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Apostila Didática SOCORROS DE URGÊNCIA CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DISCIPLINA: APARELHO LOCOMOTOR E SOCORROS Prof. Marcel Bello

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Apostila Didática

SOCORROS DE URGÊNCIA

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

DISCIPLINA: APARELHO LOCOMOTOR E SOCORROS

Prof. Marcel Bello

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SAÚDE E HIGIENE

Saúde É o bem estar físico, mental e social (OMS). Para mantermo-nos saudáveis é importante que tenhamos equilibradas as nossas necessidades básicas.

Necessidades básicas: - Fisiológicas (sono; alimentação; eliminações); - Segurança (emocional e material); - Afetiva (amor; carinho; auto estima); - Social (profissional; relacionamentos pessoais).

Higiene São fundamentos da ciência, hábitos corretos e equilibrados, que preservam a saúde. Pode-se dividí-la em:

Higiene física (orgânica) - manter boa aparência e cuidar do asseio corporal; - manter boa higiene oral; - respeitar horas de sono e repouso; - fazer um alimentação equilibrada.

Higiene mental (psíquica) - estar satisfeito dentro da profissão escolhida; - buscar condições para realização pessoal; - manter lazer sadio; - manter boas relações afetivas.

Higiene espiritual - adotar uma filosofia capaz de assegurar felicidade, paz e sentido para a vida.

Fatores estressantes O "stress" é um mal que acomete o homem moderno. Estamos constantemente expostos a fatores que interferem na adequada manutenção da Saúde. São eles:

Fatores biológicos - herança genética; - envelhecimento; - doenças. Fatores ambientais Influências externas - concretas (poluição; barulho);

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- abstratas (crenças; filosofias e pensamentos). Estilo de vida (hábitos prejudiciais) - alimentação incorreta; - fumo (tabagismo); - álcool (etilismo); - drogas.

CONCEITOS BÁSICOS DA ANATOMIA E FISIOLOGIA

Anatomia Ciência que estuda a constituição e o desenvolvimento ,macro e microscópico, dos seres organizados. Divisão do corpo humano

- Cabeça crânio face - Pescoço

- Tronco tórax abdome pelve

- Membros Superiores: ombro braço antebraço mão Inferiores: quadril coxa perna pé Célula É a menor unidade biológica funcional do organismo, responsável pela formação de todos os seres vivos.

Características: - Reagir a estímulos; - Metabolizar os alimentos para obtenção de energia; - Sintetizar novas substâncias; - Eliminar seus próprios detritos; - Reprodução, independentemente de outras células.

Estrutura

Membrana plasmática delimita e seleciona a passagem de substâncias,

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segundo o grau de necessidade;

Citoplasma parte metabólica onde se encontram as estruturas que participam do metabolismo celular (retículo endoplasmático, mitocôndrias, centríolos, Complexo de Golgi, ribossomos e lisossomos);

Núcleo responsável pela herança genética. Célula

Os conjuntos de células formam os tecidos, que formam os órgãos, que compõem os sistemas, caracterizando assim o corpo humano.

A um conjunto de órgãos, que participam juntamente do mesmo mecanismo funcional, denominamos Sistema. São os principais sistemas:

Tegumentar (pele)

Esquelético (ossos)

Muscular (músculos)

Nervoso (nervos e sentidos)

Cárdio-vascular (coração e vasos)

Respiratório

Digestivo

Urogenital

Endócrino

Todas as células necessitam receber, constantemente, substâncias que garantam uma adequada manutenção de seu metabolismo basal. Estas substâncias são obtidas através da ingestão dos alimentos (sais minerais, vitaminas, ferro, água etc.) e da respiração, que nos abastece com o oxigênio.

SISTEMA CARDIOVASCULAR

É o sistema responsável pelo transporte dos nutrientes e do oxigênio para as células. Sangue

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Líquido circulante dos vasos sangüíneos que recebe os nutrientes e o oxigênio, distribuindo-os a todos os tecidos do organismo. Corresponde, geralmente, a 8% do peso corporal. Composição: Parte sólida Hemácias ou glóbulos vermelhos Responsáveis pelo transporte dos gases (oxigênio e gás carbônico) unindo-os a hemoglobina. O2 + hemoglobina = oxihemoglobina CO2 + hemoglobina = carbomino-hemoglobina. Leucócitos ou glóbulos brancos Responsáveis pela defesa do organismo (resposta imunológica). Dividem-se por funções e formas, recebendo assim diferentes nomes - neutrófilo, linfócito, eozinófilo, basófilo e monócito. Plaquetas Possuem importante função na coagulação sangüínea. Parte líquida Plasma ou soro Local onde se encontram as estruturas sólidas e os nutrientes.

Vasos sangüíneos São os canais de circulação do sangue. Estão divididos conforme tipo e calibre. São eles:

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Artérias – vasos calibrosos que distribuem o sangue ao organismo. Veias – vasos calibrosos que retornam o sangue ao coração. Capilares – vasos de fino calibre que chegam a intimidade das células. Circulação Responsável pelo trajeto do sangue por todo o organismo. Seu principal órgão é o coração que exerce função de bombeamento e está dividido em quatro câmaras, duas superiores denominadas átrios e duas inferiores denominadas ventrículos. Funcionalmente, reconhecemos a parte direita e a parte esquerda do coração. Parte direita

Átrio Direito (AD) Veia Cava Sup. (VCS) Veia Cava Inf. (VCI) Válv. Tricúspide (VT) Ventrículo Direito (VD) Artéria Pulmonar (AP) Parte esquerda

Átrio Esquerdo (AE) VeiasPulmonares (VP) Válv. Mitral (VM) Ventr. Esquerdo (VE) Artéria Aorta (AA)

Coração Pequena circulação É o trajeto do sangue percorrido entre o coração e o pulmão com o objetivo de

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oxigená-lo. O sangue venoso sai do coração (lado direito) vai para os pulmões, onde é oxigenado, e retorna para o coração (lado esquerdo). Átrio direito => ventrículo direito => artéria pulmonar => pulmões => veias pulmonares => átrio esquerdo. Grande circulação É o trajeto do sangue percorrido entre o coração e todo o organismo com o objetivo de oxigenação dos tecidos. O sangue arterial (arterializado) sai do coração (lado esquerdo) é distribuído para todo o organismo, metabolizado pelas células e então retorna ao coração (lado direito). Átrio esquerdo => ventrículo esquerdo => artéria aorta => organismo => retorna ao átrio direito pelas veias cava superior e inferior. Sistema Circulatório

(Ilustração esquemática da pequena e grande circulação)

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Oxigenação dos tecidos

SINAIS VITAIS

São valores que indicam o funcionamento básico do organismo, variam de um indivíduo para outro, mas mantêm um padrão de normalidade. Qualquer alteração em algum dos sinais vitais pode estar relacionada a um distúrbio orgânico. Para tal, é importante conhecer seus valores normais. Respiração É o mecanismo responsável pela troca gasosa entre o organismo e o meio externo. A respiração ocorre através de uma seqüência de movimentos respiratórios (MR). Um movimento respiratório compreende dois movimentos distintos:

Movimento de inspiração - expansão pulmonar.

Movimento de expiração - retração pulmonar.

A respiração favorece o aumento da quantidade de oxigênio no sangue circulante e a eliminação de gás carbônico do organismo.

Normalidade 15 a 20 MRpm. Verificamos a freqüência respiratória (FR) através da observação dos movimentos torácicos, durante um minuto.

Terminologia Eupnéia - FR normal. Taquipnéia - FR acima de 20 MRpm (acelerada). Bradipnéia - FR abaixo de 12 MRpm (diminuída). Apnéia - ausência de movimento respiratório. Dispnéia - dificuldade para respirar - "falta de ar ". Cianose - coloração azul-arroxeada das extremidades e mucosas. Indica má

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oxigenação do sangue em decorrência de uma deficiência respiratória ou problema circulatório.

Temperatura

É o equilíbrio mantido entre a produção e perda de calor do organismo. É a quantidade de calor que o corpo possui.

Normalidade oscila de 36 a 37ºC. É verificada com auxílio de um termômetro, preferencialmente colocado na região axilar e mantido por 3 minutos.

Terminologia

Hipertermia ou Febre - valor igual ou maior a 37,4 ºC.

Temperaturas corpóreas muito altas predispõem a convulsões, principalmente em crianças.

