apostila cbuq

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169 Unive rsidade Federal de Juiz de Fora Faculdade de Engenharia – Departamento de Transportes e Geotecnia TRN 032 - Pavimentação Prof. Geraldo Luciano de Oliveira Marques Capítulo 9 CONCRETO ASFÁLTICO Também chamado de Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ). É um revestimento flexível, resultante da mistura a quente, em usina apropriada, de agregado mineral graduado, material de enchimento (filer) e material betuminoso, espalhada e comprimida a quente. É a mistura de mais alta qualidade, em que um controle rígido na dosagem, mistura e execução deve atender a exigências de estabilidade, durabilidade, flexibilidade e resistência ao deslizamento preconizados pelas Normas Construtivas. Propriedades fundamentais das misturas de concreto betuminoso: Durabilidade, flexibilidade, estabilidade e resistência ao deslizamento. Pode ser composto de: Camada de nivelamento, camada de ligação (Binder) e camada de desgaste ou rolamento, conforme Figura 46. Figura 46 - Tipos de Utilização do Concreto Asfáltico

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Universidade Federal de Juiz de Fora Faculdade de Engenharia – Departamento de Transporte s e Geotecnia TRN 032 - Pavimentação – Prof. Geraldo Luciano de Oliveira Marques

Capítulo 9

CONCRETO ASFÁLTICO Também chamado de Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ). É um revestimento flexível, resultante da mistura a quente, em usina apropriada, de agregado mineral graduado, material de enchimento (filer) e material betuminoso, espalhada e comprimida a quente. É a mistura de mais alta qualidade, em que um controle rígido na dosagem, mistura e execução deve atender a exigências de estabilidade, durabilidade, flexibilidade e resistência ao deslizamento preconizados pelas Normas Construtivas. Propriedades fundamentais das misturas de concreto betuminoso: Durabilidade, flexibilidade, estabilidade e resistência ao deslizamento. Pode ser composto de: Camada de nivelamento, camada de ligação (Binder) e camada de desgaste ou rolamento, conforme Figura 46.

Figura 46 - Tipos de Utilização do Concreto Asfáltico

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Geralmente são utilizados os seguintes materiais na composição de um concreto asfáltico: - Materiais betuminosos: CAP 30/45, 50/70, 85/100. - Agregados graúdos: Pedra Britada, escória britada, seixo rolado britado ou não - Agregados miúdos: areia, pó de pedra ou mistura de ambos. - Filer: Cimento Portland, cal, pó calcário, que atendem a seguinte granulometria:

Peneiras % mínima passante n°40 100 n°80 95 n°200 65

9.1- Equipamentos utilizados As usinas para estas misturas betuminosas podem ser descontínuas (de peso) ou usinas contínuas (de volume). Deverão ter unidade classificadora de agregado, misturadores capazes de produzir mistura uniforme, termômetro na linha de alimentação de asfalto, termômetro para registrar a temperatura dos agregados. A Figura 47 mostra o esquema geral de funcionamento de uma usina contínua (volumétrica). Os depósitos de material betuminoso são providos de dispositivos para aquecer o material (serpentina elétrica) e não devem ter contato com chamas. Os depósitos para agregado são divididos em compartimentos (silos). As acabadoras são usadas para espalhar e conformar a mistura nos alinhamentos, nas cotas de projeto e abaulamentos requeridos. A Figura 48 mostra uma acabadora em funcionamento. Os equipamentos para compressão normalmente usados são os rolos metálicos lisos, tipo tandem ou rolos metálicos liso vibratório com carga de 8 a 12 ton e rolos pneumáticos auto-propulsores que permitam a calibragem dos pneus de 35 a 120 lib/pol2, com peso variando de 5 a 35 ton. Os caminhões basculantes são usados para transporte da mistura devem ser providos de lonas.

