avaliação da massificação do uso de aberturas de vidro ... · modelos de arquitetura adotados...
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Avaliação da massificação do uso de aberturas de vidro temperado e sua influência no conforto ambiental dos seus usuários
na região norte do Estado do Mato Grosso, a partir do início desta década até os dias de hoje janeiro/2013
Avaliação da massificação do uso de aberturas de vidro temperado e
sua influência no conforto ambiental dos seus usuários na região norte
do Estado do Mato Grosso, a partir do início desta década até os dias
de hoje.
Rafaela Zanirato Peterlini [email protected]
Master em Arquitetura – IPOG
Resumo
O objetivo deste artigo é constatar a massificação do uso das janelas de vidros temperado na
região norte do Mato Grosso, com ênfase na cidade de Sinop. O intuito é averiguar se está
acontecendo realmente essa massificação e quais os motivos que fizeram com que o projetista
e o consumidor final passasse a optar por esse material como primeira opção a partir dos
anos 2000. O artigo apresenta então as características bioclimáticas da área estudada e as
recomendações construtivas para a mesma. No artigo se traz à tona também o panorama do
uso do vidro temperado no âmbito mundial, nacional e local, relacionando o crescimento no
setor vidreiro com o crescimento demográfico e no setor da construção civíl. Apresentam-se
ainda os fatores chaves para uma construção sustentável, e que ofereçam conforto ambiental
para os usuários para que o uso do vidro não seja desabilitado na cidade de Sinop e região.
Palavras-chave: Aberturas de vidro, Conforto Ambiental, Eficiência energética
1. Introdução
Hoje o uso de aberturas de vidro temperado esta sendo usada sem critérios e de forma
massificada em edifícios públicos e privados no município de SINOP-MT e nas cidades
próximas, que tem Sinop como a cidade pólo da região.
A maioria dos usuários que adotaram este material defende seu uso pelo baixo custo em
adquiri-lo, qualidade estética e baixa manutenção. Este estudo pretende questionar a eficiência
energética e desconforto aos usuários, que, uma vez ocupando o imóvel tem como única
alternativa de permanência o uso de aparelhos de ar-condicionado, e uso de panejamento para
evitar ofuscamento excessivo devido ao excesso de luz. Ou seja, desta forma este estudo tem
como objetivo avaliar o real benefício da aquisição deste material, tendo-se em vista o alto
custo gerado com climatização dos ambientes e o desconforto causado pelo excesso de calor e
luminosidade trazido por ele, numa região onde prevalece o clima tropical quente e úmido
com temperaturas elevadas durante o ano todo.
O vidro possui a vantagem de proporcionar a integração entre o exterior e o interior, o que é
muito apreciado nas cidades de pequeno porte, pela própria condição da maioria dos
habitantes serem provenientes do campo. Porém, proporcionar um adequado uso,
possibilitando que o usuário usufrua deste material com conforto ambiental e sem gastos
excessivos pelo alto consumo energético é grande missão dos profissionais da arquitetura, e
compreender corretamente as possibilidades que esse material oferece é necessário para que
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na região norte do Estado do Mato Grosso, a partir do início desta década até os dias de hoje janeiro/2013
este produto seja visto, por todos, como uma alternativa eficiente em todos os sentidos.
Seja com objetivo de validar o uso do vidro temperado, como melhor opção de aberturas, ou
dar alternativas eficientes para não descredenciá-lo como alternativa eficaz para o conforto
dos usuários e boa eficiência energética, este estudo é recomendável para arquitetos e
engenheiros civís que trabalhem especificando materiais em obras públicas e privadas, seja
para imóveis de comercialização imobiliária como para clientes particulares no município de
Sinop e região.
2. Conceituação
Metodologia
Para constatar a massificação do uso de aberturas de vidro temperado foi feito uma avaliação
no Residencial Aquarela Brasil, na cidade de Sinop. Esse levantamento foi feito através da
contabilização do número de residências que lançaram mão do uso de esquadrias de vidro
temperado e de outros materiais alternativos.
De maneira a colher mais informações sobre o crescimento da escolha deste material foram
feitas entrevistas com gerente de indústria transformadora, bem como fornecedores de
aberturas de vidro temperado e de outros materiais alternativos, como madeira e alumínio.
Para isso avaliou-se o crescimento das vendas de cada um desses materiais, relacionado ao
crescimento da Indústria da Construção Civil no Mato Grosso, bem como fazer a relação da
variação do custo desses materiais para relacionar essa relação custo-benefício com a
massificação do uso do vidro. Este levantamento, adicionado a avaliação da proporção entre o
número de residências que utilizaram aberturas de vidro temperado e as que utilizaram
madeira, pvc, alumínio ou outros materiais alternativos, tem como objetivo constatar se, de
fato, o uso das aberturas de vidro temperado tem sido considerada como primeira alternativa
de material de fechamento para as construções de padrão médio e alto na nossa região.
Caracterização da área de estudo
Sinop está localizada no noroeste da região Centro-Oeste do Brasil, no Norte Mato-grossense,
na Microrregião de Sinop. Localiza-se na latitude de 11º50‟53” Sul e longitude de
55°38‟57” Oeste.
Figura 1: Localização Sinop no Brasil
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sinop_in_Brazil.png
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na região norte do Estado do Mato Grosso, a partir do início desta década até os dias de hoje janeiro/2013
Cerca de três meses ano ano são de seca contínua e a precipitação anual de 2.500 mm.
Temperatura média anual de 24ºC (entre 40ºC e a mínima abaixo de 20ºC).
Segundo Alves e Silva (2010) o clima da região segundo classificação climática de
KöppenGeiger é o tropical chuvoso, quente e úmido. A região possui estações bem definidas,
sendo uma seca (junho a agosto), uma seca-úmida (setembro a novembro), uma úmida
(dezembro a fevereiro), e uma úmida-seca (março a maio).
Alves e Silva (2010) constataram também que as direções predominantes do vento na região
de transição Floresta Amazônica e Cerrado são sul-sudeste e sul-sudoeste, dado extremamente
importante a ser utilizado nas recomendações construtivas em relação a ventilação cruzada.
Os autores observaram ainda que não há uma predominância na direção do vento para os
horários de 8h, 14h e 20h, porém a velocidade do vento tende a aumentar no decorrer do dia e
diminuir no período noturno.
A Figura da Carta Solar mostra que a inscidência solar nos meses de maio a agosto, tem uma
inclinação que chega a 55%, demonstrando que a preocupação dos projetistas, da nossa
região, não podem ser apenas relacionadas a fachada Leste e Oeste, mas também a fachada
Norte.
