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BOLETIM 119D A I N D Ú S T R I A G R Á F I C A a n o x i . s . ™.
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980 Boletim da lnd. Gráfica
I I
j stamos a um passo das eleições presidenciais. Os velhos “slogans” foram J superados, políticos influentes em diversos Estados da Federação já desapa
receram do rol dos vivos, o “mito Vargas” não mais influencia a massa. Há uma renovação quase geral. O próprio eleitorado mudou; não só, nesses quinze anos de vida democrática, surgiram eleitores novos, que conhecem de oitiva apenas o que foi a ditadura e a república velha, como os mais idosos foram aprendendo a lição dos desenganos.
Grandes promessas não bastam. O povo já está aprendendo a distinguir o real do fantasioso. E, parece-nos, os políticos compreendem isso.
Somos de opinião que dois grandes fatores influirão no resultado do pleito: o nacionalismo e a inflação.
O nacionalismo, segundo entendemos, tem muito de primarismo. É o mêdo de um imperialismo econômico que vai desaparecendo dia a dia. Jamais voltaremos — o mundo em geral — à situação prevalente na primeira metade do século, quando o domínio econômico era apoiado na fôrça, e o estado de colônia de grandes povos, aliado às ditaduras reinantes em inúmeros países, facilitavam a opressão pelos detentores da produção manufatureira. A democracia, entre outras, tem a vantagem de dificultar grandemente a venalidade, auxiliar dêsse estado de coisas. Nacionalismo, a nosso ver, é sinônimo de mentalidade de povo sub-desenvolvido. O Brasil, felizmente, já superou esta fase e, hoje, produz quase tudo que consome. O nacionalismo, como é pregado por aí, não se justifica entre nós.
Outro fator é a inflação.É inegável o progresso que alcançamos nestes últimos anos. Tudo nos faz
crer que usamos “botas de sete léguas”. Mas, sempre existe uma mas, a inflação vem correndo “pari-passu”. Os preços sobem vertiginosamente.
Um dos candidatos pretende continuar o trabalho do atual Govêrno, numa política desenvolvimentista.
Outro, sem negar a necessidade de desenvolvimento, prega a estabilidade econômica. Esta, parece-nos ser sinônimo de duplicação de impostos e crise.
O povo, sempre pronto a esquecer o passado recente, será o juiz na escolha.Seja qual fôr o eleito, “o Brasil espera que cada um cumpra o seu dever”.
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982 Boletim da Ind. Gráfica
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Treinamento de Líderes Sindicais ? na Idade da Automatização |
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— Dezenas de milhares de representantes sindicais debatem e negociam com os empregadores na Grã- Bretanha numerosos planos de salário e incentivos. Atualmente, e com freqüência cada vez maior é na oficina e nos escritórios e não na maquinaria de negociações de âmbito nacional que se discutem as implicações das novas técnicas.
O ponto controvertido pode ser a introdução dos princípios da automatização numa fábrica ou, talvez, uma proposta para estudo de métodos e aplicação do tempo, classificação do emprêgo ou critério de promoção, ou de um novo sistema de pagamento por tarefa. Qualquer que seja a proposta, é indispensável que os porta-vozes dos operários entendam realmente as razões apresentadas pelos empregadores.
O aumento da produção
Chamando a atenção para êsse fato em circular enviada a todos os seus 185 sindicatos filiados, a Confederação dos Sindicatos da Grã-Bretanha frisa que o representante de oficina necessita de instrução suficiente para enfrentar não apenas os problemas imediatos de qualquer reorganização, mas também as con- seqüências a longo prazo.
Não pretende a Confederação estimular a resistência aos modernos
planos de produção. Pelo contrário, manifesta em todos os instantes o desejo de ver a produção aumentar pelo uso dos mais modernos métodos e máquinas, pois delas dependem os melhores padrões de vida a que aspiram os operários.
Em condições ideais, a Confederação gostaria de ter em cada oficina um representante que tivesse competência para julgar todos os méritos e desvantagens de qualquer proposta apresentada. E, mais do que isso, a Confederação defende o princípio de que êsses representantes deveríam se valer dos conselhos dos seus funcionários permanentes e de suas facilidades, em busca de informações e conselhos sôbre as técnicas modernas na indústria.
Tais foram os motivos que inspiraram a nova campanha entre os sindicatos britânicos para a expansão das facilidades de treinamento para funcionários e representantes de oficina. Declara-se a Confederação convencida de que uma atitude construtiva e progressiva constitui a maneira mais prática para a defesa e promoção dos interêsses dos operários, numa época em que espalham as modernas técnicas administrativas na indústria.
Realisticamente, a Confederação pede aos sindicatos filiados, que congregam em conjunto cêrca de oito milhões e 500 mil operários,
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que verifiquem até que ponto as facilidades de treinamento correspondem suas necessidades. Essa providência segue-se a detalhado estudo, no seio do Conselho Geral da Confederação das oportunidades de treinamento oferecidas pela própria confederação e pelos sindicatos.
Treinamento dosrepresentantes de oficina
Nos últimos dez anos a Confederação vem organizando cursos sôbre produção, técnica de administração, em base voluntária e de tempo integral para os funcionários sindicais. O primeiro curso, iniciado em caráter de experiência, expandiu-se rapidamente à medida que os sindicatos se interessaram. Nos últimos dois anos, com a inauguração da Escola de Treinamento da Confederação, na Congress House, sua nova sede londrina, uma grande proporção de freqüência anual de 700 alunos seguiu cursos de uma ou duas semanas sôbre as conseqüên- cias para os sindicatos da adoção de novas técnicas de administração pelas emprêsas.
Alguns sindicatos — especialmente entre os maiores — organizaram também cursos próprios em todo o país. O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte e Serviços Gerais, com larga proporção dos seus um milhão e 300 mil filiados trabalhando na indústria mecânica, abriu cursos dêsse tipo para representantes de oficina. O Sindicato Unido da Indústria Mecânica, por outro lado, há muitos anos vem matriculando seus representantes de oficinas em cursos breves, onde são ventilados os problemas diários que encontram nas fábricas.
