apostila de microeconomia 1

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APOSTILA CONCURSO DA POLÍCIA FEDERAL 2012 NOÇÕES DE MICROECONOMIA Orientação de Estudo Parte 1 - Noções Básicas de Economia (Economia, fatores de produção, Microeconomia e Macroeconomia) Parte 2 - Noções Básicas de Microeconomia Conceitos (Oferta, Demanda, Mercado); Elasticidades; Regulação de Mercados; Quotas, preços máximos e mínimos; Racionalidade Econômica do Governo; Impostos, tarifas, subsídios, eficiência econômica e distribuição da renda

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Page 1: Apostila de Microeconomia 1

APOSTILA

CONCURSO DA POLÍCIA FEDERAL 2012

NOÇÕES DE MICROECONOMIA

Orientação de Estudo

Parte 1 - Noções Básicas de Economia (Economia, fatores de produção, Microeconomia e Macroeconomia)

Parte 2 - Noções Básicas de Microeconomia

• Conceitos (Oferta, Demanda, Mercado);

• Elasticidades;

• Regulação de Mercados;

• Quotas, preços máximos e mínimos;

• Racionalidade Econômica do Governo;

• Impostos, tarifas, subsídios, eficiência econômica e distribuição da renda

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Apostila de Microeconomia – Polícia Federal

Parte 1 - Noções Básicas de Economia (Economia, fatores de produção, Microeconomia e Macroeconomia)

Para começar, a palavra Economia deriva do grego “aquele que administra o lar”. Apesar de parecer estranho, lares e economias têm muito em comum. Além disso, Economia é uma ciência social que estuda a escolha sob condições de escassez.

Existe algo que vocês não tenham que gostariam de ter? Existe algo que vocês tenham que gostariam de ter mais? Caso a resposta seja “não”, parabéns!! Vocês estão bem próximos do ascetismo Zen ou são parentes do Bill Gates. Ou seja, uma família que possui somente uma TV deverá assistir um programa por vez por pura limitação do recurso TV.

Nossas vidas, como agentes econômicos, são pautadas por escolhas. Essas escolhas estão basicamente em decidir como administrar nosso tempo entre trabalho e lazer; e como gastar nosso dinheiro na subsistência e na diversão da família. Somos obrigados a tomar decisões basicamente porque vivemos em uma economia capitalista, nossos recursos são escassos e temos que aplicar a maior parte do nosso tempo labutando para garantir nosso sustento. Assim, nossas vidas são recheadas de escolhas devido à nossa limitação de recursos e de tempo.

Agora imaginem que no âmbito empresarial ocorre da mesma forma, pois o empresário - que também é um agente econômico - está sempre buscando tomar decisões (escolhas) sobre a perfeita combinação dos fatores de produção.

Antes de continuarmos, faz-se necessário explicar o que são esses fatores de produção. Estes nada mais são do que elementos ou recursos indispensáveis à produção de bens materiais e serviços. A maioria dos economistas classificam os fatores de produção em três:

1. Trabalho – é o tempo que as pessoas despendem para a produção de bens e serviços;

2. Capital – instrumentos duradouros que as pessoas utilizam para produzir bens e serviços. Nestes podemos citar prédios, máquinas e equipamentos, como capital físico e as habilidades e treinamentos que têm os trabalhadores como capital humano;

3. Terra – espaço físico onde se dá a produção de bens e serviços, além dos recursos naturais nela encontrados, como petróleo, minérios e árvores.

Além dos fatores de produção acima, alguns economistas consideram ainda a organização empresarial e ciência/técnica (pesquisa) como fatores de

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produção. No entanto, podemos enquadrar a organização empresarial dentro do fator capital e a ciência/técnica dentro de um dos fatores trabalho e capital.

Vejamos alguns exemplos:

Uma franquia (uma forma de organização e operação empresariais) é capital, pois é de domínio da empresa ou do empresário.

