apresentação do powerpoint...vida —e o país carece de um projeto para reforçar os cuidados...

13

Upload: others

Post on 07-Jun-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Apresentação do PowerPoint...vida —e o País carece de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice. ^O segmento da população que mais cresce
Page 2: Apresentação do PowerPoint...vida —e o País carece de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice. ^O segmento da população que mais cresce
Page 3: Apresentação do PowerPoint...vida —e o País carece de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice. ^O segmento da população que mais cresce
Page 4: Apresentação do PowerPoint...vida —e o País carece de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice. ^O segmento da população que mais cresce

O abandono dos idosos no BrasilCom a ilusão de ser eternamente jovem, País sofre com o aumento da expectativa de vida da população. Falta de planejamentogera impasses de difícil solução, como o crescimento do número de pessoas em asilos e a falta de uma poupança para garantiruma boa velhice

Page 5: Apresentação do PowerPoint...vida —e o País carece de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice. ^O segmento da população que mais cresce

Um país eternamente jovem está com dificuldades para lidar com seus cabelos brancos. Ficar vivo por mais tempo, o quedeveria ser uma boa notícia para todos, virou um desafio econômico pessoal para os brasileiros — e uma bomba relógio deefeitos incalculáveis para o sistema de assistência social. Na parte baixa da pirâmide, onde estão os mais pobres, começa aser sentido o aumento no número de idosos desamparados pela família. Os albergues públicos estão lotados e a demandapor vagas entre pessoas de mais de 60 anos não para de crescer, segundo estudo do Ministério do Desenvolvimento Social.Entre os mais favorecidos, o problema é de falta de poupança e planejamento. Levantamento recém-concluído pelo BancoMundial indica que os brasileiros de todas as idades são pouco precavidos, parecem ocupados demais com seus problemasno presente e não estão se preparando para a velhice. Apenas 11% declaram fazer economia para o futuro, contra umamédia global de 21%.

Envelhecimento rápido“A situação é muito grave e só tende a piorar. As pessoas não conseguem fazer um pé de meia para ter uma renda estável esegura depois que se aposentam”, afirma Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil. “Énatural que cresça o número de pessoas idosas que vivem sozinhas porque a população em geral está envelhecendo, mas ocrescimento é muito alto e o número de instituições de longa permanência ou asilos não é suficiente para atender àsnecessidades.” Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2012 e 2017, a população de idosos noPaís saltou 19,5%, de 25,4 milhões para mais de 30,2 milhões de pessoas. No mesmo período, o número de homens emulheres com 60 anos ou mais nos albergues públicos cresceu 33%, de 45,8 mil para 60,8 mil. Se forem consideradostambém os alojamentos privados, a cifra sobe para 100 mil. O desamparo familiar cresce mais rápido que a expectativa devida — e o País carece de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice.

Page 6: Apresentação do PowerPoint...vida —e o País carece de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice. ^O segmento da população que mais cresce
Page 7: Apresentação do PowerPoint...vida —e o País carece de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice. ^O segmento da população que mais cresce

“O segmento da população que mais cresce atualmente é acima dos 80 anos”, afirma Fernando Albuquerque, pesquisador do IBGE. Segundo ele, o perfil demográfico do País em 2030 será muito diferente do que temos hoje”. Se atualmente 14% da população é considerada idosa, daqui a 30 anos esse percentual será de 30%. Isso significa uma redução da força produtiva e uma elevação dos custos assistenciais. Há também o problema do enfraquecimento dos laços familiares na nova sociedade. A família, agora, não é mais aquela tradicional que sempre destacava alguém para cuidar dos mais velhos. Ao mesmo tempo, falta um Estado que compense essa deficiência com políticas públicas que protejam os desamparados. “Essas políticas são necessárias para atender uma população que está envelhecendo mal, num país em crise e com cortes nas despesas em educação e saúde”, diz Kalache.

Boa convivência e visitas dos filhos

O engenheiro aposentado Adrian Saranga, 77 anos, vive desde 2016 num alojamento público na zona Oeste de São Paulo. Sem recursos, ele não tem outra opção. Seu consolo é receber visitas dos filhos todas as semanas. “Tenho uma boa convivência com os outros 29 idosos que moram aqui, conversamos muito e vemos televisão”, diz. “Antigamente eu também gostava de ler, mas agora não tenho mais paciência.”

