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Anuário da Produção Acadêmica Docente Vol. III, Nº. 4, Ano 2009
Denise Lautenschlaeger Faculdade Anhanguera de Rio Claro [email protected]
Patricia Jugdar Faculdade Anhanguera de Rio Claro [email protected]
Felipe Eduardo Milaré Mani Faculdade Anhanguera de Rio Claro [email protected]
REFLEXÃO SOBRE A PROMOÇÃO DE SAÚDE NA VISÃO DOS ATORES SOCIAIS DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA
RESUMO
Em 1991 e 1994, o Ministério da Saúde lança o Programa Agente Comunitário de Saúde (PACS) e o Programa Saúde da Família (PSF) como novas formas de fazer saúde na comunidade, ou seja, fazer saúde com envolvimento e mudança de postura dos atores sociais aqui compreendidos como clientela, profissionais do serviço, gerentes, planejadores, serviços de contra-referência ou apoio envolvidos com os usuários do sistema de saúde. A pesquisa se constituiu em estudo transversal de caráter qualitativo, realizada no período de maio a julho de 2006 no bairro da Mãe Preta no município de Rio Claro, foi autorizada pela Coordenadora da Saúde da Fundação Municipal de Saúde. Compondo a amostra foram selecionados os profissionais de saúde e usuários maiores de dezoito anos de idade que tivessem interesse em participar da pesquisa. A coleta de dados foi obtida no próprio PSF do bairro Mãe Preta. Como resultado pode-se avaliar que os usuários não sabem claramente o que é a promoção da saúde, o que a promoção visa para o benefício destes usuários, eles entendem que as condições e a atenção à saúde melhoraram, mas ainda não entendem o quanto eles têm de direito a este serviço de saúde.
Palavras-Chave: programa; agente comunitário; saúde; saúde da família.
ABSTRACT
In 1991 and 1994, the Ministry of Health launched the Community Health Agent Program (PACS) and Family Health Program (FHP) and new ways to make health in the community, or to health care involvement and change of posture of social actors understood here as a customer, service professionals, managers, planners, service or cross-reference support to users involved in the health system. The research is in cross-sectional study was qualitative in nature, held in the period May to July 2006 in the Mother Black neighborhood in the city of Rio Claro, was authorized by the Coordinator of the Municipal Health Foundation Health Composing the sample were selected professionals health and major users of eighteen years of age who have interest to participate. The data was obtained in the PSF Black Mother of the neighborhood. As a result we can evaluate that users do not know clearly what is health promotion, which aims at the promotion for the benefit of users, they understand that the conditions and health care improved, but still do not understand how they right to this health service.
Keywords: program; community agent; health; family health.
Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 [email protected]
Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original Recebido em: 21/10/2009 Avaliado em: 22/2/2010
Publicação: 19 de março de 2010
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1. INTRODUÇÃO
No Brasil, ao longo de sua história, alguns desenhos organizativos da atenção à saúde
denominada de modelos ou desenhos tecno-assistenciais marcaram as diversas formas de
praticar a atenção à saúde.
Entre os desenhos tecno-assistenciais no processo saúde-doença-cuidado o da
“saúde pública campanhista” e o da “assistência medicalizadora” se tornaram
predominantes aliados a uma maneira de orientar a formação dos profissionais conhecida
como o modelo flexneriano. Neste modelo a formação e a prática profissional eram
centradas no hospital e na utilização intensiva de tecnologias de diagnóstico e de
terapêutica sem atender aos interesses e necessidades das pessoas e populações.
Desde a década de 1970, um movimento mundial pela difusão de outros
desenhos tecno-assitenciais com outras opções ideológicas e organizacionais na
construção do sistema de saúde vem sendo construído por lutas e movimentos de toda
uma sociedade organizada. No Brasil este movimento conhecido pela Reforma Sanitária
na década de 1970 deu origem nos anos 1980 ao “modelo” de atenção de saúde para todo
o país – o Sistema Único de Saúde (SUS) que respaldado pelos princípios da
universalização, descentralização, integralização e participação da comunidade passa a
ser direito constitucional de todo brasileiro desde a Constituição Federativa do Brasil de
1988 e garantida pelas Leis Orgânicas de Saúde.
Entre todas as conquistas do SUS, em 1991 e 1994, o Ministério da Saúde
preocupado em fazer uma medicina coletiva mais do que individual lança,
respectivamente, o Programa Agente Comunitário de Saúde (PACS), o Programa Saúde
da Família (PSF) e posteriormente o o programa Estratégia Saúde da Família (ESF), como
novas formas de fazer saúde na comunidade, ou seja, fazer saúde com envolvimento e
mudança de postura dos atores sociais aqui compreendidos como clientela, profissionais
do serviço, gerentes, planejadores, serviços de contra-referência ou apoio envolvidos de
forma significativa com a realidade dos usuários do sistema de saúde.
Neste contexto a reflexão sobre os conhecimentos, as relações entre todos os
atores sociais envolvidos no PSF é fundamental quando se quer o sucesso do programa,
ou seja, quando o acolhimento com humanização, autonomia, direito à informação e
confiança forem capazes de minimizar e/ou solucionar os diversos nós críticos que tem se
apresentado no caminhar da construção do SUS e da promoção da saúde. Considerando
que os conhecimentos podem ser reconstruídos por meio de estratégias diversificadas das
ações práticas dos atores sociais do PSF e ESF de modo que se viabilize a promoção da
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saúde levando a melhores condições e qualidade de vida de quem os procura o presente
trabalho propõe responder o seguinte problema de pesquisa: Houve mudanças no
comportamento dos atores sociais em relação a implantação do PSF do bairro Mãe Preta?
Para elucidar o problema desmembrou-se nas seguintes questões norteadoras:
• Qual o conhecimento dos atores sociais do PSF do bairro Mãe Preta sobre a promoção da saúde?
