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Aos meus pais, 

 

Ao meu irmão. 

   

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

iv 

Resumo  

Baseado  na  filosofia  kaizen,  este  projecto  desenvolveu‐se  num  contexto  inovador  em  Portugal,  a implementação de um sistema global de melhoria contínua na indústria de processo. Com produção em contínuo, em que a intervenção humana é essencialmente de apoio às máquinas, a introdução da filosofia kaizen tem o potencial de contribuir para a melhoria do rendimento da fábrica. “Aumento do  Rendimento  na  Indústria  de  Processo”  é  então  parte  de  um  projecto  do  Kaizen  Institute Consulting Group na “New Glass”, empresa que pretende a liderança mundial a nível operacional, no sector do vidro. 

Tendo como objectivo o aumento da eficiência da fábrica, o projecto trata essencialmente de temas relacionados com o Total Productive Maintenance  (TPM).  Inicialmente, a abordagem à organização teve uma  índole  técnica, com bons  resultados nas  linhas piloto. Através da metodologia SMED, da inovadora Análise Diferencial  e da melhoria  focalizada de  equipamentos  (Kobetsu Kaizen),  as  três componentes básicas do Overall Equipment Effectiveness (OEE) foram abordadas. No entanto, apesar de  o  foco  estar  no  pilar  TPM,  o  projecto  seguiu  sempre  as  directrizes  basilares  do  Kaizen Management System. 

Após  terem  sido  obtidas melhorias  nas máquinas,  foi  sentida  a  necessidade  de  criar  rotinas  de melhoria  contínua  nas  pessoas  da  organização.  Envolver  os  colaboradores  na melhoria  contínua estruturada  em  fábricas de  indústria de processo  com desempenho de  classe mundial  é uma das maiores dificuldades sentidas na implementação de um projecto kaizen. A dedicação dos operadores às  tarefas do  seu dia‐a‐dia  cria barreiras naturais  à mudança. Contudo,  após o  trabalho  feito  em temas de gestão da mudança da organização e com a elaboração de um plano de  comunicação a toda  a organização, o envolvimento de  todos  começa‐se  a  fazer  sentir  e  a mudança  cultural está eminente. 

O projecto kaizen na empresa “New Glass” foi o suporte necessário para agora, com a necessidade de desenvolver vantagens competitivas e conquistar novos mercados, ter a capacidade de produzir séries mais curtas sem prejuízo da eficiência da fábrica. Com o trabalho já realizado e com o que está planeado,  a  “New Glass”  terá  todas  as  condições  para  ser  uma  referência mundial  em  eficiência operacional. 

 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

Yield Increase in the Process Industry

Abstract  

Based on kaizen philosophy, this project has been developed in an innovative framework in Portugal, the  implementation  of  a  global  system  of  continuous  improvement  in  the  process  industry. With continuous  production,  in  which  human  intervention  is  primarily  to  support  machines,  the introduction of the kaizen philosophy has the potential to help improve the yield of the plant. "Yield Increase in the Process Industry” is then part of a project of the Kaizen Institute Consulting Group in "New Glass", a company seeking global leadership at the operational level in the glass sector. 

Aimed at increasing the efficiency of the plant, the project comes mainly from issues related to Total Productive Maintenance  (TPM).  Initially,  the  approach  to  the organization had  a  technical nature, with good  results  in pilot  lines. Through  SMED methodology,  the  innovative Differential Diagnosis and  focused  equipment  improvement  (Kobetsu  Kaizen),  the  three  basic  components  of  Overall Equipment  Effectiveness  (OEE) were  addressed.  In  spite  of  being  focused  at  the  TPM  pillar,  the project has always followed the basic guidelines of Kaizen Management System. 

After having been obtained improvements in machinery, it was felt the need to establish routines for continuous  improvement  in  organization’s  people.  Involve  employees  in  structured  continuous improvement in process industry plants with world‐class performance is one of the major difficulties encountered  in implementing a kaizen project. The dedication of the operators to the tasks of their day‐to‐day  creates  barriers  to  change.  However,  after  the  work  done  on  issues  of  change management of the organization, and the drafting of a communication plan across the organization, the involvement of all begins to be noted and cultural change is imminent. 

The project kaizen  in  the company  "New Glass" was  the  support necessary  to have now, with  the need  to develop  competitive  advantages  and  attract new markets,  the  ability  to produce  shorter series without  prejudice  to  the  efficiency  of  the  plant. With  the work  already  done  and what  is planned, the "New Glass" will have all conditions to be a world reference in operational efficiency. 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

vi 

Agradecimentos  

A  todas  as  pessoas  do  Kaizen  Institute  Consulting  Group,  fundamentais  no  meu  processo  de integração  na  empresa,  em  especial  as  ligadas  a  este  projecto:  o  Eng.º  Tiago  Costa,  o  Eng.º  Luís Devesa e o Eng.º Nuno Martinho. 

Aos professores do MIEIG, que contribuíram para a minha formação académica e pessoal.  

À professora Henriqueta Nóvoa pela sua ajuda neste projecto. 

À  empresa  “New  Glass”  e  aos  seus  colaboradores,  que  me  proporcionaram  experiências enriquecedoras, pessoal e profissionalmente. 

   

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

vii 

Glossário  

5S  –  Ferramenta  que  consiste  em  cinco  passos  (triagem,  arrumação,  limpeza,  normalização  e disciplina) e se destina ao aumento da produtividade, através da organização de espaços de trabalho. Os 5S são uma ferramenta utilizada como base para a implementação de projectos kaizen para criar condições básicas de trabalho numa organização. 

Amostras – Conjunto de embalagem de vidro com um determinado defeito, utilizada para afinar as máquinas de inspecção automática nas mudanças de fabrico. 

Avulso – Paletes de produto acabado incompletas, que são aproveitadas para efectuar afinações nas máquinas de inspecção automática e nos paletizadores nas mudanças de fabrico. 

Ciclo Plan‐Do‐Check‐Act (PDCA) – Embora seja muitas vezes chamado de ciclo de Deming, este ciclo foi desenvolvido por Walter A. Shewart e é uma ferramenta fundamental nos sistemas de melhoria contínua.  As  quatro  fases  do  ciclo  são  planear,  fazer,  verificar  e  actuar.  Planear  consiste  na identificação do problema e definição dos objectivos. Fazer corresponde ao plano de acções traçado para resolver o problema, plano esse que deve ser avaliado na fase de verificação. A quarta fase é a implementação das melhorias validadas e criação de novos métodos de trabalho. 

Ciclo Standardize‐Do‐Check‐Act (SDCA) – O ciclo SDCA é uma derivação do ciclo PDCA. Enquanto o PDCA se foca na melhoria, o ciclo SDCA tem como principal objectivo a normalização do trabalho, de forma a eliminar a variabilidade dos processos e permitir a consolidação das melhorias obtidas com o ciclo PDCA. 

Fabricação – Nome corrente atribuído à Zona Quente pelas pessoas da empresa “New Glass”. 

Handling – Tipo de perdas de eficiência na Zona Quente, devido ao manuseamento das embalagens de vidro. 

Idle – Tipo de perda de eficiência na Zona Quente provocado por micro‐paragens nas máquinas de conformação. 

Indíce Médio de Mudanças (IMM) – Indicador utilizado pela empresa “New Glass” para monitorizar o rendimento nas dozes horas contadas a partir do início de uma mudança de fabrico. 

Kaizen – Palavra japonesa formada por justaposição dos termos Kai (que significa mudar) e Zen (que significa bom). O significado da palavra Kaizen é mudar para melhor, o que  introduz o conceito de melhoria contínua. 

Kaizen Diário – Actividades desenvolvidas pelos operadores de uma organização, com o objectivo de criar rotinas diárias de melhoria contínua. Esta  ferramenta está  ligada, essencialmente, à mudança cultural das organizações. 

Kanban  ‐  Sistema  de  reposição  automática  de  materiais,  com  uma  quantidade  a  encomendar calculada com base nos consumos e no tempo de resposta do fornecedor. Esta ferramenta é utilizada na  criação  de  fluxo  de materiais  e  informação  nas  organizações  e  também  pode  ser  utilizada  no âmbito dos 5S. 

Kobetsu  Kaizen  –  Ferramenta  do  pilar  Total  Productive Maintenance  que  consiste  é  um método normalizado para realizar a melhoria focalizada de equipamentos. 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

viii 

Muda – Palavra japonesa que significa desperdício. A eliminação de Muda nas organizações faz parte da  forma de actuação do KICG em qualquer projecto, pelo que está na base do modelo do Kaizen Management System. 

Reject – Perda de eficiência na Zona Quente devido a rejeição automática de embalagens por mau posicionamento durante o transporte, lubrificação dos moldes, entre outros factores. 

Setup – Termo inglês utilizado para mencionar as mudanças de fabrico. 

Zona Fria – Zona da fábrica que se destina, essencialmente, a actividades de inspecção de qualidade e  embalagem.  Esta  zona  da  fábrica  depende  da  Zona Quente,  na medida  em  que  o  único  stock intermédio existente entre ambas é o que está em transporte nas  linhas. Se a Zona Quente parar a produção, rapidamente a Zona Fria não terá produto para trabalhar. 

Zona Quente – Zona da fábrica onde se dá a moldagem das embalagens de vidro. É nesta parte da fábrica que o vidro  fundido é  transformado em embalagens. A Zona Quente é a  responsável pela marcação do ritmo da fábrica, na medida em que este está condicionado pela cadência das máquinas de conformação. 

ix 

Índice Índice de Figuras ........................................................................................................................... xi 

Índice de Tabelas .......................................................................................................................... xii 

1. Introdução ................................................................................................................................. 1 

1.1. Kaizen Institute Consulting Group (KICG) ................................................................................... 1 

1.2. A Empresa “New Glass” e a Indústria de Processo .................................................................... 1 

1.3. O Projecto “Aumento do Rendimento na Indústria de Processo” ............................................. 3 

1.4. Organização e Temas Abordados ............................................................................................... 4 

2. Enquadramento teórico ............................................................................................................ 5 

2.1. Modelo Kaizen Management System......................................................................................... 5 

2.1.1. Gestão da Mudança ..................................................................................................... 6 

2.1.2. Kaizen Diário ................................................................................................................ 7 

2.1.3. Princípios Kaizen .......................................................................................................... 7 

2.1.4. Normalização e Ciclos SDCA / PDCA ............................................................................ 8 

2.1.5. 5S ................................................................................................................................. 9 

2.1.6. Gestão Visual ............................................................................................................. 10 

2.1.7. Os Sete Muda ............................................................................................................. 10 

2.2. Total Productive Maintenance ................................................................................................. 11 

2.2.1. O indicador Overall Equipment Effectiveness (OEE) .................................................. 14 

2.2.2. SMED no âmbito do TPM ........................................................................................... 15 

2.2.3. Resolução Estruturada de Problemas (Kobetsu Kaizen) ............................................ 18 

2.2.4. Análise Diferencial ..................................................................................................... 20 

2.3. Síntese ...................................................................................................................................... 23 

3. Desenho e Implementação da Solução ................................................................................... 24 

3.1. SMED em Zona Fria .................................................................................................................. 24 

Aplicação da Metodologia ................................................................................................... 25 

Resultados ............................................................................................................................ 31 

3.2. Resolução Estruturada de Problemas em Zona Quente (Kobetsu Kaizen) ............................... 32 

Aplicação da Metodologia ................................................................................................... 32 

Resultados ............................................................................................................................ 36 

3.3. Análise Diferencial .................................................................................................................... 37 

Aplicação da Metodologia ................................................................................................... 38 

Resultados ............................................................................................................................ 40 

3.4. 5S e Gestão Visual .................................................................................................................... 40 

Aplicação da metodologia .................................................................................................... 41 

Resultados ............................................................................................................................ 42 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

x  

3.5. Síntese ...................................................................................................................................... 43 

4. Análise dos Resultados ............................................................................................................ 44 

4.1. Resultados do Projecto “Aumento do Rendimento na Indústria de Processo” ....................... 44 

4.2. Resultados Globais ................................................................................................................... 44 

4.3. Síntese ...................................................................................................................................... 46 

5. Conclusões e Perspectivas de Trabalhos Futuros ................................................................... 47 

Referências .................................................................................................................................. 49 

Apêndice A – SMED em Zona Fria (1) .......................................................................................... 51 

Apêndice B – SMED em Zona Fria (2) .......................................................................................... 53 

Apêndice C – SMED em Zona Fria (3) .......................................................................................... 54 

Apêndice D – Kobetsu Kaizen em Zona Quente .......................................................................... 55 

Apêndice E – Análise Diferencial ................................................................................................. 57 

Apêndice F – 5S Área de Manutenção de Máquinas .................................................................. 58 

 

   

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

xi  

Índice de Figuras Figura 1 ‐ Processo produtivo simplificado da “New Glass” ................................................................... 2 Figura 2 ‐ Processo de conformação da embalagem de vidro (fonte desconhecida) ............................. 2 Figura 3‐ Modelo do Kaizen Management System (KICG, 2009) ............................................................ 5 Figura 4 ‐ Significado da bandeira do KICG (KICG, 2009) ........................................................................ 7 Figura 5 ‐ Janela SDCA (KICG, 2009) ........................................................................................................ 8 Figura 6 ‐ O papel das normas nas organizações (KICG, 2009) ............................................................... 9 Figura 7 ‐ Muda de espera de materiais – stock (KICG, 2009) .............................................................. 11 Figura 8 ‐ Modelo TPM (KICG, 2009) ..................................................................................................... 12 Figura 9 ‐ As três componentes do OEE ................................................................................................ 14 Figura 10 ‐ Cálculo do OEE .................................................................................................................... 15 Figura 11 ‐ Etapas da Metodologia SMED – Kaizen (KICG, 2009).......................................................... 16 Figura 13 ‐ Modelo de Plano de Acção (KICG, 2009) ............................................................................. 19 Figura 12 ‐ Diagrama de Ishikawa para aplicar aos 4M's (KICG, 2009) ................................................. 19 Figura 14 ‐ As Quatro Dimensões da Análise Diferencial ...................................................................... 21 Figura 15 ‐ Modelo para preparação dos testes experimentais (KICG, 2009) ...................................... 22 Figura 16 ‐ Tempo de mudança de diversos equipamentos ................................................................. 25 Figura 17 ‐ Gráfico spaghetti da mudança de uma máquina FPX ......................................................... 26 Figura 18 ‐ Pareto do tempo de execução das tarefas .......................................................................... 28 Figura 19 ‐ Melhorias técnicas .............................................................................................................. 28 Figura 20 ‐ Plataforma de ferramentas e carro de componentes críticos ............................................ 29 Figura 21 ‐ Layout e organização do armazém de avulso ..................................................................... 29 Figura 22 ‐ Layout e organização do armazém de amostras ................................................................. 30 Figura 23 ‐ Melhorias técnicas no paletizador (A ‐ carro de extracção de cabeças, B ‐ mesa de suporte de cabeças, C ‐ aumento das portas para saída das cabeças) ................................................. 30 Figura 24 ‐ Indicador de paletização à mão .......................................................................................... 31 Figura 25 ‐ Resultado da aplicação do SMED em Zona Fria .................................................................. 32 Figura 26 ‐ Estrutura de perdas em Zona Quente ................................................................................. 32 Figura 27 ‐ Análise 5W2H para o problema de handling ...................................................................... 33 Figura 28 ‐ Diagramas de Ishikawa sobre o problema de handling ...................................................... 34 Figura 29 ‐ Alteração de uma acção correctiva ..................................................................................... 34 Figura 30 ‐ Normalização das melhorias ............................................................................................... 35 Figura 31 ‐ Comparação de rendimentos de fábrica por referência (linha piloto) ............................... 36 Figura 32 ‐ Comparação de rendimentos de fábrica por referência (linhas de multiplicação) ............ 36 Figura 33 ‐ Pareto das Perdas por Defeito ............................................................................................ 37 Figura 34 ‐ Exemplo de seda vertical e marisa ...................................................................................... 37 Figura 35 ‐ Perdas Devido a Sedas Verticais por Linha ......................................................................... 38 Figura 36 ‐ Evolução Diária da Produção de Sedas Verticais ................................................................ 39 Figura 37 ‐ Redesenho do layout da zona de reescolha ....................................................................... 41 Figura 38 ‐ Sala de Soldadura (antes e depois da triagem) ................................................................... 42 Figura 39 ‐ Nova arrumação das ferramentas de trabalho ................................................................... 42 Figura 40 ‐ Evolução do rendimento da fábrica .................................................................................... 45 Figura 41 ‐ Evolução do rendimento do forno X ................................................................................... 45 Figura 42 ‐ Evolução do IMM ................................................................................................................ 46 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

xii  

Índice de Tabelas Tabela 1 ‐ Objectivos do projecto kaizen ................................................................................................ 4 Tabela 2 ‐ Objectivos do projecto "Aumento do Rendimento na Indústria de Processo" ...................... 4 Tabela 3 ‐ Etapas da metodologia 5S .................................................................................................... 10 Tabela 4 ‐ Sucesso através do TPM ....................................................................................................... 13 Tabela 5 – Etapas do Método SMED segundo Shigeo Shingo e KICG ................................................... 17 Tabela 6 ‐ Desenho da solução para a primeira fase do projecto kaizen ............................................. 24 Tabela  7  ‐  Tarefas  externas  à mudança  das máquinas  FP  /FPX  não  contempladas  no modo operatório ............................................................................................................................................. 27 Tabela 8 ‐ Resumo das conclusões da Análise Diferencial .................................................................... 40 Tabela  9  ‐  Síntese  dos  resultados  do  projecto  "Aumento  do  Rendimento  na  Indústria  de Processo" ............................................................................................................................................... 44  

 

 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

1  

1. Introdução Ao longo deste capítulo introdutório é feita a descrição do Kaizen Institute Consulting Group (KICG), bem como das particularidades da empresa onde o projecto “Aumento do Rendimento na Indústria de  Processo”  decorreu.  Por  fim,  serão  mencionadas  algumas  características  do  projecto  e apresentados os temas abordados neste trabalho. 

