, embora querendoesconder seu sofrimento, não o podia; era nítido o seuabatimento.

Minhas noites passaram a ser só de pesadelos. Manuel,agora o sei, era o mais ferrenho inimigo, que me torturavasem dó.

À pedido de Ana, procurei um oftalmologista. Passei pormuitos exames e foi confirmada a presença da sífilis, razãoda cegueira incurável. E, para completar o quadro deangústia, poucos dias depois, nosso pequenino, o filhinho deAna vem a falecer.

Nos mesmos dias se confirmara a loucura de Jorge, queprecisou de uma internação psiquiátrica, e a notícia policialde que Nuno fora preso por suspeita de roubo. Ana jogou-senos meus braços.Ambos parecíamos espectros sinistros dasdesventuras.

Os dias se seguiram tristes. A minha cegueira quase totaldificultava-me escrever. Em meio a todos esses fatos járelatados, esqueci-me de contar que meu filhoNuno, em um de seus relacionamentos, tiverauma filhinha. O pouco tempo que pudemosconhecê-la, encheu-nos de alegria. Com aprisão de Nuno e a morte do nosso pequenino,a menina veio para o nosso convívio, trazidapela própria avó, dizendo que a filha sumira háalguns meses e que com a prisão de Nuno, elanão tinha condições de criá-la. Mesmo com asprecárias condições pelas quais passávamos,Ana insistiu para que cuidássemos da pequenanetinha. O tempo desse doce convívio, nostrouxe um grande alento. Podia vê-la muito

embaçadamente, mas tínha profunda afeição por ela. Mas anossa prova haveria de continuar e a nossa netinha, certamanhã, estava febril. Ana lançou mão de todos os recursosque podia. Passava noites com a menina no hospital, mas odiagnóstico foi arrasador. Embora todas as medicaçõesusadas, não fizeram desaparecer a fraqueza dos pulmões damenina. Mais uma vez a morte que, agora, arranca a netinha,com poucos anos de vida, dos nossos braços. Essa foi a gotad'água, para o nosso desespero. Ana já não conseguialevantar-se, estava em profunda depressão. Dediquei osversos mais sentidos do meu ser à neta querida, quando a vino leito de morte.

E Camilo, soluçante, lembra da declaração de amor para opequeno ser que acabava de partir:

Parecia dormir: tinha morrido.Pedi que não a levassem no caixão;Que a deixassem mirrar e desfazer-se,Como a flor se desfaz na podridão.

Terminaram em levar-ma, e eu cingiaAo peito que se abriu pela pressão.Depois pude escondê-la, e tenho-a mortaNo meu desesperado coração.

Eusébio eAmbrósio emocionaram-se, eAna tinha os olhosmarejados pelas tristes recordações.

Antes que Camilo continuasse, o instrutor Eusébio, com avoz embargada, mencionou a palavra saudade.

— Seu coração está repleto de saudades dessascriaturinhas, que você tanto amou. Mas você poderá revê-lasatravés do aparelho retrofluídico, que nada mais é que umatela, onde seus pensamentos refletem as imagens e oslugares recordados. Você só não prestou atenção porque asimagens estão em sua mente.

Camilo sorriu e argumentou:— Quando poderei revê-las e, se assim for, como poderei

saber de Ana ou vê-la? — exclamava com muita ansiedade,mas Eusébio intercedeu:

— Calma, vamos chegar até o final de sua história. Depoispediremos a Jesus nos auxiliar para sabermoso que será melhor para você.

Camilo, mais sereno, reinicia:— Os dias que se seguiram foram muito

tristes. Havia só desolação em nossa casa.Nossos sonhos desmoronaram. Os credoresbatiam continuamente à porta, exigindo opagamento das dívidas.

Amanhecera o dia 1º de junho de 1890; essadata surgiu-me agora. Será que Deus aindainsiste em me castigar?... eu queria tantoesquecer essa data... ai... ai... dói-menovamente a cabeça... esse estampido... ai... é

“Falecimento.Faleceu anteontem, no hotel de Vila Nova de Fama-licão, aonde

viera a negó-cios, o senhor Manuel Pinheiro Alves, comerciante.Deixou viúva a senhoraAna Plácido.”

Manuel Plácido Jorge Camilo Castelo Branco Nuno Plácido Castelo BrancoAna Plácido

Bernardina Amélia CasteloBranco de Carvalho, filha deCamilo com Patrícia EmíliaÓrgão divulgador do Núcleo de Estudos

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Amor de SalvaçãoEditora Martin Claret

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como se minha cabeça estivesse sendopartida em mil pedaços... por Deus... porDeus... me ajudem.

Técnicos, médicos e os instrutoresprocuravam apaziguar o espírito de Camilo,que entrava em convulsões. Ana tambémaproximou-se rapidamente de seu amado.

Eusébio eAmbrósio acharam queAna seriamais uma vez o principal remédio para trazerCamilo à tranquilidade. Colocoram as mãosde Ana sobre a cabeça de Camilo e pediram-lhe que falasse o que seu coração ditasse,pois seus fluidos de amor ajudariam ostécnicos a manipularem o remédio conciliadorpara seu cérebro ferido. Ana abaixou-se e aoouvido de Camilo, com brandura, seexpressou:

— Calma, meu amor, procure sentir asmãos dos auxiliares de Jesus, a lhetransmitirem o reequilíbrio de suas energias. Estou ao seulado, a suaAna.

Acompanhando os gestos dos instrutores, Ana seguia asorientações. De repente, Camilo começa a abrir os olhos e adizer palavras entrecortadas, mas sem as agitaçõesneurológicas. Ana quer continuar, porém, Eusébio lhe dá osinal de espera.

Camilo, procurando um ponto de fixação, e virando o rostode um lado para outro, fala nitidamente:

— Não enxergo... nada... nada... estou cego... Anaassustada e sem compreender, vê o sorriso calmo deAmbrósio que esclarece baixinho:

— Não se preocupe, ele ainda nos momentos de reflexãose prende à matéria. Ele já apresentou esse quadro, masquando conseguir o reequilíbrio espiritual, voltará a ver-nosnormalmente.

E chamando a atenção deAna, comenta:— Continuemos o processo de retorná-lo à realidade.

Falta pouco para diagnosticarmos se o tratamento magnéticodeu o resultado que esperamos, não é Eusébio?

— Sim — responde Eusébio que trabalhava fluidicamentena região cerebral de Camilo, procurando restaurar osneurônios de comunicação com a visão e a ligação da áreacerebral com a audição, onde se localizaram os estragoscausados pelo tiro, afetando a parte do córtex cerebral, noperispírito.

Ana a tudo acompanhava, meio sem entender todo aqueleprocedimento, entre médicos e técnicos, mas, sem conseguiraguardar o pronunciamento dos instrutores, pergunta-lhes,ansiosa:

— Se todo esse tratamento não der certo e Camilocontinuar sob as energias negativas, ele voltará aperambular pelas regiões inferiores, de onde foi buscado?

