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IV SEMANA ACADÊMICA DE FILOSOFIA Metafísica, ética e estética CADERNO DE RESUMOS

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Cadernos de resumos da IV semana de filosofia da uesb.

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  • IV SEMANA ACADMICA DE FILOSOFIA Metafsica, tica e esttica

    CADERNO DE RESUMOS

  • IV SEMANA ACADMICA DE FILOSOFIA 2014

    Metafsica, tica e esttica

    CADERNO DE RESUMOS

    http://www.uesb.br/eventos/semanadefilosofia2014/

  • IV SEMANA ACADMICA DE FILOSOFIA

    Comisso Organizadora

    Aroldo Leite Caires (Discente, UESB) Hlio Alexandre da Silva (Docente colaborador, UESB)

    Jaquissom Aguiar (Discente, UESB) Karine Boaventura (Discente, UESB) Leliana Vieira Silva (Discente, UESB)

    Luiz Cludio Gonalves (Docente Coordenador, UESB) Murilo Nogueira dos Anjos (UESB/CCFIL)

    Pablo Dourado (IFNSV) Paloma Marques (UESB/CAFIL)

    Rebeca Verosa (Discente, UESB) Rogrio Soares Mascarenhas (Docente colaborador, UESB)

  • UESB Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

    Vitria da Conquista/BA 17 a 21 de Novembro de 2014

    IV SEMANA ACADMICA DE FILOSOFIA

    Comit Cientfico

    Mrcio Jos Silveira Lima (UFSB) Alessandro Pinzani (UFSC)

    Hlio Alexandre da Silva (UESB) Itamar Pereira de Aguiar (UESB)

    Isabel Cristina de Jesus Brando (UESB) Jasson da Silva Martins (UESB)

    Jorge Miranda de Almeida (UESB) Jos Carlos da Silva Simplcio (UESB)

    Jos Fbio da Silva Albuquerque (UESB) Juliana Orione de Arraes Fagundes (UESB)

    Luiz Cludio L. F. Gonalves (UESB) Paulo Gilberto Bertoni (UESB) Roberto Roque Lauxen (UESB)

    Rogrio Soares Mascarenhas (UESB)

    Apoio

    PROEX Pr-reitoria de Extenso e Assuntos Comunitrios IFNSV Instituto de Filosofia Nossa Senhora das Vitrias

    Realizao

    DFCH Departamento de Filosofia e Cincias Humanas CCFIL Colegiado de Filosofia

    CAFIL Centro Acadmico de Filosofia

  • Elinei Carvalho Santana CRB-5/1026 Bibliotecria UESB - Campus de Vitria da Conquista/BA

  • APRESENTAO

    A Semana Acadmica de Filosofia um evento anual organizado pelo Colegiado de Curso e pelo corpo discente do Curso de Filosofia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). O evento tem se consolidado como relevante espao acadmico para a divulgao das pesquisas dos alunos de graduao da Universidade, bem como dos demais interessados da comunidade extra-acadmica. A presena de professores conferencistas convidados tem sido, por sua vez, tambm de grande importncia, tendo em vista sua inegvel contribuio na ampliao do horizonte filosfico dos participantes.

    Por ocasio desta IV Semana Acadmica de Filosofia, faz-se notar o tema Metafsica, tica e esttica, que visa, em especial, uma estratgia de explorao possvel da abrangente dimenso interdisciplinar configurada pelos trs grandes domnios contemplados, em suas diversas leituras ao longo de toda a histria da filosofia. De fato, desde a Antiguidade reconhece-se, entre os problemas metafsicos, ticos e estticos, uma fecunda ligao filosfica e uma copiosa carga reflexiva, condio em que se mantiveram, sob diferentes rubricas e tratamentos, em cada uma das idades da filosofia.

    Com o fim de ampliar o debate acadmico em torno de algumas das principais questes filosficas contempladas, a Semana Acadmica de Filosofia conta, em sua edio de 2014, com a presena dos professores convidados Mrcio Jos Silveira Lima (UFSB) e Alessandro Pinzani (UFSC). O prof. Dr. Mrcio Lima pronuncia a conferncia de abertura do evento, Cincia esttica em O nascimento da tragdia de Nietzsche, e oferece o minicurso Reflexes musicais em Wagner, Nietzsche e Debussy. O prof. Dr. Alessandro Pinzani pronuncia, por sua vez, a conferncia de encerramento, intitulada Uma teoria crtica para o sculo XXI?.

    A IV Semana Acadmica de Filosofia conta com o apoio da Pr-reitoria de Extenso e Assuntos Comunitrios PROEX, do Departamento de Filosofia e Cincias Humanas DFCH, do Colegiado de Filosofia CCFIL, do Centro Acadmico de Filosofia CAFIL, e do Instituto de Filosofia Nossa Senhora das Vitrias IFNSV.

  • UESB Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

    Vitria da Conquista/BA 17 a 21 de Novembro de 2014

    IV SEMANA ACADMICA DE FILOSOFIA

    Conferncia de abertura 17/11/14 Prof. Dr. Mrcio Lima (UFSB) Cincia esttica em O nascimento da tragdia de Nietzsche Minicurso 18/11/14 Prof. Dr. Mrcio Lima (UFSB) Reflexes musicais em Wagner, Nietzsche e Debussy Conferncia de encerramento 21/11/14 Prof. Dr. Alessandro Pinzani (UFSC) Uma teoria crtica para o sculo XXI?

  • COMUNICAES O HOMEM E A LINGUAGEM: CONVERGENCIAS TERICAS ENTRE ROUSSEAU E BAKHTIN

    Adenaide Amorim Lima Estudante do Programa de Ps-Graduao em Educao (UESB)

    [email protected] O objetivo deste trabalho, a partir da leitura de algumas das principais obras de Mikhail Bakhtin e da obra de Jean-Jacques Rousseau, intitulada Ensaio sobre a origem das lnguas, relacionar a teoria do surgimento da linguagem (Rousseau) com a linguagem enquanto essncia do pensamento dialgico (Bakthin). O foco das aproximaes entre os pensadores visa expor, na contramo do movimento hegemnico de pensar a linguagem, os fundamentos de uma metalinguagem. Para Bakhtin atravs da linguagem, do dialogismo, da relao com o outro que o homem se constitui como sujeito em aberto, nunca concludo e, nesta condio, ele revela seu ser. Para Rousseau a linguagem, no surgiu a partir de necessidades fsicas do homem e nem da sua capacidade de pensar, mas sim das paixes e da necessidade que o homem possui de se relacionar, de entender e ser entendido pelo outro. A viso sobre a lingustica, em ambos os autores, coloca em xeque a viso clssica da mesma e permite um olhar mais profundo para o homem enquanto ser dialgico. A relao entre homem e linguagem se impe: a humanidade do homem no est na sua capacidade de pensar e raciocinar, mas na capacidade de refletir, que surge a partir do dilogo e das relaes com os outros. Mesmo considerando o avano da normatizao da lngua como algo positivo Rousseau percebe que, com sua evoluo, ela tende a isolar o homem cada vez mais em seus espaos. Estas crticas repercutem nas crticas de Bakhtin ao capitalismo, uma vez que este modelo econmico tende a subjetivar, demasiadamente, o homem ignorando sua dimenso dialgica levando-o ao isolamento e, consequentemente, a sua morte. Ao refletir sobre as obras de Rousseau e Bakhtin notamos que a inexistncia dessa relao dialgica to cara a ambos homens entre si e homens e sociedade conduz o homem condio trgica do isolamento e da barbrie. Para Rousseau e Bakhtin, barbrie e morte so mecanismos que anulam a humanidade do homem, impedindo a realizao plena do seu ser tornando-o um animal quase como outro qualquer, exceto pela capacidade de pensar e modificar o mundo em sua volta. ANLISE CRTICA DA OBRA CREPSCULO DOS DOLOS

    Alxsia Silva Sampaio Universidade Federal da Bahia/IMS-CAT Psicologia

    [email protected]

    Atravs da reviso sistemtica da obra Crepsculo dos dolos de Friedrich Nietzsche, o trabalho visa apresentar as principais temticas suscitadas pelo autor ao longo de sua obra, de modo a contribuir com as discusses que atravessam e baseiam a filosofia a golpes de martelo, assim delineada e definida pelo mesmo. Tendo sido essa obra a penltima a ser escrita e impressa em 1888, pouco antes de seu colapso mental, suas contribuies em termos de condensao das ideias no que se refere a todo tipo de

  • racionalidade metafsica, bem como suas origens Socrtico-Platnicas e a postura de filsofos e conterrneos quanto a sua forma de existir e exercer potncia no mundo so visveis e esclarecedoras. Nietzsche traa um panorama histrico que promove reverberaes acerca do processo que culminou na consolidao de dolos e a necessidade gritante de romper a amalgama que nos enlaa a eles. A crtica mais cida de Nietzsche consiste na postura castradora e supressora da vida, encontrada nos domnios religiosos de diferentes nuances. necessrio romper com todo tipo de ideologia que impede a plena manifestao dos instintos, dos sentidos, da vontade de potncia. Nessa perspectiva, no somente o Deus castrador, a igreja e sua funo domesticante, mas tambm a racionalidade cientfica e a nossa conscincia decadente deve ser negada, superada em favor da constante afirmao da vida em sua plenitude. O ELEMENTO DE UNIO ENTRE SER E TEMPO NA FILOSOFIA DE HEIDEGGER

