as raizes sócio-economicas dos principia de newton

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  • 5/11/2018 As raizes s cio-economicas dos principia de newton

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    (organ/zauor)RUY GAMA

    CrnNCIA E TECNICAiantologia de textos historicosi

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    CopaDepl~ de Arte da TAQ

    Du.das InlN1lDt'Wnuis dl' c/U(J/U!:I1}IlD na Publb:ap!it! (elP)- 100li1Jlltl B'1li i lJ !i rc c fo UVTO. SF, Draiil)

    C iellciJ .. urC ()IC il ; W J o l~ " 'L l . d e texros h lsL llru:cm ' RuyGama (o[~orl.- S3.i;)Pll1Ilo"T. A. QlJcirm;.1991.- rBibUot.ollIlD:V!l!"!ilanilb~ En!rnllwi1l ~tee-IKlI"~: v II,

    I ('i;;n~-ia FlloSj)ria 2 . CiI!n_Qjl l - HiSl6Qit 3. T em < >-login - FlImofia 4. Tecnolcgia - I : f u t " ' r u . L Giama, R\I~19211-U . T itu lo : AJ llc iu g iade I tIlIIIQ l;hL ilu ;.nWi i.m, ~

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    4. As ra (zea soc io -economicasd08 Principia de NewtonBaR LS l - lESSliN

    1. lntrodllrao: A leona de Marx s ab re (J proce. so "is/drieDa trabalho de Newton e ua per onalidade l em a tr ak lo a a en ~ao dec ie mlste s d e todas as ep0cas e n a l; ; Ie s. A e xt en s ao de lias desco~crlascienrificas , Q signifitadb d e s ell trab alh a p ara tod os os d ese nv olv lI DC !l-tos po ste rio res d a Iisic a e d a tecn elo gia , a exatidao notavel de suas leis,despertam 0justlfieado respeito par seu genio. .o QU e c o lo co u N ew to n no memento d e transic~o d o d e sc nv ol ~-m e nte d a c ii~ nc ia e T he p err nitiu in dic ar 05 nOVOScam1l1hos~~lC ~~\ , l-mente progres ivo? Onde clevemos procurar a fonte do gifulO c:n~Llvod e N ewton? Q ue fat o r es de t e rm in a r am 0eon teudo e a plr~ ao de suasativ id ades? _Estas sao as perguatas que jnevita~elme:nu: .confrontam 0 pesqur-sador que se prop5 e a penetrar na propria es e n o L a de eu trabalho cna-tivo , sem se lim itar !im ples co m pilacao d e material aeerca d e N ew -ton. ."A natureza e suas leis estavarn ocnltas na norte.Deus disse: 'Faca- e Newton!' e tude se tornou luz ."A ssim escrev eu Pope, em seus conh ec id oa ve rsos.

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    eesse hist6rico. "As opinioes governavam 0 mundc." 0 curse ciahis-l6ria:dependia de talentos e dos impulses pe seals dos hcrnens. A per-sonalidade criava a hist6ria.Urn example tlpico desta compreensao limitada do processo hjs-torico esta na opiniao acima citada do professer Whitehead a re pei(0de Newton.o segundo defeito que ateoria de Marx elirnina c a concepeao deque 0 sujeito da hlStoria nao e a massa cia popular;ao mas as personal i-clades de genio. 0 representante mais desta~adpdesta tendencia e Carly-le, para quem a hist6ria era a historia dos grande homens. As realiza-coe s d a hisl6ria, segundo Carlyle. sa o apenas 0 resultade dos pensa-mentes de gran des homens. 0 genio dos her6is naoe 0produto de een-dicoes materiais, mas, pelo contrsrio, a Iorea eriadora do genic trans-forma aquelas condieoes, .sem precisar de nenhum tater material ex-trfnsece.Em contraposicao a este en flJlq u e, M a rx e xam in a Q m ov im en ro d asmassas Iazendo a l1ist6ria. e estuda-as cendicoes socials de SUB. vida eas modificayoes nestas condicoes.o marxismo como enfatiza Lenin, mostrcu 0 eam tnho para urnestudo abrangente do processo de surgimente, descrrvolvlmento e de-c li nic d os s is te m as s oc ia is . E ste p re ce ss o e expllcado le va nd o- se e rn con-siderac;ao0 conjunto de t endencias contradito rias, reduzlnde-as a s con-di , ; l ie-s exatamert te determinadas daexistencia e da prod m;io d es d ife-rentes classes.o marxismo elimina 0 subjetivismo e a arblrrariedade na selel;8.0das varias id6ias .,dominantes I.ou na sua interprelacao, atribuindoasraizes detodas as ideias sem excecao, a s eondtcees das f o r9 l is p r od uti-vas materials.N a socied ad e d e classes, a elasse d om taan te sub mete as forcas pro-durivas a 5 i mesma e, atraves de sua dominaae das forcas produtivasmatertals, submete todas as eutras classes a seus proprios interesses, 1As ideias da classe dominante em cada periodo b i st 6 ri c o s ao asldeias dominantes, e a classe dominante distingue silas ldeias de todaas ideias anteriores, apresentando ..as como v erd ad es ete rn as. & ta elassedeseja reinar etemamente e a (suposta) eternidade de suas id~as ervepara fundamentar a inviolabilldade de sua dominacao,Na seeiedade capitalista, as ideias demlnanres pareeem separadasdas r e . L a c o e s de pI7oduc;ao.- dando a impressao deque a estrutura mate-rial e detenninada pelas ideias. A pratica nao tern que ser explieadaa partir das ideias rnas, peJo cortrrario, e a fo.rmar;ao das idt::jas quetern que SeT explicada a part ir cia pratica material . Apenas 0 preleta-riado, que tern como objetivo a cria~ao de UliDa sociedad.e semcJasses.eUvre d e limitacoes emsua cOD.cepcab do pr

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    des pass am a ter relacdes entre si. Surge a necessidade de e tradas e-guras e a demanda de boas vias de comuni~ao e de melos de trans-porte. As relacoes entao em dcsenvolvimtmLo entre as cldades leva adi~tribujt;aocla producao entre etas, cada uma desenvolve uma cJjftHaproprla da producao, que a earaeteriaa.Destemodo, a desimegn:u;:a.o da economia feudal levou ao segun-do perfodo da hist6ria do desenvolvimento da propriedade privada, aopredominio do capital mercantil e da manufatnra.o surgirnento da rnanufaiura foi consequencia imedlata da diyt-sao de. rrabalho entre dlferentes cidades. Cern a manufatura, a rela-coes e rur e 0 t rabalhador e s e u emp re gad on foram modlficadas. Apare-cem as relacoes raonetarias entre 0 capitalista e 0 trabalhador; per fim,foram dis olvidas as relacoes patriareai entre mestre e aprendizes.o cornercic e a manufatura eriaram a grande burguesia, A peq ue-na burguesia estava eoncentrada nas corporacoes e foi obrigada, nascidades a ceder sua hegemonia aos eemerciaates : a05manufamrado-res. Es.~ perfodo data de meados doseculo X'V'n e continua ate finsdo XVIU.

    n l'l .f oi , d e mfUl:eifca esquernatica, 0 p ro ce ss o d e transicao do feu-dalismo para 0 capital mercantil e a manufarura.A atividade de Newton sefnclui neste segundo periodo da historiado desenvclvimento da propriedade privada. Por 15S0, Invest tgareme ,antes e mais detalhadamente, as exigenciashis : t6ricas Impe e a s pelo a,1'a-recimento e desenvolviraento do capital mercanti l , Em seguida, COn$i-deraremos quais as problemas tecnicos que a economia entao em de-senvolvimento colocava e esamtnaremes a que conjunto-de problemasfiskos e eonhecirnentos ciendficos necessaries para sua solucao estesproblemas [ecnicos conduzirarn.Faremos oexarne de tres esferas de importaneia decisiva para 0sistema social e eccncmieo que e tames invest igandn; -as vias e ( 1 I S mewsde comunicaeae, a jndUs~r:la e a atlvidade militar.

    Vias de comlmica~fjoo comercio havia alcancado urn desenvolvirnento.conslderavel, jano infcio da Idade Media. No entanro, as vias terrestres de comunica-Cao e st av ar n e m c on d ic oe s I as ti rn av ei s. As e st ra da s e ra m tao estrei tasque dais cavalos nao pediam passar ao mesme tempo. 0 camlrtho idealseria aquele no qual L r e s eavalcs pudessern pasS'ar Iade a lade, onde- na C1I.1)lessiia daepeea (seculo X IV) - "a noiva pudesse transitarsem tropecar em urn carro ftmerario.".As rnercadorias eram geralrnente transportadas em fardo. ACQns -

    trur;:ao de eSLradas era praticamente inexistente. A natureza localmen-te Limllada da economia feudal na o i~pulsionou 0 desel1volvimenlo34

    da censtrucso de esrradas, Pelo conrrario, tanto os senhores f(::udaisqnantc as habitante do lugares pelos quais passava 0 transporte 00-mercial estavam interessado na manutencao das m a s eondicces etasestradas, uma vez que tinbam a direiro de propriedade sobre qualquercoisa que eaisse das earroeas ou des fardos em SUQ3 terras.!

    A v elooid ad e d o rran sporte terre stre n o se eulo xrv tW O ex e ed l a . e in -co a sete rnilhas por dia . Natura1meote, a transporte rnarftimo e Qu-vial desempenhava am papel lrnportante, devido a grande capaeidadede carga das embarcacdes e sua rnaior veleoidade: uma carroca de gran-de dimensdes, com dUBB rodas e puxada po r dez a doze bo is , d l 'f ic : i1 mente carregaria duas toneladas de mercadorias, ao passo que urna em-barcacao de tamanlio medic poderla ter uma carga superior 11 600 to-neladas, Mesmo no secuto xrv, a v iagem de Constantlnopla a Venezalevava t T e s vezes .mais temp,o por terra do que per mar,Entretanto, 0r ra n ap or te m a rl ti rn o nesteperiodo tambe,01 er a rmliloimperfeito: como ainda aao hav .1 ttm s ido tnveruados rnetodos segurosde esrabeleeer a pos'jeao dos navies ern mar aberto, a navegal;:ao erafeita proxima do Iitoral, dlminulndo grandernente a velocidade dasem ba rc aco e s.

    Alnda que a prime ira mencao a bussola, no livre arabe 0 tesourot1u~mercadores, corresponda ao ano de 124:2,.este instrumento nao veioa ter uso generalizade antes da egunda metade do seculo XVI; as car-t as maut iC 3 ,s fizeram sua apaci~aQ rnais au menos nesia epoea, 'I Masa bussola e as mapas s6 pedem ser utilizados racionalmente quandoexiste 0 conhecimento dos metod os para estabelecer a pasj~ao dos na-vias, isto e . quando a latitude e a longitude podem ser determlnadas,o desenvolvimento do capital rnereantil rampeu a isolamenro daeidadee da comuna, expandlu estraerdlnariamerue 0 lrorizente geo-grMico e acelerou eonsideravelrnente 0ri tmo da existeneia, Exigia viasconvenlentcs de cornunicacao, melhores meios de transporte, uma de-terminacao mats exata do tempo, em especia l devido a aceteracso con-tinua das trocas, e a aplicaeao de proeedimentos mais rigoro as de con-tabilidade e de medicao.

    At -enQao especial era dedicada ao transporte mari tima como meiode ligaQao entre- diferentes palses e ao transporte fluvial como vinculointerne dentro do pafs. 0 desenvolvirnento do transporte fluvial foitambem auxiliado pelo fata de, desde a antigiiidade, os caminhos flu-viais serern os mais eonveuleares cmais estudados, eo crescimento na-iural das cidades estava vlnculado ae sistema decemunicacees fluviais.o transporte de earga per ricsera lres vezes rnals barato do Que 0 trans-p or te po r terra. A construcao de canals tambem se desenvo[veu comourn meio adicional de transporte interno e para uair 0 transporLe marl-tima ao sistema nuvial interiOT.

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    D esta m ane ira , e d esenv olvim en to d o capital me rc an ti l e nf re m o ue transperte fluvial com os segulntes problemas tecnico para 0transpone.Na es Jer ado t ~Qn$ fJQ r tep o r dgu.a:

    A de te n ni n aq a o do ciclo clas m are s, em rclacao it localidade e itPQs iQa o d a Lua, exige urn eonheoimente da teoria d a a tr a~ ao , a quale tam b em u ma tarefa da me-canica. A importincia d es tar are fa fic a e vi-dente pelo Iato de que, Milito antes de Newton prepor sua teoria geraldas m ares com base lila teoria da graVit3ya o . Stev in , em 1 59 0, c alc ulo utabelas nas qaais dava 0tempo das mares altas em qualquer localida-de, em fWl~io da posir;ao da Lua.

