as máscaras humanas
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Como mostramos ao mundo que somos quem não somos. Até deixar de o fazer, claro.TRANSCRIPT
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As Máscaras Humanas
Máscara Atributos Origem A Cura
A Sedutora
Alimenta-‐se da auto-‐estima dos outros para apaziguar as suas feridas emocionais. Vampiriza. Bondosa, carinhosa, interessada e sensual. Preocupa-‐se com o seu visual e com o que os outros pensam dela. O seu maior problema é não ter consciência do mal que provoca nas suas vítimas. Rodeia-‐se de pessoas que considera mais fracas. É perigosa, venenosa e perversa, porque o seu ataque está mascarado de “amor”.
Na infância foi-‐lhe incutido que era vulgar, indesejável, não prestava, insignificante. No fundo, a Sedutora, criou uma imagem interior de si como sendo vazia e sem valor.
Reconhecer que a ânsia pela atenção, afecto e admiração dos outros é um grito desesperado da sua alma para a necessidade de dar a si mesma aquilo que parece dar aos outros. Tem que estar disposta a sentir o vazio dentro de si. Tem que compreender que aquilo que procura só poderá encontrar dentro de si.
O Conquistador
O amante carismático capaz de derreter a defesa mais estóica. Mestre da manipulação, utiliza as fraquezas das presas para ganhar favores. Peritos em avaliar os outros e descobrir os que precisam de um pouco de amor, atenção ou esperança. É culto, educado e viajado, torna-‐se facilmente no seu melhor amigo. Predador por natureza, saberá como ter acesso ao seu coração ou carteira. É dissimulado. Controla aquilo que você come, onde faz as compras e até os filmes que vê, para mais tarde utilizar esta informação em seu favor, mostrando-‐lhe como você é especial e importante. Excelentes sedutores. Polidos, astutos e secretamente hostis, podem encantá-‐lo até lhe tirarem tudo o que precisam. Mentirosos, distorcem facilmente a verdade.
Sentimentos de inferioridade e inutilidade. Sente-‐se um impotente e medíocre. Acredita que é indesejado e que sem as suas manobras se tornará invisível.
Tem que ver que apesar do seu carisma para conseguir tudo aquilo que quer, enquanto for predador nunca se sentirá bem com ele mesmo. Deverá estudar o seu passado por forma a descobrir quando é que decidiu que a sua melhor forma de sucesso seria conseguida vigarizando os outros. Reconhecer até que ponto se sente mal consigo mesmo, praticar a verdade e cultivar a auto-‐estima.
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Máscara Atributos Origem A Cura
O Subserviente
Apesar do seu comportamento ter a origem no egoísmo puro, ele é no fundo uma pessoa boa. A sua necessidade de agradar aos outros acaba sempre por beneficiar mais alguém. É uma pessoa que foi gravemente ferida na infância. Sente que a sua função é fazer os outros felizes. É uma presa do tipo predador que se sente profundamente envergonhado por nem sequer merecer o ar que respira. É uma pessoa sempre com um sorriso e com as palavras “abusem de mim” na testa. Dá tudo até não sobrar nada. Gosta de oferecer prendas, mesmo quando não tem dinheiro suficiente para si. Procura constantemente a validação de outros em tudo o que faz. Não consegue ver o quão importante é de facto para os outros. Possui um sentimento profundo de humilhação de sentir que não é nada sem os outros.
Foi educado como sendo uma criança inútil, insignificante, dispensável e indesejada. Sentimentos de profunda carência afectiva. Aprendeu a agressividade passiva.
Tem que reconhecer que utiliza o disfarce da dádiva como forma de alimentar a sua própria sensação de pertença e importância. Ao permitir-‐se sentir as emoções ocultas que reprime através do acto da dádiva, começará a reconhecer até que ponto é carente da sua própria caridade. Uma vez que aceite que não é tarefa sua fazer os outros felizes irá começar a focar a sua atenção e energia na única pessoa a quem tem o poder de agradar: a si mesmo.
O Rufia
Exuberante e prepotente. Gosta de provocar, apontar o dedo e intimidar. O Rufia quer aquilo que quer, quando quer, nem que tenha que intimidar os outros. Domina à força e a sua arma favorita é o medo. Interiormente tem um medo profundo de ser dominado. Detecta facilmente os fracos. No fundo é uma pessoa que se sente insegura e incapaz. É um cobarde disfarçado. A sua máscara agressiva esconde o facto de estar aterrorizado com a possibilidade de outros descobrirem quem é de verdade e exponham a sua insignificância.