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Figura 47 - Esquema de uma Usina Contínua

Figura 48 - Acabadora de Asfalto Auto -Propulsora

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9.2- Distribuição e compressão da mistura A temperatura de aplicação depende do tipo de ligante, sendo que as especificações para o concreto asfáltico fixam as faixas de viscosidade para o espalhamento e compressão. Conhecendo-se a curva Viscosidade-Temperatura do ligante betuminoso (CAP) utilizado, determina-se a temperatura ideal para as operações de espalhamento e compressão através de correlação com o valor da viscosidade indicada na especificação. A especificação para CBUQ do DNER (DNER-ES-313/94) determina que a viscosidade do CAP para espalhamento e compactação deve estar entre 75 e 95 SSF. Normalmente os limites para a aplicação do CBUQ devem estar entre 107º C e 177º C. Os agregados devem ser aquecidos a temperaturas de 10º a 15ºC acima da temperatura do ligante. A temperatura ambiente deve estar acima de 10º C e tempo não chuvoso. A rolagem deve ser iniciada com baixa pressão dos pneus e sendo aumentada aos poucos. A medida que se eleva a pressão dos pneumáticos a área de contato pneu-pavimento vai diminuindo, causando uma maior pressão de compactação. Esta operação deve ser feita dos bordos para o eixo (nos casos de trechos em tangente) e do bordo mais baixo para o mais alto (nos casos de trechos em curva). Cada passada deve recobrir pelo menos a metade da largura rolada anteriormente. Abertura ao tráfego deve ser feita somente após o completo resfriamento da mistura. A Figura 49 mostra o esquema de distribuição de pressão dos rolos pneumáticos e a Figura 50 mostra o esquema de recobrimento de duas passadas consecutivas.

Figura 49 - Distribuição de Pressão através de Rolos de Pneus

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Figura 50 - Esquema de Recobrimento de Compactação de Rolos Pneumáticos 9.3- Controles Normalmente são feitos os seguintes controles: - Qualidade do material betuminoso: feita através dos ensaios de Penetração, Ponto de

Amolecimento, Viscosidade, Ponto de Fulgor. - Qualidade dos agregados: feita através dos ensaios de Granulometria, “Los Angeles” ,

Índice de Forma, Equivalente de areia, etc. - Quantidade de ligante na mistura: feita mediante o ensaio de Extração de betume, em

amostras coletadas na pista para cada 8 horas de trabalho. - Controle da graduação da mistura de agregados: pelo ensaio de granulometria dos

agregados resultantes da extração de betume (enquadrar nas especificações). - Controle das características Marshall da mistura: normalmente exige-se 2 ensaios

Marshall com 3 corpos de prova cada, por dia de produção, retiradas depois da acabadora e antes da rolagem. A estabilidade, a fluência e os demais parâmetros medidos, devem ser comparados com os valores da dosagem.

- Controle da compactação: pode ser feita através de anéis metálicos (10 cm de diâmetro × altura do pavimento - 5mm). Após a compressão mede-se a densidade aparente e compara-se com a de projeto. Também pode-se comparar a densidade aparente de projeto com a de corpos de prova extraídos após a compactação através de sondas rotativas.

- Controle da temperatura: deverá ser controlada a temperatura do agregado no silo quente da usina, do ligante na usina, da mistura betuminosa na saída do misturador da usina e da mistura no momento do espalhamento e início da rolagem.

- Controle da espessura: permite-se uma variação de ± 10% da espessura de projeto. - Controle do acabamento da superfície: permite-se uma tolerância de 0,5 cm entre dois pontos.

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9.4- Propriedades básicas Estabilidade: É a habilidade da mistura oferecer resistência à deformação sob o efeito da aplicação de cargas. Simboliza a resistência ao cisalhamento da mistura, onde o atrito é desenvolvido no arcabouço sólido e a coesão fornecida pelo betume. O atrito depende da granulometria, forma e resistência dos agregados. A coesão é função da velocidade com que se processa o carregamento, da área, da viscosidade do betume, da temperatura, etc. Durabilidade: É a resistência oferecida pela mistura à ação desagregadora de agentes climáticos e forças abrasivas resultantes da ação do tráfego. Fatores determinantes: teor de betume e resistência a abrasão do agregado. Flexibilidade: É a habilidade da mistura fletir repentinamente sem que ocorra ruptura e de acomodar-se aos recalques diferenciais ocorridos nas camadas de base. Resistência ao deslizamento: É a habilidade da superfície da mistura evitar o deslizamento dos pneus. É função da qualidade do agregado, do teor de betume e textura superficial. 9.5 - Constituição da mistura Uma mistura de concreto asfáltico pode ser representada esquematicamente da seguinte forma.

