balan˘cos globais e regionais de entropia da atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · figura 1:...

65
Universidade da Beira Interior Departamento de F´ ısica Balan¸ cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera. This is a chapter of my phd tesis. If you download this document and use some of its contents please cite: Ant´ onio R. Tom´ e, Phd thesis, “Balan¸ cos globais e regionais de Entropia, de Energia e de Massa da Atmosfera. Contribui¸ ao para o estudo do clima do Mediterrˆ aneo.” Universidade da Beira Interior, Covilh˜ a, 1997. ANT ´ ONIO RODRIGUES TOM ´ E COVILH ˜ A 1997

Upload: hoangkhanh

Post on 30-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Universidade da Beira InteriorDepartamento de Fısica

Balancos globais e regionais de

Entropia da Atmosfera.

This is a chapter of my phd tesis. If you download this document

and use some of its contents please cite: Antonio R. Tome, Phd

thesis, “Balancos globais e regionais de Entropia, de Energia e

de Massa da Atmosfera. Contribuicao para o estudo do clima do

Mediterraneo.” Universidade da Beira Interior, Covilha, 1997.

ANTONIO RODRIGUES TOME

COVILHA 1997

Page 2: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

A entropia na Atmosfera

1 Introducao

O conceito de entropia, introduzido por Clausius, em 1865, como uma nova propriedade termo-

dinamica de um sistema, evadiu todas as areas do saber humano. Assim, a entropia encontra

aplicacao, nao so na Fısica, na Quımica e nas Engenharias, mas tambem na Economia, nas

Humanidades, etc..

Em Meteorologia tem-se feito uso do conceito de entropia no estudo dos processos termo-

dinamicos da Atmosfera, atraves da utilizacao de diagramas termodinamicos como o tefigrama,

de diversas temperaturas potenciais, da analise de cartas isentropicas, etc.. Contudo, o emprego

da entropia, fora da termodinamica da Atmosfera, nao tem sido muito explorado. Algumas ex-

cepcoes pioneiras foram as de Wulf e Davis [1952], que apresentam um balanco de entropia com o

objectivo de calcular o rendimento energetico do ecossistema terrestre. Fortak [1978] apresentou

um balanco global de entropia, considerando o sistema climatico e os seus subsistemas como

corpos negros, e fez uma tentativa para relacionar a actividade humana com o acrescimo da en-

tropia ambiental. Dutton [1973] recorreu a entropia, fazendo uso da dualidade termodinamica,

numa tentativa de encontrar uma alternativa ao conceito de energia potencial disponıvel.

Paltridge [1975, 1978] procurou estabelecer um princıpio mınimo de transferencia de entropia

a partir de uma funcao que esta associada a entropia emitida pela Terra para o espaco, tendo

obtido algum sucesso, ao conseguir reproduzir, com um modelo simplificado, um campo de

temperatura proximo do que e observado.

Mais recentemente, Callies [1989] e Lesins [1990] tentaram avaliar a geracao de entropia

associada a radiacao, apesar das dificuldades inerentes a aplicacao do conceito de entropia a

energia radiante. Lesins, em particular, fazendo uso de modelos simplificados que individua-

lizavam as diversas contribuicoes para a entropia da energia radiante, comprimento de onda,

polarizacao e direccao (angulo solido), apresentou uma analise interessante sobre possıveis di-

ferencas, significativas, entre os perfis de energia da radiacao infravermelha e da entropia a ela

1

Page 3: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

associada.

Paltridge introduziu, no estudo do clima, uma visao termodinamica, construindo um mo-

delo, elementar, unidimensional do Globo (com oceanos e continentes), e da Atmosfera, em que,

todos os fluxos de energia satisfaziam a uma lei Fickiana (proporcionais ao gradiente da tem-

peratura). Procurou, assim, estabelecer um princıpio extremante dos parametros que definem o

clima, minimizando uma funcao das grandezas que definem a taxa de geracao de entropia, em

que a evolucao do estado de equilıbrio correspondia ao estado de geracao mınima de entropia.

Este metodo procurava, por via heurıstica, estabelecer um princıpio de mınimo, na esteira dos

trabalhos de Prigogine (1967); contudo, os resultados sao muito controversos.

O transporte zonal de energia nao e integralmente devido a transferencia de calor. No

entanto, a semelhanca do que se faz na teoria da turbulencia, e sempre possıvel conceber coefici-

entes empıricos, que uma vez ajustados, possam justificar os fluxos de energia que se observam

na Atmosfera.

A hipotese, implıcita em Paltridge, que sugere uma relacao linear entre os fluxos de energia e

o gradiente de temperatura num processo de difusao tradicional (viscosidade positiva), transfor-

maria o estudo do clima num estudo de difusao de calor, equivalente ao de uma barra de metal.

Nicolis e Nicolis [1980] realcam que o teorema de Prigogine nao pode, em regime nao linear,

como e o da Atmosfera, ser aplicado e que, quando muito, podia aceitar-se que os coeficientes

da difusao dependessem da temperatura e do seu gradiente, podendo mesmo, em certos casos,

tratar-se de uma viscosidade negativa.

∗ ∗

Como se depreende da analise dos trabalhos anteriores ressalta a grande dificuldade do

tratamento da entropia associada ao fluxo e a emissao de radiacao. Para um corpo negro, em

equilıbrio radiativo, a entropia, s, associada a radiacao e conhecida ha muito tempo, sendo dada

por:

s =4

3

u

T

em que u e a energia especıfica e T a temperatura do corpo negro. No entanto, fora do equilıbrio,

o problema da entropia associada a radiacao e complexo e nao foi possıvel, ate hoje, resolve-lo

de modo satisfatorio, apesar das tentativas de Sommerfeld [1956].

∗ ∗

2

Page 4: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Em face destas dificuldades utilizamos o metodo observacional, procurando inserir os re-

sultados das observacoes em equacoes gerais do balanco da entropia, com uma formulacao

macroscopica adequada. Fundamentalmente, estas equacoes sao generalizacoes do Segundo

Princıpio Fundamental da Termodinamica, a Prigogine, em que se individualizam, de forma ex-

plicita, os termos de transferencia e os processos termohidrodinamicos, que conduzem a geracao

de entropia.

2 A entropia no ecossistema terrestre

2.1 O ecossistema terrestre

Oceano

Gelo

Atmosfera

Radiação

Terrestre

Radiação

Solar

ν >>ν

ε = νh

ε = νh

Sol Sol

SolTerra TerraTerra

Biosfera Litosfera

FotosferaFotosfera

Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre

O sistema climatico coincide com o ecossistema terrestre. Numa primeira fase poderiamos

aceitar que o sistema climatico, S, era constituıdo pela uniao de varios subsistemas abertos,

disjuntos, que eram a Atmosfera, A, a Hidrosfera, H, a Litosfera, L, a Criosfera, C, e a Biosfera,

B.

Todos estes subsistemas sao abertos e nao isolados, interactuando entre si, e encontram-se

imersos num mar de fotoes de origem solar e terrestre. Os fotoes solares sao de energia mais

elevada (εSol = hνSol) e incidem, em cada instante, sobre uma regiao limitada do Globo; os fotoes

de origem terrestre sao em muito maior numero, na banda do infravermelho, νSol � νTerra, de

3

Page 5: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

menor energia (εTerra = hνTerra) e sao emitidos em todas as direccoes, mas de tal maneira que,

os dois sistemas de fotoes se compensam energeticamente.

Assim, o sistema climatico so fica completo com a inclusao da Fotosfera, F . Podemos,

portanto escrever:

S ≡ F ∪A ∪H ∪ L ∪ C ∪ B.

Os diversos componentes do sistema climatico sao sistemas heterogeneos, caracterizados pelas

suas composicoes quımicas diferentes e por propriedades fısicas distintas.

A Atmosfera, a Hidrosfera, a Criosfera e a Biosfera formam uma cascata de sistemas ligados

por processos fısicos complexos, envolvendo fluxos de energia, de entropia, de momento angular

e de materia, atraves das respectivas fronteiras, de tal forma que o sistema climatico global e

altamente nao linear. Esta nao linearidade e, ainda, reforcada pelos numerosos mecanismos de

auto-realimentacao (feed-back).

2.2 Leis que regem o ecossistema terrestre

A Terra constitui um sistema fechado e nao isolado. E um sistema fechado porque nao ha

transferencia de materia com o universo complementar; e um sistema nao isolado porque recebe

energia radiante solar e emite, para o espaco, energia radiante no domınio do infravermelho,

como se pode ver na figura (1). No entanto, os subsistemas que a constituem sao sistemas

abertos quer para a massa quer para a energia.

As leis fundamentais que regem o comportamento do ecossistema terrestre e dos seus subsiste-

mas sao as Leis Universais da Fısica, nomeadamente, a Lei da Gravitacao, a Lei de Conservacao

da Massa, a Lei Fundamental da Dinamica, as Leis do Radiamento e o Primeiro e Segundo

Princıpios Fundamentais da Termodinamica.

A Lei da Gravidade manifesta-se em todos os fenomenos que envolvam massa desde o movi-

mento da propria Terra ate a queda dum grave na sua superfıcie.

A Lei Fundamental da Dinamica (2a lei de Newton) exprime a variacao da quantidade de

movimento em funcao das forcas que a produzem. A extensao desta Lei a dinamica dos fluıdos

foi realizado por Euler; sao estas equacoes que regem todos os fenomenos da dinamica dos

geofluidos.

As Leis do radiamento permitem analisar a influencia da energia radiante na fenomenologia

do ecossistema terrestre.

A Lei da Conservacao da Massa permite-nos aceitar que a massa total da Terra e constante.

4

Page 6: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

O mesmo se passa com a substancia agua, que e um componente comum a todos os subsistemas

do ecossistema terrestre.

Todos os processos que ocorrem no ecossistema terrestre envolvem transferencias ou trans-

formacoes de energia. Assim, da energia solar recebida pelo ecossistema terrestre, uma parte

e utilizada em aquecer os oceanos e a Litosfera, em manter a evaporacao e, em geral, o ciclo

hidrologico e em alimentar a fotossıntese; outra parte e utilizada em aquecer a propria Atmosfera

e gerar a fotodissociacao dos gases da Atmosfera. Finalmente, uma terceira parte, e reflectida e

reenviada para o espaco, nao participando na dinamica do ecossistema terrestre.

A quantidade de energia total mantem-se constante (Primeiro Princıpio) mas esta pode

apresentar-se sob diversas formas, com possibilidade de transformacao de umas nas outras.

O Primeiro Princıpio da Termodinamica fixa, exclusivamente, a quantidade total de energia,

mas nao determina a direccao da sua evolucao e das transformacoes entre as diversas formas que

apresenta. A direccao dessas transformacoes e determinada pelo Segundo Princıpio Fundamental

da Termodinamica.

A introducao do conceito entropia, S, permite especi-

d Se

d S > 0i

Fluxos e geracao de entropia no interior

de um sistema

ficar o sentido das transformacoes de energia. O Segundo

Princıpio pode enunciar-se em termos da entropia: A entro-

pia dum sistema isolado aumenta sempre, ou quando muito,

mantem-se constante, i.e.

dS ≥ 0 (1)

ou

∆S ≥ 0 (2)

Para um sistema aberto e nao isolado a variacao de entropia, dS, e igual a entropia gerada

no seu interior, diS, mais a entropia importada do exterior, deS, associada ao fluxo de massa e

de energia (Prigogine [1962]).

dS = deS + diS

diS ≥ 0(3)

A entropia aparece como um aferidor do grau de desorganizacao, ou de desordem dum sistema

e como um indicador do nıvel da “qualidade” da energia de que dispoe.

O Primeiro Princıpio Fundamental da Termodinamica afirma que a energia do Universo e

constante, e que nao pode ser criada nem destruıda; so a sua forma pode mudar. O Segundo

Princıpio, o Princıpio da Entropia, afirma que, em processos naturais, a energia so pode variar

5

Page 7: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

numa direccao unica, de uma forma de energia mais utilizavel para uma forma de energia menos

utilizavel (i.e. mais degradada).

2.3 Mecanismos geradores de entropia no ecossistema terrestre

Dadas as transformacoes quımicas e as transformacoes de energia, o ecossistema terrestre funci-

ona como uma central produtora de entropia. Importa energia solar de qualidade (com negan-

tropia) e exporta a mesma quantidade de energia, de origem terrestre, mas com maior entropia,

como mostraremos.

De facto, quando a radiacao solar interfere com a Atmosfera, observam-se varias trans-

formacoes de energia que conduzem a geracao de entropia. O fluxo de entropia segue o caminho

da degradacao sucessiva da radiacao solar incidente, ate a sua absorcao e transformacao em

energia interna, que vai aquecer o ecossistema terrestre. Depois, a entropia gerada e enviada

para o espaco exterior associada a energia radiante infravermelha emitida pela Terra.

Vejamos os processos que ocorrem no interior do ecossistema terrestre e que geram entropia.

Comecaremos por referir que o facto da Terra possuir uma Atmosfera e da substancia agua poder

existir nas suas tres fases tem, ja por si, uma importancia decisiva para o balanco energetico da

Terra e para a geracao e fluxo da entropia.

Na Atmosfera, as massas de ar mais quentes tendem a ascender e a mover-se para as regioes

mais frias, enquanto que as massas de ar mais frias tendem a subsidir e a deslocar-se para as

regioes do Globo mais quentes. Estes processos provocam modificacoes de massas de ar, com

o aquecimento das mais frias e o arrefecimento das mais quentes, donde resulta um aumento

consideravel de entropia da Atmosfera, ainda que localmente se possam verificar algumas dimi-

nuicoes.

Na regiao equatorial, 340 S < ϕ < 340 N, a energia recebida excede a energia emitida ,

enquanto que nas regioes das latitudes elevadas se verifica uma situacao inversa (Peixoto e

Oort, 1992). Deste modo, estabelecem-se diferencas de temperatura e de densidade do ar, que

conduzem a uma distribuicao nao uniforme de energia potencial que, assim, fica disponıvel para

se transformar na energia cinetica das circulacoes gerais planetarias.

A energia cinetica esta sujeita a uma dissipacao constante, devido ao atrito junto a superfıcie,

a turbulencia na camada limite planetaria e ao atrito interno nos nıveis superiores da Atmosfera.

Estas transformacoes, que sao irreversıveis, sucedem-se numa cascata progressiva de degradacao

ate ir aparecer, a escala molecular, sob a forma de calor e, portanto, com um aumento sucessivo

de entropia.

6

Page 8: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

A circulacao geral da Atmosfera transporta energia e humidade associada aos movimentos

das massas de ar. As massas de ar tropical, quentes e humidas, tendem, como se sabe, a des-

locar-se para Norte, e as massas de ar polar, frias e secas, tendem a mover-se para Sul, dando

origem a superfıcie frontal polar nas regioes de contacto das duas massas de ar. As superfıcies

frontais, zonas de separacao destas massas de ar, sao as principais responsaveis pelas condicoes

meteorologicas que se observam nas regioes das latitudes medias. Com a ascensao de ar tropical

quente e humido, ao longo da superfıcie frontal polar, verifica-se a sua expansao e o seu conse-

quente arrefecimento, que provoca a condensacao, com a libertacao do calor latente, e depois a

precipitacao. Com todas estas transicoes de fase verifica-se um forte aumento de entropia. Na

vizinhanca da superfıcie frontal fria, em que ha uma forte convergencia, estabelecem-se correntes

verticais ascendentes que conduzem a formacao de nuvens de grande desenvolvimento vertical

(cumulos e cumulo-nimbos) com forte precipitacao e, por vezes, com ocorrencia de trovoadas.

Todos estes processos sao fontes de geracao de entropia.

Durante o Inverno a superfıcie frontal polar, em cada hemisferio, desloca-se para latitudes

mais baixas, em direccao ao Equador e, a actividade frontal intensifica-se muito, com o conse-

quente aumento na geracao da entropia.

∗ ∗

A Hidrosfera apresenta, tambem, varios processos que levam a um aumento consideravel da

entropia. Assim, a corrente da Florida, que depois se transforma na corrente quente do Golfo,

transporta entalpia para Norte, o que vai amenizar o clima da Gra–Bretanha e da Escandinavia,

com o consequente aumento da entropia. A corrente fria de Humbolt, que se desenvolve no

Pacıfico, ao longo da costa da America do Sul, ao aproximar-se das regioes equatoriais, desloca-se

para Norte e depois para Oeste, ficando, assim, sujeita a um aquecimento que origina, tambem,

um aumento de entropia. As aguas do Antarctico, muito frias, descem, por subsidencia, ate

grandes profundidades e invadem os leitos do oceano Atlantico. Em todos estes casos as aguas

mais frias ao aquecerem ganham entropia, enquanto que, por sua vez, as correntes quentes ao

arrefecerem perdem entropia. Mas, o saldo final resultante e no sentido de um aumento global

da entropia.

Alem destes processos, temos que considerar outros, entre os quais destacamos: a) o balanco

da entropia gerada pela absorcao da radiacao solar nos oceanos e pela emissao da radiacao

infravermelha pelo Globo; b) as transformacoes geoquımicas que geram entropia; c) a dissipacao

da energia por mistura e por atrito; etc..

7

Page 9: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

∗ ∗

A Litosfera esta sujeita a uma forte interaccao com os outros componentes do ecossistema

terrestre, donde resulta uma meteorizacao e uma erosao consideraveis, a que corresponde um

aumento de entropia. Estes factores, associados ao transporte pelas torrentes e pelos rios dos

materiais desagregados e em dissolucao, pelo seu caracter eminentemente irreversıvel, tem vindo

a alterar e a modelar profundamente a fisiografia terrestre. Os agentes modeladores da crosta

terrestre, ao arredondarem montanhas, ou ao cavarem vales, mais ou menos profundos, estao a

contribuir para o aumento da entropia do ecossistema terrestre.

∗ ∗

A quantidade de energia radiante recebida pelo planeta Terra e igual a quantidade de energia

radiante cedida por este para o espaco exterior, como se infere da existencia de um equilıbrio

termico observado no decurso das epocas geologicas. E a recepcao contınua pela Terra de

energia solar de “qualidade” (baixa entropia) que permite a renovacao permanente dos fenomenos

naturais, incluindo a circulacao geral da Atmosfera, o ciclo hidrologico e o desenvolvimento e

renovacao da Biosfera. Sem esta renovacao permanente, dar-se-ia um aumento inevitavel de

entropia, que conduziria a uniformizacao global. Ora, verifica-se que, em princıpio, a energia

utilizavel na Terra tem vindo a manter o mesmo nıvel durante a sua historia; logo, podemos

aceitar que a variacao da entropia e praticamente nula (regime estacionario).

A fim de complementar algumas das consideracoes feitas sobre a radiacao e a entropia vamos

alargar, um pouco, a analise ja feita. A “qualidade” da radiacao solar de pequeno comprimento

de onda (λmax ≈ 0,47µm) pode ser comparada com a “qualidade” da radiacao infravermelha

de grande comprimento de onda, emitida pela Terra (λmax ≈ 10µm). Assim, de acordo com a

equacao de Planck, a energia, ε, dum fotao e dada por ε = hν, onde h e a constante de Planck

(h = 6,626 × 10−34J s) e ν e a frequencia da radiacao. Logo, os fotoes de origem solar sao mais

ordenados e tem maior energia que os de origem terrestre, menos ordenados e menos energeticos,

por isso, em termos de entropia, a radiacao solar tem menos entropia que a radiacao terrestre.

