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CCaaddeerrnnoo PPeeddaaggóóggiiccoo AAssssuummiinnddoo aa DDiivveerrssiiddaaddee nnaa EEssccoollaa IInncclluussiivvaa

TTeemmaa:: IInncclluussããoo ÁÁrreeaa ddee ccoonncceennttrraaççããoo:: PPeeddaaggooggiiaa PPrrooffeessssoorraa PPDDEE:: TTeellmmaa AAppaarreecciiddaa MMeessssiiaass SSttrraacckk PPrrooffeessssoorraa OOrriieennttaaddoorraa:: MMaarriiaa JJoosséé BBaassttooss MMaarrttiinnss -- UUEEPPGG SSeeccrreettaarriiaa ddee EEssttaaddoo ddee EEdduuccaaççããoo// NNRREE –– PPoonnttaa GGrroossssaa UUnniivveerrssiiddaaddee EEssttaadduuaall ddee PPoonnttaa GGrroossssaa PPoonnttaa GGrroossssaa -- 22000088

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SSUUMMÁÁRRIIOO________________________________________________________________________

Apresentação 4

Introdução 7

Tema 1: Problematizando o objeto de estudo 14

Tema 2: Perspectivas para uma escola inclusiva 21

Tema 3: Evolução e aspectos legais do processo

inclusivo

30

Tema 4: Formação do professor frente ao processo de

inclusão educacional

50

Tema 5: O papel da equipe gestora diante da

inclusão educacional

61

Tema 6: A família e o processo de inclusão

educacional

73

Tema 7: Análise de situações do cotidiano escolar 84

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AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO__________________________________________________________

O Caderno Pedagógico “Assumindo a Diversidade na

Escola Inclusiva”, voltado para a temática da Inclusão

Educacional, foi organizado para apoiar o desenvolvimento

de sistemas educacionais inclusivos nas escolas. Esse

Caderno Pedagógico pretende colaborar para que as escolas

se desenvolvam em direção a organizações educacionais

para todos, procurando contribuir prioritariamente na

formação dos profissionais da educação para responderem à

crescente diversidade presente na escola.

O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) é

uma política pública do Estado do Paraná que estabelece o

diálogo entre os professores da Educação Superior e os da

Educação Básica, através de estudos orientados, orientação

de trabalhos em rede, elaboração de material didático,

intervenção na realidade escolar e a produção de um artigo

sobre a temática escolhida. Esse programa objetiva

proporcionar a formação continuada, a produção de

conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar da

escola pública paranaense.

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Os professores participantes do PDE, que são ligados

à rede pública estadual de ensino e que participaram de um

concurso de seleção, elaboraram um plano de trabalho,

apresentando sua temática de estudo. O núcleo central das

atividades de um dos períodos desse Programa foi a

construção de Caderno Pedagógico como elaboração da

material pedagógico pelo Professor PDE, com o

acompanhamento do Professor Orientador/IES (Instituição

de Ensino Superior) e a colaboração do Grupo de Trabalho

em Rede.

O Caderno Pedagógico “ASSUMINDO A

DIVERSIDADE NA ESCOLA INCLUSIVA”, oportuniza

reflexões sobre a educação inclusiva, subsidiando as ações

pedagógicas desenvolvidas na realidade escolar.

Esse material foi planejado para ser utilizado em um

contexto de formação, tendo como público alvo profissionais

da educação, proporcionando a oportunidade de analisar

concepções teóricas e práticas da educação inclusiva, visando

contribuir para reflexões e possíveis mudanças na prática

pedagógica do professor.

Os estudos propostos nesse Caderno Pedagógico

pretendem:

incentivar a prática de formação continuada no contexto

escolar;

apresentar alternativas de estudo sobre como atender as

necessidades educacionais específicas dos alunos aos

profissionais da educação;

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contribuir para o debate e a reflexão sobre o papel da

escola e do professor na perspectiva do desenvolvimento de

uma prática de transformação da ação pedagógica;

favorecer a criação de espaços de aprendizagem coletiva,

incentivando a prática de encontros para estudar e trocar

experiências e o trabalho em grupo nas escolas;

propiciar condições para que os professores e profissionais

da educação possam fundamentar a sua prática pedagógica

em relação à educação inclusiva.

Diante da diversidade presente na escola, os

profissionais da educação devem valorizar os espaços e

materiais que contribuem na reorientação dos processos

pedagógicos, além de reconhecer a importância de descobrir

as necessidades e interesses de cada aprendiz para responder

às mesmas de forma efetiva e inclusiva.

LINGUAGEM VISUAL DO CADERNO PEDAGÓGICO

______________________________________________________

Informações relevantes;

Reflexões e questionamentos;

Diário de Estudo

Atividades práticas/ coletivas.

______________________________________________________

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IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO______________________________________________________________

A escola é uma instituição inserida em um contexto,

em uma época, sujeita a múltiplas determinações.

Atualmente, ela absorve cada vez mais os valores da

sociedade capitalista em que está inserida: eficiência,

agilidade, rapidez. Nesse processo, o aluno é quem mais

sofre a influência desses paradigmas. Entretanto, quando são

vistos como uma massa homogênea, desprovidos de

individualidade, em uma perspectiva fordista de mera

seriação, o resultado é a segregação e o preconceito. Por isso,

as diferenças devem ser assumidas como um fator

enriquecedor na aprendizagem, e a equipe docente deve ser

a principal articuladora nesse processo de inclusão,

procurando estar segura para trabalhar com a diversidade,

através de processos de formação continuada.

Qual é o espaço, hoje existente na escola, para os

professores e a equipe gestora estudarem e pensarem

coletivamente, colocando suas dúvidas, angústias e anseios

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sobre como tornar a escola um ambiente verdadeiramente

inclusivo, assumindo a diversidade?

Como promover a educação inclusiva, garantindo que

ela seja um recurso para a melhoria da qualidade

educacional e fonte de enriquecimento?

Na tentativa de encontrar possíveis soluções para os

questionamentos acima levantados, esse Caderno

Pedagógico foi organizado em sete temas:

No estudo desse tema, serão apresentados de maneira

simplificada os principais problemas que envolvem o

processo inclusivo.

Ao estudarmos o Tema 1, teremos a oportunidade de:

visualizar os principais problemas que dificultam a

efetivação da inclusão no contexto escolar;

refletir sobre maneiras de superação dos problemas que

dificultam o processo inclusivo.

Nesse tema, estudaremos as perspectivas para

efetivação da inclusão educacional, frente à diversidade

presente na escola.

Ao estudarmos o Tema 2, teremos a oportunidade de:

refletir sobre a importância dos processos inclusivos no

ambiente escolar;

Tema 2: Perspectivas para uma escola inclusiva

Tema 1: Problematizando o objeto de estudo

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promover a articulação entre a teoria e a prática de cada

educador frente ao trabalho respeitando a diversidade

presente na escola;

analisar as concepções de inclusão educacional

apresentadas;

refletir sobre a importância do reconhecimento e

valorização das diferenças no contexto escolar.

A partir de agora, nós estudaremos os fatos que ao

longo da história da humanidade marcaram a vida de muitas

pessoas com necessidades especiais e os aspectos legais

nacionais e internacionais que contribuíram para essa

evolução.

Com o estudo do Tema 3, esperamos:

reconhecer os fatos que ao longo da história da

humanidade, marcaram a vida das pessoas com deficiências;

refletir diante das situações de segregação e preconceito

que muitas pessoas sofreram ao longo da história da

humanidade, devido às suas diferenças;

analisar os aspectos legais nacionais e internacionais que

contribuíram na evolução do processo inclusão educacional.

Tema 3: Evolução e aspectos legais do processo inclusivo

Tema 4: Formação do professor frente ao processo de

inclusão educacional

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Nesse tema teremos oportunidade de refletir sobre a

importância dos processos de formação continuada aos

docentes, diante da diversidade presente na escola.

Assim, com o estudo desse tema poderemos:

refletir sobre a necessidade da formação continuada aos

professores frente ao processo de inclusão educacional;

reconhecer a necessidade da ressignificação dos processos

pedagógicos frente à inclusão educacional.

No estudo desse tema, analisaremos a importância do

papel da equipe gestora diante do processo inclusivo na

escola.

O estudo desse Tema objetiva oferecer a oportunidade

de:

reconhecer a importância da inclusão educacional ser

assumida por todos na escola;

refletir sobre o papel da equipe gestora como articuladora

do processo inclusivo na escola;

analisar a necessidade da efetivação de uma gestão escolar

democrática diante da diversidade presente na escola.

Tema 5: O papel da equipe gestora diante da inclusão

educacional

Tema 6: A família e o processo de inclusão educacional

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No estudo desse tema, será analisada a importância

da participação da família no contexto escolar para

efetivação do processo inclusivo.

Ao estudar esse tema, teremos oportunidade de:

reconhecer a importância do diálogo sobre família e escola

para efetivação do processo inclusivo;

compreender a participação da família como um elo no

fortalecimento para uma gestão escolar democrática.

A partir de agora, teremos a oportunidade de analisar

alguns estudos de caso relacionados ao processo inclusivo e

algumas sugestões de vídeos e leituras.

Com o estudo desse tema, poderemos:

refletir sobre como essas experiências de vida podem

contribuir para a ressignificação dos processos pedagógicos;

analisar os estudos de caso apresentados, buscando

subsídios para aprimorar sua prática pedagógica frente ao

processo de inclusão educacional.

METODOLOGIA DO CADERNO PEDAGÓGICO

______________________________________________________

O Caderno Pedagógico “Assumindo a Diversidade na

Escola Inclusiva” foi construído diante da necessidade do

desenvolvimento de respostas educacionais eficientes frente

à diversidade de estilos e ritmos de aprendizagem presentes

na escola.

Tema 7: Analisando algumas experiências de vida

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Para enfrentar esse desafio, os profissionais da

educação precisam contar com a ajuda a e apoio em caráter

permanente, mediante atividades de formação continuada e

acesso a materiais pedagógicos de suporte às suas ações

desenvolvidas no cotidiano escolar.

Em cada um dos temas propostos nesse Caderno

Pedagógico serão sugeridas atividades de leitura, reflexão e

análise de textos, artigos, estudos de caso, propostas

alternativas para o desenvolvimento de um trabalho com

professores, alunos, funcionários e pais na escola. Através

das reflexões realizadas, articulando a teoria e a prática,

haverá espaço para o educador rever suas ações

desenvolvidas no cotidiano escolar frente ao trabalho,

respeitando a diversidade presente na escola e, desta forma,

favorecendo a criação de estratégias alternativas para a

efetivação do processo inclusivo.

______________________________________________________

Em consonância com a perspectiva da importância de

a escola assumir a diversidade diante da inclusão

educacional proposta nesse Caderno Pedagógico,

encontraremos atividades para reflexão, que constituem

importantes recursos de aprendizagem. Devemos analisá-las

com atenção, retornando ao texto sempre que tivermos

dúvida. É oportuno que essas atividades sejam registradas

no Diário de Estudo, no qual poderão também ser anotadas

eventuais dúvidas e tudo que se julgar interessante no

processo de aprendizagem.

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Sendo assim, teremos a oportunidade de relacionar o

que se aprendeu sobre cada tema com a prática docente,

identificando as maiores dificuldades e o que ainda precisa

ser aprendido para se alcançar os objetivos necessários para

o exercício da docência frente aos desafios da educação

inclusiva.

É conveniente que no estudo da cada um dos temas

seja feita uma reflexão, a fim de estabelecer correlação com a

prática pedagógica, discutindo a aplicação dos temas

estudados à realidade profissional.

Bom estudo!

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TTEEMMAA 11

PPRROOBBLLEEMMAATTIIZZAANNDDOO OO OOBBJJEETTOO DDEE EESSTTUUDDOO__

Se soubermos que um obstáculo é intransponível,

deixa de ser um obstáculo para se tornar um ponto

de partida.

Juzsef Eorvos

A profunda e enraizada segregação presente nas escolas

é o principal obstáculo para a efetivação da inclusão. Os

preconceitos presentes na escola não são oriundos apenas

dos atos e da mentalidade dos grupos dominantes. Esta é

uma situação bem mais abrangente, fruto de uma sociedade

que cria como padrão características diversas das

apresentadas por muitos dos alunos. O estereótipo da

eficiência, da agilidade, da rapidez capitalista, exigido a

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todos, simplesmente ignora as particularidades e as origens

dos educandos. O corpo discente é visto como uma massa

homogênea, mas na verdade é um todo instável e repleto de

diferenças. O descaso com as peculiaridades cria barreiras

para a aprendizagem das minorias, deixando à margem

dessa todos aqueles que não respondem às expectativas

imediatistas, devido a origens, necessidades e contextos

sociais diversos, simplesmente ignorados neste processo.

Diante da diversidade presente na escola os professores, na

maioria dos casos, sentem-se despreparados, pois a

formação inicial e continuada que receberam foi insuficiente

para o trabalho com diferenças significativas (Mantoan,

2006).

Essa atitude passiva diante deste problema muitas

vezes é interpretada como má vontade, pouca colaboração

ou medo. Porém, em ambas formações, pouco analisaram ou

ouviram a respeito do trabalho pedagógico diante das

diferenças dos alunos. As ações pedagógicas, geralmente,

desenvolvidas são programadas sob a hegemonia da

normalidade, pautadas para atender a um aluno idealizado,

que serve de modelo aos demais, no desejo de assegurar a

homogeneidade das turmas.

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Pense no cotidiano de sua escola e reflita: - Em relação à importância do paradigma capitalista, você concorda que ela se estende até o ambiente escolar? - Identifique exemplos de ações pedagógicas que refletem a “hegemonia da normalidade” citada no texto; * Anote as respostas no Diário de Estudo.

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Na formação inicial dos professores, os cursos de

licenciatura não proporcionaram aos futuros profissionais

disciplinas específicas que envolvessem o ensino dos

conhecimentos teóricos e práticos a respeito da inclusão

educacional. Nos momentos de formação continuada, que

são proporcionados aos professores na escola e fora dela,

pouca ênfase é dada ao processo inclusivo e ao

desenvolvimento do trabalho na diversidade. Ainda, porque

esses momentos de formação, na maioria das vezes, não

consideram as necessidades dos docentes, têm caráter

pontual e são desvinculados da realidade da escola.

Cabe ainda ressaltar que, para muitos educadores, a

inclusão enquanto proposta educacional aparece associada à

presença de alunos com deficiências nas classes regulares.

Acreditando-se que, uma vez matriculados estes alunos,

estaria garantida a inclusão educacional. Assim, a concepção

de escola inclusiva estaria relacionada apenas a alunos com

deficiência, desconsiderando toda a heterogeneidade

presente na escola.

Segundo Carvalho (2005, p.48), “são excluídos todos

aqueles que são rejeitados e levados para fora de nossos

espaços,(...) dos nossos valores, vítimas de representação

estigmatizante.”

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Na sua escola, existem alunos com deficiências matriculados nas classes regulares? A concepção de educação inclusiva dos educadores de sua escola é restrita a esses alunos ou ela é expandida à heterogeneidade presente na escola?

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Alunos marginalizados por sua condição de pobreza,

por problemas comportamentais, com deficiências, com altas

habilidades, lentos, com diferentes ritmos de aprendizagem

são muitas vezes prejudicados na sua trajetória educacional,

com situações de rotulações, preconceito e reprovações,

levados muitas vezes à exclusão e ao fracasso.

