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Aprendizagem Organizacional por meio de Normas Técnicas AUTORES: ANTONIO RAMALHO DE SOUZA CARVALHO NESTOR BRANDÃO NETO EDSON APARECIDA DE ARAÚJO QUERIDO OLIVEIRA Resumo Em decorrência da necessidade de se manterem viáveis e competitivas as organizações de pesquisa e desenvolvimento passaram a desenvolver processos organizacionais baseados nos diferentes estilos de gestão, inicialmente, baseados em técnicas burocráticas, buscando a excelência na gestão de documentos, normatizando os diversos processos, para em seguida, utilizar as técnicas inerentes aos novos modelos de organizações contemporâneas, que buscam constantemente a difusão do conhecimento e a aprendizagem organizacional. Como conseqüência dos primeiros modelos, as ferramentas burocráticas continuaram a se perpetuar nas novas organizações, porém, com enfoques mais laudáveis que as originalmente previstas. As normas consistem entre as ferramentas que se perpetuaram, porém, além da função de padronização de atividades e definição de requisitos, tornaram- se instrumentos de aprendizagem organizacional. A pesquisa, para a elaboração desse artigo, consistiu em diagnosticar, em uma instituição de pesquisa e desenvolvimento, como as suas normas técnicas corroboram com a aprendizagem organizacional. Para o método de pesquisa foram analisadas informações documentais sobre as normas técnicas do Centro Técnico Aeroespacial e as referências teóricas das tendências sobre os modelos focados na aprendizagem organizacional. Percebe-se que as organizações de pesquisa e desenvolvimento, durante a concepção de seus processos, buscam o direcionamento para a aprendizagem organizacional, mas têm dificuldade na implementação das práticas previstas, demonstrando um ciclo incompleto da difusão do conhecimento e da aprendizagem organizacional. Abstract Due to the need of if they maintain viable and competitive the research and development organizations started to develop organizational process based in the different administration styles, initially, based on bureaucratic techniques, looking goes the excellence in the administration of documents, normalizing the several processes, it goes soon afterwards, to uses the inherent techniques to the new models of contemporary organizations, that they constantly look goes the diffusion of the knowledge and the organizational learning. As a consequence of the first models, the bureaucratic tools continued the if it perpetuates in the new organizations, however, with more laudable focuses than the originally foreseen. The norms consist among the tools that they are perpetuated, however, besides the function of standardization of activities and definition of requirements, they become instruments of organizational learning. The research, for the elaboration of that article, consisted of diagnosing, in an institution of development research, as their technical standards corroborate with the organizational learning. For the research method documental information were analyzed on the technical standards of the Aerospace Technical Center and the theoretical references of the tendencies on the models focused in the organizational learning. It noticed that the research and development organizations, during the conception of their process, look goes the going goes the

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  • Aprendizagem Organizacional por meio de Normas TcnicasAUTORES:

    ANTONIO RAMALHO DE SOUZA CARVALHONESTOR BRANDO NETO

    EDSON APARECIDA DE ARAJO QUERIDO OLIVEIRA

    Resumo

    Em decorrncia da necessidade de se manterem viveis e competitivas as organizaes depesquisa e desenvolvimento passaram a desenvolver processos organizacionais baseadosnos diferentes estilos de gesto, inicialmente, baseados em tcnicas burocrticas, buscandoa excelncia na gesto de documentos, normatizando os diversos processos, para emseguida, utilizar as tcnicas inerentes aos novos modelos de organizaes contemporneas,que buscam constantemente a difuso do conhecimento e a aprendizagem organizacional.Como conseqncia dos primeiros modelos, as ferramentas burocrticas continuaram a seperpetuar nas novas organizaes, porm, com enfoques mais laudveis que asoriginalmente previstas. As normas consistem entre as ferramentas que se perpetuaram,porm, alm da funo de padronizao de atividades e definio de requisitos, tornaram-se instrumentos de aprendizagem organizacional. A pesquisa, para a elaborao desseartigo, consistiu em diagnosticar, em uma instituio de pesquisa e desenvolvimento, comoas suas normas tcnicas corroboram com a aprendizagem organizacional. Para o mtodo depesquisa foram analisadas informaes documentais sobre as normas tcnicas do CentroTcnico Aeroespacial e as referncias tericas das tendncias sobre os modelos focados naaprendizagem organizacional. Percebe-se que as organizaes de pesquisa edesenvolvimento, durante a concepo de seus processos, buscam o direcionamento para aaprendizagem organizacional, mas tm dificuldade na implementao das prticasprevistas, demonstrando um ciclo incompleto da difuso do conhecimento e daaprendizagem organizacional.

