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Universidade de Lisboa Faculdade de Medicina “Cuidados Paliativos - O que sabem os terapeutas ocupacionais?” Inês Moreira de Brito Orientador: Mestre Ana Patrícia Costa, Terapeuta Ocupacional, Mestre em Cuidados Paliativos Co-orientador: Doutor Paulo Reis Pina, Médico especialista em Medicina Interna, Mestre em Cuidados Paliativos Dissertação especialmente elaborada para obtenção do grau de Mestre em Cuidados Paliativos. 2017

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Universidade de Lisboa

Faculdade de Medicina

“Cuidados Paliativos - O que sabem os terapeutas ocupacionais?”

Inês Moreira de Brito

Orientador:

Mestre Ana Patrícia Costa, Terapeuta Ocupacional, Mestre em Cuidados Paliativos

Co-orientador:

Doutor Paulo Reis Pina, Médico especialista em Medicina Interna, Mestre em Cuidados

Paliativos

Dissertação especialmente elaborada para obtenção do grau de Mestre em Cuidados

Paliativos.

2017

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A impressão desta dissertação foi aprovada pelo Conselho Científico da

Faculdade de Medicina de Lisboa em reunião de 24 de outubro de 2017.

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Agradecimentos

A todos aqueles que, direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento deste

estudo.

À Ana Costa, orientadora do estudo, por toda a disponibilidade, orientação, amizade e

motivação.

Ao Dr. Paulo Reis Pina, co-orientador do estudo, pela disponibilidade e apoio.

Às minhas queridas amigas do mestrado, Daniela Runa, Maria Sobral e Catarina Gomes, que

caminharam ao meu lado nesta jornada e que sempre me motivaram a chegar ao fim.

A todos os terapeutas ocupacionais que participaram com o preenchimento do questionário

e tornaram possível a realização deste estudo.

À minha família que acredita e sempre acreditou em mim.

A todos os meus amigos que me ouviram lamentar as horas de estudo na biblioteca, que me

viram recusar muitos convites, mas que sempre acreditaram em mim.

A todos, muito obrigada.

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Resumo

Objetivo: Neste estudo propõe-se a avaliação dos conhecimentos dos terapeutas

ocupacionais em Cuidados Paliativos, a identificação de possíveis fatores que influenciem o

conhecimento dos terapeutas ocupacionais e a identificação de aspetos a melhorar na

formação de base e especializada em Cuidados Paliativos.

Métodos: Um questionário sobre conhecimentos em Cuidados Paliativos foi construído pelos

autores, com base na revisão da literatura. Foi aplicado a terapeutas ocupacionais residentes

em Portugal registados na Associação Portuguesa de terapeutas ocupacionais e num grupo

de interesse em Terapia Ocupacional das redes sociais de outubro de 2016 a fevereiro de

2017. Para o tratamento de dados utilizou-se o SPSS para análise descritiva e inferencial das

variáveis e das hipóteses em estudo.

Resultados: No total, 205 terapeutas ocupacionais participaram no estudo. Estes

responderam acertadamente a cerca de metade das questões (49,95%), mostrando que o seu

conhecimento sobre Cuidados Paliativos é suficiente. Os conhecimentos relativos à filosofia

dos Cuidados Paliativos e à comunicação são as dimensões onde os terapeutas ocupacionais

demonstraram mais conhecimentos. O conhecimento relativo ao controlo sintomático,

particularmente aos sintomas respiratórios, e ao fim de vida é insuficiente ou revela-se

maioritariamente desconhecido. 60,5% dos terapeutas considera insuficientes os seus

conhecimentos em Cuidados Paliativos e classificam de muito importante (53,7%) ou

extremamente importante (36,6%) o papel do terapeuta ocupacional nesta área.

Conclusão: Embora a maioria dos terapeutas ocupacionais inquiridos considerem o seu

conhecimento em Cuidados Paliativos insuficiente, as respostas às questões sobre cuidados

paliativos, do estudo, permitiram inferir que o conhecimento destes é suficiente na sua

generalidade. Assim, acredita-se que a sensibilização dos terapeutas ocupacionais para esta

área de cuidados possa ser adequada às necessidades das pessoas com necessidades

paliativas.

Palavras – chave: Cuidados Paliativos; conhecimento; terapeutas ocupacionais; formação

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Abstract

Objective: The aim of the study is to evaluate the knowledge of Occupational Therapists on

Palliative Care; to identify possible factors that influence the knowledge of Occupational

Therapists on Palliative Care; to identify the need for improvement on basic and specialized

training on Palliative Care for Occupational Therapists.

Methods: A cross-sectional questionnaire was distributed to occupational therapists living in

Portugal registered with Portuguese Association of occupational therapists and with interest

group of Occupational Therapy of a social network between October of 2016 and February of

2017. The questionnaire used to evaluate occupational therapists’ knowledge on Palliative

Care was designed by the authors in accordance with literature review. To measure the

outcomes it was used the SPPS for statistical analysis.

Results: In total 205 Occupational Therapists participated in the study. Occupational

Therapists answered correctly to half of the questions (49,95%) showing that their

knowledge on Palliative Care is average. Palliative Care principles and communication are

the dimensions of Palliative Care in which Occupational Therapists presented better

knowledge. On the other hand, the knowledge of symptoms’ control and care at end of life is

below average. 60,5% of occupational therapists consider their own knowledge as below

average and classify the role of occupational therapists on Palliative Care as very important

(53,7%) or extremely important (36,6%).

Conclusion: Although Occupational Therapists consider their knowledge below average, the

results of the present study showed that their knowledge on Palliative Care is in general

average. Occupational Therapist’s awareness for this area of care might be adequate for

people with Palliative Care needs.

Key words: Palliative Care; knowledge; occupational therapists; education

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Índice

Página

Símbolos

1 – Introdução

Cuidados Paliativos 9

Terapia Ocupacional 11

Terapia Ocupacional e os Cuidados Paliativos 13

Educação em Cuidados Paliativos 16

2 - Questão de Investigação 19

3 – Métodos 20

4 – Resultados 24

5 – Discussão 39

6 – Conclusão 43

Referências Bibliográficas 46

Apêndice I – Questionário de conhecimentos em Cuidados Paliativos 50

Apêndice II – Pedido de divulgação do questionário enviado à APTO 53

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Símbolos

≥ - Maior ou igual

> - Maior que

= - Igual

≤ - Menor ou igual

< - Menor que

% - Percentagem

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1 - Introdução

Cuidados Paliativos

No âmbito das ciências da saúde, observou-se no último século um aumento da sobrevida e

diminuição dos índices de mortalidade. O foco na cura tem conduzido à ideia da morte como

um fracasso nos cuidados prestados, fomentando excessos na intervenção médica. Como

consequência da necessidade da prestação de cuidados numa assistência integral, com

dignidade, às pessoas com doenças crónicas, surgem os Cuidados Paliativos. (1, 2, 3)

Foi em 1990 que a Organização Mundial de Saúde definiu pela primeira vez o conceito e os

princípios dos Cuidados Paliativos, reconhecendo-os e recomendando-os, como um dos

pilares básicos na assistência ao doente oncológico.

Este conceito foi evoluindo e, em 2002, foi revisto, passando a definir-se os Cuidados

Paliativos como um conjunto de medidas destinadas a promover a qualidade de vida dos

doentes e seus familiares que enfrentam uma doença ameaçadora de vida, através da

prevenção e do alívio do sofrimento, controlo e tratamento da dor e outros sintomas físicos,

psicossociais e espirituais, numa equipa multidisciplinar. (4, 5) Passou a incluir não só o

cuidado a doentes oncológicos, mas também a assistência a doentes com outras doenças

crónicas e ameaçadoras da vida, como a SIDA, doenças cardíacas e renais, doenças

degenerativas e doenças neurológicas. (4, 5)

Pressupõem, atualmente, uma conceção ativa, reabilitadora e promotora da autonomia, onde

a efetividade e eficiência resultam de cuidados de saúde baseados na evidência científica e no

trabalho em equipa, de forma a alcançarem os principais objetivos, tais como, o conforto, a

melhoria da qualidade de vida, a promoção da dignidade e adaptação às novas realidades.

(6,7)

A qualidade destes cuidados prevê uma equipa interdisciplinar bem coordenada, formada e

treinada, com competências comunicacionais adequadas e de avaliação e tratamento de

sintomas físicos e psíquicos assim como, do controlo dos efeitos secundários associados com

a doença ou tratamento dos doentes. (6, 7)

Em Portugal, os Cuidados Paliativos são uma atividade recente, tendo as primeiras iniciativas

surgido apenas no início dos anos 90 do século passado. No entanto, a visão paliativa perante

a doença incurável remonta-se a textos médicos portugueses do século XVI. (8)

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A sua introdução em Portugal deveu-se ao interesse pelo tratamento da dor crónica de

doentes oncológicos e ainda pela necessidade de garantir a continuidade dos cuidados no

domicílio em fases mais avançadas da doença. (8)

Desde então, têm-se implementado iniciativas para garantir o acesso de Cuidados Paliativos

a todas as pessoas que deles necessitam, porém o caminho ainda é longo. Salientam-se alguns

passos que se têm dado nesse sentido, como a criação do Programa Nacional de Cuidados

Paliativos (5), a criação de uma estratégia nacional para implementação da legislação, a

promoção da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, bem como de congressos

nacionais e internacionais na área. E, ainda, a implementação de medidas de divulgação do

dia mundial dos Cuidados Paliativos.

Porém, observam-se diferenças ao nível do acesso a este tipo de cuidados.

Segundo a Associação Europeia de Cuidados Paliativos (9), existem 54 equipas de Cuidados

Paliativos em Portugal, 250 leitos exclusivos de Cuidados Paliativos, e com um consumo

médio de opióides inferior ao consumo médio da Europa (30,2mg/capita/ano e

80,55mg/capita/ano). A Associação Europeia de Cuidados Paliativos considera que existe

provisão generalizada de Cuidados Paliativos em Portugal, mas ainda sem a integração

necessária.

