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APRESENTAÇÃO

Caros irmãos e irmãs,

Queridos (as) Catequistas,

Graça e Paz de nosso Senhor Jesus Cristo!

A Comissão Diocesana de Animação Bíblico-catequética com grata satisfação apresenta

este “Subsídio para a formação do Sacramento do Batismo”, que contribuirá na preparação de

encontros de formação e aprofundamento de temas importantes da nossa fé católica, sobretudo,

quando tratarmos dos encontros de formação para pais e padrinhos e/ou com adultos em vistas

da verdadeira experiência da fé, sem descuidar da formação dos nossos catequistas de Batismo.

A Comissão deseja contribuir com as paróquias para que catequistas, pais e padrinhos e,

até mesmo os adultos em formação catequética, possam encontrar os principais temas

relacionados aos aspectos bíblico, teológico e pastoral relacionados a este Sacramento. Ao passo

que ofereça a todos os catequistas um material com linguagem acessível e, com um roteiro

prático para a organização de momentos de formação e encontros em suas catequeses.

Ressaltamos que é mais um apoio para fortalecer nossa caminhada catequética.

Lembramos, ainda, àqueles que tenham contato com esse material, que não se trata de

um ineditismo, mas de uma compilação, uma organização de fontes já existentes, as quais estão

referenciadas e, que devem ser amplamente utilizadas no itinerário formativo.

Que Deus, nosso Pai, abençoe a todos e que a Imaculada Conceição, nossa Padroeira,

acompanhe os caminhos da Catequese Diocesana, para fazer conhecer o Seu Filho, Jesus Cristo,

o Bom Pastor.

Pe. José Jorge Santos Rodrigues

Coordenador da Comissão Diocesana de Animação Bíblico-catequética

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LISTA DE SIGLAS

Lc – Evangelho de Lucas

Jo – Evangelho de João

Mt – Evangelho de Mateus

Mc – Evangelho de Marcos

Ef – Carta de São Paulo aos Efésios

Cl – Carta de São Paulo aos Colossenses

1Sm – Primeiro Livro de Samuel

1Cor – Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios

2Cor – Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios

1Tm – Primeira Carta de São Paulo a Timóteo

2Tm – Segunda Carta de São Paulo a Timóteo

Rm – Carta de São Paulo aos Romanos

Gl – Carta de São Paulo aos Gálatas

Tt – Carta de São Paulo a Tito

1Pd – Primeira Carta de São Pedro

Hb – Carta aos Hebreus

At – Atos dos Apóstolos

DS - Denzinger-Schönmetzer - Enchiridion Symbolorum et Definitionum (Manual de credos e

definições) comumente chamado de Denzinger

RICA - Sagrada Congregação para o Culto Divino, Rito de Iniciação Cristã de Adultos (1973)

CIC – Codex Iuris Canonici - Código de Direito Canônico (1983)

CCE – Catechismus Catholicae Ecclesiae - Catecismo da Igreja Católica

DDS – Diretório Diocesano de Sacramentos de Campina Grande (2020)

IVC - Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários – Documento nº

107 da CNBB

DAp – Documento de Aparecida

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SUMÁRIO

O SIGNIFICADO DOS SACRAMENTOS: SINAIS DA PRESENÇA DE DEUS………….5

SACRAMENTO DO BATISMO ............................................................................................. 8

EFEITOS DO BATISMO ....................................................................................................... 11

A REMISSÃO DOS PECADOS .......................................................................................... 11

TRANSFORMAÇÃO EM NOVA CRIATURA .................................................................. 12

INCORPORAÇÃO NA IGREJA DE CRISTO .................................................................... 12

FUNDAMENTO DA COMUNHÃO ENTRE TODOS OS CRISTÃOS ............................. 13

MARCA ESPIRITUAL INDELÉVEL ................................................................................. 14

ELEMENTOS DA CELEBRAÇÃO ...................................................................................... 16

MISSÃO DO BATIZADO ..................................................................................................... 18

OS MINISTROS DO BATISMO ........................................................................................... 18

DO SUJEITO A SER BATIZADO ........................................................................................ 19

DOS PADRINHOS DE BATISMO ....................................................................................... 20

DO ACOLHIMENTO E PREPARAÇÃO PARA O BATISMO ........................................... 22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 25

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O SIGNIFICADO DOS SACRAMENTOS: SINAIS DA PRESENÇA DE DEUS

Sacramento deriva do latim sacramentum. A raiz sacra significa relação com o

divino, o verbo sacrare implica devotar à Divindade. O sufixo mentum significa o meio ou

instrumento pelo qual se faz algo. Donde se vê que sacramentum é aquilo mediante o qual

algo se torna sagrado. Por extensão o vocábulo podia designar também a ação de consagrar

ou devotar e o objeto consagrado à Divindade. No plano jurídico, era a quantia de dinheiro

que depositavam em lugar sagrado os homens em litígio antes de iniciar um processo civil.

O dinheiro era assim consagrado à Divindade e implicava maldição para aquele que incidisse

em infidelidade ou falsidade (mentira). No plano militar era o juramento prestado pelos

recrutas perante os deuses quando eram incorporados à milícia, assinalado por uma tatuagem

(signum fidei).

A palavra Sacramentum encontra-se nas traduções latinas da Bíblia efetuadas na

África do Norte antes de Tertuliano (ano 220 aproximadamente). Traduzia a palavra

mystérion. É interessante a preferência dada a Sacramentum, embora mystérium fosse usado

em latim desde Cícero.

Nos ambientes cristãos Sacramentum assumia novo significado: o de mystérion na

versão dos LXX e no Novo Testamento designava o plano secreto salvífico de Deus revelado

progressivamente aos Patriarcas, Profetas e aos cristãos: Ef 1,9; 3,3; 5,32; Cl 1,27; 1Tm 3,16.

Por que mystérion foi traduzido por sacramentum? Qual a ligação que podia existir

entre Sacramentum (latino) e mystérion (grego)? Eis a resposta: os ritos de mistérios tinham

a sua iniciação. Iniciação que era acompanhada por um juramento do candidato, pois, tanto

para os soldados romanos como para os iniciados nos mistérios, uma consagração

consolidada por juramento; diziam mesmo os antigos que o serviço aos cultos dos mistérios

era uma sancta militia (santa milícia). Eis por que os romanos traduziram mystérion por

sacramentum (vocábulo que era de uso quase exclusivamente militar e religioso).

Sacramentum passou assim a designar não somente os ritos sagrados dos cristãos

(especialmente a Eucaristia), mas também as figuras ou as imagens que no Antigo Testamento

preanunciavam o Cristo.

Muito significativo é o texto de Tertuliano, escritor do Norte da África: "Vocati sumus

ad militiam Dei vivi iam tunc cum in sacramenti verba respondemus" – “Fomos chamados

para a milícia do Deus vivo desde que respondemos as palavras do sacramento” (Ad

martyres 3). Sacramentum designa tanto o juramento do neófito quanto o sacramento do

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Batismo. Conforme 2Tm 2,3, o cristão é soldado de Cristo: "Assume a tua parte de sofrimento como

bom soldado de Cristo".

