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Ano IX - Edição Nº 129 Campo Grande, MS - Março de 2010 Foto: www.sxc.hu

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Page 1: Ano IX - Edição Nº 129 Março de 2010 - UCDB · 2017. 4. 3. · Sobre a compra de livros usados, nor- ... que Maquir é ge-rente, trabalha com livros novos, apesar ... ano de estudo

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Ano IX - Edição Nº 129Campo Grande, MS -Março de 2010

Foto: www.sxc.hu

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Editorial02

Especialidades

Em Foco – Jornal laboratório do curso de Jornalismo da UniversidadeCatólica Dom Bosco (UCDB)

Ano IX - nº 129 – Março de 2010 - Tiragem 3.000

Obs.: As matérias publicadas neste veículo de comunicação não represen-tam o pensamento da Instituição e são de responsabilidade de seus autores.

Chanceler: Pe. Lauro Takaki ShinoharaReitor: Pe. José MarinoniPró-reitoria de Ensino e Desenvolvimento: Conceição Aparecida ButeraPró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação: Hemerson PistoriPró-reitoria Extensão e Assuntos Comunitários: Luciane Pinho de

Helton Verão, Juliana Gonçalves, Kleber Gutierrez, Laís Camargo, NatalieMalulei, Rogério Valdez, Sarah Isernhagem, Sidney de Albuquerque, TatianaGimenes e Wanessa Derzi.

Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens:Designer - Maria Helena Benites

Impressão: Jornal A Crítica

Em Foco - Av. Tamandaré, 6000 B. Jardim Seminário, Campo Grande – MS.Cep: 79117900 – Caixa Postal: 100 - Tel:(067) 3312-3735

EmFoco On-line: www.emfoco.com.br

E-mail: [email protected] [email protected]

AlmeidaPró-reitoria de Pastoral: Pe. Pedro Pereira BorgesPró-reitoria de Administração: Ir. Raffaele Lochi.

Coordenador do curso de Jornalismo: Oswaldo Ribeiro da Silva

Jornalistas responsáveis: Jacir Alfonso Zanatta DRT-MS 108, Cristina Ramos DRT-MS158 e Inara Silva DRT-MS 83

Revisão: Cristina Ramos , Inara Silva e Jacir Zanatta

Edição: Cristina Ramos, Inara Silva, Jacir Zanatta e Oswaldo Ribeiro

Repórteres: Bruna Lucianer, Daniel Henrique, Edilene Borges, Evellyn Abelha, Evillyn Regis,

Juliana Gonçalves

O comércio de livros usadostem se aprimorado com o passardo tempo. Não basta só venderlivros que outras pessoas julga-ram não precisar mais, os exem-plares hoje são vendidos quasecomo se fossem novos, ou pelomenos, o cuidado com as obrastem se tornado um bom investi-mento, tanto na hora de trocar por

outro livro, como na venda.Gerente de um dos sebos de Cam-

po Grande, Maquir Vila Nova, de 35anos, defende que a venda de livrosusados depende muito da qualificaçãoda obra e da rotatividade dela. “Pelaminha visão eu sempre tento ver se ele[o livro] é bom de comércio e pra isso épreciso um conteúdo bom associado aoutros quesitos”, ressalta.

Maquir trabalha há 12 anos emuma loja de livros usados aberta 20 anosatrás. Começou como faz tudo, hoje eleexplica a rapidez como alguns livrosse atualizam, como os de informática eos de direito e demonstra preocupa-ção com a qualidade dos livros vendi-dos na Capital.

“Eu viajava muito para trazer umaqualidade melhor de livros usados para

LivrosTratados, os livros dos sebos ganham qualidade

Leitura

nem TÃO

usados ASSIMCampo Grande, eu aproveitava as promo-ções aéreas, por que aqui o mercado aindaé muito restrito. Fora ,você paga mais caro,ainda tem o frete, mas tudo em busca dequalidade”, afirma Maquir.

O estudante Nicolas Araújo dos San-tos, de 12 anos, que procurava junto coma mãe um livro para um trabalho de ciên-cias, disse que não sai muito para com-prar livro, mas que adora ler os de históriae literatura. A mãe , Marlei Araújo dos San-tos, de 51 anos, afirma que sempre incen-tiva o filho “Eu sempre tento trazê-lo, ten-to incentivar e ele gosta de ler”, disse.

Os dois olhavam vários títulos enquan-to tentavam se decidir por um exemplar efoi curioso observar, que não era apenasum nome que estava sendo escolhido.Abrir o livro, olhar as páginas e descobrirse valia a pena levar pra casa aumentava aexpectativa. Os livros, que hoje vêm em-balados em sacos plásticos para melhorconservação ,podem ser abertos para a apro-ximação com o leitor.

Maquir diz que normalmente os jo-vens vêm pela necessidade de estudar,mas que é interessante observar. “Os lei-tores assíduos vão direto olhar a biblio-grafia do livro, bem no final pra ver daonde foram tiradas as idéias e fundamen-tos dos livros, as outras pessoas olhamo começo dão uma folheada nas páginas”.

A funcionária e contadora de um seboSimone Rezende, de 31 anos, que traba-lha há 15 anos na loja de livros usados,quando questionada se trabalhar com li-vros desperta o interesse na leitura, elanão nega. “A pratica não veio com o tem-po, mas eu pego alguns livros na área deinformática, economia e relacionamentos”.

Simone conta que este foi seu únicoemprego até hoje e que é bem tranqüilotrabalhar ali. “O público é bem educadoe tem mais paciência, se há alguma de-mora no balcão eles esperam, por que amaioria das vezes estão ali por prazer”,lembra.

C o m p r a e v e n d aSobre a compra de livros usados, nor-

malmente o valor é calculado como sen-

do um quarto do valor do livro novo. Ogerente do sebo diz que tudo dependedas condições em que o livro chega. “Ten-tamos ao máximo ficar com o livro, seele tiver uma boa rotatividade, por issomandamos todos os livros para uma grá-fica terceirizada que arruma os defeitosque o livro pode ter, como colocar asfolhas que estivem soltas. É um gasto,mas gera qualidade”.

Há cinco anos a loja, que Maquir é ge-rente, trabalha com livros novos, apesardo carro chefe da loja ainda ser os livrosuniversitários, seguidos pelos de auto-aju-da. Ele não deixa de falar que entre ossucessos está a venda de mais de 70 li-vros em apenas um mês do best seller Cre-púsculo, apesar da loja ser conhecida pelacompra e venda de livros usados.

C e d o - Nicolas Araújo, 12 anos, frequenta sebos com o incentivo da mãe formada em letras

Foto: Juliana Gonçalves

Depois da pausa para o descansochegou a hora dos estudantes do cursode jornalismo da Universidade CatólicaDom Bosco (UCDB) voltarem a exercitaro fazer jornalístico. Nesta edição do

Jornal laboratório Em Foco, a primeira de2010, as reportagens publicadas sãoresultado do aprendizado nas disciplinasde Jornalismo Econômico, ComunicaçãoRural e Jornalismo Científico, ministradasno semestre passado. Contar as histórias do mundo é oobjetivo geral do repórter, mas o jeito como

ele conta estas histórias pode ser diferente,dependendo do tema tratado e do públicoque se interessa pelo assunto. A solução para a heteregeneidade dosleitores de jornal foi a divisão em editoriasou cadernos especiais. Quem se interessamais por economia vai direto para as páginasque tratam dos assuntos monetários,

Desta forma os jornalistas que escrevempara cada editoria sabem o que interessa aoseu leitor fiel, que histórias e personagensele quer ver, qual a linguagem que pode serutilizada, como traduzir o linguajar dosprofissionais do meio. Nossos estudantesde jornalismo aprenderam tudo isto emostram para você nas próximas páginas.

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CURSINHO ?