    Ana Mary Costa Bispo Instituto Federal da Bahia

    Grupo de Estudo e Pesquisa em Fenomenologia e Hermenutica - UFBA [email protected]

    O caminho do pensamento de Heidegger tem um ponto de partida bem definido: a elaborao da questo sobre o sentido do ser. Segundo o prprio filsofo, a origem de seu questionamento se deu ao ler na dissertao de Franz Brentano, Do Significado Mltiplo do Ente Segundo Aristteles, a frase de Aristteles que dizia ser o ente expresso de mltiplas maneiras. Esta frase foi a fasca que provocou a pergunta sobre qual a unidade dos significados mltiplos do ser ou o que significa ser? Em sua procura pelo sentido do ser, Heidegger percebeu que os primeiros filsofos gregos entenderam o ser como ousa ou parousa, traduzidas por vigncia ou estar em vigor respectivamente. A vigncia o modo de ser do ente atualmente presente, e este, o atualmente presente, um modo do tempo. Logo, Heidegger inferiu que, mesmo sem tomarem cincia disso, os filsofos gregos, no incio da filosofia ocidental, compreenderam o ser relacionado ao tempo e, no como mais tarde pensou Aristteles, o tempo como sendo um dos predicados da ousa, a categoria primeira. Fazer transparecer o ser atravs de sua relao com o tempo a meta prevista para Ser e Tempo, a principal obra de Heidegger. Assim, tomando como base tal obra, o objetivo do presente artigo a investigao da ligao inexorvel entre ser e tempo a partir da anlise do significado da conjuno e que, no ttulo da maior obra heideggeriana, une ser a tempo.

    O PODER DISCIPLINAR E AS TRS TCNICAS PARA O XITO DE SEU EXERCCIO

    Ayronne Santos Souza Universidade Federal do recncavo da Bahia

    Licenciatura em Filosofia Trabalho vinculado ao PIBIC

    [email protected] O presente trabalho tem como fito abordar a compreenso de Michel Foucault - em sua obra Vigiar e Punir - sobre a implantao do poder disciplinar durante o perodo da era

  • clssica - ou seja, a partir do sculo XVIII - e, doravante esse pressuposto, explanar a funo primordial desse poder, bem como mostrar os recursos principais para que o mesmo tenha um funcionamento demasiado exitoso. Trata-se que, de acordo com Foucault, o poder disciplinar tem em sua caracterstica a funo de adestrar e, para que o seu exerccio tenha xito, o mesmo, em sua arquitetura, cuja busca se d pela efetivao de um controle interior, articulado e detalhado, recorre a trs dispositivos disciplinares. O primeiro se refere vigilncia hierrquica que, por meio do jogo do olhar, observa toda a multiplicidade humana. O segundo, combinado a esta vigilncia, o dispositivo da sano que normaliza, cuja funo, com o intuito de estabelecer uma norma, caracteriza-se em qualificar ou reprimir os sujeitos. Por fim, um terceiro dispositivo a ser analisado ser o exame, que tem como caracterstica o fato de este ser um procedimento capaz de fazer com que o olhar hierrquico e a sano normalizadora atuem conjuntamente enquanto procedimentos disciplinares. Portanto, com o objetivo de melhor compreender como feita, para que o exerccio do poder da disciplina sobre os indivduos tenha efeito, a costura que liga esses dispositivos, um ao outro, os mesmos sero aqui problematizados. A ANGSTIA COMO TONALIDADE DA EXISTNCIA

    Carine Santos Nascimento UESB- Filosofia

    [email protected] O objetivo desse texto apresentar o fenmeno da angstia no pensamento do filsofo Martin Heidegger (1889-1976). Como o ser do homem que est sempre a projetado no mundo e nele se realiza como um ente aberto a significados perde-se em sua vida cotidiana, decaindo no mundo das ocupaes? O ente que por vezes se confunde com os seus afazeres permite o cessar de questionamentos fundamentais, tais como qual o sentido do ser? E, consequentemente, em qual sentido falamos o termo ser? Atravs da angstia, todavia, o Dasein indaga radicalmente pelo sentido do seu ser. Essa angstia descrita por Heidegger no meramente como descrio daquilo que nos deprime, o que poderia confundi-la com a melancolia um estado estritamente psicolgico no qual o homem se sente entregue ao abandono mas angstia enquanto ser-possvel, que em situao limite revela a especificidade do ser-a. Na angstia o homem pode ir explicitamente alm do ntico processo que Heidegger designa como transcendncia. Angstia , portanto, a condio para homem captar-se em seu modo prprio de ser. Assim, o texto trata de abordar de que modo o fenmeno da angstia se apresenta como uma forma de apreenso do Dasein por si mesmo enquanto ser-possvel. A ARQUITETURA DA CENA: CONSIDERAES SOBRE O TRGICO NA OBRA DE MARK ROTHKO

    Charles Ribeiro, discente 3 semestre em Filosofia-UESB [email protected]

    Mark Rothko (1903-1970), um dos artistas mais reconhecidos de sua gerao, pouco comentou sobre a sua obra. Identificado como pertencente ao grupo de pintores denominados como Expressionistas Abstratos, assim como Jackson Pollock e outros, o

  • perodo clssico de sua obra expe extensos campos de cor, mas no apenas isso: assume esses campos como atores em um palco, cujo movimento evoca o drama. Interessado em filosofia, encontra em Friedrich Nietzsche, especificamente no livro O nascimento da tragdia ou Helenismo e pessimismo uma de suas principais referncias quanto ao trabalho que ir desenvolver a partir de sua leitura (outra referncia conhecida, indicada pelo prprio artista, teria sido o livro Temor e tremor, assinado por Johannes de Silentio, pseudnimo do filsofo Sren Kierkegaard). No incio da dcada de 40, Mark Rothko escreve um livro que, mantido em segredo pelo prprio autor, apenas recentemente foi publicado: The Artists Reality. Atravs desse escrito, possvel acompanhar a formatao de seu interesse tanto por questes tcnicas relacionadas a sua arte, quanto por questes filosficas, que envolvem o papel biolgico e social da arte e a retomada do mito, por exemplo. Este artigo parte desse princpio para tecer algumas consideraes quanto a questo do trgico proposta tanto por Nietzsche, no cerne de seu primeiro livro publicado, quanto por Rothko, desenvolvido plasticamente atravs de sua obra clssica. Para isso, faz uso de referncias sugeridas tanto pelo artista e pelo filsofo quanto busca debater as questes apresentadas no decorrer da discusso com o trabalho de outros artistas e pensadores. OS PROBLEMAS DO CARTER SUBJETIVO DA EXPERINCIA OS 'QUALIA' E DE SUA COMUNICAO

    Clara Rocha Mascena Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB Licenciatura em Filosofia

    Grupo de estudos em Filosofia da Mente e Linguagem [email protected]

    A conscincia um dos pontos mais intrigantes do problema mente e corpo e a tentativa de explicar essa relao entre as partes fsica e mental se constitui como um dos principais focos de estudo em filosofia da mente. No menos importante e ligado a esse problema est a conscincia fenomnica, geralmente denominada 'qualia', as qualidades subjetivas assimiladas por meio de experincias mentais conscientes. Os 'qualia' so o ponto de ligao entre as percepes de carter subjetivo e o aparato fsico do sujeito. No presente trabalho, pretendemos expor os posicionamentos de alguns filsofos da mente como John Locke e Thomas Nagel, no que diz respeito a suas disposies sobre a possibilidade de compreenso do carter subjetivo e objetivo da experincia, relacionando isso hiptese de que impossvel para um sujeito conhecer a experincia de outro, ainda que por procedimentos de ordem cientfica. Nagel categrico em afirmar que existe uma clara diferena entre o sujeito imaginar ser/se comportar como um morcego e de fato saber como ser um morcego. O exemplo do morcego ilustra a impossibilidade de conhecer os estados mentais de qualquer outro organismo. Alm disso almejamos tratar brevemente do problema da linguagem no que diz respeito comunicao de experincias, como demonstra Locke no Ensaio acerca do entendimento humano. A CAVERNA DE PLATO: UM ENSAIO DE UM CINEMA ATRAVS DA DIREO DE FOTOGRAFIA

  • Cornlio Cunegundes da Rocha

    Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Cinema e Audiovisual

    Integrante do projeto de pesquisa: Relaes entre gosto e padres imagticos [email protected]

    A representao da vida atravs das imagens algo recorrente na expresso humana desde os primrdios, em suas pinturas e desenhos nas paredes das cavernas. Ao longo do tempo, as artes visuais se desenvolveram, chegando ao que hoje se configura no cinema, dita stima arte: uma apresentao da realidade no apenas atravs da imagem, como tambm do som. Neste contexto, ao analisarmos o mito da caverna de Plato, podemos traar uma linha representativa do cinema diante das sombras que os homens viam dentro da caverna. No mundo sensvel, o qual os homens tinham acesso dentro daquele espao, as imagens criadas a partir da luz e sombra podem ser comparadas quelas criadas pelo diretor de fotografia em um filme; criar a iluso de uma realidade especfica para fazer-se crer no que est sendo contado. Dessa forma, o processo com que o mito - como um todo - se constri, pode ser interpretado como uma construo imagtica cinematogrfica, quando, por fim, um dos homens sai da caverna e descobre o mundo real, voltando para contar aos companheiros o que viu, pode-se configurar uma percepo do espectador diante de um filme, associando a obra com a sua prpria vida, entendendo as semelhanas do real e do fictcio para se questionar sobre algo. HISTRIA E MEMRIA NO PENSAMENTO DE HANNAH ARENDT: A RUPTURA ENTRE PASSADO E FUTURO

    Daniella Miranda Santos (UESB)

    Integrante do Grupo de Pesquisa Fundamentos em Memria, Religio, Imagem e Educao.

