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UNIVERSIDADE PAULISTA
Andrea Martiena
Bianca Pedroso Pimentel
Daniela Dutenheffer
Edilene Pereira Costa
Jessica Duarte
Michelle Amaral
Células-Tronco
São Paulo
2012
Andrea Martiena
Bianca Pedroso Pimentel
Daniela Dutenheffer
Edilene Pereira Costa
Jéssica Duarte
Michelle Amaral
Células-Tronco
São Paulo
2012
Trabalho de Biologia Molecular
apresentado para obtenção de nota relativa
à Atividade Prática Supervisionada
(APS) do 5° semestre de Biomedicina.
RESUMO
O nome célula-tronco refere-se a qualquer célula pouco diferenciada e capaz de
produzir outros tipos de célula através de mitose e do processo de diferenciação celular.
Geralmente, as células-tronco são capazes de originar células especializadas dos
tecidos dos quais fazem parte, tendo grande importância em processos como, por exemplo,
a regeneração de órgãos. No entanto, as células-tronco embrionárias são chamadas de
totipotentes, pois são capazes de se diferenciar em qualquer tipo de célula. Em humanos,
encontramos células-tronco nos embriões, no cordão umbilical e na medula óssea, entre
outros tecidos.
Atualmente, as células-tronco podem ser mantidas em laboratório por meio de
culturas celulares, sendo utilizadas na pesquisa sobre o tratamento de doenças como
leucemia, diabete, infarto, entre outras. O objetivo desses tratamentos é realizar a reposição
de tecidos danificados, devido a doenças ou acidentes, substituindo-os por células
saudáveis.
ABSTRACT
The name stem cell refers to any cell poorly differentiated and capable of
producing other types of cells through mitosis and cell differentiation process.
Generally, stem cells are capable of generating specialized cells of tissues which
are part having great importance in processes such as, for example, organ regeneration.
However, embryonic stem cells are referred to as totipotent, as are able to differentiate into
any cell type. In humans, there are stem cells in embryos, cord blood and bone marrow,
and other tissues.
Currently, stem cells can be maintained in the laboratory using cell culture, being
used in research on the treatment of diseases such as leukemia, diabetes, stroke, among
others. The goal of these treatments is to perform the replacement of damaged tissues due
to disease or accidents, replacing them with healthy cells.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 4
1 CONCEITO DE CÉLULAS-TRONCO ............................................................................. 5
2 CLASSIFICAÇÃO DAS CÉLULAS-TRONCO ............................................................... 5
3 EXTRAÇÃO DE CÉLULAS-TRONCO............................................................................ 6
4 POTENCIALIDADE DAS CÉLULAS-TRONCO ........................................................... 7
5 LEIS NACIONAIS ............................................................................................................... 7
6 HISTÓRICO DAS PESQUISAS E IMPORTÂNCIA MÉDICA .................................... 9
6.1 AS CÉLULAS TRONCO NA PRÁTICA TERAPÊUTICA ................................................................ 9
6.2 CLONAGEM TERAPÊUTICA ................................................................................................. 11
6.3 CÉLULAS TRONCO DO CORDÃO UMBILICAL ....................................................................... 12
6.4 CÉLULAS TRONCO E A DIABETES ....................................................................................... 13
7 QUESTÕES ÉTICAS ........................................................................................................ 14
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 17
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 18
INTRODUÇÃO
As células-tronco são também conhecidas como células mãe ou células
estaminais. Essas células têm a capacidade de se dividir com muito mais facilidade do que
outras células e essas divisões dão origem a células que são parecidas com as células
progenitoras.Os estudos com células-tronco começaram a crescer logo após estudos
realizados pelos canadenses, Ernest A. McCulloch e James E. Esses estudos sobre células-
tronco têm o principal objetivo de saber até que ponto e quais doenças podem ser tratadas
ou até curadas através das células-tronco. Se os estudos dessas células começarem a ser
mais aceitados e liberados em grandes países podemos ter um grande avanço da medicina
OBJETIVO
O presente trabalho tem por objetivo reunir os principais estudos e as mais atuais
descobertas sobre Células- Tronco.
METODOLOGIA
Foi baseado nas informações obtidas em livros, artigos científicos e sites acadêmicos
de prestigio.
