avaliaÇÃo da duraÇÃo do ... - instituto de economia · apontam uma duração média em estado...
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R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 35-60, jan./mar. 2006
AVALIAÇÃO DA DURAÇÃO DO DESEMPREGO NAS REGIÕES
METROPOLITANAS DE SALVADOR E DE SÃO PAULO*
Wilson F. Menezes**
Cláudio S. Dedecca***
RESUMO EstetrabalhoanalisouaduraçãocompletadodesempregonasregiõesmetropolitanasdeSalvadoredeSãoPaulo,noperíodocompreendidoentre2000e2002.Paratanto,utilizou-sedeumaamostrade25.477pessoasdarmsede28.285darmsp,cujasinformaçõesforamlevantadaspelaPesquisadeEmpregoeDesem-prego.Oprocedimentometodológicobuscaestimaressaduraçãopormeiodeda-doscross-sectionedousodecoortesdedesempregadosemumperíodoselecionado.Oobjetivoéverificaraprobabilidadedepassagemdeumacoorteàoutra,talcomosugeridoporSider(1985),CorakeHeisz(1995b)eBaker,CorakeHeisz(1996).Asduraçõescompletasforamcalculadasportrêsformasdemedida:duraçãoparatrás,emestadoestacionárioeduraçãoparaafrente.Aincidênciadedesempregadoseasparticipaçõesnoestoqueforamaindaestimadas,porsexo,cor,condiçãodechefedefamília,dejovemefaixasdeescolaridade.Foitambémverificadaainfluênciaqueataxadedesempregoexercesobreaduraçãododesemprego.Osresultadosapontamumaduraçãomédiaemestadoestacionáriode9,4mesesparaarmsede8,8mesesparaarmsp,quandoasduraçõesincompletasforamestimadasem22,3e19,5meses,respectivamente.
Palavras-chave:desemprego;duraçãododesemprego;mercadoregionaldetra-balho
Código jel:C21,J61,J64
* Artigorecebidoem20desetembrode2004eaprovadoem5dedezembrode2005.Osautoresagra-decemeacatamosprocedentescomentárioseobservaçõesdospareceristasanônimosdaRevista de Economia Contemporânea.
** ProfessordoCursodeMestradoemEconomiadaUniversidadeFederaldaBahia(cme-ufba)edoutorpelaUniversidadedeParisI,e-mail:[email protected]
*** ProfessordoInstitutodeEconomiadaUniversidadeEstadualdeCampinas(ie-Unicamp)edoutorpelaUnicamp,e-mail:[email protected]
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ESTIMATION OF UNEMPLOYMENT DURATION IN THE METROPOLITAN
AREA OF SALVADOR AND SÃO PAULO
AbSTRACT ThisarticleanalyzedtheunemploymentdurationofthemetropolitanareasofSalvador(rms)andSãoPaulo(rmsp),intheperiodbetween2000and2002.Forthat,ithasbeenusedasampleof25,477peopleinrmsand28,285peopleinrmsp,whoseinformationwerecollectedbytheEmploymentandUnemploy-mentResearch(ped).Themethodologialprocedureintendstoestimatetheunem-ploymentdurationbythecross-sectiondataandbycohortgroupsofunemployedpeopleinthedeterminedtime.Thegoalistoverifytheprobabilityofchangingfromonecohorttoanotherone,assugestedbySider(1985),CorakandHeisz(1995b)andBaker,CorakandHeisz(1996).Thecompletedurationhasbeencalculatedbythreeways:backwardcondition,steadystateconditionandforwardcondition.Theincidenceandthestockofunemployedpeoplehavebeenestimatedbygender,race,chiefoffamily,young,rangesofagesandrangesofyearsofstudy.Ithasalsobeenanalyzedhowtheunemploymentrateeffectsontheunemploymentduration.Theresultsshowedanaveragedurationinsteadystateof9.4monthsinrmsand8.8monthsinrmsp,incontrastwiththeincompletedurationof22.3monthsinrmsand19.5monthsinrmsp.
Key words:unemployment;unemploymentduration;regionalworkmarkets
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INTRODUÇÃO
Paraavaliarascondiçõesdefuncionamentodomercadodetrabalho,ataxa
dedesempregoéomaiscitadoindicadordaconjunturaeconômica.Essa
taxapermitemediraproporçãodamão-de-obradisponívelnãoutilizada
naatividadeeconômica.Asvariaçõesdessataxasãocondicionadaspordi-
versasforças,dentreasquaissedestacaotempodeduraçãododesemprego.
Aintuiçãoeconômicaapontaquequantomaiorotempodedesempregode
umdeterminadoindivíduo,menorsuachancedesairdacondiçãoemque
seencontra.
Aduraçãododesempregoapresentadiversascausalidades.Umimpor-
tantecondicionantedessaduração,semdúvida,ésuaprópriaextensão.
Pode-se,então,argumentarquequantomaiorotempodedesemprego,
maisseaumentaoriscodepermanecernessacondição;demaneiraquese
deveacrescentaraduraçãododesempregoàsdificuldadesdoprópriode-
semprego(Bardoulat,DejemeppeeSaks,1998).
Outroimportanteitemnarelaçãodecausasdaduraçãododesemprego
éaflutuaçãoeconômica,queacabaporcondicionarsituaçõesdiferenciadas
entreosindivíduosdesempregados.Nosperíodosdedesaceleraçãoeconô-
mica,quandoasperspectivasdeempregoencontram-sereduzidas,nemto-
dasaspessoasquequeremtrabalharefetivamenteprocuramumaocupação.
Issoporqueaquelasquejáestãoforadomercadohámaistemposedesenco-
rajammaisfacilmente,tendoemvistaumaperspectivapessimistaquantoà
condiçãodomercadodetrabalho.
Adificuldadedeencontrarumaocupaçãodecorreaindadeumainade-
quaçãodaqualificaçãoindividual,quesedeterioraàmedidaqueotempo
dedesempregoseestende,oumesmodeumasubocupaçãoaqueoindiví-
duoseentregatendoemvistasuasobrevivênciaimediata.Atividadeessa
quepodeestarsendoexercidaemtempoparcialousemgrandesrelações
comsuaqualificação,possibilidadeseanseios,masque,dealgumaforma,
dificultaoumesmoimpedeacontinuidadeintermitentedabuscadeuma
ocupaçãomaisharmônicacomseusatributosprodutivos.
Todasessasrazõesaumentamcertamenteaduraçãododesemprego,o
quetornaessaduraçãoumimportanteindicadordoníveledaqualidadede
funcionamentodomercadodetrabalho.Nãoobstante,asmedidasdedu-
raçãododesempregodisponíveissãomedidasincompletas,dadoqueelas
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sereferemaotempoquevaidadeclaraçãoatéadataemqueaquestãofoi
postapeloentrevistador.Fica-seentãosemsaberatéquandoapessoaem
questãoficaráaindadesempregada,jáqueacondiçãodedesempregopode
tercontinuidadepormaisumdia,umasemana,ummêsetc.Assim,mesmo
queseconsiderequeaprobabilidadededeixarodesempregodiminuicom
otempo,nãosesabequantotempoefetivamenteessapessoaficaránessa
situação.1Dessaforma,éinteressantedispordeumamedidaapropriadado
tempodedesemprego.2
Estetrabalhotemporobjetivoestimarmedidascompletasdodesempre-
goparaasregiõesmetropolitanasdeSalvadoredeSãoPaulo,entreosanos
2000e2002.Paratanto,utilizou-seumaamostrade25.477pessoasdarms
ede28.285darmsp,3cujasinformaçõesforamlevantadaspelaPesquisa
deEmpregoeDesemprego.4Otextoencontra-sedivididoemtrêsseções,
alémdestaintrodução.Naseção1discute-seomodelodeduraçãocom-
pleta,bemcomoseapresentamadefiniçãodascoorteseosprocedimentos
parasechegaràincidênciaeaoestoquededesempregados.Naseção2são
apresentadososprincipaisresultadosdasduraçõescompletasestimadas.A
seção3apresentaumaanálisedaincidênciasobreaduraçãocompletado
desemprego.Finalmente,algumasconclusõessãorelatadasnaseção4.