    4. A consu-ueao de canais e eelusas exige0conhecimento das Idsfundamentals cia h id ro sta ric a - as lois que governam 0 nUKO dos li-quidos - um a V el que e neeessario sabe r com o ealcular a pressao ci aagua e a veleeidade de Sell Iluxe, Em 1598, Stevinse OCOPOllcom 0problema da pres sao lila agua e ob ervou que a ag ua pede exercer , nofundo de T Im8 embareacao uma pressao superior a sell peso; em 1461,Castelli publicou Om tratado especial sabre 0movimento cia agua emcanals de secoes diferentes. Em 1646, Torricelli estava trabalhando nateotia Cia fluxo de Iiquides.Como VeIll:OS, esproblemas. da construyiij,o de canals e eclusas l am-bern conduzem as tarefas c ia mecaniea (hidrosratlca e hldrodlnamica).

    I. aumento da capacidade d e carga c cia velocidade dos navies;2. melhoria das qualtdades nauticas dos bareos e su a seguranca,firmezaem mar aberto, menor tendeneia a oscilar, jogar, faeilidadede direcao e de manobra, que eram oaracteristicas espec ia lme rue im-portantes em navies de guerra;3. m eios c on ve aie nte s e se gu ros ..d e d ete rm inar a [losieao em altomar a lat i tude e a longitude, a decliJ ;).aQao e as yariacoes das mares ;'4 . 0 a pe rfe ie oam e ntc d o s is te m a fl uv ial in t~ rio r e m a s l ig a~ 5e s como mar; a constru~ao de canaia e eclusas,Ve ja m oS q u e p re m is sa s f ls ic as sao neee ssd r ia s para a re se luc ac d es-

    re s problemas tecnlcos:1. para aumentar a capacidatle decarga de-urn navteeceeessartoconhecer as leis fundamentals que governam a nlJ_lLLa~O d0-S corpoe m u m lf qu kJ, o. um a VI}Z que para calcular a capacidade de cargae pre-eise conhecer 0metoda de calculo do deslocamento de agua pela em-barcacao - estes sao problemas de. hidrostatica;2 . para rnelh orar as q ualid ad es d e f1utuacao d e u m a e m bar ca cace necessaric conhecer as L eis q u e g ov ern am 0 movirnento d os e orp osnos liquidos - e ste e u rn c as o particular das le is que govem ~ o.m ~-vim en to d e COfl 'lOS em rne io res isten te - um a da s tarefas prm(llpal .sda hldrodinarnioa (0 problema da estabilidade de uma embarcacao queosclla, balanca, e uma das larefas basicas da m~an.ica dos pontesmateriais) :3. 0 p ro b:lem a d a d ete rm ln ac ac d a latitu de co nsiste n a o b er"a~aod os co rp os c ele ste s e s ua 501u98 .0 d epend e d a existencla de in s t rume~-tos 6ptico e de urn conhecimento do mapa dos car.po~e de seu mOVI-m enta - ou seja, e uma questao de meeaniea celeste.A m an eira m ais cenvenlente e simples d e r es ol v er 0 prob lem a d alongitude e a utilizacae de urn ercnometro. Mas, como 0crenemetrcse roi inventado Til0S anos 30.do seeulo XVU1. apes a tra ba lh o d e Huy-gens,S para determiner a Iongitude recorr ia-se a rnedlda da cli~tandaent re a Lua eas estrelas fixas, Este metoda, desenvolvido em 1498 porAmerica Vespuccio, exige urn conhecimento exato das anomallas do

    movimento da Lua e constitui uma tarefa das mais eornplexasde IDe-canica CCIt:lILt:.

    A industriaJ a em fins da Idade Me d i a (seculos X IV e X V) a Industria de mi-n eracao estav a se d ese nv olv en do e m d ire ~o a grand e in dustr ia. A ex -trac8a deouro e prata, vlnculada ao incremento c ia oircula~o do di-nheiro, foi estimulada pelo crescimento do comercio. A descoberta daAmerlca deve-se principalmenre iii sede J~oUIa,' urna vezque a indus-tria e urope ia - que t inha se desenvo lv ido intensamente d uran te os se -colas xrve xv - eo comercro europeu c c rr es pond e n te n e e es s it ar iamsuprlmentos maiore s de me ios de trocas; par outre Iado, a demandad e ouro ex igiu um a a~ e~ ao especial para a explaracaQ d as m in as e ou-

    tras fantes de ouro e prata.o poderoso desenvolvi rnen to da industria da guerra, que avanea-ra enc rm em en te com a inven(;ao das arm as d e fogo e a in trod ucao daartilharia pesada, estimulou a exp )a racao extensiva de minas de ferroe de cobre, POT volta de 1350 as arrnas de fogo sao cornua DO exerci-tos dos paises da Europa oriental. central e do sul,No seculo xv , a artilh aria pesada h avia alcancado U111 alta n tve lde aperfeiceamento. Nos seculos XVI e XVJL , a industrla milltar fariag,randes demandas a indUstria tnetahirgica. APenas nos m eses d e mar -co e abrll d e J 6 5 2, C r omw e ll eneemendou 3 3 5 c an h o es , e e m d ez er n-b ro, m ais 1 .5 00 arm as le ves , n um total d e 2.230 t on el ad as , a fe ra 1 1 7. 00 0projeteis e 5.000 born bas de mao.Cempreende ..s e, a ss ir n , POT q ue 0 problem a d a ex ploracao m ali;efetiva das mnas e jazidas so tornou uma qUQtao de lundemenral lm-

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    portancia. Ames de r o m nada, surge 0 problema colocado pela e~tra-c a o emprofundidade do minerio, Quanta mais profundae as mmas-,maier a dificuldade e 0 perigo de sua exploracao. Tornam-se necessa-r ios lnumeros equipamentos para: 0 bombeamento da !gua, a venula-!;aodas galerias e envlo do minerlo para a superficie. Mais aiml~, eprecise saber como escavaras galena! com seguranea e como se orten-tar dentro delas.No comeco do secule X VI a m.ine1'a~ao havia alcancado urn de-envolvimento consideravel . Agricola havia deixado urns enciclcpediadetalhada sobre a wineravao, que permite avalisr a exteD1l~o do equi-pamento tecaico utilizado nessa atividade. Para elevar 0miner io e agua,cram construidos bomaas e equipamento de elevat;ao (sarilhos e mo-hneres horizontals) empregando a energia de animals, do vente e dequedas d agua, Para a verrt i lar;ao, construlram-se tubas exaustores eventiladores. Para r emove r aagua, foi precise desenvolve r urn sistemacarnpleto de bombeamento, U l 1 1 . 1 i l das tarefas teenicas rnais importan-tes, devido ao aumento da profundidade das mihas.Em seu livro, Agricola descreve tres tipes de IDstrurtlento para aextracao da agua, sere tipos de bomba e seis tipos de equ ipamen to pa-ra a ret irada de agua per me io de pas au de baldes; no total, dezesselsr ipos de maquina para a elevao da agua.o desenvolvimento da mlneracao requer equipamentos enermespara a pl'eparacai:> de mlnerio: neste campo, enecntramos fornos paraf\m d iC io e m aq uin aria p ara rn oag em e e parac ao d o rn in erio .Jd no s~cuJoXVI. a industria, da mineracao havia-se tornado urncrganisrao complexo, que exigia ccnhecimentos consideraveis em su aD l'g an iz ~ ao . PO Te st a r az ao desenvolveu-se com o um a indti stri Ilem . l~r-ga eseala, livre do sistema corporative e, portanto, scm ester snjettaa es tagna~o .do artesanato. Foi a industria t ec n i c ar ne n t e m a is p ro gr es -sista e d en origem aos elementos mai s revolucionarios da classe traba-lhadora durante a Idade Med i a , ou seja, as mineiros.A abertura de galerias exlge um conhee imento -cens iderave l de geo-me t ri a e t ri go n om e t rl a. Ie . n o se cu lo x v, engenheiros com formaeaocientffica estavam trabalhando nas minas.As im, 0 desenvolvimento do comercio e da indUstria mill tar co-Iocou para a industria da rnineracae o s s eg uin te s p ro ble m as t ec nlc os :

    I. a elevacao do rninerio de profundidades conslderaeeis para asuperficie;

    2. meios para a venrilaeao das minas;3. 0 bombeamento e es equipamentos para a conducae da agua,o problema da bomba d'ag\ia;4. a uestltuicao da produCRo de ferro com 0 emprege de folede ar urnido, predominante at e a seculo xv, pelas alto fornos, colo-38

    ca 0 problema. da insuflacao de ar a semelhanca do que ocorre na ven-tilac,taQpar meio da exaustao.e de insufladores de ar;5. a preparacao do minerio com a aj uda de baieria mep il6es acio-nados per veios de ressaltos e d e t ri tu ra d er es .Consideremes os problemas de fisica presentes na base dessas la-refas tecnicas: .I.a elevacao do rnineric para ~ superficie e.a rnaqui naria para is-so uti lizada sao questees de calculo de guinchos e peSQS, isto e . de com-bU11Waode maquinas me c an le as s im p le s;2.0 eqniparnento de ventilacao exige a estudo de correntes de ar,

    isto e . uma qlleslao de aerostallca, a qual, per su a vez, e urn case par-ticular da estattca:3. 0 bombeameato da agua das minas e a conscucao de bombas,especialmente bombas de pistao. demandam Invest igacoe constdera-v ei s n o campo de hidro e aerosratica; e par este mati 0. que Torricelll,Guericke e Pascal se ocuparam com a problema da elevaQao dos Ilqui-dos em tubas e a da pressao armosferica:4. a mudanea para a producao de ferro em altos-fornos provocade.imediato 0 aparecimenro de Iornos de grandes.dimensees e tie edifl-elos espeeiais cern instalac;:ao de redas d'agua.. Joles, maquirtas de tri-lura.-;ao e martelos p e sa d es ; a c o ns tr uc ao de rodas d 'a gu a c ol oe a p ro -blema de hidrost1il ica e hidrodlnamica; os teles de ar, assim como nocaso da ventlla~ao forcada, exigetn 0e tude de movirnemo do ar e desua oompressao;

    5. como no caso de outros equipamentos, a coustrucao de bate-riad e p ilo es e m a rte lo s pesacLos, movidos pela forc a d e q ue d as d 1agua (OUpe la forc a an im al) e xige ,um proje to e om ple xo d e- en gre nage ns e rn ee a-nisrno de lransnlliisao que tambem silo, err! s u a , essentia, uma tarelada mecanica ; para a e on strue a d e rneinhos, e precise desenvolver ateoria do assume e 0calculo rnatematiec da transmiss!ia par meio derodas denteadas,

    As irn, deixando de lade as grandes exigencias que a ind ustria damineracao e da metalurgia fizeram, neste perlode, it qulmica, 0 can-junto das tarefas de fi ica encorura-se denrro des limites da mecanica.A guerra e a industria militarA historia da atividade militar - escreverarn Mar x e Engels em1857 -DOS pennite mais elaramente confirmar a veracidade de nessasopinides sabre 0 vinculo entre as fercas produtivas e as relacoes deproducao.o exercito e em termos gerais , mul to importanre para 0 desen-volvimenro eaan6mico. Foi na tropa que surgiu inicialmente a organi-

