apostila de cimento portland- mcc1

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Uninove Prof. MSc Eng. Osvando Braga Jr. Cimento Portland Definição É um aglomerante hidráulico resultante da mistura homogênea de clínquer e adições finamente moídos. As matérias-primas do clínquer são o calcário (CaCO 3 ) e a argila (SiO 2 + Al 2 O 3 + Fe 2 O 3 + H 2 O). Dentre as adições, o gesso (CaSO 4 . 2H 2 O) é adicionado para regular o tempo de pega do clínquer. História Em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin queimou conjuntamente pedras calcárias e argila, transformando- as num pó fino. Percebeu que obtinha uma mistura que, após secar, tornava-se tão dura quanto as pedras empregadas nas construções. A mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor no mesmo ano, com o nome de cimento Portland, que recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland. No Brasil, em 1897 o comendador Antônio Proost Rodovalho lançou, a partir de sua fábrica em Sorocaba-SP, o cimento marca Santo Antonio, e operou até 1904. Voltou em 1907, mas experimentou problemas de qualidade e extinguiu-se definitivamente em 1918. Em Cachoeiro do Itapemirim, o governo do Espírito Santo fundou, em 1912, uma fábrica que funcionou até 1924, com precariedade e produção de apenas 8.000 toneladas por ano, sendo então paralisada, voltando a funcionar em 1935, após modernização. Em 1924 foi implantada uma fábrica em Perus, Estado de São Paulo, pela Companhia Brasileira de Cimento Portland, que pode ser considerada como o marco da implantação da indústria brasileira de cimento. As primeiras toneladas foram produzidas e colocadas no mercado em 1926. Até então, o consumo de cimento no país dependia exclusivamente do produto importado. A produção nacional foi gradativamente elevada com a implantação de novas fábricas, totalizando 58 em todo o Brasil hoje em dia. Fabricação A fabricação do cimento envolve as seguintes operações: (a) Extração, Dosagem, Secagem e Homogeneização das Matérias-Primas O calcário é a matéria-prima básica, contribui de 85 a 95 % na fabricação do cimento, é constituído basicamente de carbonato de cálcio (CaCO3) e, dependendo de sua origem geológica, pode conter várias impurezas, como magnésio, silício, alumínio e ferro. Componente Características Químicas do Calcário CaO 47,82 SiO2 6,00 Al2O3 1,83 Fe2O3 0,92 MgO 2,08 K2O 0,4 Na2O 0,06 SO3 0,37 P.F. 40,52 Total 100,00

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Cimento Portland Definição É um aglomerante hidráulico resultante da mistura homogênea de clínquer e adições finamente moídos. As matérias-primas do clínquer são o calcário (CaCO3) e a argila (SiO2 + Al2O3 + Fe2O3+ H2O). Dentre as adições, o gesso (CaSO4 . 2H2O) é adicionado para regular o tempo de pega do clínquer.

História

Em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin queimou conjuntamente pedras calcárias e argila, transformando-as num pó fino. Percebeu que obtinha uma mistura que, após secar, tornava-se tão dura quanto as pedras empregadas nas construções. A mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor no mesmo ano, com o nome de cimento Portland, que recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland.

No Brasil, em 1897 o comendador Antônio Proost Rodovalho lançou, a partir de sua fábrica em Sorocaba-SP, o cimento marca Santo Antonio, e operou até 1904. Voltou em 1907, mas experimentou problemas de qualidade e extinguiu-se definitivamente em 1918. Em Cachoeiro do Itapemirim, o governo do Espírito Santo fundou, em 1912, uma fábrica que funcionou até 1924, com precariedade e produção de apenas 8.000 toneladas por ano, sendo então paralisada, voltando a funcionar em 1935, após modernização.

Em 1924 foi implantada uma fábrica em Perus, Estado de São Paulo, pela Companhia Brasileira de Cimento Portland, que pode ser considerada como o marco da implantação da indústria brasileira de cimento. As primeiras toneladas foram produzidas e colocadas no mercado em 1926. Até então, o consumo de cimento no país dependia exclusivamente do produto importado. A produção nacional foi gradativamente elevada com a implantação de novas fábricas, totalizando 58 em todo o Brasil hoje em dia.