Sentimentos de ser fraco e inseguro. Na infância vivia receoso dos outros. Vê-‐se a si mesmo como cobarde, impotente e um perdedor.
Tem que compreender que embora o uso da força lhe permite ganhar a batalha a curto prazo, também lhe granjeia muitos inimigos. Ao descobrir, e aceitar, as suas fraquezas, ao admitir que se sente impotente e ao reconhecer a sua vulnerabilidade, irá colocar-‐se numa posição de poder autêntico.
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Máscara Atributos Origem A Cura
A Cobra Silenciosa
O maior perigo da Cobra Silenciosa é que ela consegue convencer qualquer pessoa de que é inócua. A sua atitude sossegada é desarmante, provocando até pena nos outros, por ser tão reprimida. É cordial, sem ser excessivamente amigável, até descobrir o seu alvo. Partilha da sua vida de uma forma modesta. Por vezes mostra-‐se até moralista e com saudades dos bons velhos tempos. Logo que se apresente uma oportunidade irá roubar-‐lhe as suas ideias, dinheiro, ligações sociais e até a dignidade. A sua inocência aparente encobre muitas mentiras. Apesar de aparentar ser uma pessoa inteligente, para lá da fachada de doçura ela tenta esconder que é dependente, sem talento, incompetente e incapaz de sucesso por si mesma. O proverbial lobo na pele de cordeiro. É intriguista, manipuladora, astuta e dissimulada. Finge ser sensível e recatada para ganhar a sua confiança. É assolada por sentimentos de inveja e inutilidade.
Na infância criou uma imagem de si como sendo mesquinha e sem importância. Sentimentos de impotência levaram-‐na a mentir e a vigarizar. Sente-‐se incapaz e insuficientemente boa.
Terá que reconhecer que não é nada inócua. Como se vê a si mesma como uma vítima, tem que primeiro assumir que é de facto uma predadora. Deve prestar atenção ao seu diálogo interior e perceber as suas verdadeiras intenções. Terá que ser apanhada no acto para poder ver-‐se a si mesma e o que anda a fazer. O seu maior desafio é dizer a verdade. Aprender a ser honesta sobre aquilo que pretende dos outros e de si mesma.
O Impassível
Esta pessoa esforça-‐se por se convencer que está tudo bem, que não tem preocupações e que tudo está sob controle. Não há necessidade de mudar porque tudo está como deveria estar, mesmo que à sua volta haja apenas caos. Tentam mostrar que são calmas. Em situações difíceis ostentam um enorme sorriso. São pessoas mentirosas que conseguem enganar-‐se a si mesmas e aos outros em relação ao que sentem. Escolhem entre uma ida ás compras, aula de ioga ou meditação, ou uma droga, para fugir ao medo de perder o controle de qualquer situação.
Em realidade a máscara do Impassível tem a sua origem em sentimentos de incapacidade, impotência. No fundo sente-‐se um tolo, um palerma, descontrolado e extremamente sensível.
Tem que começar por reconhecer e aceitar que o mundo é um lugar imperfeito. Tem mesmo que parar de prestar tanta atenção aos aspectos exteriores e começar a olhar mais para dentro de si. Dar-‐se a si mesmo autorização para não ter qualquer controle sobre a vida. Ao abraçar os seus defeitos irá descobrir a sua humanidade.
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Máscara Atributos Origem A Cura
O Mártir
Encontra-‐se sempre abatido a salvar o mundo. Sacrifica-‐se para cuidar dos outros. Carrega os problemas do mundo ás costas porque no fundo sente que os outros são incompetentes ou idiotas. Tem sempre muito trabalho pela frente, o que o leva a sentir-‐se superior aos demais. É o herói. Muitas vezes puritano, exige dos outros mais do que o humanamente possível. É um predador que só abusa da sua presa se esta for útil ao bem comum. O Mártir é o centro do seu auto-‐proclamado universo. A sua tendência para o egocentrismo leva-‐o a que seja muitas vezes magoado pelos que o rodeiam e não entendem que ele faz tudo para o bem geral de todos. O Mártir justifica as suas acções dizendo que é para o melhor bem de todos.