    Bolsista da Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior.

    [email protected] Alm de analisar a relao entre histria e memria no pensamento de Hannah Arendt, esta comunicao oral tambm objetiva abranger a sua compreenso a respeito de uma histria no-linear. Contudo, no se objetiva delimitar de modo exguo quais seriam as definies de histria e memria na obra de Hannah Arendt. Busca-se a anlise dos conceitos de histria e memria, dentro da concepo de ruptura entre passado e futuro que ela estabelece em seus estudos, passando pela diluio da tradio e da ausncia do que a autora chama de testamento moral, tomando por base, em especial, a obra denominada Entre o Passado e o Futuro, de 1968. Com o propsito de impedir o ressurgimento de um novo estado totalitrio de natureza, segundo o pensamento de Hannah Arendt, surge a concepo do "direito a ter direitos", pois sem ela no se trabalha a igualdade que requer o acesso ao espao pblico, pois os direitos no so dados, mas construdos no mbito de uma comunidade poltica. Dentro dessa perspectiva a memria poltica velada era o meio utilizado pelos prprios cidados como uma espcie de esquecimento consensual, impulsionado pelos regimes totalitrios e autoritrios que visavam o esvaecimento da memria. por tudo isso que se estabelece, uma memria

  • oficial que no corresponde a real, objetivando a excluso de eventos histricos reais que comprovam o absoluto desrespeito aos grupos que possuam causa polticas derrotadas. Seria preciso recuperar o passado atravs das memrias esquecidas. Tem-se claro que a construo da memria se opera na correlao entre lembrana-esquecimento, no entanto, quando se altera o andamento natural dessa consolidao modificando-o, preciso reconstruir o passado, com vistas a uma garantia de presente. Alm disso, neste estudo encontram-se consideraes a respeito do conceito de imortalidade, assim como do apagamento consciente de documentos e acontecimentos pela histria linear e a importncia de compreender as lacunas histricas edificadas sob as rupturas, visando modificar a compreenso do presente a partir do passado. DIREITO DAS FAMLIAS: ENTRE A TICA DA VIOLNCIA E A TICA DO AFETO

    Diego Carmo de Sousa

    UESB, Graduando em Filosofia Bolsista do PIBID/Filosofia

    [email protected] Toda mudana traz em si certa temeridade e resistncia por parecer contrariar o que considerado como bom, desejvel ou verdadeiro. No foi diferente com o surgimento da pluralidade de arranjos familiares e a resistncia do Direito em garantir-lhe proteo em nome da moral e da tica, concitadas como formas de adequao do convvio social. Ambas, tica e moral, tm em comum o fim de regulao das relaes humanas. Em nome da moral e dos bons costumes a histria do Direito da Famlia tem sido construda como histria de excluso, estabelecendo-se sob uma tica da violncia, entendida esta como um ato de fora contra a espontaneidade e a liberdade de algum. mister o reconhecimento de um princpio tico mnimo, assentado na aristotlica busca do bem e no reconhecimento da dignidade humana luz kantiana, eis que o Direito que no se estabelece em slidos alicerces ticos transforma-se em fora bruta. A negao de direitos civis e a colocao margem da sociedade de parcela da populao uma questo tica que merece ateno, porque desconsidera a autonomia e liberdade do indivduo em nome de uma moral excludente. A busca pela felicidade, ou do sumo-bem, princpio que pode ser extrado da dignidade da pessoa humana, conclama ao Estado reconhecer efeitos jurdicos aos mais diversos arranjos familiares, haja vista a inexistncia de ofensa a direitos de terceiros ou interesse coletivo ou social que poderia impedir a regulamentao dessas unies. O Estado deve garantir o bem-estar dos seus cidados, no podendo negar direitos a quaisquer grupos de pessoas baseado exclusivamente na moral majoritria Nesse sentido, necessria a substituio dessa tica da violncia por uma tica do afeto, onde ele o afeto deve ser entendido como uma realidade digna de tutela. A LIQUIDEZ COMO CARACTERSTICA DO INDIVDUO NO DIAGNSTICO DA PS-MODERNIDADE EM ZYGMUNT BAUMAN

    Diemerson Moreira Dias

    Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Filosofia [email protected]

  • A contemporaneidade apresenta-se como um cenrio instigador para a reflexo filosfica. O presente trabalho pretende abordar a temtica do indivduo no contexto ps-moderno, partindo da viso filosfica/sociolgica de Zigmunt Bauman, que fornece um diagnstico das inmeras faces da sociedade atual, paralisada pelo medo e perpassada pelo consumo de bens materiais e imateriais. No presente trabalho pretendemos apresentar a mudana paradigmtica que ocorreu na passagem da modernidade slida modernidade lquida, como apresentada por Bauman. A modernidade lquida se instaura na refutao e negao dos valores e anseios da modernidade slida. No convencida dos ideais utpicos de sua antecessora, ela presencia o fracasso dessa confiana na razo, em detrimento experincia do momento. Procuramos reconstruir a gnese da vivncia na era da liquidez, nas variadas instncias da sociedade, atravs das suas caractersticas mais marcantes, tais como, fluidez, instabilidade de valores e perda da identidade. A modernidade slida apresenta seu projeto de racionalizao e como ele se aplica nos mais diversos campos da sociedade, dentre eles, o trabalho e a moral. A marca caracterstica dessa sociedade expressa na confiana que o homem deposita na razo, como fundamento capaz de sanar as mazelas humanas e sociais, cuja pretenso era a de criar para si fundamentos duradouros atravs do uso da razo. Faremos uma anlise da postura do indivduo frente a essa realidade lquida constatada por Bauman. O indivduo, enquanto resultado desse perodo histrico, se apresenta como ser que restringe o seu campo de atuao a si mesmo buscando o seu bem estar focado no presente. O consumismo representa um paliativo para esse homem que se encontra desvinculado de relaes slidas e duradouras. O estado, atravs da sua construo poltica e tambm das suas diversas instncias organizadoras da vida social, pouco representa para o indivduo ps-moderno medida que ele se isenta de um cuidado efetivo para com o bem-estar social. O resultado da presente reflexo visa expor e defender a ideia diretriz de que a fragilidade dos laos humanos traz srias consequncias para a postura do indivduo. A chamada crise do indivduo, que hoje vigora, pode ser ilustrada pelo modo de vida caracterstico da era ps-moderna: indivduo angustiado e farto de um estilo de vida que, por ser momentneo, no lhe garante uma felicidade duradoura. O indivduo, na era da liquidez, introjeta essa caracterstica, isentando-se de formular projetos em longo prazo que possam contribuir para uma mudana social. HLDERLIN, DIPO REI E A CONCUPISCNCIA DA RAZO

    Elton Moreira Quadros Doutorando em Memria: linguagem e sociedade da UESB

    Bolsista Capes [email protected]

    A tragdia dipo Rei de Sfocles est entre as mais representadas, vistas e estudadas da histria. No entanto, quando nos deparamos com a perspectiva interpretativa apresentada pelo poeta-filsofo Friedrich Hlderlin (1770-1843) que, localiza, no desejo tirnico de conhecer a verdade, manifestado por dipo, o ponto de culpabilidade dessa personagem, ficamos surpreendidos, uma vez que o comum da crtica trata dipo quase como um heri. Hlderlin, apesar de colocar uma nfase no valor da poesia, nunca perdeu de vista o valor da filosofia para a compreenso da vida e para o desenvolvimento de uma viso de mundo vigorosa. Por isso, ao meditar sobre a tragdia de Sfocles, o poeta alemo, busca aproximar filosofia e arte (poesia trgica). O que a ao desenvolvida na

