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ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO LEITE: REGIÃO CENTRAL DO ESTADO DE RONDÔNIA Mariluce Paes de Souza 1 INTRODUÇÃO Este relatório apresenta o resultado de uma pesquisa, cujo objetivo foi estudar o arranjo produtivo da pecuária de leite na Região Central do Estado de Rondônia, a partir da reaplicação da metodologia, instrumento de pesquisa e estrutura analítica da Rede de Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – RedeSist, do Instituto de Economia/UFRJ que, conforme Cassiolato e Lastres (2003) tem como fundamento a análise das relações entre as empresas e entre elas e os órgãos de apoio institucional e organizacional dentro de um espaço geográfico determinado, tendo como orientação os trabalhos neo-schumpeterianos sobre sistemas de inovação, destacando-se os processos interativos de aprendizagem e o conhecimento tácito, considerando também as instituições, as organizações, as políticas e o ambiente sociocultural do seu ambiente. Nesse sentido foram analisadas as questões referentes a: formação e trajetória das empresas, considerando a sua identificação, sua formação e sua experiência inicial; a produção, mercados e emprego; inovação, cooperação e aprendizado; estrutura, governança e vantagens associadas ao ambiente local, o que privilegia as formas de cooperação e interação entre os distintos segmentos econômicos, sociais e políticos que formam o ambiente institucional do arranjo produtivo local da pecuária de leite na Região Central de Rondônia as quais condicionam o processo local de aprendizagem, e também o contexto político e histórico-cultural de seu desenvolvimento; estudou-se ainda, as políticas públicas e formas de financiamento referentes ao arranjo. O estudo do arranjo produtivo da pecuária de leite na Região Central do Estado de Rondônia, abrangeu os Municípios de Jaru, Ouro Preto, Ji-Paraná, Presidente Médici, Rolim de Moura e Cacoal. Para o Estado este estudo tem uma importância impar, pelo fato de ser um setor estigmatizado em função das “certezas” que traz prejuízo ao processo de desenvolvimento sustentável, porém, para Rondônia, isso se traduz numa questão primordial de geração de renda ao agricultor familiar e promissor arranjo para implementação de tecnologias apropriadas de produção primária que privilegiam a qualidade do rebanho e menor ocupação do espaço físico, o que não somente possibilita o desenvolvimento para a região, mas principalmente melhor qualidade de vida às milhares de famílias que têm nessa atividade o seu “contra-cheque”, pois mensalmente garantem uma renda mínima para sua subsistência. Trata-se de uma atividade com tradição no Estado, mesmo considerando o tempo de sua criação, porém, o processo migratório possibilitou o compartilhamento e transferência de conhecimentos tácitos ao arranjo, o que o privilegia em experiência pragmática, que favorece os objetos de estudos relacionados com aglomerações produtivas, destacada pela bibliografia existente. Assim, pode-se seguir, a orientação de Cassiolato e Lastres (2003) em relação ao argumento do enfoque conceitual adotado pela RedeSist, o qual preconiza que, onde houver produção de qualquer bem ou serviço haverá sempre um arranjo em seu entorno, envolvendo atividades e atores relacionados à sua comercialização, assim como à aquisição de matérias- primas, máquinas e demais insumos e que tais arranjos variarão desde aqueles mais rudimentares àqueles mais complexos e articulados. Foi nesse sentido que as atividades econômicas, políticas e sociais em torno do complexo da Agronegócio Leite na Região Central de Rondônia foram estudadas.

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ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO LEITE:REGIÃO CENTRAL DO ESTADO DE RONDÔNIA

Mariluce Paes de Souza

1 INTRODUÇÃO

Este relatório apresenta o resultado de uma pesquisa, cujo objetivo foi estudar o arranjo produtivo da pecuária de leite na Região Central do Estado de Rondônia, a partir da reaplicação da metodologia, instrumento de pesquisa e estrutura analítica da Rede de Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – RedeSist, do Instituto de Economia/UFRJ que, conforme Cassiolato e Lastres (2003) tem como fundamento a análise das relações entre as empresas e entre elas e os órgãos de apoio institucional e organizacional dentro de um espaço geográfico determinado, tendo como orientação os trabalhos neo-schumpeterianos sobre sistemas de inovação, destacando-se os processos interativos de aprendizagem e o conhecimento tácito, considerando também as instituições, as organizações, as políticas e o ambiente sociocultural do seu ambiente. Nesse sentido foram analisadas as questões referentes a: formação e trajetória das empresas, considerando a sua identificação, sua formação e sua experiência inicial; a produção, mercados e emprego; inovação, cooperação e aprendizado; estrutura, governança e vantagens associadas ao ambiente local, o que privilegia as formas de cooperação e interação entre os distintos segmentos econômicos, sociais e políticos que formam o ambiente institucional do arranjo produtivo local da pecuária de leite na Região Central de Rondônia as quais condicionam o processo local de aprendizagem, e também o contexto político e histórico-cultural de seu desenvolvimento; estudou-se ainda, as políticas públicas e formas de financiamento referentes ao arranjo.

O estudo do arranjo produtivo da pecuária de leite na Região Central do Estado de Rondônia, abrangeu os Municípios de Jaru, Ouro Preto, Ji-Paraná, Presidente Médici, Rolim de Moura e Cacoal. Para o Estado este estudo tem uma importância impar, pelo fato de ser um setor estigmatizado em função das “certezas” que traz prejuízo ao processo de desenvolvimento sustentável, porém, para Rondônia, isso se traduz numa questão primordial de geração de renda ao agricultor familiar e promissor arranjo para implementação de tecnologias apropriadas de produção primária que privilegiam a qualidade do rebanho e menor ocupação do espaço físico, o que não somente possibilita o desenvolvimento para a região, mas principalmente melhor qualidade de vida às milhares de famílias que têm nessa atividade o seu “contra-cheque”, pois mensalmente garantem uma renda mínima para sua subsistência.

Trata-se de uma atividade com tradição no Estado, mesmo considerando o tempo de sua criação, porém, o processo migratório possibilitou o compartilhamento e transferência de conhecimentos tácitos ao arranjo, o que o privilegia em experiência pragmática, que favorece os objetos de estudos relacionados com aglomerações produtivas, destacada pela bibliografia existente. Assim, pode-se seguir, a orientação de Cassiolato e Lastres (2003) em relação ao argumento do enfoque conceitual adotado pela RedeSist, o qual preconiza que, onde houver produção de qualquer bem ou serviço haverá sempre um arranjo em seu entorno, envolvendo atividades e atores relacionados à sua comercialização, assim como à aquisição de matérias-primas, máquinas e demais insumos e que tais arranjos variarão desde aqueles mais rudimentares àqueles mais complexos e articulados. Foi nesse sentido que as atividades econômicas, políticas e sociais em torno do complexo da Agronegócio Leite na Região Central de Rondônia foram estudadas.

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A pesquisa foi realizada no segundo semestre de 2005 e no primeiro bimestre de 2006. As informações foram obtidas por meio da aplicação de questionários e de entrevistas com donos e representantes de propriedades rurais, fazendas, indústrias, casas de comércio de produtos rurais, supermercados, lanchonetes e sorveterias e ainda, com instituições de apoio organizacional ao arranjo. Também foram utilizadas, informações de fontes secundárias, como estudos sobre a legislação, normas e organizações de interesse do setor.

O Universo da pesquisa, a partir dos dados extraídos da RAIS foi de 161 empresas com CNAE: 01503; 15423 e 15415; após aplicação da fórmula para cálculo da amostragem, obteve-se como resultado uma amostra de 62 empresas na produção primária e outras afins, utilizando-se das ferramentas do Excel procedeu-se o sorteio aleatório para aplicação dos questionários, o que correu no período de outubro a dezembro de 2005. Nos casos em que não se localizava a empresa constante nos registros da RAIS, substituía-se por outra empresa rural ou propriedade sem registro formal, aproveitando-se da referência do endereço que se dispunha, visando dotar o estudo de uma dimensão maior na realidade do Estado. Considerando a dimensão do conceito de APL e a diversidade de classes existentes na RAIS a escolha dos produtores, fez-se um sorteio direto nas classes do CNAE que representavam os supermercados, casas rurais, supermercados, padarias, lanchonetes e sorveterias para se obter um indicativo dessas empresas para aplicação do questionário, somando o total de 28 empresas com CNAE: 51110; 51314 e 52213 distribuídas nos seis municípios estudados, onde foi feita a pesquisa no mês de fevereiro/06..

Após apresentação dos resultados, pretende-se fazer um seminário com os atores do arranjo envolvidos na pesquisa, representantes da prefeitura, governo do estado, órgãos de assistência rural, de educação e fomento do setor, quando será possível dar conhecimento dos resultados e favorecer o entendimento do perfil do arranjo, ressaltando suas fortalezas e necessidades.

O relatório foi organizado em três capítulos, conforme metodologia da RedeSist, além dessa introdução. No primeiro capítulo faz-se uma apreciação do mercado mundial da pecuária leiteira, destacando-se as questões relacionadas com a dinâmica produtiva e competitiva do setor. Também são apresentadas as principais características do setor, em nível nacional, dando destaque para o mercado interno, principais centros produtores e consumidores dos produtos lácteos. Por fim, é realizada uma descrição do setor em Rondônia, quando são ressaltados os principais segmentos da cadeia e suas características no Estado.

No segundo capítulo apresenta-se o perfil do arranjo produtivo da pecuária de leite no Estado de Rondônia. Neste perfil ressalta-se: a) sua origem e desenvolvimento e sua importância para a população local; b) os principais agentes produtivos que compõem o arranjo, com suas características básicas e seu mercado; c) as instituições que atuam no arranjo destacando suas funções e o papel que desempenham no fomento das atividades de cooperação; d) infra-estrutura do conhecimento no campo do ensino e pesquisa, em termos da capacidade e potencialidade, além da identificação de forma de inserção; e) desempenho e estratégias competitivas; e f) políticas de promoção, identificando os órgãos públicos e privados e suas ações e a política de financiamento.

No último capítulo faz-se uma avaliação geral, trançando considerações da situação do arranjo da pecuária de leite na Região Central de Rondônia, realçando, principalmente as ações necessárias para equacionar as principais fraquezas detectadas.

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2 O ESTADO DE RONDÔNIA

O Estado de Rondônia está localizado na parte oeste da região Norte do Brasil, com extensão de 238.512 Km2, correspondendo a 6,79% da região Norte e a 2,86% do território Nacional. Situa-se entre as coordenadas 7º50’e 13º43 de Latitude Sul e 66º48’e 59º50’a Oeste de Greenwich, em área abrangida pela Amazônia Ocidental. Conforme mapa 1, o Estado limita-se ao Norte com o Estado do Amazonas, a Nordeste com o Estado do Acre, a Oeste com a República da Bolívia e a Leste e Sul com o Estado do Mato Grosso. (Atlas, 2002). Apresenta uma população estimada em 1.379.789 habitantes com densidade demográfica de 5,8 habitantes/ Km2.

Figu ra 1:

Limites do Estado do Rondônia e principais Bacias Hidrográficas

FONTE: http://www.portalbrasil.net/estados_ro.htm.

No século XVII, a ocupação da região é iniciada com as “Entradas e Bandeiras”, que buscavam mão-de-obra indígena, ouro especiarias e pedras preciosas, tendo como destaque a “Bandeira” comandada por Raposo Tavares (1598-1658), que partiu de São Paulo em 1647 para o Mato Grosso, atingindo os rios Guaporé e, através dele, o Mamoré, chegando por este até o rio Madeira, atingindo o rio Amazonas, chegando a Belém em 1650. No início desse século, muitos grupos indígenas migraram para o interior fugindo ao contato com o colonizador português, entrando em disputa por territórios com outros grupos já estabelecidos (ATLAS, 2002; TEIXEIRA ; FONSECA, 2001).

Em relação à economia Amazônica, no século XVIII, até meados de 1860, estava em crise, com a queda, principalmente, da exportação do cacau e borracha.

No século XIX, aumenta a demanda do mercado internacional pela borracha nativa, novas áreas de extrativismo são incorporadas, avançando para os afluentes do Amazonas (Oeste), ocorrendo o chamado “primeiro Ciclo da Borracha”, perdurando até a segunda década do século XX. Este ciclo trouxe um contingente de mão-de-obra para a exploração do látex nas florestas nativas, ocasionando transformações regionais.

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A construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM) visava viabilizar o acesso da Bolívia ao rio Madeira, com destinação ao Oceano Atlântico, sendo a ferrovia concluída em 1912, numa extensão de 360 km, ligando Guajará-Mirim a Porto Velho. Estes municípios foram criados, respectivamente, em 1914 e 1928, desmembrados dos Estados do Amazonas e Mato Grosso. Em 1943, o Governo Federal, com a intenção de povoar e colonizar as áreas de fronteiras criou os Territórios Federais, a exemplo, o Território Federal do Guaporé1. Em 1956, aquele Território passa a denominar-se Território Federal de Rondônia, que em final da década de 40, possuía uma população de 36.935 habitantes (ATLAS, 2002).

Ressalta-se aqui que, entre os anos de 1877 e 1900, 158 mil pessoas imigraram para esta região, atraídas pela exploração da borracha. Entre os anos de 1907 e 1912, vieram mais 22 mil pessoas para trabalharem na construção da EFMM. Em 1920, com o término do I Ciclo da Borracha, milhares de pessoas emigraram para outras regiões e países e, em 1940, o número de habitantes não chegava a 21 mil (ATLAS, 2002).

De 1950 a 1960, a população se aproxima de 70 mil habitantes e, nos anos 70, de 111 mil, decorrente, principalmente, da consolidação da BR 364. Com a BR, surge na região um novo ciclo econômico, o “Ciclo Agrícola”, iniciando o fortalecimento do futuro Estado de Rondônia, criado em 19812, conforme mapa 2, a seguir, como produtor agropecuário na Amazônia.

Fonte: http://www.brasilrepublica.hpg.ig.com.br/rondonia.htm

Figura 2: BR 364 em Rondônia

O Ciclo Agrícola foi marcado por investimentos federais vultosos em projetos de colonização e de intensificação do fluxo migratório, ocasionando a rápida formação de aglomerados urbanos e a efetiva, contínua e intensa ocupação de áreas ao longo da BR 364, dificultando uma ação governamental ordenada e planejada.

1 Criado como conseqüência do acordo de Washington, assinado em 1942, que incluía a compra de toda a produção de borracha brasileira. 2 O Território Federal de Rondônia passa a Estado.

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A partir da década de 70, expandiu-se, significativamente, o fluxo migratório de várias regiões do país para o território e foram criados a partir de então vários outros municípios, conforme Quadros 1, 2 e 3, a seguir.

CRIAÇÃO LEI MUNICÍPIO1914 Porto Velho 1928 Guajará-Mirim 11/10/1977 6.448 Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno e Vilhena.16/06/1981 6.921 Colorado, Espigão D’Oeste, Pres. Médice, Ouro Preto, Jaru e

Costa Marques. ESTADO DE RONDÔNIA - Criado em 22/12/1981 – pela Lei Complementar nº 41. Instalado em 04/01/1982.05/08/1983 Dec. Est. nº

078Cerejeira e Rolim de Moura.

