boletim informativo de economia (furb), 1(1)

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Esta é a primeira edição do pri- meiro volume da nova publicação trimestral do curso de Ciências Econômicas da Universidade de Blumenau (FURB). O objetivo do boletim é fomentar o estudo e deba- te de economia dentro da nossa universidade. Além dos projetos já desenvolvi- dos e conhecidos do curso, o SIGAD (Sistema de Informações Gerenciais e de Apoio à Decisão) e o IVGP (Índice de Variação Geral de Preços de Blumenau), o curso teve a apro- vação de um programa de extensão. Dentro desse programa estão sendo desenvolvidos três projetos de ex- tensão que tem como foco as finan- ças, foco na formação dos(as) eco- nomistas da FURB. Todos esses projetos terão uma coluna fixa den- tro desta publicação. Docentes, ex-discentes e discen- tes também contribuirão de forma contínua com artigos, bem como o Centro Acadêmico Livre de Econo- mia de Blumenau (CALECOB). Por fim, pergunta-se: “Crise? Que Crise?” A palavra crise tem origem no grego krisis, uma deci- são, que deriva de krinein, decidir ou julgar. Que os momentos de in- flexão sirvam para decidirmos qual caminho devemos seguir, buscando sempre promover o debate sobre desenvolvimento econômico. BOLETIM INFORMATIVO DE ECONOMIA VOLUME 1, EDIÇÃO 1 TERCEIRO TRIMESTRE, 2015 O Boletim Informativo de Economia é pro- duzido pelo curso de Ciências Econômicas da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB). Todas as matérias deste boletim, com ou sem assinatura de autoria, não refletem, necessariamente, a posição das entidades envolvidas. A reprodução parcial ou total pode ser realizada com a fonte indicada. Conselho editorial: Professores do curso de Ciências Econômicas da FURB. Fundação Universidade Regional de Blu- menau (FURB) Reitor: João Natel Pollonio Machado Vice-Reitor: Udo Schroeder Centro de Ciências Sociais Aplicadas Diretor: Valter Augusto Krauss Vice-Diretor: Leomar dos Santos Curso de Ciências Econômicas Coordenador: Sidney Silva Chefe de Departamento: Jamis Antonio Piazza CONTATO FURB - Campus 1 - Sala D-101 (47) 3321-0485 www.furb.br/cienciaseconomicas [email protected]

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Page 1: Boletim Informativo de Economia (FURB), 1(1)

Esta é a primeira edição do pri-meiro volume da nova publicação trimestral do curso de Ciências Econômicas da Universidade de Blumenau (FURB). O objetivo do boletim é fomentar o estudo e deba-te de economia dentro da nossa universidade.

Além dos projetos já desenvolvi-dos e conhecidos do curso, o SIGAD (Sistema de Informações Gerenciais e de Apoio à Decisão) e o IVGP (Índice de Variação Geral de Preços de Blumenau), o curso teve a apro-vação de um programa de extensão. Dentro desse programa estão sendo desenvolvidos três projetos de ex-tensão que tem como foco as finan-ças, foco na formação dos(as) eco-nomistas da FURB. Todos esses projetos terão uma coluna fixa den-tro desta publicação.

Docentes, ex-discentes e discen-tes também contribuirão de forma contínua com artigos, bem como o Centro Acadêmico Livre de Econo-mia de Blumenau (CALECOB).

Por fim, pergunta-se: “Crise? Que Crise?” A palavra crise tem origem no grego krisis, uma deci-são, que deriva de krinein, decidir ou julgar. Que os momentos de in-flexão sirvam para decidirmos qual caminho devemos seguir, buscando sempre promover o debate sobre desenvolvimento econômico.

BOLETIM INFORMATIVO DE

ECONOMIA V O L U M E 1 , E D I Ç Ã O 1

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O Boletim Informativo de Economia é pro-duzido pelo curso de Ciências Econômicas da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB). Todas as matérias deste boletim, com ou sem assinatura de autoria, não refletem, necessariamente, a posição das entidades envolvidas. A reprodução parcial ou total pode ser realizada com a fonte indicada.

Conselho editorial: Professores do curso de Ciências Econômicas da FURB. Fundação Universidade Regional de Blu-menau (FURB) Reitor: João Natel Pollonio Machado Vice-Reitor: Udo Schroeder Centro de Ciências Sociais Aplicadas Diretor: Valter Augusto Krauss Vice-Diretor: Leomar dos Santos

Curso de Ciências Econômicas Coordenador: Sidney Silva Chefe de Departamento: Jamis Antonio Piazza

CONTATO FURB - Campus 1 - Sala D-101

(47) 3321-0485 www.furb.br/cienciaseconomicas

[email protected]

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“Para chamar a atenção do leitor, insira uma

citação ou frase interessante do texto aqui.”

