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AVALIAÇÃO QUALITATIVA DOS POÇOS ARTESIANOS DO SETOR OESTE, GOIÂNIA - GO Lívia Freire Queiroz: Acadêmica do curso de Engenharia Ambiental pela Universidade Católica de Goiás: [email protected] Paula Cristina Veríssimo Pereira: Acadêmica do curso de Engenharia Ambiental pela Universidade Católica de Goiás: [email protected] Rafael Vieira Cardoso: Acadêmico do curso de Engenharia Ambiental pela Universidade Católica de Goiás:[email protected] Dr°Antonio Pasqualetto .:Professor Orientador, disciplina Projeto Final de Curso II, do Curso de Engenharia Ambiental - Universidade Católica de Goiás: [email protected] RESUMO A crescente preferência pelo uso das águas subterrâneas para os mais diversos tipos de usos se deve ao fato de que, em geral, a água captada em poços artesianos apresenta, geralmente, excelente qualidade a baixo custo para a sua execução e manutenção. Objetivou-se avaliar a qualidade das águas subterrâneas do Setor Oeste, Goiânia,Goiás, baseando-se na portaria 518 do Ministério da Saúde (padrões de potabilidade). Utilizando- se dados da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Agência Nacional de Vigilância Sanitária, onde avaliam-se os riscos de contaminação e de redução da disponibilidade da água subterrânea no Setor Oeste. Palavras-Chaves: Poços, Águas Subterrâneas, Potabilidade, Riscos de Contaminação. ABSTRACT To growing preference for the use of the underground waters for the most several types of uses is due to the fact that, in general, the water captured in artesian wells presents, usually, excellent quality at a low cost for his/her execution and maintenance. It was aimed at to evaluate the quality of Setor West's underground waters, Goiânia,Goiás, basing on the entrance 518 of Ministry of Health (potability patterns). being Used data of the Municipal General office of the Environment and National Agency of Sanitary Surveillance, where the risks of contamination are evaluated and of reduction of the readiness of the underground water in the Setor Oeste. Word-key: Wells, Underground Waters, Potability, Risks of Contamination. Goiânia, 2004/2

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AVALIAÇÃO QUALITATIVA DOS POÇOS ARTESIANOS DO SETOR OESTE, GOIÂNIA - GO

Lívia Freire Queiroz: Acadêmica do curso de Engenharia Ambiental pela Universidade Católica de Goiás: [email protected] Paula Cristina Veríssimo Pereira: Acadêmica do curso de Engenharia Ambiental pela Universidade Católica de Goiás: [email protected] Rafael Vieira Cardoso: Acadêmico do curso de Engenharia Ambiental pela Universidade Católica de Goiás:[email protected] Dr°Antonio Pasqualetto .:Professor Orientador, disciplina Projeto Final de Curso II, do Curso de Engenharia Ambiental - Universidade Católica de Goiás: [email protected] RESUMO

A crescente preferência pelo uso das águas subterrâneas para os mais diversos tipos de usos se deve ao fato de que, em geral, a água captada em poços artesianos apresenta, geralmente, excelente qualidade a baixo custo para a sua execução e manutenção. Objetivou-se avaliar a qualidade das águas subterrâneas do Setor Oeste, Goiânia,Goiás, baseando-se na portaria 518 do Ministério da Saúde (padrões de potabilidade). Utilizando-se dados da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Agência Nacional de Vigilância Sanitária, onde avaliam-se os riscos de contaminação e de redução da disponibilidade da água subterrânea no Setor Oeste. Palavras-Chaves: Poços, Águas Subterrâneas, Potabilidade, Riscos de Contaminação. ABSTRACT

To growing preference for the use of the underground waters for the most several types of uses is due to the fact that, in general, the water captured in artesian wells presents, usually, excellent quality at a low cost for his/her execution and maintenance. It was aimed at to evaluate the quality of Setor West's underground waters, Goiânia,Goiás, basing on the entrance 518 of Ministry of Health (potability patterns). being Used data of the Municipal General office of the Environment and National Agency of Sanitary Surveillance, where the risks of contamination are evaluated and of reduction of the readiness of the underground water in the Setor Oeste. Word-key: Wells, Underground Waters, Potability, Risks of Contamination. Goiânia, 2004/2

INTRODUÇÃO

Cerca de 97% da água doce disponível para uso da humanidade encontra-se no

subsolo, na forma de água subterrânea e mais da metade da água de abastecimento público

no Brasil provém destas reservas. A crescente preferência pelo uso desses recursos hídricos,

nos mais diversos tipos de usos, se deve ao fato de que, em geral, eles apresentam excelente

qualidade e menor custo (GEOGOIÁS,2002). No Brasil, da mesma forma que em outras

partes do mundo, a utilização das águas subterrâneas tem crescido de forma acelerada nas

últimas décadas, e as indicações são de que essa tendência deverá continuar.

