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banana ESTUDOS DE MERCADO SEBRAE/ESPM 2008 Relatório Completo

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Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae, 2008

Adelmir Santana

Presidente do Conselho Deliberativo Nacional

Paulo Tarciso Okamotto

Diretor-presidente

Luiz Carlos Barboza

Diretor-técnico

Carlos Alberto dos Santos

Diretor de Administração e Finanças

Luis Celso de Piratininga Figueiredo

Presidente Escola Superior de Propaganda e Marketing

Francisco Gracioso

Conselheiro Associado ESPM

Raissa Rossiter

Gerente Unidade de Acesso a Mercados

Juarez de Paula

Gerente Unidade de Atendimento Coletivo – Agronegócios e Territórios Específicos

Patrícia Mayana

Coordenadora Técnica

Laura Gallucci

Coordenadora Geral de Estudos ESPM

Daniel Carsadale Queiroga

Coordenador Carteira de Fruticultura

Guilherme Umeda

Pesquisador ESPM

Laura Gallucci

Revisora Técnica ESPM

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bananaRelatório Completo

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Índice

I. Panorama do Mercado de Banana ..............................................................................7

1. Introdução......................................................................................................................8

1.1. Metodologia utilizada ....................................................................................................9

2. Banana – Características Naturais e Culturais .......................................................... 10

2.1. Cultivares comuns da banana .................................................................................... 122.2. História da bananicultura ........................................................................................... 14

3. Contexto Mundial do Mercado da Banana ............................................................... 14

4. Evolução Histórica de Mercado e Produção no Brasil ............................................. 18

4.1. Consumo e produção de frutas no Brasil ................................................................... 194.2. Dados gerais sobre a produção de banana no Brasil .................................................214.3. Importação e exportação da banana ..........................................................................234.4. O consumo da banana no mercado interno brasileiro ...............................................254.5. Perspectivas para o mercado de banana no Brasil ....................................................27

5. A Cadeia Produtiva da Banana ..................................................................................27

5.1. Antes da porteira ........................................................................................................295.1.1. Melhoramento genético da bananeira .....................................................................315.2. Dentro da porteira ......................................................................................................335.2.1. Condições naturais do plantio da banana ................................................................335.2.2. O processo produtivo da banana ............................................................................345.2.3. Caracterização dos produtores ...............................................................................375.2.4. Produção Integrada de Frutas (PIF) .........................................................................395.3. Pós-porteira ...............................................................................................................405.3.1. “Bananeiros” e atacadistas .....................................................................................405.3.2. Varejo ......................................................................................................................425.3.3. Classificação ...........................................................................................................445.3.4. Uso agroindustrial ...................................................................................................445.3.5. Padrões de preferência no consumo in natura ......................................................485.3.6. Perdas .....................................................................................................................495.4. Preços ........................................................................................................................505.4.1. Comunicação: uma análise sobre a perspectiva das arenas de comunicação ........545.5. Aspectos legais .........................................................................................................575.6. Projetos governamentais ...........................................................................................58

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II. Diagnóstico do Mercado da Banana .........................................................................61

1. Tendências para a indústria da bananicultura ..........................................................62

1.1. Tendências para o mercado de exportação .................................................................621.2. Tendências para a distribuição ....................................................................................621.3. Tendências para a produção .......................................................................................63

2. Análise estrutural da indústria ...................................................................................63

2.1. Ameaça de novos entrantes ......................................................................................642.2. Ameaça de produtos substitutos ...............................................................................642.3. Poder de barganha dos fornecedores ........................................................................652.4. Poder de barganha dos compradores ........................................................................652.5. Rivalidade entre competidores atuais ........................................................................66

3. Análise PFOA ...............................................................................................................67

3.1. Potencialidades ..........................................................................................................683.2. Fragilidades ................................................................................................................693.3. Oportunidades ...........................................................................................................693.4. Ameaças ....................................................................................................................70

4. Considerações Finais ..................................................................................................71

III. Referências .................................................................................................................75

IV. Glossário ....................................................................................................................83

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I. Panorama do Mercado de Banana

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1. Introdução

É aceito como fato que o sucesso e o futuro de uma empresa dependem do nível de aceita-ção dos seus produtos e serviços pelos consumidores, da sua capacidade de tornar acessí-veis esses produtos nos pontos de venda adequados ao mercado potencial – na quantidade e na qualidade desejadas e com preço competitivo – e do grau de diferenciação entre sua oferta de produtos e serviços frente à concorrência direta e indireta.

A análise mercadológica insere-se nesse contexto como um instrumento fundamental para os empresários das micro e pequenas empresas. A dinâmica dos mercados modifica-se continuamente e as exigências dos consumidores alteram-se e se ampliam na mesma ve-locidade. A falta de um conhecimento abrangente sobre o ambiente de negócios, a cadeia produtiva do setor de atuação, os mercados atuais e potenciais e os avanços tecnológicos que impactam da produção à comercialização de produtos e serviços pode levar o empre-sário a perder oportunidades significativas de negócios, além de colocar em risco não só seu crescimento e sua lucratividade, como a própria sobrevivência da empresa.

A maior parte dos empresários que gerem micro e pequenas empresas não tem uma com-preensão ampla sobre características, desejos, necessidades e expectativas de seus consu-midores e de seus clientes atuais (por exemplo, os inúmeros intermediários que participam da cadeia produtiva entre o produtor e os consumidores finais). Conseqüentemente, esses empresários tendem a desenvolver produtos, colocar preços e selecionar canais de distri-buição a partir de critérios que atendem à sua própria percepção (às vezes, parcial e viesa-da) sobre como deve ser seu modelo de negócios.

Uma identificação mais precisa do perfil dos clientes e consumidores atuais e potenciais, bem como dos meios e das ferramentas que podem ser utilizadas para atingir (fisicamente) e atender esses mercados ajudam o empresário a concentrar seus investimentos, suas ações e seus esforços de marketing e vendas nos produtos/serviços, mercados, canais e instru-mentais que lhe garantam maior probabilidade de aceitação, compra e, principalmente, fidelização de consumidores. Esta é, indiscutivelmente, uma das principais razões do su-cesso das empresas de qualquer porte.

As tendências e as ações apresentadas neste conjunto de estudos fornecem elementos nor-teadores ao empresário com dois objetivos principais:

no curto prazo, apontar caminhos “quase prontos” para detectar, adaptar-se e atender •às demandas de novos mercados, novos canais de distribuição e novos produtos, sem-pre visando agregar valor à sua oferta atual – valor este definido a partir dos critérios do mercado, e não do empresário.

no médio e longo prazo, pela sua familiarização com o uso dos instrumentos apresen-•tados e com a avaliação dos resultados específicos dos vários tipos possíveis de ação, o empresário estará habilitado a aumentar a sua própria capacidade de detecção e análi-se de novos mercados, novos canais de distribuição e novos produtos com maior valor agregado, acompanhando a evolução do ambiente de negócios (inclusive em termos tecnológicos), de forma a melhorar, cada vez mais, a qualidade de suas decisões com foco estratégico de médio e longo prazo.

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O empresário, tendo as informações destes estudos como suporte, será capaz de descorti-nar cenários futuros e de antecipar tendências que o auxiliarão a definir suas estratégias de atuação, tanto individuais quanto coletivas.

Além de informações detalhadas sobre consumidores, é fundamental que o empresário tenha levante, sistematicamente, informações sobre os concorrentes e seus produtos, o am-biente econômico regional e nacional e as políticas governamentais que possam afetar o seu negócio. Assim, antes de estabelecer estratégias de marketing ou vendas, é preciso que o empresário busque acesso a informações confiáveis sobre o mercado em que atua, seja em nível nacional, regional e local.

A informação consistente, objetiva e facilmente encontrada é uma necessidade estratégica dos empresários. A competitividade do mercado exige hoje o acesso imediato a informa-ções relevantes que auxiliem a tomada de decisões empresariais. Com esse conjunto de estudos, o Sebrae disponibiliza um relatório abrangente sobre diferentes setores, com forte foco na análise mercadológica e que visa suprir as carências do empreendedor em relação ao conhecimento atualizado do mercado em que atua, seus aspectos críticos, seus nichos não explorados, tendências e potencialidades.

Esta Análise Setorial de Mercado é mais uma das ferramentas que o Sebrae oferece aos empresários de micro e pequenas empresas para que possam se desenvolver, crescer e lucrar com maior segurança e tranqüilidade, apoiados em informações que possibilitam a melhoria na qualidade da tomada de decisões gerenciais.

As informações contidas no conjunto de relatórios foram obtidas, primordialmente, por meio de dados secundários, em âmbito regional e nacional, com foco no mercado interno. Cada relatório disponibiliza para as MPEs atuantes no segmento estudado:

informações de qualidade sobre oferta, demanda, estrutura de mercados, cenários e •tendências;

identificação de pontos fortes e fracos e das principais oportunidades e ameaças que se •delineiam para cada setor;

proposições de ações estratégicas que visam ampliar a visão estratégica do empresário •sobre seu negócio e, sobretudo, apontar caminhos para a agregação de valor aos pro-dutos e serviços atualmente comercializados por essas empresas.

1.1. Metodologia utilizada

De forma sintética, o estudo foi desenvolvido de acordo com o seguinte processo meto-dológico:

predominância de pesquisas documentais (ou seja, via dados secundários), coletados •junto a diversas fontes públicas, privadas, de caráter nacional, regional ou local, sem-pre obtidas de maneira ética e legal;

para complemento, correção e confirmação dos dados obtidos por via secundária, e na •medida da disponibilidade para colaborar por parte de acadêmicos, experts e profissionais dos respectivos setores, foram realizadas pesquisas qualitativas (por telefone e/ou e-mail)

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Para tornar transparente a origem das informações contidas nos relatórios, todas as fontes primárias e secundárias consultadas são adequadamente identificadas no capítulo Refe-rências.

2. Banana – Características Naturais e Culturais

A presença marcante de um objeto nas manifestações culturais de um povo – em sua lín-gua, nas suas lendas e nos seus hábitos alimentares, por exemplo – dão a medida de sua popularidade. A banana parece ser fonte inesgotável de inspiração para a cultura popular, não apenas no Brasil, como no mundo inteiro. Considerada uma das frutas mais aprecia-das por sua aparência exuberante e gosto adocicado figura, ainda, como importante com-ponente alimentar e econômico em diversas sociedades.

Apesar de não ser autóctone (ou seja, não é natural do Brasil), o cultivo da banana no Brasil se espalhou de tal maneira que hoje se destaca como a fruta mais consumida no país. É ingerida crua, assada, frita, em farinha, em purê, em passas, em compotas, transformada em licor ou aguardente. Por seu alcance territorial, facilidade de cultivo e ampla apreciação de seu fruto, a bananeira foi utilizada por exploradores e antropólogos como indicadora do grau de segregação de comunidades indígenas: apenas as tribos mais isoladas não de-senvolviam seu cultivo. Nos relatos de viajantes e estudiosos, a constatação do desconhe-cimento da fruta por parte de grupos nativos freqüentemente se fazia acompanhada de espanto. Câmara Cascudo1 expressa bem a familiaridade com que a banana é vista pelo brasileiro: “nós sabemos que é uma hóspede, desde o século XVI, tomando lentamente posse da casa...” (p. 118).

Bananeira é denominação genérica para diversas espécies pertencentes ao gênero Musa, dentro da família das Musáceas. A grande maioria das plantas cultivadas para fins alimen-tares integra a seção Eumusa, muitas desenvolvidas a partir de cruzamentos das espécies Musa balbisiana e Musa acuminata (Tabela 1). Os processos de diversificação das varieda-des são bastante complexos, contemplando intensos procedimentos de hibridização (que é o cruzamento de espécies diferentes) e seleção humana (a escolha de dois frutos com as melhores características genéticas).

Cada espécie tem suas particularidades em termos de consistência e sabor, o que torna seus usos e modos de preparo diferentes. Há bananeiras no Japão, Paquistão, Filipinas e até no Brasil, por exemplo, que são cultivadas apenas para fins ornamentais ou por suas fibras, usadas no artesanato.2

A banana-flor é planta tipicamente ornamental; a família das Helicônias, parentes próxi-mas das Musáceas, contém plantas de corte como a bananeira-de-jardim.

1 Fonte: CASCUDO, Luís da Câmara. História da alimentação no Brasil. 3. ed. São Paulo: Global, 2004.2 Fonte: MORTON, Julia F. Banana. In: Fruits of warm climates. Miami: Florida Flair Books, 1987, p. 29-46 (last update: Feb. 4, 1999). Disponível em:<http://www.hort.purdue.edu/newcrop/morton/banana.html>. Acesso em: 8 mar. 2007.

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Tabela 1 – Algumas espécies populares de bananeiras com frutos comestíveis no Brasil3

Grupo Genômico (*) Subgrupo Cultivar (variedade)

AA – Ouro

AAA – Caipira

AAA Cavendish Nanica

AAA Gros Michel Gros Michel

AAB – Maçã

AAB Prata Prata, Branca, Pacovan

AAB Terra Terra, Pacova, D’Angola

ABB Figo Figo Vermelho ou Cinza

AAAB – Ouro da Mata

Fonte: Adaptado de RODRIGUES, Maria Geralda Vilela. da bananeira visando resistência à Sigatoka e negra. Toda Fruta. 21 maio

2004.3

Nota: (*) Representam combinações do genoma das espécies M. balbisiana (A) e M. acuminata (B).

As bananeiras não são árvores; podem ser consideradas como “ervas gigantes”, cujos rizo-mas4 dão origem a raízes subterrâneas e pseudocaules5 que emergem do solo em bainhas de folhas. Os cachos geram frutos abundantes, em forma de bagas alongadas, cujo formato lembra dedos (o nome banana vem justamente da palavra árabe para dedo, “banan”). A altura da planta varia de acordo com a sua espécie, podendo atingir até 7,5 metros.6

As espécies mais populares de banana nascem com uma coloração esverdeada, indicativa da precocidade para consumo. Nesse estágio, o fruto é constituído basicamente de água e amido, o que torna seu paladar desagradável e sua consistência “liguenta”, pegajosa. Mesmo sendo imprópria para consumo in natura, a banana verde serve bem à produção de farinha, usada em casa para fins culinários ou na fabricação de biscoitos e tortas.

Conforme amadurece, adquire cor amarela ou vermelha e pintas marrons; a transformação do amido em açúcares muda sensivelmente seu gosto e a torna um alimento de alto valor nutritivo.7

3 Fonte: RODRIGUES, Maria Geralda Vilela. Melhoramento da bananeira visando resistência à Sigatoka amarela e negra. Toda Fruta. 21 maio 2004. Disponível em:<http://www.todafruta.com.br/todafruta/mostra_conteudo.asp?conteudo=6024>. Acesso em: 13 mar. 2007.4 Rizoma = caule subterrâneo.5 Pseudocaule: haste semelhante a um tronco, formado pela superposição de bainhas foliares.6 Fonte: MORTON, Julia F., 1987, op. cit., p. 29-46.7 Fonte: MANICA, Ivo. Bananas: do plantio ao amadurecimento. Porto Alegre: Cinco Continentes, 1998, p. 14.

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Tabela 2 – Composição de alguns cultivares de banana (por 100 g de polpa)

Composição Banana Maçã Banana Nanica Banana Prata

Calorias (kCal) 97,7 99 100

Proteína (g) 1,44 2,56 2,3

Gordura (g) 0,2 0,29 0,2

Carboidratos (mg) 26,4 20,8 29,6

Cálcio (mg) 0,3 0,02 0,01

Ferro (mg) 60 1 0,6

Potássio (g) 0,027 0,026 0,03

Vitamina A (U.I.) 127 127 127

Vitamina B1 (mg) 0,4 0,37 0,79

Vitamina B2 (mg) 0,3 0,78 0,9

Vitamina C (mg) 12,7 4,1 17,3

Fonte: MANICA, Ivo. Bananas: do plantio ao amadurecimento. Porto Alegre: Cinco Continentes, 1998, p. 16.

2.1. Cultivares comuns da banana

As variedades de banana disponíveis no mercado diferem com relação ao uso que delas se faz e às características do seu cultivo. No mercado brasileiro, os cultivares mais impor-tantes são Cavendish (grupo que inclui Nanica, Nanicão e Grande Naine), Prata, Maçã e Ouro. Outras variedades também encontradas com certa freqüência são: Prata-Anã, Paco-van, Branca e da Terra.

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Tabela 3 – Características dos principais cultivares brasileiros

Cultivar Características físicas Sabor e utilizaçãoProdutividade média (Brasil)

Principais pragas

Prata

Bananeira verde clara e de porte alto. Fruto de tamanho médio (10 a 13 cm), extremidades pronunciadas. Casca muito fina, cor amarelo-ouro.

Excelente para consumo natural, preparo de bananada e desidratação.

11,12 a 43,8 ton./hectare

Mal-de-sigatoka, mal-do-Panamá e broca-da-bananeira.

Nanica

Planta grossa de porte pequeno. Fruto grande (14 a 26 cm), um pouco curvo, casca fina e sensível ao manuseio.

Doce e aromática. Muito consumida in natura. Apresenta a maior inserção no mercado exportador e presta-se bem à industrialização.

36,4 a 87,8 ton./hectare

Mal-de-sigatoka.

Maçã

Bananeira alta, porém resistente aos ventos fortes por conta do vigor do pseudocaule. Frutos curtos, pontiagudos, cor vermelho-clara ou amarelada. Casca fina e delicada.

Polpa macia, suculenta, sabor doce-acidulado. Apesar da boa aceitação, tem pouca resistência ao transporte.

20 a 25 ton./hectare

Mal-do-panamá.

Ouro

Porte pequeno a médio; gera cachos pequenos com frutos pequenos (5 a 14 cm), delgados, com ápice arredondado e casca fina.

Polpa amarelo-dourada com alto teor de açúcar. Excelente aceitação de mercado; pode apresentar valores de venda mais elevados.

15 a 20 ton./hectare

Mal-de-sigatoka.

Fonte: MANICA, 1998, p. 16.

Apesar do predomínio dos cultivares acima especificados, há muitos outros que têm sido apresentados aos poucos ao paladar brasileiro. A Empresa Brasileira de Pesquisas Agrope-cuárias (Embrapa)8 desenvolveu, na região Norte do país, uma série de ações de degusta-ção de variedades ainda desconhecidas da maior parte da população, como a Prata Zulu, a Caipira e a Thap Maeo, todas resistentes à Sigatoka negra (fungo altamente danoso aos bananais). A Pepilita é também resistente à Sigatoka amarela e ao Mal-do-Panamá. Outra prática que pode representar alterações nos mercados regionais é a introdução de varieda-des híbridas ou geneticamente modificadas, como a Fhia-18.

De acordo com Carlos Alexandre Almeida9 (pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo – USP), a comercialização dos culti-vares obedece às preferências de cada mercado local. Por exemplo, nas regiões de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), há claro predomínio da variedade Pacovan, enquanto as regiões pro-dutoras em Santa Catarina dedicam-se ao cultivo da Nanica. Em Minas Gerais, o principal cultivar vendido é o Prata, enquanto os mercados exportadores demandam as frutas do grupo Cavendish.

8 Fonte: EMBRAPA. Banco de notícias. Brasília, 2007. Disponível em:<http://www.embrapa.gov.br>. Acesso em: 20 fev. 2007.9 Fonte: ALMEIDA, Carlos Alexandre. Entrevista concedida em maio 2007.

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2.2. História da bananicultura

A maior parte das pesquisas históricas indica a origem das espécies comestíveis de bana-na predominantemente no sudeste asiático, nas regiões que hoje compreendem Filipinas, Malásia e Indonésia. Há evidências do cultivo da fruta em Papua Nova Guiné entre 5.000 e 10.000 a.C., o que caracterizaria sua população como a pioneira na plantação de bananeiras. Por meio do comércio estabelecido principalmente por árabes e persas entre a Índia e o norte da Austrália no decorrer dos séculos V e VI, a banana se espalhou significativamente pelo sul do continente asiático e chegou a diversas ilhas do Pacífico, incluindo o Havaí, jun-to com o deslocamento da população polinésia. A África Ocidental recebeu suas primeiras mudas cultivadas há mais de três mil anos, apesar de ainda não haver consenso com rela-ção aos responsáveis por este transporte.10

Na Europa, permaneceu razoavelmente desconhecida até o século X. Relatos sobre a fruta na literatura greco-romana (como no famoso compêndio de Plínio, o Velho – Historia Na-turalis) são esparsos.

As navegações portuguesas e espanholas no século XV foram as responsáveis pela rápi-da disseminação da bananeira na América, onde encontrou condições climáticas notáveis para seu desenvolvimento.11

No Brasil, o cultivo se espalhou rapidamente por entre as comunidades indígenas. Em pouco tempo, passou a ser parte integrante de um número significativo de pratos tradi-cionais. Também se mostrou excelente matéria-prima para a produção de artefatos de uso diário, como cestos e balaios. Os métodos de preparo do material foram gradualmente desenvolvidos e passados de geração em geração, sendo utilizados até hoje na elaboração de peças de artesanato.

3. Contexto Mundial do Mercado da Banana

A banana assume lugar de destaque na produção mundial de bens agrícolas por parte de diversos países, marcadamente aqueles localizados nos trópicos. A Índia lidera o ranking dos produtores, com um volume de 16.820.000 toneladas da fruta em 2005. Entre os 10 maiores, figuram quatro países asiáticos, cinco latino-americanos e um africano, todos classificados como nações em desenvolvimento. O Brasil, com 6.282.000 toneladas, é o segun-do maior produtor.12

10 Fonte: DE LANGHE, Edmond. Banana and plantain: the earliest fruit crops? In: INIBAP (International Network for the Improvement of Banana and Plantain). Networking banana and plantain: annual report 1995 – focus paper 1. Montpellier (FR): INIBAP, 1996, p. 6-8. Disponível em:<http://bananas.bioversityinternational.org/files/files/pdf/publications/an05_en.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2007.11 Fonte: MORTON, Ivo, 1987, op. cit., p. 29-46.12 Fonte: EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA TROPICAL. III plano diretor Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical: 2004-2007. Cruz das Almas (BA): 2005. p. 22. Disponível em:<http://www.cnpmf.embrapa.br/pdu.pdf>. Acesso em 23 abr. 2007.

