bem-vindos calouros, bem-vindos formandos - fea - usp · alunos do centro acadêmico À primeira...
TRANSCRIPT
uma publicação mensal da FEA-USP
p.03
p.08
p.12
FEA CCInt
FEA X FEA
FEA FUNCIONÁRIOS
FEA PROFESSORESPAINEL E AINDA...
p.02 p.04 p.10
Uma síntese da Aula Magna de Guilherme Peirão Leal
Idéias para uma década de desenvolvimento
Os muitos talentos da professora Diva Benevides Pinho
Bem
-vin
dos
ca
lou
ros,
b
em-v
ind
os f
orm
an
dos
ano 05_edição 41_abril_2008
(CONTINUA NA PÁGINA 6)
Encontro de gerações FEA na Aula Magna:
Jacinto Bebiano Simões Ferreira,
aluno da turma de Economia de 1957,
professor Azzoni e alunos do Centro
Acadêmico
À primeira vista, o título desta reportagem do jornal
Gente da FEA pode parecer errado. Bem-vindos
calouros, tudo bem. Mas bem-vindos formandos?
É isso mesmo. Em um começo de ano intenso, com
inúmeras atividades, a FEA recebeu os calouros de
2008, realizou a Colação de Grau dos alunos de
2007, premiou o trabalho de alunos e professores,
recebeu ex-alunos e ainda premiou, com o Econo-
teen, “possíveis futuros alunos” do curso Colegial.
Atividades à parte – e elas foram muitas e muito
bem organizadas –, a movimentação tem um ponto
comum importante, expresso no fato de que a FEA
é uma instituição que tem história, que se destaca
no presente e que tem futuro. “Na FEA não há
ex-alunos, há alunos de diferentes gerações”, des-
tacou o professor Carlos Azzoni, diretor da FEA,
na abertura da noite de cerimônia da Aula Magna,
afirmando aos calouros ter a confiança de que “car-
regarão o orgulho de ser Feano para as gerações que
os sucederão”.
#02
ANÁLISE E OPINIÃO
“Modelos de produção têm que ser alterados em prol da sustentabilidade. Acreditem na possibilidade de transformação que vocês têm. O ambiente da FEA é propício para isso.”
“O
son
ho
é im
utá
vel.
N
un
ca d
eixe
m d
e so
nh
ar”
CONVIDADO A PROFERIR A AULA MAGNA
DESTE ANO, GUILHERME PEIRÃO LEAL, 59
ANOS, EX-ALUNO DE ADMINISTRAÇÃO DA
FEA E HOJE CO-PRESIDENTE E ACIONISTA
DA NATURA, FEZ UM RELATO DE SUA
TRAJETÓRIA E TRANSMITIU À ATENTA
PLATÉIA DE CALOUROS UMA MENSAGEM
PROVOCATIVA, COM FORTE APELO À
CIDADANIA. O empresário começou por
relatar sua chegada à FEA. Filho de pais
de classe média, recebeu uma educação
de qualidade mas, como muitos jovens,
não sabia bem o que fazer ao terminar
o colegial. Pensava em Engenharia,
Psicologia. “Já tinha começado a
trabalhar, porque a coisa em casa estava
apertada. Então procurei uma faculdade
não paga, à noite. Tive a sorte de fazer
o exame e ser aceito nesta casa. Muito
me orgulho de ter estado aqui de 1969 a
1973, 1974”, disse ele.
Jovem, com 19 anos, ele chegou para
a primeira aula de Administração após
um dia de trabalho. Namorar era depois
da aula na FEA, contou. “Acelerando, a
vida me levou… Nos meus dez primeiros
anos trabalhei em banco, depois na
Fepasa, e tive a sorte de ser mandado
embora da Fepasa por questões políticas.
Aos 29 anos a vida me colocou diante
da possibilidade de embarcar em uma
fascinante aventura, que foi a Natura.”
Guilherme Leal tinha apenas um pequeno
capital, a indenização
recebida da Fepasa
e meio terreno na
Granja Viana. “Entrei
de cabeça nessa aventura, me apaixonei… Não se sabe o
que constrói o que. Você constrói a empresa mas a empresa
te constrói... Era uma empresa pequena ainda, em 1979, e aí
cresceu 30 e tantas vezes na década de 80. No início da década
de 90, a Natura renasceu também. Se funde e vai para o divã
(eram várias pequenas empresas antes), vai se perguntar o que
quer do mundo”, relembrou.
A razão de ser da empresa surgiu de modo mais claro com a
promoção Bem-Estar – Estar Bem. “Bem-estar, relação de você
com você mesmo, e Estar Bem, a sua relação com o mundo – e
essas coisas interagindo e se relacionando. Nessas crenças, a mais
básica de todas é a de que a vida é uma cadeia de relações. A
vida não se define sozinha. Não é só o ser humano, é a bactéria,
o ar, se você quer estar bem você tem que pensar no todo, se
pensar no todo tem que pensar na parte”, afirmou.
A sociedade, lembrou ele, vivia um momento de
reorganização, as ONGs começavam a surgir e a empresa
participou de uma série de episódios na década de 90, o Instituto
Ethos, por exemplo. Assim foi sendo construído “um sucesso
econômico relevante, uma marca de valor, um patrimônio que
passou a ser mais do que econômico, simbólico de um Brasil
que é possível dar certo dentro da ética”. Para Guilherme Leal,
a mudança necessária hoje “é mais profunda, de valores, tem
modos de produção e modelos de consumo que têm de ser
alterados se quisermos encontrar patamares sustentáveis. Vocês
estão entrando em uma instituição de excelência. Ousem
ser honestos, acreditem na sua capacidade de transformar
o mundo. Tenham humildade para ouvir e aprender. Não se
constrói conhecimento sem a humildade de ouvir. Mas não
sejam humildes a ponto de não acreditar na possibilidade de
transformação que vocês têm. Tem uma frase do Fernando
Pessoa que diz que a única coisa que é imutável é o sonho.