Os Sacramentos, assim entendidos, fundamentam o caráter público e visível da

Igreja; dão-lhe estrutura externa e proporcionam-lhe unidade interna, estabelecendo

comunhão salvífica com Deus.

Santo Agostinho (séc. V) aprofunda o conceito de Sacramentum. Para ele, o

sacramento é um sinal sagrado. Dizia: “Tira a palavra e que é a água senão água? Acrescenta

a palavra ao elemento e faz-se o sacramento, tão visível como a própria palavra” (In

Iohannem 80,3). S. Agostinho chega a dizer que o sacramento é visibile verbum (palavra

visível), à semelhança de Jesus Cristo, que é a eterna Palavra feita visível. Em suas obras

sobressaem-se o Batismo e a Eucaristia: "Cristo vinculou a sociedade de seu novo povo por

sacramentos muito pouco numerosos, de prática muito clara, como sejam o Batismo

consagrado pela invocação da Trindade, a comunhão no seu corpo e sangue, e algum outro

ainda, se, por ventura, vem indicado nas Escrituras canônicas" (epistola 54 PL 33,200).

S. Agostinho distingue também entre sinal e significado. O sinal é a realidade visível

(sacramento). O significado é a invisível, que ele chama res sacramenti ou o efeito, a graça

comunicada pelos sacramentos. Para o Bispo de Hipona a fé leva a ver o Invisível. Por isso

diz a um grupo de neófitos sobre a celebração eucarística: “O que vedes hoje no altar de Deus,

vós o vistes na noite passada. Mas o que seja, o que signifique, quão grande coisa contenha

o sacramento, ainda não ouvistes. Pois o que vedes é pão e cálice. É o que vos mostram

vossos olhos. Mas o que exige vossa fé, que deve ser instruída, é que o pão é o Corpo de

Cristo e o cálice, o sangue de Cristo. Mas podeis agora dizer-me: como o pão é seu corpo?

E como o cálice, o que há dentro do cálice, é seu sangue? Pois estas coisas, irmãos, se

chamam sacramentos porque uma coisa é o que se vê nelas e outra coisa o que se entende.

O que se vê tem aparência corporal; o que se entende tem fruto espiritual.” (Sermão 272)

Os Sacramentos, então, são sinais visíveis da graça invisível de Deus que age

naqueles que os recebem. O Catecismo da Igreja Católica (CEC), ensina que “os sacramentos,

instituídos por Cristo e confiados à Igreja, são sinais eficazes da graça, por meio dos quais

nos é concedida a vida divina. Os ritos visíveis, sob os quais os sacramentos são celebrados,

significam e realizam as graças próprias de cada sacramento. Eles produzem frutos

naqueles que os recebem com as disposições exigidas” (CEC 1131). Ensina ainda o CEC:

Os sacramentos são “’forças que saem’ do corpo de Cristo (Lc 5,17; 6,19; 8,46), sempre

vivo e vivificante; são ações do Espírito Santo operante no corpo de Cristo, que é a Igreja;

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são ‘as obras-primas de Deus’, na Nova e Eterna Aliança” (CEC 1115).

Os sacramentos foram, como diz o Catecismo, instituídos por Cristo e confiados à

Igreja como seu Corpo. É Jesus Cristo, como Sumo Sacerdote, quem os ministra através da

Igreja. Esta verdade é expressa de maneira simbolista pela Tradição da Igreja, que S. Tomás

de Aquino resume nos seguintes termos: “do lado de Cristo adormecido na cruz jorraram os

sacramentos com os quais a Igreja foi construída”. (S. Teol. II, qu. 64, art. 2, ad 3). A água

fluindo do lado de Cristo significaria o Batismo, e o sangue a Eucaristia. É Jesus quem institui

os Sacramentos, nos diz o Santo Aquinate: "Devemos dizer que a Igreja de Cristo foi

construída sobre os sacramentos que jorraram do lado de Cristo pendente da Cruz" (S. Teol.

III, qu. 64, art. 2, ad 3).

A ninguém é lícito alterar o ritual dos sacramentos, modificando-o por conta própria,

por mais interessante que isto seja. Por isso, determina o Código de Direito Canônico: "já

que os sacramentos são os mesmos para toda a Igreja e pertencem ao depósito divino,

compete unicamente à suprema autoridade da Igreja aprovar ou definir os requisitos para

a sua validade, e cabe a ela ou a outra autoridade competente, de acordo com o Cânon 838,

§§ 3º e 4º, determinar o que se refere a sua celebração, administração e recepção lícita e a

ordem a ser observada em sua celebração” (CIC, cân. 841).

De quanto acaba de ser dito, compreende-se ainda que o ministro dos sacramentos,

sendo o porta-voz da Igreja e a mão estendida de Cristo, deve, ao ministrar, ter a intenção de

fazer o que faz a Igreja. Ele não age em seu nome, mas em nome da Igreja.

Os sacramentos da nova lei foram instituídos por Cristo e são sete, nos afirma o

Concílio de Trento: "Se alguém disser que os sacramentos da nova Lei não foram todos

instituídos pelo Senhor Jesus Cristo, ou são mais ou menos numerosos do que sete, a saber:

Batismo, Crisma, Eucaristia, Penitência, Extrema-Uncão, Ordem e Matrimônio, ou se disser

que algum desses sete não é realmente e propriamente sacramento, seja reprovado" (DS

1601 [844]).

A Igreja nos ensina que “os sete sacramentos atingem todas as etapas e todos os

momentos importantes da vida do cristão: dão à vida de fé do cristão origem e crescimento,

cura e missão. Nisto existe certa semelhança entre as etapas da vida natural e as da vida

espiritual” (CIC, 1210). Assim, durante toda nossa vida somos acompanhados pela Igreja e

inseridos na comunidade de fé, de modo que os sacramentos nos possibilitam participar no

Corpo de Cristo e passamos a formar a sua Igreja. A celebração dos sacramentos abrange as

principais etapas de nossa existência como cristãos. O nascimento e a entrada na Igreja

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(Batismo), a passagem da infância para a maturidade da fé (Crisma), a alimentação e a

bebida, força e sustento na caminhada (Eucaristia), o retorno à casa paterna quando o

abandonamos (Reconciliação), o compromisso com a construção da família e da comunidade

eclesial (Matrimônio) ou com o mistério apostólico (Ordem), a enfermidade e a velhice

(Unção dos Enfermos).

Todos esses acontecimentos importantes da vida são santificados pela graça de Deus,

através da celebração dos sacramentos que Cristo nos deixou. Somos incorporados a Igreja

e ao ministério profético de Jesus a cada etapa vivenciada e, os sacramentos proporciona

maior aproximação com Jesus Cristo.

SACRAMENTO DO BATISMO

Este sacramento é também chamado “banho da regeneração e da renovação no

Espírito Santo” (Tt 3, 5), porque significa e realiza aquele nascimento da água e do Espírito,

sem o qual “ninguém pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3, 5).

O sacramento do Batismo é a porta dos sacramentos, ou seja, é o primeiro sacramento

recepcionado pelo homem. Por esse sacramento recebemos a vida nova de Jesus e a força

viva do Espírito Santo, assim como, somos incorporados à Igreja e nos tornamos participantes

de sua missão.

