art deco 2012

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 Maria Helena Muniz Art Deco, Comunicação e ideologia  Resumo  Art Deco é um estilo, considerado por historiadores da arte como sendo não ideológico. Inaugurado nos espetaculosos anos 20, com influência dos meios de comunicação em massa, o art deco pode ser lido como um discurso ideológico do capitalismo pelo mito do sucesso, celeração do ind i!i dua lis mo e atr a!é s de algun s aut ore s, como Da!i d "ar !e # e $heodor Adorno.  %ala!ras&cha! e' A rt deco, ideologia , moda, massific ação e moder nidade. Introdução Gray Read, em seu artigo "Art Deco Shop Fronts and the street: the Other Modernism" afirma que o Art Deco foi muito mais marcante nas cidades que o modernismo de Corusier! que ap#s a Segunda Guerra Mundia$, os historiadores do mo%imento Mode rno como Giedoion e &e%sner e'c$ u(ram o art Deco de forma t)o efica* que ho+e a maioria das hist#rias da arquitetura moderna apenas o menciona! Da%id ar%e y em Con di-)o &#s.Mode rna " tra * uma cita -) o de Ro$an d /arthes que di* "a cidade 0 um discurso, e esse discurso 0 %erdadeiramente uma $i ng uage m: a ci dade fa$a aos se us ha i ta nt es, n#s fa $amos a nossa ci da de!!!" 1AR23, 4567, p!859! Se a cidade 0 um discurso, e$a comunica atra%0s de uma $inguagem! o mesmo $i%ro, ar%ey aponta como a modernidade est; profundamente $igada a cria-)o dos modos de %ida uranos, a moda, design, massifica-)o e a osess)o pe$o no%o! A moda das cidades, inc$ui os pr0dios, ideias e as roupas, entre outras cois O Art Deco 0 considerado um esti$o pe$a maior parte dos historiadores de arte e h; uma s0rie de e$ementos em seu discurso que di*em muito sore os anos <= e >=! ar%ey cita Mies 2an der Rohe "A arquitetura 0 a %ontade de uma 0poca, conceida em termos espaciais! 1 ar%ey , 4567, p!>=9! ste artigo tem como o+eti%o ana$isar os aspectos e discursos que en%o$%em o esti$o art deco e uscar re$acionar estes e$ementos e discursos com a modernidade, ideo$ogia e massifica-)o! &ara isto usaremos os te'tos de Da%id ar%ey e Adorno e or?heimer e /audri$$ard! @remos ana$isar aspectos da modernidade e seu discurso ca$cado no pro+eto i$uminista e uni%ersa$i*ante, os aspectos ideo$#gicos da disputa de

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Maria Helena MunizArt Deco, Comunicao e ideologiaResumoArt Deco um estilo, considerado por historiadores da arte como sendo no ideolgico. Inaugurado nos espetaculosos anos 20, com influncia dos meios de comunicao em massa, o art deco pode ser lido como um discurso ideolgico do capitalismo pelo mito do sucesso, celebrao do individualismo e atravs de alguns autores, como David Harvey e Theodor Adorno.

Palavras-chave: Art deco, ideologia, moda, massificao e modernidade.IntroduoGray Read, em seu artigo "Art Deco Shop Fronts and the street: the Other Modernism" afirma que o Art Deco foi muito mais marcante nas cidades que o modernismo de Corbusier. E que aps a Segunda Guerra Mundial, os historiadores do movimento Moderno como Giedoion e Pevsner excluram o art Deco de forma to eficaz que hoje a maioria das histrias da arquitetura moderna apenas o menciona. David Harvey em Condio Ps-Moderna" traz uma citao de Roland Barthes que diz "a cidade um discurso, e esse discurso verdadeiramente uma linguagem: a cidade fala aos seus habitantes, ns falamos a nossa cidade..." (HARVEY, 1987, p.69). Se a cidade um discurso, ela comunica atravs de uma linguagem. No mesmo livro, Harvey aponta como a modernidade est profundamente ligada a criao dos modos de vida urbanos, a moda, design, massificao e a obsesso pelo novo. A moda das cidades, inclui os prdios, ideias e as roupas, entre outras coisO Art Deco considerado um estilo pela maior parte dos historiadores de arte e h uma srie de elementos em seu discurso que dizem muito sobre os anos 20 e 30. Harvey cita Mies Van der Rohe "A arquitetura a vontade de uma poca, concebida em termos espaciais. ( Harvey, 1987, p.30). Este artigo tem como objetivo analisar os aspectos e discursos que envolvem o estilo art deco e buscar relacionar estes elementos e discursos com a modernidade, ideologia e massificao. Para isto usaremos os textos de David Harvey e Adorno e Horkheimer e Baudrillard. Iremos analisar aspectos da modernidade e seu discurso calcado no projeto iluminista e universalizante, os aspectos ideolgicos da disputa de classes e a prpria afirmao do projeto iluminista atravs do cinema e da espetacularizao da vida e da massificao.