Eusébio, dando por terminado seu trabalho, deixando ofinal para técnicos da sonoterapia, esclarece, ponderando:

— Minha filha, estejamos com nossas mentes voltadas àprece. Tudo dependerá da vontade de Camilo em saber lidarcom seu cérebro espiritual. Acredito que, por algum tempo,sua mente ainda terá dificuldades do autodomínio de suasenergias. Fará confusões entre reter ou não a visão, se está

vivo ou não; enfim, tenhamos calma para que elepossa absorver esse núcleo de forçasrevigoradas que preparamos, aqui, a todos osespíritos doentes ou enlouquecidos. O que todosprecisam é do remédio mais precioso, que é oamor; exatamente o que você fez é que nospossibilitou tirá-lo das zonas umbralinas.

Ana estava orando, quando Camilo começouum novo despertar. Mostrando-se meiosonolento e passando as mãos sobre os olhos,vendo-se a receber medicações, com váriosaparelhos que percebeu estarem sobre suacabeça, notou a presença de Eusébio. Todosaguardavam a sua reação.

Camilo finalmente brada, alegre:— Meu Deus, eu voltei à vida... estou vivo e

estou enxergando. Agora, eu acredito que vouficar bem...

Eusébio, segurando-lhe as mãos, pediu calmae disse:

— Graças a Deus, meu filho, a palavra mais linda que vocêexternou foi essa: “meu Deus”, e você tem razão. Elecontinua a lhe dar a vida. Ele acredita que você agoraconseguirá romper todos os elos que os desviaram dastarefas importantes, que terá de retomar assim que o PaiMisericordioso permitir. Mas você terá que responder a umapergunta, que nos fará prosseguir e lhe dar o rumo desejado.

— E qual é a questão? Por favor, preciso buscar meuserros para poder saná-los.

Eusébio puxando Ana pela mão, que ficara encostadaatrás da cabeceira do leito em que se encontrava Camilo,coloca-a próxima a ele e renova a pergunta:

— Você reconhece essa mulher, meu filho?Grossas lágrimas começaram a rolar pelo rosto de Camilo,

e timidamente falou:— Ana Plácido... Ana... a única mulher a quem

verdadeiramente amei e que pensei tê-la matado também,pelas minhas alucinações.

Ambos abraçam-se e a comoção foi geral. Os médicos etécnicos em fluidos acharam por bem, e com oconsentimento dos instrutores, libertarem Camilo dosaparelhos. Ele estava respondendo normalmente àsreações, e seu espírito demonstrava franca recuperação.

Após esses momentos, a serenidade se restabelece.Camilo livre e ainda abraçado a Ana, que passando a mãosobre os cabelos grisalhos de seu amado, conta-lhe os fatos,após o trágico acontecimento.

— Não, meu querido, você não tirou a minha vida da formaradical. Os fatos que se sucederam é que me fizeramadoecer. Fiquei ainda na Terra, sozinha, amargando osofrimento, por cinco longos anos. Como de certa forma,deixei de lutar pela sobrevivência material, acabei pordesencarnar por inanição e profundamente revoltada. Semsaber, acabamos no mesmo vale sinistro do mundoespiritual, nas profundezas umbralinas, aonde fomosbuscados pelos agentes do amor, por Jesus. Recolhidanessa casa de amor e aprendendo a examinar, a cada dia, osproblemas que criamos na reencarnação, revi que nãosoubemos construir nossas vidas. Fomos levados pelosímpetos da juventude, e pouco valor demos ao Ser Superiorque nos criou, Deus.

Você, Camilo, entediado com a vida, fechou-se no seuegoísmo e entregou-se aos prazeres condenáveis,deixando-se levar pela boemia, não valorizando seustalentos. Tivemos o que merecemos, infringindo as leis de

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Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

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e pode ser feita em nome do

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A Queda Dum AnjoEditora Ática

Coração, Cabeça eEstomago, Editora DCL

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Deus. Fizemos mau uso do livre-arbítrio. Seide tudo isso porque, como você Camilo,passei pela retrospecção, e pude ver tambémcomo seria harmonioso o trio que formamosn a ú l t i m a r e e n c a r n a ç ã o , s e e u ,principalmente, não tivesse me comprometidocom Manuel, do modo como fiz. Na verdade,ele seria nosso amigo, nosso ponto de apoio.Sendo bem sucedido como comerciante, etendo livre acesso nos meios de negociações,ele seria seu editor e até mesmo crítico desuas obras, como bom religioso, que sempresoube respeitar Deus.

Ambrósio e Eusébio, acompanhando aeloquência dos pensamentos de Ana,procuravam inspirá-la para que o raciocínio deCamilo fosse mais atuante, fortalecendo-opara os acontecimentos efetuados.

Camilo parecia divagar. As palavras de Ana eaquelas descrições do que poderia ter sido e não foi, o deixaramatônito. Refletindo, dirigiu-se a Eusébio indagando-lhe:

— Por que não recebi nenhuma ajuda doAlto? Por que tiveque amargar tantos dissabores desde pequenino? Por queAna, que me parece entender mais sobre os ensinoscristãos, não teve algum aviso para que agisse da maneiracomo ela falou agora há pouco?

Todos se entreolharam, porém, como Camilo dirigiu asperguntas a Eusébio, este lhe respondeu:

— Calma Camilo. Todas essas indagações já foramrespondidas pelas palavras de Ana. Vocês tinham contaspassadas para se acertarem. Mas os acontecimentosdependem da liberdade que Deus oferece a todos, para quefaçamos da vida as escolhas que achamos melhor para viver.A sua infância não foi tão sofrida como você descreve. Seassim você acha, é porque, em suas reflexões, não se ateveem perceber que você desprezou o lar, e pouco amor tevepara com seus pais, em outras reencarnações. Na verdade,você se repetiu em erros seguidos,principalmente no suicídio.

Os filhos Jorge e Nuno, fizeram parte deseu passado. Você não soube, tanto quantonessa última reencarnação, reeducá-los.Sempre ausente como pai. Mesmo com ointeresse de Ana em unir a família, aindaassim, você não entendeu o chamado deDeus, para os resgates iminentes. Oimportante agora, Camilo, é o reerguimentode suas energias e o agradecimento a Deus,pelo seu despertar. Temos certeza de que empróxima reencarnação, por toda assistênciaque você está recebendo, o seu arquivoperispiritual estará em melhores condições,embora sofrendo as consequências de seuúltimo ato. Só Deus poderá dispor dassequelas que poderão afetar o cérebro físico.

Camilo, atento, e com sentidas lágrimas acorrer de seus olhos, olhando para Ana, quetambém estava emocionada, diz-lhe:

— Começo a compreender, Ana, o nosso encontro. Nãopreciso da resposta de Eusébio sobre o seu comportamento.Foram as minhas atitudes errôneas que a envolveram aomitir seu casamento com Manuel. Espero que realmente euconsiga me libertar do orgulho e do egoísmo, para saldar asminhas dividas com Deus e todos esses a quem prejudiquei.

Ana, aprox imando-se, toma- lhe as mãos e

carinhosamente declara:— Se Deus permitir, estaremos juntos. Quero

pertencer-lhe e ajudá-lo a percorrer o caminho daredenção. Pediremos que nos seja possívelreceber todos os desencarnados que jáconviveram conosco...

