b1 mercado - informacion estrategica · o governo argentino tam-bémnemsemprecumprepro-messa de...

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m ercado EF SEXTA-FEIRA, 20 DE JANEIRO DE 2012 B1 COTAÇÕES/ONTEM Bovespa +0,33% Dólar livre R$ 1,761/1,763 Dólar turismo R$ 1,700/1,890 Poupança (hoje) 0,6327% Euro em Londres 1,2940 dólar TECNOLOGIA Pioneira da fotografia, Kodak pede concordata nos EUA Pág. B h COMÉRCIO BRASIL-ARGENTINA País vizinho impôs autorização prévia para importados a partir de fevereiro SUPERÁVIT COMERCIAL DO BRASIL COM ARGENTINA JÁ CHEGA PERTO DE US$ 6 BI Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior 2011 5,803 Exportações do Brasil para Argentina Importações pelo Brasil da Argentina Saldo comercial 22,709 18,522 12,784 17,605 14,416 16,906 14,434 11,281 13,258 10,404 2010 2009 2008 2007 4,087 1,503 4,347 4,012 ANÁLISE No horizonte, há um sinal de retaliação para os vizinhos LEONARDO TREVISAN ESPECIAL PARA A FOLHA No centro da radicalização do protecionismo argentino está a resolução que determi- nará – a partir de fevereiro – a todo importador a apresen- tação da “Declaração Jura- mentada Antecipada de Im- portação”, medida que impõe mais controle do governo. Conter importações por de- creto prejudica os exportado- res brasileiros e engrossa o histórico recente de entraves. Desde 2008, o Brasil enfren- ta, por exemplo, a imposição das “licenças não automáti- cas de importação”, sempre postergadas além dos 60 dias autorizados pela Organização Mundial de Comércio. Isso gera, na prática, um descompasso no calendário de importação de uma série de bens. Atinge, por exemplo, tanto máquinas agrícolas brasileiras como calçados de inverno ou de verão, que en- tram no país vizinho só após o fim da estação. O governo argentino tam- bém nem sempre cumpre pro- messa de acordo. Em 2010, em reuniões na Fiesp, con- cordou em acabar com as ma- nobras. Em vão. Em junho de 2011, o Brasil freou a entrada de carros argentinos no mer- cado brasileiro e Buenos Ai- res recuou em uma semana. O fato de que é o Ministé- rio do Desenvolvimento, In- dústria e Comércio Exterior, e não o Itamaraty, que pas- sou a responder às investidas da política protecionista ar- gentina sugere que a paciên- cia brasileira com as mano- bras não é mais a mesma. No horizonte, é possível avistar sinal de retaliação no espaço que interessa aos ex- portadores argentinos no mercado brasileiro. Estes em- presários podem fazer a Casa Rosada mudar de rumo. LEONARDO TREVISAN é professor de relações internacionais na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) DE BUENOS AIRES Para o ex-ministro de Eco- nomia da Argentina Martin Lousteau, 41, as declarações do ministro Fernando Pimen- tel ilustram o atual momen- to de conflito na relação co- mercial dos dois países. Lousteau, que atuou na primeira gestão de Cristina Kirchner, mas se afastou do governo depois da crise com o campo, em 2008, acha que o protecionismo argentino praticado pelo governo é mui- to “defensivo”, e que o país deveria imitar o Brasil. (SC) O porquê das medidas É necessário entender o momento do crescimento argentino. Crescemos mui- to principalmente em duas fases, de 2002 a 2005, e de 2005 a 2008, ainda que nes- ta última com inflação e com perda de competitividade. Com o valor da soja caindo, o Estado busca outros moto- res de crescimento, usando reservas do Banco Central. Hoje, o crescimento passou a ser mais difícil de manter. O problema das medidas de restrição ao comércio ex- terior não é o protecionismo, mas o tipo de protecionismo. Tem mais a ver com uma ideia de não querer perder reser- vas do que com um plano es- pecífico relacionado a para onde o mundo está indo. O que o governo quer é deixar de perder dólares. União Sim. Isso é muito impor- tante. Os países do Mercosul estão perdendo tempo discu- tindo essas travas internas sem ter claro o que vem por aí. A crise global vai ser dura para todos nós. A região teria de encontrar um modo de defender-se unida. Dentro do Brasil e dentro da Argentina há interesses que fazem com que esse ob- jetivo em comum seja cada vez mais difícil. No Brasil existem vozes que gostam de apontar para as deficiências do Mercosul ou para as con- tínuas lutas com a Argentina. Solução para o impasse São necessárias políticas de integração industrial. Há 40 países no mundo que po- dem produzir automóveis. A Argentina estará entre os últimos, Brasil um pouco me- lhor, mas se entrarem juntos no mercado mundial, podía- mos ser os primeiros. Para a Argentina, custa pensar assim porque nos pe- sa muito o déficit comercial. Falta aos dois países pensar em sentido mais desenvolvi- mentista de longo prazo. Impacto da crise Diferentemente do Brasil, não fizemos trabalho prévio na época boa para nós. En- tão, o mundo nos aparece como uma ameaça agora, e não com uma possibilidade de