Outra grande organização, o Sindicato Nacional dos Funcionários Municipais, que possue 750 mil membros, utiliza os cursos técnicos ministrados em diversas regiões do país para familiarizar seus representantes com os problemas das negociações coletivas modernas.
Sindicatos menores, por outro lado, compreenderam também a necessidade de treinamento especializado. O Sindicato dos Sapateiros, por exemplo, que dispõe de 80 mil associados, há muitos anos passados tornou-se o primeiro sindicato britânico a basear um acordo nacional sôbre salários no estudo dos métodos de trabalho.
Em outros campos, sindicatos e emprêsas deram-se às mãos para estudar os novos problemas provocados pelas mutações técnicas na indústria.
Serve de exemplo dessa colaboração o Conselho Britânico de Produtividade, que se originou do Conselho de Pi'odutividade Anglo- Americano, fundado há sete anos passados para incentivar o intercâmbio de idéias no campo da eficiência indústrial. Atualmente, o Conselho Britânico da Produtividade possui florescente departamento de estudo de trabalho, cujo material e conclusões estão à disposição de tôda a indústria.
Outro meio de se manter patrões e empregados a par das mais recentes descobertas técnicas no estrangeiro é proporcionado pela Agência Européia de Produtividade. Grupos conjuntos ou separados de sindicalistas e empregadores visitam os países da Europa Ocidental e os Estados Unidos em busca de idéias que contribuam para manter eficiente a indústria do Reino Unido.
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Em contrapartida, países filiados à A.E.P. enviam grupos de estudiosos à Grã-Bretanha.
Complementando tôdas essas atividades, a Confederação possui representantes em órgãos conjuntos que asseguram o Departamento de Pesquisa Industrial e Científica e o Instituto Nacional de Psicologia Industrial. Promove conferências regulares para funcionários sindicais sôbre assuntos especiais, entre os quais a ergonomia e novas técnicas de automatização podem ser citados.
Nada obstante, a Confederação pergunta-se ainda se tôda essa ativi
dade é suficiente para assegurar a compreensão por todos os representantes de oficina, das conseqüências das transformações tecnológicas e, mais, se êles estão em condições de entender, em todos os seus detalhes, as propostas porventura submetidas pelos empregadores.
A Confederação considera o assunto de natureza urgente. Não apenas deve a eficiência aumentar, mas, concomitantemente, os inte- rêsses sindicais precisam ser completa e inteligentemente resguardados. Somente o treinamento adequando poderá assegurar êsse desenvolvimento harmônico.
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Quando se efetuou, nesta Capital, o II Seminário Nacional de Técnicos do sesi, canalizando para São Paulo valores dessa instituição, nos recantos do país onde ela está exercendo a sua atuação, uma de suas Divisões achou oportuno redigir para uso dessa equipe de profissionais, dois documentos básicos.
Versavam êles sôbre Conflitos do Trabalho e Produtividade.
Tratava-se, como se trata, de questões vitais para o nosso desenvolvimento industrial e para uma política esclarecida de paz social entre elementos patronais e assalariados de nossa organização manu- fatureira.
Aludindo a ambos êsses estudos, o Diretor de nosso Departamento Regional assim se expressou:
“Como Diretor Regional do sesi e na qualidade de Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, quero assinalar a fidelidade com que, nos citados documentos, se refletiu e se interpretou o pensamento da classe dos industriais bandeirantes e, quiçá, de todo o país, a propósito da necessidade premente e inadiável de se elevar o padrão de vida do brasileiro, como condição “sine qua non” para que a democracia ganhe raízes profundas e resistentes na terra de Santa Cruz”.
E acrescentou:“Nenhum de nós poderá considerar
encerrada sua missão de trabalhar pelo engrandecimento da pátria comum, en
quanto todo o povo brasileiro não tiver atingido êsse nível de vida, mínimo e decente”.
O capítulo final de ambas essas publicações diz respeito ao “sesi e a pequena emprêsa”.
Dada a atualidade e a importância dos conceitos nele exarados, apraz-nos trasladar algumas de suas observações para esta coluna.
Depois de afirmar que o Brasil necessita, na atualidade, de erguer os níveis de produtividade em todos os setores da produção, a fim de poder proporcionar a seu povo melhor padrão de vida e também para contribuir de forma mais eficaz para a defesa do mundo ocidental contra as forças totalitárias, que o ameaçam, acentua que o sesi apresenta grandes possibilidades para ajudar o país a emergir da situação em que se encontra.
O seu conjunto de atividades educacionais e assistenciais, que já realizou, realiza, e, certamente, realizará ainda mais, em um futuro próximo e imediato — em benefício da produtividade — dá-nos uma visão do muito que essa entidade poderá concretizar, nessa campanha, para a qual, aliás, devem ser convocadas as instituições sociais e particulares e as classes sociais em geral do país.
Aludindo à pequena emprêsa, asseveram os dois estudos que ela pode caracterizar-se como a que dispõe de poucos operários e escasso potencial econômico.
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A luz dessa asserção, só em nosso Estado representa ela 80% de nossos estabelecimentos fabris.
Cêrca, portanto, de “40.000 fábricas paulistas são pequenas devido à escassa mão-de-obra, que empregam, ao limitado capital que movimentam e à diminuta produção que entregam ao mercado consumidor. Tal proporção, com pequenas variações, se aplica a qualquer região géo-econômica do Brasil”.
Ora, na maioria dos casos, pode- se dizer que os seus dirigentes não estão em condições de pagar um engenheiro, especializado em questões de produtividade. Mesmo que o estivessem, ainda não há no país técnicos em número suficiente para o desempenho dêsse mister.