Ana ia dar continuidade, quando Camiloolhando paraAmbrósio, pergunta-lhe:

— O senhor esteve presente na pior noite deminha vida terrena. Lembro-me de que, quasecego, conseguia divisar muito precariamente asfeições humanas, estando eu sob forte distúrbionervoso pela morte de minha netinha, entre osmeus gritos interiores, fui surpreendido pelo seuvulto, que agora reconheço, a dizer-me:

— Cuidado, Camilo, não faça realidade de seumórbido pensamento. A pequenina veio porpouco tempo, para que você pudesse amá-la.Deus permitiu seu breve retorno à matéria

porque ela não tivera tempo de acariciá-lo, como mãe. Suamãezinha sentia-se culpada espiritualmente, por deixá-losem o amparo materno. Mas ela não resistira às pressõesfamiliares, desenvolvendo sérios problemas cardíacos.

Camilo esforçava-se com essas lembranças e queriasaber se fora pesadelo ou se ele, Ambrósio, estivera em seuquarto quando do triste fato ocorrido. Ambrósio confirmou eesclareceu:

— Meu filho, Ana, assim como você, estavaprofundamente machucada. Vendo-o desesperado, elaquedou-se em preces. Ana tinha seu modo de falar comJesus e, como seu coração já estava despedaçado pelodesencarne de seu filhinho, ela rogou a Jesus que oajudasse, porque ela própria não saberia como fazê-lo, temiasucumbir junto consigo. Esses rogos tão alucinanteschegaram à caravana de socorro e os instrutores dessa casafraterna incumbiram-nos de ir em seu auxilio. Você realmenteidentificou nossa presença, em meio ao seu desequilíbrio,

unido à presença de Manuel que o assediava,desejoso de vingança. A única coisa quepudemos fazer naqueles instantes foi recolher oespírito de sua netinha ou de sua mãe, para queela não sentisse os fluidos doentes que seespalhavam pelo quarto.

Ana e Camilo abraçam-se. Camilo, maiscalmo, pondera:

— Meu Deus, eu sempre fui cego pelaambição, vaidade, crendo-me a única criaturamais importante na Terra, a quem Deus deviafavores. Que vergonha em ver-me, pois o maispobre, radicalmente falando, é o mais sábiodefensor da vida! E esse espírito generoso que foiminha mãe, retornando como o ser mais amadoque tocou todas as fibras do meu coração, ondeestá? Poderei vê-la?

— Por ora, não, sentenciou Ambrósio. Otrabalho honroso que ela desenvolve, entre osobsessores, toma-lhe muito tempo. Mas suamãezinha sabe que você em breve retornará à

Terra, e estará sob proteção divina. Confiemos em Deus.Eusébio, sorrindo, diz a todos:— Sim, confiemos em Deus, porque nosso Camilo seguirá

agora para a “Câmara de Recolhimento”. Lá, receberáinstruções para a sua reencarnação.

Ana, entusiasmada, indaga pelo seu regressoreencarnatório.

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Memórias de Um SuicidaEditora FEB

Grandes Vultos daHumanidade e o Espiritismo

Editora FEB

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Eusébio esclarece-lhe:— Não Ana, a Espiritualidade Superior da Colônia

Fraterna achou por bem você acompanhar todo o processogestacional de Camilo. Com seu amor, você o ajudará avencer o temor de uma reencarnação difícil, pela deficiênciade um cérebro atingido na área da fala e da audição. Camiloserá preparado para tanto, porque o caminho mais difícil elejá venceu, que foi o de saber as consequências de seu ato.Você reencarnará, alguns anos depois, para continuar sendoo apoio e a companheira fiel que o conduzirá a interpretarJesus, através de suas obras.

Camilo, profundamente emocionado e meio constrangido,inquiriu para saber quem o recolheria no ventre maternal.

Coube aAmbrósio a resposta:— Quem você muito amou em sua adolescência, Maria do

Adro. Ela já esta reencarnada há algum tempo. Desde seudesencarne, seu pensamento sempre foi o de querer ajudá-lo. Sabendo de sua situação, ela pediu breve retorno, no qualfoi atendida para poder superar um corpo que, tratado, dariacondições para o refazimento perispiritual. Voltou novamentepara a Espiritualidade e, já refeita, deu-se à sua tarefa deajudá-lo a também se recompor. Portanto, meu filho, vocêterá toda ajuda para bem aproveitar a sua estada terrena,resgatando com vagar os débitos passados em terraslusitanas.

Depois do tempo necessário, Camilo foi à reunião naCâmara de Oração. Muitos espíritos reunidos para a precede despedida, enfermeiros, médicos, orientadores, amigos eas mães espirituais, ali estavam oferecendo a prece deconforto e ânimo, para que Camilo não se perdesse,novamente, desviando-se do verdadeiro caminho daredenção.

Todos queriam falar, e muito foram os abraços fraternais.Ambrósio pede a Eusébio que interceda junto a Jesus, naspalavras finais, em nome de toda a Colônia Fraterna.Eusébio serenamente ora:

— Filho, rogamos a Jesus, como você já ouviu de todos, a

coragem para vencer a estrada dos pecados, onde, em cadaencosta, você terá a chance de se renovar e refazer a suavida. Você encontrará a dor educadora, que deverá estarpresente no seu choro resignado, porque suas lágrimasserão como gotas da remissão de seus erros. Mesmosentindo seu coração despedaçado pelos infortúnios, pelasadversidades em suas horas de incompreensão dossemelhantes, dos que possam zombar de seu aspecto físico,lembre-se do aprendizado que você arquivou aqui, diante daassistência recebida, pelo socorro divino e não esmoreça.Procure ser humilde e paciente, pois tudo é passageiro navida física, porém siga o preceito de Deus, sem mais infringirSuas Leis, sabendo que você é um espírito eterno e sua vidapertence ao Criador, e que só Ele poderá interrompê-la e nãovocê. Siga em paz, meu filho, pelo caminho da luz, em buscada verdadeira felicidade.

O silêncio era geral, apenas ouvia-se o soluçar de todos osque faziam parte dessa reunião celestial.

Após alguns minutos, quebrando a quietude daquelespreciosos momentos, um cântico suave preencheu o ar comaromas fluídicos, e Ambrósio pediu a todos as vibraçõesfinais, que ele gostaria de deixar como um alerta profundo doAlto. Não seriam suas palavras, mas sim as do codificadorenviado pelo Cristo à Terra,Allan Kardec.

— Farei a leitura da questão 145, contida em “O Livro dosEspíritos”, para que Camilo a guarde no imo do seu espírito,para servir-lhe de incentivo durante as horas amargas. Aquiestá:

Questão 145: “Como se explica que tantos filósofosantigos e modernos, durante tão longo tempo, hajamdiscutido sobre a ciência psicológica e não tenham chegadoao conhecimento da Verdade?”

Resposta: “Esses homens eram os precursores da eternaDoutrina Espírita. Prepararam os caminhos. Eram homens e,como tais, se enganaram, tomando suas próprias ideias pelaluz. No entanto, mesmo os seus erros servem para realçar aVerdade, mostrando o pró e o contra. Ademais, entre esseserros se encontram grandes verdades, que um estudocomparativo as torna compreensíveis.” (Capítulo II - Parte 2ª).

O cântico, elevado pelas vozes espirituais, inspirou atodos os que ali se encontravam e Camilo se retirou do salão,conduzido pelos instrutores.

