autoria associação de medicina intensiva brasileira

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As Diretrizes Clínicas na Saúde Suplementar, iniciativa conjunta Associação Médica Brasileira e Agência Nacional de Saúde Suplementar, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente. 1 Autoria: Associação de Medicina Intensiva Brasileira Sociedade Brasileira de Infectologia Instituto Latino Americano de Sepse Elaboração Final: 31 de janeiro de 2011 Participantes: Machado FR, Assunção M, Silva E, Salomão R, Bernardo WM

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Page 1: Autoria Associação de Medicina Intensiva Brasileira

As Diretrizes Clínicas na Saúde Suplementar, iniciativa conjunta

Associação Médica Brasileira e Agência Nacional de Saúde Suplementar, tem por

objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que

auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas

neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável

pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente.

1

Autoria: Associação de Medicina Intensiva Brasileira

Sociedade Brasileira de Infectologia

Instituto Latino Americano de Sepse

Elaboração Final: 31 de janeiro de 2011

Participantes: Machado FR, Assunção M, Silva E, Salomão R,Bernardo WM

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Sepse: Ventilação Mecânica2

DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA:Apesar da estratégia de busca ter sido individualizada para cada pergunta ou grupo deperguntas, descrevemos globalmente o método de coleta de evidência: Foi utilizada abase de dados Medline (http//www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed) com os seguintes descritores:Acidosis, Respiratory, Acute respiratory distress syndrome, Adrenal Cortex Hormones,Adult respiratory distress syndrome, ARDS, Human, corticotherapy, corticoids, Glucocorticoids,Human ARDS, Hypercapnia, hypoxemic respiratory failure, Mechanical Ventilator Weaning,noninvasive mechanical ventilation, Non-Invasive Positive-Pressure Ventilations, Position,Prone, Positions, Prone, Positive-Pressure Non-Invasive Ventilations, Positive-PressureRespiration, Positive-Pressure Ventilations, Non-Invasive, Prone Positions, prone positioning,protective-ventilation strategy, protocol, Respiration, Artificial, Respiratory distress syndrome,acute, Respiratory distress syndrome, adult, Respiratory syndrome, severe acute, RespiratorWeaning, sepsis, severe sepsis, septic shock, Severe acute respiratory syndrome, SodiumBicarbonate, therapeutic use, spontaneous breathing trial, Tidal Volume, tracheal gasinsufflation, Ventilation, Non-Invasive Positive-Pressure, Ventilator Weaning, VentilatorWeaning, Mechanical, Weaning, Mechanical Ventilator, Weaning, Respirator, Weaning,Ventilator. Foram utilizados como limites: (randomized controlled trial [pt] OR controlledclinical trial [pt] OR randomized controlled trials [mh] OR random allocation [mh] ORdouble-blind method [mh] OR single-blind method [mh] OR clinical trial [pt] OR clinicaltrials [mh] OR (“clinical trial” [tw]) OR ((singl* [tw] OR doubl* [tw] OR trebl* [tw] OR tripl*[tw]) AND (mask* [tw] OR blind* [tw])) OR ( placebos [mh] OR placebo* [tw] OR random*[tw] OR research design [mh:noexp] OR follow-up studies [mh] OR prospective studies[mh] OR control* [tw] OR prospectiv* [tw] OR volunteer* [tw]) NOT (animals [mh] NOThumans [mh]). A busca gerou cerca de 608 artigos, de onde foram selecionados 89trabalhos tratando preferencialmente da população séptica.

GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA:A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência.B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência.C: Relatos de casos (estudos não controlados).D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos

ou modelos animais.

OBJETIVOS:• Definir as melhores estratégias para ventilação mecânica;• Estabelecer a importância do uso de protocolos para desmame da ventilação mecânica.

CONFLITO DE INTERESSE:Nenhum conflito de interesse declarado.

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INTRODUÇÃO

Grande parte dos pacientes sépticos evolui com disfunçãorespiratória necessitando algum grau de suporte ventilatório, querseja sob a forma de ventilação mecânica não-invasiva (VNI) ouinvasiva. A resposta inflamatória, alterando a permeabilidadecapilar, provoca extravasamento de líquido para o interstíciopulmonar, além de redução de surfactante com consequente colapsoalveolar. Esse quadro resulta em alteração da relação entre a pressãoparcial de oxigênio e a fração inspirada de oxigênio (relação PaO2/FiO2), gerando hipoxemia. Assim, pacientes sépticos evoluemfrequentemente com lesão pulmonar aguda (LPA) ou síndromede desconforto respiratório agudo (SDRA), sendo a sepse a causamais comum dessas afecções. Justifica-se, portanto, delinear asprincipais questões relacionadas à disfunção respiratória.