• Que tipo de atitudes e práticas os atores sociais elencam para caracterizar a promoção de saúde desenvolvida pelos trabalhadores do PSF do bairro Mãe Preta?
• Qual a participação dos atores sociais nas ações desenvolvidas pelos trabalhadores do PSF do bairro Mãe Preta?
O presente trabalho quer salientar a necessidade da participação dos atores para
que o PSF funcione bem, pois, é uma forma de democratizar o poder de decisão e ter
clareza de que o indivíduo é um ser humano, social, cidadão que biologicamente,
psicologicamente e socialmente está sujeito a riscos de vida, isto é, está intimamente
ligado ao estilo de vida que é o mesmo que falar em como o sujeito se relaciona com ele
mesmo, com os outros e com a natureza.
Para tanto, busca-se com este trabalho compreender de que forma os
conhecimentos re (construídos) pelos atores sociais por meio da implantação do PSF
viabilizam a promoção da saúde e para isto pretende-se identificar os conhecimentos que
os atores sociais do PSF do bairro Mãe Preta tem sobre a promoção da saúde, revelar as
relações estabelecidas entre os trabalhadores e desses com os usuários e analisar o nível
de participação dos atores sociais nas ações desenvolvidas no PSF do bairro Mãe Preta.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Promoção da Saúde
O contexto histórico-social da Saúde Pública nos países desenvolvidos e em
desenvolvimento foi marcado por um clima político-econômico voltado essencialmente
para o desenvolvimento econômico e a implementação de políticas de fortalecimento do
mercado com redução dos gastos para os setores da saúde e da educação (CARVALHO,
2005).
No mundo todo se pôde vivenciar as discrepâncias acentuadas de renda e de
condições de vida dos distintos segmentos populacionais impulsionando o surgimento de
um movimento técnico e científico mundial em prol de uma mudança radical no modo de
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compreender e agir sobre o processo saúde-doença (LEFREVE; LEFREVE, 2004) a fim de
buscar desenhos de atenção que extrapolassem a assistência médico-curativa.
Assim, uma nova expressão passa a ter um destaque importante no campo da
Saúde Pública desses países – a promoção da saúde que vem fortalecida por um
movimento sustentado nas críticas sobre as condições de saúde a que indivíduos e
coletividade estavam vivenciando ao longo da construção histórica da Saúde Pública
(SÍCOLI; NASCIMENTO, 2003).
A expressão “promoção da saúde” surge nos anos 20, por Winslow (1920-1923),
citado por Cerqueira (1997) apud Sperandio et al. (2004) que se refere à comunidade
mobilizada e organizada em busca de políticas que promovessem as suas condições de
saúde. Uma forma de alcançar esta meta seria pela valorização dos programas educativos
a fim de melhorar a saúde, segundo Sperandio (2004), mas ganha espaço na década de
1940 com o trabalho do médico historiador canadense Henry Sigerist, ao definir as quatro
tarefas essenciais à Medicina: a promoção de saúde, a prevenção de doenças, o tratamento
de doentes e a reabilitação, afirmando que “la salud se promueve proporcionando
condiciones de vida decentes, buenas condiciones de trabajo, educación, cultura física y
descanso” (SIGERIST apud SÍCOLI; NASCIMENTO, 2003, p. 103).
A expressão “promoção da saúde” vem novamente à tona na década de 1960,
com o conceito positivo de doença. A idéia é desenvolver um trabalho de consciência
preventivista no sentido de incentivar a prevenção das doenças, através do estímulo de
hábitos e comportamentos saudáveis, e com a preocupação de estar identificando e
atuando nos fatores de risco, onde a Promoção da Saúde entraria como parte da
prevenção primária, ou seja, com ações de intervenção (TEIXEIRA, 2002).
Esta idéia de intervir não apenas na cura da doença, ou seja, depois que a doença
já se instalou, mas intervir nos determinantes do adoecimento ganha força no contexto de
crise do welfare state ou modelo de Estado de Bem Estar-Social nos países desenvolvidos a
partir dos anos 1970.
No mundo todo, a década de 1970 é marcada por debates em torno da crise
econômica internacional do Estado contemporâneo, principalmente no que se refere às
críticas realizadas ao modelo de Estado de Bem Estar-Social. Os debates voltam-se em
torno da necessidade/emergência de um novo desenho para o Estado moderno. O cenário
encontrado é de crises dos sistemas de saúde revelando uma ineficácia, ineficiência,
iniqüidade e crise de credibilidade, face à transição demográfico-epidemiológica:
envelhecimento e mudanças nos padrões nosológicos, medicalização, desenvolvimento
tecnológico e explosão de custos e gastos. Surge nova concepção do processo saúde-
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doença-cuidado mais globalizante, articulando saúde e qualidade de vida a fim de
atender a política social a favor do universalismo.
É exatamente em 1974, no Canadá, que Mark Lalonde, então Ministro da Saúde e
Bem-Estar do país, divulga o documento “A New Perspective on the Health of
Canadians”, que veio a ser conhecido como Informe ou Relatório Lalonde (CARVALHO,
2005).
Segundo Carvalho (2005, p. 46),
o documento argumenta que, ante a diminuição da morbi-mortalidade por causas infecciosas, envelhecimento da população e aumento de doenças crônico-degenerativas, as ações de saúde devem ter por objetivo adicionar anos à vida e também acrescentar vida aos anos, de forma que permita ao ser humano usufruir oportunidades advindas da crescente melhoria do quadro socioeconômico.
Portanto, o documento questiona oficialmente o impacto e o custo elevado dos
cuidados médicos na saúde e a acentuada medicalização como as únicas estratégias para
produzir mudança das condições de saúde e por apresentar as limitações das ações
centradas na assistência médica, insuficientes para atuar sobre os quatro grandes eixos
determinantes originais do processo saúde-doença: a biologia humana (genética e função
humana), meio ambiente (natural e social), estilo de vida (comportamento individual que
afeta a saúde) e organização da atenção à saúde (o campo da saúde).