O conhecimento técnico (ciência/técnica) que detém um engenheiro, caso ele seja empregado de alguma empresa, para construção de um prédio é trabalho.

Assim, para efeito de concursos trabalhemos sempre com três fatores de produção: trabalho, capital e terra.

Toda empresa, a exemplo de todo e qualquer agente econômico, possui limitação para alocação dos recursos (fatores de produção). A perfeita alocação desses recursos dependerá basicamente de duas coisas: a disponibilidade dos recursos que detém o empresário e sua capacidade empresarial.

É importante ressaltar que os três fatores de produção podem ser representados pela quantidade de dinheiro de que dispõe o empresário, que chamaremos daqui para frente de moeda. Esta é a representação de todos os recursos escassos existentes, de forma que todo e qualquer bem econômico que seja escasso e tenha uma utilidade terá um valor representado em moeda (preço).

Assim, se um empresário quer entrar em um determinado ramo e para isso possui uma boa quantia em moeda corrente, quer dizer que ele tem uma alta liquidez e poderá escolher com mais liberdade a alocação dos fatores de produção.

Entenda-se como liquidez a mobilidade de recursos, capacidade de escolha, ou seja, quanto maior a liquidez maior a capacidade de escolha, de decisão.

Da mesma forma que existem limitações de recursos para cada agente econômico, o mesmo pode ser afirmado acerca da sociedade, pois esta estará sempre desejando mais educação, mais saúde e mais lazer, no entanto, os fatores de produção disponíveis para saciar essa vontade, esse desejo são limitados. Assim, a melhor alocação possível para os fatores de produção para atender ao anseio social depende das decisões do governo.

O campo da economia é muito amplo, pois trata desde os fenômenos comportamentais dos indivíduos até a interrelação das nações. Por esse motivo, faz necessário entender essa imensidão sobre duas partes fundamentais: Microeconomia e Macroeconomia.

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Microeconomia

A Microeconomia estuda o comportamento individual dos agentes econômicos – famílias, empresas e governos. Avalia as escolhas desses agentes, bem como as interações resultantes dos seus encontros para trocar bens e serviços específicos em um determinado mercado. A Microeconomia se limita a estudar segmentos isolados, como por exemplo: o que acontece com o preço do pão se a farinha de trigo ficar mais escassa, devido á uma entressafra do trigo?

Macroeconomia

A Macroeconomia, ao contrário da Microeconomia, prende-se às análises e estudos das variáveis econômicas agregadas, englobando, por exemplo, a taxa de juros geral da economia de um país e não a taxa utilizada em determinado mercado de crédito. As variáveis dos diversos segmentos como o emprego na indústria ou a alta do preço do petróleo não são objeto de seu estudo.

Título : Introdução a Economia - Princípios de Micro e Macroeconomia - 3ª Edição Autor : Mankiw, N. Gregory ISBN : 8522104085 Editora : Thomson

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Parte 2 - Noções Básicas de Microeconomia

Conceitos (Oferta, Demanda, Mercado);

Quando uma grande tragédia atinge uma grande plantação de cana de açúcar no Brasil, os preços do álcool e do açúcar sobem no país. Quando temos uma produção de uva acima do previsto, o preço do suco de uva aumenta.

Não é à toa que oferta e demanda são as palavras que os economistas mais utilizam. Oferta e demanda são as forças que movem as economias de mercado, determinando a quantidade produzida de cada bem, bem como o preço pelo qual será vendido.

Oferta e demanda referem-se ao comportamento dos agentes econômicos quando interagem no mercado. Entenda-se mercado como um grupo de vendedores e compradores de um determinado bem ou serviço, sendo eles responsáveis pela sua oferta e demanda, respectivamente.

