autoria mosaica do pentateuco
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Autoria mosaica do Pentateuco
Pr Jônatas Leal
Fonte: Archer, G., Jr. A survey of Old Testament introduction. 3.ed. Chicago: Moody Press, 1994.
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“Em algum lugar do Oriente Médio, por volta do século 10 a.C., uma pessoa decidiu escrever um livro. Pegou uma pena, nanquim e folha de papiro (planta originária do Egito) e começou a contar uma história mágica, diferente de tudo o
que já havia sido escrito antes. Era tão forte, tão forte que virou uma obsessão. Durante os
mil anos seguintes, outras pessoas continuariam reescrevendo, rasurando e
compilando aquele texto que viria a se tornar o maior best seller de todos os tempos: a Bíblia.”
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Implicação lógica: “As histórias da Bíblia derivam de lendas
surgidas na chamada terra de Canaã. Foi no século 10 e 9 que os autores hebreus colocaram
no papel essa sopa multicultural”.
José Francisco Botelho
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Pentateuco como livro
1. Um único livro (2Cr 25:4; 35:12; Ed 6:18; Ne 13:1; Mc 12:26).
2. hv pentateucoj (grego “cinco partes”).
3. Já estava em uso por volta do século 2 d.C.
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Unidade temática
1. Indício de uma autoria única Trama básica: a. Promessa primordial: bênção através da terra e
descendentes (Gn 1) b. Promessa da terra de Canaã aos descendentes
de Abraão (Gn) – agenda de Êxodo a Deuteronômio;
c. O livramento do Egito (Ex) – a peregrinação (Nm-Dt);
d. Nascimento de Moisés (Ex) – morte de Moisés (Dt)
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Temas que perpassam todos os livros:
1. Seres humanos criados para gozar de um relacionamento especial com Deus;
2. A desobediência os aliena (conseqüência terríveis Gn1-8);
3. Esperança de reconciliação (de Gn 12 em diante);
4. Duas principais promessas: descendência e terra;
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5. Israel no plano de Deus: papel mediatório (Ex 19:6)
6. Requisito 1: justiça requerida por Deus (Lv)
7. Requisito 2: fé na habilidade de Deus em cumprir suas promessas – Adão, Abraão, Israelitas (Nm)
8. Aliança: requisito 1 e 2 (Dt)
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Estrutura literária
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Estratégia literária
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Nas microestruturas
Narrativa central
Material Poético
Epílogo
Narrativa da criação
Gn 1-2 Gn 2:23 Gn 2:24
Narrativa da queda
Gn 3 Gn 3:14-19 Gn 3:20-24
Narrativa de Caim
Gn 4 Gn 4:23 Gn 4:24-26
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Nas macroestruturas
Narrativa central
Material Poético
Epílogo
Narrativa das origens
Gn1-48 Gn 49:1-27 Gn 50
Narrativas do êxodo
Ex 1-14 Gn 15:1-21 Gn 15:22
Narrativas do deserto
Nm 9-22 Nm 23-24 Nm 25
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• Implicações Em cada segmento:
1. Uma figura narrativa central (Jacó, Balaão, Moisés)
2. Reune uma audiência (imperativo: Ge 49:1; Nu 24:14; Dt 31:28)
3. E proclama (coortativo: Ge 49:1; Nu 24:14; Dt 31:28) o que acontecerá (Ge 49:1; Nu 24:14; Dt 31:29) no “fim dos dias" (Ge 49:1;' Nu 24:14; Dt 31:29).
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• Os discursos poéticos são “escatológicos”.
• A forma final do Pentateuco é uma tentativa de revelar um relacionamento inerente entre o passado e o futuro. Aquilo que acontecerá ao povo de Deus. O passado é visto como lição para o futuro.
• Os eventos passados prefiguram o futuro. Não é difícil ver que tal hemenêutica leva a uma forma de tipologia narrativa.
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A questão da autoria do Pentateuco
• Foi somente a partir do século XVIII que a autoria mosaica do pentateuco começou a ser seriamente questionada.
• O impacto do Iluminismo e o surgimento do Método histórico-crítico
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Pressuposições do Método Histórico-Crítico
1. Correlação (história como círculo fechado de causa e efeito - naturalismo).
2. Analogia (presente como a chave do passado).
3. Crítica (questionamento e dúvida)
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Hipótese Documentária (JEDP)
• Javista (950 a.C)
• Eloísta (850 a.C)
• Deuteronomista (650 a.C) – rei Josias (2Re 21-23; 2Cr 34,35)
• Priest (550 a.C)
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Fraquezas da Hipótese Documentária
1. Premissa racionalista conspira contra a pretendida objetividade do método.
2. Sempre que um texto nega alguma conclusão da hipótese se recorre a inserção ou interpolação.
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3. Os autores hebraicos são diferentes do todos os outros, sendo incapazes de usar mais de um nome para se referir a Deus ou mais de um estilo de escrita como acontece em toda literatura mundial.