Dentro dos problemas identificados, a falta de formação específica em Cuidados Paliativos

tem dificultado o progresso da implementação dos mesmos. Apesar da consciencialização da

importância desta área e do surgimento de novas equipas nos últimos anos, prevalece a

esperança de que a quantidade de profissionais de qualidade aumente. (8)

Para prover a resposta adequada e necessária à população portuguesa, são necessárias

equipas com formação básica e avançada, que consigam avaliar, tratar e acompanhar os

doentes paliativos e suas famílias.

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Terapia Ocupacional

A história da Terapia Ocupacional tem início no princípio do século XX com o Movimento

Higienista e com a criação de novas profissões no âmbito da saúde. (10)

Em 1917 foi criada a Associação Americana de Terapia Ocupacional. O foco da profissão e as

potencialidades desta intervenção foram evoluindo até aos dias de hoje. (10)

Os primeiros passos dirigiram-se ao tratamento de pessoas com deficiências físicas e mentais

ocasionadas pela I Guerra Mundial.

Após a II Guerra Mundial, implementaram-se programas de reabilitação por toda a Améria

Latina e Europa, com o tratamento da deficiência física como o cerne da abordagem e

organizam-se os primeiros serviços de Terapia Ocupacional, maioritariamente com ligações

militares. (11,12)

A Terapia Ocupacional surge em Portugal pela mesma altura, pelas consequências da guerra.

O primeiro curso de Terapia Ocupacional surge em 1957 por iniciativa da Santa Casa da

Misericórdia de Lisboa, implementando-se o primeiro departamento de Terapia Ocupacional

em 1959, no Hospital Sant’Ana. (13)

A 12 de novembro de 1960 é criada a associação profissional com a designação oficial de

Associação Portuguesa de Terapeutas Ocupacionais (APTO) (13), com o objetivo de

desenvolver a profissão e fortalecer a identidade profissional entre os terapeutas

ocupacionais.

A utilização do modelo médico como base à intervenção da Terapia Ocupacional foi

decrescendo desde o seu aparecimento e, gradualmente, surgiu a necessidade dos terapeutas

ocupacionais auxiliarem na criação de competências e possibilidades que facilitassem a

independência e produtividade das pessoas na sociedade. (11,12)

As competências dos terapeutas ocupacionais são diversas e estão descritas em documentos

legislativos como o Dec. Lei 564/99, de 21 de dezembro., que descreve as competências do

terapeuta ocupacional como:

“Terapeuta Ocupacional - avaliação, tratamento e habilitação de indivíduos com disfunção

física, mental, de desenvolvimento, social ou outras, utilizando técnicas terapêuticas

integradas em atividades selecionadas consoante o objetivo pretendido e enquadradas na

relação terapeuta/utente; prevenção da incapacidade através de estratégias adequadas com

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vista a proporcionar ao indivíduo o máximo de desempenho e autonomia nas suas funções

pessoais, sociais e profissionais e, se necessário, o estudo e desenvolvimento das respetivas

ajudas técnicas, em ordem a contribuir para uma melhoria da qualidade de vida.” (14)

Atualmente, existem em Portugal quatro escolas que lecionam o curso de Terapia

Ocupacional. (15)

A intervenção da Terapia Ocupacional dimensiona-se no fazer através do uso de atividades

terapêuticas. Townsend e Polatajko (16) concetualizam a pessoa como um ser ocupacional,

para quem a ocupação é uma necessidade básica, ou seja, o envolvimento ocupacional torna-

se necessário à sobrevivência de uma pessoa. Por conseguinte, qualquer coisa que reduza a

capacidade de uma pessoa se envolver em ocupações tem potencial para afetar

negativamente a saúde e o bem-estar da mesma, tornando-a um potencial cliente de Terapia

Ocupacional.

Segundo os mesmos autores, as ocupações em que cada pessoa se envolve e a quantidade de

tempo que despende nessa ocupação são idiossincráticas para essa mesma pessoa e são

determinadas pela complexa interação entre fatores internos e externos à pessoa, tais como,

fase de vida, capacidades e oportunidade, bem como fatores culturais, institucionais, físicos

e sociais do ambiente.

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Terapia Ocupacional e os Cuidados Paliativos

Tanto os Cuidados Paliativos como a Terapia Ocupacional são áreas de cuidado em

crescimento em Portugal, tendo-se vindo a promover iniciativas que garantam o acesso a

quem necessita dos mesmos.

Nos Cuidados Paliativos, a intervenção da Terapia Ocupacional é pouco conhecida, tornando-

se essencial a sensibilização quanto à eficácia das intervenções dos terapeutas ocupacionais

nesta área.

Na revisão da literatura, em maio de 2016 na base de dados da PubMed, encontraram-se 5

artigos que discutem a importância do papel da Terapia Ocupacional nos Cuidados Paliativos.

(17, 18, 19, 20, 21)

Na maioria, é reconhecida a importância do terapeuta ocupacional no controlo sintomático,

na promoção de qualidade de vida do doente, na promoção da mobilidade e do autocuidado,

em diferentes fases de evolução da doença. (19, 20, 21)

Três estudos apresentam orientações profissionais à intervenção dos terapeutas

ocupacionais em Cuidados Paliativos, nomeadamente, orientam à facilitação da participação

ocupacional do doente até ao final da sua vida (17, 21, 22), sugerindo o controlo sintomático

e a adaptação do ambiente como estratégias à intervenção.

Notam-se barreiras à afirmação da profissão possivelmente devido ao desconhecimento de

outros profissionais de saúde relativamente às potencialidades da intervenção, além da

insuficiente evidência científica da Terapia Ocupacional quanto aos benefícios para os

doentes paliativos. (19, 20, 23)

Contudo, sabe-se que a trajetória de uma doença grave envolve procedimentos invasivos e

dor, desorganização das atividades de vida diária, lazer e atividades de trabalho, como tal, as

pessoas com necessidades paliativas sofrem perdas e mudanças nos papéis ocupacionais.

Sendo o fazer uma das necessidades básicas do homem, a intervenção do terapeuta

ocupacional deve centrar-se no fazer, considerando as alterações que o processo saúde-

doença provocou, ou seja, considerando os papéis ocupacionais interrompidos ou perdidos

pelo adoecimento e a possibilidade de resgate dos mesmos. (24)

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As competências do terapeuta ocupacional foram descritas pelo Grupo de Interesse em

Cuidados Paliativos e Terapia Ocupacional da APTO (25), com base na evidência, destacando-

se as seguintes:

o Facilitar o envolvimento e a participação ocupacional envolvendo a pessoa em

atividades significativas que promovam o bem-estar;

o Avaliar o ambiente da pessoa de forma a permitir conforto, funcionalidade e

autonomia;

o Treinar as Atividades de Vida Diária básicas e instrumentais;

o Ensinar e treinar técnicas de conservação de energia que assegurem a continuidade

ou restauração do envolvimento ocupacional da pessoa;

o Aconselhar, ensinar e treinar posicionamentos, estratégias e utilização de produtos de

apoio à pessoa, família e cuidadores informais;

o Recorrer a técnicas não medicamentosas para controlo de sintomas;

o Facilitar a realização dos últimos desejos/atividades significativas;

o Facilitar o processo de despedida e ajudar a preparar a morte;

o Apoiar os familiares e cuidadores no luto.

Assim, o terapeuta ocupacional deverá promover a manutenção das capacidades físicas,

cognitivas e sensoriais e facilitar a adaptação do ambiente, garantindo o conforto físico e o

controlo de sintomas, independentemente da fase da doença.

A Terapia Ocupacional pode acrescentar novas histórias e registos à experiência de perdas e

mudanças, enriquecendo o dia-a-dia da pessoa com necessidades paliativas (26), tornando-

se fundamental na assistência em Cuidados Paliativos.

Em Portugal, no geral, as equipas de Cuidados Paliativos são compostas por médicos e

enfermeiros e contemplam em média um profissional de reabilitação, dos quais 0,03 são

terapeutas ocupacionais. (26)

90,9% das equipas não possuem terapeuta ocupacional, sendo que as que detém contam com

o profissional de outros serviços, não sendo o terapeuta exclusivo da equipa, limitando a sua

intervenção. (26)

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É importante que as equipas contemplem terapeutas ocupacionais com formação adequada,

como parte integrante e fundamental e como indicativo de qualidade, melhorando o

atendimento a pessoas com necessidades paliativas.

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Educação em Cuidados Paliativos

Os Cuidados Paliativos são oferecidos por diferentes tipos de instituição e em diferentes

níveis de educação. A provisão de Cuidados Paliativos está a evoluir, desde serviços de

Cuidados Paliativos generalistas a serviços de Cuidados Paliativos especializados, de acordo

com o nível de educação dos profissionais da equipa.

Serviços de Cuidados Paliativos generalistas devem ser prestados por profissionais de saúde

que devem ter conhecimentos básicos de Cuidados Paliativos, dando resposta a pessoas com

necessidades paliativas de baixa a moderada complexidade. (27)

Os serviços de Cuidados Paliativos especializados, por seu lado, devem ser prestados por

equipas interdisciplinares especializadas na provisão de Cuidados Paliativos a doentes com

necessidades de alta complexidade. (27)

O Programa Nacional de Cuidados Paliativos (5) preconiza 3 níveis de diferenciação: o Nível

I preconiza uma equipa móvel básica que preste cuidados no domicílio ou a pessoas em

internamento, podendo limitar-se a aconselhamento diferenciado. O Nível II pressupõe uma

equipa interdisciplinar alargada que preste cuidados no domicílio ou em internamento,

prestando cuidados 24h por dia. O Nível III acresce, às características assistenciais do nível

anterior, o desenvolvimento de programas estruturados de formação e investigação em

Cuidados Paliativos e, ainda, a abordagem a pessoas com necessidades de elevada

complexidade.