5
1 CONCEITO DE CÉLULAS TRONCO
Drª Mayana Zatz
Podemos entender melhor o conceito de células-tronco, ao considerar que todos nós já fomos
uma célula única, resultante da fusão de um espermatozoide e de um óvulo. Esta primeira
célula já tem no seu núcleo o DNA (ou ADN - ácido desoxiribonucleico) com toda a
informação genética para gerar um novo ser. Logo após a fusão do espermatozoide e do
óvulo, a célula resultante começa a se dividir: uma célula em duas, duas em quatro, quatro em
oito e assim por diante. Pelo menos até a fase de oito células, cada uma delas é capaz de se
desenvolver em um ser humano completo. Estas células são chamadas de totipotentes. São
células-tronco totipotentes ou embrionárias, significando que cada uma delas tem a
capacidade de se diferenciar em qualquer um dos 216 tecidos (inclusive a placenta e os
anexos embrionários) que formam o organismo humano.
Após cerca de 72 horas da fecundação, as divisões celulares sucessivas dão origem a
um aglomerado de cerca de 100 células (embrião), denominado blastocisto. Nessa fase ocorre
a implantação do embrião na cavidade uterina. As células internas do blastocisto vão originar
as centenas de tecidos que compõem o organismo humano - estas células são chamadas
células-tronco embrionárias pluripotentes. Estas células somáticas, ainda iguais, à partir de
um determinado momento, passam a diferenciar-se nos vários tecidos que vão compor o
organismo: sangue, fígado, coração, ossos, cérebro, etc...
Uma célula-tronco, portanto, é um tipo especial de célula que tem a capacidade
singular de gerar outra célula-tronco ou gerar um tipo de célula especializada. A maioria das
cé lulas do organismo é destinada a desempenhar uma função específica ou, em outras
palavras as células do organismo desenvolvido são comprometidas com a realização de
determinadas funções. Ao contrário, as células-tronco não são comprometidas e assim
permanecem até receberem um "sinal" que indica a necessidade de se transformar em um tipo
celular específico.
2 CLASSIFICAÇÃO DAS CÉLULAS TRONCO
Drª Mayana Zatz.
As células-tronco podem ser classificadas do seguinte modo:
6
Células-tronco totipotentes ou embrionárias - São as células-tronco capazes de se diferenciar
em qualquer tecido do organismo humano. Correspondem às células resultantes das primeiras
divisões celulares, após a fecundação. Encontram-se nos embriões.
Células-tronco pluripotentes ou multipotentes - São as células-tronco que consegue se
diferenciar em quase todos os tecidos humanos, exceto a placenta e os anexos embrionários.
Como as anteriores, encontram-se apenas nos embriões.
Células-tronco oligopotentes - São as células-tronco capazes de diferenciar-se em poucos
tecidos. São encontradas em diversos tecidos, como no trato intestinal, por exemplo.
Células-tronco unipotentes - São as células-tronco que apenas conseguem diferenciar se em
um único tecido, ou seja, o tecido a que pertencem. Em linhas gerais, podemos dizer que,
quanto mais primitiva na linha de desenvolvimento embrionário, maior é o potencial de
diferenciação de uma célula-tronco. As células-tronco funcionam como verdadeiros
"curingas" no organismo, porque teriam a função de ajudar no reparo de uma lesão em
qualquer tecido. As células-tronco da medula óssea, especialmente, têm uma função
importante: regenerar o sangue, porque as células sanguíneas se renovam constantemente.
3 EXTRAÇÃO DAS CÉLULAS TRONCO
Lygia da Veiga Pereira
Patrícia Helena Lucas Pranke
Há três possibilidades de extração das células-tronco. Podem ser adultas, Mesenquimais ou
embrionárias:
Embrionárias – São encontradas no embrião humano e são classificadas como totipotentes ou
pluripotentes, devido ao seu poder de diferenciação celular de outros tecidos. A utilização de
células estaminais embrionárias para fins de investigação e tratamentos médicos varia de país
para país, em que alguns a sua investigação e utilização é permitida, enquanto em outros
países é ilegal. O STF autorizou as pesquisas no Brasil.