Fabricação A fabricação do cimento envolve as seguintes operações: (a) Extração, Dosagem, Secagem e Homogeneização das Matérias-Primas O calcário é a matéria-prima básica, contribui de 85 a 95 % na fabricação do cimento, é constituído basicamente de carbonato de cálcio (CaCO3) e, dependendo de sua origem geológica, pode conter várias impurezas, como magnésio, silício, alumínio e ferro. Componente Características Químicas do Calcário

CaO 47,82 SiO2 6,00 Al2O3 1,83 Fe2O3 0,92 MgO 2,08 K2O 0,4 Na2O 0,06 SO3 0,37 P.F. 40,52 Total 100,00

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Figura 01: Esquema da Fabricação do Cimento Portland.

A rocha calcária é extraída de jazidas com o auxílio de explosivos.

Os grandes blocos de pedra fragmentados, obtidos através de explosão, são submetidos ao processo de britagem, sendo reduzidos ao tamanho de grão menor ou igual a 25 mm. Para melhorar a qualidade do clínquer, o calcário recebe algumas correções de: Filito (argila): colabora com o alumínio, Al2O3; Quartzito (material arenoso): colabora com SiO2; Minério de Ferro: colabora com Fe2O3.

Componente Características Químicas da Argila Características Químicas do Quartzito (areia)

SiO2 63,45 85,67 Al2O3 16,70 9,02 Fe2O3 8,81 2,38 CaO 0,35 2,40 K2O 2,85 0,51 Na2O 0,12 0,01 P.F. 5,35 *** Outros 2,01 0,01 Total 100,00 100,00

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Figura 2: Jazida de Calcário

Figura 3: Britador

Este conjunto de materiais é enviado para moagem no moinho de bolas ou de rolos, em proporções pré-determinadas, onde se processa o início da mistura íntima, secagem e a homogeneização necessária, formando-se a farinha crua.TABE

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Figura 4: Moinho de bolas utilizado na trituração da Farinha (Cru).A DAS CARACTERÍSTICAS QÚIMICAS DE DIFERENTESLCÁRIOSARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DE DIFERENTES ARGILAS QUARTZITO

(b) Clinquerização A farinha crua moída é calcinada até fusão incipiente, a uma temperatura de 1450 ºC em um forno rotativo, onde então obtém-se o clínquer.

Figura 5: Forno de clinquerização

(c) Adições finais e moagem Para a obtenção do cimento Portland, faz-se a moagem do clínquer com diversas adições, como o gesso, calcário, pozolana e escória de alto-forno, onde assegura-se ao produto a finura e homogeneidade convenientes, além de se obterem cimentos de características diversas, adequados aos diferentes tipos de concretos e argamassas. O processo de moagem do clínquer com suas adições é um fator importante, pois irá influenciar em características como a hidratação e as resistências inicial e final do cimento.

ARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DAOZOLANA

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(c.1) Gesso É adicionado, no teor de 3% a 4%, na moagem final do cimento, com a finalidade de regular o tempo de pega, permitindo com que o cimento permaneça trabalhável por pelo menos uma hora, conforme ABNT. Sem a adição de gesso, o cimento tem início de pega em aproximadamente 15 minutos, o que tornaria difícil a sua utilização em concretos. (c.2) Fíler Calcário A adição de calcário finamente moído é efetuada para diminuir a porcentagem de vazios, melhorar a trabalhabilidade, o acabamento e pode até elevar a resistência inicial do cimento. (c.3) Pozolana A pozolana é a cinza resultante da combustão do carvão mineral utilizado em usinas termoelétricas; da queima de argilas ricas em alumínio a temperaturas próximas de 700 ºC; de cinzas de casca de arroz, ou de rochas vulcânicas. A pozolana reage com a cal liberada na hidratação do cimento, formando compostos cimentantes. A adição de pozolana propicia ao cimento maior resistência a meios agressivos como esgotos, água do mar, solos sulfurosos e a agregados reativos. Diminui também o calor de hidratação, permeabilidade, segregação de agregados e proporciona maior trabalhabilidade e estabilidade de volume, tornando o cimento pozolânico adequado a aplicações que exijam baixo calor de hidratação, como concretagens de grandes volumes. (c.4) Escória de Alto-Forno A escória de alto-forno, é subproduto da produção de ferro-gusa em alto-forno, obtida sob forma granulada por resfriamento brusco. É um produto não metálico que consiste essencialmente de silicatos e alumino-silicatos de cálcio.