Nunca deixem de sonhar. É isso que eu desejo para vocês.
Sejam felizes!”
GUILHERME PEIRÃO LEAL
CO-PRESIDENTE E ACIONISTA DA NATURA
(TRECHOS DA AULA MAGNA DE 2008)
importância fundamental no processo
de ajudar os estrangeiros a se adaptarem.
A começar pelo site que fornece
informações sobre o país, a cidade de
São Paulo, a USP e a FEA (http://www.
clubeinternacional.org/index.html). No
dia 23 de fevereiro, o Clube organizou
um passeio ao centro histórico de São
Paulo. “Eles gostaram especialmente do
mercadão”, conta Roberta Alves, membro
do Clube Internacional. “Eles gostaram
muito das frutas expostas, do pastel de
bacalhau e do sanduíche de mortadela”,
complementa Maysa Hathner, também
do Clube. À noite foi a vez do clube de
salsa e casas de samba e de forró. Mas o
grande sucesso deste ano foi a viagem a
Maresias, no dia 7 de março.
A maior preocupação de Leandro
Ramos, membro idealizador do Clube
Internacional é que a consciência da
importância do relacionamento com
os estudantes estrangeiros se amplie
para outras pessoas e que o Clube
Internacional continue a desempenhar
o seu papel. A participação no Clube é
um trabalho voluntário, feito com muita
responsabilidade e comprometimento.
#03
CCInt e Clube Internacional organizaram vários eventos especiais para receber 40 estudantes de diversos países.
FEA CCInt
Muita informação e cultura Primeira na USP e no Brasil a promover o intercâmbio de
estudantes com faculdades de outros países, há 22 anos, a FEA
é também a que mais recebe estudantes do exterior. Neste
semestre, 40 intercambistas de diversos países estão aqui. Para
recebê-los, a FEA preparou muita informação, eventos e um
pouco da história e da cultura brasileira.
Para começar o ano, foi realizada a Semana de Recepção
aos Intercambistas, que segue os preceitos das universidades
participantes dos convênios, mas que no Brasil, segundo
o professor Edson Luiz Riccio, presidente da Comissão de
Cooperação Internacional (CCInt-FEA), “mostra um pouco da
habitual cordialidade brasileira”. Para Maria de Lourdes Silva, a
Malú, Chefe de Serviços Internacionais da CCInt, a recepção é
de extrema importância pois fornece informações básicas para
a segurança e bem-estar dos alunos. Entre elas, como funciona
a faculdade, direitos e deveres, meios de transporte, notas,
freqüência, acesso à biblioteca etc.
Para que um estudante estrangeiro queira vir estudar na
FEA, além de investir nos convênios, é preciso priorizar o
relacionamento. Por isso, a CCInt-FEA realiza uma série de
eventos, com o apoio do Clube Internacional. Os resultados
são fáceis de comprovar: de acordo com Marcio Fernandez
Cuzziol, Assistente de Relações Internacionais, em 2001 havia
seis intercambistas e neste semestre já são 40.
Para o professor Riccio, os intercambistas apreciam, entre
outros aspectos, a enorme diversidade cultural do país e, ao
voltarem, relatam as boas experiências vivenciadas. O interesse
crescente, segundo ele, também se deve ao fato de que alguns
países “acreditam que o Brasil representa um sonho de esperança
para o mundo”. Já os brasileiros que vão ao exterior são o espelho
não só da FEA mas do Brasil, lá fora. Além de vivenciarem
outras culturas e formas de aprendizado, os brasileiros divulgam
o alto nível de ensino e pesquisa
desenvolvidos aqui.
Do centro histórico a Maresias
O Clube Internacional,
parceiro da CCInt, tem
Intercambistas 2008: além da qualidade do ensino, os estudantes estrangeiros apreciam a diversidade cultural do país
Prof. Riccio: “Alguns países
acreditam que o Brasil representa
um sonho de esperança
para o mundo”
quadro de maior acesso a novas tecnologias e uma redução
no custo de acesso ao capital; de outro, importantes mu-
danças demográficas.
Quando se ajusta as projeções do PIB pelo poder de com-
pra, verifica-se que em 2030 os países em desenvolvimento
responderão por mais de 61% do PIB global. Hoje respon-
dem por menos de 48%. Em 2015, o PIB chinês será maior
que o da Europa. Entre 2015 e 2020, o PIB dos EUA deverá
ser ultrapassado pelo da China, que representará 22% do PIB
mundial (atualmente representa 13%).
Nesse mesmo período, a segunda força em curso é a tran-
sição demográfica. Com base nas taxas de natalidade e mor-
talidade, é possível projetar uma população mundial crescen-
do de 6,2 bilhões, em 2001, para 7,2 bilhões em 2015 e 8,1
bilhões em 2030 (um bilhão de pessoas a cada 15 anos). A
expansão populacional será bem maior nos países em desen-
volvimento. Além disso, o mundo terá uma janela de oportu-
nidades fantástica, em virtude da redução da população em
idade não produtiva (menos de 15 anos). Haverá ainda um
aumento da população com mais de 65 anos.