  • tragdia de Sofcles seno esse excesso por saber e apropriar-se do destino? O desejo de dipo em que a verdade seja desvelada, no em si inapropriado, o problema, segundo Hlderlin, est no seu desejo de, confiando em sua prpria capacidade investigativa, ser o juiz e ru de seu prprio processo. Para Hlderlin, foi a tentao da interpretao demasiada e furiosa que jogou dipo na direo da loucura (nefas). A desmesura interpretativa de dipo parece perseguir a humanidade como um todo por ser esta uma procura que subjaz em um problema criado pelo prprio homem, a loucura de dipo, consiste num desejo comum dos homens o seu desejo desmesurado de conhecer. Na modernidade assistida por Hlderlin, a cincia, muitas vezes, parece retomar esse desejo desmesurado. sobre esse tema, a desmesura interpretativa ou, dito de outro modo a loucura da razo em dipo que esta comunicao pretende refletir demonstrando que possvel propor reflexes significativas a partir de uma obra de arte, no caso, de uma tragdia grega. O ANNIMO DE JMBLICO E A CRTICA IDEIA DE JUSTIA NATURAL

    Fabrcio Soares Santos Fontes Universidade Federal de Minas Gerais- UFMG

    Mestrando em Histria da Filosofia Antiga e Medieval [email protected]

    Entre as muitas questes relacionadas justia discutidas em Atenas no sculo V a.C. est aquela relativa a como os homens devem agir frente aos outros indivduos na organizao poltica em que esto inseridos. Para responder essa questo era necessrio explicar porque os homens so diferentes uns dos outros, se por natureza ou educao, e se essas diferenas fundamentam a privilgios de uns sobre outros. O ponto de partida a constatao de que, quer por dotes naturais, quer por educao ou por uma combinao de ambos, notrio o fato de que os indivduos so diferentes e que apresentam capacidades desiguais para os diversos tipos de atividades realizadas pelos humanos, sendo uns mais fortes e resistentes fisicamente, alguns mais hbeis na poltica ou administrao que outros. J que essas diferenas existem e se podemos considerar certas pessoas melhores que outras em diferentes aspectos, justo que todos sejam tratados igualmente, ou os melhores tm o direito natural de dominar os piores? Se a lei ordena a igualdade e a natureza faz os humanos desiguais, os superiores devem ignorar a lei convencional e seguir a natureza? O Annimo de Jmblico discute essa questo, em polmica com a opinio que vemos exposta por Clicles no Grgias: Clicles afirma que os preceitos de igualdade e justia convencionalmente seguidos so artifcios sem valor e defende que por natureza justo que o melhor se sobreponha ao pior, o governe e use suas capacidades em benefcio prprio; o Annimo de Jmblico explica porque isso no poderia ocorrer e porque esse tipo de pensamento o mais danoso para os homens, fundamentando-se na importncia da lei para a vida humana e numa definio de excelncia diferente daquela defendida por Clicles. ENSAIO DE PENSAMENTO SOBRE TICA

    Gluber Clinton Brito de S Universidade Estadual do Sudeste da Bahia - Filosofia

  • [email protected]

    Quando ouvimos falar em liberdade e igualdade, h consenso de que so direitos naturais do homem. Ao passo que honestidade, altrusmo, concrdia, equidade so caractersticas universalmente boas sem que contra isso haja voz que se levante. Mas de onde vem a universalidade desses conceitos? O que poderia torn-los absolutos? Ou, colocando de forma contrria, tendo em vista a desonestidade, a misantropia, a delinquncia. Que os fazem maus? E, para ir at o extremo, o extermnio, o genocdio, o estupro... De timo a horrendo, em muitas gradaes, classificamos comportamentos e aes. Mas na natureza nada disso existe. Tudo dividido em um s critrio: natural. Que novidade essa que a razo fez presente? E o que, pois, pode fundamentar a diferena entre o bem e o mal? verdade que questionar os princpios em que baseiam a sociedade e a paz tratar de tema deveras crespo. Porm, um dos maiores males que padecem o verdadeiro exerccio do pensamento submeter o raciocnio a qualquer outro julgo que no seja a razo. De fato, ns, alm de indivduos pertencentes e submetidos sociedade, s supersties, s emoes e cultura, padecemos ainda de sermos objetos de nosso estudo, e assim h uma forte barreira imparcialidade. O esforo de nos afastar de ns prprios e de nossas emoes um tanto praticvel, mas tal xito impossvel. Tomo, pois, a inocente posio de quem tenta se destitui de si mesmo e suas emoes pra construindo um raciocnio, tanto quanto possvel, perseguidor da razo. Este trabalho, portanto, no tem nenhum interesse na demolio daqueles preceitos que guiam a sociedade e, sem os quais, pereceramos no caos e na insanidade. A inteno fixa-se unicamente na investigao desses princpios e na separao do joio e trigo. O PROCESSO DE SIGNIFICAO EM JACQUES DERRIDA

    Jeanne Cristina Barbosa Paganucci (Mestranda/UESC) [email protected]

    lida Paulina Ferreira (UESC)

    [email protected] O trabalho anseia apresentar algumas reflexes acerca de um dos problemas que perpassa o projeto epistemolgico ocidental de lngua(gem), discutindo o modelo de representao, em que a linguagem alm de no ser transparente, tambm no h um significado transcendental. Para substancializar a discusso, parte-se do texto Notcia de um assalto inusitado de Ferreira Gullar, onde traz em seu arcabouo, inquietaes que diz respeito limitao da representao do signo, a relao significado/significante. Partindo desse lugar, a anlise debate o posicionamento de Jacques Derrida (2004) que vem constituindo jogos de possibilidades, ao mesmo tempo em que projeta a diffrance (diferena). A partir da crnica de Gullar (2008), que traz inquietaes e afirmaes acerca da linguagem, do sentido e dos problemas que perpassam a representao do pensamento e da coisa em si, observa-se que o autor substancializa seu texto com as palavras, a respeito do perfume das flores e o modo de represent-las, envolve as discusses em torno da significao, que, como afirma o autor todas as explicaes no explicam tudo porque o perfume do jasmim qualquer perfume intraduzvel em palavras. Com o intuito de explanar sobre a significao, a crnica torna transparente algo sobre a linguagem, de que no mundo, conforme Jacques Derrida (2004), tudo se

  • apresenta como linguagem. A linguagem est em toda parte, no mundo, nas coisas, nos seres, no perfume, no ar, em cada vida, e, de algum modo, apresenta e representa sua prpria linguagem. Com isso, a palavra, em si, no d conta de representar tudo o que h, como o perfume do jasmim. ASPECTOS DA MORAL PROVISRIA

    Jos Carlos S. Rocha Costa Graduando do Curso de Licenciatura em Filosofia (5 Semestre)

    Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Bolsista da Fundao de Amparo Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB)

    [email protected] A concepo de conhecimento cartesiano apresenta-se pela imagtica metfora da rvore, cujas razes so a metafsica, o tronco a fsica e os ramos so a medicina, a mecnica e a moral. Nesta perspectiva, a moral o coroamento do conhecimento cientfico, porm tal moral cientfica ou definitiva nunca foi escrita pelo autor, o que no significa, por outro lado, que no haja um pensamento moral na filosofia cartesiana. O conhecido intrprete brasileiro, Lvio Teixeira, considera que Descartes no poderia escrever uma moral definitiva, pois seria impossvel conceber, dentro da estrutura lgica do seu pensamento metafsico, uma ideia clara e distinta que correspondesse a uma moral com essas caractersticas. Em contrapartida, em alguns textos de sua obra, como o Discurso do Mtodo, a Correspondncia com Elizabeth e o Tratado das Paixes da alma Descartes se ocupa de questes morais, tendo como fim principal a noo de virtude e diretrizes de conhecimentos prticos em relao vida. O presente trabalho tem como objetivo acompanhar, de forma concisa, os caminhos que deram origem moral provisria, como tambm trazer para reflexo o problema da moral definitiva ou uma possvel moral cientfica, como uma provocao aos participantes da IV semana acadmica de filosofia. NOTAS SOBRE A CAUSAO MENTAL EM DONALD DAVIDSON E JAEGWON KIM

    Jos Renato Freitas Rgo Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

    Licenciatura em Filosofia Grupo de Estudos em Filosofia da Mente e Linguagem - UESB

    [email protected] Este trabalho est inserido no contexto das leituras, pesquisas e discusses coletivas realizadas no Grupo de Estudos em Filosofia da Mente e Linguagem UESB, e faz parte de um plano de pesquisa mais amplo (e apenas no incio) no campo da causao mental. Para esta comunicao oral, os objetivos so: (01) identificar, a partir da leitura da literatura especializada em Filosofia da Mente (atravs de um recorte da filosofia contempornea), o que causao mental (ou causao psicofsica termo utilizado para definir o campo das interaes causais entre estados mentais e fsicos) e quais as principais teorias sobre o tema; e (02) analisar, mais pormenorizadamente, o trabalho de Donald Davidson e Jaegwon Kim no que diz respeito causao mental. Trata-se, portanto, de uma pesquisa de reviso bibliogrfica sobre o tema da causao psicofsica, especificamente quanto ao

  • trabalho dos autores mencionados. Donald Davidson rejeita o epifenomenalismo (tese segundo a qual os estados mentais no causam eventos fsicos) e defende que os estados mentais so capazes de influenciar no mundo fsico sua tese conhecida como monismo anmalo. Esta posio criticada por Jaegwon Kim, para quem o monismo anmalo parece retirar dos estados mentais qualquer relevncia no mundo fsico, no que se assemelha ao epifenomenalismo. AS DISTINTAS PERSPECTIVAS DO EU ENQUANTO CONSCINCIA EM DESCARTES E HUSSERL

    Karine Boaventura Rente Santos Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

    Licenciatura em Filosofia Participante do PIBIC pela FAPESB e do grupo de estudos Cincia e Existncia.