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Gráfico 1 – Maiores produtores mundiais de banana (em mil toneladas – 2005)13

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16.000

14.000

12.000

10.000

8.000

6.000

4.000

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Fonte: Reproduzido de EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA TROPICAL. III plano diretor Embrapa Mandioca e

Fruticultura Tropical: 2004-2007. Cruz das Almas (BA): 2005. p. 22.13

Os principais contornos do comércio internacional de bananas têm sido amplamente dis-cutidos e traçados pelos Estados Unidos e Europa. Por meio de complexos mecanismos de quotas e proteções tarifárias, seis países da União Européia (UE) garantiram desde a década de 1960 vantagens comerciais a suas ex-colônias. A ACP – sigla que representa o conjunto de nações da África, Caribe e Polinésia dedicado à bananicultura – tinha acesso privilegiado ao mercado importador europeu. Por meio de representações junto à Orga-nização Mundial do Comércio (OMC), instituição internacional de regulação das ativida-des econômicas, empresas norte-americanas com grandes áreas produtivas em países da América Latina e outros produtores situados fora da ACP solicitaram revisão das políticas comerciais européias, alegando prejuízo à competitividade de livre mercado.14 Em 2001, ficou estabelecido que seriam implementadas mudanças nas políticas da UE em relação à importação da banana a partir de 1º de janeiro de 2006; um sistema mais simples de favore-cimento, baseado exclusivamente em tarifas, foi proposto e aceito pela OMC. Ainda assim, em 2007 críticos antigos do regime europeu voltaram a contestar as tarifas estabelecidas.15 Esta disputa, trazida para o âmbito da regulamentação internacional há mais de 10 anos, não parece indicar sinais de solução.

As três maiores produtoras mundiais de banana são Chiquita Brands International, Dole e Del Monte, todas multinacionais norte-americanas com forte presença em países da Amé-rica Central e do Sul (inclusive o Brasil). Os produtos destas empresas (que respondem por 80% do volume transacionado internacionalmente) foram apelidados de “dollar-bananas”,

13 Fonte: EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA TROPICAL, 2005, op. cit, p. 22.14 Fonte: FREEDMAN, Alexandra. Belize and bananas. Z Magazine Online, Woods Hole (MA), v.19, n.2, fev. 2006. Disponível em:<http://zmagsite.zmag.org/Feb2006/freedman0206.html>. Acesso em: 20 abr. 2007.15 Fonte: WTO to investigate EU’s banana tariffs. International Herald Tribune, Paris (FR), March 20, 2007. Disponível em: <http://www.iht.com/articles/2007/03/20/business/ibrief.php>. Acesso em: 21 abr. 2007.

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indicando tanto a nacionalidade das corporações como sua destinação exclusivamente para exportação.

As extensas áreas de cultivo e o avanço da tecnologia empregada garantem a esses grandes grupos um custo significativamente inferior ao obtido por meio dos métodos praticamente artesanais dos pequenos produtores da ACP, e é essa diferença o argumento que a UE usa para legitimar sua política de favorecimento destes últimos.

Apesar dos entraves acima descritos, as “dollar-bananas” conseguem escoar seus produtos no comércio internacional, especialmente para o país que sedia as próprias empresas. De fato, o maior importador mundial de banana são os Estados Unidos, por meio da compra dos produtos que suas próprias organizações plantam, colhem e transportam de outras nações. Em 2005, foram quase 4 milhões de toneladas, volume que transforma o país no quinto maior mercado consumidor; sua produção local limita-se a apenas cerca de 9 mil toneladas/ano.

Outras nações desenvolvidas que representam valores significativos de importação são Alemanha, Japão, Bélgica, Reino Unido, Itália e Canadá. Juntam-se a esse grupo Irã, Rússia e China, países asiáticos que contam com grandes contingentes populacionais e que estão localizados próximos aos maiores pólos produtores mundiais da fruta.

Gráfico 2 – Maiores importadores mundiais de banana (em mil toneladas – 2005)

4.500

4.000

3.500

3.000

2.500

2.000

1.500

1.000

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Fonte: Reproduzido de EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA TROPICAL, 2005.

O Equador é o país com a maior quantidade exportada de banana. De acordo com dados do Ministério da Agricultura daquele país,16 a fruta representa seu segundo principal bem de

16 Fonte: ECUADOR. Ministerio de Agricultura. Ganadería, Acuacultura y pesca del Ecuador. Quito: Servicio de Información y Censo Agropecuario (SICA), 2007. Disponível em: <http://www.sica.gov.ec>. Acesso em: 12 abr. 2007.

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exportação, atrás apenas do petróleo. São 752 milhões de dólares, metade do valor gerado pelo petróleo, porém sete vezes maior que o terceiro colocado, o camarão (com US$ 176 milhões). Aproximadamente 80% da banana produzida no Equador destina-se à venda no mercado externo. Outros exportadores importantes são Costa Rica, Filipinas, Colômbia e Guatemala.

Gráfico 3 – Maiores exportadores mundiais de banana (em mil toneladas – 2005)

6.000

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Fonte: Reproduzido de EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA TROPICAL, 2005.

É interessante notar que Índia e Brasil, os dois maiores produtores mundiais, assumem, respectivamente, as posições de 41º e 14º no ranking de exportação, o que atesta o gran-de volume consumido pelo mercado interno em ambos os países. De fato, as estatísticas confirmam esta afirmação, pois as duas nações voltam ao topo da lista quando se trata do consumo da banana para fins alimentares (Tabela 3). No Brasil, particularmente, o volume transacionado no comércio exterior é considerado pequeno pelos especialistas, uma vez que representa apenas 1% (US$ 200 milhões) do total de US$ 20 bilhões comercializados anualmente.17

Em geral, há coincidência entre os grandes produtores e consumidores da fruta. Indonésia, Filipinas, México e Tailândia (além de Índia e Brasil), países situados entre os dez maiores produtores, também constam como importantes mercados consumidores.

Novamente, a importância socioeconômica da fruta pode ser destacada: ela constitui fonte de alimento primordial em países pobres das faixas tropicais do globo, por sua facilidade de cultivo, simplicidade no preparo, baixo preço e boas características alimentares.

17 Fonte: SILVA, Eduardo Marcondes Filinto da (coord.). Estudos sobre o mercado de frutas. São Paulo: FIPE, ago. 1999. 382 p. Disponível em:<http:/ /www.agricultura.gov.br/portal /page?_pageid=33,961193& _dad=portal& _schema=PORTAL>. Acesso em: 27 jun. 2007.

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O consumo per capita coloca em destaque países da África, Caribe e Polinésia, dados os mesmos fatores acima citados.

Tabela 4 – Maiores consumidores mundiais de banana (2005)18

PaísConsumo alimentar (em mil toneladas)

PaísConsumo por dia /

per capita (g)

Índia 13.437 Burundi (África) 542

Brasil 5.541 São Tomé e Príncipe (África) 398

Indonésia 4.155 Samoa (Oceania) 227

Filipinas 3.458 Comores (África) 214

Estados Unidos 3.209 Equador (América do Sul) 197

México 1.723 Bermuda (América Central) 186

Tailândia 1.496 Vanuatu (Oceania) 169

Burundi 1.493Santa Lúcia (América Central)

156

Vietnã 1.191 Kiribati (Oceania) 119

Alemanha 1.016 Filipinas (Ásia) 114

Fonte: FAOSTAT. Database. Rome (IT), 2007.18

4. Evolução Histórica de Mercado e Produção no

Brasil

Pelas características naturais do território brasileiro e pelas escolhas históricas do país no sentido de seu desenvolvimento econômico, a atividade agrícola assumiu posição relevan-te na geração de riqueza no Brasil. A banana participa significativamente deste contex-to, assumindo um papel de particular destaque pelo volume produzido e transacionado. Tratar-se-á aqui, inicialmente, de um breve panorama do mercado de frutas, com ênfase na bananicultura. Posteriormente, serão expostos dados mais precisos sobre esta última, que é o foco do relatório.

18 Fonte: FAOSTAT. Database. Rome (IT), 2007. Disponível em: <http://www.faostat.org>. Acesso em: 20 mar. 2007.

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4.1. Consumo e produção de frutas no Brasil

Um estudo realizado em 1999 pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE)19 classificou as frutas comercializadas mundialmente em três grandes grupos:

Grupo I – frutas tropicais tradicionais•

Grupo II – outras frutas tropicais•

Grupo III – frutas de clima temperado•

No Grupo I, composto por abacaxi, banana, manga, melão, papaia e uva, o Brasil possui destaque mundial na produção e grande potencial – freqüentemente inexplorado – para exportação. Dentro do Grupo II, no qual se incluem laranja, figo, limão e melancia, chama particular atenção a primeira, produto líder nas exportações brasileiras de frutas. Por fim, o Grupo III (maçã, pêra e pêssego) é aquele que, por razões climáticas, detém a menor par-ticipação na produção mundial. Mesmo assim, não pode ser considerado como um player desprezível.

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas. O negócio da fruticultura movimen-ta no país cerca de 5,8 bilhões de dólares anuais, correspondentes a 38 milhões de tonela-das produzidas. A área cultivada gira em torno de 2,3 milhões de hectares, dos quais 500 mil (ou seja, mais de 20%) são dedicados à banana.20 Do ponto de vista social e econômico, estima-se que cada hectare fruticultor cultivado21 (ou seja, cada hectare plantado e colhido) demande de dois a cinco empregos, o que criaria, potencialmente, 5 milhões de postos de trabalho.22

A banana é a segunda fruta mais produzida no Brasil, atrás apenas da laranja, cuja pro-dução está fortemente associada ao processamento industrial de suco concentrado para exportação. A bananicultura responde por 15,1% do volume de produção nacional

19 Fonte: SILVA, Eduardo Marcondes Filinto da, 1999, op. cit.20 Fonte: FAOSTAT, 2007, op. cit.21 Hectare fruticultor cultivado é a área dedicada à cultura de frutas.22 Fonte: FERNANDES, Moacyr Saraiva. Indústria brasileira das frutas: novos mercados para citrus e outras frutas brasileiras. São Paulo: IBRAF, 29 set. 2004. 26 p. [material de apresentação de conferência]. Disponível em:<http://www.iac.sp.gov.br/Centros/citros/Palestra%20WIPC/29_09_2004/1400%20Moacyr%20Saraiva%20Fernandes.pdf>. Acesso em: 27 abr. 2007.

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Gráfico 4 – Distribuição da produção nacional de frutas no Brasil (2004)

Laranja (44,1%)Banana (15,1%)Coco (7,1%)Abacaxi (6,9%)Mamão (4,1%)Melancia (4,6%)Tangerina (3,1%)Uva (3,1%)Outros (11,2%)

11,2%

44,1%

3,1%

3,1%

4,6%

7,1%

4,1%

6,9%

15,1%

Fonte: Reproduzido de VILELA, P. S. et al. Análise da oferta e da demanda de frutas selecionadas no Brasil para o decênio

2006/2015. Belo Horizonte: FAEMG, 2006.

A intensa dedicação brasileira à bananicultura, somada à sua baixa participação no merca-do exportador, reflete as dimensões do seu consumo interno. A banana lidera o mercado interno de frutas com 30,7% em volume vendido, seguida pela laranja, com 18,6%, o abaca-xi, com 8,5%, e o caqui, com 8,4% (Gráfico 5).

Pela sua grande quantidade de amido, transformado em açúcar no processo de amadureci-mento, a banana se caracteriza como uma fruta altamente calórica. Por isso, sua participa-ção cresce para 41%, se analisada em relação à quantidade de calorias ingeridas.

Gráfico 5 – Participação no consumo de frutas no Brasil (2005)

Banana (30,7%)Uva (6,5%)Papaya (7,3%)Caqui (8,4%)Abacaxi (8,5%)Laranja (18,6%)Outras (20,0%)

6,5%

20,0%

7,3%

8,4%

18,6%

8,5%

30,7%

Fonte: Reproduzido de FAOSTAT, 2007

Os dados da Faostat23 sobre fruticultura separam o consumo da fruta especificamente como alimento de outros usos possíveis. Quanto se trata de aplicação não alimentar, a laranja e a banana também representam as maiores quantidades, com 1.300 e 1.050 toneladas anuais, respectivamente. Mesmo diante desse grande volume, o número ainda é considerado bai-xo pelos especialistas, dadas às diversas aplicações que ainda não têm sido aproveitadas

23 Fonte: FAOSTAT, 2007, op. cit.

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sistematicamente pelas indústrias de bens de consumo e, o que mais sério, nem são conhe-cidas pelos fruticultores. O desenvolvimento de novos produtos e/ou o aproveitamento de subprodutos das frutas podem representar possibilidades adicionais de vendas e lucrativi-dade para os produtores de banana, atualmente não exploradas.

Apesar do forte peso dos estados do Centro-Oeste na produção agrícola brasileira de forma geral, sua participação no cultivo de frutas é bastante reduzida (apenas 2,7% do total do país). O Sudeste é responsável pela metade de toda a produção, seguido pelo Nordeste, com 27% e pelo Sul, 14,4%. Já o Norte detém 6,1% da participação.24 De acordo com a Em-brapa Mandioca e Fruticultura Tropical,25 os estados de São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, Pará, Paraná, Espírito Santo, Pernambuco e Ceará (orde-nados em função da participação em ordem decrescente) respondem por 90% da produção de frutas no país. O mesmo estudo da Embrapa destaca a crescente importância dedicada à fruticultura; como sinalizador, apontam para o aumento de 30 para 45 regiões especiali-zadas neste tipo de produção entre os anos de 1999 e 2004.26

A população brasileira ainda apresenta um volume relativamente baixo de consumo per capita de frutas. Ressalvadas as diferenças econômicas entre os países mencionados, se comparados aos 115 a 120 kg/ano observados na Espanha, Itália e Alemanha, os 47 kg/ano no Brasil realmente mostram um consumo abaixo do potencial.

As frutas, como um todo, representam apenas 6,4% das despesas médias das famílias no país;27 isto é um reflexo, além das questões econômicas, da falta de hábito e de cultura do brasileiro médio em relação à percepção das frutas como alimentos importantes para uma boa nutrição. Mesmo assim, o consumo específico de banana é significativo: vale lembrar que o Brasil constitui o segundo maior mercado consumidor da fruta no mundo.

4.2. Dados gerais sobre a produção de banana no Brasil

O volume de banana produzido anualmente no Brasil tem seguido um ritmo de cresci-mento razoavelmente estável, em torno dos 3% anuais nos últimos dez anos. Para 2006, as estimativas da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) projetavam uma produção de 7.082.000 toneladas, o que representaria um crescimento de 4% em rela-ção a 2005.

É interessante notar que não há uma correlação significativa entre a área dedicada ao cul-tivo da fruta (que não apresenta tendência de crescimento) e sua produção. Isso significa dizer que o aumento do volume tem ocorrido em função da produtividade crescente obtida pelos agricultores brasileiros. Apesar dessa melhoria na produtividade, se comparado a outros países líderes na produção da banana, o Brasil obtém um rendimento significati-vamente menor de suas colheitas – a Costa Rica, por exemplo, produz 46,6 toneladas por hectare, contra 13,9 no Brasil.28

24 Fonte: FAOSTAT, 2007, op. cit.25 Fonte: EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA TROPICAL, 2005, op. cit.26 Os Arranjos Produtivos Locais (APLs) serão oportunamente discutidos neste relatório, em especial aqueles relacionados à cultura da banana27 Fonte: EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA TROPICAL, 2007, op. cit., p. 22.28 Dados referentes ao ano de 2006.

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Tabela 5 – Evolução da produção brasileira de banana (2002-2006)

Item 2002 2003 2004 20052006 (est.)

MédiaCrescimento

médio (%)

Produção (milhares de ton.)

6.422,9 6.801 6.583,6 6.803 7.082,4 6.738,6 2,5

Área colhida (milhares de ha)

503 510 491 499 508 502 0,3

Produtividade (ton.por hectare)

13.300 13.346 13.407 13.844 13.949 13.569 1,2

Fonte: IBGE. Levantamento sistemático da produção agrícola. Rio de Janeiro, 2006.

Gráfico 6 – Evolução do volume produzido, área cultivada e produtividade da banana no Brasil entre 1996 e 2006 (índices de crescimento com base em 1996)

Fonte: Reproduzido de IBGE. Produção agrícola mensal (PAM). Rio de Janeiro, 2005.

Não há dados oficiais sobre o número de empregos efetivamente criados pela bananicul-tura. Acredita-se, contudo, que um emprego direto é criado a cada hectare de plantação, enquanto outros dois são gerados indiretamente para essa mesma área plantada.29 Sob essa perspectiva, haveria em torno de 500.000 empregos diretos e mais 1.000.000 indiretos. É uma proporção emprego/hectare menor que a da fruticultura em geral, devido à baixa complexidade dos processos de cultivo e de colheita da fruta.

O Estado de São Paulo lidera a produção brasileira, com um volume de 1.125.000 tonela-das em 2005; seguem-se Bahia, Santa Catarina, Pará e Minas Gerais (Tabela 6). O acesso a melhores tecnologias de plantio, de colheita e de transporte da fruta é o responsável por este desempenho, haja vista que, em termos de área cultivada, a Bahia supera São Paulo. Deve-se destacar que, em termos de condições climáticas, as regiões Sul e Sudeste não são

29 Fonte: FAGANELLO, Fernanda (coord.). Defesa fitossanitária na cultura da banana no estado de Goiás. Goiânia: Agrodefesa, [2006]. Disponível em:<http://www.agrodefesa.go.gov.br/sanidadevegetal/Banana.html>. Acesso em: 22 abr. 2007.

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tão boas quanto as demais regiões,30 o que aponta para um importante potencial para a bananicultura nordestina, desde que os processos tecnológicos sejam aprimorados. Juntos, os cinco estados referidos representam 56,4% da produção nacional.

Tabela 6 – Produção da banana (em 1.000 toneladas) e área colhida (em 1.000 hectares) nos maiores estados produtores

An

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SP BA SC PA MG

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lhid

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1996 582 45 643 61 255 24 558 37 364 42

1997 553 43 635 59 323 25 591 40 379 39

1998 643 49 547 52 334 25 741 52 409 41

1999 653 52 529 48 342 26 787 55 423 41

2000 599 57 599 49 345 26 792 55 453 41

2001 1106 54 717 47 586 29 712 58 594 42

2002 1152 56 764 50 629 29 724 53 608 43

2003 1183 57 783 53 618 30 705 52 544 39

2004 1061 49 872 62 656 30 540 42 562 38

2005 1125 50 1060 74 641 31 572 44 546 37

Fonte: IBGE, 2005.

4.3. Importação e exportação da banana

Há uma inconsistência na atividade de importação e exportação de banana no Brasil. A grande produção do país abastece, quase que exclusivamente, a demanda interna. A par-ticipação do Brasil no comércio internacional é considerada muito pequena, uma vez que sua produção, equivalente a 10% da produção mundial, gera exportações que não ultra-passam 1,5% do total transacionado entre as nações. No entanto, é possível perceber um crescimento consistente no volume exportado. No ano de 2005, foram 212.176 toneladas, totalizando um valor de US$ 33.027.000 (FOB).31

30 Ver item 5.2.1 – Condições naturais do plantio da banana.31 Fonte: BRASIL. MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio). Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Aliceweb. Brasília, 2007. Disponível em:<http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: 25 abr. 2007.

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Tabela 7 – Evolução das exportações brasileiras de banana – 1998-200632

Ano Volume (toneladas) US$ FOB (em milhares)

1998 68.555 11.629

1999 81.227 12.518

2000 71.812 12.359

2001 105.112 16.036

2002 241.038 33.574

2003 220.771 30.013

2004 188.087 26.983

2005 212.176 33.027

2006 194.331 38.460

Fonte: BRASIL. MDIC. Secex. Aliceweb. Brasília, 2007.32

Apesar da diferença entre os volumes de produção e de exportação da banana brasileira, não se pode dizer que seu papel na balança comercial seja desprezível. A fruta representa, em volume, 22,3% das exportações do país. Devido ao seu baixo valor agregado, no entan-to, a participação da banana cai para 5,5%, quando se considera o faturamento.

De acordo com Matthiesen e Boteon,33 parte da explicação da dificuldade de se colocar o produto brasileiro no mercado internacional é sua baixa qualidade. Mercados exigentes – como o europeu e o norte-americano – requerem tecnologias de produção, de pós-colheita e de comercialização mais desenvolvidas do que as atualmente em uso no país. Além dis-so, a produção de banana das regiões Sul e Sudeste sofre com o frio, que escurece a casca da banana, prejudicando sua aparência.

O escoamento da produção excedente no Brasil, desta forma, se dá fundamentalmente para o Mercado Comum do Sul (Mercosul). A Argentina é o mais importante mercado de destino, seguido pelo Uruguai.34

32 Fonte: BRASIL. MDIC. Secex. 2007, op. cit.33 Fonte: MATTHIESEN, Marina L.; BOTEON, Margarete. Análise dos principais pólos produtores de banana no Brasil. Piracicaba (SP): Cepea/Esalq-USP, 2003, p. 2. Disponível em:<http://cepea.esalq.usp.br/pdf/banana.pdf>. Acesso em: 26 maio 2007.34 Fonte: FAO. Corporate Document Repository. Banana information note. Rome (IT): Economic and Social Department, Apr. 2005. 22 p. Disponível em: <http://www.fao.org/docrep/008/j5023t/j5023t00.htm>. Acesso em: 24 abr. 2007.

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Tabela 8 – Principais mercados de destino da banana brasileira (em mil toneladas) – 1999/200535

País 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Argentina 47,9 30 60,9 163,1 129,7 91,4 97,9

Uruguai 27,7 23,3 27,3 39,5 40,1 42,3 47,8

Reino Unido — 9,8 16 30,1 25,9 30,6 36,1

Outros 5,6 8,6 0,9 8,4 25,1 23,8 30,3

Total 81,2 71,8 105,1 241 220,8 188,1 212,2

Fonte: FAO. Corporate Document Repository. Banana information note. Rome (IT): Economic and Social Department, Apr. 2005.

22 p.35 e BRASIL. MDIC. Secex (2007).

Já os volumes de importação de banana pelo Brasil são inexpressivos: em 2005, foram ape-nas 12 toneladas do produto, vindas das Filipinas. Portanto, não há representatividade econômica neste volume.

Nos últimos anos, vêm despontando algumas tendências para a comercialização interna-cional da banana. Com as pressões da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre os mercados europeus e sua política protecionista de cotas, os países produtores de banana não ligados à ACP terão mais oportunidades de exportação para países que consomem quantidades consideráveis da fruta. Algumas empresas brasileiras e outras estrangeiras instaladas no Brasil vêm se preparando para adaptar seus produtos às exigências e aos padrões internacionais, por meio da adoção de melhores tecnologias. O crescimento no volume exportado a partir de 2002 é indicativo deste esforço cada vez maior das empresas situadas no Brasil para aumentar sua representatividade no comércio mundial.

