aula 05 - arte abstrata, arte pop e arte conceitual

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História da Arte Visual Moderna e Pós-Moderna Aula 5 Arte Abstrata, Arte Pop, Arte Conceitual Lucia de Fátima Padilha Cardoso Professora Executora UAB I UFRPE I Licenciatura em Artes Visuais Digitais

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História da Arte Visual

Moderna e Pós-Moderna

Aula 5

Arte Abstrata, Arte Pop, Arte Conceitual

Lucia de Fátima Padilha Cardoso

Professora Executora

UAB I UFRPE I Licenciatura em Artes Visuais Digitais

Na nossa quinta aula vamos estudar mais três movimentos da vanguarda nas Artes Visuais do Século XX:

Arte Abstrata, Arte Pop e Arte Conceitual

Arte abstrata é uma forma

de expressão que não

busca referências no

mundo que está ao nosso

redor. São obras que não

têm como objetivo a

representação de formas

reconhecíveis.

O reinado das cores e das formas: momentos abstracionistas

Vassily Kandinsky. Composição IV. 1911.

A Arte Abstrata ou informal surgiu

em torno de 1910, na Europa. Ela se

inclina para a emoção, para o ritmo,

a cor e à expressão. Kandinsky foi o

pioneiro dessa forma de abstração.

A proposta abstracionista pode ser

dividida em duas tendências: o

abstracionismo informal (lírico) e o

geométrico, ou seja: a abstração da

forma.

Piet Mondrian. Composição com

Vermelho, Amarelo e Azul. 1927.

O abstracionismo informal (ou

lírico) baseia-se na emoção,

na espontaneidade e na

expressão das formas, cores

ou linhas representadas. Já

para compreendermos o

abstracionismo formal (ou

geométrico) vamos ter que

partir do princípio de que as

formas e as cores devem ser

organizadas de tal maneira

que a composição resultante

seja apenas a expressão de

uma concepção geométrica:

uma construção.

Wols. O fantasma azul. 1951.

Muitos são os artistas e grupos

que se envolveram com os dois

tios de representação abstrata.

Arte Informal e Expressionismo

Abstrato são dois momentos

dessa informalidade na

abstração. Já o Suprematismo

Russo, o Construtivismo, o

Neoplasticismo Holandês e o

Concretismo representam a

razão abstrata embasada na

geometria. No Brasil temos

representantes das duas

tendências, mas só o

Concretismo teve grupos

organizados.

Kasimir Malievitch. O quadrado negro sobre

Fundo branco. 1915.

Arte e consumo: a Pop Art

A Arte Pop surgiu no final dos

anos 50 e se interessava pela

cultura de massa que era

composta através de linguagens

como o cinema e a propaganda e

veiculada por uma mídia cada vez

mais onipresente.O artista, dentro

desse novo mundo feito de novos

parâmetros se interessa pelas

mesmas coisas que seus

contemporâneos e trabalha como

eles utilizando as mesmas

máquinas e tecnologias. Enfim:

ele é um homem como os outros.

Richard Hamilton. O que será que torna os lares de hoje tão

diferentes, tão atraente?1956. Colagem.

Os artistas do Pop trabalhavam em

publicidade e ilustração. Ou seja:

ganham a vida em espaços alternativos

às artes visuais. Pragmáticos, eles não

tratavam a obra de arte como se ela

fosse o resultado de uma alquimia

complicada. Eles usavam técnicas

simples, populares e industriais além de

símbolos que se incluíam nessa

categoria.

A, por assim dizer, “desmistificação” das

artes visuais caminhou, portanto, em

paralelo à sua aceitação comercial. O

artista contemporâneo (e o Pop em

particular) é bem sucedido, de incrível

sucesso comercial e midiático.

Andy Warhol. Campbell's Soup Can. 1964

A superexposição na mídia

tornou-se mais explícita em

nomes como Andy Warhol por

volta do início dos anos 60. A ele

juntaram-se Roy Liechtenstein,

Tom Wesselmann e Claes

Oldenburg.