De acordo com o nível de concorrência ou de capacidade de um agente interferir ou influenciar no preço de um dado bem, podemos classificar os mercados em:

Perfeitamente Competitivos: quando todos os bens são iguais e um vendedor ou comprador isoladamente não tem o poder de influenciar no preço de um determinado bem ou serviço. Vejamos o exemplo das verduras folhosas de Rio Branco, onde temos muitos produtores agrícolas e muitos compradores, de forma que se um vendedor decidir aumentar o preço do cheiro verde, os compradores simplesmente comprarão de outro vendedor, obrigando o primeiro a voltar para o preço praticado no mercado, sob pena de não vender sua produção.

Monopólio: Quando o mercado possui apenas um vendedor e este determina o preço a ser praticado. Um grande exemplo de monopólio no Acre é a internet chamada de banda larga residencial, fornecida somente pela OI (que absorveu a Brasil Telecom), de forma que ela impõe seus preços sem que os compradores tenham poder de regulação, pois o caminho da escolha é duplo – ter ou não ter o serviço de internet.

Oligopólio: Mercado com poucos vendedores que, nem sempre, competem agressivamente. Quantas companhias aéreas operam voos nacionais com destino ou origem em nosso Estado do Acre? Vamos contar... 1, 2, 3.... tem mais? Acho que não. Elas atendem a uma demanda do mercado bem conhecida em que preferem evitar reduções massivas de preços dos serviços, pois assim elas mantêm os preços altos e, claro, sua alta margem de lucro.

Concorrência Monopolística: mercado de bens/serviços com pequenas diferenciações. Um grande exemplo é o mercado de software, onde podemos

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encontrar bens e serviços a preços bem diferenciados, como o Windows que encarece bastante um computador e o Linux que é gratuito (sendo paga somente a sua customização, se for necessária ou desejada).

Demanda

“Na teoria microeconômica, a demanda (procura) é a quantidade de um bem que um consumidor deseja e está disposto a adquirir por um determinado preço e em determinado momento.” (Sandroni, 2001)

A demanda depende de fatores como:1) Preço – apesar de desejar determinado bem, um consumidor não

irá comprá-lo por restrições orçamentárias ou por existir um similar mais barato no mercado;

2) Preferência/gosto do consumidor – vontade subjetiva com base na satisfação de cada um, ou seja, cada consumidor busca a satisfação de suas necessidades;

3) Renda/poder de compra – restringe a quantidade e a variedade de bens a serem consumidos por cada indivíduo. Sem renda o agente deixa de ser um agente econômico, para tal ele precisa de alguma forma auferir uma renda, seja através do labor ou de programas sociais do governo;

4) Preço e/ou disponibilidade de outros bens – o aumento do preço da manteiga pode levar o consumidor a preferir a margarina em detrimento daquela;

5) Expectativas – as perspectivas do consumidor em relação à sua renda e/ou o preço pode fazer com que ele tome uma decisão de consumir mais ou menos de um determinado bem no presente;

6) Qualidade do bem – fator que tem a ver com acabamento, “designe”, atendimento, pós-venda, etc., características de um bem que, na visão do consumidor são indispensáveis.

Uma coisa é fato, imaginem uma análise de demanda envolvendo todas as variáveis citadas acima. Agora imaginem, que além dessas, existem mais... Calma! Não se desesperem! Os economistas desenvolveram uma metodologia de análise direcionada para uma quantidade reduzida de variáveis, mantendo todas as demais constantes. Toda vez que isso ocorre em uma análise microeconômica, há a sinalização da expressão em latim “coeteris paribus”, que significa o resto continua constante.

Assim, é pouco provável que o examinador cobre na prova uma análise aprofundada contendo mais de 3 variáveis para uma questão relacionada a demanda de um bem. Aqui chamo a atenção dos pretensos policiais federais para os fatores 1) Preço do bem e 2) Renda

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do consumidor, pois são estes que os examinadores mais têm cobrado na prova e é em um deles que se referirá o exemplo a seguir.

Imaginem um consumidor que gosta de sorvetes, agora pensem se o sorvete for de graça, qual a quantidade que será consumida? E se o preço for R$ 20? Vejamos o exemplo.