Na infância foi-‐lhe dito muitas vezes que não era responsável. Sente-‐se impotente para resolver as situações que a vida lhe apresenta. Acredita no seu íntimo que é egocêntrico e descontrolado, inútil e dispensável.
Tem que começar a ver que os seus motivos não são nada altruístas, nem muito menos nobres. Por cada acto de sacrifício o ego do Mártir recebe uma recompensa dos outros, nem que seja pena. Tem que reconhecer as suas necessidades e ir ao seu encontro. Saber escolher a melhor forma de agradar aos outros e agradar a si mesmo.
A Boa Rapariga
Esforça-‐se continuamente para que os outros vejam que é uma força positiva no mundo. Onde quer que chegue traz consigo um raio de sol e um sorriso. Quer que os outros saibam que é simpática, decente, formal e correcta. Cumpre sempre as regras. Preocupa-‐se sempre com o bem-‐estar dos outros. Continuamente esquece as suas necessidades para ajudar os outros. tão empenhada está em manter esta imagem que a projecta na sua família e comunidade. Recusa-‐se a fazer parte de qualquer realidade que veja como negativa. Nunca sente inveja, raiva ou arrogância. Vive em permanente negação da realidade.
Sempre se sentiu imperfeita, indesejável. No fundo odeia o facto de que é falsa e uma pessoa má. Esconde na sua fachada sentimentos de ressentimento.
Tem que começar por estudar as experiencias da sua infância que a levaram a concluir que é uma pessoa má. Descobrir porque motivo acredita que para ser amada tem que projectar a imagem de bondade e perfeição. Tem que ir dentro de si e ver quais os seus verdadeiros desejos e sentimentos. Só quando estiver o suficientemente magoada por ser uma pessoa boa é que começará o seu processo de cura.
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Máscara Atributos Origem A Cura
O Tipo Fixe
Não sendo capaz de pedir aquilo que precisa, ele disfarça os seus desejos com a fachada de ajudar os outros. É amistoso, simpático, solidário e interessado nos outros. É o amigo de confiança. Não consegue ser ousado e directo porque tem medo da reacção dos outros, guardando para si as suas emoções e opiniões. Dedica-‐se à agressividade passiva, amuando e guardando os seus sentimentos longe da vista dos outros. Se souber que não será apanhada, esta pessoa dedica-‐se a comportamentos menos saudáveis: gritar com outros condutores, insultar a esposa e os filhos, alimenta fantasias de adultério e até destruição.
Sente-‐se como uma pessoa sem carácter, egoísta, ofensiva. Na infância aprendeu a manipular os sentimentos dos outros para conseguir o que queria. É extremamente vingativo, mas disfarça muito bem esses sentimentos. Sente-‐se uma pessoa má.
Tem que abraçar a parte de si que é mesquinha, colérica e, por vezes, má. Como passou a vida escravo da aprovação dos outros, tem que começar por colocar no topo da sua lista as suas necessidades. Agradar a si mesmo. Em vez de esperar que outros adivinhem quais as suas necessidades, deverá dizê-‐lo. O desafio destas pessoas é saber que não é muito simpático passar a vida a cuidar dos outros deixando de cuidar de si. Ao cuidar de si primeiro estará a ser honesto com a Vida.
O Bronco
A defesa do Bronco é um coração endurecido, para proteger a criança enraivecida que espreita sob a superfície da sua fachada. Demasiado passíveis para se importar com os outros e demasiado insensíveis para se ligar emocionalmente aos outros. É um predador assumido que utiliza a desculpa de ter sido magoado na infância e de ser maltratado pela vida. Na sua cara consegue-‐se ler: “não te metas comigo, pá!” Só quer que o deixem em paz, e só atacará se alguém se meter com ele. Não se importa com as regras da sociedade, infringindo-‐as continuamente. É impelido por um sentimento de impotência e de uma tristeza profunda. É muito provável que tenha sido humilhado na infância.
Aprendeu em criança que era incapaz do que quer que fosse. Sente-‐se impotente, fraco, vulnerável, carente, um palerma e uma desilusão. Odeia falar dos pais ou da infância.
Tem que descobrir quais são os sentimentos vulneráveis e frágeis que está a tentar proteger sob a fachada do bronco. Utiliza a máscara para afastar pessoas e situações potencialmente ofensivas, mas assim consegue manter também afastado o amor, sucesso e a intimidade. Tem que aprender a estabelecer limites e a saber respeitar-‐se.