11/05/1986 Lei nº 10 Santa Luzia do Oeste20/05/86 Lei nº 103 Alvorada do Oeste 20/05/86 Lei nº 104 Alta Floresta.19/06/87 Lei nº 157 Nova Brasilândia do Oeste11/05/88 Lei nº 198 Machadinho do Oeste07/06/88 Lei nº 200 São Miguel do Guaporé07/06/88 Lei nº 201 Cabixi15/06/88 Lei nº 202 Nova Mamoré

13/02/1992

Lei nº 378 Monte NegroLei nº373 Governador Jorge TeixeiraLei nº 364 Jamari (depois Itapuã)Lei nº 368 UrupáLei nº 369 Mirante da SerraLei nº 372 Ministro Andreazza

13/02/1992

Lei nº 371 TheobromaLei nº 375 Alto ParaísoLei nº 376 Rio CrespoLei nº 379 Campo Novo de RondôniaLei nº 377 CorumbiaraLei nº 370 SeringueirasLei nº 363 Candeias do JamariLei nº 374 CacaulândiaLei nº 365 Novo Horizonte do Oeste (então Cacaieiros)Lei nº 367 Vale do ParaísoLei nº 366 Castanheira

22/06/1994

Lei nº 566 Nova UniãoLei nº567 São Felipe do OesteLei nº 568 CujubimLei nº 569 Primavera de RondôniaLei nº 570 Alto Alegre dos ParecisLei nº 571 TeixerópolisLei nº 572 Vale do AnariLei nº 573 Parecis

1995 Lei nº 644 Chupinguaia e São Francisco do GuaporéLei nº 645 Pimenteiras do Oeste e Buritis

Quadro 1: Evolução da divisão política do Estado

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FONTE: FONTE: Atlas Digital, 2003, p. 22.

Mapas 1, 2, 3 e 4 da evolução da divisão política do Estado

A ocupação e colonização recentes do Estado de Rondônia fizeram, portanto, parte de uma “estratégia de governo brasileiro no sentido de ampliação das condições para a expansão do capital na economia brasileira, fundamentada na economia de mercado, que preconizava a ocupação da fronteira por meio de uma política de integração nacional” (ATLAS, 2002, p. 26), o que levou aos investimentos financeiros em programas e projetos de infra-estrutura econômica e social, transformando a Amazônia numa fronteira produtiva e inserida no mercado, visando, além da ocupação dos espaços, solucionar problemas externos à região: uma reforma agrária no Centro-Sul do país.

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Mapas 5, 6, 7 e 8 da evolução da divisão política do Estado

FONTE: Atlas Digital, 2003, p. 24. Fonte: Atlas Digital (2003, p. 24)

Um fato que contribuiu para o processo de imigração é que, nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, iniciava a modernização no campo e as tradicionais práticas de cultivo de café foram substituídas por plantações mecanizadas, em larga escala, de soja trigo e cana-de-açúcar, reduzindo a quantidade de mão-de-obra necessária e forçando sua imigração para outras regiões, inserida aqui Rondônia, e para as grandes metrópoles. O governo também viu nas regiões de fronteira uma forma de reduzir o êxodo rural-urbano.

A qualidade do solo de Rondônia e sua adequação à agricultura, conforme estudos preliminares, e a descoberta de reservas madeireira de alto valor econômico como mogno, cerejeira, cedro-rosa, etc., também contribuíram, sobremaneira, no processo de ocupação. Contudo, este processo se deu de forma descontrolada. De 1970 a 1980, o número de proprietários de terra passou de 7 mil para 50 mil e em 1985, chegou a 81 mil propriedades. A tabela 1 a seguir, mostra o crescimento populacional rondoniense nos últimos 50 anos.

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Tabela 1: Crescimento populacional de RondôniaPeríodo Quantitativo %1950 36.935 -1960 69.792 6,361970 111.064 4,651980 491.025 16,031991 1.130.874 7,911996 1.231.007 1,712000 1.377.792 2,89

FONTE: Atlas, 2002, p. 27.

Quanto à política de integração nacional, dentre os principais investimentos efetuados destaca-se a Criação do Polonoroeste – programa financiado com recursos do Banco Mundial, tendo como objetivos:

1. conclusão e asfaltamento da rodovia BR 364, ligando Cuiabá-MT a Porto Velho-RO;2. melhoria da rede se estradas secundárias alimentadoras da BR;3. consolidação de projetos de colonização;4. criação de novos projetos de assentamento rural;5. regularização fundiária;6. serviços de saúde;7. proteção ambiental;8. apoio às comunidades indígenas;9. apoio à criação dos Núcleos Urbanos de Apoio Rural – NUAR.

Ao se constituírem os projetos de colonização agrícola como principal atrativo de ocupação de Rondônia, o resultado foi a comercialização de produtos agrícolas e a prestação de serviços para a população rural pelas pequenas cidades. Além disso, a urbanização esteve vinculada ao crescimento da atividade industrial, seja de domínio da economia formal seja da informal.

Considerando a trajetória de criação e crescimento do Estado de Rondônia pode-se avaliar que a taxa de crescimento populacional e a emergente necessidade de geração de fontes de subsistência, levou a população imigrante a optar pela alternativa mais evidente que se apresentava, a abertura de campo, “quem não desmatava perdia sua terra”, para a agricultura e pecuária, o que em função das condições de fatores e preços de oportunidade favoreciam a expansão da criação do gado bovino e conseqüentemente, a produção leiteira e ainda, a instalação de indústrias processadora do leite. No entanto, parece que a não sistematização ou a falta de assistência técnica e implementação de políticas públicas e ainda, a velocidade do crescimento dessa atividade, não favoreceram a organização e desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local do Leite em Rondônia.

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3 O MERCADO MUNDIAL DE LEITE

O mercado mundial de leite se caracteriza pelo protecionismo praticado pelos países industrializados, visando garantir artificialmente a renda de seus produtores, como também assegurar o abastecimento doméstico. Em função disso criam incentivos para a exportação e mecanismos como barreiras contra a importação.

As políticas adotadas podem ser divididas, de um modo geral, em três grandes grupos: (I) planos de preços mínimos e controle da oferta que regulem a produção de leite; (II) medidas que protejam o leite contra importações e aumentem as exportações e (III) criação de organizações intimamente envolvidas na indústria do leite (WILKINSON, 1993).

Na maioria dos países adotam-se os preços mínimos na forma de preços-meta (target price) ou duas faixas de preço. Os produtores são assegurados pelas compras do governo de derivados ao preço de intervenção ou por quotas que limitam a produção. Na maior parte dos países produtores de leite com programas de preço mínimo ou de quotas, a média dos preços do leite fica acima do nível do mercado internacional.

Outra forma de proteger os produtores é através de mecanismos de proteção contra importações e preços praticados no mercado internacional. O excesso de leite é exportado a preços subsidiados que cobrem a diferença entre os preços domésticos e os praticados no mercado externo, o que de certa forma justifica a facilidade de importação do produto pelo mercado brasileiro e a prática de preços inferiores ao praticado pelo mercado interno.

Wilkinson (1992) revela que o leite é um dos produtos mais sensíveis no contexto da integração do Mercosul e sua competitividade é extremamente afetada pela política tarifária. Além da harmonização entre os impostos e taxas alfandegárias entre os países que compõem o Mercosul, uma mudança de atitude do segmento leiteiro é fundamental para que o produto não tenha a sua produção desarticulada no território nacional.

O mesmo autor diz que, para que o Mercosul não se caracterize numa ameaça para o setor leiteiro nacional, torna-se necessário reverter a situação atual de baixo grau de especialização da pecuária leiteira, com menores índices de produtividade. Apesar de extrair 60% do leite produzido na América do Sul, o Brasil fica atrás em termos de produtividade. Aliando condições de clima e solo favoráveis e políticas adequadas, argentinos e uruguaios têm índices de produtividade muito mais elevados e custos de produção menores.

Martins e Yamaguchi (1998) dizem que a prática dos setores organizados na lógica de cadeia produtiva foi significativo para a redução dos custos nos Estados Unidos, na Argentina e nos países da Europa. Apesar de somente em épocas recentes ter se iniciado o exercício de cadeia produtiva no setor agropecuário brasileiro, a cadeia produtiva do leite vem se destacando na abertura econômica, verificando-se mudanças em todos os elos da cadeia.

A crescente urbanização vem influenciando o mercado de leite e derivados, tanto em nível nacional quanto internacional, notadamente pela renda dos países em desenvolvimento, pela concentração de mercado, pelo aumento de poder das estruturas de varejo, representadas principalmente pelas redes de supermercados e, ainda, pela disseminação das multinacionais do setor.

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É primordial para o arranjo produtivo local do leite a melhoria da sua competitividade, a partir do desenvolvimento e modernização da agroindústria que iniciou a transformação do setor, e isso requer dos demais segmentos da cadeia, modernização através de inovações tecnológicas, visando sempre o desempenho competitivo, e este somente será possível, se houver a consciência de todos os integrantes da necessidade de maior integração e melhor coordenação do APL Leite.

4 O AGRONEGÓCO LEITE NO BRASIL

A principal característica da cadeia produtiva do leite no Brasil é a sua importância no agronegócio nacional que, além de ser significativa, encontra-se representantes dos segmentos de produção, industrialização e comercialização de leite e derivados em todas as regiões do território nacional, os quais desempenham papel relevante no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população (GOMES, 2001). Essa constatação favorece o desenvolvimento local, o que requer maior atenção ao estudo desse arranjo.

Observando a evolução do setor, verifica-se, quanto à produção, que há uma tendência na maior participação da região Centro-Oeste, a qual é atribuída por Gomes (1996b): à instalação de indústria; ao declínio da pecuária de corte; ao baixo custo das terras; ao crescimento da organização e da produção e menor sazonalidade durante o ano. Na indústria, a maior transformação está na grande concentração e participação das multinacionais e na decadência das cooperativas nacionais. Quanto aos consumidores, houve um aumento no consumo de produtos de maior valor agregado e a maior importância dos supermercados na venda aos consumidores, em detrimento das estruturas menores de varejo.

Deve-se destacar que a ocupação de extensas áreas de terra pelo setor, a geração de postos de trabalhos e empregos para grandes contingentes de mão-de-obra, a significativa participação na formação da renda do setor agropecuário nacional e o fornecimento de alimento de alto valor nutritivo para a população, evidenciam as características notórias da cadeia produtiva do leite no Brasil, e reforçam sua importância social e econômica para a economia do país. A agroindústria do leite desencadeia o crescimento a montante e a jusante dos sistemas de produção e passa a assumir papéis antes desempenhados pelo Estado, como é o caso do crédito rural e da assistência técnica (YAMAGUICHI et al, 2001).

Para Gomes (2001), podem-se distinguir três períodos na evolução da cadeia produtiva do leite no Brasil:

1) Meados dos anos de 1960 até final da década de 1970: este período se caracteriza pela dinâmica de uma urbanização crescente e conseqüente crescimento na demanda de leite fluido, pela integração dos mercados nacionais através da malha rodoviária e surgimento de novos padrões de consumo de derivados (leite tipo B, iogurtes, sobremesas lácteas e queijos não-tradicionais). Na década de 1970, a pecuária leiteira nacional cresceu 43,7%, passando de 7,1 bilhões de litros em 1970, para 11,2 bilhões de litros em 1980, com taxas anuais de crescimento de 4,8%.

2) Década de 1980: período de grande crise, levando à retração da demanda e redução dos recursos para pecuária, o que leva à redução da produção e tem como conseqüência o estímulo às importações, que se torna extremamente prejudicial ao setor, uma vez que bloquearam a sua modernização. Nesse período, a produção leiteira nacional evoluiu de 11,2 bilhões de litros em 1980, para 14,5 bilhões de litros em 1990, apresentando uma taxa de crescimento anual de 2,6%.

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3) Década de 1990: período caracterizado pela liberação de preços, abertura da economia e criação do Mercosul. Esse período teve início a partir de 1991, no governo Collor que liberou os preços, tanto ao produtor quanto ao consumidor, eliminando o tabelamento que já durava mais de 40 anos. Nesse período, a partir dos fenômenos citados e ainda a implementação do Plano Real em 1994, como em resposta às ações desencadeadas pelo Estado, através de política macroeconômica, criam-se novos padrões de concorrência para a indústria de laticínios, o que, além de ampliar a concorrência do setor leiteiro, influencia sobremaneira as estratégias adotadas pelos segmentos da cadeia. Nesse período, a produção nacional evoluiu de 14,5 bilhões para 19,8 bilhões de litros, apresentando taxas de crescimento de 3,3% ao ano.

Esses fatos foram responsáveis pela transformação da cadeia produtiva do leite nos últimos anos, tendo como reflexo: o aumento significativo da produção de leite no país; a redução do número de produtores de leite; a concentração da produção e o aumento da produtividade ao nível do produtor; a concentração da industrialização e o aumento da concorrência no mercado interno.

Quanto à distribuição espacial da produção, a maior parte do leite produzido encontra-se ainda nas regiões Sudeste e Sul, que participam com 68,2% do total nacional. Começa-se a perceber uma forte tendência de alteração desse cenário, com aumento da participação das regiões Norte (35,9%) e Centro-Oeste (25%) na década de 1990-2000 em relação à participação das regiões Sudeste e Nordeste, conforme demonstrado na Tabela 2 a seguir.

Tabela 2 – Participação percentual das regiões brasileiras na produção total de leite1990, 1995 e 2000

Regiões 1990 1995 2000 1990/2000%

Sudeste 47,8 45,8 43,4 -9,0Sul 22,5 24,9 24,8 10,22Nordeste 14,1 11,5 10,9 -22,7Centro-Oeste 11,7 13,6 15,6 25,0Norte 3,9 4,3 5,3 35,9

Fonte: Adaptado do IBGE. 2001.

A tendência de expansão da fronteira das bacias leiteiras, no decorrer dos anos, em direção às regiões Norte e Centro-Oeste do País, pode ser caracterizada pelos seguintes fatores:

• elevada taxa de crescimento populacional dos núcleos metropolitanos da região Sudeste, ampliando a especulação imobiliária das terras e forçando o deslocamento da atividade leiteira para outras regiões;

• existência de programas de incentivo à produção leiteira e ao desenvolvimento da cadeia produtiva do leite em alguns estados das regiões Centro-Oeste e Norte, proporcionando estímulos positivos para o aumento da produção e industrialização de leite nessas regiões;

• expansão da granelização da coleta de leite e da produção de leite longa vida, proporcionando melhores condições para o transporte do leite fluido produzido em regiões mais distantes, em tanques refrigerados.

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No ranking dos estados, Minas Gerias liderava na produção nacional anual, com 29,7% da produção total em 2000 (5.865,5 bilhões de litros). Ocupando o segundo e terceiro lugar os estados de Goiás e Rio Grande do Sul, respectivamente, com produções de 2.193,8 bilhões (11,1%) e 2.102,0 bilhões (10,6%).

Embora se perceba um crescimento na produção brasileira, Yamaguchi et al. (2001) consideram que houve atraso da produção leiteira no Brasil e destacam os seguintes aspectos como principais responsáveis:

• o segmento da produção primária é composto em maior parte por pequenos produtores, que atuam de forma bastante atomizada no mercado;

• a tecnologia de produção tradicionalmente utilizada por grande parte dos produtores é caracterizada pela utilização de terra e mão-de-obra como fatores básicos de produção, sendo poupadora de capital;

• o rebanho leiteiro nacional é constituído, em sua maioria, por animais mestiços que se prestam à dupla finalidade leite/carne, sendo reconhecidos como de baixo potencial genético para a produção de leite;

• as pastagens nativas constituem a base da sustentação alimentar do rebanho leiteiro nacional. Entretanto, em geral essas pastagens ocupam áreas de baixa fertilidade natural ou degradada pela prática da agricultura extrativista do passado, ou ainda, áreas de topografia acidentada, de reduzido interesse para a atividade agrícola;

• ao lado da não-especialização do rebanho e da alimentação deficiente, são também insatisfatórios os aspectos de manejo geral do rebanho, controle reprodutivo, práticas sanitárias, condições gerais de higiene, infra-estrutura de produção e práticas administrativas.

Esse quadro se agrava mais quando associado à ausência de uma política setorial bem definida e de longo prazo, resultando em ações quase sempre imediatistas e sem grande contribuição efetiva para o desenvolvimento da pecuária leiteira nacional, em nada favorecendo o desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local do Leite,.como pode ser constatado na pesquisa efetuada em Rondônia.