Na escola, geralmente o fracasso é atribuído ao aluno,

que deve mudar para adaptar-se á escola, a qual, frente a

essa situação continua desenvolvendo seu trabalho,

insensível às causas do revés sofrido pelo aluno. Essas são

algumas das conseqüências percebidas de um projeto

pedagógico etnocêntrico que não mais atende às

características atuais, que se configura no horizonte de um

novo paradigma civilizacional, de sociedade e de escola

inclusiva.

A equipe gestora, geralmente confinada em seus

gabinetes, ocupada em realizar trabalhos burocráticos,

preocupada em resolver os problemas imediatos e manter a

ordem, envolvidas na rotina do cotidiano escolar, visualiza

os alunos também como um todo homogêneo.

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______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Diante do fracasso escolar na sua escola quais as ações previstas para superá-lo? Geralmente, as mudanças partem predominantemente do professor ou do aluno? Você considera importante o papel da equipe gestora diante do processo de inclusão educacional? Justifique.

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As diferenças que aparecem são vistas, muitas vezes,

como problemas e os mesmos como fatos isolados,

ignorando a verdadeira miscelânea de caracteres humanos

com suas respectivas origens e contextos sociais que

constitui o grupo de alunos.

Desta forma, em geral a diversidade não é assumida

nem valorizada pela equipe gestora, a qual se revela

burocrática e passiva frente às situações em que deveria

posicionar-se ‘diferente’, a favor de uma escola para todos.

Ação reflexiva coletiva

______________________________________________________

Agora juntamente com o coletivo de sua escola reúna-

se para discutir algumas questões pertinentes à primeira

temática.

Primeiramente, discuta as questões em pequenos

grupos, depois compartilhe as conclusões para o grande

grupo, abrindo à plenária. Não esqueça de anotar as

conclusões do grupo no Diário de Estudo.

Considerando a realidade explicitada no Tema 1 -

Problematizando o Objeto de Estudo, discuta e reflita com

seu grupo as seguintes questões:

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Qual é o espaço, hoje existente na escola, para os

professores e a equipe gestora estudarem e pensarem

coletivamente, colocando suas dúvidas, angústias e anseios

sobre como tornar a escola um ambiente verdadeiramente

inclusivo, assumindo a diversidade?

E, principalmente, como promover a educação

inclusiva, garantindo que ela seja um recurso para a

melhoria da qualidade educacional e fonte de

enriquecimento?

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

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______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

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RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS

____________________________________________________________________________________________________________

CARVALHO, R. E. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. 3 ed. Porto Alegre: Mediação, 2005. CD –Balões de pensamentos e diálogos por Lushpix Illustration (Thought and dialogue bubles) CD – Cruzeiro de Férias por Image Zôo CD – Hoopla!Splash por Image Club MANTOAN, M. T. E. Inclusão Escolar. O que é? Por quê? Como se faz? 2.ed. São PAULO:Moderna, 2006. DVD Original Country Clipart – By Lisa

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TTEEMMAA 22

PPEERRSSPPEECCTTIIVVAASS PPAARRAA UUMMAA EESSCCOOLLAA IINNCCLLUUSSIIVVAA____

Não é por termos liberdade que podemos mudar tudo à

nossa volta, mas dispomos da faculdade de dar sentido a

tudo (o que é muito melhor), mesmo àquilo que não o tem!

Nem sempre somos senhores do desenvolvimento da nossa

vida, mas somos sempre senhores do sentido que lhe

conferimos.

Jacques Philippe

A sociedade atual passa por mudanças aceleradas,

decorrentes da globalização e dos avanços tecnológicos, os

quais acarretam, na maioria das vezes, profundas

desigualdades econômicas, culturais, sociais e políticas, as

quais requerem o estabelecimento de políticas públicas

voltadas para a redução dessas enormes diferenças, isto é,

políticas de inclusão que permitam a todos o usufruto das

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conquistas científicas, dos avanços tecnológicos e de uma

educação com qualidade, que atenda a diversidade presente

na escola.

A palavra inclusão é originária da expressão inglesa

full inclusion, que significa inclusão por completo. A idéia de

full inclusion segundo Stainback e Stainback (1999), estabelece

a educação para todos os alunos nas classes e escolas de

bairro, ou seja, todas as crianças devem ser inseridas na vida

social e educacional.

Segundo Carvalho (2005, p.29): “a idéia de inclusão

educacional pressupõe a melhoria da resposta educativa da

escola para todos, em qualquer das ofertas educacionais”.

Nesse sentido, entende-se por inclusão educacional a

garantia de acesso a todos na escola, reconhecendo e

valorizando as diferenças, respeitando as necessidades de

cada um, através de um ensino de qualidade.

Algumas das atuais políticas públicas estão voltadas

para a inclusão escolar e social de diversos segmentos que

historicamente ficaram à margem da sociedade, como os

negros, os índios, pessoas com deficiências, minorias

lingüísticas, étnicas ou culturais, grupos desfavorecidos ou

marginalizados e outros.

A sociedade é formada por pessoas que pertencem a

grupos étnicos diferentes, que possuem cultura,

religiosidades e história próprias, igualmente valiosas e que,

em conjunto, contribuem na construção da diversidade. A

variedade étnico-cultural presente na escola, as origens

sociais dos alunos, o status sócio-econômico e as diferentes

crenças religiosas dos alunos que revelam a diversidade de

De acordo com a Política Pública Estadual de Inclusão Educacional do Paraná (2007), a inclusão educacional exige um repensar sobre a estrutura política e as estratégias educativas, para garantir a permanência de todos na escola, não apenas seu acesso, e uma aprendizagem satisfatória.

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valores, comportamentos e interesses precisam ser

consideradas como fontes de conhecimento nas relações de

trocas e valorizadas no processo educativo.

Algumas pesquisas produzidas pelo IBGE e citadas

por Henriques, (2003), demonstram que os negros

representam 45% da população brasileira, e que, apesar dos

movimentos de luta contra o racismo, ainda sofrem, muitas

vezes, com situações de pobreza, de preconceito e de

exclusão educacional e do mercado de trabalho. Diante da

inclusão educacional, a valorização do negro e da cultura

afro-brasileira é muito importante porque ele passa a ser

visto com respeito, igualdade e com a dignidade que merece.

Cabe ainda ressaltar a situação de muitos jovens e

adultos, que por problemas sociais, econômicos, precárias

condições de vida, foram alijadas de seu direito de estudar.

Muitas vezes, essas pessoas sofrem preconceitos, associados

à descrença da capacidade de aprendizagem das mesmas.

Freire, (1999), ressalta a importância da “dialogicidade”

como essência da educação, como prática da liberdade e da

estruturação de um trabalho direcionado a jovens e adultos.

Aprender a ouvir, a dialogar com o saber do outro é

perceber a subjetividade que se encontra nas inter-relações

com o outro.

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Em sua opinião, as atuais Políticas Públicas de Inclusão oferecem condições para a efetivação do processo de inclusão educacional na escola? Explique. Como o reconhecimento da diversidade na escola pode ser usado de maneira enriquecedora do processo de aprendizagem? Na escola, deparamo-nos com situações de preconceito por parte de alunos e professores. Qual é o papel da equipe pedagógica como mediadora diante desses impasses?

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- 24 -

Considerando que esse público que ficou fora da

escola, quando retornam em cursos de educação de jovens e

adultos , cursos profissionalizantes, trazem para a sala de

aula uma concepção de vida, conhecimentos diversos

construídos em suas diferentes vivências, valores

incorporados e necessidades concretas ligadas ao seu

cotidiano e às expectativas de vida, os quais precisam ser

valorizados pelo cotidiano escolar.

A escola, como instituição social, contribui com o

processo de formação das identidades de gênero, através das

atitudes e linguagens utilizadas pelos educadores. A

diferença é um atributo do ser humano, sendo assim, existem

muitas formas de ser homem e mulher. Logo, as relações

escolares devem ser pautadas no respeito das singularidades

e nas múltiplas possibilidades de ser e estar no mundo,

garantindo a inclusão de todos os segmentos da sociedade.

No contexto escolar, a falta de acesso à educação,

situações de repetência e indiferença com as necessidades

dos alunos são fatores poderosos na determinação do

fracasso e da exclusão educacional. Olhando-se para os

diferentes grupos presentes na sociedade, observa-se que a

exclusão educacional afeta em geral os grupos mais

desfavorecidos, como a parcela mais pobre da população e as

pessoas com deficiências.

______________________________________________

______________________________________________________

_____________________________________________________

Diante do público da educação de jovens e adultos e de cursos profissionalizantes, a escola preocupa-se em detectar suas reais necessidades e expectativas de vida?

“Levar chumbo”, “dançar” e “rodar de ano” são expressões brasileiras para um fenômeno de fato muito popular no Brasil , a repetência escolar, que junto à evasão escolar constituem graves problemas do sistema educacional do país.

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- 25 -

A inclusão se baseia na aceitação das diferenças

individuais como um atributo e não como um obstáculo, na

valorização da diversidade humana para o enriquecimento

de todas as pessoas e o direito de pertencer e não ficar de

fora.

A proposta de Escola inclusiva implica pensar em

uma nova postura da escola regular, que deve propor no seu

projeto político pedagógico ações que favoreçam a inclusão,

além de práticas educativas diferenciadas que atendam a

todos os alunos. Pois numa escola inclusiva a diversidade é

valorizada em detrimento da homogeneidade.

De acordo com Susan Stainback (2006)

Para que a inclusão seja bem sucedida, as diferenças dos alunos devem ser reconhecidas como um recurso positivo. As diferenças entre os alunos devem ser reconhecidas e capitalizadas para fornecer oportunidades de aprendizagem para todos os alunos da classe. ( STAINBACK, 2006, p.11)

A escola enquanto espaço educacional inclusivo deve

estar baseada na valorização das diferenças dos alunos como

um atributo e não como um obstáculo, no reconhecimento da

diversidade humana pela sua importância para o

enriquecimento de todas as pessoas, através das trocas com

seus pares, como reais oportunidades de construção do

conhecimento, onde as diferenças são respeitadas.

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Segundo Sassaki (1997), a idéia fundamental da inclusão é a de adaptar o sistema escolar às necessidades dos alunos. A inclusão propõe um único sistema educacional de qualidade para todos os alunos, com ou sem deficiência.

Na elaboração do Projeto Político Pedagógico de sua escola, o processo de inclusão educacional foi considerado? Como os professores de sua escola encaminham o trabalho diante das diferenças dos alunos, como um obstáculo a ser transposto ou como elemento enriquecedor das experiências?

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- 26 -

A Declaração de Salamanca (1994) evidencia que a

educação inclusiva não se refere apenas às pessoas com

deficiências ao utilizar o termo “pessoa com necessidades

educacionais especiais”, estendendo-o a todas as crianças ou

jovens que têm necessidades decorrentes de suas

características de aprendizagem. Com afirma Carvalho

(2005):

As escolas inclusivas são escolas para todos, implicando num sistema educacional que reconheça e atenda às diferenças individuais, respeitando as necessidades de qualquer dos alunos. Sob esta ótica, não apenas portadores de deficiência seriam ajudados e sim todos os alunos que, por inúmeras causas, endógenas ou exógenas, temporárias ou permanentes, apresentem dificuldades de aprendizagem ou no desenvolvimento. (CARVALHO, 2005, p. 29)

Desta forma, a diversidade presente no cotidiano

escolar deve ser celebrada nas escolas inclusivas, pois as

diferenças oferecem grandes oportunidades para a

aprendizagem de todos. O reconhecimento da diversidade é

o ponto de partida para que as diferenças não se

transformem em desigualdades, o que pressupõe educar com

base no respeito às peculiaridades de cada estudante e no

desenvolvimento da consciência de que as diferenças

resultam de um complexo conjunto de fatores, que abrange

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

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Segundo Mantoan (2006), nem todas as diferenças necessariamente inferiorizam as pessoas. Há diferenças e há igualdades – nem tudo deve ser igual, assim como nem tudo deve ser diferente. É preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferença nos inferioriza.

A heterogeneidade presente na escola, tanto em relação às origens sociais do aluno como as suas características pessoais, são consideradas como positivas no processo educativo de sua escola? E recebem a atenção necessária para a efetivação do processo de inclusão educacional?

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as características pessoais e a origem sócio-cultural, assim

como as interações humanas. A atenção à diversidade

baseia-se no direito de acesso à escola, visa à melhoria da

qualidade do ensino e aprendizagem para todos e a

realização de adequações curriculares para atender as

necessidades particulares da aprendizagem dos alunos.

Ação reflexiva coletiva

______________________________________________________

Nosso desafio, no momento, é encontrar um meio de

se avançar no caminho de uma escola inclusiva, que ensine e

eduque todas as crianças e simultaneamente reconheça as

diferenças como um valor a ser levado em conta no

desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Neste

sentido, a promoção da inclusão educacional implica na

identificação de perspectivas para a efetivação do processo

inclusivo e de barreiras que o dificultam na escola, devendo

ser minimizadas.

O primeiro passo para o desenvolvimento da

atividade seguinte é reunir o coletivo da escola em pequenos

grupos e propor as seguintes tarefas:

definir atitudes e ações que caracterizam uma escola

como verdadeiramente inclusiva;

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identificar as dificuldades presentes no cotidiano

escolar que atrapalham a efetivação das ações citadas

acima.

Em seguida, cada grupo deverá apresentar suas

conclusões. As diferentes respostas apresentadas deverão ser

discutidas e relacionadas com a realidade escolar, da

seguinte forma:

Quais das ações citadas são praticadas na escola?

Existem atitudes concretas na escola para a atenuação

das dificuldades citadas?

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RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS

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BRASIL. Senado Federal. Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais. Brasília: CORDE, 1994 CARVALHO, R. E. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. 3 ed. Porto Alegre: Mediação, 2005. CD –Balões de pensamentos e diálogos por Lushpix Illustration (Thought and dialogue bubles) CD – Cruzeiro de Férias por Image Zôo CD – Hoopla!Splash por Image Club DVD Original Country Clipart – By Lisa FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 27 ed. São Paulo. Paz e Terra, 1999. HENRIQUES, R. Silêncio – o canto da desigualdade social. In: Racismos Contemporâneos, Rio de Janeiro, 2003. MANTOAN, M. T. E. Inclusão Escolar. O que é? Por quê? Como se faz? 2.ed. São PAULO:Moderna, 2006. PARANÁ, Política Pública Estadual de Inclusão Educacional. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr .gov.br/portals/portal/semana/julho2007_textos.pdf SASSAKI, R. K. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997. STAINBACK, S. & STAINBACK, W. Inclusão. Um guia para educadores. Porto Alegre; Artes Médicas, 1999. STAINBACK, S. Considerações Contextuais e Sistêmicas para a Educação Inclusiva. Inclusão: Revista da Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP. Ano 2, n.3, dez., 2006.

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- 30 -

TTEEMMAA 33

EEVVOOLLUUÇÇÃÃOO EE AASSPPEECCTTOOSS LLEEGGAAIISS DDOO PPRROOCCEESSSSOO

IINNCCLLUUSSIIVVOO__________________________________________________________________________________

O segredo para viver em paz com todos consiste na arte de

compreender cada um segundo a sua individualidade.

F. L. Jahn

O diálogo sobre escola inclusiva implica refletir sobre

os fatos que, ao longo da história da humanidade, marcaram

a vida de muitas pessoas, que por apresentarem alguma

FRAGMENTOS HISTÓRICOS SOBRE A EVOLUÇÃO DO

PROCESSO INCLUSIVO DAS PESSOAS COM

DEFICIÊNCIAS

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deficiência foram excluídas, segregadas, sofreram

preconceitos em sua vida em sociedade por causa de suas

diferenças.