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Máscara Atributos Origem A Cura
O Seviciador
Esta é uma pessoa altamente ferida e perturbada, cujo passatempo favorito é magoar os outros. É mesquinha, vingativa, detestável, controladora e manipuladora. O mais perigoso dos predadores. Nasceu sem consciência. É um espancador psicológico ou mesmo físico! Sempre à procura da próxima vítima por forma a se abstrair da sua própria dor imensa e auto-‐depreciação. Vive para provar a si mesmo que é o mais forte, melhor e mais poderoso. Pode disfarçar-‐se do oposto, sendo um grande filantropo, líder religioso, marido cuidadoso. Cuidado com este tipo de pessoa – ninguém sabe até onde é capaz de ir na sua agressividade para com os outros.
Terrivelmente ferido na infância. Sente-‐se um cobarde, impotente e traiçoeiro. Um produto danificado. Se você sente que é um Seviciador procure imediatamente ajuda profissional.
Tem que começar por reconhecer os danos que está a causar aos outros. Começar por ver que transferir a sua raiva para os outros não é nunca a solução, apesar de aliviar momentaneamente a pressão interior. A sua única esperança é pedir ajuda a um poder maior, a Deus. Terá que pedir perdão a todos os que magoou. Só quando cessar a violência contra si mesmo é que será capaz de parar a violência contra os outros.
O Eterno Optimista
Esta pessoa parece estar sempre pedrada! Sabemos quem é porque onde ela estiver só ouvimos risos, bom humor, alegria desmesurada! É aquela pessoa calorosa, que acha que tudo está bem, mesmo no meio do caos. Ser feliz é um desporto de alta competição. Reagem sempre de uma maneira exagerada e tudo é cor-‐de-‐rosa! Se algo é bom, para o Eterno Optimista é “o melhor que há”! Para estas pessoas não chega ser simpático, há que ser divertido. Mesmo ao falar de coisas tristes, esta pessoa tem um sorriso estampado na cara. Sente-‐se obrigado a permanecer num estado de felicidade, escondendo a sua tristeza atrás desta fachada. Aterroriza-‐o a ideia do pessimismo.
No fundo sente-‐se triste, resignado, pessimista, desanimado, rejeitado, desesperado. Sente que não merece ser amado se for verdadeiro com os seus sentimentos.
Tem que aceitar que a vida não é sempre um mar de rosas. É difícil retirar a máscara do Eterno Optimista porque já se convenceu que estar loucamente feliz é a medalha de ouro. Estas são as pessoas que mais facilmente afirmam não possuir qualquer máscara. A solução imediata é pedir ao Eterno Optimista para passar 10 minutos por dia em frente ao espelho a repetir o seu mantra favorito: estou tão feliz!
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O Intelectual
As armas desta pessoa são o conhecimento e a informação. Esta máscara surge na infância, depois de uma experiência que a convence de ser estúpida, insignificante e insuficientemente boa. Possui uma mente arguta e uma grande capacidade de processar e digerir informação. Utiliza estes dons para manipular os outros e manter-‐se acima deles. É o sabichão moralista, envolto em arrogância intelectual. Considera-‐se acima da confusão emocional do comum dos mortais. Vive dentro do seu cérebro. Não é fácil aproximar-‐se da pessoa que usa esta máscara, ela já sabe mais. Utiliza a lógica mental para tornar a sua máscara impenetrável.
Na infância aprendeu que não era suficientemente boa pessoa. Sentimentos de inferioridade, medos e receios de mostrar qualquer emoção. Sente-‐se um idiota e um estúpido.
Tem que aprender a abdicar da mente racional. Aventurar-‐se no mundo imprevisível, desordenado, arriscado e assustador das emoções humanas. Tem que ver que o saber é o prémio de consolação que o impede de uma ligação íntima com os outros. Ser capaz de equilibrar a mente com o espírito. Ao abrir-‐se a outras ideia poderá abandonar a sua máscara e desenvolver a verdadeira compaixão e amor.