1. NECESSIDADE DE UMA MEDIDA COMPLETA
DA DURAÇÃO DO DESEMPREGO
SegundoCorakeHeisz(1995a),umamedidaconsistenteecompletadadu-
raçãododesempregosefaznecessáriaporduasrazões.Emprimeirolugar,a
taxadedesempregonãotemcondiçãodeespecificaraverdadeiracondição
defuncionamentodomercadodetrabalho.Issoporqueelanãoinformase
umadeterminadataxadedesempregoserefereaumpercentualdepessoas
queemcadamêsentranacondiçãodedesemprego,massairapidamente
dessacondição,ouseessepercentualéomesmo,masaspessoasficamum
longoperíododesempregadas.Porexemplo,umataxadedesempregode
10%podeestarrevelandoque10%dapopulaçãoeconomicamenteativa
torna-sedesempregadaacadamês,masficadesempregadaapenasalgumas
semanas;umataxadedesempregode10%podetambémestarrevelando
queessaspessoasestãoouestarãodesempregadasporumanooumais.Tra-
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ta-sededuassituaçõesbemdistintas,comrepercussõesdiferenciadassobre
avidadosdesempregados.
Emsegundolugar,amedidaincompletadaduraçãododesempregoapre-
sentaumasituaçãoenviesadadaverdadeiracondiçãodefuncionamentodo
mercadodetrabalho.Issoaconteceporduasrazões.Porumlado,emdecor-
rênciadeaduraçãododesemprego(viésdeduração)sermedidaatéomo-
mentoemqueaquestãoépostaaodesempregado,essamedidasubestima
overdadeirotempodedesempregodaspessoas.Poroutrolado,issoocorre
emfacedeumerrodeamostragemimplícito(viésdeamostragem).Assim,
quantomaiorotempodedesempregodeumapessoa,maiortambémserá
aprobabilidadedeessapessoaserselecionadaemumaamostraaleatóriade
desempregados,demaneiraqueaspessoasquepassamporcurtosperíodos
dedesempregoacabamporficarsub-representadasnaamostraeamedida
incompletadotempodedesemprego,nessascondições,sobreestimaaver-
dadeiraduraçãododesemprego.
Assim,ficadifícilavançarseamedidaincompletadotempodedesem-
pregosubestimaousobreestimaaverdadeiratemporalidadedodesempre-
go.Emfacedessesproblemas,Salant(1977)propõeque,nahipótesedea
taxadesaídadacondiçãodedesempregodiminuirconformeaduraçãodo
desempregosealongue,amedidamédiaincompletadaduraçãododesem-
pregodevesermaiselevadaqueamedidamédiacompleta.Nessascircuns-
tâncias,issodecorredoviésdeamostragemquemaisdoquecompensará
oviésdeduraçãododesemprego.Nosentidooposto,seataxadesaídada
condiçãodedesempregoforcrescenteaolongodaduraçãododesempre-
go,aduraçãoincompletaseráentãomenorqueaduraçãomédiacompleta.
Finalmente,seataxadesaídadodesempregoéconstanteaolongodadu-
raçãododesemprego,asduasmedidasdeduração,incompletaecompleta,
deverãoseigualar.
Ademais,segundoCorakeHeisz(1995b),amedidadeduraçãomédia
incompletadodesempregorepresentaumindicadordefasadoemrelação
aocicloconjunturaldaeconomia,medidopelataxadedesemprego.Dessa
forma,noiníciodeumprocessorecessivo,ograndefluxodenovosentran-
tesnacondiçãodedesempregoacabaporterumaponderaçãomaiselevada.
Issoporqueaduraçãodosnovosentrantesnacondiçãodedesempregofoi
registradaapenasatéadataemqueapesquisafoirealizadaeessadatanão
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registraaindaoverdadeiroteordarecessãoqueapenasseinicia,demaneira
queamédiaincompletaficasubdimensionada,jáqueosnovosentrantes
nodesempregoregistrampequenasdurações,mascertamenteficarãoainda
pormuitotempocomodesempregados.Essemecanismoseinverteparaos
momentosderetomadaeexpansãodaeconomia,ouseja,ofluxodenovos
entrantesdiminuieoestoquededesempregadospassaacontarcompessoas
quejáseencontramhámaistempodesempregadas.Issofazcomqueamé-
diaincompletadotempodedesempregofiquesobredimensionada.
Dessaforma,oprincipalmotivodadiferençaentreasduraçõescomple-
taseincompletaséencontradonocomportamentodastaxasdeincidência
nodesemprego.Aduraçãoincompletasubestimaaverdadeiramedidade
duraçãododesempregoquandonãosecaracterizaumadependênciado
desempregadoaotempodedesemprego,demaneiraqueataxadesaída
dodesempregonãoficaobstruídapeloprópriotempodedesemprego(Sa-
lant,1977).Espera-se,portanto,queumamedidacompletadaduraçãodo
desempregoapresenteumarelaçãodiretacomataxadedesemprego,de
maneiraqueaduraçãocompletadodesempregoalcanceseuaugequando
ataxadedesempregotambémencontrarseupontomaiselevado,diminua
quandoataxadedesempregoapontarumareduçãoeaumentequandoa
taxadedesempregoseencontraremcrescimento.Assimsendo,amedida
completadodesempregopermiteumamelhoravaliaçãodoestadoconjun-
turaldaeconomia,tendoemvistaqueelaseexpandeimediatamentecoma
recessãoesecontraitambémimediatamentecomaexpansãoeconômica.
Umamedidacompletadaduraçãododesempregolevaacrerquese-
rianecessáriooacompanhamento,aolongodotempo,deumaamostra
dedesempregados,registrando-seassaídasdessacondiçãodesdeopri-
meiromêsdedesemprego,atéquandoseesgotetodaaamostraenãohaja
maisnenhumdesempregadodogrupoamostral.Seria,portanto,neces-
sárioumacompanhamentolongitudinaldessaspessoas,paraqueaofim
detodasituaçãodedesempregosepossaestabelecerotempomédiodogru-
po selecionado. Claro que esse seria um tratamento eficiente, mas
tambémdecustoelevado,casoesseprocedimentofosselevadoatermo
periodicamente.
Noentanto,pesquisasporamostragempermitemdemaneiraeficientee
menosonerosaqueseestabeleçaumamedidacompletadaduraçãodode-
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semprego.Bastaqueseacompanheumgrupo“sintético”dedesempregados
aolongodeumdeterminadoperíodo.Essegrupoéchamadode“sintético”
exatamenteporquesetratadeumgrupoemqueaspessoasvãosendosubs-
tituídasaolongodoperíodoemanálise.5
Oprocedimentometodológico,paraquesepossaterumaavaliaçãoda
duraçãocompletamédiadodesempregodessegrupo,consisteemclassificar
osdeclarantesnacondiçãodedesemprego,dentrodoperíodoemreferên-
cia,emcoortesdetempodedesemprego.Emseguida,devem-seacompa-
nharasprobabilidadesdepassarparaacoorteposterior,dadoqueodesem-
pregadojáseencontravanafaixademenortempo(ummês,porexemplo)e
assimsucessivamenteatéqueseesgotemtodososdesempregadosaolongo
detodasascoortesestabelecidas.Dessaforma,estabelece-seaprobabili-
dadecondicionaldesepermanecercomodesempregado.Paraaplicaresse
procedimento,duasdificuldadesdevemserenfrentadas.Aprimeiratema
vercomoprocedimentodemensuraçãodaprobabilidadedesepassarda
coorteinicialdedesempregoàcoorteseguinteedessaàimediatamentepos-
terioreassimsucessivamente,enquantoasegundadizrespeitoàdefinição
dascoortes.