No período marcado pela gênese das primeiras

sociedades humanas, a maioria das pessoas com deficiências

era considerada como indigna de educação escolar. A família

da pessoa com deficiência o excluía do seu convívio e da

sociedade, eram comuns atos seletivos.

Assim, nos primórdios da sociedade, as pessoas

consideradas diferentes, por serem deficientes, eram

consideradas empecilhos, sendo segregadas do convívio

social ou simplesmente exterminados.

Na Grécia Antiga, conforme Amaral (1995), as pessoas

deficientes tinham seu destino selado com a morte ou

simplesmente eram abandonadas. Além disso, o Estado

Greco-romano tinha o direito de não permitir cidadãos

disformes ou monstruosos, ordenando ao pai que matasse o

filho que nascesse nessas condições. Na cidade de Esparta, as

crianças com deficiências física ou mental eram eliminadas

ou abandonadas nas montanhas.

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

A segregação das pessoas com deficiências em diversos períodos históricos da humanidade assinalou o processo de exclusão desses sujeitos. Quais são os fatores sociais e econômicos que contribuíram nesse processo e que ainda persistem nos dias de hoje?

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Com relação aos surdos, Skliar (1998), comenta que os

mesmos eram jogados do alto dos rochedos. Em Atenas, os

jovens considerados normais eram preparados para a paz e

para a guerra, desenvolvendo o conhecimento intelectual e a

coragem, mas os surdos eram abandonados em praças

públicas e nos campos desprovidos de toda possibilidade de

desenvolvimento moral e intelectual, considerados

absolutamente incapazes para a prática da vida política.

Considerando toda a capacidade intelectual, de

comunicação, de percepção afetiva que a pessoa surda

possui, percebe-se quantas atrocidades foram cometidas no

passado, quando eram desconsideradas as capacidades e

direitos dessas pessoas.

Na Idade Média, a partir da influência da Igreja,

passou-se a condenar a prática do infanticídio. Porém, a

partir do pensamento cristão, que na época considerava a

diferença um sinônimo de pecado, os deficientes eram

associados à marca da punição divina, expressão do poder

sobrenatural, a atos de feitiçaria, a duendes malignos e

demônios; eram perseguidos, afastados do convívio social e

mortos. (Carmo, 1997)

______________________________________________

______________________________________________________

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______________________________________________________

A história mostra que vêm de longo tempo a resistência à aceitação social das pessoas com deficiências e como suas vidas eram ameaçadas, através de várias práticas, citadas no texto. Quais são os meios e ações que a sociedade usa para excluir, atualmente?

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Assim, devido à falta de conhecimentos e receio do

sobrenatural e do diferente, do desconhecido, as pessoas

mantiveram por muito tempo a concepção de que a

deficiência era um castigo, segregando e perseguindo outras

pessoas porque eram diferentes.

A partir de meados do século XVI, a questão da

diferença ou a fuga ao padrão considerado normal vai passar

da órbita da influência da Igreja para se tornar objeto da

Medicina. (JIMENEZ, 1997).

Assim, com o desenvolvimento das ciências e das

pesquisas, e com os estudos desenvolvidos na área da

medicina, verificou-se que muitas deficiências eram

resultantes de disfunções no organismo e as pessoas com

deficiências passaram a ser olhadas não mais como

problemas espirituais.

Conforme relata Facion, (2005), o processo histórico de

escolarização de pessoas com transtornos mentais iniciou-se

no final o século XVII, na França, com a fundação de

instituições especializadas para a educação de surdos e de

cegos. E no ano de 1777, foi Pestalozzi que democratizou o

ensino revelando que todos, apesar de apresentarem

características diferentes, tinham condições de aprender.

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Você acha que, ainda hoje, na era tecno-científica em que vivemos, a falta de conhecimento, o medo do desconhecido e diferente e a intransigência persistem como barreiras para a o processo inclusivo?

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Esses são alguns fragmentos históricos relevantes

sobre a evolução do processo inclusivo das pessoas com

deficiências. Já no Brasil, o interesse pelo atendimento de

pessoas com deficiências tem origens no período colonial.

No Brasil, a preocupação com pessoas com deficiência

vem desde 1600, evoluindo gradativamente. Até o início da

República, em 1889, havia no país seis instituições de ensino

atendendo deficientes físicos.

Mas, estes atendimentos e as criações das instituições

não significaram evoluções, pois o atendimento oferecido era

esporádico e assistemático, demonstrando o modo

excludente que ainda vigorava no atendimento das pessoas

com deficiência naqueles tempos.

No Brasil em 1904, segundo Facion, (2005), foi

desenvolvida a primeira escola, Escola de Crianças

Anormais, localizada no Hospital Nacional de Alienados do

Rio Janeiro.

Percebe-se então que, no início do século XX, começou

o atendimento de pessoas com deficiências dentro de

instituições, que propiciavam o início da escolarização, mas

essa acontecia de forma segregada, pois se acreditava que

essas pessoas não tinham condições de interagir com as

demais nas escolas regulares.

INCLUSÃO NO BRASIL: EVOLUÇÃO E ASPECTOS

LEGAIS NACIONAIS E INTERNACIONAIS

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Em 1948, a elaboração da Declaração Universal dos

Direitos Humanos, em Assembléia Geral da Organização das

Nações Unidas, garantindo os princípios de igualdade e

dignidade humanas e a vedação absoluta à discriminação de

qualquer espécie, vem assegurar os direitos das pessoas com

deficiências.

A partir da década de 50 e mais fortemente nos anos

60, segundo Sassaki (1997), com o movimento dos pais de

crianças a quem era negado ingresso em escolas comuns,

surgiram as escolas especiais, e mais tarde as classes

especiais dentro das escolas comuns. O sistema educacional

ficou com dois subsistemas funcionando paralelamente e

sem ligação uma com a outra: a educação comum e a

educação especial.

O ano de 1961 constitui um marco importante na

Educação Especial no Brasil, pois a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional (Lei 4024/61) declarava em seu artigo

88 que: “a educação dos excepcionais deve, no que for

possível, enquadrar-se no sistema geral da educação, a fim

de integrá-los na comunidade”.

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______________________________________________________

A escolarização de forma segregada, separando e isolando crianças do grupo principal e majoritário da sociedade tentava evidenciar um empenho na resolução de problemas da educação das pessoas tidas como diferentes. Você acha que essa separação, já no nível escolar, contribuiu para a construção de uma mentalidade excludente na sociedade atual?

A preocupação com os direitos humanos foi lema do século XVIII na Revolução Francesa, baseada nos princípios de igualdade, liberdade e fraternidade; que, em 1789, proclamou-a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, preconizou o direito à liberdade, à igualdade, à propriedade e à segurança a todos os cidadãos.

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Essa lei representa um passo relevante na educação,

pois mostra o reconhecimento, pelas autoridades, da

importância da integração dos alunos com deficiência nas

classes regulares.

A partir de década de 70, segundo Sassaki, (1997),

houve uma mudança filosófica em direção à idéia de

educação integrada. As escolas comuns estariam aceitando

alunos com deficiências nas classes comuns. Só se

consideravam integrados alunos com deficiência que

conseguissem adaptar-se à classe comum como esta se

apresentava, portanto sem modificações no sistema. A

educação integrada exigia a adaptação dos alunos ao sistema

escolar, excluindo aqueles que não conseguiam adaptar-se

ou acompanhar os demais alunos.

Em 1977, cria-se a Regulamentação da Portaria

Interministerial de nº 477, do MEC (Ministério da Educação e

Cultura) E MPAS (Ministério da Previdência e Assistência

Social) no atendimento a excepcionais. Em seu Artigo 9º,

determinou que fossem integrados no ensino regular os

alunos com deficiência que tivessem condições satisfatórias

de aproveitamento e participação de acordo com suas

possibilidades, sendo encaminhados às classes especiais das

escolas regulares somente aqueles alunos que, em razão de

suas limitações, não tivessem condições de acompanhar o

grupo.

Porém, este modelo segundo Bueno, (1993), não

representou a garantia de ingresso de alunos com deficiência

no sistema de ensino.

Segundo Mantoan (2006), em 1969, surgiram, nos países nórdicos, os primeiros movimentos em favor da integração de crianças com deficiências, questionando-se as práticas sociais e escolares de segregação.

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A Educação Especial funcionava como um modelo

paralelo, ainda com métodos de forte ênfase clínica e

currículos próprios. As classes especiais implantadas nas

décadas de 70 e 80 acabaram servindo como espaços de

segregação para aqueles que não se enquadravam no sistema

regular de ensino.

A integração instituída no âmbito das políticas

educacionais, a qual prevalece ainda em muitos sistemas

escolares, visa também preparar alunos oriundos das classes

e escolas especiais para serem integrados em classes

regulares recebendo, na medida de suas necessidades,

atendimento paralelo em salas de recursos ou outras

modalidades especializadas.

De acordo com Werneck (1997), ao Ano Internacional

de Pessoas Portadoras de Deficiência, 1981, instituído pela

ONU, seguiu-se a década das Nações Unidas para Pessoas

Portadoras de Deficiência. Assim de 1983 a 1992, foram

considerados os princípios éticos, filosóficos e políticos que

sustentaram um lento processo de construção de cidadania

de indivíduos com deficiências, incluindo mudanças na

legislação.

A Constituição Federal Brasileira criada em 1988 elege

como fundamentos de nossa República a cidadania e a

dignidade da pessoa humana (art.1º. incisos II e III), e como

um dos objetivos fundamentais a promoção do bem de

todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e

quaisquer outras formas de discriminação ( art. 3º inciso IV).

Além disso, garante o direito à igualdade (art. 5º) e trata nos

artigos 205 e seguintes, do direito de todos à educação, que

As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (2001) conceituam Educação Especial como: “Processo educacional escolar definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica”.

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deve visar ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo

para a cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Quando garante o direito à educação e o acesso à

escola, a Constituição brasileira, segundo Mantoan (2006,

p.26) “(...) não usa adjetivos. Por essa razão, toda escola deve

atender aos princípios constitucionais, sem excluir nenhuma

pessoa em decorrência de sua origem, raça, sexo, cor, idade

ou deficiência”.

A Constituição Federal assume o princípio da

igualdade como fundamento de sociedade democrática e

justa, e assim, a escola deve garantir o acesso e oferecer um

ensino de qualidade a todos, valorizando as diferenças na

formação do cidadão responsável.

A Lei 7853 de 24 de outubro de 1989 segundo

Cavalcante (2006), define como crime recusar, suspender,

adiar, cancelar ou extinguir a matrícula de um estudante por

causa de sua deficiência, em qualquer curso ou nível de

ensino, seja ele público ou privado.

Assim, no Brasil a tendência para inserção de alunos

com deficiências na rede regular de ensino, já anunciada nos

anos 70 com a fase da integração, tomou vulto na década de

80 com as discussões sobre os direitos sociais, que

precederam a Constituição, as quais enfatizaram

reivindicações populares e demandas de categorias até então

excluídas dos espaços sociais. Neste movimento, a luta pela

ampliação de acesso e da qualidade da educação das pessoas

com deficiência surgiu na segunda metade da década de 80,

incrementou-se nos anos 90 e adentra o século 21 com a

proposta da inclusão, amparada pela legislação em vigor e

A Constituição elege como um dos princípios para o ensino “a igualdade de condições de acesso e permanência na escola” (artigo 206, inciso I), acrescentando que o “dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um” (artigo 208, inciso V).

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determinante das políticas públicas educacionais em nível

federal, estadual e municipal.

Várias normas, leis, declarações e acordos

internacionais foram criados sobre a defesa e promoção do

exercício do direito à educação, à participação e à igualdade

de oportunidades de toda criança, adolescente, jovem e

adulto.

Convenção sobre os Direitos da Criança, organizada

pelas Nações Unidas, em 1989, dispõe sobre os direitos que

devem ser aplicados a todas as crianças e jovens,

protegendo-os contra todas as formas de discriminação.

(BRASIL, 2006)

A Declaração Mundial sobre Educação para Todos,

Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem,

elaborada na Conferência Mundial de Educação para Todos,

em 1990, em Jomtien, na Tailândia, recomenda especial

atenção às necessidades básicas de aprendizagem das

pessoas com deficiência e a adoção de medidas para

assegurar a igualdade de acesso à educação como parte

integrante do sistema educacional (MEC/SEESP, 2006).

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Os dispositivos legais citados já bastariam para a garantia do direito de acesso de qualquer pessoa à sala de aula. Entretanto, há dúvidas sobre a viabilidade da inclusão irrestrita, no tocante aos casos de alunos com deficiências severas e múltiplas, como a deficiência mental e o autismo. E você, o que pensa sobre esse impasse. Posicione-se claramente, com base em experiências práticas ou opiniões.

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A Lei 8.069 de 13 de julho de 1990, denominada

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), eleva a criança

e o adolescente à condição de sujeitos de direitos, pessoas na

condição peculiar de desenvolvimento e merecedora de

atenção do Estado, da família e da sociedade com absoluta

prioridade. De acordo com Cavalcante (2006), o ECA garante

o direito à igualdade de condições para o acesso e a

permanência na escola, o respeito dos educadores e o

atendimento educacional especializado, preferencialmente

na rede regular.

Em 10 de junho de 1994 foi realizada a Conferência

Mundial de Educação na Espanha com o intuito de

promover a educação para todos, emergindo então o

documento norteador de novos procedimentos, a Declaração

de Salamanca, a qual dispõe sobre a obrigatoriedade das

escolas de acolher todas as crianças, independente de suas

condições pessoais, assegurando um ensino de qualidade.

(...) as escolas devem acolher todas as crianças independente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiências e crianças bem dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham, crianças de populações distantes ou nômades, crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidas ou marginalizadas. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, p.17).

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

A concentração de esforços das políticas sociais para garantir os direitos de crianças e adolescentes resultou em conquistas decisivas, aumentando a responsabilidade do Estado em assegurar direitos de cidadania a todos. Entretanto, a efetivação desses direitos é um caminho por construir, pois depende de ações concretas. Que tipos de ações são essas?

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Assim, o princípio fundamental que orienta a

Declaração de Salamanca é o de que as escolas devem

acomodar todas as crianças, possibilitando que elas

aprendam juntas, independente de quaisquer dificuldades

ou diferenças que possam ter. As escolas devem reconhecer e

responder às diversas necessidades de seus discentes,

respeitando tanto estilos quanto ritmos diferentes de

aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a

todos, por meio de currículo apropriado, modificações

organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e

parcerias com a comunidade. Desse modo, espera-se que a

escola inclusiva seja um dos meios mais eficazes no combate

a atitudes discriminatórias, respeitando tanto as diferenças

quanto a dignidade de todos os seres humanos.

Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, Lei 9394/96, que trata da Educação Especial, no

Capítulo V, artigo 58, aponta que:

Entende-se por Educação Especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades. (...) O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. (LDBEN – LEI 9394/96)

______________________________________________

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______________________________________________________

______________________________________________________

Reflita sobre sua realidade profissional e sua prática pedagógica, bem como sobre os ajustes que parecem ser necessários, para que se atenda às propostas contidas na Declaração de Salamanca.

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A redação deste parágrafo, segundo Cavalcante

(2006), provocou confusão, dando a entender que

dependendo da deficiência, a criança só podia ser atendida

em escola especial. Na verdade, o texto diz que o

atendimento educacional especializado pode ocorrer em

classes ou escolas especiais, quando não for possível oferecê-

lo na escola comum.