O cenário econômico do Brasil tem sido objeto de várias projeções tanto de instituições nacionais (relatório Focus do Banco Central do Brasil), como de organismos internacionais (FMI e agências de classificação de risco). A preocupação com a economia brasileira se justifica por vários mo-tivos. Primeiro, embora o Brasil seja ainda con-siderado como uma economia pequena, e com baixa influência na trajetória de cresci-mento mundial, o país constitui uma força econômica regional (América do Sul) com capacidade significativa para configurar os ru-mos do crescimento econômico da região. Segundo, o Brasil é um membro dos BRICS e das economias emergentes que cu-ja trajetória pode redirecionar os rumos das mudanças no âm-bito dos países emergentes e em desenvolvimento, de modo geral. A vulnerabilidade exter-na da economia brasileira se manifesta a diferentes níveis. Primeiro, no nível externo, a balança de transações corren-tes do balanço de pagamentos

atingiu patamares bastante ele-vados, se aproximando de um déficit de mais de 4% com rela-ção ao PIB. Tal nível do déficit é preocupante por, primeiro, aproximar-se dos níveis histó-ricos quando o Brasil era consi-derado uma economia com ele-

vado risco e classificado pelas agências internacionais como grau de especulação. Segundo, nos últimos anos, de acordo com as contas externas do país, os fluxos de Investimento Di-reto Externo se mostraram in-feriores ao déficit nominal das transações correntes. Tal situa-ção abre a perspectiva de uma pressão dupla sobre a econo-mia brasileira: sobre a taxa de câmbio e a trajetória dos juros futuros. Ambos devem seguir

registrando tendência de au-mento de longo prazo. Isso, por sua vez, considerando o déficit crescente das contas fiscais, abre um espiral de aumento da dívida externa do país e trava as condições internas de cresci-mento econômico pelo viés do

investimento da despesa agregada. Finalmente, a vulnerabilidade externa do Brasil deve se mani-festar através de suas repercussões sobre as economias do Mercosul e da América do Sul, de modo geral. Brasil é um dos principais países de destino das exportações da Argentina, Uruguai e várias outras economias da região. A tendência

crescente do déficit das contas externas abre uma perspectiva de desajustes cambiais, não ali-nhados com a trajetória de nos-sos parceiros regionais, o que poderá elevar a distorções do comércio regional e recuos substanciais na interação das economias da região. A vulne-rabilidade poderá deixar de re-presentar apenas a dimensão nacional, para se transformar num verdadeiro risco sistêmico regional.

Tal situação abre a perspectiva de

uma pressão dupla sobre a

economia brasileira: sobre a taxa de

câmbio e a trajetória dos juros

futuros. Ambos devem seguir

registrando tendência de aumento

de longo prazo.

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22 é o número de vezes que se multiplicou o

número de comércio de mercadorias entre a China e a América Latina e Caribe

no período 2000-2013

16% decresceu o investimento direto externo para a América Latina e

o Caribe em 2014.

0,5% é o quanto crescerá a

América Latina e o Caribe em 2015.

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Apesar de teoricamente existir uma relação entre In-vestimento Direto Externo (IDE) e crescimento econômico, evidências empíricas apresen-tam resultados mistos em rela-ção à capacidade desses fluxos promoverem o desenvolvi-mento das economias. Estudos apontam a necessidade dos pa-íses hospedeiros estimularem capacidades absorvedoras, ca-racterísticas essenciais que permitem uma nação benefici-ar-se de crescimento econômi-co advindo do IDE. O desenvol-vimento financeiro e instituci-onal constituem importantes capacidades absorvedoras. A investigação dos mecanismos de absorção que atuam na América Latina constituiu a principal questão a ser respon-dida neste trabalho.

Foram estabelecidas cinco hipóteses. As duas primeiras tratam do desenvolvimento financeiro e institucional como promotor do crescimento eco-nômico. A terceira hipótese afirma: quanto maior o fluxo de IDE, maior o crescimento eco-nômico. A quarta e quinta hi-póteses tratam da interação en-tre desenvolvimento financei-ro, institucional e IDE. Quanto maior o desenvolvimento fi-nanceiro e institucional, maior a capacidade de um país absor-ver os benefícios dos fluxos de IDE.

Para verificar as hipóteses, o modelo econométrico desen-volvido foi dividido em cinco submodelos. Foram seleciona-dos os oito países mais rele-vantes da América Latina: Ar-

gentina, Brasil, Chile, Colôm-bia, México, Peru, Uruguai e Venezuela. O período investi-gado compreende 1996 a 2012. A estimação dos submodelos utilizou-se do método painel de dados. Variáveis de desen-volvimento institucional men-suram: governança e escolari-dade. Variáveis de desenvolvi-mento financeiro mensuram: mercado bancário e de capitais.

Os resultados da estimação do primeiro submodelo são fa-voráveis ao desenvolvimento financeiro como promotor do crescimento econômico. Duas variáveis financeiras ligadas ao mercado de capitais foram sig-nificativas e apresentaram si-nal positivo. A estimação do segundo modelo apresentou evidências favoráveis à segun-da hipótese. Duas variáveis institucionais relacionadas à governança apresentaram sig-nificância e sinal positivo: con-trole da corrupção e estabilida-de política. Uma variável insti-tucional que mensura escolari-dade foi significativa e positiva: média de anos de escolaridade da população acima de 25 anos. Os resultados apontam para uma melhora do crescimento econômico à medida que ocor-re o desenvolvimento instituci-onal.

A estimação do terceiro sub-modelo apresentou evidências mistas em relação à hipótese do aumento do crescimento eco-nômico com a entrada de IDE. As evidências sugerem que ao desconsiderar as capacidades absorvedoras, um país latino-americano apresenta dificulda-

de em absorver os benefícios do IDE.

A quarta hipótese relaciona desenvolvimento institucional, IDE e crescimento econômico. A estimação do quarto submo-delo apresentou três variáveis institucionais que quando inte-ragidas com IDE são significa-tivas e positivas: controle da corrupção, estabilidade política e média de escolaridade. A esti-mação do último submodelo apresentou evidências favorá-veis à hipótese que a interação entre IDE e desenvolvimento financeiro promove o cresci-mento econômico. Todas as va-riáveis do mercado de capitais e do setor bancário quando in-teragidas com IDE apresenta-ram significância e sinal positi-vo.

