bagagem adelia prado

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    Bagagem Adlia Prado

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    2/54Bagagem - Adlia Prado

    Biografia

    Nasceu 13 de dezembro de 1935(Divinpolis)

    Filiao: Joo do Padro Filho (ferrovirio)

    Ana Clotilde Corra, (dona de casa)

    Estudos: Grupo Escolar Padre Matias Lobato.

    Ginasio Nossa Senhora do Sagrado Corao

    Magistrio na Escola Normal Mrio CasassantaFaculdade de Filosofia

    Adlia Luiza Prado Freitas

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    3/54Bagagem - Adlia Prado

    Adlia escreve os seus primeiros versos aos 14 anos, logo

    aps o falecimento de sua me em 1950.

    Em 1973, aps formar-se em filosofia envia os originais

    Dos seus poemas ao poeta e critico literrio AffonsoRomano de SantAnna, submete a apreciao de Carlos

    Drummond de Andrade.

    Drummond sugere a Pedro Paulo de Sena Madureira, da

    editora Imago no ano de 1975, que publique o livro deAdlia, cujo os poemas lhe pareciam fenomenais, o que

    viria a ser Bagagem.

    No dia 9 de outubro, Drummond publica uma crnica no

    Jornal do Brasil, chamando a ateno para o trabalho ainda

    indito da escrito.Logo aps, em 1976, o livro lanado no

    Rio de Janeiro contando com a presena da elite literria

    brasileira na poca.

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    4/54Bagagem - Adlia Prado

    Com Licena Potica

    Quando nasci um anjo esbelto,desses que tocam trombeta, anunciou:

    vai carregar bandeira.

    Cargo muito pesado pra mulher,

    esta espcie ainda envergonhada.

    Aceito os subterfgios que me cabem,

    sem precisar mentir.

    No sou feia que no possa casar,acho o Rio de Janeiro uma beleza e

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    5/54Bagagem - Adlia Prado

    ora sim, ora no, creio em parto sem dor.Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

    Inauguro linhagens, fundo reinosdor no amargura.

    Minha tristeza no tem pedigree,

    j a minha vontade de alegria,sua raiz vai ao meu mil av.

    Vai ser coxo na vida maldio pra homem.Mulher desdobrvel. Eu sou.

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    6/54Bagagem - Adlia Prado

    Na poesia com licena potica, ela faz uma

    parfrase do Poema de Sete Faces, de Carlos

    Drummond de Andrade, onde ele trata o lado

    ruim de sua vida, e que quando ele nasceu um

    anjo lhe disse que ele iria sofrer na vida. MasAdlia trata o seu mostrando o lado bom da sua

    vida, que mesmo ela tendo sofrido tudo que

    sofreu, ela muito feliz.

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    7/54Bagagem - Adlia Prado

    Anlise

    Quando nasci, um anjo torto

    desses que vivem na sombra

    disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

    Quando nasci um anjo esbelto,

    desses que tocam trombeta, anunciou:vai carregar bandeira.

    Com Licena Potica Adlia Prado

    Poema de Sete Faces Carlos Drummond de Andrade

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    Bagagem - Adlia Prado

    Anlise

    As casas espiam os homens

    que correm atrs de mulheres.

    A tarde talvez fosse azul,

    no houvesse tantos desejos.

    Cargo muito pesado pra mulher,

    esta espcie ainda envergonhada.Aceito os subterfgios que me cabem,

    sem precisar mentir.

    Com Licena Potica Adlia Prado

    Poema de Sete Faces Carlos Drummond de Andrade

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    Bagagem - Adlia Prado

    Anlise

    O bonde passa cheio de pernas:

    pernas brancas pretas amarelas.

    Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu corao.

    No sou feia que no possa casar,

    acho o Rio de Janeiro uma beleza eora sim, ora no, creio em parto sem dor.

    Com Licena Potica Adlia Prado

    Poema de Sete Faces Carlos Drummond de Andrade

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    Bagagem - Adlia Prado

    Anlise

    Porm meus olhos

    no perguntam nada.O bonde passa cheio de pernas:

    pernas brancas pretas amarelas.

    j a minha vontade de alegria,

    sua raiz vai ao meu mil av.Vai ser coxo na vida maldio pra homem.

    Mulher desdobrvel. Eu sou.