1. O progressoMarshall Berman identifica trs estgios da modernidade. O primeiro durou do Sc. XVI at o fim do sculo XVIII e neste perodo os indivduos esto apenas experimentando a vida moderna e possuem pouco ou nenhum senso de si mesmos como pblico moderno. O segundo estgio vai de 1790 at o sculo XX e os indivduos j possuem uma ideia de estarem vivendo em tempos de mudana e modernidade. O terceiro estgio abarca o mundo todo, e uma cultura mundial de modernidade passa a ser encontrada no pensamento e nas artes. (Barnard, apud Berman, p. 219). A cidade urbana uma parte da expericia da modernidade. Para Barnard, a modernidade assistia a diviso de trabalho, alm da diviso de gnero. Era trabalho da mulher que os homens estivessem limpos e alimentados para estarem dispostos para o trabalho. O capitalismo era ento, orientado para a produo. (Barnard, p. 220-221).David harvey descreve a Modernidade como positivista, tecnocntrico e racionalista. O modernista cr no progresso linear, na padronizao. (Harvey, 1987, p.19). O modernismo, afirma Harvey, pode ser descrito como a arte das cidades. A cidade o maquinrio e o heri da humanidade. E os modernistas vem o espao como algo a ser moldado, para propsitos sociais, O iluminismo e seu projeto de esclarecimento, prope que o mundo seja organizado e controlado de forma racional e apreendido e representado de forma universal.. Em 1848 uma srie de fatores comea a detonar os alicerces do projeto iluminista e gera as desconfianas ao projeto que sero confirmadas com o desencanto aps a segunda guerra (Harvey, 1987, p.35). Muitos autores afirmam ser o desencanto que marca a metade do sculo XX como o incio do ps-modernismo.Adorno e Horkheimer, expoentes da Escola de Frankfurt, escrevem em 1947 o livro "Dialtica do esclarecimento". Neste livro eles discutem o esclarecimento iluminista e eles vivem aquela atualidade desencantada na qual o art deco d seus ltimos suspiros. Afirmam que a produtividade econmica, "que por um lado produz as condies para um mundo mais justo, confere por outro lado, ao aparelho tcnico e a outros grupos sociais que o controlam com uma superioridade imensa sobre o resto da populao". (Adorno e Horkheimer, 1947, p.5). Para eles a funcionalidade e higiene das fbricas liquida os aspectos metafsicos e no sobra espao para nada alm da racionalidade na realidade social. Se o Esclarecimento quer soltar as amarras do medo e da superstio presente nos mitos, para Adorno e Horkheimer, o medo da irracionalidade toma o lugar. O saber poder e est a servio da economia burguesa, tanto na fbrica quanto nos campos de batalha. E a tcnica a essncia deste saber, que no visa conceitos e imagens e sim o mtodo, a utilizao do trabalho dos outros e o capital. ( Adorno e Horkheimer, 1947. p.7).O esclarecimento, como um movimento totalitrio elege a calculabilidade e a utilidade e tudo que foge a estas regras suspeito. Em Eclipese da Razo, Horkheimer discute a razo formalizada do esclarecimento, com seus ideiais burgueses no assumidos e vidos pelo poder. O processo histrico onde a Razo Instrumental, ou Subjetiva empodera transformou a razo em mero instrumento para dominao da natureza e do prprio homem. 