Pode-se concluir que quan-do é desconsiderada as capaci-dades absorvedoras, o IDE per-de significativamente a capaci-dade de promover o cresci-mento econômico na América Latina. A interação do IDE com as capacidades absorvedoras potencializa o potencial de crescimento econômico do IDE. Verificou-se também que o desenvolvimento financeiro e institucional promove o desen-volvimento econômico sem considerar o IDE. Dessa forma, os países latino-americanos devem promover o desenvolvi-mento financeiro e institucio-nal, já que estimulam direta-mente o crescimento econômi-co e indiretamente quando in-teragidos com o IDE.

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“Para chamar a atenção do leitor, insira uma

citação ou frase interessante do texto aqui.”

No edital nº 07/2014 da PROPEX (Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura), o Programa de Extensão Contribuindo na Gestão de Finanças (nº 680/2014) foi aprova-do em caráter continuado no biênio 2015-2016. Este programa está vinculado ao Departamento de Economia, lotado no CCSA (Centro de Ciên-cias Sociais Aplicadas). O Prof. Sidney Silva ([email protected]) é o coordenador deste progra-ma.

Para o desenvolvimento deste programa es-tão sendo realizados três projetos de extensão, que são explicados na figura 1: Projeto de Exten-são Cuidando do Meu Dinheiro, Projeto de Ex-tensão Educação para Finanças e o Projeto de Extensão Soluções em Finanças para o Bom Em-preendedor.

Centralmente, o programa possibilitará que o conhecimento e a prática acadêmica venham contribuir para as boas práticas de finanças, aumentando a possibilidade de sucesso dos empreendimentos e a qualidade de vida das pessoas. Ao mesmo tempo, cinco áreas de co-nhecimento da FURB estarão interligadas du-rante a execução do programa: Ciências Econô-micas, Administração, Ciências Contábeis, Di-reito (através do Núcleo de Práticas Jurídicas) e Educação. Tais contribuições serão, além da ex-tensão, o convívio dos participantes com a rea-lidade dos problemas enfrentados por pessoas e empresas, bem como o reflexo no ensino em sala de aulas nas áreas participantes.

Discentes da FURB poderão participar vo-luntariamente dos projetos.

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Este projeto de extensão visa o atendimento de pessoas físicas comprometidas com dívidas em diversos patama-res, ou seja, desde o compro-metimento significativo da renda, até os casos de supe-rendividamento e, por conse-quência, a situação de ina-dimplência. Trata-se de um serviço de atendimento que busca orientar as pessoas com vistas ao consumo cons-ciente, o controle orçamentá-rio, a educação financeira e a orientação jurídica com vis-tas a melhor saída para situa-ções críticas e a melhoria da qualidade de vida.

É um projeto que busca a for-mação sistematizada dos profissionais de educação em controle das finanças pesso-ais. Assim, a área de gestão de finanças pessoais atingirá, depois da formação de pro-fissionais da educação, os alunos do ensino público, e permitirá a disseminação e a apropriação do conhecimen-to da área de finanças de um segmento da população que estará prestes a entrar no mercado de trabalho, obten-do renda e necessitando, des-de cedo, aplicar os conheci-mentos para controle orça-mentário pessoal.

Soluções em Finanças para o Bom Empreendedor é um projeto de ex-tensão voltado para o atendimento de pequenos negócios (microempreendedores individuais e microempresas) e organizações sem fins lucrativos que estejam em situa-ção crítica de endividamento, que compromete a sua continuidade/sobrevivência. Trata-se de um servi-ço de atendimento que visa orientar essas instituições sobre boas práticas em finanças, buscando contribuir para a sua sobrevivência e sucesso, que acaba por gerar uma dinâmica positiva de desenvolvimento econô-mico, melhorando a qualidade de vida dos cidadãos.

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Em tempos atuais de infla-ção alta, a poupança vem per-dendo eficiência em seu princi-pal objetivo, que é garantir aos detentores da caderneta ga-nhos reais de longo prazo. Ne-nhum tipo de investidor racio-nal investiria seus recursos pa-ra resgatá-los em determinado tempo saindo mais pobre, pois o dinheiro futuro a esse tempo não compraria mais a mesma quantidade de bens e serviços que poderiam ser adquiridos na data inicial da aplicação. Es-sa é a lógica do investimento em poupança atualmente. Ho-je, cerca de R$ 646,562 bilhões, segundo dados de junho/15 di-vulgados pelo Banco Central, são mantidos por milhares de brasileiros na caderneta, seja pela sua popularidade, seja pe-lo desconhecimento sobre for-mas alternativas com maior rentabilidade e também com menor risco que a própria pou-pança. Esses bilhões de reais podem ser definidos como um valor do que podemos chamar de desinformação sobre inves-timentos financeiros existente por grande parte da população brasileira. Uma excelente alter-nativa surgiu em 2002, quando o governo criou o chamado Te-souro Direto, que possibilita que os investidores apliquem os seus recursos diretamente em títulos públicos emitidos pelo governo, que, ao contrário da poupança, faz com que o próprio governo passe a ser o devedor dos recursos financei-ros aplicados, e não a institui-ção financeira que mantém a