A imensa maioria dos proprietários de pequenas emprêsas é integrada de homens resolutos e trabalhadores. Muitos deles eram, até há pouco, operários, e mesmo trabalha
dores rurais. Galgaram por esforços e mérito as suas novas posições, sem terem ainda o tempo necessário à ampliação de seus horizontes intelectuais.
Por isso mesmo, convém aos chefes dessas emprêsas conhecerem melhor, e de maneira mais minuciosa, os problemas ligados à produção.
Uma das funções do sesi — entre outras tantas — consiste em familiarizar êsses milhares e milhares de pequenos produtores industriais com as normas e os princípios da Organização Científica do Trabalho.
Essa, uma das razões por que, no Seminário a que aludimos, foram estudados planos, visando particularmente a pequena empresa, os agentes de mestria e os operários, para convertê-los em colaboradores conscientes da campanha de melhoria da produtividade.
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A n tig a m en te , a seleção do pessoal ■*• ■*■ era feita desta maneira: os candidatos se enfileiravam na entrada da fábrica até que chegava um supervisor, que escolhia entre os homens aquêle que aparentasse melhores condições físicas. Hoje, a seleção de novos empregados está sendo feita de modo diferente: em muitas emprêsas, as agências de empregos e a secção de pessoal fazem a seleção, poupando tempo ao mestre ou supervisor, que não mais precisa entrevistar todos os candidatos.
Mas um bom supervisor — assim indica “Here’s How”, cuidando da seleção e introdução do pessoal — não acei a automaticamente qualquer pessoa, que os referidos depatarmentos lhe enviem, pois a responsabilidade final pela escolha de um novo candidato é sua. Em verdade, para escolher o melhor homem para certo trabalho, é necessário saber certos fatos, quanto à educação, à experiência e às dificuldades pessoais requeridas pelo serviço. E ninguém melhor conhece as necessidades do serviço do que o supervisor.
Entretanto, é sempre conveniente que o supervisor requisite um colaborador por escrito, indicando tôdas as qualidades que o futuro empregado deva possuir. A secção Pessoal entrevista todos os candidatos e envia aquêle que tenha revelado as qualidades necessárias, para a entrevista final com o supervisor.
O mestre ou supervisor entrevista cuidadosamente cada candidato enviado a êle pela secção Pessoal devendo proceder da seguinte maneira:
1. A entrevista deve ser feita em particular, em lugar sossegado. O candidato deve ser posto à vontade pela amável acolhida do supervisor. Reco- menda-se começar a conversa sôbre assuntos de interêsse geral, como futebol, pescaria, etc.
2. É importante saber que tipo de informações se deseja obter. Por êsse motivo, é sempre recomendável preparar por escrito as perguntas que se deseje fazer ao candidato.
3. O candidato deseja também saber certas informações a respeito do trabalho: para que tipo de serviço há vaga ? Qual o departamento ? Quais as máquinas que estão usando ? Qual é o horário ? Qual é o salário ? A tôdas essas e a outras perguntas deve o supervisor saber responder.
4. Fazendo a entrevista, é importante, sobretudo, ouvir o candidato. Fazer as perguntas, quando fôr necessário, mas principalmente ouvir. Deve- se conceder o tempo suficiente para o candidato, de modo que possam ser esclarecidos todos os pontos de vista, não se esquecendo, porém, de que, tratando- se de candidato que futuramente receberá o salário-mínimo, a entrevista não deve ser comprida demais.
Com as informações obtidas durante a entrevista, o supervisor pode resolver com mais facilidade se o candidato serve, ou não. Precisando certo tempo para dar a resposta, é justo indicar ao candidato quando será possível conhecê-la. Chegando à conclusão de que o candidato não corresponde ao exigido, é também justo dizer-lhe isso diretamente, para que não perca tempo, esperando a resposta. Mas, sendo necessário dizer ao candidato “não”, é recomendável dizê- lo de maneira cortês, não ofendendo.
O supervisor deve lembrar-se sempre de que, escolhendo um candidato, ganhou mais um homem para o seu quadro e que a responsabilidade final pela eficiência do seu departamento será dêle. Por êste motivo, “homem certo para lugar certo !”
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O USO INDEVIDO DO PAPEL “ L I N H A D’Á G U A ”
O sr. Armando Hildebrand, diretor executivo da Campanha Nacional de Material de Ensino, enviou a “O Estado de São Paulo” a carta que abaixo publicamos. O Sindicato não podia deixar de dar resposta a aquele senhor e o fêz, como se vê adiante.
Ademais, sabendo-se que se fazia pressão sôbre o Dr. Quirino, Delegado de Crimes contra a Fazenda, em virtude de sua atitude desassombrada na apuração de responsabilidades quanto ao uso ilegal de papel linha d’água, o Sindicato das Indústrias Gráficas, juntamente com o Sindicato da Indústria do Papel e do Sindicato do Comércio Atacadista de Papel e Papelão resolveram demonstrar, de público, seu apôio àquela autoridade, enviando-lhe ofício que transcrevemos.
“Rio, 4 de agosto de 1960. Senhor Redator: A respeito da nota publicada a 27 último, nesse prestigioso matutino, sôbre apreensão de cadernos da Campanha Nacional de Material de Ensino do Ministério da Educação, em Bauru, como diretor executivo dessa Campanha, cumpre-me esclarecer à opinião pública e especialmente aos estudantes de São Paulo que a diligência do delegado Newton de Oliveira Quirino à Tipografia e Livraria Brasil S/A., de Bauru, constituiu ato de arbitrariedade e que contraria o interêsse público, pois a Campanha Nacional de Material de Ensino vem desenvolvendo o maior movimento já conhecido em favor do estudante pobre. Somente os 3 milhões de cadernos de 80 páginas, distribuídos em seis mêses aos escolares por Cr$ 15,00, quando seu preço na praça seria de Cr$ 45,00 no mínimo, levaram aos estudantes uma eco
nomia de 90 milhões de cruzeiros. Os 10 mil cadernos distribuídos em Bauru em um só dia, de acordo com a informação do delegado Regional da Fazenda do Estado nessa cidade, dão bem idéia do auxílio direto que o Ministério da Educação vem prestando ao estudante pobre.