Os problemas específicos da  indústria do vidro foram analisados tendo como base as metodologias desenvolvidas pelo KICG. Nesta abordagem, foram tratados temas técnicos e também o lado humano das organizações, como o trabalho em equipa e o envolvimento dos operadores. 

1.1. Kaizen Institute Consulting Group (KICG) Presente em todos os continentes e em mais de vinte países, o KICG é uma empresa marcadamente global,  criada  em  1986  pelo  Sr. Masaaki  Imai.  A  empresa  conta  com  um  escritório  em  Portugal, responsável pela actividade em  toda a Península  Ibérica e que ocupa uma posição de destaque a nível mundial. Assim, o projecto “Aumento do Rendimento na  Indústria de Processo”  foi  realizado com o suporte do Kaizen Institute Iberia (KII). 

Com  o  enorme  desenvolvimento  que  se  fez  sentir  no  Japão  após  a  II Guerra Mundial  e  após  ter ajudado  empresários  japoneses  a  aprender  as melhores  práticas  industriais  americanas, Masaaki Imai passou a organizar visitas para mostrar aos empresários ocidentais o que de melhor se fazia no Japão, com base na  filosofia de melhoria contínua. Após vários anos a organizar estas viagens e a difundir a  filosofia Kaizen por diversos países,  tanto através de palestras, como de  livros, Masaaki Imai fundou o KICG, no Japão, com o intuito de ajudar as empresas a implementar sistemas capazes de as tornar aptas a competir em mercados cada vez mais exigentes. 

A filosofia base da empresa está subjacente no seu nome, pois Kaizen é uma palavra formada pelos termos  japoneses  “Kai”,  que  significa mudar,  e  “Zen”,  que  significa  bom.  Ora,  as  duas  palavras, quando justapostas, formam o conceito Kaizen, que significa mudar para melhor. O KICG desenvolve modelos e  ferramentas que permitem  implementar  sistemas de melhoria  contínua, possibilitando aos seus clientes ter um crescimento sustentável. 

1.2. A Empresa “New Glass” e a Indústria de Processo Por motivos de confidencialidade, o nome da empresa não será divulgado, passando, a partir deste ponto, a ser designada “New Glass”. Como o nome sugere, a empresa “New Glass” actua no ramo do vidro,  mais  precisamente,  no  de  embalagens  em  vidro  destinadas  às  indústrias  alimentar  e  de bebidas. Para a implementação do projecto kaizen foi escolhida a fábrica do grupo que apresentava na  altura  uma  gestão mais  estabilizada  e  um  sistema  de  produção  fiável,  para  poder  servir  de referência a uma futura multiplicação às restantes fábricas. 

Na indústria de processo, ao contrário de outros tipos de indústria, os operadores têm muito pouco contacto  com o produto, dado que  este  circula,  tanto nas máquinas  como nos  transportadores  a elevadas  cadências. A maior parte do  trabalho das pessoas é  concentrada em  temas  relacionados com a manutenção do bom funcionamento das máquinas. 

A produção em contínuo e a  focalização em produzir o máximo possível a partir da matéria‐prima disponibilizada (variável que não depende dos operadores) condiciona toda a forma de actuação das 

 

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to na Indústria

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a 1, começa âmbito do p

” 

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esconhecida) 

te,  as  embadepois serem

a de Processo

2

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o s 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

3  

controladamente  e  submetidas  a  novo  tratamento  térmico.  Depois  deste  tratamento  ocorre  a inspecção,  que  para  esta  indústria  é  realizada  a  100%  dos  produtos,  em  três  tipos  de máquinas diferentes. Feita a inspecção e rejeitadas as garrafas defeituosas, os produtos são acondicionados em paletes,  posteriormente  plastificadas,  para  depois  serem  enviadas  para  o  armazém  de  produto acabado. 

Além do processo produtivo, a Figura 1  também evidencia uma divisão existente na  fábrica entre Zona  Quente  (ou  fabricação)  e  Zona  Fria.  Enquanto  na  Zona  Quente  se  dá  a  transformação  da matéria‐prima em embalagens de vidro, na Zona Fria não existe nenhuma transformação do produto para além do arrefecimento e do segundo tratamento térmico. Esta situação  leva a que a Zona Fria tenha a sua actividade muito condicionada pela Zona Quente, pois é nesta última que se gera toda a carga de trabalho a que a Zona Fria terá que dar vazão. 

1.3. O Projecto “Aumento do Rendimento na Indústria de Processo” O projecto “Aumento do Rendimento na  Indústria de Processo”  representa uma parte do projecto planeado pelo KII para  a  empresa  “New Glass”.  Enquanto o projecto  aqui discutido  terminou  em Junho de 2009, o  segundo  continuará até ao  final do mesmo ano. No entanto, o período em que decorreu  o  primeiro  foi  suficientemente  amplo  para  que  tivessem  sido  tratados  temas  técnicos específicos da indústria do vidro e temas de envolvimento das pessoas da organização. 

Em termos globais, o sucesso do projecto Kaizen será medido através de um indicador característico da  indústria  do  vidro  em  particular:  rendimento  de  fábrica,  cujo  cálculo  é  efectuado  através  da expressão: 

á ú

 

 

Nesta expressão, a quantidade de vidro útil é o peso das embalagens que podem ser expedidas para o  cliente  e  a  quantidade  de  vidro  utilizada  é  o  total  de matéria‐prima  debitada  pelos  fornos. O indicador rendimento de fábrica, embora não distinga as perdas, é equivalente ao Overall Equipment Effectiveness  (OEE)  da  fábrica  ou  de  uma  determinada  linha  de  produção.  Desta  forma,  neste trabalho  as  técnicas  utilizadas  para  o  aumento  do  OEE  foram  as  escolhidas  para  aumentar  o rendimento de fábrica. 

Apesar de toda a  importância atribuída ao rendimento de fábrica, a  implementação de um sistema de melhoria que consolide as melhorias implica o envolvimento de todos os colaboradores, todos os dias e em todos os lugares. A adopção dos novos hábitos criados no âmbito dos projectos kaizen só é possível se todos, desde os operadores à gestão de topo, estiverem envolvidos (Coimbra, 2009). Para isso, os princípios kaizen e o desenvolvimento das pessoas  com  recurso a  trabalho de equipa  são fundamentais. 

No tipo de  indústria em que decorreu o trabalho, a principal preocupação prende‐se com aspectos da disponibilidade das máquinas. Desta forma, a fase de preparação do projecto kaizen, anterior ao projecto  aqui  debatido,  focou‐se  na  identificação  dos  principais  factores  que  prejudicam  o rendimento de  fábrica. A  análise  feita  identificou  três  grandes  fontes de perdas de  rendimento  a atacar na  fase  inicial: mudanças de  fabrico, perdas de eficiência na  Zona Quente e ocorrência de defeitos. 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

4  

Tendo em conta  tratar‐se de um  trabalho global,  isto é, com  intervenção em  toda a área  fabril, o projecto  tem  objectivos  que  dizem  respeito  a  todo  o  processo  produtivo.  Assim,  os  objectivos delineados para o projecto Kaizen a atingir ao fim de doze meses contemplam o rendimento de toda a fábrica, o rendimento de um forno específico e também um indicador de mudanças utilizado pela empresa “New Glass”, o Índice Médio de Mudanças (IMM), que reflecte o rendimento de uma linha nas doze horas seguintes à realização de um setup. A Tabela 1 sumariza os objectivos do projecto. 

Tabela 1 ‐ Objectivos do projecto kaizen 

Rendimento da fábrica  Rendimento do Forno X  IMM 

Aumento de 1 ponto percentual face ao orçamento 

Aumento de 1 ponto percentual face ao orçamento 

Aumento de 10% face a 2008 

 

Os objectivos do projecto “Aumento do Rendimento na Indústria de Processo” são mais focalizados nas metodologias  escolhidas  para  o mesmo.  Tendo  sido  escolhidas  quatro  áreas  de  intervenção, também foram traçados quatro objectivos, que se apresentam na Tabela 2. 

Tabela 2 ‐ Objectivos do projecto "Aumento do Rendimento na Indústria de Processo" 

Mudança de Fabrico na Zona Fria 

Ineficiências na Zona Quente 

Problemas de Qualidade 

Envolvimento das pessoas 

Redução do tempo de setup em cerca de 45 

minutos para as máquinas de inspecção 

automática e 15 minutos para os paletizadores 

Redução das perdas por handling de 0,9% para 0,36% (na linha 

piloto) 

Determinação das causas raiz do defeito 

sedas verticais e preparação da 

implementação de acções de melhoria 

Aumento do envolvimento dos colaboradores da 

empresa no projecto kaizen 

 

É  importante salientar que os objectivos do projecto kaizen deverão ser atingidos no final de 2009. Desta  forma,  o  trabalho  “Aumento  do  Rendimento  na  Indústria  de  Processo”,  que  decorreu  no primeiro semestre desse ano tem como objectivo contribuir para esses resultados, mas não atingi‐los na  sua  totalidade.  Os  objectivos  deste  trabalho  foram  sendo  definidos  ao  longo  do  projecto, conforme a avaliação da situação inicial de cada um dos temas. 

1.4. Organização e Temas Abordados O  presente  relatório  está  dividido  em  seis  secções.  A  primeira  tem  como  principal  objectivo contextualizar o projecto, descrevendo sucintamente as empresas e os projectos em causa. 

A segunda secção permite  introduzir e debater os conceitos que guiaram todo o trabalho  levado a cabo, servindo de enquadramento  teórico do  trabalho e dando ênfase aos  tópicos mais relevantes para o projecto. 

Na terceira secção descreve‐se o desenho da solução a implementar e analisam‐se os problemas, as metodologias e soluções propostas e os resultados obtidos. 

Finalmente, a análise dos resultados obtidos e as conclusões ficam remetidos para as secções quatro e cinco, respectivamente. 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

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2. Enquadramento teórico Para o presente capítulo, delinearam‐se três grandes objectivos. O primeiro é introduzir os conceitos que  foram  implementados  no  projecto  “Aumento  do  Rendimento  na  Indústria  de  Processo”.  O segundo é introduzir conceitos, que embora não tenham sido as ferramentas principais do projecto, representam  a  forma de  estar e de  actuar do KICG. Por  fim, o  terceiro objectivo é  cruzar  todo o conhecimento  desenvolvido  e  disponibilizado  pelo  KICG  com  conhecimento  científico  existente, relativamente aos temas abordados. 

2.1. Modelo Kaizen Management System Todas as metodologias e conceitos aplicados pelo KICG nos seus projectos podem ser apresentados de forma condensada, num diagrama de blocos como o da Figura 3. 

 

 

A Figura 3 pode ser dividida em quatro níveis distintos. O nível superior corresponde à missão e visão da empresa. O objectivo máximo para os accionistas de uma determinada empresa, mesmo que esta tenha  um  desempenho  operacional  extraordinário,  é  obter  boas  rentabilidades.  Por  isto,  a metodologia Kaizen, não é um fim em si mesma, é uma ferramenta necessária para sustentar uma estratégia bem delineada. O conceito Quality, Cost and Delivery (QCD) representa as três principais exigências  do  mercado.  Segundo  a  figura,  para  ser  possível  entregar  produtos  /  serviços  com qualidade, a um preço competitivo e na quantidade e tempo certos, é necessário fazer um esforço para aproximar a organização de cinco pontos‐chave: existência de fluxo no processo, zero defeitos, eficácia do processo e dos colaboradores e um suporte eficaz. 

No segundo nível, estão  representados os cinco pilares do modelo,  isto é, as cinco áreas chave de actuação do KICG, que representam a sua forma de actuar. 

O pilar  Total  Flow Management  (TFM)  tem  como objectivo  criar  fluxo de  informação  e materiais dentro das organizações. Para  tal, o TFM  tem  ferramentas que actuam na  criação da estabilidade básica do sistema, no fluxo da produção, no fluxo das logísticas interna e externa e também em toda 

Figura 3‐ Modelo do KaizenManagement System (KICG, 2009) 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

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a cadeia de valor, desde o  fornecedor de matéria‐prima ao cliente  final. Esta análise da cadeia de valor  é  obtida  com  base  no mapeamento  de  todo  o  processo,  que  se  designa  por  Value  Stream Mapping. 

 O pilar Total Productive Maintenance (TPM) actua essencialmente sobre o aumento da eficiência dos equipamentos das organizações. Este pilar, por  ter especial  relevo no projecto  kaizen em  análise, será discutido com mais detalhe na secção 0. 

O pilar Total Quality Control (TQC) é o conjunto de ferramentas utilizado para abordar problemas de gestão da qualidade, entre elas, a resolução estruturada de problemas. 

O  pilar  Total  Service Management  (TSM)  é  a  aplicação  dos  conceitos  Kaizen  a  organizações  de serviços, bem como às áreas administrativas das organizações industriais. 

O  terceiro  nível  é  o  pilar  Total  Change Management  (TCM),  pilar  que  formaliza  a metodologia utilizada para introduzir o sistema de melhoria contínua nas organizações. Este pilar é transversal aos quatro do  segundo nível, pois na  implementação de qualquer um dos outros quatro é necessário incutir o espírito de mudança nas organizações. 

No último nível, estão os princípios e valores kaizen, que representam a forma de pensar e de agir de uma organização focada na melhoria contínua.  

2.1.1. Gestão da Mudança Dada  a  grande  resistência  que  as  pessoas  opõem  aos  esforços  de  mudança,  este  tema  é particularmente  sensível.  Embora  essa  resistência  seja  natural,  o  aumento  da  competição  entre empresas em tempos cada vez mais difíceis, torna a agilidade das organizações e a sua capacidade de adaptação  factores cruciais para  ter sucesso. Como diria Charles Darwin  (KICG, 2008), “Não são as espécies mais  fortes  que  sobrevivem.  Nem  sequer  as mais  inteligentes. Mas  as mais  sensíveis  à mudança”. 

A gestão da mudança é a parte organizacional do KMS,  isto é, a sua principal preocupação é como promover a mudança e como  implementar um sistema de melhoria contínua na organização. Para isso, a gestão da mudança aborda três componentes chave: 

• Trabalho  em  equipa  eficaz  –  que  promove  as  actividades  de  melhoria  em  grupos  com dimensão  variável,  conforme  as  melhorias  que  se  pretendem.  Nesta  área  podem  ser abordados temas estratégicos com a gestão de topo, realizados workshops no terreno para obter melhorias rápidas e também hábitos diários de melhoria; 

• Direcção e  controlo – que  consiste na definição do ponto de partida da organização e da situação que pretende alcançar com o esforço de melhoria. Para este  tema é  fundamental fazer  auditorias,  implementar  indicadores,  avaliar  processos  e  resultados,  coordenar  o esforço  de  mudança  (com  equipas  de  suporte)  e  promover  o  kaizen.  Uma  ferramenta bastante útil para o  controlo da performance  é o  relatório A3, que  consiste numa página dividida em quatro quadrantes e que permite controlar a evolução de projectos e também da resolução de problemas. Esta  ferramenta é um dos suportes do sistema de melhoria PDCA utilizado pela Toyota (Sobek II, et al., 2008); 

• Capacidade pessoal – que se foca no envolvimento e desenvolvimento de todas as pessoas da organização. Para  isso é  fundamental sensibilizar os diversos níveis hierárquicos para as vantagens  da  melhoria  contínua  e  também  o  treino  de  facilitadores  internos.  Estes facilitadores, que hierarquicamente são chefias  intermédias são uma peça vital na mudança cultural de uma organização, pois são os responsáveis directos pelos operadores. 

 

A  trimpreaceite

2.1.2O  kamelhmelh

A Figu

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2.1.3Em q

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Figu

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ura 4 ‐ Signific

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7

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Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

8  

Não  culpar  /  não  julgar  –  este  princípio  defende  a mudança  de  paradigma  na  abordagem  aos problemas.  Quando  ocorre  um  problema,  a  tendência  é  procurar  de  imediato  o  culpado.  Dessa forma, as pessoas sentem‐se intimidadas e escondem os problemas, para não serem prejudicadas. Se em vez de se procurar os culpados se procurar as causas do problema, as organizações enfrentarão os  problemas  com  naturalidade,  agindo  sobre  as  causas,  de  forma  a  prevenir  a  recorrência  dos mesmos. 

Sistemas  globais  –  através  da  análise  das  organizações  como  um  todo,  é  possível  optimizar  o desempenho total e não apenas da soma de todos os departamentos / divisões das mesmas. Assim, assume‐se que o desempenho de uma determinada divisão pode não  ser o melhor,  se esse  facto contribuir  para  uma  melhor  performance  de  toda  a  empresa.  Com  este  princípio  evita‐se  a departamentalização das organizações, aumentando a visibilidade em cada ponto das mesmas. 