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Figura 1 – Demanda por casquinha de sorvetes

Conforme ilustração acima, podemos observar que à medida que preço da casquinha de sorvete aumenta, a quantidade consumida cai e o contrário também é verdadeiro. Quando o preço cai, a quantidade sobe. Vejam que, mesmo se a casquinha de sorvete seja de graça, esse consumidor somente consumirá 12 delas, pois após a consumo da 12ª casquinha, ele se sentirá totalmente saciado. Além disso, caso a casquinha custe R$ 3,00 ou mais, esse mesmo consumidor não consumirá sorvete, pois o valor em questão está acima do ele julga aceitável. Dessa forma, podemos afirmar que, neste exemplo, a demanda por casquinha de sorvetes é uma função do preço, “coeteris paribus”, que podemos representar da seguinte forma:

Ds = f(Ps,K), onde:

Ds – quantidade de casquinhas de sorvetes demandasf – símbolo de função (pode ser representada por outras letras)Ps – Preço da casquinha de sorveteK – demais variáveis que permanecem constantes

Acabamos de fazer análise da demanda individual de um consumidor, mas como seria a demanda de mercado?

A demanda de mercado nada mais é do que o somatório de todas as demandas individuais. Ou seja, imagine um sorvete a um preço dado, digamos R$ 2,00, nesse ponto, somaríamos as quantidades demandas de todos consumidores de sorvetes, em um dado tempo, e o resultado seria a demanda de mercado.

QQuantida0 2 4 6 8

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Preço em

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Oferta“Quantidade de bens ou serviços que se produz e oferece ao mercado, por determinado preço e determinado período de tempo”. (Sandroni, 2001)

A exemplo da demanda, na oferta diversos fatores que influenciam na quantidade de determinado bem disponibilizada no mercado, tais como:

1) O preço do bem ofertado;2) Tecnologia – tende a reduzir custos aumentando a escala de

produção;3) Condições climáticas – caso dos produtos agrícolas e o nosso

sorvete também pode ser um bom exemplo;4) Suprimento e preço de matérias primas e insumos;5) Expectativas – perspectivas de ampliação da demanda de

sorvetes com a eminência de um período futuro mais prolongado, pode fazer com que o empresário resolva ofertar menos sorvetes nesse momento para atender a uma demanda crescente no futuro.

O objetivo aqui não é esgotar todos os fatores que influenciam no comportamento da oferta de bens e serviços, mas sim fornecer aqueles que o examinador mais utiliza para formular a prova, chamando a atenção para preço do bem ofertado como um dos principais fatores.

Não nos esqueçamos que a condição “coeteris paribus” também é válida para a oferta de bens, o que nos facilita a análise da função oferta.

Vejamos agora a ilustração gráfica da curva de oferta, aproveitando o exemplo do sorvete para tal, analisando a quantidade ofertada em função do preço, “coeteris paribus” que pode ser representada pela expressão:

Os = f(Ps, K)

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Figura 2 – Oferta de casquinhas de sorvetes

Podemos observar que, ao contrário da quantidade demandada, a quantidade ofertada varia em função da alteração do preço numa relação direta, ou seja, a curva da oferta é positivamente inclinada, o que significa que, à medida que o preço sobe a quantidade ofertada de sorvetes também sobe numa proporção maior ou menor, dependendo da inclinação da curva.

Vale lembrar também que existe a oferta individual de um bem como também a oferta de mercado, de forma que a primeira consiste na oferta individual de uma empresa e a segunda, o somatório de todas as ofertas individuais.

Exemplo: imaginem um bairro de Rio Branco que tenha 3 sorveterias, X, Y E Z, a sorveteria X produz 100 sorvetes por dia, a Y, 120 sorvetes por dia e Z, 80 sorvetes por dia. Assim sendo, o total ofertado de sorvete nesse bairro é de 300 sorvetes (100+120+80).