Deve-se aumentar os mecanismos de perda de calor através de banhos com água tépida e álcool. A aplicação de compressas frias na região axilar, frontal e virilhas, também é um método eficaz para diminuir a temperatura corpórea. Evitar o uso de agasalhos em excesso.

Hipotermia - valor igual ou inferior a 35ºC. Pulso São os batimentos cardíacos representados pela contração e dilatação das artérias. Denomina-se também por freqüência cardíaca (FC). Verifica-se o pulso através da palpação das artérias, com auxílio dos dedos indicador e médio, contando-o por 1 minuto.

Artérias Radial Carótida Femoral Braquial (Bebê)

Normalidade oscila de 60 a 100 bat/min. Terminologia Taquicardia - FC acima de 100 bat/min. Bradicardia - FC abaixo de 60 bat./min. Classificação

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Na verificação do pulso deve-se avaliar, além da freqüência, o ritmo e o volume. Quanto ao ritmo - Rítmico - Arrítmico Quanto ao volume - Cheio - Fino

Pressão Arterial É a pressão com que o sangue é lançado na corrente circulatória e a pressão com que atinge a periferia. Para aferir-se a pressão arterial é utilizado um esfigmomanometro e um estetoscópio. Requer acompanhamento médico para diagnóstico. Pressão sistólica - Máxima Pressão diastólica - Mínima

Normalidade 120 X 80 mmHg. onde 120 = máxima/sistólica 80 = mínima/diastólica A variação entre a máxima e a mínima geralmente é de 40 - 60 mmHg. Terminologia Hipertensão (pressão arterial elevada) - pressão diastólica (mínima) igual ou superior a 90 mmHg. Hipotensão (pressão arterial diminuída) - pressão diastólica (mínima) igual ou inferior a 50 mmHg. Sintomatologia Hipertensão: Cefaléia; Escotomas (pontos luminosos). Hipotensão: Sonolência, tontura ou vertigem; Sudorese fria; Mal estar e palidez.

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EMERGÊNCIAS TRAUMÁTICAS

Em caso de emergência

* Verificar se existe alguém da área médica ou afim. * Em caso de ajuda - anotar o C.R.M. ou documento de identidade.

Caixa de Primeiros Socorros

É variável para cada companhia. Como exemplo:

Instrumentos Termômetro Tesoura Pinça Agulha descartável Contagotas Curativo Algodão ou gaze estéril Esparadrapo, micropore Atadura de crepe

Medicações Antisséptico Água oxigenada Antianginoso Antiespasmódico

Medicamentos permitidos ao aeronauta

Droga Utilização

Analgésicos dor Antitérmico febre Antiemético náuseas Colírio tipo hidratane limpeza ocular e lubrificante

Outros Medicamentos

Droga Utilização

Antiespasmódico cólicas em geral Broncodilatador broncoespasmos Vasodilatador isquemias do miocárdio

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ANATOMO FISIOLOGIA DO SISTEMA ESQUELÉTICO

O Sistema esquelético compreende:

Ossos Cartilagem Articulações

Osso Funções - Alavanca para os músculos, participando da locomoção; - Proteção de estruturas; - Sustentação ao corpo; - Hematopoiese.

Partes

Diáfise– corpo do osso. Epífise – extremidade do osso. Periósteo – membrana de tecido fibroso que reveste o osso ( onde se encontram os vasos sanguíneos). Medula óssea – tecido esponjoso que se encontra na porção interna do osso. Classificação

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Os ossos recebem diferentes nomenclaturas de acordo com suas características anatômicas e funcionais.

Longos - possuem epífise (2) e diáfise. Exemplos: fêmur, rádio, tíbia. Curtos - tarso. Planos Achatados - escápula, temporal. Irregulares - vértebras.

Articulação

Dobradiça formada pelo contato de duas ou mais extremidades ósseas que, juntamente com os músculos, possibilitam a movimentação do corpo e permitem determinada elasticidade de movimentos.

Nas estruturas articulares encontramos:

Cápsula articular ou sinuvial - Formada por tecido fibroso e duro que circunda todo o espaço entre as extremidades ósseas. Ligamentos - Formados por tecido conjuntivo em tiras que mantém os ossos na posição correta. Líquido sinuvial - Encontra-se dentro da cápsula com função lubrificante e amortecedora.

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TRAUMATISMOS

São alterações sofridas pelo organismo e estão diretamente relacionadas à ação de um agente físico e à força de impacto com o mesmo. Estão divididos em dois tipos: Abertos - são aqueles que apresentam rompimento da pele/tegumento cutâneo. Fechados - são aqueles onde não há lesão do tegumento cutâneo. A pele permanece íntegra. TRAUMATISMOS FECHADOS Contusão

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Lesão causada por algum impacto com acometimento do tecido subcutâneo, muscular ou até mesmo de órgãos internos, sem rompimento da pele. Por isso conceitua-se por atrito entre os tecidos. Sintomas Dor no local Edema Equimose (mancha vermelha por rompimento de pequenos vasos) Hematoma (mancha roxa por rompimento de grandes vasos) Tratamento Gelo no local (*) Analgésico Enfaixamento compressivo Repouso (*) A aplicação do gelo está presente no tratamento dos traumatismos fechados em geral pois o gelo possui duas propriedades importantes, ação de analgesia, combatendo a dor e ação vasoconstritora atuando na diminuição do edema e do hematoma. Entorse São traumatismos que lesam as articulações. São originados devido a um movimento abrupto que exceda a elasticidade da articulação ou por impacto. Podem determinar rompimento nos ligamentos (estiramento). Ocorrência - grandes articulações como ombro, cotovelo e tornozelo. Sintomas Dor intensa no local Edema Equimose ou hematoma (que podem instalar-se tardiamente) Dificuldade de realizar movimentos Tratamento Gelo Analgésico Imobilização com faixas de crepe Repouso Luxação

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São traumatismos que lesam as articulações determinando a perda de contato das superfícies ósseas. Ocorre lesão dos ligamentos e/ou de cápsula articular. Ocorrência - ombro, cotovelo, clavícula, mandíbula, tornozelo e joelho.

As luxações estão classificadas em:

Congênitas - a criança nasce com o traumatismo. Patológicas - o traumatismo ocorre em decorrência de uma doença. Traumáticas - ocorrem devido a impactos ou movimentos bruscos. Existem dois tipos: Completa - afastamento total das superfícies ósseas. Incompleta - afastamento parcial ou incompleto das extremidades ósseas.

Sinais e sintomas

Dor intensa Edema Equimose ou hematoma Impossibilidade de realizar movimentos

Tratamento

Gelo no local Repouso Analgésico Imobilização com talas rigidas NUNCA fazer a redução das luxações, isto é, tentar recolocá-la no lugar. (Existe uma exceção que é para a luxação de mandíbula, que será abordada posteriormente). Luxação de Cotovelo

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Fratura São traumatismos determinados por lesão óssea. Podem ser fechadas, quando não ocorre lesão do tecido tegumentar, ou abertas quando o osso se expõe através da pele. As causas mais comuns envolvem acidentes de grande impacto - aviões, carros e motos. Considerações: Traço da fratura - local do osso em que ocorreu a lesão. Geralmente é visualizado somente pelo RX. Foco da fratura - porção próxima ao local lesado onde observamos os sinais. É a região que se torna arroxeada e com edema.

Sinais e sintomas

Dor intensa e constante (que aumenta com o movimento) Edema Hematoma e equimose (que podem manifestar-se tardiamente) Incapacidade funcional

Podem também estar presentes: Crepitação óssea - sinal que não deve ser pesquisado pois, além de promover dor, pode agravar a fratura. Deformidade óssea.

Tratamento

Imobilização (Pode ser empregado a aplicação de gelo e a administração de analgésico) Técnicas de imobilização

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- Utilizar talas rígidas e acolchoadas; - Deixar as extremidades visíveis para avaliação da condição circulatória do membro; - Jamais comprimir o foco de fratura.

Fraturas não articulares - Diafisárias A imobilização deve abranger uma articulação acima e outra abaixo da lesão.

Fraturas articulares - Epifisárias A imobilização deve abranger um osso acima e outro abaixo da lesão.

OBS: Em caso de dúvida de fratura esta sempre deverá ser imobilizada. A imobilização evita o atrito entre os fragmentos ósseos e complicações como ruptura de vasos sangüíneos ou nervos.