Educação

Planejamento e informação são importantes para que pais não tenham prejuízo na preparação pré-vestibular dos filhos

VALE A PENA INVESTIR

Evellyn Abelha

Preocupados em ingressar na univer-sidade, centenas de estudantes investemem cursinhos preparatórios. No anseiode cursar uma instituição de ensino pú-blico alguns desses estudantes gastampor mês o valor equivalente a uma men-salidade de uma universidade privada.Assim enquanto fazem cursinho pré ves-tibular poderiam já estar cursando oEnsino Superior. O assunto envolvemuitas variáveis, mas necessita de pla-nejamento e controle como qualqueroutro investimento financeiro.

Ao concluir o terceiro ano do EnsinoMédio, o estudante Tallisson TauanPorangaba de Almeida de 18 anos, co-meçou a fazer cursinho. Na tentativa deingressar para o curso de Direito em umauniversidade pública, Tauan investiuaproximadamente seis mil reais em umano de estudo. Por mês gastava cerca de500 reais com despesas básicas comomensalidade, alimentação e transporte.Praticamente com este valor o estudantepoderia custear a mensalidade de Direi-to em alguma das universidades parti-culares de Campo Grande que variam de500 a 700 reais. Um dos motivos paraTauan optar pelo cursinho está no res-paldo da universidade pública. “Estu-dei a vida toda em escola particular sin-to essa necessidade de agora concluir oEnsino Superior em uma instituiçãopública”, justifica o estudante.

São muitas as variáveis que envolvemas escolhas entre cursinhos, universida-des públicas e particulares. Para o eco-nomista Tiago Queiroz de Oliveira de 25anos, não há outra solução a não ser co-nhecer bem os objetivos que se preten-de alcançar e ter um bom planejamentode orçamento. “Não existe fórmula prontapara isso, é preciso analisar a situação”,afirma o economista. Tiago faz compara-ções e aponta alguns fatores que podeminfluenciar na decisão do estudante etambém dos responsáveis financeiros,como o tempo de duração de um cursi-nho e de um curso de graduação. Com-parando um estudante que fez cursinhodurante dois anos para ingressar emuniversidade pública e outro que ingres-sou na universidade particular logo apósa conclusão do ensino médio, este últi-mo terá uma vantagem de dois anos demercado de trabalho e uma renda pro-fissional maior, em relação ao primeiro

estudante. Outro ponto relevante é adisponibilidade de renda do estudantede instituição pública, por ser isento demensalidade, ele poderá dispor de quan-tidade maior de recursos para investirem outras formas de aperfeiçoar sua for-mação como congressos e cursos com-plementares.

Todo investimento deve ser posto naponta do lápis, assim é possível con-trolar gastos e evitar excessos. Pesquisarpreços também serve como ferramentajá que em Campo Grande as mensalida-des dos principais cursinhos pré-vesti-bulares variam de 200 a 100 reais. Deacordo com o economista Tiago, o estu-dante tem possibilidade de fazer cursi-nho sem extrapolar o orçamento de for-ma que os gastos se tornem o valor damensalidade de uma universidade pri-vada. A estudante Naira Ricalde Macha-do Avanci, de 18 anos, investiu apro-ximadamente dois mil reais em 14 me-ses de cursinho, contabilizando nadamais que 143 reais mensais no orçamen-to familiar. Naira conta que seus paispensaram que esse investimento em cur-sinho poderia ser aplicado em uma uni-versidade particular e que se ela traba-

lhasse ficaria ainda mais viável. “Meusonho sempre foi cursar uma universi-dade federal, então eles investiram paraque eu tentasse realizar este sonho”. Noinício do cursinho, a escolha da estudan-te estava baseada principalmente na isen-ção de mensalidade e na credibilidade dauniversidade pública, mas com o passardo tempo Naira refletiu. “Hoje analiso me-lhor e vejo que quem faz a faculdade é oaluno. Claro que ainda prefiro entrar nafederal, mas vejo a universidade parti-cular com uma estrutura excelente e comprofissionais muito qualificados”.

Atraídos pela gratuidade do ensino e oreconhecimento no mercado de trabalhoque as instituições públicas possuem, al-guns estudantes acabam por desconhecerou não dar importância a fatores da reali-dade acadêmica. Um deles é que mesmocursando universidade pública o aluno terágastos com sua graduação. Douglas Fernan-do Carlos Macente de 21 anos, cursa o 6°semestre de Engenharia Ambiental na Uni-versidade Federal de Mato Grosso do Sul– UFMS. Ele calculou os investimentoscom alimentação, cópias, cursos comple-mentares e congresso. Todos os itens so-maram uma quantia de quatro mil reais

durante um ano letivo. “Isso porquemeu curso não é um curso tão carocomo os de Medicina, Odontologia eoutros que exigem um bom investi-mento mesmo nas públicas”, reconhe-ce o estudante. E um outro fator é quemuitas empresas ou contratadores nãoanalisam currículos ou escolhem fun-cionários pela instituição de ensinoque o candidato cursou. Há mais de20 anos trabalhando na área de educa-ção as irmãs Solange Penrabel e SandraPenrabel, ambas diretoras de escola re-velam. “Não contratamos e nem dis-tinguimos professores por serem for-mados nessa ou naquela instituição deensino, mas sim pela sua experiência,a formação em si e selecionamos prin-cipalmente por meio de entrevistas eindicações”. As duas ainda afirmamter conhecimento que muitas empre-sas fazem essa diferenciação.

Além da preparação para ingres-sarem nas universidades, os estudan-tes não devem desconsiderar a impor-tância dos fatores exigidos pelo mer-cado de trabalho antes mesmo deadentrá-lo, muito menos os fatoreseconômicos que mexem com o bolso.

D i n h e i r o - Famílias investem cerca de R$ 6 mil anuais com educação preparatória para seleções de universidades públicas

EMFoto: Evellyn Abelha

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C o m p r o m i s s o - O atendimento influencia na conquista de novos clientes

“Samuca”. Para ele, o seu trabalho temque ser bem visto por quem garante seulucro, os clientes. Há alguns anos eleinvestiu em uma locadora de vídeo, mascom surgimento do DVD, internet e con-sequentemente a pirataria desistiu donegócio. De um ano para cá investe emum trailer de lanches e comidas, ou omais popular “fast food”.

O empresário conta com a colabora-ção de três funcionários, que trabalhamde certa forma “sem compromisso”, algoque pode ser maléfico para ambas aspartes em razão das leis trabalhistas, masoutros fatores podem criar futuros pro-blemas para pequenos empresários comoAgenor e Samuel, impostos e alvarás,que somados podem custar 4% do quefor comercializado, é o que explica o con-tador Marcelo Fernandes: “Para quemquer investir, comprar seu carrinho decachorro-quente, por mais simples queseja e comercializar seu produto, não estálivre de eventuais impostos e de paga-mento de alvará, que aqui na Capital giraem torno de R$68,00 anuais”, esclareceo contador Fernandes. Os eventuais im-postos que o contador Marcelo citou aci-ma basicamente estão ligados aoINSS(1,8%), ICMS(1,25%), COFINS(0,74%), CSSL(0,21%), PIS(0%) eIRTJ(0%). Tudo isso somado gerando os4% de taxas citados anteriormente.

Para possuir seu próprio negócio épreciso ter cautela, estratégias, ousadia,coragem e cuidados para não haver des-respeito às leis. O pequeno empresário,não só na Capital, mas em qualquer re-gião do país, deve saber até onde vãoseus direitos e deveres, assim podemtrabalhar e buscar seu lucro com tran-qüilidade e dignidade.