O Batismo é o sacramento instituído por Jesus Cristo, que nos faz seus discípulos e

nos regenera para a vida da graça, através da purificação com água e invocação da Santíssima

Trindade: Pai, Filho e Espirito Santo. O próprio Jesus confia aos seus discípulos a missão de

anunciar a boa nova e batizar (Mt. 28, 19).

“O santo Batismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no

Espírito (“vitae spiritualis ianua" – porta da vida espiritual) e a porta que dá acesso aos outros

sacramentos. Pelo Batismo somos libertados do pecado e regenerados como filhos de Deus,

tornamo-nos membros de Cristo e somos incorporados na Igreja e tornados participantes na

sua missão. “Baptismos est sacramentam regeneratiorais per aquam in Verbo – O Batismo é

o sacramento da regeneração pela água e pela Palavra” (CEC 1213).

Chama-se Batismo, por causa do rito central com que se realiza: Etimologicamente,

a palavra batizar (Βαπτίζηιν- baptízein, em grego) significa mergulhar, imergir, banhar.

Batizar é lavar, purificar, mergulhar na água. A “imersão” na água simboliza a sepultura do

catecúmeno na morte de Cristo, de onde sai pela ressurreição com Ele, como “nova criatura”

(2 Cor 5, 17; Gl 6, 15). Trata-se de uma purificação feita com água que lava o pecado

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original, dando ao batizado a condição de filho de Deus. Renascido no Batismo, o neófito

participa da tríplice missão de Cristo: ser sacerdote, profeta e rei.

Ao ser batizado, Deus perdoa todos os seus pecados, confere-lhe o Espírito Santo,

dando o seu Reino como herança e dispensando-lhe todas as graças.

Os Atos dos Apóstolos nos apresentam alguns testemunhos explícitos dos primeiros

batismos cristãos: Os três mil batizados em um só dia, após a pregação de São Pedro (At

2,37-41); os samaritanos batizados por Filipe (At 8,12); o batismo de Simão, o mago (At

8,13); o episódio do batismo do Espírito (At 8,16-17); o eunuco etíope (At 8,35-38); O batismo

de Paulo (At 9,18; cf. At 22,16); o batismo de Cornélio e daqueles que se reuniam em sua casa

(At 10,47- 48); a narração de Pedro (At 10,47-48); o batismo de Lídia e de toda sua família

(At 16,14·15), o batismo do carcereiro e de todos os seus familiares (At 16,30·34); o batismo

de Crispo e toda a sua família (At 18,8); o batismo dos discípulo de João Batista em Éfeso

(At 19,2-6) etc.

Há elementos que se repetem em todas essas passagens, que são como um pano de

fundo delas. Por exemplo, podem ser percebidos na maioria delas: a) o anúncio da palavra;

b) a aceitação da mensagem pela fé; c) o próprio batismo; d) a referência à água e à uma

fórmula; e) a entrada na comunidade e o Espírito.

Certamente, há também a ausência de um elemento que, infelizmente, é demasiado

abundante em nossa cultura contemporânea: a simples obrigação social.

Nas passagens do Novo Testamento, há sempre uma resposta pessoal, livre e madura

à Boa-Nova de Jesus.

Curiosidades

O BATISMO NÃO É UMA CRIAÇÃO DO POVO CRISTÃO

Historicamente falando, antes de Cristo, os povos antigos da Grécia, do Egito, da

Pérsia, da Índia e da Babilônia já praticavam métodos de purificação semelhantes ao batismo.

Obviamente, esse dado não serve para que igualemos o batismo a esses métodos - afinal,

isso seria o mesmo que afirmar que a iniciação cristã deriva de práticas pagãs, o que não é

verdade.

É um rito de raízes muito antigas. Os ritos de mergulho, na época de Jesus, eram

praticados por vários grupos, com sentidos diferentes.

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➢ O Batismo dos prosélitos.

Quando um pagão se convertia ao judaísmo, precisava passar por um ritual de

purificação. Esses convertidos eram chamados de prosélitos. Os judeus consideravam os pagãos

impuros. Por isso, antes de admiti-los no Povo de Deus, davam-lhes um banho ritual, isto é,

simbólico.

➢ O Batismo dos essênios.

Havia um grupo de judeus, os essênios, que se retiravam para o deserto, desiludidos

com o mundo. Acreditavam-se os únicos puros. Para eles, mesmo os judeus que não viviam

as rígidas normas de seu grupo eram impuros. Praticavam um Batismo de purificação, que

precisava ser diariamente celebrado.

➢ O Batismo de João

Havia diversos grupos como o de João Batista, anunciadores do Messias, o que

libertaria a Palestina do Império Romano. Realizavam um Batismo de conversão (Mc 1,4), em

preparação para a vinda do Messias (Mt 3,10). Esse Batismo exigia uma mudança radical de

vida (Lc 3,7- 14) e não se repetia, pois marcava uma ruptura definitiva com o passado e

comprometia a pessoa com a preparação para a vinda do Messias. Os grupos como o de João

Batista eram muito populares e atraíam principalmente as "multidões" (os pobres) e os

excluídos da religião oficial (Lc 3,10-14).

Quando alguém se apresentava para o Batismo sem demonstrar uma conversão real,

João avisava: de nada adiantava o ato exterior, sem a mudança interior. São os frutos que

provam a qualidade da árvore (Mt 3,7-10). João também dizia: seu Batismo não era o

definitivo. O Messias é quem haveria de colocar tudo nos seus devidos lugares. Era preciso

ficar vigilante (Mt 3, 11-12)!

João Batista, o precursor do Messias, dizia: "Eu vos batizei com água; ele, porém,

vos batizará no Espírito Santo" (Mc 1,8), Sobre esse ritual, Santo Tomás de Aquino afirmava

que ele "não conferia a graça, mas só preparava para ela, de três modos: a) pela sua doutrina,

João introduzia os ouvintes à fé de Cristo; b) acostumava-os ao rito do batismo; e c) pela

penitência, preparava os homens a receberem o efeito do batismo de Cristo".

Para nós, cristãos, Cristo é a chave de interpretação de toda a Escritura.

Jesus, ao iniciar sua missão, quis se comprometer com a esperança do povo.

Respeitou a liderança de João Batista, até começou como discípulo dele (Mc 1,14-15). Por

isso, era fundamental que se fizesse batizar também. A única pessoa que não precisava em

hipótese alguma do Batismo, Jesus Cristo, submeteu-se a ele para poder, assim, purificar

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todas as águas do mundo (Mc 1,9-11). Jesus referiu-se à própria morte utilizando o termo

Batismo (Mc 10,38; Lc 12,50). Por isso, no Novo Testamento, o Batismo instituído por Cristo

é o ato do sepultamento do catecúmeno em Sua morte, que depois ressurge com Ele, como

uma novacriatura. Lá pelo ano 57 d.C. São Paulo exortou os cristãos de Corinto a superarem

suas discórdias, precisamente porque todos haviam sido batizados com o mesmo Espírito.

