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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA UNOESC ÁREA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS MICROECONOMIA PROF. ACILOM ANTUNES

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA UNOESC

ÁREA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

MICROECONOMIA

PROF. ACILOM ANTUNES

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA UNOESC

ÁREA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

O material apostilado desta disciplina é para uso exclusivamente didático, sem intenção comercial. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida, sob qualquer forma – fotocópia, gravação – ou por qualquer meio – eletrônico, mecânico – sem a permissão da UNOESC e do autor/organizador do material.

Disciplina:

MICROECONOMIA

Docente responsável pela disciplina: Professor: Acilom Gonçalves Antunes E-mail: [email protected]

[email protected] Fones: 35212404 ou 9103 2245

Nota: esta apostila foi adaptada do trabalho da professora Tânia Nodari.

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Um Mantra!!!!!!!!!!!!!!!

“Gostaria de compartilhar com você um modelo sublime de propósito de vida, que há de se perpetuar no tempo dos homens e de Deus e que serviu de bússola a Martin Luther king, líder do movimento civil americano:

Quero que digam que eu tentei ser direito e caminhar ao lado do próximo.

Quero que vocês possam mencionar o dia em que tentei vestir o mendigo,

tentei visitar os que estavam na prisão, tentei amar e servir a humanidade.

Sim, se quiserem dizer algo, digam que eu fui um arauto da justiça, um arauto

da paz, um arauto do direito.

Todas as outras coisas triviais não têm importância.

Não quero deixar nenhuma fortuna. Eu só quero deixar uma vida de

dedicação!

E isto é tudo o que eu tenho a dizer:

Se eu puder ajudar alguém a seguir adiante,

Se eu puder animar alguém com uma canção,

Se eu puder mostrar a alguém o caminho certo,

Se eu puder cumprir o meu dever cristão,

Se eu puder levar a salvação para alguém,

Se eu puder divulgar a mensagem que o Senhor deixou......

.......então, minha vida não terá sido em vão”.

Gutemberg de Macedo, Consultor

(VOCÊ S/A, p. 82 – Agosto de 2003)

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SUMÁRIO

PARTE I ................................................................................................................... 06

1 DIMENSÕES HISTÓRICAS E SOCIAIS DA ECONOMIA .................................... 06

1.1 OBJETO DA CIÊNCIA ECONÔMICA .................................................................. 07 1.2 O QUE É ECONOMIA ....................................................................................... 07 1.2.1 Outros Enfoques da Definição ..................................................................... 08 1.3 DIVISÕES E NATUREZA DA ECONOMIA .......................................................... 09 1.4 A ECONOMIA COMO CIÊNCIA .......................................................................... 10 1.5 CONCEITOS DE MICROECONOMIA E MACROECONOMIA ............................ 11 1.6. DO QUE SE OCUPA A ECONOMIA .................................................................. 12 1.7. ESCASSEZ DE RECURSOS ............................................................................. 14 1.8. A QUESTÃO DA ESCASSEZ E OS PROBLEMAS ECONÔMICOS

FUNDAMENTAIS ..................................................................................................... 14 1.9. BENS ECONÔMICOS ....................................................................................... 15

PARTE II .................................................................................................................. 19

2 O SISTEMA ECONÔMICO ................................................................................... 19

2.1 DEFINIÇÃO DE SISTEMA ECONÔMICO ........................................................... 19 2.2. COMPOSIÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO .................................................... 20 2.3. OS FLUXOS DO SISTEMA ECONÔMICO ......................................................... 20

PARTE III ................................................................................................................. 23

3 INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA .................................................................. 23

3.1. CONCEITO ........................................................................................................ 23 3.2.PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA ANÁLISE MICROECONÔMICA ..................... 24 3.2.1 A hipótese coeteris paribus .......................................................................... 24 3.2.2 Papel dos preços relativos ........................................................................... 24 3.2.3 Objetivos da empresa ................................................................................... 25 3.3. APLICAÇÕES DA ANÁLISE MICROECONÔMICA............................................ 25 3.4. DIVISÃO DO ESTUDO MICROECONÔMICO ................................................... 26 3.4.1 Análise da Demanda ...................................................................................... 26 3.4.2 Análise da oferta ............................................................................................ 26 3.4.3 Análise das estruturas de mercado ............................................................. 27 3.4.4 Teoria do equilíbrio geral .............................................................................. 28

PARTE IV ................................................................................................................. 33

4 O MERCADO, COMPOSIÇAO E PREÇOS .......................................................... 33

4.1. DEMANDA DE MERCADO ................................................................................ 33 4.1.1.Outras Variáveis que afetam a demanda de um bem ................................. 34 4.2. OFERTA DE MERCADO ................................................................................... 34 4.3. DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE EQUILÍBRIO ............................................... 36 4.3.1.Oferta, demanda e equilibrio em um mercado competitivo ....................... 37 4.4. CLASSIFICAÇÃO DOS MERCADOS ................................................................ 51 4.5. AÇÃO GOVERNAMENTAL E ABUSOS DE MERCADO .................................... 55

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REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 57

ANEXOS .................................................................................................................. 58

GLOSSÁRIO ............................................................................................................ 66

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PARTE I

1 DIMENSÕES HISTÓRICAS E SOCIAIS DA ECONOMIA

O marco inicial da etapa científica da Teoria Econômica coincidiu com os grandes avanços da técnica e das ciências físicas e biológicas, nos séculos XVII e XVIII. Nesse notável período de evolução do conhecimento humano, a Economia constituiu seu núcleo científico, estabeleceu sua área de ação e delimitou suas fronteiras com outras ciências sociais. Embora a ação econômica tenha sempre despertado a atenção dos povos, só a partir do século XVIII a Economia tornou-se acadêmica. Adam Smith publicou seu primeiro livro – pioneiro -, “A Riqueza das Nações”, em 1776.

No período de mais de um século e meio que decorreu entre o aparecimento de “A Riqueza das Nações” e a Publicação da Teoria Geral, em 1936, por John Maynard Keynes, a Economia passou por muitos estágios de desenvolvimento. Em 1867, surgiu O Capital, a crítica mais radical ao capitalismo, de Karl Marx. Neste século, tem sido notável o avanço da Economia como ciência e do interesse por esse ramo do conhecimento. Por ele se interessam desde os estadistas aos trabalhadores de uma pequena unidade de produção. Na verdade, cada ciência observa e analisa a realidade do aspecto material do seu objeto, segundo sua própria lógica formal. O fato, porém é que as visões sobre o mesmo objeto acabam se inter-relacionando, como veremos a seguir: a) Economia e Política - Essa interdependência é secular, pois sendo a política a

arte de governar, ou o exercício do poder, é natural que esse poder tente exercer o domínio sobre a coisa econômica. Através de instituições, principalmente do Estado, os grupos de dominação procuram interferir numa distribuição de renda que lhes seja conveniente. Por exemplo, (no Brasil), os agricultores na época da política do “café com leite”, mantinham o uso da Política do Estado para lhes conceder vantagens econômicas. O mesmo ocorre hoje com os industriais que querem apropriar-se de crédito subsidiado ou tarifas aduaneiras que lhes protejam o mercado interno, fora da competição externa, garantindo-lhes lucros maiores. Coisa não muito distinta é a ação dos trabalhadores organizados, petroleiros, metalúrgicos do ABC, bancários, etc., que conseguem salários maiores que os demais trabalhadores pouco organizados, logo com menor força política. Finalmente, cabe no Brasil falar da oligarquia nordestina que politicamente vem de longa data se beneficiando com as transferências de rendas inter-regionais.

b) Economia e Geografia – Os acidentes geográficos interferem no desempenho das atividades econômicas e, inúmeras vezes, as divisões regionais são realizadas para se produtivos, de localização de empresas, dos efeitos da poluição sobre o meio ambiente, do equilíbrio dado pelos custos de transporte, das economias de aglomeração urbana etc. Na verdade, todas as atividades econômicas têm um conteúdo espacial, que muitas vezes não se refere apenas aos custos de transporte.

c) Economia e Sociologia – Quando a política econômica visa atingir os indivíduos de certas classes sociais, interfere diretamente no objeto da sociologia, isto é, a dinâmica da mobilidade social entre as diversas classes de renda. As políticas

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salariais ou de gastos sociais (educação, saúde, transportes, alimentação etc.) são exemplos que direta ou indiretamente influenciam essa mobilidade.

d) Economia, Matemática e Estatística – A economia faz uso da lógica matemática e das probabilidades estatísticas.

1.1 OBJETO DA CIÊNCIA ECONÔMICA

Em economia tudo se resume a uma restrição quase física – a lei da

escassez, isto é, produzir o máximo de bens e serviços a partir dos recursos escassos disponíveis a cada sociedade. Na realidade, ocorre que a escassez dos recursos disponíveis acaba por gerar a escassez dos bens – chamados “bens econômicos”. Temos matéria-prima abundante, mas as necessidades humanas, entendidas as econômicas, são ilimitadas, contudo, a sua satisfação é limitada pela escassez de recursos para produzir os bens de que necessitamos para satisfazer essas mesmas necessidades. Exemplificando: para os muito pobres, a carne seca pode ser uma necessidade e não o ser para os mais ricos; para os pobres um carro pode não ser uma necessidade, porém, para os da classe média já o é; para os ricos a construção de uma mansão pode ser uma necessidade ao passo que pode não o ser para os de renda média. Do eterno conflito entre nossas necessidades, que são ilimitadas, e a escassez dos recursos disponíveis para a produção dos bens e serviços que satisfaçam nossos desejos, emerge o objeto da Economia, a busca de respostas para três perguntas fundamentais:

a) O que produzir? b) Como produzir? c) Para quem produzir? Concluindo, o objeto da Economia pode ser descrito como: “com desejos

ilimitados e recursos limitados, o problema fundamental da Economia é a ESCASSEZ. 1.2 O QUE É ECONOMIA

Uma vez explicado o sentido econômico de escassez e necessidade, torna-se

fácil entender o que é a economia. Em primeiro lugar, a palavra economia tem sua origem no grego oikos, que significa casa, riqueza, fortuna, patrimônio, e nomos, que significa estudo ou administração. Neste sentido, a idéia inicial de economia restringe-se aos princípios de gestão dos bens privados. Como ciência, a Economia trata das relações econômicas entre os indivíduos na sociedade. Estuda os fenômenos relativos à produção, distribuição, acumulação e consumo de bens materiais. “Economia é a ciência social que se ocupa da administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos”, ou “Economia é o estudo da organização social, através da qual os homens satisfazem suas necessidades de bens e serviços escassos” (Equipe de Professores da USP, 2000, pag.13).

Uma definição muita aceita entre os estudiosos é a seguinte: “Economia é o estudo de como a sociedade decide empregar recursos escassos, que poderiam ter utilizações alternativas, para produzir bens variados e distribuí-los para consumo, agora ou no futuro, entre os vários indivíduos e grupos da sociedade”.

John Kenneth Galbraith, economista americano, respondeu o seguinte quando lhe perguntaram sobre o que é a Economia? “Alfred Marshall, o grande

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economista de Cambridge que dominou o ensino tradicional de economia na Inglaterra – e nos Estados Unidos – de 1880 até a década de vinte, disse que a Economia nada mais era que o estudo da humanidade no que se referia aos negócios normais da vida. Eu acrescentaria agora uma referência à organização – ao estudo da maneira como as pessoas são influenciadas sobre as questões econômicas através das empresas, dos sindicatos e do governo. Outrossim, de como e quando e até que ponto as organizações servem aos seus próprios objetivos em oposição aos do povo em geral. E de como fazer para que os objetivos públicos prevaleçam (Galbraith, 1976, pag. 1).” Ainda Galbraith, “Entender o funcionamento da Economia é entender a maior parte de nossa vida. A maioria de nós passa os anos meditando sobre a relação entre o dinheiro que ganhamos e o dinheiro de que necessitamos, ficando nossos pensamentos em suspenso, por assim dizer, entre um e outro. A Economia ocupa-se com o que ganhamos e com o que podemos conseguir com isso. Portanto, uma compreensão da Economia é uma compreensão da principal preocupação da vida. Existe ainda outra coisa que ela pode fazer por você. As manchetes dos jornais, quando fogem às guerras e às crises, dedicam-se em boa parte às resoluções de ordem econômica dos governos. Se o povo não se esforçar por entender tais decisões, não tomar uma atitude inteligente e não propalar essa atitude estará evidentemente entregando todo o poder àqueles que realmente entendem, que fingem entender ou que acreditam entender. E pode estar certo de que tais decisões dificilmente serão prejudiciais àqueles que as tomam ou às pessoas que eles representam.” (Galbraith, 1976, pag. 3). 1.2.1 Outros Enfoques da Definição

Economia é o estudo das escolhas das pessoas face à escassez de recursos.

Escassez é uma situação em que os recursos são limitados e podem ser usados de diferentes maneiras, de tal modo que devemos sacrificar uma coisa por outra. Seguem alguns exemplos de escassez. • Você tem tempo limitado hoje. Se ler um livro por uma hora, terá menos uma

hora para gastar em outras atividades, tais como estudar, ler jornais ou fazer ginástica.

• Uma cidade tem sua área limitada. Se a cidade usa um terreno para construir um parque, haverá uma área de terra menor para construir apartamentos, prédios de escritórios ou fábricas.

• Uma nação tem um contigente populacional limitado. Se forma um exército, terá menos pessoas para desempenhar a função de professores, doutores e vendedores.

Por causa da escassez, pessoas devem fazer escolhas difíceis: você deve

decidir como gasta seu tempo; a cidade deve decidir como usar suas terras; e a nação deve decidir como dividir sua população entre atividades civis e militares. Para onde quer que você olhe, estamos cercados de considerações econômicas. “Economia é o estudo das atividades cotidianas da humanidade” (Alfred Marshal 1842-1924)

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Cada pessoa se defronta com dúzias de decisões, incluindo que produtos comprar, que ocupação exercer, quantas horas trabalhar e quanto dinheiro poupar. Uma empresa deve decidir que bens produzir e como produzi-los. Um governo deve escolher um conjunto de programas públicos e decidir como levantar dinheiro para financiá-los. Juntas, as escolhas feitas por indivíduos, firmas e governo determinam as escolhas da sociedade e respondem as questões fundamentais da economia. Que bens e serviços produziremos? Como produziremos esses bens e serviços e quem consome os bens e serviços que são produzidos?

O FUNDADOR DA ECONOMIA ADAM SMITH (1723-1790) Nasceu na Escócia, em Kirkcaldy, Fifeshire. Faleceu em Edimburgo, capital da Escócia, no dia 17-07-1790. Foi um dos grandes gênios da humanidade. Fundador da escola clássica inglesa e da Economia (a partir de Smith a economia é tratada como ciência). Sua obra-prima Riqueza das Nações (título abreviado), publicada em 1776, constitui um marco na história da Economia, trazendo idéias que serviram de base para novos conhecimentos.

Como já visto, a palavra economia deriva do grego oikosnomos (de oikos,

casa, e nomos - normas, lei), que significa a administração de uma casa, ou do Estado, e poder ser assim definida:

Vamos rever a seguinte definição de economia: Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.

Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo da Ciência Econômica: • Escolha; • Escassez; • Necessidades; • Recursos; • Produção; • Distribuição

Em qualquer sociedade, os recursos ou fatores de produção são escassos;

contudo, as necessidades humanas são ilimitadas, e sempre se renovam. Isso obriga a sociedade a escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos resultados da atividade produtiva aos vários grupos da sociedade.

Aristóteles (384-322 a.C) é considerado um dos primeiros pensadores econômicos. O aparecimento da moeda inspirou a discussão a respeito da “crematística natural”, ou economia doméstica, e da “crematística não-natural”, ou economia mercantil, na sua obra denominada Política, em cuja escrita se utilizou tanto do método dedutivo como o indutivo. Suas idéias tiveram profunda influência nas doutrinas econômicas da Idade Média e em doutrinas mais recentes.

Nota: pesquise o que é o método dedutivo e o indutivo. 1.3 DIVISÕES E NATUREZA DA ECONOMIA

Com já vimos o termo economia origina-se das palavras gregas oikos (casa) e nomos (normas). Na Grécia antiga, Economia significava a arte de bem administrar o lar, levando-se em conta a renda familiar e os gastos efetuados, durante um período.

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Em seu tratado Ho Oikonomikos, Xenofonte (431-355 a. C.) ensinou as regras básicas para a administração de uma casa, para a caça, pesca, agricultura e o manejo dos escravos. Posteriormente, as normas relativas à administração do lar e das terras de um senhor em particular foram estendidas a polis (cidade-estado).

Modernamente, define-se Economia como a ciência que estuda o emprego de recursos escassos, entre usos alternativos, com o fim de obter os melhores resultados, seja na produção de bens, ou na prestação de serviços. Os recursos escassos são os bens e serviços empregados na produção, mediante uma tecnologia conhecida, para a produção de outros bens e serviços de maior valor total e destinados a atender a demanda. Os usos são alternativos, porque os fatores e as matérias-primas podem ser utilizados para produzir mais estradas ou mais escolas, mais canhões ou mais tratores. A produção de todos os bens não pode ser aumentada ao mesmo tempo, no curto prazo, porque os recursos são limitados.