5 O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO LEITE NA REGIÃO CENTRAL DE RONDÔNIA – APL LEITE

5.1 Identificação do APL do leite

O APL Leite abrange os Municípios de Jaru, Ouro Preto do Oeste, Ji-Paraná, Presidente Médici, Cacoal e Rolim de Moura, situando-se na região central de Rondônia, conforme mapas a seguir:

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#

##

##

#

ALTA F LO RESTA D'O ESTEALTO ALEG RE DOS PARECISALTO PAR AÍSOALV OR ADA D'OESTEARIQ UE MESBURIT ISCABIXICACA ULÃNDIACACO ALCAMPO N OVO DE RO NDÔ NIACAND EIAS DO J AMARICASTANHE IRASCERE JEIRASCHUPINGUAIACOLO RAD O DO OESTECORUMBIA RACOSTA MAR QUESCUJUBIMESPIGÃO D 'OESTEGO VERNADO R JO RGE T EIXEIRAGUAJARÁ-MIRIMJAMAR IJARUJÍ PARAN ÁMACHADINHO D'O EST EMINIS T RO A NDREAZZAMIRANT E DA SERRAMO NTE NEGR ONOVA BRAS ILÃ NDIA D 'OESTENOVA MAMO RÉNOVA UNIÃONOVO H ORIZO NTE DO OESTEOURO PRET O DO OESTEPARE CISPIMENTA B UENOPIMENTEIRAS DO O ESTEPO RTO VELHOPRES IDENTE MÉDIC IPRIMAV ERA DE RO NDÔN IARIO CRESPOROLIM DE MOURASANTA LUZIA D'OESTESÃO F ELIPE D'O E ST ESÃO F RANCISCO DO GU AP OR ÉSÃO MIG UEL DO G UA PO RÉSERING UEIRASTEIXEIRÓ PO LISTHEOBRO MAURUPÁVALE DO ANARIVALE DO PARA ÍSOVILHENA

200000 0 200000 400000 Kilometers

N

EW

S

Rondonia(Produção e Beneficiamento do Leite)

# MUNICIPIOS ESTUDADOS

ROLIM DE MOURAPRESIDENTE MEDICIOURO PRETOJARUCACOALJI PARANÁ

80000 0 80000 160000 Kilometers

N

EW

S

MUNICIPIOS ESTUDADOS(Produção e Beneficiamento de Leite)

P.R.Lima

Figura 4 – Localização do APL Leite

Como pode-se observar na figura 6 os municípios estudados ocupam 18.820 Km2 do território do Estado de Rondônia, onde reside uma população de 360.019 pessoas (IBGE. Cidades, 2004). Nas atividades pesquisadas, pelos dados do CNAE de julho de 2005, existem 1.167 pessoas ocupadas nas atividades que integram o APL Leite em Rondônia. No total são 87.251 pessoas ocupadas nos seis municípios, e 41.139 empregos, distribuídos nos mais de 81 mil estabelecimentos rurais, industriais e comerciais voltadas as atividades agroindustriais em Rondônia. (FASE, 2005; RAIS – CGET/DES/SPPE/TEM, 2005).

Considerando os dados da pesquisa, o APL Leite conta com a infra-estrutura educacional disponível nos municípios, sendo composta de escolas agrícolas de ensino fundamental, cursos superiores disponibilizados pela universidade federal de Rondônia ou particulares em 4 dos 6 municípios. Eventualmente são disponibilizados cursos profissionais temporários. O arranjo não conta com escolas técnicas de 2º. Grau e cursos profissionais regulares.

A infra-estrutura institucional local, compõe-se de associações e sindicatos de produtores rurais, industriais e de empregados com presença em todos os municípios, no entanto, não se obteve registros de cooperativas de produção ativas em todos eles, somente as chamadas de crédito rural.

No que tange a infraestrutura científico-tecnológica, encontra-se presente no arranjo, duas universidades uma federal, a Universidade Federal de Rondônia -UNIR e outra particular, a Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, com ofertas de cursos de agronomia e veterinária, e três organizações que podem ser classificadas como instituto de pesquisa – a EMBRAPA, a CEPLAC e o IDARON, tendo também, dois centros de capacitação de profissional, o SEBRAE e o SENAI, não sendo registrado instituições de testes, ensaios e certificações.

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O Arranjo tem uma infraestrutura de financiamento com 2 agências locais de instituições federais, Banco do Brasil e BASA e instituições comunitárias, representadas pelas cooperativas de crédito, não sendo registradas instituições financeiras municipais e estaduais. Na Figura 5, de forma ilustrativa são apresentadas as instituições constantes das infraestruturas do arranjo.

Fonte: Dados da pesquisa, 2006. Figura 5 - ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO LEITE EM RONDÔNIA

5.2 A história e problemática do APL leite em Rondônia

O agronegócio leite em Rondônia teve seu início com o significativo crescimento populacional, ocasião em que foi registrada uma explosão demográfica no então território. A partir de dados do IBGE (1998), a população de Rondônia passou de 111.064 para 503.128 habitantes, na década de 1970. Ocorrendo a definição da política de colonização e, conseqüentemente, abertura de novas fronteiras agrícolas e a intensificação da demanda e da produção de leite.

Nesse período, ocorreu também a definição da estrutura fundiária, resultante do processo de colonização, onde a área média das propriedades era de 116 hectares, considerando todos os estabelecimentos rurais do Estado.

Em 22 de dezembro de 1981 foi criado o Estado de Rondônia, sendo instalado em 4 de janeiro de 1982. Nessa época o Estado foi dividido em 13 municípios: Porto Velho, Guajará-Mirim, Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno, Vilhena, Colorado do Oeste, Espigão do Oeste, Presidente Médici, Ouro Preto do Oeste, Jarú e Costa Marques. Em 1983 foram criados mais 12 municípios no Estado, inclusive Rolim de Moura, o qual contava com uma área de 1.481,50 km2 e uma economia baseada na produção agrícola e na pecuária de leite, ambas em formação.

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UNIR, ULBRA, UNICENTRO,

UNESC

IDARON, DFA;SEMUSA’s;VIG.

SANITÁRIA

BASA, BANCO DO BRASIL,

COOP. CRÉDITO

EMBRAPA; FAZ. N. VIDA-USP

FAZ. ZEBU

Comércio de Produtos e Serviços

Associações de Produtores,

cooperativas de produção e sindicatos

LaticíniosProdutores de Leite

Supermercados;Sorveterias;

Padarias;Lanchonetes;Casas Rurais;

Hotéis; Feiras Livres.Micro, Pequenas e Médias Empresas

Economia Informal

Instituições Federais, Estaduais e Municipais: IBAMA, PROLEITE, Câmara

do Leite, Emater, SEAPS, SEMAGRI’s,

SEBRAE, SENAR, SENAI

Escolas Agrícolas

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O potencial agropecuário de Rondônia, é favorecido com a vasta extensão de terras e clima quente, o que leva os detentores de propriedades rurais a investir mais na pecuária, e isso levam a maior produção de leite, o que se constitui na principal fonte de renda para o pequeno produtor, representando sua subsistência. No entanto, a falta de infra-estrutura e a logística que deveriam ser fornecidas pelo Estado, bem como a assistência técnica, impedem que o segmento da produção primária da cadeia produtiva do leite atenda as exigências de qualidade dos laticínios que se multiplicam e se especializam cada vez mais e delimitam o APL Leite no Estado.

Essa circunstância provoca insegurança, fragilidade e perda de competitividade no arranjo, comprometendo diretamente o segmento da industrialização que sendo representada pelos laticínios sofrem fiscalização sistemática e as punições decorrentes da falta de qualidade.

Com o desafio de promover a sua integração, estabelecer o diálogo com o governo do Estado e desenvolver ações que possibilitasse a melhoria na produção de leite, e para equacionar a falta de organização e articulação da cadeia foi criada a Câmara do Leite e o Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira do Estado de Rondônia - ProLeite.

Pode-se dizer que o setor leiteiro em Rondônia vem se estruturando desde a década de 1970, porém somente no final da década de 1990 é que foi criado o Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira do Estado de Rondônia (Proleite), o qual foi formalizado pelo Decreto Estadual n. 8.812 de 30.07.1999, oficializando a parceria do Governo do Estado com os demais atores do agronegócio leite.

O Proleite é composto dos seguintes órgãos:

• Secretaria do Estado da Agricultura, Produção e do Desenvolvimento Econômico e Social do Estado de Rondônia (SEAPES);

• Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER-RO);• Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (IDARON);• Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA-RO);• Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC);• Delegacia Federal da Agricultura (DFA-RO);• Programa de Tecnologia Apropriada para Rondônia (PROTA) e• Associação dos Laticínios de Rondônia (ALAR).• Serviço Brasileiro de Micro e Pequena Empresa - SEBRAE

Com vistas à estruturação do setor leiteiro no estado, o ICMS teve sua regulamentação alterada para conceder benefícios fiscais às indústrias de laticínios locais. O incentivo à atividade leiteira constituiu numa redução de 35% do valor do imposto devido pelas saídas interestaduais de produtos lácteos, no entanto, teve em contrapartida das indústrias participantes, a criação de um fundo de reservas para o desenvolvimento do setor, a partir de depósitos de 1% do faturamento bruto para manutenção de um programa de investimento para o desenvolvimento do agronegócio em Rondônia. (PROLEITE, 2001).

Para gerir os recursos oriundos do fundo, cujas verbas são resultantes dos depósitos das indústrias e, ainda, do programa de desenvolvimento, foi criada e estruturada a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite. A Câmara constitui-se numa organização representativa dos diversos segmentos dos negócios que envolvem produtos derivados do leite no estado. É um importante fórum de debates sobre a melhoria da competitividade e do desempenho do setor.

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O fundo mantido pela indústria de laticínios tem como objetivo financiar as atividades do Proleite e a atuação da Câmara Setorial, possibilitando a concretização de ações necessárias ao desenvolvimento da cadeia do leite no estado. A cadeia conta, ainda, com a ALAR que tem a participação da maioria das empresas industriais e grupos empresariais do setor no estado. A associação vincula suas atividades atuais aos trabalhos desenvolvidos através da Câmara Setorial do Leite, podendo-se inferir que a cadeia produtiva do leite em Rondônia tem uma coordenação institucional com representação dos diversos segmentos.

Continuando com a implementação das ações para desenvolver e dinamizar o setor leiteiro, o Governo do Estado criou, no ano de 2000, o Programa de Incentivo Tributário do Estado de Rondônia, através da Lei Complementar n. 231, de 25.04.2000, conforme pode ser observado na Quadro 2 , a seguir.

Programa Incentivo Beneficiados Prazo Excepcionalidade

Incentivo tributário

Concessão de crédito presumido de até 95% do ICMS.

Indústrias em implantação, ampliação e modernização.

180 meses a partir de sua concessão.

Empreendimentos em implantação, mais a redução de 50% da base de cálculo do ICMS sobre aquisição de energia elétrica, comunicação e transporte inter-municipal e inter-estadual.

Fonte: Composição a partir da legislação do Estado. SOUZA, 2004.

Quadro 2 – SÍNTESE DO PROGRAMA DE INCENTIVO TRIBUTÁRIO

Quanto aos incentivos para o setor do varejo, Souza (2004) demonstra que 88% dos estabelecimentos dizem não existir incentivo para a compra de produtos no estado. No entanto, observa-se que embora existam fontes de financiamentos através de bancos e cooperativas de crédito, parece que o comércio varejista prefere não utilizar.

6 MAPEAMENTO DO APL LEITE EM RONDÔNIA

A partir dos resultados obtidos com a pesquisa, com a aplicação do bloco B do questionário, seguindo a metodologia da RedeSist, apresenta-se a seguir o mapeamento do arranjo, procedendo-se a discussão dos dados obtidos e demonstrados nas tabelas geradas no em planilhas eletrônicas do aplicativo Excel desenvolvidos pela equipe da RedeSist.

6.1 Origem e Informações econômicas das Empresas

Na primeira parte do bloco B do questionário tem-se o item I, o qual preocupa-se com a identificação das empresas. Como pode-se observar na tabela 3, dentre as empresas pesquisadas obteve-se freqüência nas empresas micro, pequenas e médias com um registro, não obtendo-se registro de empresa considerada grande pela definição adotada, ou seja, aquelas que possuem de 500 a mais pessoas ocupadas. Desta forma, a análise do APLLeite em Rondônia se limitará as empresas de tamanho micro, pequena e média, sendo que a média, por ter somente uma freqüência nem sempre estará disposta nas tabelas, porém, seus resultados serão considerados nos comentários.

Tabela 3 – Identificação das EmpresasTamanho Nº de % Nº de %

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Empresas Empregados1. Micro 77 85,6% 330 24,7%2. Pequena 12 13,3% 700 52,4%3. Média 1 1,1% 305 22,8%4. Grande 0 0,0% 0 0,0%Total 90 100,0% 1335 100,0%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2005.

Com 85,6% as micro-empresas mantêm a maior concentração no APLLeite em Rondônia, seguindo das pequenas com 13,3% e somente 1,1% para as de tamanho médio, no entanto, observa-se que as pequenas empresas concentram maior número de empregados, com 52,4% e somente uma empresa média detém quase o mesmo número de empregados das micros.

Tabela 4 – Ano de Fundação da Empresa

Ano de Fundação

Micro Pequena MédiaNº

Empresas %Nº

Empresas %Nº

Empresas %Até 1980 14 17,9% 0 0,0% 0 0,0%1981-1985 8 10,3% 5 41,7% 0 0,0%1986-1990 16 20,5% 1 8,3% 0 0,0%1991-1995 9 12,8% 3 25,0% 1 100,0%1996-2000 15 19,2% 1 8,3% 0 0,0%2000-2005 15 19,2% 2 16,7% 0 0,0%Total 77 100% 12 100% 1 100%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2005.

Quanto ao ano de fundação, constante da Tabela 4, houve uma concentração da criação das micros e pequenas empresas até os anos de 1980 a 1985, representando mais de 60% da amostra, o que coincide com a época de maior migração para o Estado e ainda, com o chamamento de ocupação do “eldorado brasileiro”, no entanto, o que vai se observar na seqüência é que, embora a maioria das empresas tenham mais de 20 anos de criação, estas encontram-se a margem do desenvolvimento.

Tabela 5 - Origem do CapitalDescrição Micro Pequena Média

Nº % Nº % Nº %

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Empresas Empresas Empresas1. Origem do Capital

1.1. Nacional 77 100,0% 11 91,7% 1 100,0%1.2. Estrangeiro 0 0,0% 1 8,3% 0 0,0%1.3. Nacional e

Estrangeiro 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%Total 77 100% 12 100% 1 100%

2. Sua Empresa é2.1. Independente 71 92,2% 6 50,0% 0 0,0%

2.2. Parte do Grupo 6 7,8% 6 50,0% 1 100,0%Total 77 100% 12 100% 1 100%

3. Qual a relação com o Grupo

3.1. Controladora 2 33,3% 0 0,0% 0 0,0%3.2. Controlada 3 50,0% 6 100,0% 0 0,0%3.3. Coligada 1 16,7% 0 0,0% 1 100,0%

Total 6 100% 6 100% 1 100%Fonte: Dados da Pesquisa, 2005.

A Tabela 5 demonstra que tanto as micros como as pequenas e média empresas tiveram na sua origem o capital nacional, observando somente uma pequena empresa com capital estrangeiro, oriundo da Europa, mas especificamente da Itália. Observa-se que 92,2% das micro-empresas são independentes e que as pequenas têm percentual igual entre independentes e parte de grupos. No entanto, a relação com o grupo, para as micro divide-se entre controladora (2), controlada (3) e coligada (1), porém as pequenas todas são controladas.

Tabela 6 - Número de Sócios FundadoresNúmero de Sócios Fundadores Micro Pequena Média

Nº Empresas %Nº

Empresas %Nº

Empresas % 1 sócio 65 84,4% 8 66,7% 0 0,0% 2 sócios 9 11,7% 2 16,7% 0 0,0% 3 sócios 3 3,9% 1 8,3% 0 0,0% 3 ou mais sócios 0 0,0% 1 8,3% 1 100,0% Total 77 100% 12 100% 1 100%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2005.