No mesmo ano, 1996, ocorreu a Reunião de Ministros

da Educação na América Latina e Caribe, realizada em

Kingstom, e uma de suas recomendações estabelece o

fortalecimento das condições e estratégias para que as

escolas atendam as crianças com necessidades educacionais

especiais ou que apresentam dificuldades de aprendizagem

em virtude de diferentes razões, tais como deficiências,

ensino ou escolaridade inadequados e ambientes sociais

precários. (MEC/SEESP, 2006)

A Reunião Regional das Américas, preparatória do

Fórum Mundial de Educação para Todos, realizada em 2000,

em Santo Domingo, República Dominicana, estabelece o

compromisso de formulação de políticas de educação

inclusiva, dando prioridade, em cada país, aos grupos mais

excluídos.

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______________________________________________________

______________________________________________________

Atendimento educacional especializado, segundo Mantoan (2006), refere-se ao que é necessariamente diferente no ensino para melhor atender as especificidades dos alunos com deficiências.

O atendimento educacional especializado abrange instrumentos necessários à eliminação das barreiras naturais que as pessoas com deficiência têm para relacionar-se com o ambiente externo. Cite exemplos desses instrumentos, que precisam estar disponíveis nas escolas regulares.

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Essa reunião também estabelece marcos legais e

institucionais para tornar obrigatória a inclusão como

responsabilidade coletiva. (MEC/SEESP, 2006)

Ainda em 2000, foi realizado o Fórum Mundial sobre

Educação, em Dakar, no Senegal, sendo realizada uma

avaliação da década. É considerado como o mais amplo

balanço da educação básica, pois nele fez-se avaliação da

educação para todos, que estabelece o Marco de Ação de

Dakar.

(...) todas as crianças, jovens e adultos, em sua condição de seres humanos, têm direito de beneficiar-se de uma educação que satisfaça as suas necessidades básicas de aprendizagem, na acepção mais nobre e mais plena do termo, uma educação que signifique aprender e assimilar conhecimentos, aprender e fazer, a conviver a ser. Uma educação orientada a explorar os talentos e capacidades de cada pessoa e desenvolver a personalidade do educando, com o objetivo de que melhore sua vida e transforme a sociedade (MARCO DE AÇÃO DE DAKAR, p.8)

Esse encontro aponta os princípios de uma proposta

de inclusão educacional quando se refere ao direito de

atendimento das necessidades de aprendizagem de todos os

alunos, considerando suas diferenças, acreditando no

potencial de cada um, colaborando na formação de um

indivíduo capaz de intervir no seu meio.

Em março de 2001, em Cochabamba, na Bolívia, foi

realizada a VII Reunião Regional de Ministros da Educação,

a qual reafirma a necessidade de valorizar a diversidade e a

interculturalidade como elementos de enriquecimento da

aprendizagem, recomendando que os processos pedagógicos

levem em conta as diferenças sociais, culturais, de gênero,

capacidade e de interesses, com vistas a uma melhor

O ideário dos sistemas educacionais inclusivos, segundo Carvalho (2005), pode ser resumido, tornando-se efetivo para todos, como: - o direito à educação; - o direito à igualdade de oportunidades; -escolas responsivas e de boa qualidade; - o direito de aprendizagem; -o direito à participação.

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aprendizagem, à compreensão mútua e à convivência. (MEC,

SEESP, 2006)

A Resolução nº 2, de 11 de setembro de 2001, que

institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na

Educação Básica, indica uma concepção para Educação

Especial e necessidades educacionais especiais na

perspectiva da educação inclusiva; no art. 2º afirma que:

Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. ( RESOLUÇÃO Nº2, 02/09/2001)

Neste contexto, a Educação Especial descortina um

novo campo de atuação, tornando-se um sistema de suporte

permanente e efetivo para os alunos com necessidades

especiais incluídos, bem como para os professores,

facilitando a inclusão dos alunos nas classes comuns ou

mesmo a freqüência concomitante nos dois lugares. Assim, a

Educação Especial não é mais concebida como um sistema

educacional segregado, mas como um conjunto de recursos

que a escola regular poderá dispor para atender à

diversidade dos seus alunos.

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

No contexto do processo inclusivo, a educação especial não é concebida como um sistema educacional segregado. Como isso se concretizaria na prática, em sua opinião?

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A Convenção Interamericana para a Eliminação de

todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora

de Deficiência, realizada em Guatemala, em maio de 1999 e

promulgada no Brasil pelo Decreto 3956 de oito de outubro

de 2001, segundo Cavalcante (2006), põe fim às

interpretações confusas da LDB, deixando clara a

impossibilidade de tratamento desigual com base na

deficiência. O acesso ao Ensino Fundamental é, portanto, um

direito humano e privar pessoas em idade escolar dele,

mantendo-as unicamente em escolas ou classes especiais, fere

a convenção e a Constituição.

No Encontro Regional sobre Educação para Todos na

América Latina, ocorrido em Santiago do Chile, em abril de

2002, entre as várias orientações propostas, destaca-se a

orientação de que a elaboração dos planos nacionais de

educação deveria contemplar propostas de educação

inclusiva, avaliando-as constantemente, fortalecendo os

sistemas de capacitação e acompanhamento dos educadores,

gestores educacionais e familiares. (CARVALHO, 2005)

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

A proposta de educação inclusiva deve ser compreendida como um processo permanente de formação dos educadores, gestores e da família. O que sua escola tem realizado para evoluir nesse processo?

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Assim, estes acordos nacionais e internacionais

firmados desencadearam um movimento em direção a

sistemas educacionais inclusivos, que indicam uma nova

visão de educação, a qual recupera seu caráter democrático,

através da adoção do compromisso de proporcionar o acesso

de todos a uma educação na qual a diversidade deve ser

entendida e promovida como elemento enriquecedor da

aprendizagem e catalisador do desenvolvimento pessoal e

social.

Portanto, as leis e acordos firmados constituem um

apoio fundamental, orientando os propósitos da educação

inclusiva. De acordo com o Documento Subsidiário à Política

de Inclusão (MEC-SEESP, 2005) “torna-se relevante a

participação dos diferentes segmentos na implantação dos

direitos assegurados em lei para que os benefícios percebidos

na política de inclusão educacional possam ser efetivados”.

Assim, alicerçados nos princípios democráticos das

leis e acordos firmados, todos os responsáveis pelas políticas

públicas educacionais e sociais não devem economizar

esforços na concretização destes ideais. Não se trata de tarefa

fácil. Mas, devemos ter crença no potencial humano, a

certeza de que todos podem aprender e de que existe a

vontade sincera de provocar mudanças.

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Ação reflexiva coletiva

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Passar do plano dos princípios da inclusão à ação,

passar das declarações e acordos internacionais à

implementação prática da educação inclusiva, para o

trabalho com a diversidade na escola, representa o desafio

com o qual os educadores deparam-se no cotidiano das

escolas. Portanto, é necessário identificar as barreiras

existentes no sistema educacional que dificultam as práticas

inclusivas.

Agora, juntamente com os educadores de sua escola,

discuta e reflita sobre as seguintes questões:

Quais as origens das barreiras enfrentadas pelos

alunos, por suas famílias e pelos educadores na

concretização do ideal inclusivo?

Quais as relações entre as barreiras existentes e a

produção do fracasso escolar?

A quem cabe removê-las do sistema educacional?

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RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS

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AMARAL, L. A. Conhecendo a deficiência (em companhia de Hércules). São Paulo: Robel, 1995. BRASIL. Ministério da Educação. Estatuto da Criança e do Adolescente. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Brasília, 2005. ______. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Documento Subsidiário à Política de Inclusão. Brasília, 2005. ______. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Educar na Diversidade. 3. ed. Brasília, 2006. ______. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas da inclusão.Brasília, 2006. ______. Portaria Interministerial nº 477 de 11/08/1977, Brasília: MEC/MPAS,1977, disponível em http://www.prolei.inep.gov.br ______. Senado Federal. Constituição Federal de 1988. ______. Senado Federal. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. MEC/SEESP, 2001. _____. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, 9394/96. _____. Senado Federal. Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais. Brasília: CORDE, 1994 _____. Lei 5692/71. Brasília, MEC/DF, 1997. BUENO, J.G.S. Educação Especial Brasileira: integração/segregação do aluno diferente. São Paulo; EDUC/PUCSP. 1993. CARMO, R. E. Integração, inclusão e modalidades da educação especial: Mitos e fatos. Brasília: Integração, 1997. CARVALHO, R. E. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. 3 ed. Porto Alegre: Mediação, 2005.

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CAVALCANTE, M. De olho no direito. As leis sobre diversidade. Nova Escola. Inclusão.Edição Especial, n.11. São Paulo: Abril, outubro, 2006. CD –Balões de pensamentos e diálogos por Lushpix Illustration (Thought and dialogue bubles) CD – Cruzeiro de Férias por Image Zôo CD – Hoopla!Splash por Image Club Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948, disponível em http://www.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm DVD Original Country Clipart – By Lisa FACIÓN, J. R. (org.). Inclusão Escolar e suas implicações.Curitiba: IBPEX, 2005. JIMENEZ, R.B. et al. Necessidades Educativas Especiais. Lisboa: Dinalivro, 1997. MANTOAN, M. T. E. Inclusão Escolar. O que é? Por quê? Como se faz? 2.ed. São PAULO:Moderna, 2006. SASSAKI, R. K. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997. SKLIAR, C. (org) A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 1998. UNESCO. Marco de ação de Dakar. França: UNESCO, 2000. WERNECK, C. Ninguém vai ser bonzinho na escola inclusiva. Rio de Janeiro: WVA, 1997.

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TTEEMMAA 44

FFOORRMMAAÇÇÃÃOO DDOO PPRROOFFEESSSSOORR FFRREENNTTEE ÀÀ IINNCCLLUUSSÃÃOO

EEDDUUCCAACCIIOONNAALL__________________________________________________________________________

Não podes ensinar nada a um homem; podes apenas

ajudá-lo a encontrar a resposta dentro dele mesmo.

Galileu Galilei

A educação se constitui como direito de todos. A

escola, enquanto espaço social que preconiza a inclusão

educacional, deve estar aberta a todos, garantindo assim o

princípio constitucional de igualdade de condições de acesso

e permanência na escola, de uma educação com qualidade,

que oportunize viver, sobreviver e contribuir para a

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construção de um mundo no qual todos, sem exceção, sejam

incluídos.

O espaço educacional inclusivo deve estar pautado na

valorização das diferenças culturais, sociais, étnicas,

religiosas, afetivas; e no respeito aos diferentes ritmos de

aprendizagem dos alunos, reconhecendo a riqueza da

diversidade presente na escola pela sua importância nas

relações de troca com seus pares no grupo.

Assim, torna-se necessária a ressignificação dos

processos pedagógicos frente à inclusão educacional, através

do desenvolvimento de respostas educacionais eficientes

frente à diversidade de estilos e ritmos de aprendizagem

presentes na sala de aula, a fim de garantir a melhoria da

qualidade do processo ensino-aprendizagem.

Porém, para oferecer uma educação de qualidade para

todos, assumindo a diversidade presente no cotidiano

escolar, a formação dos profissionais da educação é essencial

para a melhoria do processo de ensino, para o enfrentamento

das diferentes situações que implicam a tarefa de educar,

respeitando-se os diferentes ritmos de aprendizagem, a fim

de garantir a aprendizagem de cada um.

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

No trabalho em sala de aula, de que maneira a heterogeneidade está presente? Como você conduz o trabalho pedagógico, com base na sua experiência ou na sua formação?

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A diversidade presente na escola e os princípios da

educação inclusiva exigem novas aptidões em termos de

formação do professor. Atualmente, muitas ações têm sido

dirigidas à formação e atualização de professores, mas , em

geral, percebem-se poucas mudanças nas práticas de ensino

que podem ser consideradas como significativas.

Geralmente isto ocorre porque as ações desenvolvidas têm

caráter pontual, ocorrem em períodos muito curtos, não

consideram as necessidades dos docentes e nem estão

vinculadas à realidade do cotidiano escolar. Ou seja, a

formação do professor é considerada como um processo

separado, externo à prática, pois não há a preocupação em

redirecioná-la através da análise e reflexão.

A formação que os professores receberam, e que

muitas vezes continuam recebendo, possui uma tendência

homogeneizadora da ação docente, centrando-se na

transmissão de conhecimentos teóricos e fragmentados, sem

relevância para a prática pedagógica do professor. Desta

forma, esta formação não contribui para o crescimento

profissional do professor e não se articula com o

desenvolvimento de práticas pedagógicas inclusivas.

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______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Considerar o professor como “eterno aprendiz” é um dos princípios que devem embasar uma escola inclusiva. Na sua escola, há momentos de formação para a equipe? Em algum momento de formação houve preocupação em como encaminhar o trabalho pedagógico diante da diversidade?

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Os professores, diante do desenvolvimento de

trabalho com a diversidade presente na escola, muitas vezes

sentem-se inseguros, devido à formação insuficiente que

receberam em seus cursos de formação, como afirma

CARVALHO, (2005):

Consideram-se despreparados para a tarefa porque a formação que receberam habilitou-os a trabalhar sob a hegemonia da normalidade. Não foram qualificados para o trabalho com diferenças individuais significativas, o que representa mais uma necessidade de ultrapassagem: a qualidade da formação inicial e da continuada de nossos educadores. (CARVALHO, 2005, p. 88)

Diante das diferenças em sala de aula, as ações

pedagógicas desenvolvidas geralmente são pautadas para

atender a um aluno idealizado, que serve de modelo aos

demais, procurando assegurar a homogeneidade das turmas.

Para o encaminhamento de respostas educacionais

eficientes, aponta-se a necessidade de se compreender a

inclusão como um processo permanente de formação dos

educadores da escola. Para que isto se efetive faz-se

necessário oportunizar:

a reflexão individual sobre sua prática, a qual baseia-

se em uma permanente construção da realidade,

levando em conta o contexto no qual o professor atua

e as dificuldades que encontra para efetivação do

processo inclusivo;

o planejamento dos momentos de formação

continuada, levando em consideração os interesses e

as necessidades dos professores e a realidade em que

a escola está inserida;

Segundo Carvalho (2005), “reconhecer que necessitamos de atualização já é o início de um processo que nos tira do imobilismo e da acomodação e que, por nos inquietar, gera movimentos de busca e de renovação. Pode ser sofrido e custoso, mas, convenhamos, a vivência da inquietação é que nos faz avançar”.

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desenvolvimento da capacidade de trabalhar no

coletivo, propiciando o desencadeamento de reflexões

e discussões, a elaboração de um projeto educacional

que celebre os princípios da educação inclusiva e que

propicie as trocas de saberes e experiências entre os

pares, motivação para criação de tentativas

inovadoras, uma vez que possuem o apoio do grupo,

desta forma, criando um ambiente mais responsivo à

aprendizagem de todos os alunos;

condições para que os professores possam inovar,

enfrentando os desafios do cotidiano escolar e

desenvolvendo diferentes práticas pedagógicas,

sempre contando com o apoio e o assessoramento da

equipe da escola;

ressignificação dos processos pedagógicos

identificando as necessidades educacionais dos

alunos, ou seja, a construção de abordagens

educacionais inclusivas, que ofereçam alicerces firmes

para a heterogeneidade presente na escola,

abordagens que celebrem as diferenças como

oportunidades ricas de aprendizagens, abordagens

em que se propõem modelos práticos, demonstrando-

se a sua aplicação e se oferecendo oportunidades para

haver uma reflexão sobre as mesmas, ou seja ,

demonstração, prática e feedback;

reconstrução do papel da educação frente ao processo

de inclusão educacional e as novas demandas da

sociedade da informação, ou seja, o domínio de

recursos de informação, habilidades sociais, cognitivas

No processo de formação de professores, o foco do trabalho deve ser o desenvolvimento da capacidade de resolver problemas pedagógicos.