Vazios

Asfalto

Filer

Agregado Fino

Agregado Graúdo

Mt

Mb

Mf

Maf

Mag

Vt

VAM Vv

Vb

Vf

Vaf

Vag

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9.6- Parâmetros de interesse a) Densidade Aparente da mistura ( d ) d = M sendo: M = massa do corpo de prova M - Ma Ma = massa do corpo de prova imerso em água. Finalidades: - Cálculo da % de vazios do agregado mineral ( exigência de projeto ). - Controle de compactação durante a construção. b) Densidade Máxima Teórica da mistura (DMT) É a densidade da mistura asfáltica suposta sem vazios. É a relação entre a massa total da mistura (100%) e os volumes correspondentes ao “cheios“ da mistura: DMT = Mt DMT= 100 . Vb + Vf + Vaf + Vag %b + %f + %af + %ag Db Df Daf Dag Sendo: %a, %f, %af, %ag → % com que cada componente que entra na mistura Db , Df , Daf , Dag → Densidade (real ou aparente) de cada componente da mistura c) Porcentagem de Vazios na mistura ( Vv ) É a relação entre o volume de vazios ocupado pelo ar e o volume total da mistura. Misturas com elevada % Vv podem levar a ocorrência de oxidação excessiva do ligante betuminoso, reduzindo a vida útil do concreto asfáltico, além de proporcionar permeabilidade ao ar e água. Misturas com baixo % Vv levam a ocorrência do fenômeno da exsudação. Vv = D - d × 100 D d) Porcentagem de Vazios do Agregado Mineral ( VAM ) É o volume total de vazios dado pela soma dos vazios da mistura mais o volume ocupado pelo asfalto. Este parâmetro é de grande interesse. Se uma mistura betuminosa sofrer uma consolidação devido a ação do tráfego, sua plasticidade poderá ficar acrescida, pois a % de betume que preenchia os vazios dos agregados pode tornar-se excessiva, devido

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à redução do volume de vazios. Este fenômeno poderá levar o revestimento a deformação, deslocamentos e rupturas. A % VAM é normalmente fixada em função do diâmetro máximo do agregado da mistura: VAM = Vv + Vb. VAM = D - d × 100 + d × % b D db e) Relação Betume-Vazios Esta relação indica qual a porcentagem de vazios do agregado mineral é preenchida por betume. % RBV = Vb × 100% ou %RBV = VAM - Vv VAM VAM Se VAM = 100 → todos os vazios da mistura estariam preenchidos de asfalto. Se VAM = 0 → mistura sem asfalto. 9.7 - Dosagem do concreto asfáltico Após a definição dos materiais a serem empregados na mistura asfáltica (agregados, filer e tipo de ligante) passa-se a dosagem do concreto betuminoso, onde o teor de asfalto residual é o item fundamental. Para a dosagem do concreto betuminoso, normalmente devem ser vencidas as seguintes etapas: 1ª - Escolha dos agregados e material betuminoso 2ª - Determinação das porcentagens com que os agregados (grosso e fino) e filer devem contribuir na mistura de modo a atender as especificações com relação a granulometria. Este item já foi visto no item “mistura de agregados” onde foram estudados vários métodos de mistura (analítico, gráficos, tentativas). 3ª - Determinação do teor ótimo de betume. Esta operação pode ser feita por tentativas, aonde se vai variando o teor de asfalto e comparando os resultados de ensaios de estabilidade para vários teores estudados. Existem outros processos que dão idéia bem aproximada do teor de asfalto como o método da área específica ou o método dos vazios. 4ª - Comparação da mistura estudada com as exigências das especificações com relação aos vazios de ar, vazios do agregado mineral, granulometria e estabilidade. Não sendo satisfeitas estas condições, dosa-se novamente a mistura.