O Informe Lalonde destaca-se a medida que dá forças para o surgimento do
moderno movimento behaviorista de promoção da saúde (KUHN, 2002). Recomenda-se a
mudança de foco das ações sanitárias do sistema de atenção à saúde para ações de
promoção, romper com a percepção de que a saúde é resultante de cuidados médicos e
conscientizar o público do desequilíbrio nos gastos setoriais são algumas das metas
propostas pela corrente behaviorista de Promoção de Saúde no Canadá (CARVALHO,
2005, p. 47).
Segundo Carvalho (2004a) o documento marcou a área da Saúde Pública e
sintetizou um ideário que preconizou como eixo central de intervenção um conjunto de
ações que procuraram intervir positivamente sobre comportamentos individuais não
saudáveis.
Segundo Sícoli e Nascimento (2003) o Informe Lalonde propôs a ampliação do
campo de atuação da Saúde Pública, priorizando medidas preventivas e programas
educativos que trabalhassem com mudanças comportamentais e de estilos de vida, este
compreendido por “um agregado de decisões individuais que afetam a saúde e sobre o
qual as pessoas têm maior ou menor controle” (CARVALHO, 2005, p. 48).
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No entendimento de Lefreve e Lefreve (2004, p. 63) cita Labonte (1994) referindo
ao contexto da época,
este dilema ficou conhecido como aquele que implica transformar a prática da Promoção de Saúde e da Prevenção de Doenças de “poder sobre” para “poder com”. Nessa conceituação, o profissionalismo [dos profissionais de saúde] pode ser visto como dominação seja como fortalecimento. [Dentre as] qualidades essenciais da prática de fortalecimento [pode-se destacar]: [...] uma abordagem não coercitiva e dialogal associada a uma pedagogia de solução de problemas na qual ambos, o profissional de saúde, o indivíduo e os grupos comunitários, têm diferentes e válidas maneiras de entender saúde e seus determinantes [...].
Entre essas limitações Cerqueira (1997) citado por Sícoli e Nascimento (2003, p.
103) destaca “a responsabilização individual e a “culpabilização das vítimas” (blaming the
victims) conseqüentes a essa abordagem. Ao considerar os indivíduos como exclusivos
responsáveis pela saúde, as determinações sócio-políticas e econômicas ficam
desatreladas, mascaradas; os governos e os formuladores de políticas são
desresponsabilizados e a “culpa” pela situação de saúde recai no indivíduo”.
Diante de limites teóricos e práticos da perspectiva behaviorista surge no final
dos anos 1970 uma perspectiva de ampliar o entendimento do processo saúde-doença
discordando da ênfase ao paradigma biomédico e da intervenção que poderia transformar
hábitos de vida e de culpabilização dos indivíduos por comportamentos cujas causas
encontrariam explicação no entorno social (CARVALHO, 2005).
Estudos de natureza epidemiológica realizada nos anos de 1970 por Ratcliffe
citados por Carvalho (2005) apontavam evidências da relação negativa entre iniqüidade
social e saúde chegando a conclusão de que a melhoria na distribuição de recursos e o
sinergismo na implementação de políticas sociais tinham sido os principais responsáveis
pelos bons indicadores sanitários do estado de Kerala quando comparados com
indicadores de estados indianos mais ricos.
De acordo com Carvalho (2005, p. 55) as “evidências reafirmam a importância da
relação entre o modo como a sociedade se organiza e a saúde da população. Apontam,
outrossim, que políticas que reduzem a iniqüidade social, distribuindo recursos materiais
e não materiais têm efeito positivo na saúde de todos. Em outras palavras, a melhoria da
qualidade de vida e de grupos e coletivos passa necessariamente pela consideração de que
a saúde é um bem comum e um direito”.
Assim, é que especificamente, em 1977 ocorre a 30ª Assembléia Mundial de
Saúde com a proposta de Saúde para Todos no Ano 2000 (SPT, 2000). Em seguida, no ano
de 1978 com apoio da OMS e UNICEF ocorre a I Conferência Internacional sobre Saúde
com Atenção Primária de Saúde em Alma-Ata, capital do Cazaquistão. Nessa Conferência
conhecida como a Declaração de Alma-Ata a saúde é reafirmada como um direito
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humano fundamental e uma das mais importantes metas sociais mundiais. E de acordo
com a Declaração de Alma-Ata, ações dos diferentes atores internacionais no sentido de
diminuir as diferenças no desenvolvimento econômico e social dos países deveriam ser
estimuladas para que se atingisse a meta de saúde para todos no ano 2000, reduzindo-se a
lacuna existente entre o estado de saúde dos países em desenvolvimento e desenvolvidos.
Naquela ocasião, chegou-se ao consenso de que a promoção e proteção da saúde dos
povos seria essencial para o contínuo desenvolvimento econômico e social e,
conseqüentemente, condição única para a melhoria da qualidade de vida dos homens e
para a paz mundial. O apelo lançado em Alma-Ata foi um marco fundamental e
representou o ponto de partida para outras iniciativas (MENDES, 2004).
Assim, visando alcançar a proposta de saúde para todos, a Conferência propõe
oito princípios essenciais para a saúde: educação dirigida aos problemas de saúde
prevalentes; métodos para a sua prevenção e controle; promoção do suprimento de
alimentos e nutrição adequada; abastecimento de água e saneamento básico apropriados;
atenção materno-infantil, incluindo o planejamento familiar; imunização contra as
principais doenças infecciosas; prevenção e controle de doenças endêmicas; tratamento
apropriado das doenças comuns e acidentes; e distribuição dos medicamentos básicos
(BUSS, 2000).