Classificação

Quanto à fragmentação óssea (extensão do traço) - Completa - Incompleta ( "galho verde" ) Quanto a quantidade de traço - Única ou Simples - Dupla - Tripla - Cominutiva (comum nas epífises)

Quanto a movimentação de fragmentos - Transversal - Angular - Rotação - Penetração - Separação - Cavalgamento

Quanto a direção do traço - Transversa - Oblíqua - Em bico de flauta - Em espiral - Longitudinal

Quanto a relação traumatismo x traço - Direta - Indireta

Quanto a posição - Articulares (epifisárias)

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- Não articulares (diafisárias)

TRAUMATISMOS ABERTOS

Alteração sofrida pelo organismo causada por algum agente traumatizante, determinando lesão do tecido tegumentar (pele) e conseqüente rompimento vascular. Hemorragia É a perda de sangue circulante resultante de uma lesão vascular. Toda hemorragia está relacionada ao tipo e ao calibre do vaso lesado.

O organismo possui mecanismos de defesa que agem na tentativa de controle da perda sangüínea através da coagulação do sangue. Sempre diante de uma hemorragia há necessidade de se promover a hemostasia, isto é, cessar o sangramento. As plaquetas são as células que participam ativamente do processo de hemostasia mas existem no sangue vários outros fatores que contribuem para sua coagulação. Dentre eles destacam-se a tromboplastina e o fibrinogênio, substâncias que juntamente com as plaquetas auxiliam no processo hemostásico.

Hemostasia

É o selamento dos vasos sangüíneos lesados, estancando ou diminuindo o sangramento. Tipos de hemostasia:

Fisiológica

Coagulação - reações metabólicas entre plaquetas e fatores de coagulação (fibrinogênio, tromboplastina e protrombina), auxiliando na reconstituição da lesão. Vasoconstrição - por ação da serotonina e outras substâncias liberadas pelo organismo.

Mecânica

Geral - deitar a vítima, deixando-a na horizontal e elevar os membros inferiores (caso não haja restrição). Específicas - compressão no foco hemorrágico com gaze ou pano limpo e compressão nas áreas adjacentes (artérias próximas ao local de hemorragia). As hemorragia podem ser: Internas - quando o sangue não é exteriorizado, fica acumulado em cavidades internas. É mais grave devido a maior dificuldade de diagnóstico. Seu diagnostico é feito por sinais indiretos. Os locais mais comuns são: região abdominal - fígado e baço fraturas - pélvica e fêmur

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Externas - quando o sangue é exteriorizado (visualizado) através do ferimento ou orifício natural. Lesão Vascular

Tipos de hemorragia

1.Arterial - origina-se por uma lesão de artéria e apresenta maior gravidade devido a dificuldade na obtenção da hemostasia.

Características: Sangramento abundante, coloração vermelho vivo e é pulsátil - o sangue sai em jatos.

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2. Venosa - origina-se de uma lesão de veias e possui maior facilidade para obtenção da hemostasia.

Características: Sangramento em grande quantidade, coloração vermelho escuro e o sangue escorre - extravasa continuamente.

3. Capilar - origina-se de lesão em pequenos vasos (capilares) e tendem a hemostasia espontânea, muito fácil.

Características: Sangramento pequeno.

Tratamento

São consideradas 3 técnicas hemostásicas respectivamente:

1º - Compressão local do foco hemorrágico 2º - Compressão nas adjacências 3º - Torniquete ou Garroteamento (*)

(*) O garroteamento é o último recurso que utilizamos. É uma técnica perigosa pois promove isquemia no local garrotedo (Isquemia = diminuição do fluxo sangüíneo).

Também é uma técnica pouco empregada devido a sua restrição a sangramentos de membros inferiores e superiores.

Quando utilizado, o garroteamento deve obedecer a técnica que consiste em afrouxá-lo a cada 15 minutos, esperando 30 segundos pelo restabelecimento da circulação sangüínea no membro e só então garroteá-lo novamente. Este procedimento deve ser repetido até o controle do sangramento.

Terminologia

* Otorragia - sangramento do ouvido, pode ser sinal de fratura craniana. * Epistaxe ou rinorragia - sangramento nasal. * Hemoptise - sangramento proveniente dos pulmões, acompanhado de tosse. * Hematemese - sangramento proveniente do aparelho digestivo, acompanhado de vômito e geralmente de restos alimentares. * Melena - sangramento proveniente da parte alta do aparelho digestivo (estômago e duodeno). As fezes são escuras (borra de café) e fétidas. * Enterorragia - sangramento proveniente de partes baixas do aparelho digestivo (reto e intestino grosso). Evacuação com sangue. * Hematúria - urina com sangue. * Metrorragia - sangramento anormal do útero, fora do período menstrual.

Choque Hipovolêmico

Ocasionado por hemorragias onde ocorra uma perda acima de 20% do volume

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sangüíneo corpóreo.

Sinais e sintomas

Palidez Sudorese Pele fria e pegajosa Taquicardia e pulso fino Hipotensão Náuseas e vômitos Tontura Hipotermia Confusão mental Inconsciência Tratamento Deitar a vítima e manter sua cabeça mais baixa que o corpo a fim de favorecer a oxigenação cerebral. Repouso Elevar os membros inferiores (se não houver contra-indicação) Agasalhar a vítima Não oferecer líquidos - apenas umedecer os lábios com gaze. Feridas São lesões no tecido cutâneo causando descontinuidade da pele ou mucosa. Podem ter diversas causas por isso seu estudo está diretamente relacionado ao tipo de agente traumatizante. Suas características se apresentam conforme as configurações de suas paredes, fundo e bordas. Tipos de feridas Escoriações - causadas por superfícies ásperas (asfalto, cimento). Ocorre um atrito superficial sobre a pele, traduzem um quadro doloroso intenso e pequeno sangramento. Puntiforme ou Punctória - causadas por agentes pontiagudos (pregos e injeção). Apresentam-se com bordas pequenas e paredes fundas. Incisas - provocadas por agentes cortantes (lâmina de bisturi, lâminas de facas). Caracterizam-se por serem feridas regulares - bordas, fundo e paredes regulares. Contusas - originadas por grandes impactos (martelada). Caracterizam-se por serem feridas irregulares. Apresentam-se por diferentes conformações de bordas. Traduzem estímulo doloroso latejante devido ao esmagamento das terminações

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nervosas e pouco sangramento por conta da maceração dos vasos sangüíneos. Penetrantes - causadas por objetos que invadem o organismo e atingem órgãos internos. Transfixantes - causadas por objetos que atravessam o corpo tendo orifício de entrada e de saída. Larcerocontuso - perda de tecido ou substância. Quando ocorre no couro cabeludo denomina-se escalpelamento. Sinais e sintomas São variáveis de acordo com o tipo de ferimento e região afetada. Em geral: Dor Hemorragia Bordas separadas Tratamento Objetiva evitar a infecção, visto que é sempre um fator de risco. Toda ferida é suscetível a infecção. * Lavar as mãos do socorrista * Hemostasia * Limpeza da ferida * Antissepsia da ferida * Bandagem Em regiões pilosas tipo couro cabelo pode ser necessário realizar a tricotomia da região (raspagem dos pelos) para facilitar a limpeza. Deve-se realizar a limpeza com água e sabão ou soro fisiológico, posteriormente usar um antisséptico preferencialmente a base de iodo. Em alguns casos pode-se fazer a aproximação das bordas antes de cobrir o ferimento. Feridas Sangrantes - nos casos de ferimento onde o sangramento é intenso, como em grandes hemorragias, o tratamento compreende:

* Hemostasia * Lavar as mãos * Limpeza da ferida * Antissepsia da ferida * Bandagem

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Nestes casos aplica-se também um curativo compressivo.

Fratura exposta

É uma lesão óssea com rompimento da pele. Pode apresentar como complicação a infecção óssea que é denominada osteomielite.

Sintomas e sinais

Dor intensa Incapacidade funcional (limitação de movimento) Edema Hemorragia

Tratamento Iniciar com os cuidados à ferida lembrando que JAMAIS se deve tocar nos fragmentos ósseos e NUNCA se faz redução (recolocá-lo no local). Imobilizar. Proteger o fragmento ósseo.

TRAUMATISMOS PARTICULARES

1.Traumatismo Craniano Dividem-se em dois tipos:

Superficiais Atingem o couro cabeludo e caracterizam-se por sangramento intenso. Deve-se fazer curativo compressivo ou um enfaixamento com atadura de crepe.