Cabe salientar aqui a existência de outra entidade nosológica,conhecida por lesão pulmonar induzida pela ventilação (VILI, doinglês, ventilator induced lung injury) mecânica e que tem sido objetode atenção nos estudos sobre abordagem à LPA e SDRA. Acredita-se que os mecanismos responsáveis pelo desencadeamento destetipo de lesão sejam a hiperdistensão alveolar, o barotrauma ou omovimento repetido de abertura e fechamento das unidadesalveolares durante o ciclo respiratório. Seguindo esta linha deraciocínio, foi proposta, na década passada, a chamada estratégiaprotetora de ventilação pulmonar, que prioriza a utilização de baixosvolumes correntes e baixas pressões inspiratórias, associadas àpressão expiratória final positiva e a menor fração inspirada deoxigênio que possibilite oxigenação adequada.

1. O USO DE VNI NO TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA

RESPIRATÓRIA AGUDA EM PACIENTES COM SEPSE GRAVE TEM

IMPLICAÇÃO EM MORBIMORTALIDADE?

Apesar do seu uso estar hoje bastante difundido, a evidênciasugere que a VNI é eficaz apenas em seletos grupos de pacientes,a saber, evitar intubação ou facilitar a desintubação em pacientescom doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), edema agudode pulmão cardiogênico (EAP) e em pacientes imunossuprimidos.Nas duas primeiras situações, usualmente, rápida recuperação é

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obtida, enquanto nos imunossuprimidos existepotencial benefício em termos de redução dorisco de infecção associado à intubação.

Não há estudos sobre o uso de VNIespecificamente na população séptica. Algunsestudos incluem pacientes infectados ousépticos, entretanto, sem análise como grupoem separado. Assim, os dados abaixoapresentados derivam de estudos em pacientescom insuficiência respiratória hipoxêmica(IRH). Essa população é heterogênea e incluipacientes com pneumonia, LPA e SDRA,situações muitas vezes relacionadas à sepse.Nessa população, o uso de VNI é ainda bastantecontroverso, principalmente por não se esperaruma rápida recuperação, contrastando, portanto,com a ação rápida vista no EAP. Um estudomostrou claramente a diferença existente entrepacientes com edema agudo de pulmão e aquelescom pneumonia, com claro benefício noprimeiro grupo e ausência de resposta nosegundo1(B).

O objetivo da VNI na IRH seria evitar aintubação desses pacientes, propiciando assima redução do risco de pneumonia, utilização desedativos e tempo de internação. Entretanto,na LPA/SDRA secundária a sepse, protelar umaintubação pode ser deletério, inclusive comaumento de mortalidade2(B). Nesses pacientes,a oferta tecidual de oxigênio está comprometidae o desvio de sangue para a musculaturarespiratória pode ter consequências em termosde desvio desse oxigênio e piora da disfunçãoorgânica. Além disso, o paciente pode vir a serintubado numa situação de emergência, tambémpotencialmente deletéria.

Os estudos em pacientes com insuficiênciarespiratória aguda hipoxêmica mostram

resultados conflitantes. No subgrupo de pacientesimunocomprometidos com IRH, a VNI pareceestar associada a melhor prognóstico3,4(A)5-7(B),possivelmente associado à diminuição do riscode pneumonia associada à ventilação mecânica,já citada anteriormente. Já, em pacientes semimunossupressão, a questão é mais controversa.Alguns estudos apontam para benefícios apenasem pacientes com IHA superposta ao quadro deDPOC8,9(A). Outros demonstram que, além denão haver benefícios em termos da redução dataxa de entubação, sua utilização foi associada aaumento de eventos adversos, inclusive paradacardiorrespiratória10,11(A)2,12-14(B). Entretanto,outros estudos demonstraram sucesso dessaestratégia, com redução da taxa deintubação3,15-18(A)19(B).

Alguns estudos avaliaram possíveis fatorespreditivos de falha da VNI e mostraram quepacientes com SDRA instalada20(B),pneumonia grave20(B), idade acima de 40anos20(B), acidose metabólica21(B),choque21(B), ou persistência de relação PaO2/FiO2 baixas após 1 hora de tratamento20-22(B)têm maior probabilidade de insucesso. Um dosprimeiros estudos publicados, embora de caráterobservacional, já sugeria como condição para ouso de VNI na IRH a estabilidadehemodinâmica e a capacidade de reversão dainsuficiência respiratória em 48 a 72 horas23(B).

A questão parece estar na capacidade deprever quais são as variáveis que caracterizamum respondedor, pois da mesma forma que osucesso leva à redução de tempo de internação emortalidade, a falha está associada a aumentodessa mortalidade2(B). Esse raciocínio implicaem testar a VNI nesses pacientes, mas estarsempre atento aos sinais de insucesso e, nessescasos, não protelar a intubação. Assim, com base

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Sepse: Ventilação Mecânica 5

nas atuais evidências, sugere-se restringir o usode VNI em pacientes com sepse grave apenasàqueles grupos onde claramente se temevidências de seu benefício, a saber, pacientesimunossuprimidos e com DPOC. Nos demaispacientes, ela pode ser tentada em subgruposseletos, de menor gravidade, ou seja, aqueles semos critérios citados acima. Em todos ospacientes, sua utilização deve ser reavaliada em1 a 2 horas e, na ausência de sinais deestabilização respiratória, deve-se optar pelaintubação orotraqueal.