    Abstract

    Due to the need of if they maintain viable and competitive the research and developmentorganizations started to develop organizational process based in the differentadministration styles, initially, based on bureaucratic techniques, looking goes theexcellence in the administration of documents, normalizing the several processes, it goessoon afterwards, to uses the inherent techniques to the new models of contemporaryorganizations, that they constantly look goes the diffusion of the knowledge and theorganizational learning. As a consequence of the first models, the bureaucratic toolscontinued the if it perpetuates in the new organizations, however, with more laudablefocuses than the originally foreseen. The norms consist among the tools that they areperpetuated, however, besides the function of standardization of activities and definition ofrequirements, they become instruments of organizational learning. The research, for theelaboration of that article, consisted of diagnosing, in an institution of developmentresearch, as their technical standards corroborate with the organizational learning. For theresearch method documental information were analyzed on the technical standards of theAerospace Technical Center and the theoretical references of the tendencies on the modelsfocused in the organizational learning. It noticed that the research and developmentorganizations, during the conception of their process, look goes the going goes the

  • 2organizational learning, but they fail in the foreseen practices, demonstrating anincomplete cycle of the diffusion of the knowledge and of the organizational learning.

    1. Introduo

    As organizaes da rea de pesquisa e desenvolvimento, como em qualquer organizaocomplexa, necessitam da comunicao em toda a esfera organizacional. A diferena nosestilos de gesto que demonstra se a gesto a preconizada pelos modelos da sociedadeindustrial1 ou pelos modelos da sociedade da informao2. Como um meio de comunicaoformal dos processos organizacionais esperados, as normas buscam nortear osprocedimentos para que se tornem eficazes e aceitveis.

    Entre os diversos tipos de normas possveis, as de procedimentos tcnicos que sedestacam em organizaes de pesquisa e desenvolvimento, podendo ser meramenteferramentas burocrticas ou preciosos instrumentos de aprendizagem organizacional. Nesteartigo, demonstra-se a referncia terica sobre os modelos de gesto que propiciam oentendimento da funo do instrumento normativo na organizao, incluindo aspectosimportantes sobre as organizaes que aprendem, para depois ter o estudo da interao dasnormas tcnicas com a aprendizagem organizacional, e, por fim, demonstra os resultadosobtidos no diagnstico realizado.

    2. Evoluo para Aprendizagem Organizacional

    Gouldner (apud MAXIMIANO, 2000) descreve que as Organizaes podem ser mais oumenos burocrticas, sendo que a regulamentao intensa eleva o grau de burocratizao ediminui a autonomia das pessoas tornando as organizaes mais mecnicas3, enquanto asOrganizaes menos burocrticas, possuem menos normas e consequentemente maiorautonomia para as pessoas, tornando as organizaes prximas ao modelo orgnico4.

    Em complemento ao apresentado, Robbins (2002) descreve que a organizao mecanicistapossui, alm de uma estrutura rgida e controlada, uma rede de informao limitada eextremamente centralizada, enquanto a organizao orgnica possui uma arquiteturaorganizacional adaptativa, solta e flexvel, tendo uma rede de informaes abrangentes edescentralizadas.

    Outro autor, Gerstein (1993), descreve que cada vez mais as organizaes tradicionaisesto migrando para os modelos contemporneos, criando novos modelos organizacionaisna busca de enfrentar a complexidade do ambiente que as cercam, onde as reservas de

    1 Sociedade Industrial iniciada a partir da dcada de 70 do sculo XVIII, com a inveno da mquina a vapor por JamesWatt, em 1776. Possui como pilares de sustentao os meios de transporte, a energia e a indstria, tendo o Estado comoagente de mudanas ou de construo da sociedade. (RODRIGUEZ, 2002, p.16).