Profundos Ósseas - são aquelas com fratura craniana. Encefálicas - são aquelas com lesão cerebral. Não deve ser feito compressão no local. Faz-se um curativo com delicada compressão. São denominados traumatismos crânio encefálicos - TCE. Toda vítima com suspeita deste tipo de lesão deve ser vigiada para observação da presença dos seguintes sinais: * Alteração no nível de consciência - torpor; confusão mental; inconsciência. * Respiração lenta e profunda. * Freqüência cardíaca lenta - bradicardia e pulso cheio. * Alteração ocular - desvio ou assimetria ocular. Pupilas anisocóricas (diferentes). * Vômitos em jato (sintoma que deve ser valorizado). * Otorragia. * Convulsões.

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Obs: as convulsões traduzem uma desorganização na condução dos impulsos nervosos. Possuem diferentes etiologias, isto é, podem estar associadas a um traumatismo crânio encefálico (como visto acima), a estados febris, outros desequilíbrios metabólicos ou até mesmo a epilepsia por exemplo. A vítima apresenta: * Perda da consciência * Movimentos clônico-tônicos-incoordenados * Hipersecreção oral * Contratura maxilar O tratamento de uma crise convulsiva objetiva evitar que a vítima se machuque. Para tal deve-se:

Afrouxar as vestes da vítima; Manter sua cabeça lateralizada para favorecer a drenagem da secreção oral e evitar a broncoaspiração; Tentar proteger sua língua com um pano macio; Protegê-la para evitar que se debata contra objetos (o mesmo cuidado é tomado com relação a cabeça).

A duração de uma convulsão é muito variável, de alguns segundos a até minutos. A sonolência pós crise é algo comum bem como determinada confusão mental, mantenha a vítima sob vigilância.

2. Lesões Faciais

Uma simples inspeção da face sugere a presença de lesões. Deve-se observar a presença de hematomas, deslocamentos ósseos, assimetria das estruturas da face, afundamentos ou saliências.

Olho

Estrutura delicada, possui um sistema de lentes semelhante ao de uma câmara fotográfica. Tem como principal ocorrência acidentes com a presença de corpo estranho na conjuntiva - tipo "cisco", que podem ser de vários tamanhos e tipos.

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Os corpos estranhos irritam o olho, o que causa desconforto e lacrimejamento. As lágrimas podem eliminar o corpo estranho, mas em alguns casos pode tornar-se necessário um procedimento de ajuda. Tratamento

Lavar a região ocular com água corrente.

Obs: lesões oculares onde o corpo estranho se apresenta fixo na conjuntiva (transfixantes ou penetrantes) proceder a lavagem com grande quantidade de colírio tipo lágrima e fazer curativo oclusivo. NÃO retirar o corpo estranho. NÂO permitir que a vítima esfregue o olho. As vezes é necessário fazer curativo oclusivo no outro olho. Nariz

Lesões nasais que não apresentem sangramento, não requerem tratamento imediato, podendo aguardar avaliação médica e tratamento específico. O mesmo é verdadeiro para acidentes com corpo estranho onde, geralmente a vítima respira pela boca. Não tente fazer a remoção pois isto pode agravar a situação empurrando o corpo estranho para vias mais profundas. Assoar com delicadeza comprimindo a narina não envolvida.

Nas lesões sangrantes, também reconhecidas como epistaxe, deve-se tratar com:

Compressão da(s) narina(s) Cabeça para frente Compressas de gelo na região frontal Nos casos em que a hemostasia não ocorre com o procedimento anteriormente descrito faz-se necessário o tamponamento nasal o que é realizado com gaze embebida em soro fisiológico.

Ouvidos

O problema mais freqüente ocorre com crianças que introduzem coisas dentro do conduto auditivo. É comum encontrar-se grãos e objetos pequenos como peças de brinquedo. Outra ocorrência é associada a traumas, onde a vítima apresenta a saída de um líquido seroso ou sanguinolento pelo ouvido, o que requer providenciar atendimento médico logo que possível. Lembre-se, este é um sinal que pode estar presente na vítima de fratura craniana - lesão crânio-encefálica. Corpos estranhos * Nunca introduza qualquer instrumento ou objeto no ouvido na tentativa de retirar

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o corpo estranho pois isto pode agravar a situação. O ideal é não tentar retirá-lo e, assim que possível, encaminhar a atendimento médico específico. * Na presença de um corpo estranho vivo deve-se pingar algumas gotas de óleo no ouvido e orientar a vítima para deitar com a cabeça virada para o lado afetado, favorecendo assim a saída do inseto. A presença de um corpo vivo no interior do ouvido é algo de extremo incômodo e causa um ruído insuportável. Boca Uma simples observação na cavidade oral é suficiente para detectar possíveis lesões. É importante checar a integridade da mucosa bem como a boa oclusão dentária. A maioria dos sangramentos orais tende a coagulação espontânea, não requerendo cuidados especiais. O maior cuidado deve ser a limpeza oral - desobstrução das vias aéreas superiores - para evitar possível asfixia em vítimas que se encontram inconscientes. Mandíbula A mandíbula é uma formação óssea articulada. Assim sendo, são duas as lesões que podem acometer esta região.

Luxação têmporo-mandibular (queda do queixo) A única luxação que pode ser reduzida como conduta em primeiros socorros.

Técnica

Coloca-se a vítima sentada com a cabeça apoiada na parede.

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O socorrista acomoda seus dedos polegares sobre os molares inferiores da vítima (protegendo as mãos) e os outros dedos no ângulo da mandíbula.

Exercer pressão para baixo e para trás - como num movimento de alavanca.

Repetir a técnica por no máximo 3 vezes. Imobilizar a mandíbula (atadura sob a mandíbula).

Fratura de mandíbula

O tratamento básico consiste em imobilização. Caso exista algum ferimento corte contuso, tratá-lo com curativo compressivo.

3. Traumatismo de Pescoço

Esta região abriga estruturas importantes como vasos sangüíneos, tubos ventilatório e digestivo além da porção inicial da coluna vertebral.

Esôfago

As lesões de esôfago determinam, geralmente, dificuldades na deglutição. A conduta consiste em manter jejum e aguardar atendimento médico. Mastigação e Deglutição

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Vasos

Os principais vasos sangüíneos da região cervical são:

Carótidas - artérias Jugulares - veias

Lesões nesses vasos determinam sérias perdas sangüíneas com difícil controle.

Características:

Hemorragia - fazer a hemostasia através de compressão local. Observar sinais de choque hipovolêmico.

Traquéia

A presença de corpo estranho no orifício traqueal requer condutas adequadas e precisas devido ao provável comprometimento ventilatório.

A traquéia é o tubo responsável pela condução do ar aos pulmões. Qualquer outra substância que não o ar, grãos ou pequenas quantidades de líquido, que acidentalmente entre no canal traqueal, é suficiente para desencadear o engasgo. Deve-se valorizar a tosse que é o primeiro reflexo mecânico para expulsão do corpo estranho. Quando necessário tentar a remoção mecânica.

O estágio de maior comprometimento ventilatório denomina-se asfixia. A vítima apresenta sinais de sufocamento geralmente acompanhado de cianose. Nesses casos, quando as manobras descritas anteriormente não deram resultado, pode-se tentar o seguinte procedimento:

Golpes abdominais subdiafragmáticos (Manobra de Heimlich)- utilizado em caso de prejuízo respiratório.

Page 31: Apostila de socorros

Posicionar-se atrás da vítima (consciente); Colocar as suas mãos sobrepostas abaixo do apêndice xifóide da vítima; Movimentar firmemente para dentro e para cima.

Em caso de vítima inconsciente:

Posicionar-se sobre a vítima que deverá estar em decúbito dorsal, cabeça lateralizada, e realizar o mesmo movimento sobre a região epigástrica.