Figura 2 – Carta Solar aplicada ao município de Sinop
Fonte: www.labeee.ufsc.com.br/softwares
Diretrizes construtivas para o município de Sinop
Segundo o Zoneamento Bioclimático brasileiro, da ABNT - NBR15220-3 / 2005, Sinop está
situada na Zona Bioclimática 8, conforme figuras abaixo:
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Figura 3: Zoneamento Bioclimático brasileiro
Fonte: NBR15220-3 / 2005
Figura 4: Zoneamento Bioclimático 8
Fonte: NBR15220-3 / 2005
Para essa região as recomendações da ABNT (2005) são as seguintes:
a) Aberturas Grandes, com área maior que 40% em relação a área do piso, e a estratégia de
sombreamento é sombrear as aberturas.
b) A estratégia de condicionamento Térmico Passivo para Sinop é a ventilação cruzada
permanente.
c) Os tipos de vedação indicados pela norma para a zona climática 8 são: Parede e cobertura
leves e refletoras.
3. O vidro na arquitetura
O emprego do vidro na história da civilização está presente desde os primeiros registros
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históricos. A invenção dos vidros é atribuída aos fenícios, por volta de 7.000 a.C., e sua
descoberta teria ocorrido por acaso. Alguns fenícios, ao desembarcarem na costa da Síria,
montaram acampamento e improvisaram um fogão sobre a areia com blocos construídos em
"pedras" de carbonato de cálcio sobre a areia de uma praia. Observaram que, após sofrer a
ação do calor durante toda a noite, formou-se no local um líquido transparente que se
solidificou (ALVES et al., 2001).
Em 1851, Joseph Paxton, projetou e construiu o Palácio de Cristal para a Exposição Universal
de Londres, que apresentava uma idéia revolucionária por empregar materiais e técnicas da
construção utilitária para erguer um edifício representativo, e fazer arquitetura com os
procedimentos da engenharia. A partir daí, o vidro, bem como o aço e o concreto, se tornou
um dos elementos da arquitetura funcional, a transparência total dos edifícios se tornou um
ideal da época, mas , mas como explica Mahfuz em Omar (2011) “logo ficou claro que
mesmo em climas frios, uma fachada não pode ser reduzida a uma mera lâmina de vidro”. Os
fatores ambientais como temperatura, umidade e excesso de luminosidade levaram à adoção
de elementos de proteção dos planos envidraçados das fachadas modernistas. O elemento que
foi introduzido na arquitetura com este propósito por Le Corbusier, foi o brise-soleil, ou
quebra-sol. Mas foi apenas com o domínio dos sistemas de climatização e dos vidros
complexos que as fachadas envidraçadas tiveram sucesso e se tornaram simbolo de
modernidade no hemisfério Norte. “Após a II Grande Guerra, com o avanço da tecnologia e a oferta de combustíveis
baratos, aliado à crença de que a tecnologia resolveria qualquer problema de
controle ambiental, a arquitetura passou a repetir em parte significativa do planeta o
que foi denominado de Internacional Style, desconsiderando-se as condições
climáticas locais e o consumo energético para torná-las habitáveis (GONÇALVES;
DUARTE, in OMAR, 2011).”
A partir de 1920 um grupo de profissionais como Warchavchik, Lúcio Costa, Oscar
Niemeyer, Rino Levi, Sérgio Bernardes e Villanova Artigas e outros introduziram na
arquitetura brasileira as ideias e as formas da arquitetura modernista europeia e norte-
americana de Walter Gropius, Mies van der Rohe, Le Corbusier, Frank Lloyd Wright.
O Ministério da Educação e Saúde no Rio Janeiro, construído em 1936, Lúcio Costa e Oscar
Niemeyer foi o primeiro edifício com fachada envidraçada protegido por brises soleil no
Brasil, e a partir das décadas de 1940 e 1950, intensifica-se o uso no Brasil sob pressão
interna da modernização urbano-industrial do Brasil.
O Brasil, pelo caráter simbólico de modernidade associado às características estéticas do
vidro, importou esse modelo de arquitetura modernista, mesmo tendo características
climáticas diferentes. Daí surgiram os prédios “estufas” por todo o país, sem levar em conta o
desempenho térmico e energético, e muito menos o desconforto causado aos usuários, que,
para manterem o nível de conforto satisfatório lançam mão de investimentos elevados em
sistemas de climatização e iluminação, que consomem muita energia elétrica e gastos com
manutenção e operação, como explica Omar (2011).
A indústria moderna do vidro surgiu com a revolução industrial e a mecanização dos
processos. Em 1959, o proprietário de uma fábrica de vidro na Inglaterra, o Sr. Pilkington,
desenvolveu um processo revolucionário para a produção do vidro plano, o float-glass,
conhecido também como cristal (ABRAVIDRO, 2012), o que difundiu ainda mais o uso de
Avaliação da massificação do uso de aberturas de vidro temperado e sua influência no conforto ambiental dos seus usuários
na região norte do Estado do Mato Grosso, a partir do início desta década até os dias de hoje janeiro/2013
vidro no mundo todo, inclusive no Brasil.
Omar (2011) observa ainda que em Cuiabá, através das construções mais recentes, que os
modelos de arquitetura adotados por projetistas, construtores e clientes como referência
continuam sendo importados de outros centros, por vezes com características climáticas e
culturais muito diferentes das locais, oriundas de locais frios podem trazer problemas
ambientais, apesar de terem sido adotadas como símbolos do progresso cultural.
Sinop fez parte do projeto de colonização da Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná, do
Comendador Ênio Pepino, nos anos 70. Foi fundada oficialmente em 1974, e mesmo com
muita dificuldade, houve um fluxo migratório muito grande do interior do Paraná e dos outros
Estados da Região Sul do Brasil. Com os imigrantes vieram também os costumes sulistas e as
características construtiva das obras de arquitetura também provinham de regiões frias.
Consumo energético x Arquitetura Bioclimática
Omar (2011), em seu estudo, atesta que o consumo de energia elétrica no Brasil por
edificações residenciais, comerciais e públicas corresponde a 44,67% do total de energia
elétrica gerada e parte expressiva desse consumo é gerada por sistemas de climatização e
iluminação.
Toda essa energia elétrica requerida demonstra mostra que só é possível importar o modelo de
arquitetura Européia para o Brasil se existir conforto ambiental aos usuários. Esse modelo de
edificação começou a ser contestado na década de 70, quando em resposta à crise do petróleo
vivenciada no período, alguns países europeus, Japão, Estados Unidos e Canadá vêm
desenvolvendo políticas e programas de conservação de energia elétrica.
No Brasil, desde 2001, com a promulgação da Lei n° 10.295, que dispõe sobre a Política
Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia e o Decreto n° 4059 de 19 de dezembro
de 2001 (BRASIL, 2001a, 2001b in OMAR, 2011), procura-se estabelecer níveis máximos de
consumo para máquinas e aparelhos consumidores de energia comercializados no Brasil.
Neste decreto foi criado o Grupo Técnico para Eficientização de Energia nas Edificações, GT-
Edificações, que visa ao uso racional da energia elétrica nas edificações. Com a finalidade de
criar bases necessárias para racionalizar o consumo de energia, o GT- edificações criou o
Procel Edifica.
A publicação dessas normativas, as pesquisas de fontes alternativas de energia, o
desenvolvimento de produtos mais eficientes, objetivam, em ultima instância, a otimização do
desempenho energético das edificações residenciais, comerciais e públicas. Os arquitetos e
engenheiros tem em suas mãos a grande responsabilidade de poder resolver grande parte
desses problemas de desempenho térmico e conforto ambiental através de uma arquitetura
bioclimática, que pode ser um instrumento mediador entre o clima externo e o interno.