8

Page 10: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

3 As equacoes de balanco da entropia para a Atmosfera

3.1 Equacao geral de balanco de uma propriedade extensiva

A equacao de balanco duma propriedade extensiva, A, para um determinado sistema, S, com

fronteiras reais ou conceptuais, pode ser escrita da seguinte forma simbolica:

∆A + AS→U = δA, (4)

em que ∆A representa a variacao de A no referido sistema, AS→U representa o fluxo da proprie-

dade A, atraves das fronteiras do sistema, para o seu universo complementar, U , e δA representa

a taxa de geracao ou de destruicao da propriedade A no interior do sistema. Quando δA = 0 a

propriedade diz-se conservativa e a sua variacao no interior do sistema e compensada pelos fluxos

da propriedade atraves das fronteiras. Quando δA 6= 0 (ha fontes e sumidoiros da propriedade

A), nao ha equilıbrio entre a variacao e os fluxos atraves das fronteiras e a propriedade A diz-se

nao conservativa.

Vamos escrever de forma matematica, explıcita, a equacao (4) para a Atmosfera. Num meio

contınuo esta equacao aplica-se, em geral, a uma regiao fixa no espaco (volume de controlo)

ou a uma massa de controlo, que se desloque com o meio. Estes dois tipos de “subsistemas”

conduzem a dois formalismos distintos da mecanica dos meios contınuos, concretamente ao

formalismo euleriano, ou local, e ao formalismo lagrangeano, ou material (substancial).

Seja, uma regiao fixa no espaco de volume V limitado pela superfıcie Σ. Designemos por a

a densidade especıfica da propriedade A, logo, ρa representa a densidade absoluta (por unidade

de volume) da propriedade A, em que ρ e a densidade.

O fluxo AS→U e dado por∫∫

~J0a · ~ndΣ, em que ~J0

a representa a densidade de corrente e

~n e a normal unitaria exterior da superfıcie. Em grande parte dos casos, quando o fluxo e,

exclusivamente, convectivo, reduz-se a ρa~v. A taxa de geracao δA e dada por∫∫∫

σa dV , em

que σa representa a taxa de geracao ou destruicao da propriedade A por unidade de volume,

isto e σa ≡ ρ(da/dt). A taxa de variacao local, ∆A, e ∂∂t

∫∫∫

ρa dV . Por aplicacao do teorema

de Gauss a equacao (4) reduz-se a seguinte forma diferencial (local):

∂ρa

∂t+ div ~J0

a = σa, (5)

A forma substancial (material) da equacao de balanco especifica a taxa de geracao, σa, e

escreve-se:

ρda

dt=

∂ρa

∂t+ div (ρa~v). (6)

9

Page 11: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

A aplicacao da equacao (5) a energia, e, e a entropia, s, correspondem as formas diferenciais

locais do primeiro e segundo princıpio para um meio contınuo:

∂ρe

∂t+ div ~J0

e = 0, (7)

∂ρs

∂t+ div ~J0

s = σs ≥ 0, (8)

3.2 A equacao geral de balanco de entropia para a Atmosfera

A taxa de producao de entropia por unidade de massa, e, como se sabe, dada por:

ds

dt=

Q

T(9)

em que Q e a taxa de aquecimento diabatico, por unidade de massa, e T a temperatura (em

Kelvin).

O aquecimento diabatico da Atmosfera resulta do aquecimento devido ao calor de conducao,

a absorcao ou emissao da radiacao (de pequeno e de grande comprimento de onda), a libertacao

de calor latente associada as transicoes de fase e ao calor da dissipacao associado ao atrito.

Portanto, tem-se:

ds

dt= −

1

ρ

(

div ~J0

Q

T−

div ~Jrad

T+

`vρ(c − e)

T+

1

Tτ : grad~v

)

(10)

em que (c − e) representa o excesso da condensacao sobre a evaporacao, `v representa o calor

latente de vaporizacao. O ultimo termo representa a contribuicao devida a dissipacao, em que

τ e o tensor das tensoes do vento e ~v a velocidade do vento.

Depois de algumas transformacoes matematicas, recorrendo a igualdade (6), a equacao (10)

pode escrever-se na forma local de balanco:

∂ρs

∂t= −div (ρs~v) − div

(

~JQ

T+∑

k

~Jradk

T kemissao

)

+1

Tτ : grad~v −

grad T

T 2· ~JQ +

`vρ(c − e)

T+

disrad

dt. (11)

em que o termo associado a radiacao foi decomposto num fluxo −div

(

k

~Jrad

k

T k

emissao

)

e numa

taxa de geracao disrad/dt. Na Atmosfera existem dois tipos de fluxos radiativos, um que esta

associado a radiacao solar (pequeno comprimento de onda) e outro, que se refere a radiacao

infravermelha, emitida pelo Globo e pela Atmosfera (grande comprimento de onda). Dada

a natureza diferente destes dois tipos de radiacao e conveniente escrever a equacao anterior

individualizando os dois tipos de radiacao. Utilizando a notacao anglo saxonica as grandezas

10

Page 12: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

associadas a radiacao solar sao identificadas pelo super-escrito, sw (short wave), e as grandezas

associadas a radiacao terrestre pelo super-escrito, lw (long wave). Assim, vem:

∂ρs

∂t= − div (ρs~v) − div

(

~JQ

T+

~Jsw

T swemissao

+∑

k=2

~J lw

T lwemissao

)

+D

T−

gradT

T 2· ~JQ

+`vρ(c − e)

T+

dissw

dt+

dislw

dt. (12)

em que D = τ : grad~v, representa a dissipacao. A manutencao do somatorio, no termo associado

aos grandes comprimentos de onda, justifica-se por causa dos diversos componentes do sistema

climatico, que estando a temperaturas diferentes, emitem radiacao infravermelha de comprimen-

tos de onda, tambem, diferentes. Ja com a radiacao de pequeno comprimento de onda a unica

fonte significativa e o Sol.

Integrando a relacao anterior para uma porcao da Atmosfera, e utilizando o teorema de

Gauss, obtem-se a seguinte equacao:

∂t

∫ ∫ ∫

ρs dV = −

∫ ∫

ρs~v · ~n dΣ −

∫ ∫

(

~JQ

T+

~Jsw

T swemissao

+∑

k=2

~J lw

T lwemissao

)

· ~n dΣ

+

∫ ∫ ∫

(D

T−

gradT

T 2· ~JQ +

`vρ(c − e)

T+

dissw

dt+

dislw

dt) dV, (13)

em que ~n representa a normal unitaria exterior a superfıcie, que limita a regiao considerada.

O primeiro membro desta equacao representa a variacao temporal local da entropia da regiao.

Os termos com integrais duplos, do segundo membro, representam os fluxos de entropia atraves

da fronteira, que sao constituıdos, respectivamente, por uma forma convectiva (associada a

massa) e por uma componente nao convectiva associada ao fluxo de radiacao e ao transporte de

calor. Os termos do integral triplo representam as varias formas de geracao interna de entropia.

E interessante notar que, formalmente, esta equacao e a equacao do Segundo Princıpio da

Termodinamica, na formulacao de Prigogine (equacao 3). E a equacao geral que pretendıamos

obter e que poe em destaque os termos de geracao (integranda do integral triplo) e os termos de

transferencia (integrais duplos).

3.2.1 Equacao de balanco global para a Atmosfera

Quando se considera toda a Atmosfera, a equacao (13) toma uma forma simples, visto que, a

fronteira da Atmosfera e constituıda por duas superfıcies com continuidade cıclica: a superfıcie

do Globo e o topo da Atmosfera.

O fluxo de massa atraves das fronteiras da Atmosfera e praticamente nulo, podendo entao,

desprezar-se o fluxo convectivo de entropia. Por outro lado, em regime estacionario, ou para

11

Page 13: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

perıodos de tempo suficientemente longos, o 10 membro da equacao (13) e, tambem, nulo. Assim,

em media, para toda a Atmosfera, o fluxo de entropia, associado a radiacao solar e terrestre

e a difusao de calor, e compensado pela geracao interna de entropia devida a difusao de calor,

ao atrito, a libertacao de calor latente e a absorcao da radiacao solar e terrestre. Neste caso, a

equacao geral reduz-se a:

∫ ∫

topo

(

~Jsw

T swemissao

+∑

k=2

~J lw

T lwemissao

)

· ~k dΣ

+

∫ ∫

sup

(

~JQ

T+

~Jsw

T swemissao

+∑

k=2

~J lw

T lwemissao

)

· ~k dΣ =

=

∫ ∫ ∫

Atmosfera

(D

T−

grad T

T 2· ~JQ +

`vρ(c − e)

T+

dissw

dt+

dislw

dt) dV, (14)

em que ~k representa o vector unitario na direccao da vertical do lugar.

Vamos definir uma grandeza F , que represente o fluxo total resultante de um determinado

modo de energia, atraves de cada uma das fronteiras da Atmosfera, isto e,

F = ±

∫ ∫

topo

~J · ~k dΣ,

em que o sinal + ou − e escolhido por forma a que a grandeza F seja sempre positiva.

Para avaliar os varios termos de transferencia, pode recorrer-se ao teorema da media e intro-

duzir uma temperatura fictıcia de referencia apropriada,?T , que designamos por temperatura

equivalente1, definida por:

1?T

= ±

∫∫

(1/T ) ~J · ~k dΣ

F. (15)

Com a introducao desta temperatura fictıcia os fluxos de entropia nas fronteiras da Atmosfera

podem escrever-se:

1. No “topo” da Atmosfera:

∫ ∫

topo

~Jsw

T swemissao

· ~k dΣ =Fsw

topo

?Tsol

,

∫ ∫

topo

~J lw

T lwemissao

· ~k dΣ = −F lw1

topo

?TAtmosfera

−F lw2

topo

?Tnuvens

−F lw3

topo

?TGlobo

.

1Esta temperatura nao e a temperatura equivalente definida na termodinamica do ar humido. O termo

“equivalente” surge, aqui, da necessidade de designar uma grandeza fısica com dimensoes de temperatura e que

seria, de facto, igual a temperatura media se o fluxo de energia se distribuısse uniformemente.

12

Page 14: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

2. A superfıcie do Globo.∫ ∫

sup

~Jsw

T swemissao

· ~k dΣ = −Fsw

sup

?Tsol

,

∫ ∫

sup

~J lw

T lwemissao

· ~k dΣ =F lw

sup

?TGlobo

,

∫ ∫

sup

~JQ

T· ~k dΣ =

FQsup

?TQ

Globo

.

Estas expressoes mostram que o fluxo de entropia no topo da Atmosfera, associado a radiacao

infravermelha, e composto por tres termos: um associado a radiacao emitida pela Atmosfera,

cerca de 54% da radiacao infravermelha emitida para o espaco; outro referente a emissao pelo

topo das nuvens, (cerca de 37% da radiacao infravermelha); e, por ultimo, um ligado a radiacao

infravermelha emitida pelo Globo e que atravessa incolume a Atmosfera atraves da janela espec-

tral: 8,5–11µm (corresponde a cerca de 9% da radiacao infravermelha), Peixoto e Oort [1992].

A equacao (14) pode, entao, escrever-se da seguinte forma abreviada:

Fswtopo

?Tsol

−F lw1

topo

?TAtmosfera

−F lw2

topo

?Tnuvens

−F lw3

topo

?TGlobo

−Fsw

sup

?Tsol

+F lw

sup

?TGlobo

+F

Qsup

?TQ

Globo

=

=

∫ ∫ ∫

(σQ + σatrito + σlw + σsw + σcl) dV, (16)

em que os σ’s representam fontes de entropia por unidade de volume. O subındice cl refere-se

ao calor latente; isto e, σcl representa a geracao de entropia por unidade de volume associada as

transicoes de fase.

∗ ∗

Como vimos (equacao 13) os termos de geracao de entropia estao associados aos integrais de

volume da regiao em estudo. Para os termos de fluxo definiu-se uma temperatura equivalente,

caracterıstica da fronteira da regiao, que permitiu, de forma mais intuitiva, relacionar os fluxos

de energia com os fluxos de entropia correspondentes.

Tambem, neste caso, convem definir uma temperatura fictıcia equivalente, para todo o vo-

lume da regiao, para cada um dos termos de geracao, usando expressoes semelhantes a expressao

(15). Assim, os termos de geracao podem ser calculados recorrendo a estas temperaturas fictıcias.

Por exemplo, se for ESol a radiacao solar absorvida pela Atmosfera e?Tabs a temperatura ca-

racterıstica de absorcao solar, entao a geracao de entropia e dada por:∫∫∫

σsw dV = (1

?Tabs

−1

?TSol

)ESol.

13

Page 15: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

No caso da libertacao de calor latente a geracao de entropia calcula-se:∫∫∫

σcl dV =

∫∫∫

`vρ(c − e) dV?Tcl

,

em que?Tcl representa a temperatura caracterıstica das regioes onde ocorre a libertacao do calor

latente.

3.2.2 Interpretacao das temperaturas equivalentes

Tal como foram definidas, as temperaturas equivalentes fictıcias, para uma dada propriedade,

sao dadas pelos valores medios pesados, dessa propriedade, com o peso, 1/T , estendido a toda o

seu domınio de existencia (as propriedades podem ser fluxos estendidos a fronteiras, ou geracoes

estendidas a volumes, etc.).

A utilizacao deste conceito requere o conhecimento detalhado das temperaturas e das pro-

priedades em toda a Atmosfera, o que e manifestamente impossıvel. Teve, por isso, que se

contornar esta dificuldade.

Os resultados preliminares obtidos utilizando, exaustivamente, os dados disponıveis, referidos

no inıcio do proximo capıtulo, mostraram que se pode usar as temperaturas medias espaciais das

regioes onde os fenomenos ocorrem, sem que, com isso, os resultados sejam, significativamente,

alterados. Com efeito, se for T a temperatura media e ∆T a diferenca entre a temperatura

equivalente e a temperatura media, temos:

F?T

=F

T (1 + ∆T/T )∼=

F

T−

∆T

T(F

T) ∼=

F

T

ja que a variacao ∆T/T e muito pequena. Assim, quando necessario, e para os mesmos intervalos

de tempo, podem utilizar-se as temperaturas medias das regioes onde os processos ocorrem, em

vez das temperaturas fictıcias equivalentes, sem que, se venham a afectar, significativamente, os

valores reais.

3.2.3 Balanco zonal

Para uma regiao limitada da Atmosfera e ao contrario do que se passa para toda a Atmosfera ha

que considerar os fluxos convectivos de entropia. Assim, o 10 termo do 20 membro da equacao

geral (13) nao e nulo. Vamos relacionar, como convem, o fluxo convectivo de entropia com os

fluxos convectivos de energia (a entalpia e a energia potencial).

Trata-se, portanto, de avaliar o termo:∫ ∫

ρs~v · ~n dΣ (17)

14

Page 16: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

que aparece na equacao (13).

Consideremos uma regiao zonal, limitada por uma parede latitudinal, Σ, ao longo de um

paralelo de latitude ϕ, que se estende da superfıcie do Globo ao topo da Atmosfera. Neste caso,

admitindo que o equilıbrio e hidrostatico, a expressao anterior (17) reduz-se a:

2πR

gcos ϕ

∫ ps

0

sv dp

em que v representa a componente meridional do vento, R o raio da Terra, p a pressao e g

a aceleracao de gravidade. Podemos, assim, calcular o fluxo de entropia, a partir dos fluxos

meridionais de entalpia e de energia potencial, ou seja:

2πR

gcos ϕ

∫ ps

0

sv dp =2πR

gcosϕ

∫ ps

0

(cp + gz)

Tdp (18)

em que cp e o calor especıfico a pressao constante, z a altitude e g a aceleracao da gravidade. A

energia potencial, φ = gz, esta relacionada, como se sabe, com a energia interna e a entalpia do

sistema, quando se considera a Atmosfera em equilıbrio hidrostatico. Assim, para esta parede

latitudinal, o fluxo convectivo de entropia sera calculado pela soma dos fluxos de entalpia e de

energia potencial, divididos pela temperatura media, na vertical, da fronteira.

∗ ∗

Com base nestas equacoes, nas observacoes de altitude e de outras grandezas a superfıcie

efectuadas na rede meteorologica mundial, vamos procurar quantificar a entropia associada aos

varios processos que ocorrem na Atmosfera e efectuar, em seguida, o seu balanco. Muitas vezes

tivemos que inferir dados, necessarios para os calculos, que nao estao imediatamente disponıveis.

Nestas circunstancias, procuramos, sempre, justificar os fundamentos dessa decisao.

4 Balancos de entropia observados na Atmosfera

4.1 Natureza dos dados de base

O calculo dos varios termos da equacao (16) e, portanto, a determinacao do balanco da entropia

depende do balanco da energia, para alem de outros factores. Por isso, tornou-se necessario

comecar por avaliar os balancos de energia, para varias regioes e para varios intervalos de

tempo, visto que nao existem, publicados, valores dos balancos com este pormenor.

15

Page 17: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Os dados usados neste trabalho provem, essencialmente, de quatro fontes distintas. Estas

sao, por ordem de importancia: Peixoto e Oort [1984]; Oort e Peixoto [1983]; Newell et al [1974]

e, por ultimo, os dados do aquecimento diabatico provenientes do GLA2 da NASA.

A distribuicao da temperatura observada na Atmosfera assim como todos os fluxos convec-

tivos de energia no interior da Atmosfera sao os provenientes de Peixoto e Oort [1983]; Oort e

Peixoto [1983].

Newell apresenta distribuicoes latitudinais dos diversos termos do aquecimento diabatico.

Infelizmente, nao separa as radiacoes de grandes e pequenos comprimentos de onda, embora,

apresente aquecimentos radiativos, que resultam da integracao duma forma simplificada da

equacao de transferencia radiativa, utilizando perfis medios de temperatura, de vapor de agua,

de ozono e uma distribuicao media de nuvens. A distribuicao da libertacao de calor latente

assenta, essencialmente, no valor observado do excesso da precipitacao sobre a evaporacao e na

distribuicao vertical e latitudinal das nuvens.

Os dados provenientes do GLA da NASA sao resultados do programa GARP3 para o perıodo

de 6 de Janeiro a 4 de Fevereiro de 1979. Esses resultados resultam da integracao dum modelo

de circulacao global (GCM) de quarta ordem, numa malha de 4×5 graus latitude–longitude

para 11 nıveis. A informacao global oriunda deste modelo e a seguinte: a radiacao de pequeno

comprimento de onda; a radiacao infravermelha; o calor sensıvel e o calor latente. O modelo

utilizado no GLA toma em consideracao as multiplas difusoes da radiacao solar, a absorcao da

radiacao solar pelo ozono e pelo vapor de agua e utiliza um albedo variavel para as nuvens e o

solo. A radiacao infravermelha e obtida fazendo uso duma transmissividade pre calculada para

o O3 e o CO2, considerando uma descricao detalhada da sua absorcao pelo vapor de agua.