Os bens produzidos, como alimentos, vestuário, estradas, máquinas e os serviços prestados à população, como os ligados à saúde, educação e lazer, atendem às necessidades do indivíduo que, por definição, são ilimitadas, ao passo que a oferta dos bens e serviços que compõem sua cesta de consumo é escassa. Além disso, o consumidor só pode comprar todos os bens que deseja até o limite de sua renda.

Portanto, a Economia estuda as atividades econômicas cujas operações envolvem o emprego de moeda e a troca entre indivíduos, empresas e órgãos públicos. Ela enfoca, de um lado, o comportamento das empresas, que procuram produzir de modo mais eficiente, reduzindo custos, sem perder qualidade, a fim de obter os melhores resultados, ou lucro. De outro lado, ela avalia o comportamento dos consumidores, tendo em vista os preços, a renda de que dispõem e a oferta de bens e serviços no mercado.

A expressão Economia Política era utilizada pelos economistas clássicos preferencialmente ao termo Economia. Com a análise marxista, a Economia Política passou a ter maior amplitude, com ênfase no estudo das relações sociais de produção, no sentido de luta de classes entre capitalistas e trabalhadores. Conforme seu objetivo, a Economia situa-se em dois campos perfeitamente delimitados: a) Enfocamos a Economia Positiva, quando formulamos teorias e modelos com o

objetivo de descrevermos o funcionamento das relações econômicas; b) Atemo-nos a Economia Normativa, quando tivermos por objetivo interferir em

fenômenos econômicos, por meio de políticas que envolvam juízo de valor, para tentar resolver problemas como desemprego, inflação, má distribuição de renda etc.

1.4 A ECONOMIA COMO CIÊNCIA

A Economia é uma ciência social que usa métodos de análise de outras ciências, como a biologia, Física, Matemática e Estatística. Ela formula seus modelos, ou teorias, para representar a realidade de forma simplificada e descrever e interpretar os fatos, a fim de realizar previsões econômicas. Um modelo é uma abstração da realidade e, não podendo usar todas as variáveis possíveis, adotam-se as mais relevantes. O modelo parte de um conjunto de argumentos considerados verdadeiros, as suposições, e estabelece um conjunto de hipóteses de relacionamentos entre variáveis.

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A teoria científica, em geral, procura estabelecer relações de causa e efeito a partir de evidências do mundo real. Da mesma forma, a Economia baseia-se em evidências para estabelecer relações e leis econômicas. A dificuldade é não poder controlar evidências, como fazem a Agronomia e a Química, por meio de seus testes de laboratório. Como uma ciência social, não podendo controlar evidências e incluir todas as variáveis possíveis em seus modelos, a Economia não faz previsões com certeza matemática, mas indica probabilidades da ocorrência de eventos econômicos. Elas são feitas dentro de margem aceitável de erro, determinada estatisticamente.

Uma teoria engloba um conjunto de definições das variáveis e termos empregados, certo número de precondições, ou suposições, e uma ou mais hipóteses. As suposições constituem um conjunto de postulados considerados invariáveis ou verdadeiros no período na análise. Se as condições iniciais não se mantiverem no período em que se realizam as predições, certamente elas não se verificarão. Por exemplo, quando se diz que as quantidades demandadas de carne bovina dependem do preço, significa que, se o preço baixar, aumentarão as quantidades demandadas no mercado e vice-versa.

A ciência, como em tudo no que diz respeito à economia, divide-se sobre como se dá a atividade econômica. Para a escola marxista, a atividade econômica tem um cunho social, para os marginalistas ou neoclássicos, assume um cunho individualista. Na ótica marxista, a atividade econômica é sempre coletiva, é realizada por uma sociedade, que pode ser uma nação ou uma tribo. Em cada célula de produção do trabalho, na qual ocorre a especialização produtiva, os elementos produtores se especializam, desempenhando tarefas distintas, todas contribuindo para a produção e circulação de determinada quantidade de produtos, que podem ser bens (materiais) ou serviços (imateriais). Faz parte da economia o trabalho do operário na fábrica, do agricultor no campo, da vendedora na loja, do bancário, do pedreiro... Há ainda, atividades, como as dos executivos das empresas, dos advogados, da polícia, do diplomata, do fiscal, etc., que não contribuem para a produção nem para a circulação de mercadorias. Não obstante, fazem parte da divisão social do trabalho, sendo essenciais à ordem institucional, que assegura os privilégios da classe dominante. Apesar disso, essas atividades integram a economia tanto quanto as demais. (Singer, 1998, pag. 9). É importante destacar que cada indivíduo assume o seu papel na economia de acordo com a sua condição social. Não optando pelo papel que quer desempenhar, mas impingido pela sua posição na sociedade em que faz parte.

1.5 CONCEITOS DE MICROECONOMIA E MACROECONOMIA

A Teoria Econômica compreende um conjunto de conhecimentos sobre os fatos ou fenômenos econômicos, ou seja, o comportamento da realidade. Os conhecimentos da realidade possibilitam nortear ou estabelecer as normas da política econômica de um país. Os fatos econômicos podem ser observados de dois ângulos diferentes, razão pela qual a teoria econômica se classifica em dois grandes grupos:

a) Microeconomia, estuda o comportamento dos consumidores, das firmas e dos

mercados individualmente. Pode ser considerado o estudo das escolhas feitas por famílias, firmas e governos, e como essas escolhas afetam os mercados

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para todos os tipos de produtos e serviços. Por exemplo, você pode analisar como os consumidores responderiam a um aumento no preço da gasolina: gastando menos/e ou comprando carros mais econômicos. Do mesmo modo, você poderia estudar como uma firma que detém o monopólio da produção de uma nova droga determina o preço dessa droga. Você estuda como os preços são estabelecidos em um mercado individual.

b) Macroeconomia, diz respeito aos grandes agregados nacionais, estuda o funcionamento do conjunto da economia de um país, envolvendo o nível geral dos preços, formação da renda nacional, mudanças na taxa de desemprego, taxa de câmbio, balanço de pagamentos etc. É a parte que trata da economia de um país como um todo. Esse é o campo da economia que focaliza os temas econômicos vistos freqüentemente na mídia: desemprego, inflação, crescimento, comércio, indústria e produto interno bruto. Estes temas estão no centro do debate político. As questões macroeconômicas afetam profundamente nosso cotidiano. Por exemplo, se a economia não conseguir gerar um número suficiente de empregos, haverá trabalhadores desempregados.

Para compreender as diferenças entre macroeconomia e microeconomia,

considere alguns exemplos: 1. Em micro, você pode estudar o que determina o número de automóveis no

Brasil. Em macro, você estudará o que determina o produto total da economia brasileira como um todo.

2. Em micro, você pode estudar por que há trabalhadores desempregados na indústria metal-mecânica. Em macro, você estudará o que determina o desemprego como um todo.

3. Em micro, você pode estudar por que o preço do milho aumenta se os fazendeiros têm uma safra ruim e uma colheita menor que a normal. Em macro, você irá estudar por que todos os preços podem estar subindo à taxa de 5% ao ano.

4. Em micro, você pode estudar como um banco individualmente tenta obter lucro aceitando depósitos e fazendo empréstimos. Em macro, você estudará como todo o sistema bancário opera em todo o país.

Por meio do estudo do comportamento dessas variáveis macroeconômicas, as autoridades econômicas estabelecem políticas monetárias, fiscais, cambiais, taxa de juro etc., visando influenciar o nível da atividade econômica, para que se mantenha em uma situação de equilíbrio, ou em direção às metas estabelecidas. As decisões do nível macroeconômico têm suas repercussões no equilíbrio microeconômico do mercado. Da mesma forma, o comportamento dos consumidores e das firmas reflete-se no nível agregado, influenciando variáveis macroeconômicas.

1.6. DO QUE SE OCUPA A ECONOMIA

A despeito da complexa teia de relações sociais e da multiplicidade dos fatores condicionantes que envolvem a ação econômica, há, entretanto, um conjunto destacado de aspectos particulares da realidade social que gravitam mais especificamente no campo de interesse da economia. Uma relação de alguns dos grandes temas de que se ocupa a economia incluiria:

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• Escassez. A escassa disponibilidade de recursos para o processo produtivo. Sua exaustão ou capacidade de renovação.

• Emprego. O emprego dos recursos. A ociosidade dos que se encontram disponíveis. O desemprego, suas causas e conseqüências.

• Produção. O processo produtivo. Decorrências da produção: a geração de renda, o dispêndio e a acumulação. A riqueza, a pobreza e o bem-estar.

• Agentes. Como se comportam os agentes econômicos. Em que conflitos e interesses se envolvem. Quais suas funções típicas. Quais suas motivações.

• Trocas. Fundamentos do sistema de trocas: divisão do trabalho, especialização, busca por economias de escala. Eficiência comparativa dos sistemas de trocas em relação à auto-suficiência.

• Valor. Fundamentos do valor dos recursos e dos produtos dele decorrentes. • Moeda. Como e por que se deu seu aparecimento. Como evoluiu. Formas atuais

e futuras moedas. Razões da variação de seu valor. Conseqüências das duas categorias básicas de variação do valor da moeda: inflação e deflação.

• Preços. Os preços como expressão monetária do valor. Como resultado da interação de forças de oferta e de procura. Como orientadores para o emprego dos recursos. Como mecanismos de coordenação do processo econômico como um todo.

• Mercados. Tipologia e características dos mercados. A procura e a oferta: fatores determinantes. O equilíbrio, as funções e as imperfeições dos mercados.

• Concorrência. Estruturas concorrenciais: da concorrência perfeita ao monopólio. Impactos sociais de cada uma delas. Funções da concorrência.

• Remunerações. Tipologia e características das diferentes formas de remunerações pagas aos recursos de produção. Os salários, os juros, as depreciações, os alugueis, os royalties, o lucro. Conflitos que decorrem de suas diferentes participações na renda da sociedade como um todo.

• Agregados. Denominação dada às grandes categorias da Contabilidade Social, como o Produto Interno Bruto e a Renda nacional. Como medí-los. O que significam. Como empregá-los para aferir o desempenho da economia como um todo.

• Transações. Categorias básicas: reais e financeiras. Abrangência: internas, de âmbito nacional; externas, de âmbito internacional. Meios de pagamento envolvidos. Causas e conseqüências de desequilíbrios, notadamente no âmbito externo.

• Crescimento. A expansão da economia como um todo. Crescimento e desenvolvimento: diferenças conceituais. Crescimento e ciclos econômicos.

• Equilíbrio. Como se estabelece o equilíbrio geral, estático e dinâmico do processo econômico. Como e por que, a despeito da complexa teia das relações econômicas e dos decorrentes conflitos de interesse que as envolvem, a ordem se sobrepõe ao caos. Quais os mecanismos que dão sustentação ao processo econômico, para que siga seu curso, apesar da amplitude dos movimentos de alta e de baixa, de depressão e de expansão.

• Organização. Formas alternativas, do ponto de vista institucional, para a organização econômica da sociedade. Antagonismos entre o capitalismo liberal e o socialismo centralista. Matrizes ideológicas que os suportam. Padrões e desdobramentos das alternativas extremadas. Objetivos e resultados.

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1.7. ESCASSEZ DE RECURSOS

A Economia fundamenta sua existência na escassez de bens e serviços para consumo e uso no sistema produtivo. Se todos os bens fossem livres, o problema econômico fundamental de quanto, como e para quem produzir deixaria de existir. Mas os bens são econômicos, isto é, relativamente raros. Os conceitos de escassez e de abundância diferenciam-se pela intensidade: terras agricultáveis nos cerrados e minério de ferro em Minas Gerais são recursos abundantes, mas alimentos e produtos siderúrgicos são bens escassos, porque sua obtenção é relativamente dispendiosa.

Os recursos escassos são os insumos, ou fatores de produção utilizados no processo produtivo para obter outros bens, destinados à satisfação das necessidades dos consumidores. Os fatores de produção são: a) Terra, ou recursos naturais, são criados pelos atos da natureza e utilizados

para produzir bens e serviços; por exemplo, terras aráveis, depósitos minerais, depósitos de óleo e gás, água e plantas naturais. Alguns utilizam o termo terra para referir genericamente aos recursos naturais. Este fator inclui água, minerais, madeiras, peixes, solo para as fábricas e terra fértil para a agricultura;

b) Trabalho, ou recursos humanos, é o esforço usado para produzir bens e serviços, incluindo esforço físico e mental. O trabalho é escasso porque há apenas 24 horas em cada dia: se gastarmos tempo em uma atividade, teremos menos tempo para outras atividades. Este fator engloba os trabalhadores qualificados e não qualificados, pessoal administrativo, técnicos, engenheiros, gerentes e administradores;

c) Capital físico, é um objeto feito por seres humanos e usado para produzir bens e serviços. Este fator compreende o conjunto de bens e serviços, como máquinas, equipamentos, prédios, ferramentas e dinheiro, necessários para a produção de outros bens e serviços. O capital financeiro, necessário para a aquisição do capital fixo e o giro dos negócios (pagamento de salários e serviços e compra de matérias-primas) pode ser obtido em parte pelo crédito bancário;

d) Capacidade empresarial, envolvendo um segmento dos recursos humanos da economia, que assume riscos de perder seu capital, ou o capital tomado emprestado, ao empreender um negócio. O empresário é a pessoa que reúne capitais para adquirir recursos produtivos e produzir bens ou serviços destinados ao mercado, mediante determinada tecnologia, com o objetivo de realizar lucros.

e) Tecnologia, envolve o conjunto de habilidades e de conhecimentos que dão sustentação ao processo produtivo. É o aperfeiçoamento dos meios de produção. É a invenção, a inovação de produtos.

1.8. A QUESTÃO DA ESCASSEZ E OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS

Todas as sociedades, qualquer que seja seu tipo de organização econômica ou regime político, são obrigados a fazer opções, escolhas entre alternativas, uma vez que os recursos não são abundantes. Elas são obrigadas a fazer escolhas sobre O QUE E QUANTO, COMO E PARA QUEM produzir. • O que e quanto produzir: a sociedade deve decidir se produz mais bens de

consumo ou bens de capital, ou, como num exemplo clássico: quer produzir

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canhões ou mais manteiga? Em que quantidade? Os recursos devem ser dirigidos para a produção de mais bens de consumo, ou bens de capital?

• Como produzir: trata-se de uma questão de eficiência produtiva: serão utilizados métodos de produção com capital intensivo? Ou mão-de-obra intensiva? Ou terra intensiva? Isso depende da disponibilidade de recursos de cada país;

• Para quem produzir: a sociedade deve decidir quais setores que serão beneficiados na distribuição do produto: trabalhadores, capitalistas ou proprietários da terra? Agricultura ou indústria? Mercado interno ou mercado externo? Região Sul ou Norte? Ou seja, trata-se de decidir como será distribuída a renda gerada pela atividade econômica.

1.9. BENS ECONÔMICOS

Um bem econômico é o que possui uma raridade relativa e, portanto, um preço. A escassez só existe porque há procura para o bem, que tem uma utilidade suscetível de atender a determinada necessidade dos consumidores. O produto é um bem, porque satisfaz uma necessidade humana. O fumo, embora faça mal à saúde, é considerado um bem econômico, porque satisfaz a necessidade do fumante. A Economia, como Ciência, não entra em considerações éticas ou de juízos de valor; ela não questiona o que é um bem ou um mal para o indivíduo e não determina quais as transações que devem ou não ser efetuadas. '

O consumidor é soberano e a ele cabe decidir qual ser á a composição de sua cesta de consumo, em função de suas preferências, necessidades e a renda de que dispõe. Alguns indivíduos preferem levar uma vida mais simples e gastar com viagens; outros decidem trocar de carro todos os anos. A composição da cesta de consumo dos indivíduos depende também dos gostos e hábitos de consumo, que variam entre regiões e classes sociais. O desenvolvimento dos meios de comunicação, a publicidade, as facilidades de pagamento com o uso do crédito tendem a homogeneizar os hábitos de consumo da população e a criar novas necessidades a serem satisfeitas.

Os bens econômicos são desejáveis porque são úteis e escassos (como a água e o diamante). Existem, porém, bens abundantes e úteis aos homens que se encontram fora da Economia. Estes são os bens livres, ou seja, os que se encontram disponíveis a custo zero. O ar atmosférico constitui um exemplo típico de bem livre e, de certo modo, a água dos rios. No entanto, em determinados casos, a água utilizada para a irrigação, por exemplo, pode ser taxada, deixando de ser um bem livre típico.

Os bens econômicos classificam-se em bens de consumo final, bens de consumo intermediário e bens de capital. Os bens de consumo final são aqueles adquiridos pelas famílias e dividem-se em bens de consumo durável e não durável. Os bens de consumo duráveis são os utilizados durante um tempo relativamente longo, como um refrigerador ou um automóvel. Os bens de consumo não duráveis, como alimentos, são usados apenas uma vez, ou poucas vezes.

Os bens de consumo intermediários, ou insumos, são aqueles utilizados pelas empresas, direta e indiretamente, para a fabricação de outros bens, como matérias-primas, barras de ferro, peças de reposição, componentes e material de escritório. Esses bens têm ciclo curto no processo produtivo, enquanto os bens de capital, também empregados direta e indiretamente na geração de outros bens, têm ciclo longo. Exemplos: máquinas, equipamentos, prédios e material de transporte.