4. A massificação do uso do vidro
Panorama Internacional da Produção Mundial de Vidro A indústria moderna do vidro surgiu com a revolução industrial e a mecanização dos processos.
Em 1959, o proprietário de uma fábrica de vidro na Inglaterra, o Sr. Pilkington, desenvolveu um
processo revolucionário para a produção do vidro plano, o float-glass, conhecido também como
cristal (OMAR, 2011). Depois do float glass a indústria do vidro plano ascendeu a outro nível de
desempenho técnico e econômico e o vidro ganhou qualidade muito superior àquela possibilitada
Avaliação da massificação do uso de aberturas de vidro temperado e sua influência no conforto ambiental dos seus usuários
na região norte do Estado do Mato Grosso, a partir do início desta década até os dias de hoje janeiro/2013
pelos sistemas anteriores de produção (PILKINGTON, 2012).
Segundo Barroso et al (2007) a introdução do processo float, em substituição ao processo
tradicional de estiragem, acarretou mudanças significativas na estrutura de oferta de vidro
plano, uma vez que a necessidade de desenvolvimento tecnológico e de aportes financeiros
levou ao aprofundamento de uma estrutura concentrada e oligopolizada, em lugar da situação
de um número relativamente grande de produtores com diferentes escalas de produção, que
prevalecia anteriormente.
Até o início da década de 1990, quatro empresas (Pilkington, Saint-Gobain, Guardian e
Asahi) detinham o controle integral do mercado mundial de vidro plano, graças ao domínio do
direito de produção de vidro pelo processo float. Apesar da passagem para domínio público da
produção através dessa tecnologia, as novas empresas que ingressaram nesse mercado
(particularmente as chinesas) não conseguiram ainda atingir a produtividade adquirida pelas
quatro principais produtoras mundiais.
Na construção civil, os principais demandantes de vidro plano são os transformadores, que
transformam o vidro bruto em produto final, e os grandes distribuidores, que fazem a ligação
com as pequenas vidraçarias espalhadas por todo o país. Em 2005, o consumo mundial de
vidro plano foi de aproximadamente 41 milhões de toneladas (cerca de 5 bilhões de m2). A
construção civil (porta, janelas e fachadas) respondeu por 70% das vendas (BARROSO et al,
2007).
Aspectos que alteram a demanda no mercado de vidro– Panorama Nacional
De modo geral, o setor vidreiro no Brasil é voltado ao atendimento do consumo interno e,
similarmente ao que ocorre no mercado mundial, a oferta também é concentrada em poucas
empresas, a maioria sob controle estrangeiro. Uma comparação feita em 2007, pelo BNDS
por Barroso et al (2007), comparativamente ao ano de 1996, diz que a capacidade instalada do
setor apresentou uma evolução de aproximadamente 55%, sendo que os principais aumentos
de capacidade ocorreram na fabricação de vidro plano (125%).
Esse aumento se deve ao crescimento da demanda na indústria da construção civil brasileira,
dado o déficit habitacional do país na última década e a perspectiva de melhoria de renda da
população. Uma sinalização dessa expectativa é a sintonia do mercado nacional com a
tendência mundial, já que é possível observar um aumento no consumo brasileiro de vidro
plano nos últimos anos, principalmente dos vidros laminados, temperados e refletivos.
Até 1998, a produção de vidro float no Brasil era domínio de uma única empresa, a Cebrace,
uma joint-venture que utiliza, em partes iguais, a tecnologia de fabricação desenvolvida pelos
grupos Pilkington e Saint-Gobain (BARROSO et al, 2007). Basicamente, hoje o Brasil tem
quatro indústrias de fornecimento vidreiro nacional: Cebrace, Guardian, UBV e Saint-Gobain.
Produtoras de vidros float e impresso, essas empresas são responsáveis pela fabricação de
1.800 toneladas de vidro por dia (ABRAVIDRO, 2012). Em 2011, o grupo japonês AGC
(Asahi Glass Company), um dos principais fabricantes do material no mundo, anunciou a
construção de uma unidade de produção na cidade de Guaratinguetá, em São Paulo.
O fato de empresas fabricantes de vidro terem se instalado no Brasil contribuiu para a queda
de preços do produto, facilitando o acesso ao consumidor, porém outro fator que pode ter
contribuído muito com a queda de preços no Brasil o grande aumento na oferta de gás, tanto o
proveniente da produção interna quanto o importado da Bolívia. Segundo BARROSO et al
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(2007) a fabricação de vidro pode ser classificada como intensiva em energia, considerando-
se que consome, por tonelada, cerca de 1,8 milhão de kcal de energia térmica na fusão (o que
equivale a cerca de 200 m3 de gás) e cerca de 200 kWh/t de energia elétrica em outras etapas
do processo. A energia térmica obtida para a fabricação do vidro era, tradicionalmente, do
óleo combustível. Em meados da década de 1990, no entanto, teve início a substituição do
óleo por gás natural. É mesmo possível dizer que a utilização do gás pelas indústrias
brasileiras foi estimulada pelos órgãos governamentais ligados à energia, em particular a
partir de 1995, quando foi assinado o acordo final referente ao gasoduto Brasil-Bolívia
(BARROSO et al, 2007)
A atividade com grande demanda reprimida no Brasil e que cresceu de forma muito acentuada
nos últimos anos, foi impulsionada também, pelo aumento na disponibilidade do crédito
imobiliário. Segundo assessoria de imprensa da Caixa Econômica Federal, o número de
financiamentos no Brasil teve um aumento de 650% de 2007 a 2011. Percebe-se então que a
demanda pelo vidro plano na construção é não apenas elevada como crescente, pelo menos
enquanto perdurarem as ações do Governo brasileiro que estimulam a Construção Cívil.
Porém, em entrevista para a Revista O vidro Plano, os diretores-executivos da Cebrace
afirmam que hoje, a China representa cerca de 50% da produção mundial de vidro e pode ser
um complicador para a colocação de novas produções dentro do Brasil. Segundo eles, está
havendo uma expansão, das importações do float básico para o processado, o que deverá
acarretar numa mudança ainda muito maior nesse panorama no Brasil, já que perderão
também as indústrias transformadoras do material no país. Nesse contexto, segundo os
diretores da Cebrace as ações do governo não foram suficientes ainda para parar o processo de
desindustrialização que foi claro no primeiro trimestre de 2012 e nos últimos meses de 2011,
que acarretará certamente numa espiral de decréscimo de preços para o cliente ainda maior.
Panorama Local: relacionado à massificação do uso do vidro Se no Brasil, o setor da construção civil nos últimos 5 anos teve um crescimento acelerado, o
Estado do Mato Grosso teve uma expansão ainda maior. Segundo assessoria de imprensa da
Caixa Econômica Federal, o crescimento do número de financiamentos imobiliários de 2007
a 2011 teve um aumento de 950%, cerca de 17.000 novas unidades habitacionais foram
financiadas neste período, ou seja, um crescimento aproximadamente 50% maior que o
crescimento do número de financiamentos imobiliários do Brasil, que foi de 650%, no mesmo
período. O número de trabalhadores com carteira assinada também cresceu
consideravelmente, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(CAGED) em 2006, 19.136 trabalhadores estavam registrados no setor da construção civil,
em 2011 esse número subiu para 49.361 trabalhadores.