    [email protected]

    O presente trabalho tem por intuito tratar dos distintos conceitos de eu enquanto conscincia apresentados na obra de Descartes e de Husserl e, por conseguinte, o papel destes em suas filosofias. Anlise que se justifica dada a importante ruptura que os dois filsofos impuseram ao pensamento vigente e que repercutem, por sua vez, na histria da Filosofia. Se, por um lado, o mtodo cartesiano chega necessidade de partir daquele que conhece para o que passvel de conhecimento rompendo com o paradigma de ter a realidade como objeto primeiro na investigao da verdade , por outro, a fenomenologia husserliana diverge dele ao estabelecer a relao inquestionvel de cogito-cogitatum, o que acarreta que a conscincia apresente-se necessariamente enquanto conscincia de algo e no apenas substncia pensante em si e por si alterando novamente a ideia de possibilidade de efetivao do conhecimento. O exame dessas diferentes orientaes nas quais o ego cogito assumir a forma de res cogitans e de eu transcendental a questo em que o texto se detm. A CONSTRUO SOCIAL DA ESTTICA FEMININA NA PS-MODERNIDADE E SUA RELAO COM O CAPITALISMO NO BRASIL

    Larissa Silva Alves Universidade Estadual do sudoeste da Bahia- UESB

    Curso Cincias Sociais [email protected]

    A idealizao do padro de beleza feminino na ps-modernidade tornou-se uma premissa discursiva visando a mulher na sociedade como objeto mercadolgico. Assim, a concepo de tica e moral, na formao desse gnero, como uma tendncia derivada do sistema conceptual colonialista europeu, mais diretamente do povo norte americano, incide na formao identitria brasileira. Como um esteretipo que se adequa ao capitalismo exacerbado e colonizador americano, o propsito principal desse pensamento consiste em sua incorporao ao padro social da alta classe. A montagem e desmontagem da esttica feminina nessa perspectiva relativamente histrica e miditica, em que a

  • burguesia define e determina quais tendncias adotadas pelo mercado globalizador deva submeter e alienaras classes menos favorecidas. ORIGEM E FIM DO TRGICO NO JOVEM NIETZSCHE

    Leonardo Arajo Oliveira Universidade Estadual Jlio Mesquita Filho - UNESP

    Mestrado em Filosofia Bolsista CAPES

    [email protected]

    A presente comunicao acompanha as ideias de Nietzsche expostas em sua obra de juventude, O nascimento da tragdia, descrevendo o processo pelo qual o esprito trgico passa, de sua gnese at o estado em que o autor concebe como sua morte, tendo como figuras fundamentais de sua origem Apolo e Dionsio, e de seu fim, Scrates e Eurpedes. Dois dos fenmenos mais investigados e comentados por Nietzsche durante toda sua produo escrita foram a arte e a religio. Tais objetos de estudo se apresentam como fundamentais desde O nascimento da tragdia, sua primeira obra publicada. Nietzsche parte da ideia de que o grego era dotado de aguda sensibilidade e que diante da sabedoria de Sileno segundo a qual o melhor para o homem seria no ter que nascer e logo morrer foi impelido a criar arte e religio para no sucumbir. Nasce a poesia homrica que, trazendo brilho e beleza, representa o pice de uma arte propriamente apolnea. A arte salva o grego da sabedoria popular pessimista e ainda outra vez da barbaridade natural do instinto dionisaco, o que possibilita uma articulao entre Apolo e Dionso que no se pauta na oposio dos dois princpios, revelando uma oposio mais fundamental: a arte trgica contra a racionalidade socrtica, representada pela nova tragdia de Eurpedes. TICA COMO UM SISTEMA METAFSICO DE INVESTIGAO DA NATUREZA (MORAL) DO SER

    Lucimarcos Santos de Souza Psicologia UFBA-IMS\CAT

    [email protected] A tica kantiana vem contrapor, sobretudo a moral do corao de Rousseau e ainda a moral observada de forma emprica por Hume que afirmava estar ligada intimamente com os impulsos e as paixes humanas. Kant afirma a razo como sendo base de toda ao humana que recebe valor moral. Segundo ele uma Lei moral, nos diz a maneira correta de cumprir o dever. De uma forma ampla, tal lei enuncia devemos cumprir o dever pelo dever essa exigncia para Kant, tem a forma de um Imperativo categrico. Opondo-se aos Imperativos hipotticos, pautados nos resultados e possveis consequncias da ao, os imperativos categricos so obrigaes absolutas numa norma de carter racional que exige a dominao dos desejos, cumprindo assim o dever de forma pura. Lembrando que tais imperativos no inibem a liberdade do sujeito moral, j que a liberdade consiste justamente na ao de base racional. Fazendo uma relao com a felicidade em Aristteles, a obra tica o Nicmaco ele observa que tudo o que fazemos visa alcanar aquilo que imaginamos como sendo o bem. Assim perguntando pelo sumo bem encontra o conceito

  • de eudaimonia ou vida feliz. Todos os bens a princpio tomados como objetivos so na verdade meios para que se possa alcanar a felicidade, isso porque s nos tornaro mais felizes as atitudes mais prximas daquilo que essencialmente humano: a atividade racional. Posso fazer agora um contraponto entre a tica eudaimnica de Plato e Aristteles e a tica deontolgica de Kant. Se na primeira as aes humanas so voltadas para a busca de algo alm do desejvel, ou seja, a procura pela vida feliz e aceitando que isso s alcanado atravs da contemplao, percebemos que numa perspectiva kantiana a atividade humana que recebe valor moral aquela desenvolvida tambm atravs da atividade racional. Encontramos a um possvel ponto de conversao entre as duas vises ticas. A razo como base para a busca de algo que seja a felicidade, ou a ao moral. Concluindo, penso que numa perspectiva metafsica podemos discutir a tica como um sistema que nos permite compreender a natureza do ser. CIORAN: APONTANDO S MARGENS

    Luiz Cludio Luciano Frana Gonalves UESB - Filosofia

    Pesquisa institucional: Ethos e experincia esttica em Emil Cioran [email protected]

    Em episdio especfico de sua obra La chute dans le temps, publicada pela primeira vez na Frana em 1964, Emil Cioran, autor romeno de expresso bilngue, prope uma reflexo em torno das noes de maladie (doena) e lucidit (lucidez), ambos termos de tratamento idiossincrtico por parte do autor. No recorte aqui imposto obra em questo, a reflexo de Cioran mobilizada pelo cruzamento de dois ensaios: Sur la maladie (Sobre a doena) e Le plus ancienne des peurs (O mais antigo dos medos). No primeiro ensaio, Cioran prope, em chave dir-se-ia existencial, uma discusso em torno da doena, de sua presena e pronncia no mundo humano, no apenas como enfermidade fsica ou mental crnica ou aguda, real ou imaginria , mas tambm como perturbao espiritual. Dilatando o universo semntico revelado e deflagrado pela discusso, o autor estabelece um fecundo dilogo com o que entende por lucidez (noo decisiva na conformao da viso de mundo cioraniana), considerada, em linhas gerais, como a concluso (aboutissement) do processus de rompimento entre o indivduo humano e o mundo. No segundo ensaio, em estreita ligao com o anterior, Cioran prope a discusso de alguns dos elementos centrais e exemplares recolhidos da novela de Tolstoi A morte de Ivan Ilich, publicada originalmente em 1886. Em O mais antigo dos medos, orientada pela permanente remisso discusso exposta em Sobre a doena, a ateno de Cioran se volta, predominantemente, para o drama fsico e espiritual de Ivan Ilich, pelo exame da complexa trama que envolve o protagonista em sua situao irrevogvel de malade. A presente comunicao se coloca entre os dois ensaios, e pretende se inscrever margem de uma particular citao, recolhida de Cioran, a partir da qual revelam-se vestgios da relao interna entre maladie e lucidit, panorama que faculta ao autor uma viso desencantada da prpria condio humana, ao discutir alguns de seus temas radicais, tais como a liberdade, o ressentimento, a culpa, a sordidez e a esperana. A LIBERDADE, A MENTE E O CORPO NA FILOSOFIA SPINOZANA

  • Marclia de Almeida Silva Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

    Curso de Filosofia Bolsista PIBID/FAPESB [email protected]

    Ivanete da Paixo Vieira de Almeida

    Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) Curso de Filosofia

    Bolsista PIBID/FAPESB [email protected]