Tem propriedades aglomerantes isoladamente, e quando combinada ao Cimento Portland, a hidratação é acelerada.

Composição Química ABELA DE COMPONENTES DOS CIMENTOS PORTLAND BRASILEIROS

óxido abreviatura compostos abreviatura

CaO C 3CaO.SiO2 C3S

SiO2 S 2CaO.SiO2 C2S

Al2O3 A 3CaO.Al2O3 C3A

Fe2O3 F 4CaO.Al2O3.Fe2O3 C4AF

MgO M 4CaO.3Al2O3.SO3 C4A3S

SO3 S-- 3CaO.2 SiO2.3H2O

C4S2H3

H2O H CaSO4.2H2O CSH2

Mineralogia do clínquer A sílica, alumina, ferro e cal reagem no interior do forno, dando origem ao clínquer, cujos compostos principais são os seguintes: C3S (Alita) 3CaO.SiO2 (Silicato tricálcico, 18 a 66 %)

C2S (Belita) 2CaO.SiO2 (Silicato dicálcico, 11 a 53 %)

C3A (Aluminato) 3CaO.Al2O3 (Aluminato tricálcico, 5 a 20 %)

C4AF (Ferrita) 4CaO.Fe2O3.Al2O3 (Ferro-aluminato tetracálcico, 4 a 14 %)

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Composição Potencial do Cimento Portland a Partir da Análise Química É prática comum na indústria do cimento calcular-se o teor dos compostos do cimento Portland a partir da análise dos óxidos, usando-se uma série de equações desenvolvidas originalmente por R. H. Bogue, em 1929 .

%C3S = 4,071% CaO – 7,60%SiO2 – 6,718%Al2O3 – 1,43%Fe2O3 – 2,85%SO3

%C2S = 2,867%SiO2 – 0,7544C3S

%C3A = 2,65%Al2O3 – 1,692%Fe2O3

%C4AF = 3,043%Fe2O3

%CaSO4 1,7%SO3 .

Nota: Essas equações são aplicáveis aos cimentos Portland com relação Al2O3/Fe2O3 ≥ 0,64.

Propriedades Físicas e Químicas do Cimento Portland

- Finura do Cimento

influencia a reação com a água: quanto mais fino o cimento mais rápida é a reação.

moagem mais fina:

– aumenta a taxa de reatividade e, portanto, a resistência

– aumenta também o custo da moagem

– aumenta o calor de hidratação determinada pelos ensaios:

NBR 11579 Cimento Portland - Determinação da finura por meio da peneira 75 μm (n° 200)

Cimento Portland - Determinação da finura pelo método de permeabilidade ao ar (Método de Blaine)

- Propriedades dos Compostos

C3S

maior resistência inicial (4 primeiras semanas)

menor resistência final

C2S

maior resistência final (após 4 semanas)

menor resistência inicial

baixa liberação de calor

C3A

maior resistência inicial (contribui para a resistência apenas nos 3 primeiros dias)

menor resistência final

C4AF

praticamente não contribui para a resistência.

- Hidratação

reação do cimento com a água, gera produtos que possuem características de pega e endurecimento

numa reação química são importantes:

⌐ transformações da matéria

⌐ variações de energia

⌐ a velocidade de reação

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o cimento em si não é aglomerante e sim os seus produtos de hidratação.

a quantidade de calor é importante porque algumas vezes o calor é favorável, outras vezes, não.

a velocidade de reação é importante porque determina o tempo de pega e endurecimento: a reação inicial deve ser lenta o suficiente para permitir o lançamento do concreto, mas após o lançamento é desejável um endurecimento rápido.

os aluminatos hidratam-se + rapidamente que os silicatos: determinam a pega (perda de consistência)

os silicatos têm papel importante na determinação das características de endurecimento (taxa de desenvolvimento de resistência).

hidratação dos aluminatos

A reação do C3A com a água é imediata formando C3AH6, C4AH9 e C2AH8 e liberação de grande quantidade de calor.

há necessidade de se desacelerar a reação com o C3A, caso contrário, não há utilidade; para isto faz-se a adição de gipsita. A gipsita diminui a solubilidade do C3A.