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Na dosagem do concreto betuminoso podem ser usados vários métodos como por exemplo: Marshall, Hubbard Field, Triaxial, Hveem, Ruiz e mais recentemente a metodologia SUPERPAVE do programa americano SHRP. Os organismos rodoviários brasileiros (DNER, DERs, etc) recomendam o método Marshall para dosagem do concreto betuminoso. Este método foi criado pelo Engenheiro Bruce Marshall e baseia-se na determinação da estabilidade empregando o princípio do corte em compressão semiconfinada. Este processo é utilizado tanto para projeto de misturas como para controle de campo. O método Marshall a) Estudo da mistura de agregados Nesta fase preliminar são determinadas as principais características dos agregados escolhidos como por exemplo a massa específica real e aparente dos agregados, a porcentagem de vazios dos agregados e a granulometria. Conhecidos os materiais e estando de acordo com as especificações, passa-se ao estudo da mistura dos agregados, de modo a atenderem à especificação granulométrica do Concreto Asfáltico, ou seja, os agregados devem ser misturados em proporções de modo a se enquadrarem nas faixas granulométricas pré-estabelecidas (vide especificações para o Concreto Asfáltico do DNER, dadas a seguir). b) Determinação do teor ótimo de ligante Utilizando-se agregados razoavelmente bem graduados, os vazios existentes entre as partículas deverão ser preenchidos com ligantes. O teor de asfalto deve ser progressivamente aumentado de modo a preencher os vazios de ar até que os espaços vazios do agregado mineral estejam cheios ao máximo permitido. Ao se aumentar o teor de ligante além de um certo ponto, não se conseguirá uma máxima consolidação. A medida que se varia o teor de ligante, a densidade, a estabilidade, a fluência, a porcentagem de vazios da mistura, a relação betume-vazios também sofre variação. O teor ótimo de ligante será aquele que satisfizer, ao mesmo tempo, os limites especificados para os vários parâmetros de interesse. O teor ótimo de ligante pode ser expresso através da porcentagem de asfalto, em peso, em relação à mistura ou através da porcentagem de asfalto, em peso, em relação aos agregados. Suponhamos 3 materiais (Agregado graúdo = 65%, Agregado miúdo = 31% e Filer = 4%) que satisfaçam a uma determinada faixa granulométrica. Suponhamos também que a porcentagem encontrada para o asfalto seja 6%, sobre 100% da mistura de agregados. Temos então duas maneiras de explicitar o traço da mistura:

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Brita: 65% 65% / 106% = 61,32% Ex.: Areia: 31% 31% / 106% = 29,25% 65 106 Cimento: 4% 4% / 106% = 3,77% x 100 → x = 100 x 65 100% 106 Asfalto: 6% 6% / 106% = 5,66% x = 61,32 106% 100% c) Determinação dos parâmetros de interesse e das características

Marshall da mistura No ensaio Marshall o principal aspecto de interesse é a análise de fatores como densidade, vazios, estabilidade e fluência. São moldados Corpos de Prova com teores crescentes de asfalto (4 a 8%). As proporções de agregados e filer são definidas previamente através de estudo específico. Os corpos de prova têm a forma cilíndrica, apresentando aproximadamente 10 cm de diâmetro e 6,35 cm de altura e são compactados através de soquete que age sobre a mistura em um cilindro padronizado. Após a confecção dos corpos de prova podem ser calculados os seguintes parâmetros: Densidade Real e Aparente (D,d), Porcentagem de Vazios (%vv), Porcentagem dos Vazios do agregado Mineral (%VAM) e Relação Betume-Vazios (RBV). Feitos estes cálculos iniciais, os corpos de prova são aquecidos até atingirem 60º e submetidos aos ensaios de Estabilidade e Fluência Marshall. Entende-se por estabilidade como sendo a grandeza que mede a resistência da massa asfáltica à aplicação de carga. Determina a carga máxima que a massa asfáltica pode suportar. O ensaio de estabilidade Marshall é feito por cisalhamento e não por compressão, pois sendo o concreto asfáltico uma camada de rolamento, o maior esforço solicitante é dado pela ação do tráfego, que é de cisalhamento, devido às cargas horizontais. Normalmente é expresso em Kg. A fluência é a medida do quanto a massa asfáltica pode “andar” (esmagar, deformar) sob ação cisalhante sem se romper. É a medida da elasticidade da massa. Se uma massa asfáltica “andar” muito, acarretará esmagamento da mistura e em consequência, ondulação à pista. É inconveniente também que a massa asfáltica “ande” pouco, pois ao sofrer ação de elevado carregamento, sem capacidade de mover-se, pode trincar. A determinação da Resistência à Tração e do Módulo de Resiliência do concreto asfáltico será vista no capítulo 10.