A grande maioria das micros e pequenas empresas, foram fundadas por somente um sócio, seguidos de 2 sócios e baixa freqüência com 3 e mais do que isso somente uma empresa pequena e uma média. Essa informação parece traduzir o esforço do migrante-empreendedor em iniciar o seu negócio a partir de um lote recebido e os conhecimentos trazidos de sua terra natal para Rondônia, podendo-se dizer que o processo de desenvolvimento local começa com esse movimento, porém pelos dados que seguem não houve políticas públicas adequadas para estimular e dar sustentabilidade a esse desenvolvimento.

Tabela 7 - Estrutura do Capital das Micros e Pequenas EmpresasFonte de Recursos Micro Pequena Média

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1º Ano 2005 1º Ano 2005 1º Ano 20051. Dos sócios 87,5% 96,4% 87,5% 94,2% 100,0% 100,0%2. Empréstimos de parentes e amigos 1,0% 0,1% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%3. Empréstimos instit. financeiras gerais 7,1% 1,6% 8,3% 0,0% 0,0% 0,0%4. Empréstimos instit. apoio as MPEs 1,3% 0,6% 4,2% 4,2% 0,0% 0,0%5. Adiant. materiais por fornecedores 0,0% 0,9% 0,0% 1,7% 0,0% 0,0%6. Adiantamento de recursos por clientes 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%7. Outra 3,0% 0,4% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2005.

Confirmando o que se observa na tabela anterior, a Tabela 7 demonstra que a estrutura do Capital das micros e pequenas empresas no ano de criação e em 2005, na sua grande maioria são dos sócios, sendo nas micros empresas 87,5% e 96,4% e nas pequenas 87,5% e 94,2%, respectivamente. Como segunda fonte de recursos as micros dizem ter recebido empréstimo de instituições financeiras gerais, o que são representadas por bancos privados e cooperativas de crédito, com operações comuns, vindo em terceiro lugar os empréstimos de instituições financeiras as MPEs, caracterizados por bancos oficiais, na operacionalização dos programas de governo, como o PRONAF e FNO por exemplo. Os empréstimos das pequenas empresas embora sigam a mesma trajetória das micros, parecem ter tido maior acesso as instituições de apoio as MPEs.

Tabela 8 - Perfil do Sócio Fundador das Micros e Pequenas EmpresasEspecificação Micro Pequena Média1. Idade1.1. Até 20 anos 5,2% 0,0% 0,0%1.2. Entre 21 e 30 anos 46,8% 33,3% 0,0%1.3. Entre 31 e 40 anos 27,3% 16,7% 0,0%1.4. Entre 41 e 50 anos 15,6% 41,7% 100,0%1.5. Acima de 50 anos 5,2% 8,3% 0,0%Total 100,0% 100,0% 100,0%2. Sexo (%)2.1. Masculino 85,7% 100,0% 100,0%2.2. Feminino 14,3% 0,0% 0,0%Total 100,0% 100,0% 100,0%3. Pais Empresários (%)3.1. Sim 11,7% 33,3% 100,0%3.2. Não 87,0% 66,7% 0,0%Total 98,7% 100,0% 100,0%

Analisando a média de idade do sócio fundador quando da criação da empresa, a qual concentra-se entre os 20 e 50 anos, percebe-se que encontra-se dividida, sendo o grupo compreendido entre os 31 e 50 anos atribuído aos migrantes que chegaram a Rondônia no período de colonização do “eldorado brasileiro”, porém, o grupo constituído com a idade entre 21 a 30 anos, pode-se dizer que trata-se de uma geração nascida em Rondônia ou que chegou muito nova, com pouca idade quando vierem com seus pais para colonizarem o então território.

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Sendo a grande maioria do sexo masculino, representado por 85,7% nas micros e 100,0% nas pequenas, confirmando a história dos desbravadores, porém já se percebe a presença de mulheres nas micros empresas. O expressivo percentual de pais não empresários, que 87,7% nas micros e 66,7% nas pequenas, parece que esse dado confirma a hipótese de que o migrante-empresário ao chegar criou o seu negócio, e somente alguns anos depois outros empreendedores criaram suas empresas.

Tabela 9 – Escolaridade e Atividades do Sócio Fundador das MPEs

Especificação Micro Pequena Média4. Escolaridade (%)4.1. Analfabeto 9,1% 0,0% 0,0%4.2. Ensino Fundamental Incompleto 35,1% 16,7% 0,0%4.3. Ensino Fundamental Completo 10,4% 0,0% 0,0%4.4. Ensino Médio Incompleto 7,8% 16,7% 0,0%4.5. Ensino Médio Completo 28,6% 33,3% 100,0%4.6. Superior Incompleto 2,6% 0,0% 0,0%4.7. Superior Completo 6,5% 25,0% 0,0%4.8. Pós-Graduação 0,0% 8,3% 0,0%Total 100,0% 100,0% 100,0%5. Atividade antes de criar a empresa (%)5.1. Estudante Universitário 1,3% 0,0% 0,0%5.2. Estudante de Escola Técnica 1,3% 0,0% 0,0%5.3. Empregado de micro ou pequena empresa local 0,0% 0,0% 0,0%5.4. Empregado de média ou grande empresa local 1,3% 8,3% 0,0%5.5. Empregado de empresa de fora do arranjo 2,6% 16,7% 0,0%5.6. Funcionário de instituição pública 14,3% 0,0% 0,0%5.7. Empresário 29,9% 25,0% 100,0%5.8. Outra 49,4% 50,0% 0,0%Total 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2005.

Continuando na análise do perfil do sócio fundador, quanto a escolaridade verifica-se que as micros empresas apresentaram um índice significativo, para os dias atuais de 9,1% de analfabetos, com uma grande concentração no ensino fundamental incompleto com 35,1% e 10,4% no ensino fundamental completo, porém, apresenta freqüência razoável de fundadores com ensino médio incompleto com 7,8% e 28,6% completo, com registro de empresários que já cursaram 6,5% ou estão cursando 2,6% o ensino superior. Esses dados também demonstram que existem dois momentos de criação de empresa em Rondônia, umas criadas pela geração de migrantes pioneiros e outra por uma geração mais jovem, com mais escolaridade, mas preocupada com o processo de desenvolvimento. Na pequena, a situação não é diferente, porém, talvez até em função do volume de recurso investido, observa-se que há uma maior concentração de sócios com ensino médio completo e superior completo. Quanto a atividade que exerciam antes de criar o negócio, nas micros empresas, 49,4% disseram ter vindo da agricultura e nas pequenas 50,0% disseram ter outra atividade, não se classificando como empresários, representando os migrantes-empresários que vieram de outros estados para aplicar seu capital

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em Rondônia. Já na média empresa, em função do grau de complexidade 100,0% disseram que já eram empresários.

Tabela 10 - Dificuldades na Operação da Micro Empresa do APL LeiteDificuldade 1º Ano Em 2005

MICRO Nula Baixa Média Alta Índice Nula Baixa Média Alta Índice1. Contratar empregados qualificados

14 20 14 29 0,56 14 24 19 19 0,49

18,2% 26,0% 18,2% 37,7% 18,4% 31,6% 25,0% 25,0%2. Produzir com qualidade

9 8 32 28 0,64 12 31 24 9 0,4311,7% 10,4% 41,6% 36,4% 15,8% 40,8% 31,6% 11,8%

3. Vender a produção

11 11 24 31 0,63 6 35 14 21 0,5314,3% 14,3% 31,2% 40,3% 7,9% 46,1% 18,4% 27,6%

4. Custo ou falta de capital de giro

7 4 23 43 0,75 6 11 37 22 0,63

9,1% 5,2% 29,9% 55,8% 7,9% 14,5% 48,7% 28,9%5. Custo ou falta capital aquis. Máq. Equip

14 1 19 43 0,71 13 14 31 18 0,54

18,2% 1,3% 24,7% 55,8% 17,1% 18,4% 40,8% 23,7%6. Custo ou falta de capital aquis/locação instalações

20 8 19 30 0,57 19 16 29 12 0,45

26,0% 10,4% 24,7% 39,0% 25,0% 21,1% 38,2% 15,8%7. Pagamento de juros

52 3 5 17 0,27 46 7 9 14 0,2867,5% 3,9% 6,5% 22,1% 60,5% 9,2% 11,8% 18,4%

8. Outras dificuldades

70 1 0 6 0,08 72 0 0 5 0,0690,9% 1,3% 0,0% 7,8% 93,5% 0,0% 0,0% 6,5%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2005.

Conforme demonstrado na Tabela 10, as principais dificuldades das micros empresas pesquisadas, no primeiro ano de criação foram: 37,7% contratar empregados qualificados; 41,6% produzir com qualidade; 40,3% vender a produção; 558% custo ou falta de capital de giro; 55,8% custo ou falta de capital para aquisição de máquinas e equipamentos e 39,0% custo ou falta de capital para locação de instalações. O pagamento de juros não aparece como maior dificuldade, parece que em função da ausência das modalidades de empréstimos como pode-se observar tabela 7, estrutura de capital. Em 2005, as maiores dificuldades ainda são estruturais, porém deve-se considerar avanços, como: contratar pessoal qualificado, que embora tenha dificuldade caiu de 37,7% para 25,0%, no entanto trata-se de um fator preocupante por se tratar de um recurso essencial a competitividade, criatividade e inovação do Arranjo; quanto a produzir com qualidade houve significativa diminuição da dificuldade, caindo para 11,8% a freqüência de alta dificuldade; 31,6% para média e aumentou a baixa para 40,8%, parece ter havido um esforço do empresário para equacionar os problemas que enfrentava, porém, deve-se lembrar da inserção de políticas públicas e incentivos para melhoria do produto na cadeia do agronegócio leite pelo Governo do Estado, com a criação do Pró-leite; Nos demais itens pesquisados destaca-se a dificuldade, ainda alta, na venda da produção com 27,6% e a falta de capital de giro com 29,8%.

Analisando esses dados na perspectiva das forças competitivas de Porter, verifica-se que o APLLeite encontra-se fragilizado quanto as barreiras a novos entrantes, uma vez que os principais fatores de vantagem competitiva constituem-se nesses fatores, principalmente nas

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MPE’s rurais, as quais vêm sendo vendidas a médias e grandes corporações oriundas de estados mais desenvolvidos, que embora possa parecer um desafio ao arranjo, pouco tem se utilizado das estruturas locais, recorrendo a seus estados de origem para comprar seus insumos. .

Tabela 11 - Relação de Trabalho

TiposMicro Pequena Média

Nº Pessoas %

Nº Pessoas %

Nº Pessoas %

Sócio Proprietário 91 25,8% 61 8,7% 5 1,6% Contratos Formais 147 41,6% 614 87,5% 240 78,7% Estagiário 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% Serviço Temporário 29 8,2% 20 2,8% 20 6,6% Terceirizados 4 1,1% 5 0,7% 40 13,1% Fam sem contrato formal 82 23,2% 2 0,3% 0 0,0% Total 353 100% 702 100% 305 100%

No contexto das relações de trabalho, considerando o número de pessoal ocupado, nas micros empresas existem 41,6% com contratos formais, 25,8% de sócio proprietário e 23,2% de mão-de-obra familiar sem contrato formal, já as pequenas mantém a grande maioria com registros formais, situando-se em 87,5% e a média empresa pesquisada embora concentre-se em contratos formais recorre ao serviço temporário e terceirizados com maior intensidade.

6.2 Produção, Mercado e Emprego

Nesse bloco foram pesquisadas e serão analisadas as empresas quando ao pessoal ocupado, evolução do faturamento, destino das vendas, a escolaridade do pessoal ocupado e ainda os fatores determinantes para manter a capacidade competitiva na principal linha do produto nas MPEs

Tabela 12 - Evolução do Emprego (variação no período)Micro Pequena MédiaTotal Índice Média Total Índice Média Total Índice MédiaMéd

1990 132 100 2 141 100 12 105 100 105 - - - 1995 165 125 2 297 210,6383 25 205 195,2381 205Taxa95/90 25,0% 110,6% 95,2% 2000 238 180,303 3 490 347,5177 41 255 242,8571 255Taxa00/95 44,2% 65,0% 24,4% 2005 327 247,727 4 691 490,0709 58 305 290,4762 305Taxa05/00 37,4% 41,0% 19,6%

Avaliando os aspectos da produção, do mercado e emprego das MPE’s do APLLeite em Rondônia, observa-se que o emprego do setor teve a seguinte evolução: Micros Empresas índice de 180,3 no período de 1995 a 2000 e 247,7 entre 2000 e 2005; Pequenas Empresas índice de 347,5 no período de 1995 a 2000 e 490,07, entre 2000 e 2005.

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Tabela 13 - Evolução do Faturamento (preços de 2005)Micro Pequena MédiaTotal Índice Média Total Índice Média Total Índice

1990 131.928,45 100 1713

762.921,46 100 63577

1.130.758,65 100

- - -

1995 26.852.755,56 20354 348737

75.164.491,88 9852,193 6263708

91.333.006,65 8077,144

Taxa95/90 20254,0% 9752,2% 7977,1%

2000 31.817.534,85 24117,3 413215

77.262.617,28 10127,2 6438551

62.727.511,87 5547,383

Taxa00/95 18,5% 2,8% -31,3%

2005 38.645.992,00 29293,1 501896

80.045.686,00 10492 6670474

62.100.000,00 5491,888

Taxa05/00 21,5% 3,6% -1,0%

No mesmo período o faturamento das MPE’s obtiveram um crescimento de 18,5% e 21,5% nas micros e 2,8% e 3,6% nas pequenas, respectivamente.

Tabela 14 - Destino das Vendas

Destino Anos1990 1995 2000 2005

1. Micro1.1. Local 94,4% 94,3% 90,6% 90,8%1.2. Estado 5,6% 5,2% 8,7% 8,7%1.3. Brasil 0,0% 0,4% 0,6% 0,5%1.4. Exportação 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%2. Pequena2.1. Local 73,8% 66,7% 62,9% 66,5%2.2. Estado 20,6% 21,7% 20,2% 16,5%2.3. Brasil 5,6% 11,7% 16,9% 17,0%2.4. Exportação 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%3. Média3.1. Local 15,0% 5,0% 5,0% 5,0%3.2. Estado 35,0% 25,0% 25,0% 25,0%3.3. Brasil 50,0% 70,0% 70,0% 70,0%3.4. Exportação 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

O destino das vendas no APLLeite no ano de 2005 das micros empresas foi: 90,8% para o mercado local; 8,7% para o Estado e somente 0,5% para o Brasil, porém as pequenas empresas apresentam a seguinte performance: 66,5% das vendas no mercado local; 16,5% para Rondônia e 17% para o mercado brasileiro. Destaca-se que neste caso encontram-se as

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indústrias de laticínios classificadas como pequenas, as quais concentram-se na produção de queijo mussarela, o qual é exportado quase na sua totalidade para outras praças brasileiras.

Tabela 15 - Escolaridade do Pessoal OcupadoGrau de Ensino Micro Pequena Média1. Analfabeto 6,7% 2,4% 1,6%2. Ensino Fundamental Incompleto 35,9% 10,2% 82,0%3. Ensino Fundamental Completo 12,2% 21,0% 9,8%4. Ensino Médio Incompleto 5,8% 12,8% 3,3%5. Ensino Médio Completo 35,4% 49,2% 2,6%6. Superior Incompleto 1,4% 2,6% 0,0%7. Superior Completo 2,3% 1,8% 0,7%8. Pós-Graduação 0,3% 0,0% 0,0Total 345 705 305

100,0% 100,0% 100,0%Fonte: Dados da Pesquisa, 2005.

Considerando a escolaridade atual do pessoal ocupado, a Tabela 15 demonstra que 82,0% dos colaboradores da média empresa têm o ensino fundamental incompleto, o que parece confirmar a inserção de médias empresas nesse arranjo em função do custo de oportunidade de mão-de-obra. Nas micros empresas também a escolaridade está concentrada nesse grau de ensino, porém vinculada a mão-de-obra familiar, principalmente dos pais e parente mais idosos, já na pequena empresa a maior concentração está no ensino médio completo justificado por estar concentrado neste segmento as empresas comerciais, de representação e serviços que exigem maior qualificação de seus colaboradores.