oportunidades. É provável que, com toda a liquidez gerada pela crise, parte do dinheiro estará dan- do voltas por aí. O Brasil vai se aproveitar disso, a Argen- tina não. Porque o Brasil se preparou e hoje seus presi- dentes vão aos fóruns mun- diais de outra maneira. O Bra- sil está aproveitando para ele- var seu status no mundo. A Argentina não. Leia a íntegra da entrevista folha.com/no1036937 ‘País faz protecionismo defensivo’, diz argentino O Mercosul perde tempo discutindo essas travas internas sem ter claro o que vem por aí. A crise global vai ser dura para todos nós. A região teria de encontrar um modo de defender-se unida É provável que, com toda a liquidez gerada pela crise, parte do dinheiro estará dando voltas por aí. O Brasil vai se aproveitar disso, a Argentina não. Porque o Brasil se preparou Mariana Eliano/Folhapress Martin Lousteau, ex-ministro de Economia da Argentina NATUZA NERY MAELI PRADO DE BRASíLIA O governo Dilma não descarta retaliar a Argen- tina por protecionismo co- mercial após o país vizi- nho decidir impor autori- zação prévia para todas as importações a partir de fe- vereiro. A orientação é demons- trar incômodo com a deci- são, mas esperar a implan- tação da medida ao longo do mês que vem para só então reagir. A expectativa é que os argentinos revejam sua po- sição para evitar o risco de prejudicar seu próprio mercado local. Segundo a Folha apu- rou, a decisão sobre reta- liar o parceiro comercial vi- rá somente a partir de mar- ço, após se avaliar o impac- to da medida. A exigência de autoriza- ções antecipadas diz res- peito a 75% de tudo o que o país vizinho importa, já que a medida fala em “bens destinados ao con- sumo”. “Isso é limitar importa- ções, discutir caso a caso com cada empresa se po- dem ou não comprar de outros países. Se entrar em vigor, podemos rasgar o Mercosul”, disse Roberto Gianetti da Fonseca, dire- tor da Fiesp. Para Cynthia Kramer, advogada do escritório L. O. Baptista Advogados As- sociados, “faria mais sen- tido entrar com um pedido na OMC (Organização Mundial do Comércio). Mas não acredito que o Brasil siga esse caminho, por questões políticas”. Tudo deve ser tratado no âmbito do Mercosul. Brasil monta estratégia antes de contra-ataque SYLVIA COLOMBO DE BUENOS AIRES As palavras do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio brasileiro, Fer- nando Pimentel, anteontem, em Nova York, causaram re- percussão na imprensa e en- tre empresários na Argenti- na. O ministro disse que, pa- ra o Brasil, a Argentina vem sendo um “problema perma- nente”, referindo-se às recen- tes medidas protecionistas adotadas por este país. A ministra da Indústria ar- gentina, Debora Giorgi, disse ontem, por meio de um co- municado, que a realidade do comércio bilateral entre Ar- gentina e Brasil não corres- ponde ao comentário. Giorgi lembrou o superavit favorá- vel ao Brasil —atualmente de US$ 6 bilhões— e o quanto as compras argentinas de pro- dutos brasileiros aumentam. “Nas relações comerciais com o Brasil, tanto bilaterais como no âmbito do Mercosul, sempre seguimos pautas nor- mativas dos tratados regio- nais e normas da Organiza- ção Mundial do Comércio.” O presidente da União In- dustrial Argentina, José Igna- cio de Mendiguren, reagiu: “Os números mostram que essa declaração é injusta”. Mendiguren ainda lem- brou que, “nos últimos 80 meses, o Brasil tem tido uma balança positiva com a Ar- gentina. As exportações des- se país aumentaram 25%.” Em entrevista à agência Dow Jones, Pimentel decla- rou que, com relação à Argen- tina, o vínculo político era bom, “mas, economicamen- te, é difícil lidar com eles”. Na semana passada, o go- verno argentino havia anun- ciado uma nova política de travas à importação, exigin- do uma declaração com a jus- tificativa de compra de cada produto que entra no país. “Sempre nos perguntamos até onde iria a paciência do Brasil”, disse à Folha Maria- no Lamothe, da consultoria Abeceb. “Há alguns anos a Argentina vem colocando res- trições ao comércio, amplian- do pedidos de licença, até pe- dindo diretamente que em- presas não importem.” Os problemas entre os dois países, recorrentes desde 2004, se agravaram no ano passado quando o governo Dilma decidiu frear a impor- tação de automóveis, medida que afetou todos os países, mas sobretudo a indústria au- tomobilística da Argentina como resposta a outras me- didas protecionistas. Para Miguel Ponce, porta- voz da Câmara dos Importa- dores da Argentina, a reação do governo brasileiro é “na- tural”. “Há marchas adiante e marchas atrás; isso aconte- ce porque se trata de uma re- lação intensa”, disse Ponce. Brasil tem superavit, diz Debora Giorgi após Pimentel apontar dificuldade em lidar com argentinos Fala de Fernando Pimentel sobre protecionismo de parceiro do Mercosul é rebatida por ministra do país vizinho Esquenta guerra comercial com a Argentina