À medida que o mundo cresce mais, a pressão em termos
de uso de recursos naturais aumenta muito. Isso se revela no
aumento do preço desses recursos (petróleo, metais e, mais
recentemente, dos alimentos). A expansão dos investimen-
tos na China e na Índia gera uma grande demanda por aço,
estanho e outros metais. Outra mudança causada pelo au-
mento do PIB nos países mais pobres é a tendência para uma
alimentação mais rica em proteínas de origem animal.
A mensagem que fica é que nos próximos 15 a 25 anos
haverá enorme leito de oportunidades que, se soubermos
aproveitar, poderá nos levar em 2020 a um Brasil muito mais
saudável, com melhor distribuição renda.
Carlos Roberto Azzoni
Os riscos de não fazer nada
O diretor da FEA, Carlos Roberto Azzoni, mostrou os
resultados de um modelo que permite prever o comporta-
#04
PAINEL
“À medida que o mundo cresce mais, a pressão em termos de uso de recursos naturais aumenta muito. Isso se revela no aumento do preço desses recursos.”
Idéi
as
pa
ra u
ma
déc
ad
a d
e d
esen
volv
imen
to e
bem
-est
ar “O QUE DEVE SER FEITO NOS PRÓXIMOS
20 MESES PARA A QUE A DÉCADA QUE SE
INICIA EM JANEIRO DE 2010 TRAGA PARA
TODOS OS BRASILEIROS A SEGURANÇA,
A QUALIDADE DE VIDA E O BEM-ESTAR
CORRESPONDENTES ÀS POTENCIALIDADES
DO PAÍS?” Essa foi a pergunta colocada
pelo ex-reitor da USP Jacques Mar-
covitch aos expositores do seminário
Brasil 2020, que reuniu na FEA em
março os professores Otaviano Canu-
to dos Santos Filho, Carlos Roberto
Azzoni e James Terence Coulter Wri-
ght. O evento foi organizado com o
objetivo de preparar o Colóquio Bra-
sil 2020, Uma década promissora para
o Brasil?, que a USP programou para
junho em homenagem aos 60 anos de
atividades acadêmicas de seu ex-reitor
José Goldemberg.
Cada um dos expositores procurou
dar uma contribuição para responder à
pergunta colocada por Marcovitch. Leia
abaixo o resumo das apresentações.
Otaviano Canuto
Novo padrão de crescimento
Otaviano Canuto apresentou ten-
dências de caráter mais global a partir
de cenários de crescimento econômi-
co e evolução demográfica elaborados
pelo Banco Mundial em 2005. Nos
próximos 15 a 25 anos, haverá o con-
fronto de duas grandes forças. De um
lado, uma nova configuração da eco-
nomia mundial, um novo padrão de
crescimento que tem na sua raiz um
as empresas incorporam novos conhe-
cimentos, novas formas de atuar e no-
vas políticas de gestão de pessoas que
as tornam mais fortes e mais capazes de
competir. São processos longos, de 10,
15 anos à frente.
No Brasil, o grande objetivo é me-
lhorar a qualidade de vida da popula-
ção. Como isso pode acontecer? As
empresas podem explorar as oportuni-
dades no mercado de massa no Brasil
e no exterior. Se o país fornecer pro-
dutos para esses mercados e atender a
enorme demanda existente no mundo
por mais alimentos e energia, terá con-
dições de distribuir o crescimento para
outras regiões.
Essa meta depende de um tripé: edu-
cação de qualidade, acesso universal
para o nivel médio e técnico, para que
a força de trabalho possa lidar com a
informática e novas tecnologias; sanea-
mento básico e aumento da vida útil das
pessoas; e fortalecimento das institui-
ções e da base do conhecimento, siste-
mas institucionais que dêem segurança
ao investimento. Nada disso se faz sem
investimentos em ciência e tecnologia.
A inclusão digital de toda a população
é indispensável. Além disso, é necessá-
ria uma base insumos sustentáveis. Sis-
temas de transporte aprimorados para
pessoas e cargas, matriz energética re-
novável, padrões de desenvolvimento
ambientalmente sustentáveis. Os líderes
têm de dar resposta. A inação não é uma
opção viável.
#05
“Se não houver mudanças até 2023, o crescimento continuará concentrado na região Sudeste, a mais rica, onde ele já é grande.”
mento da economia brasileira até 2023. Levando em conta o
cenário mundial, o modelo chega a cenários para a economia
nacional e a cenários regionais compatíveis com os cenários
mundiais. Faz também cenários compatíveis com mudanças
de tecnologia, de hábitos, demográficas etc.
Esse modelo indica que o PIB brasileiro poderia crescer
5,3% até 2023, desde que a carga tributária pudesse cair ao
longo do tempo. Se não cair e até aumentar, o PIB crescerá
só 2,5%. Um grande problema é que a taxa de investimento
fica em torno de 20%. É muito pouco. Isso tem a ver com o
baixo investimento público.
Se não houver mudanças até 2023, o crescimento conti-
nuará concentrado na região Sudeste, a mais rica, onde ele
já é grande. O Brasil tem problemas nacionais e regionais:
concentração da produção e da riqueza no Sul-Sudeste, de-
sigualdes de renda per capita, na saúde, educação etc. A re-
gião mais pobre é o Nordeste. Mesmo com Sudam e Sudene
conseguiu-se muito pouco. Os estudos realizados na FEA
mostram que o maior programa de desenvolvimento regional
já feito é o Bolsa Família.
Os atuais gargalos têm a ver com a educação e com as
distorções impostas pelo setor público sobre a sociedade e
a economia. O tamanho dos desafios é grande. Portanto, o
esforço deve ser maior.