Tabela 16 - Fatores Competitivos Micro-Empresa

Fatores competitivos Micro/PequenaNula Baixa Média Alta Índice*

1. Qualidade da matéria-prima e outros insumos 2,6% 5,3% 11,8% 80,3% 0,892. Qualidade da mão-de-obra - APL LEITE 6,6% 21,1% 38,2% 34,2 0,633. Custo da mão-de-obra 10,5% 25,0% 26,3% 38,2% 0,614. Nível tecnológico dos equipamentos 14,5% 17,1% 28,9% 39,5% 0,625.Capac. introdução de novos produtos/processos 27,6% 22,4% 25,0% 25,0% 0,476. Desenho e estilo nos produtos 51,3% 22,4% 15,8% 10,5% 0,277. Estratégias de comercialização 32,9% 10,5% 18,4% 38,2% 0,528. Qualidade do produto 5,3% 3,9% 7,9% 82,9 0,899. Capacidade de atendimento (volume e prazo) 22,4% 6,6% 9,2% 61,8% 0,6910. Outra 93,5 0,0% 0,0% 6,5% 0,06

*Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento)

A Tabela 16 apresenta os fatores competitivos pesquisados no APLLeite. As questões prenderam-se em avaliar os fatores considerados determinantes para manter a capacidade

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competitiva na atividade principal das empresas no arranjo, solicitando-se que indicassem o grau de importância de cada um, na seguinte escala: nula, baixa, média e alta importância. Para o fator qualidade da matéria prima e outros insumos as micros e pequenas empresas avaliaram como de alta importância com 80,3% e 75,0%, respectivamente. Essa percepção demonstra que as empresas, mesmo sem conhecer a teoria de Porter valorizam o papel dos fornecedores. A qualidade da mão-de-obra foi o segundo fator avaliado, tendo uma classificação de média importância tanto para micro com 38,2%, como para a pequena com 41,7%, vê-se que neste caso não parece haver uma preocupação com a concorrência ou em obter vantagem competitiva no setor. Quanto ao Custo da Mão-de-Obra, embora a micro e a pequena tenham apresentado alta importância com 38,2% e 41,7%, respectivamente, não pode-se considerar como fator relevante frente a dispersão entre as opções baixa e média. Por outro lado o fator nível tecnológico dos equipamentos, obteve alta importância para a Micro com 39,5 %, com dispersão para baixa e média importância para a pequena com uma concentração de 66,7%.

Na seqüência observa-se que os fatores relativos a capacidade de introdução de novos produtos/processos e desenho e estilo nos produtos, as micros empresas avaliaram como sem importância para suas atividades, o que pode-se inferir que essa percepção reflete a característica do setor estudado APLLeite, uma vez que a grande maioria das micros pesquisadas foram as propriedades rurais, deduzindo-se que o produto leite não requer melhorias. No entanto, para as pequenas, nesse caso representada pelas indústrias a importância desse fator é alta para 58,3% e 50,0% das empresas pesquisadas, refletindo na preocupação em manter níveis competitivos para os produtos derivados do leite.

Para os fatores competitivos inerentes as estratégias de comercialização; qualidade do produto e capacidade de atendimento (volume e prazo), tanto as micros como as pequenas empresas avaliaram como alta importância, o que demonstra a sensibilidade das empresas em manter-se atentas as forças competitivas preconizadas por Porter, quanto aos compradores e substitutos.

6.3 Inovação, Cooperação e Aprendizado Neste bloco busca-se conhecer as iniciativas e capacidades das MPEs em introduzir um

novo produto, bem ou serviço, utilizando-se da inovação, cooperação e aprendizado. No enunciado deste bloco, o questionário traz um Box, onde se explica em que se constitui um novo produto, uma significativa melhoria tecnológica e novos processos de produção. Considera que um novo produto para a empresa ou para o mercado é aquele cujas características tecnológicas ou uso previsto diferem significativamente de todos os produtos que a empresa já introduziu.

Quanto a significativa melhoria tecnológica refere-se a um produto previamente existente cuja performance foi substancialmente aumentada. Para os novos processos de produção levou-se em consideração o processo novo para a empresa e para o setor, envolvem a introdução de novos métodos, procedimentos, sistemas, máquinas ou equipamentos, os quais diferem daqueles previamente utilizados pela empresa.

Tabela 17 - Inovações entre 2003 e 2005

Descrição Micro Pequena MédiaSim Sim Sim

1. Inovações de produto* 16,9% 25,0% 100,0%

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1.1. Produto novo para a sua empresa, mas já existente no mercado? 16,9% 25,0% 100,00% 1.2. Produto novo para o mercado nacional? 1,3% 0,0% 0,0%2. Inovações de processo* 27,3% 33,3% 100,0% 2.1. Proc tecnológ novos para a empresa, mas já existentes no setor? 27,3% 33,3% 100,00 2.2. Processos tecnológicos novos para o setor de atuação? 1,3% 16,7% 100,00%3. Outros tipos de inovação* 9,1% 41,7% 100,0% 3.1. Criação ou melhoria modo acondicionamento produtos? 9,1% 41,7% 0,0 3.2. Inovações no desenho de produtos? 1,3% 0,0% 100,0%4. Realização mudanças organizacionais (inovações organizacionais)* 9,1% 50,0% 100,0% 4.1. Implementação de técnicas avançadas de gestão ? 0,0% 25,0% 100,0% 4.2. Implementação de mudanças na estrutura organizacional? 0,0% 33,3% 100,0% 4.3. Mudanças nos conceitos e/ou práticas de marketing ? 2,6% 16,7% 100,0% 4.4. Mudanças nos conceitos e/ou práticas de comercialização ? 6,5% 33,3% 100,0% 4.5. Implem. novos métodos e gerenciamento, normas certificação? 0,0% 8,3% 0,0%*Índice = (Nº Empresas com pelo menos um sim) / (Nº Empresas no Segmento)

Conforme pode ser observado na Tabela 17, no período compreendido entre 2003 a 2005, as micros e pequenas empresas apresentaram os seguintes resultados quanto a introdução de inovações: A média empresa pesquisada ou seja 100% disse ter efetuado Inovações de produto; 25,0% das pequenas e 16,9% das micros empresas declararam ter introduzido um novo produto para sua empresa, mas já existente no mercado. Quanto a inovação dos processos, 27,3% micros e 33,3% pequenas empresas informaram ter efetuado melhorias nos processos tecnológicos considerados novos para a empresa, mas já existentes no mercado, com 1,3% e 16,7% respectivamente, para processos novos para o setor de atuação.

Questionadas sobre a criação ou melhoria substancial, do ponto de vista tecnológico, do modo de acondicionamento de produtos, em relação a embalagem, 42,7% das pequenas empresas introduziram tal melhoria contra somente 9,1% das micros. No que concerne as mudanças organizacionais consideradas como inovações verifica-se que 50,0% das pequenas empresas implementaram tais mudanças, focando em: 25,0% técnicas avançadas de gestão; 33,3% em mudanças de estrutura organizacional; 16,7% mudanças nas práticas de marketing e 33,3% nas práticas de comercialização e somente 8,3% dizem ter implementado novos métodos de gerenciamento visando a atender as normas de certificação, preocupando-se com ISO 9000 e 14000. As micros empresas apresentam pouca ação nesses tipos de inovação organizacional e a média declara ter implementado todos os fatores.

Destaca-se que no caso das micros empresas o que mais caracteriza as práticas de inovação são as formas de acondicionamento e refrigeração do leite, seja por indução do processo de qualidade dos laticínios ou por um grande esforço em atender a legislação federal.

Tabela 18 - Participação nas vendas em 2005 de produtos novos ou aperfeiçoados

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no período entre 2003 e 2005

DescriçãoParticipação nas vendas

0% 1 a 5%

6 a 15%

16 a 25%

26 a 50%

51 a 75%

76 a 100% Total

1.Micro 1.1. Vendas internas em 2005 de novos produtos introduzidos.

57 0 5 7 3 3 2 7774,0% 0,0% 6,5% 9,1% 3,9% 3,9% 2,6% 100,0%

1.2. Vendas internas em 2005 de significativos aperfeiçoamentos de produtos introduzidos.

63 2 3 2 2 2 2 76

82,9% 2,6% 3,9% 2,6% 2,6% 2,6% 2,6% 100,0% 1.3. Exportações em 2005 de novos produtos introduzidos.

75 0 0 0 0 0 1 7698,7% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,3% 100,0%

1.4. Exportações em 2005 de significativos aperfeiçoamentos de produtos introduzidos.

75 0 0 0 0 0 1 76

98,7% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,3% 100,0%2. Pequena 2.1. Vendas internas em 2005 de novos produtos introduzidos.

5 3 1 3 0 0 0 1241,7% 25,0% 8,3% 25,0% 0,0% 0,0% 0,0% 100,0%

2.2. Vendas internas em 2005 de significativos aperfeiçoamentos de produtos introduzidos.

6 1 3 2 0 0 0 12

50,0% 8,3% 25,0% 16,7% 0,0% 0,0% 0,0% 100,0% 2.3. Exportações em 2005 de novos produtos introduzidos.

10 0 1 1 0 0 0 1283,3% 0,0% 8,3% 8,3% 0,0% 0,0% 0,0% 100,0%

2.4. Exportações em 2005 de significativos aperfeiçoamentos de produtos introduzidos.

10 1 0 1 0 0 0 12

83,3% 8,3% 0,0% 8,3% 0,0% 0,0% 0,0% 100,0% Fonte: Dados da Pesquisa, 2005.

A Tabela 18, demonstra o percentual de participação nas vendas, em função da introdução de novo produto ou significativamente melhorado no período compreendido entre 2003 e 2005. As micros empresas, de forma acanhada entre 2% a 9% identificaram um incremento nas vendas após os esforços empreendidos para inovar e melhor seus produtos e processos, e que isso reflete positivamente em suas vendas e no faturamento da empresa, o que serve de estímulos a implementar novos processos. No entanto, as pequenas empresas que fizeram algum tipo de inovação registram um aumento nas vendas variando entre 5% a 25%.

Tabela 19 - Impactos da inovação

Descrição Micro PequenaNula Baixa Média Alta Índice* Nula Baixa Média Alta Índice*

1. Aumento da produtividade 48 3 10 16 0,30 3 1 4 4 0,5662,3% 3,9% 13,0% 20,8% 25,0% 8,3% 33,3% 33,3%

2. Ampliação de produtos 59 3 9 6 0,16 6 2 2 2 0,32

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ofertados 76,6% 3,9% 11,7% 7,8% 50,0% 16,7% 16,7% 16,7% 3. Aumento qualidade dos produtos

49 2 5 21 0,32 4 2 1 5 0,5263,6% 2,6% 6,5% 27,3% 33,3% 16,7% 8,3% 41,7%

4. Permitiu a participação mercado

54 1 4 18 0,27 2 1 2 7 0,7170,1% 1,3% 5,2% 23,4% 16,7% 8,3% 16,7% 58,3%

5. Aumento participação merc. Int.

59 3 11 4 0,15 3 2 1 6 0,6076,6% 3,9% 14,3% 5,2% 25,0% 16,7% 8,3% 50,0%

6. Aumento participação merc. Ext.

70 5 1 1 0,04 6 3 0 3 0,3390,9% 6,5% 1,3% 1,3% 50,0% 25,0% 0,0% 25,0%

7. Permitiu que a empresa abrisse novos mercados

66 4 5 2 0,08 4 1 4 3 0,4885,7% 5,2% 6,5% 2,6% 33,3% 8,3% 33,3% 25,0%

8. Permitiu redução custos trabalho

57 6 8 5 0,15 5 2 1 4 0,4375,0% 7,9% 10,5% 6,6% 41,7% 16,7% 8,3% 33,3%

9. Permitiu redução custos insumos

57 7 7 5 0,15 4 5 2 1 0,3175,0% 9,2% 9,2% 6,6% 33,3% 41,7% 16,7% 8,3%

10.Permitiu redução cons. Energia

68 5 3 1 0,06 6 4 1 1 0,2388,3% 6,5% 3,9% 1,3% 50,0% 33,3% 8,3% 8,3%

11. Permitiu enquad em regulações e normas padrão rel. Mercado Interno

64 4 4 5 0,11 5 2 1 4 0,43

83,1% 5,2% 5,2% 6,5% 41,7% 16,7% 8,3% 33,3% 12. Permitiu enquad em regulações e normas padrão rel. Mercado Externo

73 2 1 1 0,03 9 1 0 2 0,19

94,8% 2,6% 1,3% 1,3% 75,0% 8,3% 0,0% 16,7% 13. Permitiu reduzir o impacto sobre o meio ambiente

67 5 3 2 0,07 8 1 1 2 0,24

87,0% 6,5% 3,9% 2,6% 66,7% 8,3% 8,3% 16,7% *Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento)

Quanto ao impacto resultante da introdução de inovações, a grande maioria das micros empresas pesquisadas consideraram sem importância os processos inovativos tanto para o aumento da produtividade quanto para aumento da participação no mercado ou redução de custos, parece que este segmento desconhece os benefícios dos processos inovativos ou não entenderam o conceito. As pequenas empresas no entanto, atribuem freqüência em todos os graus mantendo o grau de importância alta para todos os itens perguntados, o que mais uma vez confirma o abandono do micro empresário nesse APL. Essa situação automaticamente levou a uma avaliação precária do item constância nas atividades inovativas, demonstrando que não há preocupação das empresas com essas questões, no entanto, aparece o item programa de treinamento como o de maior constância. Por outro lado, deve-se considerar que a ausência de preocupação com esse item confirma a baixa atuação dos órgãos de pesquisas, universidades e instituições de assistência técnica no APL Leite. O que também pode ser confirmado com as informações sobre os gastos em pesquisas e desenvolvimento, quando existem ações de inovação os gastos são cobertos com recursos próprios em 75,1%.

Tabela 20 - Treinamento e Capacitação de Recursos Humanos

Descrição Micro PequenaNula Baixa Média Alta Índice* Nula Baixa Média Alta Índice*

1. Treinamento na empresa

36 1 5 35 0,50 1 0 1 10 0,8846,8% 1,3% 6,5% 45,5% 8,3% 0,0% 8,3% 83,3%

2. Treinamento em 44 5 10 18 0,33 7 0 3 2 0,32

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cursos técnicos realizados no arranjo 57,1% 6,5% 13,0% 23,4% 58,3% 0,0% 25,0% 16,7% 3. Treinamento em cursos técnicos fora do arranjo

69 2 1 3 0,06 6 4 0 2 0,27

92,0% 2,7% 1,3% 4,0% 50,0% 33,3% 0,0% 16,7% 4. Estágios em empresas fornecedoras ou clientes

71 4 0 2 0,04 10 0 1 1 0,1392,2% 5,2% 0,0% 2,6% 83,3% 0,0% 8,3% 8,3%

5. Estágios em empresas do grupo

73 3 0 1 0,02 7 1 1 3 0,3394,8% 3,9% 0,0% 1,3% 58,3% 8,3% 8,3% 25,0%

6.Contratação téc/eng de outras empresas do arranjos

72 3 1 1 0,03 9 1 1 1 0,16

93,5% 3,9% 1,3% 1,3% 75,0% 8,3% 8,3% 8,3% 7.Contratação téc/eng de empresas fora do arranjo

73 3 0 1 0,02 10 0 0 2 0,1794,8% 3,9% 0,0% 1,3% 83,3% 0,0% 0,0% 16,7%

8.Absorção formandos cursos univ. loc. arranjo ou próximo

73 3 0 1 0,02 8 2 1 1 0,18

94,8% 3,9% 0,0% 1,3% 66,7% 16,7% 8,3% 8,3% 9.Absorção formandos cursos téc loc no arranjo ou próximo

74 2 0 1 0,02 9 1 1 1 0,16

96,1% 2,6% 0,0% 1,3% 75,0% 8,3% 8,3% 8,3% *Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento)

Considerando que atividades inovativas são todas as etapas necessárias para o desenvolvimento de produtos ou processos novos/melhorados, incluem pesquisa e desenvolvimento, desenho e engenharia, aquisição de tecnologia incorporada ao capital, como: máquinas e equipamentos, e não incorporadas como: patentes, know how, marca de fábrica, serviços computacionais e técnico-científicos. A modernização organizacional é orientada para reduzir o tempo de produção e a melhora na organização física, desverticalização, just in time, círculos de qualidade; comercialização e capacitação que se refere ao treinamento de mão-de-obra relacionado com as atividades inovativas.