No mesmo ano, o apóstolo dos gentios explicou como todos os batizados da Galácia haviam

sido revestidos de Cristo. No inverno entre os anos de 57 e 58, São Paulo escreveu aos

romanos que fomos "sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que como Cristo

ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova" (Rm

6,4), ideia que repetiu aos colossenses anos mais tarde (Cl 2,12).

EFEITOS DO BATISMO

No Catecismo da Igreja Católica afirma-se que os elementos sensíveis do rito

sacramental significam os diferentes efeitos do Batismo: "O mergulho na água faz apelo ao

simbolismo da morte e da purificação, mas também da regeneração e da renovação. Os dois

efeitos principais são, pois, a purificação dos pecados e o novo nascimento no Espírito

Santo” (CEC 1262). Sabemos que só Deus pode fazer de tal forma que um rito externo produza

esse tipo de efeitos.

O Catecismo destaca, mais concretamente, cinco efeitos do sacramento do Batismo

(CEC 1262-1274): a) a remissão dos pecados; b) a transformação em nova criatura; c) a

incorporação na Igreja, corpo de Cristo; d) o fundamento da comunhão entre todos os cristãos

e, por fim, e) uma marca espiritual indelével na alma de quem o recebe.

A REMISSÃO DOS PECADOS

Para poder participar da vida trinitária, os cristãos devem ter os seus pecados

perdoados, como o pecado original e os pecados pessoais – o que ocorre por meio do Batismo.

Aliás, "todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte“ (Rm

6, 3). “Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo

ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova" (Rm

6,4). O Batismo produz uma mudança profunda no interior daquele que o recebe. Contudo,

após o Batismo, “certas consequências temporais do pecado permanecem, tais como os

sofrimentos, a doença, a morte ou as fragilidades inerentes à vida, como as fraquezas de

caráter, etc., assim como a propensão ao pecado, que a Tradição chama de concupiscência

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ou metaforicamente, o ‘incentivo do pecado’ (fomes peccati)” (CEC 1264). No dia da

ressurreição da carne, o Batismo mostrará o seu poder com relação ao pecado.

TRANSFORMAÇÃO EM NOVA CRIATURA

São Paulo afirma que estar em Cristo é se renovar, tornar-se nova criatura (1Cor 5,17).

Da mesma forma, São Pedro postula que pela glória e virtude de Cristo recebemos "maiores

e mais preciosas promessas, a fim de tornar-vos por este meio participantes da natureza

divina" (2Pd 1,4). Nossos corpos são membros de Cristo (1Cor 6, I5), pois em "um só Espírito

fomos batizados todos nós, para formar um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou livres, e

todos fomos impregnados do mesmo Espírito" (1Cor 12,13).

A Igreja, Mãe e Mestra, ensina que o Batismo faz do "neófito 'uma nova criatura', um

filho adotivo de Deus que se tornou 'participante da natureza divina', membro de Cristo e

coerdeiro com Ele, templo do Espírito Santo" (CEC 1265).

Além disso, o batizado recebe da Santíssima Trindade a graça Santificante, que é a

graça da justificação. Essa graça: “torna-o capaz de crer em Deus, de esperar n’Ele e de amá-

Lo por meio das virtudes teologais; concede-lhe o poder de viver e agir sob a moção do

Espirito Santo por seus dons; permite-lhe crescer no bem pelas virtudes morais. Assim, todo

o organismo da vida sobrenatural do cristão tem sua raiz no santo Batismo” (CEC 1266)

Trata-se, então, de um organismo da vida espiritual que passa a ter vida a partir do

Batismo, levando o seguidor de Cristo a uma vida nova, na qual ele passará a ver o mundo

com os olhos das virtudes teologais.

INCORPORAÇÃO NA IGREJA DE CRISTO

O Batismo nos faz membros do Corpo de Cristo e também participantes no

sacerdócio comum dos fiéis. Os batizados "participam no sacerdócio de Cristo, de sua

missão profética e régia" (CEC 1268); como afirma São Pedro: "raça escolhida, um

sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido por Deus" (1Pd 2,9). Estar em

comunhão com Cristo é tomar parte de seu tríplice múnus: profeta, sacerdote e rei. As

funções sacerdotais incluem a participação na liturgia, no sacrifício e na santificação da vida

diária, no martírio, na virgindade voluntária, no matrimônio, na aceitação e oferecimento do

sofrimento, da doença e da morte. A dimensão profética encontra o seu fundamento nas

palavras que São Pedro usou para descrever os cristãos: "raça escolhida [... ] para que

publiqueis as virtudes daquele que das trevas vos chamou à sua luz maravilhosa" (1Pd 2,9).

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A função de realeza está alicerçada na ideia de que o batizado recebe a missão de construir

um reino que não é deste mundo, mas que começa neste mundo (Cl 1,15-20; Ef 1,3-23). A

comunhão com a Igreja, propiciada no batismo, é tripla: comunhão de fé, comunhão eclesial e

comunhão eucarística. A eucaristia é o clímax de todos os sacramentos, ou seja, todos estamos

destinados a ela.

O Batismo nos Atos dos Apóstolos era visto como a recepção na comunidade cristã

(At 2,37-41). É, claro que, não se trata apenas de uma diferença de grau o que separa o

sacerdócio comum dos fiéis do sacerdócio ministerial. Este último é essencial, mas não

acarreta uma diferença de dignidade. O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial

ou hierárquico, embora se diferenciem essencialmente e não apenas em grau, ordenam-se

mutuamente um ao outro: pois, um e outro participam, a seu modo, do único sacerdócio de

Cristo.

Com efeito, o sacerdote ministerial, pelo seu poder sagrado, forma e conduz o povo

sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico, fazendo as vezes de Cristo e oferece-o a Deus em

nome de todo o povo. Os fiéis, por sua parte, concorrem para a oblação da Eucaristia em

virtude do seu sacerdócio real, “que eles exercem na recepção dos sacramentos, na oração e

ação de graças, no testemunho da santidade de vida, na abnegação e na caridade operosa”.

(Paulo VI, 1964a).

O termo usado por São Paulo é revestir-se de Cristo como se Ele fosse uma nova

vestimenta, uma nova roupa (Gl 3,27). Essa realidade é simbolizada no batismo pela veste

branca: "N.: Agora és nova criatura e estás revestido (revestida) de Cristo. Esta veste branca

seja para ti símbolo da dignidade cristã. Ajudado (Ajudada) pela palavra e pelo exemplo da

tua família conserva-a imaculada até a vida eterna" (Conferência Episcopal Portuguesa,

2018b, p. 92).

É importante notar, diferentemente do que prega o indiferentismo religioso, que a

vontade de Deus é que todos sejam salvos, pois, Deus é “o Salvador de todos os homens,

sobretudo dos fiéis" (1Tm 4,10). O próprio Cristo falou da necessidade da fé e do batismo

(Mc 16,16; Jo 3,5) e, ao mesmo tempo, da Igreja.

