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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CURSO DE GRADUAÇÃO EM QUÍMICA INDUSTRIAL ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO ETANÓLICO DE FOLHAS DE LOURO – Laurus nobilis L. – FRENTE ÀS BACTÉRIAS Escherichia coli E Salmonella enteritidis. João Carlos Luzzi Lajeado, dezembro de 2010.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES

CURSO DE GRADUAÇÃO EM QUÍMICA INDUSTRIAL

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO ETANÓLICO DE

FOLHAS DE LOURO – Laurus nobilis L. – FRENTE ÀS BACTÉRIAS

Escherichia coli E Salmonella enteritidis.

João Carlos Luzzi

Lajeado, dezembro de 2010.

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João Carlos Luzzi

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO ETANÓLICO DE

FOLHAS DE LOURO – Laurus nobilis L. – FRENTE ÀS BACTÉRIAS

Escherichia coli E Salmonella enteritidis.

Monografia apresentada na disciplina de Tabalho de Conclusão, do Curso de Química Industrial, como parte da exigência para obtenção do título de Bacharel em Química Industrial.

Orientador: Eduardo Miranda Ethur

Lajeado, dezembro de 2010.

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AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos a todos que fizeram parte de mais esta etapa

de minha vida. A meus pais, Félix e Nercy, pelo apoio e confiança que nunca deixaram de

dar em todos os momentos.

A minha esposa, Fabiane, que nunca deixou de acreditar e confiar em min

sempre me apoiando e entendendo. A minha filha, Michele, que nesta última etapa

veio trazer mais felicidade e ânimo para concluir o curso.

A empresa Fontana S.A. que muito me ajudou propiciando apoio técnico em

muitos momentos e possibilitando aplicabilidade de muitos conhecimentos

adquiridos ao longo do curso.

Ao Sr. Rogério Dorigon representante da empresa R.R. Indústria e Comércio

de Alimentos Ltda que nesta última etapa (TCC) foi fundamental para que o estágio

fosse concluído. Desde o início e em nenhum momento o Sr. Rogério deixou de me

dar condições para que o trabalho fosse feito adequadamente.

A Natália (laboratório Univates) que me deu apoio durante a realização das

análises.

A todos os professores que fizeram parte desta caminhada. Em especial a

meu orientador, professor Eduardo Miranda Ethur pelo apoio, paciência, dedicação e

confiança que foram fundamentais para que este trabalho fosse realizado.

A todos, muiiiiiito obrigado!!!!!

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RESUMO

Apesar da variedade de especiarias e condimentos que possuem atividade antimicrobiana (pimenta, alho, cravo, canela, orégano e louro entre outros) ser grande, suas atividades não se dão de forma irrestrita e linear. Fatores ligados as características do alimento e do microrganismo atuante interferem diretamente na atuação desta substância antimicrobiana. Desta forma, neste trabalho, foram realizados testes para a verificação da atividade antimicrobiana do extrato etanólico de folhas de louro (Laurus nobilis L.) frente às bactérias Escherichia coli e Salmonella enteritidis. Realizados os testes de CIM (concentração inibitória mínima) verificou-se que o extrato não possui atividade antimicrobiana nas concentrações testadas frente a estas bactérias. Conforme verificado em outros trabalhos e pesquisas, estas bactérias Gram-negativas também apresentaram baixa (ou nenhuma) sensibilidade as substâncias antimicrobianas do louro ou de outros condimentos. O forte odor, cheiro e coloração verde escura intensa da folha natural foi verificada no extrato.

PALAVRAS-CHAVE: Atividade antimicrobiana, extrato etanólico de folhas de louro (Laurus nobilis L.), bactérias Gram-negativas.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Extrato etanólico amostra íntegra.............................................................44

Figura 2 – Extrato etanólico amostra desidratada .....................................................44

Figura 3 – Placas de CIM da primeira etapa após aplicação TTC ............................47

Figura 4 – Placas de CIM da segunda etapa após aplicação TTC............................48

Figura 5 – Placa de confirmação de crescimento......................................................51

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Surtos de DTA por sorovar de Salmonella..............................................26

Gráfico 2 – Surtos de DTA por microrganismo causador ..........................................30

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Principais parâmetros intrínsecos e extrínsecos que afetam o crescimento

microbiano.................................................................................................................15

Tabela 2 – Valores mínimos aproximados de aw para o crescimento microbiano.....16

Tabela 3 – Microrganismos mais freqüentes causadores de DTA. ...........................26

Tabela 4 - Alimentos causadores de DTA mais freqüentes. ....................................27

Tabela 5 – Resultados de concentração inibitória mínima (CIM) do microrganismo

Escherichia coli. ........................................................................................................45

Tabela 6 – Resultados de concentração inibitória mínima (CIM) do microrganismo

Samonella enteritidis. ................................................................................................46

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ................................................................................8

1.1 Objetivo geral.......................................................................................................9

1.2 Objetivos específicos..........................................................................................9

2 MICRORGANISMOS NOS ALIMENTOS...............................................................10

2.1 Microrganismos deteriorantes .........................................................................12

2.2 Fatores intrínsecos e extrínsecos ...................................................................14

2.2.1 Fatores intrínsecos ........................................................................................15

2.2.1.1 Atividade de água (aw) ................................................................................15

2.2.1.2 pH..................................................................................................................16

2.2.1.3 Potencial de oxi-redução............................................................................17

2.2.1.4 Composição química ..................................................................................17

2.2.1.5 Fatores antimicrobianos naturais..............................................................17

2.2.1.6 Interações entre microrganismos..............................................................18

2.2.2 Fatores extrínsecos........................................................................................19

2.2.2.1 Temperatura ambiente ................................................................................19

2.2.2.2 Umidade relativa do ambiente....................................................................20

2.2.2.3 Composição gasosa do meio.....................................................................20

2.2.2.4 Conceito de obstáculos de barreiras.........................................................21

3 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS...................................................22

3.1 Salmonella enteritidis .......................................................................................24

3.2 Escherichia coli .................................................................................................27

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3.3 Avaliação da atividade antimicrobiana............................................................30

4 A INDÚSTRIA DE PRODUTOS CÁRNEOS ..........................................................32

4.1 Condimentos e especiarias ..............................................................................34

4.2 Louro – uma erva condimentar ........................................................................36

5 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................39

5.1 Material vegetal .................................................................................................39

5.2 Extração do extrato etanólico ..........................................................................39

5.3 Avaliação da atividade antimicrobiana............................................................40

5.3.1 Procedimentos ...............................................................................................40

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES...........................................................................44

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................53

REFERÊNCIAS.........................................................................................................54

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INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Nas últimas décadas, o homem tem passado por mudanças e

transformações profundas em seu estilo de vida. Até poucos anos atrás os

consumidores, de modo geral, não observavam conceitos ecológicos ou naturais nos

produtos muito menos características ou composição química dos alimentos.

Atualmente, estes conceitos já deixaram de ser um simples modismo e estão

totalmente absorvidos na cultura do consumidor de modo que estes fatores podem

ser perfeitamente os responsáveis pelo sucesso ou fracasso de um produto junto ao

consumidor.

Esta realidade na qual o consumidor exige cada vez mais alimentos

nutricionalmente balanceados e sobretudo com elevado grau de segurança tem feito

com que cada vez mais busquem-se novas tecnologias de processamento e

sobretudo substâncias naturais que possibilitem diminuir ou minimizar a utilização

de substâncias sintéticas utilizadas principalmente para a conservação dos

alimentos. É neste contexto que a utilização de compostos ou substâncias naturais

provenientes de condimentos ou especiarias vem despertando cada vez mais

interesse. Apesar deste interesse recente, vários relatos históricos confirmam a

utilização de condimentos desde a Idade Média quando eram utilizados

principalmente para realçar e potencializar sabores e aromas nos alimentos

(BAKKALI et al., 2008). Atualmente sabe-se que além destas qualidades, alguns

destes condimentos possuem atividade antimicrobiana que atuam evitando possíveis

degradações devido às contaminações microbianas nos alimentos possibilitando

assim prolongar a validade do alimento e tornando-o mais seguro. (SHAN et al.,

2007).

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A segurança alimentar, além do fator relacionado a utilização de substâncias

naturais, é observada e questionada pelo consumidor no dia-a-dia quando observa-

se cada vez mais casos e surtos de intoxicações alimentares causadas por

microrganismos patogênicos devido a deterioração dos alimentos (MARINO et al.,

2001). No Brasil, conforme dados da Secretaria de Vigilância em Saúde do

Ministério da Saúde (SVS/MS), de 1999 à 2009 foram registrados 6.349 surtos de

doenças transmitidas por alimentos (DTA) envolvendo a contaminação de

aproximadamente 124.000 pessoas. Estes dados somente reforçam a necessidade

da utilização de substâncias naturais ou sintéticas a fim de conservar-se o alimento

da melhor forma possível.

Neste contexto, a seleção e aplicação da melhor substância de origem

natural torna-se um desafio pois a complexidade do alimento, suas propriedades

químicas e físicas e os microrganismos que possam estar presentes naturalmente

(ou não) no alimento podem influenciar diretamente nas propriedades

antimicrobianas destas substâncias.

Assim, pesquisas e testes envolvendo estes compostos naturais mostram-se

de extrema importância.

1.1 Objetivo geral

Fazer a verificação da eficiência antimicrobiana do extrato etanólico de

folhas de louro (Laurus nobilis L.) frente aos microrganismos Escherichia coli e

Salmonella enteritidis.

1.2 Objetivos específicos

- Verificar se ocorrem diferenças de atuação entre uma amostra de folhas

de louro colhida recentemente e outra de amostra comercial de folhas

desidratadas;

- Realizar os testes de concentração inibitória mínima (CIM) e verificar a

eficiência do extrato frente as bactérias;

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MICRORGANISMOS NOS ALIMENTOS

Desde o início da civilização humana, o homem conviveu com os

microrganismos presentes naturalmente nos alimentos apesar de em grande parte

de sua história desconhecer ou ignorar estes microrganismos. A partir do momento

em que o homem deixou de ser nômade e que a necessidade de plantar, produzir,

conservar e armazenar seu próprio alimento tornou-se indispensável, os problemas

decorrentes destas necessidades também surgiram. Acredita-se que as doenças

transmitidas por alimentos, principalmente devido à conservação tenham iniciado

juntamente neste período (JAY, 2005).