Quanto ao emprêgo de papel linha d’água para a confecção dos cadernos, nada há de fraude, nem de crime, pois o próprio Govêrno, que subvenciona êsse papel, sente-se plenamente à vontade para, através dos cadernos, subvencionar também os estudos dos alunos pobres. A sumoc está inteiramente certa quando autorizou essa operação ao Ministério da Educação e Cultura, conforme a Instrução n.° 179, de 19-3-1959, cuja cópia anexo à presente. Pergunto: pode haver fraude quando honestamente é defendido o interêsse do estudante pobre ? Pode haver crime quando se procura, com denodo e sacrifício, ajudar os escolares necessitados ? Deixo a resposta aos grandes interessados na paralisação dessa atividade do Ministério da Educação, por que suas arcas estão sendo desfalcadas de alguns tostões.
Esta diligência foi promovida não contra a Campanha Nacional de Material de Ensino, nem contra a Tipografia e Livraria Brasil S. A., de Bauru, mas diretamente contra os estudantes de São Paulo, ameaçados de ficarem sem os cadernos populares e sem as demais obras do Ministério, já tão conhecidas em todo o Estado.
Em São Paulo já mantive pessoalmente com as autoridades da Secretaria da Fazenda, os necessários entendimentos para o completo esclarecimento do assunto.
Agradecendo a publicação desta, subscrevo-me atenciosamente. Armando Hildebrand, diretor executivo da Campanha Nacional de Material de ensino”.
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Resposta à carta retro
São Paulo, 11 de agôsto de 1960.
limo. Sr.Secretário do“O Estado de São Paulo”.CAPITAL.
Prezado Senhor.
Na edição de 9 do corrente, terça- feira, êsse prestigioso jornal publicou carta do sr. Armando Hildebrand, diretor executivo da Campanha Nacional de Material de Ensino, sob o título “Papel linha cPágua para cadernos”.
Trata-se da fabricação de cadernos com papel linha d’água, que a Campanha Nacional de Material de Ensino contratou com determinada emprêsa.
Não nos move intuito de polemizar, entretanto cumpre-nos fazer alguns reparos a assertivas do referido senhor.
Os cadernos em questão foram vendidos ao preço de Cr$ 15,00 (quinze cruzeiros) a unidade. Na capa dos mesmos há afirmativa do sr. Hildebrand de que são oferecidos aos estudantes a “preço de custo”.
Ora, esta entidade, representativa da indústria gráfica no Estado de São Paulo, pode afirmar que cadernos daquele tipo podem ser vendidos diretamente pelas indústrias ao consumidor, pelo preço
unitário de Cr$ 12,00 (doze cruzeiros), desde que elas recebam papel em igualdade de condições ao fornecido para confecção daqueles mencionados pelo sr. Hildebrand.
Aliás, segundo estamos informados, os cadernos adquiridos pela Campanha Nacional de Material de Ensino lhe foram faturados a Cr$ 10,50 (dez cruzeiros e cinqüenta centavos) cada um, sendo isentos de impostos.
A afirmativa do sr. Hildebrand de que os cadernos são oferecidos ao preço cie custo (Sr$ 15,00), quando seu preço é de Cr$ 10,50, causa estranheza.
Essa burla à lei — pois que tal constitui a fabricação de cadernos com papel linha d’água — só aparentemente beneficia o estudante pobre. Tenha-se em mente que êsse papel é subvencionado pelo Govêrno com dinheiro público, isto é, com dinheiro de tôda a Nação e os cadernos não eram distribuídos nas escolas, principalmente nas escolas públicas, mas vendidos, indiscriminadi- mente, ao público em geral.
A indústria gráfica paulista dá pleno apôio ao barateamento do material escolar. Se não vende cadernos a Cr$ 12,00 é porque jamais pleiteou e nunca recebeu favores ilegais.
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A verdade é que há lei que proibe o uso de papel linha dágua em artigos outros que não sejam livros, jornais e revistas. Êste Sindicato não silencia ante negócios feitos com desrespeito às leis, estejam neles interessados funcionários do Governo ou o próprio Govêrno.
Sem outro motivo, antecipadamente gratos pela publicação da presente, renovamos a V. S.a nossos protestos de estima e distinta consideração.
Atenciosamente.Theobaldo De Nigris.
Ofício enviado ao Dr. Newton de Oliveira Quirino
“limo. sr. dr. Newton de Oliveira Quirino, delegado titular do Setor de Crimes contra a Fazenda — São Paulo — Prezado senhor: Ref.:
Repressão ao uso indevido do papel linha d’água
— O Sindicato da Indústria do Papel no Estado de São Paulo, o Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo e o Sindicato do Comércio Atacadista de Papel e Papelão de São Paulo, vêm, pela presente, congratular- se com V. S.a pela maneira enérgica e eficiente com que vem orientando a repressão ao uso indevido do papel linha d’água.
A êstes Sindicatos cabe precipua- mente a defesa da sua categoria econômica, mas tem sido de sua tradição defender também o interêsse público e denunciar tudo o que, de alguma forma, venha a lesar a Nação.
O papel linha d’água é aquêle que contém, visíveis contra a luz, em tôdi a sua largura e comprimento, linhas d’água paralelas, separadas em espaços de 4 a 8 centímetros. Êsse papel, quando importado, goza de câmbio preferencial (de custo ou em certos casos câmbio inferior ao de custo), isenção de direitos, taxas e impostos; quando nacional, goza de subsídio, retirado do fundo dos ágios, que possibilite aos fabricantes nacionais fornecerem ao preço do papel importado nas condições privilegiadas acima mencionadas.