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mercadoEF

Sexta-Feira, 20 De Janeiro De 2012 B1

COTAÇÕES/ONTEMBovespa +0,33%Dólar livre R$ 1,761/1,763Dólar turismo R$ 1,700/1,890Poupança (hoje) 0,6327%Euro em Londres 1,2940 dólar

TECNOLOGIAPioneira dafotografia, Kodakpede concordatanos eUaPág. B8�� h

COMÉRCIO BRASIL-ARGENTINAPaís vizinho impôs autorização prévia para importados a partir de fevereiro

SUPERÁVIT COMERCIAL DO BRASIL COMARGENTINA JÁ CHEGA PERTO DE US$ 6 BI

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

2011

5,803

Exportações doBrasil para Argentina

Importações peloBrasil da Argentina

Saldo comercial

22,709

18,522

12,784

17,605

14,416

16,906

14,434

11,281

13,258

10,404

2010200920082007

4,087

1,503

4,3474,012

ANÁLISE

Nohorizonte, háumsinal deretaliaçãoparaos vizinhosLeonardo TrevisanESPECIAL PARA A FOLHA

Nocentroda radicalizaçãodo protecionismo argentinoestáa resoluçãoquedetermi-nará – a partir de fevereiro –a todo importadoraapresen-tação da “Declaração Jura-mentada Antecipada de Im-portação”,medidaqueimpõemais controle do governo.Conter importaçõesporde-

cretoprejudicaosexportado-res brasileiros e engrossa ohistórico recentedeentraves.Desde 2008, o Brasil enfren-ta, por exemplo, a imposiçãodas “licenças não automáti-cas de importação”, semprepostergadasalémdos60diasautorizadospelaOrganizaçãoMundial de Comércio.Isso gera, na prática, um

descompasso no calendáriode importação de uma sériedebens.Atinge,porexemplo,tanto máquinas agrícolasbrasileiras comocalçadosdeinverno ou de verão, que en-tram no país vizinho só após

o fim da estação.O governo argentino tam-

bémnemsemprecumprepro-messa de acordo. Em 2010,em reuniões na Fiesp, con-cordouemacabarcomasma-nobras.Emvão.Emjunhode2011, oBrasil freou a entradade carros argentinos nomer-cado brasileiro e Buenos Ai-res recuou em uma semana.O fato de que é o Ministé-

rio do Desenvolvimento, In-dústria e Comércio Exterior,e não o Itamaraty, que pas-soua responderàs investidasda política protecionista ar-gentina sugere que a paciên-cia brasileira com as mano-bras não émais amesma.No horizonte, é possível

avistar sinal de retaliação noespaço que interessa aos ex-portadores argentinos nomercadobrasileiro.Estesem-presáriospodemfazer aCasaRosadamudar de rumo.