4.Traumatismo de coluna

Cervical A primeira porção da coluna vertebral é denominada coluna cervical. Lesões cervicais podem determinar tetraplegias ou até mesmo a morte. Como todo trauma de coluna, a maioria atinge as vértebras e há riscos de lesão na medula espinhal, o que se caracteriza por comprometimentos respiratórios, perda de função neurológica motora como paresias ou paralisias, além de dor local, deformidades ou edemas. O atendimento adequado para vítimas de lesão na coluna vertebral consiste em socorrê-los com técnicas de transporte. Cuidados no transporte de vítimas com suspeita de lesão vertebral Imobilização da cabeça e pescoço com colar cervical (lesão cervical) Decúbito dorsal em superfície dura Obs: Movimentar a vítima com muito cuidado para não exercer compressão na medula. Pelo menos quatro pessoas devem transferir a vítima para a maca com

Page 32: Apostila de socorros

movimentos sincronizados (cabeça, pescoço e tórax, quadril e coxas, pernas). 5.Traumatismo torácico

Fratura de Costela

Sinais e sintomas

Trauma no local com presença de escoriações ou ferimento corte contuso. Dor - que aumenta com os movimentos respiratórios Dispnéia Ainda podem estar presentes - edema e hematoma

Tratamento

Administrar analgésico Enfaixamento torácico Aplicação de gelo picado. Obs.: em caso de dispnéia intensa NÃO deverá ser feito o enfaixamento torácico. Nestes casos pode-se administrar oxigênio com a vítima na posição sentada e deixá-la em repouso.

Lesão pulmonar

Sinais e sintomas Dor aguda, tipo pontadas (aumentam com os movimentos respiratórios) Hemoptise Dificuldade respiratória

Obs: lesões pulmonares abertas geralmente apresentam uma característica importante que é um sangramento com bolhas (espumoso). Nesses casos o curativo deverá ser oclusivo volvular. Tratamento

Curativo de 3 pontas Analgésico Oxigenoterapia (com a vítima na posição sentada) Repouso

Complicações

Page 33: Apostila de socorros

Pneumotórax - ar na cavidade pleural cujo principal sintoma é dor local e dispnéia. O pneumotórax pode ocorrer de maneira espontânea, isto é, não estar relacionado a nenhum trauma.

Hemotórax - sangue na cavidade pleural. A sintomatologia geralmente compreende dispnéia e dor.

6.Lesão abdominal

A região abdominal é muito susceptível a traumatismos por não possuir proteção óssea. Isto torna-a vulnerável a complicações por acometimento de órgãos internos (vísceras). Os traumatismos abdominais estão divididos em:

Superficiais quando não atingem o peritôneo, apenas pele, subcutâneo, e tecido muscular.

Profundas quando lesam o peritôneo e/ou vísceras. Estes traumatismos podem determinar uma evisceração (saída das vísceras pelo orifício do trauma).

Page 34: Apostila de socorros

Sinais e sintomas

São variáveis conforme a extensão Dor abdominal Vômitos (imediatos ou tardios) Contração muscular da parede abdominal (peritonite aguda) Distensão abdominal Evisceração - saída de vísceras

Tratamento

Manter a vítima em jejum Em casos de evisceração: NÃO tocar nas vísceras e NUNCA tentar recolocá-la na cavidade. Proceder a limpeza do ferimento (umedecer a região). Cobrir com compressas preferencialmente esterilizadas e previamente umedecidas com soro fisiológico.

Observação Na presença de qualquer corpo estranho na cavidade abdominal, NUNCA tentar removê-lo.

7.Fratura de Bacia (Quadril)

Sinais

Dor no local Hematomas Incapacidade funcional Obs: Podem ser causas de grandes hemorragias internas. Manter a vítima sobre constante vigilância para detectar possíveis sinais de choque hipovolêmico.

Tratamento

Deitar a vítima em superfície rígida Colocar um cobertor entre suas pernas e aproximá-las para então enfaixar

POLITRAUMATIZADO

É a vítima com lesões traumáticas em várias partes do corpo.

Geralmente este é o tipo de vítima que encontramos no socorro a acidentes aéreos. Nenhuma vítima deve ser removida do local do acidente antes de serem prestados os primeiros socorros pertinentes e utilizadas as técnicas de transporte, a menos que haja algum risco iminente.

Avaliação geral

* Verificar estado de consciência * Checar resposta a estímulos (auditivos, visuais, dor e reflexo) * Observar condição respiratória

Page 35: Apostila de socorros

* Manter vias aéreas superiores livres * Verificar pulsação * Verificar sinais de sangramento * Verificar coloração da pele e mucosas - palidez/cianose * Verificar condição de olhos e pupilas * Observar presença de vômitos

" O exame primário , os cuidados no transporte e os movimentos adequados, melhoram as condições de remoção da vítima e sua posterior recuperação "

Técnicas de transporte

Vítimas Conscientes

* Sentadas ou Semi-sentadas Exceção - traumatismos de coluna

vertebral - fraturas de bacia - lesão abdominal

Vítimas Inconscientes

* Decúbito dorsal com lateralização da cabeça. A lateralização da cabeça é medida utilizada para evitar-se a broncoaspiração.

Exceção - traumatismo de coluna cervical (a cabeça deve estar alinhada com o corpo, amparada por coxins).

Page 36: Apostila de socorros

EMERGÊNCIAS CLÍNICAS I

São alterações orgânicas que possuem diferentes etiologias. Podem estar relacionadas a patologias, acidentes, problemas circunstanciais, distúrbios metabólicos etc.

1. Desmaio ou Lipotimia

É a perda repentina e transitória dos sentidos e consciência. Embora tenha variada etiologia é conseqüência da diminuição temporária de sangue (oxigênio) no cérebro. Pode estar relacionado a longos períodos de jejum, alimentação insuficiente, excesso de exposição ao sol, desequilíbrio emocional entre outros. Sintomas precedentes

Fraqueza e cansaço Sensação de "falta de ar" Tonturas Náuseas Palidez Sudorese fria Zumbido no ouvido Anópsias - visão escurece Perda do controle muscular Queda brusca (mecanismo de defesa) Tratamento

Visa favorecer a oxigenação cerebral.

Conduta para vítima na eminência do desmaio:

vítima sentada manter a cabeça da vítima entre as pernas.

vítima em pé solicitar que sente e posicionar a cabeça entre as pernas.

Conduta para vítima desmaiada - ao chão:

Elevar os membros inferiores mantendo a cabeça mais baixa que o corpo Afrouxar as vestes Afastar curiosos Arejar o ambiente (ventilar) Obs: Não oferecer medicamentos ou bebidas alcoólicas.

Page 37: Apostila de socorros

2. Alcoolismo

É a ingestão excessiva de álcool (etanol), seja por dependência ou não. Ação do etanol no organismo:

O álcool libera uma toxina depressora do sistema nervoso central diminuindo a oxigenação e a concentração de glicose nas células nervosas.

Sinais e sintomas

Fase de euforia o indivíduo encontra-se alegre, falante, com manifestações inconvenientes e geralmente, com tendência a maior ingestão de álcool.

Fase depressiva sonolência, incoordenação motora, fala arrastada, náuseas e vômitos e comportamento desinibido ou arrogante.

Fase grave queda de temperatura corpórea (hipotermia), pulso fraco, sudorese, torpor e por vezes, inconsciência (coma alcoólico).

Tratamento

* Abordar a pessoa com respeito, de modo seguro e coerente (sem julgar ou atribuir conceitos morais). Lembre-se de que existem pessoas com problemas psíquicos ou psiquiátricos. * Oferecer algo doce, preferencialmente um líquido.

"Delirium tremens" (alucinose alcoólica) Estado tóxico permanente ou devido a suspensão da ingestão de álcool. Sinais de suspeita: Ansiedade Temor incontrolável Tremores Irritabilidade Agitação Insônia Hiperatividade - aumento dos sinais vitais Dilatação pupilar Sudorese Pode estar presente ainda - alucinações visuais, táteis, olfativas e auditivas 3. Hipo e Hiperglicemia

Hipoglicemia diminuição de açúcar (glicose) no sangue. Algumas pessoas possuem predisposição para tal ocorrência. Geralmente ocorre devido a longos períodos de jejum, alimentação deficiente, atividade física excessiva, alcoolismo

Page 38: Apostila de socorros

ou até mesmo devido a diabetes.

Hiperglicemia aumento de açúcar (glicose) no sangue. Normalmente causada por falta de insulina. Freqüentemente o passageiro que sofre deste mal possui a medicação específica, seja ela um comprimido hipoglicemiante ou a própria insulina, cabendo ao comissário auxiliá-lo na auto medicação.

Diabetes doença metabólica caracterizada pela diminuição na produção de insulina ou no metabolismo da glicose.