Antes de avançarmos nas discussões sobre elasticidades e Regulação de mercados, precisamos fazer uma parada e aprendermos um pouco mais sobre bens e serviços.Bens são produtos tangíveis, resultantes de atividades primárias e secundárias de produção e podem ser classificados em:

Intermediários - Bens que são consumidos na produção de outros bens, como o aço para produção de um facão, açúcar para produção de pirulitos;

Finais - Bens destinados ao consumo dos agentes, sejam eles empresas ou famílias, como por exemplo, TV, Celular, trator, máquina de bordar, etc. Este ainda podem ser subclassificados como:

QQuantida0 10 20 30 40 50 60 70 80

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Preço em

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De Consumo - Bens destinados ao consumidor final, como por exemplo, TV,Celular, video-game, pirulito, etc.

De Capital - Bens que servem para produzir outros bens, que transferem seu valor para os bens produzidos à medida que vai depreciando. Podemos citar como exemplos todos e quaisquer tipos de máquinas e equipamentos utilizados na planta de produção.

Duráveis - Bens de consumo que duram muito tempo, como geladeiras, carros, motos, bicicletas, fogões, etc.

Não-duráveis - Bens de consumo que duram pouco tempo, como comida, cigarros, materiais de escritórios, etc.

Além das classificações acima, os bens possuem ainda classificações de acordo com seu comportamento dentro da análise microeconômica e são essas que, provavelmente o examinador pedirá na prova. Vamos a elas?

Tais classificações estão relacionadas com o comportamento do consumidor, pois este está sempre disposto a maximizar sua satisfação. Como a demanda de mercado é o somatório de todas demandas individuais, pode-se inferir os consumidores possuem satisfação com tipos de bens diferentes, no entanto, muitos deles mantêm relação comportamental diferentes em relação a uma variedade de bens, que vamos dividir em 3 grupos.

1) Bens Superiores – são aqueles que quando aumenta a renda, seu consumo aumenta mais do que proporcionalmente à variação da renda. Ex. Carne de primeira, wisk, etc.

2) Bens Inferiores - são aqueles que quando aumenta a renda o seu consumo cai. Exemplo: carne de segunda, roupas usadas, etc.

3) Bens Normais – são aqueles que quando aumenta a renda, seu consumo aumenta menos que proporcionalmente. Ex. arroz, feijão, etc.

4) Bens Substitutos – são aqueles que o aumento de um implica necessariamente na redução do consumo de outro. Essa substituição não é absoluta, pois, acreditem, existem pessoas que preferem margarina à manteiga!

5) Bens Complementares – são aqueles cujos seus consumos são feitos de forma simultânea. Essa complementaridade, a exemplo da substituibilidade também não é absoluta, mesmo porque a pessoa não é obrigada a comer feijão toda vez que come arroz ou vice-versa.

Observem que nos itens 1, 2 e 3 a preferência do consumidor está relacionada a renda, enquanto que nos itens 4 e 5, sua preferência está ligada à disponibilidade/preço de outros bens.

Equilíbrio: Oferta X Demanda

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Primeiramente, precisamos buscar o significado da palavra equilíbrio, que passamos a ver a seguir:Equilíbrio - “Estado ou condição de um sistema sob ação de duas ou mais forças que se anulam entre si, o que resulta em sua estabilidade, se não houver ação de novas forças”. (Dicionário Aulete)

Equilíbrio – “estado do que está submetido a duas forças opostas iguais ou uma igualdade quantitativa”. (Dicionário Houaiss)

Figura 3 - Balança

Numa balança, para que fique nivelada, devemos colocar objetos com o mesmo peso em ambas as bandejas, pois o equilíbrio nada mais é do que a igualdade das forças.

Visto que o consumo de bens varia de acordo com o preço, renda e/ou suas interrelações e interações, passaremos agora a analisar o paradoxo de forças que, apesar de contrárias, se complementam: Oferta e Demanda.