4. Qualquer fonte (arqueológica ou escrita) não bíblica é automaticamente considerada histórica.
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5. O conceito que a religião de Israel é produto meramente humano e que seu desenvolvimento é evolutivo como qualquer outra (negação do monoteísmo)
6. Qualquer aparente discrepância é imediatamente atribuída a mais de uma fonte sem se levar em consideração qualquer tipo de análise de contexto (Jz 5:25-26; 4:21).
7. As repetições ou duplicações são um recurso narrativo de ênfase comum na literatura semítica (Manual de Disciplina, Keret –épico de Ugarite, Ilíada e Odisséia e Platão).
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8. Sem documentos hebraicos disponíveis para comparação a escola tem pretendido com precisão científica marcar as datas de composição de cada documento.
9. Estudiosos distantes mais de 3.400 anos esperam reconstruir o caminho de como as coisas realmente aconteceram.
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Evidências para a autoria mosaica do Pentateuco
1. O testemunho das escrituras para a autoria mosaica. a. O próprio Pentateuco (Ex 17:14;24:4;34:27;Nm 33:1-2;Dt 31:9) – Em sua Prolegomena Wellhausen pulou estes textos em sua análise do Pentateuco. b. Em outros livros do AT (Js 1:8;8:31;1Re 2:3;14:6;2Re 21:8;Ed 6:18;Ne 13:1;Dn 9:11-13;Ml 4:4) c. O Novo Testamento (Mt 19:18; Jo 5:45-46;7:19 At 3:22 (cit Dt 18:15) Rm 10:5(Lv 18:5) Mc 12:26 (Ex 3:6)
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2. Detalhes que aparecem no relato do Êxodo denotam que o autor foi testemunha ocular dos eventos (Ex 15:27;Nm 11:7-8) 3. O autor mostra familiarização com a linguagem do Egito (nomes e palavras).
4. O autor da Torah mostra uma estranheza peculiar sobre Canaã (Fauna e Flora-Ex 25:5; 36:19;Lv 11; Dt 14)
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5. A atmosfera do Êxodo através de Números é inequivocamente do deserto, não de um povo agrícola estabelecido em suas possessões ancestrais milenares. (instruções sanitárias, tabernáculo, distribuição do acampamento) 6. Particularmente no livro de Gênesis há referências a costumes arcaicos (Nuzi) que são demonstráveis ser do segundo milênio a.C, mas que não continuam no primeiro milênio (Filhos pela serva; validade da vontade final do pai-Isaque e Jacó, importância do terafim familiar para os direitos de herança).
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7. Há significativos arcaísmos (Ex: o pronome ela).
8. Há mais unidade notável de organização que perpassa o Pentateuco inteiro e que o liga como um todo progressivo.
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Pressuposições básicas para a interpretação do Pentateuco e da evidência histórica
(1) Sola Scriptura: a autoridade e unidade das Escrituras são tais que a Escritura é a norma final com respeito ao conteúdo e o método de interpretação.
(2) A Bíblia é a autoridade suprema e não está sujeita ao princípio da crítica. Os dados bíblicos são aceitos ao pé da letra e não estão sujeitos a uma norma externa para determinar confiabilidade, adequação, inteligibilidade, confiabilidade, etc (Is.66:2).
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(3) Suspensão do princípio da analogia para permitir a atividade singular de Deus assim como descrita na Escritura e no processo de formação da Escritura (2Pe.1:19-21).
(4) Suspensão do princípio da correlação para permitir a intervenção divina na história como descrita na Escritura (Heb.1).
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(5) Unidade da Escritura. Uma vez que os diversos autores foram guiados por um único autor divino, escritura pode ser comparada com Escritura para formular doutrina. (Luc.24:27; 1Cor.2:13). (6) Natureza atemporal da Escritura. Deus fala através do profeta para uma cultura específica, contudo a mensagem transcende os condicionamentos culturais como verdade eterna (Jo.10:35). (7) Os elementos divino e humano das Escrituras não podem ser separados. Bíblia = Palavra de Deus (2Tim.3:16,17).