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30 anos ANPOLL Heronides Moura Rosângela Hammes Rodrigues Andréia Guerini Mailce Borges Mota Stélio Furlan Morgana Cambrussi ORGANIZADORES

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ARTIGO

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Heronides Moura Rosângela Hammes RodriguesAndréia Guerini Mailce Borges Mota Stélio FurlanMorgana CambrussiO

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ANPOLL 30 ANOS

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ANPOLL 30 ANOS

Heronides Moura Rosângela Hammes RodriguesAndréia Guerini Mailce Borges MotaStélio Furlan Morgana CambrussiO

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ANPOLL - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística

Gestão 2012-2014

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Comunicação e Expressão - Bloco B, Sala 315,

Secretaria da Pós-Graduação em Linguística, Campus Universitário - Trindade

Florianópolis - Santa Catarina - Brasil - CEP: 88040-970

Telefones: +55 (48) 3721-9581

CNPJ 78.809.530/0001-72

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DEPÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISAEM LETRAS E LINGUÍSTICAANPOLL

A615 ANPOLL 30 anos / Heronides Moura, Rosângela Hammes Rodrigues, Andréia Guerini, Mailce Borges Mota, Stélio Furlan, Morgana Cambrussi (orgs.) – Florianópolis : Insular, 2014.

208 p. : il. ISBN 978-85-7474-772-9

1. Linguística. 2. Letras. 3. Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística. I. Título. II. Moura, Heronides. III. Rodrigues, Rosângela Hammes. IV. Guerini, Andréia. V. Mota, Mailce Borges. VI. Furlan, Stélio. VII. Cambrussi, Morgana. CDD 410

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SUMÁRIO

ANPOLL 30 anos: relatos de uma história _______________________________________________ 9Heronides Moura, Rosângela Hammes Rodrigues, Andréia Guerini, Mailce Borges Mota, Stélio Furlan, Morgana Cambrussi

ANPOLL 30 anos: os primeiros passos __________________________________________________ 19Paulino Vandresen

ANPOLL: 1992 -1994 _________________________________________________________________ 47Stella Maris Bortoni-Ricardo

ANPOLL 1994 -1996: uma experiência para lembrar _______________________________________ 53Sônia Maria van Dijck Lima

ANPOLL: pensando o futuro __________________________________________________________ 71Eduardo Guimarães

ANPOLL - 2000 -2002 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul __________________________ 83Freda Indursky

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Ação política como princípio científico e acadêmico _______________________________________ 91Beth Brait

O retorno da ANPOLL ao cerrado brasileiro: a parceria UnB/UFG/UCG/UFMS __________________ 147Rogério da Silva Lima

25 anos de ANPOLL: memórias e perspectivas ___________________________________________ 167Fabio Alves

A ANPOLL nos seus trinta anos de existência ____________________________________________ 185Heronides Moura

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ANPOLL 30 ANOS: RELATOS DE UMA HISTÓRIA

Heronides Moura, Rosângela Hammes Rodrigues, Andréia Guerini

Mailce Borges Mota, Stélio Furlan, Morgana Cambrussi

Universidade Federal de Santa Catarina

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11Heronides Moura, Rosângela Hammes Rodrigues, Andréia Guerini, Mailce B. Mota, Stélio Furlan, Morgana Cambrussi

O fim duma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde  primeiramente a chuva caía, ver

a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos pas-sos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.

José Saramago, Viagem a Portugal.

A ideia deste livro surgiu durante o XXVIII ENANPOLL, ocorrido na Universidade Federal de Santa Catarina em julho de 2013. Seu objetivo foi reunir relatos de ex-presidentes da ANPOLL, fazendo res-surgir experiências e ações passadas, interpretadas à luz do presente, a fim de resgatar e deixar um re-gistro escrito de parte da memória acadêmica, histórica e política dos 30 anos da Associação. Convém destacar que relembrar as ações do passado ajuda a compreender as ações do presente e pode nortear a nossa atuação no futuro, já que a história da ANPOLL coincide, em grande parte, com o crescimento e desenvolvimento dos programas de Pós-Graduação no Brasil. A ANPOLL começou com 21 progra-mas e hoje conta com 121 programas filiados e 44 Grupos de Trabalho (GTs). Além disso, durante esse período a Associação já realizou 28 encontros.

Os textos aqui apresentados seguem a ordem cronológica de atuação dos presidentes na Diretoria da ANPOLL. Assim, Paulino Vandresen (UFSC), presidente da ANPOLL no biênio 1984-1986, relata que a Associação foi fundada no dia 21 de maio de 1984 para fortalecer acadêmica e politicamente o desenvolvimento da área de Letras e Linguística, já que o documento “Avaliação e Perspectivas”, pu-

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blicado pelo CNPq em 1982, apontava muitos problemas na área, tais como: dificuldade de acesso à informação; insuficiência de doutores; baixa produção científica do corpo docente e tempo médio de conclusão de mestrado e doutorado muito longos. Além disso, lembra que “não havia comitê inde-pendente de L&L, no CNPq. Nossa área era atendida junto à área de Artes, contando com apenas um representante para analisar os projetos e distribuir os escassos recursos destinados à área de L&L”. Por isso, “a área de L&L precisava, urgentemente, se organizar para que houvesse maior interação entre os programas de pós-graduação e destes com os órgãos oficiais de coordenação e financiamento”. Duran-te essa gestão foram realizados o I Encontro Nacional da ANPOLL, em 1985, e quatro encontros regio-nais em 1986. As ações prioritárias para estruturar a ANPOLL foram: criação dos Grupos de Trabalho (GTs); acesso à informação; aumento na produtividade acadêmica; criação do Boletim Informativo; incentivo para a cooperação nacional e internacional, incentivo para a infraestrutura necessária ao bom desenvolvimento das atividades; preocupação com políticas de línguas Iindígenas. Segundo Pau-lino Vandresen, “de todas as sementes lançadas nestes primeiros passos da ANPOLL acreditamos que a criação dos GTs tenha sido a mais produtiva, pelos resultados que produziu para o crescimento da ANPOLL e, principalmente, para o aumento da produção acadêmica na área de L&L”.

Stella Maris Bortoni (UnB), presidente da ANPOLL no biênio 1992-1994, relata que implementou o Prêmio ANPOLL à melhor tese de doutorado, com recursos conseguidos na gestão de Tânia Car-valhal. O primeiro evento dessa gestão, que ainda não se denominava ENANPOLL, reuniu os coor-denadores de GT’s e de Programas de Pós-Graduação para discutir questões relativas à atualização do Regimento, dentre elas, a definição dos GTs e a sua regulamentação. Em 1994, foi realizado o IX Encontro Nacional da ANPOLL, com as comemorações dos 10 anos da Associação.

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13Heronides Moura, Rosângela Hammes Rodrigues, Andréia Guerini, Mailce B. Mota, Stélio Furlan, Morgana Cambrussi

Sônia Maria van Dijck Lima (UFPB), presidente da ANPOLL no biênio 1994-1996, lembra que na sua gestão a Diretoria trabalhou em três aspectos “operacionais”: “modernização da logomarca da ANPOLL; criação da Revista da ANPOLL e atualização dos instrumentos legais que regem a dinâ-mica da Associação”. Nessa gestão foi lançado o primeiro número da Revista da ANPOLL, dedicado à história dos GTs, e teve como editora-chefe Beth Brait. As ações desse biênio se centraram, con-forme relatado por Sônia Maria van Dijck Lima, na discussão da “dinâmica da composição do Con-selho Deliberativo do CNPq; dos critérios para a concessão de bolsas e auxílios pelo CNPq; da mo-bilidade docente para viagens de intercâmbio e participação em eventos nacionais e internacionais; da atuação do professor aposentado na pós-graduação; do ensino da língua nacional no sentido desenvolver ações de sensibilização das esferas governamentais para a importância da investigação e do estudo de nosso vernáculo”.

Eduardo Guimarães (UNICAMP), presidente da ANPOLL no biênio 1996-1998, lembra que as prin-cipais ações da sua gestão foram: “criação do site da ANPOLL e sua utilização como ferramenta de organização de informações e dos eventos; documento enviado à CAPES com sugestões sobre política de pós-graduação; participação na discussão da formulação da política de pós-graduação que resultou em programas como Minter, Dinter, PQI e Procad; aumento para dois números por ano da revista da ANPOLL; discussão da avaliação da CAPES e da carreira de Pesquisador do CNPq; participação no processo de indicação de membro para o Conselho Superior do CNPq, cujo resultado levou à indica-ção, pela primeira vez, de um membro da área de L&L neste conselho; providências para a publicação da tese premiada com o prêmio ANPOLL”. Além disso, em seu relato, chama a atenção para o impor-tante papel da ANPOLL nos planos Estadual e Federal. Enfatiza que precisamos nos colocar na cena

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política de forma mais incisiva, pois fomos e ainda somos invisíveis nas esferas do poder científico, por isso a ANPOLL deve ser “um agente fundamental do trabalho político de nossa área na construção de lugares de participação mais efetivos no cenário brasileiro da política científica”.

Freda Indursky (UFRGS), presidente da ANPOLL no biênio 2000-2002, relembra como foi cons-tituída a diretoria que com ela conduziu os rumos da Associação nesse biênio. Segundo a autora, sua gestão levou adiante as preocupações e demandas da Pós-Graduação de Letras e Linguística do Brasil para “garantir os liames sociais e reforçar a construção de nossa identidade, enquanto área, enquanto um sistema de referências e de identificação grupal”. Informa que na sua gestão a Associação entrou na era eletrônica, abolindo os boletins impressos. Essa nova modalidade de interação proporcionou um grande avanço na comunicação com os Coordenadores de Progra-mas e de GTs. Foi também o período de consolidação do Prêmio de melhor dissertação. No XVI Encontro, em 2001, a discussão central foi sobre “a demanda por estabelecer as especificidades da área”, demanda essa que já havia sido formulada nos encontros de 1993 e de 1996. A ideia era a de desenhar um perfil da área para contrastá-lo com as demais, para, a partir dele, embasar a discussão sobre as regras do Qualis de Periódicos, que se consolidava na época. O que se buscou fazer, segundo Freda Indursky, foi desenhar um perfil identitário da área de Letras e Linguística, mas, devido à diversidade inerente desta, o que se conseguiu naquele momento foi “chegar à pro-dução de um perfil profissional da área, cuja produção científica circulava (e ainda hoje é assim) de forma muito mais intensa em livros do que em periódicos”. Talvez isso tenha desencadeado, de acordo com a autora, a elaboração do Qualis Livros. Por fim, destaca que foi um momento no qual se continuou a “questionar sobre o fomento à pesquisa, a avaliação dos programas e, neste

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15Heronides Moura, Rosângela Hammes Rodrigues, Andréia Guerini, Mailce B. Mota, Stélio Furlan, Morgana Cambrussi

quesito, a demanda insistente na definição de parâmetros claros e objetivos para a classificação de programas nos níveis 6 e 7”.

Beth Brait, presidente da ANPOLL no biênio 2004-2006, inicia o seu texto resgatando o princípio básico da Associação, que é o de “representar politicamente a comunidade de pesquisadores da Área de Letras e Linguística, de maneira independente das agências de fomento e das instâncias governamentais [...] através de um diálogo aberto, direto e franco com estas instâncias do Estado”. Uma das principais ações desse biênio foi a discussão a respeito da tabela de Área do Conhecimento do CNPq, que culminou com a escrita de um documento enviado ao CNPq em 2006, propondo reformulações na tabela. Não obs-tante, passados 8 anos, a tabela do CNPq ainda não sofreu alterações. Segundo a autora, os dois eventos realizados durante a gestão ofereceram “à comunidade a oportunidade de discutir os temas de funda-mental importância naquele momento, de modo a interligar os interesses da Área, a avaliação da atuação da ANPOLL, a avaliação das agências de fomento e, por meio do questionamento da denominação das áreas, subáreas e especialidades, o estatuto epistemológico, teórico e prático dos saberes envolvidos”. No que tange à revista, a gestão manteve a qualidade e a periodicidade da mesma, garantindo o conceito nacional A. Por fim, soube reverter a situação financeira da Associação de negativa para positiva.

Rogério da Silva Lima, presidente da ANPOLL no biênio 2006-2008, relata sobre as dificuldades bu-rocráticas da transferência legal da Associação e sobre as ações empreendidas pela gestão, como: dis-ponibilização da Revista da ANPOLL em formato digital, publicação de um boletim online, moder-nização do site da Associação, submissão de proposta da revista ao CNPq para obtenção de auxílio à publicação e registro da revista no IBICT. Já os dois eventos da Associação serviram para discutir as

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“políticas de financiamento da Pesquisa na Área de Letras e Linguística” e “o papel dos coordenadores de Pós-Graduação, coordenadores de GTs, representantes de Área, diretores, conselheiros de associa-ções, pareceristas ad hoc e Comitês de Assessoramento de Área nas práticas de difusão do conheci-mento e de integração política e acadêmica da área de Letras e Linguística”.

Fabio Alves, presidente da ANPOLL no biênio 2008-2010, informa que a sua gestão objetivou “O apoio à construção de redes de cooperação entre os programas [...]; O fortalecimento da inserção regional dos programas [...]; O fortalecimento dos trabalhos dos Grupos de Trabalho (GTs); O apoio a par-cerias entre as subáreas de Letras e Linguística, estimuladas pelos contatos inter-GTs e por parcerias interinstitucionais; A interlocução efetiva com as Agências de Fomento; A visibilidade da produção de conhecimento da Área, assegurada por meio da realização dos Encontros Nacionais da ANPOLL em 2009 e 2010, da coordenação do Prêmio ANPOLL, e da supervisão editorial da Revista da ANPOLL; A divulgação constante das atividades da Associação por meio de um informativo eletrônico com pe-riodicidade trimestral”. A primeira meta de gestão foi a realização de um diagnóstico da Área. Nessa gestão também foi reformulado o site eletrônico da Associação, criando um espaço virtual para cada GT poder armazenar as informações referentes a seu grupo. A segunda ação, para chegar ao diagnós-tico da Área de Letras e Linguística, foi voltada para uma análise das publicações da Área, sobretudo aquelas indexadas no QUALIS CAPES de Letras e Linguística.

Heronides M.M Moura, presidente da ANPOLL no biênio 2012-2014, evoca “a importância da auto-nomia e independência da entidade nesses 30 anos de existência, valorizando a diversidade da Área e a sua regionalização”. Mostra ainda que a gestão participou de diferentes fóruns voltados para a

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definição de políticas para a Área de Letras e Linguística, dialogando com os órgãos de fomento, com a Coordenação da Área, com a SBPC e com a Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara Federal, além da participação em diferentes seminários, em várias regiões do país. O site da ANPOLL foi refor-mulado e as páginas dos GTs foram padronizadas e atualizadas. A Revista da ANPOLL passou a vei-cular apenas em formato eletrônico e a partir das edições de 2014, os artigos vão sair com o DOI. Em março de 2013, essa gestão organizou o Colóquio sobre a internacionalização da Língua Portuguesa: concepções e ações. Em julho do mesmo ano, foi realizado o XXVIII ENANPOLL, em que se discutiu o tipo de vínculo, nos dias de hoje, entre a formação oferecida pelos programas de pós-graduação e a abrangência social e implicação teórica das pesquisas desenvolvidas na área. No XXIX ENANPOLL, em 2014, volta o debate sobre o novo nome para a Área e entra a discussão do novo Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG- 2011-2020). Heronides M M. Moura conclui o seu relato dizendo que se hoje a ANPOLL é uma entidade sólida do ponto de vista institucional e administrativo, é porque é o reflexo do resultado do trabalho de gestões passadas.

Naturalmente, este livro apresenta um recorte da memória da Associação dado por alguns de seus ex-presidentes1, mas também trata de perspectivas para a ação política da Área, pois, como observa Paulino Vandresen, primeiro presidente da ANPOLL, é importante “relembrar e avaliar o caminho percorrido pela ANPOLL nestes 30 anos para melhor e, com mais segurança, planejar as atividades futuras”. Dos relatos aqui apresentados também emergem temas recorrentes. Esse “corso e ricorso” na

1 Por diferentes motivos, os biênios 1986-1988, 1988-1990, 1990-1992, 1998-2000, 2002-2004 e 2010-2012, presididos por Maria de Lourdes Martini (UFRJ), Luiz Antônio Marcuschi (UFPE), Tânia Carvalhal (UFRGS), Laura Cavalcante Padilha (UFF), José Niraldo de Farias (UFAL) e Sílvio Renato Jorge (UFF), respectivamente, não foram aqui relatados.

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história da Associação está ligado a questões como: o peso da Área de Letras & Linguística na Capes e no CNPq; o fomento à pesquisa, a avaliação dos programas, a avaliação da produção acadêmica, a identidade e o nome da área.

Para finalizar, agradecemos o Conselho Consultivo da ANPOLL, que prontamente aceitou e aprovou o projeto de publicar este livro.

Heronides MouraRosângela Hammes Rodrigues

Andréia GueriniMailce Borges Mota

Stélio FurlanMorgana Cambrussi

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ANPOLL 30 ANOS: OS PRIMEIROS PASSOS

Paulino Vandresen

Universidade Federal de Santa Catarina

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21Paulino Vandresen

Ao comemorar os trinta anos de atuação ininterrupta da ANPOLL, é importante relembrar o passado e contar nossa história à nova geração que está assumindo as tarefas de ensino e pesquisa na área de Letras e Linguística. É igualmente importante relembrar e avaliar o caminho percorrido pela AN-POLL nestes 30 anos para melhor e, com mais segurança, planejar as atividades futuras. Vejo, com muita alegria, esta celebração dos 30 anos da ANPOLL sendo feita em minha universidade e vendo um colega de departamento e ex-aluno do curso de Mestrado - Heronides Maurílio de Melo Moura – presidindo esta agora pujante associação. Há trinta anos, com a ajuda das colegas da UFPR: Sigrid Renaux (secretária executiva) e Cecília Inês Ertahl (Tesoureira) e do colega da UFSC Hilário Bohn, também membro da Diretoria, tentamos dar um rosto à ANPOLL, fazendo-a cumprir os objetivos previstos em seus estatutos. O objetivo deste texto é o de relatar estes primeiros passos.

1.1 Há trinta anos, em 21 de maio de 1984 era criada a ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRA-DUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS E LINGUÍSTICA (ANPOLL) numa memorável assembleia de coordenadores dos cursos de pós-graduação, realizada em Brasília. A motivação para fundar esta associação era a esperança de solucionar problemas que dificultavam o desenvolvimento da área de Letras e Linguística ( L&L). O documento “Avaliação e Perspectivas” publicado pelo CNPq, em 1982, apontava as principais dificuldades enfrentadas pela área de L&L: “Os mais sérios obstáculos encon-trados no caminho do desenvolvimento da área de linguística no Brasil estão centrados na dificuldade de acesso à informação (falta de boas bibliotecas, má circulação de artigos, pouca comunicação entre pesquisadores” (Avaliação e Perspectivas, 1982, p. 392). Os dados estatísticos mostravam que havia insuficiência de doutores (média inferior a 4 por curso/área de concentração, baixa produção cien-

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tífica do corpo docente (0,7 trabalhos por docente), média superior a quatro anos para a conclusão do mestrado e mais de sete para o doutorado, entre outros. Naturalmente, a baixa produtividade e a demora na titulação estava relacionada com a escassez de bolsas, falta de boas bibliotecas, má circula-ção de artigos e pouca comunicação entre os pesquisadores. Não havia comitê independente de L&L, no CNPq. Nossa área era atendida junto à área de artes, contando com apenas um representante para analisar os projetos e distribuir os escassos recursos destinados à área de L&L. Ficava claro que a área de L&L precisava, urgentemente, se organizar para que houvesse maior interação entre os programas de pós-graduação e destes com os órgãos oficiais de coordenação e financiamento.

1.2 Outras áreas do conhecimento já tinham fundado suas associações de pós-graduação e pesqui-sa. A ANPEC, da área de ciências econômicas, foi criada já em 1972, quase paralelamente aos seus primeiros programas de pós-graduação. A área de Ciências Sociais já apresentava resultados visíveis de crescimento com a atuação da ANPOCS. Coube ao Prof. Ulf Gregor Baranow, da UnB, nosso re-presentante no CA de Letras e Artes do CNPq, a iniciativa de discutir com coordenadores e pesqui-sadores a conveniência de criar uma associação similar para a área de L&L. Foi criada uma comissão, proposta de estatutos e, finalmente, a convocação de uma assembleia para efetivar sua criação, aprovar os estatutos e eleger sua Diretoria Executiva e Conselho Deliberativo. Os estatutos, com apenas 19 artigos, fixavam com clareza as finalidades e objetivos, a organização administrativa e as respectivas competências. Para dar os passos iniciais da ANPOLL foram eleitos:

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23Paulino Vandresen

Para a Diretoria executiva:Presidente: Paulino Vandresen (UFSC - Florianópolis)Vice-presidente: Enêida do Rêgo Monteiro Bonfim (PUC – Rio de Janeiro)Secretária: Sigrid Renaux (UFPR – Curitiba)Suplente de Secretário: Affonso Romano de Sant’Anna (UFRJ - Rio de Janeiro)Tesoureira: Cecília Inês Ertahl (UFPR – Curitiba)Suplente de Tesoureiro: Hilário Inácio Bohn (UFSC- Florianópolis)

Para o Conselho, foram eleitos para representar a subárea de Línguística:Leila Bárbara (PUC – São Paulo)]Luiz Antônio Marcuschi (UFPE – Recife) Mario Alberto Perini (UFMG – Belo Horizonte) Jürgen Heye (UFRJ/PUC – Rio de Janeiro) Suplente: Cláudia Theresa Guimarães Lemos (UNICAMP – Campinas)Para a subárea de Letras foram eleitos:Cleonice Beraldinelli (UFRJ – Rio de Janeiro)Flávio Loureiro Chaves (UFRS – Porto Alegre) Neide de Faria (UnB – Brasília)Moema de Castro e Silva Olival (UFGO – Goiânia) Suplente: Idelette Rosette Muzart Fonseca dos Santos (UFPB – João Pessoa)

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Nem todos os eleitos estavam presentes na assembleia de fundação da ANPOLL por não serem co-ordenadores de cursos naquele momento. Mas, todos foram consultados por telefone e aceitaram a indicação.

2. Os primeiros passos

Uma primeira constatação, ao receber do Prof. Baranow a cópia dos estatutos e a relação dos direto-res e conselheiros eleitos, foi que os seis membros da Diretoria moravam em três cidades diferentes: 2 no Rio de Janeiro, 2 em Curitiba e 2 em Florianópolis. Essa situação não permitia fazer as reuniões com todos os membros da Diretoria, como seria desejável. Passamos, então, a programar reuniões mensais no Edifício Dom Pedro I , onde funcionam os cursos de letras da UFPR, com a presença do Presidente Paulino Vandresen, Secretária Sigrid Renaux e a Tesoureira Cecília Inês Ertahl. Por ser a solução mais econômica, eu me deslocava de Florianópolis a Curitiba de ônibus, para longas e proveitosas reuniões, tentando as melhores estratégias para alcançar os objetivos propostos nos estatutos da ANPOLL.

Para as primeiras despesas (correio, passagens e hospedagem, material de consumo...) conseguimos ajuda financeira e operacional da UFSC e UFPR, pelo privilégio de sediarem a ANPOLL.

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2.1 Organização da Secretaria e Tesouraria da ANPOLL

O primeiro desafio da Diretoria da ANPOLL era o contato com os coordenadores e pesquisadores ligados aos 38 cursos de pós-graduação em Letras e Linguística então em funcionamento. (É preciso, em primeiro lugar situar os leitores mais jovens sobre as condições de comunicação nos anos oitenta. Eram outros tempos. Só correio e telefone fixo. E ainda não era fácil conseguir um telefone. Além de caro, havia lista de espera. Mas, já havia DDD e o sistema funcionava bem). A organização da secreta-ria com seus equipamentos essenciais – máquina de escrever, pastas, arquivos, material de expediente etc. foi rapidamente concluída pela eficiente secretária Sigrid Renaux, inclusive com papel timbrado com a logomarca da ANPOLL – uma coruja estilizada. Mas, era preciso ir além e fazer a Secretaria da ANPOLL cumprir sua parte nos objetivos estabelecidos em seus estatutos, principalmente, os pre-vistos nos itens 2 e 4 do Art. 4: “2. - Promover a divulgação e o intercâmbio de trabalhos científicos em L&L. e 4. - Promover o intercâmbio docente e a cooperação entre os centros de pós-graduação e pesquisa, nestas áreas”. Para atingir estes objetivos a diretoria passou a editar seu “BOLETIM IN-FORMATIVO” para divulgar informações dos cursos, da ANPOLL e das agências financiadores aos coordenadores dos cursos e seus professores/pesquisadores. Através de ofícios circulares a secretaria da ANPOLL divulgava suas atividades e informações das agências governamentais e solicitava infor-mações (dissertações/teses defendidas, professores visitantes, publicações, congressos/eventos pro-gramados, chamadas de artigos para revistas...). Estas informações recebidas dos cursos, orientações da CAPES e CNPq, notícias da ANPOLL etc. constituíam a matéria prima dos boletins informativos,

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inicialmente mimeografados ou xerocados e enviados aos cursos associados, estimulando dessa forma o intercâmbio entre cursos e entre pesquisadores.

A organização da Tesouraria da ANPOLL constou, basicamente, da abertura de uma conta bancária que permitisse receber as anuidades dos cursos filiados. As universidades particulares foram as pri-meiras a pagar, por não enfrentarem problemas burocráticos. Os cursos de pós-graduação de univer-sidades públicas não dispunham de verbas próprias, tornando o pagamento da anuidade uma tarefa burocrática muito complicada. A tesoureira Cecília Ertahl teve que sentar com funcionários da UFPR para descobrir as rubricas possíveis e os procedimentos burocráticos necessários para efetuar estes pa-gamentos. Mesmo instruindo, pacientemente, os coordenadores sobre estes procedimentos, a maioria dos cursos não conseguiu pagar a anuidade de 84.

2.2 O registro da ANPOLL como pessoa jurídica era necessário para receber recursos de órgãos de fomento e assim facilitar sua atuação junto à área de L&L. De acordo com o Art. 19 dos estatutos este registro deveria ser feito no cartório de Registro de Pessoas Jurídicas da capital federal. Para realizar esta importante tarefa a Diretoria solicitou e contou com a colaboração da conselheira Profa. Neide de Faria e do Prof. Ulf Baranow (presidente da comissão de constituição da ANPOLL). Graças a este registro (que acabou sendo trabalhoso e demorado), a ANPOLL pode se candidatar aos recursos (jun-to a CAPES e CNPq) que permitiram a realização do I Encontro Nacional da ANPOLL em 1985 e de quatro encontros regionais em 1986, sobre os quais falaremos adiante.

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27Paulino Vandresen

2.3 Reuniões de planejamento

Instalada a secretaria e tesouraria e encaminhado o registro no cartório de Brasília, era preciso fazer a AN-POLL dar seus primeiros passos, cumprindo o que estabeleciam os estatutos e o que esperavam de sua as-sociação os coordenadores dos cursos e pesquisadores de L&L. Além dos estatutos, passamos a analisar os principais documentos relacionados à pós-graduação: Parecer 977/65 do Conselho Federal de Educação, Decreto 62.937 de 02/07/1968 que instituiu o Grupo de Trabalho da Reforma Universitária, o I e II PNPG (Plano Nacional de Pós-graduação), avaliações da CAPES da área de L&L, Avaliação e Perspectivas do CNPq, de 1982, relatórios de associações congêneres, entre outros. Após análise dos documentos acima referidos, passou-se a discutir uma pauta de ações prioritárias para estruturar a ANPOLL e encaminhar soluções para os problemas apontados nos cursos de pós-graduação em L&L pelas avaliações da CAPES e o documento “Avaliação e Perspectivas” do CNPq. Este programa que, de acordo com os estatutos, deveria ser submetido ao Conselho e à Assembleia Geral incluía os seguintes itens:

a. Criação dos Grupos de Trabalho (GTs) para desenvolver a pesquisa na área de L&L. A experiência das associações congêneres (como a ANPOCS) indicava que para a falta de co-municação/colaboração entre os pesquisadores, fazia-se necessária a organização de GRUPOS DE TRABALHO (GTs) por linhas de pesquisa idênticas ou afins. A finalidade dos GTs seria reunir em um grupo e sob uma coordenação os pesquisadores de uma mesma subárea/linha de pesquisa, fazendo com que houvesse uma tendência aglutinadora em termos do que pesquisar (prioridades nacionais), como pesquisar (metodologias) e como apresentar e divulgar os resul-

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tados. Para cada encontro nacional seria proposto um plano de trabalho. A organização dos GTs incluiria a coleta de endereços e informações básicas sobre cada membro como: principais artigos publicados e mesmo uma ementa das disciplinas ministradas com a bibliografia básica utilizada. (Não havia Curriculum Lattes, online). O Boletim Informativo poderia ser usado para divulgar os nomes dos GTs, seu coordenador e pesquisadores membros.

b. Acesso à informação e aumento na produtividade acadêmica. Para o problema de acesso à informação, especialmente, o acesso a artigos em revistas especializadas, a diretoria manteve contato e apoiou o projeto “Sumários correntes em Linguística” do Prof. Ulf Baranow, devendo a iniciativa ser estendida também à área de Letras. A equipe do projeto reproduzia a relação dos artigos publicados nas principais revistas assinadas por alguma biblioteca brasileira, podendo o pesquisador conseguir uma cópia xerox do artigo desejado pelo sistema COMUT, que já estava implantado na maioria das bibliotecas universitárias. (Outros tempos. Tudo muito difícil e de-morado e dependendo da boa vontade de um bibliotecário para tirar xerox do artigo desejado e enviar pelo correio). Na mesma linha de acesso à informação, a Diretoria da ANPOLL declarou seu apoio ao projeto de publicação de uma bibliografia indexada das teses e dissertações de-fendidas na área de L&L, projeto também coordenado pelo Prof. Baranow, na UnB. Esta infor-mação era prestada no relatório dos cursos, feito à CAPES. Na proposta apresentada, pedia-se que os coordenadores enviassem esta relação e os resumos das teses ou dissertações à equipe de coordenação do projeto, podendo-se, assim, ter um volume anual com a relação e resumo das teses e dissertações da área de L&L. Para atacar o problema da baixa produtividade o Boletim

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Informativo continuaria a publicar informações sobre opções para a publicação de artigos nas revistas existentes. Chegou-se a ventilar a proposta de criação de duas revistas especializadas – uma de Letras e outra de Linguística - com apoio da ANPOLL. Mas, chegou-se à conclusão que esta iniciativa seria prematura, uma vez que a ANPOLL ainda estava em fase de estruturação. Com grata surpresa, a diretoria recebeu a notícia da criação da revista D.E.L.T.A., da área de linguística da PUC-SP, com apoio da ABRALIN, ainda em 1985.

c. Programa de Cooperação entre cursos e convênios de cooperação internacional. Constatou-se a falta de programas de cooperação entre os cursos filiados e a necessidade de incentivá-los, pedindo o apoio financeiro ao MEC e órgãos de fomento. A ANPOLL daria seu apoio a iniciativas nesta área e incentivaria seus filiados a proporem projetos junto às institui-ções financeiras para intercâmbio de professores visitantes. Uma das dificuldades previsíveis era a dificuldade de liberação do professor, uma vez que o direito ao semestre sabático ainda não era uma realidade na carreira docente. A ANPOLL já estava buscando maiores informações sobre formas de apoio do MEC e dos órgãos de fomento para trazer visitantes de universidades es-trangeiras e para estágios de pós-doutorado. Estas informações já estavam sendo coletadas para publicação no Boletim Informativo.

d. Infraestrutura e avaliação interna e externa (CAPES) dos cursos de pós-graduação. A diretoria passou a discutir uma lista de itens necessários à infraestrutura dos cursos de pós-gra-duação para que pudessem superar os aspectos negativos revelados nas avaliações da CAPES e

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no documento do CNPq “Avaliação e Perspectivas” de 1982, em especial, a demora na titulação e a baixa produção científica. Em grande parte, estes problemas, segundo o juízo da diretoria, estariam ligados à escassez de recursos para a área de L&L para compra de livros, assinatura de revistas, projetos de pesquisa, bolsas de estudos etc. Nesta área o grande papel da ANPOLL seria uma luta pelo fortalecimento da área, com um CA autônomo no CNPq e um aumento gradual nos recursos, pressionado pela demanda através de bons projetos. Quanto à avaliação da CAPES a diretoria aguardaria sugestões dos cursos, durante o I ENANPOLL e sugeria a cada curso que fizesse uma avaliação interna do curso para identificar onde estariam os problemas que levavam à demora na titulação e na baixa produção científica. Levantou-se também a dificuldade de se-lecionar bons alunos para nossos cursos de pós-graduação. Com os baixos salários oferecidos aos licenciados em letras e com um sistema de vestibular que oferecia mais opções de escolha, as vagas dos cursos de letras acabavam preenchidas por alunos que escolheram estes cursos como segunda ou terceira opção. Enfim, as vagas dos cursos de letras eram preenchidas por alunos de baixo desempenho no vestibular. Para melhorar o nível desses alunos, a ANPOLL propunha aos cursos uma maior demanda de bolsas de Iniciação Científica, adesão ao programa PET (Progra-ma Especial de Treinamento) da CAPES e mesmo de monitores voluntários. Dessa forma, no médio prazo, teríamos melhores alunos, com chances de nos adaptarmos aos prazos de titulação propostos pelas agências de fomento.

e. Aspectos pedagógicos nos cursos de pós-graduação. Em muitos documentos gover-namentais enfatizava-se que os cursos de pós-graduação eram (principalmente em algumas áreas de conhecimento, como L&L) os responsáveis pela formação de recursos humanos para

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o magistério superior. Nos contatos que a diretoria da ANPOLL fez com seus cursos filiados, entretanto, pareceu-nos não existir esta preocupação com os aspectos pedagógicos na forma-ção de nossos mestres e doutores. Até que ponto, seria desejável envolver nossos alunos em atividades docentes nos cursos de graduação, sob a supervisão de professores experientes? A diretoria achava razoável que pelo menos os bolsistas ministrassem uma disciplina na gradua-ção e para isso recebessem créditos em seu histórico escolar. Outra sugestão, com experiência em pelo menos um programa de pós-graduação seria a bolsa APG, no valor da bolsa da CA-PES, paga pela universidade mantenedora do curso, em que o aluno contemplado ministraria uma disciplina sob a supervisão de professor efetivo. Este modelo de bolsa, semelhante ao TA das universidades americanas, ampliaria o número de bolsistas e dessa forma melhoraria a preparação dos egressos para a docência universitária e ajudaria a diminuir o tempo de titu-lação, por termos mais alunos em tempo integral.

f. Política de estudos das Línguas Indígenas brasileiras. No Brasil são faladas em torno de 180 línguas indígenas, a maioria sem descrição linguística. Como a maioria dessas línguas tem um número reduzido de falantes, pareceu à Diretoria da ANPOLL ser esta uma tarefa urgente dos cursos de pós-graduação em linguística. Existiam muitas dificuldades para cumprir este desiderato, como as restrições da FUNAI ao acesso às áreas indígenas e as dificuldades de per-manência no campo por causa dos compromissos docentes nas instituições de origem. A dire-toria da ANPOLL propôs que os cursos dessem especial atenção a esta área de estudos e que o CNPq criasse uma linha prioritária de financiamento de projetos de pesquisa que abordasse a descrição de línguas indígenas.