poupança. Para adquirir esses títulos, pode-se comprar dire-tamente do site do Tesouro Di-reto (www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto), ou através de uma das instituições financei-ras cadastradas para interme-diar esse tipo de investimento, disponíveis também no site. Ao invés de aplicar somente em um tipo de investimento, no Tesouro Direto pode-se com-prar Tesouros Pré-fixado, Te-souros Selic ou Tesouros IPCA, por exemplo. Embora cada tipo de título possa ter rentabilida-de diferenciada, de forma ge-nérica, podemos simplificar a escolha por cada título apenas entendendo que a rentabilida-de não deverá ser muito dis-tante de um tipo de título para o outro no momento da com-pra, pois todos esses papeis têm taxas semelhantes e são emitidos pela mesma institui-ção, o próprio governo. Por tanto, não se pode diferenciar muito os juros em um tipo de título em detrimento de outro, pois o risco de não pagamento é basicamente o mesmo. Isso permite que se possa escolher qualquer um desses títulos pa-ra investir, sem grandes dife-renças em termos de rentabili-dade. E nesse caso, a referência para as taxas dos títulos públi-cos é a própria Selic, que está hoje em 14,25%a.a. Isso permi-te ao investidor ainda acompa-nhar a evolução dos juros bási-cos da economia, que são for-mados por taxas que tendem a ter ganhos superiores aos da

inflação. Com apenas R$ 30,00, pode-se comprar uma fração de um título público, por exemplo. Os valores de compra desses títulos variam de acordo com o prazo e as taxas pratica-das, mas um Tesouro Pré-fixado pode ser comprado inte-gralmente por aproximada-mente R$ 909, caso tenha ven-cimento de um ano e possua taxa de 10%a.a calculado atra-vés de juros simples. Como atualmente temos a nossa taxa básica de juros estabelecida em 14,25%a.a, mesmo pagando a maior alíquota possível de im-posto de renda sobre a essa aplicação, de 22,5%, ainda terí-amos uma rentabilidade líqui-da de 11,04%a.a., ou cerca de 0,92% ao mês. Se você for um investidor de poupança, lem-bre-se que a rentabilidade lí-quida de sua aplicação nunca será superior a 6%a.a mais a variação da Taxa Referencial (TR). Na prática, você sabe que nos últimos tempos, raramente vem conseguindo uma rentabi-lidade superior a 0,6% ao mês, além de possuir o risco de apli-car em uma instituição finan-ceira que poderá não devolver o seu dinheiro, caso venha a falir. Assim sendo, na condição de investidor em poupança, você poderia ajudar o país a mudar as estatísticas, e reduzir esse valor da desinformação sobre investimentos financei-ros no Brasil.

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“Para chamar a atenção do leitor, insira uma

citação ou frase interessante do texto aqui.”

A Educação Financeira A Educação Financeira se

tornou um tema em voga atual-mente, apesar de sempre fazer parte do cotidiano das pessoas. Conhecimentos financeiros são fundamentais para se viver na sociedade capitalista em que vivemos. Sua relevância cres-ceu devido ao desenvolvimento dos mercados financeiros, a inclusão bancária, mudanças demográficas, econômicas e políticas (AEF-Brasil, 2015).

Através de uma pesquisa, realizada em 2008, com o obje-tivo de avaliar o grau de educa-ção financeira da população brasileira, abrangendo temas do cotidiano, foi identificado que o nível de educação finan-ceira da população brasileira é baixo (AEF-Brasil, 2015). Ou-trossim Anton Siluanov argu-menta que, por meio de pesqui-sas realizadas nos países do G20, a população não possui o conhecimento básico suficiente sobre os produtos financeiros e os riscos associados (OECD, 2013). Neste sentido, John Ti-ner argumentou que as pessoas precisam ser capazes de gerir seus próprios recursos finan-ceiros (FSA, 2006).

Diante deste cenário, em 2010 foi criado o ENEF, que vi-sa a implementação de estraté-gias de educação financeira em todo o Brasil, sendo uma das ações a implementação da Edu-cação Financeira para estudan-tes do Ensino Médio (AEF-Brasil, 2015). Através da ENEF foi dado início em 2010 a um

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projeto piloto de educação fi-nanceira nas escolas, no entan-to como afirma Sciarretta (2010), o incentivo para educa-ção financeira nas escolas é da OECD e já vem sendo desen-volvida no currículo escolar de mais de 60 países. Percebe-se então um início tardio destes esforços no Brasil. O problema do Endividamento

Além dos esforços referen-

tes a educação financeira, tam-bém em 2010 teve início a PEIC, que todos os meses apon-ta os resultados sobre o endivi-damento e a inadimplência das famílias brasileiras (CNC, 2015).

Ter dívidas não é o problema para o consumidor, afinal, em uma sociedade onde o consumo é essencial para o desenvolvi-mento da sociedade, ter dívidas é algo comum e saudável. O problema está quando não há controle sobre a quantidade de dívidas e este valor ultrapassa a renda mensal recebida. Esta situação, onde há um endivida-mento e o não cumprimento das suas dívidas, torna-se en-tão uma situação de inadim-plência.