Coragem, ousadia e persistência são fatores que determinam os rumos e o sucesso de uma empresa

patrão”“O cliente é meu

Negócio

Helton Verão

Ter seu próprio negócio. Todo in-divíduo deve ter pensado em algum

momento de sua vida em mon-tar sua própria empresa. Cora-gem e ousadia são os fatores queem sua maioria influem na nãoconcretização do imaginado pormuitos. Diferente do que aconte-ceu com o micro-empresárioAgenor Guedes da Silva. Eleapostou em um “carrinho” de lan-ches em um ponto movimentadode um bairro da região Oeste deCampo Grande. Em seu estabele-cimento, ele vende de lanches atéporções, tudo isso na calçada deum cruzamento movimentado,perto de sua residência. “De co-meço eu fazia só espetinhos, tam-bém pelo jeito mais fácil de carre-gar as coisas da minha casa atéaqui no cruzamento. Mas depoisque consegui comprar o carrinho,

tudo ficou mais prático, e completo,pois posso fazer de lanches até por-ção, e mais pra frente quero aumentaras opções não sei nem se meu carri-nho vai ser suficiente”, conta o peque-no empresário Agenor, que há sete me-

ses mantém seu comércio no mesmo local.Vantagem de ser seu “próprio” patrão,

escolher horários, trabalhar com quem vocêdesejar, no caso senhor Guedes da Silva,ter o lucro inteiro apenas para si. “Umadas melhores coisas que tem é o lucro e ohorário, pois eu trabalho praticamente so-zinho. Então só às vezes quando chamoum sobrinho meu para ajudar, eu pagouns trocados pra ele, e também folgo o diaque for melhor para mim, mas claro quehoje tenho um padrão, eu não abro só às

terças feiras”, comenta o simpático AgenorGuedes da Silva.

Outro microempresário com maistempo de experiência, Samuel José Sou-za, acredita que o termo “você é seu pa-trão”, é algo que só ocorre dentro da re-sidência de cada um. “Em meu negócioesse discurso não existe quem é meupatrão é meu cliente, pois a maneiracomo você o atende, oferece seus servi-ços a ele, influi na conquista do mes-mo” indaga Samuel ou mais popular

Foto: Heltn Verão

Sarah Isernhagem

Pensando em uma solução paraganhar dinheiro ou aumentar o orça-mento familiar, barracas de lanches seaproximam mais e mais dos portõesde entrada de universidades de Cam-po Grande. O investimento é fruto dese vender algo imprescindível para odia-a-dia dos seres humanos, e que tempraticamente um consumidor certei-ro, “aquele com fome”.

Promoções não faltam para atrair ocliente, que na maioria das vezes, saido trabalho e vai direto para a univer-sidade. Estes chegam com fome, compressa e têm apenas alguns minutospara comer algo antes de ter que en-trar correndo para apresentar um se-minário, como a acadêmica de arqui-tetura e decoradora Vera Lúcia, de 42anos, que estava em uma das lancho-netes fazendo a refeição do dia e já

Qualidade dos produtos atrai consumidores exigentesficando atrasada para a aula.

“Eu não como [lanche] todo dia não, éum dia sim outro não, tem dias que o lan-che aqui é meu almoço e minha janta, senão, você não aguenta, e ainda tem a uni-versidade pra pagar”, ressalta Vera.

A experiência do vendedor de lanchesElias Trindade, de 40 anos, que há seisvende lanche na Avenida Ceará bem emfrente à universidade, é de que o consumi-dor é mesmo atraído pela qualidade do lan-che. “Eu achei que meu lanche era bom e opessoal diz que é, então estou aqui até hoje”,afirma.

Elias lembra que começou vendendolanches em um Fiorino e que comprou oponto de um outro rapaz que não estavamais conseguindo se manter vendendo lan-ches. Depois acabou tirando a licença devendedor ambulante para poder funcionar.Desde então como uma opção de renda amais, trabalha nas noites de segunda à sex-ta-feira com sua esposa Maria Aparecida

Figueiredo, de 31 anos.“É muito bom trabalhar aqui, você não

mexe com bebida alcoólica, não tem pro-blema com bêbado, os clientes são tudouniversitário e acabam sendo mais educa-dos”, disse Elias.

Mesmo com uma competição indiretaentre sete barracas o vendedor Rogers Car-doso Oliveira, de 25 anos, garante que dápra sobreviver e que cada um tem seu es-paço e clientela. “Aqui tem aluno pra todomundo, é bem variado e a gente tem queter agilidade, por que o pessoal tem aula,mas é interessante por que tem gente en-trando e saindo da faculdade a todo o mo-mento”, lembra.

Rogers é o novato em meios as barra-cas montadas, está ali há cerca de qua-tro meses. Começou alugando a barracade Elias e depois acabou comprando umajunto com um sócio que também o aju-da a preparar os lanches. Apesar de terapenas 25 anos, ele faz lanches há 10

anos, e garante que gosta do que faz. “Foimais necessidade abrir o ponto aqui, maseu gostei de trabalhar com lanche e aca-bou surgindo a oportunidade”.

Simples, rápido e fácil, atraídos pelanecessidade de comer e o bom preço, ahora da entrada na faculdade e o inter-valo, é sinal de banquinhos e cadeiraslotadas. Faturamento para os vendedo-res e satisfação para os clientes. No en-tanto, nem todo o ano é assim. Quandochegam as férias os vendedores tambémparam, mas Elias garante que com pla-nejamento dá pra sobreviver, apesar deque no caso dele trabalhar ali é só maisum complemento.

Rogers que começou agora no negó-cio próprio diz que tira mais que o sus-tento dali. “Eu procuro fazer mais amiza-des do que clientes, a gente sempre puxaconversa, pergunta que curso faz, trocatelefone, às vezes até marcamos umtereré”, completa.

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o Controle de qualidade

na produção industrial

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Foto: Laís Camargo

Laís Camargo

Matemática e Física parecem realida-des distantes quando se está no EnsinoMédio. Praticamente inaplicáveis. Umjeito criativo de estabelecer a ponte en-tre o conhecimento e a utilização temdado certo na Universidade Católica DomBosco. O mecanismo tem o apoio domaterial didático de peças do conhecidojogo de Lego e é chamado de projeto“Engenhar”, que traz alunos do EnsinoMédio de escolas públicas para teremcontato com a robótica. “Agora eu pos-so perceber que é verdade quando o pro-fessor fala que tudo dá para resolver comMatemática e Física”, opina AnielleAndressa Maranhão, de 15 anos, quecursa o primeiro ano do Ensino Médiona escola Artur Vasconcelos Dias.

Toda atividade é iniciada na sala deaula, onde os professores passam por umtreinamento de seis meses antes de apre-sentarem o projeto aos alunos. Então osestudantes vêm uma vez por semana àUCDB para montagem, programação eexecução das funções de um robô com achamada “Inteligência Artificial”. “Elesseguem o manual de instruções, mon-tam, depois configuram o comando nocomputador e vão para a pista de teste.A função de hoje é o sensor de luz paraidentificar as cores, mas já trabalharamo ultrassom, o mesmo sistema de guiado vôo do morcego”, explica o professor

brincandoaprenderJeito criativo para

Jogo de Lego permite que alunos do Ensino Médio compreendam melhor disciplinas como Física e Matemática

Inteligência

mestre em Mecatrônica Wanderlei Men-des Ferreira. O projeto pioneiro no Paísrecebe o apoio do Fundo Nacional de En-sino Primário (FNEP), que bancou doiskits de Lego e dois computadores paracada escola inscrita, além de um minilaboratório de robótica.

“Reunimos várias escolas interes-sadas no edital do FNEP, mas apenascinco permaneceram ao longo de um

ano e meio de funcionamento do pro-jeto. Essa é uma tentativa do governode aumentar o interesse dos alunospor engenharia, já que se formam pou-cos engenheiros no país, o que é ruimpara o desenvolvimento”, analisa oprofessor. A maior dificuldade iden-tificada nos alunos é o raciocínio ló-gico, ponto declaradamente deficien-te na educação básica brasileira. Um

projeto como esse pretende ser umavia de mão dupla, proporcionandoindependência aos alunos e receben-do a evolução do conhecimentodeles como respaldo.

Pa r a l e l oNo filme “O dia em que a

Terra parou” vê-se um exem-plo de como a associação detecnologia e entretenimento épossível e necessária. Primei-ramente, em 1951 a versão dolongametragem contava comrecursos escassos de efeitos es-peciais. Em 2008, a produçãoteve o auxílio da programaçãopor computador e da robóticapara melhorar o visual filme.Resultado totalmente aceitopelo público. Tal fato é eviden-te na atualidade, a interaçãodos conhecimentos. “Estamosem uma mudança de era, doséculo XX para o XXI. É elementarque saibamos associar as ciênciaspara pensar em um futuro desejávele não apenas possível, para não fi-carmos limitados”, enfatiza a espe-cialista em economia criativa, LalaDeheinzelin, palestrante do projeto“Diálogos Contemporâneos”, queaconteceu em 19 de outubro passa-do, na Capital.