A partir destas necessidades antigas, o homem passou a preparar e

manipular o alimento buscando uma melhor conservação deste. Atualmente sabe-se

de evidências sobre a existência de ordenha de vacas datadas de 9.000 a.C., de

relatos que indicam que na Babilônia antiga (7.000 a.C.) o homem já fabricava a

cerveja e que os sumérios (3.000 a.C.) foram os primeiros criadores de gado de

corte e leite tendo sido os primeiros a fabricar a manteiga. Nesta época também,

judeus, chineses e gregos, utilizavam o sal para conservação dos alimentos e os

romanos (1.000 a.C.) utilizavam a neve para conservação da carne e frutos do mar

(FRANCO; LANDGRAF, 2008).

Apesar destas técnicas e métodos inovadores, o conhecimento a respeito

dos mecanismos e agentes causadores das doenças alimentares não evoluiu tão

rapidamente. Durante a Idade Média, milhares de pessoas morreram de ergotismo

devido não saber-se que o fungo que produz esta toxina cresce em cereais. Apesar

disto, procedimentos de limpeza e higiene no preparo e manipulação de alimentos

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demoraram muito para serem implantados e exigidos (por volta do século XIII). A

partir disto, em 1.658 A. Kircher teria sido a primeira pessoa a sugerir a deterioração

dos alimentos por microrganismos; em 1.765 L. Spallanzani através de experimentos

(caldo de carne fervido em recipiente fechado) desmentiu a teoria da geração

espontânea mantendo o alimento em condições de consumo por muito mais tempo,

mas, somente em 1.809 o confeiteiro François Nicolas Appert aprimorou e

comprovou esta técnica conservando carne em recipientes de vidro que foram

fervidos em água por longos períodos. Este processo, com muitos aprimoramentos

nas técnicas é à base dos processos atuais de enlatamento de alimentos (FRANCO;

LANDGRAF, 2008).

Apesar de todos os experimentos atuarem diretamente sobre os

microrganismos (inativando-os), foi o médico francês L. Pasteur o primeiro cientista a

analisar e descrever a importância dos microrganismos nos alimentos quando em

1.837 este observou e demonstrou que o azedamento do leite era causado por

microrganismos. Após isto, em 1.860 o mesmo L. Pasteur utilizou calor para inativar

microrganismos indesejáveis no vinho e cerveja, processo que, mais tarde foi

denominado de pasteurização (JAY, 2005).

A partir destes eventos, a ciência e o homem passaram a avaliar e estudar

os mais diversos microrganismos e as implicações positivas ou negativas que estes

possuíam na conservação dos alimentos. Desta forma, novas técnicas e processos

foram criados e aprimorados, indústrias de processamento e matérias primas

surgiram além de indústrias químicas e de aditivos (naturais ou sintéticos) que vem

desenvolvendo-se de forma extremamente rápida (FRANCO; LANDGRAF, 2008).

Da mesma forma que a população mundial cresce, o interesse pelos

microrganismos ligados aos alimentos também cresce. Pode-se dizer que os

microrganismos estão diretamente ligados à disponibilidade, quantidade e qualidade

dos alimentos disponíveis ao homem (PELCZAR et al., 1997). Atualmente, sabe-se

que a interação que ocorre entre os microrganismos e o alimento pode ser benéfica

ou maléfica podendo desta forma, ser divididos em três grandes grupos:

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- Microrganismos causadores de modificações químicas prejudiciais que

resultam em deteriorações microbianas podendo causar alterações de cor,

odor, sabor, textura e aspecto do alimento. Estes tipos de alterações ocorrem

naturalmente devido ao metabolismo dos microrganismos que utilizam o

substrato do alimento como fonte de energia;

- Microrganismos patogênicos que podem causar doenças tanto no homem

quanto em animais. Em geral, estes microrganismos chegam ao alimento

devido a condições precárias de produção, armazenamento, distribuição ou

manipulação;

- Microrganismos que causam modificações positivas no alimento alterando

características originais. Estes tipos de microrganismos estão presentes

naturalmente ou são adicionados propositalmente ao substrato para que uma

série de reações ocorram. Muitas vezes é necessário apenas estimular

seletivamente (temperatura, pH, tempo) para que estas reações ocorram

(FRANCO; LANDGRAF, 2008).

2.1 Microrganismos deteriorantes

A contaminação microbiana dos alimentos, quando ocorre, apresenta

diferencialmente uma característica: o alimento (ou substrato) serve como meio de

cultura para o microrganismo desenvolver-se e multiplicar-se. Isto pode ser

comparado com a inoculação de um determinado microrganismo em um meio de

cultura com caldo nutriente ou um ágar (PELCZAR et al., 1997). Ocorrida a

contaminação, os microrganismos atuam de duas formas distintas: multiplicam-se no

alimento obtendo deste os nutrientes essenciais para a sua proliferação ou utilizam o

alimento apenas como um veículo para a sua disseminação para outros indivíduos.

As contaminações alimentares podem ocorrer de duas maneiras distintas:

direta quando a contaminação ocorre nos tecidos animais ou vegetais ainda vivos

(antes do abate ou colheita) ou indireta quando a contaminação ocorre após o abate

ou colheita do alimento (EVANGELISTA, 2002).

Em geral, os alimentos na sua forma natural, possuem pouca ou nenhuma

carga microbiana prejudicial a estes de modo que, em sua grande maioria, carregam

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em seu interior ou na sua superfície floras normais e específicas que não lhes

causam prejuízos. Porém, a partir do momento do abate ou colheita, o alimento

perde suas defesas naturais permitindo que microrganismos estranhos e

oportunistas passem a se utilizar deste substrato para desenvolver-se ou promover a

sua destruição. Em geral, a contaminação microbiana do alimento não ocorre por

uma condição específica mas, por uma série de condições e fatores que possibilitam

que este contaminante predomine ou cresça. Condições como a composição

química (lipídios, carboidratos, proteínas, água), processos de moagem ou

trituração, condições de temperatura, umidade e pH, carga microbiana pré-existente,

manipulações inadequadas e condições inadequadas de conservação,

armazenagem ou de transporte são fatores que influenciam diretamente na

contaminação do alimento (EVANGELISTA, 2002; EVANGELISTA, 2008).

Apesar deste conjunto de fatores preponderantes, os microrganismos

apresentam como principais fontes de contaminação e disseminação:

- Solo e água: os microrganismos presentes nestes meios apresentam

características em comum. Através de um ciclo contínuo (solo – água – solo)

faz com que os microrganismos sejam quase sempre os mesmos com

algumas poucas exceções como as Alteromonas spp. que necessitam da

salinidade do mar para sobreviverem,

- Plantas: alguns microrganismos possuem formas de fixação às planta

possibilitando que obtenham nutrientes necessários para sua sobrevivência.

São denominados fitopatogênicos isto é, causadores de doenças as plantas,

- Utensílios: a contaminação cruzada (de um alimento para outro) por falta ou

higienização inadequada representa uma das principais fontes de

contaminação. Utensílios como bandejas, recipientes, facas, tábuas,

espátulas, mesas e moedores entre outros são os principais causadores de

contaminações,

- Manipuladores de alimentos: a flora microbiana de mãos e roupas

(principalmente) pode ser bastante vasta em quantidade e variedade.

Microrganismos presentes na água, solo, poeira ou ar além das fossas

nasais, boca e trato gastrintestinal em condições de falta de higiene podem

facilmente contaminar as mãos dos manipuladores;

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- Rações animal: representa um importante ponto de controle uma vez que é

uma das principais fontes de contaminação nos animais. A Salmonella,

principalmente em aves e a Listeria monocytogenes em silagens são

exemplos;

- Pele dos animais: principal fonte de contaminação do leite. Em condições

precárias de higiene, os microrganismos presentes naturalmente na pele e

úbere do animal podem facilmente contaminar produto, manipuladores e

ambiente;

- Ar e pó: bactérias Gram-positivas e fungos são as principais fontes de

contaminação (FRANCO; LANDGRAF, 2008).

Ocorrida a contaminação e degradação do alimento, estes geralmente

passam a apresentar sabores e odores desagradáveis devido a substâncias voláteis

produzidas pelos microrganismos e que podem ser facilmente detectadas pelo

olfato e paladar humano. A degradação do alimento está relacionada com qualquer

modificação de suas características que torne este inaceitável para o consumo

humano. Estas modificações não estão relacionadas somente com os

microrganismos, mas também com danos causados por insetos, danos físicos

devido a batidas, congelamento, secagem, atividade de enzimas dos próprios

tecidos animais e vegetais ou mesmo alterações químicas que não são induzidas

por microrganismos. Além do aspecto visual, outra conseqüência da deterioração é a

diminuição da vida de prateleira do alimento (FORSYTHE, 2002).

2.2 Fatores intrínsecos e extrínsecos

Seja desde a colheita, o abate, o processamento ou manipulação do

alimento, estes além de uma carga microbiana inicial presente naturalmente, são

expostos a uma série de etapas e processos (processamento, embalagem,

estocagem, distribuição) que se não bem controlados podem facilmente

desencadear os mecanismos deteriorantes. Devido a tudo isto, quais os

microrganismos que irão predominar ou quais reações químicas ou bioquímicas irão

acontecer depende de uma série de fatores intrínsecos e extrínsecos (TABELA 1)

próprios de cada alimento (FORSYTHE, 2002). Os fatores extrínsecos estão

relacionados com as interações entre o alimento e o meio ambiente e os fatores

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intrínsecos representam as características próprias de cada alimento (FRANCO;

LANDGRAF, 2008).

Tabela 1 – Principais parâmetros intrínsecos e extrínsecos que afetam o crescimento microbiano. Parâmetros intrínsecos Parâmetros extrínsecos

Atividade de água temperatura ambiente

pH umidade relativa do ambiente

potencial de oxi-redução composição gasosa do meio

composição química conceito de obstáculos de barreiras

fatores antimicrobianos naturais

interações entre microrganismos

Fonte: Adaptado de Franco, (2008).

2.2.1 Fatores intrínsecos

Estes fatores estão relacionados com as características do próprio alimento

e as interações que estas sofrem.

2.2.1.1 Atividade de água (aw)

A atividade de água representa um fator essencial para os microrganismos

pois estes necessitam de água não só para a sua sobrevivência mas também para o

seu metabolismo e multiplicação. Para que a água possa ser utilizada pelo

microrganismo esta não pode estar ligada a outras moléculas por forcas físicas

(água ligada) ficando assim disponível para atuar como solvente e participar de

reações químicas e conseqüentemente ser utilizada pelos microrganismos

(FRANCO; LANDGRAF, 2008). Os valores de aw variam de 0 a 1 (água pura é 1,0)

sendo que os microrganismos possuem valores máximos, mínimos e valores ótimos

para a sua multiplicação (TABELA 2). A adição de quaisquer sais, açúcares ou

outros solutos ou processos como desidratação, secagem e congelamento reduzem

a aw do alimento (FORSYTHE, 2002; FRANCO; LANDGRAF, 2008).