Nesse contexto, os dados da Tabela 20, parecem justificar o quase incipiente investimento em inovação. Como pode-se observar nas respostas das micros empresas, 46,8% dizem não desenvolver atividades de treinamento e capacitação, quando marcaram a opção nula, no entanto, a 45,5% disseram desenvolver ações e treinamento internamente nas empresas. Já 83,3% das pequenas empresas declararam fazer treinamento e capacitação internamente. Ressalta-se que tais ações de capacitação realizadas internamente, na realidade são instruções em serviço sobre a atividade a ser executada, que por mais boa vontade e dedicação não corresponde a uma capacitação eficaz para o processo produtivo, o que normalmente vem acompanhado de poder e autoritarismo natural da função do “instrutor” ou pela necessidade de ser aceito do aprendiz, e isso não favorece, nem a criatividade, nem o processo inovativo.

Tabela 21 - Fontes de Informação - Grau de Importância

Descrição Micro PequenaNula Baixa Média Alta Índice* Nula Baixa Média Alta Índice*

1. Fontes Internas

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1.1. Departamento de P & D

73 0 0 4 0,05 10 0 1 1 0,1394,8% 0,0% 0,0% 5,2% 83,3% 0,0% 8,3% 8,3%

1.2. Área de produção

37 2 10 28 0,45 4 1 0 7 0,6148,1% 2,6% 13,0% 36,4% 33,3% 8,3% 0,0% 58,3%

1.3. Áreas de vendas e marketing

50 5 11 11 0,25 3 0 3 6 0,6564,9% 6,5% 14,3% 14,3% 25,0% 0,0% 25,0% 50,0%

1.4. Serviços de atendimento ao cliente

50 5 11 11 0,25 3 0 3 6 0,6564,9% 6,5% 14,3% 14,3% 25,0% 0,0% 25,0% 50,0%

1.5. Outras 73 0 1 3 0,05 12 0 0 0 0,0094,8% 0,0% 1,3% 3,9% 100,0% 0,0% 0,0% 0,0%

2. Fontes Externas 2.1. Outras empresas dentro do grupo

72 2 2 1 0,04 7 0 4 1 0,2893,5% 2,6% 2,6% 1,3% 58,3% 0,0% 33,3% 8,3%

2.2. Empresas associadas (joint venture)

71 1 3 2 0,05 11 0 1 0 0,05

92,2% 1,3% 3,9% 2,6% 91,7% 0,0% 8,3% 0,0% 2.3. Fornecedores de insumos.

22 3 14 38 0,61 1 1 3 7 0,7628,6% 3,9% 18,2% 49,4% 8,3% 8,3% 25,0% 58,3%

2.4. Clientes 32 6 6 33 0,50 1 0 0 11 0,9241,6% 7,8% 7,8% 42,9% 8,3% 0,0% 0,0% 91,7%

2.5. Concorrentes 40 8 9 20 0,36 2 0 3 7 0,7351,9% 10,4% 11,7% 26,0% 16,7% 0,0% 25,0% 58,3%

2.6. Outras empresas do Setor

43 5 12 17 0,33 2 0 2 8 0,7755,8% 6,5% 15,6% 22,1% 16,7% 0,0% 16,7% 66,7%

2.7. Empresas de consultoria

68 1 1 7 0,10 8 1 2 1 0,2188,3% 1,3% 1,3% 9,1% 66,7% 8,3% 16,7% 8,3%

3. Univ. Inst. Pesquisa 3.1. Universidades 74 1 1 1 0,02 7 2 1 2 0,27

96,1% 1,3% 1,3% 1,3% 58,3% 16,7% 8,3% 16,7% 3.2. Institutos de Pesquisa

69 0 4 4 0,08 10 0 1 1 0,1389,6% 0,0% 5,2% 5,2% 83,3% 0,0% 8,3% 8,3%

3.3.Centros capac. Prof. de assist. téc. E manutenção

33 4 16 24 0,45 6 1 1 4 0,41

42,9% 5,2% 20,8% 31,2% 50,0% 8,3% 8,3% 33,3% 3.4. Instituições de testes, ensaios e certificações

73 1 2 0 0,02 10 0 1 1 0,13

96,1% 1,3% 2,6% 0,0% 83,3% 0,0% 8,3% 8,3% *Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento)

Na Tabela 21, as questões referentes as fontes de informações respondida em função do grau de importância, registra-se na maioria dos itens a resposta com maior freqüência é a nula, demonstrando a fragilidade do APL Leite neste quesito, por outro lado, percebe-se que as fontes informações para as micros, são: 49,4% fornecedores; 42,4% clientes e 31,2% centros de capacitação e para as pequenas empresas, são: 58,3% produção e 50,0% área de vendas e serviços de atendimento ao cliente. Observando os segmentos das empresas pesquisadas e principalmente as características e condições das micros empresas é possível inferir mais uma vez, que tais empresas requer urgente atenção das instituições de pesquisa, universidades e órgãos de fomento para que se possa falar em desenvolvimento local sustentável.

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O conceito de aprendizagem está associado a um processo cumulativo através do qual as empresas ampliam seus conhecimentos, aperfeiçoam seus procedimentos de busca e refinam suas habilidades em desenvolver, produzir e comercializar bens e serviços. O aprendizado se dá a partir de fontes internas à empresa, incluindo: aprendizado com experiência própria, no processo de produção, comercialização e uso, esta é a forma mais presente no arranjo, no entanto, deveria buscar novas soluções técnicas nas unidades de pesquisa e desenvolvimento, porém os micros empresas não têm acesso a essa atividade no arranjo.

Outra forma de capacitação são as fontes externas, as quais incluem: a interação com os

fornecedores, concorrentes, clientes, usuários, consultores, sócios, universidades, institutos de pesquisa, prestadores de serviços tecnológicos, agências e laboratórios governamentais e organismos de apoio. Nos APLs, o aprendizado interativo constitui fonte fundamental para a transmissão de conhecimentos e a ampliação da capacidade produtiva e inovativa das empresas e instituições.

A Tabela 22 e seguintes a seguir trazem informações sobre as atividades cooperativas das empresas pesquisadas no exercício de 2005. Das micros empresas pesquisadas, 67,5% dizem não participar de tais atividades, já as pequenas 50,0% participam.

Tabela 22 – Atividades Cooperativas em 2005Tamanho da Empresa Sim Não Total1. Micro 25 52 77

32,5% 67,5% 100,0%2. Pequena 6 6 12

50,0% 50,0% 100,0%3. Média 1 0 1

100,0% 0,0% 100,0%

O significado genérico de cooperação é o de trabalhar em comum, envolvendo relações de confiança mútua coordenação, em níveis diferenciados entre os agentes. Em APLs pode-se identificar diferentes tipos de cooperação, incluindo a cooperação produtiva visando a obtenção de economias de escala e de escopo, bem como a melhoria dos índices de qualidade e produtividade; e a cooperação inovativa, que resulta na diminuição de riscos, custos, tempo e, principalmente, no aprendizado interativo, dinamizando o potencial inovativo de arranjo produtivo local.

Na Tabela 23, verifica-se que esta questão também tem uma grande incidência de respostas nulas, demonstrando ser frágil a cooperação no APL, o que confirma as informações da tabela 22. Fornecedores, clientes, outras empresas do setor e centros de capacitação são os principais agentes com freqüência representativa citadas pelas micros e pequenas empresas ou seja do grupo de questões empresas existe mais cooperação, do que no bloco universidades e institutos de pesquisa aparece somente centros de capacitação, no caso das micros a Emater foi citada e pelas pequenas o Sebrae.

Tabela 23 - Principais Parceiros de Atividades - Grau de Importância

Agentes Micro PequenaNula Baixa Média Alta Índice* Nula Baixa Média Alta Índice*

1. Empresas 1.1. Outras 73 2 1 1 0,03 10 1 0 1 0,11

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empresas dentro do grupo 94,8% 2,6% 1,3% 1,3% 83,3% 8,3% 0,0% 8,3% 1.2.Empresas associadas (joint venture)

75 1 0 1 0,02 12 0 0 0 0,00

97,4% 1,3% 0,0% 1,3% 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1.3. Fornecedores de insumos equip. mat. Soft.)

54 6 5 12 0,22 6 0 4 2 0,37

70,1% 7,8% 6,5% 15,6% 50,0% 0,0% 33,3% 16,7% 1.4. Clientes 62 2 5 8 0,15 7 1 1 3 0,33

80,5% 2,6% 6,5% 10,4% 58,3% 8,3% 8,3% 25,0% 1.5. Concorrentes 69 3 3 2 0,06 10 0 1 1 0,13

89,6% 3,9% 3,9% 2,6% 83,3% 0,0% 8,3% 8,3% 1.6. Outras empresas do setor

63 6 5 3 0,10 8 2 0 2 0,2281,8% 7,8% 6,5% 3,9% 66,7% 16,7% 0,0% 16,7%

1.7. Empresas de consultoria

74 0 1 2 0,03 12 0 0 0 0,0096,1% 0,0% 1,3% 2,6% 100,0% 0,0% 0,0% 0,0%

2. Univ. Inst. de Pesquisa 2.1. Universidades 75 1 0 1 0,02 11 1 0 0 0,03

97,4% 1,3% 0,0% 1,3% 91,7% 8,3% 0,0% 0,0% 2.2. Institutos de pesquisa

74 1 0 2 0,03 11 1 0 0 0,0396,1% 1,3% 0,0% 2,6% 91,7% 8,3% 0,0% 0,0%

2.3. Centros de capacitação profissional de assistência técnica e de manutenção

63 2 4 8 0,14 7 0 2 3 0,35

81,8% 2,6% 5,2% 10,4% 58,3% 0,0% 16,7% 25,0% 2.4. Instituições de testes, ensaios e certificações

75 0 0 2 0,03 12 0 0 0 0,00

97,4% 0,0% 0,0% 2,6% 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% 3. Outros Agentes 3.1. Representação 75 0 0 2 0,03 9 0 2 1 0,18

97,4% 0,0% 0,0% 2,6% 75,0% 0,0% 16,7% 8,3% 3.2. Entidades Sindicais

71 2 2 2 0,05 7 1 2 2 0,2992,2% 2,6% 2,6% 2,6% 58,3% 8,3% 16,7% 16,7%

3.3. Órgãos de apoio e promoção

69 0 3 5 0,09 8 1 2 1 0,2189,6% 0,0% 3,9% 6,5% 66,7% 8,3% 16,7% 8,3%

3.4. Agentes financeiros

72 1 1 3 0,05 10 0 0 2 0,1793,5% 1,3% 1,3% 3,9% 83,3% 0,0% 0,0% 16,7%

*Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento)

A Tabela 24, demonstra as formas de cooperação presentes no APL Leite, podendo-se observar que as mas freqüentes são: Compra de insumos; venda conjunta de produtos; capacitação de recursos humanos, obtenção de financiamento, reinvindicações e participação em feiras e exposições. A partir desse itens pontuados como motivos para estabelecer a cooperação pode-se deduzir que os agentes do APL estão buscando saídas para os problemas que enfrentam no dia-a-dia, os quais muitos poderiam ser amenizados se houvesse um real interesse em promover o desenvolvimento produtivo.

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Tabela 24 - Formas de Cooperação

Descrição Micro PequenaNula Baixa Média Alta Índice* Nula Baixa Média Alta Índice*

1. Compra de insumos e equipamentos

55 6 3 13 0,22 7 1 1 2 0,24

71,4% 7,8% 3,9% 16,9% 63,6% 9,1% 9,1% 18,2% 2. Venda conjunta de produtos

62 4 3 8 0,14 9 0 0 2 0,1780,5% 5,2% 3,9% 10,4% 81,8% 0,0% 0,0% 18,2%

3. Desenvolvimento de Produtos e processos

70 3 3 1 0,05 9 1 1 0 0,08

90,9% 3,9% 3,9% 1,3% 81,8% 9,1% 9,1% 0,0% 4. Design e estilo de Produtos

75 1 1 0 0,01 11 0 0 0 0,0097,4% 1,3% 1,3% 0,0% 100,0% 0,0% 0,0% 0,0%

5. Capacitação de Recursos Humanos

60 2 7 8 0,17 6 0 1 4 0,3877,9% 2,6% 9,1% 10,4% 54,5% 0,0% 9,1% 36,4%

6. Obtenção de financiamento

57 7 7 6 0,16 9 0 2 0 0,1074,0% 9,1% 9,1% 7,8% 81,8% 0,0% 18,2% 0,0%

7. Reivindicações 55 3 12 7 0,20 5 0 2 4 0,4371,4% 3,9% 15,6% 9,1% 45,5% 0,0% 18,2% 36,4%

8. Participação conjunta em feiras, etc

64 3 4 5 0,11 5 1 1 4 0,41

84,2% 3,9% 5,3% 6,6% 45,5% 9,1% 9,1% 36,4% 9. Outras 77 0 0 0 0,00 11 0 0 0 0,00

100,0% 0,0% 0,0% 0,0% 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% *Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Total de Empresas)

Em todos os itens pesquisados que aparecem as questões treinamento e capacitação, as micros e pequenas empresas apontaram tais ações como um dos fatores que desenvolvem para promover a melhoria dos processos e inovações dos produtos e serviços, na Tabela 25, as MPEs apontam resultados promissores dos processos de treinamento e aprendizagem, ressaltando melhor utilização de técnicas produtivas; maior conhecimento sobre as características dos mercados e maior capacitação para realizar modificações e melhorias nos produtos e processos. Deve-se observar que esse resultado demonstra haver um terreno propicia a capacitação e ao desenvolvimento do arranjo.

Tabela 25 - Resultados dos Processos de Treinamento e Aprendizagem

Descrição Micro PequenaNula Baixa Média Alta Índice* Nula Baixa Média Alta Índice*

1. Melhor utiliz téc. Produt. equip, insumos

27 9 13 28 0,50 5 2 1 4 0,4335,1% 11,7% 16,9% 36,4% 41,7% 16,7% 8,3% 33,3%

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e compon.2. Maior capac. realização modif. melhorias prod/proc

42 9 19 7 0,27 5 2 2 3 0,40

54,5% 11,7% 24,7% 9,1% 41,7% 16,7% 16,7% 25,0% 3. Melhor capac. desenv. novos produtos e processos

54 10 9 4 0,16 5 2 4 1 0,33

70,1% 13,0% 11,7% 5,2% 41,7% 16,7% 33,3% 8,3% 4. Maior conhec caract. mercados atuação empresa

35 10 17 15 0,37 2 1 3 6 0,68

45,5% 13,0% 22,1% 19,5% 16,7% 8,3% 25,0% 50,0% 5. Melhor capacitação administrativa

34 6 23 14 0,38 1 1 2 8 0,7944,2% 7,8% 29,9% 18,2% 8,3% 8,3% 16,7% 66,7%

*Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento)

6. 4 Estrutura, Governança e vantagens associadas ao ambiente local

Neste bloco apresenta-se os resultados da pesquisa quanto a estrutura, governança e vantagens associadas ao ambiente local, no que concerne ao APL Leite, objeto deste estudo.

