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NAYARA NEHRING PRADO SANTOS AVALIAÇÃO MECÂNICA DAS MINIPLACAS COM O MÉTODO DO ELEMENTO FINITO: REVISÃO DE LITERATURA CURITIBA-PR 2014

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NAYARA NEHRING PRADO SANTOS

AVALIAÇÃO MECÂNICA DAS MINIPLACAS COM O MÉTODO DO

ELEMENTO FINITO: REVISÃO DE LITERATURA

CURITIBA-PR

2014

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NAYARA NEHRING PRADO SANTOS

AVALIAÇÃO MECÂNICA DAS MINIPLACAS COM O MÉTODO DO

ELEMENTO FINITO: REVISÃO DE LITERATURA

Monografia apresentada à

Universidade Tuiuti do Paraná como

parte dos requisitos para obtenção

do título de especialista em

Ortodontia.

Orientador: Prof. Dr. Roberto Hideo Shimizu

CURITIBA-PR

2014

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ао mеυ esposo, Thiago Oliveira da Silva, por estar

sempre ao meu lado, me ajudando, incentivando. Admiro muito você e foi tua

força que me permitiu concluir está etapa.

Ao meu filho, Matheus Nehring Oliveira da Silva, meu maior presente e

estímulo para tudo na vida.

Dedico esta, bеm como todas аs minhas demais conquistas, аоs meus

pais Marcos Vinicius Prado dos Santos е Maria Angela Nehring Santos, minha

irmã Julyana Nehring Santos e meu irmão Lucas Nehring Prado Santos .

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus familiares e amigos, pelas orações e apoio

constante.

á todos os professores, em especial meu Orientador Dr prof Roberto

Hideo Shimizu, pela orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão

desta monografia.

á todos os amigos do curso que tornaram está etapa mais fácil e

divertida. Obrigada por todos os momentos e materiais compartilhado, aprendi

muito com vocês.

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RESUMO

A ancoragem esquelética temporária (AET) é de fundamental

importância no tratamento ortodôntico. Esses dispositivos de ancoragem têm

conquistado espaço dentro da prática ortodôntica, por serem de fácil

instalação, depender menos da cooperação do paciente e possibilitar uma

máxima ancoragem. Dentre eles a miniplaca tem recebido um grande

destaque, por permitir tratamentos que antes eram impossíveis de serem

realizados com as técnicas convencionais, com isso cirurgias ortognáticas

puderam ser evitadas e, muitos tratamentos que antes eram de difícil execução

puderam ser solucionados. No entanto, o seu comportamento biomecânico

ainda é uma área pouco estudada. Com o método do elemento finito (MEF)

esses estudos tornaram-se viáveis e de extrema precisão. Portanto, o objetivo

deste trabalho de revisão de literatura foi estudar a utilização do MEF para a

avaliação mecânica das miniplacas.

Palavras-chave: ortodontia, procedimentos de ancoragem ortodôntica, análise

de elemento finito, fenômeno biomecânico.

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ABSTRACT

The temporary skeletal anchorage (TSA) is of fundamental importance in

orthodontic treatment. These anchoring devices have conquered space within

the orthodontic practice, because they are easy to install, less dependent the

cooperation from the patient and they allow a maximum anchorage. Among

them the miniplate has received a major highlight for allowing treatments than

before were impossible to be performed with conventional techniques, with it

orthognathic surgery could be avoided and many treatments that before were

previously difficult to implement could be solved. However, their behavior

Biomechanical remains an area little studied. With the finite element method

(FEM), these studies have become feasible and highly accurate. Therefore, the

aim of this work was, through a literature review, to study using of miniplates as

TSA, checking their applications in the orthodontic treatment and the use of the

FEM for its mechanical assessment.