    2 Sociedade da Informao e do Conhecimento - iniciada a partir da dcada de 40 do sculo XX, com o surgimento doprimeiro computador, denominado Mark I, em Harvard, por Aitken em 1944, possui como pilares de sustentao atecnologia da informao, a conectividade, a energia e, em especial, o conhecimento, tendo as empresas e redes depessoas como agentes de mudana da construo da sociedade (RODRIGUEZ, 2002, p.16).

    3 A cultura mecanicista adequada a ambientes estveis, sendo a viso de conjunto privilgio daqueles que administrame a valorizao feita queles que so leais e obedientes aos superiores.

    4 A cultura orgnica adapta-se aos ambientes instveis, onde o ambiente cooperativo do conhecimento enfatizado aoinvs da especializao.

  • 3bens, conhecimentos e competncias so distribudas, ou seja, situadas em mltiplaslocalizaes.

    O fato a ser observado sobre a evoluo dos modelos de gesto a formao e adisseminao do conhecimento, ora devido s experincias prticas dos gestores, oradevido a mtodos cientficos e ferramentais utilizados, sendo que o conhecimento sempreretorna ao local de sua produo, criando um ciclo para a aprendizagem organizacional.

    O real aprendizado, ou aprendizado complexo s ocorre,quando h um feedback loop, ou seja quando os modelosmentais, que guiam os comportamentos, so alterados pelasprprias respostas que eles provocam. Este processo, porm,no automtico. preciso que as pessoas se engajem nacompreenso de seus comportamentos e em atitudes decooperao e participao com outros. (KNELLER apudTERRA, 1999)

    Nonaka e Takeuchi (1997), em sua teoria de criao do conhecimento organizacional, nosmostra que o conhecimento humano e, por conseguinte, o conhecimento organizacional, criado e expandido por intermdio da interao social entre o conhecimento tcito5 e oconhecimento explcito6, e que, a no ser que se torne explcito, o conhecimentocompartilhado no pode ser facilmente alavancado pela organizao como um todo.

    Tambm citam que a criao do conhecimento organizacional uma interao contnua edinmica entre o conhecimento tcito e o conhecimento explcito, e que essa interao moldada pelas mudanas entre diferentes modos de converso do conhecimento que, porsua vez, so induzidos por vrios fatores.

    A espiral de criao do conhecimento organizacional elaborada por estes autores (Figura 1)deixa claro o processo que comea no nvel individual e vai se espalhando, ampliandocomunidades de interao que cruzam as fronteiras internas da organizao.

    5 O conhecimento tcito inclui a inteno, as perspectivas, crenas e valores que as pessoas formam como resultado desuas experincias. Est profundamente arraigado na ao e no comprometimento do indivduo com determinado contexto.

    6 O conhecimento explcito refere-se ao conhecimento transmissvel em linguagem formal e sistemtica, ou seja, aquelecujas regras so exteriorizadas por informaes que podem ser transmitidas a outros por meio dos sentidos humanos. representado por relatrios, base de dados, patentes, produtos e processos.

  • 4Figura 1- Espiral da criao do conhecimento organizacionalFonte: Nonaka e Takeuchi (1997, p. 82)

    A criao do conhecimento organizacional corrobora a evoluo das tcnicas de gesto quesempre esteve baseada em instrumentos normativos que permitissem a continuidade dasaes desejadas, contudo, a evoluo das organizaes tem obrigado aos gestores emdimensionarem suas aes para a aprendizagem organizacional, destruindo o paradigma7de que instrumentos de gesto de um modelo organizacional no tem aplicabilidade numnovo modelo.

    As normas foram valiosas ferramentas meramente de padronizao e controle, tendosobrevivido a reestruturaes, reengenharias e diversas outras formas de reorganizao deestruturas e processos.

    Entre os modelos contemporneos, encontram-se as organizaes que aprendem, surgidasdevido s mudanas de paradigmas, sendo vistas como aquelas organizaes onde todosesto engajados na soluo de problemas na busca do crescimento e aprendizadoorganizacional. A evoluo dessas organizaes pode ser descrita graficamente comoapresentado na Figura 2.