E d u c a ç ã o - Projeto pretende proporcionar independência intelectual aos alunos

Sidney de Albuquerque

Acadêmicos da UCDB desenvol-vem projeto de braço robótico paracontrole de qualidade. A ideia sur-giu numa conversa com o professorIsaias da Silva, de 42 anos, ao tentarentender o processo de funciona-mento de disparo de mísseis de umavião caça, quando tira fotos paradetectar seu alvo.

Através desta ideia, Julio San-dim, de 23 anos, juntamente comLeonardo Limberger, de 29 anos, de-senvolveram o projeto de um braço

mecânico para o controle de qualidade emlinha de grande produção industrial.

O braço serve para monitorar uma li-nha de produção com o objetivo de sele-cionar os produtos e separar objetos quetenham defeitos de fabricação. O concei-to novo desenvolvido no projeto é oemprego de processamento de dadoscom o aparato mecânico (motores e com-ponentes eletrônicos), um software decomponentes (chamado pela equipe decsinx), em conjunto com o braço faz oprocesso de capitação de imagem. Estatecnologia detecta no processamento al-teração de imagem em relação à primeira

colocada no programa, o csinx faz umafoto dos objetos da linha de produção,“e posteriormente faz a redução da qua-lidade da mesma afim de ganhar veloci-dade no processo de controle da quali-dade deste produtos”, explica Limberger.Nesta fase de detectar algum defeito, obraço é acionado e o mesmo faz a retira-da do objeto defeituoso.

O projeto vem sendo desenvolvido hádois anos, logo no início foi feito um pro-tótipo para testes iniciais. Além de ser oTrabalho de Conclusão de Curso (TCC) dosacadêmicos, eles têm a intenção de usá-lonuma linha de produção.

A novidade é o posicionamento detodos os motores que estão no braço. Amaioria da parte mecânica (placa, circui-to etc.) foi produzida pelos própriosautores, só os sensores de posição fo-ram importados dos EUA. “A grande di-ficuldade para o desenvolvimento do

projeto foi a falta de componenteseletrônicos e na mão de obra espe-cializada aqui na Capital”,lembraSandim.

Isaias da Silva, hoje é profes-sor na Universidade de São Pau-lo-USP, ele vê a possibilidade deadaptar o programa no processo deimagem, para efetuar cirurgia delonga distância (telemetria).

“O presente trabalho, desenvol-vido pelos alunos Julio e Leonar-do, mostra o grau de envolvimentodos alunos dos cursos de Engenha-ria Mecatrônica e Mecânica daUCDB, com estes cursos e com asdisciplinas nestes ministradas, poiso desenvolvimento de um braçorobótico requer conhecimento mul-tidisciplinar, tanto de natureza teó-rica quanto de engenharia de apli-cação”, diz Silva.

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P s i c o l o g i a - O grau da ansiedade depende da pré-disposição genética que o indivíduo possui, mas o ambiente onde a pessoa foi criada, sua história de vida e o fato de possu

Especialistasconsideram a

A ansiedade quando controlada funciona como um mecanismo de defesa criado pelo organismo para que as pessoas cons

Natalie Malulei

Ansiedade. Essa palavratêm sido utilizada atualmen-te com maior frequênciacomo uma das doençasintituladas de “mal do sé-culo”. Porém, o que não écomentado é o fato de que,antes de qualquer coisa, aansiedade é um mecanismode defesa utilizado pelo or-ganismo. “O estar ansiosoé uma reação de personali-dade, uma personalidadeque diante de situações deperigo real, define comovocê irá reagir: atacando oufugindo”, como explica opsiquiatra, Demétrio RomãoTorres, de 61 anos.

O que ocorre no organis-mo é que diante de uma si-tuação de perigo, a ansie-dade desencadeia uma des-carga de neurotransmisso-res (são substâncias quími-cas que nos protegem nes-

sas situações, como a adrenalinae a dopamina). Com o intuitode preparar o corpo para o ata-que ou fuga, essas substânciasprovocam reações no organismocomo: o aumento de pressão, ta-quicardia e resfriamento dasmãos. “A ansiedade como umelemento de proteção, é neces-sária. Às vezes um homem estápassando na calçada e um ca-chorro pula no portão e ele saicorrendo, um pulo ou uma cor-rida que você, em condiçõesnormais, não conseguiria fazer,e você até se impressiona com asua velocidade. “É a adrenalinaque faz com que aquela explo-são motora aconteça”, explanao psicanalista EduardoPelliccioli, de 39 anos.

Porém, quando o medo dedeterminada situação é exagera-do, e a dimensão da resposta émaior do que o objeto identifi-cado, o indivíduo vive uma si-tuação catastrófica e não conse-gue ter reação de ataque ou fuga.

Esses sinais determinam quehouve um aumento no grau daansiedade, e mudam o tom comque a ela deve ser encarada, ge-ralmente indicam um sinal pa-tológico. “Começa a ser patoló-gico quando se transforma emum distúrbio ou em um trans-torno, quando o medo exacer-bado pelo irreal é tão intensoque começa a ser generalizadopelo corpo todo, provocandosintomas como dores no corpo,palpitação, dor de barriga, diar-réia, sudorese (suor excessivo)”,analisa Demétrio.

G r a u d a a n s i e d a d eO aumento do grau da ansi-

edade depende da pré-disposi-ção genética que o indivíduopossui e do ambiente que ele seencontra. Pessoas que vivem emum ambiente favorável (possu-em uma história de vida com-plicada, têm uma famíliadesestruturada, falha na educa-ção, entre outros fatores) pos-

suem maior disposição.Segundo Demétrio, o Trans-

torno Obsessivo Compulsivo(TOC) é o mais leve, porém omais difícil de ser tratado. É crô-nico, adquirido ao longo davida, por fatores ambientais. Aansiedade decorre, por exem-plo, por medo de contaminação,o que faz com que a pessoa laveas mãos toda hora e evite aomáximo e a qualquer custo, con-tato com a sujeira, mas essa com-pulsão pode ser também por or-ganização e por movimentos ouatitudes repetitivas.

A fobia é um dos transtor-nos onde a ansiedade está rela-cionada com os medos inten-sos, exacerbados. Existem vá-rios tipos de fobia e elas se ca-racterizam de acordo com omedo envolvido e recebem no-mes específicos. Por exemplo,agorafobia é o nome dado parao medo de ficar em lugares aber-tos, hidrofobia, medo de água.Dependendo do grau em que a

Saúde

fobia ocorra pode levar a um ata-que de pânico. “Claustrofobiaque a gente ouve falar, “claus-tro” é fechado, é medo intensoque a pessoa possui de ficar emqualquer lugar fechado. É quepode evoluir para o pânico. Elacomeça ser impeditivadas ações corriquei-ras da pessoa,por exemplo,se eu tenhoclaustrofobiaeu começoa não andarmais emcarro, por-que eu nãoconsigo fi-car maisdentro docarro, nãoc o n s i g omais andarde ônibus.A c a b aa t r a p a -lhando a

ANSIEDAD

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uir uma família desestruturada contribui para o aumento da ansiedade

Foto: Natalie Malulei

sigam se proteger das ameaças geradas no ambiente

pessoa no cotidiano”, conside-ra Eduardo.

Contudo, o grau mais agu-do da ansiedade e o que provo-ca maior sofrimento é a síndro-me do pânico. Para De-

métrio, elaparte deuma situa-ção natural,para umaansiedadecaracteriza-da patológi-ca. Porémessa ansie-dade se tor-na tão agudaque passa a

ser generaliza-da, provocando

sintomas no cor-po todo.