Apesar da crença popular que a água subterrânea está protegida contra as diversas

formas de contaminação, os cientistas estão descobrindo poluição em aqüíferos em todos os

continentes, tanto nas proximidades das lavouras, quanto de fábricas e de cidades. O tempo

médio de permanência da água nos depósitos subterrâneos é de 1.400 anos, contra apenas

16 dias para a água fluvial (REBOUÇAS, 2002).

A inobservância das normas técnicas de perfuração de poços profundos pode causar

a poluição do lençol artesiano. Vários prejuízos para a natureza e para quem usa a água

podem ser contabilizados. Em Goiânia, a maior concentração é de mini-poços (ZIMBRES,

2000). Esses poços captam a água superficial e como, nem sempre, são observadas as

distâncias mínimas recomendadas das fontes poluidoras, as mesmas pode conter de

coliformes fecais a substâncias tóxicas, como resíduos de postos de gasolina (CZEPACK,

2003).

Teoricamente, não seria permitida a abertura de nenhum poço onde houvesse rede

de abastecimento, ou seja, os poços estariam banidos de praticamente todo o perímetro

urbano da grande Goiânia, já que a esmagadora maioria dos bairros da capital dispõe de

água tratada e o suprimento é regular (CÓDIGO DE POSTURAS DE GOIÂNIA, 1992).

A Lei 13.583, que instituiu a outorga, dispõe em seu artigo 11 que o proprietário de

qualquer terreno poderá explorar as águas subterrâneas subjacentes, desde que não venha a

acarretar prejuízos às captações pré-existentes (CZEPACK, 2004). As leis não prevêem,

nenhum mecanismo de controle sobre as empresas perfuradoras de poços, que deveriam

trabalhar com licença da Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMMA e da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa (JAWABRE,2004).

Diante disto, objetivou-se avaliar a qualidade das águas subterrâneas do Setor

Oeste, Goiânia, GO, baseando-se na portaria 518 do Ministério da Saúde (padrões de

potabilidade).

2 REVISÃO LITERÁRIA

2.1 POLUIÇÃO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA

Inúmeras atividades do homem introduzem no meio ambiente substâncias ou

características físicas que ali não existiam antes, ou que existiam em quantidades diferentes.

A este processo chamamos de poluição. Assim como as atividades desenvolvidas pela

humanidade são muito variáveis, também o são as formas e níveis de

poluição.(ZIMBRES/2000)

No geral os depósitos de água subterrânea são bem mais resistentes aos processos

poluidores dos que os de água superficial, pois a camada de solo sobrejacente atua como

filtro físico e químico. A facilidade de um poluente atingir a água subterrânea dependerá

dos seguintes fatores:

I) Tipo de aqüífero: Os aqüíferos freáticos são mais vulneráveis do que os confinados ou

semiconfinados. Aqüíferos porosos são mais resistentes dos que os fissurais, e entre estes

os mais vulneráveis são os cársticos. Segue abaixo, os dois tipos mais comuns de aquiferos

(Figura 01).

Figura 01: Exemplos de aqüíferos porosos e fissurais.

No subsolo de Goiânia, ocorre a presença de dois domínios de águas subterrâneas,

chamados de Poroso 1, 2 e 3 e Fraturado, sendo a avaliação da vazão de 500 l/h até 3500 l/h

(CAMPOS, 2003).

II) Profundidade do nível estático (espessura da zona de aeração): Como esta zona atua

como um reator físico-químico, sua espessura tem papel importante. Espessuras maiores

permitirão maior tempo de filtragem, além do que aumentarão o tempo de exposição do

poluente aos agentes oxidantes e adsorventes presentes na zona de aeração (figura 2).