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    zalYao dos artesaos em ofic inas. D o mesmo modo. e n e ss e c on te xt e,tambem, que encontramos pela primeira vezmaquinas de grandes di-mensoes. Mesmo 0valor especial des metals e seu papel como dinhei-roo q ua nd o c om e co u e d e se n vo lv im e ru o d o l nt er eam bi o m e t1 c la ri o. p a r -lira - tudo in d ica - d e SU ~ imponSncia m ilitar. D e rn esm o m od o,a divlsao d o trabalh o, n as dlferentes e sf er as d a L n dUB t ri a. f o i i nt ro du -z id a p rir ne ir am e rr te n o e xe re ito . N ele s e e ne oa rr a s in te tiz ad a ioda a his-l6ria das formas burguesas de producao.Desde 0 momentoem que a polvora, empregada na China aindaantes de Rossa eta, foi tonhecida na Europa, cemeca urn rapido de>se nv ol v im en to d a s arm as d e fogo. A artilh ariape sad a apare ce p,e la pd -m eira v ez e m 1 28 0, d uran te 0 c er ce d e C or do ba p e1 os ata .i! le s, N Ii) s e e m -10 XlV, as arrnas d e fogo passam das m aos d es arabes para as d es es-panh6is. Fernando JV tomou O ib raU ar e m 1 30 .8 .empregando canhoes.Outros povos passaram a empregar, como as espanhois, a artilharia.Em meados do secutc XIVJ as 8r1DaS de fogo sa o utillzadas em todosos palses da Europa oriental , meridional e central ,As primeiras ann as de fcgoeram extremarneate pesadas e dimceisde manejar es 6 podiam ser transporradas desmemadas. Mesmo as ar-m as de pequeno calibre eram muito pesadas, uma vez que n a o se co-n heoiam as proporcees q ue d eve h aver en tre 0 peso da a rQ 1 a e 0proje-til e entre este e a carga explosiva, Apesar destas dlflculdades, estasarmas Ioram usadas !laO apenas em cercos, m as tambern a bordo denavies de guerra. Em 1386. os ingleses eapturararn dais navies de guerraarrnados com canhoes,Urn aperfeicoamento con - iderave l da artilharia teve lugar duran-te 0 seculo xv. A s b ala s de pe dra foram substituidas pelas de ferro;a fum dicao d e canhoes p as sa a e m pr eg ar 0 ferro eo cobre. A s c a rr e ta sd e artilh aria foram aprim orad as e 0rransporte r ev e g ra nd es a va ne os ,Aumenra a veloddade de tiro. A estes Iatores se devem os exilos deCarlos VIn na Italia. Na batalha deFornovo, as franceses deram maistires em uma hora do que os italianos em urn dia.Maq u ia ve l e sc re ve u s ua Arte da guerra co m 0prcposlto de mos -trar os tn eios d e re sis tir a a rt il ha ni a p el a dlsposi~o cu idadosa da in-fantaria e da cavalaria, M a s os lralian os, se m d uv ld ar,n ao se satisflz e-ram apen as com esta solucao e d esen volveram sua propria industriamllltar, Antes da epoca de Galileu, 0Arsenal de Vencza ja havia ill-e an ea do u rn d es en vo lv ir ne m o c on si de ra ve l. F ra nc is co 1 o rr no u coma artllharia urn corpo a parte e com ele derrotou as at e entao invencf-v eis la nc as s utc as .Os primeires trabalhos t-e6r;icos sabre ballstlca e artilharia datamd o se culo X V I. E m 1 537 . T artaglia proc urav a determiner a t r aj tt o ri ad e u rn p ro je tl l e esrabeleceu que urn ingulo de 45D p er rn it e u rn alcancem a io r d e tir o; e la bo ra u talll'bli:m t ab cl as d e t ir o. V au no cc bi o B i ri ng uc ci o40

    estudouo processo de fundica,o e, em 1540, .introduziu melhorias con-sld erave is na producao d e arm as, H artm ann inven tou um a escala decalib re , por meio da qual cad a parte d a anna podia ser m etJld a emr ela va o a o diimetro in te rn e d o rube , 0 q ue perm itiu um a certa padre-nizaeao na producao de armamentos e abriu caminho para a introdu-C a o de prinoipios teoricos fundamentados e leis empi r i as d e tiro.

    B m 1690 , na Franca, com eca a func ionar a prim eira eseola d e ar-tilharia. Btn 1697, Saint-Remy publicou 0 primeiro manual completed e artilharia, EI lJ f h l$ do seculo XVI l , a artilharia ja h av ia perd id o seucarater medieval e arte anal e side lncl.ulda como parte ccraponentedo e xe rc ito e m todos o s p at se s.A dlversidade de calibres e modelos, a pouca confiabilldade dasregras empi r ioas de tiro, a quase absoluta aussnoia d e principios balls-ticos bern fundarnemados se tomam insuportaveis ja em meados doBetula xvn, Por este motivo, comeca a ser realizada grande quantida-d e de e xp 'e rie nc ia s s o br e a s r ela co es e nt r e calibre e c ar ga , e ntr e c allb re ,peso e camprlmento do nibo da armae sobre 0 ren6mena do reeuod as pe cas quando at i ravam.o progresso da balistica caminhou em paralelo cam 0 trabalhodes mais preeminentes ffsicos. Galileu deu ao rnnndo a teoria da traje-l6 ria parab olic a d os proje te is : 'U orrlc elli, N ew ton , Je an B e rn oulli e B u-Icr, preocupados com a tra,jet6ria de urn projet.U no ar, estudaram ar elliS le nc ia d o a r e as eausas d a d ee iinacao do percurso,o d ese nv olv im en to d a artilharia prOVOCOll , por sua vez , um a re-volUl;ao na c on st ru ca o d e f or ti fi ca co es e fortalezas , apresentando enor-me." ex igenc ias a arte d a e nge nh aria. U rn n ov o tipo d e fortifle ae ao, c ommuralhase terra, quase paralisou, emmeados do seculo XYn, a a f , 1 a odaartilharia, 0 que, por sua vel, serviu de impulse para se u desenvol-v im e n t o p os te r io r.o deseuvolvimento da arte m i li ta r c ol oc ou o s s eg ui nt es p ro bl em a s:

    tcnicos:Balfstica interior:1. 0 estudo e aperfeicoamento dos processes que OCOTrem em umaarma de fogo durante 0 disparo;2. a solidez da anna combinada com 0menor peso possivel;3. metedos c om o d os e p re ci so s para garantir a pomaria.Baust tca ext er io r :4. a L r aje to ri a d o projetil no vacuo;5, a trajetoria do projetil no at;6. como 0alcanee depende da resistencia do ar e da velocidadedo projetil:7 . 0desvio do projetiJ da mjcroria calculada.

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    As bases Lukas destes problemas tecnicos gaO as seguintes:1. 0 estudo d es jirocessss que ocorrem na anna de roga exigemo conh ec im en to do processo d e com pressae e expansao d es gases , aq ua l, a ss im como 0 Ienom eno do recuo (le l d a ac io e reat;ao), e um aq ue sta o f un da m en ra lm e nr e r ne ea nic a;2. a solidea daarma de fogo coloca 0 probfema do estudo da re-

    sistencia doa materials e de como Lesta-Ia; este problema, que tern tam-bern grande importancia para a construcao - naquele momento~ - eresolvido por meios puramente mecanicos : Galileu .deu atencao consi-deravel ao problema em sua Demonstraciies matematicas:3. a q u es ta o da trajeroria do projeti] no vacuo consiste naresolu-~o do problema da queda livre des corp os sob a int1uenci~ da gra:ri-dade e a conjugacao de seu movnnemo de transla~ao com a queda U-vre, Portantc, nao deve causar es t ranheza que Galileu tenha dedtcadcgrande ate n~ ao aQ problema d a q ue da liv re d os c orpos. Ate Clueponteseu trabalho estava relaclonadc com os I n te re ss es d a artilharia e da ba-lis tica ped e ser aprec lad o pete Fato d e: eom ecar suas Demonstmoiesmaremtiticas com um a dedlcaroria ao s venezianos, na q ua1elogia a ati-vtdade do arsenal de Veneza, cujc trabalho oferece um material valio-so para 0 estudo cientifico; 14. a trajet6tia de urn projetil no ar e urn caso particular do preble-rna do movimento des corpos em urn meio reslstente e da dependeneiaentre a resis tencia tlo meio e a veloeidade do mevimento;5. a d e sv lo do projetil d e sua t ra je to ri a c a lc u la d a pede oeorrer emc on se que noia d e um a medlficacao It a velocidade in ic ia l, d e uma rnu-d anca na d en sid ad e d a atrnesfera ou devido a influencia da rotacaoda Terra: todos estes sa o problemas de tipo purarnente meeantco:6 . tabe las d e tiro pod em ser traeadas, c as o s eja m re so lv id os o s p ro -blemas de balistica exterior e conhecida a teoria geral da trajet6ria doproj6ti l em um rncio resistente.

    V im os, assim , q ue se d eix arrn os d e lad e 0proc esso m esm o d e pro-dut;ao de armas de fogo e de munieao, q u e e uma C J . l J e s L i i o de melalur-gia, 0$ principals problemas colocado pela anilharia, nesse perlodo,eram es encialmente d e r ne ca nl ca ,Os temas do fisica daepoca e conteildo dos Principia:Bxaminemos, agora, de modo ststematico, cs problemas de fisica

    levantados pelo desenvolvimeruo do transporte, da industria e da ml-nera~ao, Deve-se notar, antes de tudo" que se trata de preblernas denatureza puramenle mecanica .Analiseremos, alnda que d e m od o multo gensrlcq, a ~ema ' ica prin-cipal da fisic'a durante a perfodo no qual 0 capital. rnercantll cstava se42

    ternando a forea econOmka predominante e a manufatura cerneea ase desenvolver , isto e , a perfodo que vai de prrncipies d0 seeulo XV'llat e it egunda metade do seeulo XVH. Nao Incluiremos os t rabalhos deNewton no. campo da fisiea, um a vez que estes seraoobjeto de um aan alise espec ial, U ma com parat,lao d os te rn as fund am en tals d a ffsicanos permlle deterrninar a Lendencia principal dos in reresses desia disci-plin a n a epoca im ed latam en ie an te rie r e n a contemporilnea a N ewt on .1.0 problema das maquinas.slmples, do plano inclinadee as pro-blemas gerais da estat ica foram estudades pOT Leornado da Vinci C O n sdo seculo xv), Ubaldi (1577). Cardano (meados do eculo XVI ' ) , Ste-Vi D (1587) e GWile.u ([589-1609).

    2. A q ueda livre dos corpos e a traietcria de corpos lancados fo-ram estudadas par Tartaglia (anos 30 do.seculo XVI), Benedetti (1587),Piecolomini (1597), GaLiLeu(1589-1609), Rieciol i (1651), Gassendi (1646)e pels Accadernia del Cirnento. (A palavra italiana cimento deve aqulser traduzida per experiencia.)

    3. A s le lS d a- hidro e aeroslatica e da pressao ~ ~ rr to sr er ic a' a b om -ba de ar; a mevimentc dos cerpos 'em um meio resistente: Stevin, emIln do secula X VI e princlpics do XVIl, como engenheiro e insperordas instala~oes terrestres e aquaticas da Holanda; Galileu; Torricelli(primeiro quarto do seeule xvn); Pascal (1647-1653); Guericke(165~-1663), engenheiro do exeroiro de Gustavo Adolfo e construtorde pontes e canals; Roberto Boyle (anos 70 do secnlo XVl1); Accade-mia del Cimento (1657-J667).

    4. Problemas da mecanica celeste e da teoria das mares: Kepler( l609), Gali leu (1609-1616), Gassedi (1647), W re n lal1 0S 60 do seculoXVIf ) . Halley nos anos 70 de seculo XVH, Robert Hooke.

    Os problemas aeirna rnenclonados abarcam quase toda a tematieada f1siea daquela epoca, Se compararmos esta serie biisica de ternascom os problemas Itstcos que encorttrames ao aaalfsar as demandastecnicas d e t ransporte, vias d e coraurucacao, in dustria e guerra, ficabastante evldente que-a tematica fundamental d a f fs ic a e st av a deterrni-nada por estas demandas.

    De falQ. 0grupo de problemas colccados no prirneiro paragrafoinclui 0 prob lemas fisicos relac ion ad os c om a rn aq uin aria d e elevaeaoe all meeanisrnosde tIansmissao, lrnportantes para a industria de mi-nera~ao e para a arte da constructe, 0 segundo STUPO de problemastern urn signifioado fundamental para a artilharia e celoeaas tarefasTisicas basieas da balfsrica.o terceiro grupo de:preblemas e de grande importancia para 0bombeamento da agua ~ a ventilacao das galerias das minas, para afundiQao de minerios, para a construeao de canals e eolusas, para a