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Tabela 2 – Valores mínimos aproximados de aw para o crescimento microbiano. Microrganismos atividade de água

Clostridium botulinum, tipo E 0,97

Pseudomonas spp. 0,97

Acinetobacter spp. 0,97

Echerichia coli 0,96

Enterobacter aerogenes 0,95

Bacillus subtilis 0,95

Clostridium botulinum, tipos A e B 0,94

Candida utilis 0,94

Salmonella spp. 0,94

Vibrio parahaemolyticus 0,94

Rhizopus stolonifer 0,93

Mucor spinosus 0,93

Fonte: Adaptado de Jay, (2008 p.58).

Geralmente, um valor mínimo de aw não é indicação de que o microrganismo

morrerá (mesmo que ocorra com algumas colônias). Nestes casos o que ocorre é

uma diminuição da fase de multiplicação, aumento da fase de crescimento e

consequentemente uma queda na população final (FORSYTHE, 2002).

2.2.1.2 pH

Valores de pH perto da neutralidade (6,5 a 7,5) são os mais favoráveis a

maioria dos microrganismos para a sua multiplicação. Porém, microrganismos como

bactérias lácticas são favorecidas pelo meio ácido (inibição de microrganismos

competidores), bolores e leveduras são mais tolerantes ao pH enquanto que os

microrganismos patogênicos são os menos tolerantes a variação de pH.

Assim como na aw, o pH adverso provoca um aumento na fase lag de

multiplicação. A capacidade de multiplicação destes microrganismos irá depender da

sua habilidade em adaptar-se e modificar o pH desfavorável. Em pH ácidos,

mecanismos internos produzem substâncias que aumentam o pH externo, em pH

básico são produzidas substâncias que diminuem o pH (FRANCO; LANDGRAF,

2008). Geralmente na deterioração de alimentos, devido a formação de diversos

compostos e substâncias, o meio que antes era totalmente favorável ao

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desenvolvimento do microrganismo torna-se desfavorável diminuindo seu ritmo de

crescimento (EVANGELISTA, 2008).

2.2.1.3 Potencial de oxi-redução

O potencial de oxi-redução (Eh) está relacionado com a capacidade que

determinado substrato possui em ganhar ou perder elétrons. A perda de elétrons

indica uma oxidação (valores de Eh positivo) e o ganho indica uma redução (valor de

Eh negativo). Em geral, os microrganismos aeróbios (bolores, leveduras,

Pseudomonas, Moraxella, Acinetobacter, entre outras) necessitam de valores

positivos de Eh para desenvolver-se, microrganismos anaeróbios como Clostridium

botulinum e Desulfotomaculum nitrificans necessitam de valores baixos de Eh,

bactérias como lactobacilos e estreptococos desenvolvem-se em situações

levemente reduzidas (microaerófilas) e bactérias denominadas anaeróbias

facultativas desenvolvem-se em condições de anaerobiose quanto aerobiose (família

Enterobacteriaceae) (FRANCO; LANDGRAF, 2008; JAY, 2005).

2.2.1.4 Composição química

Basicamente, para o microrganismo desenvolver-se satisfatoriamente o

substrato deve possuir: água, fonte de energia, fonte de nitrogênio, vitaminas e sais

minerais. Em sua grande maioria, açúcares, álcoois e aminoácidos fornecem a

energia, o nitrogênio também é fornecido por aminoácidos e outras substâncias

nitrogenadas (nucleotídeos, peptídeos e proteínas complexas), as vitaminas (as

mais importantes são as do complexo B, a biotina e o ácido pantotênico) são

sintetizadas pela maioria dos microrganismos e os minerais (Na, K, Ca e Mg) apesar

de serem necessários em quantidades muito pequenas são indispensáveis uma vez

que são necessários em reações enzimáticas (FRANCO; LANDGRAF, 2008).

2.2.1.5 Fatores antimicrobianos naturais

Na constituição química dos alimentos, em alguns casos estes possuem

substâncias naturais capazes de inibir o crescimento de alguns microrganismos.

Algumas espécies (especialmente vegetais) possuem óleos essenciais que agem

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também como agentes antimicrobianos. Pode-se citar o eugenol (no cravo), alicina

(no alho), aldeído cinâmico e eugenol (na canela), o acil-isotiocianato (na mostarda)

e timol e isotimol (no orégano). Além destes, a clara do ovo é rica e lisozima

(enzima) que é muito ativa contra bactérias Gram-positivas e no leite temos a

lactoferrina que também possui atividade antimicrobiana.

Além de substâncias presentes na constituição química dos alimentos,

existem as estruturas que pode-se denominar de barreiras mecânicas que fornecem

uma excelente proteção contra o ataque de microrganismos. Pode-se citar as cascas

de nozes, de frutas diversas, de ovos e a pele de animais (JAY, 2005).

2.2.1.6 Interações entre microrganismos

A produção de metabólicos por certos microrganismos muitas vezes é capaz

de afetar a sobrevivência e a multiplicação de outros microrganismos presentes no

mesmo ambiente. Como exemplo, pode-se citar as bactérias lácticas que alteram o

pH do meio tornando-o ácido demais e impróprio para o crescimento de uma série

de outras bactérias mas por outro lado algumas bactérias também são capazes de

produzir enzimas que propiciam o aumento do pH do meio e da mesma forma inibem

o desenvolvimento de outros microrganismos (JAY, 2005). Assim como estas

substâncias produzidas são capazes de inibir o crescimento e desenvolvimento de

certos microrganismos, algumas destas substâncias são essenciais para outras.

Pode-se citar a tiamina e o triptofano produzidas pela Pseudomonas aeroginosa que

são essenciais para o Staphylococcus aureus (FRANCO; LANDGRAF, 2008).

Além destes compostos, alguns microrganismos específicos produzem

substâncias denominadas de bacteriocinas que também possuem atividade

bactericida. As bactérias de maior interesse nesta área são as lácticas que

produzem uma série de bacteriocinas porém, uma das poucas com uso aprovado

em alimentos pelo FDA (Food and Drug Administration - USA) é a nisina que é

produzida por Lactobacillus lactis spp. lactis. Esta substância é ativa contra o

desenvolvimento de microrganismos Gram-positivos (sobretudo esporulados) mas é

ineficaz contra fungos e bactérias Gram-negativas (JAY, 2005).

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Outra maneira de interação de microrganismos visando a proteção do

alimento é promover a competição entre a flora bacteriana presente. Pode-se

adicionar ao produto algum microrganismo inócuo, mas que de alguma forma irá

competir com os microrganismos patogênicos ou deteriorantes reduzindo a sua

população ou até mesmo eliminando-os. Este mecanismo é muito utilizado para

evitar-se a contaminação de aves por Salmonella e Campylobacter (FRANCO;

LANDGRAF, 2008).

2.2.2 Fatores extrínsecos

Estes fatores estão relacionados com as interações entre o alimento e o

meio ambiente onde este se encontra.

2.2.2.1 Temperatura ambiente

A temperatura ambiente é o fator extrínseco que mais afeta a propagação

dos microrganismos. Assim como para a maioria dos fatores, para a temperatura os

microrganismos possuem um valor mínimo, máximo e ideal para o seu

desenvolvimento. Apesar disto, a faixa de desenvolvimento de alguns gêneros é

bastante ampla havendo casos em que ocorre o desenvolvimento a temperaturas

mínimas de –35 °C e máximas de 90 °C. Esta ampla faixa de desenvolvimento fez

com que os microrganismos fossem divididos em grupos de acordo com sua

temperatura ideal de desenvolvimento:

- Psicrófilos: apresentam temperatura de crescimento de 0 °C a 20 °C com

ótima entre 10 °C a 15 °C.

- Psicrotrófilos: desenvolvem-se em temperaturas de 0 °C a 7 °C.

- Mesófilos: apresentam temperatura máxima entre 40 °C e 50 °C e mínima de

5 °C e 25 °C com ótima entre 25 °C e 40 °C.

- Termófilos: desenvolvem-se a temperaturas máximas entre 60 °C e 90 °C e

mínimas de 35 °C e 45 °C com ótimas entre 45 °C e 65 °C (FORSYTHE,

2002; FRANCO; LANDGRAF, 2008).

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As temperaturas de refrigeração são as mais ideais para os microrganismos

psicrófilos e psicrotrófilos sendo que as bactérias do gênero Pseudomonas,

Alcaligenes, Flavobacterium e Micrococus são os principais responsáveis pela

deterioração de carnes, pescados, ovos e frangos entre outros alimentos.

Os fungos crescem em uma faixa de temperatura bem mais ampla que as

bactérias apresentando a capacidade de desenvolverem-se em ambientes de

refrigeração, porém as leveduras não adaptam-se bem a altas temperaturas

(FRANCO; LANDGRAF, 2008).

No momento da armazenagem, a qualidade do produto deve ser observada

pois apesar de microbiologicamente ser muito mais vantajoso as temperaturas de

refrigeração, certos produtos acabam tendo suas características organolépticas

deterioradas ou alteradas devido as baixas temperaturas (JAY, 2005).

2.2.2.2 Umidade relativa do ambiente

Este fator está relacionado com a aw do alimento. Alimentos com baixa aw e

armazenados em locais com alta umidade relativa tendem a absorver umidade e

vice-versa. Estas interações podem provocar alterações na capacidade de

desenvolvimento de microrganismos e ao mesmo tempo podendo alterar a qualidade

do produto (EVANGELISTA, 2008).

2.2.2.3 Composição gasosa do meio

Este fator irá determinar quais os tipos de microrganismos que irão

desenvolver-se no alimento. Microrganismos aeróbios irão desenvolver-se na

presença de oxigênio enquanto que na ausência do oxigênio os microrganismos

anaeróbios irão predominar (FRANCO; LANDGRAF, 2008).

Através de processos tecnológicos adequados é possível alterar-se a

composição gasosa do meio na qual o alimento encontra-se. O oxigênio pode ser

parcial ou totalmente substituído por outros gases (ou diferentes composições) como

nitrogênio, gás carbônico, monóxido de carbono, óxido nitroso e dióxido de enxofre

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que possibilitam tempos de estocagem dos produtos maiores (EVANGELISTA, 2008;

FRANCO; LANDGRAF, 2008).

2.2.2.4 Conceito de obstáculos de barreiras

Através da determinação dos fatores extrínsecos e intrínsecos que atuam

sobre determinado alimento seria possível determinar-se facilmente quais tipos de

microrganismos estariam presentes e quais prevaleceriam além de determinar-se

prazos de validade muito mais seguros porém, deve-se considerar que estes fatores

não atuam de maneira isolada mas as diversas situações fazem com que atuem

sinergicamente ou antagonicamente (FRANCO; LANDGRAF, 2008).