III) Permeabilidade da zona de aeração e do aqüífero: Uma zona de aeração impermeável

ou pouco permeável é uma barreira à penetração de poluentes no aqüífero. Por outro lado,

alta permeabilidade (transmissividade) permitem uma rápida difusão da poluição. O avanço

da mancha poluidora poderá ser acelerado pela exploração do aqüífero, na medida que

aumenta a velocidade do fluxo subterrâneo em direção às áreas onde está havendo a

retirada de água.

. Figura 2: Camadas dos aqüíferos Fonte: DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) IV) Teor de matéria orgânica existente sobre o solo: A matéria orgânica tem grande

capacidade de adsorver uma gama variada de metais pesados e moléculas orgânicas.

Um poluente após atingir o solo, poderá passar por uma série reações químicas,

bioquímicas, fotoquímicas e inter-relações físicas com os constituintes do solo antes de

atingir a água subterrânea. Estas reações poderão neutralizar, modificar ou retardar a ação

poluente. Em muitas situações a biotransformação e a decomposição ambiental dos

compostos fitos sanitários pode conduzir à formação de produtos com uma ação tóxica

aguda mais intensa .

Existem dois tipos básicos de poço: os tubulares rasos minipoços e tubulares

profundos: os tubulares rasos pela pouca profundidade e natureza da área de instalação são

também fortes contribuintes a poluição da água subterrânea (Figura 3). Os tubulares

profundos são construídos com profundidades maiores são mais bem estruturados com

selos para proteção de contaminação superficial e revestimentos (Fonte, ano)

Apropriados. Por este motivo, estes tipos de poços são menos susceptíveis a contaminação

2.2 FONTES PONTUAIS DE POLUIÇÃO E MICROORGANISMOS PATOGÊNICOS

São as que atingem o aqüífero através de um ponto. Exemplos: sumidouros de

esgotos domésticos, comuns em comunidades rurais, aterros sanitários, vazamentos de

depósitos de produtos químicos, vazamentos de dutos transportadores de esgotos

domésticos ou produtos químicos,proximidade a posto de combustível. Estas fontes, se

constatadas são responsáveis por poluições altamente concentradas, das águas subterrâneas.

I) Fontes lineares de poluição: São as provocadas pela infiltração de águas superficiais de

rios e canais contaminados. A possibilidade de esta poluição ocorrer dependerá do sentido

de fluxo hidráulico existente entre o curso deágua e o aqüífero subjacente.

II) Fontes difusas de poluição: São as que contaminam áreas extensas. Normalmente são

devidas a poluentes transportados por correntes aéreas, chuva e pela atividade agrícola. Em

aglomerados urbanos, onde não haja rede de esgotamento sanitário, as fossas sépticas e

sumidouros estão de tal forma regularmente espaçada que o conjunto acaba por ser uma

fonte difusa de poluição (ALEXANDRE E SZIKSZAY ,1999).

A determinação da concentração dos coliformes assume importância como

parâmetro indicador da possibilidade da existência de microorganismos patogênicos,

responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, tais como febre tifóide,

febre paratifóide, desinteria bacilar e cólera. São dois os grupos de acordo com a resolução

CONAMA 274/2000:

I) A Escherichia coli, bactéria pertencente ao grupo dos coliformes termotolerantes, é

atualmente utilizada pelas estações de tratamento de água como indicador de maior

representabilidade da contaminação fecal. Segundo Cerqueira e Horta (1999), E. coli

representa percentuais em torno de 96 a 99% nas fezes humanas e de animais

homeotérmicos tendo somente sido encontrada em esgotos, efluentes, águas naturais e solos

que tenham recebido contaminação fecal recente

Este grupo de bactérias indica a ocorrência de poluição microbiológica. Uma

ocorrência excessiva deste grupo indica infestações gerais. Dentro deste grupo encontra-se

alguns gêneros de bactérias bastante conhecidos como as Pseudomonas, Clostridium,

Desulfovibrio, Serratia e Mycobacterium.

II) Os coliformes totais são aquelas que não causam doenças, visto que habita o intestino de

animais mamíferos inclusive o homem.As bactérias do grupo coliforme são consideradas os

principais indicadores de contaminação fecal. O grupo coliforme é formado por um número

de bactérias que inclui os gêneros Klebsiella, Escherichia, Serratia, Erwenia e

Enterobactéria.