1.1 Um modelo de duração completa do desemprego
Aduraçãomédiacompletadodesempregopodesercalculadaapartirde
dadoscross-section.Ocálculodessaduraçãoconsisteemacompanharuma
coortededesempregadosaolongodeumperíodoselecionado.APesquisa
deEmpregoeDesempregofaz,acadamês,olevantamentodosdesempre-
gadoseregistra,nomomentodaaplicaçãodeseuquestionário,háquanto
tempoessedesempregadoseencontranessasituação.Diferentesindivíduos
sãoentrevistadosacadamêsediferentestemporalidadesincompletasdo
desempregosãoregistradas.Essesregistrossãoentãoclassificadosnasco-
ortesanteriormenteapresentadas,quandosepodedefinirqueaspessoas
quesedeclararamdesempregadas,emumdeterminadomês,pormaisde
30diasemenosde60diasirãoconstituiracoortedaquelesqueentraram
nodesempregonaquelemêsecontinuamdesempregadosnomêsseguinte.
Esseprocedimentoseráaplicadoatéquetodasascoortessejamplenamente
preenchidasenãorestemmaisdesempregadosdogruposintéticoparase-
remclassificados.
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Aduraçãomédiacompletadedesempregopodeserdeterminadapelara-
zãoentreototaldeindivíduosdesempregadosdeumacoorte,ponderados
pelaextensãocompletadointervalodetempoemqueelesseencontram,e
ototaldeindivíduosdacoorteimediatamenteanterior.Osomatóriodasra-
zõesdeprobabilidadepermitequesedetermineaduraçãomédiacompleta
dodesemprego.Valeressaltarqueaprimeiracoorte,aqueladosindivíduos
entrantesnacondiçãodedesemprego,éconsideradaaincidênciadodesem-
prego,dadoqueaspessoasdessacoorteestãodesempregadashámenosde
30dias;logo,nomêsanteriorelasnãoseencontravamnessasituação.
ApartirdessecritérioeseguindoospassosdeSider(1985),pode-sedefi-
niraduraçãomédiacompletadodesemprego(D)comosesegue:
n x (f [x –1] – f (x)) n f (x) D =S ————— = S — (1) x = 1 f (0) x = 0f (o)
ondef (0)representaofluxo(incidência)deentradanodesemprego–ou
seja,trata-sedeumsubconjuntodeindivíduosquenãoestavamdesempre-
gadosnomêsanterior–,enquantof (x)édefinidocomoosubconjuntode
pessoasquepermanecemdesempregadasapóscadaperíodox,comxvarian-
doentre0en.
Desenvolvendoaequação(1)chega-sea:
f (0)–f (1) f (1)–f (2) f (2)–f (3)D =1—————+2—————+3—————+(...)t
f (0) f (0) f (0)
f (1) f (1) f (2) f (2) f (3)D =1_——+2——_2——+3——_3——+(...)t
f (0) f (0) f (0) f (0) f (0)
f (1) f (1) f (2) f (1) f (2) f (1) f (2) f (3)D =1+——–2————+3————+3——————+(...)(2)t f (0) f (0) f (1) f (0) f (1) f (0) f (1) f (2)
Essamedidadeduraçãoétambémchamadadeduraçãoparatrás(ba-
ckward),duraçãocorrenteouprobabilidadecondicional,jáqueaequação
(2)podeserassimreescrita:
f (x, t)P x, t =———— (3) f (x –1,t–1)
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Considerandoque
f (1) f (2) f (3)—=p1;—=p2e—=p3 f (0) f (1) f (2)
pode-seentãoreescreveraequação(2)comosesegue:
D = (1– p1) + 2p1 (1– p2) +3p1p2(1–p3)+...=1+p1+p1p2+
p1p2p3+(...) (4)
Aequação(4)podeentãoserrepresentadadeformageralassim:
n x –1
D =Sg (x) ∏ pj(1–px) (5)t
x = 1 j =0
ondep0éigualàunidadeerepresentaaprobabilidadedepertenceràcoorte
inicial,enquantopj(1–px)constituiapartedacoorteoriginalquedeixa
odesempregoapósxperíodoseg (x)ponderaosindivíduospeladuração
completaapropriada.Naequação(2),g (x)= x,oquesignificadizerque
aponderaçãosefezemfunçãodalongitudedointervalocompleto;isso
implicaqueaspessoasdesseintervaloficamdesempregadasatéofimdo
tempodessemesmointervalo.
Comog (x)= x,aequação(5)podeserapresentadadaseguinteforma:
n x
Dt =S ∏ p (i, t) (6)
x = 1 i =1
ondenrepresentaonúmerodemeses.Aequação(6)permiteentãoestimar
aduraçãomédiacompletadodesemprego.Issoéfeitoparaumconjunto
depessoasdesempregadas,masqueentramnodesempregoemdiferentes
momentoseapresentamduraçõesdiferenciadasdedesemprego.
Duasoutrasmedidasdeduraçãomédiacompletadodesempregopo-
demsercalculadas:adoestadoestacionário(steady state)eaesperada
(forward).
1.2 Duração completa do desemprego em estado estacionário (steady state)
Aduraçãododesempregoemcondiçõesdeestadoestacionáriolevaem
consideraçãoahipótesedequeascondiçõeseconômicaspassadascontinua-
rãoasmesmasnoperíodoatual,significandodizerqueataxadedesem-
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pregopermanececonstanteaolongodetodooperíodoemanálise.Nessas
condições,aequação(3)assumeaseguinteforma:
f (x, t)
PEEx, t =———— (7) f (x –1,t)
1.3 Duração completa esperada do desemprego ou para a frente (forward)
Aduraçãocompletaesperadadodesempregoestábaseadanacondiçãode
queosdesempregadosdeumacoortepermanecerãodesempregadospor
maisumperíodoepassarão,porconseguinte,àcoorteposterior.Ahipótese
subjacenteaessamedidadeduraçãododesempregoéqueascondições
atuaisprevalecentesnaeconomiaserãoasmesmasnofuturo.Aequação(3)
éentãorepresentadacomoaseguir:
f (x, t)
PEEx, t =————— (8) f (x –1,t +1)
2. A DEFINIÇÃO DAS COORTES DE DURAÇÃO DO DESEMPREGO
Emrelaçãoàduraçãododesemprego,aspesquisasporamostrasnormal-
menteregistramadataqueapessoadeclaroucomoiníciodacondiçãode
desemprego.Apartirdessadata,atéomomentodolevantamentodainfor-
mação,pode-secalcularaduraçãododesemprego.Trata-sedeumadura-
çãoenviesadaeincompleta,jáquenãoépossível,deumaformadireta,se
calcularoqueaconteceucomodesempregadonomomentosubseqüenteà
entrevista.Mesmoassim,éessareferênciatemporaldeentradanacondição
dedesempregoqueconstituiráopontodepartidaparaquesepossaestimar
umaduraçãocompletadodesemprego.
Aduraçãoefetivadodesemprego,emgrandeparte,dependedascarac-
terísticasprodutivas(escolaridade,qualificaçãoeexperiência)edosatribu-
tospessoais(gênero,coreidade)decadadesempregado,alémdetambém
dependerdascondiçõesdefuncionamentodaeconomia.Sabe-sequeas
característicasprodutivaseosatributospessoaissãodistribuídosdemanei-
raheterogêneaentreaspessoas,demodoqueédeseesperarqueaquelas
quepossuemmenoscapacidades,aptidõesepossibilidadesesofremmais
osprocessosdiscriminatóriosacabamporestendermaisaexperiênciado
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desemprego,quandoessaosalcança,reduzindoporconseqüênciasuaspro-
babilidadesdesairdessacondição.