O engenheiro Adrian Saranga, 77 anos, também vive num alojamento em São Paulo. Ele veio com 26 anos da Romênia para o Brasil. Aqui, conseguiu aprender seu quarto idioma, o português. Ele também fala romeno, francês e russo. “O engraçado, é que me formei em engenharia, mas nunca trabalhei com isso”, recorda. No Brasil, ele teve uma empresa de materiais de construção e trabalhou como gerente de vendas, até que, aos 70 anos, se aposentou. Há dois anos, foi morar no abrigo. “Amigos eu não posso dizer que tenho. Amigo mesmo você tem um ou no máximo dois na vida toda”, afirma. Porém, ele diz que tem uma boa convivência com os outros 29 idosos que moram com ele: “Conversamos, vemos televisão. Antigamente eu também lia muito, mas agora não tenho mais paciência.”

Page 8: Apresentação do PowerPoint...vida —e o País carece de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice. ^O segmento da população que mais cresce

As estatísticas mostram que o brasileiro se prepara mal para enfrentar o momento em que sua a sua força produtiva seesgota. Mesmo sem poder contar com um Estado que garanta um bem-estar aos idosos, a imensa maioria da populaçãonão pensa no futuro de maneira pragmática. Um levantamento feito pelo Banco Mundial revela que a formação de umapoupança privada no Brasil para sustentar os idosos do futuro também deixa a desejar. Em um ranking de mais de 144países, o Brasil ocupa um modesto 101° em reserva de aposentadoria, atrás de várias nações latino-americanas e muitoabaixo de países desenvolvidos, como o Canadá e os Estados Unidos. Em 2017, apenas 11% dos brasileiros declararampoupar para a velhice. No Canadá esse percentual é de 59%. “Não é só um problema da pobreza”, diz Kalache. “O brasileironão tem educação financeira. É a falta de precaução”. A falsa ideia de que o Brasil é um País de jovens está revelando umarealidade preocupante. Há um déficit na percepção de que é preciso fazer um esforço para ter uma renda confortável paraum futuro cada vez mais longo. Sem isso, ter uma velhice digna será privilégio de uma minoria de brasileiros.

À espera da aposentadoriaO motorista Valter Alves, 64 anos, se instalou,há quatro meses em um centro municipal deacolhida para idosos no bairro de Pinheiros, emSão Paulo. Trabalhou a vida inteira, mas nuncaconseguiu guardar dinheiro para se sustentarna velhice. Agora, às vésperas daaposentadoria, ele também desistiu deprocurar trabalho. “Por causa da idade, aspessoas acham que você não consegue maisfazer as mesmas coisas”, lamenta.

Page 9: Apresentação do PowerPoint...vida —e o País carece de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice. ^O segmento da população que mais cresce

Brasil cada vez mais idoso exige rapidez em adaptação de políticas de saúdeFoco em prevenção e qualificação profissional pode reduzir impacto no sistema

O rápido processo de envelhecimento populacional representa hoje um dos principais desafios para o sistema de saúdebrasileiro.Em 2030, o país terá mais idosos do que crianças pela primeira vez na história. Serão 41,5 milhões (18% da população) depessoas acima de 60 anos, contra 39,2 milhões (17,6%) das que terão de zero a 14 anos. Hoje os idosos somam 29,4milhões (14,3%).Essa transição demográfica, que na Europa levou 180 anos, deve acontecer em metade desse tempo no Brasil.Isso implicará em mudanças profundas nas políticas públicas de saúde, assistência social e Previdência. “É uma velocidadesem precedentes. Afetará a todos, a saúde pública e a saúde suplementar”, diz o economista José Cechin, diretor-executivoda Fenasaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar) e ex-ministro da Previdência Social.Um país mais velho demandará mais gastos em saúde porque haverá aumento da carga de doenças crônicas. Segundo aFenasaúde, se o país tivesse hoje o perfil demográfico de 2030, 1,32% das despesas anuais em saúde seria decorrente dofator etário.No SUS, os gastos poderão atingir R$ 115 bilhões por ano em 2030 —hoje estão em torno de R$ 45 bilhões anuais.Atualmente, 70% dos idosos dependem exclusivamente do sistema público de saúde.