2.3 DOENÇAS POR TRANSMISSÃO HIDRICA:

A água de má qualidade gera altos índices de doenças infecciosas, como

esquistossomose, dengue, febre amarela e malária, doenças de pele e doenças diarréicas,

cólera e febre tifóide (Tabela 2).

Aproximadamente 80% de todas as doenças de origem hídrica e mais de um terço

das mortes em países em desenvolvimento são causadas pelo consumo de água

contaminada.

QUADRO 1 - Doenças relacionadas à água.

Doenças Número por ano (1993) Casos de doenças Mortes Cólera 297.000 4.971 Febre tifóide 500.000 25.000 Giardíase 500.000 Baixo Amebíase 48.000.000 110.000 Doenças diarréicas (idade < ou igual 5 anos)

1.600.000.000 3.200.000

Esquistossomose 200.000.000 200.000 Fonte: Ivanildo Hespanhol - OMS.

2.4 ASPECTOS LEGAIS

LEGISLAÇÃO FEDERAL:

Decreto nº24.643 (Código de Águas )– 10/07/1934). EM SEU artigo 96, ao tratar

das águas subterrâneas, prescreve que o “dono de qualquer terreno poderá apropriar-se por

meio de poços, galerias, etc, das águas que existam debaixo da superfície de seu prédio,

contanto que não prejudique aproveitamentos existentes nem derive ou desvie de seu curso

natural águas publicas domiciliais, públicas de uso comum e particulares” .

Lei Federal n° 9.433 - 8 de Janeiro de 1997 incorpora a mudança na dominialidade

das águas subterrâneas, estabelecida pela Constituição de 1988, e mantém tratamento

diferenciado para águas ditas "minerais". Quanto à gestão das águas subterrâneas,

recomenda a utilização dos mecanismos de outorga das concessões de exploração como

principais instrumentos de gestão. Quanto às normas reguladoras apresenta significativa

contribuição relativa aos aspectos da poluição e superexploração de aqüíferos, proibindo a

poluição das águas subterrâneas, monitoramento de aterros sanitários e estudos de

vulnerabilidade de aqüíferos. No campo da Normatização, toda e qualquer obra de captação

de água subterrânea é considerada uma obra de Engenharia para a qual exige-se habilitação

legal nas diferentes etapas da pesquisa, projeto e exploração.

Portaria nº 518, de 25 de março de 2004 estabelece os procedimentos e

responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo

humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Na Seção III do nível

Municipal no Art. 7º estão descritos os deveres e obrigações das Secretarias Municipais de

Saúde:

VI - garantir à população informações sobre a qualidade da água e riscos à saúde

associados, nos termos do inciso VI do artigo 9 da Norma;

VII - manter registros atualizados sobre as características da água , sistematizados de forma

compreensível à população e disponibilizados para pronto acesso e consulta pública.

Padrões de Potabilidade são as quantidades limites que, com relação aos diversos

elementos, podem ser tolerados nas águas de abastecimento, quantidades essas fixadas, em

geral, por leis, decretos ou regulamentos regionais .Os padrões de potabilidade foram

estabelecidos pela Portaria nº 56/Bsb de 14.03.77, baixada pelo Ministério da Saúde, em

cumprimento ao Decreto nº 78367 de 09.03.77. (ABNT, 1973). No Brasil, as normas são

definidas pela portaria 1469 de 29/12/2000, capítulo IV Padrão de potabilidade. Estas

definem que água para consumo humano deve ser livre de Escherichia coli ou coliformes

termotolerantes com ausência em 100ml ou positividade de até 5% para coliformes totais.

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

Em relação aos limites internacionais e brasileiros recomenda-se a observância dos

Padrões de Potabilidade (Quadro 2).