    Com Licena Potica Adlia Prado

    Poema de Sete Faces Carlos Drummond de Andrade

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    Bagagem - Adlia Prado

    Anlise

    Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu corao.

    Porm meus olhosno perguntam nada.O homem atrs do bigode

    srio, simples e forte.

    Quase no conversa.

    Poema de Sete Faces Carlos Drummond de Andrade

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    Bagagem - Adlia Prado

    Anlise

    Tem poucos, raros amigos

    o homem atrs dos culos e do bigode,

    Meu Deus, por que me abandonastese sabias que eu no era Deus

    se sabias que eu era fraco.Mundo mundo vasto mundo,

    se eu me chamasse Raimundo

    seria uma rima, no seria uma soluo.

    Poema de Sete Faces Carlos Drummond de Andrade

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    Bagagem - Adlia Prado

    Anlise

    Mundo mundo vasto mundo,

    mais vasto meu corao.Eu no devia te dizer

    mas essa lua

    mas esse conhaque

    botam a gente comovido como o diabo.

    Poema de Sete Faces Carlos Drummond de Andrade

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    Bagagem - Adlia Prado

    Anlise

    Adlia parafraseia o poema de Drummond,podendo ser percebido no prprio ttulo. Ela pedelicena para entrar no universo de Drummond e parainverter o sentido do Poema de sete faces. O anjotorto transformado num anjo esbelto,j no vivemais na sombra, agora toca trombeta, deixando deanunciar que algum ser gauche na vida, mas aocontrrio, vai carregar bandeira, ter uma posio de

    destaque entre os demais.

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    Bagagem - Adlia Prado

    Anlise

    Na poesia Drummond tem uma viso masculinaextremamente pessimista, j na poesia de Adlia huma viso feminina positivista. Ela faz a parodia da

    poesia exaltando a mulher que aceita os subterfgios

    que me cabem/ sem precisar mentir. Definindo amulher como um ser desdobrvel, que aceita seu papelde reprodutora, mas com um parto sem dor

    Diferentemente de Drummond, que questiona a

    Deus o porqu do seu desprezo, Adlia Prado afirmaque dor no amargurae que ser coxo na vida maldio para homem, mulher desdobrvel.

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    Bagagem - Adlia Prado

    JanelaJanela, palavra linda.

    Janela o bater das asas da borboleta amarela.Abre pra fora as duas folhas de madeira -toa pintada,janela jeca, de azul.Eu pulo voc pra dentro e pra fora, monto a cavalo em voc,meu p esbarra no cho.

    Janela sobre o mundo aberta, por onde vio casamento da Anita esperando nenm, a medo Pedro Cisterna urinando na chuva, por onde vimeu bem chegar de bicicleta e dizer a meu pai:minhas intenes com sua filha so as melhores possveis. janela com tramela, brincadeira de ladro,clarabia na minha alma,olho no meu corao.

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    Bagagem - Adlia Prado

    JanelaJanela, palavra linda.

    Janela o bater das asas da borboleta amarela.Abre pra fora as duas folhas de madeira -toa pintada,janela jeca, de azul.Eu pulo voc pra dentro e pra fora, monto a cavalo em voc,meu p esbarra no cho.

    Janela sobre o mundo aberta, por onde vio casamento da Anita esperando nenm, a medo Pedro Cisterna urinando na chuva, por onde vimeu bem chegar de bicicleta e dizer a meu pai:minhas intenes com sua filha so as melhores possveis. janela com tramela, brincadeira de ladro,clarabia na minha alma,olho no meu corao.

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    Bagagem - Adlia Prado

    Anlise

    Na poesia janela, Adlia faz um resumo, de todos ossentimentos que ela sente e que demonstra em todo o livro. Oromantismo, a liberdade (ligando ao fato da borboleta, a questode ser livre, poder voar), o feminismo, a vontade de casar econstruir famlia, sua relao com o pai, a questo do namoro(onamorado vir com o pai de Adlia e falar que suas intenes coma filha dele so as melhores possveis), das brincadeiras. Danecessidade de ver o que se passa no mundo, e no s o que sepassa dentro de casa, pois Adlia sendo filha mulher, naquela

    poca, no podia ficar saindo de casa, e depois de casada, tinhaque cuidar da casa e dos filhos.