    No pensamento spinozano as unidades entre o corpo e a mente inserem o indivduo na natureza. Atravs da juno dessas potncias, torna-se possvel pensar a liberdade humana como um conhecimento das essncias singulares. A mente e o corpo formam uma unidade, expressa em atributos diferentes: mente, que a ideia do corpo, corresponde ao atributo pensamento, j o corpo, que o objeto da mente, corresponde ao atributo extenso. Esses, por sua vez, se exprimem de formas diferentes. Ao falar sobre a relao entre a mente e o corpo, devemos entender tambm os atributos que so expresses de uma nica e mesma realidade da substncia divina, que Deus. Esses atributos so infinitos, pois sendo Deus, potncia absoluta e infinita, possui tambm propriedades infinitas. Porm, desses atributos, ns s conhecemos dois, o Pensamento e a Extenso, que se concebem por si mesmos e, neste sentido, um no limita o outro. No entanto, Spinoza identifica liberdade como necessidade e diz que o segredo da alma humana est em conhecer essa necessidade. Ao afirmar que algo necessrio, nada mais , para Spinoza, que dizer a sua existncia, pois o homem livre deve viver segundo o parecer da razo, procurando agir e viver conservando o seu ser com base na busca do que lhe til. Este homem livre, ao qual se refere Spinoza, deve buscar aquilo que lhe seja favorvel sem obedecer a ningum, apenas a si mesmo. Portanto, tal homem, segundo Spinoza, deve buscar o verdadeiro conhecimento que seja claro e distinto para as suas necessidades, tendo em vista os seus afetos. A partir destes pressupostos bsicos, o homem poder pensar sobre a vida, almejar e praticar o bem e respeitar as leis sociais. Com base no pensamento de Baruch Spinoza, analisaremos, sucintamente, os conceitos de Corpo, Mente e Liberdade, procurando demonstrar que possvel ao ser humano se libertar de uma paixo escravizadora e alcanar uma vida livre. UMA REFLEXO ACERCA DA RELAO ENTRE TCHNE E EPISTEME NA FILOSOFIA ARISTOTLICA

    Maria Eduarda Bandeira Cardoso dos Santos Universidade Estadual de Santa Cruz UESC

    Especializao em Epistemologia e Fenomenologia [email protected]

    A presente comunicao resulta do plano de trabalho intitulado "A distino entre tchne e episteme na tica a Nicmaco de Aristteles vinculado ao projeto de pesquisa A noo de tchne em Plato e Aristteles (FAPESB), que teve como objetivo principal estudar de modo geral a obra tica a Nicmaco, mais especificamente o livro VI, para analisar e

  • compreender o que Aristteles entende por tchne, qual a relao existente entre ela e a episteme e como essas se relacionam com as outras disposies humanas, a saber: a phronesis (sabedoria prtica), a prxis (ao) e a poiesis (produo). Os termos techne e episteme aparecem em diversas passagens da obra do filsofo e so empregados por Aristteles de modo similar ao modo como eram usados pelos autores anteriores a ele, que os empregam como semelhantes, como podemos verificar em alguns escritos de seu mestre, Plato. Apesar de Aristteles empregar os dois termos como prximos na Poltica, parece haver uma tentativa de distinguir e delimitar os mbitos prprios de cada um na Metafsica e na tica a Nicmaco. Dessa forma, se buscar esclarecer e mapear o contexto em que ambas as noes aparecem nas obras e constatar qual a relao que Aristteles estabelece entre essas duas noes. A FELICIDADE DIANTE DO ANTAGONISMO IRREMEDIVEL ENTRE AS EXIGNCIAS DO INSTINTO E AS LIMITAES DA CULTURA

    Marilene Meira Rocha Silva Graduada em filosofia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

    [email protected] O debate sobre a felicidade perpassa toda a histria da filosofia. Desde a antiguidade, os filsofos tentam definir o que a felicidade, ao mesmo tempo em que buscam desvendar os caminhos que devem ser trilhados para alcan-la. Mas, apesar de a felicidade ter sido um tema bastante discutido, nunca houve um consenso a respeito do seu sentido; so mltiplas as vises apresentadas acerca desse conceito. Em cada tempo histrico, a felicidade foi tendo uma dimenso diferente na vida dos indivduos; consequentemente o seu conceito foi sendo modificado. Na idade clssica, a felicidade era entendida como o sumo bem, ela estava relacionada ao cultivo das virtudes cvicas e sua realizao dependia das aes polticas dos indivduos. J no perodo medieval, a felicidade ainda continua sendo o bem supremo, no entanto, a sua concretizao passa a repousar em um mundo transcendente. Na modernidade a busca pela felicidade permanece, contudo, ela deixa de ser a finalidade da moralidade como era at ento. O pensamento contemporneo abre diferentes perspectivas na investigao da felicidade. Dentre elas, temos Freud, que apresenta uma noo de felicidade completamente distinta destas supracitadas. Ao investigar o comportamento dos homens dentro da cultura, levando em conta os fenmenos dos processos psquicos, Freud constatou que a felicidade humana irrealizvel, devido ao seu alcance implicar na realizao de desejos que so reprimidos pela cultura. Alm disso, a dificuldade do homem para ser feliz, deve-se tambm s limitaes impostas pela sua prpria constituio psquica, que no consegue experimentar um estado prolongado de felicidade. De acordo com Freud, esta consiste na vivncia de prazeres intensos, sendo a busca pela felicidade norteada pelo programa do princpio do prazer, que tem como meta, a satisfao dos desejos. Entretanto, sua finalidade diverge dos objetivos da civilizao, que precisa interromper a satisfao do instinto em favor do seu desenvolvimento, isso coloca o homem frente a uma frustrao que lhe faz experimentar a infelicidade. UMA LEITURA SOBRE O TEMPO NO ROMANCE DE MARCEL PROUST: O TEMPO RECUPERADO

  • Maykon dos Santos Marinho

    Graduado em Enfermagem pela UFBA Mestrando do PPGMLS/UESB. Bolsista pela CAPES.

    [email protected]

    Luciana Arajo dos Reis Ps-Doutora em Sade Pblica pelo Instituto de sade Coletiva da UFBA.

    Doutora em Cincias da Sade (UFRN). Professora Adjunta da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

    Professora Titular e Gerente de Cursos FAINOR. [email protected]

    Os instrumentos de contagem e medio do tempo so aspectos essenciais para a nossa percepo temporal. De certa forma, o relgio impe ritmo ao cotidiano das pessoas e os calendrios contam os anos, ditando a cadncia de nossas vidas. Hoje, somos prisioneiros do tempo contado em segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, dcadas e milnios, ou seja, ns, habitualmente, seguimos calendrios e agendas sem questionarmos o sentido do tempo. Adotamos e manifestamos uma vivncia cronolgica do tempo de forma intuitiva, tendo o tempo como algo que flui lenta ou aceleradamente. Na maioria das vezes, costumamos desenvolver nossas atividades no pela necessidade, mas porque est na hora. Assim, o presente trabalho teve como objetivo refletir sobre o tempo proustiano e o rompimento da temporalidade enquanto sucesso linear. Para tanto esse estudo apresenta as anlises de Marcel Proust, presente na obra Em busca do tempo perdido. A percepo do tempo na obra de Proust transcende o tempo social e cronolgico colocando-o numa escala subjetiva que recorre a experincias vividas para compreender as sensaes do presente. O presente, nesse sentido, posto como um ponto mvel determinado pela relao passado-futuro. Portanto o assunto principal da obra o Tempo. No um tempo exterior, linear e homogneo, mas um tempo durao, qualitativo e vivido. Proust rompe-se com a linearidade do tempo, transitando entre diferentes planos temporais, em movimentos descontnuos, em que a sucesso do tempo cronolgico perde a determinncia e aborda atos do presente para enunciar aspectos do tempo passado, ou vice-versa. Esse movimento difuso, anti-linear, se d devido a existncia de outra modalidade de temporalidade, chamada por Bergson de durao, que faz com que o tempo fuja da linearidade e da circularidade e avance por outras trajetrias. Assim, a durao se aproxima do tempo subjetivo, ao invs do tempo objetivo (cronolgico). o tempo das vivncias, das intensidades, o tempo que no est sob a gide da cronologia. A LUTA POR RECONHECIMENTO FEMININO ATRAVS DA ARTE DIFUNDIDA NAS REDES SOCIAIS

    Merabe Santos Silva Universidade do sudoeste da Bahia- UESB

    Curso Cincias Sociais [email protected]

    A internet protagoniza no sculo XXI um espao popular de fomento de demandas das diversas parcelas da sociedade Civil, os blogs e os websites deram incio ao uso da rede