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    balistioa Interior e para 0calculo da forma dos navios. 0 quarto grupee de enorrne importancia para a navegacao,Todos estes sao, por suas carae te r fs t icas , problemas de meCdn1ca,G que nio signiflca que, nessa epeca, outros aspectos de rncvimented a m a te ri a nae tenham sido objeto de estudo, E nesse perledo que a6ptica comecou a se desenvolver e quesurgem as primeiras observa-c o e s sabre a. eletricidade estatlca e 0 magnetismo. .En tr e a s i nv; c sl ig ac; :o e s esdio as relativas ao magn.etismo, que.se de-senvolveram sob a influencia direta do estudo do desvio da bu s ela nocampo magnetico da Terra, 0que foi observado pela primeira ve z du-ran te as v iage ns m arftim as a gran de s distinqias. GUbe t t ja e ecuparados problemas d e) m ag ne tism o te rre str e, ta nto par s ua n at ur ez a quan-to per ru a 1111ponincia espe If'lca, problemas de signi.ficado bastanteecundado: a extensao das pesqulsas eo desenvolvimenro matematicodestas questdes (com excecao de certas leis da 6ptica geometric a, quetiverarn consideravel im.ponltncia para aconstrucio de Instrumeates6p tiic os ) e st av am ber n atrasades em rc la \ ;! aQ a tl:).c'd..nica. N o q :U e se re-fere a optica, esta c: i t!ncia reeebeu s eu p r in c i pa l impUiso daquelesprc-blemas t e c r u . c o s que eram retevanres pam a navega~o maritima. N e a -se pertedo, a 6ptica: se desenvolveu atraves do e,studo do preblema dotelescopic.Comparando os principais problemas tecnicos e ffsieos da epocacom os das jnve.~tigaQaes que dominavam a flsica no pedodo e m e stu -d o, c h eg am o s a ce nc lusao d e que estes temas cram deterrninados, prin-cipalmente, pelas tarefas eeonomlcas e tecnicas que a burguesia em as-censso colocava em prirneiro plane. 8Durante a epoca do capital mercantil, 0 desenvolvimento das for-'Oasprodutivas colocou para a iSnoia uma .serie de tarefas pnitioas. exi-glndo sna solucao, A dencia oficial, concent rada nas unfvers idades me-dievais, nao apenas Mofez tentativa alguma de solueienar estas tare-fas, como se OPQS anvamente ao desenvolvimento das eiencias natu-rals. As universidades, do secule xv ao XVII, eram es centres cientlfj~co s do feudalismo, nao apenas portadoras das lradi~oes eudais comotambem suas ativas defensoras, Em 1655, durante a [uta entre as me. ptres artesaos e as trabalhadores, a Sorborme defendeu advarnerue aque-les me tres eo s i s t ema corporative, dando respaldo aos mestre com"pro vas da ciencia e da s sagradas eserituras",Tedc 0 sistema pedagogico das univeraidades medievai s expressao sis tema fec\(Jado da e;scol!is~ica. Nelas n~o bavia lugar para as ciSn-cias naturals. Em Paris, em 1355, foi . autorizade a eru;ino da geome-tria de EucHdes apenas nos feriados. as princIpals manuaiB de "c ien-das naturais" eram as l ivros deArist6teles, dos quais todo e eontelidovjtai b.avia sido expurgado.9 Mesmo a mediciJl3 era ensinada comoUJ;na cianc1a d e c arate r 1 6gic o. Ninguem estava autoriz.ado a e.studar44

    ruedicina a Illio ser que houvesse previamente estudado logica por t resarras. E verdadeque para a admissao aos exames de medicina 0 estu-dante deveria enfrentar uma questao que nao era de carater Iogico: apre-sentar certi ficado .de que era fruto de urn casamento legal; mas e 6b){joque este argumento. ilogieo n a a era '0empecilho essential para 0 co-nhecimento da .medicina. 0 famoso ci:rurg.:i[o Arnalda de Villan(!)va~de Montpellier, reelamava que me sm o < ' I S professores da eseela de me-dicina cram lacapaaes nao apeaas de curar as doeneas rnais comunscom o ate de aplicar cllster num dcente.

    Com a mesma forca com que as relal;:oes feudais ob oletas luta-yam contra os novos e p rog r es istas m eio d e producao, as unlversida-des feudais cembatlarn a ci8ncia nova. Aquila q ue n ao s e e nc on tra vaern Aristoteles; para elas simplesmente nao existia, Quando 0padreKircher (princtpioa do seeulo XVTI) sugeriu a um professor provincialje su {t a q ue o bs er va ss e, a tr av es de t el es co pi c, a s recem-descobertas man -chas solares, este respondeu: "Einuti1, meu filho, Eu l'i Aristoteles duasveaes e mlio encontrei nada em suas obras sobre manchas no sol. Niloexistem tais manehas. BIas aparecem dev:i.do a bnperfci.cnes de seu te olesc6pio ou a defeitos de sew pr6prios olhos. " Quando Galileu inven-tau e tele sc opic e d esc ob riu as fase s tie Venus , a s c om pa n hl asm e rc a n-ti in eressaram-se por eu telesccnic, que era superior aqueles feltria Holanda; mas os fil6sofo eseolastieos das universidades se recusa-vam a ouvir fala:r n as n ovas descobertas;j'Nes devemos sorrir, meu caro Kepler - esereveu com amar-gura Galileu, em 19 de agosto de 1610 - "diante da grande estupidezd05 homens. 0 que se pede fazer a respeitc des fiI6sofos mais impor-tames da escola daqui, que, com a teimosia de uma vlbora, apesar deccnvttes repetidos mais de mil veze.s,JJao quiseram sequer olhar os pla-new nern a Lua nem mesmo 0 proprio telescopic. Os olhos destes ho-mens estao completamente fechados para a luz da verdade. B incrtvel,mas nao me surpreende, Este tipo de genre pensa que a mosona e co-rna urn livre ... e que a verdade deve ser procurada nao no mundo,nao na uautreza, mas no co n fronto de textos."

    Quando Descartes resolutamente se declareu contra a ffsica aris-totellca das qualidades ecultas e contra a eseclastica da universidade,e ne on tro u u ma oposi~aoepfureci.da de Rorna e da Sorbenne. Er n 1671,a, te61ogos e medicos da Universidade de Paris exigiram uma determi-l~a9iogovernamentaI cendenando os ensinamentos de Descartes.Bm uma s.

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    na ec!li~ao latin a d os Principia de Newton, L e ss er e . Ta cq ui er a ch ar amneeessdrio acrescemar a s e gu in te nota:"Neste tereeiro l ivre, .Newton aplica a hipetese do movimento daTerra, A . < ; supasiQ0es do autor aao podern ser explicada a naa er eombase nesta bip6tese. Par iSSD, somes oompelldos a agir em nome deOULTO. Mas nos abertamente deelaramos que.acel tames as determina-yoespublieada pelos ehefes da 19r~a con Ilia 0 mevimentc da Terra."A s u niv ers id ad es p re para vam , q ua se e xc lu si aments. eclesiastlcose juris tas. A Igrej il . era 0 centro lnremacional do feudalismo e ela pro-pria grande preprietario feudal, uma vet. que lliio menos de urn tercedas terras cios paises eatolieo: Ihe pertenciam. As universidades rnedie-v ais e ram Un) in tru men te pod eroso da hegernonia da 19Feja.Enquanto isso, os problemas tecnleos que acima delineamos exi-giam urn enorme conhecimento teonico e esmdos extenslvos de mate-matica e flsica.o tim da Idad Media (meados do seculo xv) se caracreriza parurn g1'3U mais alto de desenvolvirnento da jn,hlstri~ criada pela bur-Kllesia medieval . A producae agera se tamara ma i s p er fe lr v, variadae em larga escala, um a escala de m assa. A .s rela~oes cornereiais esta-yam mais desenvolvidas, A,p6s a noite escura da Idade Media , ebservaEngels, a dencia comeca nevament a s e d e se n vo lv e r com uma velooi-dade maravilhosa, gracas ao desenvolvtmento da industria. Entretan-ie , os problemas teenices que -menuionarnos requeriarn i n ge n te s c o nh e -cimeraos te Qru co s e in te ns e ap re nd iz ag em d as matematicas e d a , Pf si ca .Desde 0 tempo das cruzadas, a industria havia avancado enorme-mente e rinha urn volume de nQvOS feuos a seu eredito (a rnetalurgla,a mineracao. a industria militar, a industr ia de eorantes) que supriamos estudlosos nao apenas L:UIl l material original mas tambcm com novas melos de experimentacdes, permitindo l;l consLruc8o de nov os ins-trumentos. Pode-se dizer que a ciencla experimental sistematica se tor-nou passive! a partir dessa epaca, Mais ainda, as grandes descohertasgeograficas, que , em ultima insLancia, tambern haviam side determi-nadas pelos in te re ss es d a producao ofereceram urn maLer ia l enormeat e entao inacessfvel it ftsica ( d emo magnetise), a astronemia. a me-re oro le gia e .3 . bo tan lc a, F in alm e nte , n es se perfedo apareee u m lnstru-mente pederoso para a difusao do conheeimento; Q. imprensa. J IA eonstrucao de canais, eclusa e navio ; a eonstrucao de pecose de minas, sua ventilacao, 0 bombeamento de agtla; 0 projeto e coos-tTuil'l de arm:as de flDgo e de feftificat;oe:s; 05 problemas de ballitica;a prodw;:ao e projeto de InslJ1umentospara a navegaQao' a de&cobertade metod o s p ar a 0eSLabe1ec imen~ode rotas ma r it lm a s - t ud o i st o e lc ig iatim tipo de hornell') Lotalmence diferente daquele que ate entia esravasendo preparad0 pel~ universidade.s,

    JI1no tereeiro quarrel do seculo XVI. ao especificaro minima deconhecimentos requeridos de urn top6grafo de minas, Johann M'ate-sins mostrou que deveria domlnar 0metedo de triangulacso, ccnhecerb e rn a g eome tr ia euelidlana, s ab er ut1 U~ a b ussola, n ecessd ria n a COflS-trUl;ao das galerlas; deVeFia poder calcular a wte~io correta de umagalena, entender a eonstrocso de bombas d'agua e equipamentos paraventilayao. Mosrrou, ainda nulls, que as -obras de escavacao de gale-rias exigiam engenheiros com formacao te6rica, uma vez que este ira-balho e tava multo alem da capacidade de urn m in eiro c om um e scminstrueao,

    Em vista disto, fica 6bvio que adO era pesslvel obter esie lJpO deconhecimento nas un iver idades de ent~o. nova c ie nc ia e re sc eu e mlu ta c om as universldades, como Ulna c j~ n ci a n ao -u ni ve rs it aT ia . A l ut eentre a universldade e a cieucia nao-universitar ia . esta ultima a send eodas necessidades da burguesia em ascen ao, era urn ref lexo, na esferaid eo lo gic a, d a luta d e classes en tre a burguesia e 0 feudalistno, A c i e " Q -ci a floresceu passe a pas s o com 0 desenvelvlmento e florescimerrto dab ur gn e si a, P ar a d e se n vo lv e r s ua indlislria. a burguesla n e e es sl ta v a d e :um~ ciencia que iavestlgasse as propriedades materials do, corpos eas Iormas de manifesta!;ao das forcas da natureza, Ate entao, a den-cia havia side servidora lnrmiide da Igreja e nao estava autorizada aul trapassar os l imires estabelecidos pe!a f e . A burguesia precisava daciencia e a doncia cresceu rebelando-se contra a Igreja(Ettge1s). Destemodo, a burguesia entrou e m conflito com a Igreja fe-udal.Alem das escalas proflsslonals (escolas paras. ronna~o de agri-mensores eeugenheiros de minas e para 0 treinamento de oficlals daartilharia), 0 eenrros da nova oiencia natural sao as sociedades cientl-f icas das unlversidades. Nos aDOS 50 do seculo XVH, foi fundada a fa-mnsa A.c!J"d.dernia del Cimento, e m Florenea, teude omo proposta 0estudo da natureza par rneio da I:,lxperimel1ta~o. Entre seus membrose s tavam c len r ls i as como Borelli e Viviani. A Academia era a herdeiralnre lectual de G allle u e Torricelli e con tin uou suas obras, S en le m a era. .provare e riprovare" (provar e novamente provar.)Em 1645, surge em Londres urn ctrculo de estudlosos da naturezaque se reuniam semaaalmente para discutlr problemas cientff lcos ene-va s de s cobe rt as , Destes encontros se formou, em J661 1 a Roya. l SQ-iety I onde Sf re un iam as e ie ntls tas m ais e rn ln en te s d a Illg iat e- rra e q ue ,em oposj~io a e sc olas tie a u niv ers ltari a, ad oto u c om o s eu lema: nul/iusill verba (nao acreditar nas palavras), Robert Boyle , Bruncker, Brews-ter, W ren . H al L e y e R obe rt HOD ke tornaram parte ativa na Sociedade.Urn de seus m em bros m als notavois [oi Newton .Percebe-se , pertanto. como a burguesia em ascensao eolocou 3'Sc ien cias n aturais a seu ser-v jQ Q .a serv ico d o d esen volv im en to d as fOr-~3(S produtiva5. NaqueJe tempo a classe ma. is progressiBta, a burguesia.