Um das mais importantes medidas associadas ao esforço de internacionalização da ba-nanicultura brasileira é o fortalecimento dos pólos produtivos, por meio de atividades de fomento à gestão e à produção oferecidas por diversos órgãos de apoio, tanto governa-mentais quanto privados. Um exemplo é o Brazilian Fruit, programa de marketing inter-nacional sob responsabilidade da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).36

4.4. O consumo da banana no mercado interno brasileiro

Há grande correlação entre a produção e o consumo alimentar da banana, considerando-se dados de 1990 até 2005. Isto significa dizer que os sucessivos aumentos de produtivida-de experimentados pelas colheitas brasileiras foram absorvidos pelo consumo interno do produto. Também é importante notar que uma quantidade em torno de 15% da produção nacional é direcionada para outros usos que não a alimentação. Apesar do aumento da produção como um todo, este índice não evoluiu consistentemente, apresentando oscila-

35 Fonte: FAO, 2005, op. cit.36 Fonte: EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA TROPICAL, 2005, op. cit.

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ções maiores – para cima e para baixo – do que o consumo alimentar. A Tabela 9 consolida os números dos dois tipos de consumo de 2001 a 2005.

Tabela 9 – Consumo de banana no Brasil para fins alimentares e não-alimentares – 2001-2005

Tipo de consumo Ano MédiaCrescimento

médio

2001 2002 2003 2004 2005

Alimentar (mil ton.) 5077,5 5306,3 5449,2 5485,5 5541,1 5371,9 2,2%

Não-alimentar (mil ton.) 984,1 866,6 1119,5 898,9 1051,0 984,0 3,6%

Fonte: FAOSTAT, 2007.

Apesar do crescimento no volume total de banana consumido no Brasil, nota-se um mo-vimento diferente quando se analisa o consumo per capita do produto. O país ainda não recuperou seu nível de 1990, quando este indicador era de 32,4 quilogramas per capita. Pelo contrário, o índice recuou até 1998, quando atingiu 26,4 kg per capita. Desde então, esboça uma recuperação, chegando a 29,7 kg per capita em 2005. Acredita-se que esta perda de espaço da banana na alimentação do brasileiro se deva ao efeito-substituição: a partir do início da década de 1990, uma série de novas frutas (frutas importadas) com boa qualidade e preços acessíveis passou a entrar no país e a disputar lugar com as frutas “tradicionais” nas gôndolas dos supermercados e nas mesas do consumidor brasileiro.37

Tabela 10 – Consumo per capita (em kg) da banana no Brasil – 1998-2005

Ano

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Consumo per capita

26,4 26,8 27,5 28,8 29,7 30,0 29,8 29,7

Fonte: FAOSTAT, 2007.

É necessário destacar que os números aqui divulgados correspondem ao consumo apa-rente da fruta, ou seja, uma estimativa que considera o total produzido no período mais as importações e menos as exportações. De qualquer forma, sabe-se que o nível de perda de frutas tropicais entre a colheita e o momento do consumo tende a ser bastante elevado, dada sua perecibilidade e fragilidade. No caso da banana, diferentes estudos mostram que entre 40 e 50% do volume produzido da fruta é perdido. Portanto, é muito provável que o volume real de consumo, não mensurável por meio das estatísticas atualmente realizadas, seja menor do que o acima divulgado.

37 Fonte: SILVA, Cíntia de Souza et al. Avaliação econômica das perdas de banana no mercado varejista: um estudo de caso. Rev. Bras. Frutic, Jaboticabal (SP), v.25, n.2, p.229-34, ago. 2003. Disponível em:<www.scielo.br/pdf/rbf/v25n2/a12v25n2.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2007.

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4.5. Perspectivas para o mercado de banana no Brasil

Segundo análises de Vilela, Castro e Avellar,38 a bananicultura se destaca como uma das culturas mais seguras sob o ponto de vista econômico para os próximos dez anos, porque há pouca expectativa quanto a um eventual excesso de produção mundial, o que resultaria em oscilações dos preços internacionais. Diante de diversos cenários alternativos de cres-cimento no Brasil, a banana se manteve no grupo de frutas de menor risco para os produ-tores, haja vista que a demanda, em todos os casos, superaria a oferta prevista.

Como já mencionado anteriormente, espera-se, para os próximos anos, um aumento na atividade exportadora do Brasil relacionada à bananicultura. Isto se deve à crescente ado-ção pelos plantadores brasileiros de tecnologias já comuns em países com maior cultura de exportação, como Equador, Costa Rica e Colômbia. O gradativo aumento de qualidade da fruta brasileira também permite uma intensificação da exportação para mercados com grande demanda, como o norte-americano e o europeu. Esforços coordenados ao longo da cadeia produtiva (na forma de programas como a Produção Integrada de Frutas (PIF), detalhada mais à frente) propiciam a oferta de produtos mais adequados aos padrões exi-gidos pelos mercados internacionais.

5. A Cadeia Produtiva da Banana

Os estudos setoriais são feitos, tradicionalmente, por meio da análise da cadeia produtiva na qual se encontram. Definida na área de agronegócios como uma “seqüência de ativida-des que transformam uma commodity em um produto pronto para o consumidor final”,39 a análise da cadeia produtiva auxilia no desenvolvimento da visão sistêmica necessária para se aprimorar as condições de produção e de comercialização dos produtos.

De acordo com Zylbersztajn,40 os Sistemas de Agronegócios (SAGs, aqui usados como sinô-nimo da cadeia produtiva agroindustrial) contam com os seguintes agentes, abaixo apre-sentados sinteticamente:

O consumidor• : ponto focal do fluxo do sistema; determina suas escolhas de acordo com características como “renda, preferências, faixa etária e expectativas”. Em mercados com renda mais alta, o processo decisório se altera, pois os consumidores consideram outros aspectos, como embalagens recicladas, tecnologia empregada e produção ecoló-gica e socialmente responsável;

O varejo de alimentos• : responsável pela distribuição, conta tanto com redes interna-cionais e locais de maior importância (sobretudo nos grandes centros), quanto com

38 Fonte: VILELA, Pierre Santos; CASTRO, Cláudio Wagner de; AVELLAR, Sérgio Oswaldo de Carvalho. Análise da oferta e da demanda de frutas selecionadas no Brasil para o decênio 2006/2015. Belo Horizonte: FAEMG, 2006. Disponível em:<ww.faemg.org.br/arquivos/Análise%20da%20oferta%20demanda%20de%20frutas.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2007.39 Fonte: ZYLBERSZTAJN, Décio. Conceitos gerais, evolução e apresentação do sistema agroindustrial. In: ZYLBERSZTAJN, Décio; NEVES, Marcos Fava; NASSAR, André Meloni (org.). Economia e gestão dos negócios agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000, p. 9.40 Fonte: ZYLBERSZTAJN, Décio. 2000, op. cit., p. 16-20.

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agentes de menor porte, como mercadinhos, mercearias, lojas de hortifruti etc. A soma desses varejistas responde por grande parte do poder nos SAGs (as cadeias produtivas) dado seu contato direto com o consumidor e porque são co-responsáveis por incentivar a gestão de qualidade dos alimentos;

O atacado• : esse nível do canal de distribuição abastece o varejo, consistindo em uma espécie de plataforma central que concentra fisicamente o produto. É possível perceber, em cidades de maior porte, uma tendência à redução da presença e da importância deste intermediário, em especial devido às novas formas de contrato e ao contato mais próximo entre varejistas e produtores;

A agroindústria• : responsável pela transformação do alimento. Inclui indústrias de 1ª transformação (empresas que trabalham com alimentos minimamente processados ou em conserva, ou seja, adicionam atributos sem alterar substancialmente o produto bá-sico) e de 2ª transformação (todo processamento mais intenso faz parte desse grupo, onde as empresas realizam significativas alterações físicas no produto original), englo-bando desde pequenas empresas familiares até complexos de redes internacionais, que devem negociar tanto com o produtor quanto com o atacadista e o varejista;

A produção primária• : o produtor, o “agricultor”, o fornecedor de produtos in natura ou como matéria-prima para o setor de alimentos; encontra-se muito distante do consumi-dor final e é formado por agentes bastante heterogêneos entre si.

Também é comum, no agronegócio, utilizar-se da seguinte divisão das etapas do processo produtivo:41

Antes da porteira• : insumos e bens de produção;

Dentro da porteira• : a produção em si;

Pós-porteira• : distribuição, processamento e consumo.

Segue-se um desenho da cadeia da banana, com os principais agentes identificados:

41 Fonte: MEGIDO, José Luiz Tejon. Apêndice: a comunicação. In: ZYLBERSZTAJN, Décio; NEVES, Marcos Fava; NASSAR, André Meloni (org.). Economia e gestão dos negócios agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000, p. 418.

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Figura 1

Cadeira de banana (processada e in natura)

Fonte: Elaborada pelo autor.

5.1. Antes da porteira

Para a bananicultura, foram identificados como itens relevantes no processo anterior à produção: fertilizantes e defensivos agrícolas, maquinário e equipamentos, embalagens, atividades de apoio (incluindo crédito agrícola e assistência técnica) e obtenção de mudas. Devido às especificidades da bananicultura, serão destacados aqui os dois últimos itens.

Atividades de apoio:•

A atividade agrícola baseada nos pequenos produtores depende fortemente de atividades estruturadas de apoio. Em paralelo ao porte reduzido (e, em parte, devido a ele), notam-se freqüentes dificuldades do produtor para ser bem sucedido no processo de obtenção do crédito necessário, por exemplo, para o aprimoramento tecnológico dos sistemas de planta-ção, colheita e transporte. A assistência técnica segue o mesmo padrão: a pouca disponibi-lidade para novos investimentos dificultam o acesso do agricultor a técnicas que poderiam otimizar sua produtividade e a qualidade de seus produtos e, conseqüentemente, melhorar suas taxas de retorno.

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Em um estudo sobre a cadeia produtiva do Ceará42 identificou-se que apenas 41,4% dos bananicultores recebiam assistência técnica e 30% tinham acesso ao crédito agrícola. Es-tes números revelam um forte obstáculo ao desenvolvimento das culturas de pequenos produtores que não estejam envolvidos com nenhum sistema de integração (como a PIF, discutida mais à frente, ou mesmo cooperativas).

Alguns órgãos públicos e privados que vêm expandindo seu apoio aos pequenos produ-tores por meio de programas especificamente voltados à bananicultura são o Serviço Bra-sileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), a Sociedade Brasileira de Fruticultura (SBF); o Instituto Agronômico do Estado de São Paulo (IAC) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Orga-nizações locais, como a Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas Gerais (Abanorte); a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e o Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria do Ceará (Frutal), também oferecem orientações que podem ser valiosas para a melhoria do pro-cesso produtivo da banana. Ainda em nível estadual, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), presente em diversas unidades da federação e ligados às suas respectivas Secretarias de Agricultura, é importante catalisador das atividades agrícolas.

Uma das entidades mais importantes no desenvolvimento agropecuário brasileiro é a Em-presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Sua atuação no setor fruticultor se dá através de sua divisão específica (Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical) ou das or-ganizações estaduais de pesquisa agropecuária (OEPAS) a ela associadas. A tabela abaixo lista as OEPAS, de acordo com as regiões de atuação:

Tabela 11 – Organizações estaduais de pesquisa agropecuária (OEPAS), por região

Regiões Norte e Centro-Oeste

Região Nordeste Região Sudeste Região Sul

Agência Rural (GO) EBDA (BA) Apta (SP) Epagri (SC)

Empaer (MT) Emdagro (SE) Epamig (MG) Fepagro (RS)

Idaterra (MS) Emepa (PA) Incaper (PE) Iapar (PR)

Unitins (TO) Emparn (RN) Pesagro (RJ)

IPA (PE)

Fonte: EMBRAPA, 2007.

Há sites na internet que disponibilizam um grande número de informações aos produtores ligados à fruticultura. Dois dos mais significativos são o Toda Fruta (www.todafruta.com.br) e o Fruticom (www.fruticom.com.br). Cotações, notícias, entrevistas e informações ge-rais fazem parte do acervo de dados destes portais.

42 Fonte: CUSTÓDIO, J. A. L. et al. Análise da cadeia produtiva da banana no Estado do Ceará. In: XXXIX CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL: Competividade & Globalização – Impactos Regionais e Locais, 2001, Recife. 39., Anais... SOBER, 2001. v. 1, p. 1-9.

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Fornecimento de mudas:•

De acordo com relatório da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,43 o setor de produ-ção de mudas “é altamente estratégico para conferir competitividade” à cadeia de frutas tropicais, sendo muitas vezes seu elo mais frágil. Grande parte das plantações familiares se utiliza de mudas doadas de parentes, amigos ou vizinhos; no estudo acima citado sobre a cadeia cearense de bananicultura 82,8% dos produtores adquiriram este insumo essencial desta maneira. Esta opção aparentemente fácil e barata pode ser revelar problemática e prejudicial, pois é por meio do uso de mudas de melhor qualidade que se pode gerar frutas mais resistentes e adequadas para mercados exigentes (como o de exportação). Porém, por serem mais caras, esbarram nas restrições financeiras enfrentada por muitos agricultores. Alguns exemplos de fornecedores de mudas são a Bionova Mudas, Epamig e APSEMG, todos em Minas Gerais; para produtores de outras regiões, vale buscar alternativas de alta qualidade nos Estados produtores mais próximos.

5.1.1. Melhoramento genético da bananeira

Encontra-se em pleno desenvolvimento um esforço internacional de aprimoramento gené-tico de diversos produtos alimentícios. Dentre eles, o aprimoramento da banana encontra-se em fase bastante avançada, por conta da coordenação da Rede Internacional para o Melhoramento da Banana e Plátano (Inibap), na forma do Programa Internacional para o Melhoramento da Musa (Promusa). No Brasil, quem encabeça o processo de mapeamento genético (tarefa que constitui um dos eixos da atuação do Promusa) é a Embrapa, membro fundador do Global Musa Genomics Consortium (GMGC). O objetivo desta atividade é conhecer a estrutura genética do gênero, de forma a poder combater mais eficientemente suas pragas e criar novas variedades adequadas a cada contexto de produção e consumo.44 Os resultados são internacionalmente compartilhados por meio de um banco de dados chamado DataMusa.45

Há duas finalidades básicas que justificam a modificação genética de alimentos. A primei-ra diz respeito às pragas comumente associadas a determinadas plantações. A modificação genética permite a criação de novas variedades que sejam resistentes a pragas importantes. A banana, por exemplo, sofre com determinados fungos, bactérias, nematóides e insetos que representam grandes ameaças à sustentabilidade das lavouras. A variedade Gros Mi-chel, que constituía o cultivar mais aceito mundialmente nas décadas de 50 e 60, foi dizi-mada por conta do mal-do-Panamá (causado por um fungo).

Hoje, o predomínio da Cavendish (Nanica) se dá em função deste episódio, já que a varie-dade é resistente ao fungo e passou a ser consumida pela falta da Gros Michel. Estima-se que a perda causada por este tipo de problema seja de 30 a 40% do total da produção bra-sileira, o que equivale a cerca de R$ 700 milhões por ano.46

43 Fonte: EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA TROPICAL, 2005, op. cit., p. 40.44 Fonte: SOUZA, Manoel Teixeira Jr. et al. Boletim de pesquisa e desenvolvimento 109: transcriptoma de Musa acuminata no DataMusa. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, out. 2005. p. 6. Disponível em: <http://www.cenargen.embrapa.br/publica/trabalhos/bp109.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2007.45 DATAMusa: banco de dados internacionalmente compartilhado, composto de informações de genômica estrutural e de transcriptomas. É útil em pesquisas genéticas da banana, por exemplo, para a criação de variedades resistentes a pragas ou mais nutritivas.46 Fonte: EMBRAPA, 2007, op. cit.

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Um exemplo bem sucedido de melhoramento genético da bananeira foi a introdução, em 2005, de dois novos cultivares no mercado capixaba (Espírito Santo): Vitória e Japira.47 Produzidas em projetos coordenados pela Embrapa, são variações da banana Prata que têm a grande vantagem de serem resistentes às três principais pragas da bananicultura: a sigatoka-amarela, a sigatoka-negra e o mal-do-Panamá. Além disso, essas variedades da banana Prata foram plenamente adaptadas às condições climáticas do Espírito Santo.

A segunda finalidade da modificação genética de alimentos é o enriquecimento dos ali-mentos, potencializando suas propriedades nutritivas. O mapeamento genético das es-pécies permite identificar genes com potencial de uso em programas de biofortificação.48 Atualmente a Embrapa trabalha visando o aumento do nível de carotenóides49 na banana nanica. As propriedades mais conhecidas dos carotenóides são a manutenção e a melhoria da visão (a falta de vitamina A pode até ocasionar cegueira) e sua função antioxidante. Há cultivares, como a banana da terra e a Utin Iap (que é produzida exclusivamente nas ilhas do Pacífico), que apresentam um nível até 25 vezes maior de carotenóides que a banana nanica.50

O estudo das características genéticas destas frutas somado a procedimentos de clonagem e transferência de genes de outros alimentos podem gerar avanços significativos na utili-zação da banana como um alimento, simultaneamente, nutritivo e barato.

Outro uso possível a partir do melhoramento genético de alimentos, ainda pouco desen-volvido no Brasil, é o desenvolvimento de “vacinas comestíveis”, isto é, administradas oral-mente por meio do enriquecimento de alimentos. Na Austrália, pesquisadores já trabalham em uma vacina para o sarampo; estudos em diversos outros países se debruçam sobre a criação de vacinas para o HIV e o câncer,51 sempre “embutidas” em algum alimento.

Deve-se destacar que, apesar dos benefícios alegados a partir da modificação genética de alimentos, não há unanimidade no mundo com relação à legitimidade de seu uso. Pelo contrário, numerosos grupos de consumidores, pesquisadores e legisladores advogam contra a utilização de transgênicos52 (nome dos alimentos geneticamente modificados), pois seus efeitos sobre o organismo humano ainda são indeterminados, especialmente no longo prazo.

Esta preocupação gera um novo nicho de mercado, ainda pouco explorado no Brasil, mas que demonstra um potencial expressivo de crescimento: a demanda por alimentos orgâ-nicos. A importância deste nicho para micro e pequenos produtores será discutida mais à frente.

47 Fonte: INCAPER (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural). Relatório de atividades: 2005. Vitória (ES): 2006. 61 p. Disponível em: <http://www.incaper.es.gov.br/?a=institucional/relatorio_anual>. Acesso em: 20 abr. 2007.48 Biofortificação: o aprimoramento das qualidades nutricionais dos alimentos.49 Carotenóides: moléculas precursoras da vitamina A.50 Fonte: INCAPER, 2005, op. cit.51 Fonte: CIB (Conselho de Informações sobre Biotecnologia). Notícias publicadas no site. Brasília, 2007. Disponível em: <www.cib.org.br>. Acesso em: 25 fev. 2007.52 Transgênicos: denominação dos alimentos geneticamente modificados.

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5.2. Dentro da porteira

Há várias razões pelas quais agricultores podem optar por desenvolver a banana como seus produtos de cultivo. Em uma pesquisa realizada com produtores do Ceará,53 as se-guintes justificativas foram citadas: tradição local ou herança familiar (31% das respostas); melhor alternativa na região (20,7%); possibilidade de rendimentos constantes (17,6%); pre-ços compensatórios (13,8%); vocação dos solos (13,8%); e rapidez nos retornos dos investi-mentos (3,5%).

Há forte relação entre o potencial de retorno da bananicultura e as condições em que ela é desenvolvida. Quando é feita com pouca capitalização, carece de tecnologias que poderiam aumentar significativamente sua produtividade. São problemas comuns encontrados na cultura da banana: o porte reduzido de alguns cultivares: pouca resistência à estiagem e às oscilações de temperatura (principalmente às temperaturas baixas); e a presença de pragas altamente danosas à produção.54

5.2.1. Condições naturais do plantio da banana55

As condições de clima e solo na bananicultura devem ser cuidadosamente ponderadas, pois são determinantes na produtividade das plantações.

A bananeira é planta tipicamente tropical. Prospera em temperaturas elevadas e sofre com as baixas, sendo a faixa entre 18 e 34 graus centígrados considerada ideal para seu cultivo. O frio gera danos à estrutura foliar da planta, o que expõe seus frutos ao sol direto. Além disso, prejudica o desenvolvimento normal da banana, dificultando o processo de trans-formação do amido. Em conseqüência, obtêm-se frutos com casca escurecida e sabor áci-do (fenômeno conhecido como friagem ou chilling56). Para tentar minimizar os efeitos das baixas temperaturas, produtores das regiões subtropicais adotam técnicas como o ensaca-mento dos cachos com bolsas de juta ou polietileno. Os cuidados em relação à temperatura devem se estender também ao longo do transporte e do armazenamento da banana.

No cultivo da banana também é necessário um fornecimento constante e abundante de água, pois isso acelera o crescimento da planta e proporciona melhor desenvolvimento dos frutos. Dessa forma, regiões com estiagens muito longas e/ou com impossibilidade de sustentar sistemas eficientes de irrigação não são propícias à bananicultura. A quantidade de água recomendada é de 1.800 a 2.800 mm por ano.

O vento forte pode ser bastante prejudicial à bananeira, ao partir suas folhas e provocar tombamentos. A quebra das folhas reduz a produtividade e o desenvolvimento da planta. Em áreas com grande atividade eólica (ou seja, muito vento), recomenda-se a plantação de cultivares mais baixos (como a Nanica), a disposição mais densa das mudas e/ou a cons-trução de quebra-ventos – por exemplo, com plantação de variedades mais altas de banana

53 Fonte: CUSTÓDIO, J. A. L. et al. 2001, op. cit.54 Fonte: SEBRAE-MG. Ponto de partida para início de negócio: cultivo de banana. Belo Horizonte: 31 out. 2007, p. 40. Disponível em: <http://www.sebraemg.com.br/Geral/arquivo_get.aspx?cod_areasuperior=2&cod_areaconteudo=231&cod_pasta=234&cod_conteudo=1492&cod_documento=94>. Acesso em: 15 nov. 2007.55 Elaborado com base em: SEBRAE-MG, 2007, p. 40-2; MANICA, Ivo, 1998, p. 20-5.56 Chilling : sinônimo de friagem; é o efeito negativo sobre a qualidade da fruta decorrente de temperaturas muito frias.

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ou de outras espécies (como bambuzais e coqueirais) nas bordaduras (que são os limites externos das plantações).

Por conta das questões climáticas acima descritas, as baixas altitudes costumam apresen-tar melhores condições de plantio da bananeira. As temperaturas são mais altas e estáveis entre zero e 300 metros acima do nível do mar, além de oferecer terrenos mais facilmente trabalháveis.