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Os bens de produção compreendem os bens de consumo intermediário e bens de capital.

Como as necessidades são ilimitadas, as pessoas precisam estabelecer prioridades de gastos. Todos precisam de habitação, alimentação, vestuário, educação, saúde, lazer. Para ter acesso a esse conjunto de bens, segundo suas necessidades e preferências, elas precisam ter uma renda disponível em quantidades suficientes.

Além disso, o setor produtivo precisa produzir os bens e serviços desejados. Pode ocorrer que não seja possível ofertar algum tipo de produto por falta de matéria-prima no mercado nacional. É possível ofertar determinado produto, importando-se a matéria-prima necessária de outros países. Pode ocorrer, no entanto, que o país não tenha as divisas necessárias para pagar as importações. Quando o preço do petróleo quadruplicou nos anos de 1970, o racionamento de combustíveis no País foi evitado pelo financiamento de importações mediante endividamento externo.

Existem necessidades que não podem ser atendidas porque o setor produtivo ainda não sabe como produzir. Exemplo disso são os medicamentos para a cura definitiva do câncer e da AIDS. Esse é outro exemplo de que apenas ter poder de compra não é suficiente para que as pessoas possam satisfazer determinadas necessidades. Após Fleming ter descoberto a penicilina, em 1929, o setor farmacêutico pôde produzir um medicamento capaz de curar doenças contagiosas, como a tuberculose.

O acesso a novas tecnologias permite grandes lucros para as empresas e isso as leva a gastar grandes somas de recursos financeiros na P&D de novos produtos e novos processos de produção. Novos produtos podem satisfazer necessidades ainda não satisfeitas, como novos medicamentos para combater o câncer. Eles atendem a necessidades novas ou de que os consumidores ainda não haviam se dado conta. Exemplos: telefone celular, videocassete, microcomputador, televisão a cabo, comunicação via Internet etc.

Nas economias desenvolvidas e nas classes sociais ricas dos países em desenvolvimento, na maior parte dos casos, o consumo ultrapassa as necessidades fisiológicas dos indivíduos. Isso se deve à publicidade e aos ditames da moda. A exceção fica por conta da economia japonesa, em que os indivíduos possuem grande propensão a poupar, consumindo menos do que a média dos países ricos. A solução encontrada pelas autoridades japonesas é promover campanhas de maior consumo interno e de incentivo às exportações, para absorver o excesso de bens produzidos e manter a economia em crescimento, ou, pelo menos, "aquecida".

Em síntese, devido à escassez de recursos produtivos, utilizados na produção de bens e serviços para o atendimento das necessidades dos consumidores, os agentes econômicos (produtores, consumidores, tomadores de decisão de órgãos do governo) precisam utilizá-los de forma mais racional e eficiente possível, de modo a obter os melhores resultados, em termos de quantidade e qualidade.

A teoria econômica supõe que as firmas e os consumidores sejam racionais em suas decisões, isto é, que os empresários procurem o máximo lucro e os consumidores à máxima satisfação no consumo de bens e serviços. O produtor quer minimizar custos e vender seus produtos aos preços mais altos possível. O consumidor, pelo contrário, age no sentido de obter o máximo de produtos, segundo seus gostos, com um mínimo de dispêndio. Seguindo a idéia de racionalidade, ele não age por caridade ou capricho, mas visando ao interesse próprio.

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A economia decidirá o quê, quanto, como e para quem produzir em função da demanda dos consumidores, da disponibilidade de recursos e da dotação tecnológica. Nas economias de mercado, essas repostas são fornecidas pela concorrência e pelo sistema de preços. Nas economias centralmente planificadas, essas decisões competem ao órgão central de planificação, enquanto nas economias mistas, cabe tanto às empresas estatais e ao plano central indicativo, como às empresas privadas.

Para entender melhor:

Os conceitos de bens intermediários e bens finais dependem da utilização que se faz do bem ou serviço. Tudo que é vendido diretamente às famílias, ao governo e ao setor externo, é considerado um bem final. Neste sentido, a reposição de pneus ou a exportação de matérias-primas, também são considerados como bens finais. Também são bens finais as matérias-primas que permanecerem em estoque, já que não foram utilizadas na elaboração de outros produtos no período. (VASCONCELLOS, 2000, p. 197)

CLASSIFICAÇÃO DOS BENS ECONÔMICOS A – QUANTO Á RARIDADE 1. Bens não econômicos 2. Bens econômicos B – QUANTO Á NATUREZA 1. Bens materiais 2. Bens imateriais C – QUANTO AO DESTINO (OU USO) 1. Bens de consumo

1.1 Não duráveis 1.2 Duráveis

2. Bens de produção (ou de capital) 2.1 Transitórios (ou intermediários) 2.2 Duráveis

QUESTÕES PARA REVISÃO 1. Por que precisamos estudar economia? 2. O que é para você economia? 3. Quais são os problemas econômicos fundamentais? A que se refere cada um? 4. De onde deriva a palavra economia? 5. Conceitue economia a partir dos conceitos trabalhados na apostila. 6. Que relação há entre economia e política? 7. Que influência tem a geográfica sobre a economia? 8. John Kenneth Galbraith, economista americano, respondeu o seguinte quando

lhe perguntaram sobre o que é a Economia? 9. O que é escassez? 10. Relacione alguns temas estudados pela ciência econômica. 11. Há vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo da Ciência

Econômica. Detalhe-os! 12. Diferencie microeconomia de macroeconomia.

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13. Cite alguns problemas econômicos brasileiros. 14. Quais são e a que se referem fatores de produção? 15. Por que os agentes econômicos precisam escolher onde investir os recursos? 16. Diferencie bens livres de bens econômicos. 17. Diferencie: economia positiva versus economia normativa. 18. Pesquise o são os métodos indutivos e dedutivos de análise! 19. O que você compreende por modelo econômico? E teoria econômica? 20. A economia faz previsões determinísticas? 21. Na ótica marxista a atividade econômica é sempre coletiva! Explique!

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PARTE II

2 O SISTEMA ECONÔMICO

2.1 DEFINIÇÃO DE SISTEMA ECONÔMICO

Nas sociedades modernas, onde é produzido um grande número de bens e serviços, podemos observar que o consumo de uma pessoa é composto por bens e serviços produzidos em áreas de atividade econômica diferentes daquela em que exerce seu trabalho. Um operário que trabalhe numa metalúrgica, por exemplo, produz chapas de aço, mas necessita de alimentos, roupas, uma casa, transporte etc.

Entretanto, na economia em que esse operário vive, é permitido que ele troque sua força de trabalho (um fator de produção que concorre para a produção das chapas de aço) por um salário que lhe permita adquirir os bens e serviços de que necessita. Isto ocorre em razão do funcionamento daquilo que chamamos de sistema econômico.

Um sistema econômico pode ser definido como a reunião dos diversos elementos participantes da produção de bens e serviços que satisfazem as necessidades da sociedade, organizados não apenas do ponto de vista econômico, mas também social, jurídico, institucional etc. Observe que os elementos integrantes de um sistema econômico não são apenas pessoas, mas todos os fatores de produção: trabalho, capital e recursos naturais.

Entretanto, para que esses fatores façam parte do processo produtivo, eles precisam estar organizados de tal forma que a sua combinação resulte em algum bem ou serviço. As instituições onde são organizados os fatores de produção são denominadas unidades produtoras. Uma fábrica de automóveis, um banco e uma fazenda são exemplos de unidades produtoras, pois em cada uma delas os fatores trabalho, capital e recursos naturais estão organizados para a produção de algum bem ou serviço.

No entanto, não devemos pensar que tudo aquilo que for obtido pelas unidades produtoras será destinado diretamente ao consumo pelas pessoas. Uma fábrica de chapas de aço, por exemplo, não tem as pessoas, em geral, como consumidores diretos dos seus produtos, da mesma forma que uma empresa de processamento de dados. As chapas de aço e os serviços de computação são apenas um bem e um serviço que entram na produção de outros bens e serviços.

Essa complexidade da produção é uma característica fundamental dos modernos sistemas econômicos e explica como as pessoas que desempenham uma tarefa específica, como o operário de quem falamos anteriormente, pode adquirir as coisas necessárias à satisfação de suas necessidades.

A produção econômica pode ser classificada em três categorias, de acordo com a sua destinação:

• Bens e serviços de consumo: são aqueles bens e serviços que satisfazem as

necessidades das pessoas quando são consumidos no estado em que se encontram, como alimentos, roupas, serviços médicos etc.

• Bens e serviços intermediários: são os bens e serviços que não atendem diretamente às necessidades das pessoas, pois precisam ser transformados

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para atingir sua forma definitiva. Como exemplo, podemos citar as chapas de aço, que serão empregadas na produção de automóveis; os serviços de computação, que preparam folhas de pagamentos para as empresas etc.

• Bens de capital: também não atendem diretamente às necessidades dos consumidores, mas destinam-se a aumentar à eficiência do trabalho humano no processo produtivo, como as máquinas, as estradas etc..

2.2. COMPOSIÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO

No sistema econômico de uma nação, encontramos um grande e diversificado número de unidades produtoras, cada qual organizando os fatores da produção para a obtenção de um determinado produto ou para a prestação de um serviço. Entretanto, apesar da diversidade de objetivos das inúmeras unidades produtoras, podemos classificá-las de acordo com as características fundamentais de sua produção. Utilizando esse critério, veremos que as unidades produtoras podem ser agrupadas em três setores básicos, que compõem o sistema econômico: • Setor primário: constituído pelas unidades produtoras que utilizam

intensamente os recursos naturais e não introduzem transformações substanciais em seus produtos. Neste setor, estão às unidades produtoras que desenvolvem atividades agrícolas, pecuárias e extrativas, sejam minerais, animais ou vegetais.

• Setor secundário: constituído pelas unidades produtoras dedicadas às atividades industriais, através das quais os bens são transformados. Caracteriza-se pela intensa utilização do fator de produção capital, sob a forma de máquinas e equipamentos. Indústrias de automóvel, de refrigerantes e de roupas são exemplos de unidades produtoras incluídas no setor secundário.

• Setor terciário: este setor se diferencia dos outros pelo fato de seu produto não ser tangível, concreto, embora seja de grande importância no sistema econômico. É composto pelas unidades produtoras que prestam serviços, como os bancos, as escolas, as empresas de transporte, o comércio etc.

SETORES PRODUTIVOS

SETOR ATIVIDADES Primário (agropecuário) Lavouras, produção animal e derivados, extrativa

vegetal, indústria rural. Secundário (indústria) Indústria de extração mineral, indústria de

transformação, indústria da construção civil, serviços industriais de utilidade pública.

Terciário (serviços) Comércio, transporte e comunicações, governo, intermediários financeiros, autônomos, outros serviços.

Poderemos ter uma idéia do grau de desenvolvimento de um país se

observarmos a importância relativa dos três setores em seu sistema econômico. Uma economia em que o setor primário tem maior peso revela, quase sempre, um nível de desenvolvimento não satisfatório, enquanto aquelas em que o setor secundário é preponderante apresentam maior grau de desenvolvimento.

2.3. OS FLUXOS DO SISTEMA ECONÔMICO

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Durante o processo de produção, em que são obtidos bens e serviços, as unidades produtoras remuneram os fatores de produção por elas empregados: pagam salários aos seus trabalhadores, aluguel pelas instalações que ocupam, juros pelos financiamentos obtidos e distribuem lucros aos seus proprietários. Essa remuneração é recebida pelos proprietários dos fatores de produção e permite-lhes adquirir os bens e os serviços de que necessitam.

Este é um aspecto fundamental do sistema econômico, e que garante sua eficiência: as unidades produtoras, ao mesmo tempo em que produzem bens e serviços, remuneram os fatores de produção por elas empregados, permitindo que as pessoas adquiram bens e serviços produzidos por todas as outras unidades produtoras.

Uma pessoa que trabalha numa fábrica de roupas, por exemplo, não vai adquirir apenas o produto de seu trabalho (as roupas) com o salário que recebe. Precisa, também, comprar alimentos, alugar ou comprar uma casa, tomar condução etc. É através da remuneração de sua força de trabalho (fator de produção que concorreu para a produção das roupas) que ela poderá adquirir as coisas de que necessita para viver.

Pode-se dizer, portanto, que num sistema econômico existem dois fluxos. O primeiro é o fluxo real, formado pelos bens e serviços produzidos no sistema econômico, que também recebe o nome de produto. O segundo é o fluxo nominal ou monetário, formado pelo pagamento que os fatores de produção recebem durante o processo produtivo, também denominado renda.

Esses dois fluxos têm um significado muito importante para a teoria econômica. O fluxo real, formado pelos bens e serviços produzidos, constitui a oferta da economia, ou seja, tudo aquilo que foi produzido e está à disposição dos consumidores. O fluxo monetário, formado pelo total da remuneração dos fatores produtivos, é a demanda ou procura da economia, ou seja, aquilo que as pessoas procuram para satisfazer suas necessidades e desejos.

A oferta e a procura são as duas funções mais importantes de um sistema econômico. Essas duas funções formam o mercado onde as pessoas que querem vender se encontram com as pessoas que querem comprar.

É importante observar que o termo mercado, na Teoria Econômica, não significa apenas o lugar físico onde as pessoas estão localizadas, como uma feira livre, por exemplo. Seu significado é mais amplo. O termo mercado se refere a todas as compras e vendas realizadas no sistema econômico, tanto de bens de consumo, intermediários e de capital como de serviços. Em suma, sintetiza a essência do sistema econômico, em que as necessidades são satisfeitas através da venda e da compra de mercadorias e serviços.

Os fluxos monetários e reais do sistema econômico e a formação do mercado podem ser sintetizados no esquema a seguir:

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QUESTÕES PARA REVISÃO 1. Defina sistema econômico. 2. O que entendemos por unidades produtoras? 3. Como pode ser classificada a produção econômica, de acordo com sua

destinação? 4. Identifique os três setores da economia e apresente as características de cada

um deles. 5. Diferencia fluxo real de fluxo monetário. 6. Qual o significado do termo mercado, na teoria econômica? 7. Qual a importância do aparelho produtivo no sistema econômico? 8. Quais os benefícios que as Unidades Produtoras proporcionam ao país? 9. Qual a importância do fluxo monetário e do fluxo real no sistema econômico?

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PARTE III

3 INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA

“Microeconomia é o ramo da Economia que trata da firma comercial e do lar, a estrutura celular de base; assim, ela tem a riqueza sugestiva do microscópio e da microbiologia. E daí passa a tratar do mercado – para revelar, ou de qualquer forma imaginar, como os consumidores, dadas suas rendas e preferências, atua reciprocamente através do mercado junto às empresas comerciais para determinar o que é produzido, em que quantidade, com que margem de lucro e a que preço.” “A macroeconomia tornou-se um tópico ou tema de discussão em separado e recebeu esse nome em conseqüência de John Maynard Keynes e da Grande Depressão. Então tornou-se generalizada a idéia de que os consumidores e as firmas comerciais poderiam não ter rendimento suficiente para gastar ou não gastar ou investir o suficiente do seu rendimento para comprar todos os bens e serviços que pudessem ser produzidos. Em conseqüência disso, haveria uma capacidade ociosa nas fábricas e desemprego. Ou, embora isso não fosse um problema durante a Depressão, as pessoas e os governos poderiam gastar além da capacidade produtiva da economia. Nesse caso, haveria inflação.” “Por isso, tornou-se uma função do governo regulamentar as relações gerais ou conjuntas entre todos os compradores e todos os vendedores. Isso significava proporcionar maior poder aquisitivo e maior procura quando fosse indicado, restrição do poder aquisitivo e da demanda quando fosse necessário.” “A expansão era obtida baixando-se os impostos ou aumentando os gastos públicos ou, então, incentivando os empréstimos dos bancos e conseqüente dispêndio em investimentos nos negócios, compra de casas e automóveis. A restrição era conseguida invertendo a ação de todos esses fatores. Essa é a política da macroeconomia.” “Eu poderia acrescentar que a distinção entre microeconomia e macroeconomia, embora continue sendo muito acalentada pelos economistas ao instituir cursos e examinar candidatos a doutorado, de nada mais serve na vida real. Mais provavelmente, ela constitui agora uma barreira a uma melhor compreensão da matéria. Isso porque a linha divisória entre microeconomia e macroeconomia torna-se extremamente difusa numa época em que as empresas podem aumentar seus preços e os sindicatos podem obter altas de salários. Tais ações, tanto quanto o excesso de poder aquisitivo, podem tornar-se uma causa de inflação. E o desemprego é hoje em dia a conseqüência normal do empenho em evitar que as empresas, os sindicatos e outros órgãos aumentem os seus preços e salários reduzindo a demanda. Assim, a inflação como o desemprego são agora tanto ou mais uma conseqüência de fenômenos microeconômicos, quanto de uma política macroeconômica. Em economia, divisões artificiais da matéria – ou seja, a especialização – podem ser uma fonte primordial de erro. A verdade econômica só vem a tona quando as coisas são examinadas como um todo.” John Kenneth Galbraith, Economista, (A Economia ao Alcance de Todos, Pag.11, Livraria Pioneira, 1992).

3.1. CONCEITO

A Microeconomia, ou Teoria dos Preços, analisa a formação de preços no mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço em mercados específicos.