2. A Indstria Cultural e a MassificaoO Art Deco est inserido neste contexto, onde o progresso toma sua forma quase definitiva e universaliza o espao urbano. Ao definir Indstria Cultural, Adorno e Horkheimer alegam que a cultura contempornea confere a tudo um ar de semelhana: Os decorativos prdios administrativos e os centros de exposio industriais mal se distinguem nos pases autoritrios e nos demais pases. Os edifcios monumentais e luminosos que se elevam por toda a parte so os sinais exteriores do engenhoso planejamento das corporaes internacionais, para o qual j se precipitava a livre iniciativa dos empresrios, cujos monumentos so os sombrios prdios residenciais e comerciais de nossas desoladoras cidades... mas os projetos de urbanizao que, em pequenos apartamentos higinicos , destinam-se a perpetuar o indivduocomo se ele fosse independente, submetem-no ainda mais profundamente ao seu adversrio, o poder absoluto do capital. (Adorno e Horkheimer, 2006, p.99).Os veculos de comunicao em massa tem um papel preponderante nesta equao, principalmente a Rdio e o cinema, menos como arte e muito mais como negcio, indstria. A necessidade de satisfazer necessidades iguais atravs da disseminao de bens padronizados citado por Harvey como tendo como principal representante o Fordismo, que teve incio em 1914 quando foi institudo o dia de oito horas de trabalho por cinco dlares. Ford, atento produo em massa Taylorista, cria um sistema de controle de gerncia do trabalho onde era possvel controlar a vida do trabalhador em sua plenitude. Ele acreditava que era possvel incutir na mente do trabalhador a semente do progresso e da civilizao e isso se daria atravs do consumo de bens produzidos em massa e orientaes sobre como viver e o qu consumir, uma verdadeira cartilha da padronizao. Para Harvey : "O que havia de especial e Ford, era sua viso, seu reconhecimento explcito de que a produo de massa significava consumo de massa, um novo sistema de reproduo do trabalho, uma nova poltica de controle e gerncia do trabalho, uma nova esttica e psicolgia, em suma, um novo tipo de sociedade democrtica, racionalizada, modernista e populista. (Harvey, 1987, p.121).Ford criou uma cultura Fordista, no sentido que Eagleton descreve, como modo de vida que se d quando h compartilhamento de modos de falar, saberes comuns e sistemas de valor. (Eagleton, 2005, 59). Ford cria a cultura ao estabelecer normas que vo desde aspectos econmicos, como regras do banco central, at hbitos que devem ser assimilados pelas famlias trabalhadoras. Casas padronizadas, orientadores que vo de casa em casa orientando o qu, como, porqu e quando consumir. Ford queria fechar o sistema tentando amarrar tudo. Produz indivduos em massa, que produzem em massa e consomem em massa. A crise de 1029 anuncia que no assim to fcil.Porm, Adorno e Horkheimer j desvelavam o fato de que produtos mecanicamente diferenciados acabam por se revelar praticamente idnticos, h uma distino ilusria. A anlise marxista do valor de uso e valor de troca, est na produo ostensiva. E os indivduos devem orientar seu tempo livre no lazer. "Para o consumidor, no h mais a classificar que no tenha sido antecipado no esquematismo da produo." Desde o incio da exibio do filme, j se sabe como ir terminar. O roteiro, as gags, tudo calculado. (Adorno e Horkheimer, ......P. 102-103).Na Indstria Cultural temos o fato de que a tcnica toma o lugar da ideia:"A chamada ideia abrangente um classificador que serve para estabelecer ordem, mas no conexo. O todo e o detalhe, exibem os mesmos traos, na medida em que entre eles no exsite nem oposio nem ligao. Sua harmonia garantida de antemo um escrnio da harmonia conquistada pela grande obra de arte burguesa". (Adorno, Horkheimer, p. 104).