De acordo com os dispositivos legais que regulam a matéria, êsse papel goza de tão grandes vantagens para ser usa- doexclusivamente para jornais, revistas e livros. Entretanto, verificou-se que, apesar da fiscalização por parte da Alfândega e da Fiban, êste papel vinha
sendo usado para fins outros que não os mencionados, como, por exemplo, para embalagens em açougues, padarias, mercados, peças de automóveis, para folhetos de propaganda, programas de cinema, fitas para máquinas de cálcular, cadernos, blocos etc. Êste uso indevido do papel linha d’água vinha propiciando a intermediários inescrupulosos, com sacrifício dos cofres da Nação, lucros ilícitos que cálculos modestos orçam em cêrca de três bilhões de cruzeiros anuais.
Verificando tal situação, êstes Sindicatos passaram a alertar as autoridades. Neste sentido, o Sindicato da Indústria do Papel, em 28 de setembro de 1959, entregou ao sr. inspetor da Alfândega de Santos uma representação anexando provas do uso ilícito do papel importado e pedindo um incremento da fiscalização. Idêntica representação foi dirigida à Fiban.
Em abril próximo passado, o Sindicato da Indústria Gráfica depois de oficiar ao sr ministro da Educação, denunciou perante a Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo o fato de o Ministério da Educação, através da Campanha Nacional de Material de Ensino Escolar, estar propiciando a confecção de cadernos escolares em papel linha d’água, contrariando frontalmente a legislação que rege a matéria. Com isso o Ministério da Educação, sob pretexto de favorecer estudantes pobres, passou a dar a uma emprêsa gráfica a possibilidade de confeccionar cadernos que, sendo mais baratos, redundam em sério detrimento das outras emprêsas que, cumprindo a lei, são obrigadas a confeccionar os cadernos em papel comum, várias vêzes mais caro. Verificou- se, outrossim, que, além dos cadernos do Ministério da Educação, foram confeccionados os mais variados tipos de cadernos e blocos com papel linha
992 Boletim da Ind. Gráfica
d’água; quer isto dizer que a iniciativa, aliás ilegal, do Ministério da Educação, deu motivo a um abuso de enormes proporções, lesando o Fisco, burlando a lei e prejudicando o comércio legítimo em avultadíssima escala.
Finalmente, os três Sindicatos signatários da presente, em 27 de maio do corrente ano, telegrafaram ao sr. ministro da Fazenda pedindo incremento da fiscalização.
A representação do Sindicato da Indústria do Papel, a denúncia do Sindicato das Indústrias Gráficas e o telegrama conjunto ao ministro da Fazenda, foram objetos de transcrição e comentários em jornais de todo o Brasil.
Como conseqüência, em 2 de junho último, o sr. inspetor da Alfândega de Santos fêz publicar na maioria dos jornais do Estado um edital chamando a atenção dos usuários do papel linha d’água, para que evitassem a aplicação do mesmo para finalidades indevidas. Por outro lado, como é do nosso conhecimento, a Fiban se tem dirigido a V. S.a formulando algumas denúncias sôbre o uso indevido do papel linha d’água.
Assim provocado pelas autoridades federais encarregadas da fiscalização e
pela repercussão que o assunto vinha tendo na imprensa de todo o País, V. S.a lançou-se em campo, passando a apurar o ilícito penal paralelo às fraudes praticadas e, como já foi dito acima, o fêz com grande eficiência e energia.
Assim sendo, não poderíam êstes Sindicatos deixar de vir manifestar a V. S.a o seu apôio e o seu aplauso. Nesta mesma data estamos tomando a liberdade de nos dirigir às seguintes autoridades federais: exmo. sr. ministro da Fazenda, sr. inspetor da Alfândega de Santos e diretor da Fiban, e estaduais, s. exa. o sr. governador do Estado e exmos. srs. secretários da Fazenda e da Segurança Pública, a cada um enviando cópia desta carta, a fim de que essas autoridades possam, em suas altas esferas, apreciar o profícuo trabalho de V. S.a em benefício dos cofres da Nação e da moralidade nos negócios de papel. Cordialmente, Sindicato da Indústria do Papel no Estado de S. Paulo, João da Cruz Vicente de Azevedo, presidente: Sindicato das Indústrias Gráficas no Est. de S. Paulo, Theobaldo De Nigris, presidente; Sindicato do Comércio Atacadista de Papel e Papelão de São Paulo, Jorge Madi, presidente.
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Agosto de 1960 993
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Posse da Nova Diretoria e Inauguração das Instalações da Sede
Com a presença do sr. Antônio Devisate e do Dr. Mário
Toledo de Morais, presidente e vice-presidente da fiesp-ciesp, de diversos presidentes de Sindicatos de Indústria, senhoras e inúmeros associados, foram inauguradas as instalações da sede do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo e empossada sua nova diretoria, no dia 23 de junho último.
O sr. Theobaldo De Nigris instalou a sessão, convidando para a mesa o sr. Antônio Devisate, Dr. Mário Toledo de Morais e sr. Fe- lício Lanzara, após o que, expondo os motivos da solenidade, passou a presidência dos trabalhos ao sr Devisate.
Inicialmente, foi introduzido o Crucifixo — belo bronze doado pelo Sr. De Nigris — ato êsse com que se deram por inauguradas as novas instalações da Sede do Sindicato.
A seguir, foi dada à mostra a Galeria de Ex-Presidentes do Sindicato da Indústria da Tipografia, que antecedeu ao atual. Por suas viuvas, foram respectivamentes descerradas as fotografias dos srs. José Mesa Campos, Ormindo Azevedo e Ricardo Rodrigues de Moura. A foto do sr. Humberto Rebizi foi descoberta por seu filho, sr. Flávio Rebizi. O sr. Felício Lanzara descer- rou o quadro do sr. João Gonçalves, tendo o seu próprio sido mostrado por sua esposa, da. Argentina Lanzara.
Agradecendo a homenagem prestada, falou o sr. Felício Lanzara, cujas palavras reproduzimos em outro local.
Pelo Presidente da fiesp-ciesp, foi empossada a nova Diretoria do Sindicato, eleita para o biênio 1960/62, ocasião em que usou da palavra o sr. José Napolitano Sob.°, cujo mandato como Diretor-Secre- tário ora se expirava.