A técnica das barreiras se refere a utilização conjunta de diversos fatores

para o controle dos microrganismos. Desta forma, processos de secagem,

acidificação, salga, conservantes químicos entre outros são aplicados em um

mesmo produto buscando obter um alimento mais seguro, estável e de maior vida de

prateleira (JAY, 2005).

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DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS

As doenças transmitidas por alimentos (DTA) são relatadas na história

humana há milhares de anos porém, estas inicialmente sempre eram relacionadas a

intoxicações por produtos químicos ou venenos. Somente a partir do século XIX

tomou-se conhecimento e iniciaram-se estudos relacionados a doenças alimentares

causadas por microrganismos (BRASIL, 2005).

Embora os microrganismos estejam intimamente ligados as doenças

alimentares, vários outros fatores podem ser relacionados nestes tipos de doenças:

- Produtos químicos como metais pesados, pesticidas, herbicidas entre outros;

- Toxinas naturais de plantas e animais como alcalóides e histamina;

- Vírus como hepatite;

- Parasitas como amebas e helmintos, e

- Bactérias patogênicas e fungos toxigênicos.

Além destes fatores já citados (extrínsecos e intrínsecos) para o

desenvolvimento e predominância de um determinado microrganismo patogênico no

alimento, a contaminação deste não implica obrigatoriamente na ocorrência de uma

doença. Esta somente será deflagrada se o microrganismo patogênico ultrapassar

todos os mecanismos de defesa naturais que os indivíduos normais possuem

(FRANCO; LANDGRAF, 2008). Em geral, crianças, idosos e imunodeprimidos

apresentam maior suscetibilidade as DTA (BRASIL, 2005).

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Em geral, os sintomas mais comuns das DTA são a diarréia e vômitos

porém, sintomas como falta de apetite, náuseas e febre também podem acontecer.

Apesar disto, o estado físico da pessoa infectada e principalmente a patogenicidade

do microrganismo envolvido podem fazer com que os sintomas digestivos evoluam

para intoxicações extra-intestinais atingindo outros sistemas e órgãos como

meninges, rins, fígado, sistema nervoso central ou terminações nervosas periféricas.

Estes casos mais graves podem apresentar desidratação grave, diarréia

sanguinolenta, insuficiência renal aguda (síndrome hemolítica urêmica – SHU) e

insuficiência respiratória (no caso de botulismo) (BRASIL, 2005).

As DTA, devido aos diversos mecanismos de contaminação envolvidos,

podem ser divididas em:

- Intoxicação alimentar: a doença é causada pela ingestão do alimento já

contaminado por toxinas produzidas pelos microrganismos durante sua

proliferação. Estes contaminantes em sua grande maioria não apresentam

cheiro ou sabor e desencadeiam a doença mesmo após o microrganismo

fonte ter sido eliminado. Bactérias como Clostridium botulinum,

Staphylococcus aureus, Bacillus cereus e fungos produtores de micotoxinas

são exemplos de microrganismos que produzem toxinas.

- Infecção alimentar: alimentos contaminados com microrganismos patogênicos

vivos causam esta infecção. Nesta forma, após a ingestão, os microrganismos

proliferam-se e se aderem à mucosa do intestino. Bactérias como a

Salmonella, Shigella, Escherichia coli, Yersinia enterocolitica, Vibrio cholerae

e Campylobacter jejuni destacam-se nesta forma de infecção (FRANCO;

LANDGRAF, 2008; BRASIL, 2005).

Mesmo quando o alimento já está pronto e fica disponível para o consumidor

final, este ainda fica suscetível a uma série de fatores que podem propiciar

contaminações indesejadas. Situações como temperaturas inadequadas de

cozimento, resfriamento e estocagem, higiene pessoal precária ou contaminações

cruzadas entre produtos crus e cozidos ou processados são os principais fatores que

podem contribuir para as contaminações (PELCZAR et al., 1997).

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3.1 Salmonella enteritidis

Este microrganismo pertence a família Enterobacteriaceae. A bactéria hoje

denominada pelo nome Salmonella em homenagem ao Dr. E. Salmon

(microbiologista americano) foi primeiramente chamada de Bacterium e,

posteriormente, Eberthela em honra a Heberth. Os primeiros relatos de

salmoneloses datam de 1.888 na Alemanha, por Gurtener que relatou a

contaminação de 59 pessoas com óbito de 1 jovem (EVANGELISTA, 2002).

As Salmonellas apresentam-se na forma de pequenos bastonetes curtos (1

a 2 µm), são Gram-negativas, anaeróbias facultativas e não formadoras de esporos.

Além disto, a Salmonella fermenta a glicose produzindo ácidos e gás sendo

incapazes de metabolizar a lactose e sacarose e a maioria das espécies é móvel (S.

galinarum e S. pullorum não são móveis). Pelo fato de não produzirem esporos, são

termosensíveis podendo ser destruídas a 60 °C por 15 a 20 minutos (FORSYTHE,

2002). Como características gerais, necessitam de pH próximo de 7,0 (valor ótimo)

para desenvolver-se (acima de 9,0 e abaixo de 4,0 são bactericidas) mas conforme o

tipo de ácido empregado estes valores podem mudar, não desenvolvem-se bem em

concentrações salinas superiores a 9%, nitrito possui efeito bactericida que pode ser

acentuado em pH ácido e apresentam temperatura ótima de crescimento de 35 °C a

37 °C (mínima em 5 °C e máxima de 47 °C) porém estudos indicam que estes

valores mínimos e máximos dependem do sorotipo da bactéria (FRANCO;

LANDGRAF, 2008).

Atualmente, as Salmonellas estão divididas em duas espécies: Salmonella

enterica e Salmonella bongori. São conhecidos mais de 2.000 sorovares que foram

divididas em subespécies (ou grupos) e classificadas nestas duas espécies (JAY,

2005).

A Salmonella é um microrganismo que é facilmente disseminado no meio

ambiente. Esta bactéria é encontrada preferencialmente no trato intestinal de

animais como pássaros em geral, galinhas, porcos, gatos, cachorros e no homem e

esporadicamente em insetos. A sua presença no trato intestinal possibilita a sua

excreção pelas fezes tornando sua disseminação muito fácil (através de insetos por

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exemplo) no ambiente inclusive em águas poluídas. Assim ao ingerir-se alimentos

contaminados por estas águas poluídas, acaba formando-se um ciclo permanente

(JAY, 2005). Devido a isto e a sua facilidade de disseminação, Jay (2005) cita vários

estudos realizados onde foram detectadas contaminações de Salmonellas em

rações de animais, manipuladores de rações e criadores de frangos por diversos

sorotipos, vários tipos de alimentos como misturas de bolos e biscoitos, molhos de

salada, maionese e leite entre outros alimentos.

Apesar de serem divididas em grandes grupos, as doenças causadas pela

Salmonella podem ser divididas em 3 grupos: a febre tifóide causada pela S. typhy,

as febres entéricas causadas pela S. parathypy e as gastroenterites (salmoneloses)

causadas pelas demais salmonelas (FRANCO; LANDGRAF, 2008).

A febre tifóide ocorre somente no homem e é causada pela Salmonella typhy

e caracteriza-se pela transmissão por alimentos ou águas contaminadas com

material fecal humano. Essa doença apresenta sintomas graves como septicemia

(multiplicação do microrganismo no sangue), febre alta, diarréia e vômitos. Devido a

essas características infecciosas, os pacientes recuperados da febre tifóide podem

continuar excretando bacilos nas fezes por muitas semanas (meses ou anos até)

tornando-se portadores crônicos. Trabalhadores da indústria de alimentação e

profissionais da área de saúde que sejam portadores podem representar um grave

problema de saúde pública. As febres entéricas (Salmonella thypy) apresentam

características semelhantes porém, seus sintomas clínicos são mais brandos. Estas

febres são geralmente tratadas com cloranfenicol ou ampicilina (FRANCO;

LANDGRAF, 2008; PELCZAR et al., 1997).

As salmoneloses (gastroenterites) são caracterizadas por sintomas como

diarréia, febre, dores abdominais e vômitos. Em geral, 36 a 48 horas após a

ingestão do alimento contaminado (ou contato direto com o microrganismo) os

sintomas aparecem. Os sintomas desaparecem de 2 a 5 dias e geralmente estas

enterocolites não requerem tratamento com antibióticos (PELCZAR et al., 1997).

Devido as características próprias do microrganismo e, atualmente a

facilidade de trânsito de pessoas e de produtos industrializados ou não (apesar dos

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controles sanitários), a Salmonella representa uma grande fonte de contaminações e

causadora de DTA. No Brasil, conforme dados da Secretaria de Vigilância em Saúde

(SVS/MS) (TABELA 3), de 1999 a 2009, de um total de 3.088 surtos comunicados e

que tiveram sua causa identificada, a Salmonella spp. foi a responsável por 1.313

surtos o que representa 42,5% do total (BRASIL, 2009).

Tabela 3 – Microrganismos mais freqüentes causadores de DTA. Agente Número de

etiológico surtos %

Salmonella spp. 1.313 42,5

Staphylococcus spp. 635 20,5

Bacillus cereus 219 7,0

Clostridium perfringens 154 4,9

Salmonella enteritidis 129 4,1

Shigella spp. 85 2,7

Outros 553 18,0

Fonte: Brasil, (2009).

Também conforme dados da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS),

entre as várias espécies de Salmonella, a S. enteritidis foi a que apresentou um

maior número de casos (GRÁFICO 1).

13 7 6 5 5 4 4 3 3 2 2 2 2 2 1 1 1 1

216

0

50

100

150

200

250

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S. Lon

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S. Sen

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S. Jav

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Sorovar de Salmonella

Fre

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ênci

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Gráfico 1 – Surtos de DTA por sorovar de Salmonella. Fonte: Brasil, (2009).

A S. enteritidis coloniza normalmente o canal ovopositor das galinhas que

causa a contaminação da gema durante a formação do ovo. Desta forma alimentos

envolvendo em sua composição ovos são os maiores responsáveis por este tipo de

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contaminação (TABELA 4) (FRANCO; LANDGRAF, 2008). No Brasil, estes tipos de

alimentos são os mais relacionados com as DTA.

Tabela 4 - Alimentos causadores de DTA mais freqüentes. Número de

Alimentos surtos %

Ovos e produtos a base 928 22,8

Alimentos mistos 666 16,3

Carne vermelha e derivados 478 11,7

Sobremesas 438 10,7

Água 355 8,7

Leite e derivados 293 7,2

Outros 908 22,3

Fonte: Brasil, (2009).