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Estes seis tópicos foram encaminhados aos cursos de pós-graduação, alertando que seriam analisados pelo Conselho Deliberativo da ANPOLL e depois submetidos à discussão dos coordenadores no pri-meiro encontro nacional, inicialmente programado para julho de 1985, mas realizado no início das férias de verão de 11 a 13 de dezembro do mesmo ano.

3. A participação do Conselho Deliberativo da ANPOLL

A secretaria da ANPOLL manteve os membros do Conselho informados sobre as atividades da Dire-toria e os tópicos de planejamento das atividades futuras da ANPOLL. Dada a dificuldade de recursos, a primeira reunião do Conselho foi realizada no primeiro dia do encontro nacional, das 20 às 24 horas, com a presença dos conselheiros: Leila Bárbara, Luiz Antônio Marcuschi, Jürgen Heye, Flávio Lou-reiro Chaves, Neide de Faria e Idelette Muzart Fonseca dos Santos. Contou também coma presença da diretoria, incluindo a presença da vice-presidente Eneida Bonfim. Foram expostas as atividades da Diretoria, um balanço financeiro apresentado pela tesoureira Cecília Ertahl passando-se, em seguida, aos seis tópicos propostos como programa da ANPOLL e que deveriam ser também submetidos a gru-pos de discussão na assembleia geral. Todos os tópicos foram aprovados, adicionando-se a realização de quatro encontros regionais, graças à oportunidade de conseguir recursos com a desistência de um professor visitante estrangeiro. Este projeto pode ser agilizado graças à atuação do Prof. Luiz Antônio Marcuschi, nosso representante no comitê assessor do CNPq e da representante do CNPq, Marisa Cassim. Desta forma o Projeto dos encontros regionais poderia ser concretizado a partir da segunda quinzena de fevereiro, como veremos adiante.

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Dois problemas, não previstos inicialmente na agenda, foram levantados pelos membros do Conselho: a eleição da próxima diretoria executiva e 50% do Conselho e uma data aproximada e local para a realização do II ENANPOLL para que não sofresse solução de continuidade e pela importância que teria para fortale-cer os GTs da ANPOLL. Os estatutos em seu Art. 7, item 4, prevêm a convocação de Assembleia Geral da Associação para eleição, pelo menos trinta dias antes do final do mandato. Como se viviam dias de vacas magras, nosso representante junto ao CNPq afirmou que dificilmente haveria condições de recursos para uma assembleia na primeira quinzena de abril. Houve sugestão de aproveitar a assembleia do dia 13/12 para reeleger a atual diretoria, mas o presidente lembrou que tal solução não estava prevista nos estatutos e que o $ único do Art. 12 dos estatutos permitia aos membros da assembleia manifestar-se por meio de carta ou procuração. Assim, a diretoria poderia convocar a assembleia para abril de 1986 e quem tivesse dificul-dade de comparecer por conta própria, poderia votar por carta ou procuração. Quanto ao segundo tópico, a vice-presidente Eneida Bonfim e o conselheiro Prof. Jürgen Heye ofereceram-se para promover o segundo encontro da ANPOLL coincidindo com o tradicional Seminário de Linguística da PUC-RJ, a ser realizado em outubro de 1986. A sugestão foi aprovada, sugerindo que os dois tópicos fossem levados à assembleia para que já se pensasse em candidaturas para o biênio 1986-88, para eleições em abril de 1986 e para que já se fixassem prazos para o envio de resumos de comunicações para o II ENANPOLL.

4. O I Encontro Nacional da ANPOLL

A realização do I ENANPOLL enfrentou uma série de dificuldades e contratempos. Planejado, inicial-mente, para julho de l985, teve que ser adiado por sugestão das próprias entidades financiadoras por

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possibilidades de atraso no repasse dos recursos. Sua realização durante o segundo semestre, setembro ou outubro, encontrava dificuldades de espaço físico nos espaços destinados a atividades acadêmicas e também porque muitos coordenadores preferiam sua realização num período de recesso escolar. Por isso ficou estabelecida a data de 11 a 13 de dezembro de 1985, nas dependências do edifício Dom Pedro I, onde funcionava o Curso de Pós-graduação em Letras da UFPR e a Secretaria e Tesouraria da ANPOLL. A escolha de Curitiba como sede do I ENANPOLL teve duas justificativas: o custo com passagens aéreas seria bem menor e não haveria necessidade de deslocar a secretaria ea tesouraria da ANPOLL para Florianópolis, que seria a outra alternativa.

O I ENANPOLL, obviamente, apresentou uma dimensão modesta se comparado aos mais recentes. Esteve mais próximo do modelo mais restrito, implantado a partir do IV Encontro de Recife, e destina-do a discutir políticas e diretrizes da ANPOLL com os coordenadores. Os participantes não chegaram a uma centena, sendo que 67 fizeram sua inscrição e pagaram as taxas estabelecidas. Foi decidido não cobrar taxas de estudantes dos cursos de pós-graduação que também se fizeram presentes. É preciso ressaltar a dedicação e competência das professoras Sigrid e Cecília que, com recursos limitados, con-seguiram realizar este evento, com o apoio da UFPR que ofereceu o espaço físico e outras facilidades.

4.1A abertura do I ENANPOLL contou com a presença do Vice-Reitor da UFPR, Dr. Roberto Linha-res da Costa e outras autoridades da UFPR e do CNPq.

4.2 Seguiu-se uma conferência do Presidente da ANPOLL, intitulada “O papel da ANPOLL no con-texto da Política Nacional de Pós-graduação”, com a mesa composta pelos debatedores Tânia Carva-

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lhal (área de Literatura e presidente da ANPOLL 1990 a 1992), Cecília Inês Ertahl (Ensino de línguas estrangeiras), Maria Helena Duarte Marques (estudos da Língua Portuguesa) e José Luiz da Veiga Mercer (Linguística).

4.3 Seguiu-se a reunião de grupos de trabalhos simultâneos em que os coordenadores e demais par-ticipantes se dividiram para dar sugestões sobre os seis tópicos expostos anteriormente. As discussões geraram tal entusiasmo que os coordenadores solicitaram uma rápida plenária para sugerir a amplia-ção do debate, no espaço destinado às 26 comunicações encaminhadas e aceitas pelos organizadores do I ENANPOLL. A sugestão foi aprovada sob a condição de a Diretoria publicar imediatamente os ANAIS e considerar cada comunicação como efetivamente apresentada. Assim, os debates continua-ram com um reagrupamento em apenas 4 grupos, como veremos adiante.

4.4 Como já relatamos anteriormente, estavam programadas, em 4 secções diferentes, as apresenta-ções das comunicações inscritas no I ENANPOLL. As comunicações foram publicadas nos “ANAIS DO I ENCONTRO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRAS E LINGUÍSTI-CA”, num volume de 204 páginas.

4.5 Um mesa redonda sobre “Perspectiva de desenvolvimento da pesquisa nos cursos de pós-gradua-ção em Letras e Linguística” contou com participantes de diferentes regiões do país: Aryon Rodrigues (Norte e línguas indígenas) Luís Antônio Marcuschi (Nordeste), Neide de Faria (Centro-oeste), Leila Bárbara (Sudeste) e Cecília Ertahl (Sul).

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4.6 A Assembleia Geral foi iniciada às 16 horas do dia 13/12, com a apresentação das modalidades de apoio do CNPq à área de L&L, por Marisa Cassim e Marcuschi. Foi dada, novamente, ênfase à ne-cessidade de apresentação de bons projetos para aumentar a demanda e assim justificar um aumento substancial de recursos para L&L. A seguir foi dado início aos relatórios dos grupos de trabalho que debateram os itens propostos pela diretoria.

4.6.1 Criação de grupos de trabalho (GTs) para desenvolver a pesquisa em L&L

Relatado pela profa. Idelette Muzart F. dos Santos, o grupo aprovou a criação de grupos de pesqui-sadores atuando em pesquisas semelhantes ou afins, recomendando quecada grupo se prepare para a apresentação de trabalhos no próximo encontro da ANPOLL, com a submissão de resumos até o final de julho. (Os participantes estavam cientes da probabilidade de o segundo encontro ocorrer no Rio de Janeiro, em outubro de 1986, conforme relatado anteriormente). A seguir foram propostos e aprovados os GTS, com um ou até dois coordenadores. Dois GTs ficaram com coordenadores a serem definidos posteriormente e por isso seus nomes não constaram da ata que nos serviu de fon-te de informação. Vinte e um GTs foram propostos e aprovados: Fonética e Fonologia (Jean Pierre Angenot e Dario Pagel, ambos da UFSC); Sociolinguística (Jürgen Heye PUC-RJ e Sebastião Votre UFRJ); Estudos do Bilinguismo (Paulino Vandresen UFSC); Literatura Comparada (Tânia Carvalhal – UFRS e Antônio Manuel dos Santos Silva – UNESP); Línguas Indígenas (AryonDall’Igna Rodri-gues – UNICAMP); Literatura Oral e Popular (Idelette Muzart Fonseca dos Santos – UFPB); Lite-ratura infanto-juvenil e leitura (Regina Zilberman – PUC-RS); Teoria do Poema (Angélica Santos Soares e Magdelaine Ribeiro – UFPB); Teoria da Narrativa (Letízia Zini Antunes – UNESP); Des-

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crição do Português – morfossintaxe e semântica (Maria Helena Moura Neves – UNESP e Charlotte Galves – UNICAMP); Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas estrangeiras (Nina Muyaki – USP); Tradução (Edson Rosa da Silva – UFRJ); Teorias Críticas (João Luiz Lafetá – USP); Metodologia da Pesquisa em Língua e Literatura; A mulher na Literatura (Ana Lúcia Almeida Gazolla – UFMG); Análise do Discurso (Eny Orlandi – UNICAMP). Linguística do texto e análise da conversação (Luiz Antônio Marcuschi – UFPE), Linguística aplicada ao ensino do Português; Psicolinguística (Leonor Scliar Cabral – UFSC), Semiótica (Cidmar Teodoro Paes – USP) e Literatura e Ensino (Suzi F. Sper-ber - UNICAMP).

4.6.2 Acesso à informação e aumento das publicações

As discussões do grupo foram relatadas pelo Prof. Cidmar T. Paes. Quanto ao acesso à infor-mação o grupo aprovou os projetos de “Sumários Correntes” e “Relação de Teses e Dissertações defendidas na área de L&L” O grupo, na verdade se deteve mais na discussão das oportunidades de publicação em revistas nacionais, sugerindo que estas enviassem exemplares à ANPOLL para que fosse possível divulgar informações sobre todas as revistas da área, em seu Boletim Infor-mativo. A principal recomendação foi uma ação da ANPOLL junto aos órgãos de financiamento para apoio financeiro às revistas, para que pudessem manter sua periodicidade. Por outro lado, a divulgação das características de cada revista aos pesquisadores, indicando as normas para publi-cação e os prazos de encaminhamento garantiria a possibilidade de aumento nas submissões de artigos, para uma rígida seleção dos melhores.

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4.6.3 Infraestrutura e avaliação interna e externa dos cursos de pós-graduação

Este grupo acabou absorvendo os (poucos) que se haviam inscrito nos grupos: “Programas de co-operação nacional e internacional” e “Aspectos pedagógicos nos cursos de pós-graduação”, consi-derando que, em última análise estes tópicos faziam parte da infraestrutura dos cursos. A Profa. Suzi F. Sperber fez uma resumo das conclusões do grupo, sendo a primeira delas o reconhecimento de L&L entre as área básicas do conhecimento, devendo por isso ter um CA autônomo e com mais representantes em todos os órgãos. Em seguida, as discussões se fixaram nos critérios para o acom-panhamento e avaliação dos cursos da área de L&L, solicitando-se que todos os cursos discutis-sem e enviassem suas conclusões à ANPOLL até o dia 30/04/1986, para serem estudados por uma comissão, cujo relatório seria enviado à CAPES. Foi também sugerido que se fizesse uma troca de experiências sobre avaliação interna, prática já realizada por alguns cursos. O grupo se deteve na discussão dos critérios de avaliação e não dispôs do tempo necessário para debater a cooperação entre cursos e questões pedagógicas.

4.6.4 Política de Línguas Indígenas

Depois de resumir as dificuldades enfrentadas para o estudo das línguas indígenas, o Prof. Aryon Rodrigues apresentou as seguintes propostas aprovadas por este grupo: a) que os cursos de pós-gradu-ação abram mais espaço para o conhecimento das línguas indígenas brasileiras; b) que sejam aumen-tados os prazos de financiamento para que o projeto de estudo da língua possa ser concluído; c) que a ANPOLL e as várias agências financeiras cooperem para agilizar as autorizações de ida ao campo;

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d) que a ANPOLL constitua um grupo de trabalho permanente para examinar a possibilidade de um “Programa Nacional para a Pesquisa de Línguas Indígenas” com amplo apoio institucional e) que a ANPOLL se associe à ABRALIN para treinamento de pessoal e reuniões de especialistas para dessa forma implementar as pesquisas nesta área.

4.6.5 A assembleia abordou novamente o problema da eleição e do II ENANPOLL, repetindo-se as informações dadas na reunião do Conselho sobre a possibilidade de voto por procuração ou carta, sugerindo que se pensasse em candidatos. A secretária Sigrid Renaux lembrou a conveniência de os membros da Diretoria Executiva morarem na mesma cidade, para facilitar as reuniões e a administra-ção da associação. No encerramento da assembleia, foi dada a palavra à Bethania S.S. Mariani, aluna da UNICAMP, que falou em nome dos alunos que participaram do I ENANPOLL, mostrando seu otimismo no crescimento qualitativo da área de L&L. Após os agradecimentos de praxe, bastante can-sados após quase 4 horas de discussões acaloradas, foi encerrada a assembleia geral, com um convite para um jantar festivo e comemorativo num restaurante italiano de Santa Felicidade.

5. Encontros regionais da ANPOLL

5.1 A realização de encontros regionais tinha sido levantada nas reuniões da Diretoria como uma for-ma mais econômica e efetiva de ouvir os coordenadores dos cursos no processo de planejamento da ANPOLL, contando com a colaboração dos membros do Conselho atuantes em cada região. A propos-ta ganhou novo alento com a possibilidade de reaplicar os recursos de um projeto de professor visitante

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estrangeiro, impossibilitado de cumprir o cronograma proposto. Assim, o projeto de realização de 4 encontros regionais pode ser aprovado pelo Conselho, com a reaplicação desses recursos do CNPq, para o período de fevereiro a maio de 1986. Os encontros foram programados para Brasília, São Paulo, Recife e Rio de Janeiro. Os objetivos estabelecidos para todos estes Encontros Regionais eram:

a. Solidificar os GTs criados em Curitiba no IENANPOLL , repassando aos coordenadores e pes-quisadores a lista dos 21 GTs, seus coordenadores e respectivos endereços . Recomendava-se a inscrição dos professores em um desses GTs e pedindo para que discutissem com seu coorde-nador de GT, a inscrição de um trabalho para o II ENANPOLL, previsto para o Rio de Janeiro. (Neste momento já se preparava no Rio, uma chapa para a eleição de abril/86). A troca de en-dereços entre coordenador(es) e participantes de GT também era recomendada para facilitar a comunicação no interior de cada GT.

b. Discutir as possibilidades de auxílios financeiros e bolsas, procurando-se para isso contar com representantes da CAPES, CNPq, FINEP e FAPESP (em São Paulo) em todos os encontros.

c. Acolher sugestões sobre avaliação interna e externa conforme solicitado na Assembleia Geral, em Curitiba.

d. Com relação a publicações – distribuição de cópias de “Sumários correntes em Linguística” e um volume xerocado, com 84 páginas, da “Bibliografia indexada de dissertações e teses defendidas em

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L&L em Universidades Brasileiras”, trabalho coordenado pelo Prof. Baranow. A análise dessas pu-blicações pelos participantes dos encontros incluía a possibilidade de sugestões à equipe da UnB.

e. Filiação de novos cursos e cobrança de anuidades. (Já comentamos anteriormente as dificulda-des de cobrança e os consequentes apertos financeiros da ANPOLL).

f. Sugestões e informações para o Boletim Informativo, principalmente com referência às revistas publicadas em cada região.

5.2 Os encontros regionais

5.2.1 O encontro regional de Brasília contou com 19 inscritos entre coordenadores de Cursos e pesquisadores da UnB, UFMG e UFGO e outros convidados da UnB, CAPES e CNPq. Sua organiza-ção contou com a valiosa colaboração da conselheira Neide de Farias e do Prof. Ulf Baranow. Além dos itens gerais previstos para todos os encontros, em Brasília se estabeleceu um acordo com a Biblio-teca Central da UnB para sediar e dar a infraestrutura necessária para os projetos: Sumários Correntes e dissertações e teses defendidas em L&L. Com a presença do Prof. Murilo Bastos da Cunha (diretor da Biblioteca Central da UnB) e a promessa de recursos do CNPq avalizados pelos técnicos do CNPq Manuel Marcos Maciel Formiga e Marisa Cassim garantia-se a continuidade desses projetos apoiados pela ANPOLL. A presença do Coordenador de Acompanhamento e Avaliação da CAPES – Ricardo

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Chaves de Rezende Martins permitiu uma longa e proveitosa discussão sobre infraestrutura e avalia-ção dos cursos de pós-graduação de L&L.

5.2.2 O encontro regional de São Paulo contou com 35 participantes da USP, UNICAMP, UNESP, PUC-SP e PUC-CAMP. Sua organização contou com a valiosa colaboração da conselheira Leila Bár-bara da PUC-SP, contando com Marisa Cassim do CNPq para discutir as possibilidades de ajuda fi-nanceira e bolsas aos cursos. Todos os itens da pauta foram discutidos, destacando-se as contribuições para fortalecer os GTs e a produtividade acadêmica.

5.2.3 O encontro regional de Recife foi inteiramente organizado pelo conselheiro da ANPOLL e representante no CA/CNPq Luiz Antônio Marcuschi. A participação de um membro da Diretoria executiva não foi possível, dada a limitação de recursos e o elevado custo da passagem ao nordeste. O encontro com 12 participantes da UFPE, UFPB e UFAL abordou os itens previstos na pauta e alcançou os objetivos previstos.

5.3 O encontro regional do Rio de Janeiro foi realizado nos dias 30 e 31 de maio de 1986, coin-cidindo com a posse da nova Diretoria da ANPOLL, presidida pela Profa. Maria de Lourdes Martini. Contou com 33 inscritos, vinculados à UFRJ, PUC-RJ e UFF. Na abertura dos trabalhos o presidente do biênio 84/86 apresentou um relatório das atividades e em seguida deu posse à nova diretoria executiva da ANPOLL, cuja presidente passou a dirigir os trabalhos. O encontro contou com duas mesas redondas: uma sobre fomento à pesquisa na área de L&L, com destaque para a fala do representante da FINEP, des-tacando possibilidadesde recursos para pesquisas em L&L. A outra mesa redonda discutiu o papel dos

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GTs na ANPOLL, tema que foi retomado no dia 31, com propostas de novos GTs e fusão de outros. Estas propostas seriam levados à consideração da Assembleia durante o II ENANPOLL. Foram propostos os GTs: “Teoria da Gramática” a ser coordenado pela Profa. Miriam Lemle e “Processamento automático da linguagem natural” a ser coordenado pela Profa. Mariza Pimenta Bueno. Foram também propostas as fusões dos GTs de Linguística aplicada ao ensino de LE e Linguística aplicada ao Português, com a designação de “Linguística Aplicada”. Outro processo de fusão foi o de incluir o GT de “bilinguismo” no de “Sociolinguística”, que continuaria sob a coordenação do Prof Sebastião Votre.

5.4 Não foi realizado encontro regional na região sul porque sediava a Diretoria Executiva com repre-sentantes na UFPR e UFSC e contando com o conselheiro Flavio Loureiro Chaves na UFRS. Mesmo assim, o presidente fez uma visita aos programas da UFRS e PUC- RS, conversando sobre os itens abordados nos outros encontros. Partiu, efetivamente, desses contatos com professores de Porto Ale-gre a ideia de unificar em um só GT de Sociolinguística os pesquisadores que atuavam nesta área, dialetologia e estudos do bilinguismo, fato que já ocorria na região.

6. Eleições de nova Diretoria e 50% do Conselho

Conforme sugestão aprovada no Conselho Deliberativo em dezembro de 1985, a Diretoria convocou eleições para a Diretoria executiva da ANPOLL e para a renovação de 50% do Conselho. Conforme previsto, a maioria dos coordenadores enviou seu voto por carta. Apurados os resultados foram eleitos para a Diretoria executiva:

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Maria de Lourdes Cavalcanti Martini – PresidenteEduardo de Faria Coutinho – Vice-presidenteJürgen Walter Bernd Heye – SecretárioYonne de Freitas Leite – Suplente de SecretárioAngélica Maria Santos Soares – TesoureiraMaria Lúcia Gomes Poggi de Aragão – suplente de tesoureiro.

Na renovação do Conselho Deliberativo, com mandato de 4 anos, foram eleitos os novos titulares:

Marco Antônio de Oliveira (UFMG) (na vaga deixada por Mário Perini)Ulf GregorBaranow (UnB) (na vaga deixada por Jürgen Heye)Ana Lúcia Almeida Gazolla (UFMG) (na vaga deixada por Neide de Faria) e Magdelaine Ribeiro (UFPB) (na vaga deixada por Moema de Castro e Silva Olival).

Foi ainda eleito como suplente do Conselho: Luiz Angélico da Costa (UFBA) na vaga deixada por Idelette Muzart Fonseca dos Santos), renovando-se, assim, exatos 50% dos membros do Conselho.

Como já tínhamos informado anteriormente, a posse desta nova Diretoria e membros do Conselho ocorreu no dia 30 de maio, durante o Encontro Regional da ANPOLL do Rio de Janeiro. Além de um relatório final da Presidência, foram entregues aos novos titulares todo o material da Secretaria (in-cluindo um precioso elenco de endereços de coordenadores, pesquisadores, revistas etc.) bem como as prestações de contas da Tesouraria.

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7. Concluindo

Estes foram os primeiros passos de nossa associação, de nossa ANPOLL. Se alguma coisa deu certo nas iniciativas da primeira Diretoria é por que muitos nos ajudaram. Achamos, por exemplo, que o Boletim Informativo foi fundamental para despertar o entusiasmo inicial pela ANPOLL. Mas, ele não teria funcionado sem as contribuições dos coordenadores, conselheiros, diretores de revistas, técnicos dos órgãos de fomento etc. E é bom dizer que ele continuou e ficou mais sofisticado, mais bem editado nas administrações que se seguiram.

Os projetos coordenados pelo Prof. Baranow e apoiados pela ANPOLL também tiveram continuidade e deram sua contribuição à área de L&L. Contando com o apoio das administrações posteriores, em 1990, sob a presidência do Prof. Luiz Antônio Marcuschi foi publicado o volume “Bibliografia inde-xada de dissertações e teses em letras e linguística defendidas em universidades brasileiras” Vol. 1 - Linguística, com os trabalhos defendidos entre 1939 a 1989. A mesma Diretoria da ANPOLL fez outra publicação importante para a área, retomando e sofisticando o trabalho iniciado pela secretária Sigrid Renaux em facilitar a comunicação entre os pesquisadores. Trata-se da publicação “Quem é Quem na pesquisa em Letras e Linguística no Brasil”, publicada pela ANPOLL, em 1992, dando endereço e indicação de projetos e publicações dos pesquisadores em atividade nos cursos de pós-graduação. A organização deste trabalho contou com a decisiva colaboração do Prof. Luiz Antônio Marcuschi e da Profª. Kazue S.M. de Barros, da UFPE. Com o grande desenvolvimento da área de informática estes instrumentos podem parecer obsoletos, mas tiveram um papel importante para o desenvolvimento da

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área, naquela época. Sua menção neste texto é na verdade uma homenagem a todos os que contribuí-ram na disponibilização dessas informações.

De todas as sementes lançadas nestes primeiros passos da ANPOLL acreditamos que a criação dos GTs tenha sido a mais produtiva, pelos resultados que produziu para o crescimento da ANPOLL e, principalmente, para o aumento da produção acadêmica na área de L&L.

É uma alegria estar aqui e ver que a ANPOLL continua crescendo juntamente com a área que repre-senta. Em nome da Diretoria do Biênio 84-86 e dos membros do Conselho Deliberativo deste período queremos agradecer à atual diretoria por esta homenagem. Se nós demos os primeiros passos, várias diretorias, durante estes trinta anos, são as responsáveis pela caminhada que levou a ANPOLL a este grau de excelência.

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ANPOLL: 1992- 1994

Stella Maris Bortoni-Ricardo

Universidade de Brasília

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49Stella Maris Bortoni-Ricardo

Fui eleita para o cargo de presidente da ANPOLL para o biênio 1992- 1994, quando a Associação completava 10 anos de existência.

A Diretoria era composta por mim, como presidente, Profª Raquel Teixeira (UFG), como Vice-Presi-dente, Profª Dulce Maria Mindlin (UFG) como Secretária, Profª Yara Duarte (UnB) como tesoureira e pela Profª Cristina Stevens (UnB) como suplente da Secretaria. Tratava-se de uma equipe com profes-sores de duas universidades do Centro-Oeste: UnB e UFG. A Profª Dulce Mindlin não pôde assumir a secretaria porque viajou para a Itália, para um pós-doutorado e suas tarefas foram distribuídas pelos demais membros.

Recebi o cargo da Profª Tânia Carvalhal, presidente, (UFRS) e do Prof. Paulino Vandresen, (UFSC), vice-presidente, em Porto Alegre. Essa Diretoria pouco antes havia conseguido financiamento para o Prêmio ANPOLL e recomendou muito que em nossa gestão esse projeto fosse implementado, o que de fato aconteceu. O primeiro Prêmio ANPOLL à melhor tese de doutorado no biênio foi concedido à Profª Jânia Ramos, da UFMG, pela tese defendida na UNICAMP e orientada pelo saudoso Prof. Fernando Tarallo.

Durante nossa gestão a colega Raquel Teixeira foi eleita Diretora da Unidade que oferece o Curso de Letras na UFG. Após o término de sua gestão, foi a minha vez de ser eleita Diretora do Instituto de Letras da UnB. Essas circunstâncias facilitaram a obtenção de recursos materiais e humanos em ambas as universidades, o que nos permitiu conduzir a Associação , realizando todos os compromis-sos , com economia dos recursos próprios da ANPOLL, que depois transferimos à Diretoria que nos

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sucedeu, liderada pela Profª Sônia Maria van Dijck Lima (UFPB), como presidente e pelo Prof. Gentil Luiz de Faria (UNESP), como vice-presidente.

O primeiro encontro do biênio 1992-1994, que ainda não se denominava ENANPOLL, reuniu os coordenadores de GT’s e de Programas de Pós-Graduação e foi realizado em um magnífico resort, a Pousado do Rio Quente, na cidade de Caldas Novas, em Goiás. Só foi possível realizarmos o encontro ali porque conseguimos diárias a preços compatíveis com as de outros hotéis menores. O encontro foi muito aprazível e começamos a discutir questões relativas à atualização do Regimento, especialmente no que concernia ao funcionamento e ao papel dos GT’s na vida da Associação.

Optamos por fazer o segundo encontro, que haveria de congregar uma quantidade maior de pesquisa-dores, na cidade mineira de Caxambu, no Hotel Glória, onde outras instituições análogas realizavam seus congressos. A escolha de um local próximo a São Paulo e ao Rio de Janeiro justificava-se porque esses dois estados concentravam um número muito alto de programas de pós-graduação em Letras e Linguística e julgamos que seria mais confortável para a maioria dos colegas reunirem-se em cidade mais próxima de suas universidades do que em Brasília ou em Goiânia. A estratégia também repre-sentava uma razoável economia financeira pra a ANPOLL.

Esse foi o IX Encontro Nacional da ANPOLL, realizado no período de 12 a 16 de junho de 1994, todo ele nas dependências do Hotel Glória, onde comemoramos os 10 anos de nossa Associação. No ano ante-rior ao IX Encontro, a Diretoria viajou para a cidade de Caxambu para visitar as dependências do hotel e certificar-se de que haveria ambientes adequados para a reunião de todos os GT’s e das Assembleias.

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Quando volto meu olhar e minhas lembranças para o período em que, juntamente com minhas co-legas, conduzi os destinos da ANPOLL, o que evoco com mais detalhes e também com certa ternura, era nosso processo de comunicação com os programas e GT’s. À época, a comunicação pela internet estava só começando no Brasil e não dispúnhamos desse recurso.

Nossos boletins periódicos eram enviados pelos Correios e sua elaboração seguia um ritual que hoje pode parecer-nos coisa do século XIX . Eu mesma digitava a correspondência, que apresentava às colegas para ouvir-lhes a opinião e agregar sugestões. Para isso usava um computador Macintosh SE, hoje peça de museu. A etapa seguinte era a reprodução por xérox. O mais complicado, contudo, era o endereçamento. O centro de informática da UnB se prontificava a imprimir as etiquetas, mas para isso era necessário preenchermos cartões com caneta preta, com todos os endereços, uma letra em cada quadradinho.

Em seguida esses cartões eram perfurados e, só então, usados no vetusto computador Galileu, para o processamento dos endereços. O passo seguinte era enrolar os boletins em forma de cilindros, pregar as etiquetas e despachá-los pelo correio.

Já se vão 20 anos desde que dei minha contribuição à consolidação da ANPOLL, e é com muito orgulho e alegria que vejo sua vitalidade, seus progressos, sua participação nas políticas públicas em nossa macroárea.

Deixo aqui meus votos por uma ANPOLL cada dia mais forte e relevante no contexto científico nacional.

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ANPOLL 1994-1996:

UMA EXPERIÊNCIA PARA LEMBRAR

Sônia Maria van Dijck Lima

Universidade Federal da Paraíba

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Em um país que vai do Oiapoque ao Chuí, as amizades no mundo acadêmico renovam-se, reafirmam--se em congressos, em seminários, em bancas examinadoras de trabalhos de grau, nas páginas das revistas especializadas. Assim foi no IX Encontro da ANPOLL. Reencontros, trocas de ideias, notícias sobre cursos ministrados, novidades sobre pesquisas concluídas e outras tantas em andamento.

No frio de junho de 1994, na Serra da Mantiqueira, Caxambu recebia o IX Encontro da ANPOLL. Enquanto os GTs apresentavam trabalhos de pesquisa e os colegas confraternizavam e celebravam o sucesso de seus estudos, nos bastidores discutia-se a composição da nova Diretoria. Sem perder a cordialidade e sabendo-se que todos os interessados eram conhecidos participantes da ANPOLL e professores-pesquisadores respeitados por seus pares, formaram-se dois grupos.

Lembro que, já um tantinho tarde da noite, estava no bar do hotel com Thomas van Dijck, meu ma-rido, numa roda de amigos, tomando um cognac para espantar o frio, quando Marisa Lajolo e Glória Bordini me chamaram para um encontro com outros colegas em uma das dependências do Hotel Glória. Deixei o cognac, e Thom me acompanhou solidário e entusiasmado, como sempre.