Nessa altura, pedindo a palavra, levantou-se o Dr. Mário Toledo de Morais. Em brilhante improviso, como de costume, falando com aquela facilidade e precisão que lhe são tão peculiares, e que constituem satisfação para quantos o ouvem, o Dr. Mário começou por dizer que, dentro em pouco, seria prestada uma homenagem significativa e tôda especial. Lembrou o nome dado a diversos estabelecimentos de ensino industrial, citando o caso de Antônio Souza Noschese e Antônio Devisate que, vivos, têm suas figuras de homens de ação e dedicados ao bem comum perpetuadas num reconhecimento legítimo e elevado dos seus méritos por parte de seus companheiros.
Estava perfeitamente à vontade, disse mais, para, como delegado e intérprete dos industriais gráficos, em cujo número se inclui como diretor da Cia. Melhoramentos, prestar uma justa e merecida homenagem ao companheiro reeleito presidente do Sindicato, dando ao salão
994 Boletim da Ind. Gráfica
de reuniões dessa entidade o nome de “Salão Nobre Theobaldo De Nigris”. Nesse momento, todos de pé, foi descer- rada pelo Dr. Mário Toledo de Morais a placa de bronze com os dizeres mencionados, sob as palmas entusiásticas dos presentes.
Visivelmente emocionado, colhido da mais completa surpresa, o homenageado se levantou para agradecer aquela prova de camaradagem de seus companheiros. “Nada mais fiz, disse êle, que cumprir com as obrigações do cargo para que vocês, já pela terceira vez, me conduzem; sempre foi meu empenho não desmerecer a confiança que em mim depositam. Se algo aqui foi feito, devemo- lo à colaboxação sempre pronta de todos os colegas”. — Prosseguindo, lembrou o orador fatos que se passaram nos quatro anos em que presidia o Sindicato, salientando o esforço dos seus funcionários no sentido de, cada vez mais, apresentar melhores serviços aos associados. Ressaltou, ainda, o nome do sr. Ramilfo Luiz Pereira e do Dr. João Dalla Filho, secretário e advogado do Sindicato, pessoas dedicadas, competentes e merecedoras de todo aprêço e confiança. Dirigindo-se ao Sr. Devisate, Presidente da Federação das Indústrias, disse do muito que aprendera no convívio leal e desprendido dos companheiros da fiesp, onde sempre encontrou o apôio necessário à solução de problemas que por vêzes, afligiam sua classe.
Por último, foi descerrada placa de bronze, homenagem dos demais colegas aos Diretores cujo mandato ora terminava e em cuja gestão foi adquirida a sede do Sindicato.
Encerada a solenidade, passou-se ao coquetel com que terminou a reunião.
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O Dr. Mário Toledo de Morais, Diretor da CM Melhoramentos e Vive-Presidente da F. I. E. S. P., quando saudava a nova Diretoria
* e dizia da homenagem prestada ao Presidente De Nigris.
Nosso velho amigo e conhecido, Felício Lanzara, quando, em nome dos ex-presidentes, agradecia a homenagem que lhes foi prestada.
O Sr. José Napolitano Sobrinho, que deixava a Diretoria após dois mandatos como
Secretário.
Hxo,'adjutor
Visivelmente emocionado, o Sr. Theobaldo De Nigris cujas virtudes de líder não se podem ocultar, sendo por todos reconhecidas.
Flagrante dos presentes
Aspecto do coquetel, vendo-se os Srs. Kurt Epstein, Leopoldo Buhon, Theobaldo De Nigris e Damiro de
O. Volpe.
O Presidente reeleito ladeado pelo Dr. Pedro Grisolia e Sr. Antônio Devisate, Presidente da F. I. E. S. P., que presidiu à solenidade.
O Sr. Francisco Giangrande e Senhora.
Ao centro, ladeando o Presidente,sua esposa, seu irmão e oDr. Theobaldo De Nigris Júnior.
Palavras do sr.
F E L I C I O L A N Z A R A
Senhor Presidente,Senhoras, Senhores,Prezados Colegas Gráficos:
Não podería ser mais comovente para mim, velho oficial gráfico, esta homenagem de colocar o perfil de um companheiro no panteão de nossa corporação. E mais ainda me comovo quando verifico que o presidente desta solenidade é Theobaldo De Nigris, que o destino fêz com que fôsse eu aquêle que iria iniciá-lo em nossa profissão, tão honrosa e tão prestante. Longe de mim a pretensão de ter criado um discipu- lado; — sou apenas um companheiro mais velho que vê com alegria o aparecimento de novos colegas, como um pai que admite, contente, a maioridade de seus filhos, que se libertaram da tutela e conquistam suas posições com pleno direito. Por isso presidente Theobaldo, ao agradecer esta homenagem, pedimos licença para reparti-la com nossos antigos companheiros, muitos dêles já desaparecidos, mas que pervivem em nossa memória. Cada gráfico tombado no caminho da vida (a sabedoria divina não fêz os homens imortais), retorna àquela terra bíblica, animados por uma Luz celeste, prosseguindo sendo o que foram, imortalizados em suas obras.
Realmente, nossa atividade, misto de indústria e arte, tem tôda a característica das obras de arte, e quase sempre seu destino: suavisar a vida nas narrativas das composições gráficas, iluminar nossos olhos na policromia das reproduções litográficas. Na Casa dos Grá-
pronunciadas na reunião plenária de 23 de junho
ficos seria supérfluo lembrar o cântico das linotipos, que lembra o acalento das mães amorosas que ninam seus filhos.
A música de uma indústria gráfica tem muito de cantar de ninar, sendo nossos filhos a gravura ou o livro. Esta preocupação artística e emotiva da indústria gráfica é que explica, em última instância, o prestígio de que gozamos no seio do parque manufatureiro de São Paulo. Somos o veículo das mensagens culturais e promocionais. Imprimindo livros ou cartazes, apregoamos a boa nova em suas melhores roupagens. Por isso nos orgulhamos de nossa profissão, porque nossas obras são o nosso orgulho.