Com lágrimas sentidas, olhou a cena final desse estágiona Casa Fraterna, onde todas as mãos se erguiam numaceno de bênçãos e louvor a Deus. Ana, entre soluços,também acenava, dizendo:

—Até breve, meu amor.

Eloisa____________________________

Final da segunda e última parte.

Nota da autora: No livro “Memórias de um Suicida” (FEB), de YvonneA. Pereira, esta cita que o livro foi ditado pelo espírito de CamiloCândido Botelho. Outro autor, Sylvio Brito Soares, em seu livro:“Grandes Vultos da Humanidade e o Espiritismo” (FEB), cita o nomede Camilo Castelo Branco. E, consultando os mentores espirituais,estes atestam que ele assinava como: Camilo Botelho CasteloBranco, utilizando o sobrenome do seu pai que assinava: ManuelJoaquim Botelho Castelo Branco.

Biblio

graf

ia ��

Ação e Reação

Grandes Vultos da Humanidade e o Espiritismo

Memórias de Um Suicida

Nosso Lar

- Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito AndréLuiz, Editora FEB, 1ª ed., 1957.

- Silvio BritoSoares, Editora FEB, 2ª ed., 1975.

- Yvonne A. Pereira, pelo EspíritoCamilo Cândido Botelho, Editora FEB, 7ª ed., 2008.

- Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito André Luiz,Editora FEB, 12ª ed., 1971.

Imagens:http://www.camilocastelobranco.org/img.php?co=144

http://files.nireblog.com/blogs1/nortedeportugal/files/ribeira-de-pena-igreja.jpghttp://www.camilocastelobranco.org/img.php?co=143http://cvc.instituto-camoes.pt/literatura/camilo02.jpghttp://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/36/Cadeia_da_Relacao_%28Porto%29.JPG/800px-Cadeia_da_Relacao_%28Porto%29.JPGhttp://img.olhares.com/data/big/122/1220362.jpghttp://www.camilocastelobranco.org/img.php?co=140http://www.camilocastelobranco.org/img.php?co=150http://www.camilocastelobranco.org/img.php?co=148http://www.camilocastelobranco.org/img.php?co=152

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 13

Anselmo Gomes e Joaquim Alves (Jô) foram trabalhadoresincansáveis e divulgadores do Evangelho.

Quando encarnados, ambos pregavam, em suas tarefasdoutrinárias, a verdadeira luz que o Cristo deixara sobre a Terra.

Com palavras simples e sinceras, visitavam as regiões mais dolorosas davida, em difíceis situações reencarnatórias.

Procuravam amenizar a dor do semelhante, com firmeza na fé cristã.Ensinavam, através do exemplo, que a prece edifica e rearmoniza o coraçãodilacerado e afastado de Deus.

Em seu poema, Anselmo qualifica o livro Espírita como o alicerce sólido,encontrando-se em cada lição a esperança para vencer os erros cometidos.

Comparando o Universo a um grande livro, ele nos chama a atenção,para que, desse livro, só percebemos a capa, onde as estrelas brilham, semnotarmos que cada estrela é um mundo ativo.

Aqui, da Terra, não conseguimos penetrar nesses diversos mundoscriados por Deus, por causa de nossa incapacidade espiritual.

Encerrando a homenagem que Anselmo Gomes fez ao seu amigoJoaquim, ele deixa claro que foram trovadores no passado distante,identificados pelo mesmo elo de divulgadores da Doutrina Espírita, na Terrae noAlém.

O quanto agradecemos a esses espíritos batalhadores do ideal cristão,que nos ajudam no crescimento espiritual pelos esclarecimentos quedivulgam nas mensagens elucidativas que nos enviaram, através dapsicografia do médium Francisco Cândido Xavier e que são encontradas emdiversos livros doutrinários.

Ao terminar esses comentários, reflitamos sobre a última estrofe queAnselmo dedicou ao Jô:

Já fomos, caro Joaquim,Trovadores de outros nomes...Por isso é que volta ao versoSeu amigo Anselmo Gomes.

Elielce

Bibliografia: - / Espíritos Diversos, EditoraCEU, 1ª ed., 1987.

Temas da Vida Francisco Cândido Xavier

Cantinho do Verso em Prosacantinho do verso em prosa

Notas de Amigos“Apalavra nada vale”,Fala-se à boca pequena;Mas há palavra que salvaE há palavra que envenena.

Apágina que consolaVem da Divina BondadeQue ama em silêncio amigoAs chagas da Humanidade.

Amparo ao livro que ampara,Sublime palma que levas...Quem auxilia um livro nobreAcende uma luz nas trevas.

O Evangelho de JesusNa obra de redenção,É pão em forma de livroÀ fome do coração.

O Universo é um livro imensoQue da Terra ninguém lê...O Céu brilhando estreladoÉ a capa que a gente vê.

Já fomos, caro Joaquim,Trovadores de outros nomes...Por isso é que volta ao versoSeu amigo —

Anselmo Gomes(Versos dedicados a Joaquim Alves)

No mês de dezembro de 2008, foi enviadaaos associados do Clube do Livro Espírita“Joaquim Alves (Jô)” a obra intitulada“Inesquecível Chico”.

Os autores, Romeu Grisi e Gerson Sestini,compilaram alguns fatos de suas vivênciasao lado do médium e amigo, FranciscoCândido Xavier, e publicaram este livro com ointuito de compartilhar, com todos, assituações e fatos que são sempre exemplos aserem seguidos, bem como um lenitivo paraas nossas dores morais.

Só um espírito iluminado poderia manterum comportamento virtuoso em todas assituações, e estes relatos do cotidiano, quesão passados através das experiências de

pessoas que compartilharam com Chicoalguns momentos de sua vida, vêm reforçaresta personalidade humilde e magnânima,de moral ilibada.

Nós podemos até, se nos esforçarmos, ter“flashes” de bondade, mas ainda nãoconseguimos manter esta elevaçãov i b r a t ó r i a a p o n t o d e n ã o n o sdesequilibrarmos facilmente. Basta ocorrerum pequeno incidente que nos tire docaminho que traçamos, que nossa rota sedesvia como um vagão se perde dos trilhos.

Este exemplo de equilíbrio já nos é narradona apresentação da obra, quando Chico, umdia, no atendimento em Pedro Leopoldo, foraintimidado a entregar certa quantia em

Romeu Grisi e Gerson SestiniEditora GEEM - 184 páginas

1ª edição - 2008

clube do livroClube do Livro

Inesquecível Chico

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Outro fato curioso da mediunidade de Chico Xavier é a xenoglossia,isto é, “quando os médiuns falam ou escrevem em línguas que eles nãoconhecem e que, por vezes, são línguas também desconhecidas dequem as ouve.” (Ernesto Bozzano).

Chico tanto recebia mensagens em inglês, espanhol, francês,esperanto etc., pela psicografia quanto pela psicofonia, tornando-se ummédium poliglota, sem nunca ter estudado nenhuma dessas línguas.

Através da psicografia, Chico recebeu um soneto em espanholdedicado a Clóvis Tavares, numa das reuniões em Pedro Leopoldo, ondeClóvis declarou que o soneto, na verdade, fora enviado para uma amigaespanhola, mãe desse generoso coração filial, que também estavapresente na reunião. Eis parte do soneto:

Clovis hermano, debo decirle:— Soy tan feliz por escribirle!Clovis, amigo del Nazareno,

Pida a Jesus por nuestros males,Nuestras dolores son tan reales!Mi madre, as veces, tiene en su seno

Siete puñales!...