Foi tudo rápido, para os padrões de uma reunião de acadêmicos – mesmo quando improvisada. Falamos sobre o fortalecimento das áreas de Letras e Linguística, sobre a importância dos GTs da ANPOLL, a am-pliação dos recursos financeiros para a pesquisa nas duas áreas que fazem a Associação, o fortalecimento dos cursos de pós-graduação, considerando a importância da produção científica em nossos campos de atuação profissional, e concordamos quanto à necessidade de divulgação dessa produção.

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Dessa reunião informal, saiu uma chapa candidata à Diretoria da ANPOLL e meu nome foi apontado para a Presidência.

Confesso que senti que a tarefa seria menos pesada, contando com colegas da maior seriedade e de re-conhecido mérito em nossa comunidade acadêmica: Gentil Luiz de Faria – Vice-Presidente (UNESP – S. J. do Rio Preto); Maria do Socorro Silva de Aragão – Secretária (UFPB); Beth Brait – Secretária Suplente (USP); Marilene Carlos do Vale Melo – Tesoureira (UFPB); Edna Maria F. S. Nascimento – Tesoureira Suplente (UNESP – Araraquara).

Pela primeira vez, apresentaram-se duas chapas concorrentes. Tivemos a honra de disputar a Diretoria da ANPOLL com o grupo liderado por Maria Consuelo C. Campos (UERJ), que, sem dúvida teria realizado uma ótima gestão, caso tivesse sido escolhida pela maioria dos votantes.

Creio que nunca agradeci suficientemente aos colegas que votaram na chapa sob minha liderança. Nossos eleitores nos concederam a oportunidade de, no biênio 1994-1996, trabalhar pelo progresso de nossas áreas de atuação acadêmica, e de atualizar o cotidiano de nossa Associação. A todos, nosso agradecimento (penso que falo pelos colegas da diretoria sob minha gestão).

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1995: nova marca, criação da Revista, debate crítico, mudança do Estatuto

Desde a posse, na 46ª Reunião Anual da SBPC – Vitória (ES) -, julho de 1994, começamos a trabalhar em torno de três aspectos, que podem ser vistos como operacionais: modernização da logomarca da AN-POLL; criação da Revista da ANPOLL e, principalmente, atualização dos instrumentos legais que regem a dinâmica da Associação. Considerando que a ANPOLL representa os programas de pós-graduação que congrega, a análise crítica e o debate acerca das políticas públicas implementadas pelos órgãos de fomento e de aspectos relativos ao funcionamento desses programas foram encarados como compromisso da gestão 1994-1996, em conformidade com o interesse que ditou, em 1984, a fundação desta Associação.

A nova logomarca foi criada pelo colega José David Campos Fernandes (UFPB), batizada como “Co-rujinha”; para minha alegria continua identificando a ANPOLL, mesmo tendo passado por alteração1 – o autor sabe que lhe sou agradecida.

Quando apresentei a proposta da Revista da ANPOLL, indiquei Beth Brait como editora responsável, cujo nome foi aprovado por unanimidade da Diretoria e do Conselho da ANPOLL.

Os Anais dos Encontros já não eram espaço suficiente para abrigar a produção científica dos GTs, sem os quais a ANPOLL perderia o brilho do debate acadêmico, o intercâmbio de experiências científicas e

1 Atual marca da ANPOLL.

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metodológicas, o reconhecimento do mérito de tantos talentosos pesqui-sadores que sempre têm contribuições pertinentes para o progresso dos cursos de pós-graduação nas universidades brasileiras e nos institutos de pesquisa. Assim, a Revista da ANPOLL chegava como mais um espaço de publicação. A notícia foi recebida com entusiasmo por brasileiros e estrangeiros, sempre convidados a participar da ANPOLL.

Constituídos a Comissão Editorial e o Conselho Editorial, este inte-grado por nomes do Brasil e do exterior de reconhecido mérito, Beth Brait, com sua experiência no campo editorial, desenvolveu a tarefa de fazer a Revista existir. De fundamental importância foi o engajamento de Paulo Franchetti (UNICAMP) que conseguiu o apoio da Gráfica da UNICAMP para viabilizar o projeto. O número inaugural foi dedicado à história dos GTs.

Tantos anos depois, aí está a Revista da ANPOLL, consolidada e enriquecida com a participação de estudiosos brasileiros e estrangeiros, como garantia de uma memória cultural e científica para futuras gerações, que lhe darão continuidade.

Desde sua fundação, a ANPOLL tem como objetivo a representação política dos Programas de Pós--Graduação em Letras e Linguística. Assim, os Encontros realizados nos anos ímpares, reúnem os

“Corujinha”- Marca da ANPOLL - José David Campos Fernandes, 1995.

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coordenadores dos Programas e os coordenadores dos GTs, que discutem as políticas públicas de pós--graduação e pesquisa, além de debater o funcionamento da ANPOLL, reafirmando os objetivos que animaram sua criação.

No X Encontro Nacional da ANPOLL – 6 a 8 de junho de 1995 -, os integrantes da ANPOLL foram recebidos na UFPB pela Orquestra Sinfônica Infantil da Paraíba e com uma exposição de 10 artistas plásticos paraibanos, sob a curadoria de Roseli de Carvalho Garcia (Galeria Gamela), antes do mergulho na intensa pauta de trabalho que os esperava.

A experiência de organizar o X Encontro Nacional foi gratificante. A programação foi extensa: quatro mesas-redondas discutiram po-líticas de pós-graduação e pesquisa, e aspectos relativos ao ensino e à pesquisa no cotidiano da pós-graduação no Brasil.

Considerando a complexidade da temática em debate e ciente de que a discussão aprofunda-se no processo, a Diretoria propôs a continuação do debate do X Encontro na mesa-redonda “Perspec-tivas da pós-graduação e da pesquisa em Letras e Linguística no Brasil”, realizada durante a 47ª Reunião Anual da SBPC - São Luís (MA) -, julho 1995.

N. 1 lançado no X Encontro Nacionalda ANPOLL, João Pessoa (PB), 1995.

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As mesas-redondas foram secreta-riadas por uma equipe encarregada de passar todas as notas para o gru-po que organizaria o material para a composição de um documento. As-sim, foram secretários: Edna Maria Fernandes Nascimento (UNESP), Gentil Luiz de Faria (UNESP), José Luiz Fiorin (USP), Marilene Carlos do Vale Melo (UFPB). Os organiza-dores das anotações foram Hilário I. Bohn (UFSC), Luiz Antônio Marcus-chi (UFPE), Milton Marques Júnior (UFPB), Regina Zilberman (PU-CRS), Vilson Brunel Meller (UFPB).

O resultado foi apresentado em um documento cuja forma final foi da responsabilidade de Edna Maria Fernandes Nascimento e Gentil Luiz de Faria. Longe de ser conclusivo, esse documento salientou aspectos de interesse e de preocupação da comunidade de Letras e Linguística, como, por exemplo:

Com o Vice-Presidente, Luiz Gentil de Faria – X Encontro Nacional da ANPOLL, 1995.

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• a dinâmica da composição do Conselho Deliberativo do CNPq, e a representação dos diferentes campos de especialização;

• os critérios para a concessão de bolsas e auxílios, uma vez que, conforme dados estatísticos, constatou-se que apenas cerca de 20% das bolsas concedidas e 10% da verba destinada a auxí-lios, o CNPq aplicava na área de Ciências Humanas, aí incluídas as áreas de Letras e Linguística;

• o aparato burocrático dos órgãos universitários, comprometedor da agilidade do fluxo de in-formações entre pró-reitorias e programas de pós-graduação e motivo de críticas quando de processos de liberação de docentes e pesquisadores para viagens de intercâmbio e participação em eventos nacionais e internacionais;

• o afastamento, via aposentadoria, de professores altamente qualificados, sugerindo-se a criação de um plano de bolsas, a fim de atrair esses docentes para voltar a atuar na pós-graduação;

• como não poderia deixar de acontecer, a questão do ensino da língua nacional também mereceu considerações, concluindo-se ser necessário desenvolver ações de sensibilização das esferas go-vernamentais para a importância da investigação e do estudo de nosso vernáculo.

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Publicado com o título “Subsídios para discussão crítica acerca da pós-graduação e da pesquisa”2, o do-cumento serviria para aprofundar o debate analítico das condições da pós-graduação e da pesquisa em Letras e Linguística, evidentemente dentro do contexto das atividades universitárias e científicas no Brasil.

Passados tantos anos e já em novo milênio, quero acreditar que alguns dos problemas apontados te-nham sido superados; devem restar outros que, infelizmente, figurem em diagnóstico que se faça hoje.

Repercutindo aspiração dos integrantes da ANPOLL, em inúmeras manifestações desde o VII En-contro, em Porto Alegre (RS), em 1992, no X Encontro da ANPOLL (João Pessoa – PB), a Assembleia Geral Ordinária de 6 de junho de 1995, teve como pauta a reforma do Estatuto da ANPOLL.

Para lembrar o X Encontro, os participantes receberam esculturas de Miguel dos Santos, nas quais o artista registrou a marca da ANPOLL recém-criada por José David Campos Fernandes.

1996: continuação do debate, consolidação da revista

Na verdade, o Ano Novo da ANPOLL começava em julho, (ocasião da posse da nova Diretoria), na Reunião Anual da SBPC. Como já estávamos empossados desde o ano anterior, o Ano Novo inicia-do em julho de 1995, trazia a perspectiva de formulação de propostas que assegurassem a presença

2 Boletim informativo. X Encontro Nacional da ANPOLL. Anais. João Pessoa, 4 a 8 jun. 1995. João Pessoa: ANPOLL, 1996, p. 83-90. Org. Maria do Socorro Silva de Aragão.

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da ANPOLL em todos os programas de pós-graduação e institutos de pesquisa filiados. Tal presença deveria ser dinâmica, na continuação do debate, na valorização dos professores e pesquisadores que dão o tom da qualidade acadêmica à Associação.

Desde que o n. 1 da Revista da ANPOLL foi entregue aos participantes do X Encontro, aos autores que deram subs-tância a suas páginas, aos ex-presidentes da ANPOLL, às instituições de estudo e pesquisa relacionadas às grandes áreas que nomeiam esta sociedade – no Brasil e no exte-rior, a vários colegas de renome (brasileiros e estrangei-

ros), e, evidente à Biblioteca Nacional (Depósito Legal), muitas vezes via postal, o n. 2 começou a ser preparado.

Como explica a Comissão Editorial, na “Apresentação”:

Num certo sentido, dá-se continuidade ao [número] anterior, na medida em que a memória ocupa lugar de des-taque em ambos os números. Com uma diferença, no entanto. Se no no 1 abriu-se espaço para a recuperação das origens de nossos GTs, neste número concede-se espaço para a memória enquanto atributo humano passível de múltipla interpretação.”3

3 Apresentação. Revista da ANPOLL, São Paulo: FFLCH/USP; ANPOLL, 1996, p. 7.

Miguel dos Santos, 1995.

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O n. 2 presta homenagem a Ana Waldman Vogt, in memoriam.

Para tornar a ANPOLL uma referência objetiva e cotidiana e ao mesmo tempo fortalecer sua di-vulgação, criou-se uma coleção de objetos, com a marca da “Corujinha”: pastas, bottons, blocos de anotações, sacolas, canetas. Marilene Carlos do Vale Melo (UFPB) encarregou-se da seleção de objetos a serem enco-mendados, do levantamento de preços e do contato com os fornecedores.

O XI Encontro Nacional da ANPOLL, por sua dimensão, exigiu preparação rigorosamente dentro de um cronograma estabelecido, além de contatos frequentes com coordenado-res dos Programas de Pós-Graduação, de Institutos de Pes-quisa, dos GTs, e com personalidades do Brasil e do exterior. Além de cartas, avisos, deu-se continuidade a um pequeno boletim informativo, criado ainda em 1994 (2º semestre), de poucas páginas, para tornar o fluxo de informações mais efi-ciente e eficaz.

No propósito de divulgar a cultura nordestina, principalmente a da Paraíba, depois da Sinfônica Infantil, da exposição dos 10

Objetos com marca “Corujinha”.

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artistas paraibanos, das esculturas do pernambucano (paraibano por adoção) Miguel dos Santos, imor-talizando a “Corujinha” do piauiense (também paraibano por adoção) José David Campos Fernandes, mostrados em 1995, a decisão, para 1996, apontou para a literatura em consórcio com as artes plásticas.

Os escolhidos entre tantos autores de nomeada, foram o po-eta Sérgio de Castro Pinto e o artista plástico Flávio Tavares. Grandes e velhos amigos, o primeiro é poeta consagrado por prêmios regionais e nacionais e professor da UFPB; o segundo é artista de muitas exposições no Brasil e no exterior, particu-larmente na Alemanha e no Canadá.

O resultado dessa parceria está no livro A quatro mãos. Os po-emas realizam-se no encontro de duas linguagens: a do poeta e a do artista plástico. Assim, os textos, vindos da harmonia entre a palavra e o bico de pena, têm marcas de leveza, rapidez, exa-tidão, visibilidade, multiplicidade e, principalmente, concisão, no desenvolvimento de temáticas diversas, que visitam tanto a sensualidade, o erotismo, como a angústia da solidão. A quatro mãos foi entregue aos participantes do XI Encontro e enviado a instituições e a intelectuais no Brasil e no estrangeiro.

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O XI Encontro Nacional da ANPOLL foi aberto com a exposição dos originais dos desenhos de Flávio Ta-vares publicados em A quatro mãos, no Núcleo de Arte Contemporânea/UFPB.

Inscreveram-se 609 professores e estudantes, para apresentar trabalhos de pesquisa, sem falar nos co-ordenadores de Cursos e Programas e nos Coorde-nadores de GTs. Como muitos dos inscritos apre-sentaram mais de um trabalho, o evento teve cerca de 658 exposições de conclusões (parciais ou finais) de pesquisas, além das sessões planejadas pelos di-versos GTs e das atividades inter-GTs.4

Para dar seguimento ao debate travado no X En-contro, aconteceu uma mesa-redonda, com a presença de quatro pesquisadores, discutindo “Perfis de excelência: a questão da qualidade em pós-graduação e pesquisa”.

Tendo em vista a reforma do Estatuto realizada no Encontro anterior, havia necessidade de ade-quar os demais instrumentos legais disciplinadores da dinâmica da ANPOLL. Assim, o Conse-

4 LIMA, Sônia Maria van Dijck, O XI Congresso da ANPOLL. In: LIMA, Sônia Maria van Dijck; ARAGÃO, Maria do Socorro Silva de (org.). XI Encon-tro Nacional da ANPOLL. Boletim informativo. João Pessoa: ANPOLL, n. 25, 1996, p. 7-9. Série Anais.

Língua//espada fora da bainha.//crista de galo/na rinha/dos lábios.//fogo chovendo no teu molhado (Sérgio de Castro Pinto. In: A quatro mãos, p. 51).

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lho da ANPOLL aprovou resoluções relativas à criação e ao funcionamen-to dos GTs - Resolução N. 01/1996; sobre os procedimentos de filiação à ANPOLL de Cursos ou Programas de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística - Resolução N. 02/1996; sobre os procedimentos de filiação à ANPOLL das Associações Científicas - Resolução N. 03/1996.

O debate da mesa-redonda na 48ª Reu-nião Anual da SBPC - São Paulo (SP) – julho de 1996, tratou de política cien-tífica, tendo em vista a importância da pesquisa nos Programas de Pós-Gradu-ação. Na Assembleia Geral que se se-guiu, passei o “bastão” para o nobre colega Eduardo Guimarães (UNICAMP).

Ainda no X e no XI Encontros, foi concedido o Prêmio ANPOLL aos melhores trabalhos de grau em Letras e em Linguística.

Mesa-redonda “Perfis de excelência: a questão da qualidade em pós--graduação e pesquisa” - XI Encontro Nacional da ANPOLL, 1996.

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Para arrematar

Olhando pelo retrovisor, tenho certe-za de que sem o suporte financeiro das agências de fomento – CAPES, CNPq, FINEP – não teria sido possível reali-zar os Encontros previstos para meu tempo de gestão da ANPOLL.

Esse é o papel desses organismos ofi-ciais: apoiar financeiramente iniciati-vas de reconhecido mérito no que se refere ao avanço da inteligência brasi-leira. Mas, nem sempre é essa a com-preensão daqueles nomeados para a direção dessas agências, sendo neces-sário ir a Brasília discutir e argumentar com diretores sem vivência de pós-gra-

duação e pesquisa – e sem vocação para tais atividades, pois habitam o universo da burocracia -, para defender o orçamento apresentado pela ANPOLL.

Pausa no trabalho: com participantes do XI Encontro Nacional da ANPOLL, 1996.

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Neste novo milênio, é um privilégio poder falar de um tempo em que o Reitor da UFPB – Neroaldo Pontes de Azevedo – e a Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa – Rosa Godoy - defendiam um projeto de universi-dade, celeiro de pós-graduação e de pesquisa. Fiéis ao espírito acadêmico que defende a qualidade excelente, ambos foram apoiadores e participantes da ANPOLL sob minha gestão. Sabem que lhes sou agradecida.

À Diretoria do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes da UFPB, meu reconhecimento – primeiro à Diretora Maria Alice Serrano de Andrade (1994), depois à Diretora Maria Ângela Sitônio Wanderley (1995-1996).

Ainda olhando para trás, posso rever meus colegas de Departamento da UFPB, notadamente Milton Marques Júnior, colaborador para mil e uma questões a resolver, e Félix de Carvalho, competente e incansável revisor dos textos da ANPOLL – 1994-1996. A todos do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas/UFPB, agradeço.

Thomas van Dijck, meu marido e colega na UFPB, apoiou todas as minhas viagens para reuniões, para participar de eventos regionais que solicitaram presença da ANPOLL; criticou, sugeriu, botou a mão na massa, serviu de motorista, grampeou correspondência, levou para a agência dos Correios os envelopes e os pacotes de informações e de publicações da ANPOLL. A Thom, in memorian, agradeço.

Contei com uma turminha de estudantes entusiasmados. A todos dedico meu melhor carinho, e, como representante de todos, lembro Eduardo Valones.

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O Conselho da ANPOLL, no período de minha direção, tinha os mesmos compromissos acreditados pela Diretoria da ANPOLL. Sou agradecida a todos os Conselheiros.

Até hoje penso que presidir a ANPOLL foi minha mais ousada aventura acadêmica. Felizmente contei com Luiz Gentil de Faria, Maria do Socorro Silva de Aragão, Beth Brait, Marilene Carlos do Vale Melo, Edna Maria F. S. Nascimento. A competência, a seriedade, o senso profissional, o companheirismo de todos tornaram tudo possível. Colegas estimados que habitam minhas melhores lembranças da vida acadêmica.

Aprendi com Guimarães Rosa: “Saudade é ser, depois de ter.”

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ANPOLL: PENSANDO O FUTURO

Eduardo Guimarães

Universidade de Campinas

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A ANPOLL é uma Associação científica da área de Letras e Linguística. É mais que isso, é a Associação desta área que a toma no seu conjunto. A área de Letras e Linguística tem outras associações que con-figuram pertencimentos específicos: à Linguística; a domínios específicos das Ciências da Linguagem (Linguística Aplicada, Filologia, por exemplo); aos Estudos da Literatura (Crítica, Teoria da Literatu-ra, por exemplo); aos Estudos Clássicos como domínio específico que cruza Letras e Linguística.

É assim uma Associação que tem um papel particular na articulação e representação dos interesses da área de Letras e Linguística nas instâncias do Estado (governos, agências de fomento, instituições de produção de conhecimento e ensino). Tem, por outro lado, uma configuração que a coloca, no plano federal, particularmente diante das políticas da CAPES e do CNPq, como organismos decisivos da formação de alto nível e da pesquisa no Brasil.

Nesta história, a gestão de 1996-1998 teve a seguinte diretoria: Presidente: Eduardo Guimarães (Uni-camp); Vice-presidente: Margarida Petter (USP); Secretário Executivo: Antônio Dimas (USP); Secre-tária Suplente: Maria Célia de Moraes Leonel (Unesp); Tesoureira: Angela Bustos Kleiman (Unicamp); Tesoureiro Suplente: Paulo Francetti (Unicamp). Fazendo uma rápida síntese das atividades desta gestão podemos indicar, como pontos principais das ações: a criação do site da ANPOLL e sua utilização como ferramenta de organização de informações e dos eventos; a redação e envio à CAPES de um documento com sugestões sobre política de pós-graduação; participação na discussão da formulação da política de pós-graduação que resultou em programas como Minter, Dinter, PQI e mais tarde Procad, entre outros; Aumento para dois números por ano da revista da ANPOLL; discussão da avaliação da CAPES e da carreira de Pesquisador do CNPq como instrumentos fundamentais na política de pós-graduação de um

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lado e na constituição de um perfil de pesquisador no Brasil; participação no processo de indicação de membro para o Conselho Superior do CNPq, cujo resultado levou à indicação, pela primeira vez, de um membro da nossa área neste conselho; providências para a publicação da tese premiada com o prêmio ANPOLL. Feita esta síntese, e observando tanto aquele período de gestão, como toda a história da AN-POLL, penso que seria muito interessante pensar a Associação olhando para o futuro.

Penso que o futuro da ANPOLL não pode deixar de levar em conta os aspectos de sua representação, acima indicados, que incluem, decisivamente, a luta pelo lugar destas práticas de conhecimento no conjunto do que consideramos como os domínios das Ciências Humanas e Sociais, Filosofia e Artes.

Atualmente estamos diante de um conjunto de programas tanto do CNPq quanto da CAPES, que têm a ver com o que chamaria de processo de universalização das condições de produção de conhe-cimento e de formação de alto nível para todas as regiões do Brasil. Estes programas como (Minter, Dinter, PQI, Procad, por exemplo) foram constituídos no movimento do PNPG da década passada. Quanto a isso, a ação das Associações da área, e particularmente da ANPOLL, deve ser na direção de sustentar que isto precisa ser feito, e precisa ser feito sem que se prejudique o que já está instalado. No caso da nossa área, esta universalização é muito importante, porque além de dar condições de au-mento da produção qualificada do conhecimento, vai também ajudar decisivamente a qualificação do ensino brasileiro como um todo. Nossa área é responsável pela formação de profissionais do ensino da linguagem (língua e literatura), que vai tão mal no Brasil. Nós precisamos dizer, de modo claro e politicamente eficiente, como queremos continuar participando deste processo. Por outro lado as ci-

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ências da linguagem e os estudos de literatura têm muito a apresentar para a compreensão do Brasil e do mundo, para dizer somente o básico sobre a relevância do trabalho desta área.

De outra parte é importante levar em conta o atual PNPG (2011-2020). É interessante observar que este documento não dedica nenhuma de suas partes a programas que contemplem a área de Letras e Linguística. Esta área aparece referida, em quase todos os casos, só como entrada de tabelas de da-dos sobre a pós-graduação no Brasil. Uma das poucas referências à área que não está nestas tabelas, aparece no trecho abaixo do PNPG, mesmo assim para relacionar a área a um percentual de parti-cipação na formação de doutores, numa argumentação à necessidade de crescimento do sistema de pós-graduação no Brasil:

O sistema deverá crescer na próxima década, pois além de ser relativamente pequeno e recente, não está saturado e poderá ser convocado para novos e importantes serviços, gerando a necessidade não apenas de crescer, mas de crescer com qualidade. O sistema continua formando um contingente expressivo de doutores nas chamadas Huma-nidades, que incluem as Ciências Humanas, as Ciências Sociais Aplicadas, as Letras e Humanidades, que incluem as Ciências Humanas, as Ciências Sociais Aplicadas, as Letras e as Artes (cerca de 31% dos alunos matriculados em doutorado no ano de 2009). Já as Engenharias têm proporcionalmente bem menos (11%), ficando o bloco das Ciências da Saúde e das Ciências Biológicas com o segundo contingente mais bem aquinhoado (27%). Todavia, essa situação necessita ser alterada no próximo decênio, seja para atender as novas prioridades e ênfases do Plano, seja para fazer face aos desafios e gargalos, sob pena da inviabilização da Agenda Nacional da Pesquisa.(PNPG 2011-2010, p. 20).

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Assim o documento fala do crescimento da pós-graduação e apresenta dados da distribuição atual na formação de doutores, como um argumento, não diretamente assumido a favor da contenção do crescimento da pós-graduação na nossa área.

Por outro lado, e talvez por isso, o documento, não vai apresentar, em nenhum momento, considera-ções específicas sobre o crescimento da área de Letras e Linguística. Então, a questão da universaliza-ção, de que falamos acima, precisa do trabalho político de nossa área para fazer com que ele não seja considerado somente a reboque das áreas para as quais o PNPG estabelece objetivos ou ações especí-ficas. Há vastas regiões e sub-regiões do Brasil não atendidas devidamente até hoje. Aqui vemos que o PNPG (2011-2020) produz uma absoluta invisibilidade da área de Letras e Linguística na projeção do futuro. A ANPOLL precisa se colocar de maneira decisiva nessa discussão. E isto tem a ver com o que vou considerar a seguir.

Vivemos hoje uma conjuntura histórica, no plano político geral e das ciências, em que as questões de linguagem e das artes são, o tempo todo, empurradas para fora da cena. Ou porque se nega às artes o seu lugar para configurá-las simplesmente como divertimento, ou se nega às ciências da linguagem seu lugar, reduzindo-a a uma disciplina técnica e normativa, o que reduz tanto as ciências da lingua-gem quanto os estudos de literatura.

Assim, enquanto Associação de Programas de Pós-graduação do Brasil, A ANPOLL deve ser um agente fundamental do trabalho político de nossa área na construção de lugares de participação mais efetiva no cenário brasileiro da política científica. Lembremos, por exemplo, que cientistas e inte-

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lectuais de nossa área nunca foram presidentes da CAPES ou do CNPq, e muito raramente ocupam posições nos cargos altos destas duas instituições e de tantas outras.

No caso do CNPq, raramente representantes de nossa área ocuparam, por exemplo, posições no seu Conselho Superior. Lembro-me, para me reportar aos últimos 25 anos, que somente por uma sequên-cia de 6 anos tivemos a presença de dois membros da área neste órgão. E estas indicações foram resul-tado, a primeira, de uma articulação da ANPOLL, na gestão 1996-1998 (cuja diretoria presidi), e, a se-gunda, de uma articulação da ABRALIN, na gestão 1999-2001 (cuja diretoria era presidida por Maria Elias Soares). Por outro lado, jamais alguém de nossa área foi presidente ou vice-presidente do CNPq, mesmo que seja comum que o vice-presidente seja da área das humanas. O presidente, e isto é por si um problema, tem sido sempre das ciências exatas ou biológicas, e suas tecnologias. Se estes exemplos mostram que não temos ocupado os lugares de representação capazes de ajudar a fazer avançar, ao nosso modo, e não a reboque de outros critérios, a nossa área, mostra também que quando, por algum agente de representação específica, nos colocamos na posição de conseguir, podemos conseguir.

No caso da CAPES, olhando a história recente, e creio que a história mais pretérita é mais dura, não tivemos nenhum representante de nossa área em nenhum cargo da alta direção deste órgão. A única participação que temos é a que todos têm, através da coordenação de área, o que leva nossa represen-tação ao CTC-ES por decorrência normal desta representação.

Nossas dificuldades são ainda maiores quando pensamos na FINEP, pela própria definição deste agen-te de fomento, destinado ao desenvolvimento tecnológico. Inclusive porque está significado, indevi-

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damente, nesta história, que as áreas de humanas não produzem tecnologia (e todos sabemos que produzem). Isto facilita muito os movimentos políticos de diminuição política da importância da área de Letras e Linguística.

A nossa invisibilidade é parte de uma disputa política, na estrutura do Estado, onde sequer podemos nos apresentar. Não por uma regra estabelecida, mas pelo estabelecimento de uma exclusão “necessá-ria” do jogo político da ciência no Brasil.

E esta exclusão opera sobreposta a uma significação de que as Ciências Humanas e Sociais, a Filosofia e as Artes não têm no que contribuir para a reflexão sobre as ciências em geral e sobre a sociedade bra-sileira, sua história, suas línguas, sua arte. E por outro lado, como disse acima, como se este domínio do conhecimento não produzisse tecnologia. Assim, numa conjuntura, como a atual, em que ciência e tecnologia apresentam-se como indissociáveis, nossos domínios de conhecimento não têm lugar.

Um aspecto importante é que nos vemos muitas vezes levados a exagerar nos nossos critérios de ava-liação de qualidade, com um sobrepeso para os aspectos quantitativos, para atender a um olhar das áreas dominantes da política científica, de que não somos suficientemente exigentes. Este caminho contém algumas armadilhas poderosas. De um lado pode levar à proliferação de textos praticamente irrelevantes que se poderia produzir para atender a critérios equivocados; por outro, o esgotamento, por exaustão, da capacidade de trabalho da área para poder atender a esta exigência. Em qual das duas armadilhas cairemos? Para metaforizar um tanto caricatamente, lembro aqui uma história real que uma busca na mídia impressa facilmente nos traz.

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Em 2005, tomamos conhecimento de matéria de jornal1 sobre o aumento da produtividade diária dos cortadores de cana. O início do artigo vem com uma frase explicativa que precede o título:

“Para manter emprego, cortador de cana precisa elevar produção; ONU investigará se 9 mortes ocor-reram por exaustão

“Tecnologia faz bóia-fria trabalhar mais”

Lendo o texto encontramos o que segue, seleciono as passagens que considero melhor construir o argumento que aqui pretendo, ou seja, o argumento que sustenta a tese que apresentei acima.

“Eles têm de se esforçar cada vez mais para manter seus empregos e não ser devorados pela tecnologia. São os bóias--frias da cana-de-açúcar da região de Ribeirão Preto (SP), estimados em 40 mil trabalhadores, que convivem com aumentos anuais de área plantada que beneficiam os produtores e com a mecanização crescente.Na década de 90, a região produzia 65 milhões de toneladas de cana. Passou para cerca de 90 milhões na safra passada. No mesmo período, os bóias-frias passaram a cortar, em média, 12 toneladas diárias de cana, contra 8 toneladas colhidas na década de 80. Um estudo da USP mostra que, para cortar 10 toneladas de cana por dia, um trabalhador precisa desferir 9.700 golpes de podão - instrumento usado no corte.

1 “Tecnologia faz bóia-fria trabalhar mais”. Consultado em 14 de abril de 2014. Pode ser encontrado no endereço http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1809200515.htm.

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No próximo mês, uma missão da ONU estará na região para analisar as condições de trabalho dos bóias-frias, as condições sanitárias dos alimentos e a quantidade de comida ingerida e a possível exposição a agrotóxicos. Segundo Flávio Luiz Schieck Valente, membro do Comitê Permanente de Nutrição da ONU, especialistas e a Pas-toral do Migrante de Guariba, o excesso de trabalho pode ter causado a morte dos bóias-frias.(...)A última morte suspeita, detectada na semana passada pela Pastoral do Migrante, foi a de Natalino Gomes Sales, 51, registrada no último dia 28, em Batatais. Outras duas mortes ocorreram em junho e em julho deste ano em Guariba e Pradópolis. Os cortadores tinham 26 e 24 anos, respectivamente, e vinham do Maranhão.(...) O atestado de óbito só mostra a causa da morte do trabalhador, mas não o que o levou a ter o problema que o matou. Os bóias-frias se sentem pressionados para trabalhar cada vez mais e vivem em condições de alimentação insu-ficientes. A raiz do problema é a intensidade da exploração. Eles precisam trabalhar mais e mais para tentar ter renda.”Cada tonelada de cana-de-açúcar queimada cortada rende em média R$ 2,20 ao bóia-fria. Um cortador eficiente ganha cerca de R$ 600 brutos por mês.(...)Trabalhadores ouvidos pela Folha disseram que as dores são comuns no dia-a-dia e que as histórias de mortes no campo são uma rotina.”

Não comento o texto, já que a seleção que fiz das passagens, como disse, para mim já constroem adequadamente a sustentação argumentativa que aqui pretendo. Por outro lado deixa a todos a pos-sibilidade de interpretar o texto, cuja fonte indico na nota 1, e assim tirar outras conseqüências desta metáfora. O nosso caso não é tão trágico, porque não nos levará à morte tão diretamente. Mas pode nos levar à exaustão e à ineficiência da reflexão.

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Para concluir, quero reforçar que o futuro de uma Associação como a ANPOLL depende de nosso em-penho em fazer com que ela busque sempre os meios próprios à construção de uma presença necessária e qualificada daquilo que fazemos nos nossos domínios específicos de conhecimento. Isto exige de todos nós uma capacidade de convivência política, com objetivos razoavelmente comuns, quando no plano científico e intelectual podemos ter e temos posições muitas vezes antagônicas. Exige ainda a convicção de que o trabalho intelectual só faz sentido quando movimenta efetivamente a reflexão e que isso, se envolve quantidade, e envolve sem dúvida nenhuma, porque sem quantidade não há escala suficiente para a qualidade, só é possível se os profissionais da área tiverem as condições e o tempo próprios para a invenção, a descoberta, a análise cuidadosa. E a defesa destas posições é sempre uma ação política. E para fazê-la temos que nos fazer representar de um modo que até aqui ainda não conseguimos.

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ANPOLL 2000-2002 NA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Freda Indursky

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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Como esqueço e lembroComo lembro e esqueço

em correntezas iguais e simultâneos enlaces.