James Wright
Pensar o futuro é essencial
O professor James Wright fez diversas reflexões sobre o
efeito da globalização e sobre alguns cenários para o Brasil
até 2020. As empresas, hoje, têm de atuar efetivamente com
visão global. Isso significa usar conhecimento, pessoas, co-
nhecer mercados e necessidades de clientes de todos os lu-
gares do mundo.
Isso é um enorme desafio. Embraer, Vale do Rio Doce,
Natura, Gerdau, Sadia, Ambev são empresas brasileiras que
têm saído mundo afora conquistando mercado com o saber
fazer brasileiro. As pesquisas mostram que, ao ir para fora,
Carlos Roberto Azzoni
James T. Coulter Wright
Otaviano Canuto dos Santos Filho
transmitir, especial-
mente aos calou-
ros, que não estão
entrando em uma
faculdade qualquer.
E que a qualidade
de uma instituição
como a FEA não
cai do céu. Ela tem
um esforço e a casa
faz esse esforço. Ela tem um preço, a sociedade paga e a FEA
devolve também muito à sociedade.
Formado há 50 anos
Para homenagear as primeiras gerações que lançaram as
bases para a construção da FEA, a organização convidou para
a noite da Aula Magna Jacinto Bebiano Simões Ferreira, alu-
no da turma de Economia de 1957, que recebeu um diploma
comemorativo de cinquenta anos de formatura. Foi a conexão
do passado com o futuro, demonstrando o ciclo virtuoso que
acompanha a evolução da faculdade. “O brilho nos olhos do
nosso aluno Jacinto por si só traduziu a emoção do momento”,
diz o professor Azzoni.
Para os formandos, uma homenagem especial: o reconheci-
mento do mérito dos melhores trabalhos de conclusão de curso
e os melhores desempenhos. Um a um, foram homenageados os
melhores de 2007. Para completar, o aluno Leandro Henrique
Ramos recebeu placa de reconhecimento da faculdade pelo seu
trabalho de criação do Clube Internacional e apoio aos alunos
intercambistas estrangeiros. Os professores que receberam a
melhor avaliação didática dos alunos de graduação da FEA em
2007 também receberam uma placa de reconhecimento.
Turma de 2020?
Foi assim, em tom de brincadeira, que o professor Azzoni
se referiu aos alunos do colegial que receberam o Prêmio Eco-
noteen de Ensaios, concurso realizado pelo Departamento de
#06
FEA ALUNOS
“Na FEA não há ex-alunos, há alunos de diferentes gerações. Tanto quanto brilhou no passado e brilha no presente, o destino da FEA é brilhar no futuro.”
Bem
-vin
dos
ca
lou
ros,
b
em-v
ind
os f
orm
an
dos
Orquestra, bateria, palestras dos líderes
das entidades estudantis, teatro e
muita informação na recepção aos calouros
A ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES PREVIS-
TAS PARA A NOITE DA AULA MAGNA AOS
CALOUROS SINTETIZA BEM O “JEITO FEA
DE RECEBER” E A PREOCUPAÇÃO DA INSTI-
TUIÇÃO DE RESSALTAR OS SEUS VALORES E
A SUA CULTURA. Logo na abertura, o pro-
fessor Azzoni destacou que “a FEA tem
uma história marcante de excelência e
de comprometimento, de participação na
vida social, empresarial e econômica bra-
sileira”. Segundo ele, “uma história como
essa não é herdada ou recebida de presen-
te. É conquistada, construída pelas várias
gerações de professores, de funcionários e
de alunos. Uma construção permanente,
que requereu muito esforço, inteligência,
coragem e ousadia. Tanto quanto brilhou
no passado e brilha no presente, o destino
da FEA é brilhar no futuro. O que vamos
celebrar hoje nesse auditório é uma ga-
rantia de que esse vaticínio prevalecerá”.
O professor Azzoni explica que a fa-
culdade tem procurado cultivar “a expli-
citação” do orgulho de ser da FEA. Esse
orgulho sempre esteve presente, mas nem
sempre é verbalizado de forma clara. “A
FEA é uma instituição de excelência, ran-
queada como a melhor na área no Brasil,
com os seus valores, as suas conquistas, a
sua qualidade. E todos nós, alunos, pro-
fessores e funcionários, precisamos lem-
brar disso a cada manhã e trabalhar para
que isso continue”, afirma ele. Ao deixar
claro esse conjunto e trazer à tona os va-
lores da FEA, o professor Azzoni procura
Aula Magna: uma síntese do ciclo virtuoso da FEA
ministração) ao entregar o certificado
ao filho Marcelo, formando de Con-
tabilidade. E o orgulho do também
formando de Contabilidade, Eder de
Souza Diógenes, funcionário do Insti-
tuto de Biociências da USP e ex-alu-
no do cursinho da FEA, ao posar para
a foto ao lado de sua esposa Cleusa
Soares Diógenes, funcionária da UPD
FEA. Na mensagem final, o professor
Azzoni recorreu a um verso do poeta
Gilberto Gil: “A FEA já lhes deu ré-
gua e compasso. Brilhem e iluminem
o futuro como vocês iluminaram os
corredores dessa faculdade”, concluiu.
Igor Cadete Fonseca
“O que eu mais gostei foi a chance de fazer amigos
logo na primeira semana. A apresentação da FEA
pelo Prof. Azzoni me surpreendeu, não esperava que
fosse feita pelo próprio diretor. O passeio ao centro da cidade, BM&F
e às outras unidades da USP foi uma experiência diferente. Sou de
São Paulo, mas mesmo assim fui a lugares que ainda não conhecia.
O mais divertido foi participar do teatro, pois além de engraçado,
toda a FEA parou para nos assistir. Nunca pensei que a semana de
recepção fosse ser tão boa – acima de qualquer expectativa”.