FUNDAMENTO DA COMUNHÃO ENTRE TODOS OS CRISTÃOS

A oração de Cristo é que todos sejamos um, como Ele é com o Pai. Podemos entender

que o desejo do nosso Mestre é que todos, um dia, comunguem da mesma fé e do mesmo

pão da vida. O caráter sacramental do Batismo cria unidade dentro da Igreja e derruba

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qualquer discriminação, pois todos que são batizados se revestem de Cristo e tornam-se um

só perante Ele, sem distinções. É por isso que na Igreja cabem todas as culturas, raças e

etnias - a única exigência é a conversão delas à fé e à moral cristãs. Afirmar essa verdade,

em tempos atuais, é assumir com coragem, o papel de batizados e cumprir a vontade do

próprio Cristo (Mt,28,18-20).

MARCA ESPIRITUAL INDELÉVEL

Denominado caráter, o selo que marca o cristão no batismo é eternamente indelével;

torna-o, por meio dele, pertença de Cristo. "Pecado algum apaga esta marca, se bem que

possa impedir o Batismo de produzir frutos de salvação. Dado uma vez por todas, o Batismo

não pode ser reiterado” (CEC 1272).

Em outras palavras, esse sacramento apresenta um caráter hapax (grego, significa

falado só uma vez), que se manifesta em nossas vidas por meio da oferenda crística (Hb

7,27).

O batismo não se repete, aconteça o que acontecer. É um selo – selo do Senhor

(“Dominicus character”), diz o Oriente, em consonância com as Escrituras. Ele imprime um

Caráter, afirma o Ocidente, em conformidade com Agostinho. Sob as duas imagens, a Igreja

quer falar de um estado estável e irreversível que orienta a existência humana e sua história.

MATÉRIA E FORMA DO BATISMO

A teologia dividiu a matéria em dois novos conceitos: a) matéria remota – coisas

materiais utilizadas no sacramento; e b) matéria próxima - os gestos que acompanham o uso

dessas coisas.

No sacramento do batismo, a matéria remota é a água natural. No entanto, há três

categorias de água: água natural, água duvidosa e certas substâncias inválidas.

A água natural é aquela que normalmente encontramos na natureza: chuva, nascentes,

rios, mar, etc. O importante é que predomine a água. A água duvidosa é aquela que é difícil

determinar se há predominância de água ou não, como o caso da água de rosas. Santo Tomás

de Aquino, em Summa Theologiae III declarou que a "água de rosas é um líquido exprimido

das rosas, pelo qual não é possível constituir matéria do Batismo”. No caso de perigo de

morte, a utilização de matéria duvidosa válida pode se tornar necessária. Se existir dúvida

sobre sua validade, pode-se usar tal matéria condicionalmente acrescentando à fórmula as

palavras; "Se esta matéria é válida, N, eu te batizo...”. Por fim, há as substâncias duvidosas,

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que, de acordo com São Basílio: a) nunca foram água; ou b) foram transformadas ao ponto

de perder todo seu simbolismo de purificação - por exemplo, café, saliva, chá, sopa ou caldo

de carne e misturas de água com outra substância predominante.

A água a ser usada no Batismo deve ser abençoada antes do rito, prática datada do século

II. No entanto, a bênção da água não é necessária para a ideia do Batismo, tendo em vista

que há casos de emergência em que, na falta de um ministro ordenado, um leigo ou não cristão

pode realizar o rito batismal. Nesses casos, a água não pode ser abençoada, pois é necessário

o Sacramento da Ordem para isso.

O modo como a água é usada no rito sacramental do Batismo é o que chamamos de

matéria próxima. Batismo, como dito, significa "imergir". Essa imersão pode remeter tanto

ao sepultamento do batizado com Cristo (Rm 6,1-11), quanto ao próprio ritual de imergir na

água como forma de purificação e entrega a Deus. Pode ser citado como exemplo desse ritual

o episódio em que o apóstolo Filipe, tocado pelo Espírito, aproxima-se do ministro da Rainha

Candace, da Etiópia, que está lendo o profeta Isaías. Filipe questiona se o homem entende o

que lê, mas este responde que lhe falta entendimento. Filipe, então, propõe-se a auxiliá-lo.

Quando o funcionário o questiona, após encontrarem água, o que o impede de batizá-lo, o

apóstolo afirma que basta ele crer em Cristo de todo o coração. Ao eunuco afirmar que crê

em Cristo, Filipe aceita batizá-lo (At 8,27-38). Esse episódio contempla o significado da

imersão em sua totalidade, mostrando que é necessário ressurgir em Cristo, crer em seu

poder.

Deve-se supor que quando três mil pessoas foram batizadas (At 2,41) e quando se

administrou o batismo na prisão (At 16-33), o rito foi realizado derramando água. Nesse

sentido, é difícil pensar que um rio corria no meio da prisão. Subentende-se que o ritual tenha

sido realizado por infusão.

Tertuliano, São Cipriano e Santo Agostinho mencionam um terceiro método, o da

aspersão. Tomando-se esse aspecto, há três modos concretos de administrar a água usada no

batismo: imersão, infusão e aspersão. Hoje em dia predomina o modo por infusão, apesar de

algumas novas comunidades, como o caminho neocatecomenal, preferir a imersão. O

importante é que a água corra, não bastando um dedo úmido na cabeça da criança ou,

simplesmente, a utilização de um aerossol; é necessário que a água realmente simbolize a

lavagem para que lembremos que o sacramento realiza aquilo que significa: purificação.

Por isso, o Diretório de Diocesano de Sacramentos expressamente menciona que

“para que o batismo seja validamente ministrado é necessário que seja realizado com água

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1natural e limpa (matéria)1, por infusão ou imersão2 (...), observando-se o ritual – e suas

rubricas – prescrito nos livros litúrgicos aprovados3” (DDS 2).

Existem duas formas de se realizar o batismo: uma usada no Ocidente e outra no

Oriente. No Ocidente, usamos a "N, eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito

Santo”. No Oriente, a forma é utilizada na voz passiva: “O Servo de Deus, N, é batizado em

nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

A forma deve expressar o ato de batizar, visto que, se tal ato não for mencionado, o

batismo não se distinguirá de uma simples benção.

Assim, pode se sintetizar o ritual de batismo da seguinte maneira:

• O ministro e o ato de batizar estão incluídos na expressão "Eu te batizo”;

• Deve-se falar o nome da pessoa que será batizada para especificar quem o está

recebendo;

• A unidade da essência divina aparece na fórmula "em nome do ...”;

• A Trindade das pessoas divinas deve ser mencionada explicitamente.

Na Antiguidade, podemos encontrar testemunhos da tríplice imersão na água, assim

como de cristãos derramando três vezes a água na cabeça do candidato e pronunciando a

fórmula trinitária. Como se pode perceber, a Igreja nunca inventou os gestos e as palavras de

nenhum sacramento, visto que sempre ouviu a voz da Tradição, do Magistério e da Sagrado

Escritura, esforçando-se sempre ao máximo para entender o essencial da administração de

cada sacramento.

A forma a ser obedecida na Diocese de Campina Grande está expressamente ditada

no seu Diretório de Sacramentos: “fórmula trinitária (forma)4 verbalizada (N., eu te batizo

em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo), observando-se o ritual – e suas rubricas –

prescrito nos livros litúrgicos aprovados5” (DDS 2).