Page 10: Apresentação do PowerPoint...vida —e o País carece de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice. ^O segmento da população que mais cresce
Page 11: Apresentação do PowerPoint...vida —e o País carece de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice. ^O segmento da população que mais cresce

Ao mesmo tempo, a redução dos recursos para a saúde e as mudanças na política de atenção básica, já em curso, podemenfraquecer a ESF (Estratégia Saúde da Família) e se tornarem ameaças à assistência dos idosos, na opinião depesquisadores.“Mesmo em épocas de adversidades, o Brasil teve grandes avanços nas políticas públicas em relação à saúde e aos direitosdos idosos. Mas vivemos um momento de desmonte do SUS e das políticas de bem-estar social”, diz a pesquisadora DaliaRomero, coordenadora do Grupo de Estudos em Saúde e Envelhecimento (Fiocruz).O problema, contudo, não se resume ao subfinanciamento. Para o médico geriatra José Elias Pinheiro, presidente da SBGG(Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), o tratamento dos idosos nos serviços de saúde é ineficaz.“Faltam profissionais capacitados na ponta [atenção primária]. Há muitos encaminhamentos equivocados, excesso demedicalização e pedidos desnecessários de exames”, diz.Um exemplo é o idoso que apresenta esquecimento por condições clínicas, como hipotireoidismo e falta de vitamina B12,e não por processos demenciais.“São situações simples de se corrigir na atenção básica. Mas por falta de treinamento dos profissionais, háencaminhamento para especialistas [como neurologista] e pedidos de exames caros [como ressonância magnética].”Na opinião do médico e gerontólogo Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional da Longevidade no Brasil, amudança precisa começar nas faculdades, com a atualização dos currículos dos cursos da área de saúde.“Os profissionais de saúde que se formam hoje não adquirem conhecimento sobre como cuidar desse paciente [idoso],que se tornará cada dia mais frequente nos serviços de saúde”, afirma.Estudo do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar) aponta que o envelhecimento elevará o total de internaçõesde beneficiáriosem mais de 30% até 2030. Na faixa etária de 59 anos ou mais, o total de internações vai mais que dobrarno período.Hoje, 12,5% dos cerca de 50 milhões de usuários de planos de saúdetêm 60 anos ou mais. Quase 90% têm algum tipo dedoença crônica, como diabetes, artroses e câncer.

Page 12: Apresentação do PowerPoint...vida —e o País carece de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice. ^O segmento da população que mais cresce

Para Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS, o caminho para a sustentabilidade do setor passa pelamudança no modelo assistencial, hoje focado em especialistas e em hospitais.Promoção da saúde e reforço da atenção primária, com acompanhamento médico contínuo e focado no indivíduo, não nadoença, são receitas para os setores público e privado, diz Carneiro.Atualmente, idosos estão “soltos” no sistema de saúde. Passam por vários especialistas, fazem inúmeros exames, usammuitas medicações (que podem interagir entre si e causar danos), mas não há ninguém cuidando deles como um todo.A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) criou há dois anos um novo modelo de atenção aos idosos na redeprivada que está sendo testado por um grupo de operadoras para evitar as atuais falhas na assistência e o aumento doscustos.Uma das propostas é que os centros geriátricos sejam capazes de reconhecer riscos que possam agravar a saúde do idosoe que, a partir disso, atuem de forma preventiva.Além de um médico de referência, há um enfermeiro para orientá-lo conforme a necessidade, como tirar dúvidas sobre amedicação.Para José Cechin, as pessoas também precisam pensar mais em prevenção, e mudar hábitos de vida para evitar oupostergar a instalação de doenças crônicas na velhice. “São atitudes individuais que deveriam ser mais fomentadas pelasoperadoras”, diz.Na sua opinião, porém, um novo modelo assistencial voltado à promoção de saúde e prevenção implica em novas formasde remuneração, que valorizem o desempenho e não quantidade de procedimentos realizados.Tanto ele quanto Carneiro defendem que o país precisa pensar sobre esses desafios de forma integrada e a médio e longoprazos.“Hoje não há planejamento. As coisas mudam a cada um ano e meio com a troca de ministro [da saúde]. O país precisa deum plano que trace metas a serem cumpridas independentemente do governo que está ali, uma agenda reestruturanteque envolva os setores público e privado”, diz Carneiro.

Page 13: Apresentação do PowerPoint...vida —e o País carece de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice. ^O segmento da população que mais cresce