Ailin Bastos Nakanishi
“O modo com que nos receberam ajudou a traçar
laços de amizade. A palestra, a visita ao centro e a
exposição foram muito interessantes para conhecer
o que foi a USP para a história de São Paulo. Conhecer as entidades
da FEA foi importante, para escolhermos aquela com que nos iden-
tificamos mais. Os valores da FEA foram observados no momento
que nos demonstrou a relevância de passar o que a faculdade está
disposta a oferecer.Também recebemos atenção, carinho e preocu-
pação por parte dos funcionários, professores e alunos.”
#07
“A FEA é uma instituição de excelência, com os seus valores e qualidades. Alunos, professores e funcionários precisam lembrar disso a cada manhã e trabalhar para que continue.”
Economia entre os concluintes do ensino médio de escolas pú-
blicas do estado de São Paulo. Para participar, cada concor-
rente escreveu um ensaio sobre o tema Problemas Econômicos
brasileiros – Desafios ao Desenvolvimento. O primeiro lugar
ficou com Júlio Cesar de Carvalho Monta, da Escola Estadual
Cruz Isabel.
Aula Magna
A Aula Magna foi ministrada por Guilherme Peirão Leal,
ex-aluno de Administração da FEA, co-presidente e acionista
da Natura, que contou a sua trajetória e a expansão da Natura
mas destacou que queria principalmente ser provocativo. “Gos-
taria que vocês que estão começando percebam a beleza de se
perceber como parte de um todo. Se perceber de fato com um
potencial transformador que é único. Mas primeiro é preciso
se encantar com a magia da vida. E se deixar ser um agente de
transformação para cuidar desse todo. A mudança que temos
que provocar é profunda, é cultural, é de valores. Há modos de
produção e modelos de consumo que têm que ser alterados se
quisermos encontrar patamares sustentáveis de desenvolvimen-
to, se quisermos produzir um novo modelo civilizatório que seja
equilibrado e sustentável ao longo do tempo” (ver página 2).
Não faltou emoção, nem fotos com
a logomarca da FEA. Nada de despe-
didas, porém, porque as cerimônias de
colação de grau dos formandos de 2007
têm um significado diferente para a FEA. Reunidos no mesmo
auditório onde foram recepcionados como bixos, os formandos
foram “intimados” pelo professor Azzoni a não se afastarem por
muito tempo porque “aluno da FEA é sempre aluno da FEA”.
“Não nos deixem, voltem para fazer pós ou especialização,
ou só para nos visitar. Tragam seus filhos para mostrar a eles
a experiência que vocês tiveram aqui”, enfatizou o professor.
Outros convites foram registrados: participar do portal de re-
lacionamento de ex-alunos FEA+ e não se esquecer da foto
para o painel de alunos. Alguns momentos foram marcantes
como a satisfação do professor Marcos Cortez Campomar (Ad-
Certificado, régua e compasso
O professor Campomar entregou o certificado ao filho Marcelo
O formando Eder de Souza Diógenes, ex-aluno do cursinho da FEA, posa ao lado da esposa Cleusa
#08
FEA X FEA
Com a participação de 20 alunos da FEA, a organização foi o ponto alto e recebeu inúmeros elogios da comunidade acadêmica internacional, que apresentou trabalhos de alto nível.
Org
an
iza
ção
imp
ecá
vel
ma
rca
o s
uce
sso
da
RSA
I COM MAIS DE DUZENTOS ESPECIALISTAS
DO BRASIL E DO EXTERIOR, A 8ª RSAI
WORLD CONFERENCE, CONGRESSO MUN-
DIAL DE 2008 DA REGIONAL SCIENCE AS-
SOCIATION INTERNATIONAL, REALIZADO
NA FEA ENTRE 17 E 19 DE MARÇO, FOI
MUITO ELOGIADO PELO ALTO NÍVEL DOS
PARTICIPANTES E PELA SUA QUALIDADE
ACADÊMICA. O destaque maior, contudo,
do ponto de vista dos participantes, foi a
organização impecável do evento, con-
duzida por professores e alunos da FEA.
O evento teve também o apoio da
Associação Brasileira de Estudos Re-
gionais (ABER), entidade que reúne
os pesquisadores brasileiros na área.
Fundada em 1954, a RSAI é uma co-
munidade internacional de acadêmicos
interessados nos impactos regionais dos
processos nacionais ou globais de mu-
dança econômica e social. A entidade
estimula uma abordagem mul-
tidisciplinar que a ajuda pro-
duzir novos insights para lidar
com os problemas regionais,
tanto do ponto de vista teó-
rico como em matéria de pla-
nejamento e de formulação de
políticas públicas.
Segundo o professor Car-
los Azzoni, diretor da FEA, o
Congresso da RSAI foi muito
bom do ponto de vista acadê-
mico, em razão da qualidade
dos participantes. Mas o que
foi mesmo um sucesso, segundo ele, foi a organização. “O
Congresso foi organizado por gente da casa, professores e
alunos e o maior sucesso coube à participação dos alunos.
Entre os muitos e-mails de elogios e impressões recebidos dos
participantes, a pergunta era sempre a mesma: onde é que vo-
cês acham alunos tão bons? Um dos e-mails inclusive dizia: se
os seus alunos são tão bons para estudar como eles são para
trabalhar, eu quero eles no meu laboratório”, conta o professor
Azzoni. O trabalho foi realizado por 20 alunos, selecionados
por um grupo de cinco colegas, a pedido dos organizadores.