“Eu tive a minha pri-meira crise de pânico em um

estado grave dentro do cinema.Eu estava no Cinemark com omeu pai e meu irmão, e lá den-

o “mal do século”

tro eu comecei a ter todos essessintomas só que em um grau in-suportável, foi um bombeiro doshopping me auxiliar, mediu osmeus batimentos cardíacos, dis-se que estava muito alto”, relatao universitário, Vinícius Nunesde Andrade, de 21 anos. A si-tuação envolve ainda, os fami-liares e pessoas ao redor. “Eufiquei preocupado porque eunão queria estragar o final de se-mana do meu pai e do meu ir-mão, mas foi aí que eu percebique eu tava muito mal mesmo,estava com uma sensação demorte, a mão formigando, pal-pitação, a sensação de desmaio,a boca fica muito seca e você ficacom aquela sensação de quevocê não vai ter saliva na boca,que você vai engasgar, sensaçãode morte mesmo”, contaVinícius.

Segundo Eduardo, é difícila pessoa por si só se dar contade que a ansiedade está viran-do algo mais sério, porque ela é

tomada paulatinamente pelasensação de medo. “Quer dizer,é uma mãe que pede ajuda, éum irmão, é uma esposa, mas épossível que a gente se dê con-ta disso também, acontece dechegar a um ponto da tua ansi-edade, que você mesmo se dáconta que o que você fazia háuns meses atrás você não temmais condições de fazer”, escla-rece o psicólogo.

Tr a t a m e n t oAs medidas de tratamento

são realizadas pela Psicologiae pela Medicina, as mesmaspodem atuar em conjunto con-forme o caso. Entre os trata-mentos utilizam-se a psicote-rapia, e tem o auxílio de me-dicamentos farmacológicos. “Amedicina vem nos auxiliar comas medicações, os remédiosque são chamados ansiolíticos,eles baixam a ansiedade, sãoimportantes porque se eu tomouma medicação que diminui aminha ansiedade, eu consigoparar pra pensar nas coisas daminha vida. E aí vem a segun-

da parte que é, por exemplo,uma terapia, para eu poder aoestar conversando, ao estar fa-lando do meu sofrimento, po-der resgatar, pegar o fio dameada, do ponto que causoua minha ansiedade, ou das si-tuações de vida que me dei-xam ansioso”, explana Eduar-do.

O resultado é adquirido aospoucos por meio dos tratamen-tos. “Eu vou fazendo o trata-mento, mas eu ainda convivocom a ansiedade, a diferença éque agora eu consigo contro-lar bem, e ela se tornou umacoisa que não me atrapalhamais tanto quanto atrapalhavaantes”, admite Vinícius. Parao universitário, o autoconhe-cimento adquirido através dasseções de terapia proporcio-nou um melhor autocontrolediante das situações de ansie-dade.

Para Eduardo, as pessoasnão precisam necessariamenteestar doentes para se sentiremdesconfortáveis e para seremtratadas. A ansiedade não é si-

E s p e c i a l i s t a - Tratamentos medicamentoso e psicoterápico contribuem para amenizar os problemasDE

Foto: Natalie Malulei

nônimo de doença. De-pendendo do caso, elapode evoluir para uma,mas a princípio a pessoanão precisa estar doente,para estar ansiosa e se sen-tir desconfortável com essasituação.

Medidas alternativascomo o uso de florais, re-médios fitoterápicos, téc-nicas de relaxamento e aprática da Yoga auxiliamna resolução dos proble-mas causados pela ansie-dade. “Essas alternativastêm resultado quando opaciente apresenta um in-dício leve de ansiedade,porque funcionam comouma prevenção para que onível da mesma não evo-lua. Agora, quando o pa-ciente já possui um graumediano ou grave de an-siedade esses procedimen-tos são ineficientes, poisé necessário um tratamen-to específico com um pro-fissional da área”, comen-ta Demétrio.

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Banco livra pequenos empreendedores dos agiotas emprestando capital de giro

MICRO-CRÉDITO:

Empréstimo

macro - sonhos

Rogério Valdez

Quando não se tem grandes asas,é necessário uma ajuda para alçar

voos mais altos. A analogia tam-bém serve para nos remeter àrelação do pequeno empresáriocom o banco que confia em suaproposta empreendedora paradisponibilizar a “ajudinha” quelevaria aos grandes e importan-tes passos no mundo dos negó-cios. Este é o caso da micro-empresária Sandra dos SantosSilva Correa, que começou re-vendendo roupas para amigas,hoje é dona da pequena loja“Sandrinha Modas” e repassaseus produtos para outras qua-tro vendedoras, gerando maisemprego.

No caso de Sandra, a insti-tuição financeira que apostou emseu negócio foi o Banco da Gen-

te, que é voltado justamente paraatender os microempresários em suabusca pela ascensão no mercado. “Co-nheci o banco através de uma amiga,meu primeiro empréstimo foi de R$1,8 mil. Com este dinheiro eu viajeiaté Goiânia para comprar roupas e re-vender aqui, através do lucro eu voupagando o empréstimo que tem jurosbastante baixos”, comenta Sandra.

Para a empreendedora, a iniciati-va é louvável e gratificante porquepossibilita que pessoas como ela cres-çam e consigam êxito nos negócios,além de gerar empregos. “É muito fá-cil de conseguir apoio, eu recomen-do que as pessoas procurem um au-xílio de algum banco para começar opróprio negócio”, incentiva.

O primeiro empréstimo deSandra aconteceu no início de 2008,na época ela vendia garapa para com-plementar a renda de vendedora deroupas e o esposo trabalhava comochaveiro. De acordo com ela, a opor-tunidade de expandir seu negócio devendas só chegou através do incenti-vo financeiro, quando pode ter umcapital de giro, comprar mais produ-tos e atrair mais fregueses.

O banco parceiro de Sandra pos-sui algumas regras para a cedência doempréstimo, por exemplo, a propostado negócio deve caracterizar-se comoeconomia solidária. O beneficiado tam-

bém deve participar de palestras do Sebrae- parceiro da instituição. É ainda necessá-ria a contratação de um avalista/fiador.

O Banco da Gente é uma instituiçãode micro-crédito sem fins lucrativos e,assim como toda instituição financeira,trabalha com limite de créditos. O dife-rencial é que as taxas de juros são bas-

I m p u l s o - Os empréstimos do banco ajudam no desenvolvimento da economia local

tante menores que as praticadas nosbancos comerciais – entre 1 e 2% aomês, dependendo da linha de créditoescolhida.

Segundo o diretor-geral do banco,Márcio Laabs, as linhas de crédito e asfacilidades oferecidas pela instituiçãoservem para os empreendedores não se

vincularem a agiotas para obterem capi-tal de giro.

Uma das saídas colocadas para osclientes do Banco da Gente é a questãoda troca de cheques. Desta forma, os em-preendedores que recebem o auxílio dainstituição podem procurar o banco parafazer trocas de cheques recebidos pelosseus clientes e assim sempre ter capitalde giro para aplicar no negócio.

“Um vendedor ambulante, porexemplo, tem pouco capital de giro. Sealguns clientes pagam em cheque, o co-merciante não terá dinheiro em caixapara adquirir mais produtos para a ven-da. Daí, o cliente do banco vem até aquie faz a troca para ter um fluxo de cai-xa”, explica Laabs.

Para o economista Sérgio Bastos, é in-teressante disponibilizar créditos para osmicroempresários porque são estas pes-soas as responsáveis pelo desenvolvimen-to da economia local – seja no bairro oucidade em que se instala o novo empre-endimento.

“Isso vai gerar um sistema de compraslocais e é interessante que isso aconteçaporque faz com que os lucros circulempor ali mesmo, promovendo o desenvol-vimento da região”, comenta Bastos.

“Em bairros, aqui da Capital mes-mo, isso é bastante comum, e mantémo empresário fortalecido na região. Masé importante ressaltar que tal fortaleci-mento acontece desde que o empreen-dedor consiga manter um grau respei-tável de satisfação de seus clientes. Des-ta forma também se torna importante acapacitação, para que não existam gran-des erros na aplicação do recurso dis-ponibilizado ao microempresário”, com-pleta o economista.