Primeiro, temos que ter em mente que essas forças, são concorrentes e, ao mesmo tempo, complementares, pois são elas que conduzem o mercado ao seu equilíbrio. Também é importante salientar que estamos tratando aqui de variáveis isoladas, ou seja, de microeconomia; e sempre estaremos fazendo uso da condição “coeteris paribus”, para simplificar a análise.

Assim, podemos dizer que o equilíbrio de mercado nada mais é do que o encontro da vontade de consumir com a vontade de vender. Mas como se dá essa negociação entre demandantes e ofertantes?

Primeiro precisamos entender que todos os agentes econômicos detêm informações necessárias para tomada de decisão, seja a de ofertar ou vender um bem. Além disso, segundo a Teoria Microeconômica, são detentores da chamada racionalidade econômica, isto é, tomam a decisão pensando em seu bem-estar, suas preferências, seus interesses. Eles sabem exatamente como classificar suas preferências/escolhas.

Como todos, ofertantes e demandantes, têm informação plena sobre o mercado, então, as forças oferta X demanda conduzem o mercado de bens ao equilíbrio – é a chamada mão invisível de Adam Smith.

Vamos para explicação gráfica para visualizarmos o equilíbrio de mercado.

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Figura 4 – Oferta X Demanda de casquinhas de sorvetes

O ponto de equilíbrio do mercado de um determinado bem é justamente na interseção entre a curvas de demanda e de oferta (no ponto em que ambas se cruzam), onde o preço e quantidade se encontram, ou melhor, onde quantidade Demandada é igual a quantidade Ofertada e o preço é mesmo para ambas.

Vejam que o preço de equilíbrio é R$ 2,00 e a quantidade de equilíbrio das casquinhas de sorvetes é 7, justamente no cruzamento das curvas.

Agora imaginemos como seria se o preço da casquinha de sorvete ficasse em R$ 2,50, acima do preço de equilíbrio.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Preço em

Demand

Quantidade

Oferta

Equilíbri

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Figura 5 – Oferta X Demanda de casquinhas de sorvetes

Podemos observar que, quando o preço da casquinha de sorvete sobe para R$ 2,50, o ofertante tende a aumentar a quantidade do produto até 10 unidades, no entanto, o demandante (consumidor) somente está disposto a consumir 4 unidades, causando um excesso de produto (excesso de oferta) em 6 unidades (10-4=6). Entretanto, como se tratam de agentes racionais, o ofertante tende a baixar o preço até que o demandante consuma exatamente a quantidade de equilíbrio, que é 7 unidades.

Agora vejamos o que acontece quando o preço fica abaixo do equilíbrio de mercado:

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Preço em

Deman

Quantidade

Oferta

Quantidade

Demand

Quantidade

Ofertada

Excesso de

Oferta

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Figura 6 – Oferta X Demanda de casquinhas de sorvetes

Já quando o preço fica em R$ 1,50, abaixo do preço de equilíbrio, temos uma demanda de 10 unidades para uma oferta de 4 unidades. Aqui, ao contrário do demonstrado na figura 5, temos uma escassez de oferta (produto) também no montante de -6 unidades (4-10=-6) de casquinhas de sorvete. Ou seja, a Demanda supera a oferta em 6 unidades. A exemplo do exemplo da figura 5, aqui, novamente os preços são conduzidos ao ponto de equilíbrio pois ofertantes não aceitam a atender a demanda em todo o seu potencial, assim vão ampliando o preço até que ambos (ofertantes e demandantes) entrem em consenso e encontrem o preço de equilíbrio.

Além da movimentação das quantidades e preços que levam o mercado de um determinado bem ao equilíbrio dentro das mesmas curvas de oferta e demanda, temos ainda o deslocamento de uma das curvas ou de ambas que podem conduzir o mercado ao equilíbrio.