Dentro desse panorama de aceleração da construção civil o setor vidreiro teve um
crescimento ainda maior. Segundo o Sr. Leandro Penna, Gerente Comercial da Blindex em
Sinop, antes de 1999 não haviam indústrias transformadoras do vidro plano comum em vidro
temperado, os vidros temperados vinham da Pilkington/Blindex de São Paulo e demoravam
cerca de 45 dias para ser instalados na capital. Neste período o consumo de vidros no Estado
era de cerca de 100 toneladas/mês. A Guaporé Vidros foi a pioneira no Estado a ter um forno
de têmpera modelo vertical. Leandro Penna constatou que “no ano de 2002 ja existiam no
mercado matogrossense dois fornos de têmpera, o que fez com que os prazos de entrega
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diminuíssem para no máximo 15 dias, neste ano o consumo havia aumentado para 200
toneladas/mês, no ano seguinte a Guaporé Vidros adquiriu a franquia Blindex, e o aumento
chegou a 50% até o ano de 2005.” Segundo Penna, até 2005 não havia a concorrência com os
produtos chineses e mexicanos, e toda a produção nacional estavam sob o domínio de duas
indústrias: Cebrace e Guardian. “A partir da entrada de vidros importados as indústrias
nacionais reduziram seus preços, tornando mais acessíveis a todas as classe sociais. Hoje
juntas todas as indústria de transformação no Estado do Mato Grosso atendem a um consumo
de 500 toneladas de vidro/mês.”, diz Penna.
Sinop, dentro do contexto de cidade pólo da região norte-matogrossense, oferecendo serviços
para até 30 municípios circundantes, mostrou que o crescimento no setor da construção civil
superou o crescimento do Estado. Segundo dados da Secretaria de Indústria e Comércio, em
2009 foram expedidos alvarás de construção relativos a 207.784,50 m2 , no ano de 2011,
foram 413.649,90 m2. É visível nos anos recentes o movimento que há no setor da construção
no país, porém a cidade de Sinop pode perceber esse avanço estimulado por outras motivos, e
um deles é pela sua política desenvolvimentista, que através da Lei de incentivos às empresas,
alia incentivos como doação de terrenos para a implantação de indústrias com isenção de
impostos para as mesmas, além de isenção de ITBI (Imposto de Transição de Bens Imóveis) e
cobrança de taxa de alvará de construção. O crescimento do número de indústrias instaladas
aumenta a oferta de empregos, o que atrai novos moradores e consequentemente a demanda
por imóveis, que faz crescer o setor da construção civil. Segundo o IBGE, no ano de 2000 a
população de Sinop era de 55.274 pessoas, no ano de 2010, o IBGE registrou 113.099.
O consumo de vidros em Sinop também acompanhou o crescimento do setor da construção
civil, em 2002, segundo dados do Sindicato do Comérico de Sinop haviam apenas 04
empresas em Sinop que forneciam e instalavam aberturas de vidro temperado. No ano de
2011 foram contabilizadas 11 empresas registradas legalmente. Lincoln Mendes, proprietário
da Vidrolight Comercial Ltda, empresa cadastrada pela Blindex, que vende e instala aberturas
de vidro temperado diretamente ao consumidor final, afirmou em entrevista que em 2002 a
empresa tinha apenas 3 funcionários, 10 anos depois a empresa passou a contar com 17
funcionários. Segundo ele, o crecimento no consumo do vidro per capita se deve a queda do
preço do vidro nos últimos anos, impulsionada pela presença de indústrias transformadoras no
Estado e pela concorrência com os produtos chineses (e outros importados). Segundo Mendes,
em 2002, a chapa de vidro temperado 10mm custava 90 R$/m2, cerca de 45 % do salário
mínimo vigente na época, que era de 200 R$. No ano de 2012, o mesmo material está sendo
comercializado por 190,00 R$, cerca de 30% do valor do salário mínimo vigente, que é de
622 R$. Outro índice de comparação é sobre o valor do Custo Médio por m2 feito pelo IBGE,
segundo esse índice em abril de 2002 o valor do Custo Médio da construção era de R$ 361,17
, em abril desse ano o valor registrado foi de R$ 824,81, aumento foi de 130 %, contra apenas
110% no aumento do preço do vidro.
Em contrapartida, o crescimento do setor da construção civil na cidade não impulsionou na
mesma ordem o consumo por esquadrias de madeira, alumínio ou outros materiais
alternativos (como PVC e ferro), em entrevista com a Sr. Leila Pianoski, proprietária e
diretora da Madeiras Pianoski, empresa que fabrica e instala esquadrias de madeira em Sinop
a mais de 18 anos, a mesma relatou que houve uma queda muito grande nas vendas de
aberturas de madeira, o que levou a uma mudança de foco da empresa, que hoje é voltada para
Avaliação da massificação do uso de aberturas de vidro temperado e sua influência no conforto ambiental dos seus usuários
na região norte do Estado do Mato Grosso, a partir do início desta década até os dias de hoje janeiro/2013
a fabricação de móveis, estruturas de madeira, painéis e decks. Em 2001 a empresa contava
com 22 funcionários, e toda a produção da empresa era voltada para a fabricação de portas e
janelas, hoje, relata, apenas 06 dos seus 58 funcionários trabalham na fabricação de
esquadrias, sendo que a sua produção de aberturas se voltou praticamente a fabricação de
portas.”Raramente recebemos um pedido de fabricação de janelas.”, relata a diretora. Segundo
ela, ao tentar prospectar novos clientes para a fabricação de esquadrias recebe queixas de que
a madeira não é tão prática quanto as de vidro temperado, pois exige manutenção e repintura.
Deve ser considerado também a relação de custo entre os materiais, atualmente uma janela de
madeira com veneziana no tamanho 1,20 x 2,00 custa R$ 1170,00, exigindo ainda a pintura e
a colocação dos vidros comuns internos do caixilho (orçamento elaborado pela Madeiras
Pianoski), enquanto que uma esquadria de vidro temperado do mesmo tamanho pode ser
adquirida por R$ 580,00 (orçamento elaborado pela Vidrolight Comércio Ltda.). Segundo o
Sindicato do Comércio de Sinop, apenas 2 empresas extão registradas como fabricantes de
aberturas de madeira em Sinop.
Análise do Levantamento no Residencial Aquarela Brasil
Com o intuito de averiguar a queda do consumo das esquadrias de madeira, artigo muito
usado até os anos 2000 e o aumento do consumo de esquadrias de vidro temperado na cidade,
foi feito um levantamento no Residencial Aquarela Brasil.