Quadro 02: Padrões de Potabilidade Normas Internacionais

(OMS) Normas Brasileiras (ABNT)

Limites PARÂMETROS: Aceitáveis Permissíveis Aceitáveis Permissíveis Físicos: Cor: 5 - 15 unidades 50 unidades 5 unidades 20 unidades Turbidez: 5 unidades 25 unidades 1 (uma)

unidade 10 unidades

Odor: Inobjetável Ausente Ausência de odor objetável número limiar de odor – máx 3

Sabor: Inobjetável Ausente Ausência de sabor objetável mg/l=miligramas/litro Químicos: ▼ STD 500 – 1000mg/l 1500 mg/l 1000 mg/l 1000 mg/l Dureza Total 500mg/l 500mg/l 100mg/l 200mg/l Ferro (Fe) 0,3 mg/l 1,0 mg/l 0,3 mg/l 0,3 mg/l Cobre (Cu) 1,0 mg/l 1,5 mg/l 1,0 mg/l 1,0 mg/l Zinco (Zn) 5,0 mg/l 15 mg/l 5,0 mg/l 15 mg/l Cálcio (Ca) 75 mg/l 200 mg/l Ausente Ausente Magnésio (Mg) 50 mg/l 150 mg/l Ausente Ausente Sulfato (So4) 400 mg/l 400 mg/l 400 mg/l 400 mg/l Cloreto (Cl) 200 – 250 mg/l 600 mg/l 250 mg/l 250 mg/l Arsênico (As) 0,05 mg/l 0,05 mg/l 0,05 mg/l 0,1 mg/l Bário (Ba) 0,005 mg/l 0,005 mg/l 1,0 mg/l 1,0 mg/l Cádmio (Cd) 0,05 mg/l 0,05 mg/l 0,005 mg/l 0,005 mg/l Chumbo (Pb) 0,1 mg/l 0,1mg/l 0,05 mg/l 0,1 mg/l Cianeto (Cn) 0,05 mg/l 0,05mg/l 0,1 mg/l 0,2 mg/l Cromo (Cr6+) 1,5 mg/l 1,5mg/l 0,05 mg/l 0,05 mg/l Fluoreto (F) 0,001 mg/l 0,001mg/l 0,6 – 1,7

mg/l 1,5 mg/l

Mercúrio (Hg) 0,01 mg/l 0,01mg/l 0,001 mg/l 0,001 mg/l Prata (Ag) Zero Zero 0,05 mg/l 0,05 mg/l Selênio (Se) 0,01 mg/l 0,01mg/l 0,01 mg/l 0,01 mg/l Nitrato (NO3) 10 mg/l 10mg/l 10 mg/l 45 mg/l PH: 6,5 a 8,5 Número/100mililitros Bacteriológicos: ▼ Coliformes Totais < 2 (nº/100ml) < 4

(nº/100ml) zero Zero

Coliformes Fecais zero zero zero Zero Fonte: ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2002)

LEGISLAÇÃO ESTADUAL:

Lei 13.583 de 11 de Janeiro de 2000 dispõe sobre a conservação e proteção

ambiental dos depósitos de água subterrânea no Estado de Goiás e da outras providências.

LEGISLAÇÃO MUNICIPAL:

Código de Posturas de Goiânia (Lei Complementar nº 014) desde 1992, quando

entrou em vigor o município tenta restringir a perfuração de poços. O artigo 21 da lei diz

que somente é permitida a abertura onde a rede pública não conseguir garantir o

fornecimento pleno de água. Teoricamente, não seria permitida a abertura de nenhum poço

onde houvesse rede de abastecimento, ou seja, os poços estariam banidos de praticamente

todo o perímetro urbano, já que a esmagadora maioria dos bairros da capital dispõe de água

tratada e o suprimento é regular

3 METODOLOGIA

O estudo focou os poços artesianos existentes no setor Oeste, Goiânia, GO (Figura

3). Setor com elevada densidade populacional. O Setor Oeste é uma região este com

habitações residenciais, clinicas, postos de combustíveis e estabelecimentos comercial em

geral.Possuindo 26.920 habitantes distribuídos no total de 8.408 domicílios sendo 775 casas

e 7.550 apartamentos (IBGE,2000) , 22 postos de abastecimento combustível e 7

estabelecimentos hospitalares.

Figura 3. Mapa do setor oeste, Goiânia, GO

Fonte: SIG-Goiás, 2004

Dados foram obtidos em visitas, entrevistas e vistorias em processos e laudos

realizados na SEMMA (Secretaria Municipal de Meio Ambiente), Vigilância Sanitária

Municipal e à empresa de saneamento Aqualit. As seguintes variáveis foram avaliadas:

I) Quantificação de poços da região do Setor Oeste, em relação a outros logradouros, da

cidade de Goiânia, GO.