∗ ∗

Um estudo completo sobre a entropia exige o conhecimento pormenorizado do aquecimento

diabatico da Atmosfera; concretamente, o aquecimento radiativo de pequeno e grande compri-

mento de onda, a libertacao do calor latente e o aquecimento associado a difusao do calor.

Apesar da importancia do aquecimento diabatico, nao existe nenhum metodo directo de

observar a taxa de aquecimento da Atmosfera. Existem, contudo, dois metodos, indirectos,

de calcular esse aquecimento. Num, o aquecimento diabatico e determinado como um termo

residual da equacao do Primeiro Princıpio da Termodinamica. Noutro, cada componente do

2Goddard Laboratory for Atmospheres3Global Atmospheric Research Program.

16

Page 18: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

aquecimento diabatico e calculada atraves do uso de parametrizacoes, recorrendo a modelos

numericos. Ao contrario do metodo termodinamico, o recurso aos modelos GCM permite estudar

o comportamento individual de cada componente do aquecimento e nao, apenas, o global. Foi

o que se pretendeu fazer neste trabalho.

4.2 Balanco da energia do ecossistema terrestre

Em media, a energia recebida pela a Atmosfera e pelo ecossistema terrestre tera que ser igual a

energia exportada. visto que, para grandes intervalos de tempo, ambos os sistemas se encontram

em equilıbrio termico. Para a determinacao do balanco global da entropia vamos recorrer aos

balancos energetico medio da Atmosfera e do ecossistema terrestre, apresentados por Peixoto e

Oort [1992].

Nuvens

Nuvens

Atmosfera10,3

54,7

342 20,5 68,4 13,7 88,9 20,5 130

51,3

23,9

78,7

174,4 71,8Radiação

solar Radiaçãoinfravermelha

Calorsensível Calor

latente

Radiação solar reflectida Radiação infravermelha

Figura 2: Balanco energetico. Os valores de energia estao em W/m2. Adaptado de Peixoto e Oort [1992].

A energia solar, que incide, perpendicularmente, no topo da Atmosfera, por metro quadrado

e por segundo, e de 1,37× 103 J. Mas, quando se considera todo o Globo o valor medio reduz-se

a um quarto deste valor, ou seja 342 W/m2.

17

Page 19: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Assim, dos 342 W/m2, inicialmente incidentes, 102,6 W/m2 nao participam no processo ener-

getico, por serem reflectidos para o espaco (68,4 W/m2 por reflexao das nuvens, 20,5 W/m2

por retrodifusao pela Atmosfera e 13,7 W/m2 pela superfıcie do Globo); 65 W/m2 sao absorvi-

das pela Atmosfera (54,7 W/m2 pela Atmosfera limpa e 10,3 W/m2 pelas nuvens); os restantes

174,4 W/m2 sao absorvidos pelo Globo.

Parte desta energia absorvida pelo Globo e emitida sob forma de energia radiante infraver-

melha. O valor resultante da radiacao efectiva emitida pelo Globo e da ordem de 71,8 W/m2,

dos quais 51,3 W/m2 sao absorvidos pela Atmosfera e 20,5 W/m2 sao reenviados para o espaco.

Os restantes 102,6 W/m2 sao transferidos da superfıcie do Globo para a Atmosfera, sob a forma

de fluxos de calor sensıvel, 23,9 W/m2, e de calor latente, 78,7 W/m2.

A Atmosfera sem nuvens, por seu lado, tambem emite energia radiante infravermelha para o

espaco, que se pode avaliar em 130 W/m2, ao mesmo tempo que as nuvens emitem 88,9 W/m2.

Como se ve, o valor inicial de 342 W/m2 da radiacao solar incidente e compensado pela re-

flexao e retrodifusao de 102,6 W/m2 da radiacao solar e pela emissao de 239,4 W/m2 de radiacao

infravermelha terrestre.

Quando se considera, so, a Atmosfera verifica-se que esta recebe 71,8 W/m2 de radiacao

infravermelha, proveniente do Globo, mas perde para o espaco 239,4 W/m2. Apresenta um

deficit de 167,6 W/m2 relativo a radiacao infravermelha, que, so, em parte, e compensado pela

absorcao de 65 W/m2 da radiacao solar. O deficit radiativo final da Atmosfera e de 102,6 W/m2,

que e compensado pelos fluxos de calor sensıvel e calor latente.

4.3 Balanco de Entropia a escala planetaria

Com base no balanco da energia anterior pode calcular-se o balanco medio da entropia. O fluxo

de energia solar, reflectida pela Terra para o espaco, nao e considerado no balanco, visto essa

energia nao participar na energetica global. Por isso, aceitamos que o fluxo lıquido da radiacao

solar no topo da Atmosfera e 239,4 W/m2, em vez dos 342 W/m2.

Para calcular a entropia associada a cada um dos fluxos de energia, representados na figura

(2), tem que, associar-se, a cada um deles, uma temperatura equivalente (equacao 16). Co-

mecemos por determinar os fluxos de entropia atraves das fronteiras superior (topo) e inferior

(Globo) da Atmosfera.

a) Topo da Atmosfera

O Sol emite, aproximadamente, como um corpo negro a uma temperatura de 6 000 K (as tem-

peraturas efectiva e de cor sao, respectivamente, 5 800 K e 6 110 K). O valor mais baixo da

18

Page 20: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

temperatura efectiva resulta da absorcao da radiacao solar pelas camadas exteriores do Sol. Por

isso, a temperatura de cor e a que, melhor determina a temperatura de emissao da radiacao solar

e, consequentemente, a “qualidade” da radiacao e e esta que vamos tomar para temperatura

equivalente da radiacao solar. Assim, o fluxo lıquido de entropia associado a radiacao solar, no

topo da Atmosfera, e 39,2 mWm−2K−1.

Para o fluxo de radiacao infravermelha, emitida pelas nuvens, pode usar-se como temperatura

equivalente, a temperatura media do topo das nuvens. Utilizando a distribuicao de nuvens

apresentada por Newell et al [1974] e a distribuicao de temperaturas de Oort e Peixoto [1983]

obteve-se a temperatura media de 259 K. Logo, o fluxo de entropia associado a esta parcela e de

−343 mWm−2K−1 (o sinal menos serve para salientar que a entropia e exportada).

A radiacao infravermelha emitida pelo Globo, e que atravessa a Atmosfera sem ser absorvida,

atribui-se a temperatura media da superfıcie do Globo, i.e. 288 K (Oort e Peixoto [1983]). Nestas

condicoes o fluxo de entropia correspondente e −71,2 mWm−2K−1.

Para temperatura caracterıstica da radiacao infravermelha emitida pela Atmosfera para o

espaco, usa-se a temperatura media da Atmosfera, 252 K (Oort e Peixoto [1983]). O fluxo de en-

tropia associado a radiacao infravermelha emitida pela Atmosfera e, entao, de −516 mWm−2K−1.

∗ ∗

Da analise anterior depreende-se que a importacao de entropia no topo da Atmosfera (fron-

teira superior da Atmosfera e fronteira do ecossistema terrestre), e de 39,2 mWm−2K−1 e que

a exportacao total e igual a 930,2 mWm−2K−1. Comparando estes valores, verifica-se que, o

ecossistema terrestre exporta cerca de 24 vezes o valor da entropia que importa, embora exporte

uma quantidade de energia igual a que recebe (ver figura 2).

b) Fronteira inferior da Atmosfera

Aos fluxos radiativos da radiacao solar, que se observam a superfıcie do Globo, e da radiacao

infravermelha estao, respectivamente, associados os fluxos de entropia: −28,5 mWm−2K−1 e

249 mWm−2K−1 (ver figura 3). As temperaturas de referencia utilizadas para o calculo foram,

como ja referimos, 6110 K e 288 K, respectivamente.

Alem dos fluxos radiativos, ha que considerar, ainda, a entropia associada ao fluxo de calor

sensıvel do Globo para a Atmosfera. Tomando para temperatura de referencia a temperatura

media a superfıcie do Globo, 288 K, o fluxo de entropia correspondente e 83 mW/m2. Se, em

vez da temperatura media da superfıcie, tivessemos calculado a temperatura equivalente, com

19

Page 21: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

base na integracao numerica da relacao (15), usando a distribuicao de temperaturas de Oort

e Peixoto [1983] e a distribuicao de aquecimento da camada limite fornecida por Newell et al

[1974], obtinha-se um resultado final muito semelhante, dado que a temperatura equivalente

seria ligeiramente superior, 289 K. Este pequeno exercıcio serviu para confirmar a hipotese de

trabalho que formulamos, isto e, as temperaturas de referencia podem, sem grande erro, ser

substituıdas pelas temperaturas medias.

c) Geracao de entropia na Atmosfera

O Globo Terrestre recebe entropia no valor de 28,5 mWm−2K−1 e exporta uma entropia de

332 mWm−2K−1, isto e, cerca de 12 vezes mais do que a que recebe. O contraste entre estas

duas razoes de exportacao/importacao (respectivamente 12 e 24 vezes), quando se considera o

ecossistema total, faz ressaltar a importancia da Atmosfera como uma “central” produtora de

entropia, em todo o sistema climatico.

De acordo com a equacao (16) a geracao da entropia, no interior da Atmosfera, e igual a

diferenca entre a entropia exportada e a entropia importada pela Atmosfera. Em face dos fluxos

de entropia calculados para o topo da Atmosfera e para a superfıcie do Globo a geracao de

entropia no interior da Atmosfera e de 588 mWm−2K−1.

Estes resultados estao representados na parte superior e inferior da figura (3).

4.4 Geracao de entropia pelos processos irreversıveis da Atmosfera

A geracao de entropia no interior da Atmosfera, cujo valor medio total se acaba de apresentar,

resulta dos numerosos processos irreversıveis, que ocorrem no seu interior e que caracterizam

as condicoes meteorologicas (estado do tempo). A tarefa de dissecacao da fenomenologia da

Atmosfera e da avaliacao da entropia, correspondente aos varios processos irreversıveis, e muito

difıcil e exige hipoteses de trabalho que devem assentar, firmemente, na Termodinamica.

Vamos, entao, tentar estimar, separadamente, o valor da geracao de entropia para os varios

fenomenos irreversıveis que ocorrem no interior da Atmosfera. Os valores que se vao obtendo

estao colocados em “caixas”, na figura (3).

A Atmosfera, atraves dos seus constituintes, especialmente, do ozono, O3, na regiao do visıvel

e ultravioleta, do vapor de agua, H2O, do dioxido de carbono, CO2 e, tambem, do ozono na

zona do infravermelho proximo, absorve radiacao solar e terrestre. No que se expoe considera-

-se a temperatura media da Atmosfera, 252 K, como temperatura caracterıstica dessa absorcao.

Assim, as geracoes de entropia associadas a absorcao da radiacao solar e da radiacao terrestre

sao, respectivamente, 247 mWm−2K−1 e 25,4 mWm−2K−1.

20

Page 22: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

i

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=239,4 W/m²E/T=39,2 mW/m²K

T=259 KE=88,9W/m²E/T=343 mW/m²K

T=252 KE=130 W/m²E/T=516 mW/m²K

T=6110 KE=174,4 W/m²E/T=28,5 mW/m²K

T=288 KE=23,9 W/m²E/T=83 mW/m²K

T=288 KE=20,5 W/m²E/T=71,2 mW/m²K

topo topo

lw1 Flw2 F

topolw3 Fsw F

topo

T=288 KE=71,8 W/m²E/T=249 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Nuvens Atmosfera Globo

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=252 KE=65 W/m² =247 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=252 KE=51,3 W/m² =25,4 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=266 KE=78,7 W/m² =296 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=280 KE=23,9 W/m² =2,37 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=280 KE=1,9 W/m² =6,79 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 578 mW/m²KσΣi i

TΣi

Σ E ET -588 mW/m²K

suptopoi

i

i

i

Figura 3: Apresentam-se os fluxos de entropia e de energia atraves da fronteira da Atmosfera, assim como, a temperatura equivalente correspondente a cada um

desses fluxos. Estao, tambem, representadas as taxas de geracao de entropia pelos diversos processos irreversıveis que ocorrem na Atmosfera.

21

Page 23: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

A geracao de entropia associada aos fenomenos de condensacao, no interior da Atmosfera,

com a libertacao de de calor latente (78,7 W/m2) e de 296 mWm−2K−1 e foi determinada, acei-

tando que a precipitacao media a superfıcie do globo e de 1 m/ano. Este valor foi calculado,

usando uma temperatura caracterıstica de 266 K, obtida a partir da integracao numerica da

definicao de temperatura equivalente, utilizando a distribuicao de aquecimento diabatico, asso-

ciado ao calor latente, fornecida por Newell et al [1974] e o perfil de temperaturas de Oort e

Peixoto [1983].

No termo associado a difusao de calor incluem-se as misturas de massas de ar e outros

fenomenos de pequena escala, que nao sao possıveis de avaliacao explicita. Por isso considera-

se, apenas, a geracao na camada limite da Atmosfera, associada ao aquecimento, pelo Globo.

Aceita-se, entao, que, o calor sensıvel transferido do Globo para a Atmosfera, 23,9 W/m2, (fi-

gura (2)) vai aquecer a camada 1000-850 hPa, cuja temperatura media e 280 K, que se toma

como temperatura caracterıstica. Logo, a geracao de entropia associada a este processo sera

2,37 mWm−2K−1.

Por ultimo, a geracao de entropia associada a energia dissipada por atrito (1,9 W/m2, Peixoto

e Oort [1984]) foi avaliada em 6,8 mWm−2K−1. Utilizou-se para o calculo deste valor a tempe-

ratura media de 280 K da camada 1000–850 hPa. Nao se tomou em consideracao a dissipacao

que se observa nas correntes de jacto e na alta Atmosfera.

Os resultados finais com a caracterizacao termodinamica de cada um dos processos estao,

tambem, representado nas “caixas” da figura (3).

∗ ∗

A soma dos valores da geracao de entropia, que se acabaram de avaliar, separadamente, con-

duz a uma geracao global de entropia igual a 578 mWm−2K−1. Este valor e inferior ao valor cal-

culado, anteriormente, a partir dos fluxos de entropia nas fronteiras, que era de 588 mWm−2K−1.

A diferenca, alias muito pequena, deve atribuir-se a processos que nao foram considerados (v.g

misturas de massas de ar, ao calculo das temperaturas caracterısticas e a outras causas, possıveis,

de erro).

4.5 Avaliacao da sensibilidade dos resultados as temperaturas caracterısticas

Nas determinacoes da entropia as temperaturas caracterısticas escolhidas envolveram um certo

grau de arbitrariedade. Ja se mencionou em §3.2.2 que pequenas flutuacoes das temperaturas nao

22

Page 24: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

influenciariam, significativamente, os resultados. Para aclarar este ponto fizeram-se estimativas

dos termos de geracao, empregando diversas temperaturas. Os resultados apresentam-se na

Tabua 1.

Tabela 1: Influencia das temperaturas nas estimativas da geracao de entropia nos diversos processos irre-

versıveis. Nas colunas da esquerda apresentam-se as temperaturas, em Kelvin, e nas colunas da

direita apresentam-se os valores das geracoes em, mWm−2K−1.

radiacao solar rad. terrestre calor latente difusao atrito

T σ T σ T σ T σ T σ

248 251 248 28,7 262 300 276 3,61 276 6,88

250 249 250 27,1 264 298 278 2,99 278 6,83

252 247 252 25,4 266 296 280 2,37 280 6,79

254 245 254 23,8 268 294 282 1,77 282 6,74

256 243 256 22,3 270 291 284 1,17 284 6,69

Como se pode apreciar o termo de maior variacao relativa (aproximadamente 100% para

uma variacao de 8 K) e o termo associado a difusao de calor, bastante apreciavel em termos re-

lativos; acontece, porem, que em termos absolutos e muito pequeno. Os termos seguintes, mais

afectados pela escolha de temperaturas, sao os termos associados a absorcao da radiacao infra-

vermelha e ao atrito, cujas variacoes relativas (cerca de 25% para uma variacao de temperatura

de 8K) sao, contudo, muito inferiores ao termo da difusao. A sensibilidade dos outros termos

nao e significativa. Assim, para uma variacao de 8 K de temperatura, os termos referentes a

absorcao da radiacao solar e a libertacao do calor latente apresentam uma variacao relativa de

aproximadamente 3%. As variacoes dos σ’s sao, portanto, pequenas e as principais conclusoes

nao sao afectadas, significativamente, pela seleccao das temperaturas caracterısticas, desde que

a escolha seja criteriosa e fundamentada.

4.6 Sıntese do balanco global

Vamos, agora, fazer uma analise do balanco da entropia, cuja sıntese esta contida na figura (3).

Ja referimos que, o ecossistema terrestre e a Atmosfera, para perıodos de tempo suficiente-

mente longos, estao em equilıbrio energetico, isto e, exportam a mesma quantidade de energia,

que importam. No entanto, para a entropia, como mostra a figura (3), nao se verifica o equilıbrio:

tanto o Globo, como a Atmosfera, exportam muito mais entropia do que aquela que importam.

O ecossistema terrestre recebe 39,2 mWm−2K−1 de entropia, associada a radiacao solar, e

23

Page 25: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

exporta 930,2 mWm−2K−1 de entropia, associado a radiacao infravermelha, composta pelas tres

componentes emitidas: a) pelas nuvens; b) pelo Globo; e c) pela Atmosfera (343 mWm−2K−1,

71,2 mWm−2K−1 e 516 mWm−2K−1, respectivamente). O excesso de negantropia (891 mWm−2K−1),

permite a existencia de processos irreversıveis no interior do ecossistema terrestre (Atmosfera,

Litosfera, Hidrosfera e Biosfera). A razao entre a entropia exportada (associada a radiacao ter-

restre) e a entropia importada (associada a radiacao solar) e 930,2/39,2=24; portanto, a Terra

exporta uma entropia 24 vezes superior a entropia que importa

A Atmosfera, por seu lado, recebe atraves das suas fronteiras superior e inferior uma entropia

igual a 371,2 mWm−2K−1 e exporta uma entropia no valor de 958,7 mWm−2K−1. A negantropia

resultante, 587,5 mWm−2K−1, permite a existencia de varios processos irreversıveis que modelam

o clima terrestre e tornam possıvel a renovacao da Biosfera, etc..

A razao entre a entropia exportada pela Atmosfera e a entropia recebida e, apenas, 2,6.

Este valor e muito pequeno, quando comparado com a razao global anterior de 24. No en-

tanto, estas razoes, nao tem grande significado fısico. O que e importante e a negantropia

disponıvel, que tem, na Atmosfera, o valor mais elevado (588 mWm−2K−1) de todos os subsis-

temas do sistema climatico. Basta notar que e esta negantropia que alimenta os fenomenos

meteorologicos e a sua variabilidade, processos altamente entropizantes. Com efeito, da ne-

gantropia disponıvel (587,5 mWm−2K−1), uma parte substancial e utilizada na absorcao da ra-

diacao solar (247 mWm−2K−1) e na libertacao de calor latente (296 mWm−2K−1). A absorcao

da radiacao infravermelha gera, por seu lado, entropia, com uma ordem de grandeza inferior

(25,4 mWm−2K−1) e, por ultimo, as geracoes de entropia associadas, quer ao atrito quer a di-

fusao de calor sao ainda menores (6,79 mWm−2K−1 e 2,37 mWm−2K−1, respectivamente). O

restante da negantropia, 10 mWm−2K−1, pode atribuir-se a sua utilizacao por fenomenos nao

contabilizados (e.g. misturas de massas de ar).