Adultas – São encontradas em diversos tecidos, como a medula óssea, sangue, fígado, cordão
umbilical, placenta, e outros. Estudos recentes mostram que estas células-tronco têm uma
limitação na sua capacidade de diferenciação, o que dá uma limitação de obtenção de tecidos
a partir delas.
Mesenquimais – Células-tronco mesenquimais, uma população de células do estroma do
tecido (parte que dá sustentação às células), têm a capacidade de se diferenciar em diversos
7
tecidos. Por conta desta plasticidade, essas células têm sido utilizadas para reparar ou
regenerar tecidos danificados como ósseo, cartilaginoso, hepático, cardíaco e neural. Além
disso, essas células apresentam uma poderosa atividade imunosupressora, o que abre a
possibilidade de sua aplicação clínica em doenças imuno-mediadas, como as auto-imunes e
também nas rejeições aos transplantes. Em adultos, residem principalmente na medula óssea e
no tecido adiposo.
4 POTENCIALIDADE DAS CÉLULAS TRONCO
Maria Helena L. Souza & Decio O. Elias
As células-tronco tem duas propriedades fundamentais que as distinguem dos demais tipos de
células. Em primeiro lugar, elas são células não especializadas que se renovam por longos
períodos através da divisão celular. A outra característica é que sob determinadas condições
fisiológicas ou experimentais, elas podem ser induzidas a transformar-se em células com
funções específicas, tais como as células miocárdicas ou as células produtoras de insulina do
pâncreas. Em outras palavras, podemos dizer que:
A célula-tronco é um tipo de célula que pode se diferenciar e constituir diferentes tecidos no
organismo. Esta propriedade é peculiar, uma vez que as outras células apenas podem originar
células do mesmo tecido a que pertencem. Desse modo, podemos dizer que as células do
fígado somente podem gerar células do fígado. A outra capacidade fundamental da célula-
tronco é a auto-replicação, que significa que as células-tronco podem gerar cópias idênticas
delas mesmas. Estas propriedades únicas das células-tronco fazem com que os cientistas
busquem nelas a possibilidade de encontrar a cura para muitas doenças, através a substituição
dos tecidos danificados por grupos de células-tronco.
5 LEIS NACIONAIS
Simone Born de Oliveira
Os promissores avanços das ciências biológicas despontaram de tal forma que as ciências do
“dever ser”, em especial a Ética e o Direito, não puderam desenvolver-se em tal escala.
Ao Direito não cabe impor barreiras ou estabelecer divisas morais e religiosas
instransponíveis, mas sim disciplinar fatos que, inevitavelmente, venham a surgir em
decorrência da evolução humana. Mas como disciplinar fatos que estão constantemente em
8
mudança? As leis brasileiras não são capazes de ser elaboradas e se transmutar de forma tão
rápida. Nem por isto o legislador brasileiro deve ser silente a este respeito. A biotecnologia
vem ganhando progresso mundo afora e, por conseguinte, deve haver normas que a
disciplinem.
A Constituição Federal de 1988 limita expressamente a manipulação do material genético
humano. A ordem jurídica nacional protege o ser humano, não só no interesse do próprio
indivíduo, mas também no interesse da sociedade. A Carta Magna brasileira assenta a
pesquisa genética no Título VIII – Da Ordem social e no Capítulo VI – Do Meio Ambiente.
Estabelece ainda uma gama de direitos individuais e coletivos, como o direito à vida, a
dignidade humana e a saúde.
Hoje, o assunto em debate vem disciplinado na Lei 11.105 de março de 2005, A lei de
Biossegurança, fruto de natural evolução da Lei 8.974, a cuidar do organismo geneticamente
modificado e do conceito de engenharia genética, que já previa alguns dos mecanismos e
conceitos em vigor. A Lei 11.105, em seu art. 5º, depois de debates acalorados e verdadeiro
confronto de ideologias, veio a permitir a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de
embriões humanos produzidos por fertilização "in vitro", para os fins de pesquisa e terapia.
Impõe, é certo, algumas condições, como o congelamento por no mínimo três anos, a
aquiescência dos genitores e a aprovação do comitê de ética correspondente. Muitos dos
estudiosos e cientistas classificaram como tímido esse diploma, justamente pelas
condicionantes que impôs, principalmente a de ordem temporária ligada a criopreservação.
Por outro lado, manifestaram-se os resistentes à inovação legislativa, a pretexto de
defenderem a vida, vislumbrada nesses embriões.