II) Profundidade (m).

III) Situação atual dos poços: ativado e desativado.

IV) Poços perfurados por decênio.

V) Análise bacteriológica.

Para análises bacteriológicas foram obtidas amostras aleatórias de 48 poços, em

função da restrição da SEMMA em disponibilizar os Laudos dos Exames Físico-químicos

e Bacteriológicos considerando os dados sigilosos, e não permitido acesso à comunidade.

Descreve-se os procedimentos metodológicos adotados pela ANVISA nas análises

fornecidas.

Metodologia adotada pela Vigilância Sanitária para o Laudo de Análise: Unidade Analítica: Seção de Físico-Químico de Alimentos: Nome do ensaio:Ph; Referência:Portaria 1469 de 29/12/2000; Valor de Referência:6,0 a 9,5; Resultado: Se amostra apresentar resultado de pH< 6,0 e pH > 9,5 Insatisfatório, Se amostra apresentar resultado pH estiver entre 6,0 a 9,5 Satisfatório; Conclusão:Satisfatório/ Insatisfatório. Unidade Analítica de Seção de Microbiologia: Nome do Ensaio:Coliformes Totais e Coliformes Termotolerantes; Referência: Portaria 1469; Resultados: Se amostra apresentar:Presença em 100 ml ,não se aplica Insatisfatório; Se amostra apresentar: Ausência em 100 ml, Satisfatório; Conclusão:Satisfatório/Insatisfatório;

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Constatou-se que dos 531 poços cadastrados em Goiânia pela Secretária Municipal

de Meio Ambiente, 119 poços estão localizados no Setor Oeste (Figura 4), mas por

dificuldades na Secretaria Municipal do Meio Ambiente que não divulga as informações,

alegando que estas são confidenciais, foram obtidos apenas 48 laudos de exames junto a

ANVISA e Aqualit, que é equivalente a 40,34% do total de todos os poços cadastradas pela

SEMMA na região do Setor Oeste.

Figura 4: Quantidade de poços em porcentagem no setor Oeste, Goiânia, GO

Dos 119 processos de cadastramento de poços artesianos resultou nos seguintes

dados:

-O número de 83 destes estão ativados cerca de 69,75% (Figura 5)

-O número de 06 poços estão desativados aproximadamente 5,04%;

-O número de 30 processos não apresentaram informações,cerca de 25,21%

Os poços abandonados ou desativados representam perigo para contaminação dos

aqüíferos uma vez que representam um conduto direto de entrada de contaminantes. Para

evitar este risco, os poços abandonados devem ser totalmente selados ou obstruídos.

22%

78%

Quantidade dePoços SetorOeste

Quantidade dePoços na Cidadede Goiânia

Figura 5. Quantidade de Poços em Função da sua Situação, Setor Oeste, Goiânia, GO

Poços construídos há mais de 10 anos e até mesmos alguns dos mais recentes até

meados de 2004 (figura 6), são geralmente menos profundos e estão localizados em áreas

susceptíveis a contaminação e podem apresentar problemas estruturais como, por exemplo,

ausência de revestimento adequado ou atualmente oxidados e ausência de selos de proteção

e possuem vários problemas em comum, como a falta de hidrômetros para medição da

vazão de água retirada, a vedação inadequada da boca do poço, infiltrações diversas nas

manilhas de revestimento (que possibilitam a passagem de resíduos e bactérias), falta de

análise de potabilidade da água e a grande maioria está com a documentação exigida para a

outorga incompleta e não notificaram os dados complementares junto a SEMMA.