Assim, enquanto a Macroeconomia enfoca o comportamento da Economia como um todo, considerando variáveis globais como consumo agregado, renda nacional e investimentos globais, a análise microeconômica preocupa-se com a formação de preços de bens e serviços (soja, automóveis) e de fatores de produção (salários, aluguéis, lucros) em mercados específicos.

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A Teoria Microeconômica não deve ser confundida com economia de empresas, pois tem enfoque distinto. A Microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da demanda na formação do preço no mercado, isto é, o preço sendo obtido pela interação do conjunto de consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou serviço. Do ponto de vista da economia de empresas, onde se estuda uma empresa específica, prevalece a visão contábil - financeira na formação do preço de venda de seu produto, baseada principalmente nos custos de produção, enquanto na Microeconomia prevalece a visão do mercado.

A conceituação de empresa, entretanto, possui duas visões: a econômica e a jurídica. Do ponto de vista econômico, empresa ou estabelecimento comercial é a combinação, pelo empresário, dos fatores de produção: capital, trabalho, terra e tecnologia, de tais modos organizados para se obter o maior volume possível de produção ou de serviços ao menor custo.

Na doutrina jurídica reconhece-se o estabelecimento como uma universalidade de direito, incluindo-se na atividade econômica um complexo de relações jurídicas entre o empresário e a empresa. O empresário é, assim, o sujeito da atividade econômica, e o objeto é constituído pelo estabelecimento, que é o complexo de bens corpóreos e incorpóreos utilizados para o processo de produção. A empresa, nesse contexto, é o complexo de relações jurídicas que unem o sujeito ao objeto da atividade econômica.

3.2. PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA ANÁLISE MICROECONÔMICA

3.2.1 A hipótese coeteris paribus

Para analisar um mercado específico, a Microeconomia se vale da hipótese de que "tudo o mais permanece constante" (em latim, coereris paribus). O foco de estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando-se o papel que a oferta e a demanda neIe exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou que não interfiram de maneira absoluta.

Adotando-se essa hipótese, torna-se possível o estudo de um determinado mercado selecionando-se apenas as variáveis que influenciam os agentes econômicos - consumidores e produtores - nesse particular mercado, independentemente de outros fatores, que estão em outros mercados, poderem influenciá-los. Sabemos, por exemplo, que a procura de uma mercadoria é normalmente mais afetada por seu preço e pela renda dos consumidores. Para analisar o efeito do preço sobre a procura, supomos que a renda permaneça constante (coeteris paribus); da mesma forma, para avaliar a relação entre a procura e a renda dos consumidores, supomos que o preço da mercadoria não varie. Temos, assim, o efeito "puro" ou "líquido" de cada uma dessas variáveis sobre a procura.

3.2.2 Papel dos preços relativos

Na análise microeconômica, são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços de um bem em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias.

Por exemplo, se o preço do guaraná cair em 10%, mas também o preço da soda cair em 10%, nada deve acontecer com a demanda (procura) dos dois bens

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(supondo que as demais variáveis permaneceram constantes). Agora, tudo o mais permanecendo constante, se cair apenas o preço do guaraná, permanecendo inalterado o preço da soda, deve-se esperar um aumento na quantidade procurada de guaraná, e uma queda na de soda. Embora não tenha havido alteração no preço absoluto da soda, seu preço relativo aumentou, quando comparado com o do guaraná.

3.2.3 Objetivos da empresa

A grande questão na Microeconomia, que inclusive é a origem das diferentes

correntes de abordagem, reside na hipótese adotada quanto aos objetivos da empresa produtora de bens e serviços.

A análise tradicional supõe o Princípio da Racionalidade, segundo o qual o empresário sempre busca a maximização do lucro total, otimizando a utilização dos recursos de que dispõe.

As correntes alternativas consideram que o objetivo do empresário não seria a maximização do lucro, mas fatores como aumento da participação nas vendas do mercado, ou maximização da margem sobre os custos de produção, independente da demanda de mercado.

3.3. APLICAÇÕES DA ANÁLISE MICROECONÔMICA

A análise microeconômica, ou Teoria dos Preços, como parte da Ciência Econômica, preocupa-se em explicar como se determina o preço dos bens e serviços, bem como dos fatores de produção. O instrumental microeconômico procura responder, também, a questões aparentemente triviais; por exemplo, por que, quando o preço de um bem se eleva, a quantidade demandada desse bem deve cair, coereris paribus.

Entretanto, deve-se salientar que, se a Teoria Microeconômica não é um manual de técnicas para a tomada de decisões do dia-a-dia, mesmo assim ela representa uma ferramenta útil para estabelecer políticas e estratégias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto ao nível de empresas quanto ao nível de política econômica.

A nível de empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes decisões: • Política de preços da empresa; • Previsões de demanda e de faturamento; • Previsões de custos de produção; • Decisões ótimas de produção (escolha da melhor alternativa de produção, isto é,

da melhor combinação de fatores de produção), • Avaliação e elaboração de projetos de investimentos (análise custo-benefício da

compra de equipamentos, ampliação da empresa etc.); • Política de propaganda e publicidade (como as preferências dos consumidores

podem afetar a procura do produto); • Localização da empresa (se a empresa deve situar-se próxima aos centros

consumidores ou aos centros fornecedores de insumos); • Diferenciação de mercados (possibilidades de preços diferenciados, em

diferentes mercados consumidores do mesmo produto).

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A nível de política econômica, a Teoria Microeconômica pode contribuir na análise e tomada de decisões das seguintes questões: • Efeitos de impostos sobre mercados específicos; • Política de subsídios (nos preços de produtos como trigo e leite, ou na compra

de insumos como máquinas, fertilizantes etc.); • Fixação de preços mínimos na agricultura • Controle de preços; • Política salarial; • Política de tarifas públicas (água, luz etc.); • Política de preços públicos (petróleo, aço etc.); • Leis antitrustes (controle de lucros de monopólios e oligopólios).

Como se observa, são decisões necessárias ao planejamento estratégico das

empresas e à política e programação econômica do setor público. Evidentemente, a contribuição da Microeconomia está associada à utilização

de outras disciplinas, como a Estatística, a Matemática Financeira, a Contabilidade e mesmo a Engenharia, de forma a dar conteúdo empírico a suas formulações e conceitos teóricos.

3.4. DIVISÃO DO ESTUDO MICROECONÔMICO

Teoria Microeconômica consiste nos tópicos a seguir.

3.4.1 Análise da demanda

A Teoria da Demanda ou Procura de uma mercadoria ou serviço divide-se em Teoria do Consumidor (demanda individual) e Teoria da Demanda de Mercado. 3.4.2 Análise da oferta

A Teoria da Oferta de um bem ou serviço também subdivide-se em oferta da

firma individual e oferta de mercado. Dentro da análise da oferta da firma são abordadas a Teoria da Produção, que analisa as relações entre quantidades físicas produzidas, entre o produto e os fatores de produção, e a Teoria dos Custos de Produção, que incorpora, além das quantidades físicas, os preços dos insumos.

Nota: Em administração e microeconomia, Firmas são organizações que

produzem e vendem bens e serviços, que contratam e utilizam fatores de produção, que podem ser classificados em primárias ou secundárias.

A Teoria da Firma, ou Teoria de Empresa, foi um conceito criado pelo

economista britânico Ronald Coase, em seu artigo The Nature of Firm, de 1937. Em 2009, o economista Oliver Williamson ganhou o prêmio Nobel por estudos sobre os limites da firma.[1]

Segundo essa teoria, as firmas trabalham com o lado da oferta de mercado, ou seja, com os produtos que vão oferecer aos consumidores, como bens e serviços produzidos. As firmas são de extrema importância para os mercados, pois reúnem o capital e o trabalho para realizar a produção e são as responsáveis por agregar valor às matérias-primas utilizadas nesse processo, com uso de tecnologia.

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As empresas produzem conforme a demanda do mercado e a oferta é ajustada por aqueles que estão dispostos a consumir.

A Teoria da Firma não tem como objetivo o interesse de definir a empresa do ponto de vista jurídico ou contábil. A empresa é vista com uma unidade técnica de produção, propriedade de indivíduos ou famílias que compram fatores de produção para produção de bens e serviços.

Fonte: www.wikedpedia.org.estado do bem estar social – consultado em 12.01.2010

Nota 2: A Teoria da Produção é uma teoria que faz parte da teoria microeconômica integrada. A teoria da produção é sobre o processo de produção, ou seja, o processo de conversão dos fatores de produção nos produtos finais. Os fatores de produção são bens cuja utilidade é derivada da sua capacidade em ser convertidos em bens finais.A relação entre as funções de produção, em relação a variação do produto final em relação a variação da aplicação de um fator de produção especifico ou a variação de todos os fatores simultaneamente é o tópico central dessa teoria. Podemos definir produção como qualquer utilização dos recursos que converte ou transforma uma mercadoria em uma mercadoria diferente no tempo e/ou no espaço.

A função de produção mostra a produção máxima que uma empresa pode obter para cada combinação específica de insumos. Fonte: www.wikedpedia.org.estado do bem estar social – consultado em 12.01.2010 3.4.3 Análise das estruturas de mercado

A partir da demanda e da oferta de mercado são determinados o preço e a quantidade de equilíbrio de um dado bem ou serviço. O preço e a quantidade, entretanto, dependerão da particular forma ou estrutura desse mercado, ou seja, se ele é competitivo, com muitas empresas produzindo um dado produto, ou concentrado em poucas ou em uma única empresa.

Na análise das estruturas de mercado avaliam-se os efeitos da oferta e da demanda, tanto no mercado de bens e serviços quanto no mercado de fatores de produção.

As estruturas do mercado de bens e serviços são: a) Concorrência perfeita; b) Concorrência imperfeita ou monopolista; c) Monopólio; d) Oligopólio.

As estruturas do mercado de fatores de produção são: a) Concorrência perfeita; b) Concorrência imperfeita; c) Monopsônio; d) Oligopsônio. Nota: façam uma pesquisa sobre os termos utilizados acima em seus aspectos conceituais.

No mercado de fatores de produção, a procura de fatores produtivos é chamada de demanda derivada, uma vez que a demanda por insumos (mão-de-obra, capital) está condicionada, ou deriva, da procura pelo produto final da empresa no mercado de bens e serviços.

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3.4.4 Teoria do equilíbrio geral

A análise do equilíbrio geral leva em conta as inter-relações entre todos os mercados, diferentemente da análise de equilíbrio parcial, que analisa um mercado isoladamente, sem considerar suas inter-relações com os demais. Ou seja, procura-se analisar se o comportamento independente de cada agente econômico conduz todos a uma posição de equilíbrio global, embora todos sejam, na realidade, interdependentes.

A Teoria do Bem-Estar, ou Weltfare, estuda como alcançar soluções socialmente eficientes para o problema da alocação e distribuição dos recursos, ou seja, encontrar a "alocação ótima dos recursos".

Há de se destacar que no estudo microeconômico um dos tópicos consiste na analisa das imperfeições de mercado, onde se analisam situações nas quais os preços não são determinados isoladamente em cada mercado.

Na realidade, tanto a Teoria do Equilíbrio Geral e do Bem-Estar como a Teoria do Consumidor são fundamentalmente abstratas, utilizando-se, com freqüência, modelos matemáticos de razoável grau de dificuldade. Como o objetivo desta disciplina é procurar fornecer aos estudantes de jornalismo econômico conceitos básicos de economia, que dêem subsídios para sua atuação no dia-a-dia e um melhor, entendimento das principais questões econômicas de nosso tempo, esses dois tópicos não serão discutidos aqui. Esses temas também não costumam ser abordados nos cursos introdutórios de Economia. Nota: Teoria do consumidor: A teoria do consumidor, ou teoria da escolha, é uma teoria microeconômica, que busca descrever como os consumidores tomam decisões de compra e como eles enfrentam os tradeoffs e as mudanças em seu ambiente. Os fatores que influênciam as escolhas dos consumidores estão basicamente ligados a sua restrição orçamentária e preferências.

Para a teoria do consumidor, as pessoas escolhem obter um bem em detrimento do outro em virtude da utilidade que ele lhe proporciona. Notas 2: Estado de bem-estar social: Estado de bem-estar social (em inglês: Welfare State), também conhecido como Estado-providência, é um tipo de organização política e econômica que coloca o Estado (nação) como agente da promoção (protetor e defensor) social e organizador da economia. Nesta orientação, o Estado é o agente regulamentador de toda vida e saúde social, política e econômica do país em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes, de acordo com a nação em questão. Cabe ao Estado do bem-estar social garantir serviços públicos e proteção à população.[1]

Os Estados de bem-estar social desenvolveram-se principalmente na Europa, onde seus princípios foram defendidos pela social-democracia, tendo sido implementado com maior intensidade nos Estados Escandinavos (ou países nórdicos) tais como a Suécia, a Dinamarca e a Noruega e a Finlandia),[2] sob a orientação do economista e sociologista sueco Karl Gunnar Myrdal. Ironicamente Gunnar Myrdal, um dos principais idealizadores do Estado de bem-estar-social dividiu, em 1974, o Prêmio de Ciências Econômicas (Premio Nobel) com seu rival ideológico Friedrich August von Hayek, um dos maiores defensores do livre mercado, economista da Escola Austríaca.

Esta forma de organização político-social, que se originou da Grande Depressão, se desenvolveu ainda mais com a ampliação do conceito de cidadania, com o fim dos governos totalitários da Europa Ocidental (nazismo, fascismo etc.)

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com a hegemonia dos governos sociais-democratas e, secundariamente, das correntes euro-comunistas, com base na concepção de que existem direitos sociais indissociáveis à existência de qualquer cidadão.

Pelos princípios do Estado de bem-estar social, todo o indivíduo teria o direito, desde seu nascimento até sua morte, a um conjunto de bens e serviços que deveriam ter seu fornecimento garantido seja diretamente através do Estado ou indiretamente, mediante seu poder de regulamentação sobre a sociedade civil. Esses direitos incluiriam a educação em todos os níveis, a assistência médica gratuita, o auxílio ao desempregado, a garantia de uma renda mínima, recursos adicionais para a criação dos filhos, etc.

A idéia de usar a "política social", como um meio para se obter a eficiência econômica, incorporou-se no Socialismo Fabiano inglês, no Socialismo Funcional Sueco e no Marxismo Austríaco (Tilton, 1991; Karlsson, 2001). O conceito de "políticas sociais produtivas" encontrou apoio nos movimentos de trabalhadores, especialmente na Suécia, onde o conceito ressurgiu durante a Grande Depressão dos anos 30 (Andersson, 2003; Kulawik, 1993). Na Suécia a crise. em termos de efeitos sociais da Grande Depressão e de desemprego em massa coincidiu com a "questão da população" e a queda dos índices de natalidade, e modelou o discurso de uma crise social e nacional (Hirdman, 2002). Este discurso estruturou as idéias de intervenção estatal na economia como um processo de racionalização da reprodução da população e da esfera domicilar, baseadas na observação de que os custos de reprodução e de criação de filhos estavam desigualmente distribuídos entre as classes sociais (Myrdal-Myrdal, 1987). Da mesma maneira que os mercados de trabalho e a mais ampla organização da produção poderiam ser racionalizadas mediante a utilização de regulamentações sociais para se obter um nível mais alto de produtividade, também a esfera social deveria ser racionalizada através do uso de políticas sociais, como políticas familiares, sempre em benefício de maior eficiência nacional. Esta noção de "racionalização" foi incorporada no conceito de "política social produtiva".

Em 1932 o sociólogo e economista socialista Gunnar Myrdal escreveu que as modernas políticas sociais diferiam totalmente das antigas políticas de auxílio à pobreza, uma vez que eram investimentos e não custos. As políticas sociais modernas seriam eficientes e produtivas devido à sua ação profilática e preventiva, direcionada para evitar o surgimento de problemas nos organismos político-sociais. Nesse sentido as novas políticas sugeridas por Myrdal contrastavam fortemente com as antigas políticas de "remediar a pobreza", sendo destinadas e evitar o surgimento de bolsões de pobreza e a criar maiores riquezas. Myrdal, retornando dos Estados Unidos, onde tornou-se um admirador do New Deal, escreveu um artigo intitulado Qual é o custo da Reforma Social, onde desenvolvia sua argumentação e atacava os críticos das despesas sociais, da (antiga) escola de Estocolmo.[3]

Contra as recomendações dos que pregavam uma "maior economia orçamentária" para sair da Grande Depressão, Myrdal argumentava que as políticas sociais não eram meramente uma questão de redistribuição de renda, mas eram uma questão vital para o próprio desenvolvimento econômico e tinham como objetivo principal o aumento do PIB. Estes conceitos de Myrdal sustentaram a defesa retórica de um Estado de bem-estar social que se expandiu, contra o desejo dos liberais e fundamentalistas de livre mercado, que viam as políticas sociais como "custos" e não com "investimentos" (Myrdal, 1932b; Jonung, 1991). A Social-Democracia sueca era totalmente orientada para uma maior eficiência dos mercados e via nas políticas sociais um meio de obter não só a segurança social dos

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indivíduos, mas sobretudo a organização eficiente da produção (Stephens, 1979; Ryner, 2002).[3] Evolução

Hoje em dia existe na Europa, no mundo ocidental, o Estado Providência, resultado da segunda metade da II Guerra Mundial, mas filho directo da crise de 1929 (Grande Depressão). O Welfare State teve a origem no pensamento keynesiano e surgiu como resposta para o que se vivia na Europa. É um sistema em crise nos dias de hoje, mas que pautou toda a segunda metade do século XX.