A inadimplência, além de prejudicar aquele que está de-vendo, também acaba por pre-judicar o credor do dinheiro. Desta forma, apesar de a PEIC apresentar um total de endivi-dados de 61,9% em julho de 2015, as situações críticas estão nos 21,5% que já tem dívidas em atraso e ainda mais nos

8,1% que não terão condições de pagar (CNC, 2015). Assim, entende-se que em alguns ca-sos o problema deste endivida-mento excessivo e da inadim-plência está na falta de controle financeiro e falta de educação financeira. Deve-se lembrar de que, no Brasil, até a instituição do Plano Real em 1994, realizar planejamento financeiro era algo difícil devido aos altos ín-dices de inflação e instabilidade econômica do país. Pesquisa acerca da Educação Financeira

Diante do novo cenário eco-nômico brasileiro, vivenciado após o Plano Real, percebe-se a falta de educação financeira causada pela época anterior a ele. As famílias, por vezes, não estão preparadas para instruir os jovens acerca da educação financeira. Havia uma falta, no Brasil, do ensino sistemático da educação financeira para os jo-vens

Apesar de um início tardio, a ENEF tende a suprir essa falta, além de incentivar outras ações, realizadas através de en-tidades públicas e privadas que vão ao encontro da melhoria da educação financeira da popula-ção brasileira.

Buscando compreender me-lhor as causas do endividamen-to relacionadas a educação fi-nanceira, realizou-se uma pes-quisa com estudantes do ensi-no médio de escolas de Blume-nau-SC, com o seguinte objeti-vo: Analisar o conhecimento e

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o comportamento dos jovens quanto a suas finanças pesso-ais.

Foram aplicados 412 questi-onários, em três escolas públi-cas (Estaduais ou Municipais) do município, para o 1º, 2º e 3º ano do ensino médio no perío-do noturno. Os alunos do perí-odo noturno de escolas públi-cas foram intencionalmente escolhidos pois, em muitos ca-sos, estão no ensino noturno para poderem trabalhar duran-te o período da manhã e tarde. Resultados da Pesquisa

Os resultados desta pesquisa foram muito positivos, no sen-tido que se esperava que os jo-vens não realizassem controle

de suas despesas nem qualquer tipo de poupança. Porém os re-sultados demonstraram o con-trário: 85,93% dos jovens fa-zem controle dos gastos men-sais e 71,65% poupam parte da renda.

Além de outros resultados que contribuíram para analisar o comportamento e o conheci-mento dos jovens, pode-se des-tacar a pouca utilização do car-tão de crédito, apenas 25% de-les já faz uso, e o grande núme-ro de jovens que já recebeu al-gum tipo de orientação de co-mo cuidar das suas finanças, 73,20%. Todavia, dos jovens que receberam orientação, quanto a cuidar das finanças, 67,93% dessa orientação pro-vém de familiares, o que não é

ruim, porém não caracteriza uma instrução sistematizada.

Por fim, pode-se concluir que o conhecimento e o com-portamento dos jovens quanto as suas finanças pessoais é maior do que o esperado. Os jovens estão realizando pou-pança, não estão inadimplentes e possuem um certo controle dos seus gastos, fatores que contribuem para que sua vida financeira continue saudável. No entanto, entende-se a edu-cação financeira, repassada de forma sistematizada necessária e importante para que os jo-vens, em sua vida adulta, se previnam de equívocos e situa-ções que venham a comprome-ter sua saúde financeira.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AEF-BRASIL. Plano Diretor ENEF. Disponível em: <http://vidaedinheiro.gov.br/antigo/Imagens/Plano%20Diretor%20ENEF.pdf>. Acesso em: 02 ago 2015.

CNC. Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) - julho 2015. 2015. Disponível em: < http://www.cnc.org.br/central-doconhecimento/pesquisas/economia/pesquisa-nacional-de-endividamento-e-inadimplencia-do-c8> Acesso em: 02 ago 2015.

FSA. Financial Capability in the UK: Establishing a Baseline. 2006. Disponível em: <http://www.fsa.gov.uk/pubs/other/fincap_baseline.pdf>. Acesso em: 02 de 2015.

OECD. Advancing National Strategies for Financial Education. 2013. Disponível em: <http://www.oedc.org/finance/financial-education/G20_OECD_NSFinancialEducation.pdf>. Acesso em 02 ago 2015.

SCIARRETTA, Toni. Brasil oficializa educação financeira. 2010. Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2712201020.htm>. Acesso em: 02 ago 2015.

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Seja para trabalhos acadê-micos ou por curiosidade indi-vidual de cada um, ter uma boa fonte de pesquisa é essencial. Por esse motivo, em 2006, foi criado o SIGAD, que é um pro-jeto resultante de uma parceria entre a Universidade de Blu-menau (FURB) e a Prefeitura Municipal de Blumenau. O SI-GAD tem como objetivo man-ter uma plataforma de pesquisa que seja dinâmica, atualizada,

consistente e de qualidade. Os dados são adquiridos em

fontes fidedignas, como, IBGE, Ministério de Trabalho e Em-prego, Ministério da Saúde, en-tre outros.

As informações disponibili-zadas por esse sistema são im-portantes para todos, desde o cidadão blumenauense ao estu-dante universitário. Empresá-rios e gestores do setor público também podem usar os dados

para analisar os cenários social, politico e econômico da nossa cidade e região. Os dados são dispostos da seguinte maneira: história e geografia, demogra-fia, infraestrutura, indicadores sociais, aspectos econômicos, emprego e renda, finanças mu-nicipais e turismo.

O Prof. Nazareno Loffi Sch-moeller é o coordenador das pesquisas ([email protected] ou [email protected]).

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“Para chamar a atenção do leitor, insira uma

citação ou frase interessante do texto aqui.”