Keywords: Orthodontics, Orthodontic Anchorage Procedures, Finite Element

Analysis, Biomechanical Phenomena.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..............................................................................................08

2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................10

3. DISCUSSÃO.................................................................................................16

4. CONCLUSÃO...............................................................................................19

5. REFERÊNCIAS.............................................................................................20

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1. INTRODUÇÃO

A ancoragem dentária é uma das grandes preocupações do tratamento

ortodôntico, pois os dentes são movimentados respondendo à uma força. Portanto,

sem um adequado elemento de ancoragem, dificulta-se o controle dos movimentos

indesejados. O recurso de ancoragem esquelética temporária (AET) representou um

grande avanço na Ortodontia, tratamentos complexos tornaram-se mais simples e

previsíveis, a duração dos tratamentos diminuiu e, em alguns casos, as cirurgias

ortognáticas puderam ser evitadas. Dentre esses dispositivos, as miniplacas têm se

apresentado como uma alternativa segura e eficiente apresentando uma maior

estabilidade perante as outras técnicas, sendo indicada em situações que

necessitam de aplicação de forças ortodônticas mais intensas, casos de

movimentações dentária complexas com ausência de múltiplos dentes, pacientes

com altura facial anterior aumentada e cuja intenção é a intrusão de dentes

posteriores e rotação anti-horária da mandíbula, dentre outras. ¹, ², ³

Vários métodos têm sido utilizados para avaliar o desempenho das

miniplacas. Dentre as principais metodologias, pode-se destacar: modelos

fotoelásticos; estudos com laser holográfico; modelos matemáticos analíticos;

análises experimentais em humanos e/ou animais e análises matemáticas como o

Método dos Elementos Finitos (MEF). 4,5 Em sua maioria, os métodos convencionais

apresentam limitações como à incapacidade de criar modelos semelhantes à

estrutura dentária, inabilidade de calcular precisamente a distribuição da tensão e

compressão e ocorrência de falhas durante o controle do tipo de movimento. 4,6,7

O MEF é um método matemático, no qual um meio contínuo é discretizado

em elementos que mantém as propriedades de quem os originou. Possui a

capacidade de modelar matematicamente estruturas complexas com geometrias

irregulares de tecidos naturais e artificiais, bem como modificar os parâmetros de

sua geometria. Com isso, torna-se possível a aplicação de um sistema de forças em

qualquer ponto e/ou direção, promovendo, assim, informações sobre o

deslocamento e o grau de tensão provocado por essas cargas ao elemento dentário

ou o tecido analisado. Sendo considerado um método confiável e preciso no estudo

do desempenho mecânico-estrutural de sistemas mecânicos. 4

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Portanto, propõe-se por meio de uma revisão de literatura, estudar a

utilização do MEF para a avaliação mecânica das miniplacas.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

Com o objetivo de avaliar, por meio do MEF, as propriedades biomecânicas

de um novo desenho do sistema placa/parafuso de ancoragem ortodôntica,

Veziroglu et al., (2008) projetaram um modelo tridimensional (3D) da região posterior

da maxila incluindo o pilar zigomático, onde simularam quatro modelos de

miniplacas. Destas, duas eram placas convencionais habitualmente usados na

prática clínica e duas eram as placas desenhadas para este estudo. Foi aplicado ao

sistema 200g de força estática, horizontal e com direção anteroposterior. Para

determinar a distribuição de forças foram avaliados os valores de tensão e de

deformação elástica, sobre a placa, sobre os parafusos e sobre o osso. Em todos os

modelos os valores mais elevados de tensão e deformação foram notados sobre o

parafuso inferior. Concluíram que a alteração na configuração da placa não afetou a

distribuição de tensões e que são necessários novos desenhos de placa para tentar

mudar o local de aplicação de força, conseguindo assim uma melhor distribuição

desta força.

Utilizando-se de experimento em cães, Kim et al. em 2008, compararam a

miniplaca com a ancoragem dento-suportada convencional para o fechamento de

espaço ortodôntico. Para isto, extraíram quatro pré-molares de oito cães Beagle

adultos. No lado utilizado como controle, os pré-molares foram retraídos contra os

outros dentes e, no lado experimental, foi utilizada a miniplaca como ancoragem. A

retração foi realizada com mola de NiTi ativada cerca de 10 a 15mm, resultando em

uma magnitude de força de 150 a 200g. Foram medidos e avaliados três

parâmetros: fechamento linear; inclinação e perda de ancoragem. No grupo controle,

um terço do fechamento de espaços foi devido ao deslizamento dos dentes de

ancoragem e, no grupo experimental, o fechamento do espaço foi alcançado quase

inteiramente pelo movimento dos dentes. Em um tempo experimental de 12

semanas, das 16 miniplacas instaladas, apenas uma apresentou mobilidade,

resultando em uma taxa de sucesso de 94%. Através destes resultados concluíram

que as miniplacas fornecem ancoragem praticamente absoluta.