    Figura 2 A Evoluo da Organizao que AprendeFonte: Daft (1999, p. 457)

    Pode-se conceituar que as organizaes que aprendem, baseado na teoria de criao doconhecimento organizacional de Nonaka e Takeuchi (op. cit.), convivem com pessoas quebuscam continuamente a capacidade de criar novos padres de pensamento, aprenderemcontinuamente e a trabalhar juntas em equipes. Uma organizao que aprende umaorganizao habilidosa na criao, aquisio e transferncia de conhecimento e namodificao do seu comportamento para refletir o novo conhecimento e as novas idias.

    As normas como instrumentos de gesto passam a ser ferramentas para a aprendizagemorganizacional, longe dos propsitos burocrticos de mera padronizao, visto comoinstrumentos de disseminao das experincias aprendidas. Mesmo a principalcaracterstica de uma norma, a padronizao, se empregada num ambiente deaprendizagem, tambm servir como elemento vital para o desenvolvimento,aprendizagem e operao organizacional (AASE, 1998).

    7 Segundo Tapscott e Caston (1995) a mudana de paradigma uma nova maneira de ver algo, sendo freqentementeexigida em funo de novos desenvolvimentos ocorridos em cincia, tecnologia, arte, ou outras reas de atuao queenvolvem transformaes ou mudanas.

    3. Organizao que Aprende.

    Os empregados tm uma viso geral, tm todas asinformaes, formulam estratgias emergentes, soresponsveis pela satisfao do consumidor.

    2. Organizao em rede/horizontal.

    Os empregados trabalham em equipes, tmpoderes, so responsveis por qualidade.

    1. Hierarquia tradicional vertical.

    Alta administrao controla tudo.

    Alta administrao EmpregadosPoder de Influncia no Fluxo de Trabalho Decises e Aes

    Alta

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  • 5Dentro do ambiente tcnico, as normas so criadas de modo a facilitar a atividade dosgerentes e de padronizar as informaes que circulam nas esferas operacional, ttica eestratgica da organizao. As normas so guias que norteiam as atividades dos gerentes epossibilitam que as informaes geradas respeitem um ciclo de processos dentro daorganizao, facilitando sua recuperao e a compreenso dos resultados por meio de ummodelo padronizado, permitindo assim, uma aprendizagem organizacional por meio davivncia (VALERIANO, 2001).

    3. Descrevendo as Normas Tcnicas do CTA

    As Normas Tcnicas do Centro Tcnico Aeroespacial (NCTA), compreende em atosnormativos estabelecidos por consenso e aprovados pelo Diretor do Centro TcnicoAeroespacial (CTA), que busca fornecer diretrizes ou caractersticas para osprocedimentos e resultados.

    Silva e Ricco (1998) descrevem que a partir de 1994 teve o incio da elaborao e revisode instrumentos normativos, abrangendo as normas tcnicas, por meio de comisses com aparticipao de diferentes especialistas em gesto de pesquisa e desenvolvimento.Atualmente, continuam os mesmos critrios estabelecidos para a criao dessas comisses,tendo estabelecido os seguintes instrumentos normativos, distribudos por finalidadesconforme a Figura 3.

    Figura 3 Normas Tcnicas do CTA distribudas por finalidadeFonte: Elaborado pelos autores.

    - NCTA 0001 Redao e apresentao de normas tcnicas: anorma das normas. As diretrizes e as orientaes de como devem serelaboradas as normas tcnicas do CTA;

    - NCTA 0002 Preparao de documentao tcnico-cientfica deprojeto: Fixa as condies a observar no preparo, na redao, naapresentao, na aprovao, na reproduo e no arquivamento dadocumentao tcnico-cientfica gerada no decorrer de um projeto;

    - NCTA 0003 Procedimentos e atribuies para planejamento,execuo, acompanhamento e controle de projetos: estabelecendopreceitos e procedimentos no que respeita ao planejamento ao controledos projetos, enfatizando a importncia da elaborao do planejamentodetalhado;

    NCTA 001

    Elaborao de normas

    NCTA 002NCTA 006

    InformaesTcnico-

    Cientficas

    NCTA 003NCTA 005NCTA 007NCTA 008

    Projetos

    NCTA 004

    Qualidade

  • 6- NCTA 0004 Qualidade Certificao de sistemas: estabelecendo osrequisitos a serem seguidos pelos Auditores de Sistemas da Qualidadedo CTA no cumprimento de suas atividades na certificao defornecedores de produtos aeroespaciais, podendo ser usada pelosrequerentes como orientao para demonstrarem cumprimento dasexigncias aplicveis8.