A inadimplência e o endivi-damento são dados muito rele-vantes para a economia tanto em nível municipal, regional e nacional. Esses dados colabo-ram na tomada de decisões dos empresários, pois, permitem visualizar a saúde financeira do local analisado e também fazer projeções de consumo futuro. A Fecomércio (Federação do Co-mércio) e a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) realizam mensalmente uma pesquisa chamada PEIC (Pesquisa de En-dividamento e Inadimplência do Consumidor), que levanta dados sobre o endividamento e a inadimplência dos cidadãos. A partir desses dados é elabo-rada uma análise comparativa entre Blumenau, Santa Catari-na e Brasil.

Historicamente, Santa Cata-rina tem se destacado positiva-mente em resultados de desen-volvimento econômico e social, e esse fato se repete também na

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pesquisa PEIC (ver quadro 1). Nessa comparação é possível perceber que, em relação ao Brasil, o estado de Santa Cata-rina tem desempenhos melho-res, isto é, com porcentagens menores de endividamento e inadimplência. Nota-se tam-bém que a cidade de Blumenau apresenta indicadores ainda melhores, em relação ao estado de Santa Catarina e ao Brasil.

O primeiro quesito compa-rado é o total de endividados. A palavra endividado, em sua de-finição, significa pessoa que adquiriu muitas dívidas, com-prometendo significativo per-centual da renda. Logo, chega-se à conclusão que endividado é diferente de inadimplente. O segundo aspecto confrontado e analisado é a porcentagem da população que possui dívidas ou contas em atraso. Uma pes-soa que possui dívidas ou con-tas em atraso se torna um ina-dimplente, que significa: pes-soa que não cumpre com suas

obrigações jurídicas dentro do prazo estipulado. O terceiro e último dado investigado é a parcela da população que já es-tá inadimplente e não terá con-dições de quitar suas dívidas no próximo mês, sendo assim, permanecerá inadimplente nos períodos seguintes.

A partir dos dados do qua-dro 1, o total de endividados dentre a população do Brasil, desde janeiro de 2015, está aci-ma de 57%, sendo que o pata-mar máximo ocorreu em maio, com 62,4%. Depois desse ponto máximo, essa porcentagem vem caindo, atingindo 61,9% no mês passado. Em Santa Ca-tarina, o total de endividados não alcançou em nenhum mo-mento os 60% da população em 2015. Em janeiro e fevereiro tivemos as maiores taxas em Santa Catarina, ficando em tor-no dos 59% de endividados dentre a população, a partir disso houve oscilações e o total de endividados se estabilizou

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Critério Local Meses

jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15

Total de Endividados

Blumenau 48,4% 48,0% 49,5% 45,4% 46,4% 50,9% 49,0% Santa Catarina 59,2% 59,4% 57,5% 58,6% 57,5% 55,4% 52,9%

Brasil 57,5% 57,8% 59,6% 61,6% 62,4% 62,0% 61,9%

Dívidas ou contas em atraso

Blumenau 5,6% 9,0% 13,4% 12,4% 11,5% 13,3% 10,9% Santa Catarina 11,9% 13,9% 15,5% 16,9% 18,0% 19,3% 18,2%

Brasil 17,8% 17,5% 17,9% 19,7% 21,1% 21,3% 21,5%

Não terão condição de pagar

Blumenau 3,6% 6,8% 9,6% 8,0% 6,1% 7,6% 4,4% Santa Catarina 7,3% 8,5% 8,7% 9,6% 9,6% 11,0% 10,1%

Brasil 6,4% 6,4% 6,2% 6,9% 7,4% 7,9% 8,1% Fonte: Elaboração própria com dados retirados dos relatórios de janeiro a julho da Fecomércio-SC (Federação do Comércio de Santa Catarina), para a cidade de Blumenau e Santa Catarina, e, CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), para o Brasil.

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C I Ê N C I A S E C O N Ô M I C A S - U N I V E R S I D A D E D E B L U M E N A U ( F U R B )

com sua menor taxa de 2015 no mês passado, julho, marcando 52,9%. Já a cidade de Blume-nau, obteve ao longo dos pri-meiros sete meses de 2015 ín-dices abaixo dos 50% de endi-vidados dentre os consumido-res, ultrapassando os 50% ape-nas no mês de junho com uma taxa de 50,9%. O menor per-centual em Blumenau se deu no mês de abril, 45,4% de endivi-dados, após esse mês houve um crescimento dos indicadores, marcando 49% em julho.

No Brasil, a parcela da popu-lação que possui dívidas ou contas em atraso , ou seja, está inadimplente, alcançou em ju-lho um índice de 21,5% da po-pulação, esse índice vem cres-cendo desde janeiro deste ano, quando estava com taxa de 17,8%. Já em Santa Catarina, em 2015, a inadimplência não atingiu em nenhum momento os 20%. Em julho, o total da po-pulação que possui dívidas ou contas em atraso atingiu 18,2%. A cidade de Blumenau após al-

gumas oscilações durante o ano marcou 10,9% de inadimplên-cia dentre os consumidores, um índice menos expressivo comparado á nível regional e nacional.