A verdade é que o passo dado pela Lei 11.105 é conseqüência natural do que vem se
verificando no mundo, de sorte que se o País não evoluísse perderia terreno no campo tratado,
sujeitando-se aos efeitos danosos dessa conduta, como, v.g., a dependência científica de
outros países, com sérios reflexos econômicos e prejuízos aos brasileiros ansiosos pela terapia
com células-tronco embrionária.
Referida lei estabeleceu também responsabilidade objetiva (independentemente de culpa)
daqueles que, nesse mister, vierem a causar danos à terceiro ou ao meio ambiente (art. 20),
bem como das entidades públicas ou privadas, inclusive as internacionais, que venham a
financiar ou patrocinar as atividades e projetos envolvendo OGM sem o devido Certificado de
9
Qualidade em Biossegurança (parágrafo 4º, do art. 2º). Proíbe, o comércio dos embriões a que
se refere, classificando a transgressão como crime.
É certo que existem outros meios bem menos controvertidos à obtenção de célula-tronco,
como a extração do próprio paciente, do cordão umbilical ou da placenta, as chamadas
células-tronco adultas; que gerariam bem menos complicações e debates que a obtenção por
clonagem terapêutica ou embriões de descarte.
Todavia, tais unidades, como já citado, não seriam totipotentes ou pluripotentes, ou seja,
podem produzir apenas alguns tipos de tecidos do corpo humano e não os 216, como parecem
ser capazes as embrionárias, não obstante o problema da histocompatibilidade.
6 HISTÓRICO DAS PESQUISAS E IMPORTÂNCIA NA MEDICINA
6.1 AS CÉLULAS TRONCO NA PRÁTICA TERAPÊUTICA
Maria Helena L. Souza & Decio O. Elias
A terapia com células-tronco ainda se encontra em estágio evolutivo e seu potencial é objeto
de muita especulação, expectativas e esperanças. Essa terapia consiste em usar grupos de
células-tronco para tratar doenças e lesões através da substituição de tecidos doentes por
tecidos formados por células saudáveis. O transplante de medula óssea para o tratamento das
leucemias é uma forma de tratamento com células-tronco de eficácia comprovada. A medula
óssea do doador compatível contém as células-tronco hematogênicas que irão formar as novas
células sanguíneas sadias.
Há uma grande variedade de aplicações das células-tronco no tratamento de diversas doenças
mas, há também, grandes obstáculos a serem vencidos. Entre as dificuldades técnicas
existentes no emprego das células-tronco e a sua aplicação no tratamento de doenças graves
que acometem os indivíduos, há uma série de perguntas que ainda não foram
satisfatoriamente respondidas. Um dos principais objetivos do estudo das células-tronco
embrionárias é a coleta de informações sobre os eventos complexos que ocorrem durante o
desenvolvimento do embrião humano. É preciso saber como as células-tronco indiferenciadas
tornam-se células de determinados tecidos. Sabe-se que a manipulação de genes (introduzindo
ou removendo) pode interferir na diferenciação celular. A melhor compreensão dos controles
10
moleculares e genéticos podem contribuir para conhecer como doenças do tipo do cancer e
doenças congênitas se originam e como podem, eventualmente, ser mais adequadamente
tratadas.
Algumas linhagens de células-tronco podem ser usadas para testar a potência e a eficiência de
determinadas drogas, como as que se usam no tratamento de alguns tipos de câncer, por
exemplo, e muitas outras drogas potentes, antes da sua indicação para uso em humanos, ainda
que em caráter experimental. Talvez a maior esperança do uso das células-tronco resida na
geração de células capazes de serem usadas como terapia substitutiva de células danificadas
por doenças, em lugar dos transplantes. As células-tronco diferenciadas podem ser usadas em
doenças como o mal de Parkinson, doença de Alzheimer, doenças e traumatismos da medula
espinhal, acidentes vasculares cerebrais e um sem número de outras doenças severas e
incapacitantes.