    - NCTA 0005 Procedimentos para abertura, paralisao eencerramento de projetos: com o objetivo de complementar a NCTA0003B, estabelece preceitos e procedimentos especficos a seremobservados na abertura, paralisao e encerramento de projetos;

    - NCTA 0006 Apresentao e controle de publicaes tcnico-cientficas no CTA: Esta Norma classifica e padroniza os tipos dePublicaes Tcnico-Cientficas geradas no mbito do Centro TcnicoAeroespacial - CTA, assim como estabelece as regras para redao eapresentao desses documentos. Visa tambm a divulgao daspublicaes de autoria de servidores do CTA, realizadas atravs deoutras instituies, definindo as publicaes externas de interesse doCentro e a forma de registr-las.

    - NCTA 0007 procedimentos para elaborao do planejamentopreliminar de projeto (PPP) e da proposta de atualizao de projeto(PAP): estabelece preceitos e procedimentos, por meio de um conjuntode documentos formais, a serem atendidos na elaborao de PPP e PAP,descrevendo sinteticamente o projeto com vistas a anlise e decisotcnica;

    - NCTA 0008 - procedimentos para elaborao de planejamentodetalhado de projeto (PDP): define a estrutura bsica do planejamentodetalhado de projetos, no mbito do Centro Tcnico Aeroespacial(CTA) e estabelece procedimentos a serem seguidos para sua elaborao

    Dentre estas normas, a NCTA 0003B, a NCTA 0005, a NCTA 0007 e a NCTA 0008tratam dos procedimentos para o auxlio gesto de projetos, essas normas aproximam-sedo preconizado pelo Project Management Institute - PMI9, onde a prtica de gesto deprojetos tem seus processos interligados e enquadrados nos seguintes grupos: Processos deInicializao; Processo de Planejamento, Processos de Execuo, Processo de Controle eProcessos de Encerramento. O modelo bastante semelhante ao modelo PDCA10 (Plan,Do, Control e Action).

    8 OBS: Revogada pelo CTA devido ao cancelamento da NBR ISO 9001:1994, que deixou der vlida a partir de 15 DEZ2003 para fins de Certificao de Sistemas da Qualidade e tambm devido emisso da AS 9100:2001 pela SAE etomando-se como base uma instruo do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento (DEPED), rgo superior aoCTA.

    9 O PMI - Project Management Institute, criado nos Estados Unidos em 1969, uma instituio sem fins lucrativosdedicada ao avano do estado-da-arte em gerenciamento de projetos, tendo como o seu principal compromisso apromoo do profissionalismo e da tica em gesto de projetos (PRADO, 1999). Dentro das suas prticas da promoo dagesto de projetos est a A Guide to the Project Management Body of Knowledge, mais conhecido como PMBOK Guide.

    10 PDCA - Planejar, fazer, verificar e atuar, sendo: Planejar (Plan) - estabelecer os objetivos e processos necessrios paraproduzirem resultados em conformidade com o escopo do projeto; Fazer (Do) - implementar os processos; Verificar(Check) - monitorar e medir os processos em relao aos objetivos, metas, requisitos legais e outros, e reportar osresultados; e Atuar (Act) - tomar aes para melhorar continuamente o desempenho do projeto.

  • 7Dentro do escopo das NCTA h a definio de um prazo mnimo para sua atualizao,onde profissionais altamente especializados em normas e em gesto tcnica so designadospela alta direo do Centro para gerao de solues que sero convertidas em normas.

    Silva e Ricco (1998) descrevem que as normas tcnicas so instrumentos que evoluram deuma viso isolada e imediatista, para uma viso sistmica e integrada no processo degesto, onde cada aspecto passou a ser tratado em contribuio com o todo, caracterizandoa espiral do conhecimento organizacional preconizado por Nonaka e Takeuchi (op. cit.).