A melhor forma de explicar essa situação seria uma mudança nas condições em que o produto é ofertado ou demandado. Imaginem, no caso de nosso exemplo com as casquinhas de sorvete, que o calor seja mais intenso e duradouro do que o esperado: o que aconteceria com a demanda? E com a oferta?

Primeiramente a demanda se ampliaria, quando isso ocorre, o preço sobe. Quando o preço sobe, a oferta se amplia. Como a condição climática afeta diretamente a demanda, temos uma mudança de comportamento dos consumidores, significando um deslocamento na curva de demanda, conforme visto na figura a seguir:

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Preço em

Deman

Quantidade

Oferta

Quantidade

Demand

Quantidade

Ofertada

Escassez de

Oferta

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Figura 7 – Deslocamento da curva de Demanda de casquinhas de sorvetes

Vejam que a intensidade do calor em um determinado tempo altera a preferência de consumidores de sorvetes. Eles ficam mais afeitos a ideia de consumir produtos gelados, fazendo com que eles consumam mais sorvetes, mesmo o preço ficando um pouco mais alto. Importante observar que a curva de oferta não sofre alteração, pois o calor não interferiu no comportamento dos ofertantes (sorveterias).

Agora imaginemos que uma dada condição afete a oferta de sorvetes, como um terremoto, por exemplo. O terremoto destrói boa parte da capacidade produtiva das sorveterias. Isso leva a crer que, nesse caso, há uma mudança no comportamento dos ofertantes (sorveterias), que por força de sua capacidade de produção reduzida, passam a ofertar menos sorvete no mercado, o que leva a um aumento no preço.

Equilíbrio

inicial

Novo equilíb

rio

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Preço em

Deman

Quantidade

Oferta

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Nova Oferta

Figura 8 – Deslocamento da curva de Oferta de casquinhas de sorvetes

Observem que o terremoto afeta diretamente a oferta de sorvetes em determinado local e em determinado espaço de tempo. Com isso, a quantidade de sorvetes que produtores podem colocar no mercado cai, provocando o aumento no preço e, consequentemente, uma redução na quantidade demandada. No entanto, a demanda continua com o mesmo comportamento, não havendo, portanto, seu deslocamento, da forma como ocorre com a curva da oferta.

Agora imaginemos que a onda de calor e o terremoto ocorram simultaneamente. Qual seria o comportamento das curvas de oferta e demanda?

1. Como vimos, a onda de calor causa o deslocamento na curva de demanda;

2. O terremoto altera a curva de oferta;3. Deslocam-se simultaneamente as duas curvas.

Equilíbrio

inicial

Novo equilíb

rio

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Preço em

Deman

Quantidade

Oferta

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Nova deman

Nova Oferta

Figura 9 – deslocamento simultâneo das curvas de oferta e demanda

Para fins dessa analise gráfica, imaginemos que os efeitos do terremoto sobre a curva de oferta ocorrem na mesma proporção dos efeitos do calor intenso sobre a curva de demanda, de modo que ambas as curvas se desloquem em uma proporção idêntica. Vale ressaltar que pressupõe que as elasticidades de oferta e demanda sejam iguais para o bem sorvete, o que não ocorre de fato.

No próximo tópico passaremos a ver os conceitos de elasticidade e suas aplicabilidades.

Título : Introdução a Economia - Princípios de Micro e Macroeconomia - 3ª Edição Autor : Mankiw, N. Gregory ISBN : 8522104085 Editora : Thomson

Título : Novíssimo dicionário de economia. 6ª ediçãoAutor : SANDRONI, PauloEditora : Best Seller

Deman

Novo equilíb

rio

Equilíbrio

inicial

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Preço em

Quantidade

OfertaOferta

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Elasticidades

“A elasticidade mede a resposta de compradores e vendedores às alterações nas condições do mercado, permitindo-nos analisar a oferta e a demanda com maior precisão.” (Mankiw, 2001)

Razão entre a variação relativa da variável dependente “y” e a variação relativa da variável independente “x”.