Uma vez que a grande parte das salmoneloses são transmitidas por

alimentos contaminados, muitas vezes, medidas simples de controle ajudam a

prevenir:

- Preparo dos alimentos adequadamente: conservar os alimentos em locais

adequados (e sob refrigeração) que evita a proliferação dos microrganismos e

observar as temperaturas e o tempo de cozimento que elimina as possíveis

salmonelas presentes;

- Evitar o contato do alimento com roedores, insetos e outros animais que

possam ser fonte do microrganismo;

- Realizar exames periódicos em manipuladores de alimentos (principalmente)

buscando detectar portadores crônicos;

- Observar as boas práticas pessoais sanitárias e higiênicas tanto em

residências quanto em locais públicos (lanchonetes, bares, restaurantes)

(PELCZAR et al., 1997).

3.2 Escherichia coli

A Escherichia coli pertence a família Enterobacteriaceae. Este

microrganismo foi primeiramente denominado por Theodor von Escherich (em 1885)

sendo chamado inicialmente de Bacterium coli commune devido ter sido detectado

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em todos os pacientes doentes (EVANGELISTA, 2002; JAY, 2005). A E. coli

juntamente com os gêneros Enterobacter, Citrobacter e Klebsiella pertencem ao

grupo de microrganismos denominados de coliformes totais. Dentre estes, somente

a E. coli possui como hábitat principal o trato intestinal do homem e de animais e os

demais além de serem encontrados nas fezes podem ser encontrados em locais

como solo e vegetais onde podem resistir por tempos maiores do que bactérias

patogênicas de origem intestinal como a Salmonella e Shigella (FRANCO;

LANDGRAF, 2008).

Pelo fato do microrganismo E. coli ser de origem do trato intestinal tanto de

homens quanto de animais, a sua presença em contaminações alimentares indica

contaminação de origem fecal e desta forma indicando que o alimento foi

manipulado, produzido ou armazenado em condições higiênicas insatisfatórias e

além disto, sua presença pode indicar a possibilidade da ocorrência de infecções

alimentares pois este microrganismo é patogênico. A E. coli possui como

características principais: são bacilos Gram-negativos, não formadores de esporos e

capazes de fermentar a lactose produzindo ácidos e gás (em 24 horas a 44,5 °C a

45,5°C) (FRANCO; LANDGRAF, 2008; SILVA et al., 1997).

Assim como em um grande número de microrganismos, a presença de

coliformes ou E. coli no alimento pode não ser o problema principal, porém a

quantidade destes presentes sim. Sabe-se que métodos higiênicos de manipulação

e produção eliminam uma grande parte destes microrganismos e desta forma a sua

presença deixa de ter significado. A eliminação total destes nos alimentos (tanto de

frescos quanto processados) é muito difícil de forma que a sua quantificação em

muitos casos perde significado perante fato da presença destes. Desta forma Jay

(2008), cita como exemplos a presença destes nos produtos lácteos que indicam as

condições higiênico sanitárias das indústrias lácteas e dos produtores em geral e a

presença em vegetais (branqueados e congelados) que indicam problemas no

processo.

Devido suas características de virulência e aos efeitos destas, a E. coli está

dividida em cinco grupos (todos patogênicos):

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- E. coli enteropatogênica (EPEC): microrganismo causador de diarréias

principalmente em recém nascidos e lactantes que são mais suscetíveis. Este

sorotipo é o causador dos casos mais graves de doenças.

- E. coli enteroinvasiva (EIEC): este sorotipo causa sintomas clínicos como

cólicas abdominais, diarréia, febre e mal estar. Ataca principalmente crianças

maiores e adultos.

- E. coli enterotoxigênica (ETEC): causa diarréias em crianças e adultos. Este

microrganismo está muito associado a “diarréia dos viajantes” estando ligada

principalmente a casos onde as condições de saneamento são precárias.

- E. coli entero-hemorrágica (EHEC): microrganismos desta cepa pertencem os

sorotipos O157:H7. Provocam colite hemorrágica que causa dores

abdominais fortes e diarréia aguda (seguida de diarréia sanguinolenta)

diferenciando-se dos demais sorotipos pela ausência de febre e grande

quantidade de sangue nas fezes. Em casos mais graves pode evoluir para a

síndrome urêmica hemolítica (HUS). As contaminações por este

microrganismo podem estar associadas a um grande número de alimentos

como carnes, leites e aves. Porém, pelo fato do gado ser seu habitat normal,

os alimentos de origem animal estão mais relacionados com estas

contaminações.

- E. coli enteroagregativa (EAggEC): difere dos demais microrganismos pelo

fato das diarréias persistentes com duração superior a 14 dias infectando

principalmente crianças (FRANCO; LADGRAF, 2008).

No Brasil, casos de intoxicações pela E. coli representam um fator de

preocupação para as autoridades de saúde (GRÁFICO 2) uma vez que a síndrome

hemolítica urêmica (E. coli O157:H7) é considerada uma DTA emergente devido ao

grande número de casos e surtos que tem-se verificado nos últimos anos (BRASIL,

2005).

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Microrganismo causador DTA

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Gráfico 2 – Surtos de DTA por microrganismo causador Fonte: Adaptado Brasil, (2009).

De um modo geral, a sensibilidade da E. coli a temperatura é bastante

grande de modo que tomando-se cuidados com o cozimento dos alimentos evitaria-

se muitas possibilidades de contaminações. Jay (2005) cita também que entre 16

fatores de contaminação, 5 foram verificados com maior freqüência: refrigeração

inadequada (25,5% dos casos), alimentos preparados com muita antecedência,

manipuladores infectados com hábitos de higiene insuficientes, cozimento ou

processamento inadequado e alimentos cozidos com temperaturas que favorecem o

crescimento bacteriano.

3.3 Avaliação da atividade antimicrobiana

Os microrganismos contaminantes apresentam diferentes padrões de

sensibilidade frente as substâncias antimicrobianas devido principalmente aos

complexos mecanismos de ação destas substâncias sobre os microrganismos

(BLACK, 2002).

Para a determinação da ação antimicrobiana de determinada substância

frente a algum microrganismo, geralmente são utilizados os métodos de diluição ou

da difusão em disco. O método da diluição é também denominado de concentração

inibitória mínima (CIM), ambos são eficientes e rotineiramente utilizados (BLACK,

2002).

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Através do teste CIM pode-se determinar a menor quantidade da substância

antimicrobiana necessária para inibir o desenvolvimento do microrganismo

(MADIGAN et al., 2004). O teste consiste na aplicação de um meio contendo uma

quantidade constante do microrganismo teste em uma série de tubos (ou placas de

microdiluição) que contenham concentrações decrescentes da substância

antimicrobiana. Após período de incubação, os tubos são verificados (o crescimento

microbiano é caracterizado pela turvação do meio) e a concentração menor do

agente microbiano no qual não houve o crescimento bacteriano é denominada de

CIM (BLACK, 2002).

Apesar da larga utilização, o teste da CIM pode apresentar variações para

uma mesma determinada substância uma vez que o teste pode ser influenciado pelo

tipo de microrganismo, a composição do meio de cultura e tempo e condições de

incubação (pH, temperatura e aeração). Porém, através da utilização de condições

padronizadas, pode-se obter resultados e comparar diferentes substâncias

antimicrobianas verificando-se e determinando-se a eficiência contra determinado

microrganismo ou até mesmo avaliar a atividade antimicrobiana desta substância

frente a diversos microrganismos (MADIGAN et al., 2004).

A versatilidade de teste CIM (método de diluição) possibilita a realização de

uma segunda etapa através da qual pode-se diferenciar substâncias bactericidas

(que matam microrganismos) de substâncias bacteriostáticas (que inibem o

crescimento). Isto pode ser verificado através dos tubos onde não verificou-se o

crescimento bacteriano mas que ainda podem conter microrganismos que foram

somente inibidos os quais destes são retiradas amostras que são inoculadas em

meios de cultura que não contenham a substância antimicrobiana. A verificação do

resultado faz-se observando a concentração mais baixa da substância bactericida

que não possibilite a crescimento microbiano na segunda inoculação. Este resultado

constitui a concentração bactericida mínima (CBM) (BLACK, 2002).

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A INDÚSTRIA DE PRODUTOS CÁRNEOS

A indústria de produtos cárneos é um dos setores industriais mais antigos da

história do homem com referências sendo citadas no livro XVIII da Odisséia (900

a.C.) onde falasse de tripas de cabras recheadas com sangue e gordura. A partir

daí, outros povos e civilizações adotaram e aperfeiçoaram estes processos de

manipulação e preparo o que possibilitou a popularização e diversificação destes

tipos de produtos cárneos entre a população (ORDÓÑEZ, 2005).

A carne, como alimento, naturalmente é um produto muito perecível devido a

suas características químicas e principalmente devido a sua elevada atividade de

água. O homem, para ter produtos menos perecíveis e de melhores qualidades

sensoriais, desenvolveu e aprimorou novos processos e matérias primas que

possibilitaram a obtenção de produtos de qualidade muito superior. Processos de

corte, embutimento, misturas de sal, condimentos e ervas aromáticas possibilitaram

a produção de embutidos de sabor e odor muito agradáveis (ORDÓÑEZ, 2005).

Juntamente com estas melhorias e processos, a adição de substâncias

conservantes (naturais ou sintéticas) visando uma produção segura e

conseqüentemente garantindo (ou aumentando) a vida de prateleira do alimento

tem-se tornado cada vez mais necessária e utilizada (FORSYTHE, 2002).

Estas substâncias denominadas conservantes possuem propriedades

antimicrobianas atuando principalmente inibindo o crescimento e desenvolvimento

de microrganismos patogênicos ou não. Alguns processos físicos utilizados no

controle microbiológico dos alimentos como refrigeração, congelamento,

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pasteurização e esterilização entre outros, apresentam algumas limitações

(alterando características organolépticas do alimento) sendo este um dos principais

fatores que torna necessária e extremamente útil a utilização dos conservantes

químicos além do que na maioria das situações a utilização de processos físicos

conjuntamente com os conservantes possibilita a obtenção de resultados melhores

(ARAÚJO, 2008).

A quantidade de substâncias permitidas e utilizadas como conservantes não

é muito grande dentre as quais pode-se destacar:

- Ácidos lipofílicos e derivados: ácido benzóico, ácido sórbico e ácido

propiônico e seus respectivos sais de sódio, potássio e cálcio;

- Nitratos e nitritos;

- Dióxido de enxofre e derivados;

- Nisina, e

- Natamicina.