ELEMENTOS DA CELEBRAÇÃO

a) CRUZ - É a identidade do Cristão. Traçada no peito e na testa significa que o

batizando, pelo batismo, participa da morte libertadora de Jesus Cristo. Lembra

agraça da redenção que Cristo nos proporcionou na Cruz. Sinal da Cruz: Sinal do

1 1 Cf. Cân. 853. RBC 18. 2 Cf. Cân. 854. 3 A saber: Ritual para Batismo de Crianças (RBC, 1969) e Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA, 1972). 4 Cf. RBC 23 e Cân. 849.

5 A saber: Ritual para Batismo de Crianças (RBC, 1969) e Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA, 1972).

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cristão – penetra no mistério do amor, família: Pai, Filho, Espírito Santo.

b) A PALAVRA DE DEUS - É pela leitura constante da Palavra de Deus que o

cristão renova diariamente a sua fé. O próprio Cristo fala. Ele vem junto com a

Palavra. Ele é o Verbo dando orientações para a nossa vida, ensinando a observar

tudo que ordenou.

c) ÁGUA: fonte de vida, ela refresca, lava e sacia a sede. Ela está na criação do

mundo, ela também destruiu o pecado no tempo do dilúvio, como se observa no

Ritual do Batismo – Benção da Água “Na próprias águas do dilúvio prefigurastes

o nascimento da nova humanidade, de modo que a mesma água sepultasse os

vícios e fizesse nascer a santidade”, ela se abriu para os hebreus saírem do Egito,

nela Jesus foi batizado e, do seu peito aberto pela lança, jorrou sangue e água. A

água do Batismo recorda a vida nova que Cristo nos oferece. Banhados em Cristo,

somos uma nova criatura. (2 Cor 5, 17). Simboliza purificação e vida nova. A água

batismal lava do pecado original e torna o batizado filho de Deus e membro da

Igreja. A água é sinal da graça de Deus, que purifica totalmente àquele que é

lavado por ela no batismo. Simboliza a vida nova, do nascimento da água e do

Espírito. Morte e vida, morte do homem velho e vida do homem novo.

d) LUZ DA VELA E DO CÍRIO PASCAL: A vela recebida no dia do Batismo

vem do Círio Pascal acesso na noite da Vigília Pascal, sinal do Cristo que ilumina e

vence as trevas. Acesa no Círio Pascal, significa que Cristo iluminou o batizado,

que deverá ser “luz do mundo” (Jo. 8,12). Simboliza a presença do Espírito na

vida do batizado e a fé em Jesus Ressuscitado. Acende-se uma nova luz, luz da

graça, da fé, que deve ser conservada até o fim da vida pela vivência em Cristo. A

vela é, pois, símbolo do Cristo Ressuscitado, que vence as trevas do pecado, do

egoísmo, do ódio, da maldade e de todo o mal. A chama da vela nos lembra que

Cristo é a luz do mundo, e o batizado como cristão (de Cristo) deve iluminar o

mundo também. A cera que se consome, lembra que Jesus consumiu sua vida na

cruz por nosso amor, assim como também a vida do cristão deverá estar a serviço

da comunidade.

e) ÓLEO: para os judeus, derramar óleo na cabeça do hóspede era sinal de que ele

era bem-vindo. Dá um sinal de eleição (1 Sm 16, 12a-13). Antigamente quando

um lutador ia para a arena era besuntado de óleo. Atribuía-se ao óleo a

propriedade de enrijecer e adestrar os músculos para o combate, ou ao menos

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tornar o lutador escorregadio e difícil de ser pego. Esta primeira unção feita no peito

do batizando significa que o cristão deverá lutar na vida para conservar a fé. Assim como

o óleo penetra na pele da criança, Cristo penetra na vida da pessoa, em especial no seu

coração (a unção é feita no peito), fortalecendo o ungido na luta contra o mal. O óleo

acompanha o cristão desde o nascimento até a morte; este tem o caráter de dar força,

resistência, agilidade, sabor, curar e conservar.

f) A VESTE BRANCA: expressa a pureza, a VIDA NOVA que se recebe no

Batismo e que agora se vai viver. Sinaliza que o batizado “vestiu-se de Cristo”, o

que equivale a dizer que ressuscitou com Cristo. Veste branca: simboliza se

revestir de homem novo, a pureza da fé e da vida, a graça: a vida divina é a

comunhão permanente com Deus.

g) SAL: tem o significado de “ser o tempero, ser o exemplo” que estimulará os

irmãos a caminhar na estrada do direito, da justiça e do amor fraterno; “dando

sabor” ao apetite humano, para ter fome da Palavra de Deus.

MISSÃO DO BATIZADO

O batizado é alguém que lavado do pecado original, torna-se um discípulo-

missionário, no qual assume também a missão de anunciar o evangelho e tornar Jesus

conhecido em todas nações. Assim como Jesus chama Simão e André (Mc 1, 17-20) a serem

pescadores dos homens, o batizado também assume esse propósito de com seu exemplo de

vida “pescar homens”, para o rebanho do Senhor.

A missão do batizado é a mesma confiada por Jesus aos seus discípulos: “Ide e

pregai o evangelho a toda criatura” (Mt. 28, 19).

O neófito deve sentir-se enviado a anunciar a Boa-Nova do Reino de Deus em todos

os lugares, dando o testemunho como discípulo missionário em sua família, no seu trabalho,

na escola, na universidade, enfim em qualquer lugar que esteja. Essa vivência de fé é

acompanhada pela Igreja, que como Mãe educa e orienta seus filhos, rumo à pátria celeste.

OS MINISTROS DO BATISMO

Há uma relação entre os ministros e os fiéis na recepção dos Sacramentos. Por isso o

Direito Sacramental estabelece condições para a válida e lícita administração e recepção dos

Sacramentos, de acordo com a vontade fundacional de Cristo, sendo os ministros

administradores e servidores do povo de Deus; e ordena as relações de justiça entre o

ministro dos Sacramentos e o fiel que os recebe. O Direito Sacramental procura satisfazer

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2convenientemente os direitos dos fiéis a recebê-los.

O Diretório Diocesano de Sacramentos estabelece que “o ministro ordinário do

batismo é o Bispo, o presbítero (padre) e o diácono.6 Entre as funções especialmente confiadas

ao pároco está a de administrar o batismo.7” (DDS 19).

“Na ausência ou impedimento justificável e inevitável do ministro ordinário pode ser

estabelecido um ministro extraordinário com autorização e validade de exercício para um

caso específico e único, podendo ser um catequista de batismo” (DDS 20, § 1º). Entretanto,

há que se observar que essa exceção somente ocorrerá quando houver autorização única do

Ordinário Local, não podendo ser delegada sequer pelo Pároco (DDS 20, § 2º).

Excetua-se da regra de que somente os ministros ordenados podem ministrar o

Sacramento do Batismo a situação de batismo em perigo de morte, estabelecendo o Diretório

Diocesano de Sacramentos que “em caso de grave necessidade, qualquer pessoa movida por

reta intenção8 pode ministrar o batismo”.

DO SUJEITO A SER BATIZADO

São três as condições que limitam o exercício do direito a receber os Sacramentos:

a) A oportunidade da petição - deve a pessoa, oportunamente, pedi-los:

1) em razão do tempo: Cân. 867, §1: “Os pais têm a obrigação de cuidar que as

crianças sejam batizadas dentro das primeiras semanas”.