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e lingüísticas e formação em valores éticos e morais,

respondendo eficiente e criticamente os desafios que

surgem na escola;

avaliação permanente do processo, permitindo que

todos os docentes se responsabilizem pelo processo de

formação na escola, avaliando os progressos e as

dificuldades encontradas, com a finalidade de

aperfeiçoamento e reorientação do processo de

formação.

Na ressignificação dos processos pedogógicos e

criação de novas abordagens de ensino-aprendizagem frente

ao processo inclusivo, precisam ser consideradas as questões

de tempo e espaço. Tempo porque a sua realização nem

sempre será fácil e nem imediata, supõe entregar-se e confiar

em uma possibilidade, esta só se confirmará pouco a pouco,

no dia-a-dia. Espaço porque supõe coordenar pontos de

vista, prestar atenção a muitos detalhes, criar novas

possibilidades, reorganizar a vida e, quem sabe, melhorar as

estruturas (cognitivas, afetivas, sociais, etc.) que lhes dão

sustentação. (MACEDO, 2005)

______________________________________________

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Segundo Mantoan (2006), “ensinar, na perspectiva inclusiva, significa ressignificar o papel do professor, da escola, da educação e de práticas pedagógicas que são usuais no contexto excludente do nosso ensino, em todos os níveis.”

Quais são as práticas pedagógicas excludentes usuais no contexto escolar presentes na sua escola? Na sua opinião, o que significa ressignificar o papel do professor em uma escola inclusiva?

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No processo inclusivo, as diferenças são vistas como

oportunidades de aprendizagem, e desta forma, na

reorientação dos processos pedagógicos é de grande

relevância levar em consideração o tempo e o espaço que

cada educando necessita para realizar a construção do

conhecimento, de acordo com seu ritmo e estilo de

aprendizagem.

Quanto ao processo de formação de professores frente

ao processo de inclusão educacional, pode-se afirmar que a

formação inicial e continuada é o primeiro passo para a

construção de uma escola inclusiva, reconhecendo as

diferenças e constituindo uma prática pedagógica baseada na

realidade imediata do aluno.

Os cursos de formação inicial de professores, além dos

conhecimentos teórico-práticos da profissão, devem estar

estimulando uma perspectiva crítica e reflexiva da prática

pedagógica de cada um, uma vez que ela é um meio de

construir a identidade profissional. Neste processo, deve-se

levar em conta a reflexão na ação e sobre ela, a fim de

prepará-los para atuarem na profissão.

Como ressaltam Maciel, Pavanello e Moraes (2002, p.

26), “o profissional capaz de refletir sobre seu trabalho antes,

durante e após sua ação, terá melhores condições para agir e

transformar o ensino”.

______________________________________________

______________________________________________________

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Frente à diversidade e devido ao tradicionalismo presente na maioria, uma das questões problemáticas para muitos professores é: como desenvolver a prática pedagógica comum para todos e ao mesmo tempo, sensível às diferenças?

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A formação inicial propicia as bases para a construção

de um conhecimento pedagógico capaz de atender às

diferenças significativas intrínsecas às salas de aula, através

de ações voltadas para a prática inclusiva.

Os momentos de formação continuada de professores,

na escola ou fora dela, são espaços abertos à reflexão, em que

devem ser consideradas as necessidades dos docentes e as

situações enfrentadas por eles em suas práticas nas salas de

aula, além das dificuldades inerentes ao contexto escolar.

Portanto, a formação continuada constitui-se em um

processo de construção permanente de novos conhecimentos

e experiências educacionais, preparando o docente para

trabalhar com alunos procedentes de diversos contextos

sociais e culturais, e com diferentes níveis de capacidade.

A formação inicial e continuada dos educadores para

educar na diversidade necessita de uma fundamentação

teórica que esteja relacionada com os problemas e as

situações enfrentadas pelos docentes nas suas práticas em

sala de aula, “capacitando-os a melhor entender os tipos de

aprendizagem requeridos pelos alunos, o estilo de

aprendizagem de cada um e as metodologias didáticas mais

úteis.” (Carvalho, 2005, p.118).

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______________________________________________________

______________________________________________________

Na sua formação inicial, os cursos de licenciatura proporcionaram disciplinas específicas que envolvessem conhecimentos a respeito da inclusão educacional? Você acha isso importante? Nos momentos de formação continuada, em sua escola, são consideradas as necessidades dos professores, frente ao trabalho na diversidade?

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A formação do professor deve ser um processo

contínuo, que perpasse sua prática com os alunos, a partir do

trabalho com uma equipe permanente de apoio. É

fundamental valorizar o saber de todos os profissionais,

levando-os a refletir sobre sua prática, trocando saberes com

os colegas; ou seja, mantendo um canal aberto de escuta

destes profissionais, onde haja espaço para suas dúvidas e

seus anseios, oferecendo o apoio específico necessário para o

enfrentamento dos desafios face à diversidade.

Ação reflexiva coletiva

_________________________________________________

Nos momentos de formação, as atividades devem ser

planejadas após proceder-se a uma abordagem inicial dos

participantes, a partir da qual é possível identificar seus

conhecimentos prévios e idéias, necessidades expectativas

quanto às atividades propostas. Este conhecimento prévio

do grupo permitirá elaborar um programa de formação

adequado às suas necessidades, o qual será suscetível a

modificações em função durante o processo.

Complete as seguintes frases e compartilhe as respostas com

o coletivo de sua escola:

Expectativas prévias dos participantes

Para mim, estes encontros terão sucesso se...

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- 59 -

Para mim inclusão educacional é...

As condições necessárias para meu trabalho se efetive

diante da diversidade presente na escola são...

Acredito que o mais importante nestes encontros de

formação será...

Diante dos diferentes estilos e ritmos de aprendizagem

presentes na minha sala de aula minhas reais necessidades

são...

Durante estes encontros de formação espero dos meus

colegas e dos organizadores...

Expectativas para o término da formação:

Para mim, os encontros de formação terão sido um

sucesso se...

Assim, estou disposto a assumir os seguintes desafios e

compromissos...

Para isto preciso do apoio e da colaboração de...

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

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- 60 -

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS

____________________________________________________________________________________________________________

CARVALHO, R. E. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. 3 ed. Porto Alegre: Mediação, 2005. CD –Balões de pensamentos e diálogos por Lushpix Illustration (Thought and dialogue bubles) CD – Cruzeiro de Férias por Image Zôo CD – Hoopla!Splash por Image Club DVD Original Country Clipart – By Lisa MACEDO, L. O desafio da escola para todos. Pátio, n.32. Porto Alegre: Artmed, novembro, 2004/ janeiro, 2005. MACIEL, L. S. B. & PAVANELLO, R. M. & MORAES, S. P. G. Formação de Professores e Prática Pedagógica. Maringá: Eduem, 2002 MANTOAN, M. T. E. Inclusão Escolar. O que é? Por quê? Como se faz? 2.ed. São PAULO:Moderna, 2006.

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TTEEMMAA 55

OO PPAAPPEELL DDAA EEQQUUIIPPEE GGEESSTTOORRAA DDIIAANNTTEE DDAA

IINNCCLLUUSSÃÃOO EEDDUUCCAACCIIOONNAALL__________________________________________________

Não corra atrás das borboletas; plante uma flor em

seu jardim e todas as borboletas virão até ela.

D. Elhers

Uma escola inclusiva é aquela na qual o ensino e a

aprendizagem, as atitudes e o bem estar de todos os

educandos são considerados igualmente importantes. É uma

escola que valoriza a diversidade humana como recurso

valioso para o desenvolvimento de todos, uma escola que

busca eliminar as barreiras à aprendizagem, onde todos são

reconhecidos na sua individualidade.

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Mas, para transformar a concepção em ação é preciso

que os ideais inclusivos permeiem todos os âmbitos da vida

escolar. O desenvolvimento de escolas inclusivas encontra-

se no âmago do trabalho da escola como um todo, exige

contextos educacionais cuja atmosfera organizacional

favoreça e facilite as práticas inclusivas e a gestão escolar

desempenha papel fundamental neste processo.

(...) a gestão é a atividade pela qual são mobilizados meios e procedimentos para se atingir os objetivos da organização, envolvendo, basicamente, os aspectos gerenciais e técnico-administrativos. (LIBÂNEO, 2001, p.78)

Desta forma, gestão escolar é a coordenação do

trabalho escolar, articulando ações de toda equipe, tendo em

vistas metas já delineadas. Envolvendo atividades de

planejamento, execução e avaliação, que a equipe da escola

precisa desenvolver para levar adiante seus projetos

educacionais, respondendo oportunamente às desafios que

surgem no cotidiano escolar, reorientando assim o processo

sempre que necessário.

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Quais os fatores que contribuem para que uma gestão escolar esteja pautada nos princípios da inclusão educacional? E na sua escola, você percebe que a equipe gestora tem, necessariamente, papel preponderante e compromisso firmado no processo inclusivo?

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Cabe ressaltar que a forma de gestão escolar

instaurada é um fator essencial no processo de efetivação da

inclusão educacional na escola. As políticas e práticas

educacionais comprometidas com a inclusão educacional

priorizam a gestão democrática como forma de se

encaminhar a gestão na escola. A concepção de gestão

democrática acentua, segundo Libâneo, (2001):

a importância da busca de objetivos comuns assumidos por todos. Defende uma forma de gestão em que as decisões são tomadas no coletivamente e discutidas publicamente. Entretanto, ima vez tomadas as decisões coletivamente, advoga que cada membro da equipe assuma sua parte no trabalho, admitindo-se a coordenação e a avaliação sistemática da operacionalização das decisões tomadas dentro de uma real diferenciação de funções e saberes. (LIBÂNEO, 2001, p.98)

A gestão democrática requer, portanto, o

desenvolvimento de uma gestão diferente daquela pautada

geralmente nos padrões administrativos vigentes e

comumente desenvolvida pelas organizações burocráticas.

Neste estilo de gestão, articula-se o trabalho escolar,

apoiando os progressos e as dinâmicas próprias de cada

escola e de cada um de seus integrantes.

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Qual a forma de gestão escolar instaurada em sua escola? Ela é verdadeiramente democrática ou não? Como este aspecto influi no processo inclusivo?

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A Constituição Brasileira (Art 206), a Lei de Diretrizes

e Bases da Educação Nacional (LDB) e o Plano Nacional de

Educação (PNE) incorporam e estabelecem o princípio da

gestão democrática para o setor público da educação. Como

exemplo, a LDB define (art. 14) que os sistemas de ensino

devem estabelecer as normas para o desenvolvimento da

gestão democrática nas escolas públicas de educação básica.

Essas normas, segundo ela, precisam estar de acordo com as

peculiaridades de cada sistema de ensino e devem garantir a

“participação de profissionais da educação na elaboração da

proposta pedagógica da escola”, além da “participação das

comunidades escolar e local em conselhos escolares ou

equivalentes”.

Desta forma, a gestão democrática preconizada nas

leis constitui um apoio fundamental ao desenvolvimento do

processo inclusivo na escola, pois a partir da participação de

todos, há a concretização do ideal de valorização da

diversidade.

Com a prática democrática concreta, a escola torna-se

palco de experiências democráticas, em que a

participação, a autonomia, a transparência e o pluralismo,

tornam-se elementos fundamentais desta prática em direção

às idéias da inclusão educacional.

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Você acha que as leis sobre gestão democrática são uma garantia para sua efetivação ou que essa é uma atitude que deve partir do âmago da instituição escolar?

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- 65 -

A participação é condição para a gestão democrática e

para ambientes inclusivos, pois quando os diversos

segmentos da escola e da comunidade contribuem na

delimitação e implementação das ações educacionais, mais

facilmente o conceito de inclusão torna-se presente e

intrínseco à vida de todos.

A autonomia sustenta-se no conceito básico de

cidadania, no sentido de emancipação. A gestão democrática

neste sentido propicia condições para a escola construir seu

projeto pedagógico permeado pelos ideais inclusivos, no

sentido de promover a melhoria da capacidade das escolas

para promover a participação e a aprendizagem de todos os

alunos e o aprimoramento dos docentes através dos

momentos de formação. Nesse caso, há espaço para a ação de

todos, de maneira irrestrita.

O pluralismo garante o respeito às diferenças que

marcam os sujeitos envolvidos no processo educativo,

garantindo não somente o respeito a essas diferenças, mas

abrindo espaço para que cada um possa demonstrar e ser

atendido em suas necessidades e potencialidades.

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______________________________________________________

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A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática na escola. Na sua escola qual é a sistemática de tomada de decisões? Há ordens prontas ou há uma prática participativa envolvendo toda a comunidade escolar? Na construção do Projeto Pedagógico, sua escola teve autonomia para construí-lo, com a participação da comunidade escolar e na definição dos princípios educacionais? Na sua escola o pluralismo de idéias, opiniões, estilos e ritmos de aprendizagem dos diferentes sujeitos é respeitada?

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- 66 -

É preciso, pois, romper com a lógica massificada que

tem historicamente desconsiderado a diversidade de

opiniões, posturas, aspirações e demandas dos diferentes

sujeitos sociais que agem no interior da escola.

A transparência torna-se uma questão ética, pois está

intrinsecamente ligada à idéia de escola como espaço

público, aberta a todos. A gestão democrática garante a

transparência das ações da escola, como instituição pública

que tem o compromisso social de “prestar contas” de seu

trabalho, à sociedade, não excluindo ninguém deste

processo.

Nesta abordagem, em relação aos princípios da

inclusão educacional todos assumem responsabilidades

diretas em relação às mudanças, as quais devem emergir de

decisões tomadas juntamente com o coletivo da escola.

O processo de inclusão precisa ser assumido,

valorizado e vivenciado por todos os envolvidos no processo

educativo, conforme mostra o Documento Subsidiário à

Política de Inclusão (MEC-SEESP, 2005):

A educação inclusiva implica na implementação de políticas públicas, na compreensão da inclusão como processo que não se restringe à relação professor-aluno, mas que seja concebido como um princípio de educação para todos e valorização das diferenças, que envolve toda a comunidade escolar. (MEC/SEESP, 2005, p. 27)

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

No cotidiano escolar a transparência deve permear todas as ações. Em sua escola as decisões e ações demonstram transparência e imparcialidade? Diante das decisões tomadas em sua escola, há o comprometimento do coletivo assumindo responsabilidades para que as decisões tomadas transformem-se em ações?

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O êxito ou o fracasso das tentativas para introduzir

melhorias nas políticas e nas práticas educacionais depende

em grande parte da atitude da equipe gestora e dos líderes

emergentes no contexto escolar. Os líderes devem servir de

modelo aos membros da comunidade escolar, sendo

coerentes com o que falam e o que fazem, e a equipe gestora

deve considerar o processo de inclusão educacional

prioritário para o desenvolvimento da escola.

O processo de inclusão educacional precisa ser

assumido por todos na escola, mas principalmente pela

equipe gestora, pois ela é a principal articuladora dos

processos educacionais na escola. É ela, através de suas ações

envolvendo todo o coletivo escolar, que transforma metas e

objetivos educacionais em ações, dando concretude às

direções traçadas pelas políticas.

Para isso, faz-se necessário superar as formas conservadoras de organização e gestão, adotando formas alternativas, criativas, de modo que aos objetivos sociais e políticos da escola correspondam estratégias compatíveis da organização e gestão. (LIBÂNEO, 2001, p.111)

Dessa forma, a equipe gestora, através de uma gestão

democrática, assumindo a diversidade na escola, precisa

viabilizar a reorientação das ações para efetivação da

inclusão na escola.