RecomendaçãoEm pacientes sépticos, o uso da VNI deve

ser restrito aqueles com menor gravidade, comreavaliação em 1 a 2 horas e intubação precoce,principalmente naqueles com sinais de reduçãoda oferta tecidual de oxigênio.

2. A UTILIZAÇÃO DE POSIÇÃO PRONA É BENÉFICA

NESSES PACIENTES EM TERMOS DE MELHORA

DA OXIGENAÇÃO ARTERIAL OU DA REDUÇÃO

DE LESÃO PULMONAR INDUZIDA PELA

VENTILAÇÃO MECÂNICA?

A posição prona vem sendo utilizada hádécadas em diversas unidades de terapiaintensiva. Por um lado, parece ser uma estratégiaadequada de recrutamento de unidadesalveolares, melhorando a relação PaO2/FiO2 semos malefícios potenciais da hiperdistensãoalveolar que ocorre durante o recrutamento compressão expiratória final positiva (PEEP)24(C).Por outro lado, não está claro seu benefício emtermos de redução da incidência de pneumonia,do tempo de ventilação mecânica, internaçãona UTI e mortalidade. A melhora da oxigenaçãotecidual não parece ser fator determinante demortalidade nesses pacientes, pois a principalcausa de óbito é a disfunção múltipla de órgãos.

Assim, seria mais provável hipotetizar que aposição prona pudesse reduzir a VILI e assim,modificar efetivamente a mortalidade dessapopulação.

Os pacientes sépticos constituem umsubgrupo dos pacientes com SDRA/LPAparticularmente propensos a sofrerem alteraçõeshemodinâmicas com a utilização de níveiselevados de PEEP, secundárias à diminuição doretorno venoso e comprometimento dacontratilidade cardíaca. A posição prona tenderiaa ser uma forma mais fisiológica de otimizar aoxigenação, pois não cursa com instabilidadehemodinâmica25(A). Entretanto, não há estudosespecíficos em pacientes instáveis hemodina-micamente e nem no subgrupo de pacientessépticos, ou seja, com grande potencial deredução da oferta tecidual de oxigênio.

A maioria dos estudos analisa umapopulação heterogênea de pacientes com SDRA/LPA de múltiplas causas, com ou semestabilidade hemodinâmica. Além disso, aanálise desses estudos fica muito prejudicada,pois o tempo de evolução da SDRA no momentoda inclusão no estudo é muito variável, bemcomo o tempo de permanência em prona (6 a20 horas). Existe também dificuldade no sentidode incluir pacientes e muitos estudos foramfinalizados antes do término da inclusãoplanejada. Nessa análise, não foramconsiderados relatos de caso ou série de casos,estudos aleatorizados avaliando populaçõesespecíficas de SDRA26-29(A) ou aqueles em queo grupo controle era submetido a outrasestratégias de melhora da oxigenação30,31(A).

Os artigos selecionados apontam nosentido do benefício da posição prona nessa

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população global no tocante à melhora daoxigenação32-35(A). Os resultados em relaçãoà redução da incidência de pneumonia sãoconflitantes; tendo essa redução sidodemonstrada por alguns autores de formasignificativa ou sem nenhuma diferença emrelação ao grupo controle32-35(A). Outrosendpoints como tempo de internação na UTIou tempo de ventilação mecânica também nãoforam significativamente diferentes33,34(A). Jáno tocante à mortalidade, apenas um estudodemonstrou redução num subgrupo depacientes mais graves, com índice SAPSmaior que 5032(A). Nos demais, não houvenenhuma sinalização no sentido de redução32-

35(A), mesmo considerando os estudos empopulações específicas26-31(A).

Alguns desses estudos foram incluídos emquatro meta-análises recentemente publicadassobre esse tema e em nenhuma delas foi possíveldemonstrar redução de mortalidade36-39(A).Numa análise de subgrupos, considerandoapenas dois dos estudos incluídos32,34(A), houveredução significativa naqueles pacientes com déficitmais graves de oxigenação35(A). Todas apontaramsignificativa melhora na oxigenação. Houveredução significativa da incidência depneumonia39(A) ou tendência a essa redução38(A).Já, em relação ao tempo de internação na UTI etempo de ventilação mecânica, nenhuma apontouresultados significativos.