A razao entre a entropia exportada, 332 mWm−2K−1, e a importada, 28,5 mWm−2K−1, pelo

Globo e da ordem de 12; mas, a negantropia disponıvel para o Globo e, apenas, 304 mWm−2K−1,

muito inferior a da Atmosfera (588 mWm−2K−1). Aquela negantropia, por ser uma propriedade

aditiva, vai ser distribuida pelos subsistemas que constituem o Globo: Litosfera, Criosfera e

Biosfera, o que confirma e reforca a nossa afirmacao de que a Atmosfera e o subsistema fenome-

nologicamente mais activo de todo o sistema climatico.

∗ ∗

E interessante acentuar que uma analise elementar do balanco da entropia, baseada na ex-

24

Page 26: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

pressao do Segundo Prıncipio da Termodinamica, conduz a valores compatıveis com o resultado

atras obtido. Assim, admitindo que o Planeta Terra esta em equilıbrio termico, a entropia asso-

ciada a radiacao solar, ∆SSol = ∆Q/TSol, e da ordem de 24 vezes a entropia emitida pela Terra,

∆STerra = ∆Q/TTerra. De facto, por ∆Q ter o mesmo valor, tem-se:

∆STerra

∆SSol

=TTerra

TSol

≈6 000

250= 24

4.7 Distribuicao tridimensional da geracao da entropia a escala planetaria

4.7.1 O aquecimento diabatico e a geracao de entropia

Os balancos e a geracao de entropia apresentados poderiam calcular-se mais facilmente se exis-

tisse um estudo integrado do aquecimento diabatico e dos fluxos de energia nas fronteiras da

Atmosfera, como referimos anteriormente em §3.2.2. Os unicos resultados, do aquecimento

diabatico a que tivemos acesso, e, so para um mes de Inverno, foram obtidos por Salstein que

mencinamos atras. E certo que, dada a grande complexidade do problema estes resultados para

um unico mes (6 Janeiro a 4 de Fevereiro de 1979), em termos globais, nao sao tao validos como

sao os valores medios utilizados. No entanto, estes resultados, ainda que referentes a um mes,

permitem obter uma ideia da representacao tridimensional da geracao de entropia.

4.7.2 A distribuicao tridimensional da geracao da entropia associada a radiacao

solar

Os resultados que obtivemos, com os dados atras referidos, estao representados nas figuras (4)

e (5). Estas analises dao a distribuicao vertical e horizontal da geracao de entropia associada

a absorcao da radiacao solar. Da sua inspeccao constata-se, como seria de esperar para este

perıodo, que a geracao de entropia e mais importante no Hemisferio Sul, apresentando um

maximo local na regiao tropical correspondente a uma altitude de 500 hPa.

A analise da distribuicao horizontal confirma a existencia duma zona de maximo na regiao

tropical do Hemisferio Sul, decrescendo para Norte e para Sul; o decrescimo para Norte e mais

suave, e da-se ao longo de toda a extensao, enquanto que para Sul, o decrescimo apresenta

um grande gradiente na regiao subpolar Sul, como seria de esperar dado tratar-se dum mes

de Fevereiro. Como havemos de ver, apresenta semelhancas com o perıodo JJA no Hemisferio

Norte.

Por outro lado, o efeito dos continentes neste campo nao parece ser muito significativo, salvo

nas regioes onde a orografia e bastante elevada, como e o caso dos Andes e dos Himalaias.

25

Page 27: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Pre

ssao

(10

0hP

a)

-90 -80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Latitude

0

0

00

0

0.5

0.5

0.5

1

11

1.51.5

1.5

1.5

1.5

1.51.5

1.51.5

22

22

2

2.5

2.5

2.5

2.5

2.5

3

3

3

3

3

33

3

3.5

3.5

3.5

4

Figura 4: Distribuicao vertical da geracao de entropia associada a absorcao da radiacao solar. As unidades sao

10−5 W/kg K, e o espacamento entre isolinhas e de 0,5×10−5 W/kg K.

180˚

180˚

150˚W

150˚W

120˚W

120˚W

90˚W

90˚W

60˚W

60˚W

30˚W

30˚W

30˚E

30˚E

60˚E

60˚E

90˚E

90˚E

120˚E

120˚E

150˚E

150˚E

180˚

180˚

90˚S 90˚S

60˚S 60˚S

30˚S 30˚S

0˚ 0˚

30˚N 30˚N

60˚N 60˚N

90˚N 90˚N

180˚

180˚

150˚W

150˚W

120˚W

120˚W

90˚W

90˚W

60˚W

60˚W

30˚W

30˚W

30˚E

30˚E

60˚E

60˚E

90˚E

90˚E

120˚E

120˚E

150˚E

150˚E

180˚

180˚

90˚S 90˚S

60˚S 60˚S

30˚S 30˚S

0˚ 0˚

30˚N 30˚N

60˚N 60˚N

90˚N 90˚N

00

2.55

57.5

10

10

1012.5

12.5

15

15

17.5

17.5

20

20

20

22.5

22.5

22.5

22.522.5

25

25 25 25

Figura 5: Distribuicao horizontal da geracao de entropia associada a absorcao da radiacao solar. As unidades

sao 10−2 W/m2 K, e o espacamento entre isolinhas e de 2,5×10−2 W/m2 K.

26

Page 28: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Vejamos, agora, respectivamente, a distribuicao vertical e horizontal da geracao de entropia

associada a libertacao do calor latente figuras (6) e (7).

A figura (6) e extremamente interessante e mostra-nos que na regiao equatorial a geracao

de entropia, associada ao calor latente, nao esta confinada as camadas junto ao Globo, mas

estende-se ate grandes altitudes. Este facto, esta relacionado com a posicao geografica da Zona

InterTropical de Convergencia, ZITC, caracterizada por uma grande instabilidade e por uma

correspondente conveccao vertical forte e profunda (”deep convection”).

Observa-se, tambem, a existencia de dois maximos secundarios, um no Hemisferio Norte

centrado a 40 0N e outro no Hemisferio Sul centrado a 50 0S. Estes estao, ambos, associados as

superfıcies frontais polares do Hemisferio Norte e do Hemisferio sul. Como se ve, nestes casos,

a penetracao vertical nao e tao grande.

A figura (7) representa a distribuicao horizontal da geracao de entropia, associada a li-

bertacao do calor latente, apresentando, na regiao equatorial e tropical Sul centros de maximos

de geracao de entropia, graficamente mais sobrecarregados, o que resulta da utilizacao dum

espacamento, entre as isopletas, relativamente pequeno. Com um espacamento maior poder-se-

ia perder informacao visual sobre a distribuicao da geracao noutras regioes do Globo. Vemos

que, para alem dos ja mencionados, observam-se centros de maximos locais no Hemisferio Norte,

perto dos 40 0N, e no Hemisferio Sul perto dos 50 0S.

Neste processo, o efeito dos continente e mais pronunciado, visto os maximos mais significa-

tivos se formarem sobre os continentes, ou sobre as regioes costeiras.

Para obviar ao inconveniente grafico acima mencionado, apresentamos a figura (8), com um

espacamento entre as isolinhas 5 vezes superior ao valor da figura (7). Constata-se, assim, que o

maximo mais importante esta situado no Norte do Brasil, associado ao excesso de precipitacao

(sobre a evaporacao) que ali se verifica. Este excesso resulta, nao so, do influxo do vapor

de agua proveniente das regioes subtropicais de forte divergencia (evaporacao muito elevada)

atraves das celulas de Hadley (transporte associado ao movimento medio zonal), mas tambem,

do transporte longitudinal de vapor agua (i.e. ao longo dum paralelo) proveniente do oceano

Atlantico e associado as circulacoes de Walker, Tome [1988].

27

Page 29: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Pre

ssao

(10

0hP

a)

-90 -80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Latitude

0

0

2

2

2

22

2

2

2

2

2

4

4

4

4

4

4

4

4 6

66

6

6

6

6

8

8

8

8

8

8

10

10

10

Figura 6: Distribuicao vertical da geracao de entropia associada a libertacao do calor latente. As unidades sao

10−5 W/kg K, e o espacamento entre isolinhas e de 2×10−5 W/kg K.

180˚

180˚

150˚W

150˚W

120˚W

120˚W

90˚W

90˚W

60˚W

60˚W

30˚W

30˚W

30˚E

30˚E

60˚E

60˚E

90˚E

90˚E

120˚E

120˚E

150˚E

150˚E

180˚

180˚

90˚S 90˚S

60˚S 60˚S

30˚S 30˚S

0˚ 0˚

30˚N 30˚N

60˚N 60˚N

90˚N 90˚N

180˚

180˚

150˚W

150˚W

120˚W

120˚W

90˚W

90˚W

60˚W

60˚W

30˚W

30˚W

30˚E

30˚E

60˚E

60˚E

90˚E

90˚E

120˚E

120˚E

150˚E

150˚E

180˚

180˚

90˚S 90˚S

60˚S 60˚S

30˚S 30˚S

0˚ 0˚

30˚N 30˚N

60˚N 60˚N

90˚N 90˚N0 0

0

0

0

00

0

00 0 0

1010

10

10

10

10

10 1010

20

20

20

20

2020

2020

3030

3030

30

40

40

4040

40

50

50

5050

5050

50

6060

6060

60

7070 70

70

70

8080

80

80 80

90

90

90 90100

100110

110110 120

120130140150160170

180

Figura 7: Distribuicao horizontal da geracao de entropia associada a libertacao do calor latente. As unidades

sao 10−2 W/m2 K, e o espacamento entre isolinhas e de 10×10−2 W/m2 K.

28

Page 30: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

180˚

180˚

150˚W

150˚W

120˚W

120˚W

90˚W

90˚W

60˚W

60˚W

30˚W

30˚W

30˚E

30˚E

60˚E

60˚E

90˚E

90˚E

120˚E

120˚E

150˚E

150˚E

180˚

180˚

90˚S 90˚S

60˚S 60˚S

30˚S 30˚S

0˚ 0˚

30˚N 30˚N

60˚N 60˚N

90˚N 90˚N

180˚

180˚

150˚W

150˚W

120˚W

120˚W

90˚W

90˚W

60˚W

60˚W

30˚W

30˚W

30˚E

30˚E

60˚E

60˚E

90˚E

90˚E

120˚E

120˚E

150˚E

150˚E

180˚

180˚

90˚S 90˚S

60˚S 60˚S

30˚S 30˚S

0˚ 0˚

30˚N 30˚N

60˚N 60˚N

90˚N 90˚N0 0

0

0

0

00

0

00 0 0

50

50

5050

5050

50

100100150

Figura 8: O mesmo que a figura anterior mas com um espacamento entre isolinhas cinco vezes superior.

5 Balancos Regionais da entropia da Atmosfera

5.1 Seleccao das regioes a estudar

A seleccao da regioes a estudar tem que ser feita com criterio, de forma a permitir obter uma

representacao adequada dos campos que seja representativa e, ao mesmo tempo, ressalte as ca-

racterısticas proprias de cada regiao. Tratando-se de estudos planetarios, pareceu-nos que as

regioes deveriam ser faixas zonais limitadas por paralelos. Essas faixas zonais foram escolhi-

das de acordo com as caracterısticas da circulacao geral e das zonas climaticas. Optou-se por

subdividir o Hemisferio Norte em 7 faixas latitudinais. com vista a obter uma informacao mais

pormenorizada da distribuicao das fontes de entropia. E assim, consideram-se as seguintes:

1. Regiao equatorial limitada pelo Equador e pelo paralelo 100 N, que coincide com o ramo

ascendente da celula de Hadley; corresponde, a uma zona de forte nebulosidade durante

todo o ano, com trovoadas frequentes, ventos fracos, de direccao predominantemente de

Leste.

2. Zona tropical limitada pelos paralelos 100 N e 200 N, caracterizada por veroes nebulosos e

chuvosos e com ventos variaveis, e por Invernos secos de ceu pouco nebulado.

29

Page 31: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

3. Zona subtropical seca, limitada pelos paralelos 200 N e 300 N; corresponde ao ramo des-

cendente da celula de Hadley, que apresenta ventos fracos, forte subsidencia e ceu limpo

ao longo de todo o ano (regiao dos grandes desertos).

4. Zona subtropical chuvosa, limitada pelos paralelos 300 N e 400 N. Zona de clima tipo me-

diterranico, com veroes quentes e secos, ventos fracos, predominantes de Oeste, e com

Invernos chuvosos, de nebulosidade variavel.

5. Regiao das latitudes medias limitada pelos paralelos 400 N e 600 N, varrida pela superfıcie

frontal polar. E a zona dos climas temperados, com nebulosidade variavel, precipitacao

moderada ao longo de todo o ano e ventos predominantes de oeste.

6. Regiao subpolar limitada pelos paralelos 600 N e 700 N. E uma zona de ventos fortes de

direccao variavel, com forte nebulosidade e precipitacao todo o ano. Corresponde ao ramo

ascendente da celula polar.

7. Regiao Polar; zona a Norte do paralelo 700 N, apresentando um clima frıgido e seco com

precipitacao fraca ao longo do ano e ventos de direccao variavel.

5.2 Algumas consideracoes sobre balancos energeticos das regioes

A semelhanca do que se fez para o caso global, vamos apresentar um balanco da entropia para

cada uma destas regioes. A diferenca entre o balanco de entropia para estas regioes em relacao

ao balanco da entropia para toda a Atmosfera reside na existencia de fronteiras laterais. Assim,

ha que considerar os fluxos de entropia, associados ao transportes meridionais de entalpia e de

energia potencial, atraves das paredes latitudinais. Desprezam-se os fluxos radiativos atraves

das fronteiras laterais e os fluxos difusivos e turbulentos de calor.

Os fluxos convectivos de energia atraves das fronteiras laterais sao os obtidos por Oort e

Peixoto [1983]. Os fluxos de energia no topo da Atmosfera advem de medicoes de satelites e sao

tambem os apresentados por Oort e Peixoto [1983].

Ao contrario do que se passa no topo da Atmosfera, nao dispomos dos valores dos fluxos

de energia a superfıcie do Globo, sendo, portanto, necessario estima-los. Os dados de satelites

fornecem a radiacao solar total absorvida pela Atmosfera na regiao e pelo Globo. Como a

distribuicao de nuvens nao tem grande influencia na absorcao da radiacao solar (o principal

efeito e o do albedo que ja esta considerado), consideramos a transmissividade media, para a

radiacao solar, a mesma para todas as regioes e igual a transmissividade global da Atmosfera.

O balanco da radiacao infravermelha a superfıcie e muito mais complexo do que o balanco da

30

Page 32: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

radiacao solar. Neste caso, a Atmosfera nao so absorve radiacao infravermelha, como tambem

a emite. E a superfıcie do Globo, para alem da radiacao emitida por este, ha que considerar,

tambem, a radiacao infravermelha emitida pela Atmosfera para o Globo.

A radiacao emitida pelo Globo, pode, em primeira aproximacao, ser representada pela

emissao dum corpo negro a temperatura media da superfıcie.

Os principais absorventes e emissores da radiacao infravermelha na Atmosfera sao: o vapor

de agua, o dioxido de carbono e o ozono. O ozono, mais importante na estratosfera, pode, sem

grande erro, ser desprezado quando se calcula a radiacao lıquida infravermelha a superfıcie. Os

calculos dos fluxos de radiacao infravermelha a superfıcie do Globo sao os descritos, sucinta-

mente, em Tome [1992].

Por fim, obtivemos os valores do fluxo de entalpia, como resıduos, de modo a verificar-se o

equilıbrio entre a energia importada e a energia exportada, em cada uma das diversas regioes.

Esta pratica justifica-se por ser este o termo menos significativo, nao so em termos do balanco

energetico como na geracao de entropia, como se viu, ao tratar do balanco global.

Nos presentes calculos aceitamos que a relacao entre a fraccao da radiacao infravermelha

originada na Atmosfera e a originada no Globo e constante para todas as regioes e igual ao valor

medio, correspondente, dessa relacao para toda a Atmosfera.

Para tornar mais claros os balancos de energia e de entropia que vamos apresentar, adoptamos

a convencao de afectar com sinal menos todos os fluxos que representarem perdas para a regiao

da Atmosfera em consideracao e com sinal mais no caso contrario. Os resultados finais estao

representados na figura (9). Todos os valores de energia sao apresentados em W/m2 exceptuando

os fluxos laterais que, por questoes de coerencia, se apresentam em valores absolutos de energia,

visto as regioes terem areas diferentes. Por ultimo, nao se apresentam os fluxos de calor latente,

atraves das fronteiras, para manter a legibilidade da figura. No entanto, apresentam-se, no

interior de cada regiao, o valor de energia associado a precipitacao, representativo do balanco

dos fluxos de vapor de agua atraves das fronteiras.

5.2.1 Balanco energetico da regiao equatorial

Nesta regiao, limitada pelos paralelos 00 N e 100 N, (ver figura 9) observa-se um fluxo lıquido

da radiacao solar no topo da Atmosfera de 316 W/m2 e um fluxo de −243 W/m2 de radiacao

infravermelha (20,9 W/m2 provenientes do Globo e 222 W/m2 provenientes da Atmosfera). Na

superfıcie do Globo estimou-se em −231 W/m2 o fluxo da radiacao solar (73% da radiacao solar

lıquida no topo da Atmosfera). O fluxo lıquido da radiacao infravermelha, calculado na superfıcie

31

Page 33: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

do Globo, foi de 59,2 W/m2. Por ultimo, o fluxo de calor sensıvel, 34,6 W/m2, foi avaliado como

resıduo, para que se verificasse, como impusemos, o equilıbrio energetico da regiao.

Na fronteira lateral Sul (Equador) verifica-se um fluxo de 26,5 W/m2 de entalpia e de

−26,7 W/m2 de energia potencial, enquanto que na fronteira Norte (100 N) se observa um fluxo

de 104 W/m2 de entalpia e um fluxo de −155 W/m2 de energia potencial (Oort e Peixoto [1983]).

O valor calculado para a libertacao de calor latente na regiao foi de 114 W/m2 (Jaeger et al

[1976]). Este valor conduz a uma precipitacao igual a 145 cm/ano. Atraves das fronteiras laterais

tem-se um fluxo de calor latente igual a 47 W/m2 (14,6 W/m2 na fronteira Sul e 32,4 W/m2

na fronteira Norte) Peixoto e Oort [1983], o que, atendendo a conservacao da substancia agua,

conduz a um fluxo de calor latente do Globo para a Atmosfera igual a 67 W/m2, que corresponde

a uma evaporacao de 84,5 cm/ano.

5.2.2 Balanco energetico da regiao tropical

A obtencao do balanco energetico da regiao limitada pelos paralelos 100 N e 200 N, assim como

para as outras cinco regioes, foi identica a da regiao equatorial. Assim (figura 9), no topo da

Atmosfera tem-se um fluxo de 299 W/m2 de radiacao de pequeno comprimento de onda e um

fluxo de −247 W/m2 de radiacao infravermelha (21,2 W/m2 provenientes do Globo e 226 W/m2

provenientes da Atmosfera). Na superfıcie do Globo tem-se um fluxo de −218 W/m2 de radiacao

solar, um fluxo lıquido de 71,4 W/m2 de radiacao infravermelha e um fluxo de −12,4 W/m2 de

calor sensıvel (termo residual).