Entre os seus objectivos há dois essenciais: a garantia do bom funcionamento do mercado segundo o pensamento de Adam Smith e a defesa dos direitos dos cidadãos na saúde, educação e alimentação. Uma das ideias fundamentais deste pensamento é a igualdade de oportunidades. Ao longo do tempo vão-se desenvolver políticas públicas, aumentando o orçamento do Estado para essas áreas. Hoje, na Europa, 40% do PIB vai para políticas sociais. A sua origem vem de Lorenz Von Stein, jurista alemão, que elaborou nos seus ensaios a ideia de que o Estado também deve intervir na economia para corrigir os prejuízos que possam haver para os seus cidadãos. Von Stein alertava para o perigo de uma reforma social que não fossem feitas as reformas necessárias. Esta ideia remonta a meados do século XIX e, no final desse século, outro pensador, Wagner, vai criar a Lei de Wagner onde prevê o aumento da intervenção pública nessas áreas, dizendo que se não houver um aumento de administração não há crescimento econômico. É nos anos 30 que se implementa o Welfare State depois de algumas experiências anteriores.

Analisando a intervenção do Estado na sociedade francesa e inglesa, os politólogos vão definir três fases de implementação do Estado Providência: 1. Experimentação: esta fase coincide com o alargamento do direito de voto e o aparecimento de segurança social, impulsionada por Otto Von Bismarck que vai resultar na política central da Alemanha do pré I Guerra Mundial e depois da própria República de Weimar. 2. Consolidação: o Estado não poderia ficar indiferente àquilo que se passava e, por isso, chega a hora de intervir através da criação de emprego, como se pode ver nas políticas de Franklin Roosevelt 3. Expansão: nos pós-II Guerra Mundial, o Estado de bem-estar social expande-se. O modelo tinha sido bem sucedido na Suécia e seria aplicado de uma forma generalizada. Patrocinava um acordo social em três partes: o proletariado (representado pelos sindicatos), o patronato e o Estado, o mediador. Quando a política não resulta o Estado intervém e tenta resolver a situação para agradar a ambas as partes. Até aos anos 80 o processo produziu os 30 Gloriosos anos de crescimento econômico e estava a ganhar o confronto com o Liberalismo capitalista, modelo em crise após os problemas financeiros de 1973 e pela guerra do Vietname, elemento destabilizador da economia dos EUA. Isso vai levar a que Margaret Thatcher diga que o Estado deixou de ter condições econômicas para sustentar um Estado Providência e vai retirar os vários direitos que os cidadãos tinham adquirido ao longo de várias décadas. Esta crise era um facto inegável e daí vão surgir duas correntes explicativas:

• Explicação liberal: esta teoria defendia que se está a viver uma crise de governabilidade e a razão é o excesso de democracia, de controlo público sobre as empresas e sobre a economia. É a base da política de Cavaco Silva ou Bagão Félix.

• Explicação de Esquerda: há uma sobrecarga do Estado porque existem vários grupos que lutam pelo poder e pelo controlo da economia. Para chegar

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ao Governo, cada grupo promete cada vez mais, despoletando os gastos públicos.

Fonte: www.wikedpedia.org.estado do bem estar social – consultado em 12.01.2010

Resumindo: Microeconomia Parte da economia que se ocupa do estudo dos diferentes agentes

econômicos, entre os quais as empresas e os consumidores. A economia, por sua vez, se define como a ciência que estuda a distribuição de recursos entre as distintas atividades. Em outras palavras, as pessoas têm diversos objetivos, desde a satisfação de necessidades primárias como alimentar-se, vestir-se e proteger-se das intempéries; até as necessidades mais sofisticadas do tipo material, estético e espiritual.

No entanto, os recursos disponíveis para alcançar estes objetivos estão limitados pela disponibilidade dos fatores de produção (trabalho, capital e matérias-primas). A microeconomia consiste no estudo da forma como se alocam estes recursos para satisfazer a objetivos diferentes. Diferencia-se da macroeconomia no sentido de que esta se ocupa de estudar até que ponto os recursos disponíveis estão sendo plenamente utilizados, como crescem com o tempo e outros temas relacionados com estes.

Os conceitos básicos da economia são aqueles que se utilizam para descrever: 1) a forma como os indivíduos ou as famílias (economias domésticas) determinam sua procura de bens e serviços; 2) a forma como as empresas decidem o que e quantos bens e serviços produzirão e com que combinação de fatores de produção; 3) a forma como os mercados relacionam a oferta e a procura.

Esses três componentes podem ser sintetizados em demanda, oferta e equilíbrio do mercado. Entre as sub-áreas mais importantes cabe destacar a economia do bem-estar e as finanças públicas.

Não se pode deixar de dizer que a microeconomia constitui a base de qualquer ramo da economia. Por exemplo, para analisar o efeito de um imposto sobre as finanças públicas utiliza-se o modelo microeconômico para mostrar como tal imposto influencia a oferta, a demanda e os preços e, portanto, quanto se poderá lucrar graças a esse imposto ou como ele afetará a oferta de fatores de produção.

QUESTÕES PARA REVISÃO

1. O estabelecimento comercial pode ser considerado sob duas óticas: a econômica

e a jurídica. Explique cada uma delas. 2. Qual o principal campo de atuação da Teoria Microeconômica? 3. Como se divide o estudo microeconômico? 4. Como analisas o Estado do Bem Estar Social no século 21? 5. Você acha que o Brasil tem um estado do bem estar social? 6. O que aborda a teoria da firma? O que são firmas em economia? 7. O que aborda a teria do equilíbrio geral?

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PARTE IV

4 O MERCADO, COMPETIÇÃO E PREÇOS

Mercado é o encontro entre vendedores e compradores. Um mercado pode estar em qualquer lugar, na esquina de uma rua ou no outro lado do mundo, ou bem perto como o telefone ou os classificados do jornal. Não precisa ser um lugar fixo. Nele estão presentes os fundamentos da procura e da oferta, que representam os interesses de consumidores e produtores (ou vendedores). 4.1. DEMANDA DE MERCADO

A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado período tempo.

A procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São elas: preço do bem ou serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor e ou, gosto ou preferência do indivíduo. Para estudar-se a influência dessas variáveis utiliza-se a hipótese do coeteris paribus (a quantidade demandada ou ofertada varia apenas em função de alterações de preço), ou seja, considera-se cada uma dessas variáveis afetando separadamente as decisões do consumidor.

A relação quantidade/preço procurada pode ser representada por uma escala de procura, conforme a apresentada a seguir:

Alternativa de preço ($) Quantidade demandada

1,00 3,00 6,00 8,00 10,00

12.000 8.000 4.000 3.000 2.000

Outra forma de apresentar essas diversas alternativas seria através da curva

de procura. Para tanto, traçamos um gráfico com dois eixos, colocando no eixo vertical os vários preços P, e no horizontal as quantidades demandadas Q. Assim:

Os economistas supõem que a curva ou a escala de procura revela as

preferências dos consumidores, sob a hipótese de que estão maximizando sua utilidade, ou grau de satisfação no consumo daquele produto. Ou seja, subjacente à

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curva há toda uma teoria de valor, que envolve como vimos os fundamentos psicológicos do consumidor.

A curva de procura inclina-se de cima para baixo, no sentido da esquerda para a direita, refletindo o fato de que a quantidade procurada de determinado produto varia inversamente com relação a seu preço, coeteris paribus.

4.1.1. Outras Variáveis que afetam a demanda de um bem

Efetivamente, a procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por seu preço. Existe uma série de outras variáveis que afetam a procura. Para a maioria dos produtos, a procura será afetada também pela renda dos consumidores, pelo preço dos bens substitutos (ou concorrentes), pelo preço dos bens complementares e pelas preferências e hábitos dos consumidores. Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto também, temos um bem normal. Existe também uma classe de bens que são chamados de bens inferiores, cuja demanda varia em sentido inverso às variáveis da renda; por exemplo, se o consumidor ficar mais rico, diminuirá o consumo de carne de segunda e aumentará o consumo de carne de primeira. Temos ainda o caso de bens de consumo saciado, quando a demanda de bem não é influenciada pela renda dos consumidores (arroz, farinha, sal etc.). A demanda de um bem ou serviço também pode ser influenciada pelos preços de outros bens e serviços. Quando há uma relação direta de preço de um bem e quantidade de outro, coeteris paribus, eles são chamados de bens substitutos ou concorrentes, ou ainda sucedâneos. Por exemplo, um aumento no consumo no preço da carne deve elevar a demanda de peixe, tudo o mais constante. Quando há relação inversa entre o preço de um bem e a demanda de outro, eles são chamados de bens complementares (quantidade de automóveis e preço da gasolina, quantidade de camisas sociais e preço das gravatas etc.). Finalmente, a demanda de um bem ou serviço também sofre a influência dos hábitos e preferências dos consumidores. Os gastos em publicidade e propaganda objetivam aumentar a procura de bens e serviços influenciando suas preferências e hábitos. Além das variáveis anteriores, que se aplicam ao estudo da procura pela maior parte dos bens, alguns produtos são afetados por fatores mais específicos, como efeitos sazonais e localização do consumidor, ou fatores mais gerais, como condições de crédito, perspectivas da economia, congelamentos ou tabelamentos de preços e salário etc. Sob a ótica da demanda, alterações no gosto ou preferência dos consumidores, na renda da população, nos preços de outros bens e nas expectativas sobre o futuro podem influenciar significativamente as quantidades demandadas pela sociedade, mantendo os demais fatores constantes:

- Aumento no consumo de sucos naturais faz com que diminua a quantidade demandada de refrigerantes;

- Elevação na renda de uma comunidade determinará maior demanda por bens de consumo duráveis.

4.2. OFERTA DE MERCADO

Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo.

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Quanto mais alto é o preço de mercado, maiores quantidades os vendedores estarão dispostos a oferecer. Quanto mais baixo é o preço, menores quantidades os vendedores estarão dispostos a oferecer. É a lei da oferta: as quantidades ofertadas variam diretamente com os preços.

Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários fatores; dentre eles, de seu próprio preço, dos preços de produtos substitutos, das preferências do empresário, do mercado e da tecnologia.

Diferentemente da função demanda, a função oferta mostra uma correlação direta entre a quantidade ofertada e nível de preços, coeteris paribus. É chamada Lei Geral da Oferta.

Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma série de preços, quais seriam as quantidades ofertadas a cada preço:

Preço ($) Quantidade ofertada

1,00 3,00 6,00 8,00 10,00

1.000 5.000 9.000 11.000 13.000

Essa escala pode ser expressa graficamente como a seguir:

A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem deve-se ao fato de que, coeteris paribus, um aumento do preço no mercado estimula as empresas a produzirem mais, aumentando sua receita. Outra forma de leitura: os custos de produção aumentarão, e a empresa deverá elevar seus preços para continuar produzindo o mesmo que antes.

Além do preço do bem, a oferta de um bem ou serviço é afetada por diversas causas. Aperfeiçoamento das técnicas produtivas, redução dos custos de produção, condições climáticas favoráveis ou concessão de subsídios ao produto, certamente aumentarão as quantidades ofertadas, mesmo mantendo-se estável o preço. Por outro lado, fatores como condições climáticas desfavoráveis ou aumento dos impostos sobre o produto provocarão diminuição nas quantidades ofertadas.

Parece claro que a relação entre a oferta e o custo dos fatores de produção seja inversamente proporcional. Por exemplo, um aumento dos salários ou do custo das matérias-primas deve provocar coeteris paribus, uma retração da oferta do produto.

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A relação entre a oferta e uma melhoria tecnológica é diretamente proporcional, o mesmo ocorrendo com uma variação no número de empresas ofertantes no setor.

4.3. DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE EQUILÍBRIO

O objetivo deste capítulo é demonstrar o funcionamento do mercado num sistema econômico. Para determinar este funcionamento, devemos, antes, compreender o significado da palavra mercado e quais as suas funções.

O mercado, num sistema econômico, é formado pelas pessoas que querem comprar e pelas que querem vender bens e serviços, ou seja, os consumidores e os empresários. Naturalmente, não nos referimos apenas à presença física de consumidores e produtores, mas sim às suas intenções de compra e venda que estão representadas nas curvas de demanda e de oferta, respectivamente. Assim, o mercado pode ser definido como o encontro da oferta com a demanda por bens e serviços em uma economia. O resultado desse encontro é a determinação do preço a que cada bem ou serviço será negociado, assim como as quantidades transacionadas. Vejamos como isso ocorre.

Conforme estudamos, as curvas de oferta e procura expressam uma relação entre preços e quantidades. Entretanto, essa relação não é efetiva e sim potencial, pois tanto produtores como consumidores estão apenas expressando as quantidades dos bens que ofertariam ou consumiriam a determinados preços. Portanto, com a análise isolada das curvas de oferta e demanda, não é possível determinar a quantidade em que cada bem será comprado e vendido, nem a que preço será negociado.

Para se determinar esse preço e essa quantidade, o mercado deve estar em equilíbrio. Em outras palavras, deve ser encontrado um preço pelo qual os empresários e consumidores realizem seus negócios, isto é, vendam e comprem uma certa quantidade de bens ou de serviços. Esse preço é chamado preço de equilíbrio.

A figura a seguir representa o mercado de um determinado bem X, com sua oferta e demanda representada pelas letras O e D, respectivamente. No eixo vertical, representamos o preço de X (pk) e no horizontal, a quantidade (Q,).

Ao preço de R$ 4,00, os consumidores estariam dispostos a comprar apenas

10 unidades de X (ponto A), enquanto os produtores oferecem 25 unidades de X (ponto B). Certamente, esse não é o preço de equilíbrio, pois a oferta é maior do que a demanda. Por outro lado, se o preço fosse R$ 2,04, a oferta seria de 10 unidades (ponto C), e a demanda, de 25 unidades (ponto D), o que também não determinaria o preço de equilíbrio.

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Por definição, o preço de equilíbrio é aquele que torna iguais a oferta e a demanda. Observando o gráfico, verificamos facilmente que esse preço é R$ 3,00 e que nele (ponto E) a oferta e a demanda de X são iguais a 18 unidades. Quando isso acontece, a oferta e a demanda são iguais a um determinado preço e dizemos, então, que o mercado está em equilíbrio.

Efetivamente, esse é o mecanismo que determina os preços dos bens e serviços numa economia capitalista, ou economia de mercado. O preço que pagamos por um maço de cigarros, por um par de sapatos ou por um quilo de feijão é determinado pelo mercado, pela oferta e procura de cada um desses bens. QUESTÕES PARA REVISÃO 1. Conceitue Mercado e quais são os critérios adotados para a sua classificação? 2. Defina preço de equilíbrio. 3. Cite as principais diferenças entre monopólio e oligopólio. 4. O que é o CADE? Como ele atua? 5. Conceitue oferta e aponte os fatores que influenciam o comportamento dos

ofertantes no mercado. 6. Conceitue demanda e aponte os fatores que influenciam os demandantes no

mercado. 7. Por que os empresários usam a propaganda? 8. Quais são os regimes de mercado em que a propaganda é mais eficiente? Por

quê?

4.3.1 Oferta, Demanda e Equilíbrio em um Mercado Competitivo

Em primeiro lugar, é necessário caracterizar o que é um mercado competitivo. Para ser considerado competitivo (ou perfeito), um determinado mercado (o de ameixas, por exemplo) deve apresentar as seguintes características. Deve existir um grande número de compradores e vendedores, de modo que nenhum deles, individualmente, pode influenciar o preço ao decidir comprar ou vender um produto. É lógico que esse raciocínio não vale caso um grande número de participantes do mercado tome essa decisão conjuntamente. Além disso, estamos falando de um mercado cujo produto é homogêneo (sem diferenciação). Nesse caso, o produto de uma firma é, essencialmente, um substituto perfeito do produto de outra firma. Se há diferenciação entre os produtos, não estamos falando de um mercado de concorrência perfeita (como será visto mais tarde).

Adicionalmente, não há barreiras à entrada de novas firmas nesse mercado (mobilidade de recursos e produtos), de tal forma que novos concorrentes podem entrar no mercado e os recursos podem ser facilmente transferidos para usos mais eficientes. Por fim, supõe-se que há perfeita informação nesse mercado. Ou seja, demandantes e ofertantes detém perfeito conhecimento das informações necessárias sobre preços, processos de produção etc. Isso garante que consumidores não paguem um preço mais alto do que o de equilíbrio de mercado e nem empresas vendam a um preço mais baixo.

Percebam que pelo tamanho das hipóteses, não é fácil encontrar em nosso cotidiano um mercado que atenda simultaneamente a todos esses requisitos. Questões subjetivas como atendimento ou preferência por uma determinada marca podem resultar em diferenciações que afetam as decisões dos consumidores, ainda

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que, objetivamente, estejamos falando de um mesmo produto. Esse pode ser o caso de um produto financeiro como um seguro de automóvel.