Figura 6:Quantidade de poços em função do ano de perfuração, Setor Oeste, Goiânia, GO

0,8

4%

8,4

0%

16,8

1%

0,8

4%

73

,11

%

0%

20%

40%

60%

80%

1970 -

1980

1991 -

2000

Notificar

S1

1970 - 1980

1981 - 1990

1991 - 2000

>2000

Notificar

5%

71%

24%

Desativado

Ativado

Notificar

Desta amostragem de 48 processos de análises (Quadro 3) , 19 poços (39,58%)

apresentam contaminação de acordo com os exames realizados pela Vigilância Sanitária

Municipal de Goiânia e também por estabelecimentos privados de analise de água como

citada nesta pesquisa Aqualit (anexo 1). Através de solicitação do(s) proprietários de

poço(s) artesianos as amostras indicaram a presença de contaminação bacteriológicas por

Coliformes Totais e Coliformes fecais, Bactérias heterotróficas e Escherichia coli, bactéria

pertencente ao grupo dos coliformes termotolerantes, sendo o resultado final como

insatisfatório para consumo humano. No exame físico-químico do total de 48 laudos

apresentados, 13 destas amostras ou seja 27,08%, apresentam como resultado

insatisfatório, devendo ser utilizadas técnicas de processos químicos para correção pois

parâmetros físicos/químicos como turbidez ,odor, pH não possuem recomendações pela

legislação. Todos os estabelecimentos que utilizam soluções alternativas caso não atendem

á portaria 518, devem contratar um responsável técnico para realizar o processo de cloração

da água e monitora-la a cada três meses.

Quadro 3

Local da Coleta

Data Físico-Químico Agentes Bacteriológicos

Torneira antes do reservatório 2003 Satisfatório Insatisfatório Torneira antes do reservatório 2003 Satisfatório Insatisfatório

Torneira antes do reservatório 2003 Satisfatório Insatisfatório

Torneira antes do reservatório 2004 Satisfatório Satisfatório Torneira antes do reservatório 2004 Não se Aplica Satisfatório Torneira antes do reservatório 2004 Satisfatório Satisfatório Torneira antes do reservatório 2004 Não se Aplica Satisfatório Torneira antes do reservatório 2004 Não se Aplica Satisfatório Torneira antes do reservatório 2004 Satisfatório Satisfatório Torneira antes do reservatório 2004 Satisfatório Satisfatório Torneira antes do reservatório 2004 Satisfatório Satisfatório Torneira antes do reservatório 2004 Não se Aplica Satisfatório Torneira antes do reservatório 2003 Satisfatório Insatisfatório Não Consta 2003 Satisfatório Insatisfatório Torneira antes do reservatório 2004 Não se Aplica Satisfatório Torneira antes do reservatório 2003 Não se Aplica Satisfatório

Torneira antes do reservatório 2003 Satisfatório Insatisfatório

Torneira antes do reservatório 2003 Satisfatório Satisfatório Torneira antes do reservatório 2003 satisfatório Satisfatório Torneira antes do reservatório 2004 Satisfatório Satisfatório Torneira antes do reservatório 2003 Satisfatório Insatisfatório Torneira antes do reservatório 2004 Não se Aplica Satisfatório Torneira antes do reservatório 2004 Satisfatório Satisfatório Torneira antes do reservatório 2004 Satisfatório Satisfatório Torneira antes do reservatório 2004 Satisfatório Satisfatório Torneira depois do reservatório 2002 Satisfatório Insatisfatório Saída do Poço 2004 Insatisfatório Satisfatório Saída do Poço 2004 Satisfatório Satisfatório Saída do Poço 2004 Satisfatório Insatisfatório Saída do Poço 2004 Satisfatório Satisfatório Torneira antes do reservatório 2003 Satisfatório Insatisfatório Torneira antes do reservado (Pia da Farmácia) 2003 Satisfatório Insatisfatório Não Consta 2003 Satisfatório Insatisfatório Torneira antes do Reservatório (Pia / Farmácia) 2003 Satisfatório Insatisfatório Torneira antes do Reservatório 2003 Satisfatório Insatisfatório Torneira antes do reservatório 2003 Satisfatório Insatisfatório Torneira antes do reservatório 2003 Satisfatório Insatisfatório Torneira antes do reservatório Pia da Farmácia 2003 Satisfatório Insatisfatório Torneira antes do Reservatório 2003 Satisfatório Insatisfatório Torneira do Salão de Festas 2002 Satisfatório Satisfatório

Torneira antes do Reservatório 2004 Satisfatório Insatisfatório Torneira antes do Reservatório 2004 Não se aplica Satisfatório Não Consta 2004 Satisfatório Satisfatório Torneira antes do Reservatório 2004 Não se aplica Satisfatório Torneira antes do Reservatório 2004 Não se Aplica Satisfatório Torneira ante s do Reservatório 2004 Satisfatório Satisfatório