Sinais e sintomas (hipoglicemia)

Sensação de fome Visão turva Sonolência Cefaléia Confusão mental Palidez Desmaio Sudorese fria Em casos mais graves - agitação, irritabilidade, amnésia e convulsão Tratamento (hipoglicemia) Oferecer glicose por via oral Deixar a vítima confortável Em caso de desmaio, dar prioridade à irrigação cerebral. Obs: Sempre é importante colher informações com a vítima ou acompanhantes pois estes sinais podem ser confundidos com os de hiperglicemia.

4. Dispnéia

Dificuldade respiratória com presença ou não de cianose (deficiência de oxigenação sangüínea).

É o principal sintoma da asma, doença de etiologia alérgica, que acomete os brônquios e habitualmente tem caráter crônico.

Tratamento

Colocar a vítima sentada Aplicar oxigênio por máscara Administrar broncodilatador

- o passageiro asmático geralmente é portador desta medicação "bombinha". Na presença da crise asmática pode ser necessário auxiliá-lo na auto-medicação.

Page 39: Apostila de socorros

Obs: todo passageiro em uso de oxigênio deve ser rigorosamente vigiado. O excesso de tempo de uso de oxigênio pode desencadear uma parada respiratória. Sempre que a respiração tenha se normalizado ou a cianose melhorado, interromper a administração.

5. Insolação e Intermação

São causadas pela exposição excessiva ao calor. Possuem a mesma sintomatologia.

Insolação causada pela ação direta dos raios solares (exposição ao sol). Comum no verão, principalmente das 12 às 15 horas.

Intermação causada por ambientes fechados e com pouca ventilação.

Fatores predisponentes:

* Umidade - uma maior umidade determina menor transpiração. * Ventilação - uma menor ventilação favorece ao aumento da temperatura ambiente. * Condicionamento físico - o obeso possui maior predisposição por reter mais o calor devido a camada adiposa. * Atividade física - após o excesso de exercícios físicos, é comum uma fadiga muscular e um maior acúmulo de toxinas no organismo. Isto determina a elevação da temperatura corpórea. * Alimentação excessiva * Vestuário escuro * Intoxicação - associadas ao consumo de álcool e fumo.

Sinais e sintomas

Moderados Aumento da temperatura corpórea Cefaléia Rubor de face Dores abdominais Náuseas e vômitos Palidez e tontura Desmaio

Graves Insuficiência respiratória Cianose Taquicardia Pulso fino Inconsciência Coma Obs: os sinais e sintomas podem variar, ocorrendo subitamente o desmaio. Tratamento

Page 40: Apostila de socorros

Remover a vítima do local e colocá-la em lugar arejado. Ventilar. Afrouxar as vestes. Retirar curiosos. Colocar compressas frias na testa, nuca e tórax. Dar banhos com água morna, resfriando-a gradualmente. Oferecer líquidos, preferencialmente soluções salinas e oxigenoterapia se necessário. 6. Diarréia e Colites Doença que acomete o intestino caracterizando-se por alteração na freqüência e consistência das evacuações. Estão relacionadas a ingestão alimentar, o que denominamos por intoxicação alimentar. Podem ser também causadas pela ingestão de substâncias irritativas da mucosa. Nos casos de infecção intestinal chamamos de colites ou enterocolites. Sinais e sintomas Fezes amolecidas e fétidas Aumento do número das evacuações Cólicas abdominais Ruídos intestinais Sede Inapetência Náuseas e vômitos Complicação Desidratação Tratamento Hidratação - aumentar a ingestão líquida Repouso *NÃO administrar medicações que cortam a diarréia. Não é necessário suspender a alimentação, apenas evitar alimentos condimentados e gordurosos. Obs: Na ocorrência de um quadro de intoxicação alimentar a bordo causada pela ingestão da refeição oferecida aos passageiros, esta deverá ser imediatamente suspensa.

EMERGÊNCIAS CLÍNICAS II FISIOANATOMIA DA PELE

Page 41: Apostila de socorros

A pele é o maior órgão do corpo humano, composta por várias camadas e reúne funções de grande importância para a manutenção da saúde. Camadas Epiderme É a camada externa da pele, está em contato direto com meio ambiente e possui, dependendo do local, uma espessura de 2 a 4 mm. Derme É a camada mais interna da pele. É composta de fibras colágenas e elásticas, vasos sangüíneos, nervos, glândulas e raízes pilosas. Hipoderme ou tecido subcutâneo Camada composta por tecido gorduroso.

Funções

Proteção Mantém o organismo protegido contra microorganismos e corpos estranhos.

Sensorial As numerosas terminações nervosas ali existentes permitem a leitura da temperatura, da dor e do tato.

Regulação da temperatura Permite a dissipação ou retenção do calor.

Equilíbrio hidroeletrolítico Controla a perda excessiva de água e eletrólitos (sódio, magnésio, potássio etc.). QUEIMADURAS As queimaduras determinam lesões tissulares, isto é, acometem os tecidos de revestimento do corpo.

Page 42: Apostila de socorros

Causas:

Físicas calor - frio - eletricidade.

Químicas substâncias químicas (ácidas ou alcalinas).

Radiações raios solares - substâncias radioativas. Classificação As queimaduras são classificadas em: 1º grau - são as mais supeficiais, lesam a epiderme. Características: - dor local - vermelhidão (eritema) Exemplo: queimaduras solares 2º grau - atingem a epiderme e derme. Características: - dor local - flictena (bolhas) - eritema Exemplo: queimadura por líquidos queimadura por brasa 3º grau - lesam tecidos mais profundos como tecido subcutâneo (hipoderme). 4º grau - lesam músculos e ossos. Características: - dor (a sensação dolorosa é freqüentemente diminuída devido a lesão nas terminações nervosas). - pele escurecida ou esbranquiçada com eritema ao redor. - úlcera com pontos de necrose.

A classificação das queimaduras é obtida através da avaliação da profundidade e extensão de tecido lesado (grandes e pequenos queimados).

Page 43: Apostila de socorros

Outra consideração importante é a extensão da queimadura. No atendimento a vítimas de queimadura, deve-se identificar o grau de gravidade. Considera-se um pequeno queimado aquele que possui menos de 15% de superfície corpórea atingida. O grande queimado é aquele que sofreu acometimento de mais de 15% de superfície corpórea.

A gravidade das queimaduras se relaciona com a extensão de superfície corpórea lesada. Complicações

Infecção a descontinuidade da pele favorece a entrada de microorganismos.

Perda de líquidos e eletrólitos é considerada como uma conseqüência de queimaduras extensas. Tratamento * Em acidentes que o fogo atinge as vestes ou o próprio corpo da vítima deve-se tentar apagá-lo com o auxílio de um cobertor ou pedir para a vítima rolar sobre o chão. * Verificar vias aéreas superiores. * Retirar ou afrouxar as vestes. Não tentar remover a roupa quando esta estiver aderida a pele. Nestes casos deve-se cortar a parte grudada e retirar o restante. * Ao retirar roupas com resíduos de substâncias químicas cuidado para não tornar-se outra vítima. * Retirar adornos. * Lavar as mãos. * Lavar a lesão com água e sabão. * Fazer a antissepsia. * Administrar analgésico. * Não furar bolhas Em grandes queimados

* Aquecer a vítima e evitar movimentos. * Administrar analgésico. * Oferecer líquidos (se possível). * Oxigenoterapia (se necessário)

Queimadura nos olhos

- faz-se curativo oclusivo com gaze embebida em soro fisiológico.