Consta na revista “Reformador”, editada pela Federação EspíritaBrasileira, do mês de julho de 1954 que, no dia 29 de março de 1937, nasede da Sociedade Metapsíquica de São Paulo, o médium FranciscoCândido Xavier recebeu uma mensagem em inglês, somente legívelatravés de um espelho, por ter sido escrita da direita para esquerda.Noutra ocasião, semelhante mensagem, assinada por Emmanuel, foidirigida a uns amigos, saudando o Ano Novo “Happy New Year”, só lidaatravés do espelho. A esse fenômeno, Ernesto Bozzano, denomina:“escrita pelo espelho”.

Visitando uma amiga na Espanha, Chico compareceu um grupo deestudos teosóficos, quando essa amiga escreveu no quadro negroalgumas palavras em português, um “mantra” (palavras para meditação).

Através da psicofonia, Chico recebeu uma mensagem em idiomahindu, e a entidade comunicante levou o médium ao quadro negro, neleescrevendo diversas expressões desconhecidas, em seus vocábulospara os que ali estavam, mas que depois foram reconhecidas como

mantras, escritos com caracteres em sânscrito.Dessa forma, fica caracterizada a enormemediunidade desenvolvida por Chico Xavier.Qualquer que fosse a pessoa, vinda do país queviesse, recebia uma mensagem de seus entesqueridos, de povos como gregos, alemães,russos, italianos, árabes, confirmando-se suasorigens pelos fatos relacionados em cadamensagem.

Portanto, Chico Xavier foi e sempre será overdadeiro médium “Missionário da Luz”.

ÉricaBibliografia: -

.O Espiritismo Perante a Ciência

Trinta anos com Chico Xavier

GabrielDelanne, Editora FEB, 1ª ed , 1952.

- Clóvis Tavares, EdiçãoCalvário, 1ª ed., 1967.Imagem:http://www.terra.com.br/planetanaweb/ensaios/chico_xavier/fotos/foto_13.jpg

SeareiroSeareiro14

dinheiro e, reagindo de forma serena, sem que os presentespercebessem, chamou alguém de sua confiança para quefosse providenciado o montante exigido. Prosseguiu emsuas tarefas sem qualquer alteração, praticando, assim, atolerância, a paciência e a indulgência.

A leitura é fácil e agradável e, além dos casos e conversasde Chico com os confrades que permaneciam após asreuniões da noite, a obra relata algumas comunicaçõesrecebidas, comentários sobre trechos do Evangelho e deparábolas. Ao final, encontram-se fotos de encontros dos

autores com o querido médium.Entre outras, há uma passagem sobre o sobrinho do Chico

que vale ressaltar, pois muito falamos sobre reencarnação,dívidas e resgates; mas estamos preparados para receberum ser doente, considerado em estado vegetativo pelaciência da Terra e nele enxergarmos a Misericórdia Divina?Ele nos dá, mais uma vez, a força e o entendimento atravésdo seu exemplo.

Que Jesus nos abençoe!Neves

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Livros básicos da Doutrina Espírita. Temos os 419 livrospsicografados por Chico Xavier, romances de diversosautores, revistas e jornais espíritas. Distribuiçãopermanente de edificantes mensagens.

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Há alguns anos, no dia 4 de março, nossos olhos materiais deixaram de ver econviver com um amigo muito especial: Roque Jacintho.

Essa ausência nos fez percebê-lo com os "olhos de ver”, com o coração.Ver o quanto sua presença entre nós foi importante. Quanto nos ensinou sobre a

Doutrina Espírita, mas muito mais sobre o que representa, em nossa condição deencarnados e desencarnados, a responsabilidade que assumimos ao recebê-Ia emnossos corações; o preço da disciplina para toda sua aplicação e, sobretudo, o respeitoe a humildade em sua prática para com todos os que caminham conosco.

Roque, muito temos a agradecer-lhe, apesar da nossa condição de filhos rebeldes,mas agradecer-lhe infinitamente por indicar-nos o caminho correto a percorrer,sabendo suportar todos os percalços que vierem porque seu amor reuniu-nos comouma só família, fortalecendo-nos uns aos outros.

Nada podemos prometer, senão que faremos os esforços necessários para sermosdignos dos trabalhos que iniciou.

Apesar das saudades, receba neste singelo pensamento o nosso carinho eterno. Somos gratos por havê-lo conhecido e portê-lo como grande amigo até hoje.

Que Deus e Jesus continuem iluminando seu caminho!

Dos companheiros do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 15

No prefácio desta obra, Emmanuel conta umahistória em que um pai, ao olhar para o céu, ensina aseu filho:

E essa é a matéria-prima deste livro: poemasescritos nos céus por vários amigos espirituais, comtrovas perfeitas, parecendo estrelas a iluminar o nossocaminho, sendo que, se hoje não compreendemos opleno significado de cada um deles, um dia, noslembraremos das belas palavras que tanto nosensinam.

Esta belíssima obra encanta por tudo: uma belacapa e ilustrações internas que encantam pelasimplicidade. Os poemas escritos abordam, comgraça e leveza, temas importantes para a nossareflexão: Julgamento e Vida, Perdoa e Passa, Mães noTempo, Trovas no Dia dos Pais, DesencarnaçõesPrematuras,Auxílio a Nós Mesmos, dentre outras.

Chama-nos a atenção o capítulo 7, intitulado “DezTesouros”, em que o espírito de Casimiro Cunhacomenta em um único poema sobre caridade,

esperança, fé, serviço, humildade,perdão, discernimento, disciplina,gentileza e paciência.

Há, ainda, diversos versos quelevam a característica do bom humore irreverência de Cornélio Pires,como por exemplo:

Não poderíamos deixar deregistrar os versos de Auta deSouza, que sempre imprime o seutraço de um coração sofrido:

Podemos, através de versos,aprender muito sobre conceitos devida, de elevada inspiração. Pode

ser usado também para ensinar às crianças arecitarem versos, prática esquecida, mas quedeveríamos resgatar.

Esta obra recebeu somente uma edição em1991, com apenas 3000 exemplares, mas são3000 estrelas espalhadas por Deus para ailuminação de nossa fé, a fim de trazer o céu paradentro do nosso coração.

Vitório

“— Veja bem as constelações! São poemas escritosnos céus, e as estrelinhas, a meu ver, lembram trovasperfeitas, cuja significação saberemos mais tarde.”

O homem constrói a casa,Trabalha sem propaganda,Acolhe os filhos que nascem,Mas a mulher é quem manda.

Prova, angústia, desencantoPesar, amargura e dor:São caminhos que Deus traçaPara a chegada do amor.

livro em focoLivro em Foco

Fulgor no Entardecer

Francisco Cândido XavierAutores Diversos1ª edição - 1991

Editora UEMRua Guarani, 315 - Centro

Belo Horizonte - MGCEP: 30120-040

Telefax (31) [email protected]

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Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)”

saudadeSaudade

Roque Jacintho

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Jesus, o Mestre, ensina em toda a Sua encarnação ocaminho para Deus, mas, por essência, este caminho deveser pavimentado pela humildade.