Nesta classificação como conservantes não incluem-se os sais comuns,

vinagres e açúcares e condimentos ou seus óleos essenciais. Devido a diversidade

de alimentos e possibilidades de utilização, para o uso destas substâncias deve-se

observar fatores como:

- Concentração: deve ser compatível possibilitando a inativação dos

microrganismos;

- Temperatura de estocagem: geralmente, a toxicidade da substância aumenta

proporcionalmente a temperatura. Porém, se a temperatura de estocagem

estiver próxima da ideal para o desenvolvimento de microrganismos isto pode

reduzir a ação do conservante;

- Tipo e número de microrganismos presentes: os diferentes microrganismos

atuam de maneira diferenciada no substrato além de estarem presentes em

quantidade diferentes o que pode prejudicar a ação dos conservantes

(FRANCO; LANDGRAF, 2008).

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4.1 Condimentos e especiarias

Estes compostos, quando utilizados na composição do alimento, por

possibilitarem aos alimentos melhora nas características organolépticas podem ser

considerados de ação coadjuvante (EVANGELISTA, 2008).

O interesse por estas substâncias de origem natural tem aumentado

consideravelmente nos últimos anos principalmente devido ao interesse dos

consumidores por consumir produtos cada vez mais livres (ou com quantidades

reduzidas) de substâncias conservantes. Porém, sabe-se que juntamente com isto, o

consumidor exige produtos de alta qualidade e somente com a utilização destas

substâncias naturais isto se tornaria inviável o que talvez realça o maior benefício

destas substâncias: a possibilidade de atuarem conjuntamente potencializando

outros agentes microbianos. Além disto, deve-se destacar as propriedades

organolépticas (sabores e odores) que as especiarias podem transmitir

conjuntamente ao alimento (SOUZA et al., 2003).

Conforme destaca Riedel (2005), os condimentos em sua grande maioria

são utilizados com a finalidade única de melhorar o gosto dos alimentos sendo que

as qualidades bactericidas desta não podem ser provadas na prática uma vez que

as quantidades de condimentos utilizados em relação ao produto são muito

pequenas. Outro fator destacado está relacionado com a possibilidade de

contaminações microbiológicas ocorrerem a partir dos condimentos uma vez que

estes estão diretamente em contato (quando no estado “in natura”) com fontes de

contaminação em potencial (ar, água, solo). Apesar de atualmente uma grande

gama de condimentos serem industrializados, estes não estão estéreis e apesar de

contarem com substâncias bactericidas, o fato de na maioria das vezes os

condimentos estarem na forma de pós secos, acaba dificultando sua atuação

bactericida sobre os microrganismos que poderiam estar presentes.

Segundo Jay (2005), os efeitos antimicrobianos destas substâncias, além da

dificuldade de serem determinados, mudam consideravelmente conforme a

composição do produto (alimento) aplicado e principalmente conforme as

concentrações dos agentes antimicrobianos que compõe estas substâncias. Apesar

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disto, a atividade antimicrobiana de um grande número destes compostos é

comprovadamente eficaz e um grande número de pesquisas e trabalhos a respeito

já foram realizados.

A utilização destes condimentos como agentes antimicrobianos é geralmente

feita a partir da utilização dos seus respectivos óleos essenciais (principalmente) ou

extratos. Os óleos essenciais apresentam uma composição química complexa

formada por hidrocarbonetos (terpenos e sesquiterpenos), álcoois e compostos

carbonílicos. Os extratos compreendem material resinoso constituído de lipídios,

ceras, pigmentos e uma série de outras substâncias características do condimento

(ARAÚJO, 2008).

A utilização dos óleos essenciais e extratos também possibilita a

manutenção das principais características dos condimentos. A uso de condimentos

na forma de pós potencializa principalmente a perda de aromas além do que como

qualquer produto possui uma validade relativamente pequena. A utilização destes

condimentes na forma de óleos essenciais e extratos permite que estas

características sejam preservadas mais facilmente (ARAÚJO, 2008).

Devido principalmente a fatores intrínsecos e a diversidade de

microrganismos contaminantes, os condimentos naturais apresentam menor

eficiência bactericida quando aplicados nos alimentos do que quando aplicados em

testes (meios de cultura). As bactérias do tipo Gram-negativas (as bactérias lácticas

são as mais resistentes) apresentam maior resistência que as Gram-positivas e os

fungos apresentam maior sensibilidade que as Gram-negativas (JAY, 2005).

As substâncias antimicrobianas atuam na maioria das vezes sobre uma

estrutura ou função microbiana que as difere das demais. Estas diferenças são as

responsáveis pelo efeito bactericida pelo qual o microrganismo é eliminado

completamente ou pelo efeito bacteriostático no qual o crescimento do

microrganismo é inibido. As formas e mecanismos de atuação das substâncias

antimicrobianas são por vezes pouco conhecidos e explicados devido a

complexidade das situações porém, alguns modos de ação são conhecidos:

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- Inibição da síntese da parede celular: a parede celular externa rígida

(peptidioglicano) é uma das características das bactérias Gram-positivas e de

fungos. As substâncias antimicrobianas (anel β-lactâmico) impedem a síntese

da parede celular promovendo a lise da célula;

- Destruição da função da membrana celular: microrganismos possuem em sua

membrana externa substâncias denominadas fosfolipídios (característica de

bactérias Gram-negativas) que são atacadas pelas substâncias

antimicrobianas possibilitando a destruição do microrganismo;

- Inibição da síntese de proteínas: as substâncias atuam seletivamente sobre a

síntese protéica dos ribossomos;

- Inibição da síntese de ácidos nucléicos: os antimicrobianos agem

seletivamente sobre enzimas presentes nas células bacterianas;

- Ação como antimetabólitos: estas substâncias atuam impedindo a utilização

de metabólitos que são essenciais para o desenvolvimento e sobrevivência do

microrganismo devido possuírem estruturas muito parecidas com os

metabólitos. São muito utilizados no combate a infecções virais (BLACK,

2002).

4.2 Louro – uma erva condimentar

Na antiguidade, os povos mediterrâneos sempre demonstraram um forte

sentimento em relação a sua terra, sua história antiga e a seus costumes culinários.

Isto fez com que uma grande quantidade de folhas, flores e frutos de ervas e árvores

passassem a ornamentar e a temperar uma grande variedade de pratos culinários.

Nesta grande variedade de ervas condimentares que passaram a ser cultivadas, o

louro (Laurus nobilis – que significa louro nobre), foi uma das espécies que

facilmente difundiu-se e popularizou-se em todo o mundo. Para estes povos antigos,

o loureiro seria proveniente do amor que Apolo sentia pela ninfa Dafne que fugindo

deste teria recorrido a Zeus que acaba transformando-a na árvore de louro. Apolo

fez do loureiro sua árvore (para não perder o amor de Dafne) e passou a usar coroas

de folhas de louro em sua cabeça para celebrar este amor. Desta forma nasceu o

costume, que mais tarde foi muito difundido pelos romanos de coroar imperadores

com coroas de louro que representariam o triunfo, a vitória destes (PELT, 2003).

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Segundo informativo da Embrapa (2007), o louro (Laurus nobilis L.) é uma

planta da família Lauraceae que pode atingir 15 metros de altura, de casca lisa e

escura, que apresenta folhas persistentes, pecioladas, alternadas, elípticas ou

lanceoladas de coloração verde brilhante (na parte superior) e verde pálida (na parte

inferior) e com flores pedunculares de coloração amarelada. Suas flores masculinas

e femininas desenvolvem-se em plantas separadas e o fruto (baga) amadurecido

apresenta coloração negra.

Conforme Fochesato et al., (2006), a planta de louro pode ser utilizada em

projetos paisagísticos além de representar uma fonte de renda, pois também é fonte

de madeira e suas folhas são utilizadas como aromatizantes na culinária. Conforme

pesquisas de Cardoso et al., (2010), as folhas de louro podem ser utilizadas como

tempero em carnes vermelhas, brancas e peixes, feijão e ervilhas, cremes de leite,

ovos e pudins além de possuírem usos terapêuticos atuando contra o cansaço

muscular e contusões, auxilia no tratamento de hemorróidas, reumatismo e dores de

cólicas menstruais. Suas folhas quando preparadas em infusão ajudam na digestão

e estimulam o apetite.

Como várias outras espécies de árvores e ervas aromáticas, as folhas de

louro possuem em sua composição os óleos essenciais. Os óleos essenciais são

substâncias voláteis, formadas por complexos compostos que caracterizam-se pelo

forte odor (compostos aromáticos e metabólitos secundários) apresentando-se com

coloração límpida (raramente são coloridos), apresentam solubilidade em lipídios e

solventes orgânicos e com densidade mais baixa que a água (em geral). Como

estão presentes em toda a planta, os óleos essenciais podem ser extraídos de todas

as partes da planta: folhas, flores, frutos, caule, raízes ou casca. Estes óleos

também são importantes para a planta pois são agentes antimicrobianos, antivirais,

antifúngicos e inseticidas naturais que atuam de maneira a proteger a planta. Seu

forte e característico odor também atrai alguns tipos de insetos que atuam

dispersando o pólen e sementes e espanta alguns tipos de herbívoros que iriam

alimentar-se de suas folhas (BAKALLI et al., 2008). Conforme estudos de Corato et

al., (2010) e Polovka et al., (2010), a composição química do óleo essencial do louro

apresentou os compostos: 1,8 cineol, eugenol, acetil e metil eugenol, α e β-pineno,

felandreno, linalol, geraniol e terpeniol. Porém, vários autores (BAKALLI et al., 2010;

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OUSSALAH et al., 2006 e LIRA et al., 2009) citam que a extração e composição dos

óleos essenciais (de todas espécies vegetais) pode variar em função do clima,

composição do solo, órgão da planta do qual foi extraído (flor, folha..), ciclo

vegetativo da planta e idade da mesma.

Devido a suas propriedades antimicrobianas, o óleo essencial de louro já

teve vários relatos de casos de sua atuação bactericida em alimentos: Oussalah et

al., (2006) obteve baixa atividade antimicrobiana frente a Pseudomonas putida,

Tajkarimi et al., (2010) relata que o louro tem propriedades bacteriostáticas inibindo

a deterioração e a patogenicidade de microrganismos e que o óleo essencial foi

testado contra Listeria monocytogenes e Salmonella enteritidis em queijos moles

obtendo bons resultados, Corato et al., (2010) obteve atividade antifúngica muito boa

do óleo quando aplicado em kivis e pêssegos, Muñoz et al., (2009) observou

significativa redução na velocidade e taxa de crescimento da Listeria monocytogenes

quando exposta os extratos aplicado no suco de brócolis. Já Morais et al., (2009) e

Hinneburg et al., (2006) relatam bons resultados obtidos a partir de extratos para

fins antioxidantes.