O local foi escolhido por ser um bairro residencial novo, que iniciou suas obras a partir do ano
de 2005, refletindo a escolha do material a partir dessa década. Vale salientar que os
moradores do Residencial Aquarela Brasil são, em sua grande maioria das classes A e B.
Averiguou-se com algumas residências com alto padrão de acabamento, e tamanho
avantajado, indicando que vivem ali inclusive pessoas da classe A+. Ou seja, residências de
alto padrão que demonstram pertencer a usuários de poder aquisitivo maior, capazes de
investir mais na construção de suas moradias para fins de conforto ambiental, caso tivessem
conhecimento do desconforto causado pelo vidro em contato direto com a incidência de calor
externo.
Tipos de Edificações e aberturas utilizadas Unidades %
Edificações com aberturas de vidro temperado 99 84%
Edificações com aberturas em madeira 5 4%
Edificações com aberturas em alumínio 5 4%
Edificações com aberturas em ferro 3 3%
Edificações com muros fechados (onde não foi constatada qual
abertura utiliza) 6 5%
TOTAL 118 100%
Fonte: Arquivo Pessoal, 2012
Tabela 1 – Edificações do Residencial Aquarela Brasil em relação ao tipo de abertura utilizada
Neste levantamento foram contabilizadas todas as residências já concluídas e as obras em que
as aberturas já começaram a ser instaladas. Constatou-se que 84% das edificações lançaram
mão do vidro temperado, mesmo nos ambientes em que a abertura está posicionada
Avaliação da massificação do uso de aberturas de vidro temperado e sua influência no conforto ambiental dos seus usuários
na região norte do Estado do Mato Grosso, a partir do início desta década até os dias de hoje janeiro/2013
diretamente nas faces Leste e Oeste, onde a incidência do sol é direta. Nos diversos
condomínios residenciais internos, composto de casas para venda ou locação, foi constatado
100% de uso de aberturas de vidro temperado. Percebe-se ainda, em alguns casos, que não
houve nenhum estudo de orientação solar ou de sombreamento, conforme os exemplos
abaixo.
Figura 5 – Residência com fachada principal voltada para o Oeste – Res. Aquarela Brasil
Fonte: Arquivo pessoal, 2012
Figura 6 – Residência com fachada principal voltada para o Leste - Res. Aquarela Brasil
Fonte: Arquivo pessoal, 2012
O levantamento do consumo expressivo no Residencial Aquarela Brasil, bem como as
entrevistas com fornecedores e fabricantes de aberturas de vidro temperado e madeira,
demonstra que as aberturas de vidro temperado estão sendo utilizadas em grande escala na
cidade de Sinop, levando-se em conta o custo para adquirir o material, sua facilidade de
manutenção e limpeza, e sua estética que confere “ares de modernidade” à edificação, sem
que esteja havendo uma avaliação do conforto ambiental que o material oferece, bem como
do elevado custo com a instalação e uso de sistemas de climatização e iluminação e
panejamento eficiente para diminuir o calor incidente e a luminosidade desconfortante.
5. O vidro: desempenho térmico e eficiência energética
O vidro pode ser definido como o produto amorfo resultante da fusão e posterior solidificação
de uma mistura de materiais inorgânicos. As matérias-primas mais comuns são sílica,
barrilha,calcário e alumina (BARROSO et al, 2007)
As principais características do vidro que estimulam a sua utilização nas edificações são:a sua
transparência, o que é fundamental para a transmição de luminosidade e a interação entre
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exterior e interior e a possibilidade de reciclagem, o que confere características de
sustentabilidade ao material, já que os cacos de vidro podem ser usados como insumo na
produção de novos artigos.
Segundo Barroso et al (2007), os diferentes segmentos que constituem a indústria de vidro
podem ser identificados, conforme o seu uso final, em vidro plano, vidro oco, muito utilizado
para embalagens e utensílios domésticos, e os vidros especiais, utilizado uso para monitores,
equipamentos, iluminação, etc... Esse estudo se concentrará nos vidros planos, que são usados
basicamente na construção civil e nas indústrias automobilística e moveleira. É importante
que o projetista conheça os diversos tipos de material, e suas caraterísticas para que o mesmo
especifique produtos que ofereçam não somente a melhor característica estética, mas também
que tenha um bom desempenho térmico, luminoso e sustentável.
O vidro plano, também denominado de vidro float, possui espessura uniforme e massa
homogênea. Pode ser transparente, incolor ou colorido. Este vidro não apresenta distorção
óptica, e possui alta transmissão de luz. É também utilizado como matéria-prima para
processamento de todos os demais tipos de vidros utilizados na construção civil, pode ser:
laminado, temperado, curvo, serigrafado e utilizado em duplo envidraçamento (CEBRACE,
2012). Os diferentes segmentos que constituem a indústria de vidro plano podem ser
identificados sobre a seguinte classificação:
• Impresso: também conhecido como “vidro fantasia”, tem a característica de ser um vidro
plano translúcido, incolor ou colorido, que recebe a impressão de padrões como martelado,
miniboreal, canelado e outros desenhos ornamentais (CEBRACE, 2012);
• Temperado : O processo da têmpera consiste em submeter o vidro plano ou impresso a um
tratamento térmico, no qual é aquecido e resfriado rapidamente, o que o torna mais rígido e
mais resistente à quebra (CARAM, 1998). O vidro é temperado, em caso de quebra, apresenta
pontas e bordas menos cortantes, fragmentando-se em pequenos pedaços arredondados. Esse
vidro tem seu uso massificado pelo baixo custo e alta resistência a impactos;
• Blindados;
• Laminado: resultado da conjugação de duas ou mais placas de vidro intercaladas por uma
película plástica PVB (Polivinil Butiral) incolor ou colorida, de grande resistência aos
principais tipos de esforços físicos e mecânicos a que o vidro pode ser submetido (OMAR,
2011);
• Refletivo ou metalizado: No processo de metalização os vidros planos recebem a aplicação
de uma camada metálica, composta por óxidos em uma de suas superfícies. Esses óxidos
atribuem ao vidro desempenhos diferenciados quanto ao controle solar de transmissão,
reflexão e de calor (OMAR, 2011);
• Duplo ou insulado: Com caixilhos duplos ou triplos com inserção de gás inerte em seu
interior(insuflados). Também é chamado de vidro termoacústico, pois, dependendo da sua
composição, pode oferecer isolamento térmico e isolamento acústico.(BARROSO et al,
2007);
• Aramado: composto por uma tela metálica queoferece maior resistência a perfuração e
proteção, pois, em caso de quebra, os cacos ficam presos na tela, diminuindo o risco de
ferimentos.
Fatores de desempenho energético
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Segundo Caram (1998) os principais fatores que devem ser considerados na avaliação do
desempenho energético dos vidros frente à radiação solar são:
a) Fator Solar : serve para caracterizar um determinado material, ou seja, através dele
determina-se a quantidade de energia que atravessa o material, chegando ao interior do
ambiente, quanto maior o fator solar, maior a quantidade de energia transmitida.
b) Coeficiente de Sombreamento: definido como o quociente entre o fator solar de um
componente transparente ou translúcido estudado e o fator solar de um vidro plano incolor
de 3 mm de espessura (ABNT NBR 15220-1/2005).
c) Coeficiente de Admissão Solar: O valor U mede a transferência de calor através do vidro
pelos efeitos de condução, convecção e radiação
d) Emissividade: Quanto menor a emissividade, menor é a transferência de calor por radiação.