LEONARDO TREVISAN é professor derelações internacionais na Escola Superiorde Propaganda eMarketing (ESPM)

DE BUENOS AIRES

Para o ex-ministro de Eco-nomia da Argentina MartinLousteau, 41, as declaraçõesdoministroFernandoPimen-tel ilustram o atual momen-to de conflito na relação co-mercial dos dois países.Lousteau, que atuou na

primeira gestão de CristinaKirchner, mas se afastou dogoverno depois da crise como campo, em 2008, acha queo protecionismo argentinopraticadopelogovernoémui-to “defensivo”, e que o paísdeveria imitar o Brasil. (SC)

Oporquê dasmedidasÉ necessário entender o

momento do crescimentoargentino. Crescemos mui-to principalmente em duasfases, de 2002 a 2005, e de2005 a 2008, ainda que nes-ta última com inflação e comperda de competitividade.Com o valor da soja caindo,o Estado busca outros moto-res de crescimento, usandoreservas do Banco Central.Hoje, o crescimento passoua sermais difícil demanter.O problema das medidas

de restrição ao comércio ex-

terior não éoprotecionismo,maso tipodeprotecionismo.Temmaisavercomumaideiade não querer perder reser-vas doque comumplano es-pecífico relacionado a paraonde o mundo está indo. Oque o governo quer é deixarde perder dólares.

UniãoSim. Isso é muito impor-

tante. Os países do Mercosulestão perdendo tempodiscu-tindo essas travas internassem ter claro o que vem poraí. A crise global vai ser durapara todos nós. A região teria

de encontrar um modo dedefender-se unida.Dentro do Brasil e dentro

da Argentina há interessesque fazem com que esse ob-jetivo em comum seja cadavez mais difícil. No Brasilexistemvozesquegostamdeapontar para as deficiênciasdo Mercosul ou para as con-tínuas lutascomaArgentina.

Solução para o impasseSão necessárias políticas

de integração industrial. Há40 países no mundo que po-dem produzir automóveis.AArgentinaestaráentreos

últimos,Brasilumpoucome-lhor, mas se entrarem juntosno mercado mundial, podía-mos ser os primeiros.Para a Argentina, custa

pensar assim porque nos pe-sa muito o déficit comercial.Falta aos dois países pensarem sentido mais desenvolvi-mentista de longo prazo.

Impacto da criseDiferentemente do Brasil,

não fizemos trabalho préviona época boa para nós. En-tão, o mundo nos aparececomo uma ameaça agora, enão com uma possibilidadede oportunidades.É provável que, com toda

a liquidez gerada pela crise,partedodinheiroestarádan-do voltas por aí. O Brasil vaise aproveitar disso, a Argen-tina não. Porque o Brasil sepreparou e hoje seus presi-dentes vão aos fóruns mun-diaisdeoutramaneira.OBra-silestáaproveitandoparaele-var seu status no mundo. AArgentina não.

Leia a íntegra daentrevistafolha.com/no1036937

‘País faz protecionismodefensivo’, diz argentino

“ OMercosulperde tempodiscutindo essastravas internas semter claro oque vempor aí. A crise globalvai ser dura paratodosnós. A regiãoteria de encontrarummododedefender-se unida

“ Éprovávelque, com toda aliquidez geradapelacrise, parte dodinheiro estarádandovoltas por aí.OBrasil vai seaproveitar disso, aArgentinanão.Porque oBrasil sepreparou