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    Mortes sucessivasQuando minha irm morreu eu chorei muito

    e me consolei depressa. Tinha um vestido novoe moitas no quintal onde eu ia existir.Quando minha me morreu, me consolei mais lento.Tinha uma perturbao recm-achada:

    meus seios conformavam dois montculose eu fiquei muito nua,cruzando os braos sobre eles que eu chorava.Quando meu pai morreu, nunca mais me consolei.Busquei retratos antigos, procurei conhecidos,parentes, que me lembrassem sua fala,seu modo de apertar os lbios e ter certeza.

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    Mortes sucessivas

    Reproduzi o encolhido do seu corpoem seu ltimo sono e repeti as palavrasque ele disse quando toquei seus ps:

    deixa, t bom assim .Quem me consolar desta lembrana?Meus seios se cumprirame as moitas onde existo

    so pura sara ardente de memria.

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    Bagagem - Adlia Prado

    Anlise

    Adlia durante sua vida viu a morte de sua irm, depois desua me, e em seguida de seu pai, a quem ela sempre foi muitoapegada.

    No poema ela diz que superou, e se consolou da morte de

    sua irm, e da sua me, mas no da de seu pai, que ela buscavaretratos antigos, conhecidos e familiares, que tivessem o mesmojeito que ele, as mesmas atitudes, o mesmo jeito de falar.

    No livro Bagagem, ela tem vrias poesias que falam do seupai, da falta que sente dele, e da sua relao com ele, retratandofatos da sua infncia, de como ele cuidava dela, de como tratavaela, das suas brincadeiras, das frases que ele comentava, entreoutros.

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    CrticasNuma entrevista concedida ao suplemento "Idias", do

    Jornal do Brasil, Carlos Drummond de Andrade afirmava que apopularidade nada tem a ver com a boa poesia. Esta pode passarpor muito tempo despercebida. De tal sorte no padece a poesiade Adlia Prado. Antes mesmo de ter seu primeiro livro

    publicado, o prprio Drummond j lhe fizera uma crnicaelogiosa e Affonso Romano de Sant'Anna afirma, no prefcio a"O corao disparado", seu entusiasmo pelos inditos de Adlia,que lera por volta de 1972. Avalizada pelos dois poetas, elaconquista com seu primeiro livro de poemas - "Bagagem", 1976 -um pblico cada vez mais numeroso. Poeta de seu tempo (e aquia epgrafe de Paz encontra eco exatamente no que a singularizadentro do nosso repertrio potico das ltimas dcadas),

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    Crticas

    Adlia parece vir ao encontro de algo novo que despontavano horizonte de expectativas da sociedade brasileira: o resgatedo corpo politicamente erotizado, a denncia dos mecanismos depoder que atuam nas instituies sociais e disseminam-se nas

    relaes intersubjetivas, a descaracterizao da macropolticacomo instncia nica capaz de levar a cabo as transformaesexigidas pela sociedade. Tais questes, que comeavam a sercolocadas na srie social brasileira, perpassam a obra de Adlia e

    indicam uma atitude potica nova, singularizada pelatransformao da vida cotidiana em matria de poesia.

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    Crticas

    Esse novo, essa rasura que a poesia de Adlia traz, talvezse possa chamar de uma transcedncia do banal, uma aceitao eum entendimento da expressividade da vida diria e feminina.Nela cabem todos os temas que tm alimentado a poesia de todos

    os tempos: vida, morte, sonhos, comunho mstica com Deus ecom as palavras. Mas na apreenso dos pequenos gestos e dassituaes particulares que ele imprimir sua marca e diferenapoticas. Contrariando a tradio literria e, igualmente,

    contrariando o conselho de um de seus mestres ("No faa versossobre acontecimentos", diz Drummond - em sugesto que elemesmo rejeita),

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    CrticasAdlia resgata para a poesia os acontecimentos mais

    nfimos, o corpo erotizado, a imagem de Deus humanizado, amulher - seus afazeres e haveres. A transcendncia est tambmno modo como Adlia realiza uma esttica em que sedisseminam os resduos da linguagem, os usos coloquiais da

    lngua, os objetos e as expresses do universo kitsch, os seres eos elementos naturais.