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    e xi gia a o ie nc ia m a is progressista, A r ev ol uc ao i ng :l es a dA u rn estimulopoderoso ao desenvolvimente da Iorcas pr0dulivas.Surge a necessidade de resolver problemas na e apena ernpirica-mente, mas de fesum.if , ' simeticamente e estabelecer urna base ~eQricaIiOlida para a soluyio per metodos gerais do conjunto de problemasda flsica, colocados para a solu~o irnediaea pelo desenvalvimento danova tecnica, Como j~ demons t ramoa, 0 complexo basteo de proble-mas era aquele da nll:;dlnica.A optioa tambem comeca a se desenvolver nesse periodo, mas assuas principais pesquisas estao subordinadas aos interesses da navega-Cao e da mecanica celeste.E importante notar que Newton cbegou aoestudo dos espectros a partir do renomeno da aberracao aromatica notelescopic. Este r es um e e n el cl op ed lc o do problemas l ' isiacs f oi e qu i-valente a criat; io de uma estrutura harmonica demecanica te6rica quesuprisse 08metodas gerais de rosolu~ao das tsrefas do mealinica terres-tr e e c ele ste . A o om p (! )s ic ao d es tc trabalno coube a N ewt on . A p1'6priad en or nl r ta~ io d e s ua 0b ra mats hnpertaare, Pr in cf pi os ma temat ic o s dafilosofla Tlatural (J687), indica que Newton se DIOPOS esta rarefa desisrem arizacao. -

    Em sua introdu~ao ao s Principia, N ew to n e xplic a q Ue a m e ctln ic aapJicada e a teeria das maquin l l s simples ja haviarn side elabcrsaasanrertormenre eque sua tarefaconslstla nao em "disouiir as varies o n -cios e em resolver tarefas setoriais, mas em ofereeer urna doutrina danatureza. mediante 0estabelecirnento das bases m ate matic as d a f{ sic a" .o Prll1dpios estiio expostcs numa llnguagern rnatemariea ahstra-ta e e m v llo proc urare rn os, n essa obra, um a exposicao do proprio New-ton sobre a relacao entre as problemas que coloca e resolve e as exi-gencias tecnicas a partir das quais tais problemas surgiram, Assfm co-m o 0 m etod ogeoraetric o d e expb~Clio oao feio m eio pelo qual New-ton f ez s ua s d es co be rt as , e st e s er vi a, em s ua o pin H io , c om o um a vesti-menta valiosa para apresentar a solupao per ele enconlrada co m on-tIOS rneios; em trabalho tratando da "filosofia natural" na o se devcmincluir referencias a fonte "inferior" da qual patte a cria~ao cient: ifica.Tentaremos demonstrar que 0 "amago ierrestre" dos Principia e taconstitufdo. justamente. par aquelesproblemas tecnicos analisados aei-rna e que determinararn fundamentalmente a lematica da fi ica naepoca,A pe sa r d o c arate r matematrco abstrato d e exposi~ao adotado noPrincipia, Newton nao so mo era um e sc ol as dc o e ru di lO , d iv or oi ad oda vida, c omo , no sent i do integraJ da palavra, estava no centro dosproblemas e in teresse s le cn ic os e - f isicos. de seu'tempo.A t'onhecida carta de Newton a Francis A!\ton revel a uml'l visaomuito clara de sellS am pl0 s in teres ses tecm eos . E sta carta foi es critaem 1669 ap6s Newton ter s ido,m estido em sua c al ed ra , ju sta m e ntequando estava acabanda 0,prLroeiro esboc;od e s ua trona d c i . gravita~o.

    o Ievem Aston, amigo de Newton. estava para vialar par variospafses da Europa e pediu-Ihe instrucces sobre como utilizar mais ra-cienalmente sua viagern e informacoe sabre 0 que era especialmen edigno de ateneao e estudo nos palses continentais.Resumindo, as instrw;oes de Newton eram: estudar diligentemen-te as mecanismos de condllcio des navies e oSlDe todos de navega~o;examlnar atentameate todas as Fortalezas que encentrasse, seu msto-Uti de consuucao, sua r e s ist !e r tc ia a ataques I! suas vantagens na-defesae familiarizar-se co m a organizacao milltar em geral, Estudar as rique-zas naturals do pais, em especial as metals e minerals, e conhecer 0metodos de sua exlraio e purificaeao. Estndar os metodos de obten-Cliode metais a partir de minenios. Averiguar se de fate na Hungria,&loaquia e BQemia, perto da cidade de Ella, ou nas rnontanha daBoemia . n~o longe da Silesia, havia rios cujas a g l l a S cenrinharn cure.e rti fic ar- se ta mb ern se 0 metoda de obter OUIO de rios aurlfe ros m e-d ian te am algam a c ern m ercu rio perrn an eeia urn segredo au se j:1 s e t or -nata urn conhec imen to geral, Na Rolanda deveria visiter uma fabricapara U PQJiml:l ll ti lde Ieutes que havia sido recentemente fundada. De-verla averiguar como os bolandeses protegiam seus navies cont ra 0 ara-q ue - d os gusan os '1 2 e m sn as v iage ns para a fn dia. A v eriguar se as re lo-giQS tinham algum uso na determinaeaoda longitude durante expedi-QOesmari timas a lugare d is ta nte sv O metodos de transformacao deurn metal em OUITO, po r exemplo f-erroem cobre OU qua lquer metalem mercurio, eram especielmente (!ignos de atencao e estudo. EmChemnitz e- na Hungria onde havia minas de ouro e prata, dizla-seIuesabiam come transformaro ferro em cobre mediante a dissolll~iiodo f~rQ em vitrtolo, fervendo-se depois a 5011lll,iio. a qual ao esfr iarIiberava ocobre. "inLe anos antes, 0 aeide gut: pessufa esta ncbre pro-priedade bavia side importade pela lnglaterra, m as no memento na oer a nmiS P I ') SS IVel obte~Jo. P rov av elm en te , p re fe ria m e xp lor a- le e le s P T6 -POo-na tJ. ll1sformalj. io do ferro em cobre ao 1nves de vende -Io .Bstas tiltimas instrucdes, tratando do problema de transformacaodos metals, ocuparn quase metade desta mensa carta, lsto nao e sur-preendente, pois a epooa de Newton er a ainda multo rica em pesquisasalquimicas. Os alquimistas sao, geralmeate epresentado como umaespeciede magieos a procura da pedra filosefal. Na realidade, porem,a alquimla estava diretamente ligada a produgiio eo misterio que en-volvia os alquimistas nao deve ocnlrar a verdadeira naUlreza de suasptlSqulSWl. A transforrnaQao dos metais.,co!,lstitufa urn imporfante pro-blema t :ecnico, uma vez que as minas Ctecohre da epoea eram muitopoucas e as atividades militates e a funcli"ao deean.b5e!leX lg i am multocobre.o desenvolvimento come-rcia!precisava multo de meios de troeae as minas de OUID europeias nao podiam satisfazer ta l demanda. Jun-

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    tamente com 0 impulse para 0oriente em busea de ouro, houve umaintensifioaejio d procedimentos para transformer rnetai . comuns emcobre e OUTO.Desde sua [uventnde, Newton sempre se lnteressara pelo proces-so s metal u rgic es e m ais ta rd e a pl:ic ou c om grande s uc es so s eu s c on h e-c imentes CI l' LseUt raba. lOO na C as a d aM o e d a. Bstudou cu idadosamen-te as classi'oos ,da alqulniia e Fez 1l0La.s exrensas em suas obras, 0 quemostra Sell grande interesse petos processes metalurgicos.Durante 0 perlodo lmediatamente anterior a seu trabalho no Te-sourc, de 1683 a 1689 esrudou a obra de Agnfccla sabre os metals: se uinteresse principal era a transformaeao de metals.Newton, Boyle e Locke mantiveram urna correspondencia exren-sa obre a quesUio da transforma~o dos metais e trocaram formulaspara a t.raruformaIT1paI1 l1 iqdas Indias Onien-tals , com un iceu a New ton sua f6mluJa p ar a a tr a1 ts fo rm a r;a :o d e m e talem ouro.Quando Ch a rl es . M o n ta gu convidou Newton para trabalhar n o T e-souro, nao 0 fez apenas pOTamizade mas porque tinha em alta estimaos conhecimentos de Newton sabre metais e rnetalurgia,E interessante e importanle notar que, conquanto tenha sido pre-servada U(IU\ documentacae muito rica sabre as atividades puramemec ie n ur tc as d e N ewt on , 0 m e sm o r ui o ocorreu n o q ue se re fe re a s ua sailvidades na esfera teenica, Nero mesmo as materials que indlcaramsuas atividades no Tesouro foram salvos, ainda que se saiba que fezmuito para aperfeieoar 0 processo de fundicao e ounhagem de moedas.Layman Newel, que estudou e pecificamente a questao das ativi-dades tecnlcas de Newton, soJicitou ao dlreror do Tesoare.coronel John-S0n, pe rmis sao p ar a e xam i nar o s m a te rial s reterentes a s atividades deNewton na esfera dos p r oc e ss e s l e co ico s de fundi~ao ecunhagem paro cas iao d e b tc en te na ri e d e N ew to n. Em s ua re sp os ta , JohnsonD infer-rna que nenhum mater ia l foi preservado obre este aspecto do trabalhode NeWLOn. Tudo que seeonhece e seu exten 0 memoranda para 0 chan-celer da Fazenda (J "J 17) sobre a questao de um sistema bimetalico e 50-bre 0 alar relative doouro e c ia prataem diferentes paises. Este memo-rando dcrnonstra que os interes es de Newton na o estavam restrite a squesloes teenicas de prEldw;ao de moedas mas seestendiam tsmbem aosproblemas eeonomieos da circulaciIo rnonetaria.Newton tomou parte ativa e foi assessor da comissao para a revi-silo do calendario e, ern seus papeis, encontra-se urn trabalho - "Ob-servaedes obre a revisao do Calendario Juliano" - no qual propoeuma r ef or m a r ad ic al. J4

    Ci tamos to.dos estes fatas para nos opormos a tradiQiio que fa iestabeledda na litetatura. apresenta:ndo Newnon como urn ser 01fu:lpi-S C I

    GO, pairando aclma de todos es interesses "terrenos " tecnrcos e eco-nomicos, de sen tempo, e que se mo Ia apenas nas alturas do pensa-mente abstrato. No enramo, como ja fot dito, as Principia jus ificamraj interpreta~Q de Newton, ainda que este fato nao corresponda arealidade.Se examinarmos 0conjunto de lnteresses aoima esquematizado,sera faeil notar que abarca quase inteiramerrte 0 oomplexo de proble-mas derivados das necessidades de transportes, de comercic, de indus-tria e das a tividades militates da epoca.Passemos agora a analiSe do centeudo dos Principia de Newtone c on si de re m os q ua is s ao s uas inrer-relacees com a tematica da pesqul-a em fisica no period a.Nas definicoes e axiomas au leis do movimento estao expostos asfundamentos tcoricos e metodologicos da mecanioa. No primeiro UVTOha uma exposicae de ta l hada das leis gerais do movimento sob a a~iiode forcas centrais. Deste modo, Newton estabeleee os principios da me-caniea, trabalho iniclado par Galileu. As leis de Newton oferecern ummetoda geral par il a , re s ol uc ao dagrande maieria, da tarefas d: e tipomecmico.Oisegundo livre dos Principia, devotado. ao problema do rnovi-menro dos corpos, interpreta uma erie de questees relacionadas coma complexo de problemas ja indicados. As primeiras lreS ecoes destelivre referem-se ao moviniento dos aorpos em urn meio resistente enosdiferentes casas em que a resiStencia depends da velocidade (resi t e n -c ia linear, resisteneia proporcional ao q uad rad o d a v elo cid ad e e re sls-[Sncia proporcional, em parte, a primeira pOlencia e, em parte, asegunda),

    Nas l ic6es da primeira seyao, Newton indica que as casas linearestern urn interesse mais materndtice, inerente aos fenomel1os naturalse se dirige para urn exarne detal hado dos cases que se observam no rno-vimente real dos MrpOS no aT.HCome indicarnos antes, quando anallsamos as problemas fisioosda ballstica, cujo deseovolvimento estava vinculado ao da artilhariapesada, as tarefas eclecadas e resolvidas por Newton a o de grandeimportaneia para a balistica exterior.A quinta s~ao do segundo livre se refere aos fundamento da hi-drostaitca e da f1utual;ao dos corpo .Nesta mesrna secao se examinama press!? dos gases e a ccrnpressao de gases e liquidos sob pressao.Ao an all sar m os o s p ro bl em a s te cn lc os c olo cad es pela CQnstrul;ao d enavies, cana: i .s , equipamentos para hornbeamente de-:: igll8 e para ven-tilacio, vlmos que a tematica fisica d e s re s p ro. b lemas se reduz aos Fun-damenres da hidrostatiea e da aerostauca,A exta ser; :ao '(rata do movimen~o de pendLlio em um meio resis-tente. As leis que governam a o.cila~ao do pendulo matematieo e fisic