Processos e resultados – para que seja possível obter os resultados esperados, é necessário garantir que os processos são consistentes. Contudo, o papel das pessoas não pode  ser  ignorado, pois são estas que tornam os processos consistentes. Um dos princípios da norma ISO 9001:2000, refere‐se à abordagem por processos, no âmbito da qualidade como meio para entender e  responder melhor aos  requisitos dos  clientes, para gerir melhor os  resultados e a eficácia dos processos, bem  como para fomentar a melhoria contínua (NP EN ISO 9001:2000). A análise dos resultados permite verificar a eficácia dos processos, o que cria condições para os melhorar continuamente. 

2.1.4. Normalização e Ciclos SDCA / PDCA O  princípio  base  do  conceito  de  normalização  num  projecto  de melhoria  contínua  consiste  em considerar que só existe uma melhor forma conhecida para executar uma determinada tarefa. Se um determinado operador executa uma  tarefa melhor do que  todos os outros,  torna‐se evidente que existe alguma diferença entre eles. Neste caso, é preciso criar normas e formar os operadores, para que  todos  passem  a  executar  a  dita  tarefa  da mesma  forma.  Com  isto,  a  normalização  permite eliminar a variabilidade com base no melhor método conhecido no momento. A Figura 5 esquema a janela  Standardize‐Do‐Check‐Act  (SDCA),  que  permite  perceber  rapidamente  se  existe  algum problema relativo à normalização. 

Quando encontrar um problema verificar: 

Perguntar aos responsáveis: 

“Existe alguma norma?” 

Sim  Não 

Perguntar aos operadores: “Existe alguma norma?” 

Sim  Questionar a norma  A norma está formalizada? 

Não  Formação dos operadores Os responsáveis definem as normas, aplicando SDCA 

Figura 5 ‐ Janela SDCA (KICG, 2009) 

Na existência de um problema na execução de um dado procedimento, é necessário perceber o que se passa relativamente à norma. No caso de o problema ser da norma, esta deve ser estabelecida ou redefinida. Por outro  lado, o problema pode dever‐se a  falta de comunicação. A confirmar‐se esta hipótese,  todos os operadores devem  tomar conhecimento da norma e ser  treinados, para que se reúnam as condições para a cumprir. 

No entanto, a normalização levanta um dilema, se por um lado a utilização de normas cria condições para a execução das  tarefas da melhor  forma possível, por outro pode  ser um  factor  limitador da 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

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melhoria contínua, na medida em que pode conferir demasiada rigidez ao dia‐a‐dia dos operadores (Liker, 2004). Para evitar esta burocratização, a responsabilidade pela melhoria das normas deve ser partilhada com os operadores. 

O papel das normas nas organizações pode ser explicado de forma sintética através da Figura 6. 

Numa organização que  ambicione  atingir um patamar  competitivo no que  respeita  à qualidade  é indispensável  existir  um  esforço  contínuo  de melhoria,  representado  pela  roda  da melhoria.  No entanto, são as normas que permitem a implementação das melhorias validadas e a criação de novos hábitos. Assim, o ciclo Plan‐Do‐Check‐Act (PDCA) tem que ser complementado com um outro ciclo, que o impede de voltar atrás, o ciclo SDCA. 

2.1.5. 5S O nome da  ferramenta 5S deriva dos vocábulos  japoneses  (Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke) que  designam  as  cinco  etapas  da  organização  de  um  determinado  local  de  trabalho.  Apesar  da elementaridade  dos  conceitos  que  utiliza,  esta  ferramenta  é  muito  importante,  pois  prepara  e permite a implementação de outras técnicas mais avançadas e complexas. Por exemplo, a gestão dos níveis  de  stock  de  um  determinado material  pode  ser  feita  através  de  um  sistema  de  kanban1, sistema que pode  ser  implementado na  segunda etapa da metodologia 5S. A Tabela 3 enumera e explica sucintamente cada um dos passos. 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                            

 1 Kanban é um sistema de reposição automática de materiais, com uma quantidade a encomendar calculada com base nos consumos e no tempo de resposta do fornecedor. 

Figura 6 ‐ O papel das normas nas organizações (KICG, 2009) 

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Tabela 3 ‐ Etapas da metodologia 5S 

Etapa  Descrição 

1 ‐ Triagem (Seiri)  Eliminação  de  materiais  e  equipamentos  que  não  sejam necessários, que estejam em quantidades erradas ou que devam ser enviados para um armazém central. 

2 ‐ Arrumação (Seiton)  A máxima “Um local para cada coisa, uma coisa para cada local!” define  bem  a  etapa  da  arrumação,  na  qual  se  definem  e assinalam  os  espaços  destinados  aos  diversos  materiais  e equipamentos. 

3 ‐ Limpeza (Seiso)  A limpeza serve dois grandes objectivos: (1) obrigar as pessoas a observar  as  máquinas,  levando  a  que  se  apercebam  cedo  de possíveis  anomalias;  e  (2)  elevar  a moral  das  pessoas,  ao  criar locais de trabalho mais agradáveis. 

4 ‐ Normalização (Seiketsu)  A  normalização  garante  que  as  três  etapas  anteriores  não  são esquecidas,  sendo  definidas  regras  relativamente  às  tarefas (como o quê e quando fazer) e aos responsáveis pelas mesmas. 

5 ‐ Disciplina (Shitsuke)  A  disciplina  é  a  responsabilização  das  pessoas,  para  que  seja possível manter e melhorar a organização através de três meios: formação, acções de melhoria e auditorias. 

 

Com  a  aplicação  sistemática  desta  metodologia  consegue‐se  diminuir  o  tempo  de  procura  de materiais  e  ferramentas,  evitar  quebras  de  stocks  com  uma  gestão  rápida  e  eficaz  dos mesmos, aumentar a segurança e a moral, com locais de trabalho mais agradáveis. Perante estas vantagens, é imediato concluir que uma  implementação eficaz desta metodologia, com o envolvimento de todas as  pessoas  da  organização,  conduz  ao  aumento  da  produtividade.  Assim,  ao  contrário  da  ideia generalizada de que os 5S  são um mero esforço pontual de arrumação do  local de  trabalho, esta metodologia  é  uma  forma  bastante  atractiva  a  nível  económico,  para  atingir  patamares  bastante elevados de qualidade e de produtividade (Gapp, et al., 2008). 

2.1.6. Gestão Visual A gestão visual é uma ferramenta utilizada para comunicar de forma simples e eficaz com as pessoas. Através desta técnica toda a informação necessária para o funcionamento correcto das organizações fica evidente.  Informação  relacionada com o  funcionamento de equipamentos, a performance dos trabalhadores, a disponibilidade de materiais, o trabalho conforme as normas ou com os resultados obtidos, pode estar disponível de  forma bastante  simples e  imediata a  todas as pessoas que dela necessitam. A gestão visual, embora não tenha um procedimento formalizado, deve ser aplicada aos 5M, sendo eles os elementos essenciais de qualquer organização: mão‐de‐obra, máquinas, materiais, métodos e medidas (Imai, 1986). 

2.1.7. Os Sete Muda Na  base  do modelo  KMS,  estão  os  fundamentos  kaizen,  assentes  na  eliminação  de Muda  (termo japonês,  que  significa  desperdício).  A  necessidade  de  eliminar  Muda  nas  organizações  está relacionada  com o  conceito de  valor acrescentado, que  reflecte o que o mercado está disposto a pagar, sendo tudo o resto desperdício. Para que seja facilitada a identificação dos Muda, estes estão agrupados em sete tipos. De seguida descreve‐se sucintamente cada um deles. 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

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Sobre Produção: A produção excessiva  leva ao aumento de stocks e à utilização desnecessária dos diversos recursos das organizações. 

Espera de Pessoas: Os operadores esperam enquanto as máquinas executam o  trabalho, pelo que nesse tempo de espera não acrescentam valor algum. 

Espera de Materiais (stock): O stock, além de ser desperdício, no sentido em que representa capital parado, também esconde vários tipos de problemas, como se representa na Figura 7. 

Movimentação  de  Pessoas  e  de  Materiais:  Como  os  movimentos  não  acrescentam  valor  aos produtos / serviços, representam desperdício.  

Sobre Processamento: O sobre processamento representa  todas as operações que o mercado não está disposto a pagar e que são executadas, devido a ineficiências. 

Produção de Defeitos: A produção de defeitos é um desperdício, dado que obriga a produzir mais peças do que o necessário ou a reparar os defeitos. 

2.2. Total Productive Maintenance Dada a natureza do projecto “Aumento do Rendimento na  Indústria de Processo”, o pilar do KMS descrito  na  secção  2.1.,  com mais  relevo  para  os  objectivos  traçados  é  o  pilar  Total  Productive Maintenance. Este pilar foca‐se na eficiência de equipamentos e fábricas em geral e foi desenvolvido segundo o modelo do Japan Institute of Plant Maintenance.  

Para muitas  empresas  que  começaram  a  implementar modelos  como  Just  in  Time  (JIT)  ou  Total Quality Management,  os  resultados  obtidos  nem  sempre  eram  os melhores  e  no  seguimento  da observação desta  lacuna surgiu a preocupação com a manutenção da produtividade. Por exemplo, em projectos relacionados com a criação de fluxo nas organizações é usual aplicar técnicas de TPM a equipamentos críticos, como os bottlenecks de uma determinada linha produtiva. Por outro lado, as dificuldades económicas sentidas nos anos 70  também ajudaram a acelerar o desenvolvimento do TPM, embora  só a partir dos anos 90 a  indústria ocidental  se  tenha apercebido do  real potencial deste modelo (Ireland, et al., 2001). A Figura 8 esquematiza o modelo do TPM. 

Figura 7 ‐ Muda de espera de materiais – stock (KICG, 2009) 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

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Figura 8 ‐ Modelo TPM (KICG, 2009) 

O modelo  TPM  seguido  pelo  KICG  é  formado  por  oito  pilares,  sendo  os  primeiros  cinco  os mais utilizados,  a  saber:  Kobetsu  Kaizen,  manutenção  autónoma,  manutenção  planeada,  formação  e treino e gestão antecipada. Assim, as ferramentas base do TPM são: 

• Kobetsu  Kaizen  –  ferramenta  de  resolução  estruturada  de  problemas.  Um  método normalizado que permite obter melhorias num determinado problema; 

• Manutenção autónoma – sequência de sete passos, com vista a aumentar a fiabilidade dos equipamentos,  passando  a  responsabilidade  da manutenção  quotidiana  do  equipamento para os operadores; 

• Manutenção  planeada  –  pilar  que  analisa  conceitos  como Mean  Time  Between  Failures (MTBF)  e  Mean  Time  To  Repair  (MTTR),  com  o  objectivo  de  minimizar  esforços  de manutenção imprevistos, através do aumento da fiabilidade dos equipamentos; 

• Formação  e  treino  –  através  do  diagnóstico  da  necessidade  de  conhecimento  de  cada colaborador  é  possível  delinear  planos  de  formação  e  criar matrizes  de  competências,  de forma a mitigar as falhas de competências das organizações, o que permite desdobrar mais a responsabilidade ao longo da hierarquia; 

• Gestão  antecipada  –  ferramenta  que  permite  para  novas  instalações,  equipamentos  ou produtos,  detectar  os  problemas  dos  projectos  em  fases mais  precoces  onde  o  custo  de correcção  dos  erros  é  substancialmente mais  baixo  do  que  em  fases mais  avançadas,  de forma a minimizar custos de desenvolvimento ao mesmo tempo que se aumenta a qualidade percebida pelo cliente final; 

• Qualidade  –  ferramenta  que  remete  para  o  pilar  Total Quality  Control  e  que  aumenta  a performance dos produtos ao resolver ou minimizar problemas de qualidade; 

• Segurança e Ambiente – abordagem que se foca na manutenção de  locais de trabalho com condições  necessárias  à  operação  em  segurança  por  parte  dos  colaboradores,  bem  como cumpridora das normas relativas ao meio ambiente; 

• Kaizen Office – metodologia que facilita a organização dos espaços administrativos de forma a eliminar eficiências nestes processos de  suporte das organizações,  recorrendo a  técnicas que pertencem ao pilar Total Service Management. 

De forma genérica, o TPM é utilizado para garantir a produção com elevada eficiência, preocupando‐se com a gestão da vida dos equipamentos, com o recurso ao envolvimento das pessoas, desde os operadores de produção e manutenção até à gestão de topo (McKone, et al., 1999). Nakajima, uma 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

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das personalidades mais ligadas à evolução do TPM, dava três significados à palavra Total, no âmbito da manutenção da produtividade: eficiência total, sistema de manutenção total e, relativamente às pessoas, participação total dos operadores. 

No que diz respeito aos equipamentos, o TPM visa aumentar a eficiência das máquinas, das fábricas e dos processos utilizados. Para alcançar este objectivo, actua na  redução e prevenção das perdas por avarias, micro‐paragens (perdas de velocidade em geral) e produção de defeitos. Relativamente aos operadores, o TPM tem como táctica passar a responsabilidade sobre a máquina para os níveis mais  baixos  da  hierarquia.  A manutenção  autónoma  é  exemplo  disso,  ao  tornar  o  operador  da produção  o  primeiro  responsável  pela  correcta  manutenção  quotidiana  e  funcionamento  do equipamento. Mesmo  sendo  a manutenção  uma  actividade  de  equipa,  os  primeiros  responsáveis pela mesma devem ser as pessoas que lidam diariamente com os equipamentos, os operadores. 

Embora  o modelo  do  TPM  tenha  objectivos  claros  e  ferramentas  bem  estruturadas,  os  passos  a seguir  na  sua  implementação  nem  sempre  são  fáceis  de  delinear.  Contudo,  há  pontos‐chave imprescindíveis para a obtenção do sucesso do TPM. Um destes pontos é a garantia da criação de sinergias entre as equipas de produção e de manutenção da organização. Embora o TPM necessite de abranger  todas as divisões das organizações, a estrita  relação entre produção e manutenção é vital  para  o  seu  sucesso.  Por  exemplo,  enquanto  os  operadores  da  produção  devem  garantir  o cumprimento das normas e a detecção  rápida de pequenas anomalias, as pessoas da manutenção devem ter atenção ao desenvolvimento de métodos de detecção de anomalias, à criação de novos procedimentos  para  interacção  com  os  equipamentos  e  à  reposição  das  condições  normais  de trabalho quando houver problemas (Chan, et al., 2005). Outros pontos‐chave para a implementação do modelo  TPM  são  o  desenvolvimento  de  planos  de  treino  e  formação  para  os  diversos  níveis hierárquicos,  a  comunicação da  importância  do  TPM para  a organização, o  comprometimento  da gestão de  topo, a criação de equipas multidisciplinares e a nomeação de  líderes  responsáveis pela implementação das diversas ferramentas. 

A  implementação de um modelo de manutenção da produtividade  tem  inúmeras  vantagens,  sem serem necessariamente relacionadas de forma directa com os equipamentos. A gestão da eficiência feita com o TPM é o suporte necessário para obter resultados mais estratégicos. Com isto, o TPM é um  meio  para  que  as  organizações  atinjam  uma  melhor  performance.  A  Tabela  4  resume  as vantagens do modelo TPM. 

Tabela 4 ‐ Sucesso através do TPM 

Melhoria  Vantagens 

Elevada disponibilidade das 

máquinas e equipamentos 

Diminuição de Stocks  Fluxo mais rápido Just in time com os 

clientes 

Maior fiabilidade  Menos paragens  Processos estáveis  Melhor qualidade 

Mais valor acrescentado 

Elevada eficiência dos equipamentos 

Corte de custos Melhoria dos resultados das empresas 

 

 

A taba maoptimdispoestrequanvantaproacatribuem  evantafunda

2.2.1A prátrabase pocritérde Oindicamoniequip

Este perda

          

A disque refercapaccompneces

 De foque sde paactiviperda

bela anterior ior  fiabilidadmização do donibilidade ditar  relaçõestificados,  exagens  estãoctividade  douída à manuequipas  mulagens  sejamamentais par

1. O indicadática de monalhos de melode analisar rios bem defEE, uma méador  intitultorização  dpamentos, o

rácio é comas, exemplifi

                     

ponibilidadenão  há  cargências,  entrcidade,  peqponente,  a ssidade de re

ora do cálcusejam devidaaragens, paridades  em  ga. Há mesmo

 remete novde promove desempenhodas máquinas com o mexistem  algumo:  aceitaçãoos  operadoreutenção básitidisciplinare

m  difíceis  dera consolida

dor Overall nitorização dhoria contína produtividfinidos (de Rétrica clara elado  de  Oos  resultadou até mesmo

posto por tricadas na Fig

 

e  retira ao  tega  para  a me outras peuenas  avarqualidade,  cetrabalhos. 

lo do OEE, isas a falta de ra as quais ngrupo,  que  oo quem defe

Disponi

PerdVeloc

Qual

vamente parauma maior 

o dos equipas acarreta mrcado. Alémmas  vantageo  individuaes  face  a  prca dos equipes  e  de  rese  medir  e  er os resultad

 Equipmentda performanua. Contudodade dos equRon, et al., 20e eficaz paraOverall  Equios  das  melo de fábricas

rês componegura 9.  