Neste contexto, a partir da década de 1980, tornou-se necessário à atualização do
Movimento de Promoção à Saúde visando superar os limites teóricos e práticos propostos
pelo projeto behaviorista.
Desta forma, a promoção de saúde passou a ganhar destaque no campo da Saúde
Pública, sendo o conceito introduzido oficialmente pela OMS (SICOLI; NASCIMENTO,
2003) e a sua prática desenvolvida predominantemente por Organizações Internacionais e
estudiosos da Europa Ocidental, Canadá e Estados Unidos (CERQUEIRA apud SICOLI;
NASCIMENTO, 2003).
Com o apoio das Conferências Internacionais patrocinadas pela OMS um
movimento para a atualização da Promoção da Saúde surge e inspirada pelos princípios
da Declaração de Alma-Ata (1978) e pela meta “Saúde para todos no ano 2000” ocorre a 1ª
Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde em 1986, na cidade de Ottawa a qual
passou a ser chamada de Carta de Ottawa. Esta Conferência marca o conceito de
Promoção da Saúde definido como: “o processo de capacitação da comunidade para atuar
na melhoria da qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle
deste processo.” (OMS, 1986 apud BUSS, 2000). A Carta explicita que a promoção está
além do setor saúde e enfatiza a atribuição da promoção de fazer com que todos os
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setores, inclusive os não diretamente implicados, assumam a Saúde como meta e
compreendam as implicações de suas ações para a saúde da população (SICOL;
NASCIMENTO, 2003).
A partir da Carta de Ottawa, a Promoção da Saúde incorpora como método
cinco grandes campos de ação: elaboração e implementação de políticas públicas
saudáveis; criação de ambientes favoráveis à saúde; reforço da ação comunitária;
desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação dos sistemas e serviços de saúde.
A proposta da carta de Ottawa passa a ser o importante papel auxiliando os planejadores
da saúde a voltarem sua atenção para intervenções direcionadas à implantação de
políticas para mudança do estilo de vida e intervenções mais diretas sobre o meio-
ambiente, do que para a assistência médica. As ações de promoção da saúde estariam
voltadas para a melhoria e aprimoramento da saúde das pessoas não doentes, com
enfoque para uma visão integral do processo saúde-doença-atenção.
Com a idéia estabelecida da promoção da saúde inicia-se uma discussão sobre a
necessidade de entender a saúde como um campo complexo, que envolve diversos
olhares e diversas intervenções. Não se trata mais apenas de atuar sobre as causas, como
era feito no modelo da História Natural das Doenças, e nem tão pouco de se fazer uma
história social da doença. A partir dessa declaração, começa-se a trabalhar com o conceito
de campo de saúde, que se pretende alternativo, para se entender a dinâmica saúde-
doença-intervenção ou atenção.
Dessa forma, a Promoção da Saúde sai dos centros de saúde e se estende para as
comunidades, os ambientes, a escola, os settings acrescentando como campo de atuação, o
Reforço Comunitário, que contêm um componente educativo, que é o desenvolvimento de
habilidades sociais. Assim, a promoção da saúde passa a ser compreendida como um
desdobramento da atenção primária em saúde, já que se torna um campo de análise,
intervenção e planejamento das políticas de saúde.
Outras conferências e reuniões internacionais subseqüentes a Carta de Ottawa
deixaram ainda mais clara a relevância e o significado das principais estratégias em
Promoção da Saúde.
A 2ª Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde, realizada em Adelaide
(Austrália) em 1988, enfatizou a elaboração de Políticas Públicas Saudáveis. Nesta
declaração é afirmada que o principal propósito das políticas públicas saudáveis é a
criação de ambientes físicos e sociais favoráveis à saúde.
Em 1991, ocorre a 3ª Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde,
realizada em Sunsdvall (Suécia). Este encontro firmou o compromisso das organizações
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do Sistema das Nações Unidas com o desenvolvimento sustentável e procurou explicitar e
enfatizar a interdependência entre ambiente e saúde. A Declaração de Sundsvall
preconiza que a criação de ambientes favoráveis à saúde deve sempre ser guiada pelo
princípio da equidade.
Na seqüência de eventos importante para a Promoção da Saúde realiza-se a
Conferência de Santa Fé de Bogotá em 1992, Bogotá, Colômbia. Esta conferência
conhecida como a Declaração de Bogotá destaca-se em função de ser a primeira que trata
do assunto na América Latina e reconhece a relação de mútua determinação entre saúde e
desenvolvimento, afirmando que a promoção da saúde na América Latina deve buscar a
criação de condições que garantam o bem-estar geral como propósito fundamental do
desenvolvimento (BUSS, 2000). A Declaração de Santa Fé de Bogotá assinada por 21
países enfatizou a relação entre saúde e desenvolvimento e a solidariedade e igualdade
social para postular a criação de uma cultura para a saúde na América Latina e considerou
inaceitáveis as enfermidades resultantes da marginalidade, da desigualdade e da
destruição do meio ambiente, relacionando saúde e desenvolvimento, alcançados pela
solidariedade e igualdade social (SANTOS, 2005).
Buss (2000) referindo-se sobre a declaração de Santa Fé de Bogotá apresenta os 5
princípios, as 3 estratégias e os 11 compromissos assumidos nesta declaração a saber:
Os cinco princípios ou premissas:
1. A superação das complexas e profundas desigualdades de tipos econômico, ambiental, social, político e cultural, como relativas à cobertura, acesso e qualidade nos serviços de saúde.
2. A necessidade de novas alternativas na ação de saúde pública, orientadas a combater simultaneamente as enfermidades causadas pelo atraso e a pobreza e aquelas que se supõe derivadas da urbanização e industrialização.