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Estudando as percepções dos cirurgiões sobre os procedimentos da técnica

cirúrgica para a instalação e a remoção da miniplaca para ancoragem esquelética

temporária, Cornelis et al. em 2009, instalaram 200 miniplacas em 97 pacientes

como complemento do tratamento ortodôntico. Pacientes e cirurgiões responderam

a questionários após a cirurgia de colocação e remoção da miniplaca. Quinze

miniplacas precisaram ser removidas previamente . A queixa principal dos pacientes

foi o inchaço. A complexidade cirúrgica foi considerada de muito fácil a

moderadamente fácil. Na remoção a maioria das miniplacas estavam estáveis, com

muito pouco ou nenhum osso recobrindo as placas e nenhuma inflamação. No

entanto, pelo menos, mais da metade dos parafusos exibiram leve a moderada

resistência a remoção. Consideraram a cirurgia de colocação da miniplaca um

procedimento fácil e relativamente curto , apesar de precisar de rebatimento de

retalho, pode ser realizado sob anestesia local, sem complicações, e pode ser

considerada um auxiliar seguro e eficaz para o tratamento ortodôntico.

Sakima et al., (2009), descreveram um novo sistema de miniplacas

denominado Sistema de Apoio Ósseo (SAO®) para Mecânica Ortodôntica. Este

sistema foi especialmente desenvolvido para ancoragem esquelética, consiste de:

miniplaca; parafusos monocorticais e um adaptador (ADV) que se encaixa na haste

transmucosa da miniplaca. Este sistema possibilita a utilização simultânea de

mecânicas e dispositivos ortodônticos diversos, como cantiléver, alças para

verticalização de molares, alças retangulares e fios rígidos. A presença de tubos

permite a utilização de dispositivos da Técnica do Arco Segmentado de Burstone.

Molas de níquel-titânio ou aço, e elásticos, podem ser engatados/inseridos nos

ganchos. Concluíram que este sistema possibilita a aplicação de todas as

mecânicas utilizadas nos outros tipos de miniplaca, e ainda permite um melhor

controle da movimentação ortodôntica requerida.

Preocupados com o efeito da carga ortodôntica sobre a estabilidade da

miniplaca e sobre a densidade mineral óssea (DMO) em torno dos parafusos que

suportam essas miniplacas, Cornelis et al. em 2010, instalaram e estudaram o efeito

duas miniplacas em cada quadrante da mandíbula de dez cães. Após duas semanas

de cirurgia foram instaladas molas de níquel-titânio entre as miniplacas do quadrante

superior e entre os dois quadrantes inferiores contralateral, gerando uma força de

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125g. As miniplacas dos outros quadrantes permaneceram não carregadas e foram

consideradas controles. A taxa de sucesso de ancoragem, definida como a

porcentagem de miniplacas que permaneceram estáveis no final da experiência, foi

de 53%. Sendo significantemente maior na maxila (70%) do que na mandíbula

(38%). Não foram observadas diferenças significativas entre as miniplacas

carregadas e não carregadas. Não foram encontradas diferenças significativas na

DMO em torno dos parafusos em nenhum dos grupos. Concluíram que o

carregamento ortodôntico não parece aumentar o risco de mobilidade nem de

melhorar a densidade óssea, dificultando a remoção da miniplaca.

Tradem et al., (2011), realizaram uma pesquisa com o objetivo de avaliar a

resistência das miniplacas à força ortopédica, verificando se ocorre deformação

permanente do braço (haste transmucosa) após a aplicação destas forças. Foram

testadas 36 miniplacas de três marcas comerciais diferentes, parafusaram as

miniplacas num bloco de aço inoxidável, aplicaram força contínua de 0 a 100N numa

direção vertical por meio de uma máquina universal de ensaio. Foi medido o nível de

força em que ocorreu a deformação permanente. O braço da miniplaca foi estendido

além do nível de força necessário para ancoragem ortodôntica. Foi usado a análise

de flexão de Beam para determinar o limite de tensão de cada amostra e o módulo

de elasticidade. As cargas no ponto de deformação inicial variaram de 1280 à

3000g, dependendo do tipo de miniplaca. O rendimento da Striker foi estaticamente

menor do que o da KLS Martin e Synthes, as quais foram bem acima dos intervalos

necessário para as forças ortopédicas. Concluíram que as três miniplacas são

capazes de suportar forças ortopédicas e que as três marcas apresentam diferenças

significativas nos valores do módulo de elasticidade, que foram menores do que os

valores publicados pelos fabricantes.