Page 44: Apostila de socorros

Queimaduras elétricas - podem acarretar problemas internos como queimaduras de órgãos ou ainda parada cárdio respiratória. Queimadura química

- difícil diagnóstico do agente (ácido ou alcalino); é indicado somente a aplicação abundante de água limpa para diluir a substância química. INTOXICAÇÃO

São causadas pela ingestão, inalação, inoculação ou contato cutâneo de substâncias que desencadeiam respostas orgânicas de intolerância geralmente de caráter alérgico ou anafilático. Podem ser acidentais ou não. Ingeridos - Entorpecentes e medicamentos (barbitúricos) - Produtos de limpeza e produtos químicos - Alimentos contaminados Inalados - Gases Sinais e sintomas Ingestão Lesões na boca Hálito diferente Transpiração abundante Dor ao deglutir Dor abdominal Náuseas e vômitos Diarréia Alteração no nível de consciência Convulsão Alteração pupilar (diâmetro da pupila) Alteração na freqüência cardíaca Alteração na freqüência respiratória Manchas na pele

Page 45: Apostila de socorros

Inalação Tosse produtiva Irritação traqueal Dor na inspiração Catarro escurecido Cefaléia Lábios avermelhados (cor de cereja) Náuseas e vômitos Vertigens Desmaio Alteração dos sinais vitais Insuficiência respiratória Cuidados Reconhecimento da situação como um todo - exame do local. Identificar situação de risco. Verificar se há sinais de drogas ou venenos e tentar identificá-los. Se vítima inconsciente Verificar se existem aplicadores de droga ou recipientes (identificação) Se vítima consciente indagar Tipo de medicamento Como foi aplicado Quantidade Tempo decorrido da aplicação Tratamento geral Atentar para segurança do socorrista Evitar contaminação Retirar a vítima da situação de risco Desobstruir vias aéreas superiores Empregar manobras de reanimação cardiopulmonar - quando necessário Avaliar sinais vitais Afrouxar vestes Manter a vítima sob supervisão Ingestão barbitúrica

Page 46: Apostila de socorros

Indução ao vômito (somente em vítimas conscientes) A ingestão deve ter ocorrido há no máximo 2 horas Guardar pequena amostra do conteúdo eliminado Modo de provocar o vômito: Com auxílio de um cabo de colher, estimular a úvula. Obs - NÃO provocar vômito em vítimas de intoxicações por substâncias químicas/corrosivas. Inalação de gases Retirada da vítima do ambiente de risco Administrar oxigênio na presença de dificuldade respiratória. A administração de leite, embora um pouco controversa, é empregada em casos de inalação de fumaça (monóxido de carbono) e tem como finalidade a proteção da mucosa gástrica. Via dérmica Lavar com água a região afetada por uns quinze minutos Via ocular Lavar com água abundante e fazer um curativo oclusivo (umedecido com soro fisiológico)

EMERGÊNCIAS CARDIOLÓGICAS Dentre as várias ocorrências cardiológicas serão abordados as duas principais coronariopatias. As doenças coronarianas são atribuídas a alguns fatores predisponentes. São eles: "Stress" Dislipidemias Hipertensão Sedentarismo Obesidade Tabagismo Hereditariedade

Angina do peito

Caracteriza-se pela diminuição do fluxo sangüíneo na musculatura cardíaca - Isquemia miocárdica.

Sinais e sintomas

- Dor retroesternal de curta duração (inferior a 15 min.)

Page 47: Apostila de socorros

- Sensação de angústia - Sensação de formigamento - Náuseas - Dispnéia moderada

Tratamento

Repouso absoluto Administração de vasodilatador corona-riano (se uso do pax ou por indicação médica) Oxigenoterapia * A dor retroesternal melhora com o tratamento

Infarto Agudo do Miocárdio

É a ausência de fluxo sangüíneo na musculatura cardíaca, causando necrose miocárdica. Sinais e sintomas - Dor retroesternal intensa de longa duração (superior a 30 min.) que pode irradiar-se para região mandibular ou membro superior - Sudorese intensa - Sensação de angústia precordial - Dispnéia aguda - Náuseas e vômitos Tratamento Repouso absoluto Administração de vasodilatador corona-riano (se uso do pax) Oxigenoterapia * A dor NÃO melhora com o tratamento

Page 48: Apostila de socorros

Parada Cardiorrespiratória - PCR É o cessar súbito da atividade mecânica e/ou elétrica do coração, acompanhado de falência respiratória. Sinais - Apnéia - Ausência de pulso nas grandes artérias (carótida) - Midríase paralítica - Inconsciência - Cianose Tratamento O tratamento básico consiste na Manobra de Reanimação. * Desobstrução das vias aéreas superiores; * Massagem cardíaca externa; * Respiração artificial. Deitar a vítima em superfície dura, decúbito dorsal e hiperextensão da cabeça. O ritmo da manobra deve ser :

Nº Socorrista MCE X RA 01 - 30 x 02 02 - 15 x 02

A massagem cardíaca e a ventilação devem alcançar a freqüência normal durante a manobra de reanimação, isto é, 100 bpm e 12rpm respectivamente. A respiração artificial será feita pelo método boca a boca. Neste procedimento, além do oxigênio que é introduzido na vítima, o gás carbônico é muito importante pois age com um estimulante cerebral no restabelecimento ventilatório. AFOGAMENTO

A vítima removida da água é reconhecida como afogado. Dividiremos o afogamento em dois tipos clássicos.

Afogado cianótico

Vítima que sofreu asfixia pela água. Apresenta obstrução das vias respiratórias por inundação (acúmulo de água nos pulmões).

Page 49: Apostila de socorros

Sinais e Sintomas

Cianose Pulso fino Veias jugulares túrgidas Respiração superficial e irregular

Tratamento

Afrouxar as vestes Desobstruir as V.A.S. Remoção da água: - posicionar a vítima em decúbito ventral - colocar os braços flexionados sob a região torácica - exercer compressão na região lombar Oxigenoterapia

Afogado pálido Vítima que se apresenta em parada cárdio respiratória por obstrução das vias respiratórias devido ao fechamento da glote. Sinais e Sintomas Apnéia Ausência de pulso Midríase paralítica Inconsciência Tratamento Afrouxar as vestes Desobstruir as V.A.S. Estabelecer a manobra de reanimação cardiopulmonar - MCE X RA

Primeiros Socorros Remoção do Acidentado

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A remoção da vítima do local do acidente para o hospital é tarefa que requer da pessoa

prestadora de primeiros socorros o MÁXIMO DE CUIDADO E CORRETO DESEMPENHO.

Page 50: Apostila de socorros

ANTES DA REMOÇÃO:

TENTE controlar a hemorragia.

INICIE a respiração de socorro.

EXECUTE a massagem cardíaca externa.

IMOBILIZE as fraturas. EVITE o estado de choque, se NECESSÁRIO.

Para o transporte da vítima podemos utilizar meios habitualmente empregados - maca

ou padiola, ambulância, helicóptero ou de RECURSOS IMPROVISADOS:

Ajuda de pessoas.

Maca.

Cadeira.

Tábua.

Cobertor. Porta ou outro material disponível.

COMO PROCEDER

Vítima consciente e podendo andar:

Remova a vítima apoiando-a em seus ombros.

Vítima consciente não podendo andar:

Transporte a vítima utilizando dos recursos aqui demonstrados, em casos de:

- Fratura, luxações e entorses de pé.

- Contusão, distensão muscular e ferimentos dos membros inferiores. - Picada de animais peçonhentos: cobra, escorpião e outros.

Page 51: Apostila de socorros

Vítima inconsciente:

Como levantar a vítima do chão SEM AUXÍLIO DE OUTRA PESSOA:

Como levantar a vítima do chão COM A AJUDA DE UMA OU MAIS PESSOAS

Page 52: Apostila de socorros

Vítima consciente ou inconsciente:

Como remover a vítima, utilizando-se de cobertor ou material semelhante:

Page 53: Apostila de socorros

Como Remover Vítima de Acidentados Suspeitos de Fraturas de Coluna e

Pelve:

- Utilize uma SUPERFÍCIE DURA - porta ou tábua (maca improvisada).

- Solicite ajuda de pelo menos cinco pessoas para transferir o acidentado do local

encontrado até a maca.

- Movimente o acidentado COMO UM BLOCO, isto é, deslocando todo o corpo ao

mesmo tempo, evitando mexer separadamente a cabeça, o pescoço, o tronco, os braços e as pernas.

Page 54: Apostila de socorros

Como Remover Acidentado Grave Não Suspeito de Fratura de Coluna

Vertebral ou Pelve, Em Decúbito Dorsal:

- Utilize macas improvisadas como: portas, cobertores, cordas, roupas, etc.;

IMPORTANTE:

EVITE paradas e freadas BRUSCAS do veículo, durante o transporte;

PREVINA-SE contra o aparecimento de DANOS IRREPARÁVEIS ao acidentado,

movendo-o o MENOS POSSÍVEL

SOLICITE, sempre que possível, a ASSISTÊNCIA DE UM MÉDICO na remoção de

acidentado grave.

NÃO INTERROMPA, em hipótese alguma, a RESPIRAÇÃO DE SOCORRO e a

MASSAGEM CARDÍACA EXTERNA ao transportar o acidentado.

Primeiros Socorros Desmaios e Estado de Choque

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Page 55: Apostila de socorros

É o conjunto de manifestações que resultam de um desequilíbrio entre o volume de

sangue circulante e a capacidade do sistema vascular, causados geralmente por:

choque elétrico, hemorragia aguda, queimadura extensa, ferimento grave,

envenenamento, exposição a extremos de calor e frio, fratura, emoção violenta,

distúrbios circulatórios, dor aguda e infecção grave.