Mercados competitivos, então, podem ser vistos como uma situação ideal que, em geral, tornam as análises econômicas mais simples, visto que, nesse caso, os agentes (empresas e consumidores) consideram os preços dos bens e serviços como dados (não são afetados por suas decisões individuais). Como veremos mais tarde, quando algumas dessas condições não são verificadas, observamos outras estruturas de mercado (monopólio, oligopólio, entre outras) e as decisões de empresas e consumidores tornam-se um pouco mais complexas.

Tendo em mente as características de um mercado competitivo, estamos agora em condições de analisar a formação do preço de equilíbrio (ou equilíbrio de mercado). O equilíbrio no mercado se origina da interação entre oferta e demanda. Dessa ação conjunta resultará um determinado preço, chamado de preço de equilíbrio, ao qual corresponderá uma igualdade entre as quantidades ofertada e demandada (Gráfico 9). Há uma coincidência de desejos. Assim, ao preço de equilíbrio, à quantidade de um bem desejada pelos consumidores corresponderá uma quantidade ofertada pelas empresas. De outro modo, o preço de equilíbrio garante que cada comprador disposto a pagar aquele preço encontre um vendedor disposto a vender ao mesmo preço. Percebam que esse fato talvez não fosse possível caso os agentes não possuíssem perfeita informação sobre o mercado.

Reforçando o conceito: em um mercado competitivo, quem determina o preço de equilíbrio são as condições de oferta e demanda. Todos os vendedores recebem o mesmo preço pela venda do produto (denominado preço de mercado). Os compradores não irão adquirir um produto mais caro, sabendo que poderão adquiri-lo a um preço menor. Por seu lado, os vendedores não venderão mais barato, sabendo que poderão vendê-lo a um preço maior. Dessa forma, uma vez alcançado o preço de equilíbrio, há uma tendência natural de que esse preço não se altere, pois não existem motivos para isso. A não ser que ocorram mudanças nas condições de oferta e/ou demanda (deslocamentos das curvas).

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Mas como se daria essa “tendência natural” dos preços se movimentarem ao ponto de equilíbrio?

Suponha a situação representada no gráfico dez em que, ao preço P0, os desejos das empresas em ofertar produtos (QO0) superam os desejos dos consumidores em adquiri-los (QD0). Nesse ponto, não há coincidência de desejos e, portanto, P0 não pode ser um preço de equilíbrio (o mercado não está em equilíbrio). Tecnicamente, há um excesso de oferta de produto (a distância entre os pontos A e B no gráfico). Em tal situação, as forças de mercado (oferta e demanda) agirão para reconduzir esse mercado ao ponto de equilíbrio. Os vendedores perceberão que não conseguem vender tudo que desejam e caso produzam essa quantidade, seus estoques aumentarão. Assim, como há perfeita informação, os consumidores percebem o excesso de oferta (diferença entre QO0 e QD0) e passam a negociar o preço, motivo pelo qual as empresas oferecem o produto a um preço menor.

Esse menor preço resultará em incentivos distintos para consumidores e produtores. Os primeiros desejarão mais produtos e os últimos não serão incentivados a produzir a mesma quantidade de antes (setas indicativas ao longo das curvas). Esse movimento de redução nos preços e na quantidade produzida e de elevação no desejo dos consumidores em adquirir o bem acontecerá até que oferta e demanda se igualem novamente. Isso acontecerá quando o preço alcançar PE no gráfico dez. Portanto, em mercados competitivos, o preço de um bem sempre cai quando há um excesso de oferta (deslocamento do preço de P0 para PE).

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Situação inversa ocorre quando o preço está abaixo do nível de equilíbrio (ponto P0 do gráfico 11). Nesse caso, os consumidores são incapazes de comprar tudo que desejam (excesso de demanda) ao preço existente e se dispõem a pagar mais. Os vendedores, observando a escassez, percebem que podem elevar os preços sem reduzir as vendas. E não só isso. São também incentivados a produzir mais. Desse modo, o movimento de elevação dos preços conduzirá a uma elevação da oferta e a uma redução do desejo dos compradores em adquirir o bem (conforme as setas indicativas ao longo das curvas). Esse movimento continuará até que o preço de equilíbrio (PE) seja alcançado.

Retomando o exemplo da Coca-Cola (Gráfico 12): a mudança da tecnologia gerou queda no preço e um aumento na quantidade de Coca-Cola negociada no mercado. Houve um deslocamento da oferta da esquerda (O1) para a direita (O2). Como a demanda pelo produto é negativamente inclinada (diminuições do preço geram aumento da quantidade demandada) e como houve aumento na produtividade, a Coca-Cola pôde diminuir seu preço de P1 para P2, gerando um novo equilíbrio de mercado com maiores quantidades negociadas (aumento de Q1 para Q2). O resultado foi uma melhoria para consumidores e produtores. Estes pela obtenção de maiores lucros e aqueles por comprarem mais a preços menores.

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► Custos e decisões de produção

Nas considerações sobre mercado, estabelecemos as decisões das empresas em termos do preço de mercado dos produtos. Estava implícito na análise da curva de oferta que o desejo de produzir mais quando o preço aumentava ocorria porque o custo unitário do produto (ou custo médio) se mantinha constante. Entretanto isso não é verdade sempre e, desse modo, um preço maior não necessariamente levará a uma maior produção. Nossa tarefa agora será olhar mais de perto o comportamento dos custos e como eles afetam as decisões das empresas em produzir ou mesmo encerrar suas operações.

Para iniciar a discussão, pense em uma empresa cujo preço de mercado está tão baixo que a receita total (preço multiplicado pela quantidade) é inferior ao custo total. A pergunta que deve se fazer a essa empresa e se ela deve continuar a operar, mesmo com prejuízo, ou deve fechar as portas. À primeira vista essa parece uma pergunta não muito inteligente. Afinal de contas, por que uma empresa que opera com prejuízo deveria continuar produzindo?

Antes de respondermos à questão acima, é importante estabelecermos alguns conceitos sobre custos, visto que a tomada de decisões econômicas é, em grande parte, um processo de comparar custos e benefícios: ■ Custo fixo (CF) – não dependem da quantidade produzida. ■ Custo variável (CV) – como as quantidades produzidas variam diretamente com o uso dos insumos produtivos (fatores de produção), tais custos se alteram proporcionalmente à produção. No limite, quando a produção é zero, ao contrário do custo fixo, o custo variável deveria ser nulo. ■ Custo total (CT) – soma do CF e CV. ■ Custo médio (Cme) – custo total dividido pela quantidade produzida.

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■ Custo variável médio (Cvm) – custo variável dividido pela quantidade produzida. ■ Custo marginal (Cmg) – custo de uma unidade adicional de produto. Como o custo fixo não muda com a produção, pode-se dizer que o custo marginal é o acréscimo do custo variável necessário para se produzir uma unidade a mais de produto. Ilustrando os conceitos

Imagine uma pequena fábrica (Compre Bem) que produza calças. Para o empresário produzir calças, ele aluga uma máquina ou faz um leasing pagando R$20,00 por semana. Esse será o custo da máquina independente da intensidade de seu uso (custo fixo). A máquina é operada apenas por um trabalhador, cujo salário-hora é de R$1,00 durante a semana. A máquina operada pelo trabalhador produz uma calça por hora. Assumindo que a empresa contratou o trabalhador durante cinco dias da semana trabalhando oito horas por dia, o produto corrente será de 40 calças semanais e os custos, também por semana, serão os especificados no quadro dois:

Para entendermos a importância desses conceitos, bem como a sua aplicabilidade para a tomada de decisão correta da empresa, suponha que a fábrica Compre Bem receba uma encomenda de 41 calças semanais ao preço de R$ 1,80 cada. Para produzir a calça adicional, além das 40 costumeiras, a empresa está pensando na possibilidade de solicitar ao seu funcionário que faça hora-extra. No entanto, pela legislação vigente, a hora de trabalho adicional custaria à empresa R$ 2,00. Deveria a fábrica aceitar a encomenda em sua totalidade?

A produção da fábrica está em 40 peças semanais e o custo médio é dado por R$1,50, o que significa que a empresa está obtendo lucros. Se aumentasse a sua produção para 41 unidades olhando apenas o custo médio (que agora seria de R$ 1,51), o empresário estaria tomando a decisão errada. Isso porque o que é relevante para decisões na margem (produção adicional) é o custo marginal, não o médio.

Como o custo marginal para se produzir mais uma unidade (além das 40) é de R$ 2,00, contratar a hora adicional de trabalho reduzirá o lucro. Isso porque a receita adicional de vender mais uma calça (receita marginal) é menor do que o custo adicional (marginal) incorrido pela empresa para produzir essa unidade. Em outros termos, o lucro adicional (ou marginal) é negativo (Quadro 3).

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O lucro marginal (acréscimo do lucro decorrente da produção adicional de uma unidade) é igual à diferença entre a receita marginal e o custo marginal. Portanto, o custo marginal deve ser o indicador para a empresa decidir se vale a pena produzir unidades adicionais de produto.

Agora, suponha que devido à concorrência de produtos chineses, o preço de mercado das calças no Brasil caia para R$1,30. Aqui, voltamos à pergunta feita no início da discussão sobre custos: deveria a fábrica Compre Bem encerrar as atividades? À primeira vista, a resposta é positiva, visto que produzindo as 40 calças semanais ela estaria trabalhando com prejuízo: receita total de R$ 52,00 e custo total de R$ 60,00.

O prejuízo advém do fato de que a receita total não está cobrindo o custo total ou, em outros termos, o custo médio supera a receita média (receita total dividida pela quantidade). Apesar disso, se a receita total estiver cobrindo o custo variável, embora não suficiente para cobrir também o custo fixo, a Compre Bem deveria continuar a operar, pois, enquanto não puder eliminar o custo fixo, o prejuízo será menor do que se ela encerrar as atividades. Façamos os cálculos.

Portanto, é sensato que a empresa continue suas operações, pois pelo

menos uma parte do custo fixo está sendo recuperado. De toda a discussão, no curto prazo, enquanto os custos fixos não podem ser eliminados, o custo variável médio em comparação ao preço deve ser a variável de decisão entre continuar operando ou não.

► Custo de oportunidade e custo afundado

Já vimos, no início desta apostila, o que significa custo de oportunidade – o benefício perdido pelo fato de se aplicar o recurso em uso alternativo. Assim, os custos de oportunidade devem ser levados em consideração na tomada de decisões econômicas. Entretanto, existe um outro custo, que se assemelha aos custos fixos, que não deveriam ser levados em conta nas tomadas de decisões econômicas. Eles são chamados de custos afundados.

Em geral, ele é definido como um determinado investimento que não apresenta nenhum uso alternativo, ou seja, é um ativo sem custo de oportunidade. Suponha que você seja recém-formado em economia e esteja avaliando a possibilidade de pedir demissão do seu emprego para abrir uma consultoria. No seu

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cálculo, os custos fixos e variáveis envolvidos no funcionamento do seu escritório, bem como o custo de oportunidade de deixar de receber o salário do emprego devem ser levados em consideração. No entanto, as despesas efetuadas durante a sua formação (livros, mensalidade escolar etc.) não deveriam ser ponderadas em sua decisão, pois representam custos afundados.

Portanto, as decisões econômicas devem ser baseadas em custos econômicos (que incluem os custos de oportunidade) e não nos dispêndios já realizados, pois, muitas vezes, tais dispêndios incluem os custos afundados.

ELASTICIDADE

Elasticidade-preço da demanda

Sabemos que mudanças nos preços dos bens, ceteres paribus, provocam alterações nas quantidades demandadas. Uma questão prática e de interesse é o grau em que a quantidade demandada responde a uma variação nos preços. Essa é uma consideração importante, pois, de um lado, afeta as despesas do consumidor e, de outro, a receita dos produtores. O conceito de elasticidade- preço da demanda permite determinar o quanto a quantidade demandada depende (ou responde) dos preços, sem que nos preocupemos com as unidades de medida do bem produzido.

Um exemplo pode ajudar a entender esse ponto. Imagine duas curvas de demanda de bens diferentes que mostrem o seguinte: uma variação de R$ 5,00 nos preços provoca uma alteração de 80 unidades na demanda para ambos os bens. Você seria capaz de dizer, com a informação acima, qual dos dois bens é mais sensível aos preços? Certamente que não. Imagine que os bens em questão sejam TV’s de LCD e feijão. O aumento de R$ 5,00 no preço da TV de LCD representa muito pouco em relação ao preço total do bem. Contudo, foi suficiente para alterar a quantidade demandada o que nos permite afirmar que a demanda por TV de LCD é relativamente sensível a alterações nos preços. Já para o feijão não se pode dizer que a alteração na quantidade evidencie uma alta sensibilidade da sua demanda em relação ao preço, uma vez que a variação de R$ 5,00 é bastante significativa em relação ao preço corrente do feijão. Por isso precisamos de uma medida diferente para mensurar a sensibilidade da demanda a alterações nos preços.

A forma utilizada em economia para medir essa sensibilidade é a elasticidade-preço da demanda, na qual se relaciona a variação percentual da quantidade demandada com a variação percentual nos preços. O resultado dessa conta nos indicará quantos pontos percentuais a demanda pelo bem “x” varia quando observamos uma alteração de 1% no seu preço e pode ser representada pela seguinte fórmula:

Onde:

E

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Como a relação entre preço e quantidade demandada é inversa (negativa), o valor encontrado para a elasticidade-preço da demanda será sempre negativo. No entanto, é mais usual representá-la em termos absolutos, porque já está implícito que o sinal é negativo. Observem que o conceito de elasticidade fornece um número “puro”, pois não depende da unidade de medida utilizada, já que se refere a uma razão entre duas percentagens, de modo que é indiferente a unidade de medida da quantidade demanda estar em quilos ou unidades. Essa característica nos permite comparar a sensibilidade de resposta da demanda a variações nos preços de produtos e setores diferentes (automóveis, celulares, feijão etc.).

Em valor absoluto, a elasticidade varia entre zero e infinito. Assim, precisamos definir alguns conceitos adicionais para dizer se determinado bem é pouco ou muito sensível às variações nos preços.

Dizemos que a demanda por um bem é preço-elástica se a variação de 1% nos preços causar uma variação percentual maior do que 1% na quantidade demandada (ed>1). Por outro lado, uma demanda preço-inelástica ocorre quando diante de uma variação de 1% nos preços, a variação na quantidade demandada é menor do que 1% (ed<1). Por fim, a demanda possui uma elasticidade-preço igual à unidade (elasticidade unitária) quando as variações percentuais no preço e na quantidade ocorrem na mesma proporção.

Antes de prosseguirmos, vale uma ressalva sobre o conceito de elasticidade. Tecnicamente falando, elasticidade se refere a um ponto na curva de demanda (é um conceito pontual) e não à curva de demanda como um todo, de modo que não é rigorosamente correto afirmar, como fizemos acima, a não ser em casos especiais (não tratados aqui), que a demanda é elástica ou inelástica (Pinho e Vasconcellos, 2006).

Um exemplo nos ajudará a entender esse ponto. Suponha que os valores apresentados no quadro quatro representem combinações de preço e quantidades da uma curva de demanda por ameixas.

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De acordo com esses dados, a curva de demanda por ameixas é a constante do gráfico 13.

Calculemos então a elasticidade-preço da demanda para um aumento do

preço a partir do ponto B para o ponto C e do ponto I ao ponto J. No primeiro caso, utilizando a fórmula, a elasticidade seria:

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Portanto, no ponto B, a elevação de 1,0% nos preços provoca uma redução de aproximadamente 0,111% na demanda, sugerindo uma demanda inelástica ao preço. Já para o ponto I, teríamos:

Esse resultado sugere que no ponto I a demanda seja elástica ao preço. Como mostrado nos cálculos acima, a elasticidade-preço varia ao longo da

curva de demanda, de modo que podemos observar, na mesma curva, regiões em que a demanda é elástica ao preço e regiões em que ela é inelástica.

Vejamos um outro exemplo para nos ajudar a fixar o conceito. Suponha que uma situação de equilíbrio seja modificada por um aumento da oferta, como mostrada nos gráficos 14 “a” e 14 “b”. Em ambos os casos, as curvas de oferta são as mesmas, assim como o preço e a quantidade inicial de equilíbrio, mas as curvas de demanda são distintas. Na situação expressa pelo gráfico 14 “a”, a partir do equilíbrio inicial, há um grande aumento na quantidade demandada e pequena variação no preço. Já no gráfico 14 “b”, ocorre o contrário. Então, poderíamos ser tentados a dizer que a demanda do primeiro gráfico é elástica ao preço e, do segundo, inelástica.

Mas, como realçado anteriormente, essa seria uma afirmação equivocada,

visto que elasticidade é um conceito pontual e, ao longo da mesma curva de demanda, podemos encontrar situações de elasticidades maiores e menores do que a unidade. Portanto, o correto, no caso de curvas, é uma afirmação relativa: a demanda representada no gráfico 14 “a” é mais elástica do que a representada no gráfico 14 “b”. E não que a primeira é elástica e a segunda inelástica.

Receita total das empresas e elasticidade-preço da demanda

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Conhecer a magnitude da elasticidade-preço da demanda em determinado ponto da curva de demanda é importante, pois a partir dela podemos inferir se um aumento de preços elevará ou reduzirá a receita total do vendedor.