3. Ideologia da massificao e do sonho americanoNos anos 20 e 30 o mundo inteiro foi forado a passar pelo filtro da Indstria Cultural firmada pelos patrocinadores e patrocinadores culturais. O estilo Art Deco refletido na arte, moda, decorao, arquitetura deve ser lida como ideolgica, j que: "Aquilo que expresso pelo estilo deve se reconciliar com a ideia da verdadeira universalidade. Essa promessa da obra de arte de instituir a verdade imprimindo a figura nas formas transmitidas pela sociedade to necessria quanto hipcrita. Ela coloca as formas reais do existente como algo de absoluto, pretextando antecipar a satisfao nos derivados estticosdelas. Nessa medida, a pretenso da arte sempre ao mesmo tempo ideologia."(Adorno e Horkheimer, .....p. 108).Desta forma, Adorno e Horkheimer definem que a imitao o elemento decadente da Indstria Cultural e nem por isso deixa de ser ideolgica. H no estilo Art Deco algo que pode ser transcritdo que observou os autores em Tocqueville:"O mestre no diz mais: voc pensar como eu e sim, voc livre para no pensar como eu: sua vida, seus bens, tudo voc h de conservar, mas a partir de hoje voc ser considerado um estrangeiro entre ns". a adeso sem reao Indstria Cultural que se percebe iminente no Art Deco. (p. 110)4. Mito do SucessoO Art Deco um estilo que espelha a velocidade das cidades, na qual o sonho americano no mito do sucesso est inserido. A ascenso social era aquilo que as massas buscavam desesperadamente, influenciados pelo glamour do cinema, insistindo na ideologia que os escraviza. (p. 110). E a adeso total quando se trata da indstria da diverso. A iluso de liberdade que se tem quando se ou deseja ser um consumidor, proporciona a impresso de se ter na diverso o prolongamento do trabalho sob o capitalismo tardio. E na diverso h a marca da mecanizao, a sequncia de operaes padronizadas. (p. 113). Divertir-se seria estar de acordo.A Indstria Cultural, atravs do Cinema, oferece dona de casa um refgio escapista, onde pode passar algumas horas sem controle e sonhando com a ascenso social. A Indstria Cultural exposta pelo Art Deco, apresenta a satisfao como uma promessa rompida. Ela no sublima, mas reprime. expondo repetidamente o objeto do desejo nas telas de cinema, ela reduz e recalca. (p. 115). Portanto, as massas estavam aptas a se identificar com o milionrio nas telas e a felicidade no deve chegar para todos, apenas para quem tirar o nmero da sorte. Os prdios do Art Deco tem as bases largas e os topos finos. Apenas os mais sortudos chegam l em cima, mas na base esto todos. Ou seja, tudo possvel. Em outra parte deste mito do sucesso disseminado pela Indstria Cultural e refletido no estilo Art Deco a busca pelo sucesso, os caadores de talento. Adorno e Horkheimer descrevem : a starlet deve simbolizar a empregada de escritrio, mas detal sorte que diferentemente da verdadeira, o grande vestido de noite j aparece talhado para ela". Assim, ela fixa para a espectadora no apenas a possibilidade de apenas uma tirar a sorte grande, mas esta chance to mnima que melhor regozijar-se com a felicidade do outro. Os modelos disseminados pelo cinema, como o bonito que cai na piscina de smoking ao cortejar a herdeira, so modelos que os sistema os fora a ser. Todos podem, desde que se entreguem de corpo e alma, sem pestanejar e aderindo a uma pseudo-individualidade. (p. 128). 5. O luxo, a publicidade e o EspetculoO Art Deco um movimento de origem francesa e refere-se a um estilo decorativo que se aplica a artes plsticas, artes aplicadas como design, mobilirio e decorao e ana moda e arquitetura. Situa-se entre as grandes guerras do incio do Sculo 20. Com a exposio Internacional de Artes Decorativas e Industriais e 1925 o estilo chega a ser nomeado. Neste estilo predominam as linhas retas e formas geomtricas. Os animais e as formas femininas estavam entre as mais comuns e remetem ao cubismo e sua esttica inspirada no primitivo e na velocidade das cidades. O art deco flerta com o Africano, hind, asteca, egpcio e oriental. O bal russo O imperialismo e o colonialismo, que so consequncias do projeto universalizante da cultura afirmavam o homem Culto como o homem civilizado e fazia parte do plano positivista colonizar culturas primitivas e civiliz-las. O auge do Imperialismo