Foto: Divulgação

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CGDos mais de 500 veículos 56% são acessíveis aos cadeirantes

elevadores

Acessibilidade

é capital dos

Tatiana Gimenes

O número de ônibus adaptados temcrescido na cidade com o passar dosanos, o que faz com que Campo Grandeseja a Capital com o maior índice de ve-ículos dotados de elevadores para aten-der pessoas que usam cadeira-de-rodas.A instalação do equipamento acrescen-ta custo em cada transporte.

Segundo o assessor de imprensa daAssociação das Empresas de TransporteColetivo Urbano (Assetur), Edir de Sou-za Viégas, de 43 anos, cada equipamentocusta, em média, R$ 6 mil. Conforme Edir,esse custo é repassado para a tarifa queos usuários pagam, da mesma forma quesão repassados custos com combustível,peças, pneus, entre outros. “Não há como

mensurar a interferência desses investi-mentos na economia do Estado”, avaliou.

De acordo com o assessor, existe isen-ção tributária para os ônibus adaptados,ao contrário de outros veículos. “Os car-ros dotados de elevador ficam isentos dopagamento do Imposto sobre Propriedadede Veículo Automotor (IPVA)”, explicou.

U s u á r i o sAnderson Rosa de Oliveira, de 31

anos, cadeirante, utiliza ônibus de duasviações da Capital. Para Anderson, de-pendendo do dia da semana, todos osônibus adaptados estão na linha, em cir-culação. Porém, conta que uma vez fi-cou esperando os mesmos por 1 hora evinte minutos.

Ele diz que os ônibus são adequados,

mas que, por outro lado, as pessoas nãorespeitam, muitas vezes utilizam o espaçoque para eles é destinado. “Eu gostaria queas pessoas tivessem a conscientização erespeitassem mais a gente”, destacou.

Fr o t aTendo em vista a acessibilidade, dos

536 veículos disponíveis atualmente na Ca-pital, 288 possuem o equipamento. Coma entrada em circulação de 10 novos car-ros, em outubro de 2009, o índice de co-bertura chegou a 56% da frota.

G e n t i l - Cadeirantes pedem que usuários deixem livre os espaços reservados

Para Edir, da Assetur, esseíndice irá aumentar a partir darealização de novos investi-mentos na compra de novoscarros, “até chegar a 100% dafrota”, completou.

Edir diz ainda que a manu-tenção dos veículos é feita pe-las próprias empresas, cujosfuncionários são treinados pelofabricante do equipamento. “Ofabricante dá assessoria cons-tante às empresas”, ressaltou.

Foto: Arquivo Assetur

Evillyn Regis

Atualmente existem no Brasil, cerca de16 milhões de portadores de deficiênciasfísicas e combater a exclusão social é umadas suas principais barreiras. Entre os di-reitos que um portador de deficiência físi-ca tem, está a isenção de impostos quan-do compra um veículo zero quilômetro,valor que pode ser parcelado. São isen-ções de Imposto sobre Produtos Industri-alizados (IPI), Imposto sobre Circulação deMercadoria e Serviço (ICMS) e Impostosobre Operações Financeiras (IOF). Para acompra somente de um veículo zero qui-lômetro, a cada 3 anos, o que resulta emtorno de 30% de desconto.

Os interessados na compra de umveículo adaptado devem procurar umaconcessionária e ver a tabela especial re-ferente aos modelos com isenções, quenão são todos, e um dos seus vendedo-res apto a atender os deficientes. As con-cessionárias, com o intuito de vender,mostram o procedimento certo a seguir.

Com relação às adaptações, são feitaspor conta do proprietário em uma oficinaespecializada. Por conta da necessidadeespecial da pessoa, a cotação no mercado

Adaptações permitem igualdade no trânsitoé variável, podendo chegar até 20 mil re-ais. Porém a procura maior para se fazeradaptação de um veículo é o que tem osvalores de até R$ 5.600. Os valores paraas adaptações podem ser negociados ecom direito a garantia do equipamento.

P e r s o n a g e n sO técnico em auditoria, Cláudio José

Dainese, de 46 anos, faz parte desta rea-lidade. Portador de deficiência físicadesde os 6 meses de vida, há 25 anosconduz carros adaptados. Ele considerao trânsito de Campo Grande, como umdos mais complicados do Brasil paradirigir. “Os motoristas não têm educa-ção; são pessoas arrogantes, impruden-tes. Ninguém respeita nada, todos pare-cem ser o “rei” do “pedaço”, rege a leido mais forte”, relata o condutor.

Com relação às dificuldades encon-tradas no dia-a-dia no trânsito da Capi-tal de Mato Grosso do Sul, o condutorCláudio, enfatiza para a questão das va-gas reservadas para o deficiente físico,que geralmente não são respeitadas pe-los demais motoristas. “Não há vagas re-servadas nos estacionamentos públicosdas ruas da cidade, não existe respeito,

desde as autoridades públicas até o maissimples cidadão”, termina.

E s p e c i a l i s t aPara o instrutor do Departamento Es-

tadual de Trânsito (Detran), Pio de Arau-jo Filho, de xx anos, que ensina pessoasportadoras de deficiências físicas a con-duzirem um veículo adaptado, o que lhechama mais atenção é ver essas pessoaspassarem muitas vezes despercebidas pelasociedade. “No dia-a-dia a gente vê quenão são bem vistos pela nossa política,

nossos governantes, é um cidadãocomo qualquer outro, tendo esse car-ro habilitado ele se torna um condu-tor habilitado como nós somos, algunscom restrições e outros livres até parapegar estrada”, ressalta.

R e a d a p t a ç ã oO aposentado Moacir Garcia de

Oliveira, de 49 anos, quando tiroua Carteira Nacional de Habilitaçãonão era deficiente, mas há 15 anospossui um carro adaptado. Garciatrabalhava como motorista profissi-onal e teve que deixar a profissãoapós um incidente que o fez perdero movimento das pernas. “Quandoeu adaptei o carro, eu tive que rea-daptar minha carteira para categoriaB, porque o Detran não aceita car-teira profissional”. Sobre a adapta-ção do veículo, o aposentado afir-ma que apenas teve uma dificulda-de normal, burocrática, do que asleis exigem, mais nada além disso.

Para mais informações sobre osprocedimentos no endereço eletrô-nico www.carrosparade ficiente.com.br).

E s p e c i a i s - Automóvel adaptado

em ônibus

Foto: Tatiana Gimenes

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Daniel Henrique

Mato Grosso do Sul, apontado nocenso de 2006 do IBGE em primeiro

lugar no ranking em efetivo decabeças bovinas, tem um merca-do agropecuário que vem evolu-indo, acompanhando as tendên-cias dos outros setores. E essamudança mercadológica fezalavancar um nicho de mercadoque está sendo essencial no au-xílio aos produtores rurais do Es-tado. É o surgimento e crescimen-to, nos últimos anos, de empre-sas de consultoria e análises eco-nômicas da agropecuária.

Segundo a analista de merca-do de grãos, Tânia Tozzi, avolatilidade toma conta do mer-cado agropecuário mundial, dian-te do aumento da competitividade,da especulação e da influência dediversos fatores que norteiam orumo dos preços das commodities

agrícolas, influências estas que podemalterar drasticamente o rumo dos ne-gócios, pegando os menos informa-dos no contra pé. “Informação é fun-damental para quem quer se manternesta atividade. É preciso ser profis-sional, pois só com informação dequalidade é possível ao produtor tra-çar uma estratégia de curto, médio elongo prazo, buscando minimizar osriscos e ampliar sua lucratividade”,afirma a analista.

Tânia e outros analistas mantêmuma empresa em Mato Grosso do Sul,no intuito de oferecer em tempo realao produtor, notícias e análises demercados, que possam lhe mostrar,de forma simples e coloquial, o que

Foto: Divulgação Empresa

Empresas que prestam consultoria aos empreendedores do mundo rural ganham força após instabilidade econômica

CONSELHOS CAMPO

Analistas

profissionais noestá acontecendo no Brasil e no mundo, eespecialmente como isso pode influenciarno seu negócio.