O índice "Não terão condi-ções de pagar" é um dado que gerou um contraste entre o Brasil e Santa Catarina, sendo o único índice que o estado supe-rou o país em todos os meses. No Brasil, em julho, a porcen-tagem da população que não terá condições de pagar suas dívidas chegou a 8,1%, o dado mais alto desde janeiro de 2015. Em Santa Catarina, o índice mais elevado ocorreu no mês de junho, quando alcançou 11%. Após isso houve uma queda, e em julho, o indicador ficou em 10,1%. Já em Blumenau, a par-cela da população que não terá condição de pagar suas dívidas, variou bastante durante o ano, chegando a ultrapassar Santa Catarina e Brasil no mês de março com um índice de 9,6%, contra 8,7% do estado e 6,2%

do país. A partir disso ocorreu uma queda gradual e se estabi-lizou com 4,4% no mês de ju-lho, porcentagem que ficou bem abaixo dos indicadores de Santa Catarina e Brasil.

Concluindo, Blumenau apresentou ao longo de 2015 indicadores mais baixos no as-pecto do endividamento e da inadimplência comparado a Santa Catarina e o Brasil. No indicador "Não terão condições de pagar", Blumenau supera Santa Catarina apenas uma vez, e o Brasil apenas três ve-zes, comprovando esse fato. No restante dos indicadores, a ci-dade de Blumenau tem grande vantagem, muitas vezes com dados abaixo de 50% em rela-ção ao estado e ao país. Conclu-indo, essa pesquisa nos revela que os consumidores de Blu-menau demonstram um con-trole mais efetivo de suas fi-nanças e também tem uma maior cautela quanto o consu-mo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CNC. Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). Disponível em: <http://www.cnc.org.br/central-do-conhecimento/pesquisas/economia/pesquisa-nacional-de-endividamento-e-inadimplencia-do-c-8>. Acesso em 05 ago 2015.

FECOMÉRCIO. Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). Disponível em: <http://www.fecomercio-sc.com.br/produtos-servicos/pesquisas_economicas.html>. Acesso em 04 ago 2015.

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O IVGP (Índice de Variação Geral de Preços) é realizado desde 1983 pelo Departamento de Economia da FURB. Esse ín-dice, que é formulado mensal-mente, consiste em analisar o comportamento dos preços da cidade de Blumenau. A partir do IVGP é possível realizar um acompanhamento mensal e pe-

riódico de 603 preços, captados em 31 locais, que estão alocados em 521 referências, agregados em 96 itens, que formam 25 subgrupos. Esses subgrupos estão divididos em quatro grandes grupos: Alimentícios, Não-Alimentícios, Serviços e Diversos. Esse acompanha-mento permite uma análise do

"custo de vida" da cidade, isto é, o IVGP é um índice de inflação. Logo, ele possibilita uma análi-se de conjuntura econômica, gerando informações de muita utilidade tanto para o setor pú-blico quanto privado.

O cálculo do índice é feito pelo Prof. Jamis Antonio Piazza ([email protected]).

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O Centro Acadêmico Livre de Economia de Blumenau (CALECOB), em conformidade com a gestão atual, destina esse boletim para geração de infor-mação e aproximação de seus acadêmicos e docentes. A in-tenção postergada é de infor-mativos referentes ao CA-LECOB, FURB e economia em geral. A atual gestão tomou posse, efetivamente, no dia 26 de junho de 2015. Buscando ge-rir com lealdade e admiração ao curso, com os objetivos de aprendizados extraclasses e buscando integração como itens chaves.

Em relação ao aprendizado

extraclasse: visto que em ciên-cias econômicas a vontade de aprender fora da sala de aula é muito importante, destacamos esse ponto como um objetivo principal. Buscaremos condu-zir palestras, cursos, eventos promovidos nos campus FURB e também informaremos even-tos que ocorrerão em Blume-nau e região de importância ao acadêmico para seu aprendiza-do.

Em relação à integração: uma das principais bandeiras levantadas pelo centro é a de integração acadêmica, com alu-nos, ex-alunos e docentes. Queremos criar uma conexão

entre o ambiente acadêmico e profissional. Aproximar os acadêmicos do mercado de tra-balho com a experiência de quem já passou pela graduação.

Em relação a eventos: par-tindo do ponto que uma boa integração acadêmica fora da universidade cria laços que fa-cilitam no convívio diário, bus-camos dar diversas opções aos colegas de curso, como confra-ternizações e (Stammtisch Uni-versitário). Em relação a práti-cas esportivas: mantemos um horário posterior ao término da aula (22 horas) para um des-contraído futsal.

V O L U M E 1 , E D I Ç Ã O 1

B O L E T I M I N F O R M A T I V O D E E C O N O M I A

Presidente Jonathan Henrique Tobias Vice-Presidente Joyci dos Santos Secretária Geral Tauany Luíza Pasold

Segundo Secretário Henrique de Oliveira Maas Tesoureiro Geral Carlos Eduardo Pitz Segundo Tesoureiro Max Matheus Manske

Diretor de Relações Públicas Aron Blasius Diretor de Eventos e Esportes Bruno Sedrez Theiss Diretor de Integração Sérgio Samuel dos Santos

O cenário atual em que nos encontramos é delicado, a crise que tomou conta do nosso país está cada vez mais forte. Em-presas falindo / fechando, con-sequentemente causando de-semprego e fazendo que o po-der aquisitivo das pessoas re-duza. Dentro da universidade não está diferente, há muitos comentários e críticas a respei-to de um boato sobre uma pos-sível cobrança no estaciona-mento, porém o que muitos não enxergam é que o maior problema que a FURB enfrenta hoje é a falta de repasses do go-verno, que chegam a números exorbitantes e faz com que fi-que difícil de haver melhorias na nossa estrutura com uma

falta tão grande no caixa da universidade.