    De onde vem a fora desta poesia, que se constitui comoum fio tenso entre o vazio e o pleno? Como pode ser construda

    uma obra com o material que a lngua esvaziou, que a ideologiaempobreceu, que a cultura refugou e que, ainda assim, surge comum acento forte no conjunto da produo potica das ltimasdcadas?

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    CrticasComo se faz uma poesia em que at mesmo os descuido

    formal, freqente sobretudo nos poemas mais longos, acaba porser parte da composio e a ela se integra naturalmente? A estasperguntas talvez venha em resposta o princpio de entrega e deverdade de que se compe a poesia adeliana. Verdade no como

    certeza, mas como revelao de uma voz profundamenteenraizada no cho da provncia, compreendida como categoriacosmognica, fora telrica e mtica. Nesse sentido, sua poesiaresgata o conceito benjaminiano de experincia, ligada comunho e funda cumplicidade com o homem e com suaexistncia concreta, tecida nas relaes que os atos cotidianosgeram.

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    Crticas

    Alm dessa capacidade de criar com o comum, possvelobservar-se tambm uma progressiva adeso vertente religiosaque, presente desde "Bagagem", vem adquirindo maior relevnciaa partir de "O pelicano" e se transforma na dico absoluta de

    "A faca no peito". A religiosidade, que banhava os objetos, osseres e os elementos do mundo natural, centra-se, nesse ltimolivro, na imagem de Deus/Jonathan. O sagrada deixa de ser ofoco iluminador do banal para tornar-se o eixo a partir de ondefala o sujeito lrico, assumindo-lhe a prpria fala. possvel

    circunscrever o universo temtico adeliano em, pelo menos, cinco grandes eixos.

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    CrticasUm primeiro diz respeito famlia literria com a qual

    sua poesia dialoga, em que se incluem aqueles autores e obrascom que, explcita ou implicitamente, ela mais se identifica.Encontram-se a a filiao a Guimares Rosa, a Murilo Mendes, a Fernando Pessoa, a Castro Alves e, sobretudo, a

    Carlos Drummond de Andrade, a quem dois poemas importantes so dedicados. Outro eixo que polariza esta obradiz respeito tematizao da palavra potica, uma de suasmais importantes vertentes. a que surge o aproveitamentoliterrio das formas de linguagem coloquial e popular, dosresduos de linguagem, no sentido de que esse material se constitui das expresses mais banalizadas, recuperadas pelapoesia e revestidas de novas cargas de significao.

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    Crticas

    Um terceiro eixo organiza-se em torno do elemento "provncia", visto no apenas como lugar social e geogrfico,mas como universo cosmognico, suporte das experinciasplasmadoras do seu fazer potico e metonmia do grande

    mundo. Outro eixo constitui-se nos temas recortados sob a gidede Deus, do tempo e da memria realizam a sntese entre os mitos de Deus e da poesia, esta ltima vista como a encarnaohumana da palavra fundadora: a palavra divina. O poeta faz-

    se porta-voz e instrumento da criao, aproximando-se assim davertente romntica fundadora de nossa literatura. .

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    Crticas

    Por fim, a questo do feminino surge na poesia adelianano modo como ela d a ler um conjunto de prticas culturalmente marcado, de modo que o sujeito lrico ora com ele

    se identifica, ora dele se afasta, num movimento pendular entrea tradio e a ruptura, o dilogo com os poetas masculinos e aexplicitao de sua diferena, de que o poema "Com licenapotica", que abre "Bagagem", exemplar.

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    Crticas

    No sou matrona, me dos Gracos, Cornlia, sou mulherdo povo, me de filhos, Adlia. Fao comida e como. Aos domingos bato o osso no prato pra chamar cachorro e atiro osrestos. Quando di, grito ai. quando fico bruta, as

    sensibilidades sem governo. Mas tenho meus prantos, claridadesatrs do meu estmago humilde e fortssima voz pra cnticos defesta. Quando escrever o livro com o meu nome e o nome que euvou pr nele, vou com ele a uma igreja, a uma lpide, a um descampado, para chorar, chorar, e chorar, requintada e

    esquisita como uma dama A autora inicia dizendo que umamulher comum, do povo, me.