As serigrafias seriadas de Warhol

colocaram no mesmo patamar

produtos consumíveis como

Marylin Monroe ou uma lata de

Coca Cola. Sua

popularidade, devidamente

veiculada, foi imensa. Andy Warhol. Marilyn. 1962.

A desmaterialização do objeto: a arte

conceitual e outras formas de expressão

Esse movimento, dentro do universo

da história das artes plásticas, surgiu

em fins dos anos 60 e inícios da

década seguinte. Essa nova forma de

expressão tem antecedentes fortes

na obra e nas ideias de Marcel

Duchamp, o artista dadaísta e

polivalente que já estudamos nessa

disciplina. Ele foi o precursor da Arte

Conceitual na medida em que

questionou as regras da produção

artística, os julgamentos estéticos e a

participação do espectador como

elemento atuante na obra de arte.

Uma categoria artística que costuma

ser designada como arte da idéia

onde o conceito substitui a obra.

Yves Klein.Anthropometries de l ´Epoque bleue.

Paris. 9 março de 1960

A definição e a vivência dessa arte

baseada no conceito foi aprofundada

principalmente por Joseph Kosuth.

O desafio do artista consistia em

descobrir e definir a natureza e a

linguagem da arte e que ela é um

pretexto para uma reflexão, uma

conceitualização.Ela é feita para

envolver a mente do espectador e

não só o seu olhar.

No seu conhecido trabalho Uma e

três cadeiras ele se propõe a

conscientizar o espectador da sua

filosofia. Sobre a representação

visual e verbal de uma ideia, o que

seria a expressão artística maior?

Joseph Kosuth. Uma e três cadeiras. 1965. Instalação

Continuando a enumeração das

atuações dos artistas conceituais

nas diversas instâncias propostas

para análise e (ou) interferências

verificaremos que alguns

artistas do conceito se propõem

também a explorar o poder da arte

como agente transformador de

vidas ou instituições e ,mesmo, a

criticar as estruturas de poder do

universo da arte ou as condições

políticas e sociais do planeta.

Nesse nicho se insere o trabalho

de Joseph Beuys do qual

citaremos, como exemplo, a ação

realizada em Dusseldorf, na

Galeria Schmela, em 1965 ,

intitulada Como explicar pintura a

uma lebre morta. Joseph Beuys. Como explicar pintura a uma lebre morta.

1965. Foto da Performance.

A arte conceitual atingiu seu

apogeu em meados dos anos 70,

mas até os dias que correm

(mesmo após o retorno á pintura

do qual falaremos posteriormente

que aconteceu na década de 80),

o interesse pela ideia como ponto

de partida para a arte permanece

em alta na arte contemporânea.

On Kawara. Hoje. Pintura em série.Tinta, tela, jornal

No Brasil, a arte conceitual iniciou-se

sob a ditadura militar. A partir dessa

situação política os artistas criaram

ações que funcionaram como

estratégias metafóricas e simbólicas

para burlar o controle estabelecido pelo

regime. Dessa forma além dos

objetivos comuns com os outros

centros, a utilização do conceito veio

atrelada a toda uma carga de denúncia

política. Com Cildo Meirelles, temos um

exemplo contundentede como a arte

conceitual se processou no país.

Nestes anos de censura, de medo e de

silêncio ele destacou-se com suas

propostas políticas e críticas como seu

projeto Inserções em circuitos

ideológicos. Em uma de suas ações

mais conhecidas intitulada Quem matou

Herzog? ele usa sua arte para

questionar a ditadura e suas ações.

Cildo Meirelles. Quem matou Herzog!1975.

Carimbo sobre nota de um cruzeiro.

Para um aprofundamento dos assuntos estudados na Aula 5, leia o capítulo 6 do Livro “História da Arte Visual Moderna e Pós-Moderna. Volume 1: Transformações na primeira metade do século XX: as vanguardas” e os capítulos 1 e 2 do Livro “História da Arte Visual Moderna e Pós-Moderna. Volume 2: Pós-modernidade: Artes visuais aqui e agora”.

Bom estudo e até a próxima aula!