Assim, “é dever dos pais pedir o batismo para as crianças dentro das primeiras

semanas de nascimento” (DDS 12, § 1º) e “para que o batismo de uma criança que não

esteja em perigo de morte seja lícito é preciso que os pais ou um dos pais ou quem faz as

suas vezes validamente consintam” (DDS 12, § 2º). Entretanto, “para que uma criança seja

licitamente batizada e necessário que haja fundada esperança de que será educada na

religião católica” (Cân. 868, §1º). Essa regra está exposta no Diretório Diocesano de

Sacramentos, que explica como essa fundada esperança pode ser firmada: “(...) nos pais,

ambos católicos; numa das partes, quando a outra não é católica; em quem faz legitimamente

as vezes dos pais; padrinhos ou madrinhas; membros da comunidade que se responsabilizam-

se publicamente pela educação católica da criança, havendo, neste caso, consentimento dos

6 Cf. Cân. 861.

7 Cf. Cân. 530, 1º. 8 Por reta intenção entenda-se o desejo de realizar exatamente aquilo que a Igreja faz quando administra

este sacramento. 9 Cf. Cân. 868, 2º.

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pais ou responsáveis legítimos. Se essa esperança faltar de modo absoluto, o batismo seja

adiado de forma cautelar9”. Há que se salientar que quando a Igreja recebe o pedido de

Batismo, ela tem o direito de exigir condições para batizar, não porque esteja interessada em

fechar a porta aos que desejam entrar, mas para procurar o mínimo de garantia para a recepção

frutuosa deste Sacramento.

2) em razão do lugar: a norma do Cân. 857 põe em relevo a dimensão de

incorporação a Igreja, através de uma comunidade concreta. Assim é que o Diretório

Diocesano de Sacramentos estabelece que o Batismo seja celebrado em igrejas ou oratórios

(DDS 5, § 1º), sendo que “no caso de crianças: sejam batizadas na igreja matriz, outra

igreja (que não seja a matriz) ou oratório que pertença à Paróquia onde residem ou à qual

são vinculados os pais ou quem faça as vezes” (DDS 5, § 2º) e “no caso de adultos: sejam

batizados na própria igreja matriz, outra igreja (que não seja a matriz) ou oratório

paroquiais onde residem ou são vinculados” (DDS 5, § 2º). “A realização de batizados fora

do território paroquial (tanto da própria diocese, quanto de outra diocese) de residência ou

vinculação, isto é, em paróquia alheia, deve ser feita mediante licença do pároco ou

administrador da paróquia onde os pais (ou responsáveis), no caso de criança, ou o próprio

adulto, residem ou são vinculados. Isto deve ser cumprido não somente entre cidades com

apenas uma paróquia, mas também em cidades com mais de uma paróquia. Vale ainda

salientar que os comprovantes de participação em catequese para pais e padrinhos não

possuem validade jurídica equiparada a licença a que faz menção este item” (DDS 5, § 4º).

b) A devida disposição de quem os vai receber, de acordo com a natureza de cada

Sacramento;

c) E a legitimidade, que não haja impedimentos para recebê-los.

DOS PADRINHOS DE BATISMO

Diz o Cân. 872 que “ao batizado, enquanto possível seja dado umpadrinho”. Este

Cânone contempla as qualidades do padrinho: intenção de cumprir com sua missão,

intervindo na iniciação cristã do batizando, e ajudando o batizado a assumir a vocação cristã

recebida. Quanto a figura do padrinho para o candidato adulto ao batismo, adquire uma força maior

porque pode acompanhá-lo desde o início do catecumenato, onde sua colaboração educativa é

preciosa e até necessária.

A primeira indagação feita pro todos os que leem esse Cânon é de saber a quantidade

de padrinhos de batismo. O Diretório Diocesano de Sacramentos complementa que “admite-

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3se, preferencialmente, apenas um padrinho ou uma madrinha, entretanto, em alguns casos,

também um padrinho e uma madrinha10” (DDS 16), que deve estar presente no momento da

celebração do sacramento, não admitindo-se procuradores para essa finalidade (DDS 17).

O Cân 874 estabelece as condições para que o fiel cristão assuma o papel de padrinho

ou madrinha. O Diretório Diocesano de Sacramentos, em unidade com o Código de Direito

Canônico estabelece essas condições no âmbito territorial da Diocese de Campina Grande:

“1º) Seja escolhido pelo batizando, quando o mesmo for adulto; 2º) Seja escolhido pelos pais

ou por quem lhes faz as vezes, quando o batizando for criança; 3º) Seja escolhido pelo próprio

pároco ou ministro quando da ausência dos pais ou dos responsáveis que lhes faz as vezes,

numa situação extraordinária, como por exemplo, a negligente ausência dos padrinhos

escolhidos para celebração ou em casos especiais indicados no n. 13, item 1º deste diretório;

4º) Tenha aptidão e intenção clara de cumprir as obrigações do encargo a assumir; 5º)

Segundo determinação do Bispo diocesano, tenha completado dezoito (18) anos de idade; 6º)

Seja católico: uma pessoa não católica não pode assumir o encargo de padrinho ou madrinha,

mas apenas de “testemunha do batismo” e mesmo assim junto de um padrinho ou madrinha

católicos11; 7º) Não se encontre sob pena canônica legitimamente irrogada ou declarada; 8º)

Não seja pai ou mãe do batizando; 9º) Leve uma vida de acordo com a fé e o encargo que vai

assumir. Isso significa que ao padrinho é exigido a plenitude do testemunho cristão. Dito isto,

estão inaptos a assumir o encargo de padrinho e de madrinha os que não estão unidos pelo

vínculo do sacramento do Matrimônio” (DDS 18). Trata-se de condição e não de exclusão,

pois estas condições são compatíveis com o significado da missão que assume. Estas

condições ou a falta destas condições não afetam a validade do Sacramento, conforme diz o

Diretório de Sacramentos da Diocese (DDS 18, § 10).

Em algumas paróquias da Diocese se tem o costume de convidar pessoas para

assumirem o papel de padrinho de apresentação ou de consagração da criança batizada. O

Diretório Diocesano de Sacramentos lembra que “Os mesmos não possuem papéis legais e

seus nomes não devem ser escritos nos livros de Batismo”, entretanto, visando evitar erro de

interpretação entre os fieis, a Diocese de Campina Grande estabeleceu que as mesmas

condições exigidas dos padrinhos e/ou madrinhas de batismo, sejam aplicadas a estes

padrinhos.

10 Cf. Cân. 873. 11 Cf. Cân. 874 § 2.

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DO ACOLHIMENTO E PREPARAÇÃO PARA O BATISMO

O batismo é uma questão de fé e não de cultura. Os sacramentos fazem parte da vida

cristã e encontram sua plena realização na vivencia concreta. Por isso, o desafio é levar pais

e padrinhos (primeiros responsáveis) a um encontro pessoal com Jesus Cristo, uma vez que

a fé não nasce de uma decisão pessoal, mas de um encontro com uma Pessoa. A Igreja é

mediadora/lugar desse encontro e deve suscitar o interesse pela continuidade no caminho

cristão (acompanhamento na fé), criando um vínculo efetivo e afetivo.