Apesar do desenvolvimento de diferentes tipos de resposta a pessoas com necessidades

paliativas, é esperado que todos os profissionais de saúde tenham acesso a educação

adequada a um nível básico de Cuidados Paliativos, que inclua o conhecimento relativo a

princípios e práticas, a avaliação de necessidades das pessoas com necessidades paliativas e

suas famílias e a competências de comunicação. (28)

Taylor verifica um aumento da necessidade da avaliação da educação em Cuidados Paliativos,

de forma a avaliar a capacidade dos profissionais de saúde para trabalhar com pessoas com

necessidades paliativas. (29)

Na revisão da literatura, encontraram-se 4 estudos na base de dados da PubMed, realizados

a nível mundial, relacionados com o conhecimento dos profissionais de saúde sobre Cuidados

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Paliativos. (30, 31, 32, 33) Destes, apenas dois (30, 31) avaliaram o nível de conhecimentos dos

profissionais.

No estudo cubano realizado, em 2014, num Centro de Reumatologia junto dos médicos (30),

observou-se que 64,5% da amostra tem um nível de conhecimentos insuficiente sobre

Cuidados Paliativos. Da totalidade da amostra, 61% dos médicos considera ter

conhecimentos insuficientes relacionados com Cuidados Paliativos e a maioria dos sujeitos

reconheceu a necessidade de estudar Cuidados Paliativos durante o seu percurso académico.

Quanto ao estudo japonês (31), que estudou o nível de conhecimento de enfermeiros com

experiência em Cuidados Paliativos em contexto hospitalar e na comunidade no ano de 2014,

observou-se uma média de 26% de respostas corretas no questionário relativo ao

conhecimento em Cuidados Paliativos. Notou-se que os enfermeiros a trabalhar na

comunidade com menos experiência no cuidado a doentes terminais e com menos formação

especializada obtiveram piores resultados que os enfermeiros mais experientes. O

conhecimento relativo ao controlo sintomático foi a dimensão dos Cuidados Paliativos onde

os enfermeiros demonstraram mais dificuldades. Concluiu-se no estudo que formação

especializada, suporte de especialistas e adequadas experiências clínicas poderão ajudar na

prática dos enfermeiros em Cuidados Paliativos.

Em ambos os estudos, concluiu-se que o conhecimento dos profissionais em Cuidados

Paliativos é insuficiente e que pode influenciar negativamente a prestação de cuidados de

qualidade, sendo consensual a necessidade de integrar a formação nesta área no percurso

académico. (30,31)

Em Portugal, até ao momento, não foram identificados dados referentes à avaliação de

conhecimentos dos profissionais de saúde sobre os Cuidados Paliativos, ao modo como esses

conhecimentos podem influenciar a sua prática, nem às necessidades formativas

especializadas em cada área profissional.

Contudo, encontraram-se dissertações de mestrado referentes à avaliação de conhecimentos

de estudantes de enfermagem (34) e à perceção e opiniões dos profissionais quanto à sua

prática profissional em Cuidados Paliativos (35).

No estudo realizado junto das escolas nacionais de enfermagem observou-se que 40,4% dos

estudantes de enfermagem detêm um conhecimento insuficiente sobre Cuidados Paliativos.

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Notou-se que o controlo sintomático é a área onde os estudantes demonstraram piores

conhecimentos, principalmente no controlo da dor e na utilização de via subcutânea para

administração de medicação. Os estudantes revelaram melhores resultados nos

conhecimentos relativos aos princípios e filosofia dos Cuidados Paliativos, bem como, nos

conhecimentos relativos à comunicação. Concluiu-se que é necessário investir e melhorar a

educação de base dos enfermeiros sobre os Cuidados Paliativos, de forma, a educar futuros

profissionais mais capazes para intervir nesta área de cuidados, garantido a qualidade dos

serviços. (34)

Além dos estudos apresentados, a Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos realizou um

estudo em 2008 que visou a avaliação dos conhecimentos, opiniões e necessidades sobre

Cuidados Paliativos percecionados pela população portuguesa. (36)

47% dos inquiridos não sabe o que são os Cuidados Paliativos e 42% teve contacto com estes

cuidados. Ainda, 26% da população portuguesa reconheceu a existência de locais com

Cuidados Paliativos em Portugal.

A maioria da população, com e sem contacto prévio com Cuidados Paliativos, reconhece a

necessidade de investimento nos locais prestadores de Cuidados Paliativos e da

profissionalização.

O presente estudo, não tendo sido anteriormente aplicado a terapeutas ocupacionais,

pretende dar resposta à necessidade da avaliação de conhecimentos dos profissionais de

saúde em Cuidados Paliativos, procurando identificar os aspetos a melhorar na formação de

base, especializada e na prática profissional dos terapeutas ocupacionais residentes em

Portugal.

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2 - Questão de investigação

- Qual o nível de conhecimentos dos terapeutas ocupacionais sobre Cuidados Paliativos?

Objetivos:

Avaliar o nível de conhecimentos dos terapeutas ocupacionais.

Identificar a influência da formação especializada no conhecimento dos terapeutas

ocupacionais.

Identificar a perceção dos terapeutas ocupacionais quanto aos seus conhecimentos

em Cuidados Paliativos

Identificar a importância que os terapeutas ocupacionais atribuem ao seu papel nos

Cuidados Paliativos

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3 - Métodos

Critérios de Inclusão

- Licenciatura em Terapia Ocupacional

- Exercer funções de Terapia Ocupacional em Portugal

- Contacto de correio eletrónico atualizado

Critérios de Exclusão

- Ausência de consentimento informado

Tipo de Estudo

Conceptualizou-se um estudo observacional, descritivo e transversal com a finalidade de

descrever a relação das variáveis sociodemográficas, académicas, profissionais e formativas

em Cuidados Paliativos com os conhecimentos dos terapeutas ocupacionais sobre Cuidados

Paliativos.

Variáveis

- Variáveis independentes: idade, género, local de atividade profissional, setor de atividade

profissional, anos de experiência profissional, formação específica em Cuidados Paliativos,

experiência profissional em Cuidados Paliativos, autoavaliação do conhecimento em

Cuidados Paliativos.

- Variáveis dependentes: conhecimentos relativos a Cuidados Paliativos.

Instrumento de Recolha de Dados

Nas pesquisas bibliográficas não foi encontrado nenhum instrumento de recolha de dados

que contemplasse toda a informação desejada, pelo que o questionário (Apêndice 1) foi

construído com base na revisão dos questionários propostos em dois estudos (30, 31) e nas

guidelines sugeridas pela Associação Europeia de Cuidados Paliativos, relativas aos

conhecimentos básicos de Cuidados Paliativos que todos os profissionais de saúde deveriam

possuir.

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O mesmo é composto por perguntas fechadas, de resposta “verdadeiro”, “falso” ou “não sei”,

e dividido em três secções:

1ª Secção – Oito questões relativas às características sociodemográficas, académicas

e formação em Cuidados Paliativos.

2ª Secção – Quarenta questões relativas ao conhecimento geral sobre Cuidados

Paliativos, de acordo com os conteúdos gerais e específicos propostos pela Associação

Europeia de Cuidados Paliativos (EAPC) para a formação básica.

3ª Secção – Duas questões relativas à opinião dos terapeutas ocupacionais sobre a

importância da atuação da sua categoria profissional nos Cuidados Paliativos e sobre

o seu nível de conhecimentos.

A compreensão do questionário foi validada através da aplicação de um pré-teste.

O pré-teste consiste na aplicação preliminar do questionário a um grupo de sujeitos

selecionado, que reflita a diversidade da população, de modo a verificar problemas de

compreensão das questões. O objetivo é avaliar a fidedignidade dos resultados, a validade

dos dados recolhidos e a operacionalidade do questionário. (37)

Aplicou-se o pré-teste a 5 sujeitos selecionados por conveniência, em outubro de 2016,

previamente ao contacto com os participantes no estudo.

Não surgiram dúvidas nem dificuldades no preenchimento pelo que não foi necessário alterar

o questionário.

O instrumento de colheita de dados foi disponibilizado online no período de 27 de outubro

de 2016 a 19 de fevereiro de 2017, sendo os objetivos do estudo e a garantia de

confidencialidade dos dados explanados na introdução ao mesmo.

Nesta investigação o instrumento de recolha de dados revelou-se de fácil compreensão e

administração, dado que a maioria dos participantes responderam à totalidade das questões.

População

Terapeutas ocupacionais residentes em Portugal, registados na Associação Central do

Sistema de Saúde (ACSS).

À data, estima-se existirem 1280 terapeutas ocupacionais registados na ACSS. (38)

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Amostra

Trata-se de uma amostra não probabilística por conveniência, selecionada a partir da base

de dados da APTO e de um grupo de interesse de Terapia Ocupacional nas redes sociais.

A APTO tem 296 sócios com quotas em dia, que recebem toda a informação divulgada. Este

número é variável, consoante o número de novos inscritos, da desistência de antigos sócios

ou da atualização de quotas (dados facultados pela APTO em 18 de janeiro de 2017).

O grupo de interesse “Terapia Ocupacional em Portugal” tem 1670 membros, que recebem

toda a informação partilhada na página (dados obtidos a 19 de fevereiro de 2017).

Considerando 1280 terapeutas ao nível da população, para se obter uma amostra

representativa para um intervalo de confiança de 90% e uma margem de erro de 6% será

necessário um mínimo de 164 sujeitos participantes do estudo.

Análise de Dados

Os dados foram submetidos a tratamento manual e informático.

O software usado para proceder ao tratamento de dados foi o Statistical Package for Social

Sciences (SPSS versão 23.0). Recorreu-se a estatística descritiva, nomeadamente a análise de

frequências, para analisar as variáveis com escala qualitativa de tipo Nominal, mais

especificamente as respostas aos itens do questionário de conhecimentos sobre cuidados

paliativos, cuja escala de resposta é: Verdadeiro, Falso ou Não Sei. Para os totais de respostas

corretas por dimensão e total do questionário usou-se média, desvio padrão, mínimo e

máximo.