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d) Especificações do DNIT (DNIT-ES 031/2006) Granulometria

Características específicas

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Vazios do Agregado Mineral

e) Curvas de projeto de misturas de concreto asfáltico pelo método

Marshall Porcentagem de vazios (%Vv) Vv (%) t4 teor de asfalto (%) Relação betume-vazios (RBV) RBV (%) t5 teor de asfalto (%)

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Densidade aparente (d) d (Kg /m3) t3 teor de asfalto (%) Porcentagem de vazios do agregado Mineral (% VAM) VAM (%) t6 teor de asfalto (%) Estabilidade Marshall (E) E (Kgf) t1 teor de asfalto (%) Fluência (f) f (mm) ou 1/100” t2 teor de asfalto (%)

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Para o traçado dos gráficos é considerada a média de três determinações para cada parâmetro. Quando uma determinação apresentar um valor muito discrepante em relação às outras duas, pode-se tomar a média apenas destas duas. f) Determinação do teor ótimo de ligante O teor ótimo de ligante é adotado como sendo o valor médio dos seguintes teores de asfalto: a) Porcentagem de asfalto correspondente à máxima Estabilidade b) Porcentagem de asfalto correspondente à máxima Densidade Aparente c) Porcentagem de asfalto correspondente à média dos limites estabelecidos nas

especificações para a Porcentagem de Vazios d) Porcentagem de asfalto correspondente à média dos limites estabelecidos nas

especificações para a Relação Betume-Vazios Teor Ótimo de Asfalto = t1 + t3 + t4 + t5 4 Observações: 1) Após a definição do teor ótimo de asfalto deve-se estabelecer uma faixa de trabalho para este valor. Para o CBUQ esta variação é normalmente de ± 0,3%. 2) O teor ótimo de ligante assim determinado deve ser conferido em todas as curvas traçadas, e caso não satisfaça alguns dos limites impostos pelas especificações, uma nova mistura deverá ser adotada. g) Exemplo numérico Determinar o teor ótimo de asfalto para um CBUQ que esta sendo dosado pelo método Marshall. A mistura de agregados ficou enquadrada na faixa “C” do DNER e o asfalto utilizado foi um CAP 85/100 (densidade de 1,031 g/cm3). O produto final deverá atender as seguintes especificações: Emim = 350 Kgf (75 golpes) f = 2 a 4,5 mm %Vv = 3 a 5 % RBV = 75 a 82 % Depois de feita uma previsão inicial para o teor ótimo de asfalto, foram moldados os corpos de prova para 5 teores diferentes de asfalto e os valores médios determinados para os parâmetros físicos de interesse se encontram no quadro a seguir:

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CAP (%)

E (Kgf)

f (mm)

d (g/cm3)

D (g/cm3)

Vv (%)

VAM (%)

RBV (%)

4,5 400 2,0 2,25 2,47 8,91 18,73 52,43 5 550 2,6 2,27 2,43 6,58 17,59 62,59

5,5 800 3,2 2,30 2,40 4,17 16,43 74,62 6 800 3,9 2,32 2,38 2,52 16,02 84,27

6,5 600 4,3 2,30 2,35 2,13 16,63 87,19 Solução a) Curvas de projeto para os 5 teores estudados: E d teor de asfalto teor de asfalto Vv RBV teor de asfalto teor de asfalto 9.8 – O Ensaio Marshall para misturas asfálticas Este método de ensaio fixa o modo pelo qual se determina a estabilidade e a fluência de misturas betuminosas a quente utilizando-se o aparelho Marshall. O ensaio (em linhas gerais) segue os seguintes passos:

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a) Moldagem de 3 corpos de prova para cada teor estudado - Pesar aproximadamente 1200 g de agregados a serem usados. - Secar os agregados em estufa (105 a 110º C) e separá-los em frações - Aquecer o ligante até a temperatura que conduza a uma viscosidade Saybolt de 85 ±

10 seg. - Aquecer os agregados até uma temperatura de 28º C acima da temperatura do

ligante. - Misturar agregados e ligantes - Compactar a mistura (a quente) no molde:

-A temperatura de compactação deverá ser aquela correspondente a uma viscosidade Saybolt de 140 ± 15 seg.