Figura 9 ‐

empo de abmáquina),  osrdas. As perias  e  funcioconsidera  as

sto é, sem prcarga das mnão existe uobriguem  à nda que a in

bilidade

as de cidade

idade

a os princípiestabilidade

amentos permaior flexibilm dos  resultaens  não  meal  da  resproblemas  copamentos e solução  de  pestejam  mados de longo 

t Effectivennce dos equo, havendo uuipamentos, 005). Foi coma monitorizaipement  Effhorias  para s. 

entes diferen

‐ As três comp

bertura da ms  tempos  gardas de  veloonamento  ts  perdas  de

rejudicar ou máquinas, ou ma  regra  rígparagem  do

nclusão ou nã

•ParagensReabaste

•Baixas caespecíficMicro‐pa

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Aumento d

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a de Processo

14

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Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

15  

a  caso,  conforme  nessas  horas  estivesse  planeada,  ou  não,  alguma  produção  (Ljungberg,  1998). Assim, o principal critério deve ser a existência ou não de carga para o equipamento em causa. O grande problema de não considerar estas perdas no cálculo do OEE é o facto de o resultado final não corresponder exactamente à realidade. 

O cálculo do OEE é explicado pela Figura 10. 

 

Figura 10 ‐ Cálculo do OEE 

De forma geral, uma máquina que não tivesse paragens, que trabalhasse sempre à velocidade para que  está  dimensionada  e  não  produzisse  defeitos,  teria  um  OEE  de  100%,  sendo  que  valores superiores a 85% já são considerados de classe mundial, segundo Nakajima. 

2.2.2. SMED no âmbito do TPM 

O SMED (Single Minute Exchange of Dies) é uma metodologia passo‐a‐passo, cujo objectivo fulcral é aumentar a produtividade. No entanto, a aplicação desta metodologia também proporciona ganhos assinaláveis na flexibilidade das organizações, na medida em que permite a redução dos tamanhos dos lotes, permitindo reduzir stocks e lead times, o que por sua vez aumenta a qualidade percebida pelo mercado. Assim, a agressividade da concorrência e o aumento da exigência de personalização por parte dos clientes,  leva a que as  indústrias modernas sintam a necessidade de apostar na troca rápida de ferramentas, sob pena de não terem capacidade de resposta ao mercado (McIntosh, et al., 2007). 

Como o nome da ferramenta evidencia, a ferramenta SMED foi inicialmente concebida para permitir o setup de qualquer máquina em minuto singular, isto é, em menos de dez minutos. A metodologia de  troca  rápida de  ferramenta  foi desenvolvida no  seio da Toyota, embora a primeira experiência realizada por Shigeo Shingo (1909 – 1990) tenha sido efectuada numa fábrica da Mazda, nos anos 50. Por outro  lado,  também  no  final dos  anos  50, uma  equipa da  Toyota  já havia  sido  treinada para reduzir tempos de setup, ou seja, o SMED não foi o primeiro sistema de troca rápida de ferramenta que existiu  (Sugai, et al., 2007). Contudo, a estruturação completa do método por Shingo  (Shingo, 2000) só foi possível no final dos anos 60 numa fábrica da Toyota, que quando confrontada com a performance da Volkswagen no setup de uma prensa, estipulou como objectivo a redução em 50% do tempo dessa mudança. Seis anos depois, apesar deste tempo ter passado de quatro horas para noventa minutos,  com o  aperfeiçoamento  sistemático do método,  a  troca passou  a demorar  três minutos. Com isto, surgiu o nome SMED, assinalando a passagem de quatro horas para menos de dez minutos (Shingo, 2000). 

Com efeito, o SMED é um dos factores indispensáveis para a implementação da filosofia just in time, por se tratar de um sistema de produção que se define por produzir o necessário, nas quantidades necessárias, no tempo necessário, o que exige uma grande disponibilidade das máquinas e trocas de ferramenta que não consumam excessivamente o tempo de abertura das máquinas. Sendo a Toyota uma  empresa  marcada  pelo  sistema  just  in  time,  Shigeo  Shingo  escreveu  num  dos  seus  livros “Acredito que o método just in time, que está na essência do Sistema Toyota de Produção, não teria sido desenvolvido, se o sistema TRF  [Troca Rápida de Ferramenta – SMED] não existisse.”  (Shingo, 1996). 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

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A Figura 11 esquematiza os passos seguidos pelo KICG para a aplicação da metodologia SMED: 

Assim, o método seguido pelo KICG, é mais decomposto do que o originalmente proposto por Shingo (vide Tabela 5), sendo constituído por cinco passos. Partindo de uma situação em que o trabalho da mudança não é dominado,  isto é, existe muita variabilidade na execução das  tarefas e não existe distinção entre  trabalho externo  (que pode  ser executado  com a máquina a  trabalhar) e  trabalho interno (que exige que a máquina esteja parada), o primeiro passo é efectuar o estudo da mudança. Para tal, pode recorrer‐se a observações com cronómetros, filmagens e diagramas de spaghetti, que servem  para  evidenciar  as movimentações  dos  operadores. Desta  forma  é  possível  identificar  os muda existentes durante a operação de setup. 

Com  a  identificação  clara  das  tarefas  a  executar  e  também  com  a  percepção  dos  desperdícios existentes, é possível fazer a distinção entre trabalho externo e interno. Seguindo esta abordagem, o estado  inicial, de desconhecimento quase  total das  tarefas deixa de existir  sendo possível avançar para a fase seguinte, a separação dos dois tipos de trabalho. 

A etapa 3,  indicada na Figura 11, é considerada por muitos autores a etapa central da metodologia SMED: “O princípio fundamental de melhoria de setup é transformar uma operação de setup interno em uma de setup externo” (Costa, et al., 2004). A separação das tarefas internas e externas permite alterar a  sequência das  tarefas, de  forma a que o  trabalho externo não  seja  realizado enquanto a máquina está parada, pelo que o tempo de paragem, mesmo sem que seja alterada a essência das tarefas, pode ser drasticamente diminuído, existindo estimativas de reduções de 30 a 50%. De facto, com a ênfase que é dada a estes ganhos potenciais e à  importância dos três primeiros passos, por vezes as equipas terminam a implementação da metodologia nesta fase (Sugai, et al., 2007). 

A etapa 4, para o método de Shingo, e as etapas 4 e 5, para o método do KICG, marcam a diferença entre  ambos. Enquanto  Shingo  remete  as melhorias das  tarefas para  a etapa 4,  tanto no que diz respeito às tarefas internas como externas, no método aplicado pelo KICG, como se pode verificar na Tabela 5, é dada prioridade às melhorias do  trabalho  interno. Estas melhorias são eminentemente técnicas, podendo tratar‐se de alteração e uniformização do tipo de apertos, normalização de alturas de moldes ou duplicação de  ferramentas, de  forma a  facilitar e diminuir o  tempo de realização de cada  tarefa ou, no  limite, eliminá‐las. Por  fim, a etapa 5  foca‐se na melhoria do  trabalho externo. Como os passos anteriores concentram a atenção em optimizar o trabalho  interno, em detrimento do externo, muitas tarefas anteriormente executadas com a máquina parada passam para trabalho externo, o que pode  levar a que a preparação dos setups seja demasiado morosa. Por  isto, para o 

Figura 11 ‐ Etapas da Metodologia SMED – Kaizen (KICG, 2009) 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

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final da metodologia SMED  são propostas diversas  ferramentas,  incluindo os 5S, para agilizar essa mesma preparação. 

Tabela 5 – Etapas do Método SMED segundo Shigeo Shingo e KICG 

Shingo  KICG 

1. Estudo do trabalho  1. Estudo do trabalho 

2. Separação de trabalho externo e interno  2. Separação de trabalho externo e interno 

3.Transformação  de  trabalho  interno  em externo 

3.  Transformação  de  trabalho  interno  em externo 

4.  Racionalização  de  todos  os  aspectos  da operação de setup 

4. Redução do trabalho interno 

  5. Redução do trabalho externo 

 

Apesar  de  a metodologia  SMED  ter  inúmeros  exemplos  de  sucesso  ao  longo  dos  seus  anos  de existência, independentemente da escolha entre os métodos apresentados na Tabela 5, antes de se passar à  implementação e de  forma a garantir a obtenção dos  resultados esperados, é necessário preencher um certo número de pré‐requisitos. Estes pré‐requisitos podem ser divididos em quatro grandes áreas: comunicação da e para a equipa responsável pela  implementação do SMED, gestão visual da fábrica, medição da performance e kaizen (Moxham, et al., 2001).  

Quanto à comunicação da e para a equipa de SMED, são necessárias a clarificação dos objectivos e a passagem  da mensagem  sobre  o  que  o  SMED  pode  representar  em  ganhos  de  produtividade  e flexibilidade para a organização, bem como a criação de rotinas de comunicação entre a equipa (com locais e conteúdos a discutir bem definidos). A gestão visual da fábrica assume um papel importante neste  processo,  na  medida  em  que  os  novos  procedimentos  (normalização  de  tarefas)  e  o acompanhamento dos resultados passam a estar evidentes e visíveis para todas as pessoas. A criação de  meios  para  que  a  informação  seja  formalizada,  como  quadros  de  comunicação,  evita  os inconvenientes  desta  ter  que  ser  partilhada  apenas  verbal  e  informalmente.  A  medição  da performance é  fundamental, o que  se compreende  se  se  relembrar a máxima “Só obtemos aquilo que  conseguimos medir”.  A  definição  do  ponto  de  partida  e  dos  objectivos  é  fundamental  para garantir o alinhamento das pessoas envolvidas. Por fim, a visão kaizen também é um requisito para o sucesso da aplicação do SMED, devendo criar um espírito de resolução de problemas e de melhoria contínua, para evitar que as melhorias obtidas com o SMED sejam pontuais. 

Finalmente,  sendo  o  SMED  uma metodologia  para  reduzir  o  tempo  de  setup,  convém  definir  a medição desse  tempo. Tipicamente, o  tempo de mudança de  fabrico é o  intervalo entre a última unidade  boa  do  fabrico  actual  e  a  primeira  do  novo  fabrico.  Contudo,  esta  visão  pode  ser  algo simplista, pois não  faz nenhum  juízo  sobre a performance dos equipamentos após a  instabilidade induzida pela mudança. Por  isto, pode ser  importante recorrer a valores que contemplem não só a produção  da  primeira  unidade  boa,  como  também  o  tempo  até  a  obtenção  de  um  determinado patamar  de  rendimento  das máquinas  (McIntosh,  et  al.,  2000).  Neste  sentido,  a  empresa  “New Glass”, além de  fazer o acompanhamento do  tempo de setup  típico, dá ênfase ao rendimento dos equipamentos nas primeiras horas após a mudança. Desta forma, a qualidade dos setups é medida recorrendo ao conceito de Índice Médio de Mudança (IMM), que consiste no rendimento de fabrico nas doze horas contadas a partir do início da mudança. 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

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2.2.3. Resolução Estruturada de Problemas (Kobetsu Kaizen) 

A resolução estruturada de problemas, ou Kobetsu Kaizen, é uma ferramenta de melhoria focalizada de  equipamentos.  Esta  metodologia  é  um  dos  oito  pilares  do  modelo  do  TPM  e  destina‐se fundamentalmente  a  resolver  problemas  específicos  que  prejudiquem  o  OEE  de  equipamentos (Productivity Press, 1997). 

Ao  contrário  de  outros  pilares  do modelo  TPM,  como  a manutenção  autónoma,  que  se  focam fundamentalmente  na  operabilidade  dos  equipamentos,  o  Kobetsu  Kaizen  foi  estruturado  para permitir a mudança e melhoria dos mesmos. Assim, enquanto outras ferramentas do TPM resolvem problemas provocados por causas esporádicas, esta resolução estruturada de problemas destina‐se a eliminar causas crónicas, pelo que envolve muitas vezes alteração do funcionamento e da concepção de máquinas. 

Além da diferença de objectivos  face aos outros pilares do TPM, a abordagem aos problemas e o método de trabalho também são distintos. Enquanto, por exemplo, a manutenção autónoma passa a responsabilidade  para  o  indivíduo,  a  melhoria  focalizada  de  equipamentos  é  um  trabalho eminentemente de equipa, em que os seus membros devem ter diferentes funções na organização, de  forma  a  conseguir  formar  equipas multi‐disciplinares. Na  formação  da  equipa  é  incontornável juntar pessoas da produção com pessoas da manutenção, porque se os primeiros são quem sente diariamente as dificuldades criadas pela máquina, os segundos são detentores de um conhecimento técnico mais aprofundado, que pode ser muito útil no desenvolvimento de novas soluções. 

O método de resolução estruturada de problemas, é composto por oito passos: 

1. selecção do problema; 2. descrição do problema; 3. definição de objectivos; 4. análise das causas; 5. definição de acções correctivas e melhorias; 6. verificação da eficácia das acções e melhorias; 7. normalização das melhorias; 8. comunicação e multiplicação das melhorias. 

Para um determinado equipamento, a selecção do problema é feita recorrendo à análise das perdas, por exemplo através do Pareto das perdas e escolhendo os factores que mais penalizem o OEE. Após a selecção do problema, é preciso descrevê‐lo. Esta etapa pode  levar a conclusões precipitadas se não  se  tiver  em  conta que nesta  fase da  análise  só  interessa  a descrição, baseada na  recolha de dados concretos e não de opiniões, para que seja possível compreender a variabilidade do processo. Sendo  o  Kobetsu  Kaizen  uma  actividade  de  grupo,  em  que  a  análise  inicial  é  feita  através  de brainstorming, existe a tendência natural dos intervenientes para dar opiniões pessoais, baseadas no conhecimento  que  foram  desenvolvendo  ao  longo  da  sua  experiência.  Esta  interferência  tem  um efeito  nocivo  para  a  análise,  na medida  em  que  limita  desde  o  início  a  abrangência  do  estudo, focando  o  resto  dos  passos  em  pormenores  e  ideias  preconcebidas,  impedindo  a  observação  do problema sem paradigmas e a criação de soluções inovadoras. Para a descrição do problema é usual seguir o guião 5W2H, que consiste em sete pontos críticos do problema: o que é o problema (what), em  que  altura  ocorre  (when),  em  que  processo  ou  em  que máquina  ocorre  (where),  com  quem ocorre  (who),  em  que materiais  ou  componentes  se  detecta  o  problema  (which),  como  é  que  se detecta (how) e qual a sua dimensão (how much). 

 

O  terimpoincluísuas conh(Specmensmelhtarda

O pasuma até  e(Figumáqucausapasso

O  quRecocalenformarealizque e

A  veevoluindicajá exi

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into  passo  drrendo  a  plndarização daa de definir azação das taeste se inclua

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 do Kobetsudo o primeimplo, a criaçgens sejam reobre o potenrable Attractactivo,  realistintervenientecer. 

lise das causparte do procausa  raiz  d

ndo aplicada étodo).  Nestessitam de va

do  Kobetsu lanos  de  acas melhoriasa implementrefas e, ao da. 

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Figura 12 ‐ D

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é  a  definiçãcções,  comos, definindo utação das acdefinir datas 

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s  obtidos  coriado para oe acompanhamasiada info

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ecorrer a vári andando paa.  Outra  ferprincipais Mnta,  para  caterreno e qu

ão  de  acçõeo  o  modelo um responsáções, tem a limite, marc

delo de Plano

om  as  acçõe efeito, alinhar e, prefereormação. No

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Aumento d

de objectivose objectivos m determinagundo contriquina. Finalm

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es  correctivada  Figura 

ável e uma dvantagem decar o ritmo d

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es  correctivhado com oncialmente, o caso de os 

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do Rendiment

s. Para  tal edo projectoado equipamibuto é o da mente, o obue significa qcontrário, aoição do temp

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CG, 2009) 

as  deve  ser objectivo  tra escolha deobjectivos n

M's (KICG, 20

to na Indústria

existem dois  em que o K

mento pode e equipa, quebjectivo deveque deve seo  longo do po limite e o

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009) 

a de Processo

19

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s 5 porquês,causa efeito,de  Ishikawao material, ase  possíveiszadas com o

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o

s á s m T , e s 

, , a a s o 

. a a a m 

a e e , 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

20  

o  sexto  passo  pode  remeter  para  a  definição  de  novas  acções,  o  que  obriga  a  voltar  ao  passo anterior.  

Com as acções correctivas e as melhorias aprovadas passa a ser necessário enraizar as novas técnicas nos hábitos das pessoas. A normalização e o treino dos operadores são fundamentais para criar os novos hábitos de trabalho. A etapa 7 garante que as melhorias obtidas passam a ser o novo método de trabalho e que haverá a consistência necessária para consolidar os resultados. 

Finalmente,  o  oitavo  passo  do  método  é  a  multiplicação  das  novas  normas  para  todos  os equipamentos da organização onde estas possam ser aplicadas. Para que a multiplicação seja eficaz, o  treino  dos  operadores  no  cumprimento  das  normas,  o  seguimento  da  implementação  e  a realização de auditorias para avaliar a mudança de procedimentos é incontornável, caso contrário as melhorias multiplicadas não serão respeitadas. 

A utilização do método Kobetsu Kaizen, tal como do TPM em geral, é um forte catalisador na criação de competências de trabalho em equipa e do espírito de resolução de problemas (Chan, et al., 2005). Assim,  além  das  melhorias  técnicas  resultantes  da  aplicação  da  melhoria  focalizada  de equipamentos, a organização  também ganha no que diz respeito aos seus recursos humanos, uma vez que há mais criação e multiplicação de conhecimento. 