A emissividade de um vidro pode variar de 0,84 a 0,1 para vidros revestidos por uma
camada de baixa emissividade.
É importante que o projetista observe nos catálogos técnicos, disponibilizados pelos principais
fabricantes de vidro, o Fator Solar para cada tipo de material produzido por eles, antes de
especificar as aberturas de vidro.
Consumo Energético
De acordo com Carlo e Lamberts em Omar (2011), a avaliação segundo os critérios do RTQ-
C (Regulamento técnico da qualidade do nível de eficiência energética de edifícios
comerciais, de serviços e públicos), o parâmetro de referência de avaliação do consumo
energético anual para uma edificação nível A é de 93,00 kWh/m². Ainda de acordo com os
autores, para este tipo de edificação, os sistemas de condicionamento de ar são responsáveis
por 41,4 kWh/m² (44,51%), iluminação por 28,1 kWh/m² (30,21%) e 21,3 kWh/m² (22,90%)
para equipamentos e 2,2 kWh/m² (2,38%) para ventilação e aquecimento (OMAR, 2011),
ilustrado na Figura 5.
Figura 7- Distribuição do consume energético segundo o RTQ-C, nível A
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Omar (2011, pg.128), em seu trabalho que avalia, através de medições in loco e simulações
computacionais a influência do vidro como material utilizado na envoltória de uma
edificação, no tocante ao desempenho energético e ao conforto ambiental em um prédio
público de escritórios, localizado na cidade de Cuiabá/MT, constata que o sistema mais eletro
intensivo é o de condicionamento de ar, que representa 79% da energia total consumida. A
iluminação é responsável pelo consumo de apenas 11% e os equipamentos por 10%. O
edifício objeto de estudo foi escolhido pela adoção de vidros na envoltória da edificação, as
chamadas „cortinas de vidro‟.
Comparando o consumo energético obtido para a edificação do TRT com o modelo do RTQ-
C, chama a atenção o consumo elevado do sistema de condicionamento de ar. A iluminação e
os equipamentos apresentaram um consumo inferior ao recomendado, segundo o modelo do
RTQ-C.
O consumo energético do sistema de condicionamento de ar está relacionado diretamente às
características da edificação, ao clima do local, à orientação geográfica, sombreamento e,
principalmente, dos materiais utilizados na envoltória em termos de área envidraçada e o fator
solar dos vidros.
A simples comparação com trabalhos em localidades com clima diferente, pode conduzir a
conclusões imprecisas. Porém, ainda que o estudos de Omar (2011) tenham sido feitos em
Cuiabá, cuja Zona Bioclimática é 7, as recomendações da NBR15220-3 / 2005 são bem
semelhantes as de Sinop, que pertende a Zona Bioclimática 8, portanto chama atenção o
consumo elevado do sistema de condicionamento de ar no edifício estudado por Omar (2011)
com envoltória de vidro.
Conforto Térmico
O conforto térmico do usuário é tão pouco considerado quanto o consumo energético dos
sistemas de condicionamento de ar, que são necessários para que o uso do vidro nas fachadas
se torne possível para um nível satisfatório de conforto do usuário.
Omar (2011), ainda em seu estudo para a edificação do TRT, simulou quatro opções para a
redução dos ganhos térmicos pelas áreas de vidro das fachadas, o uso de 02 tipos vidro duplo
azul, com diferentes fatores solar, uso de persiana rolô branca e a redução de 50% da fachada
de vidro e observou que as 03 primeiras opções tiveram ganhos semelhantes e no caso do uso
de persianas, seria preciso atentar-se também para o aumento do consumo de energia elétrica
para compensar a não utilização de luz natural. A alternativa mais atrativa foi a que
contemplou a redução da taxa de vidro da fachada para 50%, que se traduz em maior redução
do ganho de calor interno em qualquer época considerada.
Segundo a ASHRAE em Omar (2011) os índices Predicted Mean Vote, PMV, e o Predicted
Percetage Dissatisfied, PPD, são adotados pela norma ISO 7730/2005 e são amplamente
aceitos para uso em projetos e avaliações das condições de conforto em ambientes internos,
principalmente escritórios e residências, desde que sejam observados alguns limites para as
condições ambientais e humanas. O PMV é válido para prever as reações de conforto térmico
de pessoas vestidas normalmente com trajes comuns para ambientes internos e que estejam
desenvolvendo atividades sedentárias de níveis metabólicos baixos ou moderados, em
ambientes em estado estacionário (ISO 7730/2005). Omar faz ainda uma comparação no
estudo de caso acima citado usando os índices pmv e ppd, e avalia que nas situações mais
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críticas de horário do edifício estudado, os valores obtidos para o índice do PMV e para o
PPD, estão muito além dos limites estabelecidos para assegurar um nível de conforto mínimo,
conforme preceitua a ISO 7730/2005 e conclui que a comparação entre os índices obtidos,
com e sem o condicionamento do ar, permite concluir que o uso do condicionamento do ar
nem sempre altera as condições do ambiente o suficiente para torná-lo termicamente aceitável
para a ocupação em todos os períodos do dia, posto que o edifício estudado pela autora tem
uma fachada de vidro muito extensa, sem sombreamento e que recebe emissão de calor
durante todos os períodos do dia.
6. O uso do vidro como envoltório das fachadas
A envoltória de uma edificação, também chamada de “pele”, deve atuar como um
filtro entre as condições internas e externas, servindo de controle para a entrada de
ar, calor, frio, luz, ruídos e odores (OLGAY in OMAR, 2011).
Num projeto arquitetônico o projetista pode reduzir o ganho solar através de aberturas
utilizando quatro opções: tamanho e orientação das aberturas; uso de proteções internas
(cortinas ou persianas); vidros especiais e proteções solares externas (KOENIGSBERGER et
al in OMAR, 1977).
Alguns fatores são determinantes para possibilitar o uso do vidro de forma a oferecer nível
satisfatório de conforto ao usuário e eficiente sob o ponto de vista da eficiência energética, o
desenvolvimento e a pesquisa na área de novos materiais têm proporcionado opções de tipos
de sistemas envidraçados que contribuem para o controle da perda ou de ganho do calor e luz,
como os elencados a seguir.
Especificação de vidros em projetos de arquitetura
Segundo Omar (2011) quando a radiação incide sobre um vidro, se divide em três partes. Uma
parte é refletida sem causar nenhum efeito na edificação. A segunda parte é absorvida pelo
vidro e a terceira é transmitida pelo vidro para o interior da edificação.