3. A reafirmação da democracia nas relações políticas e sociais.
4. A conquista da eqüidade ao afirmar que o papel da promoção da saúde consiste não só em identificar os fatores que favorecem a iniqüidade e propor ações para aliviar seus efeitos, como também atuar como agente de transformações radicais nas atitudes e condutas da população e seus dirigentes.
5. O desenvolvimento integral e recíproco dos seres humanos e das sociedades.
As três estratégias para a promoção da saúde na América Latina:
1. Impulsionar a cultura da saúde, modificando valores, crenças, atitudes e relações.
2. Transformar o setor saúde, pondo em relevo a estratégia de promoção da saúde.
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3. Convocar, animar e mobilizar um grande compromisso social para assumir a vontade política de fazer da saúde uma prioridade.
Os onze compromissos indispensáveis para a implementação da promoção da
saúde na América Latina:
a) Impulsionar o conceito de saúde condicionada por fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais e biológicos, e a promoção da saúde como estratégia para modificar esses fatores condicionantes.
b) Convocar as forças sociais para aplicar a estratégia de promoção da saúde.
c) Incentivar políticas públicas que garantam a eqüidade e favoreçam a criação de ambientes e opções saudáveis.
d) Estabelecer mecanismos de concertamento e negociação entre os setores sociais e institucionais.
e) Reduzir gastos improdutivos, como os gastos militares, o desvio de fundos públicos para a geração de lucros privados, a profusão de burocracias excessivamente centralizadas e outras fontes de ineficiências e desperdícios.
f) Fortalecer a capacidade da população para participar nas decisões que afetam sua vida e para optar por estilos de vida saudáveis.
g) Eliminar os efeitos diferenciais das desigualdades sobre a mulher.
h) Estimular o diálogo de saberes diversos.
i) Fortalecer a capacidade de convocação do setor saúde para mobilizar recursos na direção da produção social de saúde, estabelecendo as responsabilidades dos diferentes atores sociais em seus efeitos sobre a saúde.
j) Reconhecer como trabalhadores e agentes de saúde as pessoas comprometidas com os processos de promoção da saúde.
k) Estimular a investigação em promoção da saúde, para gerar ciência e tecnologia apropriada e disseminar o conhecimento resultante.
Seguindo a linha da construção da Promoção da Saúde em 1997, ocorreu a 4ª
Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde, realizada em Jacarta (Indonésia) e
reitera a concepção e os princípios referidos nas conferências anteriores e explicita que a
“saúde é um direito humano fundamental e essencial para o desenvolvimento social e
econômico” (BRASIL, 2001).
Em 2000, ocorreu a 5ª Conferência Internacional sobre Promoção de saúde,
realizada no México e procurou avançar no desenvolvimento das prioridades da
promoção de saúde para o século XXI identificadas em Jacarta e confirmadas pela
Assembléia Mundial da Saúde de 1998: a) promover a responsabilidade social em matéria
de saúde; b) ampliar a capacitação das comunidades e dos indivíduos; c) aumentar a
“inversão” no desenvolvimento da saúde; d) assegurar a infra-estrutura necessária à
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promoção de saúde e fortalecer sua base científica; e) reorientar os sistemas e serviços de
saúde (SICOLI; NASCIMENTO, 2003).
Finalmente, em 2006, através da Política Nacional de Atenção Básica, ocorreu a
evolução dos PSF para ESF (Estratégia Saúde da Família), com a proposta de uma
estratégia prioritária para a reorganização da Atenção Básica, onde se estabeleceu acordos
entre o Ministério da Saúde e governos estaduais e municipais. Esta nova estratégia
proposta passa a ter como diferenciais específicos, a definição clara do território e
das pessoas sob responsabilidade de equipes pré determinadas. Isso visa fortalecer o
vínculo da equipe com a população, uma vez que vivemos época em que as condições
crônicas de saúde se tornaram muito mais importantes para o sistema de saúde do que as
situações de urgências e emergências.
Segundo Mendonça e Heimann (2006) o Programa de Saúde da Família (PSF),
hoje ESF (Estratégia de Saúde da Família) é um caso exemplar na reestruturação da
atenção básica, por duas razões básicas e distintas: a)- por se destacar na agenda nacional
de saúde como instrumento de reforma da política de saúde brasileira envolvendo
mudanças no modelo de atenção, na organização do sistema de saúde e nas modalidades
de alocação de recursos e de remuneração das ações básicas de saúde e; b)- por
acompanhar o recente foco das políticas sociais na família, que passa a ser o sujeito de
atenção, sobre o qual a equipe deve ter pleno conhecimento dos problemas de saúde
encontrados.
2.2. Programa Saúde da Família
Não indiferente ao que acontecia nos países desenvolvidos e sob influência do movimento
da Promoção da Saúde nos países desenvolvidos, o Brasil vê crescer o movimento da
Promoção da Saúde no país como assiste seu salto na década de 1970 quando também se
critica o modelo assistencial centrado na assistência médico-hospitalar e as péssimas
condições de vida e saúde em toda América Latina.
Minayo (2001, p. 59) apoiando-se na observação feita pela Comissão Econômica
para a América Latina e Caribe – CEPAL para argumentar o contexto da época do
nascimento de um novo modelo de atenção à saúde aponta a forte influência da economia
sobre a saúde que o Brasil vivenciou na década de 1970, ao retrocesso na equidade social,
provocado pela crise econômica da década de 80 e as reformas neoliberais dos anos
seguintes levando “no caso do Brasil, não houve aumento de pobreza, mas da
desigualdade, historicamente uma das maiores do mundo: a renda dos 10% mais ricos é
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hoje 30 vezes maior que dos 40% mais pobres, enquanto em países com desenvolvimento
comparável ao do Brasil, é apenas 10 vezes”.