A posição prona não é isenta decomplicações. Podem ocorrer deslocamentos decateteres e sondas, inclusive desintubaçãoacidental com parada cardiorrespiratória, alémde edema, hemorragia conjuntival e úlceras depressão. Os estudos não apontaram paradiferenças significativas em termos de eventosadversos, com exceção do aumento da incidência

de úlcera de pressão32,33,37,39(A), mas o númerode pacientes pode não ter sido suficiente paraesse tipo de avaliação.

RecomendaçãoA posição prona deve ser considerada nos

pacientes sépticos que evoluem com SDRA,com o objetivo de otimizar a oxigenação e tentarusar parâmetros ventilatórios menos agressivos.Não há indícios que essa posição deva ser usadacom o objetivo de reduzir complicações oumortalidade nesses pacientes.

3. A UTILIZAÇÃO DE PROTOCOLOS PRÉ-ESTABELECIDOS DE RETIRADA DA VENTILAÇÃO

MECÂNICA TEM IMPACTO NA MORBIDADE E

MORTALIDADE DE PACIENTES SÉPTICOS? OTESTE DE VENTILAÇÃO ESPONTÂNEA DEVE SER

REALIZADO EM TODOS OS PACIENTES SÉPTICOS

COM CRITÉRIOS PARA DESCONTINUAÇÃO DE

VENTILAÇÃO MECÂNICA?

A ventilação mecânica está associada aaumento da incidência de pneumonia, dotempo de internação e da mortalidade empacientes críticos. Por isso, é de grandeimportância sua retirada precoce visando àredução dos eventos adversos a ela associados.Especificamente na população séptica, issopode ser um desafio, pois muitos pacientesevoluem com polineuropatia com consequentefraqueza muscular, dificultando a obtenção deautonomia respiratória quando comparados auma população geral de terapia intensiva40(B).

Embora não existam estudos específicos coma população de pacientes sépticos, diversos ensaiosdemonstraram que a utilização de um protocolopré-estabelecido para retirada da ventilaçãomecânica reduz o tempo de ventilação

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mecânica41(A)42-45(B), tempo de internação naUTI43,45(B), incidência de pneumonia44(B) ecustos42(B), sem diferença nas taxas dereintubação41(A)43(B). Como braço comparativo,esses estudos utilizaram a prática diária da UTI,onde a indicação de desmame e desintubação ficama critério do médico e isso, muitas vezes, leva adecisões baseadas em preferências individuais e nãona evidência atualmente disponível. Apenas umestudo não demonstrou superioridade do desmamedirigido por protocolos quando comparados como grupo conduzido pelos médicos do serviço46(A).Entretanto, eles ressaltam que esse resultado foiobtido por se tratar de um grupo numericamentegrande de médicos em uma UTI com alto grau deestruturação e sistematização. É possível que essesmédicos, trabalhando como um time único, naverdade estejam colocando em prática uma rotinajá estabelecida, ou seja, um protocolo. Faz partedos protocolos instituídos a triagem diária depacientes procurando preencher critérios pré-definidos para a realização da tentativa de respiraçãoespontânea (TRE). Essa abordagem mostrou seradequada em termos de redução do tempo de VMe dos custos associados47(A).

Com relação à primeira tentativa de retiradade ventilação mecânica, os estudos mostram que70% dos pacientes submetidos a um TRE obtêmsucesso já na primeira tentativa, tanto com tuboT quanto com redução abrupta da pressão desuporte48(A). O primeiro estudo a demonstraras vantagens de tentativas abruptas de desmameem relação à redução do tempo de ventilaçãomecânica data de 199549(A). Esses mesmosautores demonstraram que o tempo necessáriode teste poderia ser reduzido de 2 horas para 30minutos50(A), dados confirmados posterior-mente por outros autores51(A). A associação doTRE com a interrupção diária da sedação(abordada na diretriz sobre sedação) mostrou ser

superior ao TRE feito de modo isolado, comredução do tempo de ventilação mecânica, tempode internação na UTI e no hospital e damortalidade com um número necessário paratratar de 752(A).

RecomendaçãoOs pacientes sépticos em VM devem ser

submetidos diariamente à avaliação dapossibilidade de retirada da mesma. Todas asunidades devem ter protocolos próprios, queincluam a triagem diária e o teste de respiraçãoespontânea por 30 minutos em tubo T ouredução abrupta de pressão de suporte.

4. A UTILIZAÇÃO DE CORTICOIDES EM PACIENTES

COM SDRA TEM IMPLICAÇÃO NO

PROGNÓSTICO?