Com o objetivo de diminuir a distribuição de forças não homogêneas ao longo

da miniplaca e do parafuso, Nalbantgil et al. em 2012, projetaram uma nova

estrutura de miniplaca com “picos” na superfície em contato com o osso cortical.

Compararam a distribuição de forças sobre o sistema recém-projetado de placa-

parafuso e sobre um sistema convencional. Para isto foi simulado no modelo

tridimensional uma superfície óssea com 1,5 mm de espessura cortical, duas

miniplacas recém-projetadas e uma convencional. Foi aplicado 200g de força na

extremidade da miniplaca e foram avaliadas, por meio do método do elemento finito,

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os efeitos consequentes sobre os parafusos e sobre o osso cortical. Observaram

tensões notavelmente mais baixas, nos parafusos e no osso cortical em torno dos

parafusos, na miniplaca recém-projetada quando comparada com a convencional.

Concluindo que as miniplacas recém-projetadas com “picos” são altamente

eficientes na redução da tensão sobre e em torno dos parafusos de fixação e que a

força foi distribuída mais homogeneamente. Afirmaram que deve ser realizado

estudos clínicos sobre a taxa de insucesso dessas novas miniplacas.

Huang et al., (2012), analisaram, por meio do MEF, a tensão causada no osso

pelo uso de miniplacas como ancoragem esquelética. Foram construídos em

modelos tridimensionais (3D) blocos de ossos com miniplacas fixadas pelo sistema

de parafusos. Foram simulados vários tipos de miniplacas, de quantidade de

parafusos, de comprimentos dos parafusos, espessura do córtex e de direção e

magnitude das forças. A placa em forma de I apresentou maiores valores de tensão

no osso, seguido pela placa em L, Y e T. A tensão no osso diminuiu conforme

aumentou a quantidade de parafusos, mas não apresentou mudanças no que se

refere ao comprimento do parafuso. A tensão no osso aumentou conforme a

espessura óssea diminuiu. A tensão no osso foi proporcional a magnitude de força

(2, 4 e 6N) e o maior valor foi produzido quando realizado força fora do plano de

força. Concluíram que quando placas em forma de T ou Y são utilizadas ou quando

realizado força de tração, a tensão no osso diminui. A tensão óssea diminui quando

a quantidade de parafusos aumenta e quando a espessura óssea aumenta. Além

disso, ele diminui à medida que a magnitude de força diminui.

Para o tratamento de pacientes com má oclusão de Classe II de Angle que

apresentaram disfunção temporomandibular, Nelson et al. em 2012, introduziram

uma nova mecânica (C-therapy). O objetivo foi realizar a retração do segmento

anterior da maxila mantendo as dimensões verticais, sem interferir nos dentes

posteriores. A retração da parte anterior da maxila foi feita com a instalação de uma

miniplaca palatina amarrada a um retrator lingual e independente dos dentes

posteriores da maxila. Para um bom controle da altura vertical anterior da mandíbula

durante a retração, foi instalado uma miniplaca especial (C-tube) na área da sínfise

mentoniana. Relataram o caso de uma paciente de 22 anos, com diagnóstico de má

oclusão Classe II esquelética, biprotusão e com disfunção temporomandibular. Antes

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do tratamento a paciente utilizou uma placa oclusal durante 8 meses, foi realizado a

exodontia dos primeiros pré-molares superiores e segundos pré-molares inferiores,

depois foi submetida a nova mecânica citada anteriormente (C- therapy). O período

de tratamento total foi de 20 meses, finalizando o caso com Classe I de canino e de

molar e overbite ideal. Concluíram que o sistema C-retractor e C-plate alcançaram a

retração máxima dos dentes anteriores da maxila, e o C-tube alcançou controle

vertical e sagital dos incisivos e molares inferiores.