É praxe o produtor colocar em risco anoa ano o seu patrimônio, operando com uma“fábrica” a céu aberto, sem incentivos e semqualquer seguro no caso de perdas, especi-almente por conta da meteorologia. PauloBorges Vieira, que tem uma propriedadehá 170 quilômetros de Campo Grande, jásofreu com geadas que praticamentedestruiram sua produção. “Esse ano perdi20% pela estiagem e depois na safrinha issototalizou uma perda de 60% de tudo”, dizentristecido o produtor.

Para piorar, muitos sequer podem op-tar por não produzir diante de um proble-ma qualquer de mercado, pois correm o ris-co de ver sua propriedade sendo direcio-nada para a Reforma Agrária. “O mecanis-mo criado no Brasil para forçar a produçãoé cruel, pois prioriza muito mais o interes-se da indústria do que do produtor”, com-pleta Tânia.

Com isso, os riscos vêm aumentandovertiginosamente, não tendo o produtortempo para investigar informação a fim dedescobrir o que é boato e o que é fato, paraentão tomar uma decisão, que vai desde adefinição da cultura, passando pelo plan-tio, colheita e chegando a comercialização.“Sem uma empresa de informação compe-tente, que me ofereça um parecer completodo mercado, os riscos são enormes na horade programar as safras”, diz Paulo, quemonitora dia-a-dia as informaçõesmecadológicas para deixar sua produçãoorganizada e condizente com a situação domercado.

E o Estado tem uma influência expres-siva no mercado agrícola brasileiro, e atémesmo mundial, se profissionalizando acada ano para atender a uma demanda cres-

cente. Para Beto Tavares, que trabalha há25 anos no mercado de compra de gadogordo para frigoríficos de Mato Grosso doSul, Mato Grosso e São Paulo, as empresasde consultoria e análises econômicas per-mitem a toda sociedade, e não somente aospecuaristas e compradores de gado, acessoàs informações do mercado. “Com isso, oprodutor tem ampla visão do mercado demodo geral. Essas empresas passam segu-rança e notícias do mercado real. É umaatualização necessária”, diz Tavares.

É preciso entender que o mercado dehoje não é mais o mesmo de 10, 15 ou 20anos atrás. A globalização e a internet vie-ram para mudar isso. “O grão produzidono interior deste Estado, ou em qualquerlugar deste país, é consumido do outro ladodo mundo, lá na China! Não há mais de-manda garantida, mas sim uma competi-tividade árdua para se produzir qualidadea preços competitivos, forçando uma mu-dança radical na maneira de se atuar nomercado”, finaliza Tânia Tozzi.

Bruna Lucianer

Uma lata de sardinha pormês, ou 120 gramas: este é oequivalente ao consumo mé-dio de peixe por habitante emMato Grosso do Sul, segundodados do Ministério da Pescae Aquicultura (MPA) no Esta-

R i s c o s - Instabilidades econômicas e até metereológicas podem provocar perdas

do.Embora a Organização Mundial da

Saúde (OMS) recomende um consumoanual de 12 kg de pescado por habitanteadulto, a média do consumidor em MSchega apenas a um décimo desse valor:1,3 kg/ano.

Segundo o engenheiro agrônomo doMPA, Adilson Nascimento dos Santos,

o Estado produz anualmente 12 mil to-neladas de peixe entre pesca e cultivo, oque significa cerca de 5,5 kg por habi-tante.

Mas, se for levado em conta, o con-sumo de pescado marinho e de outrasbacias, estima-se que quase toda a pro-dução de Mato Grosso do Sul seja des-tinada a mercados externos, como SãoPaulo.

Segundo Adilson, o paradoxo se ex-plica pelos altos preços do produto secomparados às carnes bovina, suína oude aves, aliados à falta de hábito do sul-mato-grossense de consumir peixe.

I n c e n t i v oO Ministério, criado pelo presidente

da República em junho passado, temcomo um dos principais objetivos au-mentar a produção de pescado no paíspara baratear o custo da produção e, con-sequentemente, o preço ao consumidor.

Também para incentivar o consumode pescado entre os brasileiros e orientara população sobre os benefícios de umaalimentação saudável, o MPA, em parce-ria com o Ministério da Saúde e a Agên-cia Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa), instituiu a Semana Nacional doPeixe, que ocorreu no dia 1° de setembro.

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O Sul-mato-grossense consome

apenas 120 g de peixe ao mês

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Edilene Borges

A criação do boi orgânico esta tra-zendo destaque para Mato Grosso doSul, que já é exemplo na pecuária, e agoraexemplo também no que diz respeito aodesenvolvimento sustentável e preser-vação ambiental. A produção teve iní-cio há pelo menos cinco anos e hoje jásão mais de 50 mil cabeças de gado dis-tribuídas em cerca de 150 mil hectaresde terra.

O vice-presidente da Associação Bra-sileira de pecuária Orgânica (ABPO),Nilson de Barros, afirma que para criaro gado orgânico não é necessáriodesmatar terreno, e por isso a produçãodo Estado mantém cerca de 80% da ve-getação pantaneira intacta, exemplo paraoutros países. “Mas nos preocupamosnão só com a preservação ambiental, mastambém com o lado social”, esclarece.

Além dos cuidados com o gado, osprodutores visam também uma boa qua-

lidade de vida para os profissionais queprestam serviços nas propriedades. To-dos são registrados, com acesso a mora-dia, alimentação, saúde e educação. Es-tas boas condições são vistoriadas anu-almente pela IBD (Instituto Bio-dinâmico), que certifica a qualidade doalimento orgânico.

Um exemplo dessa preocupação é re-aproveitamento de embalagens, sacos desal e outros materiais, que são vendidose o dinheiro revertido à estruturação deáreas de lazer para os funcionários. Oprocesso é simples. Nas fazendas elesrecolhem todo tipo de material reciclávele colocam nos sacos, que antes seriamdescartados. O material é entregue paraa empresa que comercializa o sal, quepor sua vez, vende o que foi recolhido eentrega o dinheiro aos pecuaristas.

Para os consumidores os benefíciosda carne orgânica são múltiplos. “Se eleconsumir 1 quilo de carne orgânica estátrazendo benefícios não apenas para sua

saúde, mas está também contribuindopara a preservação do Pantanal”, afirmaNilson.

O vice-presidente da ABPO conta quequalquer pessoa pode produzir a carneorgânica, mas para ser comercializada ereconhecida internacionalmente ela pre-cisa ter o certificado de qualidade, metaque já foi atingida por MS. “Nossa car-ne tem qualidade, acabamento e tudo ga-rantido pelo IBD, pode ser consumidocom segurança”, declara. Nilson explicaainda que exportação para outros paísesdepende não apenas dessa qualidade,como também da sanidade animal e darastreabilidade, mas que os países estãocada vez mais mostrando interesse peloproduto.

Aqui em MS a carne orgânica ainda épouco consumida, em comparação à car-

PECUÁRIAJá são mais de 50 mil cabeças de boi-orgânico no Estado

Pantanal

Diferencial

VERDE

R e s p o n s á v e i s - Criadores do gado verde se preocupam com questões ambientais e também com o lado social que envolve o setor

ne não orgânica, mas Nilson afir-ma que os produtores estão pen-sando em alternativas para melho-rar este consumo. “Estamos tentan-do fazer com que o governo enten-da que é uma coisa boa, tem con-trole natural. Ele pode comprar estacarme para as creches e escolas”,sugere.

Fazem parte da ABPO mais de20 pecuaristas da região do Panta-nal, que veem na produção orgâni-ca uma alternativa produtiva quecontribui para a conservação ambi-ental e a qualidade de vida.

Um dos assuntos mais impor-tantes que foi abordado na pri-meira edição da Expo MS (queaconteceu entre 01 e 12 de ou-tubro) foi a produção da carneorgânica do Pantanal. Na feirafoi montado um estande ondeos visitantes e profissionais doagronegócio puderam tirar to-das as dúvidas e conferir os re-sultados gerados com esse tipode produção.