Desta forma a preocupação dos profissionais de saúde com o contexto econômico
e de saúde fez crescer o movimento de Promoção da Saúde impondo uma nova forma de
pensar, ou seja, a preocupação principal com o desenvolvimento do ser humano em um
mundo mais saudável.
E é com esta nova forma de pensar que as antigas práticas de atenção primária
voltam a ser discutida como uma possibilidade de desenho de atenção à saúde.
Segundo Bastos (1966) citado por Ferraz e Aerts (2005), essas práticas já eram
experimentadas no Brasil nos anos de 1970-1980 especificamente, desde 1943 pelo
Ministério da Saúde por intermédio da Fundação de Serviço Especial de Saúde Pública
(SESP), ambos com a responsabilidade de formar pessoal auxiliar visando ampliar as
atividades das unidades de saúde para áreas desassistidas. Esses eram chamados
visitadores sanitários, guardas da malária e auxiliares de saneamento.
De acordo com Melamedi (1998) as atividades desenvolvidas pelos visitadores
domiciliares eram direcionadas para clientelas de alto risco, mais suscetíveis a doenças
infecto-contagiosas, diarréia e desnutrição. Compreendido como modelo de assistência
domiciliar o trabalho dos visitadores sanitários foi implantado nas regiões pobres do norte
e nordeste brasileiro e nas favelas de grandes centros urbanos.
Em meados dos anos 1990, a estratégia de visitas domiciliares foi novamente
revalorizada, na perspectiva de satisfazer e cumprir o direito universal à saúde, garantido
na Constituição de 1988 (MELAMEDI, 1998), o que resultou das diversas iniciativas de
âmbito regional ou local a tradução de um programa de tipo agente comunitários de
saúde, encampados pelo Ministério da Saúde como Programa Nacional de Agente
Comunitários de Saúde (PNACS), em 1991 (SILVA; DALMASO, 2002).
Segundo Sampaio et al. (2002) em 1990, com repercussão significativa
principalmente na região nordeste o PACS passa a ser uma das bases, em 1994, para a
concepção do Programa de Saúde da Família. O desenvolvimento do PACS tem a
proposta de integrar as três esferas do poder público, ou seja, os governos federais,
municipais e estaduais, visando também, uma aproximação maior entre a rede de saúde e
a sua clientela.
Em 1994, o movimento da promoção da saúde no Brasil ganha espaço de fato
quando se concretiza a criação do Programa Saúde da Família – PSF pelo Ministério da
Saúde para implantação e implementação do Sistema Único de Saúde (FORTUNA et al.,
2005).
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Segundo Bourget (2005) o PSF foi sendo implantado no país nas Unidades
Básicas de Saúde (UBS) que vinha desenvolvendo o modelo tradicional de assistência ou
em unidades instaladas já com esta estratégia com o propósito de reorganizar as ações de
promoção da saúde, prevenção de agravos e recuperação da população, sob o enfoque das
famílias que a constituem, ou seja, levar a saúde para perto da família.
A implantação do PSF nasce com a proposta de transformar o modelo tradicional
de assistência levando os trabalhadores dos serviços de saúde que sempre aguardaram
passivamente a procura dos serviços de saúde e, portanto, criou uma grande distância
entre as equipes de saúde e a população.
Como resultado, conviveu-se com um contexto desigual nas condições de vida e
saúde da grande maioria da população nesta época – condições de pobreza ou abaixo da
linha da pobreza, aspectos que levavam grandes problemas de saúde, com altas taxas de
mortalidade decorrentes de doenças os quais poderiam ser evitados se não fosse a má
alimentação, condições precárias de moradia, saneamento básico e de meio ambiente além
das condições socioeconômicas da população e o aumento da concentração de renda -
agravando a situação de exclusão e de saúde.
Com o Programa Saúde da Família a atenção à saúde estaria centrada na família
e não no indivíduo isoladamente, na fragmentação da assistência, pela consideração do
corpo biológico como objeto de trabalho, pela centralização das ações nos atos médicos e
medicalizadores (FORTUNA et al., 2005), mas a família seria observada no seu contexto
socioeconômico e cultural por meio do seu cadastro o qual permitiria reunir informações e
a identificação de um conjunto de fatores de risco anteriormente não percebidos pelos
serviços de saúde (BOURGET, 2005).
Para o desenvolvimento da reorganização da Atenção Básica do PSF e,
conseqüentemente, de todo o SUS etapas como a sensibilização e divulgação para a
população, adesão, recrutamento, seleção e contratação de pessoal, capacitação das
equipes, treinamento introdutório, educação continuada, acompanhamento e avaliação,
manutenção e financiamento são elencadas como necessárias.
A proposta do Programa de Saúde da Família é a de uma equipe composta
minimamente por um médico generalista, 4 a 6 agentes comunitários de saúde,
trabalhadores de saúde bucal (um conjunto para cada duas equipes), dois auxiliares de
enfermagem e um enfermeiro, cuidando de 800 a 1000 famílias adscritas a uma área de
abrangência (FORTUNA et al., 2005).
O trabalho da equipe de saúde da família deve ser norteado pelos princípios da
promoção do conceito de saúde como direito de cidadania, promoção da família como
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núcleo básico de abordagem para a saúde, prevenção de doença e identificação e atuação
sobre os fatores de risco às quais a população está exposta, atendimento à população
cadastrada preferencialmente, busca pela humanização das práticas de saúde por meio do
estabelecimento de um vínculo entre os programas de saúde e a população, proporcionar
o estabelecimento de parcerias através do desenvolvimento de ações intersetoriais,
contribuir para a democratização do conhecimento do processo saúde/doença, da
organização dos serviços e da produção social da saúde, fazer com que a saúde seja
reconhecida como um direito de cidadania e, portanto, expressão de qualidade de vida,
estimular a organização da comunidade para o efetivo exercício do controle social
(COSTA; CARBONE, 2004; BOURGET, 2005).