  • como articulao dos movimentos sociais. Atualmente, as redes sociais tornam-se uma esfera importante para que tais movimentos se articulem e desenvolvam seus projetos de mobilizao da sociedade sobre os problemas, realidades e demandas que ainda no foram efetivadas. O movimento feminista se apresenta nessa esfera de comunicao das mais variadas formas, uma delas, que ganha fora principalmente no Facebook, o reconhecimento atravs da arte. Movimentos como "Mulheres nos quadrinhos", "Beleza real" e "Feminismo potico" trazem tona os desafios do reconhecimento feminino atravs do envolvimento da mulher na arte urbana e popular, um espao deveras ocupado pelos homens e que agora rene artistas de todos os lugares do pas. Os temas abordados por elas envolvem as questes sexistas, liberdade sexual, a crtica aos moldes de beleza e a violncia contra mulher em suas diversas faces. A importncia da internet se d no apenas pela vinculao dos contedos, mas pela alta capacidade de juntar esses grupos de mulheres que se reconhecem nos quadrinhos e poemas que refletem suas vivncias. A arte como contraponto para a visualizao dessas mulheres tendo a internet como o meio para difuso de suas demandas, faz com que haja adeso de mulheres e homens que reconhecem nas ilustraes no s uma resistncia, mas reivindicaes as realidades as quais mulheres so submetidas. A arte substancializa a luta dessas mulheres tornando as mulheres invisveis, visveis. COSMOVISO AFICANA NO BASIL: A METAMORFOSE DE UM CONCEITO (NO SENTIDO INVERSO DA LGICA DE KAFKA)

    Mickelle Xavier Santos Filosofia UESB

    [email protected] A concepo religiosa africana - alicerada na complementaridade, na oralidade e na ancestralidade - mostra uma legitimao da multiplicidade das divindades, em contradio evidente tradio europeia, que simplifica o mrito da criao e o status de deidade em uma presena divina s. Tudo o que no o pai de todas as coisas, satnico e inaceitvel. Se a ancestralidade a principal categoria da cosmoviso africana, constatado que ela toma o lugar das noes de paraso e inferno cultuadas na religiosidade europeia. As diversas religiosidades africanas aportaram no Brasil pelos escravos e foram colocadas em um terreno comum ao da tradio crist europeia. A cosmoviso africana no Brasil marcada ento pelo sincretismo religioso caracterstico do nosso pas. Entre as vrias correntes africanas que chegaram ao Brasil por conta da escravido, est o Candombl, que teria comeado a ser praticado no bairro Barroquinha em Salvador e teria se dividido em vrias naes pelo pas, em terreiros liderados por mulheres e que transmitem essa liderana geralmente para outras mulheres da mesma famlia. Todos os elementos dessa religiosidade distinta da tradio europeia so discriminados pelo senso comum, fato que mostra o carter do feio repudivel que nossa sociedade imprimiu cosmoviso africana desde a escravido. Esse panorama vem mudando e o combate ao preconceito tem promovido uma mudana em que os elementos da cultura africana passaram a ser includos por lei na educao pblica, como fruto da luta dos grupos negros contra o preconceito. Estamos assistindo na atualidade a essa metamorfose do conceito da filosofia religiosa africana onde o feio est virando humano.

  • SOBRE A REALIDADE DOS ESTUDOS CIENTFICOS. BRUNO LATOUR E A ANTROPOLOGIA SIMTRICA.

    Renato Pereira de Figueiredo Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

    Departamento de Cincias Naturais [email protected]

    Para falar um pouco a respeito das ideias do filsofo e antroplogo Bruno Latour nesta comunicao, apresento e discuto brevemente o artigo Referncia circulante. Amostragem do solo da floresta Amaznica, que encontra-se publicado no livro A Esperana de Pandora. Ensaios sobre a realidade dos estudos cientficos (LATOUR, 2001). Um dos textos de Latour que considero mais interessantes, Referncia circulante, oferece ao leitor o relato de uma prtica cientfica mais realista, a partir de uma pesquisa de campo realizada por uma expedio cientfica franco-brasileira na Amaznica Central em 1991. Esta equipe, formada por dois pedlogos (a pedologia uma das cincias do solo, no devendo ser confundida com a geologia, a cincia do subsolo), uma gegrafa e uma botnica tem por objetivo estudar o solo e a floresta para determinar se a savana que avana sobre a floresta ou o contrrio. Como antroplogos que vo viver entre tribos selvagens, Latour descreve de forma pormenorizada a prtica desses cientistas tentando demonstrar como acondicionamos o mundo em palavras. H, sem dvida, no pensamento de Latour, a generalizao de um princpio da precauo em relao ao binmio cincia-tecnologia, um sentido de reconciliao com o passado e com outras formas de conhecimento do mundo, bem como uma aposta nos coletivos que no se compem apenas de humanos. Latour toma a atividade cientfica como objeto de estudo para demonstrar que realidade e discurso so inseparveis, como so cultura e natureza e humanos e no humanos. No fundo, ele est atacando duramente o reducionismo biologizante, o cientificismo e a prpria noo da natureza como algo transcendente. Ainda que no seja tarefa fcil acompanhar o fluxo do pensamento do autor, as ideias de Bruno Latour promovem uma verdadeira reviravolta epistemolgica no estatuto da constituio do conhecimento cientfico da cincia portanto. Ao colocar a cincia na ordem do acontecimento, (e no da revelao), ele subverte radicalmente nossa percepo do mundo, quer nos definamos como modernos, antimodernos ou ps-modernos; relativistas, realistas ou construtivistas; adeptos da ideia da histria como um processo contnuo ou como uma srie de revolues polticas e epistemolgicas. FILOSOFIA DA NATUREZA: DISCIPLINA DEFUNTA? A JUSTIFICAO FENOMENOLGICO-HERMENUTICA

    Roberto Roque Lauxen Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB Curso de Filosofia

    Grupo de Pesquisa: Identidade, Reconhecimento, Memria e Diferena FAPESB [email protected]

    A filosofia da natureza parece possuir um objeto bem delimitado se dssemos a seguinte definio: ela se prope a abordar filosoficamente a natureza. Mas logo teramos no mnimo dois problemas: primeiro saber o que o filosfico no que diz respeito interpretao da

  • natureza e, segundo, se este mtodo de abordagem ainda se presta para a anlise do objeto em questo, ou seja, se a natureza se deixa analisar filosoficamente, j que a cincia tem assumido este lugar com um destaque incontestvel. Uma vez que a filosofia da natureza no procura competir com a cincia, talvez a interpretao filosfica da natureza pudesse preencher as lacunas do olhar restrito das cincias empricas, mas em que sentido poderamos propor esta tarefa? A perspectiva metafsica tradicional procurou pelo ser da natureza, porm, a partir de Kant, tornou-se difcil qualquer acesso no crtico para tal empreendimento. Ele ps fim pretenso filosfica de um saber metafsico da natureza. A busca pelo saber da natureza passa ento pelos critrios epistemolgicos. A partir deste visada, que julgamos sem retorno, poderamos perguntar: mas qual epistemologia? Nosso trabalho investiga a posio fenomenolgica para a compreenso da natureza luz de uma crtica concepo clssica e epistemolgica. A fenomenologia sempre pergunta sobre como a minha conscincia, que compreende a natureza, j possui em si mesma uma orientao para a coisa que deve ser explicitada antes de qualquer posio objetivadora que tenta neutralizar essa visada. Nossa tese que para que uma filosofia da natureza seja possvel preciso superar a epistemologia kantiana abrindo espao no para uma metafsica da natureza, mas para uma compreenso hermenutica da natureza na qual possamos explorar as diferentes interpretaes do conceito de natureza. REFLEXES DELEUZEANAS PARA UMA ANLISE DO PLANO CINEMATOGRFICO

    Rogrio Luiz Silva de Oliveira Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

    Curso de Cinema e Audiovisual (UESB) Trabalho vinculado ao grupo de pesquisa Cinema e Audiovisual:

    memria e processos de formao cultural. [email protected]

    A comunicao prope a exposio do resultado de uma investigao dedicada relao entre o conceito de memria e a cinematografia, neste caso entendida no como um conjunto de filmes, mas como sendo o trabalho do diretor de fotografia no Cinema. Para tanto, considera-se o pensamento do filsofo Gilles Deleuze, de onde so retirados os argumentos necessrios reflexo sobre o processo de construo do plano cinematogrfico, da perspectiva da fotografia. Valendo-se desta ferramenta terico-analtica, que emerge da interlocuo com as elaboraes filosficas deleuzeanas, procura-se compreender qual o papel do diretor de fotografia na construo dos planos da narrativa flmica e de que modo sua memria serve o processo criativo. A investigao dialoga com os dois trabalhos de Gilles Deleuze dedicados ao cinema: Imagem-movimento: cinema 1 e Imagem-tempo: cinema 2, escritos onde pode-se encontrar um mtodo de anlise flmica. Alm disso, leva-se em considerao o livro Proust e os Signos, no qual Deleuze prope uma criao conceitual baseada na literatura de Marcel Proust e que inspira a elaborao de uma metodologia para a anlise de planos de um filme. Deste ltimo trabalho, possvel extrair um entendimento de memria que Deleuze, por sua vez, apreende da literatura proustiana a fim de buscar compreender o fenmeno mnemnico embutido na prtica fotogrfica do cinematgrafo. Ainda de inspirao deleuzeana, a comunicao buscar destacar os autores com quem Deleuze dialoga, a fim de construir sua ferramenta analtica, a exemplo do semioticista Charles Sanders Pierce. Este trabalho prope, por fim, uma reflexo em tom de indagao no sentido de exercitar

  • as possveis relaes entre os signos fotogrficos da imagem cinematogrfica e o conceito deleuzeano de memria. A RELAO DO TRGICO E O FILME O STIMO SELO