Mariana Eliano/Folhapress

MartinLousteau,

ex-ministro deeconomia da

argentina

naTuza neryMaeLi PradoDE BRASíLIA

O governo Dilma nãodescarta retaliar a Argen-tinaporprotecionismoco-mercial após o país vizi-nho decidir impor autori-zaçãopréviapara todasasimportações apartir de fe-vereiro.A orientação é demons-

trar incômodo comadeci-são,masesperara implan-tação damedida ao longodo mês que vem para sóentão reagir.A expectativa é que os

argentinosrevejamsuapo-siçãopara evitar o riscodeprejudicar seu própriomercado local.Segundo a Folha apu-

rou, a decisão sobre reta-liaroparceirocomercialvi-rásomenteapartirdemar-ço,apósseavaliaro impac-to damedida.Aexigênciadeautoriza-

ções antecipadas diz res-peito a 75% de tudo o queo país vizinho importa, jáque a medida fala em“bens destinados ao con-sumo”.“Isso é limitar importa-

ções, discutir caso a casocom cada empresa se po-dem ou não comprar deoutrospaíses.Seentraremvigor, podemos rasgar oMercosul”, disse RobertoGianetti da Fonseca, dire-tor da Fiesp.Para Cynthia Kramer,

advogada do escritório L.O.BaptistaAdvogadosAs-sociados, “faria mais sen-tidoentrar comumpedidona OMC (OrganizaçãoMundial do Comércio).Mas não acredito que oBrasil siga esse caminho,por questões políticas”.Tudo deve ser tratado noâmbito doMercosul.

Brasilmontaestratégia antesde contra-ataque

syLvia CoLoMBoDE BUENOS AIRES

AspalavrasdoministrodoDesenvolvimento, Indústriae Comércio brasileiro, Fer-nandoPimentel, anteontem,em Nova York, causaram re-percussão na imprensa e en-tre empresários na Argenti-na. Oministro disse que, pa-ra o Brasil, a Argentina vemsendoum“problemaperma-nente”, referindo-seàsrecen-tes medidas protecionistasadotadas por este país.Aministrada Indústria ar-

gentina,DeboraGiorgi, disseontem, por meio de um co-municado,quearealidadedocomércio bilateral entre Ar-gentina e Brasil não corres-ponde ao comentário. Giorgilembrou o superavit favorá-vel aoBrasil—atualmentedeUS$6bilhões—eoquantoascompras argentinas de pro-dutosbrasileiros aumentam.“Nas relações comerciais

comoBrasil, tanto bilateraiscomonoâmbitodoMercosul,sempreseguimospautasnor-mativas dos tratados regio-nais e normas da Organiza-çãoMundial do Comércio.”O presidente da União In-

dustrialArgentina, José Igna-cio de Mendiguren, reagiu:“Os números mostram queessa declaração é injusta”.Mendiguren ainda lem-

brou que, “nos últimos 80meses, o Brasil tem tido umabalança positiva com a Ar-gentina. As exportações des-se país aumentaram 25%.”Em entrevista à agência

Dow Jones, Pimentel decla-rouque,comrelaçãoàArgen-tina, o vínculo político erabom, “mas, economicamen-te, é difícil lidar com eles”.Na semana passada, o go-

verno argentino havia anun-ciado uma nova política detravas à importação, exigin-doumadeclaraçãocomajus-

tificativa de compra de cadaproduto que entra no país.“Semprenosperguntamos

até onde iria a paciência doBrasil”, disse à FolhaMaria-no Lamothe, da consultoriaAbeceb. “Há alguns anos aArgentinavemcolocandores-triçõesaocomércio,amplian-dopedidosde licença,atépe-dindo diretamente que em-presas não importem.”Osproblemasentreosdois

países, recorrentes desde2004, se agravaram no anopassado quando o governoDilma decidiu frear a impor-taçãodeautomóveis,medidaque afetou todos os países,massobretudoaindústriaau-tomobilística da Argentinacomo resposta a outras me-didas protecionistas.Para Miguel Ponce, porta-

voz da Câmara dos Importa-dores daArgentina, a reaçãodo governo brasileiro é “na-tural”. “Há marchas adianteemarchas atrás; isso aconte-ce porque se trata deuma re-lação intensa”, disse Ponce.

Brasil tem superavit,diz deboraGiorgi apósPimentel apontardificuldade em lidarcomargentinos

Fala de Fernando Pimentel sobre protecionismode parceiro doMercosul é rebatida porministra do país vizinho

Esquentaguerracomercial comaArgentina