Drummond

No momento deste XXIX Encontro, a ANPOLL completa 30 anos de atividades. E pareceu-me muito apropriada a decisão de sua atual Presidência, de perscrutar a memória dessa Instituição pelo viés de seus diferentes presidentes, pois, se mergulharmos nessa memória, mesmo que fluida, fragmentada e possivelmente lacunar, veremos que as lutas e demandas desta Associação se inscrevem no fluxo--refluxo das ações de suas diferentes diretorias. Passo pois a buscar em minhas lembranças o período em que essa gestão esteve sob minha responsabilidade.

A vinda da ANPOLL para a UFRGS começou a construir-se muito antes do ano 2000. Entendo que nin-guém chega à Presidência dessa renomada Associação sem nela ter atuado anteriormente. Minha atividade na ANPOLL iniciou-se no âmbito do GT de Análise do Discurso do qual fui membro desde o início de minha atividade como docente no PPG-Letras da UFRGS e do qual também fui coordenadora. Mas não apenas isto. Como coordenadora do PPG-Letras/UFRGS, também participei de suas outras instâncias. De modo que ser procurada para que pleiteasse sua Presidência, foi algo que se deu naturalmente.

Depois de muito refletir, aceitei a incumbência e passei à definição dos nomes que comigo viriam a compor a diretoria da ANPOLL para o biênio 2000-2002. Já naquela época, o Rio Grande do Sul dis-

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punha de fortes e atuantes Universidades e pareceu-me que, juntamente com a UFRGS, duas outras Instituições tinham o perfil desejado. Em Porto Alegre, a PUC-RS dispunha em seus quadros de uma pesquisadora fortemente engajada na pesquisa, orientadora de inúmeros mestrandos e doutorandos. Este era o perfil desejável para ocupar a Vice-Presidência da ANPOLL. Convidada, Leci Barbisan acei-tou compor a nominata. A outra Instituição em meu entender deveria representar o interior do Rio Grande do Sul. E a escolha recaiu naturalmente sobre a Universidade Federal de Santa Maria, Univer-sidade consolidada e com um ótimo quadro de docentes. Para preencher o cargo de Secretário Execu-tivo da ANPOLL, a escolha deveria recair sobre um pesquisador de Literatura, já que a Presidência e Vice-Presidência seriam exercidas por docentes da área de Linguística. Já conhecia o Professor Pedro Brum Santos de sua atuação no PPG de sua Instituição e pareceu-me que ele tinha o perfil para ocupar o cargo de Secretário Executivo da ANPOLL. Convidado, aceitou. O passo seguinte seria preencher o cargo de Tesoureiro. Teria de ser, no meu entender, alguém que estivesse em Porto Alegre. E a esco-lha recaiu em Sabrina Pereira Abreu, da UFRGS. Faltavam-me o Secretário e o Tesoureiro suplentes. Cargos estes que foram preenchidos respectivamente por Rita Teresinha Schmidt e Gilda Bittencourt, ambas também da UFRGS. E assim, depois de muito trabalho, estava constituída a nominata a ser submetida à apreciação da Assembleia Geral da ANPOLL, que se realizaria ao final do XV Encontro Nacional da ANPOLL, na UFF, Niterói.

E foi assim que a ANPOLL veio para Porto Alegre pela segunda vez (anteriormente, esteve aqui sob a Presidência de Tânia Carvalhal, na UFRGS) para dar continuidade aos trabalhos e lutas iniciados com a criação da ANPOLL, há 30 anos. E digo dar continuidade porque é isto que efetivamente ocor-re: uma diretoria que encerra seu mandado passa o bastão à próxima e assim sucessivamente. E cada

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uma, no intervalo de dois anos, procura levar adiante as preocupações e demandas da Pós-Graduação de Letras e Linguística do Brasil. Arendt nos ajuda a pensar esta questão quando afirma que, “do ponto de vista do homem, que vive no intervalo entre o passado e o futuro, o tempo não é um contínuo, um fluxo de ininterrupta sucessão...”1

Entretanto, em que pesem estas descontinuidades, as sucessivas diretorias da ANPOLL permitem garan-tir os liames sociais e reforçar a construção de nossa identidade, enquanto área, enquanto um sistema de referências e de identificação grupal. Ao longo destes 30 anos, a ANPOLL tem sabido levar as discussões de política acadêmica e institucional para muito além de sua política interna. Assim, em que pesem possíveis descontinuidades, é graças a rememorações como esta que vivemos no momento em que a ANPOLL completa 30 anos, e graças à memória das lutas que foram travadas por suas sucessivas direto-rias, que podemos reconhecer as marcas de nosso pertencimento a uma Área e a uma Instituição que, ao longo destes 30 anos, soube conduzir os interesses da Pós-Graduação em Letras e Linguística no Brasil.

Por outro lado, cada Diretoria da ANPOLL se deparou com circunstâncias específicas do mo-mento em que atuou e estas são diretamente ditadas pelas políticas de Governo, do MEC, da CAPES e no CNPq.

Lembremos então alguns aspectos que se fizeram marcantes para a Diretoria da ANPOLL, no biênio 2000-2002.

1 ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 1972, p. 37. Tradução de Mauro W. Barbosa de Almeida.

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Antes, porém, uma pequena comparação: no momento de sua constituição, 24 PPGs foram signatá-rios de sua Ata de fundação. Em 2002, ao término de nossa gestão, 60 Programas estavam filiados. A ANPOLL iniciou com 19 GTs. Este número saltou para 28, ao término de nosso mandato. Trago estes números para apontar a constante ampliação dos interesses de pesquisa, atestados pela diversidade das linhas de pesquisa em torno das quais cada GT se organiza. Tais números são um testemunho da pujança da área e de como a Pós-Graduação no Brasil vem se expandindo. E, junto com ela, a AN-POLL também vai sendo cada vez mais demandada.

Na gestão 2000-2002, a ANPOLL inscreveu-se definitivamente na era eletrônica, instituindo a cor-respondência via e-mail para comunicar-se com os Coordenadores de Programas e de GTs. Isto re-presentou um avanço considerável, pois foi possível dispensar os Boletins impressos, definitivamente substituídos pelas notícias veiculadas exclusivamente através do site da Associação.

Em gestões anteriores, foi instituído o Prêmio ANPOLL de melhor tese de doutorado. No biênio 2000-2002, foi consolidado o Prêmio de melhor dissertação também. Nessa gestão, a tese premiada ainda pôde ser publicada em papel. No meu entender, essas premiações são importantes por várias razões, pois fazem com que a produção de Pós-Graduandos de diferentes Programas circule e seja lida por professores de diferentes Instituições que constituem a comissão de avaliação. Tal prática dá visibili-dade à produção desses Programas.

No XVI Encontro, em 2001, realizado em Porto Alegre, um fato surgiu com muita força: a demanda por estabelecer as especificidades da área. Este pedido determinou uma volta às atas de encontros

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anteriores e constatamos naqueles registros que esta demanda já havia sido formulada no encontro de 1993 e novamente no encontro de 1996. Como é possível constatar, são as condições externas que certamente geraram tal necessidade. A ideia era a de desenhar um perfil da área para contrastá-lo com as demais, esboçando, para tanto, o modo como o conhecimento é produzido nos diferentes campos. Por exemplo: de que modo o conhecimento produzido em Literatura se distingue do modo de produ-zir conhecimento em Artes, com quem dividimos nossa área. Mas certamente o que movia mais for-temente os ânimos naquele momento era o fato de que estava sendo estabelecido o Qualis Periódicos Científicos das diferentes áreas de conhecimento com o objetivo de estender a avaliação dos cursos e de seus docentes através dos veículos em que a produção acadêmica era veiculada. Percebia-se clara-mente a tentativa de imposição dos critérios de avaliação próprio às áreas duras. Para contrapor-nos a tais imposições, pensou-se em desenhar a um perfil identitário da área de Letras e Linguística a ser apresentado no grande encontro de 2002. Mas tal propósito não era simples de obter em função seja da grande diversidade que existe entre as áreas de Letras e Linguística, por um lado, seja ainda pela heterogeneidade existente no interior do campo da Linguística. O mais próximo que foi possível che-gar foi à produção de um perfil profissional da área, o qual foi encaminhado à CAPES. Daquele perfil, destaco apenas um fato: salientava-se que a produção da área circula de forma muito mais intensa em livros do que em periódicos. Se esta questão produziu algum resultado, na minha opinião, foi o desen-cadeamento do Qualis Livros que hoje é uma realidade.

Como podemos ver, são as condições externas que acabam gerando debates e posicionamentos críti-cos. Dentre dessas questões, gostaria de salientar ainda o permanente questionamento em torno do fomento à pesquisa, a avaliação dos programas e, neste quesito, a demanda insistente de definição de

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parâmetros claros e objetivos para a classificação de programas nos níveis 6 e 7. Estas questões mobi-lizaram vários encontros anteriores e retornaram nos encontros de Porto Alegre (2001) e de Gramado (2002). E o fato de que tais discussões eram constantemente recolocadas em pauta mostram o quanto o sistema é resistente às demandas da comunidade. E a avaliação dos Programas continua a ser uma questão candente, pois, como pude verificar, está uma vez mais em pauta, apresentando-se como um dos propósitos da chapa que pleiteia a direção da ANPOLL para o biênio 2014-2016.

Desse modo, a ANPOLL, já com seus 30 anos e uma história a contar, construída neste intervalo de tempo, vê seus quadros renovados. Entre seus membros ainda se encontram muitos daqueles que par-ticiparam de sua fundação e de sua consolidação enquanto Instituição idônea, capaz de representar os anseios de nossa comunidade acadêmica, aos quais vêm se juntar novas gerações que chegam para dar continuidade a questões sempre candentes como fomento à pesquisa, avaliação dos programas, circulação do conhecimento bem como a avaliação da produção acadêmica. E, neste último quesito, em minha opinião, ainda há muito o que fazer. Tarefa esta a ser assumida por quem se dispuser a le-vantar esta bandeira.

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AÇÃO POLÍTICA COMO PRINCÍPIO

CIENTÍFICO E ACADÊMICO

Beth Brait

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Universidade de São Paulo

CNPq

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1 Situando a gestão 2004-2006

A diretoria da ANPOLL 2004-2006 reuniu representantes de seis Universidades brasileiras – PUC-SP, UNICAMP, UERJ, UFF, USP e UNESP -, estando assim constituída:

Presidente: Beth Brait/ PUC-SPVice-Presidente: Sírio Possenti/ UNICAMPSecretário Executivo: José Luís Jobim/ UERJ, UFFSecretária Suplente: Glória Carneiro do Amaral/USPTesoureiro: Eduardo Guimarães/ UNICAMPTesoureiro Suplente: Luiz Gonzaga Marchezan/UNESP

Ao propor a chapa à Comunidade para concorrer à Diretoria da ANPOLL, o grupo de professores pesquisadores apresentou um Programa em que estão pontuados os princípios básicos que nortearam os dois anos da gestão, buscando conhecimento e reconhecimento da Área de Letras e Linguística, en-frentando suas necessidades, discutindo com os PPGs e os GTs as possibilidades de atuação conjunta. Esse Programa está transcrito a seguir.

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1.1 Pontos básicos de programa

Como Sociedade Científica, a ANPOLL, representando os Programas de Pós-Graduação em Letras e Linguística, é o espaço político da comunidade dos pesquisadores da Área de Letras e Linguística, e nesta qualidade deve pautar-se por uma ação independente das agências de fomento e das instâncias governamentais. Esta independência deve configurar-se através de um diálogo aberto, direto e franco com estas instâncias do Estado. Deste modo, é preciso que a ANPOLL tenha objetivos claros, para for-mular o que a comunidade que representa julga necessário, e assim possa exigir posições adequadas dos órgãos oficiais que tenham relação com a Área. A partir deste princípio, assumimos como pontos básicos do programa o que segue, lembrando que, como pretendemos um diálogo permanente com a comunidade de Letras e Linguística, este é um programa que ainda poderá incorporar sugestões.

1.1.1 Da participação política • Estreitar a articulação com outras associações científicas de Letras e Linguística para definir

uma agenda mínima em relação à política das agências para a área. Intensificar a interlocução com instâncias governamentais de avaliação e fomento à pesquisa (CAPES, CNPq, Fundações de Amparo à Pesquisa), visando recuperar e melhorar o percentual nominal e real do financia-mento de nossa Área, que influencia diretamente nossa capacidade de pesquisa. Estudos sobre a participação nos recursos da CAPES e do CNPq, por exemplo, mostram que a participação percentual da área de Letras e Linguística tem declinado continuadamente. A nossa área, a de Ciências Sociais e Aplicadas e a de Humanas, diferentemente das áreas tecnológicas, exatas e

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biológicas, tiveram esta diminuição percentual na participação destes recursos, como mostra o quadro abaixo:

Participação das Grandes Áreas nos recursos da CAPES

Ano E&T Bio Eng Saúde Agri. CSA Hum LLA Multid.1997 12,47 11,17 15,73 14,68 12,44 8,90 16,20 6,03 2,261998 13,00 11,42 16,03 14,74 10,74 8,84 17,49 5,80 2,471999 13,47 10,92 16,25 14,44 10,73 8,38 17,25 5,59 2,062000 15,38 11,95 17,00 14,49 12,92 6,09 14,36 5,19 2,622001 15,94 12,57 17,06 14,79 13,84 5,26 13,49 5,08 1,962002 15,61 13,03 16,01 15,94 14,66 4,74 13,01 4,80 2,20

(E&T: Exatas e Tecnológicas; CSA: Ciências Sociais e Aplicadas; Multid: multidisciplinar)

• Mobilizar a comunidade dos pesquisadores em Letras e Linguística para discutir os temas que lhe dizem respeito.

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• Intensificar procedimentos que contribuam para o maior alcance e visibilidade, internos e exter-nos, da produção de nossa Área.

• Refletir sobre a possibilidade de inserção da ANPOLL em uma política de universalização das condições de produção de conhecimento no Brasil (criação de condições para pesquisa, insti-tuição de programas de pós-graduação estáveis e de qualidade), nas suas diversas regiões. Esta universalização exige aumento dos recursos destinados à formação de pessoal de nível superior e ao desenvolvimento de pesquisa, visto que o investimento brasileiro nestes setores fica muito abaixo do que se tem mostrado necessário internacionalmente.

• Contribuir para o contínuo aperfeiçoamento das políticas de avaliação da Pós-Graduação. O programa de avaliação da pós-graduação brasileira, apesar de eventuais imperfeições, deve ser instrumento efetivo de garantia de qualidade.

• Discutir e propor critérios para julgamento de processos de concessão de auxílios para eventos, concessão de auxílio a publicações, participação em eventos e concessão de bolsas e auxílios à pesquisa pelas agências de fomento.

• Continuar a discussão sobre o perfil da Área, não somente em termos prospectivos, mas também em termos retrospectivos, avaliando o que efetivamente produzimos, em termos de formação de alunos e de sua inserção profissional.

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1.1.2 Da participação interna à ANPOLL • Estabelecer com os coordenadores, tanto de Programas quanto de GTs, um diálogo que possibi-

lite um fluxo maior de informações, necessidades e ideias, constituindo uma espécie de fórum permanente que possa, inclusive, preparar os encontros.

• Avaliar, juntamente com outras associações, os atuais modelos e calendários de encontros, vi-sando aperfeiçoá-los.

1.1.3. Da circulação de informações e conhecimento • Dar continuidade e maior visibilidade nacional e internacional às publicações da ANPOLL, as-

sim como dos Programas de Pós-Graduação brasileiros.

• Estabelecer um site fixo, em domínio próprio (http://anpoll.org.br/), para a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística, independente das instituições em que se realizam os Encontros. Essa providência, além de conferir identidade “virtual” à ANPOLL, teria o papel de preservar a memória dos grupos, do trabalho e das questões que interessam à Área. Isso permitiria que cada gestão introduza seu “perfil” sem apagar o anterior. Ao findar uma ges-tão, ela se encarregará de abrir espaço para a próxima, colocando-se em link próprio.

• Estabelecer um banco de dados da ANPOLL, para a disponibilização permanente tanto dos da-dos referentes à Associação quanto de uma sistematização da produção de conhecimento na Área, favorecendo a circulação, no nível nacional, dos resultados de pesquisa.

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• Lutar pela compatibilização dos sistemas de dados das várias agências e Universidades, a fim de evi-tar a reduplicação de demandas de fornecimento de dados por parte de Programas e pesquisadores.

2 Eleição e Posse

Eleita em 2 de julho de 2004, no XIX Encontro da ANPOLL, realizado na UFAL, em Maceió, a direto-ria tomou posse no dia 16 de agosto do mesmo ano, em cerimônia realizada no Auditório Banespa/PUC-SP, sob a presidência do Prof. Dr. José Niraldo de Faria, tendo como secretária executiva dos trabalhos a Profª. Drª. Célia Marques Telles.

A posse contou com a presença, além dos membros da nova diretoria, de autoridades da PUC-SP e da CAPES, assim representados: Profª. Drª. Dieli Vessaro Palma, diretora da Faculdade de Comunicação e Filosofia, e a Profª. Drª. Maura Bicudo Veras, Presidente da Comissão de Pós-Graduação. Ambas con-gratularam-se com a nova diretoria, reiterando o apoio da instituição por elas representada e colocando--se à disposição para o que fosse necessário. O representante da Área de Letras e Linguística na CAPES, Prof. Dr Antonio Dimas de Moraes, também expressou seu apoio à nova diretoria. Além dessas auto-ridades, estiveram presentes coordenadores de Pós-Graduação, professores, funcionários e alunos da PUC-SP. Na ocasião também tomou posse o novo Conselho: Luiz Paulo da Moita Lopes (UFRJ) e Maria Auxiliadora Bezerra (UFCG), representantes dos Estudos Linguísticos, e seus respectivos suplentes, Ana Zandwais (UFRGS) e Sílvia Lúcia B. Brágio (UFG); e Luiz Roberto Velloso Cairo (UNESP-Assis), repre-sentante titular dos Estudos Literários, e sua suplente Ivete Camargo Walty (UFMG).

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A sede da ANPOLL passou a funcionar à rua Monte Alegre, número 971, corredor da Cardoso, sala 17CA, Perdizes, São Paulo até julho de 2006. A presidente, que naquele momento era também coor-denadora do PEPG em LAEL, contou com uma sala, computadores e auxílio de funcionários para a realização de suas funções e o cumprimento das metas propostas pela diretoria. Além dessa infra-estrutura situada na PUC-SP, a UNICAMP, instituição do vice-presidente e do tesoureiro, também ofereceu significativo apoio infraestrutural. A combinação das duas bases institucionais permitiu que, durante 2 anos, conforme demandam os princípios estabelecidos pelo Estatuto da Associação, a ges-tão atuasse de maneira efetiva em várias frentes: política, acadêmica, científica, editorial e financeira, dialogando com os PPGs e os GTs, as duas vertentes motivadoras e concretizadoras da existência e do funcionamento da Associação.

As realizações da gestão, detalhadas resumidamente a seguir, revelam a maneira de atuar coletivamen-te e a contribuição para a mais importante entidade representativa da Área de Letras e Linguística. Naquele momento, o site da ANPOLL tornava transparentes cada uma das atividades desenvolvidas.

3 Atuação acadêmica e política

3.1 Discussão a respeito Tabela de Área do Conhecimento/CNPq

Dentre os assuntos relacionados à área, envolvendo os PPGs e os GTS, a ampla discussão sobre a Tabe-la de Área do Conhecimento/CNPq foi, sem dúvida, um importante e candente assunto, de enverga-

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dura política, científica e acadêmica, assumido e conduzido pela ANPOLL, na gestão 2004-2006, e que envolveu toda a área: os PPGs, os Gts e as três outras associações - Associação Brasileira de Literatura Comparada/ABRALIC, Associação Brasileira de Linguística/ABRALIN, Associação de Linguística Aplicada do Brasil/ALAB.

As discussões, realizadas presencialmente e por e-mail durantes muitos meses, culminaram numa reu-nião realizada no 17/10/05 entre os presidentes da ABRALIN, da ABRALIC, da ALAB e da ANPOLL que, enquanto associações da área, discutiram possibilidade de contrapor à Tabela de Áreas apresen-tada pelo CNPq uma tabela que contemplasse as especificidades e as reais necessidades da Área. Para tanto, consideraram as manifestações organizadas a partir de várias instâncias e, também, o documen-to do CNPq que explicitava a última fase de acolhida de sugestões para a definição da tabela. Cada um dos presidentes apresentou documento ou documentos que representavam as reivindicações de seus associados e, também, as divergências existentes. Depois de muita ponderação e reconhecimento da dificuldade para contemplar reivindicações tão detalhadas e específicas, os presidentes chegaram a um documento, que foi enviado ao CNPq duas vezes, na medida em que, em fevereiro de 2006 houve mu-dança do presidente da Comissão Especial de Estudos para Classificação das Áreas do Conhecimento/ CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e a necessidade de reenvio. A seguir, o documento enviado ao CNPq em 30/03/2006, reproduzido para demonstrar que, há exatos 8 anos, a Associação já discutiu a questão com toda a comunidade, enviou os resultados para o CNPq, mas a tabela continua a mesma.

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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM LETRASE LINGUÍSTICA

Ao Presidente da Comissão Especial de Estudos para Classificação das Áreas do Conhecimento CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico [email protected] C/c Prof. Dr. Erney Camargo  DD. Presidente do [email protected]

Assunto: Tabela de Área do ConhecimentoContribuições da Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC), da Associação Brasilei-ra de Linguística (ABRALIN), da Associação de Linguística Aplicada do Brasil (ALAB) e da Associa-ção Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Letras e Linguística (ANPOLL)Reenvio/Justificativa

Na qualidade de presidente da ANPOLL – Associação Nacional de Pós-Graduação e Letras e Linguís-tica – e tendo sido informada da substituição do presidente anterior da Comissão Especial de Estudos

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para Classificação das Áreas do Conhecimento, sem que a questão da Grande Área de Linguística Letras e Artes estivesse resolvida, reenvio nosso documento original (que foi entregue na época deter-minada anteriormente), para facilitar o trabalho da nova presidência.

Colocando-me à disposição para os esclarecimentos que se fizerem necessários, reitero meus votos de estima e consideração.

Profª. Drª. Beth BraitPresidente da ANPOLL –

Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística

Prezado Presidente

Na qualidade de Associações Científicas representativas na área de LINGUÍSTICA, LETRAS E ARTES, a Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC), a Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN), a Associação de Linguística Aplicada do Brasil (ALAB) e a Associa-ção Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Letras e Linguística (ANPOLL) reuniram-se para discutir a Nova Tabela das Áreas do Conhecimento apresentada pelo CNPq e elaborar um subs-titutivo que contemplasse melhor as especificidades e as reais necessidades dos pesquisadores atuantes nesta área.

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Depois de examinar detidamente a Nova Tabela proposta e após ampla consulta à comunidade cien-tífica abrangida por estas associações, consideramos que a formulação a seguir é a que melhor nos atende. Logo após o substitutivo, encontram-se as justificativas sintéticas. Grande Área: Linguística, Letras e Artes (ABRALIC, ABRALIN, ANPOLL); Linguagens e Artes (ALAB)

1. Área – Teoria e Descrição LinguísticaFonética e FonologiaMorfologia e SintaxeSemântica e PragmáticaSocioLinguística e DialetologiaLinguística HistóricaPsicoLinguística e Aquisição da Linguagem

2. Área - Teoria e Análise da LinguagemTeoria da Linguagem VerbalTeoria e Análise do DiscursoTeoria e Análise do TextoSemiótica História das Ideias Linguísticas e dos Estudos sobre LinguagemEstudos de Cognição e Linguagem

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3. Área - Linguística AplicadaEnsino e Aprendizagem de LínguaLinguagem e TecnologiaAlfabetização e LetramentosFormação de Professores de LínguaLinguagem e Práticas Sociais

4. Área – Linguagens e InterfacesEstudos de TraduçãoLexicologia, Lexicografia e TerminologiaEstudos de Políticas e Planejamentos LinguísticosLínguas ClássicasLínguas IndígenasNeuroLinguística

5. Área – Fundamentos dos Estudos Literários História da LiteraturaTeoria da LiteraturaLiteratura ComparadaCrítica Literária

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6. Área – Literaturas de Língua PortuguesaLiteratura BrasileiraLiteratura PortuguesaLiteraturas Africanas de Língua Portuguesa

7. Área – Literaturas de Língua EstrangeiraLiteraturas ClássicasLiteraturas de Língua InglesaLiteraturas de Língua FrancesaLiteraturas de Língua EspanholaLiteraturas de Língua AlemãLiteratura ItalianaLiteratura RussaOutras Literaturas Estrangeiras Modernas

8. Área – Literatura e InterfacesCrítica TextualEnsino de LiteraturaLiteratura Infantil e JuvenilLiteratura e Leitura Literatura e Ciências Humanas

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Justificativa

A Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC), a Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN) e a Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Letras e Linguística (ANPOLL) consideram que a grande área deve manter-se como era (LINGUÍSTICA, LETRAS E ARTES), en-quanto a Associação de Linguística Aplicada do Brasil (ALAB) sente-se contemplada com a nova designação proposta (LINGUAGENS E ARTES).

Quanto às áreas, todas as associações concordam que se devem alterar as áreas e subáreas propostas, mantendo a simetria que sempre existiu entre LINGUÍSTICA e LETRAS, e estabelecendo uma sime-tria também com ARTES: 4 áreas para cada. A partir da grande área, apresentam-se oito áreas. Como Associações Científicas das áreas de Letras e Linguística não nos manifestamos sobre ARTES, visto que há especificidades envolvidas aí, sobre as quais não devemos nos pronunciar. Quanto às designa-ções de área, consideramos que é relevante fazer a seguinte subdivisão:

1. Área – Teoria e Descrição Linguística2. Área - Teoria e Análise da Linguagem3. Área - Linguística Aplicada4. Área- Linguagens e Interfaces5. Área – Fundamentos dos Estudos Literários 6. Área – Literaturas de Língua Portuguesa7. Área - Literaturas de Língua Estrangeira

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8. Área- Literatura e Interfaces

Os estudos linguísticos, considerados a partir de sua tradição, abrangência e multiplicidade, ficam contemplados nas duas primeiras áreas– Teoria e Descrição Linguística e Teoria e análise da Lingua-gem – refletindo as formas como a construção do conhecimento em torno da linguagem efetiva-mente se dá.

A Linguística Aplicada, por sua vez, tem hoje status diferente de “aplicação da Linguística”, cobrin-do campos que vão muito além das reflexões sobre ensino / aprendizagem de línguas. Ainda que sua designação permaneça, sua condição de área especifica está consubstanciada na natureza das pesquisas, na publicação bibliográfica, na formação de pesquisadores, nos Programas de Pós-gra-duação existentes no país, no reconhecimento nacional e internacional de sua condição de campo específico do conhecimento, conforme atesta a existência de associações científicas nacionais e uma internacional. [Ver, na sequência, documento em ANEXO, para maiores detalhes sobre a importân-cia da Linguística Aplicada]

Linguagem e Interfaces procura abranger atividades que, mais explicitamente, estabelecem um diálogo com outras grandes áreas do conhecimento.

Nas quatro subáreas de Fundamentos dos Estudos Literários (Teoria Literária, Literatura Comparada, História Literária, Crítica Literária), estão concentradas mais densamente as atividades referentes aos pressupostos em relação aos quais a produção de conhecimento sobre a literatura está articulada, e a

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partir dos quais se pode gerar e enunciar esta produção e tornar inteligível, em nossa área, o sentido do que se gera e enuncia.

A área designada anteriormente como «Literatura» está reconfigurada, para contemplar duas outras (Literaturas de Língua Portuguesa, Literaturas de Língua Estrangeira), agrupando as literaturas confor-me a língua em que se manifestam e especificando mais as subáreas, de forma a nomear com precisão pelo menos as literaturas mais presentes, especialmente em termos numéricos, nas Instituições de Ensino Superior. Esta especificação permite o reconhecimento de distinções que não apenas são im-portantes para a caracterização de subáreas, mas também facilitam a operacionalização de atividades científicas, didáticas e administrativas nas várias instâncias do sistema científico e educacional brasi-leiro nas esferas federal, estadual e municipal.

Por fim, a área Literatura e Interfaces contempla uma série de atividades que remetem o pesquisador de literatura para outras grandes áreas do conhecimento.Esperando ver atendidas nossas reivindicações referentes à Tabela de Área do Conhecimento, apro-veitamos para reiterar nosso apreço à Comissão Especial de Estudos para Classificação das Áreas do Conhecimento, que apresentou uma proposta e propiciou à Área uma ampla reflexão em torno da produção do conhecimento que se realiza hoje e das denominações que melhor possam descrevê-la.

Cordialmente,Professora Doutora Beth Brait

Presidente da ANPOLL - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Letras e Linguística

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Professor Doutor José Luís JobimPresidente da ABRALIC - Associação Brasileira de Literatura Comparada

Professora Doutora Thaïs Cristófaro SilvaPresidente da ABRALIN - Associação Brasileira de Linguística

Professora Doutora Maria Luiza OrtizPresidente da ALAB - Associação de Linguística Aplicada do Brasil

Anexo

A Linguística Aplicada já está consolidada como área do conhecimento no país. Ela figura como dis-ciplina na Universidade de Michigan desde 1946 (Bohn e Vandresen, 1988) e a partir da década de 60 agrega seus pesquisadores em associações científicas próprias: em 1964, funda-se a Association Internationelle de Linguistique Apliquée (AILA), em 1966 a British Association of Applied Linguistics (BAAL) e em 1977 é fundada a American Association of Applied Linguistics (Celani, 1992). É tam-bém na década de 70 que o Brasil vê nascer o Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas (LAEL) da PUC-SP, criado em 1970, sendo o primeiro programa de Pós-Graduação stricto sensu em Linguística Aplicada fundado no Brasil. E supracitado Programa foi reconhecido como centro de excelência pelo CNPq em 1971 e credenciado pelo Conselho Federal de Educação em 1973. É somente vinte anos após a criação do LAEL, em 1990, que a Associação de Lin-

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guística Aplicada do Brasil (ALAB) é formalmente criada, “evidenciando que há um número de pessoas que se reconhecem como membros de um mesmo grupo e que há um corpo de pesquisas que merece reu-niões e discussões” (Celani, 1992: 16). Hoje, no Brasil e no mundo, a LA – um campo de investigação caracteristicamente transdisciplinar e voltado a objetos de pesquisa que se caracterizam como solu-ções para problemas sociais de ordem Linguística – é campo consolidado e produtivo.

Há, também, um aumento quantitativo de programas de pós-graduação em Linguística Aplicada no país, além da inserção dessa disciplina ou de disciplinas afins nas grades curriculares da graduação. Dentre os 100 Programas de Pós-Graduação (M/D) brasileiros da grande área de Letras e Linguística, reconhecidos e avaliados pela CAPES (avaliação trienal de 2004), seis deles são de LA, recobrindo o Brasil de norte a sul, como mostraremos a seguir;

A Linguística Aplicada nos programas brasileiros de Pós-graduação; Programas cuja identidade e au-todenominação é a Linguística Aplicada e que, em consequência, apresentam áreas de concentração e linhas de pesquisa relacionadas estritamente à Linguística Aplicada.

• Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem – PUC/SP • Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada – UNICAMP • Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada – UFRJ • Programa de Mestrado em Linguística Aplicada – UNB • Programa de Mestrado Acadêmico em Linguística Aplicada – UECE

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• Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada – UNISINOS • Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada – UNITAU

Acresça-se a isso que muitos programas de Letras e Linguística têm como linhas de pesquisa a LA ou seus campos de investigação. Linguística Aplicada como Área de Concentração (AC) Os programas citados abaixo apresentam áreas de concentração em subáreas da Linguística Aplicada, dispõem de linhas de pesquisa aplicada condizentes, mas não estão listados no item Linha de Pesquisa, que será apresentado a seguir abaixo:

• Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística – UFBA • Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Linguísticos – UFMG • Programa de Pós-Graduação em Letras – UFF • Programa de Pós-Graduação em Linguística – UFU • Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem – UFRN • Programa de Mestrado em Letras – UCPEL • Programa de Pós-Graduação em Letras – UFSM • Programa de Pós-Graduação em Letras: Inglês e Literatura Correspondente – UFSC • Programa de Mestrado em Estudos Linguísticos – UNESP/S. J. do Rio Preto • Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem – UEL • Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística – UFG

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A Linguística Aplicada como Linha de Pesquisa (LP);Em alguns Programas de Pós-graduação a Linguís-tica Aplicada só aparece como linha de pesquisa.

• Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística – UFAL • (Aquisição de Linguagem e Ensino de Línguas) • Programa de Pós-Graduação em Letras – UFPE • Programa de Pós-Graduação em Letras – UEM • Programa de Pós-Graduação em Linguística e Língua Portuguesa – UNESP/Araraquara • (Ensino de Língua Portuguesa) • Programa de Pós-Graduação em Letras – UNESP/Assis (até 2003) • Programa de Pós-Graduação em Língua e Literatura Italiana – USP • (Linguística Aplicada à Língua Italiana) • Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos e Literários em inglês – USP

A Demografia Curricular1 da Plataforma Lattes não permite buscas por subárea (condição em que se encontra a LA na tabela de áreas do conhecimento em vigência – subárea da Linguística), mas organi-zando uma busca de orientações concluídas na área de titulação máxima em Linguística de trabalhos voltados para o setor de Educação, objeto de estudo este majoritário na LA brasileira hoje, constatamos que a comunidade de pesquisadores voltada para este campo principal de pesquisa da LA (linguagem e educação) é bastante maior e possui grande vitalidade. Veja-se, a título de exemplo, a Tabela 1:

1 Atualizada em 2002.

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Tabela 1: Resultados da busca* por “orientações concluídas” por pesquisadores com titulação má-xima em Linguística para o Setor de Educação

Instituição DO ME ESP Graduação ICPUC-SP 247 890 362 459 533UNICAMP 279 1137 596 517 818USP 356 1271 491 549 861UNISINOS 39 144 56 136 54UnB 129 555 179 101 382UFRJ 181 772 366 346 493TOTAL 1231 4769 2050 2108 3141

*Busca realizada na página de Demografia Curricular da Plataforma Lattes, em 12/10/2005, http://demografia.cnpq.

br/dmcurriculo/

A Tabela 1 demonstra a vitalidade da formação, sobretudo inicial, em um dos campos principais de investi-gação da LA – os estudos linguísticos voltados para a Educação: foram concluídos, até 2002, 1231 trabalhos de formação final (DO) e 12068 trabalhos de formação inicial ou intermediária, com ênfase em ME (4769) e IC (3141). É de se notar, nesta tabela, que mesmo instituições como a USP, que não tem Programas de Pós-Graduação em LA, mas em Linguística simplesmente, tem uma produção considerável de trabalhos deste tipo, sobretudo nos títulos valorizados (DO e ME). Os dados de IC, somente batidos pelos de ME, demonstram a continuidade da vitalidade da formação, nas instituições com Programas em LA.

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Portanto, trata-se de uma área de investigação viva e produtiva, que traz à luz muitos trabalhos importantes para o cenário nacional e forma pesquisadores com vitalidade. Isto também é demonstrado pela existência da ALAB – Associação de Linguística Aplicada do Brasil – filiada à AILA – Association Internationelle de LA –, que realiza congressos bienais, e pela existência de 07 periódicos brasileiros indexados e avaliados pelo QUALIS destinados à publicação de trabalhos na área de LA, além de inúmeros internacionais2:

Tabela 2: Periódicos brasileiros de LA indexados no Qualis/CAPES*

ISSN Título Classificação Circulação Instituição0102-4450 D.E.L.T.A. A Nacional PUC-SP0103-1813 Trabalhos em LA A Nacional IEL/UNICAMP1676-0786 Revista Brasileira de LA B Nacional UFMG1679-8740 Caleidoscópio: Revista em LA B Nacional

1413-4055 Intercâmbio B Nacional PUC-SP

0102-7077 ESPecialist, The B Nacional PUC-SP

0103-7776 Horizonte de LA C Local UnB

*Busca realizada na página do QUALIS/CAPES, em 12/10/2005, http://qualis.capes.gov.br/

2 Como, por exemplo, o International Journal of Applied Linguistics (A) e os Etudes de Linguistique Appliquée (ELA) (C).

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A título de ilustração, há um livro de 641 páginas, editado em 2002 pelo Prof R. Kaplan, que é Emeritus Professor of Applied Linguistics na University of Southern Califórnia, intitulado The Oxford Handbook of Applied Linguistics, publicado pela Oxford University Press. Também há um novo periódico, Journal of Applied Linguistics JAL, editado por C. Candlin e S. Sarangi (www.equi-noxpub.com). Muitos dos nossos pesquisadores estão associados à AILA, BAAL (British Associa-tion of Applied Linguistics), ou a AAAL (a associação americana), a ALAA (Applied Linguistics Association of Australia), Association Française de Linguistique Appliquée, a ACLA (Association Canadienne de Linguistique Appliquée), dentre outros. Há de se ressaltar também que a Linguís-tica Aplicada é um campo que se tem definido, mais recentemente, por seus objetos de investiga-ção – problemas linguísticos de impacto social – e por sua caracterização teórico-metodológica eminentemente discursiva e transdisciplinar, pela consolidação de grupos de pesquisa impulsio-nados (associados em grupos de trabalho (GTs)) na ANPOLL, com crescente participação em congressos e seminários; as publicações científicas se firmam, aumentam e buscam níveis altos de qualidade; e os projetos de intervenção crescem.

Todos esses dados qualificam a LA como uma área constituída no Brasil que realiza e divulga pesqui-sas subsidiadas, forma quadros e emite títulos, realiza convênios interinstitucionais nacionais e inter-nacionais, tem programas de pós-graduação reconhecidos e avaliados pela CAPES e tem, portanto, figura jurídica de impacto político na Ciência e Tecnologia brasileira. Essas são razões, a nosso ver, mais do que fortes para mantê-la como área de conhecimento que possa abrigar esses quadros forma-dos e produtivos.

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Assim, o reconhecimento da Linguística Aplicada como área de conhecimento repercutiria positiva-mente na identificação não apenas de pesquisadores, mas, principalmente, na indicação mais pontual de pareceristas, solucionando um dos entraves encontrados por vários linguistas aplicados que, por conta das interfaces naturais que a Linguística Aplicada tem como área transdisciplinar, veem seus pe-didos e projetos equivocadamente encaminhados a especialistas de outras áreas (como a da Educação, para citar apenas uma). Ao reconhecer a Linguística Aplicada como área de conhecimento, o processo avaliativo de mérito poderia ser acentuadamente aprimorado.

4. Eventos

A principal característica da ANPOLL é associar Programas de Pós-Graduação em Letras e Linguís-tica. Em 2005, havia 83 (oitenta e três) Programas filiados à ANPOLL. Por outro lado, na dinâmica intelectual e acadêmica da Associação, o fundamental é o trabalho dos GTs (Grupos de Trabalho) te-máticos que integram a Associação e que, naquele momento, eram 31 (trinta e um). Uma das formas de congregar Programas de Pós-Graduação e GTs, com a finalidade de discutir as questões políticas e acadêmicas pertinentes à área, é a realização anual do Encontro Nacional da ANPOLL. Assim, a gestão 2004-2006 realizou dois encontros nacionais, não apenas seguindo a tradição, mas oferecendo à co-munidade a oportunidade de discutir dois temas de fundamental importância naquele momento, de modo a interligar os interesses da área, a avaliação da atuação da ANPOLL, a avaliação das agências de fomento e, por meio do questionamento da denominação das áreas, subáreas e especialidades, o estatuto epistemológico, teórico e prático dos saberes envolvidos.

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Sendo 2005 o ano ímpar da gestão, portanto momento do encontro político, o tema escolhido para o XX Encontro Nacional da ANPOLL foi 21 Anos de ANPOLL: retrospectiva e perspectivas. Para o ano de 2006, seguindo a tradição dos anos pares, o tema escolhido para XXI Encontro Nacional da ANPOLL, foi Domínios do saber: história, instituições, práticas, escolha motivada pela necessidade de aprofundar a discussão a respeito das áreas do conhecimento e suas denominações.

4.1 XX Encontro Nacional da ANPOLL - 21 Anos de ANPOLL: retrospectiva e perspectivas - 19 a 22/06/2005

4.1.1 ProgramaO Programa esteve organizado como segue. No dia 19/06, domingo, houve a recepção dos participantes no hotel. No dia 20/06, segunda-feira, às 9h, Sessão de Abertura no TUCA/PUC-SP, com autoridades da PUC-SP. Às 9h30, conferência, A avaliação nas Humanidades, proferida pelo filósofo e Diretor de Avaliação da CAPES, Prof. Dr. Renato Janine Ribeiro, no TUCA/PUC-SP. Das 12h30 às 14h almoço. Das 14h às 16h Mesa-redonda: Políticas de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística, TUCA-RENA/PUC-SP, coordenada por Beth Brait, tendo como participantes os professores doutores: Luiz Antônio Marcuschi - Representante de Letras e Linguística na CAPES; Regina Zilberman - Represen-tante de Letras no CNPq; Marisa Lajolo - Representante de Letras e Linguística na FAPESP; Amanda Eloina Scherer – Membro do Comitê de Consultores da FINEP/MCT. 16h Pausa para o cafezinho, Tucarena/PUC-SP. Das 16h30 às 18h Encontro de coordenadores de Programas de Pós-Graduação, Auditório 333/PUC-SP; Encontro de coordenadores de GTs, Auditório 239/PUC-SP; Reunião da Co-

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missão e do Conselho da Revista da ANPOLL, Auditório BANESPA/PUC-SP; Reunião do Conselho da ANPOLL, Auditório João Ramalho/COGEAE. Das 18h às 20h, Conferência, A língua na imprensa: as colunas e observações esparsas de não especialistas, proferida pelo Prof. Dr. Sírio Possenti, TUCA/PUC-SP. Às 20h30, Pizza paulistana: lançamento de livros e dos números 18 e 19 da Revista da AN-POLL; Espaço Veridiana/Higienópolis. No dia 21/06, terça-feira, às 9h às 12h30, mesa-redonda: 21 anos de GTs ANPOLL: retrospectiva e perspectivas, coordenada por Sírio Possenti, tendo como parti-cipantes 5 coordenadores de GTs, de diferentes regiões do Brasil, escolhidos, pela representatividade, por seus pares, TUCARENA/PUC-SP. 12h30, almoço. Das 14h às 16h, mesa-redonda: Coordenadores de Programas: 21 anos de ANPOLL: retrospectiva e perspectivas coordenada por Eduardo Guimarães e tendo como participantes 5 coordenadores de Programas de Pós-Graduação, de diferentes regiões do Brasil, escolhidos, pela representatividade, por seus pares, TUCARENA/PUC-SP. Às 16h, pausa para o cafezinho, Saguão do TUCARENA/PUC-SP. Das 17h30 às 20h, Conferência, Literatura e sociedade: produzir/ensinar/estudar literatura hoje, proferida pelo Prof. Dr. José Luís Jobim/ UERJ/UFF, TUCA/PUC-SP. 20h30 Jantar paulistano. Dia 22/06 às 9h, Assembleia Geral Ordinária da ANPOLL, TUCA-RENA/PUC-SP. Das 14h às 16h, mesa-redonda Publicações da ANPOLL: retrospectiva e perspectivas, coordenada por Pedro Brum Santos, tendo como participantes os professores doutores Maria Auxi-liadora Bezerra/UFCG - Prêmio ANPOLL; Márcia Abreu/ UNICAMP - Perfil das publicações da Área; José Luiz Fiorin/USP – QUALIS; Maria Célia Leonel/ UNESP-Araraquara e Edna Fernandes do Nasci-mento/ UNESP-Araraquara - Revista da ANPOLL, CDs e Anais, TUCARENA/PUC-SP. Às 16h, pausa para o cafezinho, Saguão do Tucarena/PUC-SP. Às 17h30, Sessão de Encerramento/TUCARENA.

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4.1.2 Características Conforme atesta o Programa, coordenadores de Pós-Graduação, coordenadores de GTs e represen-tantes das agências e fóruns responsáveis pela pesquisa no país reuniram-se para debater a situação de Letras e Linguística, a atuação da ANPOLL nos seus 21 anos de existência e, principalmente, as perspectivas diante das necessidades e exigências da realidade brasileira.

Os objetivos do XX Encontro Nacional da ANPOLL, inteiramente atingidos, podem ser assim resumi-dos: 1) discutir as políticas de pós-graduação e pesquisa da Área; 2) avaliar a atuação da ANPOLL nos 21 anos de sua existência e traçar políticas futuras; 3) possibilitar o encontro de 80 coordenadores de Programas e dos 30 de GTs, com a finalidade de avaliar o estado atual dos estudos pós-graduados e da pesquisa no país; proporcionar e estabelecer o diálogo entre os coordenadores, confrontando pontos de vista e traçando um mapa nacional das especificidades, semelhanças, diferenças e necessidades da Área. Por meio de suas diferentes atividades, um diagnóstico do estado atual da Área, assim como o planejamento a curto e médio prazo de políticas ligadas à avaliação, à produção intelectual, ao ensino, às necessidades específicas de cada região e do território nacional como um todo.

Como resultado e consequência, o XX Encontro Nacional da ANPOLL contribuiu para a Pós-Gradua-ção e para a Pesquisa no que diz respeito à: 1) troca de experiências entre os 80 Programas existentes no país; 2) troca de experiências entre os 30 GTs inscritos na ANPOLL; 3) discussão sobre a produção intelectual da Área em suas especificidades e em confronto com as demais áreas; 4) discussão sobre a inserção regional e nacional dos Programas de Pós-Graduação; discussão sobre a inserção interna-cional dos Programas de Pós-Graduação; avaliação da Área; perspectivas de atuação. Nesse sentido,

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promoveu o intercâmbio científico e acadêmico, proporcionando ao conjunto da Área formas de tra-tar temas diretamente ligados aos interesses da pós-graduação e da pesquisa do país todo. A discussão aconteceu a partir da realidade dos Programas, dos GTs e da maneira como as agências de fomento e os fóruns responsáveis pela pesquisa vêm conduzindo, direcionando e incentivando a produção de conhecimento Letras e Linguística.

4.1.3 Atividades RealizadasAs três conferências realizadas durante o XX Encontro inovaram de duas maneiras em relação aos encontros anteriores: no sentido de colocar num maior espaço de tempo apenas um especialista, não havendo atividades paralelas; e também no sentido de o expositor não ser apenas um técnico de uma agência de fomento. Elas foram pensadas como forma de organizar os temas acadêmicos de interesse geral, apresentados a partir de especialistas: um Filósofo diretor de avaliação, um Linguísta e um estu-dioso da Literatura, os três com reconhecimento unânime na Área.

(i) Renato Janine Ribeiro/USP, filósofo e pesquisador, que no momento exercia função de Diretor de Avaliação na CAPES, intitulou sua conferência A avaliação nas Humanidades. Considerando-se a avaliação como questão de interesse geral, na medida em que situa o que o país entende por pesquisa e pós-graduação e o que a Área reconhece como excelência, produtividade e atuação, essa conferência ofereceu a seus 250 participantes a oportunidade de conhecer e debater os novos rumos da avaliação, bem como incorporar as informações aos debates que tiveram continuidade ao longo do XX Encontro Nacional. O conferencista apresentou e discutiu os principais problemas da avaliação, incluindo a indução da pesquisa e da formação avançada de recursos humanos nas Humanidades, a necessidade

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e a dificuldade de uma avaliação qualitativa de livros, principal produto da área de Letras e Linguís-tica e também das Humanidades em geral. Observou que sem esse exame a Área ficaria reduzida a considerar apenas os periódicos, que nem sempre são o que as áreas de Humanidades produzem de mais importante, e que dessa discussão dependeria o futuro do livro de pesquisa. [Acrescento que essa forma de avaliação se concretizou nos dois últimos triênios da Avaliação CAPES]. Também fez consi-derações sobre a originalidade nas Humanidades, afirmando que não se vivia um momento mundial de grande criatividade, o que tornava a internacionalização - que é um meio para aferir e aumentar a qualidade, não um fim em si - bastante problemática. Afirmou, ainda, que nem sempre quem se in-ternacionaliza mais é quem cria o novo, sinalizando que esse é um problema particularmente agudo em nosso lado do conhecimento científico. Essa palestra marcou o XX Encontro Nacional da AN-POLL, não apenas pelo seu conteúdo crítico, informativo e pertinente para a Área, mas especialmente porque, diferentemente dos outros encontros, permitiu que uma única pessoa, especialista e técnico, expusesse um tema para todos os participantes.

(ii) Sírio Possenti/UNUCAMP, especialista em linguística, em análise do discurso e que mantém, além de seus trabalhos estritamente acadêmicos, colunas em que discute a forma como a língua é vista para além da academia, foi o segundo conferencista. No final do primeiro dia do encontro, também no TUCA, sob o título A língua na imprensa: as colunas e observações esparsas de não especialistas, o conferencista apresentou um conjunto de informações e de análises, com o objetivo de mapear as-pectos dos principais discursos sobre língua que podem ser identificados na mídia, tanto nas colunas jornalísticas e nas emissões radiofônicas e televisivas, quanto nas próprias matérias jornalísticas que, eventualmente, toquem em questões de linguagem. O objetivo, muito bem realizado, foi contrapor

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textos de divulgação científica com os que tratam de linguagem. Ficou demonstrado que as observa-ções sobre linguagem na mídia não ultrapassam o discurso normativo, seja no que se refere a aspectos gramaticais, seja quando se trata de temas como a criação lexical, a natureza das metáforas e a suposta falta de objetividade ou de precisão que elas produzem. A exceção a essa postura são as raras notícias que associam a linguagem a sua contraparte biológica, mas que, nesse caso, são reflexões sobre biolo-gia e não sobre linguagem. Essa conferência tocou num ponto importante para os estudiosos da lin-guagem, ou seja, o fato de que, na mídia, a maioria dos jornalistas se acha no direito de legislar sobre formas de falar e escrever, fazendo críticas, posicionando-se, muitas vezes, preconceituosamente em relação a diversos falares, sem se dar conta dos erros que cometem enquanto exercitam a função de “guardiães da língua”.

(iii) José Luís Jobim/UFF/UFRJ, especialista em literatura e que era, na ocasião, presidente da ABRA-LIC – Associação Brasileira de literatura Comparada proferiu a última conferência, realizada no Tuca no final da tarde do dia 21/06. A partir do título Literatura e sociedade hoje: produção/ensino/estudo, Jobim procurou demonstrar que o termo literatura, em sua etimologia, mantém uma forte relação com a escrita e que em relação ao caráter necessariamente transitório e finito de cada vida humana, a escrita introduz uma possibilidade de continuidade para além da morte dos escritores, o que não era possível na oralidade antiga, pois apenas recentemente passamos a dispor de tecnologias capazes de gravar a voz humana. Com base nessa reflexão, afirmou que essa perspectiva cria um problema teóri-co, na medida em que podemos, além dos textos escritos hoje, ler as obras do passado, materialmente disponíveis para os nossos olhos, acreditando ter acesso imediato a elas, sem atentar para uma série de mediações, tais como os efeitos de temporalidades que se cruzam na própria leitura; da simultaneida-

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de do não-contemporâneo; das diferenças do passado, vistas sob a ótica do presente. Observou, ainda, que não se pode perder de vista o fato de que, quando se tenta compreender um fenômeno histórico a partir da distância histórica que é característica de nossa situação de compreensão, sempre se está afetado pela história, pois ela determina previamente tanto o que nos parece importante investigar quanto o que vai aparecer como objeto de investigação. A partir dessas reflexões, desenvolveu os se-guintes tópicos: 1) os sentidos da literatura hoje (produção, ensino, estudo); 2) a literatura e o meio digital (problemas e perspectivas). Também essa conferência, que contou com um intenso debate, representou um momento importante para todos os participantes do XX Encontro, considerando que tocou em aspectos da escrita e de outros suportes característicos da atualidade, fundamentais para todos que se interessam por linguagem, e não apenas para os estudiosos da literatura.

As quatro mesas-redondas refletiram o espírito do ano ímpar, possibilitando à ANPOLL juntar pesso-as da área ligadas às agências de fomento, as quais explicitaram as políticas em andamento e a forma como os interesses da área são contemplados ou não. As exposições apresentadas nessas mesas trou-xeram aspectos essenciais para se pensar as políticas da área em vários sentidos. A discussão suscitada no público demonstrou a maneira como a área se relaciona com as agências de fomento e como as agências contemplam a área.

(i) Políticas de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística foi a primeira mesa, composta em fun-ção da necessidade da ANPOLL apresentar sua posição diante das políticas existentes e das formas de dinamizá-las em benefício da Área. O objetivo foi apresentar uma visão ampla das políticas das agências de fomento e possibilitar a consequente discussão dos rumos adotados e das rotas a serem modificadas.

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Luiz Antônio Marcuschi/UFPE intitulou sua conferência Aspectos da Pós-Graduação em Letras e Lin-guística: A vontade política dos cursos numa política de avaliação, tendo discorrido sobre o acompa-nhamento e a avaliação permanente dos Cursos de Pós-Graduação como fatores decisivos para o crescimento ordenado. Demonstrou que a avaliação não é um ato espontâneo, mas um ato de vontade política, de forma que seus critérios devem ser pensados pela comunidade. Considerou que naquele momento em que a CAPES promovia mudanças nos critérios de avaliação, tornava-se imprescindível que a área explicitasse sua posição, refletindo sobre: O que pontuar? Como pontuar? O que vale mais e o que não deveria contar? Quais os critérios para a avaliação de anais e congressos com o objetivo de constituir um QUALIS ao modo do que há para os periódicos? Além disso, reintroduziu a discussão a respeito do Mestrado Profissional nas áreas de L&L, visando um posicionamento mais claro da área. Apresentou, ainda, alguns elementos para definição do perfil de Cursos de PG em L&L e para as exi-gências para abertura de um Curso Novo.

(ii) Marisa Lajolo/IEL/UNICAMP deu à sua exposição o título de As letras entre a ficção e a instituição, apresentando dados relativos a investimentos recentes da FAPESP na pesquisa em Letras e Linguís-tica, cruzando-os com imagens de profissionais e de situações da área, presentes em obras de ficção: Invertendo os papéis (1975;1998), de David Lodge; As alegres memórias de um cadáver (1979), do bra-sileiro Roberto Gomes; Cuts (1987), de Malcom Bradbury ; Código Da Vinci (2003), de Dan Brown; The Dante Club (2004), de Matthew Pearl. Articulando esses dois tipos de informação, a pesquisadora discutiu algumas imagens e modos de ser da área de Letras e Linguística, contribuindo para um diag-nóstico e eventual projeto de reformatação institucional e epistemológica.

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(iii) Regina Zilberman, então professora da PUCRS, intitulou sua apresentação de Bolsa ou auxílio?, discorrendo sobre a participação da Área de Letras e Linguística nos editais do CNPq. Demonstrou que nos mais recentes daquele momento - Edital Universal e Edital Ciências Humanas e Sociais - a área de Letras e Linguística não ultrapassou 7% do total bruto das solicitações. Desses 7%, a subárea de Letras não ultrapassou 40% dos pedidos, ficando entre os segmentos mais tímidos do conjunto. Mos-trou ainda que na reunião do CA-LL, realizada em novembro de 2004, a demanda de bolsas da área de Letras ultrapassava em 25% a de Linguística. A partir desses dados, apresentou algumas questões: por que as bolsas são preferidas na subárea de Letras? Que pesquisas são produzidas pelas duas subáreas? Que representatividade tem a área de Letras e Linguística no conjunto do CNPq? Sua exposição, assim como o debate que se seguiu, consistiu justamente discutir esses aspectos.

(iv) Amanda E. Scherer/UFSM, para finalizar as apresentações da mesa discutiu Quem somos nós em Ciência e Tecnologia? A partir de sua experiência em reuniões de seleção pública de proposta para implementação de projetos institucionais de implantação de infraestrutura de pesquisa/MCT/FINEP/FNDCT, apresentou alguns pontos importantes para a reflexão sobre ciência e tecnologia na área de Letras e Linguística, tentando responder às seguintes perguntas: a) A área de Letras e Linguística tem visibilidade e representatividade? A demanda da área é qualificada? Qual seria o lugar para se pensar as tecnologias e como elas se produzem nessa área institucionalmente?

As duas mesas seguintes permitiram que coordenadores de Programas e de GTs pudessem debater temas do interesse de todos - 21 anos de GTs da ANPOLL: retrospectiva e perspectivas e 21 anos de ANPOLL: retrospectiva e perspectivas. Para que a discussão fosse qualificada e atingisse seus objetivos,

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a organização do XX Encontro Nacional estabeleceu uma sistemática inédita: os coordenadores, ao longo dos meses que antecederam o Encontro, foram incentivados pela diretoria a estabelecer contato, discutir e planejar as mesas. Dado o número de participantes-coordenadores, a organização previu dois tipos de atividades protagonizadas por eles – dois encontros “informais”, acontecidos na tarde do primeiro dia, para que pudessem se defrontar, depois de meses de contato por e-mail, e duas também mesas organizadas e protagonizadas por eles. A organização física e temática se deu a partir da suges-tão das discussões “longitudinais” que estabeleceram, pelo diálogo, a composição das mesas e os temas representativos dos Programas e GTs, respectivamente.

A coordenação das mesas coube a membros da ANPOLL, mas a composição e os temas foram suge-ridos por todos, de comum acordo. Consideramos essa uma forma de, a partir de uma temática geral, envolver a área na seleção de pares representativos, de temas de importância geral e de textos que provocassem discussões essenciais para a consecução dos objetivos do XX Encontro Nacional. De fato, a sistemática mostrou-se proveitosa. Não apenas as mesas aconteceram como, a partir delas, foram criadas duas comissões encarregadas de manter o diálogo e o contato com a ANPOLL durante o ano todo, nos intervalos entre os eventos. Uma das comissões foi formada por coordenadores de GTs e ou-tra por coordenadores de Programas, ambas organizadas a partir das mesas apresentada na ANPOLL.

A mesa intitulada 21 anos de de GTs da ANPOLL: retrospectiva e perspectivas, foi coordenada por Sírio Possenti e contou com a participação dos seguintes coordenadores de GTs indicados pelos pares pela re-presentatividade e pela região: Aryon Dall’Igna Rodrigues/UNB; Maria Eunice Moreira/PUCRS; Lúcia Teixeira/UFF; Fábio Alves/ UFMG. Os objetivos da mesa foram: 1) analisar, seguindo a programação

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do Encontro, em primeiro lugar, aspectos da história dos Grupos de Trabalho, as diversas formas de atu-ação e os resultados. Em segundo lugar, as propostas dos participantes da mesa, a partir de discussões já efetuadas entre os coordenadores, suas teses sobre o funcionamento dos GTS, aspecto que permitiu incluir novas perspectivas e formas alternativas de atuação. A temática da mesa, levando em conta os objetivos, resultou de debate desenvolvido via e-mail durante os meses que antecederam o XX Encontro entre todos os coordenadores de GTs que quiseram manifestar-se. O coordenador exerceu o papel de distribuir, enfatizar e questionar posições apresentadas, com o objetivo de fazer com que, chegado o encontro, a mesa não se dispersasse. A escolha dos nomes que vieram a compor a mesa resultou, igual-mente, de propostas ou de candidaturas que foram aceitas. Na véspera da realização da mesa-redonda, houve um encontro dos coordenadores, para que pudessem, eventualmente, refinar os discursos.

Aryon Dall’Igna Rodrigues3, fundamentalmente, apresentou uma história dos GTs, com ênfase em sua concepção inicial. Deixou claro de ponto de vista segundo o qual se deveria distinguir claramente os GTs – grupos com planos de trabalho com tempo determinado para sua execução – de “associações” e área.

Maria Eunice Moreira narrou a experiência de seu GT, que pode ser assim resumida: começou com um grupo pequeno de pesquisadores, que realizou trabalhos relevantes para a área no país, na pós-gradua-ção, mas que, aos poucos, cresceu talvez exageradamente, o que acaba por produzir um paradoxo: por um lado, o grupo cresceu em decorrência do trabalho; por outro, com o atual número de pesquisadores ligados ao GT, ele não pode mais funcionar segundo o formato que resultou em seu sucesso.3 No momento que escrevemos a história dessa gestão, lamentamos o falecimento desse grande linguista e pesquisador, que muito contribuiu para a Área e que se dispôs a participar dessa mesa do XX Encontro.

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Fábio Alves mostrou que, no caso do GT do qual participa, os trabalhos do GT permitiram que se chegasse à criação de uma associação nacional que une profissionais da tradução. Ou seja: sem o GT, a associação não existiria, mas o GT não pode se confundir com a Associação.

Lúcia Teixeira discorreu sobre diversas questões que foram problematizadas durante o debate anterior, com ênfase na questão política, já um pouco antiga, e que pode ser assim resumida: qual o lugar e o papel dos GTs na ANPOLL e sua relação com os Programas que mantêm e se associam na ANPOLL? Propôs que a questão fosse estudada e que, eventualmente, em um próximo encontro, se discutisse a possibilidade de alteração dos Estatutos, nos capítulos que se referem aos GTs. Além dos expositores e dos demais participantes dessa atividade, é preciso destacar o envolvimento direto de coordenadores de GTs de São Paulo/interior: Edwiges Morato/UNICAMP, João Batista Toledo Prado, Sílvia Telarolli e Luiz Gonzaga Marchezan/UNESP-Araraquara.

Aberto o debate, houve diversas manifestações. O resultado mais concreto foi a criação de uma comis-são, composta pelos por coordenadores de GTs, com a incumbência fundamental de apresentar um estudo e uma proposta para o XXI Encontro da ANPOLL.

A outra mesa, Programas de Pós-Graduação: 21 anos de ANPOLL: retrospectiva e perspectivas, foi coor-denada por Eduardo Guimarães/UNICAMP e contou com a participação dos seguintes coordenadores de Programa Ana Maria Domingues/UNESP-Assis; Célia Pedrosa/UFF; Belmira Magalhães/UFAL; Prof. Rogério Lima/UNB. Além dos expositores e dos demais participantes dessa atividade, é preci-so destacar o envolvimento direto dos coordenadores Karen Volobuef/UNESP-Araraquara; Arnaldo

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Franco Júnior/UNESP- São José do Rio Preto; Paulo Ottoni/IEL/UNICAMP; Gladis Massini-Caglari/UNESP-Araraquara; Mônica Graziella Zoppi-Fontana /IEL/UNICAMP. Os objetivos da mesa foram: 1) discutir o desenvolvimento das atividades de pesquisa e ensino dos programas de pós-graduação da área de Letras e Linguística no Brasil, tendo em vista a qualidade dos trabalhos realizados e a ade-quação das políticas para a área; 2) no plano das perspectivas, pretende-se discutir os meios de tornar mais efetiva a participação da área nos recursos disponíveis nas agências de fomento, sem o que não será possível atender às necessidades futuras da pesquisa; 3) discutir o andamento dos instrumentos fundamentais de política científica para a área de pós-graduação, como a avaliação CAPES e outros correlacionados; 4) refletir sobre as experiências diferenciadas dos diferentes Programas das diversas regiões brasileiras segundo suas especificidades.

Dentre os vários pontos apresentados pelos participantes, que já haviam sido discutidos por e-mail, destacaram-se alguns que foram, depois, aprovados pela Assembleia Geral, traduzindo-se nas seguin-tes demandas: Para a CAPES: 1) flexibilização da utilização de verbas destinadas aos programas, em todas as modalidades de financiamento (PROAP, PROF e PROEX); 2) apoio aos programas de nota 4; 3) explicação sobre a redução do PROAP. Para a representação de área da CAPES: 1) informações sobre os critérios de formação das comissões de avaliação; 2) prorrogação da data do COLETA para o dia 31 de agosto; 3) adoção dos seguintes critérios, para nossa avaliação: a) manter a separação entre indicadores 1 e 2, incluindo a distinção entre ambos no COLETA e revisando o que constitui cada indicador; a) valorização do livro (que deve valer mais do que um artigo); c) adoção da proporção no corpo permanente de 60%, no mínimo, do total do corpo docente; d) discussão para o encaminhamen-to de uma avaliação qualitativa. Para o CNPq: 1) revisão da série histórica nas bolsas de produtividade

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(nas diversas áreas); 2) divulgação dos critérios para mudança de nível. Para a ANPOLL: 1) formação de uma comissão com representantes das sociedades científicas nacionais da área e representantes do CNPq, para tratar da questão da revisão das áreas de conhecimento; 2) discussão da demanda de novos cursos; 3) estudo da distribuição de verbas das agências para as diversas áreas; 4) maior partici-pação e interferência na escolha dos representantes de área; 5) criação de situações intermediárias (isto é, fora dos encontros anuais) de discussão e articulação de propostas; 6) maior participação na geração e articulação de discussões e ações sobre as questões de política científica; 4) maior participação da AN-POLL em questões nacionais; 5) manutenção e aperfeiçoamento da nova estruturação de Encontro da ANPOLL implementada em 2005. Para encaminhamento a outras associações científicas de nossa área (ABRALIC, ABRALIN, ALAB.) e de outras áreas, como possível reivindicação comum de prioridade na alocação de verbas: a) digitalização e disponibilização em rede de livros, acervos, textos e documentos relevantes; b) maior apoio financeiro para atividades de cooperação científica nacional e internacional em nossa área, no desenvolvimento de projetos conjuntos de pesquisa, inclusive no que diz respeito ao deslocamento de pesquisadores para participação de reuniões dos grupos em formação e já formados, com especial ênfase aos que congregam participantes de mais de um estado e mais de uma instituição.

Aberto o debate, houve diversas manifestações. O resultado mais concreto foi a criação de uma co-missão, composta pelos por coordenadores de Programa: Ana Maria Domingues/UNESP, Belmira Magalhães/UFAL, Celia Pedrosa/UFF), Eliana Lourenço/ UFMG, Mônica Zoppi Fontana/UNICAMP, Regina Lamprecht/UFRGS e Rogério Lima/UNB), com a finalidade de organizar a divulgação de in-formações e facilitar o contato e a discussão entre os coordenadores ao longo do ano, preparando também resultados para o XXI Encontro.

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A mesa intitulada Publicações ANPOLL: retrospectiva e perspectivas aconteceu no dia 22/06, no TU-CARENA, coordenada por Pedro Brum Santos/UFSM, com a participação de Maria Auxiliadora Be-zerra/UFCG - Prêmio ANPOLL; Márcia Abreu/UNICAMP - Perfil das publicações da Área; José Luiz Fiorin/USP – QUALIS; Maria Célia Leonel/UNESP-Araraquara – Revista da ANPOLL.