Cossetin et al., (2012), testaram a sensibilidade da técnica utilizada para a

movimentação dentária quanto a exatidão do local de aplicação de forças avaliando

o comportamento do tecido periodontal após a aplicação de uma ação externa e

comprovar quais seriam as áreas de maior tensão geradas no periodonto, uti lizando-

se o MEF em comparação aos resultados obtidos por meio de um modelo

experimental in vivo em ratos. Para a análise do modelo experimental foi induzido o

movimento dentário em 6 ratos, uti lizando-se uma mola fechada de níquel-titânio

fixada nos molares. Para a análise por meio do MEF, foi construído um modelo

matemático simulando o molar de rato, contendo dente, osso e ligamento

periodontal. Este modelo foi submetido a mesma força aplicada nas molas de níquel-

titânio do experimento in vivo de 0,25 N. Os maiores focos de osteoclastos em

atividade nos molares de ratos coincidiram com as áreas de deformações mais

extensas do ligamento periodontal do modelo computacional. Demostrando que o

MEF é uma ferramenta adequada ao estudo da distribuição das forças ortodônticas.

Objetivando calcular a taxa de sobrevida clínica e a taxa de complicação de

uma miniplaca com o dispositivo C-tubo, Lee et al. em 2013, realizaram o tratamento

ortodôntico em 217 pacientes todos com a miniplaca C-tubo. Foram examinadas,

neste estudo, um total de 341 miniplacas. O tempo de sobrevida foi medido pelo

número de meses após a colocação da miniplaca. Foi considerado falha quando

uma miniplaca teve que ser removida por causa de mobilidade, perda de inserção ou

infecção. Analisaram o efeito das variáveis clínicas: sexo; idade; maxilar; local de

colocação; higiene oral; afastamento do tubo; inflamação; formato da miniplaca;

número de parafusos e comprimento do parafuso de fixação. Aplicaram o método de

sobrevida de Kaplan-Meler e o modelo proporcional de risco de Cox. Das 341

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miniplacas 14 falharam e 32 tiveram complicações. A taxa de sobrevida de 2 anos

foi de 0.91 e a taxa de sucesso foi de 0.80. O estado de higiene oral e experiência

dos operadores tiveram uma significante associação com as taxas de complicação.

Concluíram que a miniplaca C-tubo tem uma vantagem em termo de versatilidade de

aplicação de força. Consideram a higiene oral como o fator mais importante ao

colocar uma miniplaca. A experiência do operador foi considerada como o segundo

fator mais importante para o sucesso.

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3. DISCUSSÃO

A Miniplaca tem sido muito utilizada como ancoragem esquelética temporária

no tratamento ortodôntico.1,5 Talvez um dos motivos para que a mesma seja

utilizada, apesar de se tratar de um procedimento mais invasivo, é que sua

instalação não é tão crítica em relação a proximidade ou contato com as raízes

como ocorre com o mini-implante e, dessa forma, não afetando a sua estabilidade.

Outra vantagem é que a miniplaca é mais versátil em relação a possibilidade de

aplicação de diferentes inclinações das linhas de ação de força. No entanto, o seu

comportamento biomecânico ainda é uma área pouco estudado15. Diversas

metodologias de estudo têm sido empregadas para avaliar tal comportamento, no

entanto, segundo Lotti et al.4, várias delas apresentam limitações, tais como

inabilidade de calcular precisamente a distribuição da tensão e compressão,

ocorrência de falhas durante o controle do tipo de movimento dentário, dificuldade

de avaliação de todas as fases do movimento e a presença de grandes variações

individuais dificultando a análise dos resultados. Trandem et al.12 utilizaram-se do

método experimental de deflexão em laboratório para avaliar a resistência da

miniplaca a forças ortopédicas, todas as marcas comerciais analisadas

apresentaram-se capazes de suportar tais forças. Entretanto as 3 marcas

apresentaram diferenças significativas no módulo de elasticidade. Deduziram, que

está diferença, era devido à distorção do teste, e os valores de rendimento real

poderiam ser inferior, se medido isoladamente a curva de flexão.

Com a introdução do MEF esses estudos se tornaram mais precisos e fáceis

de serem reproduzidos. Reduziu o custo e o tempo de obtenção de resultados, além

de poder controlar qualquer variável relacionada ao experimento. O MEF permite

resolver problemas complexos redefinindo-o como a soma das soluções de uma

série de problemas simples interligados.4,6 Comparando os resultados do MEF e do

estudo in vivo em ratos, Cossetin et al.7 testaram o comportamento do tecido

periodontal após a aplicação de uma força externa, encontraram resultados muito

similares para os dois estudos, comprovando a eficiência do MEF.