Haja em todas as paróquias uma Pastoral do Batismo com uma equipe de formação

específica. E preciso vencer o imediatismo, pois a “pressa” em batizar muitas vezes prejudica

o processo de Iniciação a Vida Cristã.

Respeitando a caminhada pastoral de cada paróquia, deve-se transformar os estilos

de preparação, inserindo-os no processo de Iniciação a Vida Cristã. Como sugere o próprio

Documento da CNBB: “Organizar um novo tipo de preparação dos pais e padrinhos de

batismo e de crisma, que contemple o processo catecumenal, segundo a proposta da

Iniciação a Vida Cristã” (IVC 144).

É urgente ir ao encontro daqueles que se afastaram da comunidade ou buscam

somente serviços religiosos. A preparação dos pais e padrinhos para o batismo é ocasião

especial de acolhida. “Essas situações supõem, um olhar menos julgador e mais acolhedor,

para receber aqueles que buscam a comunidade pensando apenas no sacramento. Se forem

bem acolhidos, poderão retornar ou ingressar na vida da comunidade” (Doc. 100 CNBB

318).

Que a acolhida seja sempre fraterna. Na medida do possível, feita pelo padre. E ao

ministro ordinário que os pais e padrinhos devem fazer o pedido do sacramento. Onde não

for possível, formar uma equipe que auxilie no processo de acolhida e atendimento

personalizado.

A acolhida desburocratizada cria vínculo com as pessoas e torna-se uma

oportunidade de evangelização e preparação para o sacramento. Lembrando que acolhimento

não significa o atendimento incondicional das solicitações, mas encontro interpessoal

visando diminuir a distância entre a pessoa e os princípios da fé. Nesse processo, a escuta

individual é de fundamental importância.

A Igreja como casa da iniciação a vida cristã, deve apresentar Jesus Cristo e suscitar

nos corações o seguimento apaixonado a sua pessoa, que a todos convida para com Ele

vincular- se intimamente. E ainda, é preciso ajudar as pessoas a conhecer Jesus Cristo,

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fascinar-se por Ele e optar por segui-lo. Por isso, a formação não deve esgotar-se na

preparação para o sacramento.

A Igreja é missionária por natureza (DAp 347). O Papa Francisco insiste muito

numa “Igreja em saída” (EG 20) e na promoção da “cultura do encontro”. O batismo de

crianças é uma oportunidade de resgatar a dimensão missionária das comunidades e para uma

experiência catecumenal. Diz-nos a Igreja do Brasil: “Mais do que um 'curso para pais e

padrinhos', de efeitos muito limitados, e ocasião para um acompanhamento personalizado da

família. Já antes do nascimento da criança e possível ajudá-las a acolher a nova vida como

um dom de Deus” (IVC 100).

A visita tem o intuito de ser uma presença da Igreja na casa das pessoas, conhecer

a realidade e fornecer informações e formação de uma maneira diferente, através de

conversas, momento de oração, etc. Além do que, esta visita será uma oportunidade de

estreitar laços entre a comunidade e os pais dos candidatos ao batismo; resgatará a dimensão

eclesial deste sacramento; e levará a comunidade a comprometer-se com seus membros, quer

participantes e atuantes ou não.

É válido lembrar que a visita não será uma “aula”, mas um encontro entre os

Agentes da Pastoral do Batismo que vão em nome da comunidade e a família. “Visitam a

família para acolher suas motivações e anunciar o amor de Deus, revelado em Jesus Cristo

(Querigma). Esse acompanhamento visa renovar a fe da família e integrá-la a comunidade”

(IVC 200).

Os encontros visam o aprofundamento das verdades da fé, os compromissos assumidos

no batismo e a vivencia da fé na família e na comunidade paroquial. Vale lembrar que: “A

conversão da paróquia exige um novo estilo de formação. Não basta ocupar-se de conteúdos

e temas; e preciso encontrar metodologias e processos que permitam desencadear uma

conversão nas pessoas e uma mudança na comunidade. [...] Essas metodologias devem

considerar especialmente a prática das comunidades e as experiências de vida das pessoas,

formando a consciência sobre o valor da vida comunitária para a fé cristã” (Doc. 100, 302).

“Todos os pais que pedem à Igreja o batismo para seus filhos e todos os padrinhos

escolhidos para esta missão de acompanhar a vida de fé destas crianças devem participar

de reuniões, catequeses ou cursos preparatórios” (DDS, 32, § 1º), que “deve ser feita,

preferencialmente, na Paróquia na qual residem ou estão vinculados comunitariamente”

(DDS 32, § 2º) e ocorrer antes da celebração do Sacramento (DDS 32, § 3º), cujo encontro

deve ser realizado pela equipe da Pastoral do Batismo “com, no mínimo, duas horas de

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duração, sobre a responsabilidade primeira do pároco, auxiliados por pessoas preparadas

e capazes de realizar uma catequese sólida e clara sobre o sacramento do batismo e os

principais artigos que compõem a fé cristã católica” (DDS 32, § 4º).

Essa Equipe seja “composta de membros com participação ativa na vida

comunitária; conhecedores da doutrina e celebração do sacramento do batismo; que sejam

permutados com certa periodicidade; que participem de formações e cursos frequentes; que

estejam dispostos, sempre que necessário, a fazer visitas às famílias ajudando-as a cumprir

a missão de crescer na fé e assim se realizar o múnus batismal no seio da família; que se

integrem com as atividades e propostas da Comissão Diocesana de Animação Bíblico

catequética; que estejam abertos e aptos a realizar uma pastoral de atuação conjunta com

as demais pastorais e setores da paróquia, como a Pastoral da Criança, a Pastoral Familiar

etc” (DDS 32, § 4º, “a”).

Na preparação para o Sacramento do Batismo a Equipe formativa leve em conta os

seguintes elementos essenciais: “o anúncio querigmático da Paixão, Morte e Ressurreição

de Cristo para nossa salvação; a conversão como resposta a este anúncio; a Igreja como

espaço de vivência da fé e como local para alcançar a graça de Deus através dos demais

sacramentos; a importância do testemunho cristão do batizado e a vida de oração” (DDS 32,

§ 7º).

No caso de catecúmenos, a preparação “seja realizada conforme o Ritual da

Iniciação Cristã de Adultos (RICA), por meio de sua forma comum ou completa (quando da

preparação de muitos), com adaptações (quando se tratar de uma única pessoa), em sua forma

simples, realizado de uma só vez (quando se tratar de casos especiais) ou na sua forma breve

(para as pessoas que se encontram em perigo de morte). Este Rito inclui, além da celebração

dos sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Eucaristia, todos os ritos do catecumenato

através de um processo mais profundo e marcado por etapas” (DDS 33, § 1º).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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DENZINGER, H. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. São

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DIOCESE DE CAMPINA GRANDE. DIRETÓRIO DIOCESANO DOS

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DOCUMENTO DE APARECIDA, Texto conclusivo da V Conferência Geral do

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