    Sinara Leite Queiroz Graduada em filosofia - UESB

    [email protected]

    O trgico est relacionado s artes e a vida humana em geral. Seu incio acontece atravs do pensador Aristteles e antes de tudo uma imitao de acontecimentos que provocam piedade e terror, alm de ocasionar a purificao dessas emoes. O filme de Ingmar Bergman trgico e potico ao mesmo tempo, algum tem que morrer por alguma razo. Logo, a epopeia mais importante a tragdia, pois esta racional sem o mediador. Aristteles inventou a Grcia nos seus livros, somente ele, e que transformou nas tragdias, sobre a potica e a arte em geral, das artes imitativas. Pelas representaes as melhores estavam tragdia e a epopeia, esta uma imitao pela ao ou narrativa, e as piores eram as comdias. Com a leitura do filme O Stimo Selo de Ingmar Bergman perceberemos como se apresenta o trgico que a princpio comeou pelo pensador clssico Aristteles. Veremos as nuances de como as pessoas num perodo da Idade Mdia tinham medo de tudo, e acreditavam nos rituais e em castigos enviados por Deus. Mas tambm havia pessoas que so cticas e que definiam seu conhecimento alm da f. Segundo o filme, ele saber explorar o trgico, as peas teatrais, as artes como as pinturas, as msicas e as melodias. As artes em geral so belas e perfeitas. Atravs das artes citadas atravs do homem pode-se fazer sua prpria interpretao de maneira mais profunda, para alm desse mundo filosfico. Podemos compreender que as artes elevam o intelecto humano, a sua maneira de viso global se torna mais profunda, bem como atinge uma srie das especificidades a que o indivduo necessita do conhecimento. A metodologia utilizada a partir da reviso bibliogrfica. E a tragdia, por exemplo, no h um cunho moral. A partir da anlise da tragdia grega como gnero literrio, Nietzsche reflete sobre a prpria cultura grega e a relao entre arte e conhecimento. A tragdia causa uma reflexo acerca do sentido da existncia. O grego possui um grau de sensibilidade, principalmente em relao dor. O artista reflete metafisicamente sobre a arte produzida, seja escrita como poemas, ou a produo de quadros, esculturas, composio de melodias. Alm da leitura do filme e das informaes acerca de Nietzsche, e o filme de Ingmar Bergman, ser pautado com Aristteles e Peter Szondi.

    EMOAO, BELEZA E DIREITO: A FRAGILIDADE DA DISSOCIAO ENTRE RAZO E EMOO NA TOMADA DE DECISO

    Tiago Almeida Reis Graduando do curso de Bacharelado em Direito UESB

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    Ramona Libarino Santo

  • Licenciada em Geografia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB.

    [email protected] O presente artigo tem por objeto entender a afinidade existente entre a atividade decisria e a emoo e contestar o argumento que defende haver entre esta e a razo uma dicotomia. Esse caminho poder conduzir a substanciais apontamentos sobre a interface entre a tica e a esttica. Atravs da leitura interdisciplinar de aspectos psicolgicos e neurocientficos, buscar-se- demonstrar a relao entre a jurisdio racional e a dimenso emotiva. Alm disso, ser possvel perceber que a emoo , no apenas otimizadora da razo, mas sim tambm elemento de qualquer atividade decisria humana. Do mesmo modo, o belo, o justo e o conveniente se mostraro partes de uma mesma dimenso. Cabe lembrar que o trabalho no tratar da emoo como pretensa substituta da razo, como fazem as pessoas desequilibradas, visto ser esse tambm um tpico comportamento desordenado e irracional, que conduz a equvocos, assim tomar decises injustas, sob pretexto de ser exclusivamente racional. Nesse sentido, a emoo que atrapalha o processo cognitivo foge ao escopo deste texto. A necessidade do estudo ocorre porque o pensamento moderno est erigido na ideia de que a emoo um estorvo do qual a razo dele se libertar deve libertar. Contudo essa viso tende a mudar e deve ser urgentemente superada. At que ponto beleza no se pe mesa? Assim, apenas a pesquisa que revele a verdadeira natureza da emoo e sua participao nos processos cerebrais humanos produzir novos resultados prticos e tericos nas cincias humanas em geral e nas cincias jurdicas em particular. Entretanto, o tema da emoo sempre foi estranho s discusses jurdicas. Se atualmente est em evidncia em outras reas do saber, encontra-se ainda fora do mbito de discusso da hermenutica jurdica moderna. Portanto, o que se espera com este estudo chamar a ateno para a necessidade de se incorporar na reflexo do fenmeno jurdico o papel das emoes na deciso judicial, tentando refletir e posicionar-se de modo mais instrudo face s pesquisas empreendidas pela neurobiologia ou neurocincia e pelas cincias cognitivas. Nesse sentido, buscar-se- responder algumas questes tais como: qual a verdadeira natureza da razo? E qual o lugar ocupado pelas emoes nas tomadas de decises em geral e nas decises judiciais em particular? O que diferencia o homem, o animal e a mquina com processador de dados? A TICA DO INTER-HUMANO EM MARTIN BUBER: O ENCONTRO DIALGICO COMO FUNDAMENTO DA EXISTNCIA

    Wanderson Aminadab Barros Oliveira Graduado em Filosofia (UESB)

    [email protected] Conhecido pela filosofia do dilogo, o austraco Martin Buber (1878 1965) tornou-se conhecido sobretudo pela obra Eu e Tu, publicada em 1923 em Viena. uma provocao-convite autenticidade expressa sobretudo na vivncia dialgica. Como ser de relao, o homem compreendido nas palavras-princpio Eu-Tu, e Eu-Isso, duplos caminhos de existncia. Na relao Eu-Tu, Buber discorre sobre a relao com o outro, sobre o comprometimento necessrio com o mesmo, que expresso significativa de minha prpria existncia. Em contrapartida, a relao Eu-Isso, reflete objetivao,

  • distanciamento, a realidade do experimentar ou do utilizar. O que no implica que a relao Eu-Tu nega o valor da relao Eu-Isso. O Eu-Tu e o Tu pode ser o homem, Deus, uma obra artstica, uma sinfonia, uma pea teatral. O Eu no uma realidade em si, o Eu relacional. impossvel falar de um Eu sem um mundo, sem Isso ou sem Tu. O impulso para a filosofia do dilogo proposta por Buber, veio da influncia de Ludwig Feuerbach, sobretudo na obra Princpios da Filosofia do Futuro. Influenciado por este autor que Buber compreende o homem como relao entre o eu e o tu. Alm da influncia de Feuerbach e tambm Kierkegaard, h tambm uma ntima relao entre as ideias de Kant e Buber em questes morais. O outro no deve ser tratado simplesmente como meio, e nas variadas relaes Eu-Tu, o outro deve ser encarado como um fim e no um meio. Para a filosofia do outro, o homem jamais pode ser um objeto. No contexto atual, o homem por vezes se tornou um Isso, til a um determinado propsito. A filosofia do dilogo evidencia o inter-humano como fator de descoberta do prprio homem. Ao perguntar o que o homem, Buber chega concluso que, o mesmo descoberto quando se encontra numa relao essencial. Na esfera do inter-humano, cada um para o outro como que um parceiro, mesmo sendo at adversrios. A partir de Eu e Tu e obras como Do dilogo e do dialgico, Sobre Comunidade e tambm O caminho do homem, Martin Buber nos mostra o dilogo como fundamento da existncia humana. No encontro dialgico que se revela a totalidade do homem. FUNDAMENTAO METAFSICA DO CONHECIMENTO VERDADEIRO EM DESCARTES

    Zacarias Pires Pereira Graduado. Filosofia. UESB

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    O conceito de verdade um tema caro ao pensamento filosfico, e tem proporcionado muitos debates que ultrapassam geraes. O que aqui se pretende apresentar apenas uma singela reflexo sobre essa temtica. Este trabalho, que faz parte de um texto maior (meu TCC de concluso da Graduao em Filosofia), apresenta algumas reflexes analticas sobre a Fundamentao Metafsica do Conhecimento Verdadeiro em Descartes. As principais obras estudadas para fundamentar essa produo foram: Regras para a direo do esprito, Discurso do mtodo e Meditaes metafsicas. Nelas temos, respectivamente, a exposio das regras desenvolvidas por esse filsofo como forma de conduzir sua busca pelo conhecimento; a defesa do mtodo pelo pensador, que faz uma apologia sobre o mesmo, discursando sobre o seu valor para bem conduzir a razo e procurar a verdade nas cincias; por sua vez, nas Meditaes, temos a aplicao do mtodo ao ato reflexivo. O presente texto dar uma nfase maior s Meditaes, nas quais podemos perceber a forma como se d a fundamentao metafsica do que seja o conhecimento verdadeiro, segundo a filosofia cartesiana. Espera-se que essa produo oferea consideraes importantes sobre o pensamento de Descartes quanto ao tema apresentado, uma vez que o mesmo carrega consigo uma complexidade discursiva e, portanto, propcio ao debate filosfico.