A gipsita possui efeito retardador sobre os aluminatos, porém um efeito acelerador sobre os silicatos: há necessidade de serem estabelecidos limites.

hidratação dos silicatos

quando completamente hidratados, ocorre a formação de C3S2H3:

2C3S + 6H C3S2H3 + 3CH

2C2S + 4H C3S2H3 + CH

hidratação do C3S e do C2S:

C3S C2S

61% de C3S2H3 82% de C3S2H3 39% de Ca(OH)2 18% de Ca(OH)2

a resistência é determinada pelo C-S-H: portanto a resistência de um cimento com alto teor

de C3S é menor que a resistência de um cimento com alto teor de C2S.

a durabilidade de um concreto submetido à ação de águas ácidas e sulfáticas é reduzida pela presença de Ca(OH)2

> durabilidade de um cimento com > C2S

limitação do teor de C3S

uso de pozolanas o C3S hidrata-se mais rapidamente que o C2S

C3S é importante na composição dos CP´s ARI

Calor de Hidratação

as reações de hidratação dos compostos do cimento portland são exotérmicas.

isto pode ser um problema ou pode ser desejável:

em concreto massa

em concretagem em clima frio

determinado pelo ensaio da norma NBR 12006 Determinação do calor de hidratação pelo método da garrafa de Langavant.

valores de calor de hidratação para os compostos do cimento:

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compostos Calores de hidratação (cal/g)

3 dias 90 dias 13 anos

C3S 58 104 122

C2S 12 42 59

C3A 212 311 324

C4AF 69 98 102

aproximadamente 50 % do calor é liberado nos 3 primeiros dias e 90 % nos três primeiros meses.

Aspectos Físicos da Pega e Endurecimento

enrijecimento

perda de consistência da pasta plástica

associada ao fenômeno de perda de abatimento do concreto

água livre na pasta que é responsável pela sua plasticidade

causas:

perda de água livre devido às reações iniciais de hidratação

adsorção na superfície dos produtos de hidratação

evaporação

pega

definição: solidificação da pasta em estado plástico

início de pega:

momento a partir do qual a pasta se torna não trabalhável

impossibilita o lançamento, compactação e acabamento do concreto fim de pega:

momento em que a pasta se solidifica completamente

não deve ser longo para permitir outras atividades determinação

aparelho de VICAT resistência da pasta de consistência padrão à penetração de uma agulha sob carga

de 300g

início de pega tempo em que a agulha não consegue penetrar entre 5 e 7mm do fundo (de 40mm)

fim de pega quando a agulha faz uma impressão na superfície mas não consegue penetrar

pela NBR 11581 início: após 1 h fim antes de 10 h

endurecimento

definição: fenômeno de ganho de resistência com o tempo

mecanismo: preenchimento progressivo dos espaços vazios na pasta com os produtos de reação

diminuição da porosidade

diminuição da permeabilidade acréscimo de resistência

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Tipos Normalizados de Cimento Portland no Brasil

⌐ cimento portland comum

⌐ cimento portland composto

⌐ cimento portland de alto-forno

⌐ cimento portland pozolânico

Tipo Sigla composição (% em massa)

CLQ + gesso escória pozolana fíler

comum CP I 100 – – –

CP I – S 95–99 – 1–5 –

composto

CP II – E 56–94 6–34 – 0–10

CP II – Z 76–94 – 6–14 0–10

CP II – F 90–94 – – 6–10

alto forno CP III 25–65 35–70 – 0–5

pozolânico CP IV 45–85 – 15–50 0–5

outros tipos

cimento portland ARI

⌐ dosagem diferente de calcário e argila na produção do clínquer

⌐ moagem mais fina cimento portland resistente a sulfatos

⌐ teor de C3A < 8 %

⌐ adições carbonáticas < 5 %

⌐ cimentos AF com 60 a 70 % de escória

⌐ cimentos pozolânicos com 25 a 40 % de pozolanas cimento portland branco

cimento portland de baixo calor de hidratação

Tipo Sigla composição (% em massa)