foi o ano de 1884 com a conquista e Partilha da frica. Os objetos de arte primitivos que circulavam pelas grandes metrpolis nas mos dos colecionadores ricos saltavam aos olhos e o exotismo do Art Deco, com a adoo do marfim, animal prints, jade e ouro. O exotismo do oriente tambm influenciava o bal e o teatro. As lojas Parisienses, segundo Gray, "promoviam um espetculo urbano transformando o boulevard em uma galeria de lojas que chamava a ateno dos transeuntes pela insinuao sexual". (Grey). As fachadas das lojas obtinham um design elegante com ao e vidro e o espetculo teatral transforma Paris em um centro de moda, arte e cultura e abre espao para o surgimento da publicidade que estipula o objeto-signo de Baudrillard. Grey escreve que as lojas foram projetadas para os objetos de desejo e a participao do cliente num ambiente de seduo que envolve a todos. E que estratgias foram tomadas para refletir as condies modernas da cidade: velocidade, tecnologia, cultura de massa. As campanhas em Paris fez parte de uma poltica Nacional. Enquanto que Europa estava se recuperando de uma guerra que custou caro, uma gerao de mulheres ganhou liberdade e independncia. Os Estados Unidos por sua vez, viviam os anos loucos mas tanto a Frana quanto os EUA viviam para o prazer e diverso. Cubismo, Dadasmo, Surrealismo e outros movimentos sacudiam a vanguarda, mas no chegavam s massas como Art Deco. A publicidade nos anos 20 desvelada pela substituio dos vendedores pelos manequins nas vitrines. O espetculo das vitrines trao do estilo luxuoso do Art Deco, que se destina burguesia rica e a vitrine a janela por onde se estabelece o desejo. Grey cita Andre Breton que em 1930 descreve a situao surrealista do objeto. "O objeto no mais simplesmente material, mas ultrapassado por suas identidades secundrias, o objeto do sonho, objeto simblico, objeto real e virtual, cada um encontra uma ressonncia dentro da psique que est fora de sua presena fsica, mas inseparvel dele".

Na dcada de 20 desponta a semente da superexposio. Atravs da vitrine, os elementos de toilette e lingerie esto agora mostra. As mulheres passam batom em pblico. O segredo interior exposto viso penetrante do sexo masculino. como uma performance que antecede os happenings dos anos 60. Tudo se prepara para acontecer nas ruas. (Grey).Escrever mais sobre Baudrillard e Debord

6. ConclusoO Art Deco como reflexo da Modernidade define em sua esttica muito mais do que suspeitamos. Os prdios altos e os materiais luxuosos instigam as massas superao de suam estratificao social. Mas os prdios altos e que se afunilam, mostram as bases largas onde esto as massas. No topo, apenas aqueles que conseguiram. A hierarquia mostrada neste esquema. A relao patro e empregado clara. No se fala em trabalho de equipe e isso pode ser visto no cinema, na relao da mocinha jornalista que trabalha sozinha e d satisfaes apenas ao seu chefe. No Ps-modernismo a relao entre a equipe e as estruturas tendem a se equilibrar no sentido horizontal e o trabalho em equipe fundamental. Isso at chegar ao ponto que no basta suar para um dia chegar l. O sujeito no precisa comear em baixo para um dia chegar l. As linhas do Art Deco so verticalizadas. Os prdios so arranha cus. As linhas verticais do Art Deco levam as massas s alturas. Mas apenas uma mnima parcela delas. A promessa do sonho americano levou milhares de imigrantes aos Eua. O Art Deco reflete essa mobilidade social, dialtica e a tendncia de achar que existe mil possibilidades, mas no temos tantas assim. Nascer, ter um nome, trabalhar e morrer. O elevador dos arranha-cus leva da base larga at os topos alongados e finos onde cabem poucos vencedores. A base mais slida porque tudo pode ruir de repente, como a queda da Bolsa. As roupas dos anos 20 e 30 perdem os corseletes que apertam e folgam a silueta da mulher, que deseja banhar-se de sol e fazer esportes. A inspirao Greco-romana nas vestes femininas so uma mostra da liberdade que deseja se propagar e os tecidos cortados em vis, com glamour Hollywoodyano de Mme. Vionnet aderem ao corpo moldando quase com transparncia o que jamais fora mostrado. O Art Deco suntuoso, luxuoso e demonstra a vitria burguesa na sua maior conquista,: o poder total sobre o capital e sobre a cultura.