Governança diz respeito aos diferentes modos de coordenação, intervenção e participação, nos processos de decisão locais, dos diferentes agentes, sendo: o Estado em seus diversos níveis; empresas qualquer que seja seu tamanho; cidadãos e trabalhadores, organizações não-governamentais. Incluem-se também, as diversas atividades que envolvem a organização dos fluxos de produção, assim como o processo de geração, disseminação e uso dos conhecimentos.

Nos APLs podem ser identificadas duas formas principais de governança. A hierárquica em que a autoridade está claramente definida e internalizada dentro das empresas, com real ou potencial capacidade de coordenar as relações econômicas e tecnológicas no âmbito local.

A outra forma é a governança em forma de “redes”, a qual caracteriza-se pela existência de aglomerações de micro, pequenas e médias empresas, sem grandes empresas localmente instaladas exercendo o papel de coordenação das atividades econômicas e tecnológicas. São marcadas pela forte intensidade de relações entre um amplo número de agentes, onde nenhum deles é dominante.

Na Tabela 26, pode ser visualizado as respostas das micros e pequenas empresas sobre as vantagens da localização no arranjo, destaca-se como principais: Baixo custo e Disponibilidade de Mão-de-Obra; Proximidade da matéria prima; Proximidade dos clientes e infra-estrutura física: energia, transporte e comunicação. Esta questão demonstra quão promissor é esse arranjo.

Tabela 26 - Vantagens da Localização no Arranjo

Externalidades Micro PequenaNula Baixa Média Alta Índice* Nula Baixa Média Alta Índice*

1. Disponibilidade de mão-de-obra

14 35 25 3 0,37 0 7 2 3 0,5318,2% 45,5% 32,5% 3,9% 0,0% 58,3% 16,7% 25,0%

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qualificada2. Baixo custo da mão-de-obra

5 23 21 27 0,61 0 2 1 9 0,856,6% 30,3% 27,6% 35,5% 0,0% 16,7% 8,3% 75,0%

3. Proximidade com fornec. insumos e matéria prima

3 9 34 31 0,70 0 1 4 7 0,81

3,9% 11,7% 44,2% 40,3% 0,0% 8,3% 33,3% 58,3% 4. Proximidade com os clientes/consumidores

8 5 17 47 0,76 0 1 2 9 0,8810,4% 6,5% 22,1% 61,0% 0,0% 8,3% 16,7% 75,0%

5. Infra-estrutura física (energia, transp, comum.)

4 7 21 45 0,78 0 0 3 9 0,90

5,2% 9,1% 27,3% 58,4% 0,0% 0,0% 25,0% 75,0% 6. Proximidade com produtores de equipamentos

21 23 23 10 0,40 1 8 2 1 0,38

27,3% 29,9% 29,9% 13,0% 8,3% 66,7% 16,7% 8,3% 7. Disponibilidade de serv. técnicos especializados

21 28 22 6 0,36 1 7 3 1 0,41

27,3% 36,4% 28,6% 7,8% 8,3% 58,3% 25,0% 8,3% 8. Existência de programas de apoio e promoção

33 30 9 5 0,25 1 7 3 1 0,41

42,9% 39,0% 11,7% 6,5% 8,3% 58,3% 25,0% 8,3% 9. Proximidade com univ.e centros de pesquisa

47 21 9 0 0,15 3 7 2 0 0,28

61,0% 27,3% 11,7% 0,0% 25,0% 58,3% 16,7% 0,0% 10. Outra 73 1 0 3 0,04 12 0 0 0 0,00

94,8% 1,3% 0,0% 3,9% 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% *Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento)

A Tabela 27 – Transações Comerciais Locais e 28 - Características da Mão-de-Obra Local, demonstram a importância de se conhecer as transações estabelecidas no APL de forma a poder subsidiar políticas públicas adequadas ao fortalecimento do arranjo.

Tabela 27 - Transações Comerciais Locais

Tipos de Transações Micro PequenaNula Baixa Média Alta Índice* Nula Baixa Média Alta Índice*

1. Aquisição de 6 8 15 48 0,77 0 4 1 7 0,73

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insumos e matéria prima 7,8% 10,4% 19,5% 62,3% 0,0% 33,3% 8,3% 58,3% 2. Aquisição de equipamentos

17 31 14 15 0,42 5 4 2 1 0,2822,1% 40,3% 18,2% 19,5% 41,7% 33,3% 16,7% 8,3%

3. Aquisição de componentes e peças

27 28 14 8 0,32 0 10 0 2 0,4235,1% 36,4% 18,2% 10,4% 0,0% 83,3% 0,0% 16,7%

4. Aquisição de serviços (manutenção, marketing)

35 28 10 4 0,24 0 6 3 3 0,55

45,5% 36,4% 13,0% 5,2% 0,0% 50,0% 25,0% 25,0% 5. Vendas de produtos 2 0 4 71 0,95 0 1 0 11 0,94

2,6% 0,0% 5,2% 92,2% 0,0% 8,3% 0,0% 91,7% *Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento)

Tabela 28 - Características da Mão-de-obra Local

Características Micro PequenaNula Baixa Média Alta Índice* Nula Baixa Média Alta Índice*

1. Escolaridade formal de 1º e 2º graus

9 17 22 29 0,61 0 1 1 10 0,9111,7% 22,1% 28,6% 37,7% 0,0% 8,3% 8,3% 83,3%

2. Escolaridade em nível superior e técnico

37 21 13 6 0,26 3 0 5 4 0,5848,1% 27,3% 16,9% 7,8% 25,0% 0,0% 41,7% 33,3%

3. Conhecimento prático e/ou técnico na produção

3 0 10 64 0,91 0 0 1 11 0,97

3,9% 0,0% 13,0% 83,1% 0,0% 0,0% 8,3% 91,7% 4. Disciplina 4 7 19 47 0,79 0 0 2 10 0,93

5,2% 9,1% 24,7% 61,0% 0,0% 0,0% 16,7% 83,3% 5. Flexibilidade 6 10 20 41 0,73 0 1 4 7 0,81

7,8% 13,0% 26,0% 53,2% 0,0% 8,3% 33,3% 58,3% 6. Criatividade 6 10 14 47 0,76 0 1 4 7 0,81

7,8% 13,0% 18,2% 61,0% 0,0% 8,3% 33,3% 58,3% 7. Capacidade para aprender novas qualificações

6 8 15 48 0,77 0 0 3 9 0,90

7,8% 10,4% 19,5% 62,3% 0,0% 0,0% 25,0% 75,0% 8. Outras 71 1 0 5 0,07 9 0 0 3 0,25

92,2% 1,3% 0,0% 6,5% 75,0% 0,0% 0,0% 25,0% *Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento)

As Tabelas 29 e 30 apresentam o porte das empresas subcontratada e subcontratante, podendo-se observar que o porte das subcontrantes é micro e pequena e localizam-se no APL e a média também subcontratante, 2 localizam-se no arranjo e 2 fora.

Tabela 29 - A Empresa é Subcontratada

Porte da empresa subcontratada

Porte da empresa subcontratante Total Empresas

Total Geral de Micro e Pequena Média e Grande

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Subcontratadas EmpresasLocalFora do Arranjo Local

Fora do Arranjo

1. Micro 5 0 2 2 9 776,5% 0,0% 2,6% 2,6% 11,7% 100,0%

2. Pequena 0 0 0 3 3 120,0% 0,0% 0,0% 25,0% 25,0% 100,0%

3. Média 0 0 0 0 0 10,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 100,0%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2005.

Tabela 30 - Número de Empresas do Arranjo que são Subcontratadas

Tipo de Atividade Subcontratada

Micro Subcontratadas

Subcontratada por empresa do arranjo

Subcontratada por empresa fora do arranjo

Total Subcontratadas

Subcontratadas/ Total Empresas

1. Fornecimentos de insumos e componentes

3 0 3 3,9%100,0% 0,0% 100,0%

2. Etapas do processo produtivo (montagem, embalagem, etc)

1 0 1 1,3%100,0% 0,0% 100,0%

3. Serviços especializados na produção (laboratoriais, engenharia, manutenção, certificação, etc)

1 1 2 2,6%

50,0% 50,0% 100,0% 4. Administrativas (gestão, processamento de dados, contabilidade, recursos humanos)

0 1 1 1,3%

0,0% 100,0% 100,0% 5. Desenvolvimento de produto (design, projeto, etc)

0 0 0 0,0%0,0% 0,0% 0,0%

6. Comercialização 5 3 8 10,4%62,5% 37,5% 100,0%

7. Serviços gerais (limpeza, refeições, transporte, etc)

0 1 1 1,3%0,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2005.

Na Tabela 31, avalia-se a contribuição de Sindicatos, Associações e Cooperativas Locais no APL. As respostas confirmam pesquisas anteriores quanto a falta de tradição do estado nas questões cooperativistas e associativistas. A grande maioria dos respondentes marcaram a alternativa nula demonstrando a pouca ou nenhuma contribuição para o desenvolvimento das atividades das empresas.

Como tipo de contribuição, as maiores freqüências localizam-se nos itens referentes as informações sobre matérias primas; identificação de fontes e formas de financiamento e reivindicações.

Tabela 31 - Avaliação da Contribuição de Sindicatos, Associações, Cooperativas Locais

Tipo de Micro Pequena

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Contribuição Nula Baixa Média Alta Índice* Nula Baixa Média Alta Índice*1. Auxílio na definição de objetivos comuns para o arranjo produtivo

48 8 15 6 0,23 8 1 2 1 0,21

62,3% 10,4% 19,5% 7,8% 66,7% 8,3% 16,7% 8,3% 2. Estímulo na percepção de visões de futuro para ação estratégica

51 11 13 2 0,17 8 1 1 2 0,24

66,2% 14,3% 16,9% 2,6% 66,7% 8,3% 8,3% 16,7% 3. Disponibilização de informações sobre matérias-primas, equipamento, assistência técnica, consultoria, etc

45 5 19 8 0,27 5 0 6 1 0,38

58,4% 6,5% 24,7% 10,4% 41,7% 0,0% 50,0% 8,3% 4. Identificação de fontes e formas de financiamento

41 7 18 11 0,31 5 1 2 4 0,46

53,2% 9,1% 23,4% 14,3% 41,7% 8,3% 16,7% 33,3% 5. Promoção de ações cooperativas

48 17 9 3 0,18 5 2 1 4 0,4362,3% 22,1% 11,7% 3,9% 41,7% 16,7% 8,3% 33,3%

6. Apresentação de reivindicações comuns

41 14 7 15 0,30 5 0 1 6 0,55

53,2% 18,2% 9,1% 19,5% 41,7% 0,0% 8,3% 50,0% 7. Criação de fóruns e ambientes para discussão

48 15 11 3 0,18 6 1 1 4 0,41

62,3% 19,5% 14,3% 3,9% 50,0% 8,3% 8,3% 33,3% 8. Promoção de ações dirigidas a capacitação tecnológica de empresas

54 17 5 1 0,12 7 0 1 4 0,38

70,1% 22,1% 6,5% 1,3% 58,3% 0,0% 8,3% 33,3% 9. Estímulo ao desenvolvimento do sistema de ensino e pesquisa local

58 14 5 0 0,09 8 2 2 0 0,15

75,3% 18,2% 6,5% 0,0% 66,7% 16,7% 16,7% 0,0% 10. Organização de eventos técnicos e comerciais

50 8 16 2 0,18 7 1 2 2 0,29

65,8% 10,5% 21,1% 2,6% 58,3% 8,3% 16,7% 16,7% *Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento)

6.5 Políticas públicas e formas de financiamento

A Tabela 32 avalia se os agentes do arranjo participam ou têm conhecimento sobre programas e ações voltadas para o desenvolvimento das empresas do setor. A freqüência para quem conhece mas não participa é em média 64,9% dos micros empresários que disseram que

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conhecem mais não participam de nenhuma atividade desenvolvida pelas instituições responsáveis pelo desenvolvimento do setor. 25,0%, em média, disseram que conhecem e participam.

Tabela 32 - Participa ou tem conhecimento sobre algum tipo de programa ou ações

voltadas para MPEs

Instituição

Micro Pequena

Não conhece

Conhece, mas não participa

Conhece e participa

Não conhece

Conhece, mas não participa

Conhece e participa

1. Governo Federal 15 50 12 1 8 319,5% 64,9% 15,6% 8,3% 66,7% 25,0%

2. Governo Estadual – APL LEITE

24 49 4 0 6 6

31,2% 63,6% 5,2% 0,0% 50,0% 50,0%3. Governo Local/Municipal

31 43 3 1 7 440,3% 55,8% 3,9% 8,3% 58,3% 33,3%

4. SEBRAE 23 52 2 1 6 529,9% 67,5% 2,6% 8,3% 50,0% 41,7%

5. Outras Instituições

32 39 4 1 7 442,7% 52,0% 5,3% 8,3% 58,3% 33,3%

Nesse indicador, Tabela 33, tanto as micro como as pequenas empresas apresentaram uma avaliação semelhantes, isto é, disseram que não têm elementos para avaliar os programas ou ações específicas para o setor com 68,8% pelas micro e 58,3 % pelas pequenas empresas.

Para as pequenas empresas a comparação entre avaliação negativa X positiva para os órgãos com atuação local como Sebrae e Governo municipal 33,3% fizeram uma avaliação positiva e em relação aos governos federal e estadual tivem ambos avaliação positiva de 16,7% e negativa de 25,0%.

Tabela 33 - Avaliação dos programas ou ações específicas para o segmento em que atua as MPEs

Instituição

Micro Pequena

Avaliação Positiva

Avaliação Negativa

Sem elementos para Avaliação

Avaliação Positiva

Avaliação Negativa

Sem elementos para Avaliação

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1. Governo Federal

17 7 53 2 3 722,1% 9,1% 68,8% 16,7% 25,0% 58,3%

2. Governo Estadual

4 9 64 4 1 75,2% 11,7% 83,1% 33,3% 8,3% 58,3%

3. Goevrno Local/Municipal

3 10 64 4 1 73,9% 13,0% 83,1% 33,3% 8,3% 58,3%

4. SEBRAE 9 5 63 4 1 711,7% 6,5% 81,8% 33,3% 8,3% 58,3%

5. Outras Instituições

3 4 68 3 0 94,0% 5,3% 90,7% 25,0% 0,0% 75,0%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2005.

A Tabela 34 avalia as políticas públicas que podem contribuir para o aumento da eficiência competitivas das micro e pequenas empresas do setor. As micro avaliaram com alta importância os seguintes fatores: desenvolvimento de programas de capacitação profissional e treinamento; melhoria na educação básica; Linhas de crédito e outras formas de financiamento e Incentivos fiscais, todos esses com avaliação acima de 68,8%, os outros fatores obtiveram avaliação de média e baixa importância.

Em relação as pequenas empresas os fatores avaliados que mais contribuem para o aumento da eficiência competitiva com alta importância destacam-se: Melhorias na educação básica; Incentivos fiscais; Programas de estímulo ao investimento (venture capital), com média de 91,7%, os outros fatores tiram avaliação média ou baixa importância.