A beleza do campus e o nível das instalações da FEA tam-
bém causaram um choque visível nos participantes, que já
conheciam os trabalhos da casa e seus professores, mas ain-
da não haviam visitado a USP. A impressão foi tão positiva
que o Congresso motivou vários convites à FEA, entre eles
quatro convites para associação a universidades estrangeiras,
entre elas a McMaster, de Toronto, Canadá. Um consórcio
de universidades, quatro européias e quatro americanas, que
trocam alunos de doutorado, também convidou oficialmente
a FEA a participar.
Temas em debate
Durante o Congresso foram apresentados cerca de duas
centenas de trabalhos. Entre outros temas, foram apresentados
trabalhos sobre clusters, demografia, energia e crescimento re-
gional, ambiente e crescimento, mapeamento e aplicações de
computador (GIS), habitação, locação intraurbana, inovação
e crescimento, mercado de trabalho, migração, desenvolvi-
mento regional, desigualdade regional, economias rurais, setor
de serviços, pequenas e médias empresas e crescimento re-
gional, capital social, política social, análise espacial, política
tributária e crescimento regional, turismo e desenvolvimento
regional, comércio e desenvolvimento regional, transporte e
crescimento, crescimento urbano e redes urbanas.
Além do professor Azzoni, participaram da organização
do evento os professores da FEA Joaquim José Guilhoto,
chefe do Departamento de Economia, Eduardo Haddad e
Danilo Igliori.A impressão dos participantes foi tão positiva que o Congresso motivou vários convites à FEA
#09
Cartazes com ilustrações bem-humoradas compõem a campanha que motiva os alunos a desligar o celular durante as aulas.
Por uma aula melhor SEMPRE FOCADA NA QUALIDADE E EXCELÊNCIA DO ENSINO
COMO BASE PARA A FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE ALTO NÍVEL,
A FEA LANÇOU A CAMPANHA INTERNA DESLIGUE O CELULAR
POR UMA AULA MELHOR. A nova campanha traz de volta à
ação o Programa Boa Aula (ver quadro), criado na gestão ante-
rior e que também faz parte da proposta da atual diretoria.
Segundo a professora Vera Lúcia Fava, Coordenadora
da Comissão de Graduação, a iniciativa baseou-se no gran-
de número de solicitações de professores que vivenciam o
problema. Para ela, o ideal seria que a campanha nem fosse
necessária, já que essa mentalidade deveria estar embutida
na educação e no bom senso de cada um. “Para que a aula
flua bem, não deve haver interferência externa e o celular
dispersa a atenção. Nós, professores, além de dar o exemplo,
temos o papel de não só educar os alunos para serem bons
profissionais, mas para serem bons cidadãos, ajudando a em-
butir nessa geração o espírito de civilidade que tanto falta
neste país,” destaca a professora Vera Fava.
Apontada a necessidade de conscientização pela Co-
missão de Graduação, a equipe de comunicação (ATCeD),
juntamente com a Assistência Acadêmica (ATAC) e a di-
retoria da FEA, elaborou a campanha e definiu a estratégia
de divulgação. A idéia era surpreender – por isso, móbiles
com os cartazes foram distribuídos por toda a faculdade.
Além disso, e-mails foram enviados aos alunos e, posterior-
mente, os mesmos cartazes foram afixados nas salas de aula.
Aos poucos, outras ações serão concebidas, com o objetivo
de dar continuidade à campanha.
“O objetivo é conscientizar os alunos sobre a importância
de mudar hábitos para satisfazer o bem geral e não somente
o individual. A aula deve ser uma experiência prazerosa para
os alunos e para os professores e quando estamos concentra-
dos, ela se torna muito mais gostosa”, ressalta Lu Medeiros,
Assistente Técnica de Direção para a Área de Comunicação
e Desenvolvimento.
Para a professora Maria Sylvia Saes, coordenadora do Pro-
grama de Iniciação Científica da FEA, “a iniciativa tem o papel
de não só ensinar, mas de educar para no-
vos hábitos dentro e fora da sala de aula”.
Segundo ela, não é tarefa fácil despertar o
interesse e a atenção de jovens acostuma-
dos à agilidade da informação e a novas
tecnologias. “Para atrair os alunos, não
basta ter autoridade, tem que ter criati-
vidade para que o conteúdo desperte a
atenção. Por isso é uma campanha que
traz benefícios aos professores, aos alunos
e à credibilidade da FEA”, afirma a pro-
fessora Sylvia Saes.
Para investir na melhoria contínua
do ambiente da FEA, a intenção dos
gestores da faculdade é sempre incor-
porar opiniões e sugestões. Por isso,
novas necessidades podem ser trazidas
à diretoria para análise. Essa postu-
ra faz parte do comprometimento da
FEA de oferecer aos seus alunos a me-
lhor experiência de ensino.
A campanha Desligue o celular por uma
aula melhor é a terceira realizada no escopo do Programa
Boa Aula e a primeira na gestão do Prof. Carlos Azzoni. O
principal objetivo do Programa é a melhoria contínua das
condições operacionais que possibilitam uma boa aula.
Veja a seguir os objetivos gerais do Programa Boa Aula:
1. Diminuir o tempo perdido em sala de aula com pro-
blemas operacionais;
2. Garantir a qualidade das apresentações dos professo-
res, no que se refere a recursos audiovisuais;
3. Proporcionar o bem-estar aos participantes das aulas;
4. Envolver as pessoas nas ações de melhoria para obter
o seu comprometimento;
5. Garantir a segurança física das pessoas e do patrimônio.
Programa Boa Aula
#10
FEA PROFESSORES
“A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras era um centro de efervescência, uma gigante de idéias, um coração pensante que atemorizava um pouco os políticos.”