A receita total de uma empresa é igual à quantidade vendida multiplicada pelo preço da mercadoria. Sendo assim, como uma elevação nos preços reduz a quantidade demandada, qual deve ser o efeito líquido dessa mudança nos preços?

A elasticidade-preço da demanda se encarrega de nos responder essa questão: ■ se a demanda por um bem é preço-elástica, um aumento de preço reduz a receita total; se há uma queda de preço, a receita total aumenta. Isso acontece no caso de uma demanda preço-elástico, pois a variação na quantidade mais do que compensa a variação nos preços; ■ se a demanda de um bem é preço-inelástica (elasticidade menor que 1), um preço mais alto aumenta a receita e uma queda de preço reduz a receita total; e ■ se a demanda por um bem tem elasticidade unitária, o aumento de preço não muda a receita total visto que as variações no preço e na quantidade se compensam.

Considere o seguinte exemplo sobre a venda de anúncios veiculados em uma revista especializada em mercado financeiro. No período 1, foram vendidos oito anúncios no valor de R$ 7 mil cada. Portanto, a receita publicitária no período 1 corresponde a R$ 56 mil. Suponha que houve um reajuste no período 2 e o preço do anúncio passou a valer R$ 9 mil. Com o novo preço, a revista conquistou apenas cinco anunciantes. Desse modo, a receita publicitária passou de R$ 56 mil para R$ 45 mil. Calculando a elasticidade-preço da demanda:

Como na combinação de preço e quantidade do exemplo (um ponto específico da curva) a demanda é preço-elástica (elasticidade maior que 1), um aumento de preço contribui para a redução da receita total.

A redução da receita ocorre porque o aumento do preço gera dois efeitos: ■ efeito preço - o aumento de preço tende a aumentar a receita; ■ efeito quantidade - o aumento do preço gera a redução da quantidade demandada (lei da demanda), o que tende a diminuir a receita.

Considerando o exemplo, pode-se afirmar que o efeito quantidade foi superior ao efeito preço.

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Os exemplos acima nos mostraram a importância da elasticidade para a determinação da receita das empresas diante de uma alteração nos preços. Então, torna-se relevante relacionar alguns elementos que nos ajudem a entender porque determinados bens possuem uma elasticidade-preço maior do que outros.

Como diversos fatores afetam a demanda, não é fácil precisar o que efetivamente determina a elasticidade-preço da demanda. Contudo, com base na experiência, é possível relacionar algumas regras relativas aos fatores que a influenciam: ■ necessidades versus supérfluos - os bens necessários tendem a serem menos elásticos ao preço. A demanda por um remédio de uso contínuo tende a ser menos elástica ao preço do que a demanda por sorvetes; ■ disponibilidades de substitutos próximos - bens que dispõem de substitutos próximos tendem a ter uma demanda mais elástica; ■horizonte temporal – em geral, a demanda é mais elástica ao preço quanto maior o horizonte temporal em consideração. Isso ocorre porque ao longo do tempo podemos adaptar nosso consumo ou pode surgir um maior número de substitutos aos bens, de modo que a demanda tenderá a ser mais sensível a elevações nos preços. A demanda por petróleo é um bom exemplo. É provável que daqui a algumas décadas, com o surgimento de fontes alternativas de energia, a demanda por petróleo se torne muito mais sensível aos preços do que é atualmente.

Uma última nota sobre elasticidade-preço da demanda refere-se a dois casos extremos mostrados nos gráficos 15 “a” e 15 “b”. No primeiro, temos uma situação de total insensibilidade aos preços (demanda perfeitamente inelástica). Já, no segundo, observamos o outro extremo (demanda perfeitamente elástica).

Elasticidade-renda da demanda

É a medida de quanto a demanda por um bem é afetada por mudanças na renda dos consumidores.

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O sinal da elasticidade-renda da demanda depende do tipo de bem envolvido.

Quando envolve bens normais a demanda aumenta diante de um aumento da renda e a elasticidade-renda da demanda é positiva. Por outro lado, quando envolve os chamados bens inferiores, a demanda diminui quando a renda aumenta e a elasticidade-renda da demanda é negativa. Os bens inferiores normalmente são caracterizados por bens de pior qualidade e baixo preço, de modo que quando os consumidores percebem uma elevação de sua renda tendem a substituir o consumo desses bens por outros de melhor qualidade. Podemos citar como exemplo de um bem inferior os refrigerantes não tradicionais (as chamadas tubaínas) ou mesmo carne de segunda.

Em relação aos bens normais (os mais comuns), podem ocorrer duas circunstâncias em relação à elasticidade-renda: ■ elasticidade-renda da demanda é maior que 1: a demanda é elástica em relação

à renda, ou seja, o aumento da demanda é superior ao aumento da renda. Os economistas costumam rotulares os bens com essa característica como bens superiores. Exemplo: artigos de luxo.

■ elasticidade-renda da demanda é inferior a 1: a demanda é inelástica. Nesse caso, em termos proporcionais, a demanda aumenta menos do que o aumento da renda. Exemplo: gêneros de primeira necessidade. Em termos gerais, produtos básicos têm elasticidade-renda baixa e os bens

supérfluos têm elasticidade-renda alta.

Elasticidade-preço da oferta

É a medida de quanto à oferta de um bem é afetada por mudanças no preço dos produtos.

Nos gráficos a seguir (16 “a” e 16 “b”), você encontra os casos extremos de elasticidade-preço da oferta. Os casos intermediários são análogos ao estudado no caso da elasticidade-preço da demanda. No entanto, vale lembrar que, ao contrário da demanda, a elasticidade-preço da oferta é positiva. Isso decorre do fato de que, na curva de oferta, preço e quantidade variam na mesma direção.

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Fatores que determinam a elasticidade-preço da oferta: ■ disponibilidade de insumos - a elasticidade-preço da oferta tende a ser alta

quando não há problema de disponibilidade de insumos e baixa quando os insumos são difíceis de serem obtidos.

■ tempo - a elasticidade-preço da oferta tende a tornar-se maior à medida que os produtores têm mais tempo para responder às mudanças de preço.

4.4 CLASSIFICAÇÃO DOS MERCADOS

Até o momento, estivemos discutindo o mercado considerando a demanda de um consumidor individual e a oferta de um empresário individual, com relação a um determinado bem. Entretanto, o mercado de um bem é constituído pela oferta de todos os produtores desse bem e por todos os consumidores que estão dispostos a comprá-lo. Assim, é o equilíbrio entre a oferta dos empresários e a demanda dos consumidores que estabelece o preço de equilíbrio, ou o preço de mercado, que é a mesma coisa. Nesse sentido, do ponto de vista do empresário, é importante saber exatamente quais são as características do mercado para o seu produto, para que a empresa possa tomar as medidas adequadas ao seu bom desempenho.

Para que se tenha um bom conhecimento dos mercados, eles são classificados de acordo com dois critérios. O primeiro diz respeito à importância da empresa no mercado em que opera e o segundo refere-se ao fato de os produtos vendidos no mercado serem homogêneos ou não. Com base nesses critérios, os mercados foram classificados em quatro tipos: • Concorrência pura ou perfeita;

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• Monopólio puro; • Oligopólio; • Concorrência monopolística.

A concorrência pura ou perfeita é um tipo de mercado que exige um

número bastante grande de empresas vendendo o mesmo produto. Esse produto é idêntico em todas as empresas, tornando impossível a determinação de sua origem pelos consumidores. Quanto aos critérios adotados para a classificação dos mercados, na concorrência pura, cada empresa, tomada individualmente, não é importante em seu mercado, pois ela contribui com tão pouco para a oferta total que a sua saída do mercado não é notada pelas demais empresas ou pelos consumidores. O produto oferecido nesse mercado é homogêneo, já que o bem produzido por uma empresa é exatamente igual ao bem produzido por outra. Quando estão comprando esse produto, os consumidores não são capazes de determinar em que empresa ele foi produzido, mas isso também não é importante para eles.

A concorrência pura é um conceito de mercado que, apesar de largamente empregado na teoria econômica, não é encontrado facilmente no mundo real. O exemplo que mais se aproxima desse tipo de mercado é o dos produtos agrícolas. Com efeito, a laranja é um produto homogêneo, pois quando um consumidor a está comprando na feira, não sabe dizer em que fazenda foi produzida e nem se importa com tal fato. Além disso, há um número bastante grande de fazendas que produzem laranjas e nenhuma delas é importante o bastante dentro do mercado para alterar o preço vigente com a interrupção de sua produção, por exemplo.

O monopólio puro é um tipo extremo de mercado, em que apenas uma empresa vende um produto para o qual não existem bens substitutos. A importância dessa empresa no mercado é absoluta, pois com o encerramento de suas atividades o mercado deixaria de existir, pelo fato de o bem fabricado por ela não mais ser ofertado. O produto ofertado nesse mercado é diferenciado, não homogêneo, há possibilidade de ser substituído por outros satisfatoriamente.

O monopólio puro também é uma situação de mercado dificilmente encontrada no mundo real. Na iniciativa privada, esse tipo de mercado não é encontrado pelo fato de ser impossível para qualquer empresa que esteja operando nesse regime impedir a entrada de outra empresa no mercado ofertando um produto similar ao seu. Os únicos casos de monopólio puro são encontrados no setor público, como o abastecimento de água de uma cidade, que está a cargo do governo estadual ou da prefeitura. Nesse caso, temos realmente um monopólio puro, pois a companhia que oferta a água é a única naquele mercado, ou seja, na cidade, e a água não tem nenhum substituto próximo satisfatório.

O oligopólio é um regime de mercado intermediário entre a concorrência pura e o monopólio puro. No oligopólio, temos um número de produtores pequeno o suficiente para que cada empresa seja importante, de modo que as ações de uma afetam as demais e os preços dos bens por elas produzidos. Além disso, esses bens, apesar de perfeitamente substituíveis entre si, são diferenciados, permitindo que o consumidor saiba exatamente qual empresa produziu determinado produto.

Esse regime de mercado talvez seja o mais comumente encontrado na vida real. Os exemplos que podem ser citados são vários, indo desde bens de consumo duráveis, como os eletrodomésticos em geral e os automóveis, até bens de consumo não-duráveis, como sabão em pó e pasta de dente. O que caracteriza, à primeira vista, um caso concreto de oligopólio é a marca do produto. De fato, as

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geladeiras, por exemplo, são conhecidas pelo consumidor através de suas marcas, que identificam sua origem e a empresa que as produziu. E embora todas as geladeiras prestem o mesmo tipo de serviço e satisfaçam às mesmas necessidades, cada consumidor individualmente prefere esta ou aquela marca. O mesmo acontece com o sabão em pó e os automóveis.

A concorrência monopolística é uma situação de mercado em que há um número suficientemente grande de produtores, de modo que cada produtor individualmente não é importante. Todos eles produzem um mesmo produto, mas na mente dos consumidores cada um deles é diferente dos demais, de acordo com a empresa que o produz. Neste caso temos um elemento da concorrência perfeita, que é o razoável número de empresas produzindo o mesmo bem, de modo que a saída de uma empresa do mercado não tem efeito sobre as demais. Temos, também, uma característica do oligopólio, que é o fato de cada produto ser diferente dos demais - pelo menos na mente do consumidor -, apesar de altamente substituíveis entre si.

Como exemplos de concorrência monopolística, temos as fábricas de roupas da moda, os produtos têxteis e a prestação de serviços em grandes cidades. De fato, um vestido que segue as tendências da moda é produzido por um sem-número de fábricas, mas uma senhora pode preferir o vestido produzido por determinada fábrica. O mesmo ocorre com os serviços nas grandes cidades, como o de encanador, por exemplo. Ele pode ser realizado por um grande número de encanadores, mas uma pessoa com uma pia entupida chamará um profissional que seja de sua confiança. De acordo com a importância da empresa no mercado e a homogeneidade do produto ofertado, os mercados podem ser classificados em:

Características Concorrência

Perfeita Monopólio Oligopólio Concorrência monopolista

1. Quanto ao número?

Muito grande Só há uma empresa.

Pequeno. Grande.

2. Quanto ao produto?

Homogêneo. Não há quaisquer diferenças.

Não há substitutos próximos.

Poder ser homogêneo ou diferenciado.

Diferenciado.

3. Quanto ao controle das empresas sobre os preços.

Não há possibilidades de manobras pelas empresas.

As empresas têm grande poder para manter preços relativamente elevados, sobretudo quando não há intervenções restritivas do governo (leis antitrustes).

Embora dificultado pela interdependência entre as empresas, estas tendem a formar cartéis controlando preços e quotas de produção

Pouca margem de manobra, devido à existência de substitutos próximo.

4. Quanto à concorrência extra-preço.

Não é possível nem sempre eficaz.

A empresa geralmente recorre a campanhas institucionais, para salvaguardar sua imagem.

É intensa, sobretudo quando há diferenciação do produto.

É intensa, exercendo-se através de diferenças físicas, embalagens e prestação de serviços complementares.

5. Quanto às condições de ingresso na

Não há barreiras. Barreiras ao acesso de novas empresas.

Barreiras ao acesso de novas empresas.

Não há barreiras.

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indústria. REFORÇANDO O comportamento de ofertantes e demandantes no mercado não são uniformes. Em decorrência da própria dinâmica da economia capitalista, o poder dos diferentes agentes econômicos é também diferenciado. Veremos a seguir as características básicas dos principais tipos de mercado. CONCORRÊNCIA PERFEITA - Grande número de consumidores e ofertantes, tornando o mercado pulverizado

de tal forma que nenhum comprador ou vendedor tenha condições de influenciar os preços ou o comportamento dos demais agentes;

- Perfeito conhecimento do mercado, a começar pelo preço, por parte dos que o integram;

- Perfeita mobilidade de recursos; - Ausência de entraves ao ingresso de novas empresas; - Homogeneidade de produtos. Exemplos: feira livre, comércio varejista em geral. CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA - Grande número de empresas; - Fracas barreiras ao ingresso e saída do mercado; - Pouca diferenciação dos produtos. Cada concorrente estabelece um produto

único e ligeiramente diferenciado pela marca, embalagem, publicidade. A diferenciação é subjetiva.

Exemplos: calças jeans, pizzarias, franquias, etc. OLIGOPÓLIO - Pequeno número de empresas controla a quase totalidade do mercado; - Forte bloqueio à entrada de concorrentes; - Concorrência pela diferenciação de produtos; - Tendência à concentração de capitais através de fusões; - Tendência à formação de cartéis e à rigidez de preços; Exemplos: indústria automobilística, de vidros, cimento, aço, pneumáticos, química, petroquímica etc. MONOPÓLIO

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- Existência de uma única empresa produtora de bens e serviços para os quais, no curto prazo, não existem substitutos próximos;

- Barreiras legais, tecnológicas e econômicas ao ingresso de concorrentes no mercado;

- Dimensões do mercado estabelecidas pela empresa viam determinação prévia do volume de produção e dos preços desejáveis;

- O lucro total da empresa é máximo para cada nível de produção e preço por ela estabelecido.

Exemplo: correios. MONOPSÔNIO - Uma única empresa compradora de determinado produto; - Preço determinado pelo comprador. Exemplo: setor público na compra de produtos específicos. OLIGOPSÔNIO - Poucas empresas compradoras; - Preço do produto determinado pelos demandantes; - Grande dificuldade de entrada no mercado para novos compradores. Exemplo: indústria automobilística, fábricas de cigarros. O mercado também cria algumas imperfeições que impedem o que se poderia chamar de seu comportamento “natural”. Estas imperfeições estão relacionadas ao poder de mercado e formas de atingi-lo ou mantê-lo. É o caso do truste, dumping e cartel. O truste é o tipo de estrutura em que várias empresas, já detendo a maior parte do mercado, combinam-se ou fundem-se para assegurar esse controle, estabelecendo preços elevados que lhes garantam altas margens de lucro. O dumping se caracteriza pela venda de produtos a preços mais baixos que os custos com a finalidade de eliminar concorrentes e conquistar fatias maiores de mercado. Cartel é um grupo de empresas independentes que formalizam um acordo para sua atuação coordenada, com vistas a interesses comuns. O tipo mais comum de cartel é o de empresas que produzem artigos semelhantes, de forma a constituir um monopólio de mercado. Apesar de manterem a sua independência e individualidade, as empresas participantes do cartel devem respeitar as regras determinadas pelo grupo.

4.5 AÇÃO GOVERNAMENTAL E ABUSOS DE MERCADO

Criado em 1962 (Lei n. 4.137), o Conselho Administrativo de Direito Econômico (CADE) é uma autarquia ligada ao Ministério da justiça, que tem por

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objetivo julgar processos administrativos relativos a abusos do poder econômico, bem como analisar fusões de empresas que podem criar situações de monopólio ou maior domínio de mercado. Quando se prova que a limitação da concorrência não propicia ganhos aos consumidores em termos de menores preços ou produtos tecnologicamente mais avançados, o CADE manda desfazer o negócio entre as partes.