Segundo Caram (1998), quanto maior for a espessura do vidro menor será a transmissão da
radiação, devido à maior capacidade de absorção do material e quanto maior o ângulo de
incidência, maior o índice de reflexão e menor o índice de transmitância. A cor do vidro
também influencia a transmição térmica, e sua influência. Os resultados dos ensaios de
Caram (1998) permitem uma avaliação mais criteriosa dos projetistas quanto à escolha do
vidro mais adequado para cada caso, nesta tabela pode-se observar o comportamento de
variadas tipologias seja de vidros coloridos, vidros refletivos ou laminados.
Tipos de vidros quanto a transmissão
do espectro Vidro float Espessura Transmissão total da amostra (%)
Incolor 4 mm 78
Incolor 6 mm 72
Cinza 4 mm 54
Cinza 6 mm 42
Bronze 4 mm 56
Bronze 6 mm 52
Avaliação da massificação do uso de aberturas de vidro temperado e sua influência no conforto ambiental dos seus usuários
na região norte do Estado do Mato Grosso, a partir do início desta década até os dias de hoje janeiro/2013
Verde 4 mm 48
Verde 6 mm 45
Refletivo Incolor 6 mm 53
Refletivo prata 6 mm 60
Refletivo cinza 6 mm 63
Refletivo bronze 6 mm 40
Refletivo verde 6 mm 65
Laminado incolor 6 mm 65
Laminado cinza 6 mm 51
Laminado bronze claro 6 mm 52
Laminado bronze escuro. 6 mm 38
Laminado verde 6 mm 66
Laminado rosa 6 mm 52
Laminado azul 6 mm 64
Fonte: Caram (1998)
Tabela 02: Tipos de vidros quanto a transmissão do espectro - Vidro float
Segundo CARAM (1998) um vidro será mais adequado energeticamente quando minimizar a
passagem de calor para dentro do ambiente (no verão) e maximizar o ganho de luz visível.
Portanto, ao se especificar um vidro num projeto de arquitetura o projetista deve combinar
pelo menos duas características básicas: Fator Solar (FS) mínimo e Transmissão Luminosa
(TL) máxima.
Na Tabela 3 relacionam-se alguns valores de eficiência luminosa (EL) e eficiência térmica
(ET), em que são adotados os seguintes critérios de classificação: aa = ótimo, ab = bom, bb =
regular, ac = bc = ruim, cc = péssimo.
Tipos de Vidro Espessura EL ET Classificação
Incolor 4 mm a c ruim
Incolor 6 mm a c ruim
Cinza 4 mm c b ruim
Cinza 6 mm c a ruim
Bronze 4 mm b b regular
Bronze 6 mm b b regular
Verde 4 mm b a bom
Verde 6 mm b a bom
Refletivo Incolor 6 mm c b ruim
Refletivo prata 6 mm b b regular
Refletivo cinza 6 mm b c ruim
Refletivo bronze 6 mm c a ruim
Refletivo verde 6 mm b a bom
Avaliação da massificação do uso de aberturas de vidro temperado e sua influência no conforto ambiental dos seus usuários
na região norte do Estado do Mato Grosso, a partir do início desta década até os dias de hoje janeiro/2013
Laminado incolor 6 mm a c ruim
Laminado cinza 6 mm b b regular
Laminado bronze claro 6 mm b b regular
Laminado bronze escuro. 6 mm c a ruim
Laminado verde 6 mm a c ruim
Laminado rosa 6 mm b b regular
Laminado azul 6 mm a c ruim
Fonte: Fonte: http://www.usp.br/fau/deptecnologia/docs/bancovidros
Tabela 3: Classificação de vidros conforme a eficiência luminosa e eficiência térmica
Observe que o vidro incolor é o que transmite mais calor para dentro do ambiente, e mesmo
assim é o mais usado na nossa região. Conforme a tabela 3, ele apresenta eficiência luminosa
excelente, mas, em função da sua transmitância térmica ser alta, o uso de persianas ou
panejamentos espessos na nossa região anulam a sua qualidade luminosa e sua função
integradora entre ambiente externo e externo. A radiação infravermelha influencia diretamente as condições de conforto ambiental
e por esse motivo não podem ser desconsideradas em fechamentos transparentes. O
vidro é considerado transparente para as ondas de infravermelho-próximo (ondas
curtas) e opaco na transmissão do infravermelho longo, sendo esta uma das causas
do efeito estufa no interior das edificações (CARAM, 2002).
Melhor orientação solar e geometria das edificações
A forma geométrica da edificação também influencia na carga térmica recebida por ela, e não
pode ser desconsiderada pelo projetista, pois a orientação da fachada pode expor as aberturas
de mesmas dimensões a quantidades de calor e iluminação distintas, neste contexto Mascaró
(1985) ressalta que a “carga térmica recebida pela edificação será menor se as fachadas
principais estiverem nas posições Norte-Sul e com a forma alongada sobre o eixo Leste-
Oeste”.
Mascaró (1985) ressalta a importância da orientação do edifício quanto à radiação solar
recebida. Fachadas orientadas inadequadamente podem ter um aumento de até 150% da carga
térmica, enquanto que uma orientação adequada representa menores consumos de energia. O
autor ressalta ainda que a orientação do edifício em função dos ventos dominantes favoráveis
é fundamental para a obtenção de conforto e economia de energia (MASCARÓ, 1985).
O projetista não deve deixar de levar em conta que o sol ao penetrar pelas aberturas ou
atravessar materiais transparentes pode ocasionar, dentre outros fatores, ofuscamento,
aquecimento de móveis, equipamentos ou causar desbotamento de tapetes e quadros (FROTA
in Omar, 2011), para se decidir sobre a geometria e a área ideal que devem ter as aberturas da
sua edificação, esta por sua vez contribui com a diminuição de demanda de energia para a
iluminação artificial, beneficiada pela contribuição da iluminação natural.
Didone (2009) percebeu em seus estudos na cidade de Florianópolis que quanto mais
profundo é o ambiente, maior é o consumo com iluminação artificial. Por serem ambientes
iluminados unilateralmente, apenas a região próxima à abertura é provida de luz natural. E,
quanto maior é o ângulo de sombreamento, menos abundante é a luz natural no ambiente,
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na região norte do Estado do Mato Grosso, a partir do início desta década até os dias de hoje janeiro/2013
conseqüentemente, maior é o consumo com iluminação artificial e menor é o consumo com ar
condicionado, uma vez que as proteções solares diminuem as cargas térmicas. Assim sendo
percebemos que, quanto menos profundo for o ambiente, mas luz natural ele receberá,
permitindo uma estratégia de sombreamento maior pelo projetista, resultando num consumo
menor de energia elétrica e possibilitando maior durabilidade de móveis, objetos e
equipamentos.
Sombreamento e proteção solar de superfícies envidraçadas
Segundo Omar (2011), com um sombreamento adequado pode ser possível reduzir o impacto
calorífico, e com a utilização de mecanismos protetores externos há um incremento na
efetividade de até trinta e cinco por cento (35 %). São elementos protetores as árvores, cercas
vivas, beirais, pérgolas, venezianas, quebra-sol (brises), películas, persianas e cortinas.