Usou-se ainda estatística inferencial para testar as hipóteses em estudo. Os testes utilizados

foram:

T de student para amostras independentes - É uma prova paramétrica que se utiliza com o

objetivo de comparar dois grupos nos totais das dimensões e total do instrumento de recolha

de dados. (37)

Os grupos que se compararam foram: Sexo Feminino Vs Sexo Masculino; Idade até 27 anos

Vs idade superior a 27 anos; terapeutas com formação em cuidados paliativos Vs terapeutas

sem formação em Cuidados Paliativos; terapeutas com experiência em Cuidados Paliativos

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Vs terapeutas sem experiência em Cuidados Paliativos. O uso deste teste paramétrico foi

possível dado haver normalidade nos grupos em comparação ou desvios pouco severos à

normalidade (SK <3 e Ku <7), o que segundo Kline (39) viabiliza o recurso a estatística

paramétrica.

ANOVA ONE WAY - É uma prova paramétrica que se utiliza com o objetivo de comparar três

ou mais grupos nos totais das dimensões e total do instrumento de recolha de dados. (37)

O estudo da normalidade revelou a existência de uma distribuição normal ou desvios pouco

severos (SK < 3 e Ku < 7), quanto à homogeneidade de variâncias sempre que este requisito

não estava disponível (averiguado através do teste de Levéne) efetuou-se uma correção

usando a ANOVA de Welch. Este teste usou-se para comparar: Sector de trabalho (Privado Vs

Publico Vs IPSS), Zona Geográfica onde trabalha (Lisboa Vale do Tejo Vs Algarve/Alentejo Vs

Norte Vs Centro Vs Ilhas (Madeira e Açores).

Correlação de Spearman – Trata-se de uma correlação não paramétrica que permite medir a

intensidade da relação de variáveis ordinais. (37)

Correlacionou-se o tempo de experiência em Terapia Ocupacional e autoavaliação dos

conhecimentos em Cuidados Paliativos com a variável quantitativa número de respostas

corretas no questionário.

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4 - Resultados

Caracterização da Amostra A amostra é constituída por 205 terapeutas ocupacionais.

Tabela 1: Caracterização da Amostra: Estatística Descritiva

Freq %

Género Feminino 188 91,7

Masculino 17 8,3

Idade

22-31 anos 146 71,2

32-41 anos 26 12,7

42-51 anos 20 9,8

≥ 52 anos 13 6,3

Média = 31,02

Mediana = 27,00

Desvio Padrão = 9,89

Amplitude Inter Quartil =11,00

Min =22 anos Max= 66 anos

Zona geográfica onde

trabalha

Alentejo 15 7,3

Algarve 6 2,9

Centro 32 15,6

Lisboa e Vale do Tejo 92 44,9

Norte 53 25,9

R.A.Açores 4 2,0

R.A.Madeira 3 1,5

Sector

IPSS/Par 86 42,0

Privado 68 33,2

Público 51 24,9

Anos de Experiência

Profissional

< 5 anos 121 59,0

5 - 10 anos 35 17,1

11 - 15 anos 12 5,9

16 - 20 anos 12 5,9

21 - 25 anos 10 4,9

> 25 anos 15 7,3

Tem formação

específica em

Cuidados Paliativos?

Não 173 84,4

Sim 32 15,6

Se sim, qual? Avançada (>200Horas;

mestrado/doutoramento) 6 18,8

Básica (18-45 Horas) 22 68,8

Intermédia (90-180 Horas) 4 12,5

Se não, porquê? Falta de tempo 36 20,8

Não tem interesse pela área 50 28,9

Não teve conhecimento de formações na área 53 30,6

Pouca oferta formativa na área 33 19,1

Não responde 1 ,6

Tem Experiência

Profissional em

Cuidados Paliativos?

Não 173 84,4

Sim 32 15,6

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Freq. %

Se sim, tipo: Ações Paliativas 11 34,4

Ações Paliativas, Equipa Intrahospitalar Suporte 1 3,1

Ações Paliativas, Equipa Intrahospitalar Suporte,

Unidade/Serviço de Cuidados Paliativos 1 3,1

Ações Paliativas, Unidade/Serviço de Cuidados Paliativos 3 9,4

Equipa Comunitária de Suporte 2 6,3

Equipa Intrahospitalar Suporte 2 6,3

Unidade/Serviço de Cuidados Paliativos 12 37,5

Como Classifica o seu nível

de conhecimentos em

Cuidados Paliativos?

Insuficiente 124 60,5

Suficiente 64 31,2

Bom 16 7,8

Muito Bom 1 ,5

Como Classifica o papel do

Terapeuta Ocupacional em

Cuidados Paliativos?

Extremamente importante 75 36,6

Muito importante 110 53,7

Não muito importante 3 1,5

Um pouco importante 17 8,3

Depois de responder a este

questionário, como

classifica o seu nível de

conhecimentos em

Cuidados Paliativos?

Bom 13 6,3

Suficiente 48 23,4

Insuficiente 144 70,2

A grande maioria dos terapeutas ocupacionais é do sexo feminino (91,7%) e tem idade

compreendida entre os 22 e os 31 anos (71,2%), sendo a média de 31,02 anos e o desvio

padrão de 9,89. Uma grande percentagem trabalha em Lisboa e Vale do Tejo (44,9%),

havendo sujeitos que trabalham no Sul do país (Algarve e Alentejo: 10,2%), no Norte (25,9%),

Centro (15,6%) e Ilhas (3,5%).

Quanto ao sector onde trabalham, divide-se entre o privado (33,2%), público (24,9%) e IPSS

(42%). A maioria dos sujeitos trabalha na Terapia Ocupacional há menos de 5 anos (59%) e

não tem formação em Cuidados Paliativos (84,4%), dos que têm, a maioria refere ter uma

formação básica de 18-45 horas (68,8%). Os terapeutas que não têm formação em Cuidados

Paliativos referem como motivos o não terem tido conhecimento de formações na área

(30,6%), não ter interesse pela área (28,9%), falta de tempo (20,8%) e pouca oferta formativa

(19,1%).

Apenas 15,6% dos sujeitos tem experiência em Cuidados Paliativos. Destes, uma grande

percentagem refere experiência em unidades/serviços de Cuidados Paliativos (37,5%) e em

ações paliativas (34,4%). A maioria dos terapeutas considera insuficientes os conhecimentos

que tem em Cuidados Paliativos (60,5%) e classificam de muito importante (53,7%) ou

extremamente importante (36,6%) o papel do terapeuta ocupacional nesta área. Depois de

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responderem ao questionário deste estudo houve um aumento no número de terapeutas que

consideram os seus conhecimentos em cuidados paliativos insuficientes (passou de 60,5%

no inicio do questionário para 70,2% no fim do questionário).

Apresentação dos Resultados

Tabela 2 – Questionário Cuidados Paliativos: Respostas às questões do Grupo A: Filosofia dos

Cuidados Paliativos e Grupo B: Comunicação

Falso Não Sei Verdadeiro

Não

responde Total

A-Filosofia dos

Cuidados

Paliativos

O objetivo dos Cuidados Paliativos é

unicamente o tratamento da dor (F)

Freq 202 1 2 0 205

% 98,5% ,5% 1,0% ,0% 100,0%

Os Cuidados Paliativos iniciam-se nas

últimas semanas de vida (F)

Freq 188 11 6 0 205

% 91,7% 5,4% 2,9% ,0% 100,0%

Os Cuidados Paliativos e tratamentos

com intuito curativo podem ser

administrados simultaneamente (V)

Freq

30 34 141 0 205

% 14,6% 16,6% 68,8% ,0% 100,0%

Os Cuidados Paliativos incluem apoio

espiritual. (V)

Freq 8 28 169 0 205

% 3,9% 13,7% 82,4% ,0% 100,0%

Os Cuidados Paliativos incluem cuidados

aos familiares/cuidadores do doente. (V)

Freq 1 13 191 0 205

% ,5% 6,3% 93,2% ,0% 100,0%

Proporcionar cuidados terminais ou

acesso a centros de Cuidados Paliativos é

retirar toda a esperança do doente (F)

Count

199 4 2 0 205

% 97,1% 2,0% 1,0% ,0% 100,0%

Os Cuidados Paliativos só devem ser

prestados a doentes cujo tratamento

curativo já não é possível. (F)

Freq

139 25 41 0 205

% 67,8% 12,2% 20,0% ,0% 100,0%

A melhor forma de trabalhar com

doentes com necessidades paliativas é

em equipa interdisciplinar. (V)

Freq

3 6 196 0 205

% 1,5% 2,9% 95,6% ,0% 100,0%

Os Cuidados Paliativos mantêm-se, após

a morte do doente, na assistência à

família durante o luto. (V)

Freq

13 42 150 0 205

% 6,3% 20,5% 73,2% ,0% 100,0%

Os doentes deveriam ser sempre

informados de forma clara sobre a morte

iminente. (F)

Freq.

37 45 123 0 205

% 18,0% 22,0% 60,0% ,0% 100,0%

A comunicação também funciona como

estratégia terapêutica de intervenção no

sofrimento e no controlo de sintomas.

(V)

Freq

2 3 200 0 205

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B-Comunicação % 1,0% 1,5% 97,6% ,0% 100,0%

Na transmissão de más notícias ao

doente e família devem encobrir-se

informações, factos e sentimentos. (F)

Freq

169 23 13 0 205

% 82,4% 11,2% 6,3% ,0% 100,0%

Em Cuidados Paliativos preconiza-se a

conspiração do silêncio. (F)

Freq 167 32 5 1 205

% 81,5% 15,6% 2,4% ,5% 100,0%

Tabela 3 – Questionário Cuidados Paliativos: Respostas às questões do Grupo C: Sintomas

Gastrointestinais, Grupo D – Fim de Vida/Agonia e Grupo E: Sintomas Neurológicos

Falso Não Sei Verdadeiro

Não

responde Total

Quando a obstipação provocada por opióides

estiver tratada, os laxantes podem ser

suspensos. (F)

Freq.

29 149 26 1 205

% 14,1% 72,7% 12,7% ,5% 100,0%

Na fase paliativa da doença, a xerostomia

pode ser aliviada com pastilhas

elásticas/rebuçados, infusões frias e saliva

artificial. (V)

Freq.