A libertacao de calor latente nesta regiao foi calculada em 80,0 W/m2 o que corresponde

a uma precipitacao de 101 cm/ano (Jaeger [1976]). Essa precipitacao advem dos transportes

laterais de vapor de agua, que, em termos energeticos, correspondem a −33,4 W/m2 na fronteira

Sul (100 N) e a 8,0 W/m2 na fronteira Norte, conduzindo a uma evaporacao de 143 cm/ano

(113,4 W/m2)

Por ultimo, na fronteira lateral Sul, observa-se um fluxo de entalpia de −108 W/m2 e um

fluxo de energia potencial igual a 160 W/m2, enquanto que na fronteira lateral Norte tem-se um

fluxo de entalpia igual a 51,2 W/m2 e um fluxo de −76,2 W/m2 de energia potencial.

5.2.3 Balanco energetico da regiao subtropical seca

No topo da regiao limitada pelos paralelos 200 N e 300 N (ver figura 9) observa-se um fluxo lıquido

de radiacao solar igual a 274 W/m2 e um fluxo de −246 W/m2 de radiacao infravermelha. Na

32

Page 34: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

superfıcie do Globo verifica-se um fluxo de radiacao solar igual a −200 W/m2, um fluxo de

radiacao infravermelha igual a 85,6 W/m2 e um fluxo de calor sensıvel igual a 10,6 W/m2 (termo

residual).

Na fronteira lateral Sul observa-se um fluxo de entalpia igual a −54,7 W/m2, um fluxo de

energia potencial de 81,2 W/m2 e o fluxo de calor latente e aproximadamente nulo.

Na fronteira lateral Norte observa-se um fluxo de entalpia igual a −37,8 W/m2, um fluxo de

energia potencial de 24,9 W/m2 e um fluxo de calor latente de −36,9 W/m2.

Os fluxos de calor latente atraves das fronteiras laterais associados aos 78,2 cm/ano de

precipitacao, 62 W/m2, (Jaeger [1976]), conduzem a uma evaporacao media de 125 cm/ano

(98,9 W/m2).

5.2.4 Balanco energetico da regiao subtropical chuvosa

Na regiao limitada pelos paralelos 300 N e 400 N (ver figura 9) observa-se no topo da Atmosfera

um fluxo lıquido de radiacao solar igual a 241 W/m2 e um fluxo de radiacao infravermelha igual

a −232 W/m2 (19,9 W/m2 provenientes do Globo e 212 W/m2 provenientes da Atmosfera).

A superfıcie do Globo o fluxo da radiacao solar foi estimado em −176 W/m2, enquanto

que os fluxos de calor sensıvel e de radiacao infravermelha sao, respectivamente, 43,7 W/m2 e

93,4 W/m2.

Nas fronteiras laterais verifica-se um fluxo lıquido de entalpia igual a −56,8 W/m2 (41,8 W/m2

na fronteira Sul e −98,6 W/m2 na fronteira Norte) e um fluxo lıquido de energia potencial igual a

16,3 W/m2 (−27,6 W/m2 na fronteira Sul e 43,9 W/m2 na fronteira Norte). Por ultimo, observa-

-se um fluxo de calor latente igual a 3,3 W/m2 (40,8W/m2 na fronteira Sul e −37,5 W/m2 na

fronteira Norte), que pelo valor calculado da precipitacao, 83,3 cm/ano (70 W/m2), representa

uma evaporacao igual a 84,1 cm/ano (66,7 W/m2).

5.2.5 Balanco energetico das latitudes medias

No topo da regiao limitada pelos paralelos 400 N e 600 N (ver figura 9) observa-se um fluxo lıquido

de radiacao solar igual a 183 W/m2 e um fluxo de −206 W/m2 de radiacao infravermelha. Na

superfıcie do Globo verifica-se um fluxo de radiacao solar igual a −133 W/m2, um fluxo de

radiacao infravermelha igual a 86,0 W/m2 e um fluxo de calor sensıvel igual a −13,5 W/m2

(termo residual).

Na fronteira lateral Sul observa-se um fluxo de entalpia igual a 63,1 W/m2, um fluxo de

33

Page 35: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

energia potencial de −28,1 W/m2 e um fluxo de calor latente igual a 24 W/m2.

Na fronteira lateral Norte observa-se um fluxo de entalpia igual a −36,0 W/m2, um fluxo

nulo de energia potencial e um fluxo de calor latente de −8,5 W/m2.

Os fluxos de calor latente atraves das fronteiras laterais associados aos 106,5 cm/ano de

precipitacao, 84,5 W/m2, (Jaeger [1976]), correspondem a uma evaporacao media de 87 cm/ano

(69 W/m2).

5.2.6 Balanco energetico da regiao subpolar

Na regiao limitada pelos paralelos 600 N e 700 N (ver figura 9) observa-se no topo da Atmosfera

um fluxo lıquido de radiacao solar igual a 120 W/m2 e um fluxo de radiacao infravermelha igual

a −183 W/m2 (15,7 W/m2 provenientes do Globo e 167 W/m2 provenientes da Atmosfera).

A superfıcie do Globo o fluxo da radiacao solar foi estimado em −88,0 W/m2, enquanto

que os fluxos de calor sensıvel e de radiacao infravermelha sao, respectivamente, 13,9 W/m2 e

56,6 W/m2.

Nas fronteiras laterais verifica-se um fluxo de entalpia igual a 66,3 W/m2 (109 W/m2 na fron-

teira Sul e −42,7 W/m2 na fronteira Norte) e um fluxo de energia potencial igual a −29,6 W/m2

(nulo na fronteira Sul e igual a −29,6 W/m2 na fronteira Norte). Por ultimo, observa-se um fluxo

de calor latente igual a 17,0 W/m2 (25,8W/m2 na fronteira Sul e −8,8 W/m2 na fronteira Norte),

que pelo valor calculado da precipitacao 54,2 cm/ano (43 W/m2) equivale uma evaporacao de

32,8 cm/ano (26 W/m2).

5.2.7 Balanco energetico da regiao polar

Na regiao a Norte do paralelo 700 N (ver figura 9) verifica-se um fluxo lıquido de radiacao

solar igual a 85 W/m2 no topo da Atmosfera e um fluxo de radiacao infravermelha igual a

−180 W/m2 (15,5 W/m2 provenientes do Globo e 164,5 W/m2 provenientes da Atmosfera). Na

superfıcie do Globo verifica-se um fluxo de −62 W/m2 de radiacao solar e um fluxo lıquido de

radiacao infravermelha de 49,6 W/m2. Por ultimo, tem-se, como termo residual, um fluxo de

calor sensıvel da ordem de 0,6 W/m2.

Na fronteira lateral da regiao observa-se um fluxo de entalpia igual a 52,1 W/m2, um fluxo de

36,1 W/m2 de energia potencial e um fluxo de calor latente igual a 10,8 W/m2. A precipitacao

nesta regiao igual a 24,0 cm/ano (19,0 W/m2) o que conduz a uma evaporacao de 10,3 cm/ano

(8,2 W/m2).

34

Page 36: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Entalpia

EnergiaPotencial

Eq

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

CalorSensível

CalorSensível

CalorSensível

CalorSensível

CalorSensível

CalorSensível

CalorSensível

Área=4,4 Área=4,3 Área=4,0 Área=3,6 Área=5,7 Área=1,9 Área=1,5

P=114 P=80 P=62 P=70 P=84,5 P=43 P=19

85 81 74 65 50 32 23

38,4 50 64,5 73,5 68,4 40,9 34,1

316 222 20,9 299 226 21,2 274 225 21,2 241 212 20,0 183 188 17,7 120 167 15,8 85 165 15,5

23134,6

59,2 20010,6

85,6 17643,7

93,4 13313,5

86 8813,9

56,6 62 0,649,6218

12,471,4

11,7 22 35,9 20,5 8,0

11,6 68,7 32,7 10,0 16,0 0,0 5,6

46,1 15,2

30 N 40 N 60 N 70 N10 N 20 N0 0 0 0 0 0

Figura 9: Balancos regionais de energia (valores anuais). Os valores de energia sao apresentados em W/m2, exceptuando os fluxos laterais de energia cujos valores

sao expressos em 1014 W. O sımbolo P representa a energia associada a libertacao de calor latente (precipitacao). As areas representadas na figura estao

em 1013 m2.

35

Page 37: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

5.3 Balancos de entropia a escala global

5.3.1 Escolha das temperaturas

Depois de definidos os balancos da energia, necessitamos de determinar os valores das tempera-

turas caracterısticas em cada uma das regioes. Esses valores apresentam-se nas tabuas (2) e (3).

Assim, na tabua (2) apresentam-se as temperaturas medias das fronteiras laterais e inferior das

Tabela 2: Temperaturas (K) nas fronteiras das regioes.

0–10 N 10–20 N 20–30 N 30–40 N 40–60 N 60–70 N >70 N

Superfıcie 299,1 298,6 295,3 289,0 278,5 268,1 260,9

Fronteira Sul 260,3 260,6 259,9 257,1 252,7 245,4 242,4

Fronteira Norte 260,6 259,9 257,1 252,7 245,4 242,4 —

diferentes regioes. As temperaturas das fronteiras laterais sao utilizadas no calculo dos fluxos

de entropia associados ao fluxo de energia potencial e entalpia (fluxos convectivos de entropia).

As temperaturas medias da superfıcie do Globo sao utilizadas no calculo dos fluxos de entropia

associados a radiacao infravermelha emitida pelo Globo e para os fluxos de entropia associados

ao calor sensıvel.

Na tabua (3) apresentam-se as temperaturas medias das varias regioes, da camada 1000–

850 hPa e do nıvel onde a condensacao e maxima. Para a regiao equatorial, o nıvel dos 500 hPa

sera considerado como o nıvel onde a condensacao e maxima, enquanto que para as regioes

tropical, subtropical seca, subtropical chuvosa e das latitudes medias, o nıvel considerado foi o

dos 700 hPa; para as regioes subpolar e polar, foi considerado o nıvel dos 850 hPa. A escolha

Tabela 3: Temperaturas (K) das regioes.

0–10 N 10–20 N 20–30 N 30–40 N 40–60 N 60–70 N >70 N

Toda a

regiao260,4 260,3 258,7 255,0 249,1 244,0 240,9

Camada

1000–850hPa295,0 294,9 292,0 286,4 276,6 267,4 261,3

Nıvel de

condensacao

maxima

267,5 282,8 280,5 275,5 266,6 265,9 260,9

destes nıveis assentou na observacao cuidadosa dos perfis do aquecimento diabatico associado a

36

Page 38: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

libertacao do calor latente apresentados por Newell et al [1974].

A temperatura media das regioes e utilizada no calculo das geracoes de entropia associadas,

a absorcao da radiacao solar e a absorcao da radiacao infravermelha. E, ainda, utilizada no

calculo do fluxo associado a radiacao infravermelha emitida pela Atmosfera. Por outro lado, a

temperatura da camada 1000–850 hPa e utilizada no calculo da geracao de entropia associada

ao aquecimento da camada limite. A temperatura media ao nıvel da condensacao maxima e

utilizado na avaliacao do termo de geracao de entropia associado a libertacao de calor latente.

5.3.2 Fluxos de entropia atraves das fronteiras das regioes

A utilizacao do balanco energetico das regioes, juntamente com as distribuicoes da temperatura,

permitiu calcular os diversos fluxos de entropia, atraves das fronteiras latitudinais das regioes

consideradas. Os resultados obtidos constam da tabua (4).

Tabela 4: fluxos de entropia atraves das fronteiras das regioes associados aos diversos fluxos de energia. As

unidades sao W/m2.

Fronteiras 0–10 N 10–20 N 20–30 N 30–40 N 40–60 N 60–70 N >70N

Superfıcie sw −37,8 −35,7 −32,7 −28,8 −21,8 −14,4 −10,1

do lw 198 239 290 323 308 211 190

Globo dif 116 −42,0 35,9 151 −48,8 51,9 2,4

Topo da sw 51,7 48,9 44,8 39,4 30,0 19,6 13,9

Atmosfera lw −923 −939 −942 −900 −819 −743 −744

Sul h 102 −414 −210 163 250 444 215

φ −101 614 312 −107 −111 0,0 149

Norte h 399 197 −147 −390 −147 −176 —

φ −595 −293 96,8 174 0,0 −122 —

balanco −789 −625 −552 −577 −558 −329 −184

Embora as regioes estejam em equilıbrio energetico, nao estao, como era de esperar, em

equilıbrio entropico, exportando, todas, mais entropia do que a que importam. Os valores da

negantropia decrescem com a latitude. Assim, a regiao equatorial possui uma negantropia de

789 mWm−2K−1, a regiao tropical uma negantropia de 625 mW m−2K−1, enquanto que a regiao

polar possui uma negantropia igual a 184 mW m−2K−1.

Ao contrario do balanco global, a negantropia disponıvel nao provem, exclusivamente, da

37

Page 39: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

emissao de radiacao infravermelha para o espaco. As regioes podem expurgar entropia atraves

das fronteiras laterais, associada aos transportes de entalpia e de energia potencial. Assim, a

regiao equatorial exporta, lateralmente, uma entropia igual a 195 mWm−2K−1; a regiao tropical

importa lateralmente uma entropia igual a 104 mWm−2K−1; a regiao subtropical seca importa,

nas fronteiras laterais, uma entropia igual 51,8 mWm−2K−1; a regiao subtropical chuvosa ex-

porta, lateralmente, uma entropia no valor de 160 mWm−2K−1; as latitudes medias exportam

lateralmente uma entropia de 8 mWm−2K−1 e a regiao subpolar e o polar importam lateralmente

entropia no valor de 146 mWm−2K−1 e 364 mWm−2K−1, respectivamente.

5.3.3 Geracao zonal de entropia na Atmosfera

A negantropia disponıvel em cada uma das regioes permite a ocorrencia de varios fenomenos

irreversıveis. Como aconteceu para o caso global, foi possıvel calcular, individualmente e para

cada um dos processos considerados, a geracao de entropia que lhe esta associada. Os resultados

obtidos sao apresentados na tabua (5). No calculo das taxas de geracao segue-se um procedi-

Tabela 5: Taxas de geracao de entropia associadas aos diversos processos irreversıveis no interior das regioes.

As unidades sao mWm−2K−1.

Absorcao Absorcao Libertacao Aquecimento Deficit

da radiacao da Radiacao de calor da camada Atrito∑

σi nas

solar terrestre latente limite fronteiras

Globo 247 25,4 296 2,7 6,8 578 −588

00–100 N 315 19,1 426 1,6 6,4 769 −789

100–200 N 299 24,8 283 — 6,4 612 −625

200–300 N 275 30,9 221 0,4 6,5 534 −552

300–400 N 246 33,9 254 1,4 6,6 542 −577

400–600 N 191 29,0 317 — 6,9 544 −558

600–700 N 128 15,1 162 0,1 7,1 312 −329

>700 N 92 10,9 72,8 0,0 7,3 183 −184

mento analogo ao caso global. Assim, os valores de geracao foram obtidos, utilizando o balanco

energetico das regioes e as distribuicoes de temperaturas apresentadas nas tabuas (2) e (3). Para

o calculo da geracao associada ao atrito admitimos uma dissipacao uniforme em todo o Globo,

igual ao valor global 1,9 W/m2.

Como acontecia no caso global os principais processos geradores de entropia sao os associados

as transicoes de fase da substancia agua e a absorcao da radiacao solar; sendo a absorcao da

38

Page 40: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

radiacao infravermelha inferior numa ordem de grandeza.

A taxa de geracao associada a absorcao da radiacao solar decresce do equador para os polos,

assim como a taxa associada a libertacao de calor latente. Na zona equatorial, o valor elevado

da taxa de geracao de entropia, devida ao calor latente, esta associada a ZITC e a forte ascencao

vertical que origina precipitacao muito intensa.

Se se juntarem as taxas de geracao de cada uma destas sete regioes obtem-se os seguintes

valores para as taxas de geracao medias da entropia do Hemisferio Norte.

Absorcao da radiacao solar : 241 mWm−2K−1

Absorcao da radiacao infravermelha : 25,4 mWm−2K−1

Libertacao do calor latente : 280 mWm−2K−1

Aquecimento da camada limite : 0,5 mWm−2K−1

Atrito : 6,7 mWm−2K−1

Verificamos que estes valores nao diferem, substancialmente, dos valores globais (tambem

indicados na tabua 5), exceptuando o termo associado ao aquecimento da camada limite, que,

como ja se tinha concluıdo na tabua (1), era muito sensıvel a escolha das temperaturas.

As diferencas entre o somatorio das taxas de geracao de entropia calculadas e o fluxo de

negantropia nas fronteiras, excedem, em geral o valor obtido no caso global (10 mW m−2K−1).

Essas diferencas oscilam de zona para zona. Assim, tem-se: 20 mWm−2K−1 na regiao equatorial,

13 mWm−2K−1 na regiao tropical, 18 mWm−2K−1 na regiao subtropical seca, 35 mWm−2K−1

na regiao subtropical chuvosa, 14 mWm−2K−1 nas latitudes medias, 17 mWm−2K−1 na regiao

subpolar e 1 mWm−2K−1 na regiao polar. Alem dos factores indicados para o caso global, ha

que considerar os ajustamentos efectuados nos fluxos de energia para obter o balanco energetico

requerido.

O fluxo de calor sensıvel a superfıcie foi calculado como um resıduo, o que se reflecte nos

resultados e na pouca consistencia, da variacao deste termo, nas diversas regioes. Contudo,

devemos salientar que, a geracao de entropia associada a este termo e sempre pouco significativa.

Os termos de geracao de entropia mais importantes, para todas as regioes consideradas, sao

os associados a absorcao da radiacao solar e a libertacao de calor latente, como acontecia no

caso global.

A geracao de entropia devida a absorcao da radiacao solar decresce do equador para os polos,

apresentando valores superiores ao global nas regioes equatorial, tropical e subtropical seca; e

valores inferiores ao global para as outras regioes.

A geracao de entropia ligada a libertacao do calor latente reflecte a distribuicao meridional

39

Page 41: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

da precipitacao. Assim, a geracao de entropia, devida as transicoes de fase da substancia agua,

e maxima na regiao equatorial (426 mWm−2K−1), esse maximo esta associado a ZITC e a forte

precipitacao que a acompanha. A geracao de entropia decresce na regiao tropical e subtropical

seca, zona dos grandes anticiclones sobre os oceanos e dos desertos sobre os continentes, do

que resulta um mınimo local na geracao de entropia associada ao calor latente. A taxa de

geracao aumenta, ligeiramente, na regiao subtropical chuvosa, apresentando um maximo local

nas latitudes medias (317 mWm−2K−1). Este maximo e devido a precipitacao que acompanha a

frente polar. A geracao de entropia, associada a libertacao do calor latente, e mınima na regiao

polar, que e uma zona de climas frios e secos, de fraca precipitacao.