2.2.4. Análise Diferencial No cálculo do OEE, uma das variáveis é a qualidade, isto é, a taxa de produção de defeitos. A Análise Diferencial  é  precisamente  uma  ferramenta  cujo  objectivo  principal  é  resolver  problemas  de qualidade. Esta técnica foi aplicada durante muitos anos por um antigo membro do KICG, o Doutor Gondhalekar, sem ter sido formalizada. Embora a Análise Diferencial, que nem sempre foi conhecida por este nome, desse bons resultados e em curtos espaços de tempo, Gondhalekar nunca sentiu a necessidade de escrever sobre o tema. Esta necessidade apenas se fez sentir, quando uma aluna sua se dedicou a acompanhá‐lo e a esboçar um framework de aplicação da técnica. A origem da técnica reside na estruturação do raciocínio da personagem Sherlock Holmes, que aplicava o modus tollens2 nas suas investigações. Esta forma de observar as pistas foi transposta para problemas industriais e, devido  a  inúmeras  semelhanças  com  técnicas  de  diagnóstico  medicinal,  designada  de  Análise Diferencial (Gondhalekar, et al., 2005). 

Originalmente, a Análise Diferencial era utilizada exclusivamente para o diagnóstico dos problemas, ou  seja,  para  identificar  as  causas  de  um  determinado  problema  de  qualidade.  Ao  longo  do  seu trabalho,  Gondhalekar  não  se  preocupava  com  a  criação  de  planos  de  acções  correctivas  para resolver  os  problemas.  No  entanto,  após  a  formalização  desta  metodologia,  também  foram desenvolvidas técnicas para  implementar acções correctivas, de  forma a  ir ao encontro da  filosofia Kaizen, levando a implementação das soluções até ao fim. 

A Análise Diferencial foca uma grande parte dos esforços na análise de aspectos que estão correctos. Com isto, a análise não estuda exaustivamente peças defeituosas, ou máquinas com problemas. Pelo contrário,  amostras  de  produtos  ou  equipamentos  que  não  apresentem  problemas  são  muito importantes para a análise, dado que a observação destes elementos se torna muito útil para fazer a contraposição  com  os  elementos  problemáticos.  A  abordagem  inovadora  da  Análise  Diferencial 

                                                            

 2  Modus  tollens  refere‐se  a  uma  forma  de  raciocínio,  caracterizada  por  eliminar  suspeitas  a  partir  do conhecimento que já se tem sobre um determinado problema.  

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

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encerra uma nova forma de resolver os problemas. Analisando tanto peças boas como peças más, as diferenças e as possíveis anomalias tornam‐se evidentes mais rapidamente, permitindo, ao longo do estudo, descartar rapidamente hipóteses, o que acelera o processo de chegada à solução. 

O processo de análise tem o seu início com uma etapa básica, que serve para ganhar uma visão geral da fábrica. A primeira coisa a fazer antes de estudar o problema em concreto é conhecer o processo produtivo, embora sem serem necessários detalhes. A vantagem deste passo é  ter, à partida, uma ideia da big picture, do fluxo produtivo. 

Com  a  primeira  etapa  concluída,  dá‐se  o  início  da  análise  detalhada  do  problema.  Nesta  fase, Gondhalekar salienta três pontos basilares para impedir o enviesamento do raciocínio: 

• não  recolher opiniões – as pessoas envolvidas no quotidiano das  fábricas, que  já  tentaram inúmeras  vezes  resolver o problema  e  que  foram desenvolvendo  algum  conhecimento  ao longo dos  anos do  seu  trabalho,  também  foram  criando paradigmas, os quais  influenciam negativamente a qualidade da análise; 

• recolher dados fidedignos e recentes – existe frequentemente a tendência de criar registos complexos de dados sobre os problemas, quando o mais simples e eficaz é registar algumas observações no momento da análise; 

• observar o problema no  terreno – a análise dos problemas através de registos estatísticos, entre  outros,  é  útil  para  guiar  a  análise,  mas  não  dispensa  a  observação  directa  dos equipamentos e peças críticas para o problema. 

Seguindo estes princípios, na ausência de paradigmas e com um contacto próximo com o problema, a Análise Diferencial divide‐se num leque de perguntas agrupadas em quatro dimensões diferentes. A Figura 14 esquematiza a estruturação da Análise Diferencial. 

Figura 14 ‐ As Quatro Dimensões da Análise Diferencial 

Na  dimensão  Sintoma  interessa  perceber  de  que  forma  o  problema  ou  defeito  se manifesta  nas unidades. Para que a análise seja mais produtiva deve ser feita uma comparação entre unidades boas e unidades defeituosas, a  fim de detectar as principais diferenças. Com esta observação é possível encontrar padrões de repetição ou particularidades nos casos em que há ocorrência de defeitos. Por exemplo, na presença de um determinado defeito, a peça pode  também  ter uma marca no corpo inexistente em unidades boas. Esta marca pode  levantar a hipótese de haver contacto com algum componente  da  máquina,  que  mesmo  não  tendo  relação  directa  com  o  defeito,  pode  ser  o responsável pela sua ocorrência. 

As Quatro Dimensões da Análise Diferencial

Sintoma•Como o problema se manifesta

Localização•Em que fase do processo, linha, referência, parte do produto

Tempo•Em que turno, hora do turno, dia, mês, ano

Quantidade•Por lote e por peça

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

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A dimensão Localização é bastante abrangente, na medida em que aborda quatro tipos distintos de localizações. A primeira, a  fase do processo, serve para  ir descartando máquinas ao  longo do  fluxo produtivo.  Desta  forma,  isolando  a  produção  do  defeito  máquina  a  máquina,  rapidamente  se identificam  quais  os  equipamentos  responsáveis  pelo  problema.  A  localização  na  linha  permite identificar  diferenças  como  maior  comprimento  dos  corredores  de  transporte,  variações  de temperatura  ou  passagem  por  fontes  de  humidade  ou  outras  perturbações  do meio  ambiente. Relativamente  à  localização  na  referência,  o  objectivo  é  perceber  quais  os  modelos  mais problemáticos, para identificar diferenças físicas entre eles ou métodos de produção diferentes. Por fim, a localização no produto foca‐se no estudo pormenorizado de uma peça defeituosa, de forma a estudar quais os mecanismos que têm interferência com as partes defeituosas. 

O estudo do Tempo tenta isolar três factores: a variação dentro dos turnos, a variação entre turnos e a variação ao  longo dos dias ou outra unidade de medida. Com a variação dentro dos turnos, pode ser  indicada  alguma hora  crítica,  como a hora de almoço, em que pode haver menos  cuidado no trabalho com as máquinas, ou o  final do  turno, devido ao acumular do cansaço dos operadores. A variação entre turnos permite perceber se há diferenças entre os métodos de trabalho de pessoas ou se há alguma hora crítica para a fábrica, como o arranque da fábrica de manhã, ou a paragem dos equipamentos  no  final  do  dia. Quanto  à  evolução  da  taxa  de  defeitos  ao  longo  de  diversos  dias, semanas ou meses, o objectivo  é  identificar  algum  comportamento  sazonal do  aparecimento dos defeitos, como a má aderência de revestimentos devido ao aumento da humidade do ar no Inverno. 

A quarta e última dimensão da Análise Diferencial estuda a Quantidade de defeitos por lote, estudo que depende da definição de  lote de cada  indústria, pois tanto pode ser um tamanho predefinido, como uma ordem de  fabrico,  independentemente  do  seu  tamanho.  Por outro  lado, na dimensão Qualidade,  também  é  estudado  o  número  de  defeitos  que  aparecem  nas  peças más,  pois  estes podem ter uma determinada distribuição nas peças ou pode também haver correlação com outros defeitos. 

Estas  quatro  dimensões  encerram  a  essência  da  Análise  Diferencial  e  após  terem  sido exaustivamente percorridas, deverão conduzir às principais causas do problema. No entanto, tanto ao longo da análise como no fim, é necessário conduzir testes experimentais para ir descartando as hipóteses  levantadas.  Segundo  Gondhalekar:  “Só  se  domina  a  qualidade  quando  se  consegue produzir um determinado defeito propositadamente”. Assim, os testes experimentais (ver modelo na Figura 15) devem ser conduzidos de forma a produzir defeitos de acordo com as possíveis causas raiz encontradas.  

 

Figura 15 ‐ Modelo para preparação dos testes experimentais (KICG, 2009) 

A metodologia original tal como desenvolvida por Gondhalekar terminaria nesta fase. No entanto, os princípios  utilizados  nos  passos  anteriores  podem  ser  utilizados  para  a  implementação  de  acções correctivas. Tendo em conta que durante a Análise Diferencial existe uma grande preocupação para isolar os factores em estudo, na implementação das acções correctivas esse cuidado também é tido 

Te ste d as C au s a s R a iz h ip o té tic a s

H ip o té tic a s C a u sas R a iz (R C ) pr in c ip a is

P la n o d e ac ç ã o p a ra va l id a r a h ip o té t ic a c a u sa ra iz (R C )

R e s u ltad o s d a E x p e riên c ia /Te s te

4) D e cis ã o : e x iste re la ç ã o d e ca u s a /e fe ito ?

 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

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em conta, pelo que antes de  se passar à  implementação, cada melhoria é  testada na ausência de todas as outras, para ser mais perceptível o contributo, positivo ou não, de cada uma. 

2.3. Síntese As metodologias utilizadas num projecto de melhoria contínua actuam em várias dimensões de uma organização. O Kaizen Management System inclui ferramentas que permitem actuar em cinco áreas chave: os fluxos de materiais e informação, a manutenção da produtividade, a qualidade, os serviços (internos ou prestados aos  clientes) e a mudança  cultural. Em  cada uma destas áreas, apesar dos seus  diferentes  enfoques,  os  princípios  kaizen  são  seguidos.  Desta  forma,  consegue‐se  uma abordagem consistente aos problemas e às organizações, dando especial atenção à eliminação dos sete muda:  sobre  produção,  espera  de  pessoas  e  de materiais, movimentação  de  pessoas  e  de materiais, sobre processamento e produção de defeitos. 

Na implementação de um sistema de melhoria contínua estruturado, a criação de novos hábitos e de espírito crítico nos operadores é fundamental. A gestão da mudança e o Kaizen Diário em particular permitem  criar  as  rotinas  necessárias  para  que  as  pessoas  ganhem  capacidade  de  resolução  de pequenos problemas, através de planos de acção e do  seguimento de  indicadores  chave das  suas actividades. 

Finalmente, o pilar TPM concentra‐se na manutenção da produtividade e dispõe de um conjunto de metodologias que pode  ser utilizado para  aumentar o  rendimento de máquinas e de  fábricas em geral.  Através  da monitorização  do  OEE  da  análise  das  suas  três  componentes  (disponibilidade, velocidade e qualidade) torna‐se mais fácil a actuação sobre as perdas de eficiência. Para cada uma das  componentes  podem  ser  utilizadas  ferramentas mais  focalizadas,  como  o  SMED,  o  Kobetsu Kaizen ou a Análise Diferencial. Além da actuação directa nas máquinas, é inalienável a importância das  pessoas  no  aumento  do  rendimento  de  uma  fábrica.  Perante  este  facto,  o  TPM  também  se preocupa com os Recursos Humanos das organizações, envolvendo‐os na melhoria contínua através da melhoria das suas condições de trabalho. A metodologia 5S e o Kaizen Diário são exemplos do que pode ser feito para que a melhoria contínua seja melhor aceite nas organizações. 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

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3. Desenho e Implementação da Solução Do capítulo Desenho e Implementação da Solução pretende‐se que relate, pormenorizadamente, os passos  da  implementação  das  diversas  ferramentas  propostas  para  o  projecto  “Aumento  do Rendimento  na  Indústria  de  Processo”,  sendo  apresentada  a  situação  inicial,  as  etapas  da implementação  e  a  situação  alcançada  após  o  trabalho  kaizen.  De  seguida  apresenta‐se  ainda  o desenho da solução a implementar. 

Embora a empresa “New Glass” tenha como principal indicador operacional o rendimento de fábrica, este rácio não é mais do que o OEE. A única diferença entre ambos é que no caso do rendimento de fábrica não existe preocupação em separar os valores da disponibilidade, das perdas de velocidade e da taxa de qualidade. Com isto, ao aumento do rendimento de fábrica está subjacente o objectivo de aumento do OEE dos equipamentos e da fábrica em geral.  

Assim, com base no objectivo máximo de aumento do OEE, a primeira  fase do projecto kaizen na empresa  “New  Glass”  foi  desenhada  para  actuar  em  quatro  temas  distintos:  disponibilidade  dos equipamentos, perdas de velocidade, qualidade e envolvimento das pessoas de toda a organização. A Tabela 6 apresenta o desenho da solução a implementar. 

Tabela 6 ‐ Desenho da solução para a primeira fase do projecto kaizen 

Objectivo  Aumento do Rendimento de Fábrica (OEE) 

Componente do OEE  Disponibilidade Disponibilidade e 

Perdas de Velocidade 

Qualidade 

Ferramenta  SMED  Kobetsu Kaizen  Análise Diferencial 

Área da fábrica  Zona Fria  Zona Quente  Ambas 

Envolvimento das pessoas com formação, 5S e Gestão Visual 

 

Em  suma, para a primeira  fase do projecto kaizen  foi escolhida uma  ferramenta de melhoria para cada componente do OEE, à excepção do Kobetsu, que também interfere na disponibilidade. Além do foco no aumento do OEE,  também  foram seleccionadas  ferramentas para criar maior proximidade com as pessoas e incutir‐lhes um espírito crítico, de melhoria contínua. Contudo, as ferramentas do envolvimento  das  pessoas  também  podem  gerar  ganhos  na  produtividade,  se  se  obtiverem melhorias nos postos de trabalho e nos procedimentos dos operadores. 

3.1. SMED em Zona Fria Dada a divisão da  fábrica em duas zonas distintas  (quente e  fria), as mudanças de  fabrico numa e noutra  zona  são conduzidas por equipas diferentes. Tendo em  conta que o  tipo de equipamentos também  é muito diferente de uma  zona para  a outra,  é  expectável que os  tempos de  setup não sejam  iguais. De facto, no  início do projecto, a zona quente fazia a troca de ferramenta em menos 

 

tempzona escoavoltaos  teamar

Pela quaisEstestambDestamáqu

A  deimedfunciprocetemp

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Aplic

MáquAs mseremcomoestastodasos cin

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Figura

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ntação do SMem  questão,desenvolver técnicos dos

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a 16 ‐ Tempo 

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ara  a  implemnte responsáer  a  Zona  Fdo SMED, t

os da fabrica

MED  foi nece,  pois  só  cideias e valis equipamen

 

s que mais dmero de senredes do vidrrte  central  dpara diminuiro KICG, já exp

á origem a da, as máquino,  isto  é,  rehouver essatos de zona 

de mudança 

erceptível qutroca de ferraas FP  / FPX, o nome exs mudanças eam os equipa

mentação  deável pela fabFria  preparadtanto para ação, ou seja,

essária a pacom  estas idar as melhntos. 

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Aumento d

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de diversos e

ue existem damenta, a fim, que  são mxplica, passame ganhar disamentos esc

este métodobricação do pda,  pois  nãos FP / FPX c, ligeirament

rticipação dopessoas  é horias,  tanto

ectam em toentes. Nestasaridades dasento  de  Zonde setup de

este trabalho

do Rendiment

s, pois quancção ainda nbalagens de de. Em síntese da  fabrica

quipamentos

dois equipamm de os equáquinas de m o produtosponibilidadeolhidos para

o  de  troca  rproduto, se o  irá  acresccomo para ote superiores

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o no que  res

oda a  inspecs máquinas s dimensões na  Fria. De estes equipao. 

to na Indústria

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mentos na Zoilibrar com ainspecção ao da  linha pe da fábrica a a aplicação 

rápida  de  feesta não estentar  valor os paletizados a uma hora

res e responrna  possívespeita a pro

cção, devido são detectaddas embalagseguida,  aprmentos, de 

a de Processo

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produzida naontas para anha, para  as16 evidenciana quente, a

 

ona Fria, nosa fabricação.utomática epara paletes.em geral, asdo SMED. 

erramenta  étiver ainda anenhum  ao

ores é terema. 

sáveis pelosl  identificarcedimentos,

ao facto dedos defeitosgens. Assim,resentam‐seacordo com

o

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s . e . s 

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s r , 

e s , e m 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

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Para  o  primeiro  passo,  o  estudo  do  trabalho,  existem,  essencialmente,  três  tarefas  a  executar: observar o trabalho de mudança, para cada operador, registando‐o em vídeo; dividir o trabalho por tarefas e perceber quem  faz o quê e, por  fim, o esboço de um gráfico de  spaghetti, que permite evidenciar  desperdícios  de  movimentação  dos  operadores.  A  Figura  17  mostra  o  spaghetti desenhado para a mudança de uma máquina FP / FPX. 

 

Figura 17 ‐ Gráfico spaghetti da mudança de uma máquina FPX 

Para que  se possam perceber os movimentos desenhados, convém dizer que a mudança  requer a utilização  de  diversas  ferramentas  e  também  de  amostras,  que  não  estavam  próximas  dos operadores na situação inicial. Com isto, o operador é forçado a deslocar‐se inúmeras vezes ao carro de ferramentas e de amostras, perdendo tempo nestas deslocações. 

Com a observação tanto do vídeo, como da mudança in loco pode passar‐se para a segunda etapa do SMED, por já ser possível determinar quais as tarefas externas e quais as internas. 