TIPOS DE ESTADO DE CHOQUE:

Choque Cardiogênico: Incapacidade do coração de bombear sangue para o resto

do corpo. Possui as seguintes causas: infarto agudo do miocárdio, arritmias, cardiopatias;

Choque Neurogênico: Dilatação dos vasos sangüíneos em função de uma lesão

medular. Geralmente é provocado por traumatismos que afetam a coluna cervical;

Choque Séptico: Ocorre devido a incapacidade do organismo em reagir a uma

infecção provocada por bactérias ou vírus que penetram na corrente sangüínea liberando grande quantidade de toxinas;

Choque Hipovolêmico: Diminuição do volume sangüíneo. Possui as seguintes

causas:

Perdas sangüíneas - hemorragias internas e externas.

Perdas de plasma - queimaduras e peritonites. Perdas de fluídos e eletrólitos - vômitos e diarréias.

Choque Anafilático: Decorrente de severa reação alérgica. Ocorre as seguintes

reações:

Pele: urticária, edema e cianose dos lábios;

Sistema respiratório: dificuldade de respirar e edema da árvore respiratória;

Sistema circulatório: dilatação dos vasos sangüíneos, queda da pressão arterial,

pulso fino e fraco, palidez.

COMO SE MANIFESTA

A pele fica fria e pegajosa, aumenta a sudorese (transpiração abundante) na testa e

nas palmas das mãos, a face fica pálida com expressão de sofrimento. A pessoa tem

uma sensação de frio, chegando às vezes a ter tremores.

A pessoa pode sentir náuseas e vômitos, a ventilação fica curta, rápida e irregular.

Perturbação visual com dilatação da pupila, perda do brilho dos olhos, o pulso fica

fraco e rápido e a pessoa pode ficar parcialmente ou totalmente inconsciente.

COMO PROCEDER

Realize uma rápida inspeção na vítima, combata, evite ou contorne a causa do estado

de choque, se possível. Mantenha a vítima deitada e em repouso, controle toda e

qualquer hemorragia externa, verifique se as vias aéreas estão permeáveis, retire da

boca, se necessário secreção, dentadura ou qualquer outro objeto.

Execute a massagem cardíaca externa associada à respiração de socorro boca-a-boca,

se a vítima apresentar ausência de pulso, dilatação das pupilas e parada respiratória.

Afrouxe a vestimenta da vítima, vire a cabeça da vítima para o lado caso ocorra

vômito.

Page 56: Apostila de socorros

Eleve os membros inferiores cerca de 30 cm, exceto nos casos de choque

cardiogênicos (infarto agudo do miocárdio, arritmias e cardiopatias) pela dificuldade de trabalho do coração. Procure aquecer a vítima.

Remova IMEDIATAMENTE a vítima para o hospital mais próximo.

Lesões no esporte

Na prática esportiva os atletas competitivos e os amadores podem provocar diversas lesões, nas articulações, nos tendões, músculos e até fraturas ósseas. Muitos nomes dados a essas lesões são confusos e usados de formas diferentes por médicos, pacientes e esportistas. Quanto maior a faixa etária, maior a incidência de lesões na prática esportiva feita sem aquecimento e preparo físico, e, portanto, torna-se mais difícil a recuperação. Alguns tipos de lesões:

1) O Entorse, por exemplo, é um movimento anormal de uma articulação, que vai além da amplidão que os ligamentos podem realizar. O entorse pode provocar lesões ligamentares, como entorses de tornozelo e joelho que acontecem quando o pé fica fixo no chão, e a alavanca se faz com o joelho ou tornozelo. O entorse ocorre sem que ocorra luxação (ou seja, sem que os ossos da articulação saiam do lugar), que é mais grave que o entorse. É também chamado de mau jeito, estiramento ou distensão de ligamento.

2) Distensão ou estiramento também pode ser de músculos e se dá quando as fibras musculares ou os tendões alongam-se além do seu normal.

3) Luxação é o deslocamento traumático agudo ou deslocamento permanente das superfícies que

compõem uma articulação e que, assim, perdem suas relações anatômicas normais. Pode originar-se de traumatismo, malformação (luxação congênita) ou de lesões outras, como artrites que incidam sobre articulação (luxação

Page 57: Apostila de socorros

patológica ou espontânea). Em ortopedia, luxação é um caso de gravidade.

4) Contusão - Quando existe um trauma em qualquer parte do corpo provocado, por exemplo, por uma pancada, um chute ou uma bolada; e o hematoma quando proveniente de um trauma, resulta em tumor (aumento de volume) formado por sangue extravasado.

5) Fratura - É a perda de continuidade de um tecido ósseo. Pode ser com ou sem desvio. No esporte, os atletas costumam ter fraturas por estresse, ou seja, decorrentes do excesso de atividade, sendo extremamente doloroso (também chamado de over use ou excesso de uso). É freqüente em maratonistas e corredores que vão além de seus limites, ou com ginástica olímpica, além

de atividades em que se treina muito. As fraturas da tíbia são as mais freqüentes.

6) Cãibra - É a contratura involuntária do músculo. Pode ocorrer por diversas causas, entre elas, o acúmulo de ácido lático, ou devido a uma alteração no metabolismo de alguns elementos, como sais minerais, potássio e cálcio, entre outros. O músculo entra em espasmo e contrai sem o controle da pessoa. Geralmente são contrações muito dolorosas.

7) Tendinite (pode ter vários nomes todos inadequados, quando terminam em ite, bursite do ombro, epifisite (na epífise do osso), epicondilite no cotovelo- É a inflamação no tendão, cordão ou feixe fibroso que fica na

extremidade dos músculos, devido à repetição excessiva de movimentos, mas, que só inflama quando se torna repetitivo e crônico. Na primeira vez, é melhor chamar de entorse. Como orientação geral de primeiros socorros, a primeira coisa

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a fazer quando se tem um entorse, um trauma agudo ou qualquer lesão é colocar gelo na região lesada, e depois tentar algum tipo de mobilização para aliviar a dor momentânea do local afetado. No caso de cãibras, como medida geral, deve-se pedir para uma pessoa ajudar a fazer o movimento inverso ao movimento do músculo que está contraindo. Por exemplo, se a cãibra acontecer na panturrilha, deitar no chão e forçar o pé

para cima e lentamente, no sentido oposto para alongar o músculo posterior da perna. K. J Feury, especialista em medicina esportiva afirma que o Center for Disease Control (em 2002), demonstrou que a cada ano aproximadamente 150.000 americanos, de todas as idades, morrem, em acidentes no esporte, sendo essa a principal causa de morte entre crianças e adultos jovens. Os acidentes que não resultaram em óbitos, no ano de 2002, somaram,

aproximadamente, 114 milhões de casos, sendo que 25% foram casos agudos. Um de cada americano terá um acidente desse tipo no esporte que deverá ser tratado. Por isso deve-se investir na prevenção e na educação dos esportistas.

RELAÇÃO DOS RADICAIS – PREFIXOS E SUFIXOS MAIS USADOS Raízes Aero = relativo a ar ( aviação – voo). Baro - relativo a pressão atmosférica. Bio - relativo à vida. Cefal - relativo à cabeça. Dermat - relativo à pele. Entero – relativo a aparelho difgestivo ( intestino). Encefal - relativo ao cérebro, ao encéfalo. Gastr - relativo ao estomago. Hemat - relativo ao sangue. Leuc - relativo ao sangue. Oste - relativo ao osso. Ot - relativo ao ouvido. Plasmatico - relativo a plasma, sangue. Patia- relativo a doença. Pneumo - relativo ao pulmão.

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Rin - relativo ao nariz. Prefixos A ou an - sem, ausência. Anti - contra. Bradi - lento, desacelerado. Dis - dor , doficuldade. Epi - sobre em cima. Glico - relativo à açúcar. Hepato – relativo ao fígado. Hiper - relativo a excesso. Hipo – relativo a deficiência. Intra - dentro de. Pré - antes. Semi - metade. Supra - por cima. Taqui - - acelerado, rápido. Uni - um. Sufixo Algia - dor. Cardia - relativo à coração. Cito – célula. Pneia - referente à repiração. Uria – relativo a urina. Oxia – relativo a oxigênio.