O uso de corticoides no tratamento da SDRAvem sendo objeto de debate há longo tempo. Emestudos iniciais, a utilização de doses elevadas demetilprednisolona (120 mg/kg de peso) em umúnico dia resultou em aumento demortalidade53,54(A). Estudos mais recentes,apoiados em novos conhecimentos fisiopato-lógicos, passaram a utilizar doses menores e portempo mais prolongado. A maior parte dosestudos em SDRA utilizou metilprednisolona,pelo seu maior efeito anti-inflamatório, objetivobásico do uso de corticoides na SDRA. Oracional para sua utilização seria a redução daresposta inflamatória, com consequente reduçãoda fase fibroproliferativa. Um dos componentesdessa resposta inflamatória exacerbada é aresistência periférica dos receptores deglicocorticoides. Assim, a utilização de dosesintermediárias por tempo prolongado poderia serbenéfica nessa população, pois a respostainflamatória é de longa duração, diferindo dofugaz efeito visto em termos hemodinâmicos no

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caso da utilização de corticoides no tratamentodo choque séptico.

A maioria dos estudos analisou pacientes comSDRA de etiologias variadas. Apenas um estudoincluiu somente pacientes com choque séptico eSDRA, na verdade, em uma análise retrospectivade estudo com baixas doses de corticoide paratratamento do choque55(B). Nesse estudo, obenefício em termos de redução de tempo deventilação mecânica e de mortalidade pareceu serestringir ao grupo de pacientes respondedores aoteste de cortrosina. É possível que esse seja ummarcador de pacientes com maior resistência dosreceptores de glicocorticoides induzida pormediadores inflamatórios. Entretanto, acaracterística retrospectiva do estudo não permiteconclusões seguras sobre a utilização decorticoterapia em pacientes com sepse e SDRA.Outro estudo, incluindo somente pacientes sépticoscom pneumonia grave, mostrou melhora da relaçãoPaO2/FiO2, da disfunção orgânica, tempo deinternação na UTI e mortalidade. Embora nãotenha mostrado aumento de eventos adversos, onúmero de pacientes analisados foi pequeno56(B).

Por essa razão, outros estudos não focados napopulação séptica serão aqui abordados. Há certadificuldade na comparação entre os estudos pelavariabilidade entre eles no tocante ao tempo evolutivoda SDRA, precoce, ou seja, com menos de 72 horasde instalação57(A) ou tardia, ou seja, entre o 7º e o28º dia58(A). Variação também ocorre no tocanteàs doses utilizadas como 1 mg/kg/dia57(A) ou 2 mg/kg/dia58(A), sem levar em consideração os estudosmais antigos com doses elevadas de 120 mg/kg53,54(A). Alguns estudos contaram com pequenonúmero de pacientes59(A)60(B) ou foramretrospectivos61,62(B). Embora tenham demonstradoresultados positivos, eles podem ser questionados,pois os estudos não tinham casuística adequada.

Apesar dessa heterogeneidade, algunsbenefícios foram mostrados, como redução doescore de injúria pulmonar57(A) melhora darelação PaO2/FiO2

58(A) redução do tempo deventilação mecânica57,58(A), redução do tempode internação na UTI57,58(A) e damortalidade57(A). Por outro lado, ausência deefeito em mortalidade também já foirelatada54,58(A), inclusive no estudo com a maiorcasuística até o momento58(A), bem como claroaumento em quem iniciou a terapia após o 14ºdia de SDRA58,59(A).

Três meta-análises já foram publicadas comresultados conflitantes63-65(A). Na primeira, nãose mostrou benefício independente da característicada SDRA, se precoce ou tardia63(A). Na segunda,os autores julgam ainda não ser possível responderà questão, embora os resultados apontem parabenefício em termos de redução de mortalidade etempo de ventilação mecânica64(A). É de se notarque os autores chegaram a essas conclusões semincluir na análise o estudo de maior casuística eque não mostrou benefícios58(A). Já a terceirameta-análise, mais recentemente publicada eincluindo o estudo acima referido, concluiu haverbenefício em termos de redução de morta-lidade65(A). Esse resultado, antagônico às duas jámencionadas, baseou-se em muito no benefíciomostrado em dois estudos, um deles usandohidrocortisona em pacientes com pneumonia56(B)e outro com apenas 20 pacientes em pós-operatóriode cirurgia torácica60(B).

Uma das restrições feitas ao uso decorticoides são os diversos eventos adversosa e l e s re lac ionados . No contexto dotratamento da sepse, o mais temerário seriaa imunossupressão, com risco de piora do

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quadro infeccioso. Os estudos com pacientesem SDRA não mostraram aumento daincidência de infecção57,58(A), tendo inclusivehavido redução de complicações infecciosaspossivelmente relacionada a menor per-manência do paciente em venti laçãomecânica57,58(A).

Outros eventos adversos seriam san-gramento do t ra to gas t ro intes t ina l ,hipertensão e hiperglicemia. Os estudos nãomostraram diferença na incidência dessascomplicações, mas o número de pacientes ésempre pequeno para esse tipo de análise.Entretanto, aumento na incidência depo l ineuropat ia ou miopat ias fo irelatado58(A).

