apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 115-116

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• Eça recomendou a Oliveira Martins que, dos Maias, lesse as primeiras cem páginas, alguns episódios (as corridas, a ida a Sintra, o sarau literário, etc.) e pouco mais.

• Mais do que o peso da Igreja, era o peso excessivo do Cristianismo que Eça contestava. [era o contrário]

•Nas obras de Eça, a influência da educação romântica nota-se ainda mais nos homens do que nas mulheres. [mais nas mulheres: Monforte, Gouvarinho, …]

• Isabel Pires de Lima concorda que Eça fosse misógino [o que tem aversão às mulheres] e admite que tratasse mais criticamente as mulheres do que os homens. [E os homens são bem tratados?]

• Eça de Queirós foi educado pelos avós e viveu sempre [pouco] entre mulheres.

• O pai de Eça era juiz, tendo trabalhado nos processos que envolveram Camilo Castelo Branco.

• Eça de Queirós nasceu em Vila do Conde e foi baptizado na Póvoa de Varzim. [é o contrário]

•Nas obras de Eça há sobretudo famílias (e estruturadas convencionalmente). [famílias «desestruturadas»: cfr. Afonso/Carlos]

•Eça chegou a viver no Colégio da Lapa, onde conheceu Ramalho Ortigão, filho do director.

• Para Eça, o avô Queirós era uma figura tutelar. [cfr. Carlos e avô]

• Carlos da Maia [Ega] integra traços de Eça, nomeadamente o seu gosto para a «cavaqueira».

• Para Carlos Reis, nos Maias, Eça quer sobretudo contar a saga de uma família nobre. [aponta antes o subtítulo: ‘episódios da vida romântica’ — é Portugal inteiro]

• Na época de Eça, a vida entre as classes burguesas estava condicionada pelo romantismo.

• O grupo que se costuma designar «geração de 70» integrava António Feliciano de Castilho. [Castilho era precisamente contra quem se apresentavam]

• Bom Senso e Bom Gosto foi um panfleto escrito por Antero de Quental, em reação a Castilho.

• Em Coimbra, Eça conviveu com Antero.

• A Questão Coimbrã opôs Eça a Antero. [Antero e outros vs. Castilho]

• Faziam parte da «geração de 70», entre outros, Eça, Ramalho, Batalha Reis, Antero, Oliveira Martins.

• Eça foi o sócio n.º 9 [19] do Grémio Literário, fundado por Garrett.

• Eça viajou pelo Egipto e pela Palestina, ao serviço do jornal com que colaborava.

Não será melhor interrogarem a testemunha que ainda ali está?

Subordinante

Subordinada substantiva completiva não finita infinitivaSubordinante

Subordinada adjetiva relativa restritiva

Interrogarem a testemunha que ainda ali está

S u j e i t o

não será melhor? Predicativo do sujeito

P r e d i c a d o

Afonso perguntou a Pedro para onde tinham fugido. Perguntou ao filho que sabia ele e disse que não era só [ou não bastava] chorar.

Num longo esforço Pedro respondeu que não sabia nada e acrescentou que sabia que ela fugira. Disse também que ele saíra de Lisboa na segunda-feira e que, naquela mesma noite, ela partira de casa numa carruagem, com uma maleta, o cofre

de joias, uma criada italiana que tinha há pouco tempo, e a pequena. Pedro relatou depois que Maria dissera à governanta e à ama do filho que ia ter consigo e que elas tinham estranhado. Exclamou que não poderiam ter dito outra coisa e disse que, quando voltara, tinha achado aquela carta.

Travessão ou dois pontos (a delimitarem verbo de elocução) dão lugar a conjunção subordinativa completiva

Eg «— respondeu Pedro» > «Pedro respondeu que»

Vocativo passa a Complemento indireto

Eg «Pedro» > «ao Pedro»

Trocas de tempo (se o verbo introdutor estiver no Pretérito Perfeito)

Presente > Imperfeito; Perfeito > Mais-que-perfeito; Futuro > Condicional; Imperativo > Conjuntivo

Trocas de pessoa (se o verbo introdutor estiver na 3.ª pessoa)

1.ª, 2.ª > 3.ª

Trocas de deíticos

ontem > na véspera; hoje > naquele dia; amanhã > no dia seguinte; aqui > ali; cá > lá; este/esse > aquele; isto/isso > aquilo 

Acomodações (apenas as imprescindíveis) de eventuais marcas de oralidade

Eg «Não é só chorar...» talvez pudesse ficar «não bastava chorar»

Mas para onde tinham fugido? Que sabia ele? Não era só chorar...

Pedro não sabia nada. Sabia que ela fugira. Ele saíra de Lisboa na segunda-feira. Nessa mesma noite, ela partira de casa numa carruagem, com uma maleta, o cofre de joias, uma criada italiana que tinha agora, e a pequena. Dissera à governanta e à ama do pequeno que ia ter com ele. Elas tinham estranhado, mas que haviam de dizer?... Quando voltara, achara aquela carta.

Discurso indireto livreNarrador relata as falas das personagens quase as reproduzindo literalmente mas sem fronteira com a sua própria voz. Omite-se o verbo introdutor

Conservam-se marcas de oralidade (interjeições, pontuação expressiva).

Tempos verbais mudam (como num indireto comum).

Odiando tudo o que fosse inglês, não consentira que seu filho, o Pedrinho, fosse estudar ao colégio de Richmond. Debalde Afonso lhe provou que era um colégio católico. Não queria: aquele catolicismo sem romarias, sem fogueiras pelo S. João, sem imagens do Senhor dos Passos, sem frades nas ruas — não lhe parecia a religião. A alma do seu Pedrinho não abandonaria ela à heresia; — e para o educar mandou vir de Lisboa o padre Vasques, capelão do conde de Runa.