    3.1 Modelo de Elaborao de Normas Tcnicas

    A designao de Comisses empregada para a elaborao de normas tcnicas compreendeaos modelos contemporneos de estrutura organizacional por equipes. Robbins (2002)descreve que neste tipo de estrutura, as equipes so de carter permanente ou temporria,geralmente multifuncionais, criadas para aperfeioar as relaes laterais e resolverproblemas em toda a organizao, onde geralmente, os membros trabalham juntos, o temponecessrio para resolver os problemas, mas continuam a ter os trabalhos funcionais detem o integral. Daft (1999) complementa que o uso da estrutura por equipes tem comoobj ivo explorar o potencial intelectual e de resolues de problemas dos participantes,bemvan

    Estsolferrapr

    Codurtcper

    11 Npet99,0

    252,0 274,9

    163,3

    261,2

    427,5

    1232,4

    0,0

    200,0

    400,0

    600,0

    800,0

    1000,0

    1200,0

    1400,0

    0001 0003 0004 0005 0006 0007 0008

    H/H

    H/H

    como permitir que as pessoas compartilhem conhecimento e experincia para ganhartagem competitiva.

    as comisses no mbito do CTA so de carter temporrio, criadas para encontrarues em gerncia de processos tcnicos que sero convertidas em normas, comoamenta de padronizao e tambm como instrumento de disseminao daendizagem.

    mo estatstica, para entendimento da representabilidade do tempo utilizado no CTAante o compartilhamento de conhecimento e de experincias na elaborao das normasnicas (somente dentro das Comisses designadas), descreve-se o Grfico 1, onde secebe com clareza a quantidade de horas homens de cada Comisso11.

    o existe registro sobre a quantidade de horas-homem utilizados para e elaborao da NCTA 002.

    HORAS/HOMEM

  • 8Grfico 1 Tempo de elaborao das Normas Tcnicas em horas/homemFonte: Elaborado pelos autores12

    Um dos principais benefcios do tempo utilizado foi o entendimento das situaes e doseventos que ocorriam e, tambm, a troca de experincia e de conhecimento entre osparticipantes que, devido ao seus perfis, facilitam a absoro do conhecimento e suadifuso nos setores funcionais de trabalho, uma linha de atuao apresentada e defendidapor Davenport e Prusak (1998).

    A elaborao das Normas inicia-se a partir da necessidade e do conhecimento tcito de umservidor, que prepara uma proposta de norma e encaminha ao setor responsvel por normastcnicas no Centro, para anlise e incio efetivo do processo de elaborao da mesma.

    Este setor prepara os procedimentos internos e constitui uma ou mais comisses paradebater, analisar e implementar a norma tcnicas no Centro.

    As comisses tcnicas tm a seguinte composio bsica:

    - Presidente, responsvel por coordenar os trabalhos;

    - Relator, responsvel por coordenar as solues e elaborar a proposta denorma;

    - Secretrio, responsvel pela memria das reunies; e,

    - Outros membros participantes, com a responsabilidade de discutir epropor o contedo final da norma.

    Estes membros so:

    - Profissional de gesto de processos com conhecimento em normas, paraorientar sobre assuntos normativos;

    - Especialistas que possuem alto conhecimento e vivncia sobre o temaabordado; e,

    - Pessoas que contribuiro com suas experincias ou relataram asnecessidades dos usurios ou dos clientes internos.

    Durante a elaborao ou atualizao das normas tcnicas, os membros das equipesdiscutem as solues propostas e acrescentam novas informaes, empregando de tcnicasde gesto de reunies ou improvisao, dependendo da interao da equipe no momento dadiscusso das novas solues, ambiente propcio para a disseminao do conhecimento.

    Nas reunies, todos os posicionamentos e questes levantadas so observados peloSecretrio que elabora a Ata de Reunio, formalizando as informaes originadas,enquanto o Relator busca adequar as propostas apresentadas s necessidades operativas,focando no tema, na expectativa de atender as necessidades dos clientes do processo,considerando a capacidade dos usurios em participar dos processos.