RecomendaçãoMetilprednisolona não deve ser utilizada de

rotina em pacientes com pneumonia grave, lesãopulmonar aguda ou síndrome de desconfortorespiratório agudo. Em casos selecionados, demaior gravidade, pode ser utilizado a partir dasegunda semana de evolução da doença, na dosede 2 mg/kg/dia divididos em quatro doses por14 dias, depois 1 mg/kg/dia em duas doses porsete dias, com retirada progressiva. Não se deveusar essa medicação após 14 dias de evoluçãoda doença, sob risco de aumento de mortalidade.

5. A UTILIZAÇÃO DE ESTRATÉGIA PROTETORA

(VC=6 ML/KG E PRESSÃO DE PLATÔ <30CMH2O) TEM IMPACTO NO PROGNÓSTICO DE

PACIENTES COM LESÃO PULMONAR AGUDA

OU SÍNDROME DE DESCONFORTO

RESPIRATÓRIO AGUDO? PACIENTES COM

MELHOR COMPLACÊNCIA PODEM USAR VOLU-MES CORRENTES ACIMA DE 6 ML/KG DESDE

QUE A PRESSÃO DE PLATÔ SITUE-SE ABAIXO

DE 30 CMH2O?

A lesão pulmonar aguda e sua forma maisgrave, a SDRA, frequentemente acompanha osquadros de sepse grave. Se por um lado a instituiçãode ventilação artificial faz parte do tratamento desuporte, ela, por si só, pode ser lesiva aos pulmõese desencadear VILI. Esta lesão pode ocorrerquando as unidades alveolares são hiperdis-tendidas, seja pelo alto volume corrente aplicadoou pela alta pressão alveolar (platô), e pelomecanismo da força de cisalhamento de abrir efechar as unidades alveolares.

Para prevenção desta complicação, cincoensaios clínicos estudaram a utilização deestratégia protetora de ventilação mecânica, pelouso de baixos volumes correntes, limitação dapressão de platô e utilização de PEEP paramanter alvéolos abertos66-70(A). Três destes 5estudos não demonstraram diminuição damortalidade ao utilizar baixos volumes correntese limitar a pressão de platô em valores inferioresa 30 cmH2O

68-70(A). Em todos, a mortalidadefoi maior no grupo ventilado com baixosvolumes, embora sem significância estatística.Isso pode ser consequência de eventos adversosassociados aos baixos volumes, como porexemplo, a hipercapnia.

Já outros dois estudos mostraram benefíciocom o uso de baixos volumes correntes. Numdeles, o estudo brasileiro, o número depacientes analisados era pequeno, tratando-sede centro único67(A). O outro estudo, o maiorjá publicado com o intuito de responder a essaquestão, conhecido como ARDSnet, englobou861 pacientes66(A). Em ambos, o grupocontrole foi ventilado com volume correntemédio bastante elevado (11,7 e 11,9 ml/kg).Assim, parece haver evidência clara de que aventilação com 6 ml/kg de peso é benéfica em

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termos de redução de mortalidade quandocomparado à ventilação com 10 a 12 ml/kg.Entretanto, esses estudos não foramdesenhados para responder se o uso de 6 ml/kgpeso seria benéfico em relação a 8 ou mesmo10 ml/kg. Vale ressaltar que o volume correntedeve ser calculado com base no peso preditopela altura, segundo as fórmulas abaixo.

Cálculo do peso predito pela estatura:

• Gênero masculino: 50 + 0,91(altura emcm – 152,4);

• Gênero feminino: 45,5 + 0,91(altura emcm – 152,4).

Numa abordagem interessante em umameta-análise, os autores analisaram essaquestão71(A). Verificaram que, nos três estudossem demonstração de benefício, a média dapressão de platô no grupo controle foi muitobaixa (28 a 32 cmH2O) ao contrário daspressões de platô no grupo controle dos estudosque mostraram benefício (34 a 37 cmH2O).Essa pressão de platô foi consequência diretado alto volume corrente utilizado nos últimos.Eles argumentam que o benefício encontradonesses últimos estudos pode ser secundário aventilação inadequada do grupo controle e que,quando a pressão de platô está controlada emníveis baixos, não se pode perceber benefício emtermos de redução de volume corrente. Inclusive,parece haver maior risco de óbito nos estudossem benefício, decorrente, eventualmente, dosmalefícios da ventilação com baixos volumes,como, por exemplo, hipercapnia permissiva. Issoseria indício de que o mecanismo responsávelpela redução de mortalidade seria a limitaçãoda pressão de platô e não necessariamente alimitação do volume corrente.

Em contrapartida, outro estudo, analisandoos mesmos cinco artigos já mencionados, sugeriuque não é possível definir um nível de pressãode platô seguro72(D). Esses autores mostraram,por meio de uma análise multivariada, que asobrevida estava diretamente relacionada amenores níveis de pressão de platô de formaindependente do volume corrente utilizado.Outros autores falharam em demonstrar relaçãoentre baixas pressões inspiratórias e volumecorrente com mortalidade73(B).