Tabela 34 - Políticas Públicas que contribuem para o aumento da eficiência competitiva das MPEs

Ações de Política Micro PequenaNula Baixa Média Alta Índice* Nula Baixa Média Alta Índice*

1. Programas de capacitação profissional e treinamento técnico

3 6 15 53 0,83 1 2 1 8 0,77

3,9% 7,8% 19,5% 68,8% 8,3% 16,7% 8,3% 66,7%

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2. Melhorias na educação básica

1 3 23 50 0,84 0 1 1 10 0,911,3% 3,9% 29,9% 64,9% 0,0% 8,3% 8,3% 83,3%

3. Programas de apoio a consultoria técnica

5 8 18 46 0,77 0 3 1 8 0,796,5% 10,4% 23,4% 59,7% 0,0% 25,0% 8,3% 66,7%

4. Estímulos à oferta de serviços tecnológicos

5 18 19 35 0,67 0 2 2 8 0,826,5% 23,4% 24,7% 45,5% 0,0% 16,7% 16,7% 66,7%

5. Programas de acesso à informação (produção, tecnologia, mercados, etc)

7 9 27 34 0,69 0 2 2 7 0,80

9,1% 11,7% 35,1% 44,2% 0,0% 18,2% 18,2% 63,6% 6. Linhas de crédito e outras formas de financiamento

3 2 11 61 0,89 1 1 2 8 0,79

3,9% 2,6% 14,3% 79,2% 8,3% 8,3% 16,7% 66,7% 7. Incentivos fiscais 1 6 17 53 0,84 0 0 0 12 1,00

1,3% 7,8% 22,1% 68,8% 0,0% 0,0% 0,0% 100,0% 8. Políticas de fundo de aval

7 11 20 39 0,71 1 0 3 8 0,829,1% 14,3% 26,0% 50,6% 8,3% 0,0% 25,0% 66,7%

9. Programas de estímulo ao investimento (venture capital)

14 10 18 35 0,63 0 0 1 11 0,97

18,2% 13,0% 23,4% 45,5% 0,0% 0,0% 8,3% 91,7% 10. Outras 66 0 0 11 0,14 9 0 0 3 0,25

85,7% 0,0% 0,0% 14,3% 75,0% 0,0% 0,0% 25,0% *Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento)

Em relação aos principais obstáculos que limitam o acesso das empresas as fontes externas de financiamento, esses são apontados pelas micro empresas com alto grau de importância as dificuldades ou entraves burocráticos para se utilizar as fontes de financiamento existentes; Entraves fiscais que impedem o acesso às fontes oficiais de financiamento; Exigência de aval/garantias por parte das instituições de financiamento.

Em relação as pequenas empresas, elas não consideraram como de alta importância. A maior concentração ficou em baixa importância o acesso a fontes externas de financiamento.

Essa posição em relação a esse fator reflete as condições frágeis das diversas empresas que atuam no arranjo, onde as fontes de financiamento não são acessadas por incompetência ou despreparo dos agentes que atuam no arranjo.

Tabela 35 - Principais obstáculos que limitam o acesso da empresa as fontes externas de financiamento

Limitações Micro PequenaNula Baixa Média Alta Índice* Nula Baixa Média Alta Índice*

1. Inexistência de linhas de crédito adequadas às

7 14 26 30 0,65 0 5 2 5 0,649,1% 18,2% 33,8% 39,0% 0,0% 41,7% 16,7% 41,7%

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necessidades da empresa2. Dificuldades ou entraves burocráticos para se utilizar as fontes de financiamento existentes

3 3 8 63 0,89 0 4 1 7 0,73

3,9% 3,9% 10,4% 81,8% 0,0% 33,3% 8,3% 58,3% 3. Exigência de aval/garantias por parte das instituições de financiamento

2 7 15 53 0,83 1 2 4 5 0,67

2,6% 9,1% 19,5% 68,8% 8,3% 16,7% 33,3% 41,7% 4. Entraves fiscais que impedem o acesso às fontes oficiais de financiamento

5 7 14 51 0,80 1 0 4 7 0,78

6,5% 9,1% 18,2% 66,2% 8,3% 0,0% 33,3% 58,3% 5. Outras 60 1 2 14 0,20 12 0 0 0 0,00

77,9% 1,3% 2,6% 18,2% 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% *Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento)

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As experiências de industrialização de leite e derivados, principalmente o queijo mussarela em grande escala, com vistas a mercados extra-regionais amplos, têm possibilitado a expansão da oferta de matéria prima, porém, têm sido constante a questão da proliferação do pequeno produtor sem especialização e poucos especializados com grande produção, devendo-se registrar a ausência de políticas que mantenham esse pequeno produtor no campo, o que favorece o êxodo rural e estrangula o APL nas bacias leiteiras tradicionais.

O Arranjo Produtivo de Local do Leite – APL Leite que se analisou, tendo como base a

região central de Rondônia, constitui em um dos principais setores geradores de renda do estado, detêm uma significativa estrutura de processamento, que se caracteriza por empresas formadas por capital nacional, porém, com representações e distribuição de seus produtos para outras praças, no entanto, a principal matéria prima tem base rural agrícola, apresenta uma capacidade produtiva crescente, a qual soma-se a uma série de oportunidades de agregação de valor para atendimento aos mercados local e nacional – principalmente a região sudeste. Trata-se de um APL sem governança conforme definido por Cassiolato et al (2000).

Visando esclarecer e facilitar o entendimento das análises efetuadas sobre o APL Leite procedeu-se a uma avaliação do seu posicionamento estratégico, a partir de informações levantadas por Souza (2004) sobre o estudo da cadeia produtiva do leite em Rondônia.

A avaliação estratégica tomou por base a identificação das oportunidades e ameaças presentes no ambiente externo, considerados como ambientes institucional e organizacional que constituem o entorno das empresas que constituem o APL e, as forças e as fraquezas no ambiente interno entendido como o ambiente empresarial. Dessa forma, para melhor demonstração das características do APL Leite em Rondônia, optou-se por destacar, a partir da análise dos ambientes externo e interno, as oportunidades e ameaças; bem como forças e fraquezas presentes na cadeia estudada.

Para fins de análise delimitou-se como ambiente externo o entorno da cadeia, caracterizado pelos ambientes institucional e organizacional, e o ambiente interno, pelo

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ambiente empresarial de cada segmento: produção, industrialização e distribuição, através de suas respectivas características.

Análise do ambiente externo

Oportunidades• A existência de um programa de incentivo tributário, que como política pública de base

se reverte numa oportunidade para os atores da cadeia buscarem melhor estrutura de seus negócios;

• As fontes de financiamento disponíveis através de bancos e cooperativas são oportunidades criadas e incentivadas pelo governo para melhoria da qualidade e expansão do sistema produtivo;

• As pesquisas da Embrapa, se aplicadas nas propriedades, se caracterizam como um vetor direto de qualidade do rebanho;

• A presença da Embrapa em 58 unidades de desenvolvimento rural se apresenta como um referencial para o produtor, principalmente o pequeno, receber orientações e treinamento para melhoria da sua produção;

• A atuação dos órgãos de fiscalização: DFA; IDARON e Vigilância Sanitária são referenciais da busca de melhoria dos produtos oriundos do agronegócio leite no estado;

• Atuação do SEBRAE/RO com disponibilização de eventos de capacitação rural e organização social;

• A exigência do mercado para regulamentação dos processos de qualidade dos produtos – certificação ISO-9000; Perfil exportador da indústria de laticínios;

• Promissor mercado dos produtos lácteos;

Ameaças • Inserção de grandes indústrias de outros estados desestabilizando o mercado e

provocando falência dos laticínios existentes;• Baixo nível de articulação dos órgãos representativos da cadeia produtiva; • Ausência de cooperativas e número reduzido de associações de produtores, o que

dificulta a aplicação das pesquisas da Embrapa;• Número reduzido de técnicos para levar a assistência a um pequeno número de

propriedades, provendo ações coletivas, o que dificulta o acesso do produtor;• Mercado informal significativo alimentando culturas passadas de leite na caneca e

queijos de esquina;• Ausência de políticas públicas com programas de educação profissional que

possibilitem acesso dos produtores;

Análise do ambiente interno

Fortalezas• Número significativo de estabelecimentos do varejo filiados a entidades de

classe; • Tecnologia da cadeia direcionada à sanidade do rebanho;• Predominância de empresas familiares, administradas pelo proprietário e pela

família;• Relação de trabalho do pequeno produtor familiar, o que possibilita reduzir os

custos de produção;

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• Significativo número de indústrias com controle sistematizado de estoque;• Interesse dos dirigentes em programas de gestão da qualidade;• Uso de estratégia de marketing pelos estabelecimentos do varejo para atrair

consumidores;• Significativo capital empatado em terra;• Maior parte da propriedade constituída de pastagem extensiva;• As áreas dos produtores apresentam alta capacidade de suporte, em razão das

condições de clima e do solo de Rondônia;• Maior período de produção nas águas, com um período de 8 mes/ano de

sazonalidade;• Baixo custo de oportunidade de mão-de-obra;• Produtores concordam com o pagamento por qualidade; presença de dois

laticínios que financiam tanque de resfriamento e um que, além disso, presta assistência ao produtor;

• Representativo número de estabelecimentos industriais inspecionados;• Parcerias entre fornecedor e varejista;• Disposição do cliente em “pagar mais” por qualidade;• Promissor mercado dos produtos lácteos;• Relacionamento comercial do varejo direto com a indústria estadual.

Fraquezas• Pouca tradição de cooperativismo e associativismo no Estado;

• Entidades de classes consideradas ineficientes pelos afiliados;• Falta de treinamento para utilização da informática e assistência técnica

deficitária;• Pouca especialização do rebanho;• Baixa freqüência de suplementos alimentares pelos produtores;• Falta de programa de qualificação profissional, capacitação e treinamento de

funcionários;• Estabelecimentos não oferecem nenhum tipo de treinamento; • Baixa participação da indústria laticinista na orientação e modernização do

produtor;• Informações ofertadas diferentes das demandadas;• Falta de capacitação em tecnologia de processamento de leite e derivados;• Treinamento concentra-se em laboratório e controle de qualidade;• Carência de treinamento em áreas gerenciais;• Baixa freqüência de registros zootécnicos e financeiros;• Não estabelecimento de metas;• Falta de controle sistematizado de custos;• Comercialização de produtos sem conhecimento das expectativas de

lucratividade;• Falta de diversificação dos produtos;• Baixo nível de tecnologias mecânicas no sistema de produção adotado;• Pouco uso de volumosos na dieta do rebanho; • Produto perecível com pouca infra-estrutura de estocagem;• Baixo nível de escolaridade dos atores da cadeia, principalmente no segmento da

produção;• Pouca qualificação profissional;• Grande número de pequenos produtores;

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• Possibilidade de punição do produtor, por não cumprimento de exigência de qualidade;

• Grande número de laticínios que não possuem nenhum programa ou iniciativa de estímulo a assistência técnica aos produtores;

• Tempo de transporte do leite da propriedade ao laticínio;• Falta de capacitação do varejo para manuseio de perecíveis;• Baixa qualidade do leite;• Pouco valor agregado ao produto por insuficiente plataforma de transformação;• Volume de leite produzido insuficiente;• Falta de organização dos produtores para aumentar o volume de produção;• Fragilidade no relacionamento, baseado no preço e prazo do produto;• Pouca sensibilização para os programas de qualidade como BPF e APPCC.

Os pressupostos de Barney (1996) para formulação de estratégia parte da análise do ambiente e utiliza a matriz de avaliação de oportunidades e ameaças, fortalezas e fraquezas para subsidiar as decisões sobre alternativas estratégicas de integração vertical e estratégias cooperativas, o que se coaduna com a configuração de cadeia produtiva e possibilita que se avalie de forma mais completa as questões que envolvem todos os segmentos, inclusive os ambientes institucional, organizacional e o empresarial.

Essa descrição possibilita visualizar a coordenação institucional da cadeia produtiva do leite em Rondônia com representação dos segmentos da produção, indústria e distribuição, bem como, de órgãos representativos do ambiente organizacional. O que responde ao requisito de se estabelecer direcionamento estratégico, através da definição de propósitos e políticas propostos por Barney (1996).

Na análise, se verificou que a principal estratégia de desenvolvimento da cadeia, oportunizada pelo ambiente institucional, foi a criação do PROLEITE, em parceria com os demais atores do agronegócio com definição de políticas de incentivo, com vistas à criação de um fundo para promover o desenvolvimento, a competitividade do setor e, ainda, a constituição da Câmara Setorial do Leite para possibilitar o debate entre diversos atores da cadeia produtiva do leite em Rondônia.

. A presença e disponibilidade de órgão de pesquisa aplicada, com marcante atuação na busca de soluções para os problemas do agronegócio leite em Rondônia, mantendo sempre investimento em pesquisa e extensão, possibilita a promoção do APL a uma performance de destaque em relações a outros setores, tendo nessa representatividade uma das principais características de sustentação no ambiente organizacional. Isso leva a uma maior consistência na assistência técnica, que dispõe de uma rede de atendimento em todo o estado, porém, falta-lhe contingente de pessoal e logística de transporte para atender um maior número de produtores.

A escassa presença, apesar da significativa penetração, apresentada pelo órgão de assistência técnica, não favorece a organização dos produtores em associação ou mesmo lhes desperta a possibilidade de fundarem cooperativas. Essa posição caracteriza o APL como carente de assistência, orientação técnica e motivação para se estruturar ou ter representações socioeconômicas que propiciem ganhos de escala para responder as exigências das indústrias.

As fontes de financiamento disponíveis que se caracterizam como uma oportunidade, podem, também, ser vista como uma ameaça, uma vez que, embora exista o acesso, esse é complicado, necessitando de projetos técnicos, que fogem a capacidade dos produtores e

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industriários locais, seja pela falta de conhecimento em elaborar tal peça burocrática, como também, por não entender ou dispor de capital para pagar os chamados “projetistas”. Essa situação se reverte em uma grande ameaça quando se imagina que a disponibilidade de incentivos, não utilizados, e de atrativas fontes de financiamento para industrialização do estado, poderá atrair grandes grupos nacionais ou internacionais, que se constituem em novos entrantes (PORTER, 1989), como a planta de leite condensado e leite em pó, que poderão eliminar as pequenas e médias indústrias de processamento; aumentar a concentração da produção; acelerar o desaparecimento do pequeno produtor e das empresas familiares que são significativas na distribuição de renda no estado.

Essa situação reforça a característica de fragilidade em função da singularidade do APL leite em Rondônia, considerando que, ao tempo em que dispõe de um programa organizado para estabelecer seu direcionamento estratégico e oportunizar o crescimento equilibrado dos segmentos, valorizando a capacitação dos recursos humanos, da melhoria genética e do manejo, o que facilita o acesso a tecnologia, os produtores encontram-se pressionados entre adaptar-se às exigências de se estruturar para atender aos requisitos de qualidade estabelecido pelo Governo Federal ou ainda, pelas indústrias que nem sempre se dispõem a fazer alianças, ou então, render-se, optando por “passar” suas terras e migrando para as capitais dos municípios e viver em condições muito inferiores das que dispunha na fazenda.

Por outro lado, a predominante presença de indústria de processamento de leite com registro de inspeção federal, coloca o APL em situação favorável, sendo um diferencial competitivo do agronegócio em Rondônia. O empenho demonstrado pelos órgãos de fiscalização federal, estadual ou municipal caracteriza esse APL como o que detém maior número de estabelecimentos com registros, o que pode neutralizar a predominância do comércio informal.

Como aspectos desfavoráveis, podem-se considerar como os principais problemas do APL: o elevado número de pequenos produtores, notadamente com produção de subsistência, o que requer muita atenção e investimentos nas áreas de educação, qualificação e gestão da propriedade. Entende-se que essa característica de carência de escolaridade e baixa capacidade de gestão são fundamentais para se desenvolver um APL forte e promissor, são esses os fatores intrínsecos do gestor, independente do tamanho de sua empresa, que determinam a eficácia da tomada de decisão que levam o APL a apresentar uma performance voltada ao desenvolvimento local de forma sustentável.

Tais necessidades levam propor uma pauta de providências, destacando-se as seguintes necessidades:

1. ampliar as fontes de financiamento de capital de giro; 2. aumentar as fontes de financiamento para investimento em máquinas, equipamentos e

instalações e para melhoria dos processos de produção;3. estabelecer programa de investimento e capacitação para melhoria na qualidade do produto;4. fortalecer os mecanismos de formação de redes horizontais e de coordenação do arranjo; 5. adequar e ampliar os serviços de assistência técnica existentes;6. apoiar à comercialização;7. ampliação da oferta de matéria-prima; 8. reforço da capacidade atual de pesquisa;9. reforço para melhorar os mecanismos de transferência de conhecimento e inovações;10. melhoria na logística de transporte;11. elevação da capacidade de insumos locais comuns às indústrias do arranjo;12. criação de alternativas para destinação dos resíduos;

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13. criação de um fórum de aproximação e integração dos diversos componentes do arranjo.

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