O Salvador
O prestador de cuidados clássico. Continuamente desesperado por tornar a vida dos outros melhor, saberá exactamente o que você deve fazer para ter uma vida melhor. A sua principal reclamação é “se ao menos me desses ouvidos”! É o primeiro a apresentar soluções, remédios, respostas a qualquer problema. O Salvador precisa sempre de alguém a quem ajudar e orientar. Apesar de parecer altruísta, os seus objectivos são sempre egoístas. Encarrega-‐se sempre de tudo e toda a gente. Evita assim sentir a sua própria dor e mágoa recalcadas. O Salvador é atraído pelo toxicodependente, alcoólico e pela vítima. Uma forma de descobrir a sua máscara é perguntar-‐lhe sobre a sua vida: define-‐se em função de quem ajuda. Vive através dos outros.
Tem a sua origem numa família disfuncional – fosse maus tratos ou a presença de um familiar sempre doente. Sente-‐se carente e inútil. Aprendeu desde tenra idade a ser insensível e egoísta. Sentimentos de inferioridade abundam na sua psique.
Tem que descobrir primeiro que se define através do que dá e faz aos outros. Parar de atrair a si situações de drama e grande tensão (o seu meio natural). Tem que reconhecer que dá apenas para receber e que é vítima daqueles de quem cuida. Só quando conseguir ver que a sua felicidade depende de si mesmo e saber que tem valor intrínseco é que será capaz de estabelecer limites saudáveis com os outros à sua volta.
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O Depressivo
O incompetente de qualquer grupo. O pessimismo e a fatalidade são os seus companheiros preferidos. Continuamente à procura do que está errado na sua vida, é mestre em agarrar-‐se ás suas emoções tóxicas. São sempre os outros os responsáveis pela desilusão presente na sua vida. Agarra-‐se a um passado em que foi traído, afastando assim qualquer coisa boa que possa surgir na sua vida. Receia o futuro, preferindo agarrar-‐se ao sofrimento que já conhece do que a experienciar novas situações. Dependente da infelicidade, o seu discurso inclui “o que há de errado comigo? Porquê eu? Coitado de mim. Não me devia ter acontecido isto. Não tenho sorte nenhuma.”
Sempre se sentiu magoado por tudo e todos. Rejeitado e abandonado no passado, sente que não há soluções para os seus problemas. Pensa que é um inútil, desamparado. Sente-‐se ofendido pela mínima coisa.
Tem que ser capaz de ouvir os diálogos internos negativos que aumentam de intensidade ao longo do dia. Tem que penetrar nas suas emoções mais dolorosas e permitir-‐se expressar com segurança a energia tremenda das emoções tóxicas que espreitam sob a superfície. Ao permitir-‐se libertar-‐se destas emoções reprimidas, irá estar livre para sentir todas as emoções, boas e más. Tem que se esforçar para se rodear de pessoas optimistas e positivas.
O Brincalhão
Nunca leva nada a sério. Perante uma situação grave é capaz de se rir e fazer uma anedota. Apesar de dotado de um sentido de humor genial, aprendeu a utilizar esta máscara como mecanismo de defesa. Muito desconfortável com a sua sensibilidade e com medo da sua sensualidade, receia que a intimidade conduza à rejeição. É capaz de dizer o que quer que seja para diluir a realidade dura do momento. Procuram ser amados pelos outros através do seu bom humor e da sua despreocupação. Sob esta máscara, o Brincalhão é na verdade uma pessoa muito triste, esforçando-‐se por conseguir a atenção e o afecto dos que o rodeiam com as suas piadas.
Na infância viveu com um progenitor crítico, severo e excessivamente sério. Descobriu que ser engraçado conseguia atrair a atenção dos outros. No fundo sente-‐se um maçador, inútil, diferente, rejeitado, nada de especial. Não se sente merecedor de ser amado porque não é autêntico.
Tem que começar por ver que a sua máscara bem humorada não lhe assegura o amor que tanto quer receber. Se for capaz de olhar para as suas feridas irá ver que já é mais que suficiente. Saber que pode ser amado independentemente de estar bem humorado ou não. Tem que aceitar toda a vasta gama de emoções escondidas dentro de si. Descobrir o seu mérito inerente alheio ao seu humor.
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O Apoiante Oficial
Anseia por um estilo de vida acima da média, mas falta-‐lhe o talento e o carisma. Procura viver ao lado das pessoas influentes, desfrutando da popularidade dos seus contactos. Define-‐se pelas pessoas importantes na sua vida. No fundo não quer partilhar as luzes da ribalta mas sim roubá-‐las a qualquer preço. Imita a pessoa que admira, assumindo as mesmas convicções, atitudes e discursos. Adora a bisbilhotice e de apunhalar pelas costas. Faz tudo para se tornar um elemento insubstituível daquele que admira. É imensamente invejoso. Quando é observado trabalha com alegria e afinco, mas sozinho dedica-‐se à preguiça.