Assim, percebe-se que a questão da limitaçãoda pressão de platô, mesmo em pacientes commelhor complacência, ainda é controversa.Dessa forma, volume corrente maior que 6 ml/Kg de peso predito pela estatura pode serutilizado quando houver necessidade. Isso podeser guiado, por exemplo, pela presença dehipercapnia ou acidemia em níveis que possamser prejudiciais ao paciente.

RecomendaçãoPacientes sépticos que apresentem lesão

pulmonar aguda ou síndrome de desconfortorespiratório agudo devem ser ventilados comestratégia protetora, ou seja, volume correntede 6 ml/kg de peso predito pela altura elimitação de pressão de platô em 30 cmH2O.Para se evitar os potenciais malefícios dahipercapnia permissiva decorrente dessaestratégia, aqueles pacientes que tiverammelhor complacência pulmonar podem serventilados com 8 ml/kg desde que a pressão deplatô não ultrapasse 30 cmH2O.

6. A UTILIZAÇÃO DE PEEP É BENÉFICA NESSES

PACIENTES EM TERMOS DE MELHORA DA

OXIGENAÇÃO ARTERIAL OU DA REDUÇÃO DE

LESÃO PULMONAR INDUZIDA PELA

VENTILAÇÃO MECÂNICA?

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Sepse: Ventilação Mecânica 11

O uso de PEEP tem como objetivo evitar alesão alveolar causada pelo movimento de abrire fechar repetidamente as unidades alveolaresdurante o ciclo respiratório em pacientessubmetidos à ventilação mecânica invasiva,mantendo-os abertos durante a expiração. Autilização da PEEP, além do possível papel naredução de VILI, tem também o objetivo demelhorar as trocas gasosas e permitir reduçãoda fração inspirada de oxigênio, evitando-seassim sua possível toxicidade. Entretanto, autilização de níveis elevados de PEEP pode levara hiperdistensão das áreas sadias, com con-sequente lesão dessas áreas. Assim, a tentativade se reduzir a ocorrência de VILI pode, naverdade, levar a sua piora. Nesse sentido, existehoje grande controvérsia na literatura acerca dareal efetividade e segurança da utilização deníveis elevados de PEEP, com consequentemelhora da oxigenação e seus efeitos deletériosno tocante à depressão cardiovascular e aoaumento das pressões inspiratórias. Além disso,a melhor forma de definição da PEEP idealtambém não está clara.

Diversos estudos procuraram identificarinfluência do uso de PEEP na redução damortalidade. A utilização precoce de PEEPna evolução da SDRA teve resultadosconflitantes no passado74,75(A). Utilizavam-se, à época, níveis de PEEP hojeconsiderados baixos: 5 a 8 cmH2O. Variaçõesapenas de volume corrente, com níveis dePEEP semelhantes, não evidenciaram dife-renças entre os grupos, seja nos níveis deoxigenação ou na mortalidade precoce76(A).

Um importante trabalho foi realizado noBrasil e demonstrou, numa análise multivariadacom um pequeno número de pacientes, que níveis

mais elevados de PEEP estavam relacionados amelhor sobrevida66(A). Nesse estudo, a estratégiaventilatória do grupo controle baseava-se nautilização de altos volumes correntes (VC) e ouso de PEEP mais alta esteve associado àutilização de volumes correntes mais baixos.Assim, não fica claro se os níveis de PEEP teriamo mesmo papel em pacientes ventilados comestratégia protetora, ou seja, baixos volumescorrentes e redução da pressão de platô (PP).Resultado semelhante foi encontrado por outrosautores77(A).

Nesse intuito, outros estudos analisaram aquestão e não confirmaram o achado. Con-duziram estudo aleatorizado e controlado envol-vendo 549 pacientes com SDRA nos EstadosUnidos ventilados dentro da estratégia protetora(VC=6ml/kg e PP<30 cmH2O)78(A). O estudoALVEOLI teve por objetivo analisar exclu-sivamente a influência de altos níveis de PEEP– fixando-se o mesmo volume corrente paraambos os grupos. Não foram observadasdiferenças, tanto em complicações sistêmicas,ocorrência de barotrauma, sucesso de desmameou mortalidade prévia à alta hospitalar.Entretanto, os níveis de PEEP eram definidosde forma aleatória, de acordo com a FiO2necessária ao paciente e não baseando-se nacomplacência pulmonar como advogavam Amatoet al. Assim, argumenta-se que alguns pacientespossam ter utilizado PEEP muito elevada oumuito baixa em relação a sua real complacênciapulmonar.