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    co no vacuo forarn descobertas por Huygens, em 1613, e aplieadas acoDstrur;aa de relegies de pendulo ..P ela earta de New.ton a Aston,d epr ee nd e- se a im p or ta .n cia q ue a dq ulr ia rn as rel6gIos d e p8n dU lo n ad ete rm in ac ao da lo ng itu de . Esta apucayao d es [elogios d e p@ nd ulo te -vou HU),gCIlB a dcseobcrta da forea centrifuga c de mudanca ua fercade aelera~iioe de gravidade. Quando os re logios de p!ndulo Ievadosper Richer de Paris para Catena, u; em 1(73) apresentaram umatra-so. Huygens pede explicar imediatamente 0 fenomeno c,omo resultadoda mul jan~a na aceleraeao da torea da.gravidade, A delloJtLinaCi0 daobra prmclpalde Huygens - D os reJ6gios de pendulo - demonstraa i: .lllportancia que ele atribuia a estes instrumentos,Os trabalhos de Newton dao continuldade a esta orientacao e, 85-sim com o com a resistenc la, em que passa d e urn caso rnatematioo dom ovim en tc d os-c crpos e rn .um meta reslstente a urn easo real d e movi-m e nte , n es s a OC iL Sili o.do exame de pendulo mate matico passa ao exa-me do movirnemo real de urn pilnd1.:ll@ em um meio resistente.A s etim a s e < ; : a o d o se gun do liv ro e ded leado ae prob lem a do m o-vimentodos l iquid as e a resis tencia dos corpos empurrados. Nesta se-~ao, sao tratados problemas de hidrodiaamica, entre as quais 0pro-blema do fluxo dos l iquldos e da Agua em tubas. U. se indicou ante-r io rm e n te qu e todosestes _problemas s ao d e importancia cardeaJ ni l .cons-t rw;:M e equlpamento de eana lse eelusas e no ealeule d a s h lS ta la c6 e sde bombeamento de: ; igua.Nil.mesma ~e~. dO'fl..'1tllda!ia..q as leis quegevernam a queda decorpos em urn m e lo r es iste nte (a gu a ou ar), Como sabernos, estes pro-b le m as s ao -d e consider.tvel.im.ponincia na delenniDa~ao da ua je t 6 1 'i ade urn corpo Iancade, como as pI'ojeteis. de artilharia.o terceiro livre dos Principiae dedieadeao "sistema de rnundc'e tratll des problemas do movimento dos planetas e dll LUll e da,~ano-malias deste Ultimo. Tambsm se referea aceteracao da forca de gravi-dade e s ua s varlaeses, em r e la t; :ao com 1 :1 problema do movimento desi-g lial d os c ro nor ne tro s e m v iag en a m a ritim a s e c am 0p ro ble m a d as mares,Como menetonamos, ate a i n ve tw 8 .o d e eHlhOmel~o, 0 mov imen -to da Lua tiilha uma hnportanda fundamental para a delcrtn:ina~il.oda longitude. Newton retcmoua este prcblerna m

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    Ihe a e.poca de Newlon, as lutas de elasse durante a Re vQ l uc 8 0 I ng l. es ae as teorias polltloae, fllcsoficas e religiosas, 'como reflexes nas men-res de seus eontemporaneos, destas lutas, 'Quando a Europa emergiu da ldade Media, a burguesia urbana

    em ascensao foi sua classe revnlueionaria, Sua pasi~o na soeiedadefeudal toma-se ml:lito restrita e seu d e se nv ol vi m en to l i' \. (t :eposterier re -sultara In co mpartv el com a esrrutura feud al.A grande luta da burguesia enropela centra 0 f euc la li S ff io alcan-eou sua lntensidade mais alta em [res baralhas importantes e decisivas:(1) a Refonna na Alemanha, com a rebeliao politica de Franz Zikken-

    gen, e a Grande Guerra Carnponesa que seguiu; (2) a Revolucao de16491688 na Inglaterra; (a) a grande Revolucao Ftancesa.Ha, entretanto, uma grande di Eerencu:n.tre a Revolo!;io France-sa de 1789 e a Revolueao Inglesa, 0 feudalismo tta Inglateera haviasido m inado desde a epoca da G uerra das Rosas. 'A a ri st o JTa c1 8 n gl e-sa, e m prinelpios d o se culo x vn , e ra de origem r e la tl v amen r e r e c en t e .D e n ov en ta p are s corn assento no Parlam en tc em 1621 , quarentae doishaviam recebido seus dtulos de nobreza de James I, enquanto a Iinha-gem dos OULfOS datava apenas do seculo XVI. Isto explica a estreita re-lacio entre a alta nobreza e os prirneiros Stuart. Esta caracteristica danova aristocracia permltiu-Ihe assumir com facil idade urn compromis-[$0 com a bt ..u"guesia.Foi a b ut~ 1.J.esia urban a q ue ln ieiou a Revoluo Inglesa e as pro-p ri et ar io s d e t er ra (yeomen) das z on as c en tr al s q ue a e cn d uz ir am it vito-ria ..0 ano de 16g8 foi 0memento da alianca entre I i l . burgnesia em aseen-sao e os grandes proprietarios de tetras feudais do passado. Longe dese OpOT ao desenvolvimento da industria, a aris tocracla inglesa, desdea epoca de Henrique VII, nao s6 aio sccolocou contra 0 desenvolvi-menta industrial como, pelo ccntrario, precurou extralr tucros dele.A burguesla estava lie tornandc urn segmento r ec on he eid o, a ln daque modesto, da classe dominante da Inglaterra, Em 1648 a burgue-sia lutou ao lado da nova aristoeracia contra a rnonarquia, a nobrezafeudal e a Igreja dorninante. Em ambas as revolucoes a burguesia ro ia classe que realmente eneabecou 0 mcvlmento. 0 proletariade e ase am a da s u rb an as que na .p pem :e n eiEun it burguesia, QU que n ao ti nh amnenhurn interesse d lferen te d aq ueles d os b urgueses, airrd a n ao con sti-tularn cia ses desenvolvidas independentes ou parte de uma classe, Epor este motive que, quando se opuseram it burguesia como par exem-plo em 17934, na Franca, Iutararn apena pels realizaeao dos interes-ses de burguesia, ainda que nao a rnaneira burguesa,

    Na grande RevoJulYao Franeesa de 1189. a -ourguesla, em aliancacom a povo, lutou contra amonarquia. a nobreza ea 19reja domihame.o Terror P ran ce s n ao e mais qlJ,e a [email protected] plebeia cOnLra os Ini~migos da Revolucaa: 0 absoluJ:iamo e 0 r~udalismo. 0 mesma podera54

    ser dlro do mevimenro dos iguali tarios (le:vellers) durante a RevolucaoInglesa.As revolucdes de 1648 e J 789 n a o foramsomente inglesa ou Iran-cesa, Foram revolucoes de dimensdes europeias: nao apeaas represen-tavam a vitoria de uma classe determinada sobre a vetba estrutura po-lftiea, aomo ahriram as portas para a organizacao polltica da neva so-ciedade europela.

    "A burguesia triunfeu. Mas a vi[oria da burguesia signiflcou en-cao a vit6ria de urna nova formacao social. a vitoria dos direitos depropriedade burgueses sobre os feudais, a vitoria da nacao sobre 0provinclanismo, da competicao sobre as corporacoes de oficio, da di-visao da propriedade sabre a primogenrtura, do domlnio do proprie-t.ario da terra sobre a escravidao iI . Lerr.a,a v i~ 6ria d a ed uc acso sab rea supersLicao. da familia sobre 0nome de familia, da indUstria sobrea iJldoH!ncia heroica, do direito burgu@"ssabre es privi legios rnedie-vais" (Marx).A Revolucao Inglesa de 1648. -1688 fai uma revolucao burguesa,Colocou no' poder os "aproveitadores" que havlam despontado sobreas capitalistas e os proprietaries de: terras. A Restauraeao nao significou, d e modo a lg u m , 0 re stab ele cim e nto d a ergan.iza(:o feudal. Pelocontrario, na Restauracae, OS proprietarlos agricola destruiram a es-l ru lU ra f eu d al de propriedade da terra. Na verdade, Cromwell estavaa, service da burguesia em M censao. 0 empobrecimento da popu1acao,como premIssa da ctia~ao de urn preletariado livre, ocorre - precisa-m ente - ap6s a r e vo lnc ao. Enesta rnud anca d e elasse d om inan te Q uese eneontra 0verdadeiro significado-de nrna revolucao; 0novo iste-rna s oe io -e co no m ic e e m farma~ao produz urna n ov a c la ss e d om ln an -teo Nino esta a p rin cip al d ife re nc a e ntre a inlerpretar;ao de Marx e aque-1a d os histcriadores Ingleses tradicienais, em particular de Hum e eM a!:aulay.Como urn verdadeiro tory, Hume valoriza a Importancia da revo-lUQ3,ade 1649 e da Re rauracao, e depots, da revolucao de 1688. ape-nas sob 0 aspecto da destruicao e do restabeleeimenlo da ordern. Con- .Gena severarnente a rebellio ocorrida durante a primeira Revclucao esauda a Restaura~Q como urn rneie de re s tabe leelmen lo cia ordem, Sim-patiza cern a revolucso de 1688. Que ccnsidera urn sto constituelorral,apesar de tlao achar que tenha side um simples restabelecimento davelha liberdade; seria a abertura de urns nova epoca consritucional,em que n a '~predomrnio do principio popular".

    Para Macaulay, a revelucao de 1688 esta intlmamente relaciona-da com: a primeira revolucao. Mas a revolu~ao de 1688e, para ele, "arevoltu;ao gloriosa" preeisamente POI 's e r consti tucianal . Macaulay es-creveu sua l,istoria da revolu(:ao de 16881media tamenLI ! ap6s G IS farmide 1848 e l1evela seu m OO o d .o proletariad o e d e sua posslvel vitoria.:5 5

    mailto:[email protected]:[email protected]
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    Relata com alegria e orgulho q ue 0P arla ra en te , a c deper James ll .truncou, observou detalhadamente todos os preeedentes e chegou m "C i -rna a reunlr-se nos antigos saloe~.vestinde es trajes preserito peloritualA lei e a constltuicao cram vistas como verdades nao~hist6rica5,se rn r elac ;:ao c o m .a c la ss e d om i n an te ; d ea le m od o I fica feohad 0 0 cami -nho para a compreensac d a v er da de ir a e ss '@ n cia da rev:olw;:ao.T aJ e ra a d is tr ib uic ao d as f or ca s c la ssis ta s a p6 s a r ev olt1 l;:a o I n gle -sa. As principais tendencias fiios6t'icas da epoea , im ed ia t ar nen te pre-cedendo e seguinde a revolucae, eram:O roate riallsm o, q ue se originara e m B ac on e q ue e stava re prese n-tado na epoca de Newton por Hobbes, Tolland, Overton e, em parte,por Locke.o sensualismo Idealista, representado par Berkeley. H. Moo re ti-nha um a posic; :ao proxima.Ainda rnais, havia urna t en d e nc ia b a st an te forte d e filosofla m o-ral e d eism o, representada p or S haf 'te sb ury e B O lin gb ro ke .Estas t end@ncias fi los6flcas exist iam e se d es en valv eram n as con -dic;oes complexas da luta de classes. cujas prlncipals caracterlsdeas fo-

    ram esquematizadas acima,Desde a epoca da Reforrna, a Igreja se tornara ur n dos principalsbaluartes du peder u < ; t monarquia. A oTg"c:mizaVcioclesiastiea era doseom pon en tes d o s i s tema do Estado e 0 re i e ra o c he fe d esta Ig rr eja e sta -tal. James I gostava de dizer: "Se na o h8 . blspe, nijo M rei." Todosudito de urn: rei ingles devia pertencer a Igreja do Estado; quem naepertencia era considerado antor de urll crime contra 0 Bstado.A lnta contra 0 poder absolnto.do rei era, ao rnesrno tempo, urnaluta contra 0centreiismo eo ab solu tis mo d a Igreja estaral dominanle;port allto. a l uta poUtlea d a burgn esia em aseensae eontra 0 absclutis-m o e 0 feudallsrno era conduzid a sob a bandeira da d em e cr ac ia .r el l-giosa e d a tole rin cia em materIa de f e .

    o nome coJetivo de "puritanos" Sf aplica a todos as partldariosda purificRltaO e democratizaedo da Igreja dorninante. 1 3 precise dis-tin guir en tre as puri1anos, enrretanto, a t en d e nc ia mais radical d os in -d e pe n d en t es d a qu el a faecao maiseonservadora d os p re sb tte ri an os . B s ta sduas t en d en ci as f or m av am . a base d e partides polftitos.Os parridarios d es presbiterianes reoresentavam as eernerclanresacasracos da burguesia urbana. Osludependentes tinham c om o $up or teos estratos mais democraticos rurals e urbanos, Deste modo, tanto aluta de classesda burguesia contra oabsolutismo como a luta das ten-denc ias dentro dos quadros da_pr6p .r ia bU;J ;gue&iae do eampesinatc fo-ram' d is pu ,ta do s s ob 0 manto da reijgiao.As tendencias religiosas da burguesia f or am f or ta le c id a s ainoam ais pe lo d ese nvolv Un en LO n a In glate rra d e d outrin :as materialistas.56