16 157 31 1 205

% 7,8% 76,6% 15,1% ,5% 100,0%

C-Sintomas

Gastrointestinais

Em doentes oncológicos, é necessário um

aporte calórico superior na fase terminal da

doença, em comparação com fases iniciais.

(F)

Freq.

29 137 39 0 205

% 14,1% 66,8% 19,0% ,0% 100,0%

Os corticosteróides podem melhorar o

apetite nos doentes com cancro em fase

avançada. (V)

Freq.

18 154 32 1 205

% 8,8% 75,1% 15,6% ,5% 100,0%

Náuseas e vómitos não são sintomas

frequentes em Cuidados Paliativos. (F)

Freq. 119 63 22 1 205

% 58,0% 30,7% 10,7% ,5% 100,0%

Alguns doentes em fim de vida irão

necessitar de sedação contínua para alívio do

sofrimento. (V)

Freq.

7 42 156 0 205

% 3,4% 20,5% 76,1% ,0% 100,0%

D-Fim de Vida/

Agonia

Quando a hidratação artificial é retirada, o

doente poderá ter mais sintomas na fase de

agonia/final. (F)

Freq.

15 132 57 1 205

% 7,3% 64,4% 27,8% ,5% 100,0%

Quando se inicia a sedação paliativa, o

tratamento da dor pode ser suspenso. (F)

Freq. 64 122 19 0 205

% 31,2% 59,5% 9,3% ,0% 100,0%

Ansiedade e agitação são mais prevalentes

em fases terminais de neoplasias do que

noutras doenças crónicas terminais. (F)

Freq.

72 101 32 0 205

% 35,1% 49,3% 15,6% ,0% 100,0%

Uma das características do delírium é que se

desenvolve num curto espaço de tempo. (V)

Freq. 37 96 71 1 205

E-Sintomas

Neurológicos

% 18,0% 46,8% 34,6% ,5% 100,0%

O tratamento de depressão numa fase

terminal não é útil. (F)

Freq. 163 36 6 0 205

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% 79,5% 17,6% 2,9% ,0% 100,0%

A morfina é frequentemente causa de delírio

em doentes oncológicos em estado terminal.

(F)

Freq.

39 116 49 1 205

% 19,0% 56,6% 23,9% ,5% 100,0%

Tabela 4 – Questionário Cuidados Paliativos: Respostas às questões do Grupo F: Sintomas

Respiratórios e Grupo G: Dor

Falso

Não

Sei Verdadeiro

Não

responde Total

A Oxigenoterapia é o tratamento mais apropriado

para se iniciar em casos de dispneia em fase

terminal. (F)

Freq.

15 139 50 1 205

% 7,3% 67,8% 24,4% ,5% 100,0%

O tratamento mais apropriado de estertores

terminais é a aspiração das secreções. (F)

Freq. 16 164 24 1 205

F-Sintomas

Respiratórios

% 7,8% 80,0% 11,7% ,5% 100,0%

A morfina deve ser utilizada para controlo da

dispneia em doentes oncológicos. (V)

Freq. 32 150 22 1 205

% 15,6% 73,2% 10,7% ,5% 100,0%

A saturação periférica de oxigénio correlaciona-se

diretamente com o nível de dispneia. (F)

Freq. 11 150 43 1 205

% 5,4% 73,2% 21,0% ,5% 100,0%

Terapêutica anticolinérgica ou escopolamina são

eficazes na redução da quantidade de secreções nas

vias aéreas dos doentes agónicos. (V)

Freq.

9 173 22 1 205

% 4,4% 84,4% 10,7% ,5% 100,0%

A dor é um sintoma que, na maioria das vezes, é

subvalorizado e subtratado. (V)

Freq. 71 19 115 0 205

% 34,6% 9,3% 56,1% ,0% 100,0%

É importante aguardar o máximo de tempo possível

para iniciar opióides fortes, por forma a reservá-los

para a dor muito intensa. (F)

Freq.

70 86 49 0 205

% 34,1% 42,0% 23,9% ,0% 100,0%

G-Dor

Quando os opióides estão a ser utilizados para

controlo da dor, numa dose regular, os

antinflamatórios não devem ser utilizados. (F)

Freq.

36

154

14

1

205

% 17,6% 75,1% 6,8% ,5% 100,0%

Freq. 19 97 88 1 205

O uso prolongado de opióides causa frequentemente

adição (F)

% 47,3% 47,3% 42,9% 0,5% 100%

Freq. 36 114 55 0 205

O uso de opióides não influencia o tempo de

sobrevivência. (V)

% 17,6% 55,6% 26,8% 0% 100%

Freq. 9 159 35 2 205

Quando os opióides são utilizados de forma

continuada, a depressão respiratória é comum. (F)

% 4,4% 77,6% 17,1% 1,0% 100%

Freq. 5 19 180 1 205

A dor total compreende aspetos multidimensionais

(físicos, psicológicos, sociais e espirituais) (V)

% 2,4% 9,3% 87,8% 0,5% 100%

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Freq. 179 25 1 0 205

Para o alívio da dor, em Cuidados Paliativos, o

profissional de saúde deve recorrer apenas a

medidas farmacológicas (F)

%

87,3% 12,2% 0,5% 0,0% 100%

Tabela 5 – Questionário Cuidados Paliativos: Respostas às questões do Grupo H: Vias de

Administração

Falso

Não

Sei Verdadeiro

Não

responde Total

A via de eleição para administração de terapêutica é

a via oral. (V)

Freq. 112 72 21 0 205

H-Vias

Administração

% 54,6%

35,1%

10,2%

0% 100%

A via de administração de terapêutica ideal é aquela

que sendo rápida e eficaz na sua ação provoca o

menor sofrimento possível. (V)

Freq. 1 29 175 0 205

% 0,5% 14,1% 85,4% 0% 100%

A dimensão A – “Filosofia dos cuidados paliativos”, é composta por 9 questões. A maioria

dos terapeutas respondeu corretamente a todas as questões (entre 67,8% e 98,5%).

Na dimensão B – “Comunicação” composta por 4 questões, a maioria dos terapeutas

respondeu corretamente (entre 81,5% e 97,6%) a 3 questões (2, 3 e 4), contudo na questão

1 apenas 18% acertou ao responder que a afirmação é falsa, nesta questão a maioria dos

sujeitos (60%) consideraram ser verdadeiro que os doentes deveriam ser sempre

informados de forma clara sobre a morte iminente.

Na dimensão C – “Sintomas Gastrointestinais” composta por 5 questões, apenas na

questão 5 a maioria dos sujeitos deu uma resposta correta (58%) ao considerarem a

afirmação falsa, nas quatro primeiras questões poucos terapeutas acertaram (entre 14,1% e

15,6%) e muitos responderam não saber (entre 66,8% e 76,6%).

A dimensão D – “Fim de vida” é composta por 3 questões. A maioria dos terapeutas acertou

na questão 1 (76,1%), enquanto nas outras duas questões a maioria revela desconhecimento

ou responde de forma incorreta (92,7% e 68,8%).

Na dimensão E – “Sintomas Neurológicos” composta por 4 questões a maioria apenas

acertou numa questão (Q3 – 79,5%). Nas questões 1, 2 e 4 a maioria respondeu de forma

incorreta ou revelou desconhecimento (entre 64,9% e 81%).

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A dimensão F – “Sintomas Respiratórios” é composta por 5 questões. Nesta dimensão a

maioria dos sujeitos revelou não saber responder às 5 questões (entre 67,8% e 84,4%).

Na dimensão G – “Dor” composta por 8 questões a maioria acertou em 3 questões (Q1-

56,1%, Q7- 87,8% e Q9 – 87,3%), revelando nas outras 5 questões desconhecimento ou

respostas incorretas.

A dimensão H – “Vias de administração” é composta apenas por 2 questões. A maioria dos

terapeutas respondeu corretamente à questão 2 considerando-a verdadeira (85,4%),

contudo na questão 1 apenas 10,2% acertaram.

Constata-se assim que as dimensões onde os terapeutas ocupacionais mostraram mais

conhecimentos, ao responderem de forma correta à maioria das questões, são a A –“ Filosofia

dos cuidados paliativos” e a B – “Comunicação”. Nas restantes dimensões os terapeutas

revelam desconhecimento ou crenças erradas em muitas questões, sendo a Dimensão F

referente aos sintomas respiratórios aquela em que o desconhecimento foi maior.

Tabela 6 – Nº de respostas corretas (Média/Desvio Padrão/Mínimo e Máximo) por dimensão e total do

questionário

N Min Max Media

Desvio

Padrão

A- Filosofia de Cuidados Paliativos: Total de Respostas Corretas (9 questões) 205 2,00 9,00 7,6829 1,54093

B- Comunicação: Respostas Corretas (4 questões) 205 1,00 4,00 2,7951 ,69096

C- Sintomas Gastrointestinais: Respostas Corretas (5 questões) 205 ,00 4,00 1,1707 1,15687

D- Fim de Vida/Agonia: Respostas Corretas (3 questões) 205 ,00 3,00 1,1463 ,79091

E- Sintomas Neurológicos: Respostas Corretas (4 questões) 205 ,00 4,00 1,6829 1,02515

F- Sintomas Respiratórios: Respostas Corretas (5 questões) 205 ,00 5,00 ,4195 ,89092

G- Dor: Respostas Corretas (8 questões) 205 ,00 8,00 3,2341 1,46321

H- Vias Administração: Respostas Corretas (2 questões) 205 ,00 2,00 ,9561 ,49806

Total do questionário (40 questões) 205 7,00 35,00 19,0878 4,89318

Na tabela 7 pode constar-se que os terapeutas, no total do questionário composto por 40

questões, responderam em média acertadamente a cerca de metade das questões (média

19,98), não tendo havido ninguém que tenha acertado nas 40 questões (o melhor resultado

foi de 35 respostas corretas). Relativamente às médias de respostas certas nas dimensões do

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31

questionário reforça-se o que se havia visto nas tabelas de frequências, as dimensões com

melhores médias de resposta foram as A e B (média de 7,68 certas em 9 questões e de 2,79

em 4 questões), nas restantes as médias de respostas certas são baixas, sendo a mais baixa

de todas a dos sintomas respiratórios (média de 0,419 respostas certas em 5 questões).