    Jaqueline Alice Cappellari 1 de 5

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    Desse modo, observa-se a rima provocada pelo contrastedos nomes "Cornlia" e "Adlia", assim como o contraste designificado que esses dois nomes representam. Ela declara-seuma mulher simples por meio da enumerao de atos corriqueiros, banais, tais como fazer comida e bater o osso noprato pra chamar cachorro. No sexto verso, para que ocorrauma aproximao ainda maior com o coletivo, Adlia diz quequando digrita ai, pois no se trata de uma mulherrevolucionria, que reprime sua dor em busca de determinado

    ideal, mas sim uma mulher que constitui sua fora com base nasinceridade consigo mesma.

    Jaqueline Alice Cappellari 2 de 5

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    CrticasSendo assim, suas sensibilidades no tm governo. Ela se

    aceita tal como , com seus momentos de dor e e de irracionalidade. O eu-lrico continua sua apresentao e, nodcimo segundo verso, notamos sua religiosidade, outra constante na obra de Adlia Prado, como se a poeta fosse um

    enviado de Deus que cumpre a sina escrevendo aquilo que sente.Sua poesia est to ligada religio que, quando escrever seulivro, ir a uma igreja, talvez para batiz-lo; a uma lpide, aum descampado, talvez para agradecer. Ento, nesse instante, a

    sensibilidade da poeta vir tona e ela ir chorar,transformando-se numa dama requintada, pois tem um livrocom seu nome; porm esquisita, j que diferente, possui umdestino que sabe qual .

    Jaqueline Alice Cappellari 3 de 5

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    Bagagem - Adlia Prado

    Crticas

    Adlia uma mulher do povo, e sua poesia no estvinculada nem possui fundo poltico, mesmo numa poca em queas feministas estavam em plena atividade com seus discursos deemancipao. A apresentao pessoal, no poema "Grande

    desejo", coloca-se com clareza: no se trata de uma mulher excepcional, revolucionria (leia-se, nem no nvel ideolgico,nem no nvel esttico), como Cornlia, a me dos irmos Tibrioe Caio, que propuseram a primeira lei da reforma agrria em

    Roma, e que, por isso mesmo foram condenados morte, sendovalentemente defendidos pela me.

    Jaqueline Alice Cappellari 4 de 5

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    Bagagem - Adlia Prado

    Crticas

    Identifica-se apenas como Adlia, mas uma mulher querima, uma mulher do povo, e mulher de forno e fogo, que cuidade cachorro e grita quando algo lhe di, mas tem a sensibilidadepara as coisas boas da vida. Ao mesmo tempo, desenha-se

    requintada e esquisita, isso depois que j tiver composto umlivro com seu nomeimagina-se, o prprio livro que o leitor temnaquele momento em mos. Dessa maneira, vemos que a significao da mulher uma das caractersticas fundamentais

    da obra de Adlia Prado.

    Jaqueline Alice Cappellari 5 de 5

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    Bagagem - Adlia Prado

    Crticas

    A poesia de Adlia Prado est justamente compreendidanaquilo que aponta para o impossvel: o real. Tal modo associa-se ao corpo ergeno, carnalidade do desejo, que se apresentacomo uma obra onde o campo da afetao e o da intensidade

    pulsional comparecem com sua fora, onde pode irromper o novoem sua brutalidade carnal e surpreendente.

    neste nicho que se abre, no esburacar-se das sedas, quese produz a obra de Adlia Prado. Longe de dissipar seu pulsarertico e ergeno num eterno mirar de seu prprio umbigo, ou decontrolar e acorrentar o mundo que o cerca, o poeta pe-sedefronte ao mundo e por ele atravessado.

    Cristiana Facchinetti 1 de 8

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    O poeta recusa a condio degauche / coxona vida. Suadelimitao crucial muito mais sua condio de poeta e o fatode que tal condio particular lhe abre uma porta, um a-maispara uma nova possibilidade: a de ser desdobrvel.

    Tal sina dirige a poesia retroativa e paradoxalmente paraa (re)inaugurao do sujeito, constitudo e constituinte da carnemesma: no preciso esquivar-se do mundo e de suas impressesuma vez que a Coisa falta. Ao invs disso, trata-se de desejar ede comungar sensorialmente com seus objetos. Tal comunho,vale dizer, se faz atravs das "sensibilidades sem governo".