Ascircunstânciasobjetivase subjetivasenfrentadaspelosdiferentes
indivíduosimprimemtrajetóriasdiferenciadasemrelaçãoàduraçãodo
desemprego.Paraalgunsindivíduosessatrajetóriapoderesultaremuma
dependênciadaduraçãododesemprego,demaneiraqueumaduraçãodo
desempregoserátãomaiorquantomaislongoforotempodedesemprego
enfrentado,ouseja,otempodaduraçãoinfluencianaprópriaduração.Isso
aconteceemvirtudedeascaracterísticasdosdesempregadosseremhetero-
gêneasemrelaçãoàssuashabilidades,atitudesemfacedoriscoeexpectati-
vasquantoàextensãodoempregoetc.(Salant,1977).
Masaintuiçãopermiteadiantarque,paraumconjuntodedesempre-
gadosemqueaspeculiaridadesprodutivasepessoaissemisturam,apar-
ticipaçãorelativanodesempregovaidiminuindoàmedidaqueaduração
domesmosealonganotempo.Portanto,édeseesperarqueafreqüência
dosdesempregados,portempodedesemprego,aolongodeumperíodose
concentrenosprimeirosmesesdedesempregoevádiminuindoconforme
aduraçãododesempregovásealongando.Nessascondições,adistribuição
qui-quadradoconstituiriaamelhorrepresentaçãodessafreqüência,cujo
picoprovavelmenteestarialocalizadonoprimeiromêsdedesemprego.
Noentanto,opadrãodafreqüênciadodesempregonãoacontececomo
seespera,ouseja,omovimentodecrescenteemrelaçãoàduraçãododesem-
pregonãoseverifica.Emlugardoesperado,verificam-sepicosdeconcen-
traçãodedesempregadoscomfreqüênciasacumuladasatéoprimeiromês,
entreosegundoeterceiromeses,entreoquartoeosextomeses,entreo
sextomêseumanoeatémaisdeumano.Essecomportamentofoimaisou
menosomesmoparaasregiõesmetropolitanasdeSalvadoredeSãoPaulo.
Paracorrigirosviesesderesposta,adefiniçãodascoortesseguiuos
padrõesestabelecidosemestudosdessanatureza(CorakeHeisz,1995b),
procurandocalcularumataxadepersistênciadodesempregoeminterva-
losseqüencialmentemaiores.Essadecisãobuscalocalizarasmaiselevadas
freqüênciasdedesempregados,alémdeprocurarcompactaronúmerode
casosquevaidiminuindoàmedidaqueototaldedesempregadosvaisendo
alocadonasdiferentescoortes,ouseja,àmedidaqueolimitedotamanho
daamostravaisendoalcançado.
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Histogramas da freqüência relativa do tempo incompleto de desemprego
2,0% –
1,8% –
1,6% –
1,4% –
1,2% –
1,0% –
0,8% –
0,6% –
0,4% –
0,2% –
4,00
–8,
00 –
12,0
0 –
16,0
0 –
20,0
0 –
24,0
0 –
28,0
0 –
32,0
0 –
36,0
0 –
40,0
0 –
44,0
0 –
48,0
0 –
52,0
0 –
56,0
0 –
60,0
0 –
64,0
0 –
68,0
0 –
72,0
0 –
76,0
0 –
80,0
0 –
84,0
0 –
88,0
0 –
92,0
0 –
Perc
ent
Temp desemp semana
Região metropolitana de Salvador
1,0% –
0,8% –
0,6% –
0,4% –
0,2% –
4,00
–8,
00 –
12,0
0 –
16,0
0 –
20,0
0 –
24,0
0 –
28,0
0 –
32,0
0 –
36,0
0 –
40,0
0 –
44,0
0 –
48,0
0 –
52,0
0 –
56,0
0 –
60,0
0 –
64,0
0 –
68,0
0 –
72,0
0 –
76,0
0 –
80,0
0 –
84,0
0 –
88,0
0 –
92,0
0 –
Perc
ent
Temp desemp semana
Região metropolitana de São Paulo
47W. F. Menezes e C. S. Dedecca – Avaliação da duração do desemprego nas regiões...
Dessaforma,levando-seemconsideraçãoospicosrepresentadosnoshis-
togramas,procurou-sefixaroslimitesdascoortesnosseguintesintervalos:
atéummês;maisdeumatétrêsmeses;maisdetrêsatéseismeses;maisde
seisaté12meses;emaisde12meses.Ascoortesconstruídasapartirdesses
intervalostêmporobjetivosuavizardoisgrandesproblemaspresentesnas
respostasdosdesempregados.Oprimeirotemavercomapreferênciapelos
númerospares(digit preference),sobretudoquandooregistrosefazemse-
manas(Baker,1992),enquantoosegundoérelativoaosviesesdedeclaração
dodesempregado(CorakeHeisz,1995b),quemuitofreqüentementenão
sabeprecisardemaneiraexataháquantotempoencontra-sedesempregado
efornecerespostasdotipo“porvoltadeumano”;mesmoassim,amaioria
preferedeclararotempodedesempregorepresentadopornúmerosinteiros
enãofracionados.
Assim,osintervalosdascoortesvãosealongando–deumlado,porque
quantomaiscurtososintervalos,maisevidenteficaapreferênciapornú-
merosparese,poroutro,porqueessealongamentopermitereduziroviés
dasrespostasimprecisas.Ascoortesassimdefinidasnãoestãoisentasde
custo.Dessaforma,seporumladoelasreduzemasdistorções,poroutro,
elastornamasestatísticasmenoseficazes,namedidaemqueosdesempre-
gadoslocalizadosnointeriordecadacoortesãocontabilizadospelolimite
superiordessasmesmascoortes.
Adefiniçãodascoortescorrigidaspelos intervalosseqüencialmente
maiorestentou,portanto,aproximar-sedaquiloquerevelouaanálisedos
histogramas,quandoforamlocalizadosospicosdefreqüênciaacumulada
maisimportantes.Oprimeirodessespicosfoilocalizadonoprimeiromês
dedesemprego,ouseja,quandoseverificaaentradanodesemprego,sendo,
portanto,compostodaspessoascomatéummêsdedesemprego.
Segue-seumagrandeproporçãodedesempregadosentredoisetrêsme-
ses,refletindoumadinâmicadeumacoorteaindaentrantenacondição
dedesemprego.Outrograndepicoencontra-selocalizadonosseismeses
dedesemprego,provavelmenterefletindorealidadesparticulares,taiscomo
reduçãodascondiçõesdesobrevivência,finalizaçãodosegurodesemprego,
esgotamentodofundodegarantia,dentreoutraspossibilidades.
Porfim,percebe-seumpicodedesempregadoslocalizadosnasimedia-
çõesdos12mesesdedesemprego.Essepicopodeestarrefletindocaracte-
rísticassimilaresàsdopicodosseismeses,masnãosepodeesquecerqueos
48 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 35-60, jan./mar. 2006
errosderespostapodemseapresentarmaisfortementequandoaduração
dodesempregoseestende,jáqueaprobabilidadedeseestarprocurando
empregoficabastanteminimizadacomodesenrolardotempo.6
2.1 Análise do estoque de desempregados
Inicialmente,vamosestabelecerumadistinçãoentreaparticipaçãonofluxo
eaparticipaçãonoestoquededesempregados.Paratanto,necessáriosefaz
separardistintosgruposdedesempregadosqueseexcluemmutuamente.
Aproporçãodeumgrupoparticularnofluxoédefinidacomoafraçãodo
númerototaldenovosdesempregadosquecompõemumdeterminadogru-
po.Assim,seumgrupoérepresentadopelosubscrito“i”,tem-seentãoque
Ni (x, t)representaonúmerodepessoasdessegrupoqueestãodesempre-
gadasdesdeomêsxnotempot.Dessaforma,considerando-seomêszero
(primeiromêsdedesemprego),aparticipaçãonofluxodogrupoinotem-
potédadapor:
Ni (0, t)ai (t) =——— (9) N (0,t)
Poroutrolado,aparticipaçãodogrupoinototaldeefetivosdedesem-
pregadosrepresentaaproporçãodonúmerototaldedesempregadosno
tempotqueformaessegrupo.SeCi (t)representaonúmerodedesempre-
gadosquecompõemogrupoinotempot,tem-seentãoqueaproporçãodo
gruponototaldeefetivosdesempregadosficaestabelecidapor:
Ci
(t) Ni (0, t) Di (t)ei = ——=—————– (10) C (t) N (0,t)D (t)
Asegundapartedaequação(10)consideraahipótesedoestadoestacio-
nário,quandoonúmerodedesempregadoséigualaoprodutodamulti-
plicaçãodaparticipaçãorelativadosnovosdesempregadosdogrupoipela
participaçãorelativadaduraçãomédiacompletadogrupoemreferência,
emumperíodojáterminado,D (t).
Combinandoasequações(9)e(10),estabelece-searelaçãoentreaparti-
cipaçãonoestoqueeaparticipaçãonofluxodaseguinteforma:
Di (t)ei =ai ——— (11) D (t)
49W. F. Menezes e C. S. Dedecca – Avaliação da duração do desemprego nas regiões...
Aequação(11)mostraqueaproporçãodogrupoinoestoqueéigual
àsuaproporçãonofluxoponderadapeladuraçãorelativamédiacompleta
doestadoestacionáriodeumperíododedesemprego.Seogrupoienfrenta
períodosdedesempregoquetêm,emmédia,amesmaduraçãodoconjunto
totaldedesempregados,segue-sequeasparticipaçõesnofluxoenoestoque
serãoiguais.Havendodiferençaentreessasparticipações,essadiferençaserá
tãomaisexpressivanamedidaemqueosgruposenfrentaremperíodosde
desempregomaislongos.
3. AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS RESULTADOS
OsdadosutilizadosforamdaPesquisadeEmpregoeDesempregodasre-
giõesmetropolitanasdeSalvadoredeSãoPaulo.Paraessapesquisa,existem
duassituaçõesdedesemprego:desempregoabertoedesempregooculto.
Oprimeirodizrespeitoàspessoasqueprocuraramtrabalhodemodoefeti-
vonos30diasanterioresaodiadaentrevistaenãoexerceramnenhumtra-
balhonosúltimossetedias.Asegundasituaçãopodeserrepresentadapor
duascircunstâncias:(a)portrabalhoprecário,quandoosdesempregados
realizamdeformairregular,emcaráterocasionaleeventual,algumtraba-
lhoremunerado,masprocuraramtrabalhonos30diasanterioresaodia
daentrevista—casonãotenhamprocuradonesseperíodo,ofizeramaté
12mesesatrás;(b)pordesalento,quandoosdesempregadosnãopossuem
trabalhonemoprocuraramnosúltimos30dias,pordesestímulodomer-
cadodetrabalhoouporcircunstânciasfortuitas,masprocuraramefetiva-
mentetrabalhonosúltimos12meses.Opresenteestudoincorporouastrês
formasdedesemprego.
3.1 Estimativa e análise das durações completas de desemprego
Osresultadosglobaisparaasduasregiõesmetropolitanasencontram-sena
tabela1.Umainspeçãodessatabelapermiteobservarquearelaçãoentre
osdesempregadoscomatéummêseototaldedesempregados(taxade
incidência)apontaopercentualdedesempregadosentrantesnacondição
dedesemprego.Essataxafoiestimadaemumamédiade3,2%paraarmse
de4,5%paraarmsp.Poroutrolado,aduraçãoincompletafoiestimadaem
22,3mesesparaarmseem19,5mesesparaarmsp.
50 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 35-60, jan./mar. 2006
Quantoàsduraçõescompletas,percebe-seumasituaçãomaisgravepara
armsemrelaçãoàrmsp,issoporqueastaxascompletasdeduraçãodo
desempregoforammaiselevadasnaprimeiraregião.Dessaforma,aespe-
rançaderetornaràocupaçãoémenornarms,muitoemboraosnúmeros
demesesdarmspsejamtambémbastanteexpressivosepróximosdaqueles
darms.Assim,asmédiasdasduraçõescompletasparatrásforamrespecti-
vamentede8,4ede7,8meses;dasduraçõesparaafrenteforamde8,3e7,8
mesesedasduraçõesemcondiçãodeestadoestacionárioforamcalculadas
em9,4e8,8meses,tambémrespectivamente.Asvariaçõesemtornodas
médiasdasduraçõessãomaisimportantesnarms.Issopodeestarapon-
tandoqueosgruposdedesempregadosinternosaostemposdeduraçãosão
diferenciadoseheterogêneosentreessasregiões.
Astaxasdeincidênciaeasduraçõesdodesemprego,segundoogêneroe
acordaspessoas,nasduasregiões,podemservistasnatabela2.Umaanálise
dessatabelapermitedizerqueamédiadataxadeincidênciaparaoshomens
foicalculadaem3,8%paraarmseem5,3%paraarmsp.Amédiadadu-
raçãoincompletafoiestimadaem18,8mesesparaarmseem14,6meses
paraarms,enquantoasmédiasdasduraçõescompletasparatrásforam
calculadasrespectivamenteem8,2eem7,7meses;asduraçõesparaafrente
foramde7,9e7,7meseseasduraçõesemcondiçãodeestadoestacionário
foramcalculadasem9e8,7meses.
Ataxadeincidênciaestimadaparaasmulheresfoiemmédiade2,7%na
rmse3,8%narmsp.Asmulheresdarmsestãoexpostasataxascompletas
Tabela 1: Durações médias completas do conjunto total dos desempregados*
RegiãoMetropolitana
Estimativas 2000 2001 2002 Média DP
Salvador
Taxa de incidência 3,2 3,1 3,4 3,2 0,02
Duração para trás 5,9 10,1 9,3 8,4 2,3
Duração para a frente 9,2 9,7 6 8,3 2
Estado estacionário 9,3 9,7 9,1 9,4 0,3
Duração incompleta 22,6 22,4 21,8 22,3 0,4
São Paulo
Taxa de incidência 4,4 4,7 4,3 4,5 0,02
Duração para trás 5,6 8,8 9 7,8 1,9
Duração para a frente 8,4 8,9 6,1 7,8 1,5
Estado estacionário 8,6 8,9 8,9 8,8 0,2
Duração incompleta 20 19,5 18,9 19,5 0,6
*Taxas de incidência em percentual e durações em meses.
51W. F. Menezes e C. S. Dedecca – Avaliação da duração do desemprego nas regiões...
deduraçãododesempregomaiselevadasparatráseemestadoestacionário,
enquantoasmulheresdarmspenfrentamumaduraçãocompletaparaa
frentemaior.Asduraçõescompletasparatrásforamrespectivamentede8,9
ede8meses;asduraçõesparaafrenteforamde9e8,1meseseasdurações
emcondiçãodeestadoestacionárioforamcalculadasem10e9,1meses.
Aduraçãoincompletafoimaiselevadanarms(24,3meses)emrelaçãoà
rmsp(22,9meses).
Estimativasreferentesaosdesempregadossegundoacorpodemtambém
servisualizadasnatabela2.Ataxadeincidênciadosbrancosdarms(3,2%)
émaiselevadaqueadarmsp(4,4%).Issodemonstraque,relativamenteà
rmsp,narmsaproporçãodebrancosentrantesnodesempregoémaior
em1pontopercentual.Asduraçõescompletasdosbrancosdarmsforam
significativasapenasparaaduraçãoparaafrentenoanode2002,dema-
neiraqueaanálisedessegrupodedesempregadosficaprejudicadaparaessa
Tabela 2: Taxas de incidência, durações médias completas e duração incompleta*
Atributo AnoRegião Metropolitana de Salvador Região Metropolitana de São Paulo
Incid.Para trás
Para a frente
Estado estac.
Inc. Incid.Para trás
Para a frente
Estado estac.
Inc.
Homem
2000 3,8 5,8 8,8 8,8 19,7 5,5 5,4 8 8,2 15,4
2001 3,7 9,7 9,1 9,3 18,3 5,5 8,8 8,8 8,9 14,1
2002 4 9,1 5,9 9 18,4 4,8 9,1 6,3 9 14,2
Média 3,8 8,2 7,9 9 18,8 5,3 7,7 7,7 8,7 14,6
DP 0,02 2,1 1,8 0,2 0,8 0,04 2,1 1,3 0,4 0,7
Mulher
2000 2,7 6,1 9,9 10 25,4 3,4 6 9,2 9,3 24,4
2001 2,5 10,7 10,7 10,3 26,4 4 9 9 9 24,7
2002 2,8 9,9 6,4 9,6 21,1 3,9 9 6 8,9 19,5
Média 2,7 8,9 9 10 24,3 3,8 8 8,1 9,1 22,9
DP 0,01 2,5 2,3 0,4 2,8 0,03 1,7 1,8 0,2 2,9
Branco
2000 3,2 – – – 20,8 4,5 5,4 8,4 8,5 20,5
2001 2,6 – – – 22,7 4,5 8,7 9,4 9,2 20,4
2002 3,7 – 6,1 24,3 4,2 9,4 6,1 9,1 19,3
Média 3,2 – – – 22,6 4,4 7,8 8 8,9 20,1
DP 0,05 – – – 1,7 0,02 2,1 1,7 0,3 0,7
Negro
2000 3,2 5,8 9 9,2 22,8 4,4 6 8,6 9 19,2
2001 3,1 10,2 9,8 9,7 22,4 4,9 9,3 8,5 8,8 18,4
2002 3,4 9,4 6,1 9,2 21,6 4,4 8,8 6,3 8,9 18,5
Média 3,2 8,5 8,3 9,4 22,3 4,6 8 7,8 8,9 18,7
DP 0,01 2,3 2 0,3 0,6 0,03 1,8 1,3 0,1 0,4
* Taxas de incidência em percentual e durações em meses.
52 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 35-60, jan./mar. 2006
região.Paraoanode2002,asmédiasdasduraçõesincompletasdasduas
regiõesforamestimadasem24,3mesesparaarms,contra19,3mesesna
rmsp.Amédiadaduraçãoincompleta,doperíodocomoumtodo,foical-
culadaem22,6mesesnarmseem20,1narmsp.Considerandoapenaso
anode2002,percebe-sequeasduraçõescompletasparaafrentesãoiguais
nasduasregiõesmetropolitanas(6,1).
Amédiadataxadeincidênciaestimadaparaosnegrosfoide3,2%na
rmse4,6%narmsp.Asdiferençasentreasduraçõescompletaseaduração
incompletaaparecememdesfavordarms,jáqueasduraçõescompletassão
maiselevadasnessaregião.Comefeito,asmedidasdasduraçõescompletas
paratrás,paraessaspessoas,respectivamenteparaarmsermsp,foram
estimadasem8,5eem8meses;dasduraçõesparaafrenteforamde8,3e7,8
mesesedasduraçõesemcondiçãodeestadoestacionárioforamcalculadas
em9,4e8,9meses.
Umaavaliaçãodataxadeincidênciaedaduraçãododesemprego,para
chefesdefamília,jovens,analfabetosepessoascomescolaridadeatéopri-
meirograu,podeservistanatabela3.Umainspeçãodessatabelapermite
afirmarqueamédiadataxadeincidênciadoschefesdefamíliaémenos
elevadanarms(3,8%)quenarmsp(5,6%).Masasduraçõescompletas
emesmoaduraçãoincompletasãomaisaltasnarmsemrelaçãoàrmsp.
Omesmoperfildecomportamentopodeserobservadoparaosjovens,ou
seja,aspessoasentre16e25anosenfrentamumataxadeincidênciame-
nornarms,masencontram-seexpostas,relativamenteàrmsp,adurações
completaseincompletasmaiselevadasnarms.
Porfim,apresenta-seumaanáliseparaosdesempregadossegundoduas
faixasdeescolaridade:pessoascomatédoisanosdeescolaridade(anal-
fabetosfuncionais)epessoasentretrêsanosdeescolaridadeeoprimei-
rograucompleto(tabela3).Paraosdesempregadosquetêmatéoprimeiro
graucompleto,amédiadataxadeincidênciamostrou-semenoselevada
narms,enquantoasduraçõescompletasestimadasforammaiselevadas
nessaregiãorelativamenteàrmsp.Quantoàduraçãoincompleta,pode-se
afirmarqueosdesempregadoscomoprimeirograucompletodarmsen-
frentamperíodosmaislongosdedesempregoemrelaçãoaomesmoagru-
pamentodarmsp.
53W. F. Menezes e C. S. Dedecca – Avaliação da duração do desemprego nas regiões...
3.2 Estimativa e análise do estoque e do fluxo do desemprego
Umaoutraformadevisualizarocomportamentodaduraçãododesem-
pregonasregiõesmetropolitanasdeSalvadoredeSãoPauloépelaanálise
dedoisaspectosbemdiferenciados.Oprimeiroaspectotemavercoma
participaçãorelativadosdesempregadosdecadagruponoestoquedosde-
sempregados,enquantoosegundoanalisaaheterogeneidadedasdurações
dodesempregodosdiferentesgruposnasduasregiõesmetropolitanas.
Aparticipaçãorelativadosdiferentesgruposdedesempregadosnoesto-
quedosdesempregadospodeservisualizadanatabela4.Nasduasregiões,
essaparticipaçãosemostraemdesfavordasmulheres.Narmsissoacon-
teceporqueaparticipaçãorelativadasmulheresnaocupação,estimadaem
46%,émenorqueaparticipaçãodasmulheresnodesempregoregional
(51,7%);damesmaforma,narmspaparticipaçãodasmulheresnaocupa-
ção(calculadaem43%)tambémémenorquandocomparadacomopeso
dasmulheresnodesemprego(52,1%).Noquedizrespeitoàparticipação
Tabela 3: Taxas de incidência, durações médias completas e duração incompleta*
Atributo AnoRegião Metropolitana de Salvador Região Metropolitana de São Paulo
Incid.Para trás
Para a frente
Estado estac.
Inc. Incid.Para trás
Para a frente
Estado estac.
Inc.
Chefe
2000 4,1 5,4 8,8 8,4 19,7 5,6 5,4 7,6 8,3 15,4
2001 3,5 9,5 8,9 9 18,3 6,3 8 7,9 7,8 14,1
2002 3,8 8,9 5,6 8,8 18,4 5 8,3 5,9 8,6 14,2
Média 3,8 7,9 7,8 8,7 18,8 5,6 7,2 7,1 8,2 14,6
DP 0,3 2,2 1,9 0,3 0,8 0,7 1,6 1,1 0,4 0,7
Jovem
2000 4 5,9 9 9,2 12,7 5,2 5,7 8,6 8,7 12
2001 3,6 10,5 10,2 10,1 11,8 4,8 9,2 9,4 9,5 10,8
2002 3,9 9,8 6,3 9,4 12,5 5 9 6,1 8,9 10,8
Média 3,9 8,7 8,5 9,6 12,3 5 8 8 9 11,2
DP 0,2 2,5 2 0,5 0,5 0,2 2 1,7 0,4 0,7
Analfabeto
2000 4 – – – 24,6 6,7 4,9 7,6 7,5 22,6
2001 3,3 – – – 28,5 4,5 – – – 26,1
2002 4,3 9 5,5 8,5 26,5 5 – – – 25
Média 3,9 – – – 26,5 5,4 – – – 24,5
DP 0,5 – – – 1,9 1,2 – – – 1,8
Até o 1ºgrau
2000 3,3 6 8,3 8,7 22,6 4,8 5,6 7,1 7,1 20,6
2001 3,4 9,7 8,7 8,7 22,3 4,6 8,9 8,4 8 20,6
2002 3,8 9,4 7,6 8 21,3 4 8,9 8,2 8,3 20,5
Média 3,5 8,4 8,2 8,5 22 4,5 7,8 7,9 7,8 20,6
DP 0,3 2 0,6 0,4 0,7 0,4 1,9 0,7 0,6 0,1
* Taxas de incidência em percentual e durações em meses.
54 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 35-60, jan./mar. 2006
relativadosdesempregadosnaperspectivadacor,verifica-seumdesequilí-
brioemdetrimentodosnegrosdarms,jáqueaparticipaçãorelativadessas
pessoasnoestoquededesempregadosfoiestimadaem90,9%,quandoelas
representam85%dototaldeocupados.Narmsp,osnegrosrepresentam
32%dosocupados,maselesconstituem42%dosdesempregados.Ocorolá-
riodessequadroéque,nasduasregiõesmetropolitanas,homensebrancos
desempregadostêmpesosrelativamentemenoresquesuasrespectivaspar-
ticipaçõesrelativasnaocupação.
Aparticipaçãorelativadoschefesdefamílianaocupaçãofoiestimada
em45,7%paraarmseem47,2%narmsp,enquantoosdesempregados
chefesdefamíliaconstituem29,7%naprimeiraregiãoe29,6%nasegunda,
apontandoqueessaspessoasmostram-semaisdinâmicasnoenfrentamento
dodesemprego.Oinversoacontececomosjovensdasduasregiõesmetro-
politanas–issoporquesuasrespectivasparticipaçõesrelativasnaocupação
foramcalculadasem24,9%narmseem25,7%narmsp,enquantosuas
participaçõesrelativasnodesempregoforamrespectivamentede40,6%na
rmsede41,3%narmsp.Dopontodevistadaescolaridade,tem-sequeos
analfabetosfuncionaisrepresentam7,9%dosocupadosnarmse6,4%na
rmsp,masseuspesosrelativosnodesempregosãode8,7%e6,4%,respec-
tivamente,paraasduasregiõesmetropolitanas.Paraosdesempregadoscom
Tabela 4: Participação no estoque do desemprego
AtributoRegião Metropolitana
2000 2001 2002 Média DP
HomemSalvador 48,5 48,1 48,2 48,3 0,2
São Paulo 48,5 47,2 48 47,9 0,6
MulherSalvador 51,5 51,9 51,8 51,7 0,2
São Paulo 51,5 52,8 52 52,1 0,6
BrancoSalvador 9,5 8 9,8 9,1 0,9
São Paulo 62,2 56,5 55,3 58 3,7
NegroSalvador 90,5 92 90,2 90,9 1
São Paulo 37,8 43,5 44,7 42 3,7
Chefe de famíliaSalvador 30,5 29,6 29,1 29,7 0,7
São Paulo 29,2 29,7 29,8 29,6 0,3
JovemSalvador 39,9 40,8 41 40,6 0,6
São Paulo 41,5 41,3 41,1 41,3 0,2
AnalfabetoSalvador 9,3 8,7 8 8,7 0,7
São Paulo 6,6 6,5 6,1 6,4 0,2
Até o 1ºgrauSalvador 50,8 47,6 46 48,1 2,5
São Paulo 50,5 49,4 46,6 48,8 2
55W. F. Menezes e C. S. Dedecca – Avaliação da duração do desemprego nas regiões...
escolaridadeatéoprimeirograucompleto,observaram-separticipaçõesre-
lativasnaocupaçãode37,6%paraarmsede41,4%paraarmsp,mas
suasparticipaçõesrelativasnodesempregomostraram-semaiselevadasnas
duasregiões,ouseja,48,1%paraarmse48,8%paraarmsp.Essesnúme-
rospodemestarcaracterizandoasdificuldadesdereinserçãodosdiferentes
agrupamentosquandoenfrentamsituaçõesdedesemprego.
Osegundoaspecto,queserefereàheterogeneidadedasduraçõesdode-
sempregodosdiferentesgrupos,éanalisadoapartirdastaxasdeestoquee
defluxodedesempregados.Ataxadeestoqueéestimadaporumapondera-
çãoentreataxadefluxodeentrantesnodesempregoeaparticipaçãorela-
tivadaduraçãododesemprego.Portaxadefluxoentende-searelaçãoentre
osentrantesnodesempregodeumdeterminadogrupoeosentrantestotais
nodesemprego;enquantoaparticipaçãorelativanaduraçãoéentendida
comoarelaçãoentreaduraçãododesempregodosdiferentesgruposde
desempregadoseaduraçãodoconjuntodosdesempregados(conformeas
equações9,10e11).Essecálculofoifeitoapenasparaacondiçãodeestado
estacionáriododesemprego–issoporqueessacondiçãoéquemaisabranda
osefeitosdeumadistribuiçãoincompletaparamedirumaduraçãocomple-
tadodesemprego,bemcomoemsituaçõesemqueexistecertalimitaçãode
estimadores(BekereTrivedi,1985).
Ataxadeestoquededesempregadoseataxadefluxodevemseriguais
quandoumdeterminadogrupodedesempregadosenfrentaumaduração
médiadodesempregoigualàduraçãomédiadoconjuntodosdesemprega-
dos.Casoataxadeestoquedeumdeterminadogrupodedesempregados
sejamaiselevadaqueataxadefluxo,issoquerdizerqueessegrupoenfrenta
umaduraçãocompletadodesempregomaiselevadaqueaduraçãomédia
doconjuntodosdesempregados.Inversamente,paraumataxadeestoque
menorqueumataxadefluxo,aduraçãomédiacompletadogrupoemre-
ferênciaémenorqueaduraçãomédiadoconjuntodosdesempregados.Os
resultadosdessescálculosaparecemnatabela5.
Paraoshomensdarms,ataxadeestoquededesempregadossemostrou,
emmédia,menoselevadaqueataxadefluxo,permitindodizerqueesse
grupodedesempregadosenfrentaumaduraçãomédiacompletadodesem-
pregoemcondiçãodeestadoestacionáriomenorqueaduraçãomédiado
conjuntodosdesempregados.Ocoroláriodaduraçãododesempregodos
56 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 35-60, jan./mar. 2006
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,154
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43,6
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,31,
85,
4
57W. F. Menezes e C. S. Dedecca – Avaliação da duração do desemprego nas regiões...
homenséqueasmulheresapresentaramumataxamédiadeestoquemaior
queataxamédiadefluxo,desortequeasmulheresenfrentamduraçõesdo
desempregomaislongasqueamédiadoshomens.Narmsp,oshomens
tambémenfrentamumaduraçãododesempregomenorqueoconjunto
dosdesempregadosdessaregião,issoporqueataxadeestoquemostrou-se
menoselevadaqueataxadefluxo.Porviadeconseqüência,asmulheresda
rmsptambémenfrentamumaduraçãomédiadodesempregomaiorquea
médiadosdesempregados,dadoqueamédiadataxadeestoqueparaessas
pessoasmostrou-semaiorqueadataxadefluxo.
Paraosnegrosdarms,tem-seumaduraçãomédiadedesempregoaná-
logaàmédiadoconjuntodosdesempregados,dadoqueessaspessoasapre-
sentaramumataxadeestoquepraticamenteigualàrespectivataxadefluxo.
Noquedizrespeitoaosbrancosdarms,nãosedispõedeinformaçãoesta-
tisticamentesignificativa,mas,porcomparaçãocomosnegros,conclui-se
queosbrancostambémapresentamduraçãomédiacompletabempróxima
damédiadosdesempregados.Tantoosbrancosquantoosnegrosdarmsp
enfrentamduraçõesmédiaspraticamenteiguaisàmédiadodesempregodo
conjuntodosdesempregadosdessaregião.
Paraoschefesdefamíliadarms,tem-seumaduraçãomédiadode-
sempregomenoselevadaqueadoconjuntodosdesempregados,dadoque
essaspessoasapresentaramumataxadeestoquemenorquearespectiva
taxadefluxo.Situaçãoanálogaapareceparaoschefesdarmsp,cujataxade
estoquemostrou-semenoselevadaqueataxadefluxo.Quantoaosjovens,
tem-sequenarmselesenfrentamduraçõesdodesempregomaislongasque
amédiadoconjuntodosdesempregadosdessaregião,enquantoosjovens
darmspsemostrammaisdinâmicosnomercadodetrabalho–issoporque
ataxadeestoquedessaspessoasfoipraticamenteigualàmédiadataxade
fluxo,significandodizerqueosjovensdarmspenfrentamduraçõesdode-
sempregonamédiadetodososdesempregadosdessaregião.
Nãosedispõemdeinformaçõescompletasparaosanalfabetosfuncionais
(comatédoisanosdeescolaridade)dasduasregiõesmetropolitanas.Pode-
seapenasafirmarquenoanode2002osanalfabetosdarmssemostraram
relativamentedinâmicosnomercadodetrabalho,ouseja,apresentaram
umataxadeestoquemenorqueataxadefluxo,condicionandoumadu-
raçãododesempregomenorqueamédiadosdesempregadosdessaregião.
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Paraarmsp,dispõem-seapenasdosresultadosparaoano2000,quandoos
analfabetosdessaregiãotambémsemostraramágeisnomercadodetraba-
lho,demaneiraqueessaspessoasacabaramporenfrentarumaduraçãodo
desempregomenorqueaquelasdototaldosdesempregadosdessaregião.
Poroutrolado,osdesempregadosdarmscomescolaridadeentretrêseoito
anos(atéoprimeirograucompleto)apresentaramtaxadeestoqueinfe-
rioràtaxadefluxo,oquesignificadizerqueessaspessoasenfrentamdura-
çõesmenoresdodesempregonamédiadototaldosdesempregados.Paraa
rmsp,essaspessoastambémenfrentamduraçõesdodesempregomenores
queasdamédiadoconjuntodosdesempregados–issoporqueastaxasde
estoquemostram-semenoselevadasqueastaxasdefluxo.
4. ALGUMAS CONCLUSÕES
Estetrabalhoanalisouaheterogeneidadedasduraçõesdodesempregonas
regiõesmetropolitanasdeSalvadoredeSãoPaulo.Paratanto,considera-
ram-seasincidênciaseasduraçõesmédiascompletasdodesemprego.Os
resultadosencontradospermiteminterpretaçõescompatíveiscomasde
estudosqueenvolvemosmétodosdasmedidascompletasdeduração.As
duasregiõesmetropolitanasanalisadasapresentaramduraçõescompletas
menoselevadasqueasrespectivasduraçõesincompletas.Issoquerdizerque
asduraçõesincompletasestãosobreestimandoasverdadeirasduraçõesdo
desempregoenfrentadaspelosdiferentesgruposanalisados.
Alémdisso,aRegiãoMetropolitanadeSalvadorapresentouumamé-
diadeduraçãododesempregosuperioràdaRegiãoMetropolitanadeSão
Paulo.Odiferencialemdesfavordarmssemanteveparatodososatri-
butospessoaisanalisados.Assim,emrelaçãoàrmsp,asduraçõesmédias
completasdarmsmostraram-semaiselevadasparahomens,mulherese
negros(nãosepôdeestabelecerumacomparaçãoparaosbrancos,poisas
informaçõessobrearmsnãoapresentaramsignificânciaestatística).Tam-
bémoschefesdefamília,osjovens,osanalfabetoseaquelesindivíduosque
possuemescolaridadeatéoprimeirograuapresentaramduraçõesmédias
dodesempregosuperioresnarms,relativamenteàrmsp.
Aparticipaçãorelativadosdesempregadosvistosporatributopessoal
noestoquededesempregados,quandocomparadacomaparticipaçãorela-
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tivanaocupação,configurouumasituaçãoemdesfavordasmulheresedos
negrosnasduasregiõesmetropolitanas.Essamesmacomparaçãoseinverte
paraoschefesdefamília,ouseja,essaspessoaspesammaisnaocupaçãoque
nodesempregonasduasregiõesanalisadas.Osjovens,osindivíduosanal-
fabetoseaquelesquetêmatéoprimeirograupesammaisnodesemprego
quenaocupação.
Astaxasdefluxonodesemprego,representandoaentradanodesempre-
goporatributopessoalsobreaentradatotalnodesemprego,mostraram-se
maiselevadasparaoshomensdarms,muitoemboraemambasasregiõesas
taxasdefluxotenhamsemostradomaiselevadasparaoshomensqueparaas
mulheres.Poroutrolado,osnegrosdarmsapresentamumfluxodeentrada
nodesempregoproporcionalmentemaiselevadoqueaqueledarmsp.Os
chefesdefamíliadarmsmostramumataxadefluxomenor,emrelaçãoà
rmsp,enquantoaspessoasjovens,analfabetasecomatéoprimeirograuda
rmstêmtaxasdeentradamaiselevadasqueseusanálogosdarmsp.
Osresultadosalcançadosreforçamanecessidadedeestudosdessanatu-
reza,aotempoemqueseesperaqueaspolíticassociaislevememconside-
raçãoessesestudos,tendoemvistaummaiorentendimentodofunciona-
mentodosmercadosregionaisdetrabalho,bemcomomelhoremosfocose
nichosdedesempregoe,portanto,seaperfeiçoeaeficáciadasações.
NOTAS
1. Assiméque,empaíseseconomicamentemaisavançados,oconceitodedesempregode
longaduraçãoéconsagrado;damesmaformaqueéinteressantesaberporquepessoas
quepassampelaexperiênciadeumlongoperíododedesempregoenfrentammaiores
dificuldadesparasairdessasituação.
2. ComobemsalientaramMenezes-FilhoePicchetti(2002),“enquantoaliteraturainter-
nacionaljácontacomumasériedetrabalhosnessadireção,umdosprimeirostrabalhos
realizadosparaoBrasiléodeBivar(1991)”.
3. Asamostrasdasregiõesmetropolitanasconsideraramosdesempregadoscomidade
entre18e60anos,osquaisforamagregadospormêsdereferênciadapesquisaefica-
ramdistribuídosnosanos2000,2001e2002,respectivamente,daseguinteforma:rms
(8.761,8.556e8.160)ermsp(8.625,9.540e10.120).
4. Apedéumapesquisamensaldomiciliarporamostragemquesegueaorientaçãome-
todológicadaFundaçãoSeadedoEstadodeSãoPauloedoDieese.Essapesquisaé
atualmenterealizadaemcincoregiõesmetropolitanas(SãoPaulo,BeloHorizonte,Por-
toAlegre,SalvadoreRecife),alémdoDistritoFederal(Brasília).
60 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 35-60, jan./mar. 2006
5. Aquiébomlembrarqueapedvisitaapenasumavezseusentrevistados.
6. Essespicos foramsuavizados levando-seemconsideraçãoas formasadotadasem
estudosdessanatureza.CorakeHeisz(1995b)sugeremumasoluçãoad-hocaocon-
siderarosmesesde2,9semanas,apósobservarque30%dosentrevistadostêmten-
dênciaadeclararumperíododedesempregoinferioraoqueefetivamenteenfrentam.
Essasubavaliaçãodaduraçãododesempregopôdesernotadaaoverificar-seque,após
mesesconsecutivos,osentrevistadosinformavamomesmotempodedesemprego.
Oprocedimentoaquiadotadoconsistiuemtransferir30%dosdesempregadoslocaliza-
dosnoúltimopicodecadacoorteparaacoorteimediatamenteposterior.
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