De seguida, averiguaram-se se os conhecimentos em Cuidados Paliativos variam em função

de variáveis como género, idade, local de trabalho (zona geográfica), sector, formação em

Cuidados Paliativos, experiência em Cuidados Paliativos, auto avaliação dos conhecimentos

em Cuidados Paliativos e anos de experiência profissional em Terapia Ocupacional.

Tabela 7 – t de Student para amostras independentes: “Sexo” vs “Conhecimentos em

Cuidados Paliativos”

Sexo Feminino

(n= 188)

Sexo Masculino

(n= 17)

t de Student

Amostras

independentes

Média Desvio

Padrão

Média Desvio

Padrão

t P

A- Filosofia de Cuidados Paliativos:

Total de Respostas Corretas

7,65 1,54 8,00 1,58 -,885 ,377

B- Comunicação: Respostas Corretas 2,80 ,69 2,71 ,69 -,555 ,579

C- Sintomas Gastrointestinais:

Respostas Corretas

1,20 1,17 ,82 1,01 1,294 ,197

D- Fim de Vida/Agonia: Respostas

Corretas

1,14 ,80 1,24 ,66 -,483 ,629

E- Sintomas Neurológicos: Respostas

Corretas

1,73 1,03 1,12 ,86 2,402 ,017*

F- Sintomas Respiratórios: Respostas

Corretas

,44 ,92 ,18 ,39 2,274 ,029*

G- Dor: Respostas Corretas

3,28 1,49 2,76 1,03 1,384 ,168

H- Vias Administração: Respostas

Corretas

,95 ,50 1,00 ,50 -,379 ,705

Total de Respostas Corretas

19,20 4,94 17,82 4,23 1,113 ,267

(* significativo para p ≤ 0,05)

O teste t de student para amostras independentes não revelou a existência de diferenças

significativas, para p ≤ 0,05, entre sexo feminino e masculino no número de respostas

corretas na totalidade do questionário (média de 19,20 e 17,82 respetivamente). Contudo, é

de referir diferenças significativas em duas dimensões: sintomas neurológicos e sintomas

respiratórios, embora as médias de respostas corretas sejam baixas nos dois grupos elas são

mais elevadas no sexo feminino.

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32

Tabela 8 – t de Student para amostras independentes: “Idade” vs “Conhecimentos em

Cuidados Paliativos”

Até 27 anos

(n= 107)

Mais de 27 anos

(n= 98)

t de Student

Amostras

independentes

Média Desvio

Padrão

Média Desvio

Padrão

t P

A- Filosofia de Cuidados

Paliativos: Total de Respostas

Corretas

7,77 1,48 7,59 1,61 ,809 ,419

B- Comunicação: Respostas

Corretas

2,89 ,65 2,69 ,72 2,023 ,040*

C- Sintomas Gastrointestinais:

Respostas Corretas

1,10 1,04 1,24 1,28 -,870 ,385

D- Fim de Vida/Agonia: Respostas

Corretas

1,07 ,76 1,23 ,82 -1,536 ,126

E- Sintomas Neurológicos:

Respostas Corretas

1,67 1,01 1,69 1,05 -,146 ,884

F- Sintomas Respiratórios:

Respostas Corretas

,25 ,55 ,60 1,13 -2,780 ,006**

G- Dor: Respostas Corretas

3,07 1,36 3,41 1,56 -1,636 ,103

H- Vias Administração: Respostas

Corretas

,91 ,51 1,01 ,49 -1,493 ,137

Total de Respostas Corretas

18,73 4,59 19,48 5,20 -1,098 ,274

(* significativo para p ≤ 0,05, ** significativo para p ≤ 0,01 )

Com base na mediana da idade dos sujeitos da amostra constituíram-se dois grupos:

terapeutas com idades até aos 27 anos e terapeutas com idade superior aos 27 anos.

Recorreu-se ao t de student para comparar estes dois grupos no número de respostas

corretas no questionário. Embora não haja diferenças significativas no total do questionário

(até 27 anos: média – 18,73, mais de 27 anos – 19,48), constataram-se diferenças

estatisticamente significativas em duas dimensões: na dimensão comunicação (onde são os

mais novos que dão mais respostas corretas) e na dimensão sintomas respiratórios (onde

são os mais velhos que dão mais respostas corretas), contudo é de referir que embora haja

estas diferenças, em ambos os grupos as médias foram baixas nestas dimensões.

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33

Tabela 9 – t de Student para amostras independentes: “Formação” vs “Conhecimentos em

Cuidados Paliativos”

Não tem formação em

Cuidados Paliativos

(n =173)

Tem formação em

Cuidados Paliativos

(n=32)

t de Student

Amostras

independentes

Média Desvio

Padrão

Média Desvio

Padrão

t p

A- Filosofia de Cuidados

Paliativos: Total de Respostas

Corretas

7,57 1,55 8,31 1,35 -2,796 ,007**

B- Comunicação: Respostas

Corretas

2,76 ,69 3,00 ,67 -1,870 ,068

C- Sintomas Gastrointestinais:

Respostas Corretas

1,08 1,10 1,66 1,36 -2,263 ,029*

D- Fim de Vida/Agonia: Respostas

Corretas

1,06 ,76 1,59 ,80 -3,583 ,000***

E- Sintomas Neurológicos:

Respostas Corretas

1,60 ,99 2,12 1,10 -2,696 ,008**

F- Sintomas Respiratórios:

Respostas Corretas

,31 ,73 1,03 1,33 -2,996 ,005**

G- Dor: Respostas Corretas

3,05 1,37 4,25 1,55 -4,470 ,000***

H- Vias Administração: Respostas

Corretas

,93 ,49 1,09 ,53 -1,710 ,089

Total de Respostas Corretas

18,35 4,46 23,06 5,30 -5,327 ,000***

(* significativo para p ≤ 0,05, ** significativo para p ≤ 0,01, *** significativo para p ≤ 0,001 )

O teste t de student para amostras independentes revelou a existência de uma diferença

significativa, para p ≤ 0,001, entre quem não tem formação e quem tem formação em

Cuidados Paliativos no total do questionário: quem não tem formação acertou em média em

18,35 questões, enquanto quem tem formação acertou em 23,06 questões. Este teste revelou

ainda diferenças significativas em 6 dimensões (A, C, D, E, F, G), e no limiar da significância

em 2 dimensões (B e H), revelando os terapeutas com formação médias mais elevadas do que

os que não têm formação.

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Tabela 10 – t de Student para amostras independentes: “Experiência em Cuidados Paliativos”

vs “Conhecimentos em Cuidados Paliativos”

Não tem experiências em

Cuidados Paliativos

(n =173)

Tem experiência em

Cuidados Paliativos

(n=32)

t de Student

Amostras

independentes

Média Desvio

Padrão

Média Desvio

Padrão

t p

A- Filosofia de Cuidados

Paliativos: Total de Respostas

Corretas

7,58 1,57 8,22 1,24 -2,160 ,032*

B- Comunicação: Respostas

Corretas

2,77 ,66 2,91 ,86 ,990 ,323

C- Sintomas Gastrointestinais:

Respostas Corretas

1,07 1,10 1,72 1,30 -2,253 ,011*

D- Fim de Vida/Agonia: Respostas

Corretas

1,03 ,73 1,78 ,79 -5,256 ,000***

E- Sintomas Neurológicos:

Respostas Corretas

1,55 ,96 2,37 1,10 -4,335 ,000***

F- Sintomas Respiratórios:

Respostas Corretas

,32 ,69 ,94 1,50 -2,269 ,030*

G- Dor: Respostas Corretas

3,06 1,36 4,19 1,65 -4,170 ,000***

H- Vias Administração: Respostas

Corretas

,92 ,50 1,16 ,45 -2,506 ,013*

Total de Respostas Corretas

18,31 4,54 23,28 4,66 -5,665 ,000***

(* significativo para p ≤ 0,05, ** significativo para p ≤ 0,01, *** significativo para p ≤ 0,001 )

O teste t de student para amostras independentes revelou a existência de uma diferença

significativa, para p ≤ 0,001, entre quem não tem experiência e quem tem experiência em

Cuidados Paliativos no total do questionário: quem não tem experiência acertou em média

em 18,31 questões, enquanto quem tem experiência acertou em 23,28 questões. Este teste

revelou ainda diferenças significativas em 7 dimensões (A, C, D, E, F, G, H), revelando os

terapeutas com experiência médias mais elevadas do que os que não experiência. Na

dimensão comunicação não se verificaram diferenças significativas entre os dois grupos.

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35

Tabela 11 – Correlação de Spearman: “Autoavaliação dos conhecimentos em Cuidados

Paliativos” vs “Conhecimentos em Cuidados Paliativos”

Como Classifica o seu nível

de conhecimentos em

Cuidados Paliativos?

Correlação

Spearman

A- Filosofia de Cuidados

Paliativos: Total de Respostas

Corretas

Correlação ,234***

P ,001

N 205

B- Comunicação: Respostas

Corretas

Correlação ,198**

P ,004

N 205

C- Sintomas Gastrointestinais:

Respostas Corretas

Correlação ,233***

P ,001

N 205

D- Fim de Vida/Agonia:

Respostas Corretas

Correlação ,245***

P ,000

N 205

E- Sintomas Neurológicos:

Respostas Corretas

Correlação ,249***

P ,000

N 205

F- Sintomas Respiratórios:

Respostas Corretas

Correlação ,183**

P ,008

N 205

G- Dor: Respostas Corretas Correlação ,319***

P ,000

N 205

H- Vias Administração:

Respostas Corretas

Correlação ,224***

p ,001

N 205

Total de Respostas Corretas Correlação ,396***

p ,000

N 205

**. Correlação significativa para p ≤0,01 ; *** Correlação significativa para p ≤0,001

Existem correlações significativas positivas, entre a autoavaliação que os terapeutas fazem

relativamente aos seus conhecimentos e os conhecimentos demonstrados nas dimensões e

no total do questionário. A correlação com o total do questionário é de 0,396 podendo ser

considerada (se arredondadas a duas casas decimais) uma correlação moderada.