    R ev is em os ra pld am e nte a s p rin cip ais e tap as d o d es en volv im e nto d o 1Da-teriallsmo nessa epeca e seus representantesmals importantes.Bacon foi 0criador do rnaterialismo, que se formou na luta con-tra os escolasdcos medlevais, E1e qneria Iibertar a humanidade dos ve-lhos precoaeeitos tradicionais e criar ummetodo para eentrolar as for-ga s da n aturez a. B m sn a doutrina, estavam ocultos o s e r obd ( 5e s do de-s e nvolv imen to mu l t il itU :t a l do matedallsrao."A mateda, com se u bri1ho pratico e sensivel , sorria para todaa hum an i d ad e " ( l'V Iarx ) ,N as m aos d e H obb es, 0rnaterialisrno se c on ve rts e m alga abstratoe unilateral, Hobbes 000 desenvolve 0materialismo de Bacon. apenaso s i s temat iza . A sensibilidade perd e suas cores vivas e se tran sform a emuma sensibilidade abstrata de ge6metra. Toda a variedade demovimen-te e acrificada pelo m ov im e ruo r ne ean ic o, a g ee m etr ia e proclamadaa dencia dominante (Marx). A alma viva do rnaterialismo abstrato, cal-eulista e f n rm a lm em e matematlco, nao podia estimular a a e a o revolu-cionaria, E po r esra radio que a co ncepl;a 0materiallsta d e H o bb es naoin te rfere c om sua v isao monarquis La e com sua defesa do absolutlsmo.Apos a vitoria da revoluQaQ de 1649, Hobbes foi para 0 exll io ,Mas, contemporanea ao materialismo de Hobbes, existe uma ou-m a te nd en cia rn ate rta lls ta, ln dls so luv elr ne nte .I iga da ao v er dad etr o rn o-vlmento revolucionario des igualitarios. Bncabecava esta lcndcncia Ri-chard Overton. um tea] colaborador do llder dos igua1ilarios - JohnLilburne, 0 propagandista f og os o d as ideias revolucionarias e brilhan-te panfletista politico. Em contraste com Hobbes, era um materialistapraiico, urn revolueionario,B curiosc 0 destine desse Iutador e fil6sofo. Enquante 0 110mede Hobbes e ampi t lr t J ,en te conl rec ldo e se eneontra em tod os as tex tesd e m o sa fi a', nao s e e n co n tr a uma pa lav ra se qu er so bre O ve rton ,n ioS0 nos mais detalhados manuals burgueses de filosofia, came mesmonos mals completes dlcionarios btbttograticos. Asstm Be vinga a bur-

    guesia de seus oponenres polIticos.R ic hard O verton ese re ve u pouco. T re cav a c on stan te rn en te a pe napela espada e a fUosofla pela poiftica. Sua obra 0 homem mo rta l emtodo os sentido fei publicada em primeira edi(: ,ao em 1643e, em se-gun da ed .h ;ao, e m L 65 5, .B um a c om p os ie ao n ota ve lm e nt e materialistae atetsta, Imediatamente ap6s sua aparieao, foi condenada e proibida,pela igreja presbiteriana.o manifesto do conclave presblteriano, dirigido "contra a incre-ct.ulidade e a FalSI! Fe" , c lama po r lodo tip o e le easttgo pcara,q u e r ec aiaso br e a c ab ec a deRichard Overton . "0 principal re pr ese nra nr e d a te r-rfvel doutrina do materialisma" - declara 0m anifesto - "que re jei-ta a im ortalidade da alm a, 6 R ich ard Overton , auto! de um livro sobrea mortaUdade d o h om em ".

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    Nao enrraremos no s detalhes da doutrina de Overton e d e se u des-tina - uma das paginas rnais interessantes da historiu do materialis-mo ingle-s. Mencionaremos ~penas urna parte da publicaa.o meneio-nada, na Qual Overton forrnulou, de maneira clara. as principles basi-cos de sua concepcao materialista do 'rnundo,Ao eritiear 0 contraste entre 0orpo como ma te ri a l ne rr e e a almacomo principie formadcr ativo, Overton escreve:A forma e $empre a ferma da materia, e a materia e a materialda forma. Cada uma delas nao pede existirem separado, por xi s6,mas apenas em unidade com a outra, e apenas ncsta unidade formamuma c oi sa ."Tudo que surge. e criado a partir d e e teme ru os n al ur ai s [@venonus a 0 terrae "elementos' no seruido d0S gregos an li g( : )s : a agu3. 0 ar,a terra]. Ma ludo que urgiu e material, porque oque nao e materialnao exisre,"Diferenternente da Inglaterra no rnaterialismo em 010 frances aban deira te 6rica d os republieanos e terrcristas Iorm ava a base para a"Declaraeao dos Direitos do Homem",

    Na Inglaterra, 0material ismo .revolucionarle de Overton fei ape-na a uOULrlna de u r n grupo marginal , enquanto a principal luta se de-s e n v o l v e u sob J e J 1 ; 1 a . s retigiosos.o materlalisrne ingles, (;0li10 apresentado par Hobbes, preclamava-se um a mOSODa mais adequada para Os eientistas e a s p es soa s educa-das, em eontraste COUl a religiao que era ccnsidenada suficiente paraa massa inculta, inctuiado me rno a bunguesia,Com Hob be s 0 materialisrnc, expurgado de sell reveluclonari meativo, voltou-se para a defesa do poder da monarquia e do abscluus-mo, encorajando a repressae do povo, Mesmo a nova forma deist-a dornaterialismo de Bolingbreke e Shaftesbury, nermaneeeu uma cienciae se te ric a e ar i. tocratica.o materialismo "misantropico' de Hobbes era odie 0para a bur-$uesia,nao apenas por um a heresia religiosa como tambem per seusvinculos aristocratieos.Foi por esta razaa que, em OPOSl~O ao materiallsmo e ao dcfsmoda aristocracia, as seitas pretestantes se celoearam em luta contra asStuart e forneceram as principals Iercas da 'c;lasse media progressiva(Engels).Porem, ainda mais od ioso para a burguesla do que 0 mateualrs-mo esoUnco de Hobbes eIll 0 materialismo de Overton, urn materia-lismo que servia de bandeira para a luta politics contra a burguesia,um materialismo (fue se aproxirnava de urn atelsmo militante e que,destemidamente, se opunha a , . ; preprlas bases da tdigiao. Fbi nestascond iC i5es q ue se form ou e se d esen volveu a concepcao d e rn un de sus-tentada PQ T Newton.58

    Newton e urn representante tipico da hurguesia em ascensao, eemsua filcscfia reflete as traces caracteristieos de sua elasse, Podemos,com ~eda j IlSli~a, aplicar a ele aquela caracterizacao que Engels fazde Locke, pols era tambem urn mho , tfpico do compromlsso entre asclasses alcancado em 1688.Newton era tithe de urn pequeno fazendeiro. Sua. posir;ae na uni-versidade e na sociedade, ate sua nomeacao como diretor da Casa daMaeda (l699), era multo modesta. Devido a s suas relacoes, ~ertenci.atambem a classe media . Suas relaeces filosdficas estavarn mals_p;6:n-mas de LO'cke, S am ue l C lar ke e E enU ey ;. E m SUa5 crencas religiosasNewlon era protestante, (ilodendo-se super que pertencia a sei ta dessoeinianes.l'' Era um ardente partidario da dernocracia e da lEllerAn-cia rel igiosa. Veremos mais adiants que as crencas rellglosas de New-lan formavam parte de SUBconcepcao de nruud?, . .Em s ua s pO ,! ii ~ oe s politicas. Newton pertencia ao partido Whig.DUI ;aa t .e a segunda revo]uc!o, ra i membra do Par la rn en te po r Cam-bridge, de 1689 a l690. Quando surgiu 0 conflit-o obrea questao dese prestar juramenta ao " mon are a i1 l3gilim o G uiln erm e de Orange,o que. ehegou a causar desordeus publlcas em Cambridge, ewten, qlJl.ecomo membro do Parlamento tinha que tamar 0juramento da Uni-versidade, estava a favor do jurameruo de fidelidade e do reconheci-mente de Ouilhetme de Orange como rei.Em ua carra ao doutor Cowell, N ew to n e xp oe t r e s argumentosa Iavor tic juramemo de fideUdade iii Gullherrne de Orange. Estas r~-zaes serviram para remover quaisquer .duvidas dos rnembros da Uni-versidade que ja haviam prestado juramento ao rei d eposte , 0 raeic el-nio e argumeruo de Newton lembram forterneate Il5 opinldes de Ma-cau~aye de HUliI1e,jt\ mencionada .Este perfil ideologico de Newton, eo!,"o prod ut e de sl1aclas_se, .e~-plica pOTque aqueles embrides de materiallsmo ocultes n~s ~rmcfPlOnao se transforrnararn are a construcao caerente do marerlalismo me-canlcista, similar a ffsjca de Descartes, mas se misturaranr com susscrencas idealis tas e teologicas que, em questoes filos6~cali, ehegavamr ne sm o a s ub or di na r 0 elementos materialistas da fisica newtoruana.o significado des PrincIpia nao se limita a sua, importincia paraa tecnica, Sen proprio titulo indica que se rrata de urn SIstema, de umaeoncepcao do universe. Porianto, seria incorreto restringir a analisedos contet idos dos Principia a determinacao da relacao inlrinseca coma econernia e a tecnica da epoea, que serviram a s nece sidades da bur-guesia em ascensae.

    As c i@ n cias n atu ra lS r no de rn as d ev em su a indepcndencia ao fatode se terem libertado da teclogia, s6 reconheeendo 0estude causal danatllJ'e2:a.l9 Um des lemas de luta da Renascence era: 'iO saber ver-dadeiro 56 e possivel pelo conhecimento das causasi' ("vere acire pe r

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    causas scire"). Bacon enfatizou que 0enfoque teleol6gicn eo matspe-r igoso de Sells. idola.w As relacces Teals entre as coisas se encontraramna causalidade mee.ni.ca. "A natureza ccnhece apenas a causalldader ne ce nic a, to dc s a s nessosesforees d ev em s er d ir ig id os paJ8 0se u 1$-tude. "A COllCe:pQiornecanicis ta do universe leva necessanamente a umaconcep t; :ao mecaai c is r e da causalidade, Descartes estabeleeia 0' princi-pia da causalidadecomo "uma verdade eterna "', Na lnglaterra, o.de-termiuismo mecanicista veio a Set geralmente.acei to, ainda que entre-meado, muitas vezes, com dogrees religiosos (. a seita "Christian Ne-cessarians", a qual perteneia Priestley). Esta combina.; :ao peculiar -lio earacterfstica dos pensaderes Ingleses - tambem se encoutra emNewton.A aceitacdo universal do. prindpio da eausalidade rneesnica comoprinclpio unieoe fundamental para a 1nvestigar,:ao cienLifica da natu-reza Sf d eve ao pndereso desen;volvirtu:nto da pr6pria mecin ica . OsPrincipia d e N ew to n, S ilo u ma ap lic ac 3.o gr ar 1d ios a deste prihclpioaoM$SO sis tema planetaric . ,A "elba: teleolegia foi para '0,inferno", masapenas no que se rcfcre a natureza inorgnoica eELmccfinice terrestree celeste.A idIa fundamental des Prin.cipiaconsisteem representar 0me-vimento des planeiru; como conseqU!ncia da soma de duas Iereas: urnsem dir~o ao Sol e, a eurra, 0 impulse original. Newton detxouestetmputsc fulcia1 para Deus, po :OOm "proibiu-Ihe qUl: l l ,qU!: l inlervenyJoposterior 110 sistema solar" (Engels).Esta "div1saO do trasalho" t'inica na d~ao do un iv e rs e entre Deuse eausalidade era . caracte r fs t iea do enlace f ei to p el os fH6sofos inglesesentre 0 dogma religiose e os princIpios materiiili.s[ss da causalidadem e c . a n i c a : .o recoaheclmenro do carater modal do .movimento e a negacaoda materia em movimsnro como ca u s su i iriam conduzir Newton, ine-vitavelmente, a concepcao do tmpulseodginal. Deste ponto de vissa,a ideia da divindade no-sistema de Newton ,000 e causal, mas eslA or-gan itamen te v incu lada a S il as opinioes sabre a materia e 0movimen-to, asstm com o 'a sua opini'8::o scbre 0-,espa~> em c ,I J]o deseuvelvimen-to sofreu uma grande In:i1ueneia de Henri Moore.E oeste ponte que se observa toda a debilidade da concepeao filo-s6fJca geral de Newton acerca do universe. 0 pri.ricfpio da eausalidadepuramerue mecaruca eonduz ao eoneeite de it:lfci0 divino. "0 infinitoabsurdo" eta cadeia universal do detenninismo meeanico culmina noim pulso in iai.a,) , ab rindo as portas para a teJeologi.a;. _Assim, 0signifkado dos Principia nao se limlta ao s problemas deflsic.a, uma vez que temgrande interesse melodd16gico. No te-tcelTO li-vre dosPrim:ipio, NeWitall expoe 0 "sistema do'munda", Na "Obser-60

    va!, ':iio" geral do terceiro livro (na terceiraedi

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    " Po r I ss o, a U n ie .a e x pl ic ac ao possivel c on sis te e m ad m irir u rn c ria-doc divino do universe que- sablamente distribui os planetas, de talmodo que reeebam a luz e 0 calor necessaries."Mais adiante, ao analisar a qnestao de po r que as planetas, comoresultado de causas naturals, podem se por em mevimento, Ne\tolimostra a Bentley que como , eonsequencia da fot~a de gravidade, quee urna causa na tur a l. cs planetas pedem se mover, m as naD podem nun-ea se transladar periodicamente em 6rbi~as fechadas, pois para isto se-r ia n e c es s ar ia umcomponente tangeneial. Po rtan to con clul N ew to n,em nenhum case e possf ve l exp li car , pelas C8\1Sas naturals, as trajet.6-rias rea i s d os plaaetas e n em a e si ru tu ra d b u ni ve rs e; p on ar uo , ao exa-m inar a estrutura do universe f ic a e Vid en L e a p re se nc e d e u rn e lemen todivino e racional.Mals adiante, examinando a questao da estabil ldade do sistemasolar, Newton aponta que ur n sistema tao maravilhosamente eonstrul-do, no qual a velocidade e a massa dos corpos e!;Liioreunidos de talmodo que se enconrram em equilibria estAvel,so poderia ser criadopela cazao divina,