Na infância aprendeu que não servia para nada, ficava sempre em segundo lugar. Sente-‐se sem talento, nada de especial. Dissimula os seus sentimentos. Aprendeu a agradar para subir na vida.
Tem que abandonar a sombra da pessoa que admira e afirmar-‐se pelas suas qualidades. Deverá ver como se alimenta daqueles que admira e descobrir que já possui essas qualidades que tanto admira. Tem que praticar a humildade por forma a curar a ferida profunda que lhe diz que não é especial. Quando for capaz de se respeitar a si mesmo, outros também o respeitarão.
O Solitário
São pessoas que têm medo da raça humana, optando por se esconder num buraco frio e sem qualquer contacto humano. Evita o contacto dedicando-‐se a ver televisão, aos jogos ou à comida. Carrega uma dor profunda de não pertencer em lugar algum. Sente que é imperfeito, indesejado, insuficientemente bom e não prestar para nada. Acredita que se não participar no que quer que seja estará seguro. Muitas vezes é uma pessoa obesa, com falta de saúde, endividada, abusa do álcool ou drogas, viciada em compras, jogos ou no brinquedo sexual da sua escolha. Utiliza a fantasia para evitar o contacto íntimo com outros. Deixa-‐se ficar para trás.
Sente que é inerentemente imperfeito, doentio, magoado, aterrorizado, proscrito, antipático e só. Na infância aprendeu a defender-‐se isolando-‐se de todos à sua volta.
Terá que começar por admitir que está verdadeiramente só. A máscara que construiu para evitar sentir-‐se sozinho conduziu-‐o apenas a um isolamento e vergonha maiores. Terá que tornar-‐se suficientemente vulnerável para se expor, para ser visto. Ao trabalhar os seus vícios secretos irá permitir-‐se ser autêntico.
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A Vítima
O exemplo perfeito do “coitado de mim”! Uma das suas afirmações preferidas é “não posso acreditar que isto me esteja a acontecer!” É uma presa natural, permitindo que todos abusem de si. Consegue detectar situações desagradáveis mas em vez de as evitar mergulha nelas. A Vítima raramente consegue ver como ela mesma cria as situações de sofrimento. Regra geral é vitimizada por aqueles que ama. Acredita que não tem qualquer poder sobre as desgraças que se sucedem. Procura a atenção dos outros através dos seus problemas. Adora e abomina a pena.
Na infância via-‐se como uma criança antipática e indefesa. Sente-‐se indigna de felicidade. Acredita estar impotente para lidar com os problemas. Resigna-‐se facilmente. Vive num mundo triste onde não há praticamente qualquer motivo para sentir alegria.
Tem que assumir responsabilidade pelas situações que co-‐criou. Só conseguirá tirar a máscara quando assumir os benefícios de tanto sofrimento (a atenção dos outros).
O Sobredotado
É a pessoa mais dinâmica do grupo. Bem sucedido na vida, encontra-‐se quase sempre sobrecarregado de trabalho. Orgulha-‐se do número de projectos em que está envolvido. É o campeão das multi-‐tarefas! O sucesso é o alimento do seu ego ferido. Os sentimentos de desmerecimento que o avassalam levam-‐no a ganhar a qualquer custo, mesmo que signifique causar danos a outros. Nunca aceita um “não” como resposta. Sente que merece um melhor serviço e melhores regalias. Cria expectativas irreais sobre qualquer evento. Intimamente frustrado e inseguro, tem muita dificuldade em manter-‐se quieto. Sedento de poder.
Sente que não tem qualquer mérito, que é inferior. Na infância era uma criança maçadora, assustada. Vê-‐se como sendo vulgar e inútil. Tem um medo aterrador que outros descubram todas as manobras de que é capaz para atingir os seus fins.
Tem que parar de se definir por aquilo que faz. Só quando começar a dar mais valor à sua vida do que aquilo que faz é que aprenderá a desfrutar das suas realizações. Só quando se aperceber que não é aquilo que faz que o torna uma pessoa melhor é que estará livre para ser autêntico. Tem que descobrir o seu mérito sem nenhum dos ornamentos que utiliza para se engrandecer.