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Utilizando-se do MEF, Huang et al.14 analisaram a tensão causada no osso

pelo uso de diferentes desenhos de miniplacas como ancoragem esquelética, aquela

em forma de I apresentou maior valores de tensão no osso, seguido pela placa em

L, Y e T. Verificaram ainda que a tensão óssea diminui quando a quantidade de

parafusos aumenta e quando a espessura óssea aumenta. No entanto, Veziroglu et

al.5 utilizando-se do MEF, avaliaram as propriedades biomecânicas de um novo

desenho do sistema placa/parafuso onde simularam quatro modelos de miniplacas,

embora tenham verificado que em todos os desenhos os valores mais elevados de

tensão e deformação foram sobre o parafuso inferior, concluíram que a alteração na

configuração da miniplaca não afetou a distribuição de tensões e que são

necessários novos desenhos de miniplacas para tentar alterar o local de aplicação

de força, conseguindo assim uma melhor distribuição dessas tensões.

Devido as miniplacas terem sido projetadas para fixação de segmentos

ósseos em cirurgia bucomaxilofacial e não serem necessariamente apropriadas para

o tratamento ortodôntico, várias melhorias estão sendo propostas para tentar

diminuir suas deficiências.3 Nalbantgil et al.13 projetaram uma nova estrutura de

miniplaca com “picos” na superfície, conseguindo assim reduzir a tensão sobre e em

torno dos parafusos de fixação. Em estudo in vivo em cães, realizado por Cornelis et

al.11, demonstraram que a aplicação de forças ortodônticas na miniplaca não

aumentou o risco de mobilidade e não influenciou a densidade óssea. Com o intuito

de permitir que diversas mecânicas possam ser utilizadas ao mesmo tempo em uma

mesma miniplaca, o SAO ® descrito por Sakima et al.10, acrescentaram um

adaptador (ADV) encaixado na haste da miniplaca, possibilitando assim a utilização

simultânea de mecânicas e dispositivos ortodônticos diversos. Para obter um bom

controle da altura vertical anterior da mandíbula durante a retração, Nelson et al. 15,

instalaram na região da sínfise mentoniana uma miniplaca especial (C-tube).

Para a instalação da miniplaca é necessário bom conhecimento cirúrgico, no

estudo realizado por Lee et al.16, a experiência do operador foi considerada como o

segundo fator mais importante para o sucesso da miniplaca, uma vez que o

procedimento é mais invasivo quando comparado à instalação dos mini-implantes,

sendo necessário um deslocamento de retalho. Apesar disto, no estudo realizado

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por Cornelis et al. 9 , onde cirurgiões responderam questionários após a cirurgia da

miniplaca, o nível de dificuldade foi considerado de muito fácil a moderadamente

fácil.

O índice de sucesso da utilização das mini-placas demonstrado nos trabalhos

é bastante satisfatório, acima de 90%.8,9,16 No entanto, em trabalho realizado em

cães, Cornelis et al.9 afirmaram que apenas 53% permaneceram estáveis após o

experimento, sendo 70% na maxila e 38% na mandíbula, sendo a mobilidade

relacionada com a inflamação gengival. Provavelmente, parte do porcentual de

insucesso na utilização de miniplacas seja devido às inflamações e/ou infecções

decorrentes da falta de controle da higiene bucal e dificuldade de cicatrização da

mucosa circunjacente à haste transmucosa da miniplaca.

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4. CONCLUSÃO

Após a revisão de literatura relacionada às aplicações das miniplacas no

tratamento ortodôntico e à avaliação do seu desempenho por meio do MEF, pode-se

concluir que:

1. Dentre os dispositivos utilizados para a obtenção de ancoragem temporária

em Ortodontia, provavelmente as miniplacas apresentam a maior estabilidade;

2. O MEF mostrou-se muito eficiente para avaliação mecânica tanto das

miniplacas e dos parafusos de fixação, quanto dos tecidos circunjacentes;

3. Existem poucos trabalhos científicos sobre avaliação mecânica das

miniplacas. Portanto, novos trabalhos deveriam ser realizados utilizando o MEF e

seus resultados testados em estudos clínicos prospectivos randomizados.

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REFERÊNCIAS

1. Zétola AL, Michaelis G, Moreira FM. Mini-placa como ancoragem ortodôntica: relato

de caso. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 2005;10 (4):97-105.

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