A geracao de entropia por absorcao da radiacao terrestre aumenta do equador ate as latitudes

medias e decresce depois para os polos onde atinge o valor mınimo. Esta distribuicao da geracao

de entropia, associada a radiacao terrestre, esta associada a distribuicao das nuvens, aos perfis

verticais de temperatura e aos perfis de vapor de agua nas diversas regioes.

6 Variabilidade da entropia da Atmosfera

6.1 Algumas dificuldades para a determinacao dos fluxos de energia

A geracao de entropia varia de local para local da Atmosfera, e, em cada local, de instante

para instante; trata-se, portanto, de uma variabilidade espaco–temporal. Podemos distinguir

entre a variabilidade interna, devida aos processos que ocorrem no interior da Atmosfera, e uma

variabilidade externa, condicionada por factores exteriores a Atmosfera.

Os resultados, anteriormente obtidos, indicam que ha uma variabilidade espacial, condici-

onada por mecanismos e processos internos (circulacao geral da Atmosfera, transicoes de fase,

absorcao e emissao de energia radiante, turbulencia, etc.) e por factores externos (radiacao solar

incidente, condicoes na interface Globo–Atmosfera, etc.).

Os factores externos, sendo, por si, variaveis no tempo, induzem mecanismos que contri-

buem para o reforco da variabilidade interna; no entanto, e muito difıcil a obtencao de medidas

adequadas desta variabilidade. A componente temporal da variabilidade pode considerar-se um

ruıdo, em relacao ao “sinal” dado pelas condicoes medias temporais.

A fim de se obter uma ideia preliminar da gama dessa variabilidade, vamos calcular os

balancos, para as regioes ja seleccionadas, nos trimestres extremos do Verao (JJA) e do Inverno

(DJF). A origem dos dados para esta determinacao e a mesma que a do balanco anual.

Nao se pode, neste caso, numa analise sazonal, considerar que haja equilıbrio energetico nas

40

Page 42: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

regioes. Nos meses de Verao as regioes aquecem (recebem mais energia) e nos meses de Inverno as

regioes arrefecem (exportam mais energia do que importam). Assim precisamos duma hipotese

adicional para o balanco energetico da regiao, que iremos fundamentar e estabelecer.

As temperaturas medias para cada trimestre, e para cada regiao, sao diferentes dos valores

medios anuais correspondentes (ver tabuas 8 e 3). Este “ruıdo”da temperatura, em relacao “ao

sinal” (valor medio da temperatura) foi originado por um fluxo (positivo ou negativo) da energia

(calor), calculados da forma habitual (∆Q = Mcp∆T , em que os sımbolos tem os significados

usuais). Aos “ruıdos” da temperatura correspondem, portanto, ruıdos dos fluxos de energia (ver

tabua 6).

Tabela 6: Variacao das temperaturas medias (K) e da energia correspondente (W/m2) entre o valor anual e os

respectivos valores sazonais, necessaria para se obter, em 90 dias, essa variacao.

0–10 N 10–20 N 20–30 N 30–40 N 40–60 N 60–70 N >70 NAquecimento

(∆T )−0,2 −0,8 −2,7 −4,7 −6,2 −7,0 −7,4

DJFBalanco

de energia−0,26 −1,1 −3,6 −6,2 −8,2 −9,2 −9,8

Aquecimento

(∆T )0,0 0,8 2,8 5,2 6,9 8,6 9,6

JJABalanco

de energia0,0 1,1 3,7 6,9 9,1 11,3 12,7

Pois bem, a hipotese adicional, que referimos, consiste em admitir que o “ruıdo” dos fluxos

de energia e, exactamente, compensado pelos fluxos de energia calculados atraves das fronteiras.

Assim,

∆Q =∑

j

Fj + FQsup

em que se especifica e se individualiza a transferencia da entalpia do Globo para a Atmosfera,

FQsup. Como e possıvel avaliar os outros Fj , calcula-se F

Qsup como um resıduo. Esta tecnica

e justificavel, porque se sabe que a contribuicao de FQsup para o balanco da entropia e, em

geral, muito pequena, e, por isso, os balancos medios finais de entropia constituem uma boa

aproximacao das condicoes medias.

Apresentam-se nas tabuas (7) e (8) as temperaturas necessarias a realizacao do balanco

de entropia para os perıodos considerados. Sao o equivalente as tabuas (2) e (3) utilizadas

para o caso anual. Na tabua (7) apresentam-se, para os dois perıodos considerados, DJF e

JJA, as temperaturas das fronteiras das regioes, enquanto que na tabua (8) estao representadas

as temperaturas medias das regioes, as da camada 1000–850 hPa e a do nıvel de condensacao

maxima.

41

Page 43: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Tabela 7: Temperatura media (K) das fronteiras das regioes para os perıodos DJF e JJA.

0–10 N 10–20 N 20–30 N 30–40 N 40–60 N 60–70 N >70 N

Superfıcie DJF 298,9 297,2 291,7 282,6 268,0 254,5 249,0

JJA 298,8 299,7 298,5 295,1 288,6 282,5 275,6

Fronteira DJF 260,2 260,2 258,3 253,3 247,2 238,6 235,2

Sul JJA 260,1 260,7 261,5 261,2 258,8 253,4 251,5

Fronteira DJF 260,2 258,3 253,3 247,2 238,6 235,2 —–

Norte JJA 260,7 261,5 261,2 258,8 253,4 251,5 —–

Tabela 8: Temperatura media (K) das regioes para os perıodos DJF e JJA.

0–10 N 10–20 N 20–30 N 30–40 N 40–60 N 60–70 N >70N

Toda a DJF 260,2 259,5 256,0 250,3 242,9 237,0 233,5

regiao JJA 260,4 261,1 261,5 260,2 256,0 252,6 250,5

camada DJF 294,7 293,3 288,0 279,5 266,9 256,5 251,4

1000–850hPa JJA 294,8 296,0 295,7 293,1 286,4 280,1 274,2

nıvel de DJF 267,7 282,1 277,4 269,5 259,1 257,1 252,7

condensacao JJA 267,2 282,3 283,7 281,7 274,8 276,9 272,4

6.2 Variacoes sazonais

6.2.1 Balancos da energia

Usando os valores da tabua (6) e recorrendo a hipotese de trabalho referida, obteve-se o balanco

energetico das varias regioes, para os dois perıodos considerados, usando os mesmos procedi-

mentos do caso global.

Os balancos energeticos sao apresentados nas figuras (10) e (11) para o perıodo DJF e JJA,

respectivamente. Estas figuras tem uma estrutura equivalente a figura (9) para o caso global.

Impoem-se alguns comentarios sobre os valores da transferencia de entalpia do Globo para

a Atmosfera, obtidos como um resıduo. Como acontece para o perıodo anual, os valores obtidos

para algumas regioes nao sao muito verosımeis, sendo de realcar os valores das regioes limitadas

pelos paralelos 10 0N, 20 0N e 20 0N, 30 0N no perıodo DJF em que o fluxo obtido se da no sentido

da Atmosfera (mais fria) para o Globo (mais quente). E o valor obtido, no mesmo perıodo, para

a regiao limitada pelos paralelos 40 0N e 60 0N, e, manifestamente, elevado. Contudo, nas outras

regioes, no perıodo DJF, os valores obtidos nao se afastam dos valores apresentados por Newell

42

Page 44: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Entalpia

EnergiaPotencial

Eq

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

CalorSensível

CalorSensível

CalorSensível

CalorSensível

CalorSensível

CalorSensível

CalorSensível

Área=4,4 Área=4,3 Área=4,0 Área=3,6 Área=5,7 Área=1,9 Área=1,5

P=106 P=45 P=40 P=65 P=65 P=31,1 P=19

82 67,9 56,5 40,5 20,5 5,1 2,3

41,2 63,1 77,5 77,5 44,1 11 9,0

303 220 20,7 250 230 21 208 219 20,6 149 190 18,5 75,4 170 15,9 18,9 146 13,8 8,4 140 13,2

22118,4

61,8 15212,9

98 10930,6

96 55,151,1

60 13,829,6

24,7 6,1 16,922,1182

34,684,6

105 44,2 53,9 29,3 12,0

162 208 76,7 15,1 35,7 0,0 5,9

139 25,4

30 N 40 N 60 N 70 N10 N 20 N0 0 0 0 0 0

Figura 10: Balancos regionais de energia para o perıodo DJF. Areas em 1013 m2. Energia em W/m2, exceptuando os fluxos laterais expressos em 1014 W. O sımbolo

P representa a energia associada ao calor latente.

43

Page 45: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Entalpia

EnergiaPotencial

Eq

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

R. SolarR. Terrestre{

CalorSensível

CalorSensível

CalorSensível

CalorSensível

CalorSensível

CalorSensível

CalorSensível

Área=4,4 Área=4,3 Área=4,0 Área=3,6 Área=5,7 Área=1,9 Área=1,5

P=160 P=142 P=83,7 P=63,7 P=61,5 P=47,5 P=25,5

84,7 88 92,6 90,4 79,6 67 56,5

35,1 37,8 48,4 56,6 52,2 38,5 59,2

312 212 19,9 328 218 20,4 341 231 21,8 333 229 21,5 293 211 19,8 247 197 18,5 208 183 17,2

22722,5

55 2484,3

70 24334,5

78,1 21436,2

72 18029

57 152 10,376,3240

15,158,3

173 11,0 16,0 11,7 6,0

180 57,1 16,3 8,1 9,8 0,0 0,8

34,6 5,1

30 N 40 N 60 N 70 N10 N 20 N0 0 0 0 0 0

Figura 11: Balancos regionais de energia para o perıodo JJA. Os valores de energia sao apresentados em W/m2, exceptuando os fluxos laterais de energia cujos

valores sao expressos em 1014 W. O sımbolo P representa a energia associada a libertacao de calor latente (precipitacao). As areas representadas na figura

estao em 1013 m2.

44

Page 46: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

et al [1974].

Para o perıodo JJA, exceptuando a regiao limitada pelos paralelos 20 0N e 30 0N, cujo valor

e muito pequeno, os valores obtidos nao se afastam, significativamente, dos valores apresentados

por Newell et al [1974].

No entanto, as discrepancias deste termo e a pouca consistencia que apresenta na variacao

latitudinal, nao tem importancia relevante para o balanco de entropia, dado o fraco valor da

geracao da entropia provocada pelo aquecimento da camada limite.

6.2.2 Balancos de entropia

Fluxos de entropia atraves das fronteiras das regioes

Os fluxos de entropia nas fronteiras das regioes, associados aos diversos fluxos de energia, sao

apresentados nas tabuas (9) e (10) para os perıodos DJF e JJA.

Tabela 9: Fluxos de entropia, associados aos diversos fluxos de energia, atraves das fronteiras das regioes para

o perıodo DJF. As unidades sao mWm−2K−1.

Perıodo de Inverno (DJF)

0–10 N 10–20 N 20–30 N 30–40 N 40–60 N 60–70 N >70 N

Globo sw −36,2 −29,8 −24,9 −17,8 −9,0 −2,3 −1,0

lw 207 285 336 340 224 97,1 88,8

dif 61,5 −118 −44,7 108 191 116 −67,1

Topo sw 49,6 40,9 34,0 24,4 12,3 3,1 1,4

lw −915 −957 −926 −857 −757 −671 −653

Sul h −915 −1241 −421 275 383 654 332

φ 1410 1864 732 −163 −253 0,0 165

Norte h 1203 399 −249 −599 −216 −272 —

φ −1806 −689 148 396 0,0 −134 —

balanco −741 −447 −417 −493 −425 −210 −134

Da inspeccao destas tabuas verifica-se que a negantropia disponıvel nas regioes e, em geral,

superior ao valor medio anual, em JJA e inferior no perıodo DJF.

Os fluxos de entropia devidos a radiacao de pequeno comprimento de onda sao, tambem, em

regra, superiores no perıodo JJA. Estes fluxos de entropia, atraves das fronteiras laterais das

regioes, assumem um interesse particular, sendo o seu balanco apresentado na tabua (11).

45

Page 47: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Tabela 10: Fluxos de entropia, associados aos diversos fluxos de energia, atraves das fronteiras das regioes para

o perıodo JJA. As unidades sao mWm−2K−1.

Perıodo de Verao (JJA)

0–10 N 10–20 N 20–30 N 30–40 N 40–60 N 60–70 N >70 N

Globo sw −37,2 −39,1 −40,8 −39,8 −35,0 −29,4 −24,9

lw 184 195 235 264 250 202 277

dif 75,3 50,5 14,5 117 126 103 37,5

Topo sw 51,1 53,7 55,8 54,5 48,0 40,4 34,0

lw −881 −903 −956 −953 −893 −846 −793

Sul h 1019 309 −104 −53,2 110 246 155

φ −1561 −510 155 84,6 −66,5 0,0 20,7

Norte h −300 97,9 48,2 −172 −81,3 −127 —

φ 495 −146 −76,6 104 0,0 −16,7 —

balanco −955 −893 −670 −593 −543 −427 −293

Tabela 11: Fluxos de entropia atraves das fronteiras laterais das regioes. As unidades sao mWm−2K−1

0–10 N 10–20 N 20–30 N 30–40 N 40–60 N 60–70 N >70N

Ano −195 104 51,8 −160 −8 146 364

DJF −108 333 210 −91 −91 248 497

JJA −347 −249 22,6 −36,6 −37,8 102 176

Verifica-se, assim, que a regiao equatorial exporta lateralmente entropia nos tres perıodos

considerados, sendo a exportacao maxima no perıodo JJA, enquanto que as regioes subtropical

seca, subpolar e polar importam entropia nos tres perıodos, sendo maxima no perıodo DJF. Por

outro lado, as latitudes medias e a regiao subtropical chuvosa exportam, lateralmente, entropia

nos tres perıodos, verificando-se o maximo no perıodo de Inverno. A regiao tropical exporta

lateralmente entropia no perıodo JJA e importa entropia no perıodo DJF.

Pode concluir-se que, a entropia gerada atraves dos diversos processos irreversıveis, nao e,

totalmente, expurgada para o espaco atraves da emissao local de radiacao infravermelha e que,

uma parte, e transferida para regioes menos activas onde e finalmente expedida para o espaco,

atraves da radiacao infravermelha. Assim, durante o perıodo de Verao as regioes subtropical seca,

subpolar e polar funcionam como “fontes frias” da Atmosfera, exportando a entropia recebida

46

Page 48: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

das outras regioes, enquanto que, no perıodo de Inverno, alem destas regioes, a regiao tropical

tambem emite para o espaco o excesso da entropia, que recebe lateralmente.

Geracao de entropia

As taxas de geracao de entropia, calculadas para os diversos processos que ocorrem no interior

das sete regioes consideradas, estao representadas nas tabuas (12) e (13), para os perıodos DJF

e JJA, respectivamente.

Para os perıodos DJF e JJA as taxas de geracao de entropia nao tem que equilibrar a

entropia exportada atraves das fronteiras das regioes. De facto, para estes perıodos, verifica-se

que a diferenca entre a geracao de entropia calculada e o fluxo de entropia, atraves das fronteiras,

e, em modulo, superior ao valor obtido para o caso anual. Contudo, seria de esperar que no

Inverno (DJF) o deficit de entropia, atraves das fronteiras, fosse superior aos termos de geracao; o

que se verificou com os resultados presentes. Por outro lado, no perıodo JJA, esse deficit deveria

ser inferior aos termos de geracao, o que os resultados actuais confirmam nas latitudes a Norte

da regiao subtropical chuvosa, nao se verificando, no entanto, nas regioes equatorial, tropical e

subtropical seca, o que pode atribuir-se, por exemplo, as variacoes sazonais da transmissividade

da Atmosfera, que nao foram tomadas em consideracao. Nestas regioes a diferenca entre o

deficit de entropia obtido nas fronteiras e os termos geradores de entropia e pequena, ja que

sao as regioes que apresentam menor variacao sazonal do campo da temperatura. Admitimos,

assim, que os valores obtidos para os diversos processos geradores de entropia poderao constituir

estimativas significativas, em termos relativos.

Da inspeccao das tabuas (12) e (13) e da figura (12) pode concluir-se que a geracao de

entropia associada a radiacao solar e o termo de maior variabilidade sazonal, com um maximo

no perıodo JJA, e um mınimo no perıodo DJF, com a excepcao da regiao equatorial. A geracao

de entropia devida a absorcao da radiacao infravermelha e superior no perıodo DJF nas regioes

a Sul de 40 0N, e e superior no perıodo JJA nas regioes a Norte de 40 0N.

A taxa de geracao de entropia, referente a libertacao de calor latente apresenta algumas

variacoes sazonais, com dois maximos no perıodo JJA: um, nas latitudes a Sul da regiao subtro-

pical seca, devido ao percurso da ZITC nessas regioes na estacao de Verao, e outro, nas regioes

subpolar e polar, devido a deslocacao para Norte da superfıcie frontal polar. No perıodo DJF

apresenta valores maximos nas regioes subtropical chuvosa e nas latitudes medias, devido ao

deslocamento para Sul da frente polar (ver figura 12).

Por ultimo, o termo de geracao de entropia provocado pelo aquecimento da camada limite,

apresenta grandes variacoes relativas, mas que, face ao seu pequeno valor absoluto, nao contribui,

substancialmente, para a geracao global de entropia.

47

Page 49: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Tabela 12: Taxas de geracao de entropia, associadas aos diversos processos irreversıveis, no interior das regioes,

para o perıodo DJF. As unidades sao mWm−2K−1.

Perıodo de Inverno (DJF)

Absorcao Absorcao Libertacao Aquecimento Deficit

da radiacao da Radiacao de calor da camada Atrito∑

σi nas

solar terrestre latente limite fronteiras

00–100 N 302 20,5 396 0,9 6,4 726 −741

100–200 N 251 30,8 160 — 6,5 447 −447

200–300 N 211 37,0 144 — 6,6 339 −417

300–400 N 155 35,4 241 1,2 6,8 440 −493

400–600 N 80,9 17,0 251 0,8 7,1 357 −425

600–700 N 20,8 3,2 121 0,2 7,5 152 −210

>700 N 9,5 2,4 75,2 — 7,6 95,0 −134

Em anexo a este capıtulo, apresenta-se um Atlas com os balancos de entropia, das diferentes

regioes, para o ano e para as estacoes extremas de Verao e Inverno do Hemisferio Norte.

Apresenta-se, na tabua 14 uma sıntese dos valores sazonais medios da geracao de entropia

no Hemisferio Norte, relativos aos diversos processos irreversıveis que ocorrem na Atmosfera.

Conclui-se que, quer a geracao de entropia associada a absorcao da radiacao solar quer a

geracao associada a libertacao do calor latente sao superiores, em media, no perıodo de Verao.

Para os outros termos as variacoes sazonais nao sao significativas.

7 A entropia e a fenomenologia da Atmosfera. Alguns comentarios

7.1 A irreversibilidade no sistema climatico

A grande maioria dos fenomenos naturais que ocorrem no sistema climatico sao caracterizados

por uma grande irreversibilidade. Por exemplo, os movimentos turbulentos da camada pla-

netaria nao se transformam, espontaneamente, no fluxo organizado de grande escala, que e a

circulacao geral da Atmosfera; uma nuvem nao pode voltar a ser reconstituida utilizando a agua

previamente perdida, por precipitacao; os rios nao correm para tras, da foz para a nascente;

a agua dos oceanos nao se decompoe, espontaneamente, em oxigenio e hidrogenio; a energia

radiante solar absorvida nao volta a ser emitida como energia radiante do mesmo comprimento

48

Page 50: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Tabela 13: Taxas de geracao de entropia, associadas aos diversos processos irreversıveis, no interior das regioes,

para o perıodo JJA. As unidades sao mWm−2K−1.