    Cristiana Facchinetti 2 de 8

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    Bagagem - Adlia Prado

    Crticas

    Comungar com o mundo e com seus objetos , antes detudo, admitir-se elo de uma cadeia onde o que realmenteimporta o desdobramento sensvel dos corpos. E diante de talinsuficincia, ao poeta no dado prescindir da poesia.

    Ao contrrio, justamente de suas faltas que se instala aavidez do poeta. Dos seus limites e finitude mantm-se umafora que o pe em processo de criar um imaterial que, para suaperplexidade, est sempre em fase de advir. Assim, a ausnciade conhecimento e saber que o impelem na construo semprenova de uma memria, de traos mnmicos moventes,constitutivos e criadores do presente do poema.

    Cristiana Facchinetti 3 de 8

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    Bagagem - Adlia Prado

    Crticas

    Na ausncia do mundo organizado do simblico, avocao potica que lhe possvel diante de sua intensidade ada exaltao da carne: a carne incorruptvel. justamente apoesia que permite carne manter-se atada ao mundo e mesmoressuscitar - "A poesia me salvar".

    Mas se a poesia salva, isto no significa que atravs delapossa-se tapar o furo que nos leva ao desamparo. Estandoatingido pela brutalidade das coisas, ao poeta no dadoproteger-se: o que seu deus lhe concede no descansar e ser portudo ferido de morte. Mas vale apontar que tal dor reflete-se emddiva, em alegria de viver, em gozo do corpo e da alma.

    Cristiana Facchinetti 4 de 8

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    Bagagem - Adlia Prado

    Crticas

    De fato, sua poesia mstica, ao invs de colocar-se nolugar da crtica e do abandono do mundo, ou mesmo de propor asalvao ou soluo deste, aponta muito mais para a disperso

    no corpo.Podemos dizer que o fundamento da potica adeliana aadeso ao sensvel, num ato carnal com aquilo que podertornar-se significante, mas que vem ao nosso encontro comopercepo imagtica que se marca na ausncia de um nome e quepassa a ter sentido ao ser nomeado.

    Cristiana Facchinetti 5 de 8

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    Crticas

    A poesia atinge seu pice quando consegue ser a mais puramanifestao do sensvel uma vez que, de tudo o que pretendemexplicar, analisar ou traduzir, "as palavras s contam o que sesabe". Deste modo, aquele que acha que diz est apenasrepetindo. Na verdade, a palavra disfarce de uma coisa maisgrave, surda-muda, foi inventada para ser calada. Em

    momentos de graa, infreqentssimos, se poder apanh-la: um

    peixe vivo com a mo. Puro susto e terror.

    Em Adlia Prado, a descontinuidade detectada por

    Foucault a partir do sculo XVII entre palavra e coisa, parecedissolvida . Aqui, a palavra tratada ora como a Coisa -Quementender a linguagem entende Deus cujo Filho o Verbo. Morre

    quem entender.

    Cristiana Facchinetti 6 de 8

    i

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    Bagagem - Adlia Prado

    Crticas

    Ora como coisas do mundo, onde o que importa asonoridade de que dispem, a estrutura que criam, muito maisdo que seu significado. Os fragmentos das conversas dispersas,estes tambm so poesia. A palavra mistura-se aos objetos domundo, ela prpria objeto. O ato de escrever e fazer poesiaesto ento prximos msica que se desdobra nos ouvidos

    Se quiser, ponho agora a ria na quarta corda,

    para me sentir clemente apaziguada .A fala, nesta obra,comparece concretamente fazendo parte da vida. O mundo que

    a linguagem evoca existe como a prpria linguagem, do mesmomodo que corpo e alma no suportam diviso.

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    i

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    CrticasMais uma vez, a fratura sujeito-objeto na perspectiva da

    linguagem e da dissoluo mstica parece elidida.O eu-poeta e o mundo esto sempre prestes a nascer,

    morrer e ressuscitar, seu corpo traz sempre uma ferida abertapara todas as materialidades que, como corpo estranho,

    marcam-nos de modo novo.Em Adlia, o sujeito est sempre advindo, sendo aquilo

    que no pra de se inscrever no mundo por ele mesmo criado: umsujeito nada pragmtico, til, mtico, ideolgico ou neo-liberal,

    mas uma eterna possibilidade de criao de um novo sujeito e deum novo mundo que inaugure uma singularidade capaz de parirnovos reinos: afinal, sedor no amargura, pode ser a travessiapara um novo comeo.