Com o PSF ações de promoção da saúde visariam o processo de capacitação da
comunidade na atuação da melhoria da qualidade de vida e saúde para que a equidade
seja alcançada e, ao mesmo tempo, sejam asseguradas condições mínimas para uma
sobrevivência digna. As estratégias propostas pela promoção da saúde firmam-se na
democratização das informações e no trabalho conjunto de toda sociedade (população,
instituições privadas, universidades, governos etc).
Na opinião de Bydlowski et al. (2004) as estratégias da promoção da saúde
propostas envolveriam além da participação da população na elaboração de políticas
públicas e nas decisões, a descentralização do poder, ações multidisciplinares e
intersetoriais.
3. METODOLOGIA
A pesquisa se constituiu em estudo transversal de caráter qualitativo, realizada no
período de maio a julho de 2006 no bairro da Mãe Preta no município de Rio Claro. A
pesquisa foi autorizada oficialmente pela Coordenadora da Saúde da Fundação Municipal
de Saúde. Para compor a amostra foram selecionados os profissionais de saúde e usuários
maiores de dezoito anos de idade que tivessem interesse em participar da pesquisa. A
coleta de dados foi obtida no próprio ambiente do PSF do bairro Mãe Preta. Abordagem
dos usuários em atividades nos grupos foi possível com o apoio de enfermeiras e agentes
da saúde que estavam no horário de serviço. A metodologia escolhida foi à entrevista
estruturada com questões abertas (Anexo 1 e 2) aplicada para a equipe multiprofissional e
usuários durante as reuniões dos grupos de gestantes, hipertensos, diabéticos e da
alfabetização.
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Fizeram parte da pesquisa um médico, uma dentista, duas enfermeiras, uma
auxiliar de consultório dentário, uma auxiliar de enfermagem, uma técnica de
enfermagem, duas agentes comunitárias de saúde, totalizando 9 componentes da equipe
multiprofissional. E dos usuários da Unidade três do grupo de hipertensos, três do grupo
de gestante, quatro do grupo de alfabetização e três do grupo de diabéticos, totalizando 13
pessoas. Todos os clientes abordados responderam ao questionário, portanto não houve
nenhum tipo de recusa. Para os profissionais a pesquisa foi realizada durante o
expediente de trabalho no mesmo PSF já citado anteriormente. Todas as informações
foram obtidas com o consentimento (Anexo 1) dos entrevistados obedecendo as Diretrizes
e Normas Regulamentadoras do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, do
Conselho Nacional de Saúde, Resolução 196/96.
3.1. Estrutura do PSF do bairro Mãe Preta
A Unidade do bairro mãe Preta está localizada à rua doze nº 300, no bairro da Mãe Preta,
Rio Claro, no Estado de São Paulo e constitui-se na terceira equipe do Programa de Saúde
da Família do município. Foi implantada em 3 de junho de 2002 e instalada em um
barracão estruturado e adaptado segundo as normas do programa ditado pelo Ministério
da Saúde permanecendo lá duas equipes até hoje.
As atividades da Unidade Mãe Preta iniciaram-se com o cadastro das famílias
por visitas feitas aos domicílios realizadas pelos agentes comunitários de saúde os quais
incorporam a equipe de saúde. A delimitação da área adscrita é feita com a utilização das
Fichas A, do Sistema de Informações da Atenção Básica (SIAB). Com este trabalho tem-se
conhecimento da realidade dos moradores. Indicadores como morbidade,
socioeconômicos, demográficos, ambientais são levantados.
Após a coleta de dados garante-se aos usuários o direito à assistência à saúde
como o atendimento médico, participação nos grupos de apoio, visitas domiciliares
realizadas pela equipe multiprofissional.
A primeira equipe multiprofissional denominada Equipe I, iniciou em 3 de junho
de 2002, composta por um médico, uma enfermeira, duas auxiliares de enfermagem e seis
agentes comunitários de saúde. Em 16 de abril de 2004 surgiu a Equipe II e na mesma
época formou-se uma equipe de saúde bucal dando a cobertura as duas equipes
formadas.
Atualmente, cada equipe é composta por um médico, uma enfermeira, uma
dentista para as duas equipes, duas técnicas de enfermagem e seis agentes comunitários e
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um auxiliar de consultório dentário. Os profissionais foram capacitados e treinados pela
Diretoria Regional de Piracicaba (DIR-XV).
As ações desenvolvidas pela equipe do PSF do bairro Mãe Preta referem-se às
consultas médicas e de enfermagem, curativos, inalações, vacinações, medicações, visitas
domiciliares e a distribuição gratuita de medicamentos básicos com apresentação de
receituário médico.
Há também o desenvolvimento de programas preventivos e educativos nos
grupos de apoio com finalidade educativa e terapêutica. Esses grupos são formados de
acordo com a necessidade da população, abordando bases biológicas, psicológicas e
sociais.
Na unidade do bairro Mãe Preta há grupos de gestantes, hipertensos, diabéticos,
planejamento familiar, redução de danos, controle de vetores e alfabetização. Por meio
dessas atividades grupais com a participação da própria comunidade, cria-se um espaço
que possibilita a formação de relações sociais, troca de vivências e a promoção de auto-
estima.
A territorialização constitui-se pelos bairros da Vila Industrial, bairro Mãe Preta e
Vila Verde. A equipe I responsabiliza-se há por 1093 famílias e a equipe II por 1000
totalizando aproximadamente 6500 pessoas atendidas pelo PSF do bairro Mãe Preta.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Conhecimentos dos atores sociais
Os profissionais demonstraram clareza sobre a democratização, a promoção da saúde, e a
necessidade de autonomia da população quanto a sua própria saúde. Visando não
somente os agravos à saúde como a diminuição dos fatores de riscos por meio da
prevenção, buscando melhor qualidade e mudanças no estilo de vida. Essa vertente de
pensamento já havia desde a década de 60, segundo Teixeira, 2002, a expressão
“promoção de saúde” lida com o conceito positivo de doença com consciência
preventivista, ou seja, prevenção de doenças através de hábitos saudáveis, e com a
preocupação de estar identificando e atuando nos fatores de risco.