Essa mesa teve os seguintes objetivos: 1) recuperar as principais publicações realizadas no âmbito da AN-POLL ao longo de sua história; 2) refletir sobre a sistemática de publicar através de concursos com vistas a dar divulgação a trabalhos acadêmicos relevantes para a área; 3) comparar as publicações da ANPOLL com perfis de produções da área; 4) discutir o alcance de periódicos acadêmicos na atualidade; 5) pensar uma política de publicações que racionalize a utilização de meios impressos e eletrônicos. Foi pensada e formada levando-se em conta a continuidade de trabalhos que já vinham sendo desenvolvidos e debatidos em Encontros anteriores e que representam aspectos de interesse no que diz respeito às publicações não apenas promovidas pela ANPOLL, mas pela Área como um todo. Por essa razão, foram convidados pes-quisadores que, de alguma maneira, dedicam-se a esses temas há algum tempo, aprofundando aspectos referentes às especificidades das publicações da Área, diretamente ligados às políticas e à Avaliação.

Márcia Abreu/UNICAMP deu continuidade a uma pesquisa que já vem fazendo há algum tempo, apresentando resultados parciais nos Encontros da ANPOLL, caso do quadro da atuação da área de Letras e Linguística no que tange às publicações em periódicos, livros e capítulos de livros, cotejando--o com outras áreas do saber. Com esses dados e a comparação, trouxe subsídios para uma discussão sobre as formas de intervenção da ANPOLL e dos Programas de Pós-Graduação no debate sobre po-lítica de publicações e sobre avaliação da produção da área.

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Maria Auxiliadora Bezerra/UFCG fez um percurso histórico do Prêmio ANPOLL, destinado ao mestre ou doutor cuja dissertação ou tese foi selecionada como melhor, por uma comissão de pesquisadores da área de Letras e Linguística. Idealizado em 1988, na gestão da professora Maria de Lourdes Caval-canti Martini, só foi concretizado em 1992, sob a presidência da professora Tânia Franco Carvalhal, efetivando-se em 1994, na gestão da professora Stella Maris Bortoni. Naquele ano foi premiada a tese de doutorado da professora Jânia Martins Ramos da UFMG. Afirmou, ainda, que esse Prêmio cons-titui uma das ações da ANPOLL para a promoção e divulgação de estudos de língua e literatura. Para os premiados, ele representa o reconhecimento de suas pesquisas acadêmicas, tendo sido outorgado, entre 1994 e 2004, a seis doutores e dois mestres.

José Luiz Fiorin demonstrou que um dos problemas cruciais na avaliação dos Programas de Pós-gra-duação é a questão da comparabilidade dos conceitos atribuídos pelas diferentes áreas. Afirmou que essa questão tem gerado inúmeras discussões no CTC da CAPES e tem oposto os representantes das áreas de Ciências Biológicas e Exatas aos de Ciências Humanas. Uma das acusações feitas por aqueles a estes é que as Ciências Humanas não têm conseguido explicitar critérios de qualidade de sua produção científica, enquanto as demais áreas têm indicadores muito precisos para isso: índices de impacto, etc. Afirmou, ainda, que embora esses critérios estejam sendo postos em questão nos países mais desenvol-vidos, não deixa de ser verdade o fato de que não se conseguiu até o momento chegar a um consenso sobre indicadores de qualidade da produção científica na área de Ciências Humanas. Como os campos do conhecimento são diversos, diferentes são os veículos de divulgação e os tipos de produção mais va-lorizados em cada um deles. Isso significa que não se podem aplicar os mesmos critérios a todas as áreas. Isso não exime, no entanto, cada domínio do saber de ter critérios para aferir a qualidade da produção.

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Com sua exposição, discutiu os problemas envolvidos na avaliação da qualidade no domínio de Letras e Linguística, com vistas ao estabelecimento do QUALIS desse campo do conhecimento, instrumento com que a CAPES pretende que cada área afira o nível da produção científica.

Maria Célia Leonel discorreu sobre A Revista da ANPOLL, publicação oficial da Associação que teve início no biênio 1994-1996, sob a presidência de Sônia Maria van Dijck. Lembrou que o primeiro número foi publicado em 1995, pela Gráfica da UNICAMP, com tiragem de 1000 exemplares, e teve o objetivo de recuperar a memória das pesquisas desenvolvidas no âmbito da ANPOLL, sendo sua temática as investigações realizadas nos diferentes Grupos de Trabalho. Considerou que a Revista da ANPOLL, desde o primeiro número, recebeu relevantes contribuições de pesquisadores nacionais e internacionais, tornando-se, em pouco tempo, um importante e reconhecido veículo de divulgação da produção científica das áreas de Letras e Linguística. Lembrou que o periódico, consignado no QUA-LIS como Nacional A, já havia tido 17 números publicados, sob a responsabilidade de Beth Brait, com a colaboração dos atuantes membros das sucessivas Comissões Editoriais, do Conselho Editorial e das Diretorias da Associação. Para mapear os assuntos tratados pelos 19 números publicados até 2005, fez uma resenha, pela via dos sumários, dos temas tratados nos artigos, resenhas, entrevistas, conferên-cias e homenagens. A mesa sobre Publicações da ANPOLL: retrospectiva e perspectiva abriu uma im-portante discussão sobre publicações da Área, bem como mecanismos de avaliação dessas publicações de acordo com as especificidades de Letras e Linguística e, também, em relação a outras áreas.

Além dessas atividades, o XX Encontro Nacional da ANPOLL possibilitou a Reunião da Comissão e do Conselho da Revista da ANPOLL, que definiu a temática dos dois números a serem publicados

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em 2006, 20 e 21, O regional e o global e Linguagens da violência, respectivamente, sendo que para o número 20 ficou estabelecido que os originais seriam recebidos somente em língua inglesa, uma vez que a Assembleia acatou a sugestão do diretor de avaliação da CAPES, de que cada área deveria ter, pelo menos, uma revista em língua inglesa, para facilitar a divulgação internacional dos seus traba-lhos; Reunião do Conselho e da Diretoria da ANPOLL; a Assembleia Geral Ordinária da ANPOLL; o lançamento dos números 18 e 19 da Revista da ANPOLL.

Pela natureza do XX Encontro Nacional da ANPOLL, por sua produtividade, pelo papel que desempe-nhou na ANPOLL e na Área, especialmente no que diz respeito às políticas de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística, é possível avaliá-lo como um encontro histórico, concordando com os partici-pantes e como foi possível observar pela preparação que ele representou para a reunião de Coordenado-res de Programas de Pós-Graduação que a CAPES organizou nos dias 11 e 12 de julho de 2005.

4.2 XXI Encontro Nacional da ANPOLL - Domínios do saber: história, instituições, práticas - 19 a 21/07/2006

4.2.1 ProgramaO Programa foi organizado da seguinte maneira: no dia 19/07 às 9h, abertura feita pela presidente e de-mais autoridades da PUCSP; recepção aos participantes, inscrição e café de acolhida no saguão do TUCA PUC-SP. Das 9h30 às 12h, mesa-redonda Domínios do saber: história, instituições, práticas, coordenada pela profª Drª Beth Brait com a participação dos professores doutores Eni P. Orlandi/ UNICAMP, Luiz

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Paulo da Moita Lopes/UFRJ, Roberto Acízelo de Souza/UERJ/UFF. Das 12h às 14h almoço. Das 14h às 15h30, mesa dos Coordenadores de Programa de Pós-Graduação no TUCARENA e Mesa dos coorde-nadores de GTs, no Auditório 333. Das 15h30 às 16h Café. Das 16h às 17h30, no Auditório 333, Reunião de Trabalho dos GTs e Reunião de Trabalho: Coordenadores de PPG e Representantes de Área no TU-CARENA. Às 18h, conferência Domínios do saber literário: história e instituições, que seria proferida pelo Prof. Dr. João Alexandre Barbosa/USP no TUCA, mas que se transformou em homenagem a ele. No dia 20/07 das 9h às 10h30, Encontro dos 32 GTs nas salas dos 3º 4º andares do Prédio Bandeira de Melo/PUC-SP. Das 10h30 às 11h Café. Das 11h às 12h30 Encontro de GTs (continuação). Das 12h 30 às 14h Almoço. Das 14h às 17h 30 Encontro de GTs (continuação). Das 14h às 17h30 Reunião da Diretoria e do Conselho Auditório 333; Reunião da Revista no Auditório BANESPA; Reunião da Comissão Eleitoral no Auditório 239. Às 18h Conferência Estudos da Linguagem: instituições e práticas, proferida pelo Prof. Dr. Marco Antonio Oliveira/PUCMG/UFMG. Às 20h Coquetel de confraternização, lançamento da Revista da ANPOLL e de livros. No dia 21/07 das 9h às 10h30, Encontro de GTs nas salas do 3º 4º andares Prédio Bandeira de Melo/PUC-SP. Das 10h30 às 11h Café. Das 11h às 12h30, Encontro de GTs (continuação). Das 12h às 13h30 Almoço. Das 14h às 17h Assembleia Geral/Eleições no TUCA. Às 20h30 grande baile de encerramento e confraternização animado por orquestra no Club Homes.

4.2.2 CaracterísticasA partir da proposta geral do XXI Encontro da ANPOLL, Domínios do saber: história, instituições, práticas, tanto os coordenadores de GTs como os coordenadores de Programas tiveram a oportunida-de de desenvolver temas que representam a realidade da Pós-Graduação e da pesquisa no Brasil. Os participantes do Encontro, quase mil, estiveram envolvidos em atividades acadêmicas específicas dos

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GTs, em mesas-redondas de especialistas, em conferências temáticas de Linguística e de Literatura, em discussões acadêmicas e de trocas de resultados de pesquisa dos GTs, além tirarem proveito da ampla possibilidade de intercâmbio de publicações disponíveis no espaço do evento. O lançamento dos números 20 e 21 da Revista da ANPOLL e a proposta dos temas para os próximos números repre-sentaram uma contribuição efetiva da ANPOLL para a divulgação científica da produção intelectual dos pesquisadores das diversas universidades brasileiras da área de Letras e Linguística. Também foi o ano de entrega do Prêmio ANPOLL de Estudos Linguísticos.

Os objetivos do XXI Encontro Nacional da ANPOLL, inteiramente atingidos, podem ser assim resu-midos: 1) discutir as políticas de pós-graduação e pesquisa da Área; 2) possibilitar o encontro de mais de 80 coordenadores de Programas e dos 32 de GTs, com a finalidade de avaliar o estado atual dos estudos pós-graduados e da pesquisa no país; 3) proporcionar e estabelecer o diálogo entre os coorde-nadores, confrontando pontos de vista e traçando um mapa nacional das especificidades, semelhan-ças, diferenças e necessidades da Área; 4) dar continuidade às discussões sobre o papel dos PPGs e dos GTs na ANPOLL; 5) criar espaço para que os membros dos GTs pudessem apresentar suas pesquisas. Por meio de suas diferentes atividades, um diagnóstico do estado atual da Área, assim como o plane-jamento a curto e médio prazo de políticas ligadas à avaliação, à produção intelectual, ao ensino, às necessidades específicas de cada região e do território nacional como um todo. O XXI Encontro Na-cional da ANPOLL contribuiu para a Pós-Graduação e para a Pesquisa no que diz respeito à: 1) troca de experiências entre Programas existentes no país; 2) troca de experiências entre os GTs inscritos na ANPOLL; 3) perspectivas de atuação dos GTs e dos PPGs na ANPOLL. Nesse sentido, promoveu

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o intercâmbio científico e acadêmico, proporcionando ao conjunto da Área formas de tratar temas diretamente ligados aos interesses da pós-graduação e da pesquisa do país todo. O XXI Encontro teve, dentre seus vários méritos, o de possibilitar ampla discussão acadêmica, científica e epistemológica a respeito dos domínios do saber em Letras e Linguística. O site, naquele momento http://anpoll.org.br/XXI, mostrava o grande volume de atividades realizadas.

4.2.3 Atividades RealizadasA mesa de abertura, Domínios do saber: história, instituições, práticas contou com três especialistas, contemplando diferentes áreas da construção de conhecimento sobre a linguagem. Os resumos apre-sentados a seguir demonstram a importância de cada uma das falas para a reflexão sobre a diversidade da Área de Linguística e Letras.

Eni P. Orlandi/UNICAMP deu início aos trabalhos com a fala intitulada Conhecimento no Plural. Para desenvolver o tema, Orlandi tomou o caso do gramático Eduardo Carlos Pereira e analisou seus textos de Gramático e de Pastor, procurando mostrar como o conhecimento produzido é afeta-do por essas condições na maneira como o sujeito de conhecimento é constituído e na forma como este mesmo conhecimento ganha lugar na instituição. A partir dessas reflexões, propôs uma aber-tura institucional no sentido de não haver prevalência de uma só forma de conhecimento, mas de múltiplas, considerando que as instituições são sensíveis às relações de poder e, logo, às relações de dominantes teóricas. A fala da especialista atingiu os objetivos do encontro e da temática da mesa, proporcionando um excelente debate.

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Luiz Paulo da Moita Lopes/UFRJ, a partir do título Sobre a desistência do projeto de construção de uma Linguística Aplicada coesa, refletiu sobre o estatuto da LA e apresentou questões polêmicas e fundamentais para a definição da LA. Iniciou afirmando que se a ideia de que em Linguística Aplicada (LA) não se faz aplicação de Linguística é um truísmo e, portanto, uma questão que não mais interessa, o ponto nevrálgico contemporâneo para muitos pesquisadores na LA é a constru-ção de uma área de conhecimento de natureza reflexiva, transdisciplinar e INdisciplinar. Afirmou que, nesse campo, não há lugar para reinos uma vez que se dissolve continuamente ao se auto--problematizar, na tentativa de criar inteligibilidade sobre problemas sociais em que a linguagem tem um papel central e que mudaram / mudam de configuração em uma sociedade em mutação. Considerou, ainda, que ao traçar uma pequena história da LA, quis se ater à questão da possibi-lidade de produzir conhecimento aplicado de modo situado, falando necessariamente do mundo social, sendo, dessa forma, permeado por teorizações sobre a vida sócio-cultural, política e his-tórica. Colocou como tarefa principal da LA o propósito de imaginar novos modos de politizá-la e de pensar sociabilidades alternativas: um objetivo crucial de nossos tempos. Chamou a atenção para o fato de que é necessário atentar para teorizações que têm atravessado as Ciências Sociais e as Humanidades e que problematizam o sujeito social em sua heterogeneidade, fragmentação e fluidez. Nessa linha, concluiu que esse percurso leva à construção de uma LA nômade e ideológi-ca, concluindo com os seguintes aspectos: a) problematizar essa compreensão de LA em relação à construção de carreiras universitárias na vida institucional; e b) enfatizar que não advogava uma nova verdade, mas que procurava formular alternativas para a pesquisa, que, como quaisquer ou-tras, refletem visões de mundo, ideologias e valores, e que têm suas limitações e são contingentes. Compartilhou a posição de que precisamos justificar nossas ideias, discuti-las e considerá-las à luz

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de seu impacto ético nas práticas sociais em que vivemos. Certamente essa fala, entre linguistas, causou grande e importantes debates.

Roberto Acízelo/UFRJ/UFF (não pode estar presente, mas seu texto foi lido por José Luís Jobim) deu a sua fala o título de A institucionalização da teoria da literatura na universidade brasileira, que pode ser assim resumida: A tradição sempre reconheceu, no compartimento disciplinar das letras, uma fronteira relativa, tipificada, para ficarmos com um modelo singelo, na distinção entre as esferas da gramática e da retórica, a primeira interessada nos critérios de correção linguística, e a segunda num certo plus da linguagem, além ou aquém da correção, cuja complexa caracterização vem sendo, ao longo de dois mil e quinhentos anos, o cavalo de batalha da área. Essa partilha do campo das letras tem como correlativo dois alinhamentos paralelos de disciplinas: por um lado, a ala da “correção”, em que se perfilam, além das clássicas gramática e filologia, a disciplina moderna majoritariamente conhecida com o nome de linguística; por outro lado, a ala do “plus”, em que se situam retórica, poética, história da literatura, crítica literária e teoria da literatura. No Brasil, a disciplina foi introduzida no currículo oficial por ocasião da reforma do curso de letras aprovada em 1962, que substituiu suas antigas mo-dalidades — letras clássicas, letras neolatinas, letras anglo-germânicas — pelo sistema de habilitações simples e duplas (português-literaturas, inglês-literaturas, português-francês, português-espanhol, português-latim, etc.). O currículo mínimo então instituído compunha-se de cinco matérias obriga-tórias — língua portuguesa, língua latina, linguística, literatura brasileira, literatura portuguesa —, e de mais três a serem escolhidas entre as seguintes, para a constituição do currículo pleno de cada cur-so superior de letras: língua estrangeira, literatura estrangeira, língua grega, literatura grega, literatura latina, filologia românica, cultura brasileira e teoria da literatura.

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Na parte da tarde, das 14h às 15h30, os trabalhos se desenvolveram a partir de duas mesas: a dos Coorde-nadores de PPGs, realizada no TUCARENA, e a dos coordenadores de GTs, realizada no Auditório 333.

A mesa dos coordenadores de Programas intitulou-se PPGs em Letras e Linguística: práticas de difusão, práticas de integração. Coordenada por Eduardo Guimarães/UNICAMP, contou com os seguintes pro-fessores doutores: Ana Maria Domingues de Oliveira/ UNESP; Belmira Magalhães/UFAL; Eliana Lou-renço/UFMG; Eliana Lourenço/UFMG; Mônica Zoppi/UNICAMP; Regina Lamprech/PUCRS. Os de-bates desenvolveram-se em torno da reflexão sobre a diversidade intrínseca à área de Letras e Linguística e do grande número de Programas que a constitui. Esse aspecto foi considerado um desafio não somente como para os representantes da Área, membros de comissões de avaliação, diretores e conselheiros de as-sociações e pareceristas ad hoc, mas também para os coordenadores de PPGs e para os pesquisadores em geral. Nesse sentido, foi retomada a discussão sobre o papel de cada um desses agentes em práticas de di-fusão de conhecimento e de integração política e acadêmica da área. Alguns participantes consideraram as formas como o CNPq e as demais agências de fomento enfrentam os domínios do saber implicados em Letras, propondo uma reflexão crítica com a finalidade de melhor explicitar a definição e da deno-minação das áreas, subáreas e especialidades que hoje estão recobertas pelos termos Letras e Linguística.

A mesa de coordenadores de GTs, intitulada A pesquisa nas áreas de Letras e Linguística: organização institucional, problemas e perspectivas, foi coordenada por Sírio Possenti/UNICAMP e contou com a participação dos professores doutores Edwiges Maria Morato/UNICAMP; Fábio Alves/UFMG; Lucia Teixeira/UFF; Maria Eunice Moreira/PUCRS. O objetivo principal foi refletir sobre as articulações possíveis entre linhas de pesquisa configuradas nas agências de fomento, nos Programas de Pós-Gra-

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duação e nos GTs constituídos na ANPOLL. Por meio dessa reflexão, buscou-se fazer uma compara-ção crítica, examinando os modos de organização institucional das áreas de Letras e Linguística e as novas propostas de definições para a organização dos GTs, dando-se, assim, continuidade aos traba-lhos desenvolvidos pela comissão encarregada de examinar o funcionamento dos GTs no Encontro da ANPOLL de 2005. Essa foi uma importante mesa que resultou em grandes debates.

Ainda na parte da tarde, os GTs e os PPGs, juntamente com representantes de agências de fomento, puderam realizar reuniões de trabalho.

A conferência final desse dia, Domínios do saber literário: história e instituições, que seria proferida pelo professor, ensaísta e crítico de literatura, João Alexandre Barbosa (1937-3 de agosto de 2006), foi substituída por uma emocionada homenagem.

No dia 20/07 os 32 GTs realizaram seu encontro, no período da tarde e da manhã, retomando as ques-tões principais discutidas internamente e no decorrer do XXI Encontro. De acordo com as normas gerais, houve Reunião da Diretoria e do Conselho; Reunião da Revista e da Comissão Eleitoral com preparação para as discussões da Assembleia Geral, convocada para o dia seguinte.

Às 18h, o Prof. Dr. Marco Antonio Oliveira/PUCMG/UFMG proferiu a conferência Variação lin-guística, teoria fonológica e difusão lexical, afirmando que as análises linguísticas têm exibido, majo-ritariamente, desde o estruturalismo, uma inclinação por modelos de produção e pouca atenção tem sido dada à percepção. Além disso, segundo o pesquisador, a variação linguística não tem sido a pre-

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ocupação maior dos modelos teóricos propostos: na verdade, ela tem sido excluída da maioria deles. Disse que recentemente a teoria fonológica vem se ocupando da variação linguística, mas novamente, pendendo pela produção (na maioria das vezes) ou pela percepção. O que ele procurou oferecer ao público foi um esboço de modelo teórico que seja capaz, a partir da junção da produção com a per-cepção, de lidar com os fatos da variação. O modelo, operacionalizável em termos dos mecanismos da Teoria da Otimalidade, pretende, com base em princípios mais gerais da língua, alocar a variação num nível abstrato (percepção) e deixar a sua implementação (produção), no uso, sensível ao léxico.

O dia terminou com um coquetel de confraternização, entremeado pelo lançamento dos números 20 e 21 da Revista da ANPOLL e de livros dos pesquisadores.

Na manhã do dia 21/07, os GTs continuaram seus encontros. Na parte da tarde, a Assembleia Geral foi realizada, cumprindo sua longa pauta, que incluiu a entrega do Prêmio ANPOLL 2006 e a eleição da nova diretoria 2006-2008. Às 20h30, para comemorar o encerramento uma gestão e início da outra, todos se dirigiram ao grande baile de encerramento e confraternização animado por orquestra no Club Homes. Também uma forma inusitada de encerrar um evento científico.

5. Atividade editorial

Dentre as muitas conquistas da ANPOLL, a Revista é, sem dúvida, uma das mais importantes, na me-dida em que possibilita, há quase duas décadas, a circulação do conhecimento construído em Letras

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e Linguística. Por meio de dois números temáticos por ano, os artigos, avaliados por pares, refletem a amplitude e a importância das pesquisas da Área. Ao contrário do que continuam afirmando alguns, não se trata de uma Revista de política científica, mas de periódico qualificado (QUALIS 1) que con-templa a diversidade e os interesses das pesquisa de Letras e de Linguística.

Na gestão em pauta, a Comissão editorial estava assim constituída: Edna M. F. Nascimento; Maria Célia Leonel, Maria Auxiliadora Bezerra, Pedro Brum Santos, José Niraldo de Farias, Eduardo Gui-marães, Luiz Gonzaga Marchezan e Sabrina Pereira de Abreu. Com o trabalho desses editores, estando a redação centralizada no PEPG em LAEL/PUC-SP e os trabalhos de formatação e impressão a cargo das Publicações do IEL/UNICAMP, foram publicados quatro números (18, 19, 20 e 21), lançados dois a dois nos eventos de 2005 e de 2006, todos com os temas sugeridos e aprovados pela Assembleia Ge-ral e trazendo na última capa o logo de seus patrocinadores: IP PUC/SP, ANPOLL e IEL/UNICAMP. Os dois primeiros, 18 e 19, foram números comemorativos dos 10 anos da revista, conforme registro nas capas e nas apresentações, assinadas por Edna Maria F. S. Nascimento e Maria Célia Leonel que podem ser assim resumidas:

[...] A sugestão de sua criação veio da professora Sônia van Dijck, presidente da ANPOLL no biênio 1994-19964, e foi, imediatamente aceita pelos membros da Diretoria e do conselho. Em seguida, a constituição da Comissão Editorial e de um conselho Editorial revelou o alto grau de receptividade da ideia: pesquisadores brasileiros e es-trangeiros acolheram com simpatia e entusiasmo o convite para participar da publicação.

4 Cf. mais dados no relato da gestão 1994-1996, nesta mesma obra.

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[...]Este número comemorativo de dez anos de sua existência reúne dois temas: Mídia, leitura e letramento e Interfaces: oral e escrita, apresentando 10 artigos, 2 resenhas e a conferência proferida por Ives Clot, “Vygotski: au delà de la psychologie cognitive” (p. 7). http://www.anpoll.org.br/revista/index.php/revista/issue/view/25

A apresentação do número 19, além dos elementos comuns ao número 18, traz as seguintes informações:

A Revista da ANPOLL 19 é a segunda de 2005 e tem por tema Desafios da linguagem no século XXI. Mais uma vez, a expressiva contribuição de pesquisadores nacionais e estrangeiros está presente neste número: são 9 artigos, 4 resenhas, a conferência de Jean-Paul Bronckart “Restrições e liberdades textuais, inserção social e cidadania”, e o texto de Eduardo Tuffani “Nota comemorativa do curso de Letras no Brasil em seu octagésimo aniversário. http://www.anpoll.org.br/revista/index.php/revista/issue/view/26.

Os números 20 e 21, publicados em 2006, tiveram como tema Linguagem e violência e The Regional and the Global, respectivamente. No número 20, foram publicados 8 artigos, uma conferência, uma entrevista, uma avaliação dos 10 anos da Revista da ANPOLL e uma resenha. A particularidade des-se número deve-se ao fato de que foi inteiramente realizado em língua inglesa, visando, já naquele momento, a internacionalização da Área de Letras e Linguística sugerida pela CAPES. http://www.anpoll.org.br/revista/index.php/revista/issue/view/27. O número 21 traz seis artigos, duas resenhas, uma conferência e um importante histórico do Prêmio ANPOLL. http://www.anpoll.org.br/revista/index.php/revista/issue/view/28.

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A gestão manteve, portanto, a qualidade e a periodicidade da Revista, garantindo o conceito Nacional A, que vigorava naquele momento, sem prejuízo da dimensão financeira, uma vez que os custos foram bastante reduzidos graças à edição/publicação ter sido feita na UNICAMP.

6. Realidade cotidiana e financeira

Para finalizar esse breve histórico da gestão 2004-2006 (que poderia incluir outros assuntos como discussão do regimento, registro do logo da ANPOLL, luta com as questões burocráticas derivadas do eterno problema da sede da Associação, de como e onde registrar a ata e como abrir a conta ban-cária, um sem número de outros eventos cotidianos de uma diretoria) mais dois assuntos têm de ser abordados. O primeiro é que, ao tomar posse, a diretoria enfrentou um primeiro e surpreendente problema: a situação financeira negativa da ANPOLL. Como iniciar o dia-a-dia da gestão sem contar com qualquer fundo e, ainda, tendo dívidas a pagar? Esse foi um primeiro momento em que conheceu a força dos apoios oferecidos no momento de sua candidatura, da eleição e da posse. Sob a batuta do implacável tesoureiro, a presidente e os demais membros organizaram um curso para professores da rede, contando com vários e reconhecidos colegas de Letras e Linguística (e, naturalmente, os mem-bros da diretoria) que se dispuseram a dar o curso de graça. Além dessa disponibilidade, um auxílio foi definitivo para a concretização da ideia: a presidente do Sindicato dos Professores de São Paulo/SIMPRO-SP – Profª. Drª. Neusa Bastos/PUC-SP/UPM -, ofereceu o espaço do sindicato, conhecido e reconhecido pelo público a ser atingido. O curso foi um sucesso e o primeiro problema foi superado. Para os eventos, contou com o apoio da FINEP, CAPES, CNPq e FAPESP, dentre outros. Ao final, a

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gestão entregou um montante aproximado de R$ 100.000,00 para a gestão seguinte, cumprindo, por-tanto, mais um dever para com a Associação.

E o segundo aspecto, talvez mais importante de todos, é que a diretoria trabalhou incessantemente, sempre num clima de total cordialidade e companheirismo, em geral compartilhado com a maioria dos colegas da Área. Não foi por acaso que a gestão terminou num baile à antiga, com orquestra e tudo.

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O RETORNO DA ANPOLL AO CERRADO

BRASILEIRO: A PARCERIA UNB/UFG/UCG/UFMS

Rogério da Silva Lima

Universidade de Brasília

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No ano em que a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística — AN-POLL completa 30 anos receber o convite da diretoria da ANPOLL, biênio 2012 – 2014, para produzir este pequeno texto retrospectivo sobre a minha passagem pela presidência da Associação, juntamente com meus colegas de diretoria e dos Conselhos da ANPOLL, é uma grande honra. A fim de tentar responder ao convite à altura ponho-me a exercitar a memória e a reunir fragmentos de informação sobre a minha gestão. Como toda memória é eminentemente plástica alguns fatos escaparão, outros, inusitados, podem ressurgir inesperadamente. Antecipadamente, peço desculpas caso alguma lem-brança, nome ou acontecimento escape nesse pequeno relato.

No dia 21 de julho de 2006, no XXI ENANPOLL, realizado na PUC de São Paulo, presidido por Beth Brait, uma nova diretoria foi eleita para o biênio 2006 — 2008, era formada por professores da Universidade de Brasília, Universidade Federal de Goiás, Universidade Católica de Goiás e Universi-dade Federal do Mato Grosso do Sul. A eleição da nova diretoria significou o retorno da ANPOLL ao Centro-Oeste brasileiro, repetindo a composição presidência e vice-presidência da diretoria formada no biênio 1992-1994, que teve na presidência a professora Stella Maris Bortoni, da Universidade de Brasília, e na vice-presidência a professora Raquel Teixeira, da Universidade Federal de Goiás.

Pela segunda vez em sua história, a ANPOLL recebeu uma proposta de candidatura de diretoria com-posta por professores da Universidade de Brasília e Universidade Federal de Goiás, acrescida agora de colegas da Universidade Católica de Goiás e Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. A chapa era formada por mim, Rogério Lima (presidência/UnB), Maria Zaíra Turchi (vice-presidência/UFG), Ma-ria Cristina Faria Dalacorte Ferreira (Secretaria/UFG), André Luís Gomes (Tesoureiro/UnB), Goia-

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mérico Felício dos Santos (Suplente de Tesoureiro/UFG/UC-GO), João Batista de Sales (Suplente de Secretária/UFMS).

A nossa candidatura foi construída a partir das proposições de vários colegas, membros da Associa-ção, de um retorno da ANPOLL ao Centro-Oeste, e a Brasília, cidade onde ela havia sido fundada em 22 de maio de 1984. Dessa forma, a ANPOLL viria completar 22 anos no XXII ENANPOLL, realizado na Universidade de Brasília. Os seus 23 anos seriam comemorados em grande estilo na Universidade Federal de Goiás, em 2008, no XXIII ENANPOLL, organizado por Zaíra Turchi e uma equipe alta-mente competente.

Eleita a nova diretoria, retornei para Brasília levando comigo alguns arquivos da ANPOLL: o Livro de Atas, uma verdadeira preciosidade, pois ele contém a Ata de fundação da Associação. Sentia-me incum-bido de uma tremenda responsabilidade, pois carregava comigo 21 anos de história da representação política da área de Letras e Linguística. A cabeça girava, pois havia passado a noite comemorando com Beth Brait, Luiz Gonzaga Marchezan, Renata Marchezan, José Luíz Fiorin, José Luis Jobim, não lembro se o Eduardo Guimarães participou desta noitada. Lembro que no aeroporto, a cada chamada de voo no salão de embarque do aeroporto de Congonhas, a minha cabeça parecia estar à beira de explodir, conse-quência da noite de comemoração e da estridência do serviço de som da sala de embarque.

Chegado a Brasília, tomei as providências para registro da Ata de posse da diretoria eleita. A partir de então, fomos todos aprendendo o que significava lidar com a burocracia cartorial brasileira — o que, por diversas vezes, provocou em nós acessos de riso e compôs o anedotário da nossa gestão. Ao

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solicitar o registro da Ata da eleição da nossa diretoria no cartório do 1 Ofício de Registro de Pessoas Jurídicas, em Brasília, descobrimos que nós, enquanto diretoria eleita, ainda não éramos absoluta-mente ninguém, não tínhamos existência jurídica. Beth Brait, mesmo na condição de ex-presidente, continuava sendo legalmente a presidente da ANPOLL, sem uma solicitação dela para o registro da Ata que carregava comigo não haveria nova gestão. Aprendida a lição, começamos a fase de solicitar procurações e autorizações à Beth Brait para nos movermos em meio à burocracia.

Sem existência jurídica por algumas horas

Agradecemos à Beth Brait toda a paciência diante das solicitações absurdas de emissão de procurações para resolver problemas absurdos, pois sem as procurações da Beth Brait não resolveríamos aconteci-mentos como o bloqueio do CNPJ da ANPOLL pela Receita Federal, por falta de uma declaração de impostos que as entidades sem fins lucrativos passaram a ser obrigadas a apresentar à Receita à partir de 2007. Nesse episódio, munido da Ata de posse da diretoria, já devidamente registrada em cartório, parti para a sede da Receita para resolver o problema do bloqueio do nosso CNPJ que impedia a emissão de certidões negativas e o recebimento do pagamento de anuidades por parte dos programas associados.