A humildade é a virtude que mais nos aproxima de Deus.O oposto, ou seja, o orgulho é o vício que mais nos afasta doCriador.

E quanto orgulho ainda carregamos!Basta notar que, em determinados

momentos de nossa vida, quandopassamos por dificuldades ousofrimentos, damos tudo por perdidoou sem saída, esquecendo a açãoprovidencial de Deus, esquecendo,assim, até de fazermos a parte quenos toca na solução.

De repente, as situações vâo-seresolvendo de um modo natural, masnós, em nosso orgulho, dizemos: —

consegui resolver tudo, graças àminha inteligência, — esquecendo aampla atuação da Providência Divina.

E o que falar daqueles quealcançaram um nível bom deinstrução e já se julgam superiores atudo o que acontece, considerandoque para o que a restrita ciênciahumana não pode resolver não hásolução.

Exemplo disso: estamos vendo agrande discussão, em âmbitomundial, sobre a eutanásia. Quantosse posicionam a favor, simplesmentepelo fato de não entenderem autilidade daquele período de vida,mesmo sob a influência de aparelhos.

Afinal, o progresso da Medicina e tantos aparelhos queforam criados não teriam como finalidade manterem aspessoas vivas?! Se não querem usar os aparelhos, então por

que foram criados?Novamente é o orgulho de se colocar acima de Deus,

achando que têm o poder de decidir sobre a vida.E o que dizer dos casos em que foram desligados os

aparelhos e o paciente continuou vivo ou voltou do coma,relatando tudo o que aconteceu à sua volta?

Alguns falam que foi sorte, outros dizem que o corpo físico(e somente ele) reagiu. Eis aí amanifestação do orgulho! Julgamo-nos superiores a Deus, achando quea vida pode ser considerada como umjogo de dados e que somente o corpofísico é que deve receber cuidados.

Devemos ref let i r sobre osexemplos de Jesus, pois Ele vai atéLázaro e usa a Sua sabedoria paratrazê-lo à vida e não para “selar a suasorte” e dar o último veredicto,dizendo: “Este não tem mais jeito,vamos deixá-lo ao próprio destino.”

Ainda nos recusamos a admitir omundo espiritual e um poder acima dopoder humano. Não que isso estejafora de nosso alcance, mas o nossoorgulho se revolta com a ideia de umacoisa acima da qual não podemos noscolocar: o poder divino.

A imperfeição do orgulho não seráeterna, pois não fomos criados porDeus para sermos imperfeitos. Todosteremos forçosamente de entrar nomundo invisível que tanto ironizamos.Será lá que os nossos olhos seabrirão e reconheceremos os erros denossas ironias.

A humildade é a qualidade que faz o nosso coração ficarcalmo, com confiança em Deus, reconhecendo o seu poderem conduzir os nossos caminhos da melhor forma, mesmo

que, em alguns momentos, o sofrimentoseja necessário para corrigir caminhos.

Deus é Pai e vê tudo o que nosacontece ou fazemos, oferecendo o quetem de melhor para nós.

Tenhamos fé.Wilson

Eu

Bibliografia:-

O Evangelho Segundo oEspiritismo Allan Kardec, Tradução deRoque Jacintho, Editora Luz no Lar, 1ª ed.,1987.Imagem:http://ultimahora.publico.clix.pt/imagens.aspx/254838?tp=UH&db=IMAGENS&w=320

SeareiroSeareiro16

kardec em estudoKardec em Estudo

Bem-Aventurados os Pobres de Espírito“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mateus, capítulo 5, versículo 3)

“Por pobres de espírito, Jesus não se refere aos tolos, aos homens de pequena inteligência. Refere-se aoshumildes, tanto que diz que o reino dos céus é para eles e não para os orgulhosos.”

O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo VII item 2-O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo VII item 2-

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Compreendendo-se que muitos casamentos resultamem uniões infelizes e, às vezes, até mesmoprofundamente antipáticas, induzindo os cônjuges aodivórcio, como interpretar a fase de atração recíproca,repleta de esperança, que caracterizou o namoro e onoivado?

Emmanuel — Qualquer pessoa que aspire a um títuloelevado passa pela fase de encantamento. Esfalfa-se oprofessor pela ascensão à cátedra. Conseguido ocertificado de competência, é imperioso entregar-se aoestudo incessante para atender às exigências domagistério. Esforça-se o acadêmico pela conquista dodiploma que lhe autorize o exercício da profissão liberal.Laureado pela distinção, sente-se compelido a trabalhoinfatigável, de modo a sustentar-se na respeitabilidadeem que anela viver.Assim também o matrimônio.

***Quando conhecemos alguém que nos interessa para

namorar, ficamos encantados pela pessoa. Tudo o que elafaz é maravilhoso e reveste-se de uma aura de graça ebeleza (seja o que for). Ela fala e ficamos inebriados com asua voz, ouvindo horas a fio, se preciso for.

Casam-se, embalados pela melodia do sonho.Passado algum tempo em que a convivência consolidou a

união do casal, “surgem as obrigações, decorrentes dopretérito, através do programa de serviço traçado para cadaum de nós, pela reencarnação”. Ou seja, com a convivênciamais próxima, vamos realmente começar a conhecer o nossocompanheiro e, com isso, reavivamos os compromissos queguardamos de reencarnações passadas e que noscomprometemos, nesta reencarnação, a resgatar através dacompreensão, do carinho, da paciência, da tolerância e do

respeito ao cônjuge.Como bem nos lembrou Emmanuel, almejamos nos elevar

espiritualmente, pois já sentimos a necessidade de instalar apaz em nosso coração, mas, para isso, devemos “quitar” asdívidas do passado.

E que tipo de dívidas temos? É dívida em dinheiro? Não, édívida de amor não vivido!

Em algum momento de nosso passado espiritual,magoamos ou ofendemos alguém, e Deus, por misericórdia,aproxima-nos novamente para “resolvermos” essas dívidas.

Normalmente, não é um devendo para o outro. Ambos sãodevedores!

Por isso, não podemos nos colocar na posição de vítimasou na daquele que é ofendido.

Se Deus permitiu que sofrêssemos algo é para o nossodespertar espiritual.

Recomenda, ainda, Emmanuel, que entreguemo-nos aoestudo e ao trabalho infatigável.

Quando ele fala em estudo, é referentemente às leiturasdo Evangelho, a fim de fortalecermos a nossa fé para quequando o sofrimento ou as adversidades chegarem,encontrem-nos com muita confiança para resolvê-los.

O trabalho infatigável, esse, nunca cessará. A cada dia,seremos chamados a dar o nosso testemunho de paciência etolerância, junto com uma grande parcela de renúncia, semnunca desistirmos. Sempre devemos pedir a Deus que nossustente em nossos bons propósitos.

Quando, pois, estivermos achando que as nossas forçasestão se esvaindo e que não aguentaremos mais “a carga”que carregamos, lembremo-nos de Jesus falando:

“Vinde a Mim todos vós que estais cansados e oprimidos, eeu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de

Mim, que sou manso e humilde de coração e encontrareisdescanso para as vossas almas, porque o Meu jugo ésuave e o Meu fardo é leve.”

Procuremos, nas leituras do Evangelho, o refazimentode nossa vontade de evoluir espiritualmente, através davivência do amor ao próximo.