CLQ + gesso escória pozolana fíler

ARI CP – V–ARI 95-100 – – –

O aumento da temperatura no interior de grandes estruturas de concreto devido ao calor desenvolvido durante a hidratação do cimento pode levar ao aparecimento de fissuras de origem térmica, que podem ser evitadas se forem usados cimentos com taxas lentas de evolução de calor, os chamados cimentos portland de baixo calor de hidratação. Os cimentos portland de baixo calor de hidratação, de acordo com a NBR 13116, são aqueles que geram até 260 J/g e até 300 J/g aos 3 dias e 7 dias de hidratação, respectivamente, e podem ser qualquer um dos tipos básicos. O ensaio é executado de acordo com a norma NBR 12006 - Determinação do Calor de Hidratação pelo Método da Garrafa de Langavant.

Nomenclatura

CP II - F - 32 CP Cimento Portland II Tipo de cimento: Composto F Tipo de adição (F fíler, Z pozolana, E escória)

32 Classe de resistência à compressão aos 28 dias, em MPa (NBR 7215)

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Nome Técnico

Sigla Classe Identifi-cação

Norma Brasileira

(NBR)

Composição (% massa)

Clínquer +

gesso E (1) Z (2) F (3)

Cimento Portland

comum

CPI 25 32

40

CPI-25 CPI-32

CPI-40

5732 100 - - -

Cimento Portland

comum c/ adição

CPI-S

25

32 40

CPI-S-25

CPI-S-32 CPI

5732 95 a 99 5 a 1 5 a 1 5 a 1

Cim

en

to P

ort

lan

d

co

mp

osto

Com escó

-

ria

CPII-E

25 32 40

CPII-E-25 CPII-E-32 CPII-E-40

11578 56 a 94 34 a 8 - 10 a 0

Com pozo

- lana

CPII-Z

25 32

40

CPII-Z-25 CPII-Z-32

CPII-Z-40 11578 76 a 94 - 14 a 6 10 a 0

Com

filler

CPII-F

25

32 40

CPII-F-25

CPII-F-32 CPII-F-40

11578 90 a 94 - - 10 a 6

Cimento

Portland de alto-forno

CPIII

25

32 40

CPIII-25

CPIII-32 CPIII-40

5735 25 a 65 70 a 35 - 5 a 0

Cimento

Portland pozolânico

CPIV 25 32

CPIV-25 CPIV-32

5736 45 a 85 - 50 a 15 5 a 0

Cimento Portland de alta resist.

inicial

CPV - CPV-ARI 5733 95 a 100 - - 5 a 0

Cimento Portland

resistente aos

sulfatos

Sigla e classe dos tipos

originais acrescidos do sufixo RS (4)

25

32 40

5737 Obedecem à composição dos tipos originais

Cimento Portland de baixo calor

de hidratação

Sigla e classe dos tipos originais acrescidos do

sufixo BC (5)

25 32

40

13116 Obedecem à composição dos tipos originais

Cimento

Portland Branco

estrutural

CPB 25 32 40

CPB-25 CPB-32 CPB-40

12989 75 a 100 - - 25 a 0

Cimento Portland

Branco não

estrutural

CPB - CPB 12989 50 a 74 - - 50 a 26

Cimentos p/

poços petrolíferos

CPP G CPP-Classe

G 9831 100 - - -

Nota: Os cimentos de alta resistência inicial, CP V-ARI, têm resistência mínima aos 07 dias de 34 MPa.

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Escolha do Cimento Portland

APLICAÇÃO

CP I S 32

CP II E 32

CP II Z 32

CP II F 32

CP II E 40

CP III 32

CP III 40

CP IV 32

CP IV 32-RS

CP V ARI

CP V ARI- R.S.

Concreto armado com função estrutural

+ ad + ad + ad + ad + ad + ad + ad + ad + ad + ad + ad

Concreto magro (p/ passeios ou enchimento)

Dep. Mod.