5.2.2. O processo produtivo da banana

Para assegurar o sucesso do empreendimento, é fundamental a etapa de planejamento do cultivo do bananal. A primeira decisão diz respeito aos cultivares que serão produzidos, isto é, os tipos de bananas que serão plantadas. Os fatores a serem analisados devem consi-derar as exigências naturais da região, o nível tecnológico acessível ao produtor e também aspectos ligados ao mercado consumidor e à rede que será utilizada para a distribuição da produção.

Tabela 12 – Fatores-chave para a escolha de cultivares da banana

Aspectos naturais e tecnológicos

Aspectos de consumo Aspectos de distribuição

Adaptação do cultivar à regiãoPreferência pelo cultivar (aceitação de tipos específicos de banana)

Distância entre o local de produção e o mercado consumidor ou os centros de escoamento da produção

Resistência a doenças e pragasFinalidade da produção:exportação, consumo in natura, uso em indústrias alimentícias

Tipos e estado das vias disponíveis para escoamento da produção: estradas, hidrovias etc.

Produtividade/ha, lucro/ha e custo de produção

Fonte: Adaptado de MANICA, 1998, p. 37.

De acordo com Manica,57 as áreas planas favorecem o cultivo da banana, permitindo maior competitividade no mercado externo. Esse tipo de terreno facilita a mecanização da produ-ção e das demais tarefas no bananal (como a aplicação de fungicidas e a colheita). Já áreas com mata devem ser devidamente preparadas para receber as mudas, tomando-se cuidado para que a realização de queimadas não empobreça o solo. Também devem ser avaliadas as necessidades e as possibilidades de irrigação ou drenagem de acordo com o local do plan-tio, dado que a irrigação adequada da planta garante o ciclo completo da bananeira, resul-tando em frutas de maior qualidade. Igualmente, a correção do solo por meio da adubação é fundamental na produção da banana. Ainda de acordo com o autor, os picos de produção da banana são influenciados pelo controle da época do plantio e do desbaste dos rebentos (retirada de parte das mudas brotadas), o que reforça a necessidade de planejamento do ba-nanal e do uso de técnicas específicas sobre o cultivar escolhido. Além destas duas ações, as atividades pré-colheita de maior importância para a qualidade final da fruta são:

57 Fonte: MANICA, Ivo. 1998, op. cit.

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A limpeza das folhas• : retirada de folhas velhas ou morta, possibilitando: maior luminosi-dade mo bananal; controle de pragas; e redução nas lesões dos frutos;

O tutoramento de plantas• : adoção de medidas preventivas para evitar o tombamento de bananeiras em função dos ventos e do excesso de peso dos cachos, por exemplo, com a já citada construção de quebra-ventos;

O corte da parte terminal da ráquis ou coração• : a retirada do “coração da bananeira”, entre muitas vantagens, favorece o aumento do cacho e a forma dos frutos e evita que o látex escorra e suje as bananas durante a colheita;

A eliminação de pencas• : retirada da última (ou das últimas) pencas do cacho a fim de obter uma colheita precoce de frutos longos, grossos e homogêneos;

A despistilagem ou defloração• : retirada dos restos florais para evitar o aparecimento de fungos e doenças;

O ensacamento do cacho• : colocação de bolsas e almofadas de proteção em cachos e pen-cas, o que evita atrito e danos aos frutos, permite o controle de algumas pragas e evita oscilações de temperatura;

O corte do pseudocaule após a colheita do cacho• : corte rente ao solo da planta, após a colhei-ta, com a intenção de evitar doenças, adubar o solo pela sua decomposição e acelerar o desenvolvimento dos rebentos;

As culturas intercalares• : adoção da banana como cultura intercalar com frutas tropicais e subtropicais ou, quando a banana for a cultura principal, pode-se associar ao cultivo de feijões, melancias e tomates, entre outros, nas fases de início de crescimento,

A etapa da colheita é crucial para a produção de bananas, já que é a grande responsável pela qualidade e pela aparência do produto final. Algumas variáveis devem ser consideradas:58 a distância entre o local de produção e o mercado consumidor, a estação do ano, as condi-ções normativas do comprador (ou seja, as exigências feitas pelo comprador), a embalagem e a finalidade para a qual se destina o produto (consumo local, exportação ou industriali-zação).

Quanto maior for a demora para atingir o mercado consumidor ou quanto mais quente for a estação do ano, mais antecipada tem de ser a colheita, obtendo-se bananas ainda verdes e de diâmetro menor. Em condições opostas, pode-se optar pela colheita de bananas mais desenvolvidas e de maior diâmetro. Como regra geral, as bananas são colhidas ainda “ver-des”, ou seja, impróprias para o consumo, a fim de que resistam melhor ao transporte.

Dada essa característica, a climatização pode ser utilizada na obtenção de um amadureci-mento adequado, assegurando a qualidade do sabor da banana. Climatização significa o controle das condições de amadurecimento por meio dos fatores: temperatura; umidade relativa; gás ativador da maturação; ar atmosférico (ventilação); e circulação do ar e exaus-tão.59

58 Fonte: MANICA, Ivo. 1998, op. cit., p. 81.59 Fonte: MANICA, Ivo. 1998, op. cit., p. 91.

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Cabe observar que, se a colheita é demasiadamente antecipada, não ocorre um amadureci-mento satisfatório e compromete-se, também, a taxa de produção por hectare.60 A medição do diâmetro da banana fornece um importante indicador da colheita; para cada tipo de banana e para cada destinação de uso do produto existe uma faixa mais adequada de ta-manho, que deve ser previamente estipulada. Em geral, essas medidas costumam oscilar entre 30 mm e 39 mm.

Vale ressaltar que a mão-de-obra contratada para executar a colheita deve ser capacitada para realizar um trabalho cuidadoso, já que a casca frágil pode ficar marcada com lesões causadas pelo manuseio indevido nessa etapa, o que reduz consideravelmente o valor final do produto no mercado.

Um processo adequado de embalagem também é imprescindível, pois permite que se man-tenha a qualidade das frutas até que cheguem ao mercado comprador. Os galpões de em-balagem podem se encontrar bem próximos à lavoura ou mais afastados. Servem, em geral, para as atividades de despencamento, separação, higienização e embalagem. De acordo com Manica,61 devem conter áreas sombreadas e ventiladas para a separação das pencas, tan-ques de lavagem, classificação e embalagem, além de um espaço para estoque e montagem de caixas do produto.

Como as pencas são formadas em momentos distintos na bananeira (na base encontram-se as pencas mais velhas e amadurecidas, enquanto nas extremidades estão as frutas mais no-vas) é interessante dividir o cacho em duas metades e separá-los nessa etapa da produção. Nesse momento também se descartam as pencas inadequadas para a comercialização. A limpeza das bananas é fundamental para impedir a proliferação de fungos, especialmente nas partes cortadas. Em geral, utiliza-se a imersão das pencas em água limpa com adição de detergentes apropriados, mas há produtores que optam por pulverizar fungicida nos cachos ao invés da imersão. Após a secagem, as bananas selecionadas já podem ser emba-ladas.

Um dos mais importantes fatores de risco no cultivo da banana se relaciona às doenças que podem acometer a plantação. Algumas pragas têm o potencial de devastar toda uma produção ou mesmo acabar com uma determinada variedade. Conforme já mencionado anteriormente, os anos 50 e 60 do século XX, o Mal-do-Panamá dizimou completamente a banana do tipo Gros Michel, a mais aceita na época, que teve de ser substituída pelos cultivares Cavendish. Assim, hoje há grande ênfase no desenvolvimento de cultivares re-sistentes ao ataque de doenças, com especial destaque para o trabalho da Embrapa.

Nos últimos anos, percebe-se uma nova tendência nas pesquisas genéticas da banana, bus-cando conciliar a resistência às pragas com atributos como melhor sabor e maior qualidade nutritiva. Assim, a escolha de matrizes produtivas especiais para a plantação pode ser determinante não só na qualidade das frutas comercializadas, mas também na minimi-zação de riscos diante das diversas doenças típicas da bananicultura. Vale lembrar que a cadeia produtiva da banana deve se responsabilizar por incentivar os consumidores a ex-perimentar esses novos cultivares, facilitando e acelerando o processo de adesão às novas variedades criadas.

60 Fonte: MANICA, Ivo. 1998, op. cit., p. 82.61 Fonte: MANICA, Ivo. 1998, op. cit., p. 86.

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5.2.3. Caracterização dos produtores

Apesar da existência de alguns grandes produtores (inclusive integrantes de grupos mul-tinacionais), a bananicultura no Brasil é fundamentalmente desenvolvida por pequenos produtores. Apesar de não favorecerem a qualidade ou a produtividade da colheita, os processos simplificados de cultivo da bananeira tornam viável sua exploração por MPEs; além disso, a ampla aceitação da fruta no mercado interno gera uma demanda estável, o que favorece a entrada de pequenos produtores no setor.

Nota-se que, em algumas regiões onde há predomínio de pequenos produtores (por exem-plo, no norte de Minas Gerais e em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, além de Luiz Alves, em Santa Catarina), cooperativas e associações desempenham papéis importantes na organi-zação e apoio das atividades produtivas. Já no Vale do Ribeira (São Paulo), onde predomi-nam produtores de médio porte, a presença de cooperativas não é significativa.62

No estado do Ceará, apesar da grande presença de pequenos produtores, não há coope-rativas nem associações que apóiem a atividade como um todo.63 Isto acaba por criar uma situação problemática para cada produtor individual, pois reduz drasticamente o poder de barganha e a competitividade dos agricultores. A importância da bananicultura para a região justifica plenamente a adoção de estruturas mais organizadas para suporte dos produtores de pequeno porte.

A tabela 13 reúne algumas características de quatro importantes pólos produtores de ba-nana no Brasil.

Tabela 13 – Características de quatro pólos produtores de banana brasileiros64

Região Dados de produção Características dos produtores

Petrolina (PE), Juazeiro do Norte (BA) e Bom Jesus da Lapa (BA)

Cultura secundária (1% da produção nacional distribuída em 4 mil hectares), em função da atratividade e tecnologia dedicada à uva e à manga. Predomínio da variedade Pacovan.

A maioria integra o Codevasf (Coordenadoria de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Paraíba) e é de pequeno porte (5 a 10 ha).

Vale do Ribeira (SP)

Responsável por 11% da produção nacional; é uma região favorecida pela proximidade do maior centro comercial do país (São Paulo). A principal variedade na região é a Nanica.

Não se encontram organizados em cooperativas ou associações. Predominam propriedades pequenas (de 10 a 20 ha cultivados).

Região Norte de Minas Gerais

Tem 2% da produção nacional, concentrada no cultivar Prata. Clima bastante propício à bananicultura. O principal escoamento é feito para Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Goiânia.

Está apoiada por três grandes associações (Abanorte, Frutvale e Companhia da Fruta), que são fundamentais para a assistência técnica e o apoio à comercialização.

Região Norte de Santa Catarina

Produz 6% do total nacional. A região apresenta dificuldades climáticas, como o frio e a umidade excessiva, em épocas diferentes. É a área responsável pela exportação para o Mercosul. A variedade predominante é a Nanica.

Pequenos produtores organizados em associações que apóiam a produção, mas não participam da etapa de comercialização.

Fonte: adaptado de MATTHIESEN, Marina L.; BOTEON, Margarete. Análise dos principais pólos produtores de banana no Brasil. Piracicaba (SP): Cepea/Esalq-USP, 2003. p.

62 Fonte: ALMEIDA, Carlos Alexandre. Entrevista concedida em maio de 2007.63 Fonte: CUSTÓDIO, J. A. L. et al. 2001, op. cit., p. 8.64 Fonte: MATTHIESEN; BOTEON, 2003, op. cit.

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Arranjos produtivos locais (APLs)

Crescem em importância na literatura administrativa as referências a clusters ou arranjos produtivos locais (APLs). Em paralelo ao debate sobre a globalização (e, às vezes, até em função dele), mantêm-se a preocupação de autores, políticos e produtores com respeito às questões relacionadas à localização das atividades produtivas. Apesar da redução das distâncias propiciadas por tecnologias aprimoradas de comunicação e transporte, o fator geográfico continua pesando nas dinâmicas e nos resultados das mais diversas indústrias, sobretudo aquelas que envolvem produtos finais perecíveis, como é o caso da maior parte das frutas.

Não há unanimidade com relação aos limites dos conceitos de APLs, clusters e distritos in-dustriais, entre outros termos encontrados na literatura. Neste relatório, assumiu-se APLs e clusters sinônimos. A definição de Porter65 para clusters é a seguinte:

(...) concentrações geográficas de companhias interconectadas e instituições de uma área particular. Abrangem uma série de indústrias ligadas e outras entidades importantes para a competição. Incluem, por exemplo, fornecedores de insumos especializados, como componentes, máquinas e serviços, e for-necedores de infraestrutura especializada. Clusters freqüentemente envolvem canais e consumidores, assim como fabricantes de produtos complementares e empresas de setores relacionados pelas habilidades, tecnologias ou insumos comuns. Finalmente, muitos clusters instituições governamentais e outras – como universidades, centros de treinamento e associações de comércio – que provêm treinamento, educação, informação, pesquisa e suporte técnico espe-cializados. (PORTER, 1998, p. 78)

No contexto do agronegócio, APLs são soluções importantes para os pequenos produtores, uma vez que as condições ambientais podem representar grandes oportunidades para se superar as barreiras impostas pela economia de escala dos players de maior porte.

Alguns APLs bem sucedidos na bananicultura estão localizados em Caropebe (RR), Jua-zeiro (BA), Petrolina (PE) e Luiz Alves (SC).66 A seguir, descreve-se o Arranjo Produtivo de Luiz Alves, a título de exemplo.

Uma parte significativa da produção de banana no estado de Santa Catarina se deve ao município de Luiz Alves, que sedia um importante APL com produção aproximada de 130 mil toneladas por ano. Composto por aproximadamente 100 agricultores, responsáveis em média por 25 hectares de área plantada cada um, a concentração geográfica propicia uma série de facilidades, como o transporte integrado, o compartilhamento de informações e o maior renome junto a entidades externas ao APL.

Com o apoio do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e do Sebrae/SC, o município de Luiz Alves desenvolveu suas técnicas de plantio e de colheita de manei-ra a assegurar, simultaneamente, maior produtividade e melhor qualidade de seus frutos. A aceitação das bananas ali geradas assegura sua competitividade tanto no mercado nacio-nal quanto na exportação, voltada eminentemente ao Mercosul.

65 Fonte: PORTER, Michael E. Clusters and the new economics of competition. Harvard Business Review, Cambridge, v.76, n.6, p.77-90, Nov./Dec. 1998.66 Fonte: EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA TROPICAL, 2005, op. cit.

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Em 2006, foi realizada em Luiz Alves a Festa da Banana, confirmando a vocação local para o cultivo da fruta. Nessa ocasião, ficou patente a importância da estruturação do APL, pois foram expostos frutos in natura, produtos alimentícios com valor agregado (como bananas passas, compotas e licores) e peças de artesanato feitas a partir de fibras da banana.

Um grupo de 60 mulheres, formado por esposas de bananicultores da região, uniram-se em uma cooperativa para processar os frutos descartados no momento da embalagem para transporte (por terem se soltado das pencas). Antes desprezadas, estas bananas passaram a ser utilizadas para a confecção de bolsas, colares, caixinhas e também balas, geléias, tru-fas e licores. Um fato que fica evidente é o alto valor agregado por meio desta transforma-ção: 22 quilos de banana descartada podem ser vendidos in natura por cinco reais; quando transformados em banana passa, por exemplo, geram, potencialmente, R$70.67

5.2.4. Produção Integrada de Frutas (PIF)

Um dos maiores obstáculos à inserção mundial das frutas brasileiras é a inadequação aos padrões de qualidade exigidos internacionalmente. Para resolver este problema, ao mesmo tempo em que se zela pela sustentabilidade do processo e pela expansão da geração de renda e emprego, surge como alternativa a adoção de programas de produção integrada, a qual é definida como:68

(...) um sistema de exploração agrária que produz alimentos e outros produtos de alta qualidade mediante o uso dos recursos naturais e de mecanismos re-guladores para minimizar o uso de insumos e contaminantes e para assegurar uma produção agrária sustentável. (TITI et al. apud ANDRIGUETO; NASSER; TEIXEIRA, 2006, p. 4).

Conceito surgido nos anos 70, a produção integrada teve seus princípios e suas normas técnicas formalizados em 1993 pela Organização Internacional para o Controle Biológico e Integrado contra Animais e Plantas Nocivas (OILB). A partir de então, vem sendo cada vez mais utilizado, marcadamente em nações de economia desenvolvida. A Produção Integra-da de Frutas (PIF) viabiliza a rastreabilidade dos produtos, a adoção de regras ambiental-mente sustentáveis e o uso de tecnologias não agressivas às pessoas e ao meio ambiente.

O Ministério da Agricultura desenvolve um esforço especial para implementar programas de PIF nas diversas unidades da Federação; até 2005, eram 41 projetos, coordenados por cinco universidades, sete instituições de pesquisa estaduais e nove centros de pesquisa da Embrapa.69

67 Fonte: BANANA descartada é beneficiada e gera lucro. Pequenas Empresas Grandes Negócios, São Paulo, TV Globo São Paulo, edição de 18 fev. 2007. Disponível em:<http://www.sebrae-sc.com.br/novos_destaques/oportunidade/default.asp?materia=13541>. Acesso em: 15 abr. 2007.68 Fonte: ANDRIGUETO, José Rosalvo; NASSER, L. C. B.; TEIXEIRA, J. M. A. Produção integrada de frutas: conceito, histórico e a evolução para o sistema agropecuário de produção integrada – SAPI. Brasília, 2006. 21 p. Disponível em:<http://www.agricultura.gov.br/pls/portal/url/ITEM/1F01BA131CF28CA5E040A8C0750248AE>. Acesso em: 27 maio 2007.69 Fonte: ANDRIGUETO, José Rosalvo; KOSOSKI, Adilson Reinaldo. Desenvolvimento e conquistas da produção integrada de frutas no Brasil. Relatório 2005. Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2005. Disponível em:<www.cnpuv.embrapa.br/tecnologias/pin/pdf/p_01.pdf>. Acesso em: 21 maio 2007.

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Para o produtor, a PIF traz vantagens relativas ao mercado e à produção. De um lado, de-senvolve garantias de qualidade e procedência suficientes para se adequar às exigências dos consumidores. De outro, reduz o uso de defensivos agrícolas e adota tecnologias que aumentam a produtividade das plantações. Os participantes das PIFs são credenciados e recebem um Selo de Conformidade, atestando a origem do produto e o processo produtivo utilizado.70

A adesão dos produtores brasileiros às PIFs ainda é pequena, especialmente se comparada a países europeus. Apenas 1,5% da produção nacional se originam de sistemas integrados, enquanto Inglaterra, Holanda, Alemanha, Áustria e Suíça têm índices superiores a 70%. Apesar disso, a fruticultura pode ser considerada referência para outras cadeias produti-vas da agropecuária, por apresentar indicadores de sucesso relevantes nesse aspecto. Em 2005, 119 produtores de banana participavam de sistemas de produção integrada, totali-zando uma área de aproximadamente 2,7 mil hectares cultivados e 77,7 mil toneladas de produtos colhidos.71

5.3. Pós-porteira

Uma vez colhidas e acomodadas para transporte, as bananas avançam na cadeia de su-primentos (supply chain) em direção ao consumidor final. Há, de maneira genérica, dois destinos para o produto: a agroindústria (empresas/agentes transformadores da banana para fins alimentares ou não alimentares) e o consumo in natura. A seguir, serão descritos o atacado e o varejo da banana – importantes elos entre produtores e consumidores – e o uso industrial da fruta. Também serão detalhados padrões de preferência em relação às características do produto por parte do consumidor final.

5.3.1. “Bananeiros” e atacadistas

Constata-se, nos grandes pólos produtores de banana, a função dos intermediários (pejora-tivamente chamados de “atravessadores”, cuja presença é comum na maior parte da ativi-dade agrícola brasileira) que compram a fruta dos produtores e a revendem a atacadistas, a maior parte destes atuantes nas Centrais de Abastecimento (Ceasas) dos diversos estados. São os “bananeiros”72 agentes importantes na distribuição, uma vez que proporcionam aos pequenos agricultores o acesso aos mercados, por meio de embalagem e transporte adequados do produto. São conhecedores das características das regiões em que atuam em relação tanto à oferta quanto à demanda da banana como um todo e de cada variedade.

Os bananeiros podem, excepcionalmente, revender o produto diretamente às redes va-rejistas, especialmente no caso de grandes supermercados.73 Entretanto, grande parte da banana produzida no país é distribuída ao mercado varejista por meio dos intermediários atacadistas. Nesse contexto, as Centrais de Abastecimento (Ceasas) são particularmente importantes. Segundo dados de 2003 publicados no plano diretor da Embrapa, naquele ano foram comercializados R$ 7,5 bilhões em frutas e verduras nestes estabelecimentos, o que representou 80% dos produtos hortifrutícolas. Porém, o mesmo documento dá conta

70 Fonte: EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA TROPICAL, 2005, op. cit.71 Fonte: ANDRIGUETO; NASSER; TEIXEIRA, 2006, op. cit., p. 7.72 Fonte: MATTHIESEN; BOTEON, 2003, op. cit.73 Fonte: ALMEIDA, Carlos Alexandre, 2007, op. cit.

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de que tende a aumentar o volume de produtos transacionados diretamente entre produtor e varejo, principalmente no caso de super e hipermercados.

No Ceasa do Ceará, por exemplo, descreve-se a presença de atacadistas fixos e não-fixos.74 Os primeiros recebem a mercadoria diretamente no Ceasa onde possuem espaços perma-nentes, em geral com estruturas mais formalizadas. Para suprir a variação da demanda ao longo do ano, recorrem à produção de outros estados (principalmente Pernambuco), haja vista que as safras e entressafras dos diferentes centros produtores não são completamente coincidentes.

Já os atacadistas não-fixos tendem a ser os próprios bananeiros, que comercializam ex-clusivamente a produção do Estado. Por isso, suas bancas no Ceasa são montadas apenas quando há plena disponibilidade do produto, ou seja, nas épocas de colheita. No caso cea-rense, a maior parte dos pequenos produtores da região do Maciço de Baturité vende seus produtos a estes intermediários.