Torneira antes do Reservatório 2004 Não se Aplica Satisfatório

Torneira antes do Reservatório 2004 Não se Aplica Satisfatório

No subterrâneo a água pode ser encontrada em níveis mais superficiais até 50

metros, ou em níveis mais profundos acima de 60 metros Para a caracterização da

profundidade, foram analisados quatro faixas de níveis em metros, o qual, obteve a maior

quantidade, os poços com valores que variam de 21 a 40 metros. A água mais superficial

foi encontrada em média a 50 metros de profundidade, essas reservas são exploradas por

meio de poços mais rasos ou minipoços, sendo encontrados em hospitais, clinicas e

condomínios. Os riscos de contaminação da água por bactérias ou por substancias químicas

postos de combustíveis podendo ocorrer por meio do rompimento das canalizações de

esgoto ou vazamento de tanques de combustíveis.

Nos processo onde foram obtidos os dados para a caracterização da profundidade,

foram analisados quatro faixas de níveis em metros observando a diferença de 19 m, o qual,

resultou a maior quantidade, os poços com valor acima de 21a 40 m de profundidade

(figura 7), explorados por condomínios residenciais, clínicas hospitalares e

estabelecimentos de ensino educacional. Estas águas podem ser consideradas superficiais e

o índice de risco da contaminação por bactérias e substancias químicas pode ocorrer se

houver rompimento na canalização de esgoto ou vazamento de tanques de postos de

combustíveis.

Figura 7. Distribuição de poços por faixa de profundidade (m) no setor oeste, Goiânia, GO

8%17%

6%

26%

43%

0 - 20

21 - 40

41 - 60

>60

Notificar

5 CONCLUSÕES

Há contaminação de aproximadamente 40% dos poços artesianos do setor oeste,

Goiânia, GO

.Fontes de contaminação fecal em água devido à atividade humana devem ser

estritamente controladas, por se tratar de um setor nobre da capital onde o poder aquisitivo

de seus moradores é elevado e também onde há concentração de condomínios residenciais,

clínicas e outras instituições de saúde, que por ventura podem estar utilizando água

contaminada colocando em risco a saúde do indivíduo que a consome.

Cabe aos órgãos fiscalizadores e gestores de recursos hídricos monitoramento

periódico da qualidade e quantidade das águas subterrâneas

REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1973 ANA – Agência Nacional de Águas, 2002; ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária; CARVALHO, 1981 Ambiente Brasil,http<://www.ambientebrasil.com.br; CÓDIGO DE ÁGUAS – Art. 96 Decreto nº24.643 – 10/07/1934; CÓDIGO DE POSTURAS DE GOIÂNIA – Lei complementar nº 14, art. 21/1992; CZEPACK, Isabel – Reportagem, Jornal O Popular/2003; DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral, Geologia do Brasil, vol. Único/2003; FOSTER, S. & HIRATA, R. C. A. Determinação de riscos de contaminação das águas subterrâneas, São Paulo. vol. Inst. Geológico, São Paulo, n°. 10. 1993. GEOGOIÁS – Estado Ambiental de Goiás – Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Agência Ambiental de Goiás/2002;

HESPANHOL,Ivanildo-Água e Saneamento Básico-Uma Visão Realista-USP/São Paulo,2000; JAWABRE, Jodat. Proliferação de poços esta afetando o lençol freático – O Popular, 2004; Lei 13.583, 11 de janeiro de 2000; MINISTÉRIO DA SAÚDE – Portaria nº56 Decreto nº7.836/77; OMS – Organização Mundial de Saúde; PEDROSO, Célio – Estudos das águas subterrâneas/2002; PREFEITURA DE GOIÂNIA/SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO – SEPLAM/DPSE -Divisão de Cadastro de Bairros e Logradouros em 30/Abril/2002 - Dados Trabalhados pela Divisão de Estudos Sócio – Econômicos – DPSE/DVSE; REBOUÇAS, Aldo da C. Águas Doces do Brasil, Ed. Escrituras, SP, 2003; SAITO, Carlos Hiro – A Política Nacional de recursos Hídricos e o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos/2001; SEMARH – Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos; SEMMA – Secretaria Municipal do Meio Ambiente; ZIMBRES, Eurico – Águas Subterrâneas/2000.