De  um  ponto  de  partida  em  que  não  era  conhecido  o  número  de  tarefas  a  executar  durante  a mudança, o modo operatório definido passou a contar com quarenta e nove, as quais incluem quatro tarefas de trabalho externo (Apêndice A). O facto de a percentagem de tarefas externas ser reduzida, face ao total do trabalho de mudança, pode  limitar os ganhos expectáveis para a segunda etapa do SMED  (cerca de 50%). No entanto, existem outras  tarefas não  referidas no modo operatório, por tratarem de organização e preparação da mudança. Estas  tarefas  são  levadas a cabo  tanto no dia anterior às mudanças, como após as mesmas, o que  leva a não as  referir  juntamente com as que decorrem mais próximo do setup. Assim, as tarefas enumeradas no modo operatório são aquelas que ocorrem imediatamente antes ou durante a mudança. As restantes são apresentadas na Tabela 7. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

27  

Tabela 7 ‐ Tarefas externas à mudança das máquinas FP /FPX não contempladas no modo operatório 

Fase  Tarefa 

Antes (sem intervenção na máquina) 

Preparação  de  material  (tornetes,  guias,  sem‐fins,  calibres  anéis  de centragem,  bases,  objectivas  SWA,  acrescentos  cabeça,  estrela  WOF, conjunto SV 3 e 4 + SG e óculo) 

Verificação de existência de avulso 

Numeração das bases por estação 

Preparação de amostras 

Preparação de amostras padrão 

Antes (com intervenção na máquina) 

Levantamento da cabeça de estanquidade 

Desaperto do parafuso de elevação da máquina 

Sopro / Limpeza da máquina 

Desaperto de porcas de fixação dos veios roscados das tornetes 

Preparação das ferramentas na plataforma de trabalho 

Desaperto do parafuso de fixação da cabeça à saída 

Depois (sem intervenção na máquina) 

Verificação visual do material retirado da mudança 

Arrumação do material em local apropriado 

 

Dada a quantidade de tarefas externas presente na tabela anterior existia a necessidade de dedicar alguns esforços ao passo 5, a organização do trabalho externo, pois a preparação de materiais pode ser mais expedita recorrendo a técnicas como os 5S. Além disso, as tarefas de preparação, quando bem  executadas,  têm  a  vantagem  de  diminuir  a  ocorrência  de  erros muitas  vezes  detectados  só quando a máquina está parada. 

A  transformação  de  tarefas  internas  em  externas,  consistiu  na  percepção  de  actividades  que poderiam ser alteradas, para que pudessem ser executadas com a máquina em funcionamento. Até então  as  tarefas  de  trabalho  externo  da  Tabela  7,  levadas  a  cabo  antes  da mudança, mas  com intervenção na máquina, sempre foram consideradas tarefas que obrigavam à paragem da máquina. Das  seis  tarefas  em  causa  nenhuma  delas  exigiu  qualquer  alteração  técnica  para  passar  a  ser executada com a máquina em funcionamento. Neste caso, a passagem para trabalho externo não se deveu  a mudanças  técnicas, mas  sim  a mudança  de  paradigma,  por  se  ter  conseguido  chegar  à conclusão que não punham em  causa o bom  funcionamento da máquina. Desta  forma, a  terceira etapa da metodologia SMED (que corresponde à transformação de trabalho interno em externo) foi inexistente, sendo esta alteração do modo operatório pertencente à segunda etapa. 

Findas  as  primeiras  três  etapas,  o  foco  do  SMED  passa  para  alterações  técnicas  das máquinas, recorrendo‐se  a  uma  análise  dos  componentes  que  requerem mais  tempo  de manuseamento  e identificando potenciais pontos de melhoria. 

Para tal, através da observação de uma mudança, criou‐se um gráfico de Pareto (Figura 18) do tempo das tarefas. 

 

Com tarefa

• • • • • •

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alémalgum

base no Figas mais dem

normaliza

calibração

normaliza

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normalizanúmero dúnica cha

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Fig

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ação de para

o da altura d

ação de para

a cabeça ape

o da altura d

 FTA com ap

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ação de parade ferramenave); 

de  uma  plataentes críticosndo o despe

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da estrela (Fig

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enas com do

da cabeça (Fi

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to do tempo d

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ois apertos (F

gura 19 – E);

os (Figura 19

para determias tarefas: 

ização de apto (sempre q

ferramentass  (Figura 20ficado no gr

19 ‐Melhorias

Aumento d

de execução d

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19 – A); 

ra 19 – C);  

Figura 19 – D

– F). 

nados comp

pertos rápidoque possível 

(Figura  20– B), o queáfico de spag

s técnicas

do Rendiment

das tarefas 

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D); 

ponentes, tam

os, levando àcom a mão 

– A1  e A2) e evita desloghetti. 

to na Indústria

 

cíficas para a

mbém foram

à necessidadou com a aj

e  de  um  caocações dos 

a de Processo

28

algumas das

m detectadas

de de menoruda de uma

arro  com  osoperadores,

o

r a 

s , 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

29  

 

Figura 20 ‐ Plataforma de ferramentas e carro de componentes críticos 

No quinto e último passo do SMED, a principal preocupação  foi evitar alguns erros  recorrentes na preparação das mudanças. O caso do avulso teve um relevo importante, pois o número de falhas era significativo.  Este  avulso  consiste  em  paletes  incompletas  de  produto  acabado  que  servem  para afinar  as  máquinas.  Estas  unidades  de  produto  acabado  boas  são  utilizadas  para  adaptar  o funcionamento  da máquina  às  características  do  novo  produto  e  também  para  detectar  erros  de afinação  dos  sensores. Assim,  o  armazém  de  avulso  teve  que  ser  reorganizado,  com  o  recurso  à ferramenta  5S,  para  que  fosse mais  eficaz  a  preparação  do mesmo.  Como mostra  a  Figura  21,  o armazém, que antes não tinha qualquer tipo de organização, passou a estar dividido por famílias de produtos, com a ajuda de códigos de cores e o avulso necessário para cada um dos dias da semana passou a ser preparado à sexta‐feira da semana anterior com indicação do dia correspondente. Desta forma, facilmente se percebe se há algum dia sem avulso. 

 

Figura 21 ‐ Layout e organização do armazém de avulso 

Outro  elemento  muito  importante  na  mudança  é  o  conjunto  de  embalagens  com  defeitos,  as amostras, utilizado para a afinação dos diversos  sensores das máquinas de  inspecção. O armazém das amostras também teve que ser alvo da implementação dos 5S. Neste caso, além da utilização do código de cores, como as amostras são armazenadas em caixas pequenas e numeradas, podem ser guardadas ordenadas pela sua referência, reduzindo ainda mais o tempo de procura. 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

30  

 

Figura 22 ‐ Layout e organização do armazém de amostras 

Paletizador O outro equipamento  crítico  identificado,  com um  tempo de  setup  superior  ao da  fabricação é o paletizador. A  implementação do sistema de troca rápida de ferramenta do paletizador passou por todas as etapas referidas para as máquinas de inspecção automática, embora o processo tenha sido relativamente mais simples. 

Para o estudo do trabalho foram observadas algumas mudanças e analisadas as tarefas a executar, que após a separação entre trabalho externo e  interno deu origem à definição do modo operatório (Apêndice  B).  A  definição  do  modo  operatório  permitiu,  como  esperado,  evitar  que  tarefas supostamente  externas  fossem  realizadas  com  a máquina  parada,  como  a  preparação  do  avulso necessário ou a procura de ferramentas e componentes fora da zona da máquina. 

À semelhança do que aconteceu com as máquinas FP / FPX, o terceiro passo foi inexistente. Como a grande  parte  das  tarefas  a  executar  durante  o  setup  eram  de  verificação  e  afinação  dos componentes, não houve hipótese de passar, por exemplo, a preparar montagens externamente. A redução do trabalho  interno, por sua vez, teve  impacto nas mudanças mais difíceis, para as quais é necessário trocar a cabeça do paletizador, peça responsável pelo manuseamento do produto. Nestes casos  eram  necessárias mais  pessoas  para  desmontar  a  cabeça,  retirá‐la  da  zona  da máquina  e colocar a nova. Com as melhorias técnicas representadas na Figura 23, foi possível reduzir o tempo de mudança deste componente, que contribuía muito para o tempo total da mudança. 

 

Figura 23 ‐ Melhorias técnicas no paletizador (A ‐ carro de extracção de cabeças, B ‐ mesa de suporte de cabeças, C ‐ aumento das portas para saída das cabeças) 

No último passo, foi organizado o carro que serve de suporte à mudança. Neste carro estão todos os componentes necessários para o setup e através dos 5S conseguiu‐se uma melhor gestão dos stocks 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

31  

dos componentes e um menor tempo de procura dos mesmos enquanto a máquina está parada. Tal como com as máquinas de  inspecção automática, a utilização do avulso é vital para a afinação do paletizador, pelo que a organização do armazém também contribuiu para a diminuição do tempo de setup deste equipamento. 

Controlo de Qualidade Também no âmbito das mudanças, embora não se trate de nenhuma mudança de equipamento, foi definido o modo operatório dos operadores responsáveis pelo controlo de qualidade (Apêndice C). Assim, embora não haja nenhum tempo de setup, existem ganhos indirectos, pois consegue‐se uma maior  agilidade  da  Zona  Fria,  no  seu  todo,  para  receber  a  obra  vinda  fabricação,  com  o menor desperdício possível. 

Resultados Dado  que  o  SMED  visa  diminuir  o  tempo  de  mudança  de  equipamentos,  a  monitorização  dos resultados  da  sua  implementação  é  feita  recorrendo  a medição  de  tempos, mas  no  contexto  da fábrica em causa existe um dado que se afigura  igualmente  importante. Tal como  já  foi referido, a importância da mudança rápida dos equipamentos de Zona Fria deve‐se à necessidade de conseguir mudar num período, no máximo,  igual ao da mudança da  fabricação. Mesmo que a Zona Fria seja mais rápida do que a fabricação a mudar, o rendimento da fábrica não será maior, pois não haverá mais  produto  acabado.  Com  isto,  um  indicador  importante  para  as mudanças  de  Zona  Fria  é  o número de paletes feitas à mão. Este indicador permite saber se a Zona Fria se atrasou ou não face à fabricação,  sendo positivo  se  tal acontecer. A Figura 24 mostra a  folha de  registo do  indicador de paletização à mão instalado no terreno, para actualização por parte dos operadores. 

 

Figura 24 ‐ Indicador de paletização à mão 

Como  se pode  verificar,  o número  de paletes  constituídas  à mão  é diferente de  zero  em  apenas quatros dos dias observados, sendo uma dessas ocorrências devida a uma experiência realizada na linha. 

O resumo do resultado final é apresentado na Figura 25. 

 

De  acestasdas mde pa

3.2. No  secondé moreject

O hande  pprovotrans

O  idlemáqude pemold

Aplic

PassPara perda

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a de Processo

32

 

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Na indústrianismos  podeo  tapete de

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a e e 

a a a 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

33  

A recolha dos dados para definir a situação inicial teve em conta o período de um mês, pois não era feito  o  seguimento  destas  perdas  detalhadamente.  Com  a  implementação  do  Kobetsu  Kaizen,  as perdas passaram  a  ser monitorizadas diariamente. A  análise da  figura  leva  a  crer que o  principal problema  é  o  reject,  seguido  do  idle.  No  entanto,  estas  duas  perdas  não  são  totalmente desnecessárias. No caso do reject, a  lubrificação,  imprescindível para o correcto funcionamento dos diversos moldes, tem um peso  importante, variável com as necessidades de cada máquina. Quanto ao  idle,  a  realização  de manutenções  na máquina  ou  numa  das  suas  secções  também  obriga  a desperdiçar gotas de vidro.  Já no caso do handling  todas as perdas  são desnecessárias, pois  só  se devem a problemas na extracção das embalagens, à sua transferência para o tapete e a instabilidade no  transporte. Neste  caso  a  escolha  caiu  sobre  a última  coluna do  gráfico de Pareto, por  lhe  ser atribuído o maior potencial de ganhos.  

Passo 2 – Descrição do problema A descrição do problema foi efectuada com base na análise 5W2H representada pela Figura 27. Esta análise  permitiu  focar  a  atenção  da  equipa  nas  perguntas  chave  para  o  problema.  A  título  de exemplo, a pergunta “Quem?” revelou‐se  irrelevante, ao contrário de o quê, que permitiu agrupar partes do processo, para a análise a fazer no ponto 4. 

 

Figura 27 ‐ Análise 5W2H para o problema de handling 

Passo 3 – Definição de objectivos O  ponto  de  partida  do  valor  de  perdas  por  handling  foi  obtido  através  de  uma  estimativa,  por observação do fabrico de uma determinada referência. Como só foi observada uma referência, este valor  é  fortemente  influenciado  pelas  suas  características  físicas,  dado  que  quanto  mais  alta  e delgada  for  uma  embalagem,  mais  problemas  de  handling  terá.  Mesmo  com  esta  limitação,  o objectivo definido foi a redução em 60% do valor  inicial (0,9%) num prazo de cerca de dois meses. Desta forma, o objectivo traçado cumpre todos os critérios necessários para ser SMART. 

Passo 4 – Análise das causas Para a análise das causas do problema de handling recorreu‐se ao diagrama de Ishikawa e como no passo  2  haviam  sido  identificados  grupos  distintos  de  componentes  críticos  para  o  problema  foi necessário esboçar dois diagramas. A Figura 28 mostra os dois diagramas, sendo o do lado esquerdo dedicado  ao  grupo  “1)” da  análise  5W2H  e o do  lado direito dedicado  aos  grupos  “2)”  e  “3)” da mesma análise. 

 

Atrave  umdifere

PassA toma  artconhasserrevel

No  seregistno Apa verresultocorro tap

vés do brainsma  possíveisentes, para a

so 5 – Definimada de acçõticulação  enecimento  dertivas. Para earam muito 

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Figura 28

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8 ‐ Diagramas 

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Figura 29 ‐ A

         

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asso anterioanutenção.   o mesmo  vdisponível pantação das ac

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rrectiva 

to na Indústria

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ema de  handtiva pode serantes de se as acções queilustra um eserem trans

a de Processo

34

 

ntificar vinteentos  e  M’s

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nte os bons permitiu o av

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das acções forestantes,  p

meira alteraçta pressão. Ccção da peça

ficácia das adas perdas nformação nlhas dos  sening  foram o1 horas e 43u seja, duas c

observados, o passo segui

s melhoriasema de handores,  a  etampre que a mprocedimenta manutençãcionamento ntrário, deixa

máquina  tame do seu quot

Figura 30

multiplicaçãs alcançadasgente. Esse pa não só acç

oi definida coor  ser  nece

ão feita à mCom a aplicaa. 

acções e mepor handlingnão estavam nsores  instalobtidos por a3 minutos. Pcentésimas d

o passo 6 vinte. 

s dling é bastapa  da  normmáquina sejatos,  apenas ão de algumda máquinaam de ser efbém  depentidiano, depo

‐ Normalizaç

ão das melhos com a aplicplano foi criaões sobre o 

omeçando possário  adapt

Aumento d

áquina não cação de flux

elhorias g apresentopreparados ados na  linhamostragemPara estas obde ponto per

validou as ac

nte técnico, malização  coa alterada, afoi pedida  a

mas delas. Poa, vão rodandficazes. A utde  dos  opeois de devida

ão das melho

orias cação do Koado para envhandling, co

or duas máqtar  as melh

do Rendiment

criou a estabos de ar ma

u um problepara fazer oha. Devido a,  tendo  sidobservações ocentual abai

cções correc

não sendo monsistiu  no s acções impa  colaboraçãor exemplo, odo e precisamilização de cradores  e  camente com

orias 

obetsu Kaizenvolver todasomo de SMED

uinas semelorias  a  cada

to na Indústria

bilidade pretis estreitos, 

ema duranteo seguimentoa esta  contrao  feitas 19 oo valor médiixo do object

ctivas  implem

muito influenregisto  da

plementadasão dos operos parafusosm de ser reccalibres para como  tal,  esunicada.  

n foi incluídas as pessoas D, entre outr

hantes à máa  uma  dela

a de Processo

35

endida, poisa pressão é

e a execuçãoo das perdasariedade, osobservações,o de perdastivo (0,36%).

mentadas, o

nciado peloss  melhoriass sejam tidasadores paras de “Ar guiacolocados naafinação de

sta melhoria

 

a num planono projectoros temas. 

áquina pilotos.  Os  novos

o

s é 

o s s , s . 

s s s a a a e a 

o o 

o s 

 

proceatrav

ResuOs  remoniperdaque acomp

De encompaplicafabricapós máxim

Os  retambmulti

A  figupercesemeresultdois f

edimentos  fvés de reuniõ

ultados esultados  obtorizados, emas por handla análise maparação para

Figu

ntre todos oparação foraação  do  Kobco. Nestas ca  implemema 3,09 pon

esultados  obbém podem siplicação. 

Figura 32

ura acima  reentuais)  parelhante à piltados são anfabricos anal

foram  incluídões entre che

btidos  com  am termos deling, podemis justa dos ra os fabricos 

ura 31 ‐ Comp

os fabricos qm dois: ter betsu  e  tamondições, é ntação  do  Kntos percentu

btidos  com ser observad

2 ‐ Comparaçã

evela que osra  a  máquinoto pode nenimadores, dlisados. 

dos  tanto  nefias e opera

a  aplicação e rendimento variar com resultados é da linha pilo

paração de re

ue já passarsido fabricad

mbém  não  tperceptível Kobetsu  Kaizuais. 

a multiplicados fazendo 

ão de rendime

s  rendimentna  1,  o  queecessitar de dado que ex

no  plano  deadores da Zo

do  Kobetsu o de fábrica as caractería comparaç

oto. 

endimentos d

am pela linhdo desde 20er  havido  nque os rendzen,  sendo 

ção  das  acça mesma an

entos de fábr

os de  fábrice  pode  indicter acções cxiste uma su

Aumento d

e  comunicaçna Quente.