Perıodo de Verao (JJA)

Absorcao Absorcao Libertacao Aquecimento Deficit

da radiacao da Radiacao de calor da camada Atrito∑

σi nas

solar terrestre latente limite fronteiras

00–100 N 311 17,3 599 1,0 6,4 935 −955

100–200 N 327 18,7 501 0,6 6,4 853 −893

200–300 N 339 22,9 295 0,1 6,4 663 −670

300–400 N 333 25,7 226 0,8 6,5 592 −593

400–600 N 296 23,0 224 1,6 6,6 552 −543

600–700 N 255 16,2 172 0,9 6,8 450 −427

>700 N 216 21,5 93,6 0,2 6,9 338 −293

Tabela 14: Geracao de entropia associada aos diversos processos irreversıveis que ocorrem na Atmosfera, para

os perıodos ANO, DJF e JJA. As unidades sao mWm−2K−1

ANO DJF JJA

Absorcao da radiacao solar 241 170 308

Absorcao da radiacao infravermelha 25,4 23,8 21,1

Libertacao do calor latente 280 222 336

Aquecimento da camada limite 0,5 0,5 0,7

Atrito 6,7 6,8 6,5

de onda; etc..

A estes factos, evidentes, podemos juntar numerosos processos irreversıveis que conduzem

a um aumento de entropia, como, por exemplo, a interaccao da radiacao com a materia; as

transicoes de fase da substancia agua; a dissipacao por atrito; a difusao molecular; etc..

A todos estes processos naturais esta associada, portanto, uma geracao de entropia. E a um

aumento de entropia de um sistema corresponde um decrescimo, ou uma diminuicao, da energia

disponıvel e uma evolucao que tende para um estado de maior desordem.

49

Page 51: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

ANO

JJA

DJFJJA

JJA

DJF

ANO

DJF

ANO

Geração Total

Libertação do calor latente

Absorção da radiação solar

Ger

ação

de

Ent

ropi

a (m

W/m

² K)

Latitude

Figura 12: Variabilidade da geracao de entropia no espaco e no tempo, da geracao global e dos mecanismos mais

significativos (absorcao da radiacao solar e libertacao do calor latente).

∗ ∗

Em face da irreversibilidade da fenomenologia terrestre e do consequente aumento contınuo

de entropia, que se verificou no decurso da historia da Terra, como se pode explicar nao se ter

atingido, ainda, o valor maximo?

Como se pode explicar o alto nıvel de organizacao em certos processos atmosfericos que

caracterizam a circulacao geral da Atmosfera, o estado do tempo e a sua evolucao, que decorre

de uma forma ordenada, que aparentemente pareceriam resultar de um decrescimo da entropia?

Por exemplo, os sistemas de ventos zonais da circulacao geral da Atmosfera apresentam-

-se bem definidos e altamente organizados; em cada segundo, milhoes de toneladas de agua

evaporam-se da superfıcie do Globo, que vao ascender na Atmosfera, contra a forca da gravidade,

para alimentar o ciclo hidrologico; a fotossıntese, que permite o crescimento das plantas, ano

apos ano, ao absorverem dioxido de carbono em presenca da luz solar; etc..

Todos estes processos parecem actuar contra a lei do aumento da entropia. No entanto,

todos ocorrem em resultado da alta qualidade (baixa entropia) da energia radiante proveniente

do Sol e da variacao sistematica da insolacao com a latitude. E esta energia que, aquecendo a

superfıcie da Terra e a Atmosfera de forma desigual e diferenciada, gera os sistemas de ventos

50

Page 52: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

organizados, produz a evaporacao da agua (componente vital do ciclo hidrologico), mantem a

fotossıntese, etc..

A semelhanca do Sol, o Globo terrestre, com uma temperatura media de 288 K, emite ra-

diacao electromagnetica em todas as frequencias do espectro. De acordo com as leis de Stefan-

Boltzmann e do deslocamento de Wien, a sua irradiancia tera que ser inferior a do Sol e o

comprimento de onda, para o qual essa irradiancia e maxima, (λ ≈ 10µm) tera que ser su-

perior ao do Sol (λ ≈ 0,47µm). Logo, a radiacao emitida pelo Globo e pela Atmosfera (cuja

temperatura efectiva e 255 K) e constituıda pela radiacao infravermelha, porque os maximos de

irradiancia se encontram nesta zona do espectro; em contraponto com a radiacao solar, e muito

usual designa-la por radiacao terrestre.

∗ ∗

Para a Terra, como um todo, a quantidade de entropia associada a radiacao solar incidente

e muito menor do que a quantidade de entropia associada a radiacao terrestre emitida. Assim, o

sistema climatico recebe energia de alta qualidade e reenvia para o espaco energia de baixa qua-

lidade (muita entropia). E, por isso, que a radiacao solar revitaliza os fenomenos meteorologicos,

renova a Biosfera, alimenta o ciclo hidrologico, etc..

Se a Terra fosse um sistema isolado teria que verificar-se um aumento, inevitavel, de entropia

que conduziria o nosso planeta a uma uniformidade estagnante, o que ainda nao aconteceu.

7.2 A importancia da radiacao solar e da substancia agua para o clima da

Terra

Toda a fenomenologia que ocorre na Atmosfera e que da origem as condicoes meteorologicas

resulta, essencialmente, da radiacao solar incidente e da existencia simultanea da substancia

agua nas suas tres fases.

A energia radiante transforma-se, sucessivamente, noutras formas de energia com mecanismos

altamente irreversıveis e geradores de entropia. As transicoes de fase da substancia agua geram

entropia e os processos envolvidos sao, tambem, irreversıveis, resultando, no final, uma forte

geracao de entropia.

A geracao de entropia e, assim, um ındice que avalia a actividade de um subsistema, medida

pela intensidade e pela quantidade de transformacoes de energia que nele ocorrem.

Os resultados mostram que os termos de maior geracao de entropia no ecossistema terrestre

51

Page 53: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

sao, de facto, os que envolvem a libertacao do calor latente, com as transicoes de fase da agua,

e os que resultam das interaccoes radiativas com a Atmosfera e o Globo, particularmente, as

que estao associadas a absorcao da radiacao solar. As contribuicoes para o balanco da entropia,

associada aos fluxos de calor sensıvel e a dissipacao por atrito, sao muito menores. Estes resul-

tados confirmam a importancia essencial quer da radiacao solar quer da substancia agua para a

energetica e para o clima da Terra.

Como seria de esperar as fontes e os sumidoiros da entropia nao estao uniformemente dis-

tribuıdos, devido, nao so, a esfericidade da Terra, mas, tambem, a nao homogeneidade do Globo,

com os continentes e oceanos.

Na Atmosfera a geracao de entropia e muito mais pronunciada, devido a maior libertacao

de calor latente e a absorcao mais intensa da radiacao solar, nas latitudes baixas e, por isso,

meteorologicamente mais activas, do que as latitudes medias e altas.

A inspeccao e analise da figura (12) mostra a evolucao, apreciavel, que caracteriza a variabi-

lidade da geracao de entropia ao longo da latitude e no decurso do tempo, nos perfis referentes

a radiacao solar e a libertacao do calor latente.

Os perfis mostram que o Verao e o perıodo mais activo, isto e, com maior geracao de entropia.

Enquanto que, no Inverno os valores sao substancialmente inferiores, com excepcao da Regiao

Equatorial, nao so no perfil total como nos outros perfis dos dois processos representados.

A variacao da geracao devida a absorcao da radiacao solar apresenta um maximo na Regiao

Subtropical Seca, com um gradiente pouco acentuado ate as latitudes medias para, depois,

apresentar, como era de esperar, valores mais acentuados desse gradiente. Esta distribuicao e

geral para os valores anuais e sazonais. Estes valores sao condicionados pela irradiancia solar e

pelo albedo e absorvidade da Atmosfera.

Os perfis referentes a libertacao do calor latente mostram o elevado valor da geracao de en-

tropia nas regioes tropicais, em todas as estacoes, e o decrescimo que sofre ate atingir o mınimo

na Regiao Subtropical Seca. Este mınimo corresponde a elevada aridez desta zona (desertica). A

partir deste mınimo aumenta ate atingir um maximo local na Regiao das Latitudes Medias. Este

maximo esta associado a elevada condensacao e precipitacao que acompanham as depressoes ba-

roclınicas e as respectivas superfıcies frontais polares. Verifica-se, depois um decrescimo abrupto

que conduz aos valores baixos observados na Regiao Polar, em que a precipitacao e muito fraca.

Em sıntese, podemos dizer que os balancos de entropia sao importantes para obter uma

melhor compreensao dos mecanismos e processos fısicos envolvidos no clima.

52

Page 54: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

7.3 A entropia e a manutencao da circulacao geral da Atmosfera

A energia radiante absorvida, quer de origem solar, quer de origem terrestre, e a associada a

libertacao de calor latente transformam-se em energia interna da Atmosfera que, por sua vez,

se transforma em energia potencial disponıvel para fornecer a energia cinetica das circulacoes

gerais da Atmosfera e dos oceanos. Esta dissipar-se-a, por turbulencia e por atrito, ate aparecer

sob a forma de movimentos caoticos e aleatorios a escala molecular, contribuindo, em parte,

para manter a temperatura media da Atmosfera.

A manutencao da circulacao geral da Atmosfera exige que haja negantropia disponıvel, que

modele e organize os movimentos da Atmosfera. Vamos mostrar como se gera essa negantropia,

recorrendo a formulacao fundamental do Segundo Princıpio da Termodinamica:

dS =Q

T.

A geracao de entropia da circulacao geral e devida aos efeitos do atrito, com a correspondente

dissipacao da sua energia cinetica. Esta conclusao sugere que se procure identificar a quantidade

de “calor”associada a dissipacao por atrito, separando-a de todas as outras fontes de calor da

Atmosfera.

A taxa de aquecimento, Q, da Atmosfera pode, assim, separar-se em duas componentes,

Q = Qf + Qh

em que Qf designa a parte da taxa de aquecimento diabatico, devida aos fenomenos de micro-

escala, ao atrito mecanico e molecular da Atmosfera e Qh representa todos os outros termos da

taxa de aquecimento diabatico.

Para intervalos de tempo suficientemente grandes, a entropia da Atmosfera mantem-se cons-

tante e, portanto:

∫∫∫

V

ρ

(

Qh + Qf

)

TdV = 0

ou, em termos de pressao, usando a equacao de Poisson

∫∫∫

V

ρ

(

Qh + Qf

)

pkdV = 0

em que a barra representa o operador media temporal, p a pressao atosferica e k = R/cp, em

que R e a constante dos gases para o ar seco e cp e o calor especıfico a pressao constante.

Ora, como T , p e Qf sao sempre grandezas positivas, os integrais:

∫∫∫

V

ρ

(

Qf

)

TdV e

∫∫∫

V

ρ

(

Qf

)

pkdV

53

Page 55: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

sao sempre positivos. Logos os integrais:

∫∫∫

V

ρ

(

Qh

)

TdV e

∫∫∫

V

ρ

(

Qh

)

pkdV

sao sempre negativos.

O sinal destes ultimos integrais (< 0) permite-nos concluir que os campos Qh e T (ou Qh e p)

estao positivamente correlacionados, na Atmosfera, isto e, os valores elevados de Qh verificam-se

nas regioes de temperaturas mais elevadas (ou de pressoes mais elevadas) e vice-versa, gerando,

por isso, a negantropia que permite alimentar a circulacao geral, o que confirma a afirmacao

feita anteriormente.

Ora, esta conclusao e perfeitamente corroborada pelos resultados apresentados anterior-

mente, com o aquecimento a ocorrer, preferencialmente, nas baixas latitudes e nos nıveis inferio-

res da Atmosfera, onde as temperaturas e as pressoes sao mais elevadas (teorema de Sandstrom)

e o arrefecimento nas latitudes mais altas e nos nıveis superiores, onde as temperaturas sao mais

baixas.

Por outras palavras, a circulacao geral so pode ser mantida contra os efeitos do atrito e da

turbulencia porque se aquecem as regioes ja mais quentes e se arrefecem as regioes mais frias.

Ha, portanto, uma certa organizacao e um ordenamento no aquecimento e no arrefecimento do

ecossistema terrestre (diminuicao de entropia ou geracao de negantropia), com o aquecimento

preferencial das regioes mais quentes e o arrefecimento das regioes mais frias. E o repor de

ordem no sistema climatico!

54

Page 56: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Anexo

Atlas

do balanco de Entropia

da Atmosfera

55

Page 57: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Neste Anexo apresenta-se uma colectanea dos balancos medios de entropia para oito regioes

do Hemisferio Norte, para o Ano, Inverno (DJF) e Verao (JJA), esperando-se que a sua recolha

venha a ser importante para investigacoes futuras sobre o comportamento e a fenomenologia da

Atmosfera.

Indice

Quadro 1. Regiao Equatorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

Quadro 2. Regiao Tropical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

Quadro 3. Regiao Subtropical Seca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

Quadro 4. Regiao Subtropical Chuvosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

Quadro 5. Regiao das Latitudes Medias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

Quadro 6. Regiao Subpolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

Quadro 7. Regiao Polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

Quadro 8. Regiao sobre o mar Mediterraneo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .64

56

Page 58: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Regiao Equatorial

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=316 W/m²E/T=51,7 mW/m²K

T=260 KE=222 W/m²E/T=853 mW/m²K

T=6110 KE=231 W/m²E/T=37,8 mW/m²K

T=299 KE=34,6 W/m²E/T=116 mW/m²K

T=299 KE=59,2 W/m²E/T=198 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=260 KE=85,8 W/m² =315 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=260 KE=38,4 W/m² =19,1 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=268 KE=114 W/m² =426 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=295 KE=34,6 W/m² =1,6 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=295 KE=1,9 W/m² =6,4 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 769 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=299 KE=20,9 W/m²E/T=69,5 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=260 KE=26,5 W/m²E/T=102 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=260 KE=26,2 W/m²E/T=101 mW/m²K

T=261 KE=104 W/m²E/T=399 mW/m²K

T=261 KE=155 W/m²E/T=595 mW/m²K

Eq 10 N

-789 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

ANO

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=303 W/m²E/T=49,6 mW/m²K

T=260 KE=220 W/m²E/T=846 mW/m²K

T=6110 KE=221 W/m²E/T=36,2 mW/m²K

T=299 KE=18,4 W/m²E/T=61,5 mW/m²K

T=299 KE=61,8 W/m²E/T=207 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=260 KE=82 W/m² =302 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=260 KE=41,2 W/m² =20,5 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=268 KE=106 W/m² =396 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=295 KE=18,4 W/m² =0,9 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=295 KE=1,9 W/m² =6,4 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 726 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=299 KE=20,7 W/m²E/T=69,3 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=260 KE=238 W/m²E/T=915 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=260 KE=367 W/m²E/T=1410 mW/m²K

T=260 KE=313 W/m²E/T=1203 mW/m²K

T=260 KE=470 W/m²E/T=1806 mW/m²K

Eq 10 N

-741 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

DJF

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=312 W/m²E/T=51,1 mW/m²K

T=260 KE=212 W/m²E/T=815 mW/m²K

T=6110 KE=227 W/m²E/T=37,2 mW/m²K

T=299 KE=22,5 W/m²E/T=75,3 mW/m²K

T=299 KE=55,0 W/m²E/T=184 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=260 KE=84,7 W/m² =313 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=260 KE=35,1 W/m² =17,3 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=267 KE=160 W/m² =599 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=295 KE=22,5 W/m² =1,0 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=295 KE=1,9 W/m² =6,4 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 935 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=299 KE=19,9 W/m²E/T=66,5 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=260 KE=265 W/m²E/T=1019 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=260 KE=406 W/m²E/T=1561 mW/m²K

T=261 KE=78,2 W/m²E/T=300 mW/m²K

T=261 KE=129 W/m²E/T=495 mW/m²K

Eq 10 N

-955 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

JJA

Quadro 1. Fluxos de entropia e de energia atraves das fronteiras da regiao equatorial; taxas

de geracao de entropia que ocorrem nesta regiao e distribuicao de temperaturas associadas aos

fluxos e a geracao.

57

Page 59: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Regiao Tropical

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=299 W/m²E/T=48,9 mW/m²K

T=260 KE=226 W/m²E/T=868 mW/m²K

T=6110 KE=218 W/m²E/T=35,7 mW/m²K

T=295 KE=12,4 W/m²E/T=42,0 mW/m²K

T=299 KE=71,4 W/m²E/T=239 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=260 KE=81,2 W/m² =299 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=260 KE=50,2 W/m² =24,8 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=283 KE=80 W/m² =283 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=295 KE=-12,4 W/m² =--------

Dissipaçãopor Atrito

T=295 KE=1,9 W/m² =6,4 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 612 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=299 KE=21,2 W/m²E/T=70,9 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=261 KE=108 W/m²E/T=414 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=261 KE=160 W/m²E/T=614 mW/m²K

T=260 KE=51,2 W/m²E/T=197 mW/m²K

T=260 KE=76,2 W/m²E/T=293 mW/m²K

10 N 20 N

-625 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

ANO

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=250 W/m²E/T=40,9 mW/m²K

T=260 KE=230 W/m²E/T=884 mW/m²K

T=6110 KE=182 W/m²E/T=29,8 mW/m²K

T=293 KE=34,6 W/m²E/T=118 mW/m²K

T=297 KE=84,6 W/m²E/T=285 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=260 KE=67,9 W/m² =251 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=260 KE=63,1 W/m² =30,8 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=282 KE=45 W/m² =160 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=293 KE=-34,6 W/m² =--------

Dissipaçãopor Atrito

T=293 KE=1,9 W/m² =6,5 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 447 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=297 KE=21,5 W/m²E/T=72,3 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=260 KE=323 W/m²E/T=1241 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=260 KE=485 W/m²E/T=1864 mW/m²K

T=258 KE=103 W/m²E/T=399 mW/m²K

T=258 KE=178 W/m²E/T=689 mW/m²K

10 N 20 N

-447 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

DJF

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=328 W/m²E/T=53,7 mW/m²K

T=261 KE=218 W/m²E/T=835 mW/m²K

T=6110 KE=240 W/m²E/T=39,1 mW/m²K

T=300 KE=15,1 W/m²E/T=51,5 mW/m²K

T=300 KE=58,3 W/m²E/T=195 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=261 KE=89 W/m² =327 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=261 KE=37,8 W/m² =18,7 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=283 KE=142 W/m² =501 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=296 KE=15,1 W/m² =0,6 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=296 KE=1,9 W/m² =6,4 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 853 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=300 KE=20,4 W/m²E/T=68,1 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=261 KE=80,6 W/m²E/T=309 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=261 KE=133 W/m²E/T=510 mW/m²K

T=262 KE=25,6 W/m²E/T=97,9 mW/m²K

T=262 KE=38,1 W/m²E/T=146 mW/m²K

10 N 20 N

-893 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

JJA

Quadro 2. Fluxos de entropia e de energia atraves das fronteiras da regiao tropical do Hemisferio

Norte; taxas de geracao de entropia que ocorrem nesta regiao e distribuicao de temperaturas

associadas aos fluxos e a geracao.