Nós economistas, na teoria, podemos prever um caminho para a solução, porém enquan-to não temos o reconhecimento necessário para prover mudan-ças, devemos focar no objetivo que nos traz aqui, que é adqui-rir o conhecimento teórico pa-ra aplicarmos ao nosso dia a dia, seja no trabalho, nas horas de lazer ou em casa. Pois sem a prática, não conseguimos evo-luir como pessoa e profissional, mas a teoria é a base para nos tornarmos os economistas que sonhamos e assim poder tentar ajudar a melhorar o cenário do país.

Pensando nisso, tomei a frente da liderança do Centro Acadêmico, onde montamos uma equipe forte e determina-da para gerir todo um grupo de estudantes interessados e po-der motivar os que ainda não estão convencidos de que esse curso, com matérias complexas e determinantes, é o que que-rem para a vida.

Nessa nova gestão do CA-LECOB, vamos buscar propor-cionar alguns eventos, formais e informais, para vocês, futuros economistas poderem criar ali-anças, que podem se transfor-mar em grandes laços profissi-onais e grandes amizades entre os acadêmicos e docentes.

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Dificilmente, o atual coman-do da política econômica ou-viria algo além do que se tem feito ouvir. Então, suponha-se que, de repente, o debate eco-nômico pudesse ser mais areja-do e honesto e, eventualmente, alcançar a autoridade que dá a direção à macroeconomia bra-sileira. Ainda assim, é de pre-sumir que não houvesse um milímetro sequer de afasta-mento da linha seguida – por se considerá-la a única correta. Em tese, portanto, o problema estaria com o teimoso respon-sável pela atual política econô-mica em vigor.

Todavia, a linha ora seguida é considerada a única correta também por algumas outras boas razões. Talvez, a primeira seja que a política macroeconô-mica em vigor é parte do con-texto no qual se dá o próprio debate econômico. Isto é, a li-nha seguida parece refletir a desonestidade do debate eco-nômico, fundado em verdades inquestionáveis. A rigor, não há nem interlocução nem dis-cordâncias. Os discordantes sequer têm direito à palavra. Logo, há uma segunda razão, que diz respeito ao acesso à pa-lavra, aos meios nos quais, con-cretamente, se trava dito deba-te. E isso remete ao sistema de desinformação – incluindo te-levisão, rádio, jornais, revistas e internet – que se constituiu no país. Dada a competência técnica e a capilaridade com que importantes redes desse sistema de desinformação se distribuem pelo território, é improvável que uma rádio ou outro veículo local, em cada um dos mais de cinco mil municí-

pios brasileiros, deixe de reper-cutir a capa da revista semanal mais exposta ou o editorial do telejornal mais assistido. Esse sistema é que promove o deba-te desonesto, que difunde as verdades inquestionáveis, que desqualifica os discordantes da única linha correta. No entan-to, para que se projete alguma luz sobre alguns aspectos do argumento falacioso do mains-tream, é preciso poupar os lei-tores de outras razões pelas quais a linha seguida tem sido considerada a única correta – além das duas até aqui mencio-nadas.

O caso da taxa de juros é em-blemático. Sua elevação é justi-ficada como único remédio a combater com eficácia a infla-ção considerada descontrolada. Creio ser difícil alguém provar que tenha havido inflação ba-tendo em 7% nos últimos 10 anos. Nem em 2014 nem em 2013 nem em 2012 e assim até 2006. Pode uma inflação abaixo de 7% a.a. ser considerada des-controlada? Certo: ao longo deste fatídico ano de 2015 ela não apenas chegou a 7% como já passou faz uns meses de 8% e não deve demorar a alcançar os 9%. Mas, observe-se: quando a taxa de juros estava em 7,25% [outubro/2012], a inflação esta-va em 4,9%. Nada fez com que a inflação chegasse a 7% até fins de 2014. Mas, desde janei-ro de 2015 a taxa de juros sobe assustadoramente, até bater nos atuais 14,25% [julho/2015]. A observação empírica indica que a subida da taxa de juros não tem ajudado a derrubar a inflação. Pelo contrário: quanto mais é aumentada aquela, mais

se eleva o nível geral de preços. Também é emblemática a

justificativa para a receita da taxa de juros como único remé-dio para segurar os preços: a demanda aquecida. Ou seja, ha-veria que aumentar os juros para retirar moeda de circula-ção, dado que o seu excesso no mercado real tenha superaque-cido a economia. Sério? Consta que em 2014 o PIB tenha cres-cido a miseráveis 0,1% e que em 2015 não tem havido recu-peração; pelo contrário, deve haver mesmo queda pronunci-ada da produção do país quan-do se fechar o ano econômico.

E assim como essas haveria que perquirir outras verdades inquestionáveis que têm sido difundidas à exaustão pelo sis-tema de desinformação. E tam-bém haveria que tirar da som-bra outras tantas verdades in-convenientes, como os lucros recordes de R$ 5,7 bilhões au-feridos pelo Itaú/Unibanco no primeiro trimestre de 2015 – parece que possíveis apenas num ambiente de juros, altos justificados por uma inflação que supostamente continua a subir descontrolada.

É improvável, como já se disse no início, que a autorida-de que dá a direção à macroeco-nomia se afastasse da linha correta se ouvisse um pouco mais de argumentos alternati-vos aos que predominam no debate econômico brasileiro. Entretanto, talvez, fosse prová-vel que, com um maior equilí-brio nesse debate, o comando da política macroeconômica pudesse acabar nas mãos de alguém mais comprometido com os interesses da nação.

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