+ ad + ad + ad - ad

(custo) + ad

- ad (custo)

+ ad Dep. Mod.

- ad (custo)

- ad (custo)

Concreto de alto desempenho

(com aditivos e micro-sílicas)

TODOS SÃO ADEQUADOS

Concreto armado p/ desforma rápida curado a vapor ou outro tipo de cura

Dep. Mod.

Dep. Mod.

Dep. Mod.

Dep. Mod.

+ ad Dep. Mod.

+ ad Dep. Mod.

Dep. Mod.

+ ad + ad

Concreto protendido, com protensão antes do

lançamento do concreto + ad

Dep. Mod.

Dep. Mod.

Dep. Mod.

+ ad Dep. Mod.

+ ad Dep. Mod.

Dep. Mod.

+ ad + ad

Idem, com protensão,, após endurecimento do

concreto TODOS SÃO ADEQUADOS

Concreto massa (compactado a rolo)

Dep. Mod.

Dep. Mod.

Dep. Mod.

Dep. Mod.

Dep. Mod.

+ ad + ad + ad + ad - ad

(custo) Dep. Mod.

Elementos ou artefatos de concreto pré-moldados curados c/ aspersão de

água

TODOS SÃO ADEQUADOS Dep. Mod.

Dep. Mod.

Dep. Mod.

Dep. Mod.

+ ad + ad

Idem p/ desforma rápida também curados c/ aspersão de água

TODOS SÃO ADEQUADOS - ad - ad - ad - ad + ad + ad

Idem p/ desforma rápida com cura a vapor

TODOS SÃO ADEQUADOS Dep. Mod.

+ ad Dep. Mod.

Dep. Mod.

+ ad + ad

Pavimento de concreto simples ou armado

TODOS SÃO ADEQUADOS Dep. Mod.

+ ad + ad Dep. Mod.

Dep. Mod.

Pisos industriais de concreto

+ ad Dep. Mod.

Dep. Mod.

Dep. Mod.

+ ad Dep. Mod.

+ ad Dep. Mod.

Dep. Mod.

+ ad + ad

Solo – cimento TODOS SÃO ADEQUADOS - ad

(custo) - ad

(custo)

Argamassa armada (placas de concreto)

+ ad Dep. Mod.

Dep. Mod.

Dep. Mod.

+ ad Dep. Mod.

Dep. Mod.

Dep. Mod.

Dep. Mod.

+ ad + ad

Argamassa p/ colocação de azulejos e ladrilhos

Dep. Mod.

+ ad + ad + ad - ad (custo)

+ ad - ad

(custo) + ad + ad

- ad (custo)

- ad (custo)

Idem p/ tijolos e blocos Dep. Mod.

+ ad + ad + ad - ad (custo)

+ ad - ad

(custo) + ad + ad

- ad (custo)

- ad (custo)

Argamassa de concreto p/ meios agressivos (água do

mar/esgoto) - ad

Dep. Mod.

Dep. Mod.

Dep. Mod.

+ ad + ad + ad + ad + ad + ad + ad

+ad todos são adequados (mais adequados)

- ad menos adequado (tecnicamente)

- ad (custo) menos adequado devido ao custo

Dep. Mod. depende de modificações (adições)

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Características de Durabilidade do Cimento Portland

TIPOS DE CIMENTO

PORTLAND

RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

CALOR GERADO NA

CURA

IMPERMEABI- LIDADE

RESISTÊNCIA ÀS ÁGUAS

AGRESSIVAS E ÁGUAS DO

MAR

DURABILIDADE

Comum/ c/ adição/ composto .

Normal (padrão) Normal (padrão) Normal (padrão) Normal (padrão) Normal (padrão)

Alto-forno Menor nos 1ºs dias e maior no final da cura .

Menor (que o padrão)

Maior (que o padrão)

Maior (que o padrão)

Maior ( que o padrão)

Pozolânico Menor nos 1ºs dias e maior no final da cura .