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36

Tabela 12 – Correlação de Spearman: “Anos de experiência profissional em

Terapia Ocupacional” vs “Conhecimentos em Cuidados Paliativos”

Anos de

experiência

profissional

Correlação

Spearman

A- Filosofia de Cuidados

Paliativos: Total de Respostas

Corretas

Correlação -,056

P ,426

N 205

B- Comunicação: Respostas

Corretas

Correlação -,004

P ,951

N 205

D- Fim de Vida/Agonia:

Respostas Corretas

Correlação ,022

P ,753

N 205

C- Sintomas Gastrointestinais:

Respostas Corretas

Correlação -,057

P ,416

N 205

E- Sintomas Neurológicos:

Respostas Corretas

Correlação -,059

P ,400

N 205

F- Sintomas Respiratórios:

Respostas Corretas

Correlação ,081

P ,248

N 205

G- Dor: Respostas Corretas Correlação ,067

P ,340

N 205

H- Vias Administração:

Respostas Corretas

Correlação ,001

P ,986

N 205

Total de Respostas Corretas Correlação ,003

P ,964

N 205

A correlação de Spearman não revelou a existência de correlações significativas entre o

tempo de experiência em Terapia Ocupacional e os conhecimentos em Cuidados Paliativos.

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37

Tabela 13 – Anova One Way: “Zona geográfica onde trabalha” vs “Conhecimentos em

Cuidados Paliativos”

Alentejo/Algarve

(n=21)

Centro

(n= 32)

Lisboa e Vale

do Tejo

(n= 92)

Norte

(n= 53)

Ilhas

(Madeira/

Açores)

(n=7)

ANOVA

P

�̅� Dp �̅� Dp �̅� Dp �̅� Dp �̅� Dp A- Filosofia de

Cuidados

Paliativos: Total de

Respostas Corretas

8,14 ,96 7,97 1,31 7,82 1,53 7,17 1,75 7,14 1,57 Welch = 2,667 p = ,048*

B- Comunicação:

Respostas Corretas

2,95 ,86 2,84 ,63 2,78 ,69 2,75 ,65 2,57 ,79 F = ,543 p = ,704

C- Sintomas

Gastrointestinais:

Respostas Corretas

1,38 1,02 1,34 1,18 ,97 1,09 1,42 1,28 ,57 ,79 F = 2,172 p = ,073

D- Fim de

Vida/Agonia:

Respostas Corretas

1,14 ,65 1,22 ,91 1,10 ,81 1,21 ,69 1,00 1,15 F = ,289 p = ,885

E- Sintomas

Neurológicos:

Respostas Corretas

1,52 ,93 2,03 1,28 1,57 1,03 1,72 ,89 1,86 ,69 F = 1,430 p = ,225

F- Sintomas

Respiratórios:

Respostas Corretas

,33 ,66 ,41 ,76 ,39 ,95 ,43 ,84 1,00 1,53 F = ,817 p = ,515

G- Dor: Respostas

Corretas

3,38 1,69 3,16 1,19 3,22 1,62 3,25 1,28 3,29 1,25 F =,080 p = ,988

H- Vias

Administração:

Respostas Corretas

1,00 ,71 1,09 ,53 ,92 ,47 ,91 ,40 1,00 ,58 F = ,896 p = ,468

Total de Respostas

Corretas

19,86 4,53 20,06 4,93 18,76 5,22 18,85 4,55 18,43 4,20 F = ,608 p = ,657

O teste Anova One Way não revelou a existência de diferenças significativa entre os

terapeutas das diferentes zonas geográficas nos conhecimentos totais revelados no

questionário de Cuidados Paliativos (médias entre 18,43 e 20,6). É de referir contudo uma

diferença significativa na dimensão A, nesta dimensão o teste Post Hoc LSD (Least Sgnificant

Difference) revelou uma diferença entre os terapeutas do Norte com os do Alentejo/Algarve

(p= 0,014), com os terapeutas do Centro (p= 0,020) e com os terapeutas de Lisboa e Vale do

Tejo (p= 0,014), revelando os terapeutas do Norte uma média ligeiramente mais baixa nesta

dimensão.

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Tabela 14 – Anova One Way: “Sector” vs “Conhecimentos em Cuidados Paliativos”

IPSS/Par

(n= 86)

Privado

(n= 68)

Público

(n = 51)

ANOVA

P �̅� Dp �̅� Dp �̅� Dp A- Filosofia de Cuidados Paliativos:

Total de Respostas Corretas

7,79 1,53 7,72 1,62 7,45 1,45 F = ,807 p = ,448

B- Comunicação: Respostas Corretas

2,79 ,72 2,90 ,69 2,67 ,62 F = 1,633 p = ,198

C- Sintomas Gastrointestinais:

Respostas Corretas

1,17 1,15 1,19 1,21 1,14 1,11 F = ,032 p = ,968

D- Fim de Vida/Agonia: Respostas

Corretas

1,16 ,78 1,24 ,81 1,00 ,77 F = 1,326 p=,268

E- Sintomas Neurológicos: Respostas

Corretas

1,56 1,09 1,75 1,00 1,80 ,94 F =1,139 p = ,322

F- Sintomas Respiratórios: Respostas

Corretas

,51 ,92 ,26 ,77 ,47 ,99 Welch =1,819 p = ,167

G- Dor: Respostas Corretas 3,24 1,32 3,29 1,41 3,14 1,76 F = ,170 p = ,844

H- Vias Administração: Respostas

Corretas

1,00 ,49 1,00 ,46 ,82 ,56 Welch = 2,067 p = ,131

Total de Respostas corretas 19,23 4,88 19,35 4,79 18,49 5,09 F = ,515 p = ,598

O teste Anova One Way não revelou a existência de diferenças significativas entre os

terapeutas que trabalham no sector privado, publico ou em IPSS nos conhecimentos em

Cuidados Paliativos, quer no total do questionário, quer nas 8 dimensões.

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39

5 – Discussão

A intervenção de qualidade junto de pessoas com necessidades paliativas e às suas famílias

inclui a identificação precoce das mesmas e o controlo sintomático, sendo a finalidade o bem-

estar e a qualidade de vida. (40)

Consideram-se classicamente quatro áreas fundamentais dos Cuidados Paliativos: controlo

de sintomas, comunicação adequada, apoio à família e trabalho em equipa. Todas as vertentes

têm igual importância, não sendo possível praticar cuidados de qualidade se alguma for

subestimada. (41, 42)

Para prover cuidados de qualidade, é necessário ter profissionais de saúde capazes de

responder às necessidades paliativas em tempo útil. A formação e experiência profissional

influenciam o desempenho dos profissionais no atendimento a pessoas em Cuidados

Paliativos.

De forma a melhorar o atendimento a estas pessoas é necessário ter profissionais com

conhecimentos básicos sobre a temática. (23) Para tal, torna-se imperativo conhecer o atual

panorama dos conhecimentos dos profissionais de saúde, identificando a necessidade de

aperfeiçoamento da educação de base, que irá influenciar a prática clínica dos profissionais.

Este estudo descreveu sistematicamente o conhecimento dos terapeutas ocupacionais

relativo a Cuidados Paliativos, utilizando um questionário desenhado pelos autores, que

inclui questões relacionadas com a filosofia dos Cuidados Paliativos, a comunicação, os

sintomas gastrointestinais, o fim de vida/agonia, os sintomas neurológicos, os sintomas

respiratórios, a dor e as vias de administração.

Os terapeutas ocupacionais responderam acertadamente a cerca de metade das questões do

questionário, em média 19,98 respostas certas, mostrando que o conhecimento sobre

Cuidados Paliativos é suficiente, na globalidade das áreas.

Os conhecimentos relativos à filosofia dos Cuidados Paliativos e à comunicação são as

dimensões onde os terapeutas ocupacionais demonstraram mais conhecimentos,

respondendo à maioria das questões acertadamente.

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40

Identificou-se que o conhecimento relativo ao controlo sintomático, particularmente aos

sintomas respiratórios, e ao fim de vida é insuficiente ou revela-se maioritariamente

desconhecido.

Na prática profissional não faz parte do papel do terapeuta ocupacional o manuseamento ou

administração de medicação, contudo espera-se que os profissionais com formação

especializada em Cuidados Paliativos tenham o mesmo conhecimento que outros

profissionais de saúde, quanto ao controlo sintomático medicamentoso e não

medicamentoso.

Para os terapeutas ocupacionais é importante o conhecimento relativo ao controlo de

sintomas, seja para reconhecer a necessidade de controlo dos mesmos, para entender o

impacto que a medicação terá na funcionalidade da pessoa ou para dar continuidade ao

trabalho em equipa, com responsabilidade e eficácia.

Os terapeutas ocupacionais demonstraram não ter conhecimentos satisfatórios em todas as

quatro áreas dos Cuidados Paliativos, concluindo-se que na sua prática com pessoas com

necessidades paliativas poderão comprometer a qualidade dos cuidados prestados.

Observou-se uma correlação positiva entre os conhecimentos demonstrados no questionário

e a auto avaliação dos conhecimentos dos terapeutas ocupacionais. A maioria dos terapeutas

considera insuficientes os conhecimentos que tem em Cuidados Paliativos (60,5%), havendo

um aumento no número de terapeutas que consideram os seus conhecimentos em Cuidados

Paliativos insuficientes no fim do preenchimento do questionário (70,2%). Esta notória

alteração da perceção dos terapeutas ocupacionais quanto aos seus conhecimentos poderá

indicar que os mesmos não estavam previamente sensibilizados para todas as dimensões dos

Cuidados Paliativos, apercebendo-se durante o decorrer do questionário que existem áreas,

como o controlo sintomático, para os quais não têm o conhecimento adequado.