Sabendo que todas as dificuldades que encontramos,hoje, são reflexos de nossas atitudes do passado e queDeus está oferecendo uma nova oportunidade parafazermos diferentemente, melhor, por que iremosdesistir?!

Se ressentimentos ficaram, lembremo-nos da época donamoro, quando era só olhar para a namorada ounamorado e o nosso coração se acalmava.

Deixemo-nos de orgulho! Peçamos perdão pela nossaincompreensão e intolerância e comecemos novamente.

“Concilia-te depressa com o teu adversário, enquantoestás no caminho com ele,...”

AdolphoBibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo

Série “Informação Espírita: A lógica do Espiritismo ante oc a s a m e n t o e a f a m í l i a ” –

- Allan Kardec,tradução de Roque Jacintho, Editora Luz no Lar, 1ª ed., 1987.

s i t e :www.revistainformacao.anderung.com.brImagem: www.mundopt.com/noticias/fotos/0003621.jpg

Famíliafamilia

Namoro e Divórcio: O Que Mudou?

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 17

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Havia vários escravos no Egito que, reunidos nos estudosdas questões religiosas, comentavam se um diaconseguiriam deixar de ser escravos e possuir a liberdade,pois que estavam muito esgotados nos trabalhos pesadosaos quais o faraó (nome dado aos reis do Egito) os obrigava.

Um dia, quando já estavam bem desanimados, chegou atéeles uma pessoa de nome Moisés e lhes disse:

— O Senhor do Universo me chamou, a fim de queconduzisse todos vocês ao encontro da Terra Prometida porDeus, para cumprir-se a missão do Reino!

Moisés havia crescido no meio dos egípcios e foi falar como faraó para convencê-lo a deixá-lo sair do Egito com osescravos.

Para isso, disse ao faraó que ele e os escravos iriam, portrês dias, fazer sacrifícios ao seu Deus.

Naquela época, havia a crença de existirem vários deusese o povo egípcio costumava matar animais, achando que,assim, conseguiriam obter a realização de seus pedidos.

Moisés, para poder sair com o povo escravizado, assimfalou e o faraó concordou.

Moisés passou a ser visto pelo povo hebreu como oenviado do Senhor do Universo e foi desse modo que elepartiu, com toda aquela gente sofrida, para a longa

caminhada em busca da Terra Prometida.Após alguns dias, eles já estavam bem longe do palácio do

faraó, mas não chegavam à tal Terra Prometida e o desertoera escaldante!

Começaram a desanimar, mas Moisés sempre lhes dizia:— Ora, meus amados companheiros, o Senhor do

Universo não nos quer queixosos e revoltados! Ele nos querdando exemplos de amor!

E o povo perguntou:— Por que Deus não nos fala, Moisés?Destarte, Moisés decidiu que iria até o monte Sinai e

conversaria com o Senhor, pedindo-lhe orientações paraprocederem dentro da Lei doAmor.

Todo o povo o acompanhou, mas ninguém teve coragemde ir até o alto da montanha. Moisés foi só. Quando retornou,todos dormiam, ao invés de vigiarem. Afinal, haviam fugido epoderiam ser descobertos ali!

Moisés havia recebido do Senhor os Dez Mandamentos:I -Amar a Deus sobre todas as coisas.II - Não tomar em vão o nome do Senhor.III - Santificar o dia de sábado.IV - Honrar pai e mãe.V - Não matar.VI - Não cometer adultério.VII - Não roubar.VIII - Não prestar falso testemunho.IX - Não desejar a mulher do próximo.X - Não cobiçar as coisas alheias.O povo achava muito difícil seguir todos os

mandamentos. Assim, iam tentando, às vezesdesistiam, erravam...

E, após muitos anos de esforço, Moisés já doenteem seu leito, disse para seu filhinho que, em breve,voltaria para o Reino Divino. O menino lhe perguntoucomo faria para lá se encontrar com ele e Moisésrespondeu:

— Bastará que você ame a Deus e ao próximocomo a si mesmo.

E assim, sereno e confiante, Moisés desencarnou.Texto adaptado por Rosangela

Bibliografia: - RoqueJacintho - capítulo II, Editora Luz no Lar, 3ª ed., 1997.Imagem:http://www.averdadeacimadetudo.com/Imagens/moises.jpg

A Parábola do Festim das Bodas

O Ministro da Revelação

Contoscontos

SeareiroSeareiro18

Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”

Rua das Turmalinas, 56 / 58Jardim Donini - Diadema - SP - Tel.: (11) 2758-6345

Tratamento Espiritual: 2ª e 4ª às 19h453ª e 6ª às 14h45

Atendimento às Gestantes: 2ª às 15 horas

Evangelização Infantil: ocorre em conjunto às reuniões

Artesanato: Sábado das 14 às 17 horas

DIA LIVROS ESTUDADOS

O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro daEsperança – Emmanuel*; O Livro dos Espíritos – Allan Kardec

Terapia Espiritual; Emmanuel – Emmanuel*; Seara dos Médiuns– Emmanuel*; O Livro dos Médiuns – Allan Kardec

Domingo O Evangelho segundo o Espiritismo - Allan Kardec; Livro demensagens de Emmanuel*

* Livro psicografado por Francisco Cândido Xavier

2ª O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro daEsperança – Emmanuel*; A Gênese – Allan Kardec; OsMensageiros – André Luiz*

4ª Sabedoria de Paulo de Tarso – Roque Jacintho & J.Manahen;Cartas e Crônicas – Irmão X*; Das Leis Morais – Roque Jacintho

6ª O Evangelho segundo o Espiritismo - Allan Kardec; Livro daEsperança – Emmanuel*; Os Mensageiros – André Luiz*; VidaFutura – Roque Jacintho

Reuniões: 2ª, 4 e 5 às 20 horas3 e 6 às 15 horas

Domingo às 10 horas

ª ªª ª

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 19

Março

Calendáriocalendario

DIA011923 - Desencarna em Petrópolis, RJ, Rui Barbosa, jurista, escritor,

parlamentar e jornalista dos mais conceituados da História do Brasil,que realizava sessões espíritas em sua casa e possuía as obras de AllanKardec expostas em sua biblioteca.

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1984 - Desencarna, no Rio de Janeiro,Yvonne doAmaral Pereira.DIA10

DIA11

1847 - Nascimento de CastroAlves.DIA16

1943 - Deolindo Amorim inicia as aulas das Faculdades Brasileiras de

Estudos Psíquicos, no Rio de Janeiro mais tarde substituídas peloInstituto de Cultura Espírita do Brasil.

DIA19

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1921 - Fundação da Federação Espírita do Espírito Santo, em Vitória.DIA28

1905 - Nasce Francisco Klors Werneck, um dos fundadores da Liga Espíritado Brasil.

DIA29

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DIA311854 - Nasce em Minervino, Itália, Eusápia Paladino, uma das maiores

médiuns do mundo.1869 - Desencarna em Paris, França, Denizard Hypolyte Léon Rivail, mais

conhecido como o Codificador do Espiritismo Allan Kardec, vítima daruptura de um aneurisma. Eminente pedagogo, poliglota, escritor,tradutor e pesquisador, deu ao mundo o conhecimento científico daDoutrina Espírita, a sua filosofia e a base de todo um raciocínioreligioso, comprovado na reencarnação e evolução do Espírito.