O Brasil inicia, nos dias atuais, um ambicioso programa de emprego de células-tronco adultas
no tratamento de doenças cardíacas com aproximadamente 40 centros e 1200 pacientes, com a
finalidade de comprovar os resultados iniciais favoráveis obtidos em um pequeno grupo de
pacientes (14 casos) pelo grupo de estudos constituido por profissionais do Hospital Pró-
Cardíaco, do Rio de Janeiro, e do Texas Heart Institute. Numa primeira fase demonstrou-se
que as células-tronco tinham o potencial de regenerar as artéria e aumentar a vascularização
das áreas miocárdicas comprometidas e isquêmicas. Posteriormente, o estudo dos pacientes
tratados demonstrou que além dos vasos, as células tronco utilizadas haviam regenerado o
próprio músculo cardíaco fibrosado em consequência de infartos prévios.
Outras equipes estudam o emprego das células tronco na regeneração do pâncreas, em
pacientes diabéticos. Outros grupos buscam determinar a eficácia do emprego das células-
tronco na regeneração de tecido cerebral e da medula espinhal comprometidos por diversos
processos patológicos, congênitos ou adquiridos. Os estudos com a regeneração de células
cerebrais visam buscar a cura ou, pelo menos, a melhora de pacientes portadores de doenças
graves, como a doença de Alzheimer ou a doença de Parkinson, além de outras degenerações
neurológicas menos frequentes. Na maioria das áreas de estudo, os resultados inicialmente
obtidos tem confirmado as hipóteses dos cientistas, o que, sem dúvida, assegura a validade do
aprofundamento das pesquisas.
11
Figura 1. Células Tronco em meio de cultura.
Pode-se observar, (Figura 1), com detalhes um grupo de células-tronco às quais foram
adicionados fatores de crescimento e outros "insumos" necessários ao desenvolvimento e à
reprodução celular. As células-tronco pluripotenciais tem a possibilidade de reproduzirse e
formar células musculares (miocárdicas, de músculos esqueléticos), células sanguíneas e
células do tecido nervoso cerebral, além das células pancreáticas produtoras de insulina e
muitas outras. Na verdade, admite-se que as células-tronco podem desenvolver e reproduzir-
se em qualquer tipo celular existente no organismo.
6.2 CLONAGEM TERAPÊUTICA
Eloi S. Garcia
A clonagem terapêutica, consiste na transferência do núcleo de uma célula para um óvulo sem
núcleo. É um passo adiante nas técnicas de culturas de tecidos, que são realizadas há décadas.
Ao transferir o núcleo de uma célula de uma pessoa para um óvulo sem núcleo, esse novo
óvulo ao dividir-se gera, em laboratório, células potencialmente capazes de produzir qualquer
tecido. Isso gera perspectivas fantásticas para futuros tratamentos. Nos dias atuais, apenas é
possível cultivar em laboratório células com as mesmas características do tecido de onde
foram retiradas. As técnicas mais avançadas de clonagem tornariam possível a geração de um
órgão que serviria para substituir o órgão equivalente cuja função tenha deteriorado.
A clonagem terapêutica teria a excepcional vantagem de evitar os fenômenos de rejeição, se o
doador fosse também o próprio receptor. Seria o caso, por exemplo, de reconstituir a medula
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em alguém que se tornou paraplégico após um acidente ou substituir o tecido cardíaco em
uma pessoa que sofreu um infarto, conforme algumas experiências já demonstraram.
Nos portadores de doenças genéticas não seria possível usar as células do próprio indivíduo
(porque todas têm o mesmo defeito genético), mas de um doador compatível. As células-
tronco mais bem conhecidas são as células-tronco do tecido hematopoiético. Os transplantes
de medula óssea para o tratamento de diversas doenças hematológicas constitui um
transplante de células-tronco com potencial gerador de células do tecido sanguíneo. Para cada
10.000 a 15.000 células da medula óssea há 1 célula-tronco. O transplante de medula óssea,
para o tratamento de pacientes portadores de leucemia é um método de terapia celular já
conhecido e de eficácia comprovada. A medula óssea do doador contém células-tronco
sangüíneas que vão fabricar as novas células sangüíneas sadias.