    12 Em agradecimento pela informao disponibilizada pelo Analista Luiz Antonio Chiste Brando - ABNT/CB-08 daSubdiviso de Normalizao - CSG-SN do Instituto de Fomento e Coordenao Industrial IFI do CTA

    NCTA

  • 9Durante toda a fase de elaborao de normas, passa a existir uma transferncia expontnea,e muitas vezes, no estruturada do conhecimento. Descreve Lima (2004) que astransferncias no estruturadas do conhecimento so oportunidades para encontrosespontneos de mente e tm o potencial de gerar novas idias.

    Ao se ter a proposta final da norma, feita uma consulta pblica, onde qualquerfuncionrio pode participar com sugestes e crticas, tornando uma estratgia primria paraa transferncia do conhecimento, consequentemente a aprendizagem organizacional, umavez que a participao dos membros da organizao nos processos sistmicos auxiliam aaprendizagem organizacional, conforme a viso de Peter Senge (1990).

    Ao trmino do ciclo de consultas, elaborada a verso final de norma tcnica que tem suaaprovao pelo Diretor do Centro.

    Por fim, a divulgao da norma ao Centro por meio dos trmites formais de comunicao,cadeia hierrquica funcional e tambm por meio da Intranet.

    4. Aspectos Observados

    Todo o processo de elaborao das normas tcnicas no Centro Tcnico Aeroespacial, bemcomo o contedo das normas de projetos, demonstra um direcionamento para atransformao do conhecimento tcito em conhecimento explcito e para a aprendizagemorganizacional, porm, algumas deficincias foram observadas, no diferentes das demaisinstituies pblicas de pesquisa:

    a) quanto ao processo de elaborao:

    - No se realiza atualizao das normas dentro do prazo previsto;

    - A consulta pblica feita pelos canais formais, sendo que existemfiltros durante o processo, onde informaes consideradas irrelevantes,mas que poderiam vir a contribuir com o processo, so retiradas;

    - No processo de consulta existe um feedback ineficiente ao colaboradorde sugestes, desmotivando futuras participaes; e,

    - A aprovao da norma no vem seguida de um processo deconscientizao, diminuindo com isso o apoio em massa para suaaplicabilidade;

    b) quanto ao contedo da norma:

    - As normas so ricas em detalhe, tornando-se uma atividade demoradapara determinados projetos, contribuindo para uma sonegao parte doprocesso;

    - Nem sempre h confiana dos gerentes da aplicabilidade dasinformaes que so destinados aos setores superiores de controle eplanejamento; e,

    - As informaes geradas na norma no so percebidas por algunsgerentes como ferramenta de trabalho, mas apenas como informaes decontrole.

  • 10

    5. Concluso

    Percebe-se que o processo de criao e atualizao das normas tcnicas buscam odirecionamento para a aprendizagem organizacional quando se utiliza da estrutura porequipes para sua elaborao, proporcionando uma gesto participativa.

    Particularmente, ao padronizar os processos de gerncia de projetos ao modelo semelhanteao PDCA, preconizado no PMI, possibilita o entendimento do ciclo completo deplanejamento e consequentemente, um ciclo completo de gesto do conhecimento.

    A gesto do conhecimento utilizada no CTA est focada para uma melhor compreenso eminerao das informaes quando se trata de procedimentos tcnicos, porm algumasbarreiras dificultam a aprendizagem organizacional.

    Entre as barreiras, cita-se a incapacidade de se colocar em prtica o ciclo de difuso doconhecimento, uma vez que nem sempre os anseios dos usurios so compatibilizados comas necessidades dos clientes, desmotivando a participao do processo e interao decolaborao que possibilitem a melhoria contnua e a aprendizagem organizacional. Outrabarreira percebida o feedback ineficiente quanto da participao dos funcionrios e daimplementao das normas que, consequentemente, no propicia mudana decomportamento e desenvolvimento de novas idias.

    Conclui-se, ento, que a criao e utilizao das normas tcnicas do CTA traro valor organizao se a transferncia e a absoro do conhecimento propiciar a mudana decomportamento ou ao desenvolvimento de alguma idia nova, tornando realidade aaprendizagem organizacional.

    Referncias

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  • 11

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