58

Page 60: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Regiao Subtropical Seca

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=274 W/m²E/T=44,8 mW/m²K

T=259 KE=225 W/m²E/T=870 mW/m²K

T=6110 KE=200 W/m²E/T=32,7 mW/m²K

T=295 KE=10,6 W/m²E/T=35,9 mW/m²K

T=295 KE=85,6 W/m²E/T=290 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=259 KE=74,4 W/m² =275 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=259 KE=64,5 W/m² =30,9 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=281 KE=62 W/m² =221 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=292 KE=10,6 W/m² =0,4 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=292 KE=1,9 W/m² =6,5 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 534 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=295 KE=21,2 W/m²E/T=71,4 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=260 KE=54,7 W/m²E/T=210 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=260 KE=81,2 W/m²E/T=312 mW/m²K

T=257 KE=37,8 W/m²E/T=147 mW/m²K

T=257 KE=24,9 W/m²E/T=96,8 mW/m²K

20 N 30 N

-552 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

ANO

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=208 W/m²E/T=34,0 mW/m²K

T=256 KE=219 W/m²E/T=855 mW/m²K

T=6110 KE=152 W/m²E/T=24,8 mW/m²K

T=288 KE=12,9 W/m²E/T=44,7 mW/m²K

T=292 KE=98 W/m²E/T=336 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=256 KE=56,5 W/m² =211 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=256 KE=77,5 W/m² =17,6 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=277 KE=40 W/m² =144 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=288 KE=-12,9 W/m² =--------

Dissipaçãopor Atrito

T=288 KE=1,9 W/m² =6,6 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 399 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=292 KE=20,5 W/m²E/T=70,3 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=258 KE=109 W/m²E/T=421 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=258 KE=189 W/m²E/T=732 mW/m²K

T=253 KE=63 W/m²E/T=249 mW/m²K

T=253 KE=37,4 W/m²E/T=148 mW/m²K

20 N 30 N

-417 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

DJF

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=341 W/m²E/T=55,8 mW/m²K

T=262 KE=231 W/m²E/T=884 mW/m²K

T=6110 KE=248 W/m²E/T=40,8 mW/m²K

T=299 KE=4,3 W/m²E/T=14,5 mW/m²K

T=299 KE=70 W/m²E/T=235 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=262 KE=93 W/m² =339 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=262 KE=48,4 W/m² =22,9 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=284 KE=83,7 W/m² =295 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=296 KE=4,3 W/m² =0,1 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=296 KE=1,9 W/m² =6,4 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 663 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=299 KE=21,6 W/m²E/T=72,5 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=262 KE=27,3 W/m²E/T=104 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=262 KE=40,6 W/m²E/T=155 mW/m²K

T=261 KE=12,6 W/m²E/T=48,2 mW/m²K

T=261 KE=20,0 W/m²E/T=76,6 mW/m²K

20 N 30 N

-670 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

JJA

Quadro 3. Fluxos de entropia e de energia atraves das fronteiras da regiao subtropical seca

do Hemisferio Norte; taxas de geracao de entropia que ocorrem nesta regiao e distribuicao de

temperaturas associadas aos fluxos e a geracao.

59

Page 61: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Regiao Subtropical Chuvosa

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=241 W/m²E/T=39,4 mW/m²K

T=255 KE=212 W/m²E/T=832 mW/m²K

T=6110 KE=176 W/m²E/T=28,8 mW/m²K

T=289 KE=43,7 W/m²E/T=151 mW/m²K

T=289 KE=93,4 W/m²E/T=323 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=255 KE=65,4 W/m² =246 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=255 KE=73,5 W/m² =33,9 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=276 KE=70 W/m² =254 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=286 KE=43,7 W/m² =1,4 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=286 KE=1,9 W/m² =6,6 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 542 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=289 KE=19,9 W/m²E/T=68,7 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=257 KE=41,8 W/m²E/T=163 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=257 KE=27,6 W/m²E/T=107 mW/m²K

T=253 KE=98,6 W/m²E/T=390 mW/m²K

T=253 KE=43,9 W/m²E/T=174 mW/m²K

30 N 40 N

-577 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

ANO

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=149 W/m²E/T=24,4 mW/m²K

T=250 KE=198 W/m²E/T=791 mW/m²K

T=6110 KE=109 W/m²E/T=17,8 mW/m²K

T=283 KE=30,6 W/m²E/T=108 mW/m²K

T=283 KE=96 W/m²E/T=340 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=250 KE=40,5 W/m² =155 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=250 KE=77,5 W/m² =35,4 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=270 KE=65 W/m² =241 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=280 KE=30,6 W/m² =1,2 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=280 KE=1,9 W/m² =6,8 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 440 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=283 KE=18,5 W/m²E/T=65,6 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=253 KE=69,7 W/m²E/T=275 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=253 KE=41,4 W/m²E/T=163 mW/m²K

T=247 KE=148 W/m²E/T=599 mW/m²K

T=247 KE=98 W/m²E/T=396 mW/m²K

30 N 40 N

-493 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

DJF

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=333 W/m²E/T=54,5 mW/m²K

T=260 KE=229 W/m²E/T=880 mW/m²K

T=6110 KE=243 W/m²E/T=39,8 mW/m²K

T=295 KE=34,5 W/m²E/T=117 mW/m²K

T=295 KE=78 W/m²E/T=264 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=260 KE=90 W/m² =333 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=260 KE=56,6 W/m² =25,7 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=282 KE=63,3 W/m² =226 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=293 KE=34,5 W/m² =0,8 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=293 KE=1,9 W/m² =6,5 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 592 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=295 KE=21,5 W/m²E/T=72,7 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=261 KE=13,9 W/m²E/T=53,2 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=261 KE=22,1 W/m²E/T=84,6 mW/m²K

T=259 KE=44,4 W/m²E/T=172 mW/m²K

T=259 KE=26,9 W/m²E/T=104 mW/m²K

30 N 40 N

-593 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

JJA

Quadro 4. Fluxos de entropia e de energia atraves das fronteiras da regiao subtropical chuvosa

do Hemisferio Norte; taxas de geracao de entropia que ocorrem nesta regiao e distribuicao de

temperaturas associadas aos fluxos e a geracao.

60

Page 62: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Regiao das Latitudes Medias

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=183 W/m²E/T=30,0 mW/m²K

T=249 KE=188 W/m²E/T=755 mW/m²K

T=6110 KE=133 W/m²E/T=21,8 mW/m²K

T=277 KE=13,5 W/m²E/T=48,8 mW/m²K

T=279 KE=86,0 W/m²E/T=308 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=249 KE=49,7 W/m² =191 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=249 KE=68,4 W/m² =29,0 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=267 KE=84,5 W/m² =317 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=277 KE=-13,5 W/m² =--------

Dissipaçãopor Atrito

T=277 KE=1,9 W/m² =6,9 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 544 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=279 KE=17,7 W/m²E/T=63,2 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=253 KE=63,1 W/m²E/T=250 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=253 KE=28,1 W/m²E/T=111 mW/m²K

T=245 KE=36,0 W/m²E/T=147 mW/m²K

T=245 KE=0,0 W/m²E/T= 0,0 mW/m²K

40 N 60 N

-558 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

ANO

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=75,4 W/m²E/T=12,3 mW/m²K

T=243 KE=170 W/m²E/T=698 mW/m²K

T=6110 KE=55,1 W/m²E/T=9,0 mW/m²K

T=268 KE=51,1 W/m²E/T=191 mW/m²K

T=268 KE=60,0 W/m²E/T=224 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=243 KE=20,5 W/m² =80,9 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=243 KE=44,1 W/m² =17,0 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=259 KE=65,0 W/m² =251 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=267 KE=51,1 W/m² =0,8 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=267 KE=1,9 W/m² =7,1 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 357 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=268 KE=15,9 W/m²E/T=59,3 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=247 KE=94,6 W/m²E/T=383 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=247 KE=62,5 W/m²E/T=253 mW/m²K

T=239 KE=51,5 W/m²E/T=216 mW/m²K

T=239 KE=0,0 W/m²E/T= 0,0 mW/m²K

40 N 60 N

-425 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

DJF

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=293 W/m²E/T=48,0 mW/m²K

T=256 KE=211 W/m²E/T=824 mW/m²K

T=6110 KE=214 W/m²E/T=35,0 mW/m²K

T=289 KE=36,2 W/m²E/T=126 mW/m²K

T=289 KE=72,0 W/m²E/T=250 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=256 KE=80 W/m² =296 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=256 KE=52,2 W/m² =23,0 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=275 KE=61,5 W/m² =224 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=286 KE=36,2 W/m² =1,0 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=286 KE=1,9 W/m² =6,6 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 552 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=289 KE=19,8 W/m²E/T=68,6 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=259 KE=28,4 W/m²E/T=110 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=259 KE=17,2 W/m²E/T=66,5 mW/m²K

T=253 KE=20,6 W/m²E/T=81,3 mW/m²K

T=253 KE=0,0 W/m²E/T= 0,0 mW/m²K

40 N 60 N

-543 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

JJA

Quadro 5. Fluxos de entropia e de energia atraves das fronteiras da regiao das latitudes medias

do Hemisferio Norte; taxas de geracao de entropia que ocorrem nesta regiao e distribuicao de

temperaturas associadas aos fluxos e a geracao.

61

Page 63: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Regiao Subpolar

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=120 W/m²E/T=19,6 mW/m²K

T=244 KE=167 W/m²E/T=685 mW/m²K

T=6110 KE=87,4 W/m²E/T=14,4 mW/m²K

T=268 KE=13,9 W/m²E/T=51,9 mW/m²K

T=268 KE=56,6 W/m²E/T=211 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=244 KE=32,6 W/m² =128 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=244 KE=40,9 W/m² =15,1 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=266 KE=43 W/m² =162 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=267 KE=13,9 W/m² =0,1 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=267 KE=1,9 W/m² =7,1 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 312 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=268 KE=15,7 W/m²E/T=58,4 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=245 KE=109 W/m²E/T=444 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=245 KE=0,0 W/m²E/T=0,0 mW/m²K

T=242 KE=42,7 W/m²E/T=176 mW/m²K

T=242 KE=29,6 W/m²E/T= 122 mW/m²K

60 N 70 N

-329 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

ANO

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=18,9 W/m²E/T=3,1 mW/m²K

T=237 KE=146 W/m²E/T=618 mW/m²K

T=6110 KE=13,8 W/m²E/T=2,3 mW/m²K

T=255 KE=29,6 W/m²E/T=116 mW/m²K

T=255 KE=24,7 W/m²E/T=97,1 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=237 KE=5,1 W/m² =20,8 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=237 KE=11,0 W/m² =3,2 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=257 KE=31,1 W/m² =121 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=254 KE=29,6 W/m² =0,2 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=254 KE=1,9 W/m² =7,5 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 152 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=255 KE=13,7 W/m²E/T=53,9 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=239 KE=156 W/m²E/T=654 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=239 KE=0,0 W/m²E/T=0,0 mW/m²K

T=235 KE=64,0 W/m²E/T=272 mW/m²K

T=235 KE=31,6 W/m²E/T= 134 mW/m²K

60 N 70 N

-210 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

DJF

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=247 W/m²E/T=40,4 mW/m²K

T=253 KE=197 W/m²E/T=780 mW/m²K

T=6110 KE=180 W/m²E/T=29,4 mW/m²K

T=283 KE=29,0 W/m²E/T=103 mW/m²K

T=283 KE=57,0 W/m²E/T=202 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=253 KE=67 W/m² =255 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=253 KE=38,5 W/m² =16,2 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=277 KE=47,5 W/m² =172 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=280 KE=29,0 W/m² =0,9 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=280 KE=1,9 W/m² =6,8 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 450 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=283 KE=18,5 W/m²E/T=65,5 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=253 KE=62,4 W/m²E/T=246 mW/m²K

h F

h F

φ Fφ F

T=253 KE=0,0 W/m²E/T=0,0 mW/m²K

T=252 KE=32,0 W/m²E/T=127 mW/m²K

T=252 KE=4,2 W/m²E/T= 16,7 mW/m²K

60 N 70 N

-427 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

JJA

Quadro 6. Fluxos de entropia e de energia atraves das fronteiras da regiao subpolar do Hemisferio

Norte; taxas de geracao de entropia que ocorrem nesta regiao e distribuicao de temperaturas

associadas aos fluxos e a geracao.

62

Page 64: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Regiao Polar

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=85 W/m²E/T=13,9 mW/m²K

T=241 KE=165 W/m²E/T=685 mW/m²K

T=6110 KE=62 W/m²E/T=10,1 mW/m²K

T=261 KE=0,6 W/m²E/T=2,4 mW/m²K

T=261 KE=49,6 W/m²E/T=190 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=241 KE=23,1 W/m² =92 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=241 KE=34,1 W/m² =10,9 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=261 KE=19,0 W/m² =72,8 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=261 KE=0,6 W/m² =0,0 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=261 KE=1,9 W/m² =7,3 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 183 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=261 KE=15,5 W/m²E/T=59,2 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=242 KE=52,1 W/m²E/T=215 mW/m²K

h F

φ F

T=242 KE=36,1 W/m²E/T=149 mW/m²K

70 N

-184 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

ANO

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=8,4 W/m²E/T=1,4 mW/m²K

T=234 KE=140 W/m²E/T=600 mW/m²K

T=6110 KE=6,1 W/m²E/T=1,0 mW/m²K

T=251 KE=16,9 W/m²E/T=67,1 mW/m²K

T=249 KE=22,1 W/m²E/T=88,8 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=234 KE=2,3 W/m² =9,5 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=234 KE=9,0 W/m² =2,4 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=253 KE=19,0 W/m² =75,2 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=251 KE=-16,9 W/m² =---------

Dissipaçãopor Atrito

T=251 KE=1,9 W/m² =7,6 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 95 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=249 KE=13,2 W/m²E/T=53 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=235 KE=78,2 W/m²E/T=332 mW/m²K

h F

φ F

T=235 KE=38,7 W/m²E/T=165 mW/m²K

70 N

-134 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

DJF

sw Fsup

lw Fsup Fsup

Q

T=6110 KE=208 W/m²E/T=34,0 mW/m²K

T=250 KE=183 W/m²E/T=731 mW/m²K

T=6110 KE=152 W/m²E/T=24,9 mW/m²K

T=276 KE=10,3 W/m²E/T=37,5 mW/m²K

T=276 KE=76,3 W/m²E/T=277 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=251 KE=56,5 W/m² =216 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=251 KE=59,2 W/m² =21,5 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=272 KE=25,5 W/m² =93,6 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=274 KE=10,3 W/m² =0,2 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=274 KE=1,9 W/m² =6,9 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 338 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=276 KE=17,2 W/m²E/T=62,2 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=252 KE=39,1 W/m²E/T=155 mW/m²K

h F

φ F

T=252 KE=5,2 W/m²E/T=20,7 mW/m²K

70 N

-293 mW/m²KTΣi

E laterali

iΣ E

T

topoi

i TΣi

E supi

ii

JJA

Quadro 7. Fluxos de entropia e de energia atraves das fronteiras da regiao polar do Hemisferio

Norte; taxas de geracao de entropia que ocorrem nesta regiao e distribuicao de temperaturas

associadas aos fluxos e a geracao.

63

Page 65: Balan˘cos globais e regionais de Entropia da Atmosfera.artome/entropia_pagina.pdf · Figura 1: Esquema do ecossistema terrestre O sistema clim atico coincide com o ecossistema terrestre

Regiao Sobre o Mediterraneo

sw Fsup

lw Fsup FsupQ

T=6110 KE=241 W/m²E/T=39,4 mW/m²K

T=254 KE=219 W/m²E/T=862 mW/m²K

T=6110 KE=181 W/m²E/T=29,6 mW/m²K

T=292 KE=6,5 W/m²E/T=22,3 mW/m²K

T=292 KE=54,2 W/m²E/T=186 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=254 KE=60 W/m² =226 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=254 KE=33,7 W/m² =17,3 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=283 KE=53,1 W/m² =188 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=287 KE=6,5 W/m² =0,4 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=287 KE=1,9 W/m² =6,6 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 438 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=292 KE=20,5 W/m²E/T=70,2 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=254 KE=65,7 W/m²E/T=259 mW/m²K

-455 mW/m²KTΣi

E laterali

ET

topoi

i TΣi

E supi

ii

ANO

u+ F

φ

sw Fsup

lw Fsup FsupQ

T=6110 KE=147 W/m²E/T=39,4 mW/m²K

T=250 KE=183 W/m²E/T=732 mW/m²K

T=6110 KE=88,3 W/m²E/T=14,5 mW/m²K

T=288 KE=18,4 W/m²E/T=63,8 mW/m²K

T=288 KE=53,3 W/m²E/T=185 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=250 KE=58,7 W/m² =225 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=250 KE=36,2 W/m² =19,1 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=277 KE=112 W/m² =404 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=281 KE=18,4 W/m² =1,59 mW/m²K

Dissipaçãopor Atrito

T=281 KE=1,9 W/m² =6,8 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 656 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=288 KE=17,1 W/m²E/T=59,4 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=250 KE=48,5 W/m²E/T=194 mW/m²K

-712 mW/m²KTΣi

E laterali

ET

topoi

i TΣi

E supi

ii

DJF

h+ F

φ

sw Fsup

lw Fsup FsupQ

T=6110 KE=340 W/m²E/T=55,6 mW/m²K

T=260 KE=238 W/m²E/T=915 mW/m²K

T=6110 KE=228,9 W/m²E/T=47,3 mW/m²K

T=294 KE=2,6 W/m²E/T=8,8 mW/m²K

T=297 KE=49,2 W/m²E/T=166 mW/m²K

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO TERRESTRE

Atmosfera

Processos geradores de EntropiaAbsorçãoda radiaçãoSolar

T=260 KE=111 W/m² =409 mW/m²K

Absorçãoda radiaçãoTerrestre

T=260 KE=26,9 W/m² =12,6 mW/m²K

Libertaçãodo CalorLatente

T=291 KE=0,0 W/m² =0,0 mW/m²K

Aquecimentoda CamadaLimite

T=297 KE=2,6 W/m² =-----------

Dissipaçãopor Atrito

T=294 KE=1,9 W/m² =6,5 mW/m²Kσ σ σ σ σ

= 428 mW/m²KσΣi i

lw1 Ftopo

sw Ftopo

T=297 KE=22,3 W/m²E/T=75,4 mW/m²K

Globo

topolw3 F

T=260 KE=110 W/m²E/T=422 mW/m²K

-383 mW/m²KTΣi

E laterali

ET

topoi

i TΣi

E supi

ii

JJA

h+ F

φ

Quadro 8. Fluxos de entropia e de energia atraves das fronteiras da regiao atmosferica sobre

o mar Mediterraneo; taxas de geracao de entropia que ocorrem nesta regiao e distribuicao de

temperaturas associadas aos fluxos e a geracao.

64