Kaizen  às  ppor fabrico. ísticas  físicasão fabrico a 

e fábrica por 

ha piloto, os 008 até ao  innenhuma  ocdimentos de a  subida mí

ções  para  asnálise. A mos

ica por referê

a baixaram car  que  a  mcorrectivas aubida de cer

do Rendiment

ção  acima  r

perdas  de  ZComo já mes dos modelfabrico. A Fi

referência (li

critérios de nício do projorrência  espfábrica subiínima  1,13 

s  linhas  semstra a evoluçã

ência (linhas d

ligeiramentemáquina  emadaptadas.  Jca de 3 pon

to na Indústria

eferido,  com

ona Quenteencionado, oos de embaigura 31 faz 

 

nha piloto) 

escolha parjecto kaizen porádica  duiram considepontos  perc

melhantes  à ão de uma d

de multiplicaç

e  (menos dem  causa,  meJá para a mántos percent

a de Processo

36

mo  também

e  podem  seros valores delagens, peloessa mesma

ra efectuar ae depois darante  o  seueravelmentecentuais  e  a

linha  pilotodas linhas de

ção) 

e 0,1 pontosesmo  sendoáquina 2, osuais para os

o

r e o a 

a a u e a 

o e 

 

s o s s 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

37  

3.3. Análise Diferencial Com a perspectiva de actuar em mais um dos componentes que compõem o  indicador OEE, desta feita a qualidade, a escolha da Análise Diferencial  justifica‐se pelo  facto de esta  ser  indicada para problemas  mais  complexos  e  que  exigem  uma  abordagem  mais  incisiva  do  que  a  da  mais frequentemente  utilizada  Resolução  Estruturada  de  Problemas.  Sabendo  que  uma  das  grandes perdas da fábrica, no que respeita ao rendimento, se prende com a produção de defeitos, mas que existe um leque de mais de cem tipos de defeitos distintos, a primeira escolha a fazer foi sobre o tipo de defeito a abordar. Através da análise dos registos de JobOff, no SAP, registos estes que contêm informação sobre cada uma das ordens de fabrico, foi possível fazer o gráfico de Pareto dos defeitos (Figura 33), para cada uma das linhas. 

 

Figura 33 ‐ Pareto das Perdas por Defeito 

A Figura 33 foi construída calculando as perdas totais da fábrica para cada defeito mencionado nos registos  de  JobOff,  pelo  que  desta  análise  foi  excluído  o  factor  linha,  no  entanto,  o  defeito  que aparece em primeiro lugar, é o principal defeito em 75% das linhas da fábrica. Com base nesta figura, o defeito escolhido para a Análise Diferencial foi a Seda vertical. Este defeito caracteriza‐se por uma fenda no  interior do vidro, disposta na vertical e, embora possa aparecer raramente noutros  locais, aparece essencialmente na marisa, isto é, na parte acima do gargalo. A Figura 34 exemplifica tanto o que é uma seda vertical, como o que é uma marisa. 

 

Figura 34 ‐ Exemplo de seda vertical e marisa 

 A decisão seguinte é a escolha da máquina piloto, na qual é conduzido o estudo inicial e também os testes experimentais necessários para validar as hipóteses  levantadas. Para cada uma das  linhas foi analisado o desperdício de  vidro  face ao  total por  si utilizado  (Figura 35). Desta  vez, a análise  foi conduzida em termos relativos, pois  interessa escolher a  linha em que o defeito tem mais  impacto, independentemente do desperdício absoluto da máquina. Na análise entre os defeitos, dado que a 

 

base cuida

Da figo facestudsão m

AplicA Anápontotomasimto

Relatmariseste destacontaas em

A loco defem  qencosedasformaexperas coaindatesteembapara vidrouma segun

do  cálculo ado.  

gura acima eto de esta sdo e a realizmuito semelh

cação da Meálise Difereno, quando  jáadas acima é oma, a localiz

tivamente aosa das embatipo de defea parte do pacto com doimbalagens de

alização foi efeito, em queque  parte  dntrado,  foras verticais neação  de  serimentais (Aondições criaa mais  violens  experimealagens,  foraconfirmar a

o quente. Recsuperfície mnda  observa

era  a mesm

Fig

evidenciam‐sser mais peqação de testhantes, a aná

etodologia ncial, tal comá estão deteque se tornzação, o tem

o  sintoma, ealagens. No eito.  Este poroduto e dois componene vidro da m

estudada tene linha, em qdas  embalagam  feitas obessa fase do das  à  postepêndice E), fadas não sejantos, para pntais  realizaam  feitas dua hipótese dcorrendo a umetal  fria,  aação  consist

ma,  a  produç

ura 35 ‐ Perda

se duas linhaquena e ter mtes experimeálise não fica

 mo Gondhaleectados os pa possível es

mpo e a quan

este manifesresto do coonto  remeteo restante contes das máqáquina e as c

ndo em contque secção / gens.  Para  eservações dprocesso. Noeriori.  Para forçando as am condiçõepoder descarados  com uas observaçe que em  couma pega, asparecendo  itiu  na  subst

ção  de  toda

as Devido a S

as, as nº 1 e menos do voentais. Comoa limitada pe

kar (Gondhaproblemas e studar as quantidade. 

sta‐se atravérpo é  insigne  a  análise porpo. Durantquinas, a boqcolocam no t

ta a posição posição na lestudar  o  me  garrafas  loo entanto, edespiste  dgarrafas a soes normais, rtar  com  todfoco  na  fações do procontacto  coms embalagenmediatamentituição  do 

Aumento d

a  a  fábrica, 

edas Verticais

nº 2. A escoolume de pro as percentela simplificaç

alekar, et al.,os  locais a atro grandes

és da  já descificante o núpara  as diferte o fabrico quilha, que lhtapete.  

no processoinha estudad

momento  a ogo  após  a sta constataesta  hipóteofrer variaçõfoi  identificada  a  confianase  do  proccesso  logo am materiais ns ainda quente  pequenacomponente

do Rendiment

não  se  reve

s por Linha 

lha da segunrodução do qtagens refereção feita. 

, 2005) a desestudar. A ps dimensões 

crita  fenda úmero de verenças que da garrafa, ahe dá a form

o a partir da da, em que rpartir  do  qusua moldagção não elimse  foram  reões bruscas dada a necessnça  a hipótecesso  postepós a moldametálicos  frntes foram pas  fendas noe  que  transf

to na Indústria

elou  necessá

 

nda linha preque a 1, o qentes a amb

screve, só copartir das duda Análise D

no  interior dezes em queexistem  enta marisa da 

ma, e as pinça

qual é possíreferências dual  o  defeitem  e  forammina a hipóteealizados  alde temperatsidade de reese  levantadaerior  à  molagem. A primios, aparecepostas em coos  locais de fere  as  emb

a de Processo

38

ário  ter  este

ende‐se comque facilita obas as  linhas

omeça nesteuas decisõesDiferencial: o

do  vidro, nae  se detectare o  fabricogarrafa temas, que tiram

ível detectarde produto eto  pode  serm detectadasese de haverguns  testesura. Emboraealizar testesa. Além dosldagem  dasmeira  serviuem  sedas noontacto comcontacto. Abalagens  da

o

m o s 

e s o 

a a o m m 

r e r s r s a s s s u o m A a 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

39  

máquina para o  tapete. O  componente em  causa apresentava deterioração e as embalagens  com que  tinha  contacto  apresentavam  uma  elevada  taxa  de  defeitos.  Após  esse  componente, denominado de pinça, ter sido substituído a percentagem de sedas verticais diminuiu de  imediato, para  valores  próximos  de  zero.  Desta  forma,  ficou  provado  que  uma  das  causas  do  defeito  é  o contacto com superfícies frias ou irregulares. 

Como a  linha  já  tinha  sido escolhida, a  resposta a esta questão  foi  imediata. No entanto, poderia haver diferenças entre linhas e tornou‐se relevante analisar factores como desníveis, correntes de ar e  contactos  entre  peças.  Estas  observações  dissiparam  as  dúvidas  relativas  à  influência  do meio ambiente na ocorrência de sedas verticais, não existindo qualquer relação entre ambos. Dentro da linha, também foi estudado o factor secção, isto é, as secções da máquina correspondentes à maior e também à menor produção de defeitos. Por observação na linha, foi levantada a hipótese de a forma como  as  embalagens  de  vidro  eram  colocadas  no  tapete  influenciavam  a  percentagem  de  sedas verticais, pois a secção mais crítica era aquela em que a garrafa era segurada (pela marisa) com mais tensão. No  entanto,  após  a  condução  de  um  teste  experimental,  não  foi  possível  confirmar  essa hipótese, ficando por experimentar outros tipos de movimentos. 

Ainda sobre a  localização dos defeitos,  também  foi analisado o  factor  referência,  isto é, para cada modelo de embalagem,  tendo em conta as  suas características  físicas,  foi estudada a evolução do aparecimento de defeitos. Através da análise dos dados relativos às alturas e diâmetros das marisas e  às  alturas  das  embalagens,  pôde  constatar‐se  que  a  relação  entre  as  características  físicas  e  o aparecimento de sedas verticais não é relevante. 

No que respeita ao tempo, isto é, frequência de ocorrência, horas específicas, entre outros factores, a  análise  teve  em  conta  a  variabilidade  entre  turnos,  a  variabilidade  dentro  dos  turnos  e  a variabilidade  ao  longo  do  ano.  Analisando  os  dados  relativos  à  dimensão  Tempo  desta  forma  é possível  isolar os  factores  e, neste  caso, nenhum deles  aparentou  ser  significativo. Contudo,  esta análise  temporal,  quando  cruzada  com  as  datas  de  troca  de  referência,  revela  que  os  setups provocam o aumento significativo do número de defeitos produzidos.  

 

Figura 36 ‐ Evolução Diária da Produção de Sedas Verticais 

A  Figura  36 mostra  esta  relação  entre mudança  de  fabrico  e  sedas  verticais.  As mudanças  são, visivelmente, um factor que cria instabilidade na evolução da produção de sedas verticais, bem como alguns cortes de corrente  (não  incluídos na  figura) que obrigam a parar toda a  fábrica e provocam picos na produção deste tipo de defeitos. 

Na  dimensão  quantidade,  foram  abordadas,  essencialmente,  duas  questões:  quantos  defeitos aparecem por lote e quantos defeitos aparecem por garrafa. Para a primeira questão, a resposta foi obtida analisando a evolução da taxa de sedas verticais referência a referência, à semelhança do que já  tinha  sido  feito para  a dimensão  localização. Além disso,  também  foi  analisada  a  evolução por 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

40  

ordem de  fabrico e nenhum dos dois  factores se mostrou relevante. Quanto à segunda questão, a resposta foi obtida por observação de diversas garrafas e constatou‐se que a situação mais frequente é só existir um defeito por garrafa, embora, quando a dimensão da fenda é muito grande, isto é, do tamanho  de  toda  a marisa,  as máquinas  de  inspecção  automática  consideram  tratar‐se  de  dois defeitos em simultâneo: sedas verticais na marisa e no topo. 

Resultados Com base na análise das quatro dimensões e na  realização dos  testes experimentais descritos no Apêndice E, foram obtidas algumas conclusões sobre o aparecimento de sedas verticais. A Tabela 8 faz o resumo das conclusões a tirar da Análise Diferencial. 

Tabela 8 ‐ Resumo das conclusões da Análise Diferencial 

Dimensão  Sintoma  Localização  Tempo  Quantidade 

Conclusão 

Os componentes boquilha e pinças são críticos para a análise do defeito pois são os únicos que têm contacto com a marisa. 

Tendo sido despistada a hipótese da formação de sedas após a moldagem na garrafa, as medidas correctivas devem focar‐se nesta fase do processo produtivo, especialmente 

nos componentes identificados na dimensão 

Sintoma. 

As mudanças de fabrico e os arranques das 

máquinas provocam picos na taxa de sedas verticais. Este facto pode dever‐se 

ao facto de os componentes que têm contacto com as marisas 

arrancarem frios. 

Dimensão sem 

nenhuma conclusão relevante para a análise 

 

Por  fim,  é  importante  salientar  que  a  Análise  Diferencial  levada  a  cabo  foi  temporariamente interrompida devido à limitação de Recursos Humanos, necessários para passar à implementação das acções correctivas a definir. No entanto, as conclusões obtidas constituem uma ajuda na definição de prioridades, no que diz respeito aos esforços para reduzir a taxa de sedas verticais. A execução dos passos  seguintes  da Análise Diferencial  apresentada  será  levada  a  cabo  no  segundo  semestre  de 2009. 

3.4. 5S e Gestão Visual Ao  longo  de  projecto  foram  sentidas  algumas  dificuldades  no  envolvimento  das  pessoas.  Esta dificuldade fez‐se sentir quando só as pessoas que faziam parte dos grupos de trabalho do projecto kaizen é que  tinham  contacto  com  a  grande parte das melhorias  implementadas e  com os novos métodos  de  trabalho.  A  necessidade  de  envolver mais  pessoas  levou  a  que  se  avançasse  para  a realização de 5S a uma área de manutenção de máquinas e à Zona Fria em geral. Paralelamente a estes dois subprojectos, também arrancou um de gestão visual na fábrica e foi elaborado um plano de comunicação do trabalho realizado a todas as pessoas da organização. 

Nesta secção apenas serão detalhados os subprojectos de 5S, na sua fase  inicial, pois no momento ainda estão em  curso. Embora ainda não haja  resultados mensuráveis para debater, optou‐se por aprofundar a implementação da metodologia de organização dos locais de trabalho não só por serem uma das bases do TPM mas também por terem sido feitas algumas descobertas interessantes. 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

41  

Aplicação da metodologia 

Zona Fria O trabalho na Zona Fria começou pelo primeiro passo dos 5S, a triagem, que para a linha produtiva piloto foi bastante rápida, com a ajuda de operadores conhecedores das necessidades dos postos de trabalho em causa. No entanto, para o processo da reescolha, foi necessário aplicar uma técnica mais robusta  para  perceber  as  necessidades  de  materiais  ao  longo  da  linha.  A  linha  da  reescolha  é utilizada para verificar produtos que já estão armazenados, mas que por diversos motivos, têm que voltar a ser inspeccionados. Com uma gestão completamente autónoma e sem a pressão de ter que escoar o produto vindo da Zona Quente, o número de paletes para reescolher é difícil de controlar. A fim de perceber qual a real utilização da linha de reescolha e o número limite de paletes a utilizar em simultâneo,  foi necessário  fazer um pequeno Value Stream Mapping, uma  ferramenta do pilar de Total Flow Management que permite mapear os fluxos de materiais e informação num processo ou numa organização em geral. 

Como  a  aplicação  do  VSM  neste  caso  não  tinha  como  objectivo  criação  de  fluxo, mas  apenas  a percepção do espaço necessário na zona de  reescolha e dos  locais a definir, o estudo  foi utilizado para redefinir o layout da área em causa. A Figura 37 mostra o layout planeado no âmbito dos 5S. 

 

Figura 37 ‐ Redesenho do layout da zona de reescolha 

Até  ao  momento,  progrediu‐se  até  ao  segundo  passo,  a  arrumação,  tendo  sido  marcadas  e identificadas as diversas  localizações e equipamentos  indicados na  figura acima. Com o avançar do subprojecto espera‐se que haja ainda libertação de espaço, o que tornará um local que actualmente está repleto de obstáculos, num local com regras de utilização bem definidas. Paralelamente à zona da reescolha também foi começado o segundo passo nos postos de trabalho das  linhas produtivas, embora ainda esteja a faltar a definição das regras de utilização dos equipamentos. 

Área de Manutenção de Máquinas A área de manutenção de máquinas é uma zona vital da organização. Quando ocorre uma avaria que os  operadores  de  produção  não  podem  resolver,  é  esta  oficina  a  responsável  pela  resolução  do problema e até agora havia muito desperdício à procura de material de  reparação, bem  como de material de substituição. O objectivo dos 5S para esta área é o de reduzir desperdícios provocados 

Aumento do Rendimento na Indústria de Processo

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por falta de organização, optimizar a gestão de ferramentas, consumíveis e material de substituição e facilitar o trabalho dos operadores através da organização dos seus postos de trabalho. 

Para mostrar a potencialidade da ferramenta 5S foi definida uma área piloto, a sala de soldadura. A Figura 38 faz o contraste entre o estado inicial e o estado após a realização da triagem. 

 

Figura 38 ‐ Sala de Soldadura (antes e depois da triagem) 

Após a triagem foram definidos  locais para todos os  itens que ficaram e por haver várias melhorias dependentes de  fornecedores externos, avançou‐se para o  terceiro passo, criando‐se um plano de limpeza da área (Apêndice F). 

Além da sala de soldadura, também os postos de trabalho individuais e algumas áreas comuns foram alvo de triagem, tendo sido preenchidas duas paletes de material desnecessário. É de salientar que todo  este material  estava  até  então  a ocupar  espaço nas bancadas  individuais  e  em  armários de ferramentas. Com a eliminação de ferramentas desnecessárias será possível passar da arrumação em armários, para  a  arrumação num painel  acessível  a  todas  as pessoas, que  terá  a  ajuda de  gestão visual para perceber se há falta de algum equipamento. 