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MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 Material vegetal

As amostras das quais foram realizados os testes CIM são duas: uma

amostra íntegra e outra desidratada. A amostra íntegra constitui amostra de folhas

de louro “in natura” as quais foram coletadas em Encantado/RS em agosto de 2010.

A amostra desidratada refere-se a de um preparado comercial de folhas de louro

desidratadas e moídas (data de validade maio/2012) adquirido no comércio local.

5.2 Extração do extrato etanólico

Após a coleta das folhas, o material vegetal foi lavado em água corrente

para retirada de sujidades, de folhas danificadas e galhos maiores. Após levou-se

todo o material para estufa de secagem a aproximadamente 40 °C por 24 horas.

Após as folhas estarem secas, estas foram trituradas em liquidificador

industrial. O material triturado foi passado em uma peneira (de granulometria média)

a fim de reter galhos e o material mais grosso recolhendo-se o restante do material.

A partir deste material, foram pesadas duas alíquotas de 100 g que foram

transferidas para frasco âmbar no qual adicionou-se 1000 mL de álcool etílico 90%.

Estes frascos foram mantidos por 7 dias em ambiente escuro e em repouso. A partir

desta etapa, os procedimentos foram realizados também com a amostra seca.

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Passado o tempo, as amostras foram filtradas à vácuo (separadamente)

onde recolheu-se o filtrado em frascos receptores (extrato etanólico). O solvente

destes extratos foram removidos em evaporador rotatório, sob pressão reduzida e

em banho quente (40 °C). Os extratos obtidos foram recolhidos em frascos

adequados, identificados e armazenados sob refrigeração.

5.3 Avaliação da atividade antimicrobiana

A análise da atividade antimicrobiana dos extratos etanólicos da Laurus

nobilis L. foi feito através do método de microdiluição (CIM). Foram utilizadas as

cepas ATCC (Amercican Type Culture Collection) dos microrganismos:

- Salmonella enteritidis (ATCC 13076)

- Echerichia coli (ATCC 25922)

Como solução antibiótica padrão foi utilizado cloranfenicol 0,2 mg/mL-1 e

como solvente para os extratos foi utilizado o dimetilsulfóxido (DMSO).

5.3.1 Procedimentos

Os procedimentos realizados para o preparo dos reagentes e soluções

utilizados foram os seguintes:

- Meio ágar nutriente: foram pesados 2,53 g do meio, dissolvidos em 110 mL de

água destilada e levado para autoclavar (121°C por 20 minutos). Após, a

solução foi transferida para as placas de Petry, aguardado sua solidificação,

identificadas e armazenadas em refrigeração.

- Solução padrão de turvação 0,5 McFarland: foram misturados 0,05 mL de

solução de cloreto bário 0,048 M e 9,95 mL de ácido sulfúrico 0,18 M.

- Solução salina 0,8%: foram pesados 0,8 g de cloreto de sódio P.A.,

transferidos para balão volumétrico de 100 mL, dissolvido e avolumado com

água destilada.

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- Meio caseína de soja: foram pesados 9,00 g do meio, dissolvidos em 300 mL

de água destilada e levado para autoclavar (121 °C por 20 minutos). Após, a

solução foi transferida para tubos de ensaio e armazenadas sob refrigeração.

- Solução de cloreto de trifeniltetrazólio (TTC) 0,5%: foram pesados 0,5 g de

cloreto de trifeniltetrazólio, transferidos para balão volumétrico de 100 mL e

avolumado com água destilada. Após, foi transferido para frasco âmbar,

identificado e armazenado sob refrigeração.

- Solução cloranfenicol 0,2 mg/mL-1: foi transferido uma alíquota de 500 µL de

colírio oftalmológico 4 mg/mL para balão volumétrico de 10 mL sendo após

avolumado com água destilada estéril. O balão foi identificado e armazenado

sob refrigeração.

- Meio ágar Mueller-Hinton: pesaram-se 1,52 g do meio que foram dissolvidos

em 400 mL de água destilada e levado para autoclavar (121 °C por 20

minutos). Após, a solução foi transferida para as placas de Petry, aguardado

sua solidificação, identificadas e armazenadas em refrigeração.

Inicialmente, foram pesados 0,100 g (e 1,00 g quando os procedimentos

foram repetidos com concentrações maiores) de cada uma das amostras dos

extratos etanólicos em béquer, dissolvidos em uma pequena quantidade de

dimetilsulfóxido sendo após transferidos para balão volumétrico de 10 mL e

avolumado com o mesmo solvente. Os balões foram identificados e armazenados

sob refrigeração.

A partir das cepas de bactérias originais, estas foram inoculadas em placas

de Petry contendo o meio de cultura ágar nutriente, identificadas e incubadas em

estufa bacteriológica a 36±2 °C por 24 horas. A partir do desenvolvimento destas

culturas, com o auxílio de swab inoculou-se as mesmas em tubos de ensaio

contendo a solução salina 0,8% (agitando-se vigorosamente). Após, foi comparado

visualmente a turvação desta solução frente à solução 0,5 McFarland onde foi

observado a turvação das mesmas. Após isto com o auxílio de pipetador automático

(e de ponteiras adequadas) foram transferidos 200 µL das soluções contendo os

microrganismos para tubos de ensaio contendo meio caseína de soja. Os tubos

foram agitados vigorosamente, identificados e separados. Após isto foi transferido 1

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mL destas soluções para novos tubos de ensaio com o caldo caseína de soja os

quais juntou-se também 100 µL das soluções dos extratos etanólicos

(previamente dissolvidos em dimetilsulfóxido) sendo após os tubos agitados e

identificados apropriadamente. As amostras foram separadas.

Com o pipetador automático, foram transferidas alíquotas de 100 µL

do meio caseína de soja (meio de cultura) para cada um dos poços da placa

estéril (96 poços divididos em 12 colunas de 8 poços cada) com exceção dos

poços de controle necessários.

A partir disto, com as amostras dos extratos etanólicos nos tubos de

ensaio, foram transferidas alíquotas de 100 µL para os primeiros poços das

placas, em triplicata. Depois disto, com auxílio de um pipetador automático

foram feitas diluições seriadas destas amostras (nos 100 µL do meio de

cultura já previamente inoculado) nos demais poços que resultaram nas

concentrações de: 500 µg/mL, 250 µg/mL, 125 µg/mL, 62,5 µg/mL, 31,2

µg/mL e 15,6 µg/mL. Na segunda etapa quando os procedimentos foram

repetidos, as concentrações obtidas foram as seguintes: 5000 µg/mL, 1250

µg/mL, 625 µg/mL, 312,5 µg/mL e 156,2 µg/mL.

Nestas mesmas placas, também foram realizados os controles para o

solvente dimetilsulfóxido (meio de cultura inoculado e solvente sem amostra), para o

inoculo (meio cultura inoculado sem amostra), para o meio de cultura (sem inoculo e

sem amostra) e também para o padrão antibiótico cloranfenicol que após as

diluições seriadas ficaram com as concentrações: 25 µg/mL, 12,5 µg/mL, 6,25

µg/mL, 3,12 µg/mL, 1,56 µg/mL e 7,81 µg/mL.

Finalizadas as diluições, as placas devidamente identificadas foram

incubadas em estufa a 36±2 °C por 24 horas. Após este período, as placas foram

observadas visualmente (o crescimento bacteriano é confirmado pela turvação do

meio) e devido ao fato dos extratos etanólicos apresentarem uma coloração

escurecida (mesmo após as diluições), foram aplicadas sobre as mesmas vários

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borrifos da solução de cloreto de trifeniltetrazólio 0,5% que possibilita uma melhor

confirmação do crescimento bacteriano pelo desenvolvimento de coloração

avermelhada nos poços.

Após a verificação dos resultados com a aplicação da solução de cloreto de

trifeniltetrazólio 0,5%, para a confirmação do crescimento bacteriano, foram retiradas

pequenas alíquotas (com auxílio de alça de platina) de cada uma das séries de

diluições e inoculadas novamente em placas de Petry (meio de cultura Mueller-

Hinton) e após sendo incubadas em estufa 36±2 °C por 24 horas. Após o período de

incubação, as placas foram observadas visualmente sendo após os resultados

verificados anotados.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Conforme já descrito, os extratos etanólicos de folhas de louro utilizados nos

testes foram duas sendo identificadas como: amostra íntegra que representa o

extrato proveniente de folhas “in natura” (colhidas recentemente) e amostra

desidratada que identifica o extrato produzido a partir de um preparado comercial (de

folhas secas desidratadas e moídas) adquirido no comércio local.

Após realizadas as extrações do material, os extratos etanólicos

apresentaram coloração verde escura e odor característico do louro (FIGURAS 1 e

2).

Figura 1 – Extrato etanólico amostra íntegra Fonte: autor

Figura 2 – Extrato etanólico amostra desidratada Fonte: autor

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Apesar de muitas pesquisas relatando atividade antimicrobiana do óleo

essencial de folhas de louro (OUSSALAH et al., (2006), TAJKARIMI et al., (2010),

CORATO et al., (2010), MUÑOZ et al., (2009) entre outros), os estudos relacionando

extratos aquosos ou etanólico são poucos: Bara e Vanetti (2006) não observaram

atividade bactericida do extrato etanólico frente às bactérias E.coli, S. typhymurium,

S. aureus, L. monocytogenes e Yersinia enterocolitica, Shan et al., (2007) observou

atividade do extrato aquoso frente às bactérias B. cereus, L. monocytogenes e S.

aureus não obtendo resultados frente a E. coli e S. anatum e Sagdiç et al., (2003)

não observou atividade bactericida do extrato aquoso (hidrossol) frente às bactérias

Bacillus amyloliquefaciens, B. brevis, B. cereus , B. subtilis var. niger, Enterobacter

aerogenes, Escherichia coli, E. coli O157:H7, Klebsiella pneumoniae, Proteus

vulgaris , Salmonella enteritidis, S. gallinarum, S. typhimurium, Staphylococcus

aureus, S. aureus e Yersinia enterocolitica. Já Mariutti et al., (2008), Morais et al.,

(2009), Hinneburg et al., (2006) observaram bons resultados do extrato como

substância antioxidante.

Desta forma para verificar-se CIM do extrato etanólico de folhas de louro, os

testes foram realizados em 2 etapas: a primeira nas concentrações de 500 µg/mL,

250 µg/mL, 125 µg/mL, 62,5 µg/mL, 31,2 µg/mL e 15,6 µL/mL e na segunda

etapa nas concentrações de 5000 µg/mL, 1250 µg/mL, 625 µg/mL, 312,5

µg/mL e 156,2 µg/mL. Os resultados verificados podem ser observados nas

tabelas abaixo (TABELAS 5 e 6) frente aos microrganismos E. coli e S. enteritidis.