Os usuários não souberam responder quais são as características da promoção
em saúde, mas enfatizaram o vínculo criado com os profissionais e o acolhimento
humanizado, diferenciando-os da Unidade Básica de Saúde. Também relataram a
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importância das visitas domiciliares, a boa comunicação sobre as atividades
desenvolvidas pelo PSF através dos agentes comunitárias de saúde. Bydlowski ET AL,
(2004), afirma que as estratégias propostas pela Promoção da Saúde firmam-se na
democratização das informações e no trabalho conjunto de toda sociedade (população,
instituições privadas, universidades, governos etc.).
Elogiaram as atividades desenvolvidas pelos diversos grupos do PSF, e as
informações que recebem nas reuniões.
4.2. Tipos e atitudes de prática de saúde dos atores sociais
As equipes citam que o trabalho de forma comprometida, baseada no vínculo e co-
responsabilidade; desenvolverem um trabalho diferenciado de outros serviços de saúde
pública; promover ampliação das ações de promoção; terem a possibilidade de
desenvolver assistência integral e contínua voltada para a população/comunidade;
produzirem melhora do acesso da população à rede básica de saúde; efetuar o diagnóstico
das doenças mais precocemente.
Os profissionais deram ênfase na atualização do cadastro das famílias, para
identificar as necessidades de saúde da população adscrita, e os riscos que as mesmas
poderão ser expostas. Segundo Sícole e Nascimento (2003) o Informe Lalonde propõe a
ampliação do campo de atuação da Saúde Pública, priorizando medidas preventivas e
programas educativos que trabalhassem com mudanças comportamentais e de estilos de
vida. Para Carvalho (2004b) um dos grandes destaques do Informe é a preconização das
ações de saúde que deveriam ter como objetivo garantir a qualidade de vida de
indivíduos e coletivos.
A análise das atividades grupais e seus resultados promovem o maior
envolvimento da população, havendo a possibilidade de surgirem novos grupos de
acordo com a necessidade da comunidade. Como ocorreu com o grupo de alfabetização
que foi solicitado por um grupo de pessoas que foram prontamente atendidas na própria
Unidade de Saúde da Família.
4.3. Nível de participação dos atores sociais
Segundo os profissionais, as equipes I e II desenvolvem uma reflexão crítica sobre as
atitudes e valores desenvolvidos no decorrer das atividades para promover uma
assistência integral e efetiva para a comunidade do Bairro Mãe Preta.
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A participação da comunidade nos grupos do PSF auxilia na implementação de
novos objetivos e idéias que surgem a partir desses encontros por meio de suas
necessidades específicas ou em um âmbito social englobando a comunidade do bairro.
Com isso ocorreram ampliações das ações de promoção à saúde, beneficiando a atenção
integral ao indivíduo e a família.
Com o PSF as ações de promoção da saúde visaria o processo de capacitação da
comunidade na atuação de melhoria da qualidade de vida e saúde para que a equidade
seja alcançada e, ao mesmo tempo, sejam asseguradas condições mínimas para uma
sobrevivência digna. A participação da população na elaboração de políticas públicas e
nas decisões resulta na descentralização do poder e em ações multidisciplinares e
intersetoriais (BYDLOWSKI et al., 2004).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aparentemente os usuários não sabem claramente o que é a promoção da saúde, o que na
verdade a promoção visa para o benefício destes usuários, eles entendem que as
condições e a atenção à saúde melhoraram, mas ainda não entendem o quanto eles têm de
direito a este serviço de saúde, um serviço eficaz, atencioso, preventivista acima de tudo.
Muitas pessoas trazem ainda a idéia de um serviço curativo, e quando se deparam com
um Programa como o PSF, onde a população é “requerida” a participar de grupos
específicos como o de hipertensos, diabéticos e outros, e ainda, recebem a visita domiciliar
para um acompanhamento bem próximo, estes usuários se sentem “cuidados”,
acreditamos que este sentimento de “cuidado” com a saúde do usuário ainda não se
transformou na consciência de que na verdade toda esta atenção à saúde nada mais é que
um direito do cidadão. Aos poucos os usuários parecem observar que o processo de
atenção à saúde não é mais daquela forma biologicista, elitisado e mecanicistas de
antigamente.
Dentro da pesquisa podemos verificar que o PSF do bairro Mãe Preta está a
contento com suas atividades e interação com a clientela, os usuários se sentem acolhidos
e participam das reuniões. De acordo com a análise do questionário conclui-se que a
relação entre os profissionais do PSF do bairro Mãe Preta e seus usuários contempla a
proposta do Ministério da Saúde, cujo objetivo central é o envolvimento da coletividade
para atuar na promoção à saúde, ou seja, fazer saúde com envolvimento e mudança de
postura dos atores sociais compreendidos como clientela, profissionais do serviço,
gerentes, planejadores, serviços de referência ou apoio envolvidos com a realidade dos
usuários do sistema de saúde.
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Denise Lautenschlaeger
Enfermeira da Santa Casa de Misericórdia de Rio Claro, Professora do Curso de Graduação da Faculdade Anhanguera de Rio Claro e coordenadora do curso de Enfermagem da Faculdade Anhanguera de Rio Claro.
Patricia Jugdar
Fisioterapeuta especialista em microfisioterapia e professora da graduação de fisioterapia da Faculdade Anhanguera de Rio Claro.
Felipe Eduardo Milaré Mani
Fisioterapeuta e professor da Faculdade Anhanguera de Rio Claro na graduação em Fisioterapia.
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