Na Receita Federal, depois de um bom tempo de espera, ouvi da funcionária que me atendeu a se-guinte pergunta, com toda a autoridade que o cargo lhe conferia: “quem é Beth Brait? Respondi que era a ex-presidente da Associação que eu representava. A funcionária informou que o motivo do bloqueio do CNPJ seria esclarecido apenas à senhora Beth Brait. Tentei argumentar sobre o porquê

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dessa exigência, ao que ela respondeu de maneira peremptória: “sigilo fiscal meu senhor, pois é o CPF dela que consta aqui, somente com uma procuração dela o senhor poderá obter a informação que necessita”. Resignado, retornei para a UnB e enviei um e-mail para a Beth Brait que imediata-mente providenciou uma procuração para o caso e também para a substituição do número do seu CPF junto à receita.

De posse da procuração emitida pela Beth, retornei à Receita Federal para saber o motivo do blo-queio do CNPJ da ANPOLL, finalmente fui informado que devíamos atender à exigência de fazer a declaração que a partir de então todas as entidades sem fins lucrativos estavam obrigadas a apresentar, simples assim. Informei ao nosso contador de que devíamos fazer a tal declaração, ele disse que não precisávamos, insisti dizendo que a Receita agora nos obrigava. Feita a declaração, o CNPJ foi desblo-queado em alguns minutos e a ANPOLL voltou a ter existência jurídica.

Assumindo a ANPOLL

No início da nossa gestão, realizamos uma primeira reunião na PUC de São Paulo com a Beth Brait para nos inteirarmos dos processos da ANPOLL. Participaram eu, Rogério Lima, Zaíra Turchi e o An-dré Luís Gomes. A Beth Brait nos colocou a par de diversas questões e nos entregou uma pasta cinza com vários documentos. Após uma manhã inteira e intensa de conversas e esclarecimentos, voltamos para o Centro-Oeste com a missão de dirigir a ANPOLL pelos próximos dois anos.

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De imediato, tomamos algumas providências práticas como a transferência da conta bancária da AN-POLL e fundos da sua conta corrente para a agência do Banco do Brasil, na Universidade de Brasília. Este foi um processo simples, sem grandes complicações, mas que nos reservava uma grande surpresa. Semanas depois, descobrimos que não poderíamos movimentar a conta bancária da ANPOLL, pois o Código Civil de 2002, Lei Federal 10.406/2002, havia entrado em vigor e o Estatuto da ANPOLL ne-cessitava ser adequado ao Novo Código Civil, enquanto isto não fosse feito o banco bloquearia a conta bancária da Associação. Tudo que podíamos fazer nesse momento era rir, pois as coisas mais absurdas continuavam acontecendo conosco. Negociamos com a nossa agência a movimentação da conta sem a emissão de talonários de cheques. As contas chegavam, nós pedíamos ao gerente para pagá-las e assim íamos gerindo a ANPOLL.

Um ano e meio sem independência financeira

Tomamos todas as providências necessárias para que o Estatuto fosse atualizado em conformidade com o Novo Código Civil. Contratamos um advogado que de imediato começou a trabalhar na atuali-zação do Estatuto. Este trabalho durou cerca de oito ou dez meses, neste período continuávamos com os movimentos limitados em relação à conta bancária da ANPOLL. Uma vez terminada a atualização do Estatuto foi necessário esperar até setembro de 2007, quando finalmente as alterações do Estatuto da ANPOLL foram aprovadas na Assembléia Geral de 12 de setembro de 2007, realizada no XXII ENANPOLL, na sede da FINATEC, na UnB. Na semana seguinte, registramos a Ata da Assembléia e o

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Estatuto com as alterações. Após entregarmos uma cópia da Ata registrada ao Banco do Brasil ganha-mos a nossa independência financeira.

A diretoria e suas funções

Paralelamente à odisséia da atualização do Estatuto, SICAF e outras certidões que tínhamos que re-novar constantemente, pois quando venciam nos impediam de receber anuidades dos Programas de Pós-Graduação, trabalhávamos na condução e no planejamento das rotinas da ANPOLL. Fazíamos reuniões uma vez por mês em Goiânia, na Faculdade de Letras da UFG, com toda a diretoria para dis-cutir a divisão do trabalho que veio a ficar assim: Zaíra Turchi assumiu a coordenação de GTs, o André L. Gomes se ocupava da tesouraria, do site da Associação, Conselho e editoria da Revista da ANPOLL, a Cristina Dalacorte cuidava da Secretaria, o Goiamérico Felício dos Santos cuidaria do planejamento visual do que seria produzido em todos os processos de difusão de informação da ANPOLL como: publicação do Boletim online da ANPOLL, além de participar de todas as decisões de diretoria; o João Batista de Sales, como estava um pouco mais distante, nos dava apoio de retaguarda na UFMS.

As decisões da diretoria

A diretoria tomou algumas decisões importantes uma delas foi a disponibilização da Revista da AN-POLL em formato digital, publicação de um Boletim online, modernização do site da Associação

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implantado na gestão de Beth Brait, submissão de proposta da Revista da ANPOLL ao CNPq para obtenção de auxílio à publicação, o que diminuiria os nossos custos de publicação. Registro da Revista da ANPOLL no IBICT. Atualização do novo endereço da ANPOLL na Universidade de Brasília, pois isto viria a facilitar enormemente as rotinas administrativas junto aos órgãos como: Caixa Econômica (FGTS), Secretaria de Fazenda (SICAF), INSS e Receita Federal.

XXII ENANPOLL – Brasília – UnB/FINATEC

Em setembro de 2007 realizamos o ENANPOLL. O XXII Encontro Nacional da ANPOLL teve como tema de discussão as “Políticas de financiamento da Pesquisa na Área de Letras e Linguística”. O nosso objetivo era abrir espaço para discutir as políticas de avaliação dos projetos de pesquisas e os parece-res técnicos, emitidos no âmbito das agências financiadoras, sobre as demandas geradas pela área de Letras e Linguística.

O XXII ENANPOLL teve também por finalidade discutir o papel dos coordenadores de Pós-Gradua-ção, coordenadores de GTs, representantes de área, diretores, conselheiros de associações, pareceristas ad hoc e Comitês de Assessoramento de área nas práticas de difusão do conhecimento e de integração política e acadêmica da área de Letras e Linguística.

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A organização do XXII ENANPOLL foi distribuída da seguinte forma:

• Mesa-Redonda - Avaliação e Pesquisa em Letras e Lingüística

Conferencista: Prof. Dr. José Luiz Fiorin – Universidade de São Paulo; Prof. Dr. José Luis Jobim – Uni-versidade do Estado do Rio de Janeiro

• Mesa-Redonda - Coordenadores de GTs/Representantes regionais

Tema: Articulações entre linhas de pesquisa configuradas nas agências de fomento, nos PPGs e nos GTs.

A mesa tinha por objetivo refletir sobre as articulações possíveis entre linhas de pesquisa configuradas nas agências de fomento, nos Programas de Pós-Graduação e nos GTs constituídos na ANPOLL. Por

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meio dessa reflexão, buscou fazer uma comparação crítica, examinando os modos de organização insti-tucional das áreas de Letras e Lingüística e propostas novas, definições para a organização dos GTs, dan-do-se, assim, continuidade aos trabalhos desenvolvidos pela comissão encarregada de examinar o fun-cionamento dos GTs no Encontro da ANPOLL de 2005. Os participantes desta mesa foram os seguintes: Profa. Dra. Desiree Roth – Universidade Federal de Santa Maria, Prof. Dr. Frederico Fernandes – Universidade Estadual de Londrina, Prof. Dr. Marcus Maia – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Profa. Dra. Monica Savedra – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Profa. Dra. Rachel Lima – Universidade Federal da Bahia, Prof. Dr. Roberto Rocha – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenadora: Profa. Dra. Maria Zaira Turchi

• Mesa-Redonda - Coordenadores de Programas/Representantes regionais

Esta mesa discutiu “O papel dos coordenadores de PG, representantes de área, diretores, conselheiros de associações e pareceristas ad hoc em práticas de difusão do conhecimento e de integração política e acadêmica da área”.

Participantes: Prof. Dra. Ângela Dionísio (UFPE) - Representante da Região Nordeste; Prof. Dra. Ana Maria de Matos Guimarães (UNISINOS) - Representante da Região Sul; Prof. Dr. Jaime Ginzburg (USP) - Representante da Região Sudeste; Prof. Dr. José Carlos Paes de Almeida Filho (UnB) - Re-presentante da Região Centro-Oeste. Não houve a designação de representante da Região Norte. O coordenador da mesa foi o Prof. Dr. Goiamérico Felício dos Santos

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• Mesa-Redonda - Políticas de avaliação de projetos de pesquisas: pareceres técnicos sobre os projetos da área nas agências financiadoras

Participantes: Prof. Dr. Benjamin Abdalla Jr. - Representante de Letras e Lingüística na CAPES; Prof. Dr. Renato Cordeiro Gomes – Representante de Letras no CNPQ; Profa. Dra. Maria Eugenia Lamo-glia Duarte - Representante de Lingüística no CNPq; Prof. Dr. Wander de Melo Miranda – Representante de Letras no CNPq. A coordenação ficou a cargo da professora Dra. Maria Cristina Faria Dalacorte.

XXIII ENANPOLL – Goiânia – UFG/Faculdade de Letras

O XXIII Encontro Nacional da ANPOLL teve como objeti-vo fomentar a discussão a respeito da produção de conheci-mento em Linguística e Letras e promover o intercâmbio das pesquisas desenvolvidas pelos Grupos de Trabalho congre-gados pela ANPOLL. O tema desse encontro, “Produção do conhecimento em Letras e Linguística: identidade, impacto e visibilidade”, abarcou questões que permeiam a produção e a difusão do conhecimento das áreas, subáreas e especialidades de Linguística e de Letras.

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Contamos com a participação de representantes da área na Capes, de membros do Comitê de Asses-soramento do CNPq, de coordenadores de Programas de Pós-Graduação associados à ANPOLL e de Coordenadores de GTs, as mesas propostas objetivavam aprofundar a discussão sobre relevância e qualidade da produção do conhecimento na área de Letras e Linguística no cenário nacional de pes-quisa e pós-graduação.

Nesse sentido, dando destaque à produção na área de Letras e Linguística, o XXIII ENANPOLL in-cluiu, na sua programação, uma mesa redonda sobre os temas selecionados para a Revista da Anpoll no 24 (1908 – Machado de Assis e Guimarães Rosa: aspectos linguísticos e literários), e Revista da Anpoll no 25 (1808 – A língua portuguesa na imprensa). O XXIII ENANPOLL visou contribuir de forma efetiva para o debate sobre as questões de identidade, impacto e visibilidade da produção na área de Letras e Linguística.

A organização do XXIII ENANPOLL foi distribuída da seguinte forma:

Comissão Organizadora • Rogério da Silva Lima (UNB) • Maria Zaira Turchi (UFG) • Maria Cristina Faria Dalacorte Ferreira(UFG) • André Luis Gomes (UNB) • João Batista de Sales (UFMS) • Goiamérico Felício C. dos Santos (UFG/UCG)

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Comissão Executiva • Maria Zaira Turchi (UFG) • Maria Cristina Faria Dalacorte Ferreira (UFG) • Goiamérico Felício C. dos Santos (UFG/UCG) • Goiandira de Fátima Ortiz de Camargo (UFG) • Heloisa Augusta B. Mello (UFG) • Francisco José Quaresma de Figueiredo (UFG) • Vânia Cristina Casseb Galvão (UFG) • Vera Maria Tietzmann Silva (UFG) • Consuelo de Lourdes Costa (UFG) • Silvania Lima (UFG)

Secretaria Executiva • CYA - Companhia de Eventos - Cynthia Maria Bretas Vasconcelos - Apoio • Professores FL/UFG e UCG • Monitores de Letras/UFG

A programação do XXIII ENANPOLL contou com a seguinte programação científica:

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Mesa Redonda

Tema: Produção do conhecimento em Letras e Lingüística: identidade, impacto e visibilidade Coordenação: Rogério da Silva Lima (UnB) – Presidente da ANPOLLPalestrantes convidados: CAPES

• Benjamin Abdala Júnior (USP) – Coordenador da Área de Letras e Lingüística • Célia Marques Telles (UFBA) – Coordenadora Adjunta da Área de Letras e Lingüística

CNPQ: Membros do Comitê de Assessoramento da Área de Letras e Lingüística • Maria Helena Moura Neves (UNESP-Araraquara) • Maria da Glória Bordini (UFRGS) • Diana Luz  Pessoa de Barros (Universidade Presbiteriana Mackenzie) • Wander Melo Miranda (UFMG) • Renato Cordeiro Gomes (PUC-RJ)

Mesa redonda

Tema: Os GTs da ANPOLL e a produção do conhecimento na área: identidade, impacto e visibilidade Coordenação: Maria Zaira Turchi (UFG) – Vice-Presidente da ANPOLL

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Palestrantes convidados: • Désirée Motta-Roth (UFSM) – Coordenadora do GT de Lingüística Aplicada • Maria do Socorro Silva Aragão (UFCE) – Coordenadora do GT de Fonética e Fonologia • Rachel Esteves Lima (UFBA) – Coordenadora do GT de Literatura Comparada

Mesa de Coordenadores de Programas (Comissão QUALIS de eventos, editoras e periódicos)

Coordenação: Maria Cristina Faria Dalacorte Ferreira (UFG) – Secretária da ANPOLL

Palestrantes convidados: • Fábio Rauen (Unisul/Lingüística) • Fábio Durão (UNICAMP/Literatura) • Jaime Ginzburg (USP/Literatura) • Amanda Scherer (UFSM/Lingüística)

Mesa redonda

Tema: Revista Anpoll 2008 (Guimarães Rosa, Machado de Assis, a Impressa no Brasil) Coordenação: André Luis Gomes (UnB) – Tesoureiro da ANPOLLPalestrantes convidados: • Luiz Gonzaga Marchezan (UNESP - Araraquara) – “As metáforas da casa e do mar em Dom

Casmurro”

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• Pedro Brum ( UFSM) – “Grande Sertão, invenção e arte” • Roberto Baronas (UFSCAR) - “Breve Ensaio Sobre Mídia e Suavização de Práticas Lingüísticas”

Para relaxar, Zaíra Turchi organizou uma marcante apresentação da Orquestra de Violeiros do Estado de Goiás, no Pátio da Faculdade de Letras, que deixou a todos encantados.

Balanço da gestão

O biênio 2006-2008 foi tremendamente intenso para a nossa gestão. Mesmo cansados - pois dirigir a ANPOLL não significava que estivéssemos liberados das nossas atividades de docência, orienta-ção, pesquisa, coordenação e direção em nossas instituições - mantínhamos um impressionante bom humor diante dos bloqueios burocráticos, financeiros e legais, dificuldades técnicas que surgiam de tempos em tempos.

Este período foi para nós bastante fecundo onde estreitamos relações institucionais, acadêmicas e pes-soais. Tivemos o apoio sempre presente das agências de fomento: CAPES e CNPq que nos auxiliaram institucionalmente e cientificamente com a participação dos nossos representantes de área em todas as discussões propostas por nossa diretoria. É importante ressaltarmos que sempre tivemos ótima in-terlocução com a CAPES na figura do seu Presidente prof. Jorge Guimarães e do Diretor de avaliação prof. Renato Janine Ribeiro.

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Numa das minhas visitas à CAPES, para convidar o presidente e o diretor de avaliação para o XXII ENANPOLL, participei daquela que talvez tenha sido a mais longa reunião de um presidente da AN-POLL com um alto dirigente da CAPES. A minha reunião com o presidente Jorge Guimarães, acom-panhado do diretor de avaliação, Renato Janine Ribeiro, durou cerca de 45 minutos. Na oportunidade, expus ao presidente da CAPES questões relativas a um maior apoio da CAPES à área de Letras e Lin-guística, isto incluiu temas como: bolsas, financiamento da Pós-Graduação em Letras e Linguística, modulação da importância da área em relação às outras áreas do conhecimento junto à CAPES etc.

Em nome dos meus colegas de diretoria gostaria aqui de agradecer toda a confiança e apoio deposita-dos pelos colegas coordenadores de Programas de Pós-Graduação da área de Letras e Linguística em nossa gestão. Agradecemos também todo o apoio dos nossos colegas membros do Comitê de Assesso-ramento da Área de Letras e Lingüística no CNPq, ao Coordenador e à coordenadora adjunta da Área de Letras e Lingüística na CAPES. Aos membros do Conselho eleito para nos acompanhar durante a nossa gestão. Os nossos agradecemos especiais para os professores José Luis Jobim, Beth Brait, Sírio Possenti, Eduardo Guimarães, Luiz Roberto Velloso Cairo, Hevelina Hoisel, Luiz Francisco Dias, Al-ckmar Luiz dos Santos, Socorro de Fátima Pacífico Barbosa, Miriam Rose Brum de Paula, Ivete Lara Camargos, Belmira Rita Costa Magalhães, Luis Paulo Moita Lopes, José Niraldo Farias, Maria Auxilia-dora Bezerra, Silvia Lúcia Braggio, Ana Zandwais, Maria Célia de Melo Leonel, Edna Maria Fernandes do Nascimento. e Roberto Acízelo.

Gostaria de agradecer também à Universidade de Brasília e Universidade Federal de Goiás e aos seus reitores professores Timothy Mulholland e Edward Madureira Brasil, ao Instituto de Letras da UnB e a

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Faculdade de Letras da UFG, ao Departamento de Teoria Literária e Literaturas que sediou a ANPOLL durante o biênio 2006 - 2008. À Cátedra Charles Morazé/UnB e a seu coordenador professor Wilton Barroso Filho que muito nos auxiliou durante toda a nossa gestão. Gostaríamos ainda de registrar aqui todo o nosso carinho e agradecimentos aos colegas, estudantes e funcionários da UnB e UFG que nos apoiaram durante a nossa gestão.

Eu diria que presidir a ANPOLL sem o auxílio das pessoas que nos apoiaram teria sido uma tarefa dura, difícil e penosa, levando em consideração as nossas condições materiais e institucionais — tão bem conhecidas por todos nós professores das universidades federais. Porém, poder contar com o apoio de todos que colaboraram conosco tornou a tarefa muito mais leve, gratificante e possível. Meu muito obrigado a todos.

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25 ANOS DE ANPOLL:

MEMÓRIAS E PERSPECTIVAS

Fabio Alves

Universidade Federal de Minas Gerais

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1. Introdução

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169Fabio Alves

Este relato tem por objetivo apresentar os resultados mais significativos da gestão da Diretoria da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL), exercida por equipe vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e à Pontifícia Universidade Ca-tólica de Minas Gerais (PUC/MG), ao longo biênio 2008/2010. O capítulo apresenta uma síntese do Programa de Gestão, submetido à Assembleia Geral do XXIII Encontro da ANPOLL em Goiânia em 2008, quando da eleição da Diretoria, lista as ações mais relevantes no primeiro e segundo ano de gestão, e apresenta, ao final, uma síntese dos resultados alcançados. O subtítulo do capítulo, memó-rias e perspectivas, aponta para os dois eixos principais da gestão 2008/2010: memória, no sentido de garantir continuidade à série histórica de ações da ANPOLL; perspectivas, no sentido de garantir visibilidade e impacto aos trabalhos a serem realizados pelas gestões subsequentes.

2. A equipe

Em maio de 2008, uma equipe de professores vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Es-tudos Linguísticos (PosLin) e ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários (PosLit) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), juntamente com colegas vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG), apresentou proposta de candidatura para sediar a Diretoria da ANPOLL em Minas Gerais duran-te o biênio 2008/2010. Compunham a chapa candidata os seguintes professores: Fabio Alves da Silva Junior (PosLin/UFMG), Presidente; Maria de Lourdes Meirelles Matencio (PUC/MG), Vi-ce-Presidente; Sandra Regina Goulart Almeida (PosLit/UFMG), Secretária Executiva; Célia Ma-

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ria Magalhães (PosLin/UFMG), Tesoureira Executiva; Audemaro Taranto Goulart (PUC/MG), Secretário Executivo Suplente; e Heliana Ribeiro de Mello (PosLin/UFMG), Tesoureira Executiva Suplente. Em eleição realizada no dia 04 de julho de 2008, no campus da Universidade Federal de Goiás, a chapa composta pelos docentes da UFMG e da PUC/MG foi eleita, assumindo nesta mesma data a Diretoria da ANPOLL com a incumbência de conduzir os destinos da Associação pelos dois anos seguintes.

Infelizmente, o registro de um triste episódio levou à reformulação da composição da Diretoria ainda em seu primeiro ano de gestão. O falecimento súbito da Vice-Presidente, Maria de Lourdes Meirelles Matencio, gerou a necessidade de se reformular a composição da Diretoria. Com base em parecer jurí-dico fundamentado, a Assembleia do XXIV Encontro Nacional da ANPOLL homologou recomenda-ção da Diretoria e confirmou o Prof. Audemaro Taranto Goulart como Vice-Presidente da ANPOLL no período 2009/2010. Decidiu-se ainda que o nome da Profa. Maria de Lourdes Meirelles Matencio passaria a constar dos registros da ANPOLL como Vice-Presidente in memoriam e que o cargo de Secretário Executivo Suplente permaneceria vago até o final da gestão.

Com esta recomposição, a equipe responsável pela gestão 2008/2010 da ANPOLL deu continuidade aos trabalhos até o final do mandato em 03 de julho de 2010.

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3. O Programa de Gestão

Em maio de 2008, nos apresentamos à comunidade de Letras e Linguística do país com um Programa de Gestão para a Diretoria da ANPOLL. Naquela ocasião, a chapa que viria a assumir a condução da Associação, lançava assim sua candidatura:

Nossa proposta é atuar para assegurar à ANPOLL, como instância de representação de Área, formas de aglutinação interna voltadas ao efetivo desenvolvimento da Área, as quais permitam a efetivação de ações externas que fortale-çam sua atuação política.

A intenção de contribuir efetivamente para o crescimento, a visibilidade e o fortalecimento da Área de Letras e Linguística no país motivava a proposta de candidatura que buscava construir um diálo-go efetivo que viabilizasse a organização e consecução das demandas da Área. A chapa candidata se propunha a atuar efetivamente para assegurar à ANPOLL, como instância de representação de Área de Letras e Linguística, formas de aglutinação interna voltadas ao desenvolvimento da Área, as quais permitiriam a efetivação de ações externas que fortaleceriam sua atuação política. O Programa de Gestão da nossa candidatura almejava a consecução dos seguintes objetivos:

1. O apoio à construção de redes de cooperação entre Programas de Pós-Graduação na Área de Letras e Linguística;

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2. O fortalecimento da inserção regional de Programas de Pós-Graduação da Área de Letras e Linguística;

3. O fortalecimento dos trabalhos dos Grupos de Trabalho (GTs);

4. O apoio a parcerias entre as subáreas de Letras e Linguística, estimuladas pelos contatos inter--GTs e por parcerias interinstitucionais;

5. A interlocução efetiva com as Agências de Fomento;

6. A visibilidade da produção de conhecimento da área, assegurada por meio da realização dos Encontros Nacionais da ANPOLL em 2009 e 2010, da coordenação do Prêmio ANPOLL, e da supervisão editorial da Revista da ANPOLL;

7. A divulgação constante das atividades da Associação por meio de um informativo eletrônico com periodicidade trimestral.

A fim de imprimir, desde o seu início, uma identidade ao Programa de Gestão, a chapa anunciou, dentro do possível e do desejável, os caminhos que pretendia seguir para efetivar as frentes de atuação propostas. Na visão da chapa, uma área do conhecimento se fortalece cada vez mais à medida que se conhece internamente. Acreditávamos, portanto, que um diagnóstico interno da Área de Letras e

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Linguística poderia gerar ações produtivas que nos permitiriam avançar de forma inovadora, conso-lidando espaços já conquistados e abrindo novas frentes de trabalho.

Portanto, como passo inicial para alcançar o objetivo de fortalecer a Área de Letras e Linguística, propusemos como primeira meta de gestão a realização de um diagnóstico da Área, concretizado por meio do aperfeiçoamento e desenvolvimento de um conjunto de dados relativos à série histórica de atividades da Associação que poderiam ser utilizados para desenhar ações concretas visando o futuro da Área. Delineava-se, já no Programa de Gestão, a proposta desenvolvida pela Diretoria da ANPOLL ao longo do biênio 2008/2010, pautada pelas palavras-chave memória e perspectivas.

Ao elaborar o Programa de Gestão, buscávamos contar com a colaboração efetiva dos Coordenadores de Programas de Pós-Graduação filiados à ANPOLL para que fornecessem à Diretoria dados atuali-zados sobre os indicadores dos Programas. Tais dados teriam origem no sistema Coleta CAPES, na Plataforma LATTES e no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq e, sobretudo, nas informações de natureza qualitativa repassadas pelos Coordenadores de Programas de Pós-Graduação. Contáva-mos também com a colaboração dos Coordenadores de GTs no sentido de nos repassar informações quantitativas e qualitativas por meio dos respectivos Planos de Trabalho e Relatórios de Gestão, docu-mentos considerados de fundamental importância para pautar as ações da ANPOLL.

Ao buscar construir uma base de dados dinâmica, com cruzamento de informações, pretendíamos po-der oferecer à comunidade de Letras e Linguística no país informações qualitativas sobre todos os Pro-gramas de Letras e Linguística filiados à ANPOLL; assim como informações qualitativas sobre todos

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os GTs da ANPOLL. Propúnhamos ainda garantir a cada GT um espaço virtual no site da ANPOLL no qual, além do nome do Coordenador e Subcoordenador e do link para uma eventual página externa do GT, haveria espaço para divulgar uma breve descrição do projeto atual do GT, a relação dos seus mem-bros ativos, o Relatório de Gestão dos biênios passados e o Programa de Gestão para o biênio em curso.

Pretendia-se, assim, garantir visibilidade e relevância às atividades dos Grupos de Trabalho, uma reivindicação histórica da Área de Letras e Linguística. Tínhamos clareza da importância de os GTs se configurarem cada vez mais como espaço de interação efetiva e constante entre os pesquisadores da Área, sendo sempre sensíveis às inovações e reestruturações que se fizerem necessárias em seus trabalhos. Acreditávamos que o diagnóstico proposto, com a posterior divulgação de resultados no sitio da ANPOLL na Internet, contribuiria significativamente para o fortalecimento da Área de Letras e Linguística.

Por fim, almejávamos o fortalecimento do papel político e aglutinador da ANPOLL, projetando que o fortalecimento da Área de Letras e Linguística poderia gerar impacto em diferentes ins-fortalecimento da Área de Letras e Linguística poderia gerar impacto em diferentes ins-tâncias, inclusive naquelas que não estão aparentemente ligadas às políticas públicas de pesquisa e formação na Área. Aumentando-se a visibilidade da Associação, seria possível trabalhar para que a Área de Letras e Linguística alcançasse maior difusão social e promovesse, por essa via, impactos sociais significativos.

Em síntese, propúnhamo-nos realizar o diagnóstico da Área no primeiro ano de gestão e fazer uma análise de impacto desse diagnóstico no XXIV Encontro Nacional da ANPOLL, previsto para meados

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de 2009. Ações concretas seriam efetivadas no segundo ano de gestão, guiadas pelas decisões tomadas pela Assembleia Geral do XXIV Encontro Nacional da ANPOLL, garantindo-se, assim, uma linha democrática de tomada de decisões, sempre respaldada pela maioria dos pares.

4. Primeiro ano: propostas e ações

Durante os primeiros meses da gestão 2008/2010, a Diretoria da ANPOLL empenhou-se em dar an-damento ao Programa de Gestão. Por meio de reunião de equipe periódicas, traçou-se um plano de ação para implementar as propostas feitas por ocasião da candidatura.

Como primeiro passo para fins de consecução dos objetivos diagnósticos propostos pela gestão 2008/2010, foi necessário reformular completamente o sítio da Associação na Internet. Nesse novo espaço virtual, foi desenvolvido um espaço para cada GT onde poderia ser armazenado um repositó-rio de informações de cada Grupo de Trabalho, construindo-se, assim, uma série histórica de dados. Além de espaço para divulgação dos membros e coordenadores dos GTs, o espaço virtual armazenaria os respectivos Planos de Trabalho e Relatórios de Gestão, peças obrigatórias segundo a Resolução que rege a criação e funcionamento dos GTs.

A fim de alcançar este objetivo, a Diretoria empenhou-se em conseguir que todos os coordenadores de GTs enviassem seus respectivos Planos de Trabalho e Relatórios de Gestão. Por meio de uma análise pautada por palavras-chave, tais documentos possibilitaram a análise de pontos centrais relacionados

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a demandas de todos os GTs. O espaço virtual, construído ao longo do primeiro ano de atividades da gestão 2008/2010, foi lançado durante o XXIV Encontro Nacional da ANPOLL.

Um segundo elemento fundamental no diagnóstico da Área de Letras e Linguística foi voltado para uma análise das publicações da Área, sobretudo aquelas indexadas no QUALIS CAPES de Letras e Linguística. Era preocupação dos Programas de Pós-Graduação filiados à ANPOLL, assim como dos membros e coordenadores de GTs, buscar elementos para qualificar o processo de análise da base de periódicos que compunham o QUALIS CAPES de Letras e Linguística, assim como identificar ele-mentos quantitativos e qualitativos que conseguissem medir o impacto desses indicadores junto à co-munidade de Letras e Linguística. Esse processo foi fortalecido durante o XXIV Encontro Nacional da ANPOLL com uma ampla discussão sobre o tema e a formação de uma comissão para elaborar um es-tudo aprofundado sobre o QUALIS CAPES de Letras e Linguística e seu impacto político e científico.

5. O XXIV Encontro Nacional da ANPOLL

Nesta reflexão sobre a memória e as perspectivas da gestão 2008/2010, cabe recuperar as palavras pro-feridas por mim, na qualidade de Presidente da ANPOLL, no discurso de abertura do XXIV Encontro Nacional da Associação, relembrando nossa proposta formulada no Programa de Gestão:

Ao longo dos últimos 12 meses temos procurado manter sempre em foco a proposta feita no nosso Programa de Gestão. Foi tendo esta proposta em mente que propusemos o tema do ENAPOLL 2009, qual seja, “Olhares Críticos

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em Letras e Linguística: avaliação externa e interna”, que iniciamos na noite de hoje. Nosso objetivo com a escolha do tema é desenvolver uma reflexão sobre os mecanismos de avaliação da pós-graduação em Letras e Linguística no país e possibilitar uma participação propositiva da Área de Letras e Linguística nos processos de avaliação. Pensamos dar início à discussão propondo uma avaliação indutiva do QUALIS CAPES para Letras e Linguística, reformulado no início de 2009. Para tanto, solicitamos a colaboração efetiva de todos os Programas de Pós-Gradu-ação e GTs filiados à ANPOLL para que nos fornecessem subsídios para uma avaliação interna do QUALIS, que se colocasse em diálogo com a avaliação externa feita pela CAPES. Trata-se de um processo que iniciamos hoje e que só terá êxito com a participação efetiva de toda a comunidade de Letras e Linguística do país.

A fala de abertura do XXIV Encontro Nacional da ANPOLL reafirmava o compromisso com a comu-nidade de Letras e Linguística feito no Programa de Gestão. A partir desta fala, estabeleceu-se um pro-cesso de discussão e debates durante todo o evento. No dia 05 de agosto de 2009, no encerramento do Encontro, foi realizada a Assembleia Geral Ordinária da ANPOLL no Auditório 1007 da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. Os coordenadores de Programas de Pós-Graduação apresentaram um documento sobre o QUALIS CAPES de periódicos com a proposta de uma ficha sobre os periódicos da Área a ser preenchida pelos Programas de Pós-Graduação em Letras e Linguís-tica, recolhendo informações sobre os periódicos publicados por cada Programa de Pós-Graduação, assim como informações sobre os periódicos estrangeiros nos quais os professores desses Programas publicam. Todas as fichas preenchidas e enviadas à Diretora da ANPOLL até 31 de agosto de 2009 fo-ram publicadas no sitio da Associação na Internet. Para dar continuidade ao diagnóstico, foi formada uma comissão composta por Fabio Alves (UFMG), Anna Christina Bentes (UNICAMP) e Mauricio Cardozo (UFPR).

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Ainda no encerramento do XXIV Encontro Nacional da ANPOLL, foram registradas as seguintes atividades ao longo do primeiro ano da gestão 2008/2010: a divulgação de três Boletins e 18 informa-tivos, a editoração dos números 26 e 27 da Revista da ANPOLL, a criação e lançamento do Banco de Dados dos GTs, e o início de um diagnóstico sobre o QUALIS CAPES de Periódicos em Letras e Lin-guística. Foi aprovada por unanimidade a criação do GT Literatura e Sagrado e o pedido de renome-ação do GT Tradução para GT Estudos da Tradução. Foi também aprovada a filiação de quatro novos Programas de Pós-Graduação à ANPOLL, quais sejam, o Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Mestrado em Estudos da Linguagem), o Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (Mestrado em Literatura), o Programa de Pós-Graduação em Letras: Lingua-gens e Representações da Universidade Estadual de Santa Cruz (Mestrado em Letras), e o Programa de Pós-Graduação em Letras do Centro Universitário Ritter dos Reis com área de concentração em Linguagens, Interação e Processo de Aprendizagem.

Por fim, cabe destacar a homenagem póstuma feita à Vice-Presidente in memoriam da gestão 2008/2010, Maria de Lourdes Meirelles Matencio. Foi lido um poema em homenagem à professora e citado um trecho de autoria dela enviado a amigos por ocasião das celebrações de final de ano em 2008. E, no contexto da homenagem a ela prestada, voltamos a citar neste capítulo aquelas palavras de Maria de Lourdes Meirelles Matencio:

Desejo que 2009 seja um ano no qual, nas muitas interações de que participaremos, possamos pe(n)sar a diferença e a distância entre o possível e o necessário, de modo que, nesses tempos e espaços, criemos pequenos e grandes impossíveis!