Posteriormente, outros dois estudos não de-monstraram benefício significativo com a utilizaçãode PEEP elevada. O estudo LOVS, desenhadopara comparar dois grupos de pacientes ventiladoscom diferentes níveis de PEEP, não mostrou

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redução de mortalidade com a utilização de PEEPmais elevada (36,4% e 40,4% nos grupos PEEPalto e controle, respectivamente)79(A). Vale ressaltarque, como ambos os grupos eram ventilados comvolume corrente de 6 ml/kg, os níveis resultantesde pressão de platô foram maiores no grupointervenção (30,2 e 24,9 no primeiro dia,p<0,001). A forma de ajuste de PEEP foi,novamente, baseada em necessidade de FiO2. Damesma forma, o estudo XPRESS randomizou 767pacientes com SDRA para dois níveis diferentes dePEEP também ajustada segundo a FiO2

80(A). Nãohouve redução de mortalidade, embora o grupo dePEEP alta tenha tido redução do número de diaslivres de ventilação e melhora da oxigenação.

Mais recentemente, uma meta-análise analisouos estudos anteriormente citados81(A). Foidemonstrada significativa redução de mortalidadequando todos os cinco estudos foram analisados.Ao se excluir os dois estudos onde o volume correntevariou entre os grupos de PEEP alta e baixa, foiencontrada redução de mortalidade da ordem de3,6%, sem significância estatística. Entretanto, valedizer que, em todos os três estudos, a mortalidadefoi menor no grupo PEEP alta.

Assim, o tema continua controverso, emboraas evidências apontem hoje para benefício emtermos de melhora de oxigenação, mas não deredução significativa ou clinicamente relevanteda mortalidade.

RecomendaçãoHavendo diagnóstico de SDRA no paciente

séptico está indicado o emprego de PEEPdurante a ventilação mecânica invasiva comintuito de melhorar os índices de oxigenação.O uso de níveis elevados de PEEP com o intuitode prevenir lesão pulmonar induzida pelaventilação mecânica não está recomendado.

7. O BICARBONATO DE SÓDIO DEVE SER

EMPREGADO PARA CONTROLE DA ACIDOSE

NOS PACIENTES QUE DESENVOLVEM

HIPERCAPNIA COMO CONSEQUÊNCIA DA

“ESTRATÉGIA PROTETORA” DE VENTILAÇÃO?A INSUFLAÇÃO DE GÁS TRAQUEAL DEVE SER

EMPREGADA PARA CONTROLE DA HIPERCAPNIA

NOS PACIENTES SUBMETIDOS À “ESTRATÉGIA

PROTETORA” DE VENTILAÇÃO?

A acidose respiratória, frequentemente geradapela estratégia protetora de ventilação pulmonar,é inóqua na maioria dos casos. Por outro lado, aacidemia dela decorrente pode agravar certascondições patológicas, como hipertensão intra-craniana, hipertensão pulmonar e limitação dareserva cardíaca82(D). Estudos experimentaisobservaram a manutenção dos níveis normais defluxo sanguíneo regional quando o pH era mantidoconstante durante hipercapnia permissiva83(D).Para estes pacientes de maior risco, alguns advogamo uso de bicarbonato de sódio como tampão daacidose e/ou a insuflação de gás traqueal - TGI -para redução da PaCO2.

A literatura a respeito de ambas as técnicas éescassa. Os trabalhos recuperados são de naturezaexperimental, possuem amostragem pequena oulimitam-se a relatos de caso.

A reposição de bicarbonato de sódio é apontadacomo inadequada, pois se por um lado promovediscreta elevação no pH arterial, por outro, deter-mina uma considerável elevação na PaCO2, já queo mecanismo de eliminação de CO2 estácomprometido. Isto faz com que haja uma piorada acidose intracelular, pois as membranas celularessão muito mais permeáveis ao CO2 que ao HCO3.O tampão inerte THAM (tris-hidroximetil amino-metano) seria melhor indicado84,85(D).

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O princípio da insuflação de gás traquealconsiste em “lavar” o espaço morto anatômicopor meio de fluxo adicional de gás fresco. Estainsuflação pode ser efetuada durante todo ciclorespiratório ou apenas durante a faseexpiratória. O fluxo pode ser reverso – quandodirecionado para a boca – ou direto – quandodirecionado diretamente para a carina. Umacomplicação potencial desta técnica é oaumento do volume pulmonar ao final daexpiração, podendo acarretar elevação daspressões de vias aéreas (Ppico, Pplat e Pm),bem como hiperinsuflação dinâmica86(C).

Em pequenas séries de casos, a TGI mostrou-se eficaz na redução da PaCO2, elevação do pH eda PaO2, porém com redução no índicecardíaco87(C). A hiperinsuflação pulmonar pareceser reduzida quando a TGI é administrada nos60% finais da fase expiratória88(C).

RecomendaçãoNão há evidência para a utilização de bicar-

bonato de sódio ou insuflação de gás traquealcomo tratamento da acidose respiratória durantehipercapnia permissiva decorrente da estratégiaprotetora de ventilação pulmonar.

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