Trazendo efeitos de nossa análise com base nas curvas de oferta e demanda, consideremos que:∆y – variação da quantidade demandada ou ofertada;Y – Quantidade demandada ou ofertada;∆x – variação do preço (que também pode ser renda);X – preço (que também pode ser renda).

Diz-se que a demanda por um bem é inelástica quando a demanda responde ligeiramente a variações de preço.

Mas o que determina se a demanda por um bem é elástica ou inelástica? Uma séria de forças econômicas, sociais, religiosas que moldam os desejos individuais.

Alguém deixaria de comer sal se ele custasse R$ 5,00? é possível que algumas pessoas até o fizessem, no entanto a maioria optaria por continuar a demandar esse bem.

Isso nos leva a crer que existem algumas regras gerais relativas aos fatores determinantes da Elasticidade-preço da demanda, que podemos relacionar a seguir:

1. Nível de necessidade – o bem é de primeira necessidade ou supérfluo? Quanto mais essencial a vida mais inelástica será a sua demanda. Podemos ter um exemplo clássico do que estamos falando, quando analisamos a elevação do preço do feijão aqui no Acre, observamos uma majoração em mais de 100%, saindo de algo em torno de R$ 2,60 para próximo de R$ 6,00. Seu consumo reduziu? Por certo que sim, mas somente aqueles que não podiam pagar os R$ 6 por cada quilo que o deixaram de consumir, enquanto que a ampla maioria dos acreanos continuram a consumir o feijão nosso de cada dia, deixando, para tanto, de consumir outros bens. Isso é um forte indício de que a demanda por feijão no Acre é inelástica, pois o preço

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não tem uma influência muito forte em sua variação consumida (demandada);

2. Substituibilidade – se um bem possuir um substituto próximo, sua demanda tende a ser elástica, tendo em vista que consumidor poderá optar pela substituição do bem em caso de majoração de preço. Como exemplo clássico, temos a manteiga que tem na margarina seu substituto mais próximo.

3. Definição/restrição de mercado – quanto mais restringirmos a amplitude do mercado, mais elástica será a sua demanda. Pois, na medida que a demanda por comida é inelástica, a demanda por sorvetes é elástica, pois estes podem ser substituídos por outras sobremesas, como pudim, pavê, cremes, etc.

4. Horizonte temporal – os bens tendem a ter uma demanda elástica em longos horizontes temporais. Isso significa que, ao aumentar o preço da gasolina, a quantidade demanda cai pouco, sendo que, na medida que as pessoas busquem outras alternativas de transportes (carros mais econômicos, transportes coletivos, rodízios, etc).

Elasticidade-Preço da demanda

Mede o quanto a quantidade demandada varia mediante uma variação no preço de um bem. Essa medida se dá na razão entre a variação percentual da quantidade demandada e variação do preço de determinado bem.

Elasticidade- preçoda demada

Podendo também ser representada dessa forma:

Epd = ∆%Qd ∆%p

O Cálculo tanto da variação percentual da demanda como da variação percentual do preço podem ser obtidos da seguinte forma:

1. Variação percentual da Quantidade demandada – primeiramente precisamos identificar qual o ponto de análise inicial, localizar a quantidade inicial (Qd0) e o ponto final, para então localizar a quantidade final (Qd1). Em seguida, subtraímos a quantidade inicial (Qd0) da final (Qd1) e dividimos pela quantidade inicial (Qd0), conforme abaixo:∆%Qd = Qd1 - Qd0

Qd0

Variação percentual da quantidade demanda

Variação percentual do preço=

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2. Variação percentual do preço - primeiramente precisamos identificar qual o ponto de análise inicial, localizar preço inicial (p0) e o ponto final, para então localizar o preço final (p1). Em seguida, subtraímos preço inicial (p0) do final (p1) e dividimos pelo preço inicial (p0), conforme abaixo:

∆%p = p1 - p0

p0