Para que os Cuidados Paliativos de qualidade sejam uma realidade, é necessária a adequada

formação dos profissionais, no sentido de melhorar os conhecimentos, competências e

atitudes. (2)

Em Portugal, as escolas de Terapia Ocupacional incluem disciplinas que abordam os Cuidados

Paliativos, por exemplo, na Escola Superior de Saúde de Alcoitão são lecionadas 27 horas de

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41

educação básica em Cuidados Paliativos, numa das unidades curriculares do terceiro ano da

licenciatura.

No presente estudo, os resultados mostraram que os terapeutas que optaram por investir em

formação especializada em Cuidados Paliativos detêm melhores conhecimentos do que os

terapeutas com formação básica e do que os terapeutas sem formação em Cuidados

Paliativos.

Os terapeutas ocupacionais com experiência profissional em Cuidados Paliativos mostraram

ter mais conhecimentos sobre a temática do que os terapeutas sem experiência em Cuidados

Paliativos, ressalte-se que da amostra, apenas 15,6% dos inquiridos tinha experiência em

Cuidados Paliativos.

Ainda, classificam de muito importante (53,7%) ou extremamente importante (36,6%) o

papel do terapeuta ocupacional nesta área.

O sexo, a idade, a área geográfica de intervenção e o sector de atividade profissional não

impactam significativamente nos conhecimentos em Cuidados Paliativos.

Estudos semelhantes anteriormente descritos (30, 31), realizados com médicos e enfermeiros

de outros países, demonstraram que os profissionais destas categorias detêm conhecimentos

insuficientes na globalidade dos Cuidados Paliativos. A atenção ao doente e o controlo

sintomático foram as áreas identificadas com piores resultados, reconhecendo igualmente a

necessidade de melhoramento da formação dos profissionais.

Por outro lado, o estudo semelhante (34) realizado com os estudantes de enfermagem de

Portugal mostrou que os conhecimentos dos mesmos é, em média, suficiente ou bom. Neste

mesmo estudo, o controlo da dor e a utilização da via subcutânea para administração de

medicação são as áreas onde os estudantes denotam piores conhecimentos.

Comparando os resultados de estudos semelhantes com os resultados apurados no presente

estudo, pode observar-se que, na totalidade, os profissionais de saúde, bem como os

estudantes de enfermagem, detêm conhecimentos insuficientes sobre o controlo sintomático.

O conhecimento limitado generalizado dos profissionais de saúde, nesta dimensão dos

Cuidados Paliativos, comprova a necessidade de melhorar a formação teórico-prática de base

dos mesmos, com o objetivo de oferecer um cuidado melhorado, que promova um controlo

impecável da dor e outros sintomas nas pessoas com doença crónica e progressiva.

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42

Ambos os estudos efetuados em Portugal apresentaram nos seus resultados conhecimentos

suficientes sobre Cuidados Paliativos, ao contrário dos estudos realizados aos profissionais

de outros países, que demonstraram conhecimentos insuficientes na maioria da amostra.

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43

6 – Conclusão

Os Cuidados Paliativos são uma área de desenvolvimento em Portugal, na qual se tem

investido de forma a garantir o acesso adequado a quem destes necessita.

Para garantir a qualidade dos Cuidados Paliativos, é condição essencial que esteja envolvida

uma equipa com formação nesta área. A abordagem holística essencial neste tipo de cuidados

implica conhecimentos em diferentes áreas, desde a comunicação ao controlo sintomático,

entre a equipa e a pessoa com necessidades paliativas.

As competências dos terapeutas ocupacionais são diversas e nos Cuidados Paliativos,

particularmente, são ainda pouco reconhecidas, tendo surgido o primeiro documento oficial

em Portugal com estas, em 2017, pela APTO. Incluem no seu campo de atuação o controlo

sintomático, a promoção de qualidade de vida do doente, a promoção da mobilidade e do

autocuidado.

Considerando a especificidade deste tipo de cuidados, que vão além do tradicional modelo

biomédico, entende-se que a formação é uma necessidade imperativa. A educação em

Cuidados Paliativos é oferecida em diferentes níveis de educação, esperando-se que todos os

profissionais de saúde tenham acesso a educação adequada a um nível básico de Cuidados

Paliativos, que lhes permita realizar o que se entende como ações paliativas.

Neste contexto quer de formação, quer de aumento da acessibilidade dos Cuidados Paliativos

é fundamental avaliar os conhecimentos dos profissionais de saúde em relação a este tipo de

cuidados. Esta avaliação permite, teoricamente, conhecer quer o estado da arte quer as

principais lacunas a trabalhar a nível formativo.

Em Portugal, não existiam dados referentes aos conhecimentos dos terapeutas ocupacionais

sobre os Cuidados Paliativos. Este estudo visou suprir esta necessidade de diagnóstico da

situação visando a avaliação do nível de conhecimento sobre Cuidados Paliativos dos

terapeutas ocupacionais residentes em Portugal.

Com este estudo verificou-se que, em média, os terapeutas ocupacionais possuem

conhecimentos suficientes sobre os Cuidados Paliativos. Dentro desta área de cuidados, a

Filosofia dos Cuidados Paliativos e comunicação são as dimensões onde se observaram

melhores resultados. Por outro lado, os terapeutas demonstraram insuficientes

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conhecimentos sobre controlo sintomático, nomeadamente no controlo de sintomas

respiratórios e sintomas gastrointestinais.

Dentro dos dados obtidos, observaram-se diferenças significativas nos conhecimentos dos

terapeutas com formação avançada em Cuidados Paliativos quando comparados com os

terapeutas sem formação específica. Pode então aferir-se que os terapeutas ocupacionais

com formação avançada e especializada em Cuidados Paliativos têm melhores

conhecimentos, segundo o estudo conseguiu apurar.

Acresce ainda que os terapeutas com experiência profissional em Cuidados Paliativos

mostraram que possuem mais conhecimentos sobre a temática quando comparados com os

profissionais sem experiência na área, sendo possível inferir que a experiência profissional é

um fator de aprendizagem ou de consolidação de conhecimentos.

Verificou-se, por último, que os terapeutas ocupacionais consideram ter insuficientes

conhecimentos sobre os Cuidados Paliativos. Pese esta autoavaliação, a maioria dos

terapeutas consideram uma área onde a atuação do terapeuta ocupacional é muito ou

extremamente importante.

Face aos resultados obtidos nesta investigação, é pertinente refletir sobre as implicações dos

conhecimentos dos terapeutas ocupacionais na sua prática e no atendimento a pessoas com

necessidades paliativas e suas famílias.

O conhecimento insuficiente sobre as quatro diferentes dimensões dos Cuidados Paliativos

aliado à experiência profissional limitada pode, portanto, comprometer o atendimento das

pessoas com estas necessidades. Pode inferir-se que o desconhecimento sobre a total

realidade dos Cuidados Paliativos e as suas necessidades práticas poderão ser um entrave na

generalização do papel destes profissionais.

Contudo, o conhecimento dos terapeutas ocupacionais provou-se, neste estudo, ser suficiente

na sua generalidade. Acredita-se que a sensibilização dos terapeutas ocupacionais para esta

área de cuidados possa ser adequada às necessidades das pessoas com necessidades

paliativas, questionando-se a limitação à integração de terapeutas ocupacionais em equipas

interdisciplinares de Cuidados Paliativos.

Espera-se que o presente estudo contribua para o aperfeiçoamento da formação em Cuidados

Paliativos oferecida pelas escolas que lecionam Terapia Ocupacional e que o mesmo tenha

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suscitado o interesse nos terapeutas ocupacionais por esta área de cuidados, onde

consideram os seus conhecimentos insuficientes, porém de elevada importância.

Embora exista bibliografia significativa na área dos Cuidados Paliativos, a investigação

relativa aos conhecimentos dos profissionais de saúde é escassa ou não publicada, o que

condicionou a revisão de literatura, a recolha de dados e a discussão dos resultados,

tornando-se uma das limitações ao presente estudo. Considera-se fundamental o

desenvolvimento de outras investigações subjacentes a esta temática, quer com os

terapeutas ocupacionais quer com os estudantes de Terapia Ocupacional, de forma a

compreender mais aprofundadamente a influência de formação básica e avançada em

Cuidados Paliativos nos profissionais de saúde.

Além disso, não se pôde assegurar que todos os sujeitos tenham tido igual probabilidade de

serem selecionados para a amostra, não se podendo extrapolar os resultados à população,

constituindo a segunda limitação do estudo. Ou seja, dos 1280 terapeutas ocupacionais

registados na ACSS, apenas se teve acesso aos terapeutas sócios da APTO e aos terapeutas

ocupacionais participantes de um grupo de interesse em Terapia Ocupacional, excluindo

terapeutas que possam não estar registados na APTO nem no grupo de interesse, mas

registados na ACSS.

Contudo, a insistência na divulgação do instrumento de recolha de dados pelos meios

indicados, permitiu a obtenção de uma amostra de 205 participantes, possibilitando uma

representação significativa da população.

Ainda, acredita-se que este estudo trará contributos importantes à reflexão e necessidade de

intervenção ao nível da formação dos terapeutas ocupacionais, fomentando melhor prática

destes profissionais nos Cuidados Paliativos.

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Apêndice I – Questionário de Conhecimentos em Cuidados Paliativos

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Apêndice II

Pedido de divulgação de questionário à APTO

Mestrado em Cuidados Paliativos

Projeto de Investigação: “Cuidados Paliativos – O que sabem os terapeutas ocupacionais?”

Mestrando: Inês Brito, Terapeuta Ocupacional

Orientador: Ana Patrícia Costa, Terapeuta Ocupacional, Mestre em Cuidados Paliativos

Co-Orientador: Paulo Reis Pina, Médico Especialista em Medicina Interna, Mestre em Cuidados

Paliativos

Assunto: Pedido de divulgação de questionário aos associados, referente ao projeto de investigação

apresentado.

O preenchimento demora cerca de 10/15 min e deve ser respondido por todos os terapeutas

ocupacionais, COM e SEM experiência/formação em Cuidados Paliativos.

https://docs.google.com/forms/d/16ILSh-z-J0lwBGpWd0XY7p5M3O2oFL-hksfWEIVtG1U/edit

Com os melhores cumprimentos,

Inês Brito