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A memória da fala de Maria de Lourdes Meirelles Matencio vai ao encontro da memória e do legado da gestão 2008/2010 ao propor, a partir da diferença e da distância entre o possível e o necessário, buscar novas formas de ação e, assim, garantir novas perspectivas para a ANPOLL.

6. Segundo ano: propostas e ações

A principal linha de atuação definida pela Assembleia Geral Ordinária do XXIV Encontro Nacional da ANPOLL, a principal ação do segundo ano de gestão foi a conclusão do relatório diagnóstico sobre a avaliação da comunidade de Letras e Linguística relativa aos periódicos do campo discipli-nar. A comissão formada por Fabio Alves (UFMG), Anna Christina Bentes (UNICAMP) e Mauricio Cardozo, com a colaboração das estudantes da UNICAMP, Beatriz Ferreira Silva, Clara Coelho Mangolin, Geovana Luzia dos Santos Limpo e Rafaela Defendi Mariano, supervisionadas pela pro-fessora Anna Christina Bentes, trabalharam no levantamento e análise de dados para a conclusão do diagnóstico.

Em termos metodológicos, a maior dificuldade do trabalho foi padronizar todos os dados recebidos, já que algumas das planilhas foram preenchidas com nomes de periódicos às vezes divergentes, ISSNs incorretos ou inexistentes, repetição de dados, etc. Entretanto, os problemas foram contornados e os dados finais, apresentados nas três planilhas, são representativos do cenário da publicação de periódi-cos na área de Letras e Linguística no país. A coleta de dados foi organizada a partir de três perguntas formuladas por ocasião da consulta aos professores dos Programas de Pós-Graduação em Letras e

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Linguística: (1) Quais periódicos você considera relevantes?; (2) Quais periódicos você consulta?; (3) Em quais periódicos você publica?.

Com base nesses dados, foi organizada uma lista segundo o número de menções no universo das plani-lhas enviadas pelos GTs e pelos Programas de Pós-Graduação. Esse critério foi adotado como forma de organização dos dados. Cumpre destacar que quando se tinha 01 (uma) menção, ela correspondia a uma menção do periódico por um GT ou por um Programa de Pós-Graduação. Isto significa que esta única menção é qualitativamente importante porque representa o conjunto de menções dos pesquisadores do GT ou do Programa de Pós-Graduação. Cabe ainda destacar que o critério número de menções tendia a privilegiar periódicos que se voltavam para um recorte mais amplo do campo disciplinar e, portanto, apresentam maior potencial de indicação. Já aqueles periódicos mais restritos a uma determinada área de especialidade tendiam a despertar menor interesse por parte dos colegas de outras áreas, sendo assim mencionados em menor número. Na leitura do documento elaborado pela comissão, disponível no sitio da ANPOLL na Internet, deve-se levar em conta esse efeito, já que um periódico de escopo mais restrito pode ter sido mencionado, por exemplo, por apenas um GT, a despeito de ser considerado, pelos pes-quisadores desse GT, como sendo o periódico mais relevante de sua área específica. Todos os dados en-viados nas planilhas foram computados. Assim, a tabulação deriva rigorosamente das planilhas enviadas pelos coordenadores de GTs e pelos coordenadores de Programas de Pós-Graduação.

A combinação de fatores que resultou nos gráficos e tabelas foi resultado das decisões metodológicas tomadas pela comissão que analisou os dados. Obviamente, esses mesmos dados podem ser tabulados considerando-se outras combinações. Era objetivo da comissão com esse trabalho, que envolveu a

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comunidade de Letras e Linguística como um todo, alcançar uma repercussão nos trabalhos de reclas-sificação de periódicos a ser feito pela Comissão QUALIS CAPES de Letras e Linguística.

7. O XXV Encontro Nacional da ANPOLL

Entre 1 e 3 de julho de 2010, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Lin-guística celebrou, durante seu XXV Encontro, seu jubileu de prata abordando o tema 25 Anos de ANPOLL: memórias e perspectivas. Por meio de um olhar voltado para suas memórias, a ANPOLL buscava no passado um olhar para o futuro, indicando perspectivas para os próximos anos. O XXV Encontro Nacional da ANPOLL teve como objetivo promover a discussão a respeito da produção do conhecimento em Letras e Linguística e incentivar o intercâmbio das pesquisas desenvolvidas pelos 35 Grupos de Trabalho congregados pela ANPOLL. O tema do Encontro, “25 anos de ANPOLL: memó-rias e perspectivas”, recuperado no título desse capítulo, abarcava questões que permeiam a produção e a difusão do conhecimento das áreas, subáreas e especialidades de Letras e Linguística, com especial destaque para a trajetória da área na últimas décadas e para as perspectivas que se vislumbram no curto, médio e longo prazo.

Ao completar 25 anos de existência, eram 99 os Programas filiados à ANPOLL. Na esfera intelectual e acadêmica da Associação, a dinâmica fundamental manteve-se com o trabalho dos GTs (Grupos de Trabalho) temáticos, que somavam 35 grupos em 2010. Com esse quadro, a ANPOLL marcou, sem sombra de dúvidas, seu papel protagonista como a mais importante associação da Área de Letras e

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Linguística no país, mantendo seu objetivo primeiro que é o de representar política e academicamente a Pós-Graduação e a Pesquisa na Área.

No âmbito da celebração dos 25 anos de atividades da associação, o XXV Encontro Nacional da AN-POLL contou, na sua sessão de abertura, com uma mesa composta pelos ex-presidentes da associação que refletiram, individual e coletivamente, sobre a memória e as perspectivas da ANPOLL.

No dia 03 de julho de 2010, foi realizada a Assembleia Geral Ordinária da ANPOLL, no Auditório 1007 da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. 54 coordenadores de Pro-gramas de Pós-Graduação filiados à Associação estiveram presentes. Seguindo os trâmites normais, com ajuste de pauta, foi feita uma homenagem póstuma ao Prof. Mário Zágari, pelo GT de Socio-linguística. Em seguida, foi feita uma apresentação das atividades da Diretoria nos dois anos de gestão, destacando-se a realização de um diagnóstico do QUALIS CAPES de Letras e Linguística e a manutenção da periodicidade da Revista da ANPOLL que teve o lançamento dos números 28 e 29 neste evento.

Encerrando a gestão 2008/2010, o Presidente destacou-se que todas as ações propostas pela diretoria foram cumpridas. O Presidente comunicou ainda que o XXV ENANPOLL contou com a presença 550 membros de GTs que apresentaram trabalhos, 70 ouvintes e 120 convidados. O Presidente comunicou o resultado do prêmio ANPOLL de teses e dissertações, havendo sido agraciados Alexandre Nascimento Almeida e Alan Jardel de Oliveira, respectivamente por suas respectivas tese e dissertação. O Presidente fez os agradecimentos aos professores que compuseram as comissões avaliadoras, quais sejam, Profas.

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Márcia Cristina Zimmer, Jânia Martins Ramos e Rita Zozolli pela comissão do prêmio ANPOLL de dis-sertação de mestrado, e Profs. Branca Falabella Fabrício, Nelson Barros da Costa e Viviane Maria Heber-le pela comissão do prêmio ANPOLL de tese de doutorado. Nesta Assembleia foram criados três novos GTs, quais sejam, Linguagem e Tecnologia, Estudos Bakhtinianos, e Gêneros Textuais/Discursivos.

Encerrou-se com esta Assembleia a gestão 2008/2010, tendo sido por ela eleita a nova Diretoria da ANPOLL, responsável pela gestão 2010/2012, sob a Presidência do Prof. Silvio Renato Jorge da Uni-versidade Federal Fluminense.

8. Balanço de Gestão

Ao encerrar este capítulo, os conceitos de memória e perspectivas voltam a se cruzar. Motivada pela proposta e intenção de contribuir efetivamente para o crescimento, a visibilidade e o fortalecimento da Área de Letras e Linguística no país, a Diretoria responsável pela gestão 2008/2010 buscou um diá-logo efetivo que viabilizasse o fortalecimento da Associação como instância de representação de Área, pautada por ações externas a fim de fortalecer a atuação política da Associação.

Ecoando as palavras de Maria de Lourdes Meirelles Matencio, reforçou-se assim “a diferença e a distân-cia entre o possível e o necessário”, com a intenção de imprimir, desde o início da gestão, uma identidade à Diretoria, traçando caminhos para efetivar as diversas frentes de atuação e, assim, alcançar os objetivos propostos no Programa de Gestão, sem jamais perder o foco delineado no lançamento da candidatura.

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Nesse sentido, a maior conquista da gestão 2008/2010 pode ser talvez aferida pela realização de um diag-nóstico interno da área capaz de gerar ações produtivas que permitirão à ANPOLL avançar de forma inovadora, consolidando espaços já conquistados e abrindo novas frentes de trabalho.

O espaço virtual alocado aos GTs e o diagnóstico dos periódicos listados no QUALIS CAPES de Letras e Linguística foram conquistas importantes no sentido de construir memória e apontar perspectivas.

Cabe, no balanço dos resultados obtidos pela gestão 2008/2010, um agradecimento especial aos cole-gas da Diretoria, a todos os Coordenadores de Programas de Pós-Graduação e Coordenadores de GTs, assim como a toda a comunidade de Letras e Linguística no país, pelo apoio às propostas da Diretoria. Sem o diálogo profícuo e a colaboração efetiva de todos, os resultados obtidos pela gestão 2008/2010 não teriam sido possíveis.

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A ANPOLL NOS SEUS

TRINTA ANOS DE EXISTÊNCIA

Heronides Moura

Universidade Federal de Santa Catarina

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1. A representatividade e o papel político da ANPOLL

Ao completar trinta anos de existência, a ANPOLL tem um poder político inegável, pois se trata de uma entidade independente, autônoma e que congrega todos os programas da Área. Funciona como um contrapeso à Coordenação da Área, que está mais ligada diretamente à CAPES.

A ANPOLL não pode ter uma posição ingênua de negação da avaliação promovida pela CAPES. O sistema de pós-graduação no Brasil é financiado com dinheiro público, e a sociedade tem o direito de avaliar e controlar como os recursos públicos são aplicados. Sendo assim, a avaliação promovida pela CAPES é um instrumento de ação pública, voltada para a transparência.

Cabe à ANPOLL ser uma instância independente de supervisão e debate do modelo de avalição que é adotado. Toda e qualquer política pública relativa à Área de Letras e Linguística deve ser discutida e avaliada no âmbito da ANPOLL.

Há, portanto, três instâncias políticas em jogo no sistema de avaliação dos programas. A primeira é o governo, representado pela CAPES. A segunda instância é a Coordenação de Área, que faz a ponte entre o governo e a comunidade acadêmica. E a terceira instância são as associações que, como a ANPOLL, representam de forma direta a comunidade acadêmica. É um sistema de pesos e contrapesos. O governo, sozinho, geraria centralismo e autoritarismo. A coordenação de Área, isolada, ficaria frágil perante o governo. Associações fortes, como a ANPOLL, asseguram que o debate seja aberto e contínuo. Devemos ter em mente que prestamos contas à sociedade. Esse é o espírito que serve de

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base a todo o sistema de avaliação dos programas de pós-graduação, no Brasil. Negá-lo equivale a uma recusa do princípio republicano que garante um tratamento isonômico a todos os envolvidos no processo de criação e disseminação do conhecimento e da cultura.

Uma característica fundamental da ANPOLL é que ela serve de caixa de ressonância a todos os tipos de programas da Área. O estatuto da ANPOLL assegura isonomia a todos os programas afiliados. Programas consolidados e programas novos; programas de regiões mais ricas e de regiões menos desenvolvidas; programas de Linguística, de Literatura e mistos; programas das mais diversas linhas teóricas. Todos são representados e representativos na ANPOLL. A nossa gestão valorizou a diversi-dade da Área e a sua regionalização.

Nenhum grupo, região ou universidade teve ou tem predomínio sobre as outras. As hegemonias polí-ticas ou de opinião são construídas no debate e na interação. Encarar a Área de uma maneira localista ou unidirecional é um grande equívoco.

Isso não implica que não haja certos valores fundamentais, como qualidade acadêmica e bom uso dos recursos públicos. No entanto, esses valores não estão na posse de nenhum grupo ou instituição. Não há donos da verdade, na ciência e na cultura. Não há donos do saber sobre a linguagem e a literatura.

Vou dar apenas dois exemplos, entre outros, de como a ANPOLL tem participado da formação de opi-niões na Área. Um primeiro exemplo é a questão do currículo mínimo nos cursos de pós-graduação. Essa questão foi legitimamente levantada pelo Coordenador da Área, Dermeval da Hora. Nossa gestão

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teve papel ativo na discussão e na proposta de alternativas. Participamos dos Seminários e dos Fóruns que debateram a questão. No XXVIII ENANPOLL, realizado em Florianópolis, em 2013, o tema foi exaustivamente discutido e a posição dominante foi explicitada no Documento Final do evento, dis-ponível em nosso site.

Transcrevo o trecho que trata do assunto: “Registrar que a ANPOLL é contrária à proposição de ma-triz curricular mínima e unificante para os Programas de Pós-Graduação em Letras e Linguística e reiterar a diversidade teórica e de formação dos programas”. Este foi o consenso construído na Área, com a participação ativa da ANPOLL.

Outra questão relevante da Área é a discussão do conceito de internacionalização. A CAPES propõe que os programas de pós tenham um nível internacional. Penso que todos concordamos com esta proposta. Mas o que exatamente implica o conceito de internacionalização? Um consenso que tem emergido dos debates é que este conceito não deve implicar uma subordinação aos meios de publica-ção e divulgação do mundo anglo-saxônico. Devem ser valorizados processos de internacionalização e cooperação com outros países, fora do mundo da língua inglesa.

Devemos evitar o erro incorrido por outras Áreas no Brasil, que privilegiaram exclusivamente as publicações e intercâmbios com os países de língua inglesa, ou subordinados a eles, em detrimento das pesquisas voltadas para nossa realidade econômica e social. Devemos ter em mente que meios de publicação específicos favorecem temas e abordagens específicos. Será que esses temas e abordagens são os mais relevantes para nós?

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Devemos valorizar nossas próprias publicações e tentar buscar espaços no mundo globalizado que valorizem nossa ciência e nossa cultura. Devemos estimular intercâmbios culturais com países da América Latina, da África e da Ásia. Internacionalização deve significar interação, e não subordina-ção. O isolacionismo é uma péssima ideia, mas a subordinação também não é uma solução inteligente.

Esse debate sobre a internacionalização também esteve na mira da ANPOLL, que organizou o Coló-quio sobre a internacionalização da Língua Portuguesa: concepções e ações, realizado em Florianópolis, em março de 2013. A concepção discutida nesse evento é que a internacionalização não deve ser um processo unidirecional: da língua hipercentral, que é o inglês, para as outras culturas do mundo; mas também de línguas nacionais, como o português, para outras culturas do mundo. A questão da inter-nacionalização também foi abordada no Documento Final do XXVIII ENANPOLL.

No XXIX ENANPOLL, estarão em debate temas também muito importantes, como a proposta de novo nome para a Área (encaminhada por programas associados à ANPOLL) e a discussão do novo Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG- 2011-2020), entre outros assuntos.

2. Participação da ANPOLL na definição de políticas da Área de Letras e Linguística

Nossa gestão mostrou-se particularmente ativa em diferentes fóruns voltados para a definição de po-líticas para a Área de Letras e Linguística. Atuamos sempre com independência, voltados para os inte-

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resses dos diferentes programas de pós-graduação associados à ANPOLL. Dialogamos com os órgãos de fomento, com a Coordenação da Área, com a SBPC e com a Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara Federal. Participamos de diferentes seminários, em várias regiões do país. Nesses encontros e debates, pudemos perceber que a voz da ANPOLL é muito significativa e que há um espaço enorme para a ação e a proposição de novas ideias e perspectivas.

São citadas abaixo algumas das participações da ANPOLL em eventos e seminários, ao longo deste biênio:

1. Encontro com coordenadores de programas da Área na UFPEL. Além do coordenador e de professores da UFPEL, estavam presentes coordenadores de programas da UCPEL e da FURG. Foram discutidas as perspectivas de nosso campo de pesquisa e a proposta de mudança de nome da Área. UFPel, Pelotas, abril de 2014.

2. Participação no II Seminário de Programas de Pós-Graduação da Área de Letras e Linguística. USP, São Paulo, agosto de 2013.

3. Participação em mesa redonda sobre Pesquisa e Ensino na Pós-Graduação em Letras. A mesa contou também com a participação do Coordenador da Área, Dermeval da Hora, e de Sandra Regina Goulart de Almeida, Coordenadora Adjunta da Área. Universidade Mackenzie, São Pau-lo, junho de 2013.

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4. Participação no I Seminário de Programas de Pós-Graduação da Área de Letras e Linguística. A mesa que representou a ANPOLL contou com a participação de seu presidente, da Conselheira Edwiges Morato e de Maria das Graças Soares Rodrigues, coordenadora do GT Linguística do Texto e Análise da Conversação. Também participou do evento a vice-presidente da ANPOLL, Rosângela Hammes Rodrigues. PUC Minas, Belo Horizonte, abril de 2013.

5. Participação da ANPOLL no IV CIELLA (Congresso Internacional de Estudos Linguísticos e literários na Amazônia). Palestra do presidente da ANPOLL. UFPA, Belém, abril de 2013.

6. Organização e participação nos debates do Colóquio sobre a internacionalização da Língua Por-tuguesa: concepções e ações. UFSC, Florianópolis, março de 2013.

7. Participação em reunião com o Ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, o Presidente do CNPq, Glaucius Oliva, e membros da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comu-nicação e Informática da Câmara Federal (Deputados Sibá Machado e Luciana Santos). Foram discutidas a nova Lei de Inovação e políticas de fomento em ciência e tecnologia. Estavam pre-sentes vários presidentes de associações científicas e a presidente da SBPC, Helena Nader. 65º Reunião da SBPC. UFPe, Recife, julho de 2013.

Como reflexo desses debates, teremos a conferência de abertura do XXIX ENANPOLL com Margari-da Salomão, linguista da UFJF, e membro da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e In-

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formática da Câmara Federal. Ela discutirá o novo Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG- 2011-2020), e o papel aí assumido pela Área de Letras e Linguística.

3. Estrutura administrativa

A Anpoll profissionalizou a secretaria, contratando uma funcionária (Cláudia Bechler), com carteira assinada. Para uma pessoa jurídica como a Anpoll, a situação trabalhista mais recomendável é o vín-culo funcional regular dos colaboradores permanentes.

Para além da questão trabalhista, a grande vantagem da contratação de um funcionário é que a dinâ-mica da secretaria se torna muito mais efetiva e funcional. Na nossa gestão, todas as atividades buro-cráticas e administrativas fluíram com mais facilidade, pois a Diretoria pôde contar com o apoio de uma funcionária dinâmica e dedicada.

A secretaria ficou instalada na mesma sala da Pós-Graduação em Linguística da UFSC (sala 315 do Bloco B do Centro de Comunicação e Expressão). Neste ambiente, Diretoria e funcionária tiveram à sua disposição computadores, impressoras e telefone.

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4. Finanças e situação fiscal

Uma das metas de nossa gestão era fazer uma gestão financeira o mais transparente possível. Para isso, selecionamos uma empresa de contabilidade respeitada no mercado e com experiência nas caracte-rísticas contábeis de associações. A empresa escolhida foi Leoni Menezes Assessoria Empresarial, a qual presta assessoria contábil para a Associação de Professores da UFSC, entre outras empresas e entidades.

Todas as entradas e despesas de nossa gestão estão registradas e comprovadas. A prestação de contas relativa ao primeiro ano de gestão foi aprovada na Assembleia Geral do XXVIII ENANPOLL, e a pres-tação de contas final será submetida à Assembleia do Encontro deste ano.

Nossa gestão esforçou-se, também, para fazer um acompanhamento dinâmico e eficaz junto aos pro-gramas, no que diz respeito à quitação da anuidade. Para tanto, foi necessário organizar a informação sobre a situação de cada programa, atualizar certidões e manter-se atento às exigências burocráticas específicas dos programas. O esforço resultou na regularização dos pagamentos de anuidade e na re-solução de praticamente todos os casos de inadimplência

Uma grande dificuldade encontrada foi a regularização da situação fiscal. A ata da Assembleia do XXVII ENANPOLL, realizado em Niterói, relata que foi aprovada a possibilidade de que a ANPOLL tivesse uma sede fiscal fixa. No entanto, o escritório de contabilidade nos informou que, para regulari-zação da situação fiscal da entidade, seria preciso transferir a sede fiscal para Florianópolis.

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Depois de muito trabalho e vários entraves burocráticos, essa transferência foi realizada, e o SICAF (Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores) está regularizado e atualizado, assim como a certificação digital de pessoa jurídica. O caráter itinerante das gestões da ANPOLL impõe uma sobre-carga de burocracia muito grande. Aparentemente, não há solução fácil para essa dificuldade.

A declaração de imposto de renda da Associação está atualizada e sem nenhuma pendência.

5. Site e lista de e-mails

O site da ANPOLL foi totalmente reformulado, tornando-se mais limpo e mais amigável. As páginas dos GTs foram padronizadas e atualizadas. Cada página de GT contém informações sobre a história do GT, a coordenação, os membros, os planos de trabalho e os relatórios. Foi criado um novo logotipo para a Associação.

Todas as informações relevantes para a Associação e para a comunidade são postadas em tempo real. O site é também um meio de debates e discussão de temas relevantes para a Área. Um exemplo disso é a proposta, encaminhada por programas filiados, de mudança de nome da Área. Todas as opiniões e documentos relativos ao tema foram postados, de forma equânime, no site.

Os eventos promovidos tiveram sites específicos, com links no site da ANPOLL. O sistema virtual de inscrições foi alterado e simplificado.

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A lista de e-mails da ANPOLL continuou sendo um meio eficaz de informar a comunidade de to-das as atividades, eventos e notícias relativas à Área. Todo e qualquer e-mail dirigido à ANPOLL foi devidamente respondido, em tempo hábil. Já está enraizada na comunidade de pós-graduação que a ANPOLL é o canal legítimo para discussão das questões pertinentes ao ensino e pesquisa, na Área de Letras e Linguística, além de meio de divulgação de informações relevantes para a Área.

6. Programas filiados e GTs

A ANPOLL conta atualmente com 121 programas de pós-graduação filiados. Nossa gestão simplificou o processo de filiação de programas à ANPOLL, por meio da Resolução No 1 de 2013 (disponível no site). Na Assembleia do XXVIII ENANPOLL, foram aprovadas as filiações dos seguintes programas:

1. Programa de Pós-Graduação em Letras- Estudos de Linguagem da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

2. Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pelotas/RS. (UFPEL).3. Programa de Estudos Linguísticos da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).4. Programa de Mestrado em Estudos da Linguagem da Universidade Federal de Goiás – Campus

Catalão (UFG).5. Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

(UERN).

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6. Programa de Pós-graduação em Estudos da Tradução da Universidade de Brasília (UnB).7. Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade de São Paulo (USP).8. Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Universidade Estadual de Montes Claros

(UNIMONTES).

Para a Assembleia do XXIX ENANPOLL, a ser realizado em junho de 2014, os seguintes programas propuseram filiação:

1. Mestrado em Letras – Universidade Estadual do Piauí. UESPI.2. Mestrado em Letras – Universidade do Estado do Mato Grosso. UNEMAT.3. Linguagem, Identidade e Subjetividade. Universidade Estadual de Ponta Grossa. UEPG.4. Programa de Pós-Graduação em Letras – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. UESB5. Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS). Coordenação geral na UFRN.

A filiação desses novos programas mostra o processo de regionalização em curso na nossa Área. Dos treze programas que solicitaram filiação à ANPOLL durante nossa gestão, quatro são de instituições do Nordeste, três são de instituições do Centro-Oeste e dois se localizam em polos regionais do Sul (Pelotas-RS) e Sudeste (Montes Claros-MG).

É importante também destacar o pedido de filiação do PROFLETRAS, que é um mestrado em rede, com a coordenação situada na UFRN, em Natal. A inserção de um programa profissionalizante mos-

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tra a representatividade da ANPOLL e sua presença nas diferentes instâncias da formação e pesquisa na Área da Pós-Graduação em Letras e Linguística.

Quanto aos GTs, atualmente temos quarenta e quatro Grupos de Trabalho atuantes no âmbito da AN-POLL, o que revela a enorme força e abrangência das pesquisas realizadas na Área. Cada GT dispõe de uma página no site da ANPOLL. Os GTs são autônomos na sua atuação acadêmica e científica, e prestam contas de suas atividades através de Relatórios bianuais (disponíveis no site).

Na Assembleia do XXVIII ENANPOLL, foram aprovados os seguintes novos GTs:

1. GT Estudos Saussurianos.2. GT Literatura Brasileira Contemporânea.3. GT Ensino e Aprendizagem na perspectiva da Linguística Aplicada.

A nossa gestão definiu os parâmetros de criação e funcionamento dos GTs por meio da Resolução No 1 de 2012 (disponível no site). Nessa Resolução, estabeleceu-se um número mínimo de participantes por GT nos encontros da ANPOLL e foi introduzido também o recredenciamento bianual dos mem-bros de cada GT. Esse recredenciamento é conduzido de forma independente pelo GT, e a lista dos membros recredenciados é divulgada na página do GT.

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7. XXVIII ENANPOLL

O XXVIII ENANPOLL foi realizado na UFSC, em Flo-rianópolis, de 1 a 3 de julho de 2013. Os palestrantes con-vidados foram: Dermeval da Hora (UFPb), Thaís Cristó-faro Silva (UFMG), Wander Mello Miranda (UFMG), Maria das Graças Rodrigues (UFRN), Silvio Renato

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Jorge (UFF) e Stella Maris Bortoni Ricardo (UNB). Além das palestras e mesas redondas, tivemos reuniões de coordenadores de programas de pós-graduação filiados à ANPOLL, e reuniões de coor-denadores de GTs.

O evento atingiu plenamente seus objetivos, tendo reunido mais de 400 pesquisadores de todo o Bra-sil. Os coordenadores de programas de pós-graduação da Área de Letras e Linguística puderam deba-ter em profundidade a situação dos programas, os critérios da avaliação trienal, e a formação oferecida em seus diferentes cursos. Foram discutidos também o perfil teórico e o alcance social das pesquisas desenvolvidas. Além disso, os coordenadores dos mais de 40 grupos de trabalho da ANPOLL pude-

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ram apresentar e debater os rumos das pesquisas desenvolvidas, e propor novas metodologias para obtenção de melhores resultados acadêmicos. O objetivo central do evento foi observar que tipo de

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vínculo há, nos dias de hoje, entre a formação oferecida pelos programas de pós, e a abrangência social e implicação teórica das pesquisas desenvolvidas na Área.

Os Grupos de Trabalho vinculados à ANPOLL desenvolvem projetos de ensino, pesquisa e extensão muitos importantes para a inserção social e para a cultura nacional, com ações em universidades de todo o país. É de se ressaltar também a enorme produtividade dos Grupos de Trabalho da ANPOLL, com inúmeras publicações, periódicos e eventos vinculados aos GTs. Esses grupos de trabalho favo-recem a pesquisa em rede, a regionalização e a inserção de novos pesquisadores no universo da pós--graduação em Letras e Linguística.

Outros objetivos relevantes do evento foram a discussão e aprovação de documentos contendo ava-liações e propostas sobre as políticas públicas mais apropriadas para o desenvolvimento educacional e acadêmico da Área de Letras e Linguística, a análise da situação do ensino e pesquisa nos programas de pós-graduação na Área de Letras e Linguística e a discussão dos temas abordados pelos Grupos de Trabalho vinculados à ANPOLL.

8. Revista da ANPOLL e Prêmio ANPOLL

A versão eletrônica da Revista da ANPOLL foi completamente revisada e atualizada, e todos os volu-mes da Revista (do volume 1, datado de 1994, ao volume 35, de 2013) estão disponíveis no site http://www.anpoll.org.br/revista/index.php/revista/issue/archive.

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203Heronides Moura

A submissão dos artigos passou a ser feita por meio do Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER), o que agilizou em muito os procedimentos editoriais. Estamos no processo de passar a operar o sistema DOI.

A Revista da ANPOLL é qualificada como Qualis A1, e nossa gestão fez todos os esforços para que a qualidade da revista fosse preserva-da e incrementada. Uma grande revista se faz com o trabalho dedicado de editores, autores, conselho editorial e pareceristas. A Revista da ANPOLL realiza uma meticulosa seleção e revisão dos artigos que publica, garantindo a qualidade e a periodicidade da publicação.

Em 2013, foram publicados os volumes 34 e 35. Estes volumes passaram a ser publicados ape-nas em meio eletrônico. Esta decisão editorial, aprovada pelo Conselho da ANPOLL, encontra sua justificativa no fato de que a versão on line é de muito mais fácil acesso, sendo mais racional investir recursos numa boa revisão e diagramação da versão virtual, do que em papel e envio pelos correios. Os volumes 36 e 37, relativos a 2014, já estão quase prontos e devem estar disponíveis no site em breve.

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O Prêmio ANPOLL já constitui uma tradição em nossa Área. Na edição deste ano, puderam concorrer teses e dissertações defendidas nos últimos quatro anos (2010, 2011,2012 e 2013), na Área de Linguística.

Nesta edição, concorrem ao Prêmio ANPOLL 33 dissertações e 27 teses. A comissão julgadora é composta pelos seguintes membros titulares: Bento Dias da Silva (UNESP, Araraquara); Roxane Rojo (UNICAMP); Neusa Salim (UFJF); Vanderci de Andrade Aguilera (UEL) e Claudia Pfeiffer (UNICAMP). Haverá premiação em dinheiro para os vencedores, que serão convidados a partici-parem da entrega dos prêmios, que ocorrerá durante o XXIX ENANPOLL.

Conclusão

Ao completar trinta anos de existência, e como fruto do trabalho de várias gestões, a ANPOLL é hoje uma entidade sólida do ponto de vista institucional e administrativo, saudável no aspecto financeiro, e, o que é o mais importante, representativa da comunidade de pós-graduação em Letras e Linguística.

Não há debate ou questão relevante para a Área que não repercuta no âmbito da ANPOLL, pois esta Associação se tornou o meio pelo qual as diferentes linhas de pensamento e as mais variadas institui-ções acadêmicas podem se expressar livremente.

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205Heronides Moura

Eu gostaria de agradecer muito aos meus colegas de gestão, que participaram ativamente de todas as atividades da ANPOLL. Foi bastante prazeroso trabalhar com pessoas da qualidade acadêmica e seriedade de Rosângela Hammes Rodrigues, Andréia Guerini, Mailce Borges Mota, Stelio Furlan e Morgana Cambrussi. Sem eles, nada do que foi descrito neste texto teria acontecido. Um projeto tão amplo quanto a gestão da ANPOLL não pode funcionar sem uma equipe coesa, de-dicada e competente, como esta da qual eu tive a sorte de participar.

Agradeço também aos membros do Con-selho da ANPOLL, que, nas muitas vezes em que foi consultado, emitiu uma opinião ponderada e produtiva. E agradeço também à funcionária Cláudia Bechler, que se dedi-cou de maneira séria e responsável a todas as atividades de nossa Associação.

ANPOLL GESTÃO 2012-214

• Presidente – Heronides Maurílio de Melo Moura (UFSC) • Vice-presidente – Rosângela Hammes Rodrigues (UFSC)

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• Secretária Executiva – Andreia Guerini (UFSC) • 2º Secretário – Stélio Furlan (UFSC) • Tesoureira – Mailce Borges Mota (UFSC) • 2ª Tesoureira – Morgana Cambrussi (UFFS)

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Conselho

1. Estudos Linguísticos

Titulares • Fabio Alves da Silva Jr. (UFMG) 2010-2014 • Désirée Motta Roth (UFSM) 2010-2014 • Regina Celi Mendes Pereira (UFPB) 2012-2016 • Edwiges Maria Morato (UNICAMP) 2012-2016

Suplentes • Vera Lúcia Menezes (UFMG) 2010-2014 • Marília Ferreira (UFPA) 2012-2016 • Josane Oliveira (UEFS) 2012-2016

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207Heronides Moura

2. Estudos Literários

Titulares • Audemaro Goulart (Puc-Minas) 2010-2014 • José Luiz Jobim de Salles Fonseca (UERJ) 2010-2014 • Frederico Fernandes (UEL) 2012-2016 • Silvio Renato Jorge (UFF) 2012-2016

Suplentes • Eurídice Figueiredo (UFF) 2010-2014 • Júlio Diniz (PUC-RJ) 2012-2016 • Rachel Esteves Lima (UFBa) 2012-2016

Funcionária: Cláudia Bechler

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Projeto gráfico e editoração eletrônica:Ane Girondi ([email protected])

Este livro foi composto com as famíliasMinion Pro e Myriad Pro em maio de 2014,

utilizando o papel Cartão Supremo 250g/m2 para a capae papel Offset 75g/m² no miolo.

Tiragem 1000 exemplares.

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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DEPÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISAEM LETRAS E LINGUÍSTICAANPOLL 9 788574 747729