Agradecendo esta homenagem, queremos ao mesmo tempo nos congratular com as diretorias que, sob a presidência de Theobaldo De Nigris, tamanho impulso imprimiram à nossa corporação. Nenhum só problema que interessa à classe foi descurado. Podemos mesmo oferecer nosso testemunho aos pronunciamentos que Theobaldo De Nigris vem fazendo nas reuniões plenárias da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, advertindo os homens de emprêsa dos perigos que corremos, ou então solicitando medidas para a salvaguarda de superiores interêsses. A classe está alerta e nossos delegados vigilantes. Portanto, não podería estar em melhores mãos os destinos de nosso Sindicato.
A todos e a cada um dos membros da Diretoria, o nosso sincero e comovidoMUITO OBRIGADO !
Agosto de 1960 999
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1000 Boletim da Ind. Gráfica
Oração do sr.
J O S É N A P O L I T A N O
Presidente Devisate Presidente Theobaldo Minhas Senhoras, meus senhores, prezados companheiros.
Finda-se hoje o mandato da Diretoria dêste Sindicato.
No exercício das suas respectivas funções, cada membro da Diretoria procurou desobrigar-se da tarefa que lhe estava afeta, dando o melhor para obter o melhor, na certeza de corresponder à confiança que em si depositaram os que os elegeram.
Não resta dúvida de que dificuldades sem conta se nos depararam, carecendo de solução. Felizmente, nada impediu que o Sindicato, nesses quatro anos, mantivesse seu padrão de bem servir à classe que representa.
Acima de todos os obstáculos, sobrepujando e resolvendo os problemas, nosso Sindicato tem um ideal a cumprir; tem um espírito que o mantém e o impulsiona para o alvo certo: dar à classe a assistência e apôio indispensáveis para seu engrandecimento, seu prestígio, para sua legítima posição na sociedade a que pertencemos, como parcela modesta mas patriótica dêste grandioso Brasil.
Em 1956, ao ser empossada a Diretoria que neste momento termina seu mandato, ficou programada, entre outras realizações não menos sugestivas, a aquisição e instalação da sede própria.
Pois bem, êsse sonho foi transformado em feliz realidade e, si tal conseguimos, devemo-la à expontânea e calorosa contribuição de todos, que, face ao nosso apêlo jamais se negaram a prestigiar o Sindicato, engrandecendo-o. Esta Diretoria sente-se ufana em partilhar esta satisfação com todos, eis que, sozinha, pouco ou nada lhe teria sido possível realizar.
De minha parte, como Secretário, se falhas cometi, as fiz convicto de que estava desempenhando com acêrto minhas funções, pois meu espírito sempre se orientou no sentido de bem servir à coletividades e, particularmente, aos colegas industriais gráficos, representados e congregados neste Sindicato.
Permito-me destacar de modo especial ao nosso ilustre Presidente, Theobaldo De Nigris, companheiro incansável, que de modo todo peculiar e sempre otimista, tão bem supervisionou todos os trabalhos, dando sua palavra de incentivo e de estímulo e o apôio de que não raro necessitávamos.
Prova de sua operosidade está na sua recondução, pela terceira vez, ao cargo de Presidente. Figura ímpar, possuidor de excepcionais qualidades de dirigente, pelos excelentes serviços prestados ao Sindicato, creio não exagerar ao cogno- miná-lo “o Dinâmico”.
Igualmente merecedor de especial estima é o nosso caro João Andreotti. Homem de méritos inegáveis, correto e equilibrado por excelência, seu trabalhonão foi pequeno na busca de soluções para problemas materiais, que algumas vêzes nos afligiam.
Agosto de 1960 1001
Ao professor Ramilfo Luiz Pereira, Secretário Executivo, pessoa que encarna a tradição em nosso Sindicato; ao Dr. João Dalla Filho e Dr. Rubens Pereira Pinto, do Departamento Jurídico, sempre a postos nas ocasiões necessárias, resolvendo problemas que demandavam soluções rápidas e precisas, os nossos agradecimentos.
Para não incorrer em censurável indelicadeza e com o propósito de não me delongar, quero, sem excessão, agradecer a todos os que conosco cooperaram para o engrandecimento do Sindicato.
Sr. Piesidente e demais membros da nova Diretoria !
Quero deixar bem claro que nosso mandato se expirou, mas aqui estaremos sempre, incondicionalmente, ao mais leve apêlo, para dar nossa cooperação quando ela se tornar necessária, para projetar cada vez mais e sempre mais alto o prestígio de nosso Sindicato.
Aos novos membros hoje empossados, inclusive ao sr. Presidente, queremos, em poucas palavras, externar nossos ardentes votos de uma feliz administração.
Deus os guie.
A T E N Ç Ã Oo
Jantar dos Industriais Gráficos
No dia 11 de outubro vindouro, terça-feira, as dezenove horas e trinta minutos, será realizada nova reunião-jantar dos industriais gráficos de São Paulo.
Desta vez, o local escolhido é a Cantina 1060, à Avenida Rangel Pestana n.° 1060.
É o seguinte o menu:
martini;salpicão de galinha; fusili ao sugo;frango grelhado com legumes; salada de frutas ou sorvete.
O preço da adesão é de Cr$ 500,00 (quinhentos cruzeiros).
Queiram, por favor, comunicar-se com a Secretaria do Sindicato, pelo telefone 32-4694.
Compareçam todos, para maior alegria.
1002 Boletim da lnd. Gráfica
LEGISIMODo seguro contra acidentes de trabalho
Há dois anos, precisamente em agosto de 1958, publicamos artigo esclarecedor sôbre a questão do seguro contra acidentes do trabalho e sua fiscalização. Dado o interesse que a matéria continua
despertando, voltamos a publicá-la.