O estudo do caso cearense revela algumas deficiências importantes dos produtores no que se refere à criação de ofertas de maior valor agregado. Todos os atacadistas entrevistados nesse estudo afirmaram receber a banana sem qualquer tipo de embalagem para comer-cialização. Este fato destaca a importância dos intermediários na distribuição do produto, principalmente no caso de pólos produtores que não possuem estruturas cooperativas de apoio aos micro e pequenos agricultores.

Além da venda do produto ao comércio varejista, os atacadistas podem assumir funções como classificação e padronização do produto, armazenamento, embalagem, transporte e, em alguns casos, até o financiamento dos produtores.75

Existem, ainda, redes privadas de atacado, apesar de serem menos representativas dentro do volume total vendido. O destino dos produtos comercializados via atacado são, princi-palmente, lojas de hortifruti, sacolões, feiras livres, mercados de bairro, casas de frutas e outros pontos de venda, inclusive aqueles esporádicos e informais (como caminhões carre-gados de frutas da estação que estacionam em pontos estratégicos de cidades e/ou ao longo de estradas para vender produtos sem autorização oficial para tal).

Outro agente que pode estar presente na cadeia de distribuição da banana são as packing-houses ou casas de embalagem. Estas podem ou não estar ligadas a associações ou coopera-tivas e têm como função exclusiva embalar os produtos para comercialização. A demanda de maior qualidade por parte do varejo e do consumidor final representa uma oportuni-dade de modernização para essas casas de embalagem, que já adotam, em alguns casos, processos sofisticados de automação.76

A figura 2 sintetiza as transações realizadas no nível atacadista.

74 Fonte: CUSTÓDIO, J. A. L. et al. 2001, op. cit., p. 4.75 Fonte: MATTHIESEN; BOTEON, 2003, op. cit., p. 12.76 Fonte: EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA TROPICAL, 2005, op. cit. p. 24.

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Figura 2

Cadeia de comercialização da banana

Fonte: Elaborada pelo autor.

5.3.2. Varejo

É possível notar que a crescente concentração do mercado varejista nacional em grandes redes de super e hipermercados (por sua vez, cada vez mais sob o controle acionário de grupos multinacionais), tende a modificar as características de distribuição de frutas e ver-duras no Brasil. Esta atuação mais intensiva dos supermercados representa uma ameaça para os varejistas de menor porte, como quitandas e sacolões, que vêem suas participações de mercado cair constantemente. De acordo com dados que abrangem de 1990 a 1999, as áreas destinadas a produtos hortifruti em supermercados cresceram de 30 para 60%,77 em média. É importante lembrar que estas redes tendem a reduzir a complexidade dos canais, buscando relações e negociações diretas com os produtores. Em alguns casos, os super-mercados podem até financiar atividades de expansão e melhoria de qualidade dos seus fornecedores, para garantir níveis de preços e qualidade mais adequados aos seus consu-midores e exclusivos para seus estabelecimentos.

As principais estratégias utilizadas por parte dos supermercados em seus pontos de venda vão além das formas habituais de comercialização da banana: cachos ou pencas verdes ou maduras. Ampliam-se as novas formas de disposição e exposição dos produtos, muitas vezes somadas a sugestões de uso desses produtos.

Além disso, a presença de produtos com maior valor agregado tem sido um caminho bas-tante explorado. É possível encontrar inúmeros produtos, além da grande diversidade de variedades/tipos da fruta in natura, como bananas orgânicas, doces pastosos, banana pas-sa, bananas passas revestidas com chocolate, quadradinhos de banana etc.

A qualidade da fruta pode ser considerada a principal exigência feita pelos varejistas em relação às bananas compradas de produtores e atacadistas.

Um dos aspectos importantes no que tange à qualidade percebida pelo consumidor final é a ausência de machucados, manchas e outras imperfeições na casca da fruta. Deve-se atentar para o fato de que nem sempre esses problemas são facilmente percebidos enquanto a fruta

77 Fonte: SILVA, Cíntia de Souza et al, 2003, op. cit. p. 233.

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está verde. É o amadurecimento que revela marcas de batidas ou manuseio inadequado, tornando a banana mais difícil de ser vendida.

Novamente, o cuidado com as embalagens pode representar uma oportunidade valiosa de diferenciação por parte dos produtores, uma vez que o uso de contentores plásticos ou outras embalagens adequadas reduzem significativamente os danos potencialmente oca-sionados durante o transporte e a armazenagem da fruta.

Recomenda-se o uso de caixas de papelão paletizáveis78 revestidas com plástico, pois faci-litam o transporte e preservam melhor a fruta. Mercados menos exigentes têm sido aten-didos há muito tempo com caixas de madeira tipo “torito”,79 que representam avanços com relação à comercialização em cachos, mas que ainda geram muitas perdas na etapa de transporte.

Outro fator que pode prejudicar, e muito, a qualidade percebida pelo consumidor final é o manuseio inadequado da banana pelos funcionários que carregam/descarregam as frutas e, principalmente, pelos funcionários dos pontos de vendas, encarregados de arrumar as frutas para exposição nas gôndolas. Treinamento e supervisão constantes desse tipo de trabalho podem evitar grandes perdas do ponto de venda.

Além dos fatores ligados à qualidade, os varejistas prezam a regularidade e constância na entrega quando estabelecem relações comerciais com atacadistas e produtores.80 Isto ex-plica a prática adotada pelos atacadistas fixos do Ceasa-CE (mencionado acima) de buscar bananas em outros Estados na entressafra das lavouras cearenses. O preço, também cita-do em pesquisa como fator relevante, deve ser cuidadosamente ponderado. Medidas que aumentem excessivamente os custos de produção e de distribuição das bananas podem ocasionar perda de competitividade por parte dos produtores. Recomendam-se análises adequadas sobre os ganhos obtidos a partir de cada modificação realizada no processo produtivo, para que se possa compará-los com o aumento dos custos.

Cerca de 50% dos varejistas da cadeia cearense compram a fruta diariamente. Os super-mercados, de forma geral, apresentam menor freqüência de compra, mas não ultrapassam uma semana como prazo de recompra. O fato de a banana continuar a amadurecer depois de colhida viabiliza sua comercialização aos canais de distribuição enquanto ainda está verde, além permitir maior durabilidade no ponto de venda – principalmente se mantida em boas condições de armazenamento. Para aproveitar plenamente essa vantagem, reco-menda-se o uso de ambientes climatizados para aumentar a vida do produto em estoque.

Deve-se lembrar, no entanto, que seu amadurecimento é muito rápido quando comparado a outras frutas; esta característica favorece a comercialização “de vizinhança”, isto é, a mais próxima possível dos centros produtores. As dificuldades relacionadas à perecibilidade e à fragilidade da banana constituem a principal causa das perdas do produto, conforme já mencionado, além de representarem significativas barreiras à sua exportação.

78 Paletizáveis, ou seja, que podem ser empilhadas sem danos ao conteúdo.79 Torito = caixas de madeira leve, usadas para transporte de frutas e muito comuns em feiras livres.80 Fonte: CUSTÓDIO, J. A. L. et al. 2001, op. cit., p. 6.

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5.3.3. Classificação

O esforço de modernização no comércio de bananas no Brasil necessariamente passa pelo incentivo à adoção de normas (de preferência, compatíveis com as normas internacionais) para a classificação da fruta, que pode ser definida como:81

(...) separação do produto em lotes homogêneos, obedecendo a padrões míni-mos de qualidade e homogeneidade. Os lotes de banana são caracterizados por seu grupo varietal, classe (tamanho), subclasse (estádio de maturação) modo de apresentação e categoria (qualidade). (PBHM & PIF, 2006, p. 2)

Há diversos benefícios decorrentes do uso dessa classificação. Para o produtor, a separação dos lotes possibilita cobrar preços diferenciados para qualidades distintas; sem essa classi-ficação, atacadistas e varejistas acabam por adquirir produtos de excelente qualidade pelo mesmo preço das frutas “comuns”, regulares. Além disso, ocorrem mais conflitos nas ven-das realizadas para longas distâncias, uma vez que as negociações deixam de ser baseadas em critérios objetivos. Para o consumidor, a classificação proporciona mais opções na hora da compra, facilitando sua decisão quanto a comprar produtos de melhor qualidade por preços mais altos ou privilegiar preços baixos em detrimento da qualidade.82 A Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte) possui próprios sistemas de clas-sificação, especificamente para o cultivar Prata.

5.3.4. Uso agroindustrial

Além do consumo in natura, a banana possui uma demanda voltada para o processamento industrial, tanto no setor alimentício quanto em outras atividades, como farmacêutica e cosmética,83 além da crescente utilização em atividades artesanais e até industriais. Re-lativamente poucos produtores se dedicam a atividades de beneficiamento da fruta; em geral, esta etapa fica a cargo de terceiros. No entanto, alguns produtos derivados da banana podem ser facilmente convertidos em produtos de maior valor agregado pelos próprios produtores (gerando-lhes, conseqüentemente, maior receita), como banana-passa e doce de banana, entre outros doces bastante populares.

No contexto da bananicultura, a agroindústria oferece alternativas interessantes à comer-cialização da fruta in natura. As dificuldades logísticas (incluindo transporte e armazena-mento) são significativamente amenizadas, uma vez que os processos de industrialização reduzem peso e volume dos alimentos, além de torná-los menos perecíveis e mais lucrati-vos.84 A Figura 3 mostra alguns dos produtos que podem ser obtidos a partir da banana.85

81 Fonte: PBMH & PIF (Programa Brasileiro para a Modernização da Horticultura & Produção Integrada de Frutas). Normas de classificação de banana. São Paulo: CEAGESP, 2006. 2 p. (Documentos, 29). Disponível em: <http://www.ceagesp.gov.br/produtor/tecnicas/classific/banana>. Acesso em: 30 set. 2007.82 Fonte: ALMEIDA, Clóvis Oliveira de. Comercialização. In: BORGES, Ana Lúcia; SOUZA, Luciana da Silva (ed.) O cultivo da bananeira. Cruz das Almas (BA): Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2004, v.1 p. 6.83 Fonte: EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA TROPICAL, 2005, op. cit. p. 24. 84 Fonte: NASCENTE, Adriano Stephan. A fruticultura no Brasil. Porto Velho: Embrapa/ de Pesquisa Agroflorestal de Rondônia. 2003. Disponível em:<http://www.cpafro.embrapa.br/embrapa/Artigos/frut_brasil.html>. Acesso em: 25 mar. 2007.85 Fonte: FOLEGATTI, Marília Ieda da Silva; MATSUURA, Fernando Cesar Akira Urbano. Processamento (banana). In: BORGES, Ana. Lúcia; SOUZA, Luciana da Silva. (Org.). O cultivo da bananeira. Cruz das Almas (BA): Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2004, v.1 p.232-44.

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Figura 3

Subprodutos obtidos na industrialização da banana

Fonte: SILVA apud FOLEGATTI, Marília Ieda da Silva; MATSUURA, Fernando Cesar Akira Urbano. Processamento (banana). In: BORGES, Ana. Lúcia; SOUZA, Luciana da Silva. (Org.). O cultivo da bananeira. Cruz das Almas (BA): Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2004, v.1, p.233.

Exclusivamente para fins alimentares, pode-se encontrar como exemplos de produtos de-rivados da banana:

Banana-passa• : geralmente feita a partir da banana prata, este produto é um dos mais tradicionais. O processo é simples, executado por máquinas específicas de desidrata-ção de frutas, havendo modelos que se utilizam de energia elétrica e outros de energia solar. Em geral, não se utilizam aditivos ou conservantes nesses produtos o que, embo-ra lhes garanta o atributo de “ser mais natural”, encurta sua validade (o que é chamado pelo varejo de shelf life, o tempo durante o qual um produto pode ser vendido dentro da validade). As bananas podem ser desidratadas inteiras, em pedaços ou rodelas, até chegar à umidade final de 20 a 25%. Como exemplo do valor agregado por esse pro-cesso simples, a empresa UTPA Batuva (PR) vende a banana-passa inteira por R$ 3,95/kg. Para o mercado europeu, a empresa disponibiliza o mesmo produto, só que feito a partir de processos e insumos orgânicos, por US$ 3,25/kg.

Bananas chips.• Novidade do norte do país, as bananas chips rapidamente ganharam mercado, inclusive no concorrido mercado do Sudeste, onde já haviam ocorrido várias tentativas de lançamento nos últimos anos, sem grande sucesso. Estes produtos apro-veitam as características da produção local, onde as fabricantes mais antigas utilizam a variedade Pacovan. Há empresas que produzem marcas de chips adocicados ou salga-dos, dependendo dos ingredientes adicionados pós-fritura; com essa simples variação de paladar, a possibilidade de usos do produto é significativamente ampliada.

Farinha de banana.• Com alto valor nutritivo, a farinha é processada a partir da banana verde. Suas principais aplicações atuais estão na composição de pães e biscoitos, como substituta parcial de outras farinhas – sobretudo a farinha de trigo, componente essen-cial dos pães e biscoitos, mas que tem preços altos e é praticamente toda importada.

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Doces e geléia de banana.• Por meio de processos de industrialização razoavelmente sim-ples, as bananas que se soltam das pencas e que, normalmente, seriam descartadas no momento da colheita, podem ser transformadas em doces ou geléias de banana. Os cultivares mais utilizados para essas finalidades são a prata para as bananadas e a na-nica para os doces em compota. Há boas perspectivas de mercado para estes produtos, uma vez que a larga aceitação da fruta se transfere também para seus derivados.

Entretanto, é necessário atentar para a concorrência: as baixas barreiras de entrada (ou seja, a ausência de impedimentos à criação e/ou à entrada de novas empresas no ramo) exigem dos participantes maior rigor no atendimento das leis fitossanitárias e uma especial atenção à qualidade do produto. A intensa competição, somada às pequenas possibilidades de diferenciação e à escala reduzida de produção dos micro e pequenos fabricantes, determinam a necessidade de uma constante busca por redução de custos e por aumento de produtividade. O Sebrae/ES disponibiliza pela internet um projeto detalhado sobre industrialização da banana voltado à produção de bananadas e ge-léias; nesse projeto, os especialistas informam um período de payback de aproximada-mente 3,5 anos (tempo para a cobertura dos investimentos iniciais) e uma taxa interna de retorno de 37% anuais.86 O preço de venda sugerido para ambos os produtos (500 gramas de bananada ou 400 g de geléia) oscila entre R$ 1,15 e R$ 1,50.

Polpa de banana• . O Brasil exporta anualmente cerca de 4,5 mil toneladas de polpa de banana (os principais mercados de destino são o Japão, Estados Unidos e Europa), vo-lume muito superior às 100 toneladas consumidas internamente.87 Este produto é utili-zado em inúmeras aplicações no setor alimentício, como comida para bebês, sobreme-sas congeladas, balas e produtos para panificação. É o mais importante subproduto da banana, correspondendo a 55% do total de produtos industrializados da fruta. A maior parte da polpa de banana é produzida por grandes empresas concentradas nas regiões Sul e Sudeste, devido à necessidade e disponibilidade de tecnologia mais sofisticada.88

Aguardente e licor de banana.• Do ponto de vista técnico, a aguardente de banana não pode ser chamada de cachaça,89 apesar de a denominação ter se disseminado popular-mente:

A Musa, aguardente fabricada em Itajubá, traz em seu � site na internet90 uma descri-ção do processo produtivo. Destaca-se a bi-destilação, que exige maior tecnologia que a produção da cachaça de cana-de-açúcar. Cada 20 kg da fruta rendem aproxi-madamente 3 litros da bebida, num processo que dura, no mínimo, 6 meses.

A Muza Brasil, cooperativa criada em 2005 por mulheres dos bananicultores de Luiz �Alves (SC), buscou estabelecer parcerias com os tradicionais produtores de cachaça da região para a elaboração de aguardente feita a partir da fruta.91

86 Fonte: SEBRAE-ES. Industrialização da banana. Vitória: 1999. (Série Perfil de Projetos)87 Fonte: SILVA, Eduardo Marcondes Filinto da. 1999, op. cit.88 Fonte: FOLEGATTI; MATSUURA, 2004, op. cit., p.237-38.89 Fonte: CETEC (Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais). SBRT – Formulário de resposta técnica padrão. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2005, p. 2.90 Fonte: MUSA AGROINDUSTRIAL. Site institucional. 2007. Disponível em:<http://www.musagro.com.br>. Acesso em: 25 jun. 2007.91 Fonte: ALARCON, Tatiana. Banana com chocolate é a nova aposta de produtores catarinenses. Agência Sebrae, Brasília, 28 mar. 2007. Disponível em:<http://www.empreendedor.com.br/_novo/_br/?secao=Noticias&codigo=3823&categoria=>. Acesso em: 28 maio 2007.

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A Cia. da Banana, empresa do litoral sul de São Paulo, produz tanto aguardente �quanto licor de banana. Este último não contém conservantes ou aromatizantes, é exportado para Europa e Estados Unidos, foi premiado na World Beverage Competi-tion 2006(importante concurso realizado na Flórida/EUA) e certificado pelo FDA, O órgão norte-americano responsável pela regulamentação de todos os produtos dos setores farmacêutico e alimentício.92

Ovos de chocolate recheados com banana-passa.• Aproveitando a demanda sazonal por ovos de Páscoa, a Muza Brasil produziu, em 2007, chocolates recheados com banana-passa.93 O novo produto explora a versatilidade da fruta, abrindo perspectivas para a elabora-ção de outras variações na sua aplicação. Bombons e bananinhas cobertas de chocolate são exemplos de produtos não-sazonais que a mesma cooperativa também fabrica.

As múltiplas utilizações não alimentares da banana incluem, entre outras:

Artesanato• . Quando devidamente trabalhada, a fibra da bananeira permite a produção de bijuterias, caixinhas e bolsas. Da casca da planta são extraídos cinco tipos de fibra com texturas e características diferentes, o que a caracteriza como uma matéria-prima bastante versátil.

Móveis e objetos de decoração• . Muitos pequenos bananicultores têm dedicado esforço e atenção ao uso das fibras de bananeira na confecção de produtos de decoração, como tapetes e luminárias. Miguel Gomes de Oliveira é um exemplo; para superar as limi-tações da fruticultura, o agricultor pesquisou durante um ano ligas compostas pelas fibras da bananeira, até chegar a uma consistência ideal para confecção de telas e cú-pulas de abajures.94

Outro uso inusitado está na fabricação de móveis de luxo, onde as fibras de bananeira •substituem o couro e os tecidos nos estofados. As principais características do material são a maior resistência a manchas e o dégradé natural, que vai do bege ao marrom.95 Apesar de, até agora, os produtores participarem de maneira limitada da elaboração dos objetos finais de decoração, a possibilidade de beneficiar o pseudocaule e comer-cializá-lo é benéfica ao seu desempenho econômico, uma vez que pode complementar os rendimentos obtidos a partir da venda da fruta.

Papel• . Feito artesanalmente a partir do pseudocaule da bananeira, tem diversas aplica-ções no artesanato, como na confecção de papel para convites, embrulho de pequenos presentes e capas de álbuns e cadernos. Esta alternativa é interessante para os produ-tores, pois não utiliza a fruta, aproveitando partes habitualmente descartadas durante a produção ou a colheita. Além disso, esse processo não demanda custos altos, treina-mento sofisticado ou tecnologia de ponta; por esta razão, os papéis artesanais feitos a

92 Fonte: ABAGA (Associação Brasileira da Alta Gastronomia). Bebidas fabricadas com banana são destaque na Brasil Cachaça. BRASIL CACHAÇA 2006 – 3ª FEIRA INTERNACIONAL DA CACHAÇA,São Paulo, ITM Expo, 2 a 4 de maio 2006. Newsletter. ão Paulo, 2006. Disponível em: <www.abaga.com.br>. Acesso em: 28 jun. 2006.93 Fonte: ALARCON, Tatiana. 2007, op. cit.94 Fonte: FIBRA de bananeira é usada em luminárias.O Estado de S. Paulo, São Paulo, 6 ago. 2003. Disponível em: <http://www.seagri.ba.gov.br/noticias.asp?prt=true&prt=true&prt=true&prt=true&qact=view&exibir=clipping&notid=654>. Acesso em: 2 jul. 2007.95 Fonte: SCARAMUZZO, Mônica. Fibra da bananeira sai do campo para revestir móveis de luxo. Valor Econômico, São Paulo, 17 jul. 2006. Disponível em:<http://negocios.amazonia.org.br/?fuseaction=noticia&id=213459>. Acesso em: 20 jul. 2007.

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partir das bananeiras são importante fonte de rendimento para as famílias produtoras de banana no Vale do Ribeira (SP).96

BananaPlac• . Material desenvolvido em uma pesquisa conjunta da Universidade Esta-dual do Rio de Janeiro e da empresa Biothinking, o BanaPlac consiste em um painel laminado produzido a partir das fibras da bananeira, utilizando-se uma resina de ma-mona como amálgama.97 Estes painéis podem ser usados como substitutos de placas de aglomerado (MDF) na fabricação de tapumes, móveis etc. Uma importante característi-ca do material é o fato de ser biodegradável, em função da utilização exclusiva de com-ponentes orgânicos. Quanto à produtividade, com o pseudocaule de duas bananeiras é possível fabricar um metro quadrado do material.

Polímeros naturais e outras aplicações industriais• . Ainda na trilha da sustentabilidade am-biental, o desenvolvimento de substitutos para polímeros derivados do petróleo tem gerado bons resultados. Pesquisas revelam que o preparo de ósitos biodegradáveis98 a partir de amido e de fibras de bananeira pode resultar em características melhores do que as dos similares sintéticos; contudo, até o momento seus custos de produção ainda são excessivamente elevados.99 As aplicações potenciais desses compósitos abrangem muitos setores, desde a indústria automobilística até a construção civil; como exemplo, um importante uso potencial em processos industriais está na produção de papelão ondulado (material utilizado para embalagens de transporte da maioria dos bens de consumo, as chamadas “caixas de embarque”). A adição de fibra de bananeira às mis-turas do papelão ondulado aumenta sua resistência em 50%.100

5.3.5. Padrões de preferência no consumo in natura

A banana é consumida por um público altamente abrangente. Há tendência de maior con-sumo por parte das classes socioeconômicas mais baixas (por conta de seu grande teor energético e baixo preço), porém não se restringem a elas.101

A preferência dentre os diversos cultivares disponíveis para plantação no Brasil apresenta padrões regionais, cultural e historicamente moldados. No Nordeste, a Pacovan e a Terra são muito utilizadas no preparo de pratos tradicionais, enquanto a Prata é predominante no consumo in natura. Em Minas Gerais, a variedade Prata também é predominante. Já na região Sul e no mercado paulistano, a banana Nanica tem a preferência dos consumidores.