1870 - Inaugurado em Paris, no cemitério “Père Lachaise”, o monumentofunerário de estilo celta para receber os despojos deAllan Kardec.

1897 - Fundação da livraria da Federação Espírita Brasileira.1903 - DesencarnaAntonio Luiz Sayão, escritor espírita.1968 - Instalada, oficialmente, a AMESP - Associação Médico-Espírita do

Estado de São Paulo.

1944 - A Federação Espírita do Estado de São Paulo lança o jornal “OSemeador”.

1927 - AAliança Espírita de Londres lança a revista “Light”.1948 - Desencarna em Lisboa, Antonio Joaquim Freire, ex-presidente da

Federação Espírita Portuguesa.

1880 - Nasce Gaston Luce, escritor espírita francês.

1858 - Desencarna o magnetizador e pesquisador de fenômenosparanormais, Bento Mure; foi ainda o introdutor da homeopatia noBrasil.

2004 - Desencarna em Diadema, SP, Roque Jacintho, jornalista,contabilista, radialista, escritor e professor de latim e português.Fundador dos agrupamentos espíritas: Lar Espírita Vinha de Luz -Jundiaí, SP; Grupo Espírita Fabiano de Cristo - São Paulo, SP e Núcleode Estudos EspíritasAmor e Esperança - Diadema, SP, onde esteve até oseu desencarne.

Publicou 18 coleções, das áreas: Jurídicas, Tributárias, Contábeis,Economia e Administração de Empresas; 2 enciclopédias das áreasJurídica e Trabalhista; e 10 obras pedagógicas na área de Contabilidade,muito utilizadas em escolas técnicas e também em universidades.Publicou mais de 130 obras espíritas, incluindo várias obras para opúblico infantil, principalmente o 1º livro espírita infantil do Mundo: OLobo Mau Reencarnado, atualmente editado pela Editora Luz no Lar,traduzido e publicado também em inglês e em esperanto. Muitas outrasobras suas foram traduzidas para o espanhol também. O lançamentodaquela obra foi em 18 de abril de 1972, e nessa data é comemorado oDia do Livro Espírita. Traduziu também, diretamente do original emfrancês, O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, numalinguagem mais simples e acessível aos mais humildes, editado pelaEditora Luz no Lar, que mantém sua publicação e a de outras obras desua lavra.

Conviveu com Chico Xavier, durante mais de 20 anos, com o qualpôde receber as orientações necessárias para e como divulgar a doutrinado Mestre Jesus, além de todo o aprendizado adquirido de quemconviveu com aquele que foi o missionário do Mais Alto e nos trouxe,por intermédio de sua mediunidade e de seus exemplos, todos osensinamentos constantes nas obras publicadas.

Colaborou por muitos anos com artigos no Reformador, da FEB,além de ter colaborado junto àquela entidade para a publicação e edição,principalmente, das obras psicografadas por Chico Xavier.

Após tantos anos dedicados à divulgação da Doutrina Espírita, não sópelas obras editadas, mas também pela sua exemplificação e fidelidade àCodificação de Kardec, sempre trazendo a todos o esclarecimento semfantasias, mostrando-nos os verdadeiros conceitos e entendimentos dadoutrina do Cristo, desencarna vítima do mal de Alzheimer, que oacometeu nos últimos anos de sua estada junto a nós.

1815 - Desencarna, na Alemanha, Franz Anton Mesmer, médico emagnetizador, pai do Mesmerismo.

1938 - Desencarna Sebastião Paraná de Sá, fundador da Federação Espíritado Estado do Paraná.

1979 - Desencarna José Herculano Pires, autor de vários livros e tradutordas obras de Kardec.

1986 - Desencarna, no Rio de Janeiro, Francisco Klors Werneck, escritorespírita.

1878 - Nasce em Juiz de Fora, Minas Gerais, a médium Zilda Gama.1951 - Desencarna em Niterói, Rio de Janeiro, um dos organizadores do 1

Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil, João Batista Chagas.

1893 - Desencarna Luiz Olímpio Telles de Menezes, pioneiro doEspiritismo no Brasil. Fundou o Grupo Familiar do Espiritismo e ojornal “Eco d'Além-Túmulo”.

1819 - Nasce José Maria Fernandez Colavida, tradutor das obras de Kardecpara o espanhol. A FEB publica “A Barqueira do Júcar”, um dos seuslivros.

1839 - Nasce na Freguesia de Águas Santas, em Portugal, AntonioGonçalves da Silva Batuíra, médium curador espírita. Desencarnou em22/01/1909, em São Paulo/Capital. Tornou-se espírita, através doconforto e consolação encontrados no Espiritismo, por ocasião da perdade um filho. Dedicou-se arduamente a obras de caridade, filantropia eauxílio aos semelhantes, além de trabalhar em prol da divulgação e dodesenvolvimento do Espiritismo.

1963 - Desencarna Ângelo Watson Campelo, substituto de Caírbar Schutelem “O Clarim”.

1833 - Nasce em Currey, Escócia, Daniel Douglas Home, considerado umdos maiores médiuns de efeitos físicos do mundo moderno.

1880 - É fundado o Grupo Espírita Fraternidade, no Rio de Janeiro. Entre osfundadores, estavam Bittencourt Sampaio, Antonio Luiz Sayão e omédium Frederico Júnior.

1945 - Desencarna Frederico Augusto da Silva, um dos fundadores daFederação Espírita do Rio Grande do Sul.

1952 - Desencarna, em São Paulo, Artur Lins de Vasconcelos Lopes. Teveparticipação ativa no “Pacto Áureo”, sendo um dos integrantes da“Caravana da Fraternidade”, que percorreu vários estados em prol daUnificação.

1882 - Lançada a 1ª edição brasileira, em língua portuguesa, do livro “AGênese”, deAllan Kardec.

1857 - Nasce Gabriel Delanne, “o cientista da Codificação Espírita”. AFederação Espírita Brasileira publica seus livros: “A Alma é Imortal”,“O Espiritismo Perante a Ciência”, “A Evolução Anímica”, “OFenômeno Espírita”, “AReencarnação”.

1876 - Fundada a Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade,sob a inspiração de Ismael, guia espiritual do Brasil, visando a umamaior difusão doutrinária.

1856 - Allan Kardec toma conhecimento, através de uma comunicaçãomediúnica, da existência do "Espírito da Verdade", esteio daCodificação.

1939 - Desencarna José Florentino de Sena, mais conhecido como JoséPetitinga. Jornalista, poeta e abolicionista, foi o 1º Presidente da UniãoEspírita Baiana.

1964 - Desencarna Antonio Lima. Além de tradutor das obras de Kardec,escreveu livros. A FEB publicou “A Caminho do Abismo”, “Estrada deDamasco”, “Senda de Espinhos”, “Vida de Jesus”.

1891 - Nasce em Teixeira, Paraiba,Artur Lins de Vasconcelos Lopes.

1772 - Desencarna o médium Emmanuel Swedenborg, um dos precursoresdo Espiritismo. Em 1688, na mesma data de 29 de março, nascera naSuécia.

1969 - Desencarna Sebastião Lasneau. Poeta cego, um dos criadores da“Semana Espírita”.

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