No trecho já do cap. III, com a ida de Vilaça a Santa Olávia, que testemunha a educação de Carlos (contrastada com a de Eusebiozinho, que, no fundo, replicava a que seguira o pai de Carlos), temos todo um parágrafo em discurso indireto livre, o {circunda a melhor opção} primeiro / segundo / terceiro / quarto / quinto /nonagésimo segundo. Para nos apercebermos das características desta maneira de reproduzir o diálogo, completa com o que lhe corresponderia nos outros modos de relato do discurso:

Mas o Teixeira, muito grave, muito sério, desiludiu o senhor administrador. Mimos e mais mimos, dizia Sua Senhoria? Coitadinho dele, que tinha sido educado com uma vara de ferro! Se ele fosse a contar ao sr. Vilaça! Não tinha a criança cinco anos já dormia num quarto só, sem lamparina; e todas as manhãs, zás, para dentro de uma tina de água fria, às vezes a gear lá fora... E outras barbaridades. Se não se soubesse a grande paixão do avô pela criança, havia de se dizer que a queria

morta. Deus lhe perdoe, ele, Teixeira, chegara a pensá-lo... Mas não, parece que era sistema inglês! Deixava-o correr, cair, trepar às árvores, molhar-se, apanhar soalheiras, como um filho de caseiro. E depois o rigor com as comidas! Só a certas horas e de certas coisas... E às vezes a criancinha, com os olhos abertos, a aguar! Muita, muita dureza.

Discurso direto:

— Vossa Senhoria, diz «mimos e mais mimos»? Coitadinho dele, que foi educado com uma vara de ferro! Se eu for/fosse a contar ao sr. Vilaça! Não tinha a criança cinco anos já dormia num quarto só, sem lamparina; e todas as manhãs, zás, para dentro de uma tina de água fria, às vezes a gear lá fora... E outras barbaridades.

Se não se soubesse a grande paixão do avô pela criança, havia de se dizer que a queria morta. Deus me perdoe, [eu, Teixeira,] cheguei a pensá-lo... Mas não, parece que é o sistema inglês. Deixa-o correr, cair, trepar às árvores, molhar-se, apanhar soalheiras, como um filho de caseiro.

E depois o rigor com as comidas! Só a certas horas e de certas coisas... E às vezes a criancinha, com os olhos abertos, a aguar! Muita, muita dureza. — desiludiu o Teixeira, muito grave, muito sério, Vilaça.

Discurso indireto:

Mas o Teixeira, muito grave, muito sério, desiludiu Vilaça, retorquindo-lhe que Carlos não era mimado e que o coitado fora educado com uma vara de ferro. Disse ainda que se fosse a contar a Vilaça como fora a educação de Carlos este se surpreenderia muito.

direto > indireto livre • Vossa > Sua• diz > dizia• foi > tinha sido• eu > ele• me perdoe > lhe perdoe

• cheguei > chegara• é > era• deixa-o > deixava-o

Não é discurso indireto puro [gramatical]: • ausência do «que» e ausência [de reforço] dos

verbos introdutores («E outras barbaridades»)• manutenção de marcas de oralidade ou

idiossincrasias da linguagem («mimos e mais mimos»; «coitadinho»; «senhor administrador»; «zás»; ...)

• manutenção de pontos de interrogação, de exclamação; de reticências

• manutenção de tempo («Deus lhe perdoe», por «Deus lhe perdoasse»)

a. 2

b. 3

c. 4

d. 5

e. 1

1.1.1 = c.

Os críticos da educação inglesa de Carlos consideravam-na perniciosa por carecer de uma orientação religiosa e não propiciar o estudo das línguas vivas.

mortas

(1) g. presença da cartilha e da religião

(2) j. exercício e do contacto com a natureza

(3) d. os comportamentos e as reações

(4) a. a boémia e o fanatismo

(5) e. estigmas hereditários

(6) i. física e animicamente débil

(7) h. modelo pedagógico britânico

(8) f. os equívocos educacionais

(9) b. melancolia mórbida

(10) c. eticamente irresponsável

[…] Afonso da Maia, como que procurando afastar de Carlos os estigmas que haviam destruído Pedro, adota um modelo educativo britânico regido pelo precetor Brown:

em vez do latim e da cartilha defendidos pelo abade Custódio, a educação de Carlos privilegia agora o exercício físico e o contacto com a natureza, o que confere à criança um vigor que contrasta com a debilidade de Eusebiozinho.

Entretanto, o que a ação d’Os Maias acaba por mostrar é que nem essa educação supostamente saudável foi capaz de levar Carlos a uma existência fecunda e produtiva.

Algumas das personagens d’Os Maias [...] reclamam a explicação da hereditariedade, ainda que por vezes em termos ambíguos. O desastroso trajeto de vida de Pedro da Maia pode ser explicado pela educação recebida, mas ele deve-se também à presença, no seu temperamento, de elementos psico-somáticos herdados da família Runa.

A fraqueza física, os abatimentos, a melancolia são, assim, efeitos de uma herança biológica que parece não afetar Carlos, como se neste se tivesse recuperado (também devido à educação) a tal força dos Maias;

e contudo, apesar disso, Carlos acaba por ser envolvido numa relação amorosa condenada ao fracasso, [...] como se essa outra raça, que é a dos Maias enquanto família antiga e poderosa, fosse incapaz, afinal, de contrariar a força de um destino que a transcende.

TPC — Prepara leitura em voz alta de «Contrariedades» (pp. 307-308). Procura estudar ficha sobre «Reprodução do discurso no discurso» no Caderno de Atividades (pp. 56-58), que copio também no blogue.