    Cristiana Facchinetti 8 de 8

    d V ib l

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    Questes de Vestibular(Unioeste) Assinale a(s) alternativa(s) procedente(s) comrelao (s) temtica(s) abordada(s) por Adlia Prado emBagagem.

    (01) A importncia dada aos temas religiosos e a prtica simultnea detodas as religies encontra, em diferentes igrejas, enquantoinstituies, a fora redentora da humanidade.

    (02) A religio uma constante em seus poemas, caracterizando-secomo recuperao salvstica do sagrado em contraste com asformas institucionalizadas.

    (04) Os poemas de Adlia Prado, tpicos da ps-modernidade,caracterizam-se pela anulao e morte do sujeito.

    (08) A memria tem o poder de recuperar a imagem perdida,construda e fixada atravs da linguagem potica.(16) notrio o dilogo de Adlia Prado com a tradio potica,

    atravs de aluses a poetas como Castro Alves e Carlos Drummondde Andrade.

    (U i t ) A i l ( ) lt ti ( ) d t ( )

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    (Unioeste) Assinale a(s) alternativa(s) procedente(s) com

    relao (s) temtica(s) abordada(s) por Adlia Prado em

    Bagagem.

    (32) A linguagem provinciana, o erotismo banalizado, a descrena noser humano e o

    engajamento poltico so temticas recorrentes em Bagagem.

    (64) A ruptura com o universo domstico e o engajamento com ascausas feministas fazem da potica de Adlia Prado o prottipo da

    perspectiva feminina do final do sculo XX.

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    (Unioeste) Tendo em vista a diversidade temtica do livroBagagem, de Adlia Prado, assinale a(s) alternativa(s)procedente(s).

    (01) Referncias Bblia e aos rituais catlicos, marcantes na poticade Adlia Prado, revelam um eu-lrico que atribui f e prticareligiosa um valor fundamental.

    (02) Em Bagagem,so constantes os temas radicalmente feministas ea negao dos traos culturais que atrelam a mulher ao cotidiano

    domstico.(04) A negao dos prazeres do corpo, relacionados idia de pecado

    e de negao da f, uma das temticas marcantes de Bagagem.(08) Adlia Prado, ao se filiar arcaica erudio literria, renega a

    cultura oral e os temas cotidianos que, a partir da Semana de Arte

    Moderna, se integraram Literatura Brasileira.(16) A saudade dos pais, a nostalgia de uma forma singela de vida e aconscincia da passagem do tempo so temticas recorrentes emBagagem.

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    (Unioeste) Tendo em vista a diversidade temtica do livro

    Bagagem, de Adlia Prado, assinale a(s) alternativa(s)

    procedente(s).

    (32) De acordo com o eu-lrico, a monotonia da vida interiorana, aimpossibilidade de viver nas grandes cidades e de conhecer omundo, limita a sensibilidade humana e inviabiliza a criao

    potica

    (64) O eu-lrico assume sua condio feminina e desdobrvel,mastambm dialoga com a tradio literria, reverenciando, acima detudo, Olavo Bilac, Coelho Neto e Rui Barbosa.

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    (UEM) Leia os textos a seguir e assinale o que for correto.

    Quando nasci, um anjo torto

    Desses que vivem na sombraDisse: vai Carlos! Ser "gauche" na vida.

    (Carlos Drummond de Andrade.In:Alguma poesia, 1964)

    Quando nasci um anjo esbelto

    Desses que tocam trombeta, anunciou:Vai carregar bandeira.

    Carga muito pesada pra mulher

    Esta espcie ainda envergonhada.

    (...)

    Vai ser cocho na vida maldio pra homem.

    Mulher desdobrvel. Eu sou.

    (Adlia Prado.In: Bagagem, 1986)

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    (UEM) Leia os textos a seguir e assinale o que for correto.

    Quando nasci veio um anjo safado

    O chato dum querubimE decretou que eu estava predestinadoA ser errado assimJ de sada a minha estrada entortouMas vou at o fim.