96 Fonte: UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). BananaPlac – site do projeto. Rio de Janeiro: UERJ/ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial), 2007. Disponível em: <http://www.esdi.uerj.br/bananaplac>. Acesso em: 22 mar. 2007.97 Fonte: UERJ, 2007, op. cit.98 Compósitos são formados a partir da combinação de materiais com diferentes propriedades, objetivando um resultado de desempenho superior. Podem ser aplicados para diversas finalidades, como estrutural, elétrica ou química. Os compósitos biodegradáveis decompõem-se com maior facilidade e menos tempo, pois sobre eles agem os microorganismos usualmente presentes no meio ambiente. Isto os torna desejáveis, do ponto de vista ecológico.99 Fonte: GUIMARÃES, José Luiz et al. Preparo de compósitos biodegradáveis a partir de fibras de bananeira plastificadas com amido e glicerina bruta derivada da alcoólise de óleos vegetais. 1º CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DO BIODIESEL, Brasília, ABIPTI, 31 de agosto a 1º de setembro de 2006. Anais... Brasília, 2006, v.2, p. 28-33. Disponível em: <www.biodiesel.gov.br/docs/congressso2006/Co-Produtos/PreparoCompositos6.pdf>. Acesso em 20 abr. 2007.100 Fonte: UERJ, 2007, op. cit.101 Fonte: RODRIGUES, Maria Geralda Vilela. Entrevista concedida em julho de 2007.

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É importante lembrar que este cultivar é o de maior penetração internacional, o que o torna o mais propício à produção para exportação.

Uma pesquisa realizada com consumidores de Cruz das Almas (BA) constatou que a apa-rência da banana, seu sabor e sua durabilidade consistem nos principais atributos procu-rados na fruta; os entrevistados preferiam os cachos com 10 a 12 frutos de tamanho médio, polpa firme e casca amarela sem pintas marrons.

Há alguns anos detecta-se nos mercados de alimentação, de forma geral, uma gradativa mudança nos hábitos de consumo. No que tange à comercialização de frutas, essa mudan-ça se expressa pela crescente segmentação e pelo surgimento de nichos de produtos dife-renciados.102 Os baixos volumes vendidos de cada produto são compensados pelas altas margens unitárias obtidas, como acontece com as bananas orgânicas. Outra possibilidade de comercialização em nichos é a venda de cultivares raros em uma determinada região, ou por não haver tradição local de produção ou por constituírem variedades recentemente criadas nos laboratórios agronômicos.

5.3.6. Perdas

Um aspecto relevante a se estudar na cadeia produtiva da banana são as perdas decorrentes dos processos de colheita e logística. Dada à fragilidade e à alta perecibilidade das frutas tropicais, como um todo, e da banana, em particular, os índices de perda são significativos: dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) dão conta de uma perda média de 40% entre a plantação e a comercialização.103 Outras fontes, como o Instituto de Economia Agrária do Estado de São Paulo (IEA), chegam a apontar um índice de perda de 60%.104

Já um levantamento realizado ao longo da cadeia produtiva maranhense mostra uma per-da de 20% no atacado e 11,8% no varejo (qual seja, um total de quase 32%), a maior dentre as 05 frutas analisadas – além da banana, foram pesquisadas as perdas do abacaxi, da laranja, do mamão e do maracujá. De acordo com a opinião dos agentes entrevistados, as principais causas das perdas no atacado são a inadequação das embalagens, o armaze-namento inadequado e os meios precários de transporte da mercadoria. Já no varejo, os agentes acreditam que os problemas mais sérios associados à perda são o tempo decorrido entre a compra pelo varejista e a venda da fruta ao consumidor, além do manuseio inade-quado pelo próprio consumidor.105

102 Fonte: EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA TROPICAL. Op. cit.103 Fonte: SILVA, Cíntia de Souza et al. 2003, op. cit., p. 229.104 Fonte: IZIDORO, Dayane Rosalyn; SCHEER, Agnes de Paula; SIERAKOWSKI, Maria Rita. Influência da polpa de banana (Musa cavendishii) verde no comportamento reológico, sensorial e físico-químico de emulsão. 2007. 167f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) – Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Curitiba, 2007, p. 8. Disponível em:<http://dspace.c3sl.ufpr.br:8080/dspace/handle/1884/8456>. Acesso em: 25 abr. 2007.105 Fonte: SALLES, José Rogério de Jesus et al. Perdas na comercialização de frutas nos mercados de São Luís/MA. São Luís (MA), Sebrae/MA, 29 out. 2004. 7 p. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/uf/maranhao/integra_documento?documento=57A36C93092B16CC03256F3C006722DA>. Acesso em: 25 jul. 2007.

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Há diversas medidas que podem reduzir sensivelmente as taxas de perda da banana ao longo da cadeia produtiva. Maria Geralda Vilela Rodrigues106 sugere algumas:

(...) proteção dos frutos ainda na planta (sacos de plástico e retirada de tudo o que estiver encostando nos frutos); colheita feita por duas pessoas, sem que o cacho toque o solo; proteção do cacho com almofadas no transporte interno; utilização de cabo aéreo para transporte do cacho até a casa de embalagem; despistilagem e despencamento cuidadoso, colocando os frutos nos tanques de lavagem sem que uma penca toque a outra; dimensionamento adequado dos tanques de lavagem; correta preparação da solução dos tanques; divisão das pencas em buquês; pesagem dos frutos antes de serem colocados nas caixas, evitando assim o excesso de frutos na embalagem; uso de embalagens adequa-das (preferência por embalagens de papelão); correta disposição dos frutos nas caixas; colocação dos frutos em câmaras frias com correta temperatura e rela-tiva; transporte em caminhões frigorificados munidos com sistema de exaus-tão; adequada climatização (em função da variedade e do ponto de colheita); adequada disposição das frutas nas gôndolas dos pontos de comercialização. (RODRIGUES, 2007)

5.4. Preços

Por ser uma commodity, a banana deveria ter seu preço diretamente influenciado pela oferta e pela demanda internacional. No entanto, a alta concentração dos negócios de bananicul-tura dentro das fronteiras brasileiras torna a composição dos preços internos razoavelmen-te independente do mercado externo, de maneira que a qualidade dos frutos, a produti-vidade das safras e os níveis de demanda configuram-se como os fatores efetivamente relevantes na determinação de preços. Em períodos de alta precipitação pluviométrica, os cachos das bananeiras se desenvolvem mais rapidamente, o que ocasiona aumento na oferta e conseqüente redução dos preços. A temperatura também exerce influência na pro-dução e no consumo da banana: temperaturas elevadas são favoráveis ao amadurecimento dos frutos, entretanto, a procura pela banana tende a ser maior em épocas de temperatura amena (nem quente nem frio demais).107

Com relação aos preços internacionais, nota-se grande oscilação quando se observam os números a partir de 1995. Há uma tendência de alta, porém com baixa previsibilidade. A tabela 14 reúne os índices de preço de exportação, tendo por base o valor de 2000.

Tabela 14 – Preços de exportação da banana – 2000/2005 (índice 2000 = 100)

Ano

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Índice 100 138 125 88 124 137

Fonte: WTO (World Trade Organization). International trade statistics 2006. Geneva, 2006, p. 242.

106 Fonte: RODRIGUES, Maria Geralda Vilela. Entrevista concedida em junho de 2007.107 Fonte: PEREZ, Luiz Henrique; PINO, Francisco A.; FRANCISCO, Vera Lúcia F. dos S. Preço recebido pelo produtor de banana no estado de São Paulo: uma análise de séries temporais. Agricultura em São Paulo, São Paulo, IEA, v. 42, n.1, p.133-41, 2005.

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De acordo com Clóvis Oliveira de Almeida,108 pesquisador da Embrapa, há um claro pro-blema de precificação no mercado brasileiro, na medida em que ela ocorre de maneira pouco transparente. Dentre os entraves provocados por isso está a dificuldade adicional no planejamento de produção, uma vez que as informações chegam truncadas e com pouca confiabilidade ao agricultor.

Apesar de ser uma cultura permanente, a oferta de banana apresenta sazonalidade de acordo com as condições climáticas da região produtora e com os cultivares desenvolvidos. A tabela 15 mostra a sazonalidade da oferta da banana, conforme analisada pelo Ceagesp, um dos mais importantes atacadistas mundiais de hortifruti.

Tabela 15 – Sazonalidade na oferta da banana – Ceagesp

Banana Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

Nanica

Prata

Maçã

Legenda:

Geralmente é o período da safra. A tendência é de preços mais baixos e melhor qualidade. Geralmente a oferta é regular. A tendência é de preços equilibrados. Geralmente é o período de entressafra. A tendência é de elevação de preços.

Fonte: Reproduzido de ALMEIDA, Clóvis Oliveira de. Comercialização. In: BORGES, Ana. Lúcia; SOUZA, Luciana da Silva (ed.) O cultivo da bananeira. Cruz das Almas (BA): Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2004, p. 252.

A sazonalidade detectada para a banana nanica (a mais consumida no Estado de São Pau-lo) é confirmada pela observação dos preços praticados no varejo da cidade de São Paulo (valor por quilo da fruta), no período entre 2002 e 2005.

108 Fonte: ALMEIDA, Clóvis Oliveira de. 2004, op. cit., p. 245-55.

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Tabela 16 – Preço da banana nanica (em R$/kg) vendida no varejo da cidade de São Paulo – 2002/2005 (em valores correntes médios de outubro de 2005, deflacionados pelo IPCA do IBGE)109

Ano Mês

Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

2002 0,40 0,36 0,37 0,37 0,37 0,38 0,39 0,41 0,44 0,44 0,44 0,43

2003 0,50 0,50 0,64 0,75 0,70 0,65 0,68 0,64 0,69 0,75 0,68 0,62

2004 0,61 0,59 0,61 0,64 0,62 0,63 0,65 0,62 0,60 0,65 0,62 0,60

2005 0,58 0,57 0,59 0,57 0,56 0,57 0,55 0,55 0,55 0,63 nd nd

Fonte: GONÇALVEZ, José Sidnei; PEREZ, Luiz Henrique; SOUZA, Sueli Alves Moreira. Perspectiva econômica da banana não é negra e futuro indica: siga a modernidade e toca inovação. XIII REUNIÃO ITINERANTE DE FITOSSANIDADE DO INSTITUTO BIOLÓGICO, Registro (SP), RIFIB, 2005. Anais... Registro (SP), 2005, p. 106.109

A comparação dos preços das três variedades mais populares no mercado paulista de-monstra que a banana Nanica é a de preço mais acessível, seguida pela Prata. A variedade Maçã é a mais cara, com preços em média 130% mais altos que a Nanica.

Gráfico 7 – Preços médios semanais da banana no atacado do Ceagesp/SP (janeiro a setembro de 2004)110

Fonte: Reproduzido de PEREZ, Luiz Henrique; MARTIN, Nelson Batista; BUENO, Carlos Roberto Ferreira.Banana: o mercado paulistano e a Sigatoka negra. São Paulo: IEA/Apta/Secretaria de Agricultura e Abastecimento (São Paulo), 15 out. 2004. p. 1.110

109 Fonte: GONÇALVEZ, José Sidnei; PEREZ, Luiz Henrique; SOUZA, Sueli Alves Moreira. Perspectiva econômica da banana não é negra e futuro indica: siga a modernidade e toca inovação. XIII REUNIÃO ITINERANTE DE FITOSSANIDADE DO INSTITUTO BIOLÓGICO, Registro (SP), RIFIB, 2005. Anais... Registro (SP), 2005, p. 106. Disponível em: <http://www.biologico.sp.gov.br/rifib/XIIIRifib/goncalves.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2007.110 Fonte: PEREZ, Luiz Henrique; MARTIN, Nelson Batista; BUENO, Carlos Roberto Ferreira. Banana: o mercado paulistano e a Sigatoka negra. São Paulo: IEA/Apta/Secretaria de Agricultura e Abastecimento (São Paulo), 15 out. 2004. p. 1. Disponível em: <ftp://ftp.sp.gov.br/ftpiea/ana-bana1004.zip>. Acesso em: 25 jun. 2007.

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A Ceagesp publica diariamente em seu site (www.ceagesp.gov.br) os preços médios dos produtos lá vendidos. Os preços atualizados em 28/1/2008 confirmam a mesma relação de preços apresentada no gráfico 7. A variedade mais cara é a banana maçã, seguida pela ba-nana ouro. A Prata vinda de Minas Gerais chega mais custosa aos mercados paulistas, em relação aos produtos da mesma variedade cultivados no estado. A banana nanica continua sendo a mais barata (Tabela 17).

Tabela 17 – Preço médio da banana na Ceagesp, em 28/1/2008111

Produto Preço (em R$/kg)

Banana Maçã 2,66

Banana Nanica Climatizada 0,78

Banana Ouro 1,84

Banana Prata MG 1,63

Banana Prata SP 1,42

Banana Terra 1,23

Fonte: CEAGESP. Cotações: preços no atacado – banana. Portal Ceagesp. São Paulo, 28 jan. 2008.111

Tanto a industrialização da banana quanto o manejo orgânico da sua cultura podem re-presentar oportunidades interessantes para se agregar valor ao produto. O site do super-mercado Pão de Açúcar disponibiliza uma tabela com os preços de algumas mercadorias (tabela 18). Nota-se que os preços são elevados, apesar da comparação com os da Ceagesp não ser possível, dado o fato desta ser um atacadista.

111 Fonte: CEAGESP. Cotações: preços no atacado – banana. Portal Ceagesp. São Paulo, 28 jan. 2008. Disponível em: <http://www.ceagesp.gov.br/cotacoes>. Acesso em: 28 jan. 2008.

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Tabela 18 – Preço de bananas e produtos derivados da fruta no varejo (em 28/1/2008)112

Produto Preço (em R$)

Banana Nanica Orgânica (1 kg) 3,23

Banana Prata Orgânica (1 kg) 4,68

Bananada Cremeso (250 g) 7,48

Banana Passa (300 g) 7,88

Banana Chips Salgado (200 g) 12,81

Banana Desidratada (55 g) 4,57

Banana Orgânica Desidratada (150 g) 6,02

Banana em Calda Caramelada (450 g) 12,89

Banana Liofilizada (40 g) 4,57

Fonte: PÃO DE AÇÚCAR. Site institucional. São Paulo, 2008.112

5.4.1. Comunicação: uma análise sobre a perspectiva das arenas de comunicação

Há muito se percebe a angústia dos clientes de agências de propaganda em obter destes uma nova opção de mídia ou de comunicação inovadora. O que se verifica é uma busca de alternativas capazes de oferecer eficiência e eficácia em termos de acesso ao consumidor e de retorno sobre o investimento.

Baseado nessa e em outras constatações, foi desenvolvido o conceito de arenas de comuni-cação pelo Prof. Francisco Gracioso:113

(...) gostaríamos de introduzir um novo conceito: da mesma forma que no passado os homens de mídia montavam as suas estratégias em combinações de veículos, deverão agora – e com a mesma desenvoltura – montar estas es-tratégias com base naquilo que chamamos de arenas da comunicação com o mercado. (...)

De uma certa forma, todas as sete arenas de que falamos tem na mídia o seu canal de expressão popular, o que sugere a participação desta em todos os conglomerados que vierem a surgir para coordenar a utilização dessas formas de comunicação tão diversas. (GRACIOSO, 2005, p.30)

112 Fonte: PÃO DE AÇUCAR. Site institucional. São Paulo, 2008. Disponível em:<http://www.paodeacucar.com.br>. Acesso em: 28 jan. 2008.113 Fonte: GRACIOSO, Francisco. Desculpe-nos, mas estamos colocando três pulgas na sua camisola. Marketing, São Paulo, p.29-32, fev. 2005. (Estudos ESPM)

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Conforme o conceito apresentado, considera-se a existência de pelo menos sete arenas:

Propaganda Tradicional;•

Grandes Cadeias Varejistas;•

Mundo do Entretenimento;•

Mundo da Moda;•

Marketing Esportivo;•

Grandes Eventos Promocionais;•

Varejo Digital, Internet etc.•

Não há uma tradição no uso de ferramentas de comunicação por parte dos agentes produ-tores e distribuidores de banana no Brasil. A informalidade e os contatos pessoais predo-minam na venda no atacado, enquanto no varejo a exposição no ponto de venda torna-se o elemento central da divulgação. Os maiores investimentos sistematizados ficam por conta das exposições em feiras agrárias.

É importante notar que a falta de estratégias de comunicação é um dos reflexos dos baixos níveis de diferenciação gerados pela maioria dos produtores da fruta. Somente a partir da adoção de parâmetros que destaquem um produtor dos demais é possível usar a comunica-ção de maneira mais completa, integrada e sofisticada. Alguns exemplos de diferenciação podem ser variedades raras, melhoramentos genéticos, qualidade controlada, certificação de Produção Integrada (PIF) e frutas orgânicas, entre outros.

As certificações também podem ser importantes no esforço para se aumentar o valor per-cebido do produto por parte dos distribuidores e consumidores finais.

Por outro lado, diversas mudanças têm sido constatadas no campo da comunicação em-presarial. O uso de ferramentas tradicionais, como propagandas em TV, rádio ou outdoor, crescentemente divide atenção e investimentos com outros meios de promover uma marca ou produto. A seguir, analisaram-se três destas arenas (do varejo, virtual e dos eventos) nas quais há importância destacada para os programas de comunicação empreendidos pelos agentes envolvidos na bananicultura.

A Arena do Varejo

A exposição no ponto de venda é um dos mecanismos que poderia ser mais bem explorado pelos varejistas gerando resultados significativos no curto prazo. Não apenas as perdas poderiam ser reduzidas pela diminuição do manuseio do produto por parte do consumi-dor, como a aparência dos produtos se tornaria mais atrativa. Ou seja, o aprimoramento das embalagens preserva melhor a fruta e ainda melhora sua aparência por mais tempo no ponto de venda, fator vital para as compras por impulso.

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Outras formas interessantes de comunicação subutilizadas até o momento são a criação de marcas, que podem ser colocadas nas frutas sob a fórmula de “rótulos” (como já acontece com outras frutas, por exemplo, o mamão) ou em embalagens diferenciadas; o exemplo de sucesso mais conhecido no Brasil são as maçãs lavadas e higienizadas, embaladas em sacos de plástico resistente e transparente e com marcas fortes e consolidadas, que chegam a custar entre 50% e 75% a mais do que a mesma fruta vendida “solta”.

Quanto à adoção de novos cultivares, oportunamente mencionada como uma alternativa possível para o aumento do valor agregado da banana, é preciso estar ciente de que a in-trodução de qualquer variedade nova em um determinado mercado exige a apresentação desse “novo produto” ao consumidor, o que consiste numa importante, trabalhosa e pouco explorada atividade de comunicação da cadeia produtiva de banana. A disponibilização de folhetos informativos e a experimentação (degustação) do produto no ponto de venda ilustram algumas possibilidades de ações de comunicação, mas nem de longe as esgotam, como veremos na arena da comunicação promocional e dirigida, mais a frente.

A Arena Virtual

Alguns distribuidores atacadistas e até produtores têm criado sites Internet dedicados a promover e a expandir seus negócios. É um canal importante a ser explorado, principal-mente no que se refere à possibilidade de vendas e de contato com pequenos varejistas (ne-gociação B2B) e até com o consumidor final (negociação B2C). Duas empresas que utilizam adequadamente essa arena são a Magário, de São Paulo (www.magario.com.br), e a Brasni-ca, de Minas Gerais (www.brasnica.com.br), que contam com sites bem desenvolvidos, que podem servir como benchmarking para outros agentes da cadeia produtiva da banana.

A Arena dos Eventos

Outro importante meio de contato entre produtores e compradores de diversos segmentos de mercado são as feiras de negócios. Em 2005, ocorreram 160 feiras de grande porte que movimentaram cerca de R$ 3,2 bilhões, segundo dados da União Brasileira dos Promotores de Feiras (Ubrafe). Alguns benefícios constatados na participação dos micro e pequenos produtores neste tipo de evento são.114

Concentração• . A união de diversos produtores é um atrativo para os clientes, que podem comparar com facilidade as diversas ofertas. Isso atrai um grande número de pessoas, cuja freqüência ainda pode ser potencializada pelos esforços de comunicação sobre o evento.

Avaliação de desempenho. • Os produtores podem obter feedbacks sobre a aceitação de seus produtos. Modificações podem ser feitas com facilidade e rapidez.

Interesse do público.• Uma parte dos visitantes de uma feira já entra nela com a intenção de fechar negócios. Há uma predisposição positiva à busca de acordos comerciais.

114 Baseado em: 10ª EXPOCACHAÇA. Site oficial do evento. Belo Horizonte, 2007. Disponível em: <http://www.expocachaca.com.br/2007/expocachaca2007.html>. Acesso em: 27 abr. 2007.

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Estabelecimento de novos contatos.• Importantes players mercado costumam marcar pre-sença em feiras, o que amplia a possibilidade de se desenvolver contatos que podem resultar em parcerias importantes para os produtores menores.

Visão da competição.• Estando ao lado de produtores concorrentes, é possível analisar as formas de competir, as práticas produtivas e as técnicas mercadológicas utilizadas por uma boa parte do setor.

As principais feiras nacionais que podem representar boas oportunidades para os bana-nicultores são a Frutal e a Expofruit. Abaixo, segue uma descrição breve de cada uma delas:115

Frutal. Considerada uma das maiores feiras da agroindústria brasileira• (www.frutal.org.br), é um evento internacional que ocorre anualmente no estado do Ceará, em geral no mês de setembro. Estima-se que passem em cada edição cerca de 40.000 pessoas, visitando estandes de 350 expositores. O movimento da feira em 2006 foi de R$ 20 milhões em vendas nos estandes e US$ 6,8 milhões em rodadas de negócios. A 14aedição ocorreu em setembro de 2007, mas seus resultados ainda não foram divulgados. Para 2008, está prevista a realização da 1aFrutal na região amazônica.

Expofruit – Feira Internacional de Fruticultura Tropical Irrigada• (www.expofruit.com.br). Outra feira internacional, a Expofruit ocorre anualmente em Mossoró no Rio Grande do Norte durante o mês de outubro. A edição de 2005 movimentou US$ 19 milhões em negócios e a de 2006, US$ 20 milhões. É um espaço destinado a se conhecer os principais fornecedores da fruticultura, como fabricantes de fertilizantes e máquinas, logística, mudas e sementes, irrigação etc., e, claramente, a fechar negócios.