Menor (que o padrão)

Maior (que o padrão)

Maior (que o padrão)

Maior (que o padrão)

Alta resistência inicial

Muito maior nos primeiros dias

Maior (que o padrão)

Normal (padrão) Menor (que o padrão)

Normal (padrão)

Resistência aos sulfatos

Normal Normal Normal Maior (que o padrão)

Maior (que o padrão)

Branco estrutural Normal Maior (que o padrão)

Normal Menor (que o padrão)

Normal

Baixo calor de hidratação

Menor nos 1ºs dias e normal (padrão) no final da cura

Menor (que o padrão)

Normal Maior (que o padrão)

Maior (que o padrão)

Nota: As características mostradas são relativas, podendo-se ampliar ou diminuir o efeito sobre as argamassas e concretos através do aumento ou diminuição dos componentes, principalmente o cimento e a água. Os demais componentes, agregados graúdo e miúdo, poderão alterar o grau de influência nos resultados, principalmente se possuirem materiais orgânicos (folhas e raízes).

Podem também serem utilizados aditivos químicos para aumentar ou diminuir certas influências dos componentes de mistura.

Com isso, concluimos ser de fundamental importância estudar a dosagem ideal dos componentes das argamassas e concretos a partir do tipo de cimento escolhido.

Além da dosagem correta, é importante fazer nas argamassas e concretos : a) Um adensamento adequado; b) uma cura correta, mantendo-se as argamassas e os concretos úmidos, após a pega, de modo que se evite

a evaporação acelerada da água destes, por ação do vento e do calor do sol.

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Limites físico-mecânicos dos Cimentos Portland

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Aplicações dos Diferentes Tipos de Cimento Portland

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Formas de comercialização a) A granel O cimento a granel destina-se a consumidores de grande porte, normalmente consumidores industriais e concreteiras, onde suas instalações são dotadas de silos de armazenagem. O cimento é entregue ao cliente em caminhões ou em vagões de composições ferroviárias.

Figura 7: Transporte de Cimento Portland em Trens de Carga.

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Figura 8: Transporte de Cimento Portland em Caminhões.

b) Ensacado O cimento ensacado destina-se a menor consumo ou onde que não há silo de armazenagem, sendo comercializado em embalagens papel kraft de 50 kg. São estampadas diversas informações como: dados do fabricante, composição do produto, cuidados com o manuseio, data de fabricação e validade, indicação para melhor utilização e dicas de armazenagem.

Normas técnicas de Análise Química

NBR 5742 Análise química do cimento Portland, processo de arbitragem para determinação do

dióxido de silício (SiO2), óxido férrico (Fe2O3), óxido de alumínio (Al2O3), óxido de

cálcio (CaO) e óxido de magnésio (MgO);

NBR 5743 Análise química do cimento Portland para determinação da perda do fogo;

NBR 5744 Análise química do cimento Portland para determinação dos resíduos insolúveis:

NBR 5745 Análise química do cimento Portland para determinação do anidrido sulfúrico (SO3);

NBR 5746 Análise química do cimento Portland para determinação de enxofre em forma de sulfeto

(S);

NBR 5747 Análise química do cimento Portland para determinação do óxido de potássio (Na2O) e

óxido de sódio (K2O) por fotometria de chama (álcalis dos cimentos);

NBR 5748 Análise química do cimento Portland para determinação do óxido de cal livre (CaO) (cal

livre);

Observação: Existe a Norma 7227 que trata da mesma determinação do óxido de cal livre, através do

etileno glicol.

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Observações Importantes: - O cimento deve ser estocado em local seco, coberto e fechado; - Não usar cimento quente, pois isto afetará a trabalhabilidade da argamassa ou concreto. - Proteger o cimento de modo a não ficar exposto a temperaturas abaixo de 12 oC, senão o início de pega será retardado. - Utilizar os sacos de cimento obedecendo a ordem de sua entrada no depósito; - Evitar a formação de pilhas com mais de 10 sacos superpostos, salvo se o tempo de armazenamento não superar 15 dias. Isto também facilita a contagem para controle de estoque. - Formar a pilha sobre um tablado de madeira afastado a pelo menos 30 cm do chão e a 30 cm da parede. - Não estocar o cimento por mais de 3 meses. O ideal é utilizar o cimento até em 1 mês.

Referências Cimento Itambé Uninove – notas de aula MCC I ABCP-Associação Brasileira de Cimento Portland