    (Chico Buarque.In:Letra e msica, 1989)Gauche: palavra de origem francesa que corresponde a"esquerda" em nosso idioma. Em sentido figurado, otermo

    pode

    significar"acanhado","inepto","desajustado".

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    (UEM) Leia os textos a seguir e assinale o que for correto.

    01) Pode-se afirmar que o processo pelo qual a poesia se alimenta de

    temas j explorados em outros textos, procurando estabelecer umdilogo entre diferentes vises de mundo, denominado"intertextualidade". H, nesse processo, sempre um texto original quefunciona como ponto de partida para a elaborao do que se poderiachamar de textos-produto ou intertextos. o que acontece nos poemascujos fragmentos reproduzimos acima: a temtica abordada no texto

    original de Drummond desdobrada nos textos de Adlia Prado e deChico Buarque.02) Os textos derivados dos originais podem resultar em simples imitao,

    ou, por outro lado, podem pretender a pardia, a polmica, chegando apropor uma reavaliao do tema em questo a partir de um novo pontode vista, seja ele histrico, ideolgico ou esttico. Em relao aos

    intertextos construdos a partir do poema de Drummond, dos quaisdestacamos os fragmentos acima, pode-se afirmar que foramconstrudos por reiterao de idias, ou seja, as idias que constituem o

    poema original foram confirmadas e/ou repetidas nos poemas que delederivam.

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    (UEM) Leia os textos a seguir e assinale o que for correto.

    04) Apesar de a intertextualidade consistir em um recurso esttico, de

    certo modo, bastante usado pelos poetas contemporneos, a crtica, emgeral, costuma reagir negativamente frente a esse tipo de produoliterria. O principal argumento que a mesma soa como falta decriatividade, incapacidade de o artista engendrar o novo, o original, oinusitado.

    08) O fragmento do poema de Chico Buarque dialoga com o poema deDrummond na medida em que reitera a idia bsica do mesmo. Ambos

    pem em cena um eu-lricogauche, marcando seu desencontro, ou suaincompatibilidade, com o mundo. Esse "eu" deslocado v o mundo pormeio de uma perspectiva particular, diferente do modo como as

    pessoas comuns o vem. O resultado um tom que se no de todorelacionado ao tom dos perdedores, beira o pessimismo, a tristeza, adesiluso, prprio de quem lamenta a incapacidade de se ajustar aomundo.

    (UEM) Leia os textos a seguir e assinale o que for correto.

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    ( ) g q

    16) O fragmento do poema de Drummond foi retirado do conhecido"Poema de sete faces", composto de sete estrofes, aparentementedesconexas entre si, que parecem apenas retratarflashesda realidade,mas que acabam por compor o perfil desajustado do poeta em relao

    ao mundo. Trata-se de um texto bastante caracterstico da vastaproduo literria desse grande poeta brasileiro, cujos temas abordadosso igualmente vastos. Vo desde o"desajustamento do indivduo como mundo" (caso do poema em questo), passando pelo tema da"infncia", da "monotonia", da "nostalgia do passado", da"participao social e poltica", entre outros, at chegar ao tema da"prpria poesia".

    32) O fragmento do poema de Adlia Prado dialoga com o poema deDrummond na medida em que contesta a idia bsica do mesmo: a deo eu-lrico estar margem da vida, ser um indivduo deslocado,desajustado, condenado a viver de forma "torta", assim como o anjo

    que lhe assiste o nascimento. Ao invs disso, a poetisa, trazendo tonaa problemtica sociocultural da mulher, pe em cena um eu-lrico queno pode se dar ao luxo de aceitar os desgnios do "destino" demarginalizado. Tem que "carregar bandeira", ou seja, reivindicar elutar por um modo de estar no mundo que lhe seja mais favorvel.

    Q t Di i

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    01- O que pode-se tirar de concluses sobre a escrita de Adlia

    Prado?

    02- O que pode-se fazer de ligao entre o feminismo de Adlia Prado

    h 40 anos, quando escreveu seu livro, e atualmente? Muita coisa

    mudou, ou continuam os antigos pensamentos de que mulher deve

    ser sempre submissa?

    Questes Discursivas

    C dit

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    Colgio Salesiano ItajaItaja, Junho de 2007

    Professora: Vnia

    Alunos: Camila Santiago Seidel

    Leticia Meneses

    Wullian

    Crditos