A opção pelas proteções externas é uma forma eficiente e muitas vezes mais econômica de
controle da radiação, pois serve como uma barreira para a radiação solar antes de ser
transmitida para o interior da edificação. Mascarenhas et al. in Omar (2011) constatou através
de pesquisas que apesar do aumento no consumo de energia elétrica pelo sistema de
iluminação, a pesquisa permitiu constatar que as edificações “protegidas” apresentam os mais
baixos consumos de energia por unidade de área.
Alguns dispositivos de proteção solar podem permitir o uso do vidro, reduzindo a radiação
solar sem prejudicar a entrada de luz natural no ambiente, é o caso do Light Shelf, também
chamadas prateleiras de luz ou bandeja de luz, esse elemento arquitetônico é de extrema
importância em ambientes de trabalho ou estudo por refletir a luz natural até as áreas mais
profundos e menos iluminadas do ambiente.
Figura 8- Vista interna de ambiente com dispositivo de proteção solar Light Shelf
Fonte: http://www.daviddarling.info/images/light_shelf.jpg&imgrefurl
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na região norte do Estado do Mato Grosso, a partir do início desta década até os dias de hoje janeiro/2013
Figura 9- Corte esquemático de ambiente com dispositivo de proteção solar Light Shelf
http://www.vuw.ac.nz/architecture-onlineteaching/toolkit/tutorials/7main_fra.html
Quanto aos tamanhos das aberturas, o uso da cor nas superfícies externas, a utilização de
vidros eficientes, entre outros, Santana (2006) constatou que a união desses fatores é capaz de
uma grande redução no consumo de energia sem prejudicar o bem estar dos usuários. O autor
analisou em seu trabalho de pesquisa que:
a) A cada 10% de aumento no percentual na área das janelas resultou um acréscimo de 2,9%
no consumo de energia;
b) A absortância das paredes também foi significativa sendo que a cada 10% de variação
houve um aumento de 1,9% no consumo de energia. A alteração da cor clara e escura
implicou um aumento de 15,1% no consumo energético;
c) A utilização de proteção solar, tipo brises, também apresentou um resultado significativo
em relação ao consumo energético, capaz de reduzir até 12% do consumo;
d) Outra correlação importante foi o tipo de vidro utilizado na edificação e o consumo
energético, onde a cada 0,1 de aumento no fator solar do vidro ocorre um acréscimo de
0,65% no consumo de energia;
e) As maiores variações no consumo foram relativas à eficiência energética dos aparelhos de
ar condicionado. A variação foi de 25,2% de um sistema mais eficiente para um menos
eficiente. A cada 0,1 W/W de eficiência do aparelho, a variação do consumo foi de 1,6%.
Películas de baixa emissividade (low-e)
Todas as alternativas para corrigir as deficiências das tradicionais janelas de vidro temperado
como venezianas, vidros coloridos ou cortinas retiram a beleza intrínseca das janelas, as
películas de low-e buscam sanar estes problemas sem interferir na transparência do vidro.
(INOUE; LONGO , 2012)
As películas de low-e são um material ultra-fino e refletor de calor (infravermelho), feita a
base de metais e tornada transparente. O nome do material decorre de suas características de
baixa emissividade. Qualquer superfície com uma emissividade igual ou menor do que 0,2 é
considerada uma superfície low-e (baixa emissividade). (INOUE; LONGO , 2012)
Avaliação da massificação do uso de aberturas de vidro temperado e sua influência no conforto ambiental dos seus usuários
na região norte do Estado do Mato Grosso, a partir do início desta década até os dias de hoje janeiro/2013
A película de baixa emissivida reflete tanto o calor quanto os vidros reflexivos, com a
vantagem de parecer janelas incolores comuns.As janelas de baixa emissividade podem ser
especificada para vidros monolíticos comuns tanto quanto para vidros coloridos. As películas
de low-e estão disponíveis até em filmes poliméricos para melhorar o desempenho térmico e
luminoso de janelas já instaladas.
Inoue e Longo (2012) observam também que atualmente muitas películas parecem
exatamente incolores para a luz transmitida, apesar de algumas delas modificarem
ligeiramente as reflexões de luz aparecendo então em cores de um suave amarelo, azul ou
violeta dependendo do produto e espessura da película.. Assim como no caso dos vidros
coloridos, películas low-e de fabricantes diferentes tem cores diferentes e não devem ser
misturadas em um mesmo projeto.
Produtos Substitutos
Além de decidir pela melhor orientação solar e geometria das edificações projetadas,
especificar vidros com baixa emissividade ou alto Fator Solar, bem como sombrear os
ambientes mais prejudicados com a radiação solar, o projetista tem hoje disponível produtos
substitutos de alta eficiência, porém não tão acessíveis na nossa região, tais como janelas com
caixilhos duplos ou triplos com inserção de gás inerte em seu interior, ou ainda “sistemas
holográficos de envidraçamento, materiais cromogênicos como dispositivos de cristais
líquidos, vidros termocrômicos, fotocrômicos e eletrocrômicos.” (OMAR, 2011, pg.29).
Porém, o projetista pode lançar mão de artifícios diversos que constituem uma arquitetura
bioclimática, tais como: projetar com cautela as aberturas das fachadas envidraçadas em
relação a área, proporcionar ventilação cruzada aos ambientes, propor materiais e cores de
baixa absorvidade que reduzam a transmitância térmica de coberturas e paredes, sempre que
possível projetar espelhos d‟água ou piscinas no sentido do vento predominante da região de
forma a resfriar o ambiente pois através da transferência de umidade ocorre a transferência de
calor, entre outros que podem ser fruto de novos estudos específicos para a nossa região.
7. Conclusão
Através dos dados averiguados acima observa-se que o uso do vidro temperado incolor na
cidade de Sinop tornou-se absoluto como opção de aberturas na cidade de Sinop pelo baixo
custo em adquiri-lo e pela pouca manutenção necessária para mantê-lo em boas condições de
uso. É possível perceber que sua baixa eficiência energética e suas limitações em relação ao
conforto térmico do usuário não estão sendo levadas em consideração.
Apesar de virtudes como conexão física e visual com o exterior, providenciar ventilação
cruzada quando necessário, permitir a entrada de luz natural e oferecer privacidade visual, as
janelas tradicionais são notoriamente fracos isolantes térmicos e admitem muito ou pouca luz.
A variabilidade dos tipos de vidros e as soluções arquitetônicas apresentadas possibilitam
muitas alternativas de usos na construção civil. No entanto, para que sejam adequados
Avaliação da massificação do uso de aberturas de vidro temperado e sua influência no conforto ambiental dos seus usuários
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tecnicamente, é necessário que os profissionais sejam habilitados e que os usuários tenham o
devido conhecimento sobre o uso do vidro e suas características.
Além de conhecer as características térmicas e luminosas e delinear as melhores aplicações do
material, é de suma importância que os projetistas estejam atentos as evoluções tecnológicas.
Por suas características recicláveis o vidro pode ter um caráter altamente sustentável quando
usado com critério pelos profissionais com conhecimento em arquitetura bioclimática, porém,
desconsiderar a sua pouca eficiência térmica é transformá-lo em um material não sustentável,
caracterizando pouca preocupação com o usuário final e com o meio ambiente.
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