Ültimamente, inúmeros associados nos têm consultado sôbre o problema criado com o pagamento do prêmio das apólices de seguro contra acidentes de trabalho, em base inferior à determinada no art. 57 do decreto n.° 18.809, de 5 de junho de 1945, que regulamentou o decreto-lei n.° 7036, de 10 de novembro de 1944.
Diz o referido art. 57:
“Os prêmios serão calculados sôbre o total dos salários a dispender pelo empregador, durante o período do seguro e não poderão ter por base mensal uma importância inferior ao total dos salários constantes do registro a que se refere o art. 10 da Lei.”
O registro a que se refere o artigo 10, supra-mencionado, é o registro geral de empregados.
O art. 97 do decreto-lei n.° 7036 é que ampara o art. 57 do regulamento, quando diz:
“As normas para o cálculo e cobrança do prêmio e para a realização do seguro de acidentes do trabalho e sua administração, inclusive no que se refere ao regime de contas e gestão financeira, serão fixadas em regulamento”.
Isto posto, examinaremos a situação dos empregadores face à fiscalização.
É praxe solicitarem os srs. Inspetores do Trabalho a apólice do seguro, para verificarem se está de acordo com os ditames da lei.
Somos de opinião que tal solicitação, mesmo que se transforme em exigência, não deve ser atendida. O art. 94 do decreto-lei 7036, em seu parágrafo único, determina:
“Os empregadores sujeitos ao regime desta lei deverão, sob pena de incorrerem na multa cominada no art. 104, manter afixados nos seus escritórios e nos locais de trabalho de seus empregados, de modo perfeitamente visível, exemplares dos certificados das entidades em que tiverem realizado o seguro”.
Assim, exibido o certificado, não há necessidade de mostrar a apólice. Caso o Inspetor do Trabalho queira ver a apólice, que vá bater à porta da Cia. Seguradora.
A questão do pagamento do prêmio pelo valor efetivo da fôlha de pagamento, diz respeito, segundo nossa opinião, às seguradoras.
Por essa razão é que o § único do art. 57 do decreto 18.809 diz que a segu
Agôsto de 1960 1003
radora “poderá” exigir um reforço do prêmio. Êsse “poderá” está a indicar que é falcultado às seguradoras exigir êsse reforço. Trata-se do interêsse delas.
A entidade seguradora, no vencimento do seguro, é obrigada a fazer, por representante seu ou pelo corretor que tenha assinado a proposta, a verificação das fôlhas de salário do segurado, para conhecimento das importâncias pagas a todos os empregados garantidos pela apólice (art. 60). Para o fim previsto neste artigo, o segurado é obrigado a exibir ao representante da seguradora ou ao corretor que tenha assinado a proposta, cópias das relações de seus empregados, fornecidas ao respectivo Instituto ou Caixa de Aposentadoria e Pensões a que estiverem filiados (§ l.°). — Os excessos de prêmios apurados nessas verificações serão imediatamente cobrados aos segurados, por meio da respectiva fatura ou recibo. (§ 2.°).
Como vemos, além do disposto no art. 57 do regulamento, facultando à Seguradora a cobrança do reajuste do prêmio, temos o artigo 60 e seus parágrafos, acima transcritos, que possibilitam a cobrança, após exame dos documentos da firma segurada.
Mesmo a exigência do art. 60 é discutível, de vez que a Lei não a determina. A exigência tem origem no decreto, que, face à Constituição não pode criar direitos nem obrigações. Os direitos e obrigações têm de ser criados por Lei. Mas êsse é um outro aspecto, que não poderá ser examinado num simples comentário, como êste.
Para finalizar, cumpre dizer aos nossos caros associados que não cedam às exigências descabidas da fiscalização. Caso os srs. Inspetores do Trabalho teimem em exigir exibição de apólice e queiram autuar face à negativa de atender a tal exigência, ou mesmo caso autuem por haver diferença no valor do prêmio pago e no valor efetivo das fôlhas de pagamento, procurem o Departamento Jurídico do Sindicato, que está apto a defender os interêsses da classe industrial gráfica, contra interpretações exdrúxulas do texto legal, interpretações essas que podem servir para esconder pretensões que se não coadunam com a Lei.
As multas cominadas pela lei de acidentes são de Cr$ 200 a Cr$ 5.000,00, e de Cr$ 1.000,00 a Cr$ 10.000,00 nas reincidências.
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Redação e Administração Rua Marquês de Itu, 70 — 12.° andar Telefone: 32-4694 — (Sede própria)
S Ã O P A U L O
ANO X I — AGOSTO DE 1960 — N .° 119
Diretor responsável D r. J oão D a l l a F il h o
RedaçãoT h eo b a ld o D e N ig ris D r. J o ão D a l l a F il h o
PublicidadeR a l p h P e r e ir a P in t o
*Composto e impresso nas oficinas da São Paulo Editora S. A. — Rua Barão de Ladário, 226 — São Paulo, Brasil.
*
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS GRÁFICAS NO ESTADO DE
SÃO PAULO
DiretoriaTheobaldo De Nigris — Presidente
Bertolino Gazi — Secretário Damiro de Oliveira Volpe — Tesoureiro
Su p l e n t e s
Vito J. Ciasca, José J. H. Fieretti e Luiz Lastri
Conselho FiscalJorge Saraiva
João Virgílio Catalani Dante Giosa
Su p l e n t e s
Bruno Canton, Rubens Ferreira e Jair Geraldo Rocco
Delegados na FederaçãoTheobaldo De Nigris
Felício Lanzara Pery Bomeisel
Su p l e n t e s
João Andreotti, José Napolitano Sobrinho e Homero Vilela de Andrade
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Departamento JurídicoD r. J o ão D a l l a F il h o
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Departamento Técnico❖ Orientação em geral sobre qualquer
assunto concernente à indústria gráfica.
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desenvolvimento da solidariedade social.— Bolsa Gráfica — Oferta e procura de empre
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