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AVALIAÇÃO DA INFRAESTRUTURA EXPLORATÓRIA E DOS DANOS DA
EXPLORAÇÃO DE IMPACTO REDUZIDO, NO PROJETO DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL VIROLA-JATOBÁ, MUNICÍPIO DE ANAPU-PA.
Alex Soares de Souza1; Ana Paula Ferreira dos Santos
2; Patrícia Farias Serafim
2.
1UFPA, Discente do curso de Engenharia Florestal – campus Altamira; Rua Coronel José Porfírio, nº 2515 – Bairro São
Sebastião; e-mail: [email protected]; 2UFPA, Discentes do curso de Engenharia Florestal – campus Altamira, [email protected];
RESUMO
O estudo foi realizado em uma área de Manejo Florestal Comunitário (MFC) localizado no Projeto de
Desenvolvimento Sustentável (PDS) Virola-Jatobá, no município de Anapu-Pa, onde foram utilizados
dados de duas Unidades de Produção Anual (UPA). Para avaliação dos impactos na área foram
realizadas medições ao longo das estradas secundárias, nos ramais de arraste, e nas áreas de clareiras,
no qual foi selecionado um total de 24 clareiras, e com os dados foi realizada uma comparação dos
danos causados pela Exploração de Impacto Reduzido (EIR), com dados de outros trabalhos. De
maneira geral, o presente estudo teve como objetivo verificar os impactos causados pela derrubada de
árvores e conseqüentemente a formação de clareiras, assim como a infra-estrutura exploratória para
verificar se está de acordo com algumas normas recomendadas pela EMBRAPA e pelo IBAMA, e
posteriormente fazer comparações com outros trabalhos realizados na Amazônia. A média da área das
clareiras correspondeu a 232,08 m², e em média, para cada árvore abatida, cerca de 7,7 indivíduos
sofreram algum tipo de dano.
PALAVRAS-CHAVE: Clareiras; Manejo Florestal Comunitário; Alterações na floresta.
ABSTRACT
The study was conducted in an area of Community Forest Management (MFC) located in the
Sustainable Development Project (PDS), Virola Jatobá in Anapu-Pa, where we used data from two
units of annual production (UPA). To evaluate the impacts on the area measurements were made along
the roads, the extensions of drag, and areas of gaps, which was selected a total of 24 gaps, and the data
was a comparison of the damage caused by operation of Reduced Impact (EIR), with data from other
studies. Overall, this study aimed to examine the impacts of logging and consequently the formation of
gaps, as well as the infrastructure to ensure it is exploratory in accordance with certain standards
recommended by EMBRAPA and IBAMA, and later make comparisons with other studies conducted
in the Amazon. The average gap size corresponded to 232.08 m², and on average, for every tree felled,
about 7.7 individuals suffered some damage.
KEY-WORKS: Clearings, Community Forest Management; Changes in the forest.
INTRODUÇÃO
A floresta Amazônica é constituída por diversos tipos de vegetação e pela alta diversidade de
espécies (OLIVEIRA e AMARAL, 2004). Porém, ultimamente a Amazônia tem sido alvo de muitas
preocupações, do ponto de vista ambiental, principalmente, pela velocidade com que os recursos
ambientais disponíveis estão sendo modificados ou destruídos pela ação antrópica.
Atualmente no Estado do Pará e restante da Amazônia, a exploração madeireira tem sido
praticada de forma predatória, causando impactos severos ao ecossistema florestal (VERÍSSIMO et
al., 2002 apud OLIVEIRA, 2005).
A exploração de impacto reduzido, também denominada de exploração planejada, é um
conjunto de técnicas que visa explorar os recursos minimizando os impactos causados na floresta, que
pode ser dividida em três fases de acordo com procedimentos a serem realizados antes, durante e após
a exploração (Johns, 1997; Vidal et al. 1998 apud GRAÇA, 2006). O Sistema de Exploração de
Impacto Reduzido (EIR) vem como respostas às necessidades sociais pela conservação da floresta e
proteção ambiental, mostrando que é possível reduzir significativamente os danos durante as
operações de exploração (CARIELLO, 2008).
Segundo Yared e Souza (1993), as operações de exploração florestal (derrubada de árvores,
arraste e construção de estradas) envolvem o uso de equipamentos pesados que danificam as árvores
remanescentes e a regeneração natural. A intensidade dos danos causados está relacionada à
intensidade de exploração, ao volume e ao número de indivíduos extraídos por hectare.
O tamanho da clareira tem fundamental importância para sucessão da floresta, sendo
responsável pela dinâmica das espécies e manutenção da alta diversidade das florestas naturais. Assim,
o tamanho das clareiras deve ser levado em consideração quando se planeja a exploração florestal
(SILVA, 1989 apud JARDIM et al., 2007).
O presente estudo teve como objetivo avaliar os impactos na floresta causados no processo de
exploração: formação de clareiras devido a derrubada de árvores (pela ação antrópica) e formação de
estradas, ramais e pátios (infra-estrutura exploratória) para verificar se está de acordo com algumas
normas recomendadas pela EMBRAPA e pelo IBAMA, além de fazer comparações com trabalhos de
outros autores.
MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo está localizada no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Virola-
Jatobá situado no município de Anapu-PA, no qual foi realizado o Manejo Florestal Comunitário
(MFC) com Exploração de Impacto Reduzido (EIR) pela empresa Vitória Régia.
Foram realizadas medições da largura das estradas secundárias e ramais de arraste, ao longo
destas, a fim de obter suas larguras médias, e medidas dos pátios de estocagem, para saber se estão de
acordo com as normas recomendadas pela EMBRAPA e IBAMA. Posteriormente, foram selecionadas
e levantados dados de oito clareiras exploradas no ano de 2008, e dados de dezesseis clareiras
exploradas no ano de 2010, portanto foram de duas UPA’s. Na determinação da área de cada clareira,
foi utilizada a metodologia proposta pelo IMAZON elaborada por Vidal et al. (1998). Na qual se
determina um centro em cada clareira e a partir dele se mede 8 (oito) raios em intervalos aproximados
de 45º, e com a média desses raios utilizava-se o cálculo simples para circunferência. O tamanho das
clareiras foram classificadas de acordo com a metodologia utilizada por Jardim et al. (2007), em que
considera clareiras pequenas entre 200m2 e 400m
2, médias entre 400m
2 e 600m
2 e grandes acima de
600m2.
Através de um formulário de levantamento pós-exploratório, observou-se a ocorrência e as
conseqüências dos impactos causados pelas derrubadas, nas árvores adjacentes e no interior de cada
clareira. As variáveis utilizadas foram: Intensidade dos danos no fuste e Intensidade dos danos na
copa. Ao mesmo tempo foram conferidos o número de indivíduos danificados, para se obter a média
de arvores prejudicadas por clareira.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisadas 24 clareiras, das quais 88% foram consideradas clareiras pequenas, 8%
clareiras médias e 4% clareiras grandes, de acordo com a classificação utilizada por Jardim et al.
(2007). A média da área das clareiras correspondeu a 232,08 m². Resultado semelhante foi observado
por Miranda et al. (1999), em áreas manejadas no Projeto de Colonização Pedro Peixoto, no Estado do
Acre, ao exibir valor médio de clareira de 267,07 m².
Nesse estudo em média, para cada árvore abatida, cerca de 7,7 indivíduos sofreram algum tipo
de dano. Esses valores são baixos se comparados aos obtidos por VERÍSSIMO et al. (1996, apud
OLIVEIRA, 2005), para a EC na região de Tailândia-PA, onde foram destruídas 29 árvores com DAP
≥ 10cm.
A maioria dos indivíduos possuía danos tanto no fuste quanto na copa e ao observar a Figura
1, percebe-se que os danos quando não afetavam a árvore como um todo (fuste e copa) ocorria
principalmente na copa.
Figura 1 - Porcentagem das áreas afetadas nos indivíduos localizados no interior e adjacente as clareiras que sofreram danos
após a exploração das árvores comerciais no projeto de manejo de EIR no PDS Virola-Jatobá.
De acordo com a intensidade dos danos, grande parte das árvores apresentava danos de alta
intensidade (68,14% fuste totalmente quebrado e 75,44% totalmente sem copa, ver Tabela 1).
Tabela 1: Intensidade dos danos no fuste e na copa e sua ocorrência nos indivíduos afetados após a
queda de uma árvore explorada no projeto de manejo do PDS Virola-Jatobá.
Intensidade dos danos no fuste Ocorrência
(%)
Intensidade dos danos na
copa
Ocorrência
(%)
Dano somente na casca de
30 x 50 cm
3,5 Mais de 1/3 da copa
danificada
10,97
Dano somente na casca maior que 6,16 Menos de 1/3 da copa 13,58
66% 4%
30%
Danos causados na árvores remanescentes Danos na copa e no fusteDanos somente no fusteDanos somente na copa
30 x 50 cm danificada
Dano na casca e no câmbio maior
que 30 x 50 cm
4,44 Sem copa 75,44
Dano no câmbio e no lenho 5,30 - -
Totalmente quebrado 68,14 - -
Fuste tombado 12,33 - -
As recomendações feitas na Norma de Execução N.º 1/2007 do IBAMA e na Instrução
Normativa N.º 5/2006 do Ministério do Meio Ambiente (MMA) (EMBRAPA/IBAMA, 2006), dizem
que as estradas secundárias devem apresentar de 4 a 6 m de largura, os ramais de arraste poderá ser até
1,5 m de largura a mais que o trator florestal, nesse caso foi utilizado o skidder com largura de 2,7 m,
e o pátio de estocagem é recomendado medir 20 x 25 m (500 m²). Na área em estudo a média das
estradas secundárias foi de 4,72 m, e dos ramais de arraste de 3,54 m, enquanto que nenhum pátio de
estocagem excedeu o limite recomendado.
CONCLUSÃO
Na área em estudo a exploração de Impacto Reduzido formou principalmente clareiras
pequenas, o que influência diretamente nos número de indivíduos afetados. O tamanho do pátio de
estocagem e largura das estradas secundárias e ramais de arraste não estavam excedendo os limites
recomendados pelo IBAMA e EMBRAPA.
LITERATURA CITADA
CARIELLO, R. V. Considerações sobre a exploração florestal de Impacto reduzido. Monografia
(Graduação), curso de Graduação em Engenharia Florestal. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, 2008. 25p.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA/INSTITUTO
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