Tabela 5 – Resultados de concentração inibitória mínima (CIM) do microrganismo Escherichia coli.

Amostra Amostra

Concentração íntegra seca

substrato (µg/mL) Coluna poços poços Resultado

5000 A 1 - 2 - 3 4 - 5 - 6 NA*

2500 B 1 - 2 - 3 4 - 5 - 6 NA*

1250 C 1 - 2 - 3 4 - 5 - 6 NA*

625 D 1 - 2 - 3 4 - 5 - 6 NA*

312,5 E 1 - 2 - 3 4 - 5 - 6 NA*

156,2 F 1 - 2 - 3 4 - 5 - 6 NA*

*NA: não ativo Fonte: autor

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Tabela 6 – Resultados de concentração inibitória mínima (CIM) do microrganismo Samonella enteritidis.

Amostra Amostra

Concentração íntegra seca

substrato (µg/mL) Coluna poços poços Resultado

5000 A 1 - 2 - 3 4 - 5 - 6 NA*

2500 B 1 - 2 - 3 4 - 5 - 6 NA*

1250 C 1 - 2 - 3 4 - 5 - 6 NA*

625 D 1 - 2 - 3 4 - 5 - 6 NA*

312,5 E 1 - 2 - 3 4 - 5 - 6 NA*

156,2 F 1 - 2 - 3 4 - 5 - 6 NA*

*NA: não ativo Fonte: autor

Conforme relata Rios et al., (2005), testes para determinação de atividade

antimicrobiana a partir de substâncias naturais devem ser evitados com quantidades

superiores a 1 mg/ml para extratos e 0,1 mg/ml para os compostos isoladamente e

também segundo este, a atividade antimicrobiana quando comprovada é

interessante para concentrações abaixo de 100 µg/ml para extratos e 10 µg/ml

para os compostos isolados. Os testes realizados nas concentrações

determinadas ficaram de acordo com o sugerido por este autor

compreendendo concentrações acima e abaixo do especificado.

Conforme resultados observados, o extrato etanólico não apresentou

atividade antimicrobiana em nenhuma das concentrações frente às 2 bactérias

testadas. Pode-se observar isto também pela coloração avermelhada adquirida após

a aplicação do TTC (FIGURAS 3 e 4) que é indicativo de turvação e conseqüente

crescimento microbiano.

Observando-se as figuras abaixo (FIGURAS 3 e 4), pode-se observar que os

poços correspondentes aos controles tiveram os resultados esperados.

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Figura 3 – Placas de CIM da primeira etapa após aplicação TTC Fonte: autor.

placa S. enteritidis -

primeira etapa após

aplicação do TTC

placa E. coli -

primeira etapa após

aplicação TTC

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Figura 4 – Placas de CIM da segunda etapa após aplicação TTC Fonte: autor.

Pode-se observar que os poços 7, 8 e 9 (colunas A, B, C, D, E e F)

correspondentes ao controle com solução de cloranfenicol não apresentou turvação

inicial nem coloração avermelhada após a aplicação da solução de cloreto de

trifeniltetrazólio. Este resultado confirmou que a solução antibiótica nas

concentrações testadas teve atividade bactericida frente às 2 bactérias testadas.

Já os poços 10, 11 e 12 (colunas A, B, C, D, E e F) são referentes ao

controle do solvente dimetilsulfóxido o qual pode-se observar apresentou turvação

inicial e coloração avermelhada (em diferentes tonalidades) em todas as

concentrações testadas após a aplicação da solução de cloreto de trifeniltetrazólio.

Isto confirma que o solvente não possui capacidade para inibir o desenvolvimento

placa S. enteritidis

segunda etapa após

aplicação TTC

placa E. coli -

segunda etapa após

aplicação TTC

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dos microrganismos não sendo este o responsável por eventuais resultados

negativos quanto a atividade bactericida dos extratos.

A coluna G (das 4 placas) corresponde ao controle do inoculo no qual

observa-se coloração avermelhada em todos os poços. Este resultado comprova

que os microrganismos foram capazes de desenvolver-se no meio de cultura

utilizado sendo que este não influenciou nos resultados negativos dos demais

extratos.

A coluna H da placa da primeira etapa do microrganismo S. enteritidis (que

deveria corresponder a um controle) apresentou turvação inicial e coloração

avermelhada devido a erro analítico no qual foi inoculado o microrganismo

indevidamente e desta forma esta coluna não é considerada como controle nesta

placa.

As colunas H das demais placas correspondem ao controle do meio de

cultura o qual não apresentou turvação ou coloração avermelhada o que comprova

que o meio utilizado não apresentava contaminações. Observa-se na placa E. coli

segunda etapa os poços 1, 2 e 12 coloração avermelhada que provavelmente

decorrem de alguma contaminação durante o preparo das placas.

Os resultados das atividades antimicrobianas obtidos nos testes estão de

acordo com os resultados obtidos por Shan et al., (2007) que também não observou

atividade antimicrobiana do extrato frente a E. coli e Salmonella anatum. Conforme

suas pesquisas, que também testou outras bactérias Gram-positivas, estas

apresentaram em sua grande maioria maior sensibilidade bactericida quando

comparadas com as bactérias Gram-negativas e isto foi observado na medida em

que a E. coli e Salmonella anatum não apresentaram atividade antimicrobiana. Em

seu trabalho também, a E. coli apresentou uma resistência maior em relação a S.

anatum. Sagdiç et al., (2003), além de não ter observado eficiência bactericida do

extrato de louro frente a estas bactérias Gram-negativas, ressalta que os efeitos

antimicrobianos também podem variar conforme os tipos de condimentos testados e

das condições ambientais em que estes condimentos naturais desenvolveram-se.

Da mesma forma Bakkali et al., (2010), Oussalah et al., (2006) e Lira et al., (2009) e

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Marino et al., (2001) observam que as composições dos óleos essenciais (não

somente do louro mas também de outras espécies vegetais) podem variar devido a

fatores como o clima do local, estação da colheita, composição do solo, idade e ciclo

vegetativo da planta além da parte da planta da qual este óleo é extraído.

Nos testes realizados, quando comparados os resultados finais das placas

contendo os microrganismos, é possível observar pela intensidade da coloração

avermelhada que a Escherichia coli está mais intensa pressupondo um crescimento

microbiano maior e conseqüentemente uma resistência maior ao extrato etanólico e

que a placa com a Salmonella enteritidis apresenta uma coloração menos intensa

indicando um crescimento microbiano menor e conseqüente menor resistência ao

extrato etanólico de folhas de louro.

Os resultados negativos obtidos do extrato etanólico de folhas de louro

frente as bactérias Gram-negativas testadas podem ser devido as características

estruturais destas bactérias que acabam dificultando ou impedindo a ação das

substâncias antimicrobianas. Sabe-se que as bactérias Gram-negativas (E coli e

Salmonella enteritidis) possuem uma membrana externa rica em fosfolipídios que

acaba representando uma barreira a mais para a ação antibiótica de determinadas

substâncias. Geralmente, as substâncias antimicrobianas atuam destruindo a parede

celular e membrana citoplasmática das bactérias que acaba resultando na

coagulação e destruição do citoplasma. Estes mecanismos de atuação são relatados

por Shan et al., (2007), Tajkarimi et al., (2010), Souza et al., (2003) e Tassou et al.,

(2000).

Os resultados para as confirmações de crescimento microbiano em todas as

concentrações e a conseqüente ineficiência destes extratos pode ser confirmada

mais uma vez pelos resultados observados quando da inoculação destas culturas no

ágar Mueller-Hinton. Foram observados crescimento bacteriano em todas as

concentrações dos extratos bem como frente aos microrganismos. Abaixo (FIGURA

5), pode-se verificar, como exemplo, uma destas placas na qual foram inoculadas

soluções dos poços 2 (amostra íntegra – com crescimento) e 5 (amostra desidratada

– com crescimento), poço 7 (cloranfenicol – sem crescimento) e poço 11

(dimetilsulfóxido – com crescimento).

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Figura 5 – Placa de confirmação de crescimento. Fonte: autor.

Apesar dos resultados negativos obtidos, é preciso salientar que estas

substâncias naturais em muitos casos podem potencializar ou atuar sinergicamente

com outros conservantes (sintéticos ou não) tornando a necessidade destes menor.

Hsieh et al., (2001) pesquisou o efeito antimicrobiano combinado de três extratos

vegetais frente a variações de pH obtendo resultados inibitórios melhores com

valores de pH ácidos (diminuindo com aumento do pH), com adição de íons

metálicos observando pequena diminuição da ação e com a adição de outros

aditivos alimentares no qual obteve atividade antimicrobiana levemente maior (com

exceção do ácido cítrico). Bedin et al., (1999) relata que conforme pesquisas, os

óleos essenciais de condimentos possuem pouca importância antimicrobiana devido

as dosagens destes serem muito pequenas e nestes casos a importância destes

estaria ligada com a capacidade de potencializar outros agentes antimicrobianos.

Nos resultados obtidos dos testes de CIM e nas confirmações após, não é

possível determinar se existem diferenças de ação, atuação ou resultados finais que

possam distinguir as 2 amostras. Desta forma pode-se dizer que não existem

diferenças entre a amostra íntegra (folhas colhidas recentemente) e a amostra

desidratada (amostra comercial de folhas desidratadas e moídas).

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Pelos resultados obtidos, pode-se concluir que tanto a amostra íntegra

quanto a amostra desidratada não possuem atividade antimicrobiana nas diferentes

concentrações testadas frente às bactérias Escherichia coli e Salmonella enteritidis.

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CONCLUSÃO

Os extratos obtidos das duas amostras não apresentaram diferenças

perceptíveis apresentando os dois uma coloração verde escura intensa e odor forte

característico de louro.

Através dos dados obtidos da atividade antimicrobiana do extrato etanólico

de folhas de louro (Laurus nobilis L.), verificou-se que não existe ação bactericida ou

bacteriostática sobre os microrganismos Escherichia coli e Salmonella enteritidis nas

concentrações testadas. Isto sugere que o louro pode ser utilizado como

condimento apenas para realçar sabores e odores no alimento.

Conforme os resultados obtidos, também não observou-se diferenças de

atuação entre a amostra íntregra (recém colhida) e a amostra desidratada (folhas

desidratadas e moídas). Desta forma, pode-se dizer que o processo secagem não

prejudica ou altera as características do condimento.

Apesar dos resultados negativos encontrados neste experimento, deve-se

salientar que várias outras pesquisas obtiveram bons resultados quando o extrato ou

óleo essencial foi testado frente a outras bactérias e desta forma não deve-se

desprezar totalmente a ação bactericida que este condimento pode exercer ou

deixar de exaltar a sua importância.

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REFERÊNCIAS

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