Saiba mais Cartel: grupo de empresas independentes que formalizam um acordo para sua atuação coordenada com vistas a interesses comuns. O tipo mais comum é o de empresas que produzem artigos semelhantes, de forma a constituir um monopólio de mercado. Truste: tipo de estrutura em que várias empresas já detendo a maior parte de um mercado, combinam-se ou fundem-se para assegurar este controle, estabelecendo preços elevados que lhes garantam altas margens de lucro. Os trustes, em muitos países são proibidos por lei, mas de eficiência duvidosa. (SANDRONI, 1994, p. 44 e 357)

QUESTÕES PARA REVISÃO Essas questões serão entregues em sala de aula pelo professor! _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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REFERÊNCIAS

GREMAUD, A. P, et al. Manual de economia. Equipe de professores da USP. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2004, cap. 20. ROSSETI, José Pachoal. Introdução à economia. 17. ed. São Paulo: Atlas, 1997. SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. São Paulo: Record, 2005. SILVA, Adelfhino Teixeira da. Economia e mercados. São Paulo: Atlas, 1992. _____. Iniciação à economia. São Paulo: Atlas, 2000. SOUZA, Nali de Jesus de. Curso de economia. São Paulo: Atlas, 2000. _______. Introdução à economia. São Paulo: Atlas, 1996. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 1998.

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ANEXO I

Questões sobre a Teoria do Consumidor – Vide textos:.......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... Existentes no portal

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ANEXO II

Questões sobre a Teoria da Firma! - Vide textos:.......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... Existentes no portal

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ANEXO III

Lei da utilidade marginal expressa que em uma relação econômica a utilidade marginal decresce à medida que se consome mais uma unidade.[1]

A utilidade total de um bem cresce quando se consome maiores quantidades dele, mas seu incremento da utilidade marginal é cada vez menor. O consumidor tem satisfação com um bem, mas a unidade seguinte já não lhe proporciona tanto prazer como a anterior. O chamado paradoxo da água e do diamante ilustra a importância do conceito de utilidade marginal. Por que a água, mais necessária é tão barata, e o diamante, supérfluo, tem preço tão elevado? Ocorre que a água tem grande utilidade total, mas baixa utilidade marginal (é abundante), enquanto o diamante, por ser escasso, tem grande utilidade marginal.

Conceito de Utilidade Marginal

A expressão "marginal" é muito utilizada em economia e pode ser apresentada como significado acréscimo. Desta forma, utilidade marginal mais não é do que o acréscimo de utilidade que se verifica quando é consumida mais uma unidade do bem.

Enquanto não é atingida a saciedade, a utilidade marginal é sempre positiva, ou seja, existirá sempre algum acréscimo de utilidade quando é consumida mais uma unidade do bem. Contudo, devido à Lei das Utilidades Marginais Decrescentes, este acréscimo de utilidade é cada vez menor. Por exemplo, quando se consome a primeira maçã, é retirada uma determinada utilidade; ao consumir a segunda maçã a utilidade total aumenta, mas o incremento é inferior ao que se verificou com o consumo da primeira maçã; quando se consome a terceira maçã, supondo que ainda não se atingiu a saciedade, a utilidade volta a aumentar, mas o incremento volta a reduzir-se, e assim sucessivamente.

Apresentação de exemplo numérico

Apresentação de um exemplo numérico onde é possível verificar que a utilidade (U) aumenta à medida que é consumida mais uma unidade do bem (Qtd), mas aumenta com acréscimos cada vez menores, isto é, a utilidade marginal é decrescente:

Qtd U Umg

0 0,0 - 1 10,0 10,0 2 17,5 7,5 3 23,1 5,6 4 27,3 4,2 5 30,5 3,2 6 32,9 2,4 7 34,7 1,8 8 36,0 1,3

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Vamos aos conceitos primeiro. Utilidade é a satisfação obtida pelo consumidor ao comprar algo. Marginal é, em economia, acréscimo. Então Utilidade Marginal nada mais é do que o acréscimo da satisfação percebida pelo consumidor quando ele compra mais uma unidade de um produto qualquer. Com exemplo fica mais fácil. Suponhamos que você queira comprar chocolate (imagino que você goste). Você compra 1 chocolate e tem uma certa satisfação com isso. Compra outro e sua satisfação é maior ainda. E outro e outro. Porém, você verifica que o aumento da sua satisfação já não é mais o mesmo que o da primeira vez. Se você ficou extasiada com o primeiro chocolate, no décimo você fica só feliz. Chega um ponto tal que você já não tem mais satisfação com o chocolate adquirido. Imagina 100 barras de chocolate! Pra mim é demais! Isso é o que se chama de Utilidade Marginal. Por definição ela é decrescente (vimos o porquê) chegando a ser negativa a partir de um determinado ponto. Isto posto, vamos ao "se possível" da sua pergunta. Bom. Utilidade já disse o que é agora falta saber mais profundamente como é o seu gráfico. Dê uma olhada nesse gráfico que vai ajudar. http://www.notapositiva.com/dicionario_e… A curva de Utilidade é essa do gráfico. Essa curva é chamada de Isoquanta. (Temos duas curvas de utilidade aí, U1 e U2). Isoquanta é uma curva em que a quantidade é igual ao longo da curva. Isso é simbólico pra gente, pois representa a Utilidade constante ao longo da curva. Nessa curva "Isoquanta" a Utilidade é sempre a mesma. Ou seja, ao longo da curva U1, qualquer combinação de produtos X, Y gera a mesma satisfação no consumidor. Não estou dizendo que qualquer combinação leva à mesma quantidade de X, Y. Exemplificando fica melhor: Imaginemos o nosso chocolate(X) e coloquemos sorvete(Y) do outro lado. Suponhamos que a nossa curva U1 tenha Utilidade 3. Se você comprar 5 barras de chocolate e 5 de sorvete terá a satisfação 3. Ainda de acordo com ela, você pode mudar essa combinação, desde que permaneça na curva, que ainda assim terá a mesma satisfação, mesmo que não seja proporcional. Uma outra combinação de chocolates e sorvetes dentro da a curva resulta em uma mesma satisfação, que pode ser 2 chocolates e 6 sorvetes e a Utilidade ainda assim é 3. É isso que a Isoquanta diz, a utilidade é a mesma, mesmo com combinações diferentes de X, Y. A quantidade de curvas é infinita, e elas vão se afastando da origem à medida que a Utilidade aumenta. Ou seja, a U2 gera uma satisfação maior do que a U1 Uma propriedade interessante é a de que duas isoquantas nunca se cruzam. Isto porque uma combinação específica de X, Y não pode te proporcionar duas satisfações diferentes. É isso que significa Utilidade Marginal e Utilidade. Todas as duas estão na Teoria do Consumidor.

Compreendido?

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Fonte: WIKEPEDIA, bem como outras fontes adaptadas pelo autor.

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ANEXO IV

Exercício – Vivência da Construção de um Modelo Microeconômico, com bases matemáticas!

As teorias econômicas são elaboradas com o recurso a modelos econômicos. Um modelo é uma representação simplificada da realidade que se pretende analisar, que se concentra no que nela é essencial e ignora o que é acessório. Um bom exemplo do que é um modelo é dado pelos mapas. Os mapas são modelos do espaço geográfico que descrevem: o mundo, um continente, um país ou uma povoação. Obviamente que os mapas são representações simplificadas, que não contêm todo o detalhe do espaço a que se reportam. Para conterem todo o detalhe, os mapas teriam que ser feitos à escala de 1:1, caso em que perderiam todo o interesse.

Não é fácil dizer o que deve ser mantido e o que deve ser eliminado de um modelo. Aquilo que é útil numas situações, não é útil noutras. Quando nos deslocamos de carro entre duas povoações, um mapa de estradas cumpre a sua função de nos ajudar a encontrar o melhor caminho, se contiver as estradas com indicação de importância e estado de conservação, alguns pontos de referência, como seja o nome das povoações, e pouco mais. Muitos detalhes sobre a orografia, clima ou tipo de vegetação só serviriam para tornar mais difícil a busca do melhor caminho entre os dois pontos. Contudo, existem mapas que se concentram sobre os detalhes do relevo ou da divisão política de um determinado território. Os detalhes do relevo, por exemplo, são úteis não para encontrar a estrada que melhor nos conduz de um ponto a outro, mas para escolher o percurso por onde há de passar uma nova estrada. Neste caso, o grau de detalhe é muito mais importante e as cartas que servem de base ao desenho de estradas são feitas a uma escala muito maior do que os mapas das estradas.

A história do mercado dos telemóveis que serviu de introdução a este capítulo é útil para ilustrar como diferentes modelos podem ser apropriados para a análise de diferentes aspectos da realidade. Por exemplo, para analisar se é melhor ter um determinado pagamento por cada período de conversação ou ter também uma assinatura mensal, pode ser útil abstrair do facto de os clientes terem diferenças entre si. Porém, para discutir se a empresa deve ter um ou mais planos tarifários, não é possível ignorar as diferenças entre clientes. Para levar a cabo a análise destes dois fenômenos, pode ser útil abstrair do fato de cada empresa não estar sozinha no mercado. No entanto, para analisar a resposta de uma empresa a alterações de preços das outras, não fará sentido ignorar a concorrência, mas pode ser dispensável incluir no modelo todo o detalhe sobre o sistema tarifário. Obviamente que, na prática, sabemos que as empresas têm que dar resposta a alterações de preços das outras, quando cada uma das empresas tem estruturas tarifárias complexas, mas é normalmente muito mais fácil perceber o que está em causa nas decisões se isolarmos um aspecto de cada vez do que se tentarmos analisar todos em simultâneo.

Ou ainda: A teoria microeconômica é um grande conjunto de modelos teóricos neoclássicos, que são baseados no individualismo metodológico e no subjetivismo de valor. Analisa as escolhas dos indivíduos sob restrição de meios para atingir fins praticamente ilimitados e as consequências dessas escolhas para eles mesmos e para os outros indivíduos no mercado. Esse método de análise é geralmente

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utilizado para explicar fenômenos como a relação entre a oferta e a procura, a estrutura de preços no sistema econômico, o rendimento dos proprietários dos fatores de produção derivado da venda desses fatores no mercado, a eficiência ou ineficiência de estruturas de organização industrial e outros tipos de problemas encontrados “perto” do domínio de escolha individual de cada agente, que representa uma pequena parcela de todos os processos de troca que constituem um sistema econômico de mercado. Esses textos foram adaptados de várias fontes pelo autor, retirados de contribuições várias pesquisadas na WEB em abril de 2011!

Reforçando!

A teoria microeconômica é constituída de modelos - São formas auxiliares de compreensão das complexidades econômicas, na tentativa de retratar a forma como indivíduos (consumidores) e empresas (produtoras) tomam as decisões. Os modelos microeconômicos são de natureza dedutiva. Cada vez que os modelos perdem sua plausibilidade, reformam-se os modelos. As Deduções teóricas sobre as variáveis que não podem ser mensuradas. Não há um “utilitômetro” para medir a “utilidade” ou “desutilidade” de um bem ou serviço. Assim na Microeconomia constantemente são observadas e mensuradas constantemente situações hipotéticas de causa e efeito (O que aconteceria se?) Vamos a um exemplo de um modelo microeconômico:

Construir um modelo microeconômico, pessoal, com bases matemáticas, de

um produto ou serviço e sua colocação no mercado, oferta e demanda! O

professor explicará essa questão em sala de aula.

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Hipotéticas de causa e efeito (O que aconteceria se?)

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GLOSSÁRIO

Ativos: bens de propriedade de unidades econômicas, como imóveis, ações, CDB e moeda. Bem de capital: bens utilizados na fabricação de outros bens, mas que não se desgastam totalmente no processo produtivo. É o caso das máquinas, equipamentos e instalações. Bem de consumo: bens destinados diretamente ao atendimento das necessidades humanas. Podem ser classificados em duráveis ou não duráveis. Bens Finais: bens que são vendidos para consumo ou utilização final. Bens intermediários: bens que são transformados ou agregados na produção de outros bens, e que são consumidos no processo produtivo. Bens substitutos: o consumo de um bem substitui o consumo de outro. Cartel: organização (formal ou informal) de produtores dentro de um setor, que determina as políticas para todas as empresas desse setor. O cartel fixa os preços e as quotas de cada empresa. Capital especulativo: volume de recursos que os capitalistas destinam para realizar lucros fáceis, na compra de ativos, no país ou fora dele, na esperança de obter ganhos extraordinários. Capacidade ociosa: ocorre quando a economia em seu conjunto produz abaixo de suas potencialidades, permanecendo ociosos equipamentos e trabalhadores. Clássicos: predominaram entre o final do século XVIII e início do século XIX, consolidando a economia como corpo científico próprio. Lançaram as bases do liberalismo econômico, onde prevalecem às forças de mercado, sem a intervenção do governo. Coeteris paribus: expressão latina que significa “tudo o mais constante”. Contabilidade social: registro contábil da atividade econômica de um país num dado período (normalmente um ano). É uma técnica que se preocupa com a definição e métodos de quantificação dos principais agregados macroeconômicos, com produto nacional, consumo global etc. Crescimento econômico: crescimento contínuo da renda total e per capita ao longo do tempo. Depreciação: desgaste inerente sofrido pelos bens de capital no processo produtivo. Depressão: corresponde a um longo período de queda generalizada de preços, com acentuado desemprego e redução geral da atividade econômica. A economia apresenta capacidade ociosa generalizada e quebradeira de empresas.

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Dumping: ocorre quando uma empresa vende um produto no mercado a preço inferior a seus custos médios, com o fim de aumentar sua participação no mercado ou excluir concorrentes. Fatores de produção: são os recursos de produção da economia, constituídos pelos recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e tecnologia. Fiscalistas: corrente que defende a atuação ativa do estado, através de política econômica. Também chamados keynesianos. Fluxo circular de renda: compreende o fluxo de pagamentos por parte: a) das empresas em direção às famílias, pelo pagamento dos fatores de produção; b) das famílias em direção às empresas pelo pagamento de bens e serviços. Funções do Banco Central: banco emissor; banco dos bancos; banco do governo; banco depositário das reservas internacionais. Índice de preços: número que reflete o crescimento dos preços de um conjunto de bens, servindo para medir a taxa de inflação. Inflação de custos ou de oferta: ocorre quando o nível de demanda agregada permanece o mesmo, mas os custos de produção aumentam, diminuindo a oferta agregada. Inflação de demanda: diz respeito ao excesso de demanda agregada, em relação à produção disponível (oferta agregada) de bens de serviços. Inflação de expectativas ou psicológicas: a inflação corrente provoca a expectativa de que ela vai continuar aumentando no futuro, e os empresários corrigem preventivamente seus preços. Inflação inercial: inflação decorrente dos reajustes de preços e salários provocados pelo mecanismo de indexação ou de correção monetária. Instrumentos fiscais: são as receitas e as despesas públicas. Insumos: matérias-primas e serviços utilizados no processo de produção. São também chamados de bens de consumo intermediário, a fim de distingui-los dos bens de capital (máquinas e equipamentos) e bens finais de consumo. Lassez-faire: expressão francesa que quer dizer “deixai fazer, deixai passar”. Adotada pela Fisiocracia, incorporou-se ao liberalismo para designar a mais ampla liberdade de produção e de comércio, sem interferência governamental. Lei de Say: princípio criado pelo francês Jean Baptiste Say, segundo o qual a oferta cria sua própria procura. Liberalismo: corrente econômica criada no século XVIII, que acredita que os mercados, sem interferência do governo, como que guiados por uma “mão invisível”, conduzem a economia ao pleno emprego.

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Monopólio: estrutura de mercado com uma única empresa, produto sem substitutos próximos, e onde existem barreiras à entrada de novas firmas. Monopsônio: único comprador se defronta com muitos vendedores de fatores de produção. Neoclássicos: escola que se desenvolveu a partir da Segunda metade do século XIX e início do século XX. A partir de princípios liberais, foi responsável pela consolidação da formalização analítica em economia e pelo uso intensivo da matemática. Oligopólio: estrutura de mercado com pequeno número de empresas que dominam o mercado, sendo existem barreiras à entrada de novas empresas. Oligopsônio: poucos compradores defrontam-se com muitos vendedores do fator de produção. Política cambial: refere-se à atuação do governo sobre a taxa de câmbio. Política comercial: refere-se a medidas específicas para incentivar ou inibir o comércio exterior. Podem ser de ordem monetária, fiscal ou qualitativa, como a imposição de controles e barreiras a determinadas importações. Política de gastos públicos: refere-se à alocação e distribuição dos gastos do setor público. Política de rendas: diz respeito à interferência direta do governo na formação de preços, por meio de congelamento de preços e salários, fixação de reajustes salariais etc. Política fiscal: controle e administração das contas públicas através da política tributária e de gastos. Política monetária: diz respeito à atuação do governo sobre a quantidade de moeda, crédito e o nível das taxas de juros, com o objetivo de manter a liquidez do sistema econômico. Política tributária: refere-se à arrecadação de impostos por meio da manipulação da estrutura e das alíquotas de impostos. Pós-keynesianos: corrente que promoveu uma releitura da obra de Keynes, procurando demonstrar que esse autor não desprezou o papel da moeda no sistema econômico. Enfatizam o papel da especulação financeira em Keynes, e defendem que o governo deve intervir na atividade econômica quando necessário. Recessão: fase cíclica descendente da economia (após ter atingido o pico). Uma definição operacional usual caracteriza-a como três trimestres consecutivos de queda do PIB.

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Taxa de câmbio: preço da moeda (ou divisa) estrangeira (reais por dólares, reais por marcos etc.) Tributo direto: incide diretamente sobre a renda das pessoas (exemplo: imposto de renda).