 

Figura 39 ‐ Nova arrumação das ferramentas de trabalho 

Para  além  das  actividades  já  mencionadas  também  foi  planeada  uma  nova  gestão  da  área  de consumíveis. Ao  longo do subprojecto detectou‐se a dependência de toda a oficina relativamente a uma pessoa, que é a única que sabe em que local está cada um dos elementos consumíveis. Com a aplicação  dos  princípios  da  gestão  visual  à  zona  de  consumíveis  e  com  a  implementação  de  um sistema  de  reposição  por  kanban  para  os materiais  com  consumo mais  repetitivo,  é  crível  que  a utilização desta área passe a  ser bastante mais eficiente e que deixe de existir a dependência em relação à experiência de uma única pessoa. 

Resultados Os  esforços  realizados  para  envolver  as  pessoas  de  toda  a  organização  através  de  acções  com bastante  impacto  visual  e  no  quotidiano  das  pessoas  não  trouxeram,  a  curto  prazo,  nenhum resultado mensurável. Tendo em  conta que os  subprojectos mencionados ainda estão a decorrer, que  as  acções  ainda  não  foram  todas  implementadas  e  que  as  novas  regras  ainda  não  foram 

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multiplicadas pela organização, ainda assim é notável o aumento da cooperação de pessoas que não estão directamente ligadas aos grupos de trabalho. 

Enquanto  nos  grupos  de  trabalho mais  técnicos,  a  intervenção  de  elementos  exteriores  a  esses grupos não  se  fazia  sentir, na  implementação dos  5S  em  Zona  Fria  e na  área de manutenção de máquinas, as pessoas estão muito mais participativas e o número de sugestões feitas é considerável. Na Zona Fria, na primeira semana foram feitas dezoito sugestões por pessoas externas ao grupo de trabalho e, posteriormente, mais duas relacionadas com a eliminação de perdas nas linhas. Por outro lado, a quantidade de melhorias planeadas para esta área obrigou a aumentar a equipa. Estes factos são  bons  indicadores  de  que  o  envolvimento  e  a  participação  chegarão  a  todas  as  pessoas  da organização. 

No que respeita a resultados mensuráveis, espera‐se na Zona Fria que a área ocupada pela reescolha venha a diminuir e na área de manutenção de máquinas é expectável que o  tempo de procura de peças e ferramentas diminua, bem como o stock de consumíveis. 

3.5. Síntese A  implementação  de  acções  com  carácter  técnico,  directamente  nas  máquinas,  produziu  os resultados esperados. A metodologia SMED tornou a Zona Fria mais ágil e preparou‐a para receber a obra  vinda  da  fabricação,  de  forma  a  não  haver  perdas  provocadas  por  possíveis  atrasos.  A ferramenta  Kobetsu  Kaizen,  através  dos  seus  oito  passos,  permitiu  reduzir  significativamente  as perdas por handling na Zona Quente. Embora o  indicador destas perdas  tivesse  sido montado no arranque  do  grupo  de  trabalho,  as  observações  feitas  permitiram  validar  as  acções  de melhoria implementadas  e  passar  à multiplicação  das mesmas  para  toda  a  fábrica.  A  Análise  Diferencial também se revelou bastante útil na identificação das causas do defeito sedas verticais, o defeito com mais impacto no rendimento da fábrica. 

O  envolvimento  das  pessoas  foi  considerado  um  factor  importante  para  consolidar  as melhorias obtidas nas máquinas. As ferramentas 5S e Gestão Visual foram as escolhidas para alargar o projecto ao maior  número  de  pessoas  possível.  Com  o  trabalho  já  realizado  na  Zona  Fria  e  na  área  de manutenção de máquinas, sente‐se um acréscimo do empenho dos operadores na  implementação do sistema de melhoria contínua desenhado para a “New Glass”.   

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4. Análise dos Resultados Este  capítulo destina‐se  a  avaliar os  resultados obtidos no projecto  “Aumento do Rendimento na Indústria de Processo” e no projecto kaizen global. Desta forma, será possível perceber o contributo deste trabalho para o cumprimento dos objectivos traçados para o final dos doze meses do projecto kaizen. 

4.1.  Resultados  do  Projecto  “Aumento  do  Rendimento  na  Indústria  de Processo” Ao  longo  da  implementação  de  cada  uma  das  ferramentas  escolhidas  para  este  trabalho  foram traçados objectivos, de forma a alinhar os subprojectos com o projecto kaizen na sua totalidade. De forma  geral,  houve  dois  resultados mensuráveis  e  dois  não mensuráveis.  A  Tabela  9  resume  os resultados alcançados. 

Tabela 9 ‐ Síntese dos resultados do projecto "Aumento do Rendimento na Indústria de Processo" 

 Mudança de 

Fabrico na Zona Fria 

Ineficiências na Zona Quente 

Problemas de Qualidade 

Envolvimento das pessoas 

Resultado 

Redução do tempo de setup das máquinas de inspecção 

automática em mais de 45 

minutos e dos paletizadores em 

15 minutos 

Redução das perdas por 

handling para 0,34% 

Identificados dois componentes críticos para a ocorrência de 

defeitos (boquilha e pinças) 

O contacto com superfícies frias pode aumentar a ocorrência do 

defeito 

Aumento do número de sugestões de melhoria 

Maior receptividade por parte das pessoas para actividades de melhoria contínua 

 

A  análise  da  Tabela  9  permite  concluir  que  os  objectivos  traçados  para  o  projecto  “Aumento  do Rendimento na Indústria de Processo” foram alcançados. No caso dos tempos de setup das máquinas de  inspecção  automática  e  das  perdas  de  eficiência  por  handling,  os  resultados  superaram ligeiramente os objectivos. Sobre o handling ainda há a realçar os bons resultados obtidos numa das máquinas  onde  foi  feita  a  multiplicação  das  melhorias.  No  caso  da  Análise  Diferencial  e  do envolvimento das pessoas, os resultados serão mais visíveis com a continuação do projecto kaizen. No entanto, os resultados obtidos até agora são um bom indício para o projecto global. 

4.2. Resultados Globais Para  que  o  projecto  tenha  sucesso,  os  resultados  parciais  da  implementação  das  diversas metodologias apresentadas, têm que se reflectir no processo global da fábrica. No entanto, é preciso realçar o facto de o projecto ainda estar a meio e numa fase em que não há actuação directa sobre as máquinas, pois, como foi descrito, o foco actual está no envolvimento das pessoas. 

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Os  resultados  globais  do  projecto  têm  três  vertentes:  o  rendimento  da  fábrica,  o  rendimento  do forno X e o índice médio de mudanças. A evolução do rendimento da fábrica é apresentada na Figura 40. 

 

Figura 40 ‐ Evolução do rendimento da fábrica 

A última  coluna da  figura  acima  revela que o  valor orçamentado  ainda não  foi  atingido, de  certa forma penalizado pela performance no mês de  Junho. No entanto, nota‐se um evolução bastante positiva  entre  Fevereiro  e Abril, meses  em  que  houve  bastante  trabalho  desenvolvido  em  temas técnicos.  

Para o forno X, os resultados são demonstrados na Figura 41. 

 

Figura 41 ‐ Evolução do rendimento do forno X 

Os resultados obtidos no forno X são bastante animadores. O valor acumulado do ano 2009 está a 0,5 pontos percentuais do objectivo do projecto kaizen. Este valor  leva a crer que o objectivo será superado antes do prazo estipulado. 

No diz  respeito ao  índice médio de mudanças,  isto é, o rendimento nas primeiras 12 horas após a paragem da linha para se efectuar a mudança, houve um aumento de 0,9 pontos percentuais, face a 2008, como demonstra a Figura 42.  

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Figura 42 ‐ Evolução do IMM 

Embora não seja um resultado do projecto, é  importante saber que o número de mudanças face a igual período de 2008  teve um aumento de 18.4%. Este aumento  foi  feito sem recorrer a mão‐de‐obra extra e reflecte uma passagem de 4.08 para 4.84 mudanças por semana, em média. Apesar de esta alteração ser significativa, a tendência continua a ser de subida, pois no mês de Junho fizeram‐se,  em  média,  5.83  mudanças  por  semana.  O  aumento  do  número  de  mudanças,  além  de corresponder  a  um  aumento  da  carga  de  trabalho  das  equipas  de mudança,  também  penaliza  o rendimento da fábrica, pois obriga as máquinas a estarem paradas e arrancarem mais vezes. 

4.3. Síntese Os resultados obtidos no projecto “Aumento do Rendimento na Indústria de Processo” revelam que as  acções  nas máquinas  foram  bem  implementadas  e  que  as  ferramentas  de  5S  e Gestão  Visual podem contribuir para envolver mais as pessoas da organização. Quando se analisam os resultados obtidos no projecto kaizen global, constata‐se que apesar dos bons resultados parciais, é necessário começar novos temas técnicos, para que o potencial de metodologias como SMED e Kobetsu Kaizen possam ser aplicados noutras áreas. 

   

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5. Conclusões e Perspectivas de Trabalhos Futuros A  implementação  de  um  sistema  de melhoria  contínua  na  indústria  de  processo  revelou‐se  um projecto  com  bastantes  desafios.  Se  por  um  lado,  a  “New  Glass”  já  tem  uma  performance operacional considerada de classe mundial, por outro a sensação de  já estar num patamar elevado inibe  a  transição para um  sistema de melhoria  formal. Outra das particularidades da  indústria de processo,  que  se  revelou  uma  das  maiores  dificuldades  do  projecto  foi  a  falta  de  tempo  da organização para se focar em actividades kaizen. O sentido de urgência de colmatar qualquer tipo de falha nas máquinas para que estas não parem faz com que os esforços de melhoria e actividades fora do quotidiano não sejam a prioridade. 

O projecto, que começou por uma vertente eminentemente técnica, focalizada nas máquinas e nos rendimentos  das  linhas,  a  certa  altura  teve  que  ser  complementado.  Ao  sentir‐se  a  falta  de envolvimento  da  organização,  foi  necessário  abordar  temas  como  motivação  e  mudança  de mentalidade, o que começa a revelar‐se proveitoso, havendo a perspectiva de os resultados obtidos nas máquinas poderem ser consolidados no longo prazo. 

A actuação na componente humana da organização obrigou, naturalmente, a  fazer uma pausa nas melhorias dos equipamentos e é esta uma das causas do lento crescimento dos indicadores. Embora se note que há melhorias na performance operacional da “New Glass”, a evolução dos  resultados poderia ser mais rápida se o trabalho técnico não tivesse sido interrompido. No entanto, o caminho também  não  poderia  ser  só  a  vertente  técnica,  sob  pena  de  se  continuar  a  envolver  apenas  os membros  dos  grupos  de  trabalho.  A  principal  conclusão  a  tirar  da  necessidade  de  fomentar  o envolvimento  e  a motivação para participar no projecto  kaizen  é  a  importância das pessoas num processo  de  mudança.  O  envolvimento  e  a  disponibilidade  para  a  mudança  são  factores imprescindíveis num projecto de melhoria contínua. 

Outro  factor  que  influenciou  a  demora  na  obtenção  de  alguns  resultados  foi  a  necessidade  de estender as acções a todas as linhas de produção da fábrica. Só desta forma os resultados obtidos na linha  piloto  podem  ser  estendidos  a  todas  as máquinas  e  os  novos  hábitos  ensinados  a  todas  as pessoas. Tendo em conta o facto de a fábrica trabalhar em contínuo, com rotatividade de turnos e das  suas  chefias  e  a  falta  de  tempo  das  pessoas,  a multiplicação  das  acções  foi morosa,  embora imprescindível. 

No que diz respeito ao ambiente externo à mudança, este também influenciou o projecto e acabou por dar mais relevo ao tema do SMED, uma vez que face a igual período do ano de 2008, houve um aumento de 18.4% das mudanças de fabrico. Este aumento vem no seguimento de um esforço para ganhar  novos  mercados,  tendo  que  lançar  mais  produtos  e  produzir  séries  mais  curtas.  Nessa medida, o  trabalho desenvolvido durante o projecto  teve um papel muito  importante, pois  se  as mudanças não fossem mais rápidas e a Zona Fria não estivesse a trabalhar tão ou mais rápido do que a fabricação, os indicadores operacionais seriam severamente prejudicados. Esta constatação reforça a ideia de que um sistema de melhoria contínua, independentemente do tipo de indústria onde seja implementado, é um suporte muito  importante para a estratégia delineada pelos gestores de topo. Desta  forma,  a  agilização  da  “New  Glass”  deve‐se  também  às melhorias  conseguidas  com  este projecto.  Esta  perspectiva  é,  certamente,  partilhada  pela  administração  da  empresa,  dado  o  seu envolvimento em  todo o processo,  através de  reuniões mensais para  seguimento da evolução do projecto. 

Como perspectivas de trabalho futuro, é fundamental, para poder cumprir os objectivos, assim que houver mais envolvimento das pessoas, retomar os temas técnicos. De forma a dar seguimento ao 

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trabalho já feito, o tema da qualidade deve ser continuado, com a conclusão da Análise Diferencial às sedas verticais. Paralelamente à Análise Diferencial, a abertura de mais Kobetsus Kaizen permitirá obter  ganhos  rapidamente,  à  semelhança  do  que  se  verificou  com  o  tema  do  handling  em  Zona Quente. Por fim, tendo em conta as exigências do mercado no período económico que se atravessa, o  ganho  de  flexibilidade  produtiva  é  de  extrema  importância.  Nesse  sentido,  ganhar  tempo  nas mudanças tanto em Zona Quente como em Zona Fria pode fazer a diferença entre a “New Glass” e a sua concorrência, uma vez que fabricos mais curtos aumentarão significativamente a sua capacidade de resposta e representarão uma vantagem competitiva no mercado. Outro trabalho que necessita de ser consolidado no segundo semestre é a criação de hábitos diários de melhoria, o Kaizen Diário, ferramenta muito  importante para que as pessoas ganhem um espírito crítico relativamente ao seu trabalho e contribuam para a mudança. 

Globalmente, o projecto foi bem sucedido, tendo sido obtidos os resultados esperados nos diversos subprojectos conduzidos, o que é um factor motivador para continuar o desenvolvimento do sistema de melhoria  contínua  da  “New  Glass”.  É  de  esperar  que  com  o  aumento  do  envolvimento  das pessoas, o projecto kaizen ganhe velocidade e os resultados globais sejam alcançados. 

   

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Apêndice A – SMED em Zona Fria (1) Tabela A1 ‐ Modo operatório para a mudança de uma máquina FP / FPX 

 

 

 

 

 

 

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Tabela A2 ‐ Modo operatório para a mudança de uma máquina FP / FPX (continuação) 

   

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Apêndice B – SMED em Zona Fria (2)    Tabela B1 ‐ Modo operatório da mudança do paletizador 

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Apêndice C – SMED em Zona Fria (3)             Tabela C1 ‐ Modo operatório para as trocas no controlo de qualidade 

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Apêndice D – Kobetsu Kaizen em Zona Quente 

 

Figura D1 ‐ Plano de Acção traçado para o problema de handling 

 

 

 

 

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Figura D2 ‐ Plano de Acção traçado para o problema de handling (continuação)

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Apêndice E – Análise Diferencial Tabela E1 ‐ Resumo dos testes experimentais da Análise Diferencial ao defeito sedas verticais 

Hipótese  Teste  Amostra Nº de garrafas com sedas verticais 

Conclusões 

A  exposição,  à  saída  da máquina IS,  a  ar  frio  pode  provocar  sedas verticais  

Arrefecimento das garrafas com um jacto  de  ar  comprimido, imediatamente  após  transferência para o tapete rápido  

10  0 

Embora  o  jacto  de  ar  comprimido  crie  condições  a  que  as  garrafas dificilmente são expostas no fabrico, este teste pode ser melhorado se se conseguir  arranjar meios  para  forçar  um  arrefecimento mais  brusco  e rápido  

Após  arrefecerem  na  arca,  se submetidas  a  temperaturas elevadas,  as  garrafas  podem aparecer com sedas na marisa  

Aquecimento  das  garrafas  na estufa  das  ferramentas  (a  379ºC) durante 8 minutos  

10  0 O  aquecimento  das  garrafas  não  provoca  sedas  verticais  após  estas arrefecerem. A elevada temperatura utilizada no teste permite descartar a hipótese formulada com segurança  

As variações de temperatura (frio‐quente‐frio)  podem  causar  sedas verticais  

Arrefecimento  com  jacto  de  ar comprimido das  garrafas utilizadas no teste anterior  

10  0 

Mais uma vez, o arrefecimento das garrafas com jacto de ar comprimido não provocou quaisquer sedas verticais. Embora as garrafas não estejam sujeitas  a  estas  condições  durante  o  fabrico,  poderá  ser  interessante provocar um arrefecimento mais rápido, tal como para o primeiro teste  

Torcer  as  garrafas  quando  estão presas  na  pinça  pode  criar  sedas verticais 

Torção  das  garrafas  quando  estas ainda estão presas nas pinças 

6  0 

A  simples  torção  da  garrafa  não  provoca  sedas  verticais,  mas  pela observação  da  linha  e  com  os  registos,  existe  a  evidência  de  que  as secções em que as pinças forçam as garrafas, têm maior registo de sedas verticais, pelo que é necessário estudar mais movimentos.  

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Apêndice F – 5S Área de Manutenção de Máquinas 

Figura F1 ‐ Plano de Limpeza da Sala de Soldadura