6.3 CÉLULAS TRONCO DO CORDÃO UMBILICAL
Dr.Celso Massumoto
Dr.Sally Mizukami Massumoto
Dr.Carlos Alexandre Ayoub
Nos anos oitenta identificou-se o sangue do cordão umbilical e da placenta dos recém
nascidos como uma fonte rica em células-tronco. Aceita-se que dentre as células-tronco do
cordão umbilical haja um percentual de células-tronco pluripotentes e, portanto, capazes de se
desenvolver em praticamente todos os tecidos do organismo, exceto a placenta e os anexos
embrionários. O sangue do cordão umbilical tem, portanto, um potencial extraordinário no
tratamento de numerosas doenças á partir da reposição celular. Nos dias atuais há um número
crescente de instituições que armazenam o sangue do cordão umbilical em ambientes
apropriados, constituindo os Bancos de Sangue de cordão umbilical. O material pode
representar uma grande fonte de células-tronco para o tratamento das leucemias e de outras
doenças letais ou incapacitantes. Quanto maior a reserva de sangue de cordão umbilical, tanto
maiores serão as chances de conseguir-se um doador compatível para o tratamento das
neoplasias hematológicas. O doador ideal deve ter compatibilidade dos grupos sanguíneos
ABO e compatibilidade dos antígenos leucocitários, para assegurar uma ampla magem de
sucesso no tratamento. Leucemias e linfomas são habitualmente curadas com a utilização das
células-tronco do cordão umbilical.
13
6.4 CÉLULAS TRONCO E A DIABETES
Maria Helena L. Souza & Decio O. Elias
Durante várias décadas os estudiosos do diabetes buscaram meios de substituir as células
produtoras de insulina do pâncreas que são destruídas pelo próprio sistema imunitário dos
pacientes. Nos dias atuais, isso parece ser possível.
O diabetes constitui um grupo de doenças caracterizado por níveis anormalmente elevados de
glicose no sangue circulante. Este excesso de glicose é responsável pela maioria das
complicações do diabetes, que incluem a cegueira, insuficiência renal, doenças cardíacas,
acidentes vasculares cerebrais, neuropatias, doenças arterias periféricas e amputações. O
diabetes do tipo 1, também conhecido como diabetes infanto-juvenil, tem início precoce e
afeta tipicamente as crianças e os adolescentes. O sistema imunitário interpreta as células
produtoras de insulina como sendo estranhas e as destrói. Na ausência de insulina a glicose
não pode penetrar no interior das células e se acumula no sangue. O diabetes tipo 2, também
conhecido como diabetes adulto, afeta primariamente os indivíduos maduros, sedentários,
obesos e com história familiar de diabetes. O diabetes do tipo 2 se caracteriza pela inabilidade
do organismo utilizar a insulina eficazmente. Este fenômeno é chamado de resistência à
insulina e o resultado é semelhante ao que ocorre com os portadores de diabetes do tipo 1 -
acúmulo de glicose no sangue. Atualmente não existe cura para o diabetes. Os pacientes com
diabetes do tipo 1 podem necessitar o uso diário de insulina injetável e realizar testes para
verificar seus níveis de glicose. Esse tratamento deve ser mantido permanentemente, por toda
a vida, para reduzir a incidência e a severidade das complicações. Os portadores de diabetes
do tipo 2, frequentemente conseguem controlar os níveis séricos da glicose mediante uma
combinação de dieta, exercício e drogas antiglicemiantes orais. Indivíduos portadores de
diabetes do tipo 1, não raro, são tratados com transplantes de pâncreas e, após 1 ano da
operação, 83% dos receptores não apresentam sintomas de diabetes e podem abandonar o uso
de insulina. Contudo, devem ser mantidos sob rígido esquema de drogas anti-rejeição. A
demanda por transplantes, entretanto, supera em muito as disponibilidades de órgãos.
James Shapiro, no Canadá, desenvolveu um interessante protocolo de transplantes de células
das ilhotas de Langerhans, que produzem insulina. Esse protocolo está em testes em vários
14
centros mundiais e constitui uma grande evolução, quando comparado com o transplante de
todo o pâncreas. Ainda assim, a terapia anti-rejeição é obrigatória. O pâncreas desenvolve no
arco duodenal e, nos mamíferos, é um órgão constituído por 3 classes de células: as células
ductais, as células acinares e as células endócrinas. As células endócrinas ou das ilhotas são as
mais importantes. Existem 4 tipos de células endócrinas nas ilhotas de Langerhans: as células
beta, produtoras de insulina; as células alfa, produtoras de glucagon; as células delta,
secretoras de somatostatina e as células PP que produzem o polipeptídeo pancreático. Os
hormônios liberados por cada tipo celular tem importante papel na regulação dos hormônios
liberados pelos outros tipos de células das ilhotas. Cerca de 65 a 90% das células das ilhotas
de Langerhans são células beta, secretoras de insulina.