Os
mu
itos
ta
len
tos
de
Div
a B
enev
ides
Pin
ho ECONOMISTA, ADVOGADA, CIENTISTA
SOCIAL, ESPECIALISTA EM COOPERATI-
VISMO – COM CERCA DE 30 LIVROS PU-
BLICADOS SOBRE ESSE TEMA – PINTORA E
PESQUISADORA DE ECONOMIA DA ARTE.
Todos esses títulos mostram apenas
alguns dos muitos talentos de Diva
Benevides Pinho, renomada professo-
ra titular da FEA-USP. No início de
sua carreira acadêmica, ela lecionou
na então Faculdade de Filosofia, Ci-
ências e Letras da USP, na rua Maria
Antônia, que tinha uma convivência
muito estreita com a então Faculdade
de Ciências Econômicas e Adminis-
trativas, com a qual dividia o pátio
interno, professores e, naturalmente,
idéias. Autora do livro comemorati-
vo A FEA-USP no Tempo, Contribui-
ção à Memória dos seus 60 anos, Diva
Pinho conta nesta entrevista alguns
momentos marcantes de sua
trajetória.
Como foi o seu início na USP?
Quando eu vim estudar na
USP foi uma integração total.
Vim do interior, querendo
aprender, e o meu primeiro
contato com a universidade
se deu no curso de Ciências
Sociais. Vim de São João da
Boa Vista (SP), mas passei por
Cajuru (SP) e Mococa (SP).
Prestei vestibular na Faculdade
de Filosofia. Era um momento
em que o curso de Ciências So-
ciais estava vibrante de idéias,
de contribuições de professores de destaque e eu me entu-
siasmei. Uma vez formada, passei no concurso de professor
assistente da cadeira de Economia Política e História das
Doutrinas Econômicas.
Como era o ambiente da Ciências Sociais na época?
O curso de Ciências Sociais estava no auge. Havia ainda
professores da Missão Francesa no Brasil. Eu tive o prazer
de ser aluna dos professores Paul Hugon, Roger Bastide.
Tive aulas de metodologia com Gilles-Gaston Granger. A
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras era um centro de
efervescência, uma gigante de idéias, porque tinha Biolo-
gia, Física, Química, Matemática, Ciências Sociais, Ge-
ografia, História. Aquele coração pensante na rua Maria
Antônia atemorizava um pouco os políticos. Nós tínhamos
ali o José Goldemberg, o Mário Schenberg e outros profes-
sores de outras áreas, mas todos se encontravam na Con-
gregação, que era muito criativa, muito colaborativa e to-
dos eles desejosos de contribuir para o desenvolvimento do
país. Depois veio a revolução e essa Faculdade foi dividida
em muitas outras e perdeu o seu prestígio, a sua força. As
pessoas foram disseminadas pelo campus e logo em seguida
houve uma reforma universitária que criou os institutos das
diversas especialidades.
Professora Diva: “Estou preparando a segunda
edição do meu livro sobre Economia da Arte,
que vai ter um capítulo sobre leilões
virtuais e arte digital.”
Contrastes Urbanos II, pintura em acrílico
Como surgiu o seu interesse pela economia?
Em Ciências Sociais nós tínhamos a possibilidade de
estudar sociologia, economia, antropologia, política. Mi-
nha opção foi a economia. Naquele tempo, por influência
da Missão Francesa, era uma economia política, da pólis,
cidade-estado, uma economia institucional com grande
embasamento humanista. É esse tipo de economia que eu,
depois, levo para a FEA, onde já havia vários professores
de Ciências Sociais, porque quando a FEA foi criada ela
não recebeu uma missão estrangeira. Ela recebeu professo-
res brasileiros que criaram um modelo paulista de curso de
economia. Um deles foi o professor José Francisco de Ca-
margo, que tinha sido assistente do professor Paul Hugon.
Outro foi o professor Dorival Teixeira Vieira.
Como foi a evolução de sua carreira como professora
na FEA?
Eu já vim como livre-docente. Aí fiz os concursos de
professor adjunto e, depois, professor titular. Meu doutora-
do foi em Ciências Sociais. Naquele tempo ainda não havia
o curso de pós-graduação seriado, a gente fazia o doutorado
e disciplinas de especialização. Fui aluna do professor Flo-
restan Fernandes em sociologia econômica, fiz a parte de
solidarismo com os professores de Filosofia.
A defesa de tese do doutorado foi um momento especial?
Quando eu fiz o doutoramento foi um acontecimento
na Maria Antônia. Vieram repórteres e muitas pessoas para
assistir. Há muito tempo ninguém defendia tese em eco-
nomia, área em que quase não havia muitas mulheres. Isso
acontece até hoje.
Como era a FEA nessa época?
A FEA, que era Faculdade de Ciências Econômicas e
Administrativas, também passa por reformas estruturais e
se torna FEA. Há igualmente um grande desenvolvimen-
to de estudos econométricos e quantitativos, surge o IPE e
depois a Fipe. Aí os estudos de economia se desenvolvem
muito. Começo a trabalhar em outras áreas, entre elas a
economia da arte, que procurei desenvolver. Escrevi um
livro, A Arte como Investimento,
e fui chefe do Departamento de
Economia por oito anos.
E o Direito?
Foi uma opção pessoal.
Como eu fiz primeiro Ciên-
cias Sociais, um curso com
muita coisa de vanguarda,
quis estudar Direito para ver como
ele administra uma sociedade em
ebulição. O Direito caminha sempre
atrás da reforma social. Ele tem de
regulamentar comportamentos apro-
vados pela sociedade. Foi muito útil
para compreender os problemas que
estão ocorrendo no Brasil.