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

A equipe gestora de sua escola e os professores responsabilizam-se pelos resultados de suas ações? As opiniões e os interesses dos professores, funcionários, alunos e pais são levados em consideração na organização da escola pela equipe gestora?

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Priorizando em suas ações a organização dos espaços

escolares, deve atender as singularidades de cada indivíduo

e viabilizar momentos para formação continuada aos

educadores, como espaços vivos de construção permanente,

oportunizando através de estudos e reflexões a

ressignificação dos processos pedagógicos na escola.

Na organização dos espaços escolares, é importante

que a equipe gestora e os professores da escola preocupem-

se em desenvolver ações para criar espaços escolares

acessíveis a todos os alunos. Ou seja, criar as condições

espaciais para que qualquer aluno possa acessar todos os

espaços escolares e participar de todas as atividades

escolares com segurança, conforto e maior independência

possível, de acordo com suas habilidades.

A equipe gestora comprometida com uma educação

inclusiva deve promover uma maior participação da família

no cotidiano escolar, pois através de reflexões no coletivo,

sobre os desafios que surgem, poderão encontrar soluções

em conjunto, que atendam as necessidades dos alunos.

Segundo Mittler (2003),

Não podemos esperar que as escolas enfrentem esses desafios isoladamente. Algumas irão mais adiante que outras, mas todas precisarão encontrar parceiros novos entre os pais e entre a comunidade local. (MITTLER, 2003, p.120)

______________________________________________

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______________________________________________________

Em muitas escolas, a acessibilidade é entendida como sinônimo de banheiros adaptados e rampas de acesso. È preciso pensar na questão de modo mais amplo, não basta somente garantia de acesso físico, arquitetônico e ambiental. Segundo ROSA (2005), “acessibilidade pressupõe o acesso de todos de forma igualitária, aos meios de comunicação, à educação, à profissionalização ao trabalho, aos recursos eletrônicos digitais e tecnológicos.” Os direitos e as capacidades de todas as pessoas precisam ser respeitados, e a equipe gestora possui um papel decisivo nesta questão, viabilizando as condições necessárias para que isto se efetive.

A equipe gestora de sua escola procura manter um trabalho cooperativo com os pais e a comunidade, na busca de soluções conjuntas frente ao processo de inclusão educacional?

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A construção de relações de colaboração com a família

é alcançada através de um processo de abertura de

oportunidades de participação, onde o respeito ao

pluralismo de idéias seja a base das relações entre todos.

A gestão escolar, baseada em princípios democráticos,

deve promover profundas mudanças nos rumos da escola,

preocupando-se não só com os aspectos administrativos, mas

principalmente com os aspectos pedagógicos desta. Segundo

Mantoan (2006),

Ao serem modificados os rumos da administração escolar, os papéis e a atuação de diretor, coordenadores, supervisores e funcionários perdem o caráter controlador, fiscalizador e burocrático e readquirem teor pedagógico, deixando de existir os motivos pelos quais esses profissionais ficam confinados em seus gabinetes, sem tempo para conhecer e participar mais intensiva e diretamente do que acontece nas salas de aula e nos demais ambientes educativos das escolas. (MANTOAN, 2006, p.48)

Na escola, a inclusão, como a gestão democrática, não

pode ser só discurso, mas prática cotidiana, processo a ser

construído ao longo do trajeto por todos os profissionais da

escola. A educação inclusiva depende não só da capacidade

do sistema escolar (diretor, professores, pais e outros) em

buscar soluções para o desafio da presença de tão diferentes

alunos nas classes, como também o desejo de fazer de tudo

para que nenhum aluno seja excluído, devido às suas

necessidades educacionais especiais.

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Em seu ambiente de trabalho, como você percebe o interesse da equipe gestora com a prática pedagógica em sala de aula? A equipe gestora valoriza a diversidade presente na escola como elemento enriquecedor do processo ensino aprendizagem? A equipe gestora dá mais atenção aos aspectos administrativos? Se a resposta for sim, porque isto ocorre? Comodismo, burocracia?

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Na proposta de educação inclusiva todos os alunos

devem aprender juntos, independente de suas dificuldades

ou talentos, deficiência, origem sócio-econômica ou cultural,

em uma realidade em que as diferenças sejam aceitas e

respeitadas. Mas, para que isso aconteça de fato é

imprescindível um esforço mútuo da equipe gestora da

escola e de todos os demais profissionais da educação na

busca pelo aprimoramento da prática educativa, sempre

lançando mão de instrumentos democráticos, para a

efetivação de uma educação inclusiva.

Ação reflexiva coletiva

_________________________________________________

A equipe gestora possui um papel muito importante

na escola frente ao processo de inclusão educacional, na

condição de principal articuladora das ações a serem

desencadeadas na busca de soluções frente aos desafios do

trabalho com a diversidade presente na escola.

A seguir temos vários indicadores de uma equipe

gestora realmente preocupada com o processo de inclusão

educacional. Pense agora na realidade de sua escola. Analise

os indicadores e relacione-os com os pontos fortes e fracos

da escola, concluindo em que ela precisa melhorar.

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- 71 -

a gestão da escola caracteriza-se como democrática;

as decisões são tomadas em conjunto;

participação ativa de todos na escola;

valorização das diferenças dos alunos pela equipe gestora;

articulação de momentos de formação continuada;

preocupação com a aprendizagem de todos os alunos;

comprometimento com a acessibilidade do espaço escolar;

participação efetiva dos pais e da comunidade;

respeito à pluralidade dos sujeitos;

transparência de ações;

autonomia da escola na definição de suas metas.

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- 72 -

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS

____________________________________________________________________________________________________________

BRASIL. Senado Federal. Constituição Federal de 1988. _____. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, 9394/96. CD –Balões de pensamentos e diálogos por Lushpix Illustration (Thought and dialogue bubles) CD – Cruzeiro de Férias por Image Zôo CD – Hoopla!Splash por Image Club DVD Original Country Clipart – By Lisa LIBÂNEO, J. C. Organização e Gestão da Escola: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2001. MANTOAN, M. T. E. Inclusão Escolar. O que é? Por quê? Como se faz? 2.ed. São PAULO:Moderna, 2006. MITTLER, P. Educação Inclusiva: Contextos Sociais. Tradução Windyz Brazão Ferreira. Porto Alegre: Artmed, 2003. ROSA, C. C. Os limites da inclusão. Pátio, n.32. Porto Alegre: Artmed, novembro, 2004/ janeiro, 2005.

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- 73 -

TTEEMMAA 66

AA FFAAMMÍÍLLIIAA EE OO PPRROOCCEESSSSOO DDEE IINNCCLLUUSSÃÃOO

EEDDUUCCAACCIIOONNAALL__________________________________________________________________________

Nós aprendemos a voar como pássaros, a nadar como

peixes; entretanto desaprendemos a simples arte de

viver como irmãos.

Luther King

A família tem sido, desde o primitivismo, uma das

grandes e mais urgentes necessidades do ser humano. Nem

mesmo o desenvolvimento da ciência e da tecnologia supera

o verdadeiro valor da família. O vínculo familiar é o primeiro

princípio para ser realizado a igualdade (princípio básico da

cidadania). É preciso uma base sólida para a integração

social de qualquer pessoa, e esta base pode ser instaurada a

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- 74 -

partir da constatação de que o homem ingressa para a

sociedade em contato com outros grupos sociais.

Considerando que a família é a primeira célula social da qual

o homem faz parte, será ela a base para a sua integração

social.

O termo “família” é derivado do latim “fâmulus”, que

significa “escravo doméstico”. Este termo foi criado na Roma

Antiga para designar um novo grupo social que surgiu entre

as tribos latinas, ao serem introduzidas à agricultura e

também para a escravidão legalizada. (OLIVEIRA, 1999)

A sociedade tem conceitos de família e são várias as

concepções sobre o que é uma família e qual sua importância

no desenvolvimento das pessoas que dela fazem parte.

Para alguns, a família é um grupo de pessoas que vivem unidas não apenas pela consangüinidade, mas também por uma história comum. Como por exemplo, casais que adotam crianças ou filhos de mães solteiras que crescem longe do pai biológico. Para outros, a família é um sistema social pequeno e independente e nele podem ser encontrados subsistemas ainda menores, possuindo a mesma unidade central representada pelo pai e pela mãe. (MARQUEZINE, 1998, p.125)

A família vem se transformando através dos tempos.

Ela acompanha as mudanças religiosas, econômicas e sócio-

culturais, dentre outras, do contexto em que se encontra

inserida.

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Para todas as pessoas é fundamental fazer parte de uma família e sentir-se amada e respeitada. Você já parou para pensar na realidade das famílias de seus alunos, muitas vezes desestruturadas, com dificuldades econômicas? Em sua opinião, como isto interfere na formação do aluno?

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A família tradicional composta por pais e filhos

vivendo sob um mesmo teto, modelo que ainda é majoritário

em nossa cultura, cedeu espaço a diferentes agrupamentos

familiares, que mudaram por necessidades e novos valores.

A família é instituição básica, essencial, indispensável à sociedade organizada, pois, enfraquecida a família, debilitada estará a sociedade. A responsabilidade dos pais é muito grande na formação de seus filhos, já que lhes cabe, mais pelo exemplo do que pelas palavras, dar-lhes a devida orientação a e acompanhamento. No entanto, a família tem sido atingida nos tempos modernos, por vários fatores que lhe têm minado a estabilidade econômica, moral e social. (NOGUEIRA, 2000, p.17)

Mesmo com as transformações que vêm ocorrendo no

modelo de família, não se pode negar que ela se constitui

numa força no aspecto educativo, pois contribui para o

crescimento e desenvolvimento individual dos membros que

dela fazem parte, bem como para o ajuste e a inserção do

sujeito no meio social.

Na inclusão educacional, a família, juntamente com a

comunidade, transforma-se em elemento importante deste

processo, através de uma participação ativa nas decisões

sobre os rumos da escola e sobre aprendizagem de seus

filhos.

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As mudanças que a constituição da família vem sofrendo através dos tempos se refletem na organização da escola e dos processos pedagógicos? Explique como isso se dá em sua escola.

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- 76 -

Pai, mãe, avô ou avó, tios ou qualquer outra pessoa

que tenha a responsabilidade pela educação da criança e dos

adolescentes deve participar efetivamente do dia-a-dia da

escola.

Esta participação poderá ser efetivada se for

estimulada pela escola, não somente em reuniões de início de

ano ou entrega de boletins, ou ainda chamamentos por parte

da equipe pedagógica ou pelos professores para apresentar

reclamações e queixas aos pais do comportamento de seus

filhos. Assim, o contato entre pais e escola não deve resumir-

se apenas a relato dos problemas apresentados pelo aluno.

Deve existir um intercâmbio de experiências, uma

compreensão mútua, procurando descobrir junto, escola e

família as necessidades e potencialidades do aluno, para

desta forma melhor encaminhar a ressignificação dos

processos pedagógicos na escola.

Além disto, esta compreensão poderá nos ajudar a estabelecer um relacionamento com os alunos e suas famílias menos marcado pela acusação, possibilitando uma autêntica busca de assumir as responsabilidades respectivas, superando ao famigerado empurra-empurra. (VASCONCELLOS, 2000, p.22)

______________________________________________

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______________________________________________________

Na sua escola, há a cultura de presença dos pais participando no ambiente escolar? Eles são chamados somente para fins de reclamações e entrega de boletim, ou têm um espaço e um papel consolidado no cotidiano escolar?

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- 77 -

A família possui importante contribuição a dar à

educação em geral e à aprendizagem de seus filhos. A

colaboração só pode ser obtida se profissionais da escola e

pais valorizarem suas respectivas contribuições. Pois quando

pais e docentes atuam juntos, as possibilidades de dar

suporte aos alunos ampliam-se e melhor se pode atender às

suas necessidades educacionais.

Uma das razões para que essa colaboração seja

considerada fundamental é o auxílio que ela pode dar nas

condições do desenvolvimento e aprendizagem da criança,

através de informações e orientações sobre as necessidades,

diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e

comportamento de seus filhos.

Os pais são uma parte importante da comunidade escolar. Eles devem não apenas ter conhecimento do que as escolas estão fazendo, como também saber por que o estão fazendo. É positivo que os pais reconheçam que são uma parte integrante e bem-vinda da educação de seu filho e que seu envolvimento é valorizado. Incentivá-los a se sentirem livres para contatar o professor e conversar com ele e com outros pais sobre suas eventuais preocupações pode ajudar a torná-los mais seguros em seu apoio a um programa de inclusão. Se os pais tivessem uma melhor compreensão dos motivos da inclusão, haveria mais compreensão e ajuda. (STAINBACK, 2005, p.23)

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Qual é a contribuição que a família tem a oferecer com sua participação no ambiente escolar? Essa contribuição é instrumento facilitador dos processos inclusivos? Por quê?

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A inclusão é para todos e os pais não podem ser

separados deste processo, devem ter liberdade para ir até a

escola, para expressar suas sugestões e angústias. Muitas

vezes, alguns pais já sentiram a dor de seus filhos ao serem

excluídos, segregados da turma, ridicularizados,

desrespeitados ou simplesmente ignorados no processo de

aprendizagem, quando são reprovados.

Quando a escola procura criar oportunidades para

que os pais compreendam o processo de inclusão

educacional, como um processo que valoriza as diferenças,

onde todos na escola são acolhidos e tratados com dignidade

e respeito; oferece oportunidades para que os pais conheçam

os colegas de seus filhos que possuem diferenças acentuadas,

assim como os pais destes colegas , o medo e a apreensão do

desconhecido podem desaparecer, conhecendo os benefícios

educacionais e a segurança de escolas inclusivas para seus

filhos.

As famílias possuem profundo conhecimento sobre o

desenvolvimento de seus filhos, o que para a escola é

extremamente valioso para a compreensão de suas

necessidades especiais. Estes dados provenientes do

conhecimento dos pais permitem um melhor planejamento

educacional e melhor compreensão, por parte dos

professores, com relação ao desenvolvimento dos alunos.

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Os alunos que sofrem com situações de segregação transmitem esse sentimento a suas famílias. Como você percebe que os pais destes alunos se sentem, em sua escola? Eles assumem uma atitude passiva ou indignada? Relate.

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Nesta relação de diálogo entre escola e família, é

imprescindível que a escola reconheça o direito das famílias

de participar das decisões tomadas pela escola a respeito de

seus filhos, da aprendizagem, do processo de avaliação, da

organização geral da escola. Em reuniões e encontros serão

discutidos aspectos relacionados com a situação educacional

de seus filhos e suas necessidades educacionais; a escola

deverá aproveitar a oportunidade e estimular a participação

dos pais. Portanto, estes encontros terão validade se os pais

forem ouvidos, expondo a realidade sócio-cultural, anseios e

dificuldades que a família vive.

Da mesma forma que a família possui o direito de

participar nos aspectos relacionados à educação de seus

filhos na escola, possui igualmente o dever e a

responsabilidade de assegurar o direito de seus filhos a uma

educação de qualidade, ao acesso e permanência na escola,

valorização das diferenças; e que o respeito aos diferentes

ritmos de aprendizagem e estilos de aprendizagem seja

garantido na escola.

As relações de colaboração entre escola e família não

acontecem rapidamente, de um dia para outro.

______________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Pensando na realidade de sua escola, reflita: Na sua escola há a preocupação em criar oportunidades para os pais compreenderem o processo de inclusão educacional? Os pais possuem a oportucnidade de serem ouvidos, reivindicando o direito de seus filhos serem respeitados e valorizados devido às suas diferenças?

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É uma conquista que a escola irá construir, através de

um processo permanente de conquista, que requer um

planejamento bem elaborado pela escola, para alcançar no

decorrer dos encontros uma relação de confiança mútua

entre a família e os profissionais da escola.

Para tornar este processo de participação da família na

escola real e contínuo, como um elo no fortalecimento para

uma gestão democrática, faz-se necessário o empenho de

toda equipe da escola e principalmente da equipe gestora, no

sentido de não economizar ações para que isto se efetive.

A partir de reflexões realizadas por Stainback (2006),

pode-se destacar algumas sugestões de como os pais podem

ser chamados a participar na escola:

introduzir o conceito de inclusão aos pais que não estejam

familiarizados com ele, através de encontros e reuniões;

incentivar os pais a se tornarem membros atuantes da

associação de pais, mestres e funcionários da escola, conselho

escolar ou clube de mães;

envolver os pais nas tomadas de decisões sobre a prática

pedagógica e organização escolar;

envolver os pais em passeios de campo e outras atividades

escolares, para melhor entender os benefícios educacionais

proporcionados a todas as crianças;

oportunizar o trabalho em conjunto entre os pais, não só

para levantar recursos para projetos, mas também para

oportunizar a compreensão das necessidades da escola;

participação dos pais em sessões de resolução de

problemas de classe com os professores e alunos;

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envolver todos os pais nas atividades e reuniões realizadas

na escola, principalmente os pais de alunos considerados

diferentes;

formar um grupo de apoio de pais para auxiliar os pais

que estão passando por dificuldade com seus filhos,

compartilhando informações;

apresentar projetos que demonstrem o valor e as

contribuições de todos os integrantes de uma escola

inclusiva.

Uma escola inclusiva, que reconhece e valoriza as

diferenças, mantém uma relação constante de parceria com

as famílias de todos os alunos. Essa parceria é fundamental

porque é baseada na vontade de aprender com outro, no

respeito mútuo, na sensação de propósito comum e

compartilhamento de informações e sentimentos.

Ação reflexiva coletiva

_________________________________________________

O que se chama de participação passa a existir na

medida em que os indivíduos se reúnem com um objetivo

comum, estabelecendo um processo em que os indivíduos se

agrupam e se organizam para alcançar uma meta,

analisando, refletindo e planejando em conjunto ações que

identifiquem o interesse, as preocupações e as lutas para

atingir esse objetivo.

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Mediante estes pressupostos, escola e família devem

procurar desenvolver um trabalho conjunto frente ao

processo inclusivo, procurado encontrar soluções em

parceria diante dos desafios que surgem no cotidiano escolar.

Reúna-se com o coletivo de sua escola e reflita sobre as

seguintes questões:

Como a escola pode abrir espaços para participação efetiva

da família no ambiente escolar, compreendendo-a como um

elo no fortalecimento para uma gestão democrática?

Como esta participação pode influir no reconhecimento e

na valorização da diversidade presente na escola?

Cite exemplos de parcerias de sucesso entre escola e

família que proporcionaram mudanças no processo inclusivo

da escola.

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RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS

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CD –Balões de pensamentos e diálogos por Lushpix Illustration (Thought and dialogue bubles) CD – Cruzeiro de Férias por Image Zôo CD – Hoopla!Splash por Image Club MARQUEZINE, M. C.et al. Perspectivas multidisciplinares em Educação especial. Londrina. UEL. 1998.

NOGUEIRA, M. A.; ROMANELLI, G.; ZAGO, N. Trajetórias de escolarização em camadas médias e populares. Petrópolis: Vozes, 2000.

OLIVEIRA, P. S. de. Introdução à sociologia. Ática, 21. ed., São Paulo: Ática, 1999.

STAINBACK, S. Entrevista. Pátio, n.32. Porto Alegre: Artmed, novembro, 2004/ janeiro, 2005.

VASCONCELLOS, C. S. Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. 11. ed. São Paulo: Libertad, 2000.

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TTEEMMAA 77

AANNÁÁLLIISSEE DDEE SSIITTUUAAÇÇÕÕEESS DDOO CCOOTTIIDDIIAANNOO EESSCCOOLLAARR

As pessoas que vencem neste mundo são as que

procuram as circunstancias de que precisam e,

quando não as encontram, as criam.

B. Shaw

Cenas de uma vida de professora

Cena 1 Uma escola, professores em reunião de estudo,

agendada no início do ano letivo. Algumas fazem tricô e

crochê, outras aprendem os pontos; algumas escrevem

receitas de bolo, outras aguardam; algumas preparam o

chimarrão, outras esperam a sua vez de tomá-lo; algumas

abrem pacotes de bolachas recheadas ou salgadas, outras

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esperam que as bolachas sejam oferecidas; algumas fazem as

unhas, outras pedem a lixa e o alicate emprestados; algumas

lêem o jornal, outras contam casos amorosos; algumas

atendem o celular, outras comentam a novela das 8; algumas

tiveram de ir ao médico, outras forma ao dentista. Lá na

frente, sem muita vontade, a diretora, a supervisora e a

orientadora educacional, discutem entre si, o texto

programado para estudo coletivo.

Cena 2 Cidade do planalto médio do Rio Grande do Sul,

seminário promovido pela Secretaria Municipal de

Educação. Entrada de um salão, 8 horas e 30 minutos da

manhã, cerca de 800 professores em imensa fila, carimbo de

entrada. Painel integrado por três professoras convidadas,

que tinham vindo da capital, e coordenado por uma

supervisora da secretaria. Às 11 horas e 15 minutos, sem que

a terceira painelista tivesse concluído a sua exposição nem

ocorrido os debates, outra fila de professores começa a se

formar no corredor de acesso ao salão. “O que está

acontecendo? – pergunto baixinho. A coordenadora explica,

também baixinho: “Começamos a carimbar a saída das

professoras às 11 horas e 45 minutos. Elas estão em fila,

esperando o carimbo”. O painel termina com mais

professoras na fila do que no auditório.

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Quais são os problemas e idéias por trás do comportamento dos professores citados? O que esse tipo de atitude reflete sobre a prática pedagógica e o processo de formação desses profissionais?

Analisando o texto, quais são geralmente os objetivos dos professores ao participarem de encontros de formação? Dê sua opinião sobre essa posição.

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Cena 3 Interior do Estado, instituição de ensino superior,

curso de especialização. No meio da discussão sobre a vida

das professoras, uma aluna exclama: “Mas a Secretaria de

Educação deveria nos dar espaço para estudar!”. Outra aluna

do mesmo curso, coordenadora pedagógica da secretaria,

retruca: “O problema è que nós damos espaços, mas as

professoras não aproveitam. Na semana passada,

convidamos um psiquiatra para dar uma palestra sobre

hiperatividade. Foram as próprias professoras que indicaram

o tema, por meio de uma ficha aplicada em todas as escolas

da rede. Pagamos muito caro o palestrante! Compareceram

apenas 18 professoras. Quando chegou a hora do debate,

ninguém perguntou nada. Quase morremos de vergonha!

Nós da Secretaria, é que tivemos de fazer algumas perguntas

para não ficar feio. No intervalo, eu tive de atravessar a praça

para fazer cópia de um material e vi a seguinte cena: muitas

professoras estavam olhando as vitrines, enquanto outras

tomavam cafezinho e outras iam ao banco! Não sabemos

mais o que fazer”.

Sandra Mara Corazza

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Por que muitos professores demonstram desinteresse e falta de entusiasmo diante de encontros de formação? Isso é oriundo da defasagem dos temas propostos ou do conformismo com a instituição em que se trabalha?

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Ação reflexiva coletiva

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Pensando nas cenas, reflita, discuta em pequenos

grupos, as seguintes questões:

Você já presenciou algo parecido com as situações

explicitadas nas cenas 1, 2 e 3 em sua realidade escolar?

O que você conclui sobre os momentos de formação com

os explicitados? Eles são válidos, realmente contribuem para

a formação do professor?

O que você tem como sugestões para os professores

organizadores e participantes de encontros de formação

continuada? O que deve mudar?

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Luís Luís é um menino de sete anos e meio que teve uma

doença infecciosa pouco depois de nascer, a qual deixou

seqüelas motoras nos membros superiores e inferiores. O

médico assegurou à seus pais que não haveria conseqüências

graves do ponto de vista intelectual. Desde tenra idade

recebeu inúmeros tratamentos, que ajudaram Luís a

desenvolver sua motricidade global, razão pela qual hoje é

capaz de movimenta-se por si só. A partir dos 4 anos,

freqüentou o Jardim da Infância e concluiu e segundo ano do

ensino fundamental. Suas dificuldades motoras são maiores

nos membros superiores e por isso Luís tem dificuldade para

escrever, desenhar, colorir, cortar, colar e também para

manipular algum material.

Mesmo quando mostra adequado nível de

desempenho oral, na compreensão de textos e na resolução

de problemas, é mais lento que seus colegas para aprender.

Pouco a pouco Luís começou a retrair-se e participar pouco

da aula. Às vezes mostra-se irritado com as outras crianças e

com a professora, especialmente quando estes não atendem

imediatamente a suas demandas. Quando se irrita, sua

deficiência motora torna-se mais acentuada, o que gera

situações na sala de aula e no recreio, que suscitam a chacota

dos colegas ou uma advertência por parte dos docentes.

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Que trabalho poderia ser realizado com os colegas de classe de Luís para que ele não sofresse atitudes de preconceito ou segregação?

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Ação reflexiva coletiva

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Reúna-se com o grupo de sua escola para refletir as

seguintes questões:

Diante de alunos como Luís, como encaminhar a prática

pedagógica em sala de aula?

O que poderia ser proposto pela equipe da escola, através

de reunião coletiva, que pudesse contribuir para a inclusão

de Luís nos processos educacionais?

Você concorda com a atitude dos professores ao darem

advertência a Luís quando ele se irrita com as atitudes dos

colegas em sala de aula?

Como eliminar as barreiras da aprendizagem e

participação de alunos com deficiências, efetivando o

processo inclusivo na escola?

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Bem-vindo à Holanda

Freqüentemente sou solicitada a descrever a

experiência de dar à luz uma criança com deficiência – uma

tentativa de ajudar pessoas que não têm com quem

compartilhar essa experiência única e entendê-la e imaginar

como é vivenciá-la.

Ter um bebê é como planejar uma fabulosa viagem de

férias – para a Itália! Você compra montes de guias e faz

planos maravilhosos! O Coliseu! O Davi de Michelangelo! As

gôndolas em Veneza! Você pode até aprender algumas frases

simples em italiano. É tudo muito excitante.

Após meses de antecipação, finalmente chega o

grande dia! Você arruma suas malas e embarca. Algumas

horas depois você aterrisa. O comissário de bordo chega e

diz: “Bem-vindo à Holanda!”

Holanda? – diz você. “O que quer dizer com

Holanda?” “Eu escolhi a Itália!” “Eu deveria ter chegado à

Itália. Toda a minha vida eu sonhei em conhecer a Itália!”

“Mas houve uma mudança de plano de vôo. Vocês

aterrisaram na Holanda e é aqui que você deve ficar.”

A coisa mais importante é que eles não te levaram a

um lugar horrível, desagradável, cheio de pestilência, fome e

doença. É apenas um lugar diferente. Logo você deve sair e

comprar novos guias. Deve aprender uma nova linguagem.

E você irá encontrar todo um novo grupo de pessoas que

nunca encontrou antes.

É apenas um lugar diferente. É mais baixo e menos

ensolarado que a Itália. Mas, após alguns minutos, você pode

respirar fundo e olhar ao redor... e começar a notar que a

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Holanda tem moinhos de vento, tulipas e até Rembrandts e

Van Goghs.

Mas, todos que você conhece estão ocupados indo e

vindo da Itália, e estão sempre comentando sobre o tempo

maravilhoso que passaram lá. E por toda a sua vida, você

dirá: “Sim, lá era onde eu deveria estar. Era tudo o que eu

havia planejado.”

E a dor que isso causa nunca, nunca, nunca irá

embora, porque a perda desse sonho é uma perda

extremante significativa.

Porém... se você passar a sua vida toda remoendo o

fato de não haver chegado à Itália, nunca estará livre para

apreciar as coisas belas e muito especiais... sobre a Holanda.

Emily Perl Knisley

Ação reflexiva coletiva

_________________________________________________

Extraia do texto sua temática, e após reflexão sobre a

mensagem intrínseca a ele, responda juntamente com os

colegas da escola:

Você já parou para pensar nas mães de nossos alunos

considerados “diferentes”? Qual é o papel dessas mulheres

no processo de inclusão de seus filhos na escola?

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Como a escola pode acompanhar de perto a assistência que

a família dá ao aluno?

Como sua escola pode incluir a família em seu contexto?

Como o professor deve encaminhar o processo educativo,

considerando não só a diversidade do contexto escolar, bem

como o perfil de cada aluno, muitas vezes longe daquilo que

é idealizado, percebendo a riqueza que existe nas diferenças

e principalmente, as possibilidades a as surpresas?

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A Lógica de Einstein

Conta certa lenda, que estavam duas crianças

patinando num lago congelado. Era uma tarde nublada e fria

e as crianças brincavam despreocupadas. De repente, o gelo

se quebrou e uma delas caiu, ficando presa na fenda que se

formou. A outra, vendo seu amiguinho preso e se

congelando, tirou um dos patins e começou a golpear o gelo

com todas as suas forças, conseguindo por fim quebrá-lo e

libertar o amigo. Quando os bombeiros chegaram e viram o

que havia acontecido, perguntaram ao menino>

- Como você conseguiu fazer isso? É impossível que

tenha conseguido quebrar o gelo, sendo tão pequeno e com

mãos tão frágeis!

Nesse instante, um ancião que passava pelo local,

comentou:

- Eu sei como ele conseguiu.

Todos perguntaram:

- Pode nos dizer como?

- É simples – respondeu o velho.

- Não havia ninguém ao seu redor, para lhe dizer que

não seria capaz.

"Deus nos fez perfeitos e não escolhe os capacitados, capacita

os escolhidos. Fazer ou não fazer algo só depende de nossa

vontade e perseverança."

Albert Einstein

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Ação reflexiva coletiva

_________________________________________________

Extraia do texto sua temática, e após reflexão sobre a

mensagem intrínseca a ele, responda juntamente com os

colegas da escola:

Diante do processo de inclusão educacional, muitos

professores costumam dizer que não possuem capacidade

para desenvolver um trabalho com alunos com diferenças

significativas. Pense na mensagem que o texto nos apresenta

e comente.

Relacione a mensagem do texto com o processo de

inclusão educacional e a sua realidade escolar.

Como a escola pode colaborar para que o aluno possa

sentir-se plenamente incluído na escola?

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SUGESTÕES DE LEITURAS INFANTO-JUVENIS

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Na minha escola todo mundo é igual, Rossana Ramos,

São Paulo, Cortez , 2005.

Versos e rimas descrevem uma escola onde todos são

iguais mesmo sendo diferentes.

Em classe: produção de mural coletivo com fotos 3x4

de todos, formando um grande círculo como um planeta

Terra.

FLICTS, Ziraldo, São Paulo, Melhoramentos, 1995

O autor trata o tema diversidade com muito colorido.

Literalmente. No lugar das crianças, ele conta a história de

Flicts, uma cor rara e triste, que se sente excluída. Feia e aflita

por não existir no mundo nada que seja como ela. Um dia

resolve sumir, e o destino de Flicts é uma singela surpresa.

Em classe: peça à turma que recorte muitos papéis de

tonalidades diferentes. Com a colagem dos pequenos

pedaços de papel, a garotada vai fazer uma bandeira

representando uma classe que inclui todas as cores.

Meu amigo Down na rua; Meu amigo Down na escola;

Meu amigo Down em casa, Claudia Werneck, São Paulo,

WVA, 1994.

Síndrome de Down é o tema desta coleção. Em um

dos enredos, um menino passa por vários questionamentos

ao observar a rotina de seu vizinho esquisito. Vencendo a

timidez e o preconceito, inclusive dos pais, ele conclui que

seu amigo Down é apenas diferente.

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Em classe: utilize o livro para valorizar as infinitas

diferenças que existem em cada criança, e não para fortalecer

a imagem do aluno com síndrome de Down como “o

diferente”.

Rodrigo enxerga tudo, Markiano Charan Filho, São Paulo,

Nova Alexandria, 2005.

A história de Rodrigo é contada pelo seu melhor

amigo, André, o primeiro a perceber que ele era cego, mas

podia enxergar tudo.

Em classe: o livro é um guia prático que inspira atividades

em sala de aula. No enredo, a professora ajuda todos a

entender como Rodrigo enxerga: de olhos vendados as

crianças tocam em grãos de feijão e em chocolate e ouvem

sons como barulho de chaves. Proponha a atividade à sua

turma.

Júlia e seus amigos, Lia Crespo, São Paulo, Nova

Alexandria, 2005.

Júlia tem 8 anos e adora ler, brincar como dicionário e

dar nome para tudo, até para três amigas especiais:

Felizberta e Felizbina, suas muletas, e Joaninha, sua cadeira

de rodas. Júlia vai entrar numa nova escola e quase não

consegue dormir de tão ansiosa, pois antes estudava só com

crianças com deficiência.

Em classe: consiga uma cadeira de rodas emprestada e

promova passeios pela escola e pela vizinhança para detectar

obstáculos e propor mudanças para a melhoria do acesso.

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Estrelas tortas, Walcyr Carrasco, São Paulo, Moderna,

2005.

Marcella era alta, bonita e a principal jogadora de

vôlei do colégio. Ao realizar uma viagem de carro com a

mãe, sofre um grave acidente e, em conseqüência, perde os

movimentos das pernas. Toda sua família e a própria

Marcella vão descobrir o quanto é difícil perder, e o quanto é

precioso aprender a ganhar.

Em classe: proponha aos jovens que façam um

levantamento no bairro sobre a acessibilidade física e

estimule a redigir um relatório e enviá-lo às autoridades

responsáveis.

Desprezados F. C., Júlio Emílio Braz, Soa Paulo, Saraiva,

2005.

Um time desprezado representando um colégio em

um campeonato às vezes é motivo de sobra para vaias,

humilhação, caretas e gozação. Um time desprezado

formado por garotos aparentemente esquisitos deveria ser,

então, um caos! O "Desprezados F.C." é o time reserva do

colégio que precisa conquistar a confiança da torcida e

provar que bola no pé não é apenas o que conta. É preciso ter

raça, determinação e uma auto-estima para lá de inabalável...

Mas o jogo não é apenas entre times com mais ou menos

talento, beleza ou preparo físico; é um jogo contra o

preconceito e o menosprezo, que ensina a não julgar as

pessoas pelo que aparentam ser, mas a enxergá-las pelo que

são de fato e aceitá-las assim, tatuadas, baixas, atrapalhadas,

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feias, gordas, desajeitadas, míopes, tímidas, reconhecendo

nelas talento, antes ofuscados por uma desprezível rejeição.

Em classe: o texto facilita a dramatização, atividade

que ode estimular o difícil exercício de colocar-se no lugar do

outro, e suscita o debate sobre a tolerância.

Tramas da cor: enfrentando o preconceito no dia-a-dia

escolar, Rachel de Oliveira, São Paulo, Selo Negro, 2005.

Com sensibilidade e singeleza, a autora utiliza um

relato ficcional dos problemas enfrentados por uma menina

negra em sua escola para abordar as questões básicas do

racismo por parte de crianças e adultos em nossos

estabelecimentos de ensino. Sugere posturas saudáveis para

enfrentar os problemas mediante o incremento da auto-

estima e o conhecimento de figuras ilustres da história negra.

Em classe: para facilitar o debate sobre o

racismo e preconceito, o texto destaca expressões pejorativas

e faz refletir se a escola garante o crescimento intelectual e

afetivo das crianças negras.

SUGESTÕES DE LEITURAS DE FORMAÇÃO

______________________________________________________

Inclusão Escolar. Oque é? Por quê? Como se faz? Maria

Teresa Eglér Mantoan, São Paulo, Moderna, 2006.

Este livro propõe a luta por uma escola para todos,

sem discriminações, sem ensino à parte para os mais e para

os menos priviligiados.

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Educação Inclusiva: Contextos Sociais, Peter Mitler, Porto

Alegre, Artmed, 2003.

Este livro apresenta uma visão abrangente e reflexiva

a respeito da importância, urgência e desafios atuais para a

implementação de políticas educacionais inclusivas, as quais

efetivamente contribuam para o fim da pobreza e da

exclusão social, por meio de uma educação qualificada para

todos.

Educação inclusiva: com os pingos nos “is”, Rosita Edler

Carvalho, Porto Alegre, Mediação, 2005.

Neste livro Rosita se propõe a colocar os pingos nos

“is” dessa questão, defendendo que a inclusão envolve a

reestruturação das culturas, políticas e práticas das escolas

que, como sistemas abertos, precisam rever suas ações, até

então, predominantemente elitistas e excludentes. Alerta a

autora que a inclusão é um longo processo e não ocorre por

decreto ou modismo. Para incluir um aluno com

características diferenciadas numa turma dita comum, há

necessidade de se criarem mecanismos que permitam que ele

se integre social, educacional e emocionalmente com seus

colegas e professores e com os objetos do conhecimento e da

cultura. Tarefa complexa para a qual a autora traz valiosas

contribuições a partir de sua rica experiência.

Inclusão: Construindo uma sociedade para todos, Romeu

Kazumi Sassaki, São Paulo, WVA, 1997.

Neste livro, o assunto central é o atualíssimo tema da

inclusão na escola, no mercado de trabalho, nos esportes etc.

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O autor analisa o desenho universal para deficientes físicos e

também as leis e políticas integracionistas e inclusivas.

Ensaios Pedagógicos: como construir uma escola para

todos, Lino de Macedo, Porto Alegre, Artmed, 2005.

Em um texto envolvente e rico de idéias e propostas, o

professor encontrará fundamentação para repensar e recriar

sua prática cotidiana dentro das necessidades e

possibilidades de nossa realidade educacional.

Inclusão: um guia para educadores. Susan Stainback e

Willian Stainback, Porto Alegre, Artmed, 1999.

Neste livro, os educadores encontrarão sugestões para

fazer com que haja uma interação produtiva em sala de aula

entre os alunos.

Educação e Diversidade: bases didáticas e organizativas,

José Antônio Torres González, Porto Alegre, Artmed, 2002.

A proposição central desta obra é a educação na e para

a diversidade, que demanda uma nova organização

educacional, uma nova formação docente e a criação de uma

cultura normalizadora.

Atenção à Diversidade - vol. 3, Rosa Alcudia et al., São

Paulo, Artmed, 2002.

Aceitar que os alunos são diferentes uns dos outros é

fácil. Difícil é trabalhar educacionalmente essas diferenças e

ajudar para que elas enriqueçam seu processo de ensino-

aprendizagem.

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Inclusão escolar: pontos e contrapontos, Maria Teresa

Eglér Mantoan, Rosângela Gavioli Prieto e Valéria Amorim

Arantes, São Paulo, Summus, 2006.

Neste livro, as autoras adentram os labirintos da

inclusão escolar analisando, com muito rigor científico e

competência, suas diferentes facetas. No diálogo que

estabelecem, abordam pontos polêmicos e controvertidos,

que vão desde as inovações propostas por políticas

educacionais e práticas escolares que envolvem o ensino

regular e especial até as relações entre inclusão e integração

escolar.

SUGESTÕES DE FILMES

______________________________________________________

Uma mente brilhante (A Beautiful Mind, 2002). Aos 21 anos

de idade, John Nash formulou um teorema que provou sua

genialidade. Infelizmente, nove anos depois ele foi

diagnosticado como esquizofrênico. Sempre enfrentando

batalhas em sua vida pessoal, Nash ainda viria a ganhar o

prêmio Nobel.

Meu pé esquerdo (My Left Foot, 2003) é uma espécie de

cinebiografia sobre um homem que sofre de paralisia

cerebral, que pinta quadros belíssimos com seu pé esquerdo

e que conta parte de sua vida num livro, numa família pobre

com vários irmãos e a dificuldade de se relacionar com os

outros e conviver com sua condição.

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Os esquenta banco (Benchwarmers, 2006). Conta a história

que acontece em um bairro com alguns meninos que não se

encaixam no estereótipo estabelecido pelo grupo de meninos

que jogam beisebol, por serem diferentes, ou seja, por

apresentarem cada um sua peculiaridade, não são aceitos e

acabam sempre ficando no banco sem poder jogar. O filme

retrata muito bem a exclusão e grande tarefa na busca da

inclusão.

Vem Dançar (Take The Lead, 2006). Ex-dançarino dá aulas

para garotos do ensino público e acaba sendo o mentor de

uma mistura de estilos, já que os jovens preferem o hip-hop.

Baseado em uma história real, demonstra o interesse de um

professor em reintegrar alunos rejeitados e a necessidade da

mudança de metodologia para alcançar o objetivo.

Rain Man (Rain Man, 1988) Depois da morte do pai, o

egoísta Charlie Babbitt descobre que seu irmão autista,

Raymond, herdou uma fortuna. Como Charlie não sabia de

sua existência, ele decide ir conhecê-lo e descobrir porque

Raymond foi escondido de sua vida.

O clube do imperador (The emperor’s club, 2004) Professor

dedica sua vida aos alunos do colégio e se esforça,

particularmente, em tentar ensinar valores corretos a um

garoto rico e mimado.

Uma lição de amor (I am Sam, 2002) depois de passar uma

única noite com uma mulher que o seduziu como forma de

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encontrar um lugar para morar, Sam (Penn) torna-se o pai

solteiro de uma linda garotinha. Extremamente ligados um

ao outro, pai e filha estabelecem uma relação sadia e repleta

de amor – até que, certo dia, Sam é preso em um mal-

entendido e acaba chamando a atenção de uma assistente

social, que o julga incapaz de cuidar de uma criança. Por

que? É aí que reside a singularidade da história: Sam é um

deficiente mental com tendências autistas, possuindo a idade

mental de uma pessoa de sete anos. Disposto a tudo para

recuperar a guarda de Lucy, ele consegue o auxílio de Rita,

uma advogada egocêntrica, mas bem-sucedida.

O óleo de lorenzo (Lorenzo’s oil, 2001) Um garoto levava

uma vida normal até que, quando tinha seis anos, estranhas

coisas aconteceram, pois ele passou a ter diversos problemas

de ordem mental que foram diagnosticados como ALD, uma

doença extremamente rara que provoca uma incurável

degeneração no cérebro, levando o paciente à morte em no

máximo dois anos. Os pais do menino ficam frustrados com

o fracasso dos médicos e a falta de medicamento para uma

doença desta natureza. Assim, começam a estudar e a

pesquisar sozinhos, na esperança de descobrir algo que

possa deter o avanço da doença.

O oitavo dia (Le Huítème Jour, 2001) Harry é um

empresário estressado, que trabalha no departamento

comercial de um banco belga e foi abandonado por sua

esposa e filhas há pouco tempo. Deprimido, ele se dedica ao

trabalho durante os 7 dias da semana. Até que um dia ele

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decide vagar pelas estradas da França, sem rumo definido.

Após quase atropelar Georges, que sofre de síndrome de

Down, Harry decide levá-lo para casa mas não consegue se

desvencilhar dele. Esse filme demonstra a fragilidade do

homem diante de situações que desconhece, como por

exemplo a apresentada no filme, quando um executivo passa

a conviver com um portador de síndrome de down.O filme

leva à reflexão sobre o conceito de pessoas normais e qual é o

padrão para que se seja considerado normal. Será correto

esse conceito, ou será apenas mais um modelo imposto por

uma sociedade que não sabe viver e encarar as diferenças

existentes?

Nell (Nell, 1994) Criada por sua mãe, que em função de um

derrame, ficou paralítica, Nell vive, até os 30 anos, afastada

de qualquer contato com as pessoas. Após a morte de sua

mãe, Nell desperta o interesse do Dr. Lovell, médico

encarregado de zelar por sua integridade e da Dra. Paula,

psicóloga que insiste em adequá-la à realidade. Mas será

certo civilizar uma pessoa selvagem, sem que ela deseje

realmente isso? Vivendo completamente isolada, Nell

desenvolveu uma linguagem própria. Por isso, ela só

consegue comunicar-se através da dança, da mímica e de um

conjunto de expressões bem particulares. Emocionado todos

que se aproximan, Nell procura ser feliz com as pequenas

coisas. E consegue. Um filme comovente onde a inocência

está acima de tudo.

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Mr. Holland – Adorável Professor (Mr. Holland’s

Opus,1995) Compositor Glenn Holland passou a vida inteira

dedicado aos alunos de música e ao filho que nasceu surdo.

Mas sempre sonhando com o momento em que comporia sua

própria sinfonia.

O Triunfo (The Ron Clark Story, 2006) Um jovem professor

impaciente, porém talentoso, deixa sua casa na zona rural da

Carolina do Norte para se aventurar a dar aulas nas escolas

de Nova York. Enquanto luta para manter seu otimismo ao

se defrontar com um obstáculo após o outro, ele desistirá de

tudo para retornar à sua casa com o rabo entre as pernas, ou

realizará sua ambição e transformá o futuro de alguns dos

mais difíceis e vulneráveis garotos da cidade.

Sempre Amigos (The Mighty, 1998) Kevin é um garoto

superdotado intelectualmente, mas com problema de

nascença nas pernas que dificulta sua locomoção. Uma

grande amizade tem início quando ele e sua mãe mudam-se

para a casa que fica vizinha à de Max, garoto grande e forte,

aos 13 anos, porém arredio, pouco inteligente e sem amigos.

Mentes que Brilham (Little Man Tate, 1991) Garoto

superdotado, com inteligência surpreendente, mas que tem

dificuldade na comunicação. Com a ajuda de uma

psicoterapeuta, o menino vai viver um mundo diferente

numa escola de crianças excepcionais. Estréia na direção da

estrela Foster.

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Filhos do Silêncio (Children of a Lesser God, 1986) O filme

conta a história de amor de John Leeds, um idealista

professor de deficientes e uma decidida moça surda,

chamada Sarah. No início, Leeds vê Sarah como um desafio à

sua didática. Mas logo o relacionamento dos dois

transforma-se num romance tão passional que rompe a

barreira do silêncio que os separa.

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RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS

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BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Educar na Diversidade. 3. ed. Brasília, 2006.

CORAZZA, S. M. Cenas de uma vida de professora. Pátio, n.32. Porto Alegre: Artmed, novembro, 2004/ janeiro, 2005. CD –Balões de pensamentos e diálogos por Lushpix Illustration (Thought and dialogue bubles) CD – Cruzeiro de Férias por Image Zôo CD – Hoopla!Splash por Image Club CD – Pais e Crianças por Image Club (Parenting & Children) CD – Simples Silhuetas por Image Club (Simple Silhouettes) DVD Original Country Clipart – By Lisa

http://www.cinemaemcena.com.br

http://www.defnet.org.br/holanda.htm

http://www.e-pipoca.com.br

http://queroserfeliz.blogs.sapo.pt/arquivo/400122.html