5.5. Aspectos legais

Há um número significativo de leis às quais o pequeno produtor de banana deve se subme-ter no exercício de sua atividade. Algumas se referem à sua condição de micro ou pequeno empresário; outras, ao fato de se caracterizar como agente econômico rural; há, ainda, leis que regulam especificamente a fruticultura. O documento “Ponto de Partida: Cultivo de Banana”, produzido pelo Sebrae-MG,116 traz uma listagem com as principais normas apli-cáveis ao bananicultor. Alguns temas de interesse especial são tributos, produção e utiliza-ção de mudas, uso de defensores agrícolas e cuidados fitossanitários.

Cabe destacar que, em 2005, foi publicada uma instrução normativa e altamente específica para o setor. O Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) aprovou as Normas Técnicas Específicas para a Produção Integrada da Banana (NTEPIBanana).117 No

115 As informações de ambas as feiras foram obtidas em: SEBRAE. O mercado brasileiro de feiras – 2007. Brasília, 2007. (Série Mercado).116 Fonte: SEBRA-MG. Ponto de partida para início de negócio: cultivo de banana. Belo Horizonte, 31 out. 2007. 69 p. Disponível em: <http://www.sebraemg.com.br/Geral/arquivo_get.aspx?cod_areasuperior=2&cod_areaconteudo=231&cod_pasta=234&cod_conteudo=1492&cod_documento=94>. Acesso em: 15 nov. 2007.117 Fonte: BRASIL. MAPA (Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento). SARC (Secretaria de Apoio Rural e Cooperativismo). Instrução normativa nº 1, de 20 de janeiro de 2005: aprova as normas técnicas específicas para a produção integrada de banana – NTEPIBanana. Brasília, 2005. 11 p. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/credenciamento/organismos/banana/inscricaoNormativa.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2007.

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corpo dessa instrução, há uma tabela detalhada com todas as condições necessárias à ob-tenção da certificação da Produção Integrada (PIF), relacionadas às seguintes categorias: capacitação, organização de produtores, recursos naturais, material propagativo, implan-tação de pomares, nutrição de plantas, manejo do solo, irrigação, manejo de parte aérea, proteção integrada da planta, colheita e pós-colheita, análise de resíduos, processos de empacotadoras, sistema de rastreabilidade e assistência técnica. Para cada categoria acima, existe uma descrição das ações obrigatórias, recomendadas, proibidas ou permitidas com restrições.

5.6. Projetos governamentais

É importante destacar que diversos programas públicos direcionados ao apoio à atividade bananicultora vêm sendo implementados, seja em nível federal, estadual ou municipal. Este suporte advém diretamente de órgãos públicos ou por meio da atividade de entidades ligadas ao governo, como autarquias, fundações ou instituições de outros gêneros. Os pro-gramas locais mais importantes descritos neste relatório são a consolidação dos Arranjos Produtivos Locais (APLs). O esforço de constituir regiões especializadas na produção e processamento da banana pode contribuir significativamente nas condições de competi-tividade dos pequenos produtores. O Sebrae é o mais relevante agente de disseminação e efetivação dos APLs, por meio de apoio financeiro e estrutural/administrativo.

A Produção Integrada de Frutas (PIF) da banana é outra iniciativa importante do poder público no aprimoramento dos produtos e processos produtivos existentes nesta cadeia agroindustrial.118 As regras que estabelecem padrões e critérios de processos e qualidade foram consolidadas em 2005 por meio de instrução normativa emitida pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).119 Porém, os resultados positivos espera-dos de um programa de amplo espectro como a PIF só emergem da ação conjunta de todos os agentes envolvidos na cadeia.

Outros dois programas relevantes do governo envolvendo a fruticultura são o Profruta120 e o Brazilian Fruit.121 O primeiro refere-se a um núcleo constituído a partir do plano plu-rianual 2000/2003, cujo objetivo é “elevar os padrões de qualidade e competitividade da fruticultura brasileira ao patamar de excelência requerido pelo mercado internacional”.122 É dentro deste escopo que se estruturou a PIF, projeto sob responsabilidade do Profruta. Já o Programa Horizontal de Promoção das Exportações de Frutas Brasileiras e Derivados (Brazilian Fruit) foca-se sobre o apoio específico de comercialização de frutas ao exterior e

118 Fonte: ANDRIGUETO, José Rosalvo; KOSOSKI, Adilson Reinaldo. Marco legal da produção integrada de frutas. Brasília: MAPA/SARC, 2002. 60 p. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/pls/portal /docs/PAGE/MAPA/PROGRAMAS/AREA_VEGETAL/FRUTICULTURA/PROFRUTA_LEGISLACAO/MARCO%20LEGAL2.PDF>. Acesso em 20 ago. 2007.119 Fonte: BRASIL. MAPA. SARC. 2005, op. cit.120 Fonte: ANDRIGUETO, José Rozalvo; KOSOSKI, Adilson Reinaldo. Situação da produção integrada de frutas no Brasil. Brasília,27 de setembro de 2004. 1 p. Disponível em:<http://www.cpatsa.embrapa.br/sbpif6/arquivos_palestras/Palestra_Rozalvo_Andriguetto.doc>. Acesso em: 121 Fonte: IBRAF (Instituto Brasileiro de Frutas). Programa de promoção das exportações de frutas brasileiras e derivados – Brazilian Fruit: apresentação – o objetivo é colocar o Brasil no centro do mercado mundial de frutas. Site institucional. Brasília, Ibraf, 2006. Disponível em: <http://www.brazilianfruit.org>. Acesso em: 20 ago. 2007. 122 Fonte: ANDRIGUETO; NASSER; TEIXEIRA, 2006, op. cit. p. 8.

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é um exemplo bem sucedido de parceria entre os setores público e privado.123 Do lado go-vernamental, participa a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil); criada em 1997 por decreto presidencial, funcionou até 2003 como Gerência Especial do Sebrae, quando passou a atuar como agência independente.124 Junto ao Ibraf e a outras associações setoriais, desenvolve projetos de apoio envolvendo cursos, campanhas e relatórios de pesquisa.125

No que concerne ao apoio financeiro por meio de crédito concedido aos fruticultores, des-taca-se o esforço do MAPA por meio de seu Plano Agrícola e Pecuário (PAP).126 Em sua edi-ção de 2007/2008, o documento estabelece como uma de suas prioridades o fortalecimento do crédito agrícola; para a fruticultura, isto se traduz no Programa de Desenvolvimento da Fruticultura (Prodefruta), cujos recursos vêm do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).127

123 Fonte: IBRAF. Programa de promoção das exportações de frutas brasileiras e derivados – Brazilian Fruit: integrantes do projeto. Site institucional. Brasília, Ibraf, 2006. Disponível em: <http://www.brazilianfruit.org>. Acesso em: 20 ago. 2007.124 Fonte: APEX-BRASIL. Histórico. Site institucional. Brasília, 2007. Disponível em: <http://www.apexbrasil.com.br/interna.aspx?id=2>. Acesso em: 20 ago. 2007.125 Fonte: IBRAF. Programa de promoção das exportações de frutas brasileiras e derivados – Brazilian Fruit: relatório execução técnica – prestação de contas – 1a parcela. Site institucional. Brasília, Ibraf, nov. 2006/abr. 2007. Disponível em: <http://www.brazilianfruit.org>. Acesso em: 20 ago. 2007.126 Fonte: BRASIL. MAPA. Secretaria de Política Agrícola. Plano agrícola e pecuário 2007/2008. Brasília, 2007. 68 p. Disponível em:<http://www.agricultura.gov.br/images/MAPA/arquivos_portal/PAP78.pdf>. Acesso em 22 ago. 2007.127 Fonte: BNDES. Superintendência da Área de Operações Indiretas. Carta-circular n° 21/2006: BNDES automático – programa de desenvolvimento da fruticultura – profruta. Rio de Janeiro, 14 jul. 2007. 15 p. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/produtos/download/06cc21.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2007.

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II. Diagnóstico do Mercado da Banana

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A teoria administrativa e econômica propõe uma série de modelos que, quando aplicados, auxiliam na compreensão da situação atual e de cenários futuros de um determinado setor ou organização. Após um mapeamento das principais tendências levantadas sobre a ba-nanicultura, serão aplicados para o desenho do diagnóstico dois modelos consagrados: a análise estrutural da indústria, conforme proposta por Porter,128 e a matriz PFOA.

1. Tendências para a indústria da bananicultura

1.1. Tendências para o mercado de exportação

Há diversos fatores que, em conjunto, explicam o gradual aumento da quantidade de ba-nana exportada pelo Brasil. As grandes empresas multinacionais têm intensificado seus in-vestimentos em áreas produtivas brasileiras, incrementando sua produção, exclusivamente voltada para o consumo externo. Ao mesmo tempo, programas governamentais como o Brazilian Fruit, a Produção Integrada de Bananas e a constituição de APLs colaboram signi-ficativamente para a maior competitividade do produto nacional. A profissionalização do setor produtivo também indica essa tendência de um crescimento gradativo das exporta-ções, que formam um mercado mais exigente, porém altamente lucrativo para as empresas que nele conseguirem penetrar. O pequeno empresário deverá adequar-se às expectativas do consumidor externo e considerar a possibilidade de parcerias comerciais para a venda de seus produtos a outros países, uma vez que os custos das multinacionais são significati-vamente menores, em função dos elevados investimentos em tecnologia e da grande escala produtiva, entre outros fatores.

1.2. Tendências para a distribuição

Dois aspectos principais se destacam na análise da distribuição da banana. Em primeiro lugar, o crescente desenvolvimento de alternativas eficazes, de baixo custo e pouco polui-doras para as embalagens. As elevadas perdas que ocorrem no trajeto entre as proprieda-des produtoras e os lares dos consumidores podem ser significativamente reduzidas com o uso de embalagens mais adequadas. Novos materiais biodegradáveis têm sido testados na composição de caixas e filmes de proteção; o fator biodegradabilidade é cada vez mais importante, à medida que a questão ambiental ganha importância junto a parcelas cres-centes do público.

Em segundo lugar, a concentração do setor supermercadista em torno das grandes redes aumenta o poder de barganha destas últimas e dificulta o acesso ao mercado por outras vias de distribuição. A tendência é que esses movimentos de fusão, aquisição e expansão continuem a fortalecer as redes de supermercados. Para os pequenos produtores, uma al-ternativa a ser considerada é o estreitamento das relações diretas com este importante

128 Fonte: PORTER, Michael E. Estratégia competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

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canal distribuidor, especialmente por parte das propriedades localizadas próximas aos centros urbanos.

1.3. Tendências para a produção

De acordo com Porter,129 há três estratégias genéricas que podem ser adotadas alternati-vamente: a de liderança de custo total, a de diferenciação ou a de enfoque. Esta última se caracteriza pela concentração em parcelas selecionadas do mercado. Ainda dentro desta opção estratégica, há a possibilidade de foco no baixo custo ou na criação de ofertas dife-renciadas. Os pequenos produtores de banana geralmente encontrarão melhores oportu-nidades operando sob uma estratégia de enfoque; a maioria deles tenderá a oferecer seus produtos a preço baixo aos canais de distribuição disponíveis, continuando a se utilizar de processos produtivos rústicos e com pouca tecnologia aplicada.

Entretanto, uma nova tendência aparece entre alguns produtores de pequeno porte: a pro-dução de bananas voltadas a nichos de mercado por meio da estratégia de diferenciação. Como exemplo, cresce o número de culturas dedicadas à agricultura orgânica e aumentam as alternativas de cultivares (tipos de bananas) pouco comuns, que permitem a cobrança de maiores margens. A adesão ao programa de Produção Integrada também pode ser vista como uma forma de diferenciação para o bananicultor.

2. Análise estrutural da indústria

Porter130 chama de indústria um grupo de empresas fabricantes de produtos próximos entre si (ou seja, o que, no Brasil, é comumente chamado de “setor de atividade”). Segundo o autor, indústrias diferentes possuem estruturas distintas, que são determinantes para as condições de competitividade que as empresas a elas pertencentes enfrentarão, assim como são determinantes para suas perspectivas de lucratividade.

A estrutura proposta por Porter131 pode ser mais bem compreendida ao se estudar as cinco forças competitivas que a compõem. Caso todas sejam favoráveis, torna-se possível para um grande número de empresas atuarem nessa indústria (nesse setor) de maneira lucrati-va. Porém, se uma ou algumas forças forem demasiadamente intensas e/ou desfavoráveis, podem restringir as chances de êxito de boa parte dos players dessa indústria.

Aqui, a fruticultura será analisada como a indústria principal, porém as análises incidirão mais detalhadamente sobre a bananicultura.

129 Fonte: PORTER, Michael E. 1999, op. cit.130 Fonte: PORTER, Michael E. 1999, op. cit.131 Fonte: PORTER, Michael E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. 3 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1991.

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2.1. Ameaça de novos entrantes

Esta força se refere à possibilidade da entrada de novos concorrentes na indústria estu-dada. A fruticultura apresenta baixas barreiras de entrada (pela necessidade de baixos investimentos, pouca tecnologia, pouco know-how etc.), o que representa uma ameaça considerável para os atuais produtores, a ameaça de um crescimento excessivo do núme-ro de concorrentes, conseqüentemente, do crescimento excessivo do volume de produto oferecido ao mercado, o que resulta em preços mais baixos para todos os players. Uma das maneiras que os produtores já atuantes no setor teriam para elevar essas barreiras de entrada seria investir no aumento do nível tecnológico da indústria, incluindo preparo do solo, manejo da plantação, colheita, armazenamento, embalagem e transporte, de forma a criar vantagens competitivas mais difíceis de copiar.

A diferenciação ou a especialização por meio da introdução de cultivares incomuns na região ou com algum tipo de melhoria (baseada na engenharia genética ou na agricultura orgânica) também ajudariam a reduzir os riscos decorrentes da entrada de um número excessivo de participantes na indústria.

Os novos entrantes mais comuns costumam ser pequenos agricultores que optam por mu-dar sua cultura principal. Contudo, a ameaça se torna particularmente intensa quando empresas de grande porte passam a atuar no setor. A bananicultura vem observando uma presença cada vez maior de empresas multinacionais que mobilizam investimentos altos no aprimoramento das técnicas de cultivo, o que resulta na obtenção frutos de melhor qua-lidade a custos mais baixos.

2.2. Ameaça de produtos substitutos

Todos os produtos que satisfazem a mesma necessidade do consumidor, porém de for-ma diferente, representam produtos substitutos. As frutas pertencem a uma categoria de produtos facilmente substituídos, o que tende a tornar esta ameaça considerável. O mais comum é a substituição de um tipo de fruta por outro, sobretudo devido às alterações de preço no varejo, às épocas de safra e entressafra (que repercutem tanto na elevação de pre-ços como na falta de disponibilidade dos produtos no varejo) e à qualidade percebida pelo consumidos nas inúmeras opções disponíveis no ponto de venda.

Produtos industrializados, verduras e legumes também são substitutos potenciais das fru-tas, pois servem ao propósito básico de alimentação e podem ser consumidos em seu lugar. Além disso, como reportado em pesquisas apresentadas anteriormente neste relatório, ape-sar da abundância de frutas no Brasil, estas ainda não têm seu consumo tão disseminado quanto seria de se esperar frente à disponibilidade de oferta. Mesmo assim, ocupam, cada vez mais, uma posição importante nos hábitos alimentares da sociedade, uma vez que suas características nutricionais não podem ser tão facilmente substituídas.

Tendências atuais de alimentação têm apontado para uma preocupação cada vez maior com refeições saudáveis e balanceadas. A fruta é um elemento fundamental nas dietas saudáveis, de maneira que seu consumo aponta para um crescimento.

Uma alternativa para combater essa ameaça é buscar parcerias com os fabricantes de pro-dutos substitutos, uma vez que as frutas são matéria-prima fundamental para o setor de

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comida industrializada; portanto, o crescimento das vendas dos produtores de frutas (in-clusive banana) não precisa ser conflitante com a ascensão dos seus substitutos.

Outra alternativa acessível à boa parte dos produtores é avançar alguns passos na cadeia produtiva da banana, realizando alguns processos de industrialização da fruta. Além de garantir mercados mais amplos (em volume e em alcance geográfico – devido à maior durabilidade do produto total ou parcialmente processado/beneficiado), os fruticultores poderão obter margens maiores, em função da adição de valor agregado ao produto in natura.

2.3. Poder de barganha dos fornecedores

Esta força diz respeito ao poder que os fornecedores estratégicos possuem nas negociações com as empresas de um determinado setor. Com relação às mudas de bananeiras, confor-me apontado anteriormente há facilidade na sua obtenção “informal” (mudas ganhas ou compradas de parentes, vizinhos etc., produzidas sem tecnologia especial ou controle de qualidade), pois sua reprodução acontece de maneira rápida e simples, quando adotados os métodos convencionais. Nesse caso, o poder de barganha dos fornecedores informaisé baixo ou inexistente.

O poder de barganha dos fornecedores cresce quando se buscam mudas de boa qualidade, que demandam um trabalho de reprodução e seleção mais sofisticado e, conseqüentemen-te, custam mais caro para o produtor. Como fator positivo, também oportunamente desta-cado, a adoção de mudas de melhor qualidade eleva substancialmente a produtividade e a qualidade dos frutos, sendo indispensável para produtores de qualquer porte que desejem entrar em mercados de maior valor agregado ou destinar parte de sua produção para ex-portação.

Portanto, observa-se que, quanto mais se preza pela qualidade, seja na escolha e no tra-tamento das mudas, seja ao longo do processo produtivo (adubação, irrigação, colheita, embalagem, armazenamento e transporte, entre outros), maior se torna o poder de bar-ganha dos fornecedores, haja vista que o número reduzido de empresas especializadas em cada uma dessas etapas. O resultado é um custo de produção elevado e com pouca margem de negociação, o que, por vezes, incentiva o bananicultor a migrar para outros tipos de cultivo.

2.4. Poder de barganha dos compradores

As condições com que os compradores entram no processo de negociação também podem representar ameaças à lucratividade potencial de um setor. Na fruticultura, há alguns fa-tores que tornam esta força significativa. O primeiro é o grande número de intermediários entre os produtores e os consumidores finais da fruta (características de um canal de dis-tribuição longo, com muitos níveis). Cada elemento da cadeia logística pressiona os elos anteriores da cadeia (sobretudo os produtores) por preços inferiores e, por sua vez, adicio-na suas próprias margens para obter um preço de venda mais alto junto ao elo seguinte.

Dessa forma, o produtor acaba percebendo poucas possibilidades de entrar no mercado a não ser por meio de grandes atacadistas ou varejistas. A crescente concentração do se-tor supermercadista, já mencionada, em que grandes cadeias nacionais e multinacionais

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vêm aumentando seu domínio sobre a distribuição no varejo, impõe dificuldades cada vez maiores aos produtores no processo de negociação.

Uma forma eficaz de proteção contra este tipo de ameaça, desde que utilizada adequada-mente, é a adoção de estratégias de associativismo. A criação de cooperativas de MPEs e/ou de associações que centralizem as vendas dos APLs ou que auxiliem no acesso ao mer-cado é fundamental para fazer frente ao forte poder de barganha dos demais níveis do lon-go canal de distribuição. Ao aumentar os volumes de frutas transacionados, os produtores aumentam seu poder de barganha, o que lhes possibilita vender com melhores margens.

2.5. Rivalidade entre competidores atuais

Há diferentes ângulos para se analisar a rivalidade existente na fruticultura. O primeiro ângulo parte da perspectiva de cada micro ou pequeno produtor. As barreiras de saída neste setor não são significativas quando os investimentos em tecnologia e produtividade são baixos; ou seja, o produtor perde relativamente pouco ao mudar a destinação de sua propriedade. No entanto, a especificidade dos ativos tangíveis e intangíveis (máquinas, equipamentos, insumos, tecnologia, know-how, mão de obra especializada etc.) tende a aumentar proporcionalmente ao aprimoramento das técnicas, o que aumenta a competi-ção entre os produtores (pois, nesta segunda situação, a mudança de cultura implicará em custos significativos, pelo não aproveitamento dos insumos nos novos cultivos). Adicional-mente, a oferta de um produto final homogêneo por parte de muitos produtores contribui para a fácil substituição de fornecedores por parte de atacadistas e varejistas, o que leva a uma situação de intensa concorrência por preço. Nesse contexto, margens e lucros inevita-velmente diminuem.

Um segundo aspecto a se considerar na rivalidade entre concorrentes diretos é a atuação cada vez mais forte das multinacionais no setor de fruticultura. O estado do Rio Grande do Norte, por exemplo, tem sido destino de investimentos maciços de empresas norte-ameri-canas, que utilizam tecnologia de ponta no tratamento pós-colheita dos frutos. O resultado é um produto de excelente qualidade e preços altamente competitivos, principalmente no que se refere à exportação.

Deve-se, ainda, considerar a concorrência existente entre as múltiplas opções de frutas pela preferência do consumidor. Conforme descrito no item “O consumo da banana no mercado interno brasileiro”, a banana vem enfrentando a entrada de novas frutas (sobretu-do importadas) no mercado, o que ocasionou, a partir da década de 90, uma queda no seu consumo per capita.

Novamente, o estabelecimento de relações cooperativas, em substituição à competição “entre os pares”, faz-se necessária para preservar e, idealmente, aumentar a lucratividade dos micro e pequenos produtores. A utilização dos padrões de classificação também pode atrair de maneira mais eficaz os consumidores, visando o aumento do consumo per capita da fruta.

A figura 4 resume os principais aspectos ligados à estrutura da indústria da fruticultura, com ênfase para a produção da banana.

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Figura 4

Forças competitivas para a fruticultura brasileira, com ênfase na bananicultura

Ameaça de novos entrantesConversão de culturas por •bananicultoresEntrada de grupos estrangeiros •no setor

Poder de barganha dos fornecedores

Poucos fornecedores •especializadosEquipamentos •especializadosMudas de qualidade•Alto custo da mão-de-obra•

Rivalidade entre competidores atuais

Concorrência entre tipos de •frutasConcorrência entre MPEs•Concorrência com grandes •produtores (inclusive multinacionais)

Poder de barganha dos compradores

Concentração das redes •atacadistas e varejistasCompet• ição por preço

Ameaça de substitutosLegumes e verduras in natura•Legumes e verduras •processadas/industrializadasOutros tipos de alimentos •industrializados

Fonte: Elaboração do autor, adaptado de Porter (1998).

3. Análise PFOA

Uma das mais tradicionais matrizes de diagnóstico empresarial, a matriz PFOA132 reúne os principais aspectos ligados ao negócio, tanto internos quanto externos à organização anali-sada. A sigla se refere a Potencialidades e Fraquezas (fatores internos à empresa, positivos ou negativos) e Oportunidades e Ameaças (fatores externos à empresa, que podem lhe abrir perspectivas de crescimento e/ou lucratividade ou até colocar em risco sua sobrevi-vência).