-O corpo de prova deve ter as seguintes medidas: φ ± 10cm e h = 6,35 ± 0,13cm. -A mistura é colocada no molde e são dados 15 golpes com espátula na periferia

da amostra e 10 no centro. -Promover 50 golpes com soquete padronizado (para pressão de pneus até 7

Kg/cm2) ou 75 golpes com o mesmo soquete (para pressão de pneus de 7 a 15 Kg/cm2).

-O soquete pesa 4540g e a altura de queda é de 45,72cm. -O molde de compactação (anel) é invertido e é repetido o mesmo número de

golpes na outra face do corpo de prova. - O corpo de prova é então retirado do molde e colocado em repouso à temperatura

ambiente. b) Determinação da estabilidade e fluência - Os corpos de prova já confeccionados são imersos em água a 60º C. - Após 30 a 40 minutos os corpos de prova são retirados da água, secados e colocados

no molde de compressão. - O molde com o corpo de prova (semiconfinamento) é levado à prensa Marshall e

adaptado o medidor de fluência. A velocidade de aplicação de carga promovida pela prensa é de 5 cm/min.

- A aplicação do carregamento se dá pela elevação do êmbolo. - Durante o processo de carregamento e ruptura do corpo de prova são feitas as

seguintes leituras: Carga de ruptura no anel dinamomêtrico (em Kgf) ⇒ Estabilidade Marshall Diferença de leitura de deformação no medidor de fluência ⇒ Fluência 9.9 - Controle do teor ótimo de ligante e granulometria Durante a confecção e execução de uma mistura betuminosa surge a necessidade e a obrigação de se controlar alguns parâmetros principais que foram definidos durante o processo de dosagem.

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Para isto, normalmente é utilizado um ensaio específico, realizado por meio de um extrator centrífugo conhecido por Rotarex, que promoverá a separação da parte granular da parte ligante de uma amostra da mistura em questão. Após esta separação pode-se conferir a proporção de agregados e a proporção de asfalto da mistura e confrontar estes resultados com os de projeto. O ensaio (em linhas gerais) segue a seguinte sequência: - Coleta da mistura betuminosa (± 1000 g). Esta coleta pode ser feita na usina de

fabricação da mistura ou no próprio local de aplicação, dependendo do objetivo do controle.

- Colocar a amostra em estufa por um período de uma hora (100 a 120º C) - Pesar a amostra (1000 g) e colocar dentro do extrator de betume junto com papel

filtro. - Verter no interior do extrator 150ml de solvente (Tetracloreto de carbono CCl4 ou

bissulfeto de carbono) e deixar em repouso por 15min. - Colocar um Becker sob o tubo lateral de escoamento. - Aplicar movimento rotativo no prato centrifugador, a uma velocidade gradativa, até

que a solução de betume e solvente venha escoar-se pelo tubo lateral. - Após esta primeira fase, o aparelho é paralisado e adicionado uma nova porção de

solvente (150ml) sobre a mistura no interior do prato. - Estas operações são repetidas até que o solvente saia completamente limpo no tubo

lateral. - Após o último ciclo de centrifugação o prato com o material que sobrou (agregados) é

levado para estufa (80 a 100º C) para secagem e eliminação do solvente ainda presente nos agregados.

- Depois de seco o agregado é pesado. - A diferença de peso da amostra antes e após o ensaio indica o peso do betume

(asfalto) extraído. - O cálculo da porcentagem de betume (teor de betume) é dado pela seguinte

expressão: P = Peso do betume extraído x 100 Peso da amostra total - O agregado recuperado (restante) é submetido a um ensaio de granulometria para

verificação e conferência da faixa granulométrica empregada.