C a r n eA carne orgânica ainda é

pouco conhecida, mas o nívelde qualidade é muito alto, fa-tor que deverá abrir as portasdo mercado e despertar o inte-resse dos consumidores.

A principal característicadeste produto é a maciez, alémdo sabor específico que é geradopela alimentação nativa oferecida aoanimal. A seleção genética tambémé fundamental no processo de pro-dução.

Na criação do boi orgânico nãosão usadas substâncias químicas,maior diferença entre esta carne é atradicional.

Em todo Brasil a carne orgânicaé comercializada pela empresaFriboi. O Organic Beef, como foinomeado, ainda é difícil de ser en-contrado, mas é vendido em diver-sas cidades.

E m c a s a - A ABPO trabalha para o aumento do consumo da carne orgânica em MS

no

Foto: ABPO-Associação Brasileira de pecuária Orgânica

Foto: Edilene Borges

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Foto: Kleber Gutierrez

Profissionais do turismo apontam que metade dos viajantes que atendem estão viajando pela primeira vez de avião

PASSAGEIROS ASAS

Aéreo

GANHAM

M i l h a r e s - Por dia mais de duas mil pessoas passam pelo Aeroporto de Campo Grande

Kleber Gutierrez

Trocar o ônibus pelo avião tem sidoa rotina de muitos passageiros que

preferem o ar a rodar por estra-das mal conservadas. Com 67voos diários e uma média de 2,6mil passageiros por dia, CampoGrande se destaca como destinono cenário brasileiro da aviaçãocivil.

O universitário Diego Silva,de 23 anos, confessa que de“ônibus só se for de última horae não conseguir uma promoção.”Ele já viajou várias vezes a SãoPaulo e planeja ir a Florianópolisno carnaval de 2010. “Comecei acomprar [passagens aéreas] quan-do um colega trabalhava em umaagência e aí continuei compran-do. Quando eu quero viajar ficosempre de olho nos sites [dascompanhias aéreas] e nas mensa-

gens das duas agências que tenhocadastro”, comenta.

No país, o tráfego aéreo de passa-geiros disparou 42% em outubro nacomparação com o mesmo período doano passado, conforme dados daAgência Nacional de Aviação Civil(Anac). O número de assentos tam-

bém apresentou crescimento de 20,52%.Só no Aeroporto Internacional de

Campo Grande a Empresa Brasileira deInfraestrutura Aeroportuária (Infraero) re-gistrou, de janeiro a agosto deste ano,movimento médio de 636.324 passagei-ros. O que representa mais de 2,6 milpessoas embarcando e desembarcandodiariamente.

Há quinze anos trabalhando no setor

turístico, Antônia Alves, de 45 anos, apon-ta para o fato de que 50% dos passageirosque atende no aeroporto estão viajando pelaprimeira vez. “Normalmente quando é aprimeira vez os clientes têm muitas dúvi-das e, com ajuda de uma agência, o pro-cesso de embarque se torna mais fácil”,afirma Alves que há um ano é funcionáriada CVC Viagens. Sua carreira, no entanto,teve início ainda na extinta Vasp.

I m p o r t â n c i a d a r o t aAtualmente a Capital é atendida por cin-

co companhias aéreas, tendo o destino des-pertado a o interesse de companhias recen-tes, como é o caso da Azul Linhas Aéreas,que opera no Brasil desde 15 de dezembrode 2008.

Para o fundador da companhia e presi-dente do conselho da Azul, DavidNeeleman, o Estado possui grande impor-tância por estar se desenvolvendo e des-pontando no cenário nacional. “Nós deci-dimos logo que era uma cidade muito im-portante, começamos a voar e estamos muitofelizes com nossos voos”, afirma Neeleman.

Já o diretor de marketing e vendasTRIP, Evaristo Mascarenhas de Paula,Mato Grosso do Sul é uma das princi-pais regiões em que a companhia pre-tende se expandir. “O Estado é um im-portante pólo agrícola e pecuário no paíse também conta com destinos turísticosrelevantes. O objetivo da companhia éatender às necessidades de passageirosem viagens de negócios e turistas ofere-cendo mais opções, que com certeza irãocontribuir para o desenvolvimento eco-nômico da região”, comenta Mascarenhassobre a atuação da líder da aviação regi-onal na América Latina.

O presidente da Associação Brasileiradas Agências de Viagem de Mato Grossodo Sul (ABAV/MS), Ney Gonçalves, acre-dita que houve um aumento na demandade turistas e pessoas chegam e partem doEstado. “Campo Grande é um centro e estácrescendo bastante [o fluxo de passageiros].Acredito até que criando algumas rotas paraa América do Sul, direto de Campo Gran-de, esse fluxo venha aumentar mais. Nocaso, de Assunção, Buenos Aires também.Porque hoje, por exemplo, para ir paraBuenos Aires a gente tem que ir a São Pau-lo”, destaca Gonçalves.

I n f r a e s t r u t u r aInvestimentos na infraestrutura aero-

portuária também são requeridos por pas-sageiros e agentes de viagem. “A nossa es-trutura hoje é precárissima”, afirma Gon-çalves.

Segundo o presidente da ABAV, faltaum estacionamento melhor, espaço paraembarque e desembarque mais organizadosentre outros aspectos.

Tais problemas de estrutura se tornamainda mais evidentes das 22 horas até ameia-noite, quando seis voos pousam comcurtos espaços de tempo na Capital.

Wanessa Derzi

Aparentemente o setor demoda pode não parecer o fortedo Estado, mas erra quem pen-sa desta forma, pois Mato Gros-so do Sul tem crescido muitonesse setor, envolvendo boa par-te da população e gerando em-pregos diretos.

“Nós percebemos uma gran-de procura pelo modelista, pelodesenhista, pelo costureiro, peloprodutor, pelas pessoas que fa-zem o desenvolvimento e pla-nejamento de coleção e que issotem que ser traduzido em pos-sibilidades de inserção no mer-cado de trabalho”, explica a ge-rente do Senac - Beleza e Moda,Simone Michel. O setor noSenac foi criado há um ano.

De acordo com o Sindivest, Sindica-to das Indústrias do Vestuário Tecelageme Fiação de Mato Grosso do Sul, o Esta-do possui cerca de 460 empresas do se-tor têxtil, que proporciona mais de 12mil empregos diretos. No ano de 2008,essas empresas produziram aproximada-mente 16 milhões de peças.

Para o presidente do Sindivest-MS,José Francisco Veloso Ribeiro, o aumen-to da renda e do emprego, nas classes Ce D, com média de R$ 1,1 mil e R$ 570,que são cerca de 20 milhões de brasilei-ros, consomem hoje mais de R$ 410 bi-lhões por ano, ocasionando assim o con-sumo garantido, ou seja, um aumentonas vendas.

E para os profissionais do ramo damoda, a gerente do Senac - Beleza e Moda,Simone Michel, diz o que deve ser feito.“Os criadores de Mato Grosso do Sul têmque aproveitar para se capacitar, criar essa

identidade na moda, criar a sua marca,criar o seu estilo, essa criação para daquia alguns anos, quem sabe estar no cenáriointernacional”.

E é o que algumas jovens meninasestão fazendo há pouco tempo, no iní-cio sem visionar o lucro, Camila Ferrei-ra que iniciou no ramo fazendo florzi-nhas de cabelo, hoje tem uma socieda-de com mais duas meninas, na qual elasmesmas fabricam acessórios como: co-lares e pulseiras, com tecidos que seri-am descartados em indústrias de MatoGrosso do Sul.

Assumindo que tinha uma visãoequivocada do mercado da moda emCampo Grande, Camila da marcaFilomenas retrata como foi se depararcom o mercado do Estado. “O mercadorealmente surpreendeu porque a gentetem, às vezes, uma ideia errada de queaqui em Campo Grande as pessoas nãogostam muito de novidade, a genteachou que ia ser um pouco maisdificultoso, mas a gente fez um sucessoótimo, graças à Deus”.

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