Em busca de tratamentos alternativos para o diabetes, os pesquisadores esperam desenvolver
um sistema capaz de produzir e renovar suas células em meios de cultura. Não se sabe ainda
se para o tratamento do diabetes é preferível produzir apenas as células betas das ilhotas ou se
os demais tipos celulares são também necessários para um melhor controle do diabetes.
Alguns estudos mostram que as células beta crescidas em culturas respondem menos ao
estímulo da glicose do que os grupos de células contendo todos os tipos celulares das ilhotas
de Langerhans. As células das ilhotas respondem ao estímulo da glicose pela produção de
insulina em duas fases, uma rápida e outra mais lenta. Os estudos em desenvolvimento com as
culturas de células-tronco para a produção de células das ilhotas pancreáticas de Langerhans
são promissores e, apesar das dificuldades em produzir as células, os resultados iniciais
mostram que, em um futuro não muito distante, será possível dispor de células capazes de
produzir insulina para substituir as células danificadas pelo sistema imunológico, no diabetes
do tipo 1, mesmo que, em princípio estas novas células devam ser protegidas com uma terapia
capaz de bloquear a resposta imunológica que agride as células nativas.
7 QUESTÕES ÉTICAS
Simone Born de Oliveira
Etimologicamente, o termo ética deriva do grego ethos que significa modo de ser, caráter.
Designa a reflexão filosófica sobre a moralidade, isto é, sobre as regras e os códigos morais
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que norteiam a conduta humana. Sua finalidade é esclarecer e sistematizar as bases do fato
moral e determinar as diretrizes e os princípios abstratos da moral.
Os valores podem ser entendidos como padrões sociais ou princípios aceitos e mantidos por
pessoas, pela sociedade, dentre outros. Assim, cada um adquire uma percepção individual do
que lhe é de valor; possuem pesos diferenciados, de modo que, quando comparados, se
tornam mais ou menos valiosos. Tornam-se, sob determinado enfoque, subjetivos, uma vez
que dependerão do modo de existência de cada pessoa, de suas convicções filosóficas,
experiências vividas ou até, de crenças religiosas.
Os juristas, os cientistas, os médicos devem dar a sua contribuição para a busca da justiça, da
vida, da liberdade, para que se possa, eticamente, formar a consciência das pessoas que
participarão do debate que ora se forma. É necessário que a humanidade reflita sobre o
princípio da responsabilidade científica e social e que a racionalidade ética caminhe a passos
largos, disputando palmo a palmo, um espaço junto ao progresso científico e tecnológico.
Mas como conciliar, neste momento, ética, moral e os conhecimentos jurídicos existentes?
Como valorar a pesquisa humana frente aos benefícios que traria à vida humana? Qual o mais
importante: o bem coletivo ou a não manipulação do material genético humano?
A legislação do Brasil, diriam uns, autoriza a pesquisa com células-tronco adultas. Como
então afirmar que a Constituição veda a manipulação de material genético? Sim, a legislação
permite, mas proíbe totalmente a clonagem terapêutica de seres humanos e, em muitos casos,
o tratamento apenas com células-tronco adultas não é suficiente para amenizar a dor dos
pacientes.
Visto apenas do ponto ético e moral, é fácil aos parlamentares dizerem que está proibida a
pesquisa e eles nada podem fazer. Todavia, o que fazer quando se tem um parente, portador
de doença que poderia ser facilmente amenizada com o uso da clonagem terapêutica, se
definhar aos poucos, à frente de seus olhos?
O Direito, acima de tudo, se resume em bom senso e razoabilidade. Deve ser aplicado sempre
se tendo em vista o bem comum. E as pesquisas com células-tronco, ao que consta até hoje,
possui em potencial tudo aquilo necessário a uma vida melhor, tratando doenças graves, até
hoje sem solução e amenizando tantas outras.