Onde entra a pintura nessa trajetória?
A pintura foi medo da aposentado-
ria. Eu tinha muito medo da aposenta-
doria, porque no Brasil nós não esta-
mos acostumados a nos preparar para
ela. Geralmente o aposentado acaba
sendo um cidadão meio frustrado,
marginalizado até. Eu não queria ser
essa pessoa marginalizada. Então eu
criei essa área de arte. Passei a estudar
economia da arte e a fazer uns quadros.
Acabei me integrando de tal forma em
uma série de atividades que me apo-
sentei de direito, mas não de fato. Eu
participo, por exemplo, da AMEFEA
– Associação dos Amigos do Depar-
tamento de Economia da FEA-USP e
estou preparando a segunda edição do
meu livro sobre economia da arte, que
vai ter um capítulo sobre leilões virtu-
ais e arte digital.
#11
“A FEA não recebeu uma missão estrangeira. Ela recebeu professores brasileiros que criaram um modelo paulista de curso de economia.”
A obra mais recentesobre cooperativismo
Alunos de terno e gravata no pátio comum da FCEA e FFCL
Para os funcionários da FEA que tra-
balham na organização dos concursos, a
missão é trabalhosa, a começar pela equipe
da Assistência Acadêmica, integrada por
Miriam Keiko Matsuda (coordenadora),
Cláudia Aparecida Garcia, Sônia Cecília
Damázio e Janete Miranda de Araújo. A
equipe cuida de editais, publicações, con-
tatos com os membros da banca, titulares
e suplentes, e organiza o calendário. To-
dos os cuidados são tomados para seguir
à risca o Regimento Geral da USP. O
Programa Jovens Doutores, apoiado pela
Fipe, também ajuda a renovação do cor-
po docente. “Estamos trazendo ex-alunos
que se doutoraram no exterior para o De-
partamento de Economia por um perío-
do de dois a três anos, fazendo pesquisa,
aguardando concursos”, explica o diretor
da FEA. Ex-alunos ou empresas estão
igualmente dando apoio a esse Programa,
visto como um “reservatório de talentos”.
A FEA abriu ainda outros 14 concursos,
11 dos quais para professor doutor, dois
de livre-docência e um para professor ti-
tular. As inscrições terminaram dia 28 de
março e os concursos serão realizados em
maio, junho e julho. Além disso, foram
abertas inscrições, com prazo até setem-
bro, para um cargo de professor titular do
Departamento de Economia.
FEA FUNCIONÁRIOS
A possibilidade de realizar uma série de concursos foi conquistada a partir dos bons resultados obtidos pela FEA e permite renovar o quadro de professores.
#12
GENTE DA FEAUma publicação mensal da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo Assistência de Comunicação e DesenvolvimentoABRIL 2008_TIRAGEM 2.000 EXEMPLARES
Av. Prof. Luciano Gualberto, 908Cidade Universitária - CEP 05508-900
Diretor da FEA CARLOS ROBERTO AZZONI
Coordenação GeralLU MEDEIROS
ASSISTÊNCIA DE COMUNICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA FEA-USP
Edição: PRINTEC COMUNICAÇÃO LTDA.
VANESSA GIACOMETTI DE GODOY – MTB 20.841ANTONIO CARLOS DE GODOY – MTB 7.773
Reportagem:DINAURA LANDINI E CAMILA BROGLIATO RIBEIRO
Projeto Gráfico: ELOS COMUNICAÇÃO E EDEMILSON MORAIS
Layout e Editoração Eletrônica: CAROL ISSA
Fotos:VLADIMIR HUENUMAN, ISMAEL BELMIRO ROSÁRIO,
MILENA NEVES, WAGNER T. CASSIMIRO, ROBERTA DE PAULA
Con
curs
os a
bre
m
esp
aço
a n
ova
s co
ntr
ata
ções
PARA MANTER A QUALIDADE DO TALENTO HUMANO QUE SEMPRE
MARCOU O AMBIENTE DE ENSINO NA FEA, A FACULDADE
REALIZA UMA SÉRIE DE CONCURSOS QUE ABREM ESPAÇO A NOVAS
CONTRATAÇÕES. Essa possibilidade, conquistada a partir dos bons
resultados da faculdade – como a nota máxima nas avaliações da
Capes – permite renovar o quadro de professores diante da saída
natural de alguns, além de ampliar o número de profissionais
que fazem o ensino de excelência da FEA.
O resultado é muita efervescência na área de concursos. Só
no primeiro trimestre do ano, a FEA realizou nove concursos
públicos para o cargo de professor doutor – três no Departa-
mento de Economia, dois no Departamento de Administração
e quatro no Departamento de Contabilidade e Atuária. Entre
os participantes havia professores contratados da FEA e outros
interessados que, em alguns casos, foram indicados para os car-
gos. Todos os indicados pelas respectivas Comissões Julgadoras
tornaram-se servidores públicos autárquicos.
Conquista importante
Houve ainda um concurso de livre-docência no Departa-
mento de Administração e outro de professor titular no De-
partamento de Economia. Segundo o professor Carlos Roberto
Azzoni, diretor da FEA, “os concursos podem ser considerados
uma conquista a partir resultados obtidos pela FEA na pós-gra-
duação (nota máxima nos três departamentos nas avaliações
da Capes), que abriram espaço para novas contratações”.
Outro dado importante foi o fato de a FEA ter feito um
Plano de Metas consistente e submetido à Reitoria. “Isso
tudo resultou na possibilidade de ampliarmos o qua-
dro, o que é fundamental, em razão
de aposentadorias, saída de alguns
professores etc.”, afirma Azzoni.