Para a finalidade deste relatório, o foco da análise não foi centrado em nenhuma empresa em específico, e sim na bananicultura como um todo. É importante observar que a apli-cação da PFOA para cada micro ou pequena empresa exigirá adequações, por exemplo, a redefinição dos critérios de separação de Potencialidades / Fragilidades e Oportunidades / Ameaças. Os aspectos aqui sintetizados na PFOA foram detalhadamente tratados ao longo dos capítulos anteriores deste relatório.

132 Também conhecida como SWOT (Strenghts, Weaknesses, Opportunities and Threaths ) no original em inglês.

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Tabela 19 – Matriz PFOA para a bananicultura brasileira

Potencialidades Fragilidades

Alto valor energético e nutricional da fruta•

Sabor de boa aceitabilidade•

Elevado consumo, tanto nacional como •mundial

Baixo preço da fruta•

Versatilidade dos subprodutos da banana•

Clima adequado em diversas regiões do país•

Custos elevados da produção qualificada•

Alta perecibilidade e baixa resistência da •fruta nos processos de armazenagem e transporte

Uso ainda restrito de tecnologias avançadas •de produção e comercialização

Perdas elevadas desde a pré-colheita até o •consumo do produto

Oportunidades Ameaças

Desenvolvimento de APLs estruturados•

Criação de associações e cooperativas•

Maior abertura do mercado exportador, em •especial o europeu.

Mudança de hábitos do consumidor •(brasileiro ou não), mais voltado a produtos naturais

Processamento e/ou industrialização do •produto para gerar maior valor agregado

Utilização de normas de classificação do •produto

Acelerado melhoramento genético de plantas •e mudas

Excesso de intermediários (canais de •distribuição com muitos níveis) com crescente poder de barganha

Continuidade da concentração das grandes •redes de varejo

Pragas agressivas e resistentes aos atuais •métodos de controle

Alterações bruscas nos preços•

Taxas cambiais desfavoráveis à exportação•

Resistência e restrições aos produtos •transgênicos por parte de consumidores, associações e legisladores

Fonte: Elaboração do autor.

3.1. Potencialidades

Alto valor energético e nutricional da fruta. • Por ser altamente nutritiva, a banana é muito consumida em países cujas populações possuem baixo poder de compra. Além disso, oferece boas quantidades de vitaminas, sendo reconhecidamente uma importante fon-te de potássio.

Sabor de boa aceitabilidade. • A banana é consumida por todo tipo de público, de crianças a idosos, de classes socioeconômicas baixas ou elevadas. Seu sabor é muito apreciado, tanto no consumo in naturaquanto no preparo de doces e pratos salgados.

Elevado consumo, tanto nacional como mundial. • A banana é, de acordo com dados da FAO, a segunda fruta mais consumida no mundo, perdendo apenas para a uva. No Brasil, está à frente de todas as outras, comprovando sua importância na cultura alimentar do país.

Baixo preço da fruta. • O elevado poder nutricional somado a preços acessíveis é o que torna a banana um produto popular, largamente consumido. É o principal valor que garante que a fruta continue a gerar mercado no futuro.

Versatilidade dos subprodutos da banana. • Além da fruta e de seus derivados mais simples e conhecidos (doces, geléias, purê etc.), a bananicultura pode fazer uso das fibras e das folhas na produção de papel, painéis e artesanato, entre outras aplicações, inclusive

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industriais. É um material versátil, que ainda pode revelar novas aplicações a partir de investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

Clima adequado ao cultivo em diversas regiões do país.• As altas temperaturas médias e a grande extensão territorial brasileira localizada na região dos trópicos tornam o país um produtor privilegiado da banana. Uma evidência disso é a disseminação de pólos produtores (APLs) em estados tão distantes entre si, como Santa Catarina e Roraima.

3.2. Fragilidades

Custos elevados da produção qualificada• . Os custos associados à produção da banana podem ser consideravelmente altos, quando utilizadas as tecnologias que a permite competir em mercados competitivos. Há uma tendência de profissionalização do setor, minando as possibilidades de produtores que operam quase como extrativistas conse-guirem sobreviver no setor. Assim, custos com mudas, protetores agrícolas e maquiná-rio para colheita e transporte devem ser considerados nos projetos de investimento.

Alta perecibilidade e baixa resistência da fruta durante os processos de armazenagem e trans-•porte. As cascas muito sensíveis da banana tornam difícil seu transporte. É necessário cuidado especial com as embalagens; as de papelão são ideais, porém são mais caras que as caixas de madeira, que acabam sendo amplamente utilizadas. Além disso, o tempo curto de maturação do produto exige uma comercialização ágil e – idealmente – climatizada, tornando-se, portanto, mais cara.

Uso ainda restrito de tecnologias avançadas de produção e comercialização• . Muitos produtores de micro e pequeno porte ainda não se adaptaram às novas exigências da fruticultura, sobretudo em relação à adoção de tecnologias na colheita. Isso se reflete em produtos de menor qualidade e uma produtividade do cultivar aquém das expectativas de ren-tabilidade.

Perdas elevadas desde a pré-colheita até o consumo do produto• . Problemas relacionados a colheita, armazenamento, embalagem e transporte – entre outros pontos da cadeia pro-dutiva – são determinantes nos elevados níveis de perda de banana. Seus índices são os mais altos entre todas as frutas nacionais e ocorrem desde a produção até a comer-cialização e o consumo.

3.3. Oportunidades

Desenvolvimento de APLs estruturados• . Exemplos encontrados em várias cadeias produ-tivas agroalimentares têm demonstrado a importância da estruturação de Arranjos Produtivos Locais, a partir da qual diversas condições ambientais atuam em favor dos seus agentes econômicos. Um esforço conjunto de empresários, associações e governos podem ser incentivos fundamentais para a competitividade nacional e internacional de determinadas áreas produtivas.

Criação de associações e cooperativas.• Micro e pequenos produtores têm perdido cada vez mais seu poder de barganha diante dos compradores (os vários níveis do canal de distribuição). A cooperação aumenta a força dos agentes coletivos, de maneira a re-equilibrar as relações nos canais de distribuição. Além disso, as associações também

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são úteis para apoiar e acelerar o aprimoramento das técnicas de plantação, por meio do investimento conjunto, acesso privilegiado ao mercado e compartilhamento de co-nhecimento.

Maior abertura do mercado exportador, em especial o europeu• . A redução das barreiras co-merciais para a banana no continente europeu figura como oportunidade para o incre-mento das exportações brasileiras. Porém, para aproveitar essa oportunidade é condi-ção necessária a adoção de procedimentos que visem aumentar a qualidade do produto colhido, enquadrando-o nos rigorosos padrões estabelecidos por este mercado.

Mudança de hábitos do consumidor (brasileiro ou não), mais voltado a produtos naturais. • A busca por uma vida mais saudável tem direcionado o consumidor aos produtos natu-rais. A produção de bananas orgânicas ou com melhoramento genético figura como oportunidade para empresas que queiram atingir nichos com tendência de cresci-mento.

Processamento e/ou industrialização do produto para gerar maior valor agregado.• O produtor de banana pode obter maior rentabilidade pela utilização de diferentes níveis de pro-cessamento/industrialização da fruta in natura. Desde produtos mais simples, como bananas-passas e geléias, até aqueles que exigem maior processamento (aguardentes e licores) podem ser desenvolvidos a partir da fruta sem grandes investimentos em equipamentos ou tecnologia.

Utilização de normas de classificação do produto• . A adoção desta política traz uma série de benefícios, tanto para produtores quanto consumidores. A classificação aumenta o valor do produto final e permite uma organização mais eficaz das frutas comerciali-zadas.

Acelerado melhoramento genético de plantas e mudas• . Organizações como a Embrapa têm investido na criação de novos cultivares e mudas de boa qualidade, de maneira que já se torna possível para os produtores investirem em plantações de excelência.

3.4. Ameaças

Excesso de intermediários (canais de distribuição com muitos níveis), com crescente poder de •barganha e continuidade da concentração das grandes redes de varejo. Cadeias de dis-tribuição muito longas, com muitos elos, acarretam menor margem de lucro para os produtores de micro e pequeno porte. Além disso, a continuidade da concentração do setor varejista coloca os bananicultores frente a agentes com enorme poder de barga-nha, novamente ainda mais sua lucratividade potencial

Pragas agressivas e resistentes aos atuais métodos de controle. • Algumas infestações como a Sigatoka negra, a Sigatoka amarela, a broca-de-bananeira e o Mal-do-Panamá represen-tam grande ameaça natural para os bananicultores. Estas pragas podem devastar toda a colheita, se não controlada cuidadosamente. Uma das medidas mais importantes a se adotar é a escolha de variedades resistentes às pragas comuns na região de atuação.

Alterações bruscas nos preços• . A falta de transparência na composição dos preços dificul-ta o planejamento por parte dos produtores e causa conflitos ao longo dos muitos elos

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dos canais de distribuição. A rentabilidade dos diversos agentes envolvidos na cadeia fica à mercê dessas variações, o que representa incertezas adicionais ao investidor.

Taxas cambiais desfavoráveis à exportação.• As atuais taxas de câmbio são desfavoráveis ao produtor brasileiro que pretende exportar.

Crescente resistência e restrições aos produtos transgênicos por parte de consumidores, asso-•ciações e legisladores. Aumentam, tanto no Brasil como no restante do mundo, as ações da sociedade civil contra a venda de produtos transgênicos, sobretudo aqueles em que a “parte” transgênica é pequena (menor que 1%). No lance mais recente (24/10/2007) de uma batalha judicial longa (iniciada em 2001), ruidosa e pública em torno do direi-to do consumidor de saber se está comprando/consumindo produtos que contenham qualquer componente transgênico o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e o Mi-nistérioPúblico Federal (MPF) conseguiram que os rótulos de alimentos que tenham qualquer porcentagem de qualquer elemento geneticamente modificadodeverão, obri-gatoriamente, alertar o consumidor sobre esse fato.133 Contudo, a União ainda pode recorrer dessa decisão.

4. Considerações Finais

A análise e a interpretação das informações apresentadas neste relatório evidenciam a importância da bananicultura na economia e na cultura brasileiras. A dedicação do país ao cultivo da fruta é histórica e o coloca entre os maiores produtores do mundo. Até este momento, o significativo volume produzido ainda não está concentrado em poucas e gran-des empresas. Pelo contrário, a participação intensa de micro e de pequenos produtores no setor é crucial na composição da oferta brasileira; portanto, o apoio a estas MPEs é fundamental para a constante evolução do setor, tanto em termos quantitativos como qua-litativos como para preservar a sobrevivência, o crescimento e a rentabilidade de inúmeros APLs em todo o país, que necessitam de melhor acesso ao mercado final com preços ade-quados para seus produtos.

As forças competitivas na bananicultura devem ser cuidadosamente estudadas pelos pro-dutores individuais. Não há como ignorar fatores importantes do setor, como a entrada de novos concorrentes (sobretudo de grande porte e/ou multinacionais, trazendo consigo novos processos e novas tecnologias), o avanço de pragas extremamente destrutivas e o elevado poder de barganha dos compradores e intermediários que compõem o canal de distribuição.

O lado positivo das informações levantadas aponta para oportunidades potencialmente promissoras, desde que, individualmente ou agrupados em cooperativas, associações ou outro tipo de arranjo coletivo, os produtores incorporem a seu modelo de negócio as já pre-conizadas medidas para aumento de eficiência e de qualidade em toda a cadeia produtiva.

133 Fonte: AMARAL, Paula. MPF/DF: proibida comercialização de transgênicos sem informação na embalagem. Notícias do Ministério Público Federal. Brasília, Procuradoria da República no Distrito Federal/Assessoria de Comunicação, 20 nov. 2007. Disponível em: <http://noticias.pgr.mpf.gov.br/noticias-do-site/consumidor-e-ordem-economica/justica-proibe-comercializacao-de-transgenicos-sem-informacao-na-embalagem>. Acesso em: 30 nov. 2007.

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A verticalização da distribuição, as parcerias e os diferentes tipos de organização coope-rativa são fundamentais para aprimorar o sistema produtivo brasileiro, pois aumentam o acesso à tecnologia e os volumes finais ofertados ao mercado – ambos, fatores indispensá-veis para aumentar o poder de barganha dos produtores.

São imprescindíveis, ainda, estudos específicos e detalhados sobre: variedades mais ade-quadas para cada região do país (em função de clima, solo, regime de chuvas e tempera-turas, distância entre ponto de produção e de venda/consumo etc.); formas de propagação (qualidade das mudas); e técnicas de comercialização. Dessa maneira, os produtores con-seguirão aproveitar ao máximo as potencialidades de suas lavouras.

Vale destacar a versatilidade dos subprodutos da bananicultura, ainda pouco explorada no Brasil. A comercialização de suas fibras (antes descartadas) para a confecção de móveis de luxo já tem superado os rendimentos com a fruta em alguns casos. Com o aumento das pre-ocupações ecológicas, a banana tem grande potencial de exploração, por ser matéria-prima renovável e biodegradável. Estas aplicações mais recentes e específicas não descartam os inúmeros derivados alimentares da banana, que se beneficiam da grande aceitabilidade de seu sabor e da facilidade para sua produção, mesmo em níveis artesanais.

Por sua vez, o governo tem papel importante no desenvolvimento da bananicultura, com o desenvolvimento e a disponibilização de linhas de crédito agrícola compatíveis com as ne-cessidades e a capacidade de pagamento destas MPEs que, frente às mudanças e pressões do mercado (concorrência, tecnologia, consumidores etc.), se vêem diante da necessidade de modernizar suas lavouras. Além disso, a assistência técnica é uma ferramenta essen-cial nesse processo, e esta atividade, tipicamente, demanda uma excelente integração dos esforços dos órgãos financiadores (em geral, governamentais) e das entidades de apoio (públicas ou privadas) no fortalecimento do setor.

Como conclusão, é importante identificar como principais fatores-chave de sucesso na pro-dução e comercialização da banana in naturaos seguintes aspectos:

Produtividade. • O bom aproveitamento dos recursos naturais é determinante para o su-cesso do negócio na bananicultura. A perda de margens observada em um grande nú-mero de produtos agrícolas (e, em particular, no cultivo de banana) força os produtores a encontrar alternativas para aumentar a relação produção/área. Melhores técnicas de plantio e colheita, a escolha de cultivares adequados e a automação de algumas etapas do processo produtivo podem ser fundamentais para o ganho de escala e, conseqüen-temente, para aumentar a competitividade dos micro e pequenos produtores frente à crescente concorrência internacional e de grande porte.

Qualidade.• Margens mais elevadas na comercialização da banana in naturasó poderão ser obtidas com a venda dos produtos para mercados mais exigentes. Isto implica na necessidade de controle rigoroso da qualidade dos frutos, por meio de um cuidado permanente com as suas condições de produção e comercialização (ou seja, desde a seleção de mudas até a orientação de exposição e manuseio dos funcionários do vare-jo). Neste aspecto, são especialmente relevantes as técnicas utilizadas para a colheita, transporte e armazenamento da banana. O cuidadoso manuseio da fruta melhora sig-nificativamente a sua aceitação no mercado consumidor (pela preservação de sua boa aparência por mais tempo) permitindo, assim, a prática de preços mais elevados, uma vez que o consumidor percebe valor nessa aparência íntegra.

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Organização industrial. • Por fim, diversos fatores-chave estão ligados às condições ins-titucionais do setor, incluindo a presença de entidades de apoio, políticas públicas fa-voráveis e mercado consumidor amplo e fisicamente próximo aos pontos de cultivo (devido à comentada fragilidade e perecibilidade da fruta). Grande parte destes as-pectos não é controlável pelas empresas; entretanto, um esforço organizado e conjunto por parte dos micro e pequenos produtores pode ajudar o setor a melhor aproveitar as oportunidades e evitar as ameaças advindas do ambiente. Atuando em conjunto, é possível, inclusive, a pressionar o governo no sentido do desenvolvimento e da dispo-nibilização de mais apoio ao setor, seja meramente financeiro (como o crédito, acima comentado), seja por meio do investimento e do acesso a novas tecnologias, entre ou-tras possibilidades. A participação pró-ativa na criação e na melhoria das atividades de cooperativas, na criação e no fortalecimento de outras associações representativas do setor e o estreitamento das relações com atacadistas e varejistas por meio de contratos de longo prazo são exemplos de ações fundamentais para a melhoria das condições competitivas dos bananicultores no Brasil.

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III. Referências

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IV. Glossário

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(transcritas nos anexos)

IV. Glossário

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Antes da porteira (dentro e pós-porteira): classificação utilizada na análise setorial da agroindústria. Divide os fatores de análise naqueles desenvolvidos antes do processo de plantação e colheita; aqueles pertinentes ao plantio e colheita; e aqueles que envol-vem atividades pós-produção, como comercialização, transporte e armazenamento.

Arranjos Produtivos Locais (APLs): aqui assumido como sinônimo de cluster, refere-se a uma concentração geográfica de empresas dedicadas a um setor específico.

Associativismo: tendência ou movimento dos trabalhadores de se congregarem em asso-ciações representativas para defesa de seus interesses.

Banana in natura: a fruta comercializada sem ou com um mínimo de processamento.

Bananaplac: placa feita a partir de fibras de bananeira, utilizada na substituição de com-pensados de madeira.

Bananeiros: Intermediários atacadistas atuantes na bananicultura. Compram de diversos produtores de menor porte para repassar a produção às Ceasas ou diretamente ao varejo.

Beneficiamento: processos pelos quais passam certos produtos agrícolas, antes da indus-trialização ou comercialização.

Biofortificação: aprimoramento das qualidades nutricionais dos alimentos.

Brazilian Fruit: programa de marketing internacional sob responsabilidade da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (APEX).

Cadeia produtiva: concepção da produção de bens como um sistema em que as atividades de diversos atores são interdependentes.

Carotenóides: pigmentos naturais, como o licopeno e o beta-caroteno, que tem função importante na nutrição por constituir um precursor da vitamina A.

Chilling: sinônimo de friagem; é o efeito negativo sobre a qualidade da fruta decorrente de temperaturas muito frias.

Climatização: controle das condições de temperatura e umidade dos locais de transporte ou armazenamento dos produtos.

Cluster: ver Arranjos Produtivos Locais.

Comercialização “de vizinhança”: vendas feitas nos mercados locais, próximos aos cen-tros produtores.

Commodities (no singular: commodity): bens homogêneos em estado bruto, geralmente produzidos, comercializados e com preços estabelecidos em escala mundial.

Compra por impulso: aquisição de produtos cuja decisão se dá no ponto de venda, sem planejamento.

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Consumo aparente: estimativa considerando-se o total produzido no período mais as im-portações e menos as exportações. Pode ser diferente do consumo real, devido a difi-culdades de controle e mensuração.

Consumo real: quantidade efetivamente consumida, em contraste com o consumo apa-rente.

Correção do solo: Utilização de fertilizantes que modificam a composição do solo dedica-do às culturas agrícolas.

Cultivar: variedades da planta. Exemplos de cultivares de banana são: Prata, Caipira, Ouro, Nanica, Grande Naine.

DATAMusa: banco de dados internacionalmente compartilhado, composto de informa-ções de genômica estrutural e de transcriptomas. É útil em pesquisas genéticas da banana, por exemplo, para a criação de variedades resistentes a pragas ou mais nu-tritivas.

Defensivo agrícola: agroquímicos utilizados no controle de pragas.

Despencamento: separação dos frutos em pencas para comercialização.

Despistilagem ou defloração: retirada dos restos florais para evitar o aparecimento de fungos e doenças.

Diagnóstico Setorial: análise das condições econômicas e competitivas de um determina-do setor.

Dollar-bananas: apelido dado aos produtos das grandes corporações multinacionais, vol-tadas exclusivamente à exportação. Beneficiam-se de alta tecnologia e economias de escala.

Economia de escala: redução dos custos unitários em função da quantidade produzida. Quanto maior o volume de produção, maiores os descontos.

Feedback: literalmente, retroalimentação. No caso, refere-se a informações sobre a reação dos mercados aos produtos e condições oferecidas.

Forças competitivas de Porter: modelo de análise setorial criada por Michael Porter. Iden-tifica cinco forças que determinam a estrutura de uma indústria, diagnosticando as principais dificuldades encontradas pelas empresas dela participantes.

Hibridização: cruzamento de espécies diferentes de planta.

Leis fitossanitárias: regulamentações que dizem respeito as condições sanitárias de pro-dutos extraídos de plantas.

Mal do panamá: Fusarium oxysporum f.sp. cubense, fungo altamente prejudicial à bana-nicultura. Além de dizimar plantações, permanece no solo infestado durante muitos anos.

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Matriz PFOA (SWOT): modelo de análise de uma empresa. Lista as forças, fraquezas, ameaças e oportunidades de uma organização.

Melhoramento genético: pesquisa cuja finalidade é a criação de variedades para cultivo superiores em determinados aspectos, como valor nutritivo, resistência a pragas, sa-bor ou durabilidade.

Musa: gênero a que pertence a bananeira.

Nicho de mercado: parcelas inexploradas ou mal trabalhadas de um determinado seg-mento de mercado. Representa oportunidades de especialização para as empresas de uma indústria.

Packing-houses: casas de embalagem próximas aos campos de plantio.

Payback: tempo de retorno financeiro de um projeto de investimento em análise.

Player: participantes de um determinado setor, tipicamente os competidores.

Poder de barganha: força na negociação.

Produção Integrada de Frutas (PIF): programa que visa aprimorar e homogeneizar a qua-lidade das frutas produzidas, obedecendo princípios como a correta identificação dos produtos, rastreabilidade da produção e adoção de padrões de tratamento.

Produto substituto: produto que satisfaz a mesma necessidade de outro, porém com for-mas materiais distintas.

Promusa: Programa mundial de pesquisa genética da bananeira. Um de seus focos de atu-ação é a consolidação e divulgação do DataMUSA (ver no glossário).

Pseudocaule: haste semelhante a um tronco, formado pela superposição de bainhas folia-res.

Rizoma: caule subterrâneo.

Segmentação: divisão do mercado de acordo com uma ou mais variáveis, visando aumen-tar a precisão das ofertas.

Sigatoka amarela: Mycosphaerella musicola, fungo altamente danoso aos bananais, cons-titui uma das principais pragas da bananicultura.

Sigatoka negra: Mycosphaerella fijiensis, doença fúngica tida como a mais devastadora na bananicultura.

Taxa Interna de Retorno (TIR): Índice que mensura o retorno esperado de um investimen-to econômico em análise.

Transgênico: produto geneticamente modificado.

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