Reconhecendo que nem tudo que é cientificamente possível de ser realizado é, portanto,
eticamente aceitável, tal linha de raciocínio nos conduz à reflexão que se consolidou a partir
da necessidade em se reconhecer o valor ético da vida humana e recolher subsídios para
16
conciliar o imperativo do desenvolvimento tecnológico e a proteção da vida e da qualidade de
vida. O grande desafio enfrentado pela Bioética é conciliar o saber humanista com o saber
científico.
Assim, o profissional da área jurídica, ao se deparar com as novas indagações surgidas em
decorrência de tecnologias modernas, deve sempre garantir os princípios constitucionais, visto
que a legislação não consegue acompanhar a revolução tecnológica mundial.
Ressalta-se que o direito, como mantenedor da ordem social, deve, com prudência,
conhecimento interdisciplinar e cautela e, principalmente, valendo-se dos princípios e
conceitos bioéticos, regulamentar a matéria. E a Lei de Biossegurança, por mais tímida que
tenha sido, traz consigo grande avanço e esperança para os brasileiros em estado aflitivo
decorrente de sérias deficiências do corpo e da mente.
CONCLUSÃO
Com base nas informações que obtivemos concluímos que o nome célula-tronco
refere-se a qualquer célula pouco diferenciada e capaz de produzir outros tipos de célula
através de mitose e do processo de diferenciação celular.
Geralmente, as células-tronco são capazes de originar células especializadas dos
tecidos dos quais fazem parte, tendo grande importância em processos como, por exemplo, a
regeneração de órgãos. No entanto, as células-tronco embrionárias são chamadas de
totipotentes, pois são capazes de se diferenciar em qualquer tipo de célula. Em humanos,
encontramos células-tronco nos embriões, no cordão umbilical e na medula óssea, entre
outros tecidos. Atualmente, as células-tronco podem ser mantidas em laboratório por meio de
culturas celulares, sendo utilizadas na pesquisa sobre o tratamento de doenças como leucemia,
diabete, infarto, entre outras. O objetivo desses tratamentos é realizar a reposição de tecidos
danificados, devido a doenças ou acidentes, substituindo-os por células saudáveis.A
totipotência das células-tronco embrionárias desperta grande interesse científico, uma vez que
podem originar diversos tipos celulares. O tratamento de algumas doenças - como, por
exemplo, câncer, mal de Alzheimer, osteoporose, problemas do coração e cegueira - pode ser
auxiliado pela terapia com essas células. As células-tronco são formadas no embrião apenas
até este atingir entre 32 e 64 células, ou seja, muito antes da formação de qualquer tecido
embrionário.As células-tronco embrionárias geralmente são provenientes de embriões não
utilizados durante o processo de fertilização artificial. Esses embriões excedentes são
congelados e armazenados. A lei brasileira diz que, após três anos, esses embriões, se não
utilizados e mediante autorização dos pais, podem ser usados para pesquisa científica.
REFERÊNCIAS
1 Fernandez MN, Regidor C, Cabrera R. Umbilical-cord blood for transplantation in
adults. N Engl J Med. 352(9):935-7, 2005.
2 PEREIRA, Lygia da Veiga; PRANKE, Patrícia Helena Lucas; MENDES-OTERO, Rosalia.
Presente e Futuro das Células-tronco. O Estado de São Paulo. 04-03-2005.
3 OLIVEIRA, Simone Born de. Da Bioética ao Direito: manipulação genética e dignidade
humana. Curitiba: Juruá, 2002.
4 GARCIA, Eloi S. A clonagem como terapia. ANBio – Associação Nacional de
Biossegurança, Disponível em: www.anbio.org.br/noticias/terapia.html.
5 MASSUMOTO, Celso; MASSUMOTO, Sally Mizukami; YOUB, Carlos Alexandre.
Células Tronco: Como coletar, Processar e Criopreservar. Atheneu.
6 ZATZ, Mayana, Células Tronco: Conceito e Linguagem. Disponível em:
http://www.ghente.org/temas/celulas-tronco/index.htm
7 SOUZA, Maria Helena L.; ELIAS, Decio O. As Células Tronco e o seu Potencial na
Reparação de Órgãos e Tecidos. Disponível em: http://perfline.com/cear/artigos/stem.pdf
8 Figura 1. Disponível em: http://perfline.com/cear/artigos/stem.pdf