    Esta concepcao de Newton, com seu reeurso a razac divina comoprinclpio superior, criador e primeira Iorea motriz do universe, naoe acidental, mas e consequencia necessaria de sua concepcao do fun-damentos cia mecaniea,A primeira lei de Newton obre 0 movimento atribui a materiaa p rcp r ie dade d e conservar aquele estad o em q ue se encontra. Porem,c omo Newton considerava apena a form a m eean ica do movlmento,seu ecneelto de "estado da materia" e equivalente ao estado de inerciaau a translecao rnecanica. A maler ia , sobre a qual D aO atuem forcasexteraas, innuenoia. pade seenecntrar em urn estado de repouso OUem um estado de movimenro retillneo e uniforme, Se urn corpo mate-rial se encontra em repouso, apenas urns forca externa pode tira- lo desseestado. Se um corpo est! em movirnento, apenas uma forea externapode mndar esse movimento.Portanto, 0 rnovimente naoe urn atriouto imanente a um corpo,m as urn m od o que a ma t er ia pode nao pessutr, Nqte sentido, a ijlal.e-ria, egund o New ton e inerte no en tido com ple te do palavra. Esern-pre necessaria urn impul 0 externo para coleea-la em rnovimento oupara alterar ou deter este r nov imen to .Ma .t s a in d a: c om o N ew to n aceha a exist!ncia de 11 m espaco abso-I ut o e i m ev el, p ar a ele illerciae pos$fyel ram b em c om o merc ia absolu-tal desta maneira, e possfvel do P011tO de vista ffsioo a existeoela demateria absolutamente im6ve.l e na o meramente imovel em um deter-minado sistema de referenda. E . claro que tal concepcao modal do mo-v im e m o c le ve c on d uz ir i ne vi ta ve 1m e n te it introdur;Jao de um a t'or

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    da CODSerVao da quantidade de rnovimento nao e.acidental, mas sur-ge do faro de tanto Descartes como Newton serem partidaries da redu-Il'aode todas a formas de movimenLo a . translaQao mecAnica e Mo can-siderarem a problemada transiQao de uma forma de movimento paraDutra, 0 que, como veremes na segrunaa parte deste trabalho, se devea raz oe s profundas.Engels tern 0 grande mer i to de considerar 0precesso de mevimentoda.materia uma l.J"ansi~o de uma forma de movimento para outra, Is-tolhe perrnitlu nao apenas estabelecer urn dill postulades basieos domaterialismo dialetico - 0 de que a materia e 0 movimento sao tnse-paraveis - como tambem levar a nIvel mai alto a compreensaa dalei. daconservaeso cia energia e da quantldade de rnevimeato.D e sc ar te s, as si m c om o N ew to n, Iat re du ziu D eu s, m a s I s eu D e use neeessario unicarnenre para demonstrar que a quanridade de movi-menta no universe e constanre. Nao apenas nao admire a impulse ex-lerna de Deus sobre a materia, como. pelo oontrario, eonsidera quea distancla e uma das propriedades fuadamen te ts da divindade e, per-tanto, em sua crtacoes nao podemos pressupor ificonsta.nci~ alguma,pais com e S L a suposiQao e st ar ta m os a dm l tl nd o a incanst~ncIa do pro-poe Dcus.l.!Desta maneira,a razao pela qual Descartes intrcduz Deus e dife-rente da de Newton, ainda que a divinidade tambern seja necessariaem sua concepeao, pais Descartes nao tern urn criteria totalrnente con-sequente acerca do auto-movimento da materia, ,Durante este periodo em. que Descartes e Newton estavam enan-do as suas eoncepcees sobre a mate r ia e 0 mevirnento, embora algom oos tard e (an os 90 d o ! lecmo XVlI), e ac on tram os e m John Tolland DInaconcep~a-o materialisra, muito mais conseqtlente, da correlacaoentremareda e movimemo.Ao criticar as oplnioes de Splnoza, 'Descartes e Newton, TolJanddirige seu ataque principal contra a c011cepo do carater modal domovimento. "0 m ovlm en to" - argumenlava Tolland em sua quartacarla a Sirene - "e a propriedade mais essenclal da materia. ta o inse-paravel dela como a gravidade, a impenetrabllidade e a dimensao. De-ve entrar como parte de spa defh1icao", ,"Bsta e a uniea eoncepcao' - 'rolland muito justarnente aruma_ " que oferece um a ex plicac ;:ao racional da le i da.eonservacao da. quan-tidade de rnovlmento, pais resolve t0daS as dificuldades sabre a exis-lenda de uma forca motriz". No materialismo dialetico de Marx, Bn-gels e Lenin, a doutrina do autemevimento dq materia. teve seu desen-volvimento plena. 0 transcurso comple te da frsiea'contemporanea de -meastra a justeza desta doutrina. Na fisica eontemporanea vern sendamais e r o m aeeite Ii) cdteriode que matEria e mC)vime11 t0 sao insepani.-v~is. A ffsica conternporanea rejeiL2I a repouso absoluto.

    Como resulrado da ~ignWca~~o universal da lej da conservae;ioe transformacao da energia, cada vez mais e reaftrma a cencepeao dacorrelacao entre materia e energia desenvolvida por Engels. Esta e aunica que oferece uma compreensao real da lei de transfermacso daenergla, e que sintetiza os aspectos quantitativos e qualitativos destalei, unindo-a organicamente com 0automovimento da materia.Indieamos anterlormen e a relacao existente entre a lei da inerciae a eoneeito de mat-eria lnerte, e 0 espaco absolute de Newton, MasNeWton nao se restringiu apenas a cooce~ao fisica do espaeo, c deu-lhe tambem uma concepcao fllo Ofico-Lcot6gica.o materialisrno dialetico considers 0 espaeo urna forma de exis-t e o c . i a da materia. 0 espaco e 0 tempo sao as condicces originais da(:}ristencia de tod os as seres, e, portam o, a espaco ~insepaflivel da rna-reria. Toda materia existe no espaco, mas 0 espaco existe apenas namateria. 0 espaco vazio, d ivorc iad o da materia , e me ta ab5traQiio 16.gica au m ar ern atlc a, C ruto da ativtdade do n0550 pensamente, a . quaJn a o c o rr es p on d e coisa real alguma,Segundo a test. de Newton 0 espaco pede Set separado da materiae 0espaco absolnto conserva guru; proprledades absolutas prec isamen-te porque existe independenremente da materia, Os COTpOS materialsestao no espaeo C(lQlO que IlJUIl reeipieate. 0 espaeo newtoniano naoe spenas uma forma da existencia da materia, mas apenas um recepta-culo, independeme d e st es c or po s .e co m existencia autonoma,Tal e a coIlCCP9aO de espaeo exposta nos Principia. lnfelizmenre,nao podemos entrar aqui em uma analise detalhada desta concepcso.Observaremos apenas que ela esta intimamente relacionada com a pri-meira lei do mevimeruc.A.pos ter deflnido 0 espaco como urn recipiente , separado d a rn a-tEria. Newton naruralmente se pergunta qual e a essencia desse reci-piente. Ao resolver esta quesdio. Newton concord a com H. Moore, quesustenta 0criteria de-que 0 espaco e "a sensoria de Deus" (sensoriumile!).

    Nesta questao, Newton tambem difere, 'radioalmente, de Descar-tes, 0 qual desenvolvera uma concepcso do, espaco como urn. corpo f1-stco, A conceMao de Descartes nao e satisfat6ria porque identiflca amate r ia com u r n . objeto geomehrico. Bnquan to Newton Sepal a espacoe materia, De cartes - aa materializar as formas geornetricas - des-poja a materia de todas as suas qualidades, com ex:ce~ao,da extensao.Isto, e clara. tamhern e incorreto, masesta concepyao nao leven Des-canes, em sua ffsica, a s mesmas conclusoes a que chegara Newton.o que existe no espaco desprovido de materia? pergunta Newtonna que~ta.Q 28 da 6ptica. Como pede .ser que na natureza tn do res -ponda a uma ord'em e de onde provelll a hannonia do m undo? Paraeaso nao decorre dos proprios fcnOmeno da natur~za a exis1;ncia de

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    urn ser Imaterial, racional e oaipresente, para quem c espaco e urn sen-s6rio par meio do qual percebe as coisas e-as concebe e,m sua pFopriaesstncia1Vemos asslm, que, tambem nesta questiio. Newton ~ceit;t decidt-dameate 0 ponto de vista do i d ea ll sm a t ea 1 6g ic o . Deste modo"as ~G5i.-Q3es idealistas de Newton nao saoaddentais, mas erganicamente uni-das .~ s ua c o nc e pQ a 'O de mundo .EUQ. l l. an to , em Descartes encontram os a dualismo agud'o de su a ft-sica e metaftslca, em Newton, particularmente em sell ultimo periado,nao apenas na o enconrramos desejo aJg.um de separar sua eoncep~aoflsica da filosofica, como, pete eemrario, em seus P r i n . c i p i , a tenta [up-damenlar suas opinioes J;eli'gl.asas-reologjo3s.Como as, Prinrdpia s ao r e su l ta : d o das I>xig:enclas da economia e datecniea da 6poeae estudam as leis do movimento dos eorpos materials.ne)es seeaecatram, indubitavelmente, elementos de urn materialismosaudavel , Mas 05 defeltos gerais das concepedes filos6ficas de New-ton , in dic ad os ae im a, e sell es:treito l ie te rr nini smo meca ru c: :o . [ l a o 6 nioT he p er rn it em d es er t~ olv cr dt es e him e l'l lo S como, jlIcIQ c on llr iiriQ " a s c e-Ioca em segundo plan) derare da c,oncepcao geral rel igiosa-Leo16gicado u;'niverso de que Newtotlcompar.lilila,Newton era. tan:reem suas opini6es. filos6ficas como nas religio-sas e peltncas, Ii lho: de sua classe, Be se opunha ardenremente 80 rna-teriellsrno ea incredulidade, Em 1692 , ap6s a morIe de sua m a e e Qincendio que destruiu seus manuscdtos, Newteaestava em estadc dedepressiio. Naquela P c a . s U 1 0 e se re v eu a Lo ck e , com quem manteve umacorrespond8ncia sebrediferentes ques!.3es teol6gicas. uma carta aspe-ra a respcito de seu sistema filoscfico. Em carta de 16 de setembro de1693, pede a Locke que 0descalpe-por essa carta e par te r pens adoque 0. sistema de Locke afetavaos principia! de.moral, Em especial,Newton pede descirlpas per ter consld.eradd Locke UIEl seguidor deHabbes.~

    Aqui se enecntra a co[ '(nrma~o da aIirJnayao de Engels' de quee materialismo de Hobbes era odloso para a burguesia, Nao ha sequerneeessidade.de falar do mateeialisrnc de Overton -annal. ele era qua-se urn boldhevique,:U ,Q uan do L eih niz , e rn suas c